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Eletrocardiograma para Enfermeiros

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ELETROCARDIOGRAMA

PARA ENFERMEIROS
2ª edição
ELETROCARDIOGRAMA
PARA ENFERMEIROS

2ª edição

Juliana de Lima Lopes


Fátima Gil Ferreira

Rio de Janeiro • São Paulo


2022
EDITORA ATHENEU
São Paulo — Rua Maria Paula, 123 – 18o andar
Tels.: (11) 2858-8750
E-mail: atheneu@atheneu.com.br

Rio de Janeiro — Rua Bambina, 74


Tel.: (21)3094-1295
E-mail: atheneu@atheneu.com.br

PRODUÇÃO EDITORIAL/CAPA: Equipe Atheneu


DIAGRAMAÇÃO: Villa d'Artes

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

E89

2. ed.

Eletrocardiograma para enfermeiros / Fátima Gil Ferreira, Juliana de Lima Lopes. - 2.


ed. - Rio de Janeiro : Atheneu, 2022.

: il. ; 24 cm.

Inclui bibliografia e índice

ISBN 978-65-5586-533-2

1. Cardiologia. 2. Eletrocardiograma. 3. Coração - Doenças. I. Ferreira, Fátima Gil. II.


Lopes, Juliana de Lima. II. Título.

22-77215 CDD: 616.1207547


CDU: 616.12-073.7

Gabriela Faray Ferreira Lopes - Bibliotecária - CRB-7/6643


13/04/2022 18/04/2022

LOPES, J. L.; FERREIRA, F. G.


Eletrocardiograma para Enfermeiros – 2a edição
© Direitos reservados à EDITORA ATHENEU – Rio de Janeiro, São Paulo, 2022.
Editoras

Fátima Gil Ferreira


Enfermeira, Diretora Técnica do Serviço de Educação na Coordenação de
Enfermagem do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP). Graduação
em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de
São Paulo (EE/USP). Especialista em Enfermagem em Cardiologia pela
EE/USP. Especialista em Administração Hospitalar pela Fundação Getulio
Vargas (FGV). Especialista em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pela
Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva (SOBETI).

Juliana de Lima Lopes


Enfermeira. Docente da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade
Federal de São Paulo (EPE-UNIFESP). Graduação em Enfermagem pela
UNIFESP. Especialista em Enfermagem em Cardiologia pela UNIFESP.
Mestrado, doutorado e pós-doutorado em Ciências pela UNIFESP. Bolsista
Produtividade em Pesquisa do CNPq, nível 1D.
Colaboradores

Amanda Silva de Macêdo Bezerra


Enfermeira Chefe de Saúde II da Unidade Coronária do Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia (IDPC). Doutora e Mestre em Ciências pela
Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Enfermagem (UNIFESP/
EPE). Especialista em Enfermagem Cardiovascular (Modalidade Residência)
pelo IDPC. Especialista em Gestão em Enfermagem pela Universidade Aberta
do Brasil – Universidade Federal de São Paulo (UAB/UNIFESP). Tutora e
Preceptora dos Programas de Residência em Enfermagem do IDPC. Graduada
pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Ana Paula Dias de Oliveira


Enfermeira Técnica Administrativa em Educação do Departamento de
Enfermagem Clínica e Cirúrgica (DECC) da Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP). Enfermeira Assistencial do Pronto-Socorro do Instituto
Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC). Graduada em Enfermagem
pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP).
Especialista em Enfermagem em Cardiologia (Modalidade Residência)
pela UNIFESP. Doutoranda e Mestre pela UNIFESP.

Ana Paula Fernandes


Graduação em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP). Pós-Graduação na Modalidade Residência em Cardiologia,
Área de Concentração – Adulto e Idoso pela UNIFESP.

Ana Paula Quilici


Enfermeira, graduada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São
Paulo (EE/USP). Especialista em Cardiologia pelo Instituto do Coração
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (InCor/HCFMUSP). Mestre em Saúde do Adulto pela EE/USP.
Doutora em Educação em Saúde pelo Departamento de Clínica Médica
da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instrutora em
Simulação Clínica pelo Medical Clinical Simulation – Harvard.
viii Eletrocardiograma para Enfermeiros

Beatriz Murata Murakami


Enfermeira, graduada pela Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert
Einstein (FEHIAE). Residência em Enfermagem Cardiovascular pelo Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia (IDPC). Especialista em Formação de Docentes na Educação
Profissional em Enfermagem pelo Instituto Educacional São Paulo (INTESP). Mestre
em Enfermagem pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde (FICSAE). Doutoranda
em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Camila de Souza Carneiro


Enfermeira, Mestre, Doutora e Pós-Doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP). Especialista em Enfermagem Cardiovascular
pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP). Educadora em Saúde pelo Centro
de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde da Universidade Federal de São
Paulo (CEDESS/UNIFESP). Terapeuta Vibracional pelo Centro Universitário Estácio
de São Paulo (UNIRADIAL). Supervisora de Enfermagem do Hospital Universitário
da Universidade Federal de São Paulo (Hospital São Paulo/UNIFESP) Membro e
Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas do Uso da Arte no Ensino de Ciências
da Universidade de São Paulo (GEPACS/USP), Grupo de Estudos, Pesquisas de
Assistência Sistematização da Assistência de Enfermagem da Universidade Federal
de São Paulo (GEPASAE/UNIFESP). Membro do Grupo de Trabalho de Práticas
Integrativas do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (COREN-SP).

Carolina Nóvoa
Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade de São Paulo (USP). MBA Executivo
em Saúde pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Especialista em Enfermagem em
Cardiologia pelo Programa de Residência da Universidade Federal de São Paulo
– Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM). Graduada em Enfermagem pela
UNIFESP/EPM. Membro da Equipe de Pesquisa da Gastrocirurgia do Hospital do
Rim (HRim). Consultora em Saúde (Cardiologia) da E-update – Cursos, Treinamentos
e Consultoria em Saúde.

Denise Meira Altino


Enfermeira. Encarregada das UTI’s Clínicas do Instituto do Coração do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/
HCFMUSP). Graduação em Enfermagem pela Universidade de São Paulo (USP).
Especialização em Cardiologia pelo InCor/HCFMUSP. Mestrado em Ciências da
Saúde pela Escola Paulista de Enfermagem (EPE/UNIFESP).
Colaboradores ix

Edna Duarte Ferreira


Enfermeira. Supervisora no UGA-II do Hospital Ipiranga. Especialista em Enfermagem
Cardiovascular pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Instrutora dos
Cursos de BLS e ACLS da American Heart Association.

Edson Américo Sant´Ana


Enfermeiro, graduado pelo Centro Universitário Ítalo Brasileiro – UniÍtalo.
Especialista em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Pós-Graduado pela Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP). Enfermeiro Pleno da Unidade Semi-Intensiva de
Cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).

Eduarda Ribeiro dos Santos


Enfermeira, graduada pelo Centro Universitário da Fundação Hermínio Ometto
(FHO). Advogada graduada pela Faculdades Metropolitanas Unidas Educacionais
(FMU). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP). Docente Temporária da Escola de Enfermagem da Universidade de São
Paulo (USP). Docente da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein
(FICSAE). Primeira Secretária do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SP)
no triênio 2018-2020.

Elaine Peixoto
Especialista em Cardiologia pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP).
Especialista em Administração Hospitalar pelo Centro Universitário São Camilo.
Graduada em Enfermagem e Obstetrícia pelo Centro Universitário São Camilo.
Experiência Clínica como Enfermeira de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com
ênfase em Enfermagem em Cardiologia e Ambulatorial. Instrutora dos Cursos de
BLS e ACLS (Cursos da American Heart Association, pelo Centro de Treinamento
da Universidade Anhembi Morumbi), em Simulação Clínica, Metodologias Ativas
e Educação em Saúde. Voluntária na Organização Não Governamental Médicos
do Mundo.

Evelise Helena Fadini Reis Brunori


Enfermeira. Especialista em Cardiologia. Mestre e Doutora pela Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP). Chefe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC). Docente de Pós-Graduação
lato sensu no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP).
x Eletrocardiograma para Enfermeiros

Francine Banni Félix


Enfermeira. Pós-Graduação em Política e Pesquisa em Saúde Coletiva pela
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e em Enfermagem em Cuidados
Intensivos Adulto e Neonatal pela Faculdade Redentor. Mestranda em Enfermagem
na UFJF. Enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Adultos do
Hospital Universitário de Juiz de Fora (EBSERH). Diretora do BLS – Basic Life
Support e Instrutora do ACLS – Advanced Cardiovascular Life Support (American
Heart Association – AHA e Sociedade Mineira de Terapia Intensiva – SOMITI).
Coordenadora dos Cursos de Pós-Graduação de Enfermagem em UTI Adulto e
Neonatal e Cardiologia e Hemodinâmica e dos Cursos de Extensão e In Company do
Instituto Educacional São Pedro e Docente dos Cursos de Pós-Graduação e Extensão
em UTI Adulto e Neonatal, Cardiologia e Hemodinâmica, Urgência e Emergência,
Atendimento Pré-Hospitalar, Centro Cirúrgico e Obstetrícia do Instituto Educacional
São Pedro.

Francine Jomara Lopes


Enfermeira, graduada pela Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA).
Especialista em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC).
Mestre e Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de
São Paulo (EE/USP). Enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital
Sírio-Libanês (HSL). Coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional
no Cuidado ao Paciente Crítico do HSL. Instrutora do BLS e ACLS da American
Heart Association (AHA).

Kátia Regina da Silva


Enfermeira, graduada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Residência em Emergência pela UNIFESP. Doutorado em Ciências pelo
Programa de Pós-Graduação de Cirurgia Torácica e Cardiovascular da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Pós-Doutorado pelo
Departamento de Cirurgia da Duke University Medical Center (Estados Unidos).
Pesquisadora da Unidade de Estimulação Elétrica e Marcapasso do Instituto do
Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (InCor/HCFMUSP). Professora do Programa de Pós-Graduação
de Cirurgia Torácica e Cardiovascular da FMUSP. Professora do Programa de
Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde do Adulto (PROESA) da Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE/USP). Diretora Científica do
Consórcio REDCap-Brasil.
Colaboradores xi

Luciana Soares Costa Santos


Enfermeira, graduada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Especialista
em Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pela Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Enfermagem Cirúrgica
pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestre em Enfermagem pela
Universidade de Campinas (UNICAMP). Doutora em Ciências pela Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE/USP). Professora da Graduação e
Pós-Graduação de Enfermagem na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa
de São Paulo (FCMSCSP), junto ao Departamento da Saúde do Adulto. Professora
Contratada da EE/USP, junto ao Departamento de Enfermagem Médico Cirúrgica.
Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem em Cardiologia e
Hemodinâmica da FCMSCSP. Supervisora Técnica do Curso de Pós-Graduação em
Enfermagem em Clínica Médica e Cirúrgica da FCMSCSP.

Luiz Fernando dos Santos Messias


Enfermeiro, graduado pela Universidade do Grande ABC (UniABC). Especialista
em Enfermagem em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (FMUSP). Especialista em Formação Docente em Educação Profissional
Técnica na Área da Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) (Ministério da
Saúde). Especialista em Liderança – Liderando por Valores, o Reconhecimento do
Líder em Si pela Escola de Educação Permanente da Faculdade de Medicina da USP.
Atuou por 14 anos na Unidade de Recuperação Cirúrgica e Transplantes Cardíacos
e Pulmonares do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP). Enfermeiro da Fundação
Zerbini e do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (HCFMUSP). Docente do Instituto de Ensino Cleber Leite. Coordenador do
Curso de Enfermagem da Faculdade Piaget Suzano. Supervisor de Enfermagem da
Coordenação de Enfermagem do InCor/HCFMUSP.

Marcia Mitie Nagumo


Enfermeira, graduada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Pós-
-Graduação em Gestão da Qualidade em Saúde pelo Instituto Israelita de Ensino
e Pesquisa Albert Einstein (IIEP). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em
Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Trabalha na Unidade de Estimulação Elétrica e Marcapasso do Instituto do
Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (InCor/HCFMUSP).
xii Eletrocardiograma para Enfermeiros

Maria Francilene Silva Souza


Enfermeira do Serviço de Educação da Coordenação de Enfermagem do Instituto
do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (InCor/HCFMUSP). Especialista em Terapia Intensiva Pediátrica pela
Associação Brasileira de Enfermagem em Terapia Intensiva (ABENTI). Especialista em
Enfermagem Cardiovascular pelo Instituto Dante Pazzanese em Cardiologia (IDPC).

Marianna Sobral Lacerda


Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Cardiologia pelo Instituto do Coração do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/
HCFMUSP). Mestre em Ciências da Saúde pela Escola Paulista de Enfermagem
da Universidade Federal de São Paulo (EE/USP). Doutoranda do Programa de
Pós-Graduação da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São
Paulo (EPE/UNIFESP). Professora Adjunta I da Universidade Paulista (UNIP).

Marina Bertelli Rossi


Enfermeira, graduada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Aprimoramento e Especialização em Enfermagem em Cardiologia pelo Instituto do
Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (InCor/HCFMUSP). Mestrado em Ciências pela UNIFESP.

Meire Bruna Ramos


Enfermeira, graduada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Especialista
em Cardiologia pelo Programa de Aprimoramento Profissional do Instituto do
Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (InCor/HCFMUSP). Especialista em Urgências e Emergências pela UNIFESP.
Especialista em Gerenciamento em Enfermagem pelo Centro Universitário São
Camilo.

Patrícia Ana Paiva Corrêa Pinheiro


Enfermeira. Especialista em UTI pela Associação Brasileira de Enfermagem em
Terapia Intensiva (ABENTI), em Cardiologia pelo Instituto do Coração do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/
HCFMUSP) e Administração nos Serviços de Saúde pela Faculdade de Saúde Pública
da Universidade de São Paulo (FSP/USP). Mestre em Enfermagem na Saúde do Adulto
da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE/USP). Enfermeira Chefe
das Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) Clínicas do InCor/HCFMUSP.
Colaboradores xiii

Patrícia Claus Rodrigues


Enfermeira do Desenvolvimento de Enfermagem do Hospital Sírio-Lobanês (HSL).
Especialista em Cardiologia pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP).

Rafaela Batista dos Santos Pedrosa


Professora Doutora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP). Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de
Enfermagem da UNICAMP. Mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de
Enfermagem da UNICAMP. Especialista em Cardiologia pelo Instituto do Coração
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(InCor/HCFMUSP). Diretora Científica do Departamento de Enfermagem da
Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) – Biênios 2018-
2019/2020-2021. Instrutora do Curso de Suporte Avançado de Vida da American
Heart Association (ACLS-AHA).

Rita de Cassia Gengo e Silva Butcher


Enfermeira, graduada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
(EE/USP). Mestre e Doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (USP). Pós-Doutoranda em The Marjory Gordon Program for Clinical
Reasoning and Knowledge Development, NANDA International and William F.
Connell School of Nursing, Boston College. Orientadora Credenciada no Programa
de Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde do Adulto da EE/USP.

Rita Simone Lopes Moreira


Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Clínica e Cirúrgica da Escola
Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (EPE/UNIFESP).
Doutora em Ciências da Saúde pela Disciplina de Cardiologia da Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP). Coordenadora do Programa de Residência
Multiprofissional da UNIFESP.

Sidnei Seganfredo Silva


Enfermeiro, graduado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Pós-
-Graduação lato sensu em Enfermagem em Cardiologia pelo Centro Universitário
São Camilo. Instrutor de Suporte Básico de Vida (BLS) e Suporte Avançado de Vida
em Cardiologia (ACLS).
xiv Eletrocardiograma para Enfermeiros

Thatiane Facholi Polastri


Pós-Graduada em Enfermagem em Cardiologia pelo Instituto do Coração do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/
HCFMUSP). Doutora em Gerenciamento de Enfermagem pela Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo (EE/USP). Coordenadora dos Cursos do Centro de
Treinamento em Emergências Cardiovasculares do InCor/HCFMUSP, chancelados
pela American Heart Association. Instrutora dos Cursos de Suporte Básico e
Avançado de Vida do Centro de Treinamento InCor/HCFMUSP credenciado da
American Heart Association.

Vanessa Santos Sallai


Graduada pelo Centro Universitário São Camilo. Pós-Graduação em Enfermagem
em Cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). MBA Executivo
em Gestão de Clínicas e Hospitais pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Diretora
de Enfermagem do Serviço de Paciente Externo – Pronto-Socorro, Ambulatório,
Hospital Dia e Serviço de Diagnóstico por Imagem do Instituto do Coração do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(InCor/HCFMUSP).

Veruska Hernandes Campos Maria


Enfermeira. Gerente Nacional Sênior de Vendas da Johnson & Johnson. Graduada
em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Especialista
em Enfermagem em Cardiologia (Modalidade Residência) pela UNIFESP.

Vinicius Batista Santos


Enfermeiro. Especialista em Cardiologia e Doutor em Ciências pela Escola Paulista
de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (EPE/UNIFESP). Professor
Adjunto da EPE/UNIFESP.
Agradecimentos

Agradecemos à colaboração de todos os enfermeiros que


nos auxiliaram no desenvolvimento desta 2a edição.
Prefácio à segunda edição

O convite para prefaciar esta obra dirigida a enfermeiras(os) muito me


honra.
Tendo iniciado a minha carreira profissional em 1975, sendo a primeira
enfermeira da recém-iniciada unidade cardiorrespiratória do Hospital São
Paulo da Escola Paulista de Medicina, primeira unidade de especialidade
daquela instituição, e engajada no programa de integração docente
assistencial com a Escola Paulista de Enfermagem (EPE), tive o privilégio de
atuar nessa unidade ao longo dos anos como enfermeira e, posteriormente,
docente, formando inúmeras enfermeiras e enfermeiros espalhados pelo
Estado de São Paulo e pelo Brasil.
Esta obra tem como editoras “duas pupilas”, uma graduada em 1985 e a
outra em 2002, extremos da minha carreira.
Fátima é um dos pilares da educação continuada do Instituto do Coração do
Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (InCor – HCFMUSP),
e Juliana atuou na mesma instituição como seu par e, atualmente, é
professora adjunta do Departamento de Enfermagem Clínica e Cirúrgica
da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo
(EPE/UNIFESP) e vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem da EPE/UNIFESP.
Ambas com características que se complementam, e requeridas no saber-
-fazer Enfermagem com o compromisso ético, científico, estético e legal
desejáveis.
Conseguiram como editoras propor uma obra convidando autores
experientes, encadeando capítulos escritos de forma articulada e de fácil
entendimento.
A disposição dos capítulos permite uma compreensão crescente dos
conceitos requeridos ao entendimento do eletrocardiograma, desde a sua
história e concepção aos seus princípios de normalidade e anormalidade
em diferentes condições clínicas.
Esta 2a edição é de extrema relevância, pois esta obra tem sido amplamente
utilizada e, por ser escrita por enfermeiros, tem auxiliado no raciocínio
crítico e julgamento clínico de diagnósticos de enfermagem, possibilitando
a escolha de intervenções de enfermagem preventivas, de recuperação e de
xviii Eletrocardiograma para Enfermeiros

promoção da saúde trazendo como consequência resultados alcançáveis positivos à


condição clínica do cliente.
Finalizo recomendando esta obra a estudantes de graduação e pós-graduação e
enfermeiras(os) clínicos, e demais estudantes das ciências biológicas.
Não posso deixar de testemunhar que um professor em poucas ocasiões tem a
possibilidade de presenciar o resultado das suas crenças e valores transmitidos aos
seus alunos, pois o impacto da sua atuação enquanto docente é longitudinal, mas
hoje eu atesto minha satisfação prefaciando um livro escrito e editorado por duas
ex-alunas.
Que esta obra continue florescendo a semente plantada e germinada da Enfermagem
brasileira em Cardiologia dos idos anos 1970 por diferentes pioneiras.

Parabéns! O meu orgulho e gratidão.

São Paulo, 6 de abril de 2022.

Alba Lucia Bottura Leite de Barros


Professora Titular da Escola Paulista de Enfermagem – EPM/UNIFESP
Apresentação à segunda edição

A primeira edição do livro Eletrocardiograma para Enfermeiros surgiu


pela necessidade de encontrarmos literatura brasileira sobre o tema e que
estivesse direcionada para os enfermeiros. Devido a essa necessidade, esta
2a edição traz a atualização dos temas abordados na 1a edição.
Por ter sido escrito por enfermeiros, apresenta uma linguagem de fácil
compreensão e atende às necessidades dos estudantes e profissionais da
saúde.
Sabemos que o eletrocardiograma é um exame de baixo custo e disponível
na maioria dos ambientes de assistência à Saúde, e também auxilia o
enfermeiro no raciocínio clínico e no reconhecimento precoce de situações
de emergências reais ou potenciais.
Os capítulos desta edição abordam a anatomia e a fisiologia do sistema de
condução e a interpretação das principais alterações eletrocardiográficas.
Esperamos que contribua para a formação do estudante de enfermagem e o
aperfeiçoamento dos enfermeiros para melhorar a qualidade da assistência.
Esta segunda e nova edição, encontra-se revista e atualizada.

As editoras
Sumário

1 Anatomia e Fisiologia do Sistema de Condução, 1


Veruska Hernandes Campos Maria • Rafaela Batista dos Santos Pedrosa
• Francine Banni Félix
2 Princípios Básicos do Eletrocardiograma, 11
Juliana de Lima Lopes • Rita de Cassia Gengo e Silva Butcher • Denise Meira Altino

3 Análise da Frequência e do Ritmo Cardíaco, 23


Juliana de Lima Lopes • Fátima Gil Ferreira • Sidnei Seganfredo Silva

4 Análise do Eixo Elétrico Cardíaco, 33


Ana Paula Fernandes • Camila de Souza Carneiro • Marina Bertelli Rossi

5 Monitorização Eletrocardiográfica, 43
Maria Francilene Silva Souza • Fátima Gil Ferreira

6 Taquiarritmias, 57
Thatiane Facholi Polastri • Vanessa Santos Sallai

7 Bradiarritmias, 77
Vanessa Santos Sallai • Thatiane Facholi Polastri • Carolina Nóvoa

8 Alterações Eletrocardiográficas nas Síndromes Isquêmicas Miocárdicas, 89


Vinicius Batista Santos • Rita Simone Lopes Moreira • Patrícia Ana Paiva Corrêa Pinheiro

9 Bloqueios de Ramo Direito e Esquerdo, 97


Kátia Regina da Silva • Edson Américo Sant´Ana • Beatriz Murata Murakami

10 Sobrecarga Atrial e Ventricular, 107


Amanda Silva de Macêdo Bezerra • Evelise Helena Fadini Reis Brunori
• Eduarda Ribeiro dos Santos
11 Alterações Eletrocardiográficas nos Distúrbios Eletrolíticos, 125
Ana Paula Dias de Oliveira • Meire Bruna Ramos

12 Análise do Eletrocardiograma nos Pacientes Portadores de Marca-Passo, 151


Marianna Sobral Lacerda • Kátia Regina da Silva • Marcia Mitie Nagumo
xxii Eletrocardiograma para Enfermeiros

13 Análise Eletrocardiográfica dos Batimentos Prematuros – Extrassístoles, 167


Edna Duarte Ferreira • Francine Jomara Lopes • Patrícia Claus Rodrigues

14 Ritmos Cardíacos da Parada Cardiorrespiratória – Taquicardia Ventricular


sem Pulso (TVSP), Fibrilação Ventricular (FV), Atividade Elétrica sem Pulso
e Assistolia, 175
Ana Paula Quilici • Luiz Fernando dos Santos Messias

15 Outras Alterações Eletrocardiográficas – Pericardite, Tromboembolismo


Pulmonar, Intoxicação Digitálica, Cor Pulmonale, 187
Elaine Peixoto • Luciana Soares Costa Santos

Índice Remissivo, 199


1
Anatomia e Fisiologia
do Sistema de Condução
Veruska Hernandes Campos Maria
Rafaela Batista dos Santos Pedrosa
Francine Banni Félix

O coração consiste em uma bomba muscular formada por quatro câmaras dis-
tintas: átrios – direito (AD) e esquerdo (AE) e ventrículos – direito (VD) e esquerdo
(VE), ambos separados por duas outras estruturas denominadas septo interatrial
e interventricular. Esta função de bomba propulsora depende da existência de um
impulso capaz de estimular as fibras musculares ou miócitos de todo coração que,
por sua vez, respondem com a contratilidade cardíaca1,2.
A resposta mecânica, ou seja, a contratilidade cardíaca, é dependente da ativi-
dade elétrica. Isso significa que as células cardíacas não se contrairão se não forem
estimuladas por um impulso elétrico iniciado e coordenado por um sistema especia-
lizado do próprio coração responsável pelo rítmo cardíaco. Este sistema é composto
pelo nó sinusal (NS) ou sinoatrial, nó atrioventricular (nó AV), feixe de His e seus
ramos direito e esquerdo e as fibras de Purkinje (Figura 1.1).

Nó sinusal Feixe de Bachmann


Vias internodais

Nó AV
Feixe de His
Ramo esquerdo
Divisão posterior

Divisão anterior

Ramo direito Fibras de Purkinje

Figura 1.1. Sistema de condução cardíaco.


2 Eletrocardiograma para Enfermeiros

Anatomia do sistema de condução cardíaco


As trabéculas cáneas são feixes irregulares do músculo cardíaco localizados na
superfície interna dos ventrículos e possuem um papel importante na formação das
vias de condução elétrica nestas câmaras. Durante sua formação, ocorre a prolifera-
ção e diferenciação dos cardiomiócitos ventriculares, originando as diferentes célu-
las que compõem o sistema de condução.
As distintas estruturas do sistema de condução do coração são essencialmente
provenientes das células miocárdicas3 e são inervados por gânglios cardíacos em
grande parte derivados da crista neural. Embora os tecidos nervoso e fibroso sejam
importantes para na formação e função deste sistema, o cardiomiócito é essencial
para a geração do impulso e propagação rápida e organizada entre as fibras muscu-
lares. A medida em que acontece o desenvolvimento cardíaco no início da vida hu-
mana, há também a proliferação e maturação lenta destas estruturas que compõem
o sistema de condução.
Os miócitos do sistema de condução são células miocárdicas especializadas,
ou seja, possuem algumas propriedades que os distinguem do miocárdio com fun-
ção contrátil, tais como sarcômeros e retículo sarcoplasmático pouco desenvolvi-
do, esparsas mitocôndrias, entre outras características. Estas células especializadas
também não são idênticas, possuindo distintas diferenças em termos de fenótipo
molecular, morfologia e função.
O NS, formado por miócitos especializados na função de marcapasso, está lo-
calizado na junção da veia cava superior e parede lateral superior do átrio direito,
imediatamente abaixo do epicárdio2,4. É irrigado pela artéria do NS, que se origina
na porção inicial da coronária direita em 55% dos casos e da artéria circunflexa no
restante dos casos.
O NS está intimamente ligado e permeado por suprimento extenso de nervos
autonômicos, apresentando em seu interior fibras varicosas não mielinizadas de
natureza parassimpática e simpática, sendo que o primeiro tipo é o predominante
local, o impulso elétrico é gerado e conduzido por todo tecido do músculo atrial,
iniciando no AD e em seguida pelo AE por meio de tratos internodais culminando
na contração destas câmaras.
A musculatura atrial não possui tratos constituídos de células morfologicamente
especializadas, mas isso não exclui a possibilidade da presença de vias preferenciais
de condução para a transmissão do impulso sinusal, denominadas feixes interno-
dais. Esses feixes possuem velocidade de condução superior à da musculatura atrial
comum e circundam os orifícios das grandes veias e fossa oval5. A condução intera-
trial é facilitada através do feixe de Bachmann localizado no septo interatrial.
A área juncional atrioventricular é constituída pela zona de células transicionais,
pela porção compacta do nó AV, pela porção penetrante do feixe de His e seus ramos2,5,6,7.
Anatomia e Fisiologia do Sistema de Condução 3

O nó AV é uma estrutura superficial, rica em gânglios autonômicos, localizada


abaixo do endocárdio atrial direito, anterior ao óstio do seio coronário e acima do
folheto septal da valva tricúspide, numa região denominada triângulo de Koch7,8.
Constitui a única conexão elétrica entre o miocárdio atrial e ventricular3. Neste local,
o impulso elétrico sofre um atraso para que os átrios e ventrículos contraíam sincro-
nicamente e em seguida passa para o feixe de His.
O tronco do feixe de His é formado logo após a porção compacta do nó AV, sem
nenhum limite histológico definido, e sua função consiste em conduzir o impulso
elétrico aos ventrículos por meio de seus ramos direito e esquerdo. Ele penetra na
musculatura ventricular logo abaixo do tendão de Todaro com o corpo fibroso cen-
tral. Esta porção penetrante emerge em primeiro lugar no trato de saída do VE e de
maneira subendocárdica deriva o Ramo Esquerdo5. Este, por sua vez, ramifica-se
imediatamente em três fascículos distintos de grande variação anatômica e formado
por um leque de fibras agrupadas: anterossuperior (corre ao longo da parede anterior
do VE), anteromedial (percorre o septo interventricular) e posteroinferior (caminha
em direção à parede posterior do VE)6-7.
Já o ramo direito segue sem se bifurcar até o ápice do ventrículo direito, no lado
direito do septo interventricular, e após divide-se em três fascículos: superior, médio
e inferior5, como mostra a Figura 1.2. Passa a ser uma estrutura subendocárdica na
metade ou no terço inferior do septo interventricular5. Os miócitos do feixe de His e
de seus ramos são mais primitivos do que os miócitos contráteis. Em contraste com
o nó AV, eles conduzem o impulso elétrico muito rapidamente e seus miócitos são
bem acoplados com junções comunicantes3. O tronco do feixe de His, após passar
pelo ânulo fibroso, é envolvido por uma bainha de tecido conjuntivo que recobre
inclusive os ramos direito e esquerdo, o que promove isolamento destes em relação
à musculatura ventricular5.
A irrigação dos tecidos de condução atrioventricular tem duas origens. A pri-
meira deriva da artéria coronária direita, assumindo um curso direto em direção ao
nó AV. Após prover de irrigação o nó AV, esta artéria penetra no ânulo fibroso e se
ramifica, emitindo ramos que atingem a porção posterior do ramo esquerdo do feixe
de His. A segunda se origina dos ramos perfurantes septais da artéria descendente
anterior. Esta artéria irriga o feixe de His e os segmentos proximais dos ramos direito
e esquerdo5.
Os fascículos dos ramos direito e esquerdo se continuam pelas fibras de Purkinje,
uma rede subendocárdica6. Estas são responsáveis pela condução rápida do estímulo
elétrico a todas as células do miocárdio ventricular, ativando os ventrículos, a partir
do ápice para a base, no sentido do endocárdio para o epicárdio2,7. Nos corações
maduros, os ramos direito e esquerdo e as fibras de Purkinje são apenas algumas
células espessas e estão localizadas diretamente abaixo do endocárdio3.
4 Eletrocardiograma para Enfermeiros

Nó Ramo esquerdo
atrioventricular Fascículo póstero-interior
Ramo direito

Fascículo
anterossuperior

Fascículo
Divisão superior anteromedial

Divisão média Divisão inferior

Figura 1.2. Sistema de condução atrioventricular: divisão do feixe de His e seus


fascículos.
Fonte: Acervo da autoria do capítulo.

Eletrofisiologia celular cardíaca


O sarcolema é a membrana do miócito que confere uma barreira limitante à
movimentação de íons e água – uma propriedade responsável, não somente pelo
transporte ativo e passivo, mas também a criação de um potencial elétrico através da
membrana celular. Os íons são átomos carregados positiva ou negativamente, como
Na+, K+, Ca2+ ou Cl– e outras moléculas. A movimentação desses íons através da
membrana, utilizando os canais iônicos específicos, constitui um fluxo de corrente
que gera sinais elétricos2,4.
Entre as fibras musculares cardíacas existem membranas celulares diferenciadas
que separam dois grupos de células organizadas em série entre si, chamadas discos
intercalares, cuja função é diminuir a resistência elétrica membrana a membrana,
permitindo a propagação facilitada do estímulo elétrico e a contração conjunta de
todas as células4.
A distribuição de íons através da membrana celular permite que o interior da
célula seja mais eletronegativo em relação ao seu exterior, gerando um potencial
transmembrana de repouso em torno de -50 mV a -95 mV, dependendo do tipo
celular4. Essa polaridade é mantida pela presença de proteínas no interior da célula e
por bombas presentes na membrana celular que asseguram a distribuição apropria-
da de íons e, principalmente, devido à movimentação do íon K+ 2,7 (Figura 1.3).
Anatomia e Fisiologia do Sistema de Condução 5

Na+ = 140 mEq/L Ca2+ = 10 mEq/L


+ + + + + + +
- - - - - - -
Na+ = 10 mEq/L K+ = 150 mEq/L
A Intracelular

-90 mV - - - - - - -
+ + + + + + +
B
Extracelular
K+ = 5 mEq/L
Figura 1.3. Distribuição iônica do meio intra- e extracelular e o potencial trans-
membrana de repouso.

Durante a diástole, a membrana é bastante permeável ao K+ e relativamente


impermeável ao Na+. Com a bomba Na+/K+, cujo funcionamento requer gasto de
energia através da ativação da enzima Na+/K+ ATPase, a concentração intracelular de
K+ permanece alta enquanto a concentração intracelular de Na+ é baixa2,7. Para cada
molécula de ATP hidrolisada, a célula elimina três íons Na+ e retorna dois íons K+3.
Quando uma célula cardíaca é ativada por um estímulo elétrico, ocorre uma
série de alterações eletrofisiológicas na membrana celular, promovendo a abertura e/
ou fechamento dos canais iônicos, alterando a permeabilidade da membrana a dife-
rentes íons. Esse conjunto de fenômenos elétricos que ocorrem na ativação da célula
cardíaca se denomina Potencial de Ação, cuja representação gráfica é subdividida em
cinco fases: 0-1-2-3-42,7,9 (Figura 1.4).

Rápido Lento
1 K+
+30 mV
1 2
2 K+
0 mV
Ca2+ K+
Na+
3 I Ca2+
K+
Na+ I Ca2+

-60 mV If
K—
K+
-90 mV 4
0 Na+

Figura 1.4. Potencial de ação da célula atrial e ventricular e potencial de ação


da célula sinusal e do atrioventricular.
6 Eletrocardiograma para Enfermeiros

Fase 0 ou despolarização rápida: corresponde à fase de ascensão rápida, levan-


do o potencial intracelular de um valor negativo (-80 a -90mV) a um valor positivo
(+30 a + 40 mV). Isso ocorre devido à abertura dos canais rápidos de Na+, permitin-
do um influxo da concentração desse íon no meio intracelular2,7.
A despolarização acontece quando um impulso elétrico chega a um miócito fa-
zendo aparecer um potencial de ação. Caso o estímulo não atinja o potencial limiar
(nível em mV para que o potencial de ação seja deflagrado, com valores entre -60 mV
e -50 mV), nenhum potencial de ação será gerado e a célula não será ativada2.
Fase 1 ou repolarização rápida precoce: ocorre uma queda inicial da curva,
aproximando o potencial a valores próximos a 0 mV devido ao fechamento dos ca-
nais rápidos de Na+, impedindo o seu influxo, e a ativação dos canais de K+, o que
contribui para a redução da voltagem de +30 mV para 0 mV2,4.
Fase 2 ou platô: a curva permanece estabilizada próximo ao 0mV, gerando um
platô, que é decorrente da competição do influxo de Ca2+, através da abertura dos
canais lentos de cálcio, com a reduzida saída de K+ e Cl–, retardando a repolarização
da membrana2,5.
Entre as fases 0-1-2 a célula se encontra inexcitável. Os canais de Na+ estão fe-
chados e inativáveis, portanto nenhum estímulo é capaz de desencadear o potencial
de ação. Esse intervalo de tempo é denominado Período Refratário Absoluto3,5.
Fase 3 ou repolarização rápida tardia: a curva apresenta uma queda com rá-
pida velocidade, retornando o potencial transmembrana para -90 mV. Deve-se ao
aumento da permeabilidade da membrana ao íon K+. Observa-se, nesse momento,
inversão do padrão iônico, ou seja, com predomínio de Na+ no meio intracelular e
de K+ no extracelular3,4.
Durante esta fase, após atingir valores próximos a -60 mV, o miócito pode res-
ponder de modo inadequado ao estímulo externo de forte intensidade e desenca-
dear um novo potencial de ação. Esse intervalo de tempo é denominado Perío­do
Refratário Relativo4.
Fase 4 ou repouso ou polarização: a curva durante esta fase permanece estabili-
zada em -90 mV. A restauração iônica é garantida nessa fase devido à ação da bomba
de Na+/K+ ATPase. Ao final dessa etapa a célula se encontra polarizada, normalizada
elétrica e quimicamente, pronta para responder a um novo estímulo3,4.
Todas as ondas que se visualiza no ECG são manifestações destes dois processos:
despolarização e repolarização.

Fisiologia do sistema de condução cardíaco


O coração no embrião é uma estrutura tubular simples que consiste em célu-
las miocárdicas embrionárias com um revestimento endocárdico. Todos os mióci-
tos possuem atividade de marca-passo, mas as células na parte mais proximal têm
Anatomia e Fisiologia do Sistema de Condução 7

a mais elevada frequência intrínseca e, por isso, funcionam como o marca-passo


dominante, que determina a frequência cardíaca. Esta atividade elétrica localizada
surge mesmo antes dos miócitos embrionários serem capazes de contrairem-se e é,
portanto, a primeira função cardíaca a surgir3.
A propriedade eletrofisiológica das células do NS permite que se despolarizem
sem a necessidade de estímulo externo, ou seja, possuem a propriedade da autodes-
polarização, no qual se acredita que a corrente de marca-passo If tenha papel pre-
ponderante. Suas células possuem um potencial de ação diferente das demais células
atriais adjacentes pelo fato de apresentarem uma lenta ascensão da fase 0 e serem
dependentes dos canais lentos de Ca+ 4. A fase 4 também é diferente nessas células,
apresentando um fenômeno denominado despolarização diastólica, que ocorre de-
vido à diminuição da permeabilidade da membrana ao K+, resultando no acúmulo
progressivo desse íon no interior da célula, tornando-a gradualmente menos negati-
va4. Esse fenômeno determina o automatismo celular, que garante a elevação gradual
e espontânea do potencial de repouso que, ao atingir o potencial limiar, deflagra o
potencial de ação (Figura 1.3).
Normalmente, as células do NS possuem uma altíssima atividade de marca-
-passo, o que possibilita controlar o ritmo do impulso elétrico cardíaco, o qual
normalmente se repete em intervalos regulares. Na ausência de qualquer influência
autonômica, a frequência cardíaca (FC) varia em torno de 100 a 120 batimentos por
minuto (bpm). Portanto, no coração intacto, a FC reflete, em qualquer momento, o
balanço das ações parassimpática e simpática. Receptores muscarínicos colinérgicos
e beta-1 adrenérgicos estão distribuídos de forma não uniforme pelo nó sinusal, e
modulam tanto a despolarização como a propagação do impulso. A inervação paras-
simpática desacelera a atividade sinusal e é dominante no repouso. Por outro lado, a
estimulação simpática, assim como a liberação de adrenalina pela adrenal, aumenta
o automatismo sinusal da mesma forma como ocorre durante a prática do exercício
físico ou em quadro de estresse. Sabe-se que os receptores beta-adrenérgicos afetam
o automatismo aumentando a corrente de entrada de cálcio e, com isso, a frequência
da fase 4 da despolarização diastólica. Reconhece-se que a FC normal em repouso
pode variar de 60 a 100 bpm, tendo ambas as influências ativas, com predomínio do
parassimpático5.
Uma grande quantidade de reflexos impõem influências na variação da FC, re-
sultando em um sistema complexo, que regula a FC batimento a batimento. Estes
reflexos derivam da ação de baroreceptores, quimioreceptores, receptores atriais,
receptores pulmonares, coronarianos e musculares5.
A fisiologia do nó AV possui propriedades eletrofisiológicas distintas de acordo
com suas diversas regiões, denominadas região atrionodal (AN), região nodal (N)
e região nodal-His (NH). As respostas do tipo AN produzem potenciais de ação
rápidos, de duração curta e foram encontrados na zona de transição. As respostas
8 Eletrocardiograma para Enfermeiros

do tipo N aparecem na região do nó AV compacto e apresentam potenciais de ação


com fase 0 de menor velocidade e de longa duração. O padrão NH, encontrado na
zona de transição entre o nó AV compacto e o feixe de His, exibe potencial de ação
de inscrição rápida e repolarização longa, semelhante aos potenciais encontrados no
tronco do feixe de His. Histologicamente e eletrofisiologicamente, as transições são
graduais, não havendo limites precisos entre elas5.
A região juncional apresenta grande complexidade anatômica, oferecendo um
retardo da transmissão do impulso aos ventrículos. Esse atraso permite que os ven-
trículos permaneçam em diástole durante a contração atrial. Além disso, favorece um
adequado enchimento ventricular final, aumentando a eficiência do bombea­mento
de sangue. As células do nó AV são ativadas logo após as células atriais comuns, e o
atraso que produzem é independente da prematuridade do estímulo. Além da con-
dução lenta, apresenta também condução decremental a qual protege os ventrículos
de frequências muito elevadas. Estas características são produzidas pelas transições
na composição celular e na arquitetura do nó AV ao longo do seu trajeto em direção
ao feixe de His5.
A natureza anatômica do nó AV provê o substrato da existência de duas ou mais
vias nodais que possuem comportamento eletrofisiológico distinto. Durante o ritmo
sinusal, a frente de ativação predominante do nó AV é a anterior (denominada via rá-
pida), transmitindo o estímulo elétrico de forma relativamente rápida ao feixe de His5.
Na região do feixe de His, a composição celular, assim como o arranjo longitu-
dinal das fibras de Purkinje promove grande aumento na velocidade de condução do
impulso, resultando a ativação maciça e sincrônica dos ventrículos5.

Resumo
O sistema de condução elétrico do coração é responsável por uma contração
sincronizada adequada dos átrios e ventrículos. O impulso elétrico é gerado no NS,
o marca-passo do coração. A condução atrial é facilitada por feixes internodais e
a condução interatrial pelo feixe de Bachmann. Nenhuma condução elétrica passa
pelo sulco coronário porque normalmente nenhum sistema especializado de condu-
ção está presente, sendo assim, toda a condução atrial é filtrada através do nó AV. O
nó AV se encontra abaixo do endocárdio atrial, superior e anterior ao óstio do seio
coronário. Esta estrutura provoca um atraso na condução do estímulo dos átrios
aos ventrículos garantindo o enchimento ventricular completo. A porção distal do
nó AV é conectada ao feixe de His. Do feixe de His emergem os ramos direito e
esquerdo que percorrem pelo septo em direção ao ventrículo direito e esquerdo,
respectivamente, e se ramificam nas fibras de Purkinje que atingem o endocárdio
ventricular. As fibras de Purkinje são responsáveis por entregar o estímulo elétrico
ao miocárdio ventricular para que a contração ventricular seja iniciada.
Anatomia e Fisiologia do Sistema de Condução 9

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