Apostila de Higiene e Profilaxia
Apostila de Higiene e Profilaxia
Apostila de Higiene e Profilaxia
Em 1988 foi registrado novos casos de contaminação da Peste Bubônica no Brasil. Para
tentar conter esse aumento, a cidade de Santos – primeiro lugar da contaminação, foi isolada. Os
navios que tinham autorização para desembarcar começaram a ser controlados e foram colocados
postos de desinfecção nas estradas de ferro. Além disso, medidas de isolamento foram adotadas
para os possíveis infectados. Com o aumento dos casos, em 1901, o Instituto Butantan começou
a produzir o soro antipestoso - considerado pelo Instituto Pasteur de Paris a grande arma para
vencer a peste bubônica. Outros grandes exemplos de problemas sanitários foram:
Não obstante à cronologia de eventos sanitários mundiais, em 2019 deu-se início a maior
pandemia deste século, a COVID-19, que vitimou pelo menos 14 milhões de mortes no mundo
de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas diferente do que ocorreu na Gripe
Espanhola, com os avanços da saúde pode-se atravessar de forma mais consciente a pandemia de
COVID-19 que a primeira citada, devido às medidas de higiene e profilaxia.
A higiene e profilaxia tem objetivo de prevenir doenças, prolongar a vida, promover a
saúde física e promover a saúde mental. O empenho moderno dessa área consiste, especialmente,
na prevenção dos problemas de saúde e a adequação dos serviços de saúde visando à qualidade
no atendimento; e na estratégia do autocuidado (homem como um ser capaz de refletir sobre si
mesmo e seus ambientes, simbolizar aquilo que experimenta, desenvolver e manter a motivação
essencial para cuidar de si mesmo e de seus familiares).
Tipos de Higiene
▪ Pessoal: conjunto de hábitos de higiene e asseio com que cuida da própria saúde, ex.:
tomar banho, escovar os dentes, cortar as unhas;
▪ Coletiva: conjunto de regras de higiene estabelecidas pela sociedade, engloba atitudes
que praticamos para evitar o adoecimento e a transmissão de doenças, ex.: lavar as mãos
antes de entrar na sala de cirurgia;
▪ Ambiental: preservação das condições sanitárias do meio ambiente, consiste na
limpeza dos ambientes e dos produtos que interferem ou vão interferir na qualidade de
vida, ex.: limpeza da sala de cirurgia, dedetização;
▪ Alimentar: a é a proteção contra parasitas, microrganismos e agentes
tóxicos (químicos ou físicos) nos alimentos- vale salientar sua aplicação no aleitamento
materno;
▪ Mental: responsável pela saúde mental, está também deve sofrer uma limpeza, pois
permite que o indivíduo esteja em equilíbrio, ex.: terapia, prática de atividade física.
SANEAMENTO BÁSICO
É um conjunto de ações que têm por objetivo alcançar níveis de Salubridade Ambiental, por meio
de abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e
gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenças
transmissíveis, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural.
Origem no Brasil
Enquanto a Europa do século XVI tinha seus costumes, aqui no Brasil a cultura era outra.
Os colonizadores se deparam com índios que tomavam banho frequentemente nos rios e mares e
aos poucos foram aderindo a esse ritual, nada comum em terras europeias. Outra curiosidade é
que, as comunidades indígenas, já buscavam meios de saneamento. Eles armazenavam água em
potes de argila e barro tanta para consumo. Também havia lugar demarcado para realizar as
necessidades fisiológicas.
Durante o Período Colonial (1500-1822), as ações de saneamento se resumiam à
drenagem dos terrenos e à instalação de chafarizes em algumas cidades; o abastecimento de água
era feito através de coleta em bicas e fontes, nos povoados que então se formavam; as
necessidades eram feitas nos fundos das casas e depois de dias os escravos levavam os dejetos
para serem lançados à beira-mar. A situação sanitária ficou tão crítica a ponto de criarem leis para
fiscalizar os portos e evitar a entrada de pessoas doentes. Nos períodos de 1830-1851 foram
registradas 23 epidemias na capital do Império.
No exterior, final do séc. XIX e início do XX, o Brasil era conhecido por ser um local
onde proliferavam epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica. Se começa a se pensar
em saneamento básico para as cidades, isto é, num plano para levar toda água suja por meio de
canos para um lugar onde ela pudesse ser tratada, decorrente insatisfação geral da população,
começa-se a vincular o Saneamento a seus recursos. Em 1903, Oswaldo Cruz (médico
especializado em saúde pública) ocupa o cargo de Diretor de Saúde Pública, período em que
ocorre a Revolta da Vacina. Só em 1930, todas as capitais possuíam sistema de distribuição de
água e coleta de esgotos (que tinha um dos objetivos de secar terras encharcadas onde
proliferavam transmissores de febre amarela). Desde então, o Estado busca ampliar a distribuição
da rede de saneamento básico no Brasil.
Atualmente, a situação geral do saneamento, tanto na zona rural, quanto urbana, continua
precária para as populações de baixa renda, apesar das melhoras realizadas nos últimos 40 anos.
A implantação de obras de saneamento nunca acompanhou o ritmo de crescimento das áreas
urbanas. Ainda hoje, centenas de crianças morrem diariamente no país de desidratação, cólera,
febre amarela, verminoses intestinais, ao ingerir água e alimentos contaminados.
Água
Fundamental à sobrevivência humana (corpo formado por 70%-75% por água) e das
outras formas de viva. Encontram-na em abundância em poços, açudes, rios, reservatórios,
mares..., porém é necessário que ela esteja tratada, incolor e inodora para consumo humano.
Etapas do abastecimento de Água
▪ Captação: conjunto de equipamentos e instalações utilizados para a tomada de água do
manancial (fonte de onde se extrai a água);
▪ Adução: transporte da água do manancial para a estação de tratamento (tornar própria
para consumo);
▪ Reservatório: armazenamento da água para atender a diversos propósitos;
▪ Rede de Distribuição: condução da água para os edifícios e pontos de consumo, por
meio de tubulações nas vias públicas.
▪ Resíduos Domiciliar: originado nas atividades diárias das residências, constituído por
restos de alimentos, produtos deteriorados, jornais e revistas, embalagens, papel higiênico,
fraldas descartáveis e diversos outros;
▪ Resíduo Agrícola: embalagem de dejetos agrícolas como resto de palhas ou estrume,
animais mortos e produtos veterinários;
▪ Resíduos Comerciais: oriundo de serviços comerciais de serviço, constituído por grande
quantidade de plástico, embalagens diversas e resíduo do asseio;
▪ Resíduo Industrial: diversificado, composto por escoria da fundição de materiais
metálicos, plástico, borracha, papel, resíduo líquido (esgoto);
▪ Entulho: são restos de construção civil, como de madeiras, tijolos, cimento, rebocos,
metais etc;
▪ Resíduo Público: da atividade civil, recolhido nas vias públicas ou eventos públicos,
como folhas, lixo, animais mortos grama;
▪ Resíduo de Atividades Mineradoras e Serviços de Transporte: solo removido, metais
pesados, resto de pedras, lixo trazido de outras regiões;
▪ Resíduo do Serviço de Saúde: gerados nas atividades hospitalares ou instituições de
saúde (ensino, pesquisa e extensão) sendo sépticos (agentes microbiológicos) ou
assépticos (livres de agentes microbiológicos), como pinças, gazes, curativos;
São divididos conforme sua composição química, orgânico ou inorgânico, e seu tipo, reciclável
ou não reciclável. Os resíduos sólidos são coletados visando a sua forma de decomposição e
reutilização (coleta seletiva), ordenando assim os fins possíveis, como reciclagem, compostagem,
aterros sanitários, incineração. O esgoto é coletado de forma individual (casa: fossa) ou coletiva
(cidade: rede coletora).
Classificação dos Resíduos Hospitalares
INFECÇÕES
Infecções são aqueles eventos de fácil e rápida transmissão, provocadas por agentes
patogênicos, como o vírus da influenza e o bacilo de Koch.
ATENÇÃO: Os vírus são parasitas obrigatórios, o que quer dizer que só sobrevivem se estiverem
em um organismo, pois se utilizam das organelas das células do hospedeiro para se reproduzir. O
homem no qual penetrou um desses agentes de doença é chamado hospedeiro. Quando o agente
chega ao hospedeiro desenvolve-se e se multiplica em seus tecidos, ocorrendo uma infecção. Por
isso, essas doenças são também denominadas de infecciosas. Grande parte dessas doenças
infecciosas são transmissíveis e conhecidas como doenças contagiosas. Podemos deduzir que
todas as doenças contagiosas são infecciosas, porém nem todas as doenças infecciosas são
contagiosas, como, por exemplo, o tétano. Assim, o hospedeiro é uma pessoa ou animal, inclusive
aves e insetos, em que se aloja e subsiste um agente infeccioso. Quando este agente sai do
hospedeiro e infecta outra pessoa ou animal, este hospedeiro passa a ser uma fonte de infecção.
Tipos de Infeções
Tipos de Transmissão
▪ Transmissão direta: por contato, microrganismos transmitidos de uma pessoa para
outra, sem que haja a participação de artigos ou superfícies, ex.: aperto de mão,
prestar assistência a um paciente sem higiene de mãos;
▪ Transmissão indireta: pelo ar, por veículo e por vetor, através do contato de uma
pessoa com um artigo ou superfície que teve contato prévio com outra pessoa
colonizada e não sofreu adequada desinfecção, ex.: picada de mosquito ou segurar
em maçaneta contaminada.
▪ Transmissão vertical/ transplacentária: quando a infecção passa da mãe para o
filho, ex.: sífilis congênita;
Profilaxia de Infecções
• A PEP é utilizada imediatamente após uma relação sexual desprotegida, ou seja, sem uso
de camisinha, ou no caso de rompimento ou ainda quando houver o escape da camisinha
e exposição ao esperma. A PEP também está indicada nos casos de violência sexual e
acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material
biológico). Na PEP os medicamentos antirretrovirais para HIV devem ser tomados
durante 28 dias, sem interrupção, sob orientação médica após avaliação do risco. O início
desse tratamento deve ser iniciado, preferencialmente, nas primeiras duas horas após a
exposição de risco e no máximo 72 horas. É importante observar que a PEP não serve
como substituta à camisinha.
ATENÇÃO: As infecções são mais prováveis e geralmente mais graves em idosos do que
em pessoas mais jovens por várias razões. O envelhecimento reduz a eficácia do sistema
imunológico aumentando a probabilidade de serem internados em um hospital ou em um
centro de cuidados médicos, onde há maior risco de infecção. Nos hospitais, o uso
disseminado de antibióticos permite que os microrganismos resistentes aos antibióticos
proliferem, e as infecções com esses micro-organismos são muitas vezes mais difíceis de
tratar do que infecções adquiridas em casa ou na comunidade.
ATENÇÃO:
Inflamação x Infecção, apesar de terem nomes parecidos, esses têm mecanismos distintos que ocorrem no
organismo.
A infecção é causada pela invasão e proliferação de um agente infeccioso. Nas feridas a infecção tem como
sinais: secreção amarelada, amarelo-esverdeada ou uma secreção com mau cheiro, piora da dor, inchaço ou
vermelhidão na ferida ou na região em torno dela e alteração na cor ou tamanho da ferida.
A inflamação é uma resposta de proteção do organismo contra uma agressão e tem como principais sintomas a
dor, o calor, o rubor, o edema e em determinadas ocasiões febre e perda de função.
I.R.A.S. e C.C.I.H.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a I.R.A.S. (Infecções Relacionadas à
Assistência em Saúde) são infecções adquiridas durante a prestação de cuidados em saúde no
ambiente hospitalar, denominada como um evento adverso e representam um dos mais
importantes problemas de saúde pública do mundo.
As Comissões para Controle de Infecção Hospitalar foram instituídas por lei a partir de
1998 com a Portaria nº 2.616 do Ministério da Saúde, juntamente com a criação do Programa de
Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) que consiste em um conjunto de ações
desenvolvidas com vistas a reduzir ao máximo possível a incidência e a gravidade das
infecções hospitalares.
A CCIH é composta por membros consultores (pessoas que fazem elaboram as normas)
e executores (que fazem valer as normas), que são profissionais da área de saúde, de nível
superior, formalmente designados e nomeados pela Direção do Hospital. É obrigatório que todos
os hospitais tenham suas próprias comissões, e essa obrigação é proveniente da portaria n° 2616,
que aborda a obrigatoriedade dos Programas de Controle de Infecção Hospitalares (PCIH), dentre
eles a necessidade das CCIH, definida por “órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição
e de execução das ações de controle de infecção hospitalar”.
CCIH atua realizando atividades que visam a prevenção e o controle das infecções
relacionadas à assistência à saúde, através de medidas de promoção de melhoria na qualidade da
assistência e de Biossegurança para pacientes e profissionais de saúde.
Medidas de precaução
As medidas de precaução são aquelas que devem ser tomadas para evitar a disseminação
de microrganismos patogênicos, e consequentemente, a contaminação por eles em ambientes de
saúde. Segundo a ANVISA, elas podem ser do tipo: precaução padrão; precaução de contato;
precaução de gotículas ou precaução de aerossóis.
1. Precaução Padrão: devem ser seguidas para todos os pacientes, independente da suspeita ou
não de infecções, conta com ações de higienização das mãos, uso de luvas (apenas quando houver
risco de contato com sangue, secreções ou membranas mucosas) uso de óculos, máscara e/ou
avental (quando houver risco de contato de sangue ou secreções, para proteção da mucosa de
olhos, boca, nariz, roupa e superfícies corporais), descarte em recipientes apropriados, seringas e
agulhas, sem desconectá-las ou reencapá-las (caixa perfurocortante).
Notificação compulsória
▪ Incidente: é uma circunstância acidental passível de ocorrer durante o trabalho, sem danos
imediatos ao trabalhador, porém, com possibilidades de agravos futuros se não houver
medidas urgentes de bloqueio, ex.: corte com ampolas de medicamento;
Por tantos riscos que o profissional está exposto, é necessário que se siga normas de
segurança para os trabalhadores visando a boa qualidade do serviço alinhada com a segurança
durante todo atendimento prestado. Com a Lei n° 6.514/77, algumas obrigações e deveres
passaram a valer sobre os empregadores para garantir a segurança e saúde dos colaboradores no
ambiente de trabalho. Assim, temos as Normas Regulamentadoras (NRs) que dispõem do assunto
citado anteriormente.
As NRs servem para assegurar um ambiente de trabalho sadio e seguro para os
colaboradores. Isso acontece porque é a partir das normas que a empresa define procedimentos
padrões, relacionados à segurança e bem-estar dos funcionários, a fim de evitar acidentes com os
empregados. Com as NRS é possível: prevenir acidentes; promover um ambiente de trabalho
seguro; realizar ações de prevenção a acidentes e saúde mental; corrigir possíveis erros na
execução de tarefas; diminuir as chances de processos trabalhistas; manter a boa imagem da
organização no mercado de trabalho.
▪ NR 6: uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) em todas as áreas do ambiente de
trabalho. Ela tem o objetivo principal de preservar a segurança e saúde dos colaboradores,
prevenindo acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e o consequente afastamento dos
colaboradores. Exemplo: capacete; touca, pró-pé, óculos; protetor auditivo; máscaras
descartáveis e luvas;
▪ NR 7: é a norma que determina a implementação do Programa de Controle Médico de
Saúde Operacional (PCMSO) nas empresas para prevenir doenças ocupacionais e acidentes
de trabalho, independentemente do número de funcionários. O PCMSO deverá ter caráter de
prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionada ao trabalho.
O objetivo é, justamente, assegurar a proteção e preservação da saúde dos empregados diante
de perigos ocupacionais. Por isso, existem os exames médicos ocupacionais como:
admissional, periódico; de retorno ao trabalho em caso de afastamento por motivo de acidente
ou doença; de mudança de função; demissional;
▪ NR 24: prevê os cuidados com a vestimenta de trabalho. Neste caso, é de responsabilidade
do empregador fornecer peças que sejam confeccionadas com material e em tamanho
adequado e substituir as peças sempre que danificadas (a vestimenta de trabalho não substitui
a necessidade do uso de EPIs);
▪ NR 32: Para os trabalhadores da área da saúde, abrangem as problemáticas e riscos
apresentados nos ambientes clínicos e hospitalares. Exemplo: as lesões físicas, incidentes
relacionados a produtos químicos ou substâncias que podem gerar danos biológicos.
_32.2.4.14 Os trabalhadores que utilizarem objetos perfurocortantes devem ser os
responsáveis pelo seu descarte.
_32.2.4.15 São vedados o reencape e a desconexão manual de agulhas.
▪ Luvas: devem ser usadas em atividades laboratoriais com riscos químicos, físicos (cortes,
calor, radiações) e biológicos. Fornecem proteção contra dermatites, bem como as
contaminações ocasionadas pela exposição repetida a pequenas concentrações de
numerosos compostos químicos;
▪ Protetor Facial: proteção de toda a face contra riscos de impactos, substâncias nocivas
e radiações;
Como o próprio nome diz, os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) dizem respeito
ao coletivo, devendo proteger todos os trabalhadores expostos a determinado risco.
O EPC hospitalar é adotado para reduzir ou eliminar os riscos ambientais
identificados em um PPRA. Para garantir a proteção coletiva em hospitais e clínicas, são
implantados nesses espaços sistemas de ventilação e exaustão, placas de sinalização, dispositivos
contra ruídos e vibrações, iluminação de emergência, entre outras soluções.
Em estabelecimentos hospitalares e clínicos, tanto o EPI quanto o EPC precisa ser
implementado. Isso porque os equipamentos coletivos não são capazes de eliminar os riscos
ambientais aos quais os colaboradores do ramo da saúde estão sujeitos. Em grande parte dos
procedimentos que exige o contato com o paciente, apenas os EPIs protegem do risco de
acidentes e infecções.
“Higiene das mãos” é um termo geral, que se refere a qualquer ação de higienizar as mãos
para prevenir a transmissão de micro-organismos e consequentemente evitar que pacientes e
profissionais de saúde adquiram IRAS. A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais
importante para a prevenção e controle das infecções hospitalares
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, o termo citado
engloba as seguintes técnicas (a antissepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório das mãos não será
vista agora pois é específica de clínica cirúrgica).
▪ Higiene simples das mãos: ato de higienizar as mãos com água e sabonete comum,
sob a forma líquida, dura de 40-60 seg;
▪ Higiene antisséptica das mãos: ato de higienizar as mãos com água e sabonete
associado a agente antisséptico, dura de 40-60 seg;
Recomendações
a) Higienizar as mãos com sabonete líquido e água: quando estiverem visivelmente sujas ou
manchadas de sangue ou outros fluidos corporais ou após uso do banheiro, a exposição a
potenciais patógenos formadores de esporos for fortemente suspeita ou comprovada, em as outras
situações que julgar necessário;
b) Higienizar as mãos com preparação alcoólica: quando as mãos não estiverem visivelmente
sujas, e antes e depois de tocar o paciente e após remover luvas, antes do manuseio de medicação
ou preparação de alimentos.
Obs.: Higienização Simples das Mãos tem por objetivo remover os microrganismos que
colonizam as camadas superficiais da pele, assim como o suor, a oleosidade e as células mortas,
retirando a sujidade propícia à permanência e à proliferação de microrganismos. Já a Fricção das
mãos com antissépticos (preparação alcoólicas) visa reduzir a carga microbiana das mãos (não há
remoção de sujidades). Elas não devem ser utilizadas concomitantemente.
Obs.: O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos antes e após contatos que envolvam
mucosas, sangue outros fluidos corpóreos, secreções ou excreções.
As luvas devem ser usadas em atividades laboratoriais com riscos químicos, físicos
(cortes, calor, radiações) e biológicos. Fornecem proteção contra dermatites, queimaduras
químicas e térmicas, bem como as contaminações ocasionadas pela exposição repetida a pequenas
concentrações de numerosos compostos químicos. As luvas devem ser resistentes, anatômicas,
flexíveis, pouco permeáveis, oferecer conforto e destreza ao usuário, além de serem compatíveis
com o tipo de trabalho executado. Podem ter cano longo ou curto, com ou sem palma
antiderrapante; o interior pode ser liso ou flocado com algodão.
Obs.: Enquanto estiver de luvas, o trabalhador não pode manusear maçanetas, telefones fixos ou
celulares, puxadores de armários e outros objetos de uso comum; NÃO usar luvas fora da área de
trabalho; LAVAR INSTRUMENTOS e superfícies de trabalho SEMPRE usando luvas; NUNCA
reutilizar as luvas descartáveis, DESCARTÁ-LAS de forma segura.
Tipos de Luvas
▪ Contato com sangue e outros fluidos corporais: qualquer procedimento que envolva
o contato com sangue, fluidos corporais, secreções e excreções requer o uso de luvas.
Assim, é possível proteger o colaborador de doenças, já que esses equipamentos reduzem
o risco de contaminações. As luvas não estéreis são as recomendadas, nesses casos.
▪ Procedimentos cirúrgicos: as luvas são essenciais durante a realização de cirurgias,
assim como em procedimentos vasculares (linhas centrais), quimioterápicos
e radiológicos invasivos, além de parto vaginal. Essas situações exigem o uso de luvas
cirúrgicas (estéreis), as quais são descartáveis.
▪ Aplicação de vacinas, em casos excepcionais: A priori, o emprego de luvas não é
obrigatório durante a aplicação de vacinas — seja ela qual for, incluindo a vacina contra
a Covid-19. Isso porque a administração por via parenteral (injetável) dispensa o contato
do profissional com os pacientes, sendo preciso manejar apenas a seringa.
Obs.: Contudo, caso o profissional de saúde apresente lesões abertas que coloquem em risco
a higiene das mãos, aí sim, as luvas são indicadas. Como você pode perceber, elas só são
necessárias em situações excepcionais. Nas demais, basta fazer corretamente a higienização
das mãos antes de aplicar a vacina.
Para o uso das luvas, é necessário ter havido a higienização das mãos. Após seu uso
também é importante higienizar a mão. Em ambas as situações, a higienização deve ser realizada
com água e sabão (higienização simples das mãos), caso não seja possível realiza-la assim, pode-
se fazer a higienização com solução alcoólica -APENAS quando não houver a possibilidade de
utilizar água e sabão. As luvas devem ser descartadas em sacos onde estão os resíduos
potencialmente infectados.
IMUNIZAÇÃO
A imunização é o processo pelo qual uma pessoa se torna resistente a uma doença, quer
através do contacto com certas doenças, quer através da administração de uma vacina, soro e
imunoglobulina.
O Sistema Imunológico é composto por um conjunto de órgãos, tecidos e células que
atuam diretamente no combate à patógenos: vírus, bactérias, helmintos e fungos. O esquema
abaixo apresenta os principais órgãos que compõem esse sistema:
Essas estruturas que compõem o sistema imunológico serão afetadas pela ação das
vacinas, que ao introduzir um antígeno no organismo, faz com que as células imunes reconheçam
o patógeno, e estimulem a produção de anticorpos, que vão iniciar a resposta imune mais
adequada.
Existem diversas células que compõem o sistema imunológico. Essas células fazem todo
o trabalho de combater corpos estranhos que entram no organismo. Os antígenos inseridos no
organismo por ação das vacinas, atuam diretamente na ativação dessas células, que necessitam
ser sensibilizadas contra cada novo patógeno que entra no organismo, para que que possam
combatê-lo.
Células de Defesa do Sistema Imunológico
▪ Macrófago: são uma das principais células de defesa do nosso organismo. É responsável
por fagocitar corpos estranhos;
▪ Basófilo: vigilância imunológica (como a detecção e destruição de cânceres em estágio
muito inicial) e no reparo de feridas, além de liberar histamina que participam do início
das reações alérgicas;
▪ Eosinófilo: glóbulo branco que participam da imunidade protetora contra certos parasitas,
mas também contribuem para a inflamação que ocorre em distúrbios alérgicos;
▪ Neutrófilo: realizam fagocitose e destruição de leveduras e formas filamentosas de
fungos;
▪ Mastócito: estimulam o processo inflamatório, como a heparina (anticoagulante) e a
histamina (vasodilatador);
▪ Célula Dentrícia: são produzidas na medula óssea, e podem ser encontradas no sangue
ou outros tecidos, responsáveis por identificar o tipo de infecção, e gerar a resposta
imune;
▪ Célula NK: são responsáveis por destruir as células tumorais ou infectadas por vírus,
sem que eles expressem qualquer tipo de antígeno ativador da resposta imune específica;
▪ Linfócitos B: responsáveis pela produção de anticorpos contra determinado patógeno.
Os anticorpos são moléculas que atuam no sistema imune fazendo o reconhecimento dos
antígenos (moléculas da estrutura dos patógenos), e estimulando a resposta imune específica.
Existem cinco classes de anticorpos:
Formas de Imunização
O método de produção de soros é diferente das vacinas, já que neste caso não se
pretende apresentar antígenos ao corpo para estimular a produção de anticorpos: nos soros os
anticorpos já estão produzidos. Entretanto, são necessários a utilização de alguns organismos
para a produção desses anticorpos, e geralmente são utilizados cavalos, que é um animal de
maior porte, e que possui maior resistência que os seres humanos às toxinas liberadas por
animais peçonhentos (obs.: os cavalos possuem maior resistência, mas não são imunes; vários
cuidados são adotados para que o animal não venha a morrer durante o processo).
O processo de produção do soro passa por algumas etapas: (1) O veneno - que foi
extraído diretamente do animal peçonhento - é diluído para diminuir os efeitos, e inoculado no
cavalo -> (2) O animal produz anticorpos contra o veneno -> (3) É feita a coleta do sangue do
cavalo, e retirado o plasma, onde se encontram os anticorpos; do plasma com anticorpos se
produz o soro.
As Vacinas no Brasil
No ano de 1927, se iniciou a vacinação contra a tuberculose no Brasil, com a vacina BCG.
15 anos mais tarde, a febre amarela urbana foi eliminada do país graças à cobertura vacinal.
O Brasil por muito tempo foi considerado um modelo a ser seguido no aspecto vacinação. Isso
porque o nosso país possui um Plano Nacional de Imunização que é vinculado ao Sistema
Único de Saúde (SUS), criado em 1973, que fomenta a aplicação de vacinas essenciais desde
crianças até os idosos, de forma totalmente gratuita. O primeiro calendário básico de vacinação
surgiu em 1977, como reflexo do PNI. Já em 1986, nasceu o Zé Gotinha, simpático personagem
que simboliza as campanhas de vacinação
Doenças como tétano, gripe, difteria, coqueluche, hepatite B, catapora, HPV, entre outras
passaram a ser evitadas ou minimizadas pela ação vacinal. Um fator histórico que nos ajuda na
compreensão da relevância das vacinas para a humanidade, é o estabelecimento da relação entre
as vacinas e a expectativa de vida. Antes a expectativa de vida atingia 40 anos, hoje, ultrapassa
os 70.
Obs.: A principal diferença é que as vacinas que contêm bactérias ou vírus atenuados possuem
agentes infecciosos vivos, mas extremamente enfraquecidos. Já as vacinas de bactérias ou
vírus inativados contêm a bactéria ou o vírus morto, modificado ou apenas partículas deles.
DOENÇAS x VACINAS
Varíola: Doença infecciosa causada pelo vírus do gênero Orthopoxvirus, a qual tem sua forma
de transmissão por contato com pessoas infectadas, através de gotículas de saliva e aerossóis.
Seus sintomas são semelhantes aos da gripe, além de irritação e erupções cutâneas que se iniciam
no rosto, se alastrando para os membros e tronco. O vírus da varíola possui uma taxa de letalidade
muito elevada, pois gera no corpo uma resposta inflamatória muito intensa, que provocava a
falência múltipla dos órgãos.
A vacina foi introduzida por Edward Jenner em 1796. Já o último caso natural dessa doença foi
registrado em 1977, e em 1980 a Organização Mundial da Saúde considerou essa doença
erradicada. Até o momento, a varíola é a única doença considerada completamente erradicada
através da ação das vacinas. O fato de a vacina contra a varíola possuir um risco elevado de efeitos
colaterais, somado ao fato de a doença não possuir mais transmissão natural, fez com que a vacina
contra essa doença saísse dos calendários de vacinação. Atualmente a vacina contra a varíola é a
Tríplice Viral, que fornece imunidade contra outras duas doenças: caxumba e rubéola.
Sarampo: Patologia causada pelo vírus Morbilivirus, que provoca febre alta acompanhada de
tosse, manchas vermelhas na pele, dor de cabeça, irritação nos olhos, coriza e mal-estar intenso.
Sua transmissão acontece com o contato de tosse ou espirro de uma pessoa infectada.
A vacina contra o sarampo está prevista no calendário brasileiro de imunização desde a década
de 1960, e a alta adesão da população fez com que essa doença fosse controlada. Infelizmente, a
falta de adesão à vacinação, provocou recentemente (no ano de 2020) um surto do sarampo no
Brasil.
A vacina contra a tuberculose, foi desenvolvida pelos médicos franceses Calmette e Guérin, que
deram à vacina o nome de Bacilo Calmette-Guérin, ou BCG como é mais conhecida. Essa vacina
começou a ser utilizada em 1921, e desde 1976 sua aplicação em crianças no Brasil se tornou
obrigatória, sendo geralmente a primeira vacina aplicada após o nascimento.
Uma característica interessante sobre a BCG é a marca que deixa no local da aplicação, que nada
mais é que a reação imunológica acontecendo no local. A cicatriz é completamente normal, e é
uma confirmação de que a vacina foi aplicada. Porém, nas pessoas que não apresentarem a marca
cicatricial da vacina, não precisam ser revacinadas, pois seu efeito está garantido.
BCG, entretanto, fornece imunidade contra as formas mais graves da tuberculose, podendo ainda
o indivíduo vir a desenvolver essa doença no decorrer da vida. A TB é uma doença de
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA SEMANAL, e sua transmissibilidade será até quando o
paciente iniciar o tratamento.
Poliomielite: A poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil, é uma doença viral
provocada pelo Polivírus, que acomete crianças não-vacinadas, e que gera consequências severas,
uma vez que a doença não possui cura. Seu contágio ocorre através de contato direto com
secreções eliminadas pela boca ou com fezes de pessoas infectadas.
Na forma paralítica, além dos sintomas de febre, dor de cabeça, dor de garganta, diarreia, vômito
e constipação presente na forma não paralítica mencionados, o infectado apresenta dores
musculares e paralisia dos músculos.
A vacina contra a poliomielite, é uma vacina de aplicação oral, a famosa vacina de "gotinha". Mas
a vacina oral contra a pólio atualmente é somente na dose de reforço, sendo que a primeira dose
é necessariamente injetável. A poliomielite foi declarada como erradicada em território nacional
(no Brasil) em 1994 pela Organização Mundial da Saúde.
Outras doenças
Existem diversas outras doenças que são controladas através da vacinação, além das que ainda
estão em processo de desenvolvimento. Alguns exemplos mais comuns estão citados abaixo:
- Gripe (Inflenza): Vale mencionar que a vacina contra o vírus da Influenza precisa de uma
nova dose todos os anos para os grupos mais vulneráveis (idosos, gestantes, e pessoas com
problemas crônicos de saúde). Isso acontece porque esse vírus possui uma alta taxa de
mutabilidade, o que faz com que todos os anos apareçam novas variantes, tornando a primeira
imunidade insuficiente.
- Tétano e Difteria: A vacina contra essas duas doenças geralmente é aplicada em uma só, e
precisa ser reforçada a cada dez anos, ou quando há uma lesão com o rompimento da pele.
- Caxumba e Rubéola: A imunidade contra essas duas doenças é adquirida da mesma vacina,
a tríplice viral, que também protege contra a varíola.
- Hepatite B: A hepatite B pode ser transmitida através do contato com secreções ou sangue
de uma pessoa infectada. A vacina é administrada através de três doses.
Calendário de Vacinação
Atualmente, as vacinas são oferecidas à população conforme o Calendário Nacional de
Vacinação. São administradas nas salas de vacinas espalhadas pelo país. As atividades realizadas
nesta sala são desenvolvidas pela equipe de enfermagem, sendo ideal a presença de dois
vacinadores para cada turno de trabalho, responsáveis pela administração, gerenciamento e
conservação adequada dos imunobiológicos (todas as vacinas devem ser armazenadas entre +2ºC
e +8ºC, sendo ideal +5ºC).
O Governo Federal vai substituir gradualmente a Vacina Oral Poliomielite (VOP) pela versão
inativada (VIP) do imunizante a partir de 2024. A recomendação considerou as novas evidências
científicas para proteção contra a doença. A atualização não representa o fim imediato do
imunizante na versão popularmente conhecida como "gotinha", mas um avanço tecnológico para
maior eficácia do esquema vacinal, que será feito após um período de transição.
A recomendação é a utilização da VIP em reforço aos 15 meses, o que é feito atualmente de forma
oral (VOP). A VIP já é aplicada aos 2,4,6 meses de vida, como apresentado no Calendário de
Vacina. Após um período de transição, em 2024, as crianças, aquelas que completarem as 3 doses
da VIP, realizarão o reforço aos 15 meses (não mais aos 4 anos, como é feito atualmente). As 4
doses serão suficientes para proteção contra a pólio, antes tínhamos 3 doses com 2 reforços.
A atualização considerou os critérios epidemiológicos, as evidências relacionadas à vacina e as
recomendações internacionais sobre o tema.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. COFEN. Após milhões de mortos em 3 anos, OMS decreta fim de emergência da
covid-19. 2023. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/apos-milhoes-de-mortos-em-3-anos-
oms-decreta-fim-de-emergencia-da-covid-19_108179.html. Acesso em: 08 de agosto de 2023.
TRATA BRASIL. Brasil teve cerca de 130 mil internações por doenças associadas à falta
de saneamento, em 2021. 2021. Disponível em: https://tratabrasil.org.br/brasil-teve-cerca-de-
130-mil-internacoes-por-doencas-associadas-a-falta-de-saneamento-em-2021/. Disponível: 12
de agosto de 2023.