LOGAN - Série Os Babacas Livro 1 - Natália Bisognin
LOGAN - Série Os Babacas Livro 1 - Natália Bisognin
LOGAN - Série Os Babacas Livro 1 - Natália Bisognin
SINOPSE
DEDICATÓRIA
NOTA DA AUTORA
SUMÁRIO
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
EPÍLOGO
PRÓLOGO
Estou num carro Ghost
Como se estivesse pilotando um barco
Eu tenho uma reputação, garota
Que não me procede
End Game / Taylor Swift FT. Ed Sheeran, e The
Future
O som do carro a mais de 100 por hora, me atordoa, o vento em meu cabelo deixa ele
todo bagunçado.
A adrenalina que sinto ao correr é uma das poucas coisas que ainda me faz sentir vivo.
Sempre gostei de tudo o que envolvia o perigo, minha mãe sempre dizia que de alguma forma
isso é algo de quem é suicida mesmo inconscientemente. Talvez seja verdade ou não.
Nunca pensei como seria me matar, ou coisas do tipo. Bom, até agora pelo menos.
Em algum lugar do carro meu celular toca, mas eu não posso atender agora, ou
aconteceria algo trágico. Minha mãe não faz ideia das merdas que eu faço, ela acha que a essa
hora estou na oficina ainda. Se ela soubesse…
Sorrio, vendo a bandeira final logo a minha frente, mais um pouquinho apenas, e eu serei
a porra do campeão da noite. Preciso desse dinheiro.
Pelo retrovisor consigo ver meu amigo se aproximando — ou tentando — rio, e aumento
ainda mais a velocidade, deixando ele ainda mais distante, a mulher abaixa a bandeirinha assim
que passo por ela, e mais uma vez sou o ganhador da noite. Sorrio ainda mais, faço a curva, e
freio bruscamente, puxando o freio de mão junto. Fazendo a minha parada triunfal, mais um drift
para comemorar.
Meu amigo para o carro logo em seguida, já sei que ele vai reclamar mais uma vez, assim
como sempre faz.
Desço do carro rindo, e ele faz o mesmo parecendo muito puto.
— Porra, cara! Assim não dá. Quando vai me deixar ganhar essa merda? — ele diz
batendo a porta do carro.
— Nunca! — pego um cigarro do maço, e acendo em seguida, enchendo os meus
pulmões com a nicotina — para de ser um bebê chorão. Você sabe que eu sou o melhor daqui.
— Se eles estivessem aqui, não estaria se achando tanto.
Odeio quando ele menciona eles.
— Seria o vencedor igual — digo soltando a fumaça para cima.
Uma loira se aproxima de nós, e eu já sei que me dei bem essa noite.
— Teu celular tá tocando mané — Andrew diz, e me dá um tapa na cabeça — atende
essa merda, e a loira gostosa ali — ele aponta com a cabeça para a garota — é minha.
Balanço a cabeça negativamente.
— Faça bom aproveito da noite — rio, ele se aproxima da garota, ela sorri quando
Andrew diz algo em seu ouvido, e sai junto dele.
Me viro entrando no carro novamente, e começo a procurar meu celular que está em
algum lugar tocando.
— Que porra, cadê essa merda? — praguejo, e o encontro debaixo do banco.
O nome da minha mãe brilha na tela, eu atendo imediatamente.
Se eu soubesse como a minha vida mudaria a partir dali…
— Filho, onde você está?
— Na oficina ainda, mãe — minto — aconteceu alguma coisa?
Ela fica muda por alguns segundos, e funga em seguida, denunciando que estava
chorando.
— Seu pai, querido. Ele… — ela volta a chorar, sem conseguir falar.
— O que aconteceu com ele, mãe?
Sinto meu coração esmurrando a porra do meu peito.
— O seu pai… ele morreu.
Ouço um zumbido horrível, e tento focar a visão sentindo as primeiras lágrimas descendo
pelo meu rosto.
Faz muito tempo que não sei o que é chorar, a última vez que fiz isso foi no velório de
um dos meus amigos que morreu por ter batido o carro. Eu prefiro não sentir nada, do que sentir
tudo.
— Logan? Você tá aí?
Pisco algumas vezes tentando voltar a focar a visão, o zumbido some, e tudo volta a
clarear.
— Sim, mãe. Onde você está? — meu coração martela no peito. Preciso tentar manter a
calma.
— No necrotério. Eles…
— Já estou indo para aí. Não demoro a chegar — não deixo ela terminar de falar.
Existem situações na vida que você jamais pensou que aconteceria, enterrar alguém
querido é uma delas.
Meu pai apesar de todos os defeitos que tinha, era uma boa pessoa, o que destruiu ele foi
às drogas, no entanto, nunca foi alguém agressivo. Toda a grana que eu conseguia nas corridas
guardava para pagar os agiotas que ele ficava devendo. Aliás, sei bem que foram eles que
mataram o meu pai. Um deles ainda está aqui pagando de bom samaritano.
Minha mãe não faz ideia do valor absurdo que ele devia para eles, apenas nós dois, e eu
prometi que faria de tudo para ajudá-lo a pagar. Infelizmente ele pagou com a vida.
— Filho, você por favor, pode ir ver a sua irmã? — minha mãe indaga, parecendo ainda
mais triste.
Anuo, e deixo um beijo em sua testa, ela sorri, e se aproxima da minha vó.
Caminho devagar até o lado de fora, cuidando para não esbarrar nas pessoas em meu
caminho.
Emily está encostada em uma pilastra no lado de fora com os olhos apáticos
encarando o céu, a passos cautelosos me aproximo dela.
— Será que vão fazer de tudo mesmo para prender quem o matou? — ela pergunta
assim que me vê. Suspiro, e olho para o lado de dentro, sabendo exatamente o que aconteceu. O
homem abre um sorriso asqueroso em seu rosto assim que me nota olhando para ele.
A polícia nos prometeu que faria de tudo para prender quem matou nosso pai. Mas
sabemos que por ele não ser rico, a resposta já está na cara.
— Não, você sabe o que eles pensam sobre pessoas como nós.
— Mamãe não fazia ideia da merda onde ele estava metido. Fico me perguntando até
quando você vai esconder isso dela.
Até onde eu puder.
— Eu vou dar um jeito de pagar esses vermes. Não quero eles incomodando a nossa
mãe.
Ela anui.
— Eu sinto muito por você ter ficado com esse fardo enorme nas suas costas. Eu juro
que queria muito te ajudar.
Sorrio, e a abraço.
— Eu sempre dei um jeito, não vai ser agora que isso vai mudar. Você sabe disso. Vou
proteger vocês a todo custo.
Ela sorri, e ouço-a chorando.
— Eu sei. Papai tem orgulho de você. Assim como nós.
Eu sei disso, irmã. Eu sei.
— Sinto muito pelo que aconteceu com o pai de vocês. Ele era uma boa pessoa — uma
voz grossa diz logo atrás de nós.
Me viro devagar dando de cara com o filho da puta.
— Você tem um sangue muito frio. Acha que eu não sei que matou ele? — digo
entredentes.
Ele nega com a cabeça.
— Eu não fiz nada. Não era eu quem estava devendo, e jamais teria coragem de matar um
homem tão bom quanto ele. Assim me ofende, Logan.
Emily aperta o meu abraço, se escondendo logo atrás de mim. Seus olhos escuros vão
parar nela.
Vou para cima dele, mas quando ouço-o falando, paraliso.
— Se eu fosse fazer algo com ele, com certeza pegaria algo muito melhor do que a vida
miserável dele — sorri — se eu fosse você, investigaria um tal de Oliver Wood — ele tenta
encostar a mão no rosto de Emily, porém eu o seguro.
— Pode ter certeza que eu irei fazer isso, mas antes — dou um soco nele — nunca mais,
na porra da sua vida, tente sequer pensar na minha irmã. Eu te caço na droga do inferno, seu filho
da puta.
— Logan! — ouço Andrew logo atrás de mim, ele me segura pelo ombro, e me leva para
longe dali — que porra você tem na cabeça, cara? Ele pode te apagar em segundos.
— Quem disse que eu me importo, porra? Por mim, ele estaria no inferno agora.
— Você não tem provas de que foi ele quem matou o seu pai.
Fecho os olhos sentindo uma dor de cabeça enorme.
— Já sei atrás de quem eu devo ir.
CAPÍTULO 1
Um pouco mais velho
Uma jaqueta de couro preta
Uma reputação ruim
Hábitos insaciáveis
Ele estava afim de mim, um olhar e eu não consegui
respirar
My Oh My / Camila Cabello
Oliver Wood, dono da empresa onde meu pai trabalhava, e seu ex-patrão.
Esse nome não sai da minha cabeça há mais de seis meses.
Descobri tudo o que podia sobre ele, e sua família. Esse homem foi o motivo de tudo de
ruim que aconteceu comigo nesses últimos meses, e ele vai pagar caro por isso.
Meu pai foi posto para rua um tempo antes de sua morte, com um pé na frente e o outro
atrás. Até hoje não conseguimos descobrir o que aconteceu com o valor que ele tinha para
receber, até porque antes mesmo da sua morte ele não tinha recebido um centavo sequer que
fosse.
Mas tem uma coisa que não sai da minha mente: por que um cara com tanto poder
aquisitivo iria querer matar um homem como o meu pai?
Isso é algo que na minha cabeça, não faz sentido algum.
A não ser que meu pai tivesse descoberto algo sobre ele…
— Hoje eu queria uma carona — Emily diz de boca cheia, me tirando dos meus
devaneios.
— Você sabe que o caminho da faculdade não é o mesmo da sua escola. Porquê não vai
de ônibus hoje?
Ela engole o pão e responde em seguida:
— Por que eu iria de ônibus se eu tenho um irmão bonzinho que pode me levar para a
escola?
Semicerro os olhos.
— Sua amiga não vai hoje de ônibus, né? Você pode até tentar me enganar, mas nunca
vai conseguir.
Ela suspira e confirma com a cabeça.
— Sim, a mãe dela quer levar ela hoje na escola, e você sabe como eu odeio ir sozinha
naquele ônibus.
Suspiro e confirmo com a cabeça.
— Ok, eu te levo. Toma seu café logo que em dez minutos, eu estou saindo, e se não
estiver pronta, eu vou sozinho.
— Tudo bem, capitão — faz sinal de continência.
Rio.
O caminho de casa até a escola de Emi foi calmo, minha irmã nunca me deu trabalho,
muito pelo contrário, e eu não iria negar dar uma carona a ela, por mais que fosse um caminho
totalmente diferente da faculdade e eu fosse me atrasar. Ela e a minha mãe foram tudo o que me
sobraram nessa vida.
Assim que vejo a fachada da faculdade, estaciono onde sempre costumo deixar meu
carro, e pego os materiais, descendo logo em seguida. Descobri que a filha de Oliver iria estudar
aqui, justamente no mesmo local que eu. Sendo obra do destino ou não, é a melhor forma que eu
tenho de me aproximar dele, virando amigo da garota.
O problema é que ela parece ser bem reservada, visto que não tem fotos dela em lugar
algum. Porém, como eu preciso conhecê-la, acabei fazendo algumas coisas — não tão certas —
para descobrir sua grade curricular, com isso me inscrevi em uma de suas aulas. Em uma turma
com vinte alunos, acho difícil a gente não fazer um trabalho que seja juntos, certo?
Entro correndo para dentro da faculdade, e graças ao fato dos professores não terem tanta
autonomia assim na gente, o professor é obrigado a me deixar entrar. Ele deve odiar isso, tanto
quanto eu odeio estar atrasado.
Acho um lugar atrás de uma morena e me sento. O professor começa a explicar a matéria
e a garota não para de me olhar.
Ela é linda pra caralho. Com os olhos mais azuis que eu já vi, o cabelo preto escorrido, as
feições meigas em seu rosto. Parece uma boneca. Iria adorar ter a boquinha dela no meu pau no
primeiro dia de aula, é uma forma boa de começar o ano, mas ela parece ser inocente demais pela
forma curiosa como me olha. Não sei se talvez seja pela jaqueta de couro que eu uso, ou pelo
meu cabelo que eu mal penteei hoje. Talvez seja as duas coisas? Eu não faço ideia.
Me aproximo de sua orelha, e digo:
— É melhor olhar para frente, novata. Antes que o professor te expulse da sala.
A garota parece se arrepiar.
Com um pigarro, ela para a frente em seguida. Porém, me surpreendo quando sua
boquinha esperta diz:
— É melhor você prestar atenção. Porque além de mim, ele pode te expulsar também.
Rio.
Vou amar mesmo ter essa boquinha esperta em volta do meu pau no final do dia.
Isso vai ser interessante.
As aulas transcorreram normalmente. Não vi mais a morena da primeira aula, e nem seu
nome consegui descobrir, visto que o professor não fez com que se apresentassem. Todo ano
aquele maldito faz isso, logo hoje que eu queria saber quem era a garota ele não fez, ou talvez
tenha feito, e eu não estava presente. O lado ruim é o fato de termos apenas uma matéria em
comum.
Aqueles olhos azuis igual o oceano, não saem da minha cabeça. A forma curiosa que a
garota me olhava, como se quisesse ver o fundo da minha alma, me deixou um tanto quanto
fascinado por ela, e sempre que isso acontece, não é nada bom.
Como se fosse obra do destino, alguém bate em meu peito, e vai parar diretamente no
chão, sinto um líquido quente, e pegajoso em minha roupa, queimando a minha pele. Porra! Por
sorte sempre trago camisetas extras junto comigo, exatamente por isso, e também por causa das
corridas.
— Porra! — Sibilo, desgrudando a camiseta branca que grudou em minha pele. Olho para
a pessoa estatelada no chão, vendo quem foi a pessoa que atropelei — ou ela me atropelou —
sem querer, e foi justamente ela.
Obrigada universo por colocar a garota que não sai dos meus pensamentos bem na
minha frente.
Ela me olha com aqueles grandes olhos azuis, e se levanta rapidamente parecendo
desesperada quando vê o seu café todo em cima de mim.
— Meu Deus! Me desculpa, me desculpa. Eu não vi você vindo. Eu te machuquei?
Machuquei, né? Eu…
— Calma — digo a tranquilizando — tudo bem, essas coisas acontecem. Só tenta não
derrubar café quente em mais ninguém — rio.
Ela suspira.
— Eu sou um desastre ambulante. Deveria ter mais cuidado.
Sorrio
— Está tudo bem, ok?
Ela anui e começa a pegar suas coisas que haviam caído no chão.
Ajudo a garota pegando a sua mochila e a entregando. Um pequeno aparelho igual um
tablet chama minha atenção e eu junto ele também.
Minha curiosidade me vence e eu acabo lendo uma parte específica — onde ela parecia
estar lendo, visto que está marcado.
— Ele chupava minha boceta enquanto metia seus dedos dentro de mim, forte e bruto —
ergo a sobrancelha.
Caralho! Isso aqui é muito melhor que filme pornô — não que eu veja muito. Quem estou
tentando enganar também? Todo mundo merece um pouco de diversão sozinho às vezes.
Ela ergue o olhar e fica vermelha igual um tomate.
— Eu... Eu...
Rio.
— Calma, não precisa ficar vermelha. Não sei porque, mas não me surpreenda que você
goste dessas coisas. — Entrego a ela o aparelho.
Ela pega o aparelho. Em suas íris vejo um ar de diversão despontando.
— Porquê? Eu tenho cara de quem gosta dessas coisas?
Sorrio.
— Garotas certinhas são as mais safadas — ela ri — eu sou o Logan — me apresento.
— Madison. Madison Wood — ela sorri, porém suas bochechas continuam um pouco
vermelhas ainda.
Wood.
Essa pequena palavrinha parece em looping na minha mente.
Ela é a porra da filha do cara que fodeu com tudo.
É ela quem me fará chegar em Oliver Wood. Eu sei o quão errado é usar da sua amizade
para me aproximar de seu pai, mas eu não vejo outra forma de fazer isso. Espero que ela me
desculpe por isso.
— Você é filha do Oliver Wood? Porra, eu sou fã desse cara.
Ela ergue uma sobrancelha.
— Quase ninguém diz isso sobre o meu pai, mas sim — sorri.
— Eu sou apaixonado pelos carros de fórmula 1 que ele fabrica. Por isso.
— Ah, claro! — ela olha para o relógio, e faz uma careta — eu tô extremamente atrasada,
foi um prazer conhecer você, Logan — e assim ela sai correndo, quase atropelando um garoto no
caminho.
— Cuidado por onde anda, maluca — ele diz, me arrancando uma risada.
Ela entrou sem saber onde foi que se enfiou quando colocou os pés nessa universidade.
É, o destino consegue ser imprevisível às vezes.
CAPÍTULO 3
Tudo que eu posso fazer é tentar, me dá um chance
Qual é o problema? Não vejo nenhum anel em sua mão
Eu sou o primeiro a admitir, estou curioso sobre você
Que parece tão inocente…
Promiscuous / Nelly Furtado FT Timbaland
— Isso aqui tá cheio pra caralho — meu amigo profere, observando o movimento ao meu
lado.
Trago a fumaça do cigarro para os meus pulmões, sentindo a nicotina acalmando aos
poucos meus nervos. Não sei o motivo, mas hoje me sinto mais nervoso do que nas últimas
vezes. Como se algo que eu não faço ideia do que seja, fosse acontecer.
— Normalmente é cheio assim — me desencosto do carro.
— Não tanto quanto hoje. Tá muito mais cheio mesmo.
Andrew é um pouco paranoico.
— Para de paranoia — bato em sua cabeça — é bom que esteja cheio! Mais apostas, mais
dinheiro.
— Você tem razão, assim mais gente vê você perdendo para mim.
Rio.
— Sonha. Isso não vai acontecer.
— Veremos.
Balanço a cabeça negativamente, e trago novamente o cigarro para os meus lábios.
— Você não sente falta deles? — Ele indaga, me olhando.
— Todos os dias. Mas eles escolheram isso, não nós.
Uma morena com um livro em mãos chama a minha atenção, levando minha mente
novamente a Madison. Não é possível que eu não vá parar de pensar nessa garota. Ela parece a
porra de uma feiticeira. Cogitei até em ler aquele “Devils Night” só para parecer um pouco mais
interessante nas nossas conversas. Porém não sei se seria uma boa ideia, eu não sou muito fã de
ler.
A garota ergue a cabeça do livro e me vê aqui igual um pateta com o cigarro parado a
caminho dos lábios. Ela abre um sorriso lindo, parecendo contente em ver um rosto mais
conhecido.
Porra, ela está linda pra caralho, de tirar o fôlego mesmo com uma camiseta largo e o
cabelo preso. Com toda certeza que ela é a garota mais bonita daqui. Madison poderia estar
vestindo um saco de lixo, ainda assim sua beleza continuaria sendo descomunal perto das outras.
A morena desvia o olhar para o livro novamente, parecendo se lembrar que estava lendo,
mas de tão nervosa que parece estar, acaba deixando ele cair no chão.
Prendo o riso.
Ela é mais estabanada do que eu pensava.
— Pelo visto achou a presa da noite — Andrew diz, me tirando dos devaneios. Os dois
ainda não se conheceram e eu prefiro que continue assim.
— Avisa pra todo mundo que aquela garota é minha. Não quero ninguém em cima dela.
[1]
CAPÍTULO 4
Por que você está tão obcecado por mim?
Obsessed/ Mariah Carey
— Isso aqui tá muito cheio — digo, enquanto caminhamos no meio da multidão. Como
não quero ficar de vela sozinha, acabei trazendo um livro junto.
Debby revira os olhos pela oitava vez desde que me viu carregando um livro.
— Você veio para se divertir e vai ficar lendo? Sério mesmo, Mad?
— Sim, você sabe que eu odeio socializar.
E é verdade. A única amiga que eu tenho desde que me entendo por gente, é ela,
contando também com o Logan, que não se importou com esse meu vício. Tirando isso, ninguém
mais quis se aproximar da “estranha” e eu também nem tentei. Odeio falar com pessoas.
— Mais um motivo para eu te tirar de casa. Precisa aprender a conviver com as pessoas.
Nem pensar, prefiro ficar trancada no meu quarto, com os meus livrinhos.
— Ok, senta ali que eu vou pegar algo pra gente beber.
— Refri sem açúcar, por favor!
Tenho um vício bem sério em coca-cola sem açúcar. Um livro e coca é como estar no
paraíso.
Sento onde ela indicou e abro meu livro exatamente na página onde parei. Ele finalmente
iria se declarar para ela e eu acabei tendo que dormir cedo ontem, então deixei para terminar de
ler hoje.
Quando estou empolgada com a leitura, acabo me sentindo sendo observada por alguém.
Eu sei que parece loucura da minha cabeça, porém…
Erguendo minha cabeça, me deparo com um par de olhos me encarando tão
profundamente que é como se estivesse vendo a minha alma por dentro. É estranho demais esse
magnetismo que nos cerca, por mais que eu o veja todos os dias na faculdade, sua beleza
continua impactando-me.
Com um boné preto para trás, sua jaqueta de couro, um cigarro em seus lábios e um
sorriso sacana no rosto, esse garoto é a combinação perfeita para incharcar qualquer calcinha,
principalmente a minha que nesse exato momento está pingando.
Puta merda, como esse garoto é lindo. Deveria ser crime alguém ter uma beleza assim.
Os cabelos compridos o deixam ainda mais sexy, com um ar mais selvagem.
Parece que saiu de um dos meus livros de badboy e essa é a pior espécie. Eu sei bem
disso, por isso o certo é manter ele bem longe do meu coração.
Somos apenas amigos.
Apenas amigos.
Nada mais.
Preciso colocar isso na minha cabeça.
Sorrio para ele e aperto um pouco mais o livro em meus dedos, porém quando percebo
que estou olhando demais acabo desviando o olhar primeiro que ele, sentindo minhas bochechas
esquentarem. Minha mão sua tanto, o que faz com que o livro escorregue da minha mão e caia no
chão, sujando todo de barro.
Isso só pode ser algum tipo de carma.
O quão clichê seria se ele se interessasse por mim?
CAPÍTULO 5
Estávamos acelerando juntos
Pelas avenidas escuras
Mary On A Cross / Ghost
Andrew me olha como se um chifre tivesse nascido em minha cabeça quando me ouve
falando.
— Isso é sério? Você bebeu e bateu a cabeça?
Respiro fundo, soltando a fumaça do cigarro pelo nariz.
— Sim, é sério. Avisa todo mundo.
— Quem é ela?
— A presa da noite, como você a chamou.
Sorrio de lado e entro no carro.
Ouço-o responder:
— Ok, você quem manda, chefe. Mas nunca pensei que gostasse de exclusividade.
Nunca gostei mesmo, tirando ela. É a única que eu venho querendo para mim, por mais
errado que eu sei que seja. Ela é completamente proibida, uma zona que eu jamais deveria querer
ultrapassar, porém meu pau consegue pensar mais que o cérebro quando é em relação a essa
garota.
Isso vem me deixando louco nesse meio tempo que venho passando com ela. Eu preciso
me lembrar que é tudo pela porra do plano.
É pelo seu pai.
Pela sua família.
Pelo tanto que sua mãe já chorou.
Pelo dinheiro que nunca entrou e você sabia o quanto sua mãe precisava.
É apenas por isso.
Porra, você precisa parar com isso, Logan. Meu cérebro me lembra isso pela milésima
vez só hoje.
Ninguém é digno de encostar um dedo nessa garota, nem mesmo eu. Porém se alguém
tiver que encostar nela, será eu e ninguém mais. É foda o quão possessivo sou, até mesmo em
relação aos meus amigos.
Mas é assim que eu sou e morrerei dessa forma.
Madison a passos vagarosos vem até onde está Andrew e eu encostado no carro.
— Eu não sabia que você também gostava de corridas — sou o primeiro a falar. Ela sorri
e vejo quando seus dedos ficam brancos, de tanto que ela aperta o livro em sua mão.
— Eu não gosto. Mas a minha amiga me fez vir até aqui. Queria te desejar boa sorte —
ela diz olhando para o carro — percebi que você vai correr. — Suas bochechas ficam vermelhas.
Ela parece estar prestes a desmaiar.
Na primeira vez que nos vimos na faculdade, Madison parecia ser mais corajosa pela
forma como falava comigo. Porém, aqui e agora, na frente do Andrew, parece estar lutando para
conseguir falar sem gaguejar. Isso é… adorável.
— Valeu — sorrio. — Sim, eu sou um dos maiores campeões daqui — digo, me
gabando.
Andrew olha para mim. Parecendo querer mais respostas. Não contei para ele que
consegui me aproximar um pouco mais da garota e ele não faz ideia que a Madison é a filha de
Oliver.
— Ele só é porque eu deixo ganhar.
Bato em sua cabeça.
— Você sabe que não é verdade isso.
Madison ri.
— Bom, só vim te desejar boa sorte, Logan. Estou torcendo por você — ela sorri e se
afasta de nós.
— O que foi isso, hein? — Andrew indaga, parecendo querer respostas — quem é ela? E
porque você não quer ninguém se aproximando? Nunca foi de fazer isso com as garotas que
pegava — ele ergue uma sobrancelha.
— Quem ela é não importa para você. Só faça o que eu mandei.
Ele ergue as mãos para cima em sinal de rendição e logo ouvimos que a corrida iria
iniciar.
Hora do show.
Entro no carro e olho pelo retrovisor, vendo ela me olhando ao lado de uma outra garota
mais alta e loira. Seus olhos não desviavam dos meus e eu sorrio, mesmo sabendo que ela não
pode ver, pois os vidros do carro possuem películas escuras.
Eu consigo ver tudo, mas ela… não tem como saber que estou cuidando de cada passo
que dá. Meu coração troveja em meu peito.
O som dos motores faz-me parar de cuidá-la, fazendo com que eu me concentre no carro.
Ligo os motores também, sentindo-o roncar embaixo de mim.
O cigarro continua queimando em minha mão, tornando o interior com uma neblina fina.
Apago ele no cinzeiro e o jogo em qualquer lugar.
A morena que na última corrida sentou no meu pau, está posta na frente para dar o sinal
da largada. Ela olha para mim e sorri, como se quisesse repetir a dose, porém um par de olhos
azuis não me deixa pensar em mais nada. Ou em querer outra pessoa.
Ouço o som do disparo da arma e piso no acelerador com tudo. Fazendo com que suba
poeira atrás de mim. A adrenalina de estar à mercê da morte com qualquer erro que tenha em
meu percurso, faz com que meu sangue corra mais rápido em minhas veias, e ouço um zumbido
em meus ouvidos. Isso só faz com que eu me concentre ainda mais no caminho à minha frente.
“Promete que vai voltar pra mim?”
O pedido da minha irmã ronda minha mente à cada curva que eu faço. Eu prometi a ela
que estaria em casa de volta, e vou fazer de tudo para cumprir com isso.
Olho pelo retrovisor e vejo os carros logo atrás de mim. Isso faz com que eu troquei a
marcha e pise ainda mais no acelerador, correndo com o carro em alta velocidade.
Eu amo o que faço. Amo estar nessas ruas que conheço como a palma da minha mão,
amo a adrenalina que isso me propõe, amo mexer com carros. Tanto que é por isso que escolhi
fazer engenharia mecânica, mesmo que meus pais não tenham tido tanta condição, fiz de tudo
para conseguir uma bolsa e o restante sai do meu salário.
Eu só tinha um sonho e muita garra, e com isso consegui realizar ele.
Ligo o som do carro, deixando quase no último volume. Faço mais uma curva, ainda
vendo meus amigos logo atrás de mim, e troco a marcha, acelerando junto, fazendo com o que o
carro dê um solavanco chegando a mais de cento e vinte por hora. Eu sei o perigo que corro, e
que qualquer erro pode acabar com a minha vida, é isso que me mantém concentrado nas ruas.
Não posso discumprir com o que a minha irmã me pediu.
Avisto a linha de chegada logo a frente. Meu coração bate tão rápido no peito que é como
se fosse a primeira vez, é sempre assim quando estou correndo. A morena abaixa a bandeira
quando eu passo por ela, me fazendo mais uma vez o vendedor da noite.
Já prevejo Andrew vindo chorar no meu ombro por não ter ganhado novamente.
Nessas ruas existe apenas um vencedor e eu não aceito passar esse posto para ninguém.
Paro o carro fazendo um drift, vendo a poeira subindo e embaçando tudo à minha volta.
Linkin Park toca nos alto falantes, o som cessa quando eu desligo o motor, saltando para fora
logo em seguida.
Meu melhor amigo sai do seu carro parecendo soltar fogo pelas ventas, o que me dá mais
vontade ainda de rir dele.
— Você vai pagar a rodada da noite. Não quero saber — Andrew diz.
Rio.
— Relaxa, cara. A rodada já tá paga. Bora lá que eu já tô pensando na pizza.
— Vamos logo.
Descobri sem querer que meu amigo está pegando a melhor amiga de Madison, não
consigo me lembrar do nome da garota. Mas ela parece ser bem mais social que a morena. O que
me surpreende não é o fato dela ser amiga de Mad, mas sim Andrew querer alguém depois de
tudo o que aconteceu em seu relacionamento anterior. Ele ficou anos na seca, sem querer nada
com ninguém, pelo visto até agora.
A garota parece ser gente boa. Porém eu duvido um pouco que ele vá querer qualquer
coisa séria com ela.
Acabamos vindo em uma festa depois da pizza. Madison ficou um pouco relutante,
porém com o apelo da loira, ela acabou cedendo.
Desde que chegamos a garota não solta o livro e já reclamou várias vezes, dizendo que
queria ir embora. Não julgo, às festas da Delta Pi sempre foram chatas, apenas com um bando de
gente bêbadas se pegando em todos os cantos da casa, a maioria das garotas nem se lembram das
coisas que acontecem à sua volta.
— Toma um pouquinho, Mad. Você não bebeu nada desde que chegou. Ficou só no
refrigerante. Vai se divertir assim como?
A garota bufa e fecha o livro.
— Não preciso ir em festas, beber ou qualquer coisa do tipo para me divertir.
— Falta isso aqui — ela pinça o dedo — pra eu desistir de você — a loira diz.
— Porque você não vai procurar o Andy? Eu cuido da garota — digo, me metendo na
conversa delas.
Madison me olha e logo depois para sua amiga, parecendo sem saber o que falar.
Aposto que ela está pensando se vale ou não a pena ficar aqui comigo.
A loira olha para mim, parecendo desconfiada.
— Tem certeza? Eu não…
Interrompo-a.
— Eu não vou morder a sua amiga. Vai atrás dele, nós vamos ficar bem, não é, Mad? —
olho para a morena.
Ela dá um sorrisinho pequeno.
— Si-sim — gagueja — eu vou ficar bem…
A loira dá mais uma olhada para nós, se dando por vencida quando dá meia volta e some
pela multidão.
Eu me sento no sofá ao lado da garota.
— Qual é o livro da vez? — indago, sorrindo.
— Verity.
Olho para a capa e vejo que não tem nenhuma figura masculina, apenas alguns objetos
parecendo algo como uma pessoa pensando. Não faço a mínima ideia do que seja.
— Fala sobre o que?
— Na verdade, é um suspense com investigação por trás.
— E aquele que você estava lendo antes na corrida? — Esse livro parece não ser o
mesmo que ela estava na corrida, visto que o outro tinha uma capa um pouco mais colorida.
— Molhou — ela suspira, parecendo frustrada e eu vejo uma ruguinha em sua testa.
— Sempre traz livros reservas junto?
— Preciso me prevenir.
— Ele tem hot também?
—Eu ainda não cheguei lá, mas espero que tenha.
— Qual é o nome daquela saga que você gosta? Estou pensando em comprar eles.
Seus olhos brilham na mesma hora.
— Devil's Night. Você não vai se arrepender. É muito bom!
Faço uma anotação mental para comprar essa saga. Preciso ter assuntos em comum com
ela e, por mais que eu não seja muito fã de literatura, esses livros até que são… legais.
— É sobre o que mesmo?
Ela passa a última meia hora contando sobre os livros, seu amor platônico por um
personagem chamado “Damon” e como se sente atraída por garotos problemáticos na ficção. E
eu só consigo observá-la, como fica fofa toda vez que me percebe olhando demais para ela, a
forma como sorri e a sua empolgação falando sobre seu amor pela literatura. Acho isso
magnífico.
— Já que me deixou inteirado pelo seu mundo. Que tal participar um pouco do meu?
Ela franze a sobrancelha.
— Como?
Me levanto e a puxo junto comigo.
— Vem comigo.
CAPÍTULO 6
Eles dizem "todos os bons garotos vão para o céu”
Mas os garotos maus trazem o céu até você
Heaven / Julia Michaels
— MEU DEUS, A ELETRIC[1] VAI ESTAR AQUI — uma Emily eufórica me recebe na
porta, quando eu entro.[3][4]
Ela quase pula em cima de mim. Me dando um puta susto.
— Quem são esses? — indago confuso.
— Quem são? Simplesmente os maiores no mundo do rock.
— Desde quando você ouve rock?
— Sempre escutei. Você que nunca tá aí para perceber.
Minha irmã nunca foi muito afim de rock. Tanto que quando eu colocava o som alto no
quarto, ela ia correndo me mandar abaixar. Agora do nada ela é fã de uma banda?
— Ethan Jones, Aiden Evans, e Jessie Ward são tudo nesse mundo — ela profere, e tira o
seu celular me mostrando eles — eu preciso ir nesse show. Por favor, irmãozinho, compra os
ingressos pra mim? Você pode até me levar, se quiser.
— A mamãe sabe disso?
— Sim, mas ela não tem dinheiro pra comprar os ingressos — faz um beicinho — mas,
você eu sei que tem. Então, por favoorrr — alonga as palavras.
— Eu não sei, você é muito nova para estar indo em lugares cheios assim. Se são tão
bons quanto diz, vai estar lotado o local.
— Eu não sou mais uma criança, ok? Tenho 16 anos, se você não se lembra.
Eu lembro muito bem disso.
Suspiro.
— Ok, fala com a mamãe, se ela liberar, eu compro os ingressos para pra você. Só se ela
deixar. Sem mentir também, não vou passar por cima de uma ordem dela.
Emi confirma com a cabeça.
— Ok, irmãozinho. Você é o melhor do mundo.
Ela me dá um beijo no rosto, e sai saltitando pela sala.
Ter uma irmã mais nova não é fácil, ainda mais uma que te extorquir igual ela.
— Você vai levar ela para ver essa banda aí? Minha irmã também queria ir, mas minha
mãe barrou ela na hora.
A irmã do Andy tem só onze anos, não julgo a mãe deles.
— Não sei se minha mãe vai liberar ela também para ir. Emi é muito nova para ir nesses
lugares. Show de rock tem muita droga rolando no meio também.
Andy sai debaixo do carro, e limpa as mãos em um pano.
— Diz o fã do metálica — ele ri — provavelmente lá vai ser de boa, não é bem um rock
das antigas que eles tocam. Se ela liberar a Emi de ir, é só você ir junto com ela. Sem problemas.
— Dependendo de quando for, quem sabe.
Sento na cadeira, me sentindo exausto. O dia hoje na oficina foi cheio, vários clientes
apareceram, quase nós levando a loucura. O lado bom, é que também entra mais dinheiro no
nosso bolso, dias assim nosso chefe nos dá um valor a mais, e tudo o que entra será muito bem
vindo nas contas.
Prefiro que minha mãe, continue não desconfiando de onde sai o valor extra que dou a
ela.
Um homem muito bem vestido sai de um Camaro, e caminha até onde estamos, eu o
reconheço de cara.
Oliver Wood, dono da Wood's Company, e pai da Madison. Está na minha frente, nesse
exato momento.
CAPÍTULO 9
a dor apenas me deixa assustado
Perdendo tudo o que já conheci
tudo se tornou demais
Atlantis / Seafreat
— Como assim vendeu? Desde quando ele tava com problema financeiro aqui? —
indago, me sentindo inquieto.
Se ele vendeu, e tem um novo dono, eu com certeza estou no olho da rua.
— Semana passada, parece. E ele não ia nos contar nada sobre, você sabe quem comprou,
não sabe?
Eu imagino quem seja.
— Ele é nosso chefe agora? Vai viver vindo aqui?
Andrew nega com a cabeça.
— Não, ele só veio hoje porque o pneu furou mesmo. Mas, parece que tudo vai continuar
na mesma. Meu tio cuidando do financeiro, e nós dois aqui embaixo fazendo a parte que
sabemos. Nada vai mudar. Ele só comprou para ajudar o meu tio.
— Eu... — suspiro — preciso ir para casa. Será que...
— Vai, deixa que eu cuido do resto aqui. Não se preocupe, está tudo sob controle.
Uma semana depois
Tudo o que aconteceu na última semana me deixou ainda mais cansado mentalmente, e
para piorar ainda tenho um jantar na casa dele, no seu ambiente ao qual eu mal estou
acostumado. Não que eu não saiba como me portar em um ambiente mais chique. Eu sei, apesar
de não ser acostumado, minha mãe me deu boas maneiras.
Apesar de ter dormido pra caralho ontem, e descansado bem, ainda assim me sinto
esgotado.
Resolvi fazer algo totalmente fora dos planos que eu deveria seguir; mandar bilhetes
anônimos para Madison. Eu sei que parece coisa de quinta série, mas eu li em alguns livros sobre
isso, achei até que ela talvez gostaria de receber? O primeiro bilhete da semana já está posto em
cima da mesa que eu sei que ela costuma se sentar. Já observei todos os trejeitos, e manias dessa
garota, sei até que horas ela vai ao banheiro. Consigo ser sorrateiro quando quero, e não deixei
que ela sequer percebesse que estava sendo seguida.
Li vários livros preferidos dela, e percebi o porquê do seu fascínio com os badboys, eles
fazem coisas que normalmente garotas como ela jamais teriam coragem de fazer, e são tudo
aquilo que elas não são, os famosos opostos que se atraem.
De alguma forma que nem eu consegui entender ainda, essa garota me atrai. Será que
seremos como os clichês que ela tanto lê? Mas diferente deles, eu não quero, e nem serei um
mocinho, e sim o anti-herói, aquele que dará tudo o que ela tanto quer, a protegerá de qualquer
coisa, e mataria qualquer um por ela. Eu sei que é forte dizer isso, porém cada dia que passa, me
sinto mais esquisito em relação a tudo isso.
Eu queria muito poder ver a forma como ela reagirá vendo aquele bilhete, fui mais
possessivo do que normalmente sou, e sei que ela sentirá a verdade escorrendo de cada palavra
que ela ler. Ela será minha, e de mais ninguém. Querendo ou não, Madison já tem seu destino
traçado por mim, e sei que ela gostará muito de cada segundo ao meu lado.
— Vai almoçar aqui? — Andy pergunta, enquanto fuma seu cigarro.
Continuo encarando a minha frente, em busca dos cabelos escuros de Mad. Desde o dia
em que ela me convidou para o jantar em sua casa, ainda não tivemos tempo para acertar os
detalhes. Apesar de estar sempre em sua cola, quando é para nos esbarramos — de forma natural
— nunca conseguimos.
— Sim — deixo a fumaça escapar dos meus lábios — preciso terminar um trabalho
ainda.
— Não esquenta, enquanto tu estiver aqui, eu seguro as pontas lá. Como vai as coisas
com a garota?
Desvio o olhar para ele.
— Que garota?
— A filha do nosso chefe. Você sabe o quão fodido pode estar, não é? Ainda mais se ela
souber da verdade.
Ele tem razão. Eu posso estar no olho da rua na mesma hora.
— Eu tô ligado nisso, não esquenta comigo. Eu sei bem o que estou fazendo.
Ele não faz a mínima ideia de que a Madison, e a filha do Oliver são a mesma pessoa. No
dia que deu toda a briga, eu a deixei em casa depois de levar Debby, e ele.
— Logan, cara, olha só. A garota não tem nada haver com a tua raiva em relação ao pai
dela.
— Eu sei, porra. Não é ela quem eu estou tentando ferir, e sim ele. A garota será apenas a
escada que me levará até o topo onde ele está. Não pretendo fazer nada com ela, te garanto isso.
— Ainda assim cara. Seu pai escolheu o destino dele, quando começou a usar drogas.
Não foi culpa do senhor Wood a merda toda que aconteceu.
— Ele mandou matar a porra do meu pai, Andrew. Como você consegue ainda defender
esse cara?
Ele suspira.
— Eu ouvi algumas coisas. Em relação a aquele valor que seu pai ia receber de
indenização quando saiu…
Levanto de pé, e jogo-o contra a parede. Andrew fica assustado, nunca tinha me visto
assim antes.
— Abre a porra da boca, AGORA!
Vejo-o engolindo em seco.
— Eu ouvi ele falando com o meu tio esses dias, ele disse que sentia muito em relação ao
teu pai, ele sabia que os dois eram amigos. Que o seu pai era um bom funcionário, até ele
começar a usar drogas, e faltar. Foi por isso que demitiram ele, cara. Seu pai foi irresponsável,
fora que, ele pagou tudo o que devia, e até um pouco mais, se o dinheiro não apareceu, é porque
ele provavelmente torrou com mais drogas, e não pagou o agiota.
Solto Andrew que cai no chão.
Mas que porra...
— Isso é mentira! Ele jamais faria algo assim. Meu pai era a porra da vítima esse tempo
todo — olho para ele.
Andrew me olha com pena, e eu odeio essa merda.
— Logan, para pra pensar. E se o agiota mentiu? Ele quis pôr a culpa da morte do seu
pai, em alguém que nem a ficha suja tem. A troco de que ele mandaria matar o seu pai?
— Eu não sei, porra! — solto-o — acha que se eu soubesse ele já não estaria atrás das
grades?
— Nós não temos nada, além do que um bandido te disse
Eu sei.
— Que porra! Eu só precisava de uma prova, e nem isso sou capaz de encontrar — me
sinto frustrado, um mês já, e eu só cheguei perto da casa dele.
Andrew suspira.
— Calma, cara. Nós vamos achar uma forma de você fazer a coisa da forma certa, sem
colocar uma garota inocente no meio. Não precisa dela para se aproximar dele. Pensa se fosse
um cara usando a Emily para fazer algo com você?
Eu mataria o desgraçado.
— Acho que já entendeu o negócio.
— Eu não vou mudar de ideia, é o que é. Eu preciso me aproximar desse cara de alguma
forma.
— Mostre a ele o seu talento na mecânica, a gente pode arrumar um jeito de te pôr na
empresa, mas não use a garota. Ela não merece passar por isso.
— Da forma que você fala, eu diria que está apaixonado por ela.
Andrew engole em seco.
— Você só pode estar maluco. Não tem nada haver com isso, só quero te fazer pensar da
forma correta.
Sorrio.
— Eu quero fazer isso da minha forma — me afasto dele, me sentindo puto pra caralho.
Algo me diz que no meio do caminho eu posso sair partido ao meio por ela também, mas
é, eu não dou a mínima
CAPÍTULO 10
Eu vejo meu reflexo em seus olhos
Reflections / The Neighbourhood
Você já teve aquela sensação de que está sendo seguida? Mas, quando olha para trás
nunca vê ninguém?
A cada dia que passa sinto que estou enlouquecendo um pouco mais.
Lavo meu rosto no banheiro, e algumas garotas entram pela porta conversando entre si.
— Você viu que gato é o vencedor? — mordo o interior da bochecha e continuo
escutando o que elas dizem.
— Sim, para a nossa sorte ele estuda aqui. Vi ele esses dias — ela sorri, e morde o lábio.
— Só para ver ele de novo, quero ir na próxima corrida.
— Amiga, eu vou com você. Eu vi um carinha lá que…
Elas mal percebem quando eu saio do banheiro as deixando para trás. O tal carinha que
elas estavam falando era o Logan?
Porque eu me sinto incomodada com isso?
Ok, respira, e não pira, Madison.
Continuo caminhando pelo campus, tentando encontrar algo aberto, meu estômago ronca.
Hoje minha mãe vem me buscar mais tarde, justo por causa de um trabalho que tenho para fazer,
e preciso de concentração total. Em casa minha irmã vive entrando, e saindo do quarto, não iria
me deixar fazer as coisas que preciso.
Ao longe vejo Logan, e seu amigo conversando. Fico pensando se chego lá, ou não. E se
eu fosse, o que seria demais dar um “olá” apenas? não iria matar, certo?
Respiro fundo, e encaminho minhas pernas até onde eles estão, segurando firmemente
minha bolsa.
Estaco os passos quando ouço eles falando:
— Eu quero fazer isso da minha forma — É a voz do Logan.
do que eles estão falando?
Andrew suspira:
— Tudo bem, você é quem sabe. Eu não vou me meter mais nisso.
— Meu problema. Você não precisa me dizer como fazer as coisas.
— Eu só quero te ajudar, porra! — Andrew se exalta.
— Eu não preciso de nada. Está tudo sob controle.
Eles estão brigando?
Sem querer acabo esbarrando em uma pedrinha, e ela faz barulho, chamando a atenção
deles para mim.
— Madison.
Seu sorriso é tão lindo que faz as borboletas em meu estômago revirar, e eu não gosto
nenhum pouco disso. Não sei se me sinto pronta para me iludir.
— Oi — sorrio sem graça — eu não queria atrapalhar vocês. Só vim dar um oi.
Andrew se levanta, e bate em suas calças, tirando a poeira delas.
— Não, está tudo bem — ele sorri — Logan é cabeça dura, eu estava tentando o ajudar
com um problema, talvez você consiga — ele diz, e aponta para o amigo — eu vou indo nessa,
tenho algumas coisas para fazer. Boa sorte aí, Mad.
— Eu não…
Ele diz, e some da nossa vista. Não sei o porquê mas acho isso bem suspeito, será que ele
pensa que…?
Logan ri, logo atrás de mim.
— Relaxa, ele é assim. Sempre que uma garota aparece, ele some. Ele deve ter medo de
garotas bonitas.
— Que? — pisco.
— Ele acha que você consegue me acalmar.
— E eu consigo?
Ele sorri.
— Não sei, quem sabe? Ele acha que eu estou afim de você.
— E você está?
— Talvez ele esteja certo sobre isso.
Sinto minhas bochechas esquentarem. Provavelmente estou mais vermelha que um
pimentão agora. Nem aquela lavada no rosto ajudaria nessa hora.
— Você é muito sincero, sabia? Às vezes me deixa um pouco envergonhada.
— Ainda não viu nada. Me acompanha até o bebedouro? Preciso tomar um pouco de
água — Aceno com a cabeça, e ele coloca um braço em volta do meu pescoço, caminhamos lado
a lado até o bebedouro mais próximo.
— É higiênico isso? Se quiser, tem uma garrafinha aqui de água.
Ele ri.
— Você é muito certinha, Madison. Já pensou como seria sua vida se fizesse algumas
coisas mais perigosas?
— Começando por um bebedouro que todo mundo meteu na boca?
Ele sorri, e sua imaginação parece ir longe com o que eu disse. Puta merda!
— Eu não…
— Você precisa parar de ser assim. Eu entendi o que disse, mas às as vezes minha mente
consegue ir bem longe. Ainda mais com o que eu poderia fazer com você.
Pigarreio, me sentindo sem saber como conduzir a conversa.
— Você parece bem melhor, né? Eu preciso…
— Eu estou, mas — suspira — quero continuar com a sua companhia. Senti falta nesses
dias que não te vi, sabia?
Sorrio.
— Sentiu mesmo? Bom, temos os detalhes de um jantar para acertar. Meus pais querem
que seja na semana que vem, aliás.
— Que tal me passar seu número? Sabe por causa do endereço.
Rio.
— É só por causa do endereço?
Ele se abaixa, toma a água, e se aproxima mais de mim, me encurralando na parede.
— Você sabe que é bem mais do que isso. Estou sendo sincero quando digo que me sinto
atraído por você, Madison. Sei que não sou seus personagens literários, mas, posso tentar ser
bem melhor que eles — ele sorri, e sobe a mão até o meu rosto, acariciando a minha pele. Fecho
os olhos com o contato delicioso, e suspiro — se você soubesse a vontade que eu tenho de te
beijar. Não faria essa carinha.
— Eu… acho melhor a gente ir devagar.
— Vamos no seu ritmo, amor.
Amor.
Tum tum.
Ok, eu vou definitivamente desmaiar aqui.
— Eu me sinto bem iludida com você me chamando assim, sabia?
Ouço seu riso.
— Prometo que não sou de iludir.
— Eu não sei viu. Posso estar enganada, mas você tem uma cara de quem ilude, e
machuca as garotas.
— Prometo que com você será o oposto disso. Estou disposto a te dar tudo o que precisa
enquanto estiver comigo. Principalmente aprender a viver, quero te mostrar o lado bom da vida.
Não sei o motivo, mas eu vejo verdade em seus olhos quando ele diz isso. Minha mãe
sempre diz que preciso aprender a viver, talvez ela esteja certa?
— Ok, eu aceito essa sua condição. Mas vamos bem devagar.
— Tudo no seu tempo — ele se aproxima do meu rosto, e eu prendo a respiração, sinto
seus lábios gelados em meu rosto.
Se só com esse contato eu já sinto que vou desmaiar, imagina se ele me beijasse na boca?
Ele se afasta de mim, e eu sinto falta de suas mãos em meu corpo.
— Vai almoçar agora? Ou vai para casa?
— Preciso ficar aqui. Tenho um trabalho para fazer.
Ele sorri.
— Vem, minha leitora. Vamos comer juntos então, eu também tenho um trabalho difícil
pra fazer, e não quero comer sozinho.
Sorrio. "Minha leitora."
— Só vou porque estou com fome.
Eu sou uma bela mentirosa.
CAPÍTULO 11
Seu toque é tão mágico para mim
As coisas mais estranhas podem acontecer
A forma como você reage a mim
Eu quero fazer algo que você não imagina
Love Sex Magic / Ciara Ft Justin Timberlake
Já faz mais de meia hora que eu estou enrolando na cama. Pensando seriamente em não ir
nesse jantar.
Deixaria Madison mal? Talvez. Mas, eu não sei se é o suficiente para que eu consiga
encarar seu pai. Estou parecendo um covarde? Sim, um tremendo vacilão. Porém, o que eu posso
fazer? Não me sinto preparado para isso. Ainda não.
Pisco algumas vezes, repensando nas minhas escolhas, e literalmente desistindo da
porcaria do plano. Tudo o que eu mais quero é levá-lo para a cadeia sofrer. Mas, a custo do que?
Madison jamais me perdoaria por isso.
Nesses dias pensei muito em tudo o que Andrew me disse. Ainda não tive coragem de
falar com a minha mãe. O que ela poderia fazer? Nada. O dinheiro já foi pego, e ele não deu a
droga de um centavo que fosse a ela. Enquanto minha mãe se matava trabalhando, eu tinha que
estar indo atrás dele nos bares, e becos quando chegava do trabalho.
Emily era muito nova para ir até onde ele costumava ficar. Aquele lugar era
extremamente perigoso para uma menina de 13 anos, então, lá ia eu, às vezes tirava ele do bar.
Outras, encontrava ele em uma fossa qualquer. É horrível ver seu pai naquela situação. Talvez
seja esse motivo que eu tenha crescido dessa forma, com tanta raiva dentro de mim.
Porém, eu prometi a mim mesmo que jamais me destruiria daquela forma. Drogas? Nem
pensar. Bebidas? Jamais coisas tão fortes, passo bem longe. Nunca fiquei bêbado nos meus 20
anos. A única coisa que eu não consegui escapar foi da nicotina. Ela é a única capaz de me deixar
calmo em situações estressantes. Tipo, agora. Já fumei não sei quantos cigarros enquanto
pensava no que fazer. Mas, nem isso foi capaz de acalmar o meu estado de nervos.
Ouço a porta se abrindo, e a cabeça da minha mãe aparecendo por ela.
— Posso entrar, querido? — ela sempre usa esse tom de voz calmo com a gente.
Principalmente quando quer conversar sobre algo.
Será que ela sabe?
— Claro, mãe. Entra aí.
Ela sorri, e empurra um pouco a porta, entrando em seguida. Bem calmamente ela se
aproxima de mim, e se senta na borda da cama.
— O que foi? — indago. Me sinto extremamente inquieto por dentro, quando a vejo
assim.
Ela suspira.
— Fiquei sabendo que você vai na casa dos Wood's hoje.
— Emily contou?
Ela nega com a cabeça.
— Não importa quem foi agora. Querido, porque você tá tentando se aproximar deles? Eu
sei que a filha do senhor Oliver estuda na mesma faculdade que você.
— É, foi por causa dela que eles me convidaram para ir até lá. A gente estava em uma
festa, e eu a salvei de ser... — engulo em seco. Ainda sinto raiva daquele cara, espero que ele
nunca mais se atreva a passar sequer pela minha frente — estuprada.
Mamãe fica em choque, e coloca a mão na boca.
— Meu Deus! Isso é horrível. Espero que a pobre garota esteja bem.
Ela está bem melhor do que você pensa, mãe.
— Ela está. Foi por isso que me convidaram para ir até lá.
Mamãe anui.
— Tudo bem. Mas, por favor, não faça nada de imprudente. Eu sei que sente raiva por
não termos conseguido aquele dinheiro com o valor que seu pai tinha para receber, porém...
Quero que saiba que tudo o que aconteceu eles não tinham responsabilidade alguma. Foi culpa
apenas do seu pai.
Suspiro, e pego em sua mão.
— Eu sei disso. Andrew ouviu uma conversa dele com o tio Jake. Parece que ele pagou
até mais do que era estipulado.
— A mais? — ela parece confusa — seu pai recebeu a mais? E nós não vimos um
centavo da cor daquele dinheiro? — ela se levanta abruptamente.
— Você não sabia disso?
— Não! Quando eu fui até eles tentar conversar, soube que o valor já tinha sido pago sim,
mas não sabia que era a mais. Como... Como ele pôde fazer isso com a gente? Nos deixou uma
dívida muito acima do que nós dois recebíamos juntos na época.
Isso é uma merda do caralho. Parando para pensar, como ele conseguiu fazer isso? Gastar
todo o dinheiro em drogas, sabendo como estávamos até o pescoço cheios de dívidas. Foi por
isso que eu comecei a trabalhar desde novo na oficina. Era a única forma de conseguir uma grana
para ajudar eles.
Nem sempre a nossa vida foi esse caos que é hoje. Muito pelo contrário, teve uma época
em que tudo era bom, papai era um cara presente que me ensinou tudo o que eu sei hoje. Até que
veio uma época bem complicada para ele, quando descobriram um câncer em estado terminal na
vovó, depois disso foi tudo ralo abaixo. Ele passava horas e horas no hospital cuidando dela, e
quando ela morreu, se entregou de vez para as drogas, e a bebida. Emi ainda era bem pequena
nessa época, então ela mal se lembra da época boa do nosso pai. Não a julgo por isso.
Eu me apeguei tanto as boas memórias, e a pessoa boa que ele era antes de tudo, que
esqueci que o único que vacilou foi ele.
— Meu filho — mamãe para em minha frente, e me abraça — está tudo bem chorar — eu
estou chorando? Mal havia percebido — você fez tudo o possível, pagou toda a dívida. Eu tenho
orgulho de você, meu garotinho — me aperta — apenas me prometa que não vai fazer nada que
vá se arrepender, sim? Não quero que se aproxime deles com algum intuito ruim. Eles são boas
pessoas. Seu pai não merecia um terço do que eles fizeram por nós.
— Como assim?
Ela suspira, e me solta.
— O senhor Oliver já pagou uma dívida imensa do seu pai antes dessa, ela era dez vezes
maior.
— Você sabia dessas coisas já?
— Enquanto vocês estão indo, eu já estou voltando. Ele me contava quando estava bem
chapado. Eu já não sabia mais o que fazer para ajudar ele nesse vício. Então, o senhor Oliver se
ofereceu para pagar a dívida, mas ele foi e se endividou de novo com aquele cara. Seu pai
procurou o que aconteceu com ele. Não se sinta o vingador dele. Você não é nenhum justiceiro
— ela se levanta, e dá um beijo em minha têmpora.
— Você já sentiu algo estranho quando beijou alguém?
Mamãe para, e me olha.
— Já. E essa sensação é única. Se você está gostando de alguém, faça ela se sentir como
se fosse única no mundo! Mostre ao mundo a educação que eu te dei.
Sorrio para ela.
É, pelo visto eu vou a um jantar hoje.
— Obrigado, mãe.
— Não esquece que eu amo você, Logan. Jamais esqueça disso.
— Eu te amo, mãe — ela me dá mais uma olhada, e some porta afora.
Vou aproveitar que estou lá, e procurar por algo que dê uma pista sequer do valor que
meu pai recebeu. Eu preciso disso, preciso ver com os meus olhos toda essa mentira dele. Vai
doer? Sim, é horrível você descobrir que o cara que era seu pilar, não foi capaz de dar um valor
que fosse para completar o valor das dívidas, e preferiu gastar consigo próprio, seu vício. Mas, é
a única forma de eu conseguir ficar em paz, ou pelo menos ter um pouco dela.
CAPÍTULO 15
Agora, se estamos falando de corpo
Você tem um perfeito
Então coloque-o em mim
Talking Body / Tove Lo
Mais de trinta minutos atrasado, tudo por culpa da droga do trânsito que não anda.
Já mandei umas dez mensagens para a Madison pedindo desculpas, que logo chegaria lá,
espero não estragar a noite da garota. Afinal, ela não merece isso.
Usei esse meio tempo para raciocinar tudo o que descobri através da minha mãe. Oliver
Wood não tinha obrigação alguma com as contas que meu pai fazia, e mesmo assim o cara quis
ajudar, pagando ela. Pode uma pessoa tão rica, ser boa ao mesmo tempo? Ou será que é alguma
forma de manipulação? Não sei, ele pode ter feito isso para conseguir a confiança deles de
alguma forma. Mas, nada mais faz sentido na minha cabeça.
Nirvana toca bem alto na rádio. Preciso silenciar a minha mente de alguma forma, nada
melhor que um rock para ajudar nisso.
— Em menos de 10 metros vire à direita.
Esse GPS foi a melhor coisa que eu já comprei, nunca me deixa na mão. A não ser uma
vez que a gente se perdeu quando já estava de noite, e eu levei mais de uma hora tentando achar
a rua certa para ir pra casa.
Esse dia foi foda. Saudades inclusive.
Faço o que ela manda, e viro na rua.
Sou recebido por várias casas de gente extremamente rica, cheirando a dinheiro. Nunca
tinha vindo para cá antes. Não tinha precisão, até agora.
— Você está chegando no seu destino.
Olho pela janela, vendo uma mansão branca no estilo vitoriana.
— Você chegou no seu destino.
Suspiro, e desligo o carro, tirando a chave da ignição logo em seguida.
Vai dar tudo certo. Só confia!
Abro a porta do carro, saindo logo em seguida. O vento me dá as boas vindas, fazendo
com que o meu cabelo caia em meu rosto, me lembrando que preciso cortá-lo, pois está muito
grande.
Caminho até a entrada da casa, e aperto a campainha, não tive tempo de ver se Madison
viu a mensagem que eu havia mandado, e me respondido, ou apenas ignorado. A porta logo se
abre, e sou recebido pela garota um tanto eufórica.
Sorrio para ela.
Deveria ter trazido rosas, será? Porra, eu sou péssimo com essa merda.
— Você veio — ela sorri, e abre espaço, adentro o local. Olhando tudo em volta.
A mansão vista por dentro parece ainda maior do que por fora. O chão é branco, e as
paredes em uma cor mais parecida com um cinza. Quase consigo me ver através do piso de tão
encerado que parece ter sido. A pessoa que limpa a casa deve ter um puta trabalhão.
— Eu disse que vinha. Desculpa por não ter trazido nada, não deu tempo.
— Não se preocupe. A única coisa que importa é que você está aqui — ela fecha a porta
— meus pais estão esperando a gente na sala de estar. Não liga muito para a minha mãe, ok? Ela
pode ser um pouco louca às vezes.
Rio.
— Louca em que sentido?
— Você vai ver. Vem, vamos lá — ela pega em minha mão, e me puxa para ir com ela.
Caminho logo atrás.
A sala parece ser ainda maior do que eu imaginava. Tudo aqui cheira a riqueza, e
dinheiro. Esse cara é foda só por ter uma mansão assim, e conseguir mante-la tão arrumada.
— Mãe, pai — Mad chama a atenção dos dois, fazendo-os parar de conversar no mesmo
instante — esse é o Logan.
Oliver Wood, e sua esposa me olham com uma cara de desconfiados, mas logo abrem um
enorme sorriso, me deixando extremamente confuso. Achei que seria recebido a pedradas como
foi na última vez que fui em seu escritório — não foi por ele, e sim por um dos funcionários, que
nem sequer me deixou subir.
— O garoto que salvou a nossa menina — seu pai diz — muito obrigado por ter sido o
salvador dela naquela noite. E é um prazer conhecê-lo.
Sorrio, me sentindo um pouco desconfortável com a forma como a sua esposa me olha.
— Não foi nada. Eu jamais iria deixar algo como aquilo acontecer a qualquer garota que
fosse. Principalmente com a Madison.
— Você tem princípios, garoto. Gosto disso. Sentem-se, por favor.
Nos sentamos lado a lado.
— Eu tenho muito que agradecer por ter ajudado a nossa garota. Espero que se sinta à
vontade aqui — a mãe diz.
— Obrigada, senhora.
Preciso mostrar o mínimo de educação, por mais que me sinta desconfortável aqui frente
a frente com eles.
— Minha filha disse que você estuda na mesma faculdade que ela. Que curso você faz?
— Engenharia mecânica.
— Trabalha?
Meu Deus, isso é um interrogatório?
Pigarreio.
— Sim, em uma oficina.
Ele entrecerra os olhos.
— Agora parando para pensar. Eu acho que já te vi em algum lugar.
Sim, da oficina.
— Ah sim. Eu trabalho com o Jake.
Seu rosto parece se iluminar.
— Claro. Sabia que seu rosto era conhecido. Jake é um grande homem.
Ele não vai falar que eu trabalho pra ele não?
— Sim, foi o único disposto a me ensinar tudo o que sei sobre carros. Virou uma das
minhas paixões.
Ele sorri, e começa a contar que já foi corredor quando era mais novo. Amava a
adrenalina que só as corridas poderiam nos oferecer. Confesso que gostei de ver essa parte dele.
Madison pareceu feliz quando nos viu conversando empolgados — não tão empolgado assim,
mas um pouco.
— Onde fica o banheiro? — indago, torcendo para que os banheiros fiquem no mesmo
andar do escritório.
— Tem lá em cima — Mad diz, me respondendo — quer que eu te leve até lá?
Faço que não com a cabeça.
— Só me diz onde fica.
Ela anui, e dá às direções. Me levanto em seguida, pedindo licença, e subo as escadas.
Olho para trás, e os vejo conversando empolgados, sem ao menos prestar atenção em mim.
Chegou a hora.
Preciso encontrar o escritório dele antes de tudo, e ver com os meus próprios olhos se o
que Andrew me disse era verdade. Não que eu duvide do meu amigo, ou da minha mãe. Confio
neles de olhos fechados, mas é difícil de digerir algo como "seu pai não ligava muito para
vocês."
Abro porta por porta, até que quase no final do corredor, encontro o escritório dele. Na
maioria das casas o escritório está sempre na parte debaixo, mas esse homem é bem diferente do
que eu imaginava, no mínimo para ele deve ser mais fácil de se locomover depois para o seu
quarto novamente.
Para a minha sorte tudo está vazio, não ouço um barulho sequer aqui, além da minha
respiração. Olho papel por papel, e não encontro nada de estranho, ou alguma coisa que tenha o
nome do meu pai ali.
Olho para cima, e vejo a porra de uma câmera, que não parece estar ligada. Pois não vejo
nenhuma luz vermelha piscando nela. Respiro aliviado, se me pegassem aqui, eu estaria
completamente fodido.
O notebook brilha na minha frente, e me sento na cadeira, em frente a ele. Abro a tela, e
para a minha sorte ele está sem senha. Sorrio, e fuxico tudo o que posso. Até ver algo totalmente
estranho ali, coisas que não parecem bater, números extremamente altos que não parecem estar
corretos. Pego o meu celular, e tiro uma foto da tela em seguida. Andrew entende muito de
números, talvez ele possa me ajudar nisso aqui. Continuo procurando por qualquer coisa que seja
sobre o meu pai, até finalmente achar o nome dele, e ao lado um número.
— Mais de 10.000$, o quê?
Porra, porra porra!
Porque fez isso, pai? E porque eu não consigo acreditar que tenha recebido esse valor?
Algo me diz que tem uma coisa muito estranha acontecendo aqui. E eu preciso descobrir
o que é.
Um barulho estranho chama minha atenção, e eu dou um jeito de me esconder. Ninguém
pode me pegar aqui.
Alguém entra pela porta, e pelo salto alto, já sei até quem é.
— Esse garoto não me cheira bem — uma voz feminina diz. É a mãe da Madison? —
Sim, seria bom se tivesse como você investigar para mim — pausa — vou tentar descobrir com
ela o nome completo dele, e te passo. Enquanto isso vou ficar de olho nele. Tá bom. Não
podemos ter ninguém no nosso caminho. Nos vemos amanhã — parece que desligou o celular.
Logo vejo a porta se abrindo de novo, porém, ela para — esse computador não estava aqui aberto
— vejo apenas os seus pés, se vira, e sai, ouço a porta se fechando.
Consigo respirar um pouco mais aliviado. Com quem ela estava falando? E porque
querem me investigar? Isso não parece algo de alguém que quer proteger a filha.
Tem algo de muito errado com essa mulher.
CAPÍTULO 16
Mãos no meu pescoço enquanto você empurra para cima
E eu estou gritando
One Of The Girls / The Weeknd FT Lily - Rose Depp
Faz mais de dez minutos que Logan disse que iria ao banheiro, e até agora ainda não
voltou.
Mamãe teve um telefonema de emergência, e subiu também, será que ela encontrou
Logan no caminho?
Papai me olha com uma cara de desconfiado, como se me pedisse para ir atrás dele, ver
se ele se perdeu, ou qualquer coisa do tipo.
— Estou indo lá, papai.
Ele anui, e eu me levanto, caminhando até às escadas, e as subindo em seguida. Encontro
com mamãe no caminho
— Encontrou Logan? — pergunto a ela.
— Não o vi em lugar algum, amor. Eu estava no quarto — ela diz, mostrando que mudou
de roupa.
O banheiro fica bem ao lado do escritório do papai. Então quando estou me aproximando
de lá, vejo Logan saindo da porta do banheiro.
— Ali está ele — ela sorri quando o vê, e passa por nós
— Se perdeu no caminho? — pergunto a ele.
Ele ri.
— Desculpa pela demora, eu acabei tendo um pequeno atraso — ele diz, e passa por
mim, caminho logo atrás dele.
— Que tipo de atraso?
O garoto me olha.
— Se eu fosse você, não entraria no banheiro agora! Só posso dizer isso.
Faço uma careta de nojo.
— Acho que entendi. Vamos logo, porque a janta está quase pronta.
De repente, ele para, e me encara.
— Estamos só nós dois aqui, certo?
— Agora sim — olho para trás vendo que minha mãe já desceu.
Ele sorri de escárnio, e eu entendo logo em seguida o que ele quer.
— Meus pais estão logo ali embaixo, e podem sentir nossa falta, e vir atrás. Seria uma
cena constrangedora isso.
— Você é muito estraga prazeres, Madison Wood. Saiba que eu estou com saudades da
sua boca na minha — ele sorri, se aproximando de mim.
Caminho para trás, colando meu corpo na parede em seguida.
Ele ainda vai me matar. Puta merda.
— Logan, meus pais podem subir aqui.
— A graça da coisa é essa, amor. Poderem nos pegar aqui.
Logan me encara de cima, me deixando totalmente encurralada, e com uma das mãos
segura em minha cintura, a outra mão vem parar em meu pescoço, e ele dá um pequeno apertão.
Me deixando excitada.
— Você gosta disso, não é? Gosta de sentir a adrenalina da coisa. Ah, Madison, se você
soubesse tudo o que eu sonho em fazer com você, correria de mim no mesmo segundo.
— Será? — adrenalina corre pelo meu sangue quando sinto sua boca molhada em meu
pescoço, arfo.
— Eu tenho certeza disso. Para a nossa sorte você não sabe ler pensamentos.
Mas, bem que eu queria ler os seus Logan White.
Ele morde, e chupa a pele sensível do meu pescoço, deixando uma bela marca, disso eu
não tenho dúvidas. Toda a moralidade some do meu corpo no mesmo segundo. Me sinto
extremamente quente por dentro, de uma forma que jamais havia sentido antes.
Fecho meus olhos.
Ele se esfrega em mim. Como estou sem calcinha, o contato é ainda mais intenso.
— Uma pena que a gente não vá fazer nada aqui. Mas saiba, que eu te foderia nessa
parede, com perigo dos seus pais subirem e tudo — ele diz isso, e se afasta de mim, me fazendo
sentir falta do seu contato de imediato.
— Você não pode fazer isso, e me deixar assim — resmungo.
— Foi você quem disse que não podíamos fazer isso aqui. Consequências.
Ele ri, e muda de assunto:
— Não é nada chique, né? Não que eu não saiba comer, mas, eu prefiro coisas bem mais
simples.
— O que? — meu cérebro ainda não voltou a funcionar direito.
— A comida.
Ah sim.
Sorrio.
— Não se preocupe, pedi para mamãe, não fazer nada tão extravagante.
Ele sorri, parecendo mais aliviado.
— Agradeço por isso.
Descemos as escadas, caminhando em direção ao sofá, sentamos lado a lado novamente.
Papai continua seu assunto sobre carros, e outras coisas que eu quase não entendo.
Para a minha sorte ele não percebeu o meu estado, e eu dou graças a Deus por isso.
Trinta minutos depois estamos todos sentados à mesa, prontos para nos deliciar com o
banquete delicioso feito pela dona Maria.
— Tá faltando uma coisa aqui ainda — mamãe diz, se levantando — você me ajuda a
pegar o vinho, querido?
— Precisa da minha ajuda mesmo? — papai indaga.
— Sim, seja educado e venha, amor — ele se levanta, e vai logo atrás dela, reclamando.
Aposto que foi um motivo para nos deixar a sós.
Ainda consigo me lembrar das palavras de mamãe para mim esses dias.
"Querida, você precisa transar. Descobrir como é o prazer da coisa. Gozar"
Quase morri de vergonha nesse dia. Mas, pensando bem, ela não está errada.
Levo um susto quando sinto uma mão subindo pela minha perna, até a minha boceta.
— O que você tá fazendo com a mão aí? — indago, baixinho, só para ele me escutar.
— Eu sei que o perigo te deixa excitada. Só não imaginava que você estaria sem calcinha,
e pronta para mim — depois dele me encurralar na parede daquele jeito, queria o que?
Tento tirar a mão dele de lá, mas quanto mais eu tento, mais força ele faz.
— Não adianta tentar tirar minha mão daí. Só curte o momento, amor.
Amor.
Cada vez que ele me chama assim, meu coração quase salta do peito.
Meus pais logo voltam com o vinho em mãos, e se sentam bem na nossa frente.
Eu realmente espero que eles não desconfiem do que está acontecendo aqui.
Logan, faz círculos pelo meu clitóris com dois dedos, vagarosamente, querendo me
torturar. Me seguro na mesa, sentindo minha respiração ficar cada vez mais rápida, e um fio de
suor escorrer pela minha testa.
— Você está bem, querida? — mamãe indaga, parecendo preocupada.
— Sim, ó-ótima — seguro o gemido.
— Você não parece bem, filha — é papai quem se pronuncia agora.
— Sim, você não parece estar muito bem mesmo, precisa de algo? — Logan fala, e eu
olho com uma cara feia para ele, o que o faz aumentar o ritmo dos seus dedos em minha boceta.
Meu Deus, eu preciso dar um jeito de fazer ele parar, antes que eu goze na frente dos
meus pais, o que seria horrível sem dúvidas.
— Só preciso de um pouco de suco — falo, tentando dispersar a atenção de mim.
— Claro, querida — mamãe se levanta, e caminha até a cozinha, trazendo uma jarra de
suco com um copo para mim.
Me sirvo um pouco de suco, e coloco o copo em cima da mesa.
Uma péssima ideia.
Logan continua mexendo seus dedos nervosos cada vez mais rápido, me levando ao ápice
em pouco tempo.
Sinto meu corpo todo tremendo, e me seguro na mesa, levando o copo que estava na
beirada ao chão.
— Meu Deus! Me desculpa — ajeito o vestido em meu corpo, e me levanto rapidamente.
Logan cai na risada.
— Está tudo bem, querida — mamãe diz, me ajudando — acontece.
Pegamos os cacos de vidro do chão, os jogando no lixo em seguida. Me sento de volta,
morta de vergonha.
O que foi que fizemos? Bem em frente aos meus pais para piorar.
— Você me odeia, não é? — falo bem baixinho para ele.
Logan solta uma risadinha, e se aproxima do meu ouvido — para nossa sorte, meus pais
estão conversando entre si, e nem prestando atenção em nós.
— Isso não é nada perto do que eu quero fazer com você ainda, amor.
Ele vai definitivamente me matar ainda, não tenho dúvidas disso.
— Logan, você já pensou em trabalhar mexendo em carros de fórmula 1? — Papai diz do
nada, nos chamando atenção.
— Eu sempre fui fã dos carros que o senhor fabrica — ele diz, e sorri.
Mamãe toma um gole de vinho.
— Porque não contrata ele, querido? Parece ser uma bela inquisição a empresa.
— Você disse que cursa Engenharia mecânica, certo? Quanto tempo falta para se formar?
— Três anos, senhor.
— É um belo tempo, então. Porém você disse que trabalha com o Jake, deve ter mais
experiência.
Logan anui.
— Sim, senhor.
— Eu poderia conversar com o…
— Se o senhor quiser, eu aceito. Só preciso falar com ele antes.
Papai sorri.
— Sem problemas, garoto. Será um enorme prazer trabalhar com você.
CAPÍTULO 17
Oh Senhor de misericórdia, estou te implorando
Estou me sentindo esgotado, preciso de amor
Você me desperta como eletricidade
Acelera meu coração com seu amor
Powerful / Ellie Goulding and Tarrus Riley
Minha cabeça dói quando eu abro os olhos. Parece que bebi o equivalente a duas garrafas
de vodka sozinho. Mas, eu nunca bebo até chegar a essa parte, paro bem antes.
Meu quarto entra em foco, e eu vejo Emily parada no pé da minha cama.
— O que tá fazendo aí? — indago, enquanto me sento.
— Chegou tarde ontem em casa — ela diz, e se senta — como foi lá?
Minha irmã sempre sabe de tudo da minha vida, e me ajuda a esconder coisas da nossa
mãe. Por isso a amo tanto.
— Foi bem. Por incrível que pareça, até um emprego eu ganhei — me levanto
procurando minha camiseta.
— O que? Você vai aceitar?
Suspiro.
— Além de ganhar mais, para poder ajudar vocês. Ainda posso descobrir mais coisas
para pôr ele na cadeia.
Caso ele seja culpado, minha mente me lembra.
Ela anui.
— Queria te perguntar uma coisa... — ela profere, fazendo uma carinha de inocente.
— Já comprei. Falou com a mamãe?
Ela sorri, e pula em cima de mim, quase nos levando ao chão.
— Você é o melhor irmão do mundo, sabia? Mamãe deixou.
Entrecerro o olhar.
— Deixou mesmo?
— Juro para você. Se quiser pode até ir perguntar a ela.
— Vou confiar em você. Mas, nós vamos em três. Quero levar uma garota junto.
Emi se afasta um pouco de mim.
— Ela, né? Eu estou ansiosa para conhecê-la. Só por favor, não seja um imbecil com ela.
Você não tem uma boa fama entre as mulheres.
— Calúnia isso, viu? — rio — pode deixar, dessa vez eu quero ser diferente.
Não era uma mentira. Mesmo sabendo do perigo que ambos teríamos um para o outro, e
no final ela acabar saindo com o coração partido, eu pretendia ainda assim tentar. O foda é que
todo o que começa com uma mentira, tem uma grande possibilidade de dar errado no final. Disso
eu já sabia, minha mãe vivia me lembrando isso.
— Te amo, irmão. Obrigada por isso — ela me abraça, e se afasta logo depois, me
deixando sozinho.
— Também te amo, pirralha — falo mais para mim mesmo, olhando por onde ela havia
acabado de passar.
Quando meu pai morreu, eu prometi a ele, e a mim mesmo que sempre faria de tudo para
ver Emi feliz. Independente se tivesse que vender minha alma para isso. Ela teria tudo aquilo que
merecia, seria como o pai que ele deveria ter sido, se não fosse pelas drogas. Cada vez que me
sinto cansado, só de olhar o rostinho dela feliz, aquilo já recarrega as minhas baterias. Mamãe
também jamais seria capaz de dizer não a algo que ela sonha em fazer. Sei que ela pensa da
mesma forma que eu, nós somos aquilo que a mantém em pé.
Respiro fundo, e decido tomar um banho rápido, e correr pelo parquinho que tem aqui
perto. Hoje é sábado, graças a Deus, eu não trabalho, então posso descansar, e fazer as coisas que
não posso nos dias de semana. O dia parece convidativo, e ensolarado demais para ficar aqui
dentro. Confesso que gosto de correr em dias assim.
Tomo meu banho, e coloco uma roupa de corrida, com um tênis confortável. Sempre fui
bem cuidadoso em relação à minha alimentação, e ao meu corpo — mesmo fumando como uma
chaminé, uma pequena contradição.
Minha mãe está fazendo nosso café quando eu desço, encontro Emi na mesa esperando
sua comida.
— Vai comer algo antes de sair? — mamãe indaga, ainda virada para o fogão.
— Não. Deixa pronto que eu como depois — dou um beijo em sua bochecha, e na testa
de Emi.
— Eu queria ir junto — Emi diz.
Sorrio.
— Hoje eu vou correr, vai querer ficar para trás? — ela faz que não com a cabeça —
então, fica aí fazendo companhia para a mamãe, em uma hora eu estou de volta. Prometo.
Pego a chave de casa, meu celular, e o fone de ouvido sem fio. Correr sem ouvir um rock
no fone não dá.
Saio de casa, e sinto a quentura do sol, em minha pele. Hoje é um dos famosos dias de
calor. Confesso que prefiro o calor, ao frio. Não gosto de dormir com muita roupa, e muito
menos cobertor por cima, me sinto sufocado.
Começo a correr em um ritmo não tão acelerado até ao parque que fica há pouco menos
de duas quadras daqui. É um lugar bem tranquilo, onde as pessoas correm, e levam seus
cãezinhos até lá, confesso que nessas horas, queria muito ter um para correr comigo. Mas, minha
mãe tem alergia ao pêlo dos animais, então, nunca nos deixou ter nem gato, ou cachorro.
AC/DC toca bem alto no alto falante, me dando ainda mais pique para correr conforme as
batidas.
Meu celular toca em meu bolso, e uso o botão do fone para atender.
— Alô — digo.
— Logan, cara. E aí — É Andrew — queria saber como foi ontem.
Maria fifi.
— Foi tranquilo o jantar. Até que o cara não era tão ruim, mas...
Sempre tem um porém.
— O quê? Não vai me dizer que tu não se segurou e bateu nele?
Bem longe disso.
— Não, mas eu andei olhando as coisas dele, e achei algo bem estranho no meio, tirei
algumas fotos, você que entende bem mais disso do que eu, poderia dar uma olhada?
Ouço suspirar.
— Tudo bem. Onde você está?
— Indo correr no parque, como sempre faço no final de semana.
Ele sabia qual era todo o meu cronograma, só não corria comigo por preguiça mesmo.
— Tem como dar uma passada aqui? Nós podemos olhar isso. Você acha que tem
chances dele estar mentindo sobre aquele dinheiro?
— Não sei, cara. Talvez sim. Mas, e se tiver algo a mais por trás? Eu achei algo tão
estranho, me escondi no escritório dele, e ouvi uma conversa da mãe da Madison com alguém no
telefone.
— Tipo, alguém roubando ele? Você acha que ela pode estar envolvida nisso? Acho que
se isso estivesse acontecendo, ele perceberia, não?
— Talvez — paro de correr, me escorando em um poste para tentar recuperar o fôlego —
achei tanta coisa errada lá, principalmente no valor a mais que estava na planilha que meu pai
havia recebido. Dizia que tinham depositado mais de dez mil dólares. Só que esse dinheiro nunca
apareceu. E em relação a mulher, eu não sei. Seria bom a gente ficar de olho.
— Ou apareceu apenas para ele, e não para vocês.
Não consigo acreditar nisso, mas, depois de tudo o que minha mãe me contou, também
não sei se vejo Oliver como um monstro. O cara pareceu ser gente boa, quando se empolgou
conversando sobre carros. A empresa dele trabalha como fabricante de carros de corrida de
fórmula 1. Eu não queria ter que deixar Andrew, e Jake porém se essa é a única forma de
descobrir tudo o que vem acontecendo lá, eu preciso seguir conforme o planejado.
— Ele me ofereceu um emprego na empresa dele. Na área do meu curso.
— uou — Andy pareceu surpreso — pelo visto, ele gostou de você. E o que disse?
— Eu aceitei. Você sabe que…
— Logan, não se mete nisso — ele me interrompe — Por favor, não faça besteira. Tudo o
que tinha para acontecer, já foi. O dinheiro não vai trazer ele de volta, e nem paz para vocês.
Isso já não era sobre dinheiro, e sim sobre o meu pai.
— Eu sei, e não é sobre isso. E sim sobre poder dormir, sem pensar no quão filho da puta
meu pai foi.
Ele suspira.
— Ok, esteja aqui em dez minutos.
— Tá bom — sorrio mesmo sabendo que ele não pode me ver — obrigado por isso, cara.
Te devo mais uma.
CAPÍTULO 18
Eu quero te foder devagar com as luzes acesas
Você é a única que chama minha atenção
Tipo de sexo do qual você nunca poderia colocar um preço
Lost In The Fire / The Weeknd
— Não sei, não — Andrew diz, compenetrado nos dados da foto que eu tirei — parece
que tem algo bem errado aqui. São números extremamente altos.
— Foi nisso que eu pensei — digo me sentando no sofá à sua frente — você sabe que eu
não queria ter que deixar vocês, certo?
Andrew me fita por alguns segundos.
— Eu sei disso, mas você tem certeza disso? Sabe que meu tio pode...
— Não! Isso é um problema meu, só eu posso resolver, não vou meter vocês nisso. Só
espero que seu tio me desculpe por deixar ele assim.
— Ele te entende, qualquer homem faria qualquer coisa pela honra da sua família. Só não
se mete em encrenca, por favor.
Suspiro, e passo a mão pelo meu cabelo.
— Não vou, prometo. Amanhã eu vou conversar com o Jake.
— Espera mais uma semana pra se resolver de vez, não toma uma decisão assim, ok?
Aliás, hoje tem corrida. Vai levar a Mad junto? — ele levanta, e me entrega o meu celular —
Debby já disse que quer me acompanhar.
— Eu já aceitei a vaga de emprego, Andy. Sobre a Mad não sei se ela seria capaz de
aguentar um carro há mais de 150km por hora sem vomitar. Melhor ela ficar em terra firme.
— Ela pode te surpreender, viu? Seria bom pra vocês riscarem um item da lista dela.
Andrew sabia de tudo, inclusive que um dos desejos dela era me acompanhar em uma das
corridas, e sentir a mesma adrenalina que eu sinto na hora. Achei até um pouco fofo da parte
dela, uma garota tão anti-social querendo participar um pouco mais do meu mundo. Se ela
soubesse tudo o que eu já li por causa dela também...
Fico olhando meu celular por um tempo, até que decido mandar uma mensagem para ela:
Nunca antes em toda minha vida, havia me imaginado tirar a virgindade de alguém.
Todas as garotas com quem me envolvi antes, tinham nem que fosse um pouco de experiência.
Com ela sempre é diferente, e isso vem fodendo com a minha cabeça. Não só a de baixo, mas a
de cima também.
— Obrigada — ela sorri, e eu sorrio junto só de ver sua felicidade.
— Tá me agradecendo pelo que?
— Por ter feito tudo ser incrível.
Incrível? Nós estamos dentro de um carro, o que pode ter de incrível em transar em um
carro?
— Você só pode estar louca — rio — a gente transou dentro de um carro. A primeira vez
sempre precisa ser um local mais aberto, onde não doa tanto pra vocês.
— Eu não me importo com o local, e sim com a pessoa. Por isso eu digo: foi perfeito pra
mim.
— Fico feliz com isso. Estava com medo de te machucar.
— Você não me machucou, passou bem longe disso. Eu amei, foi melhor do que eu
esperava.
Sorrio, e dou um selinho nela.
— Não está dolorida? A gente precisa ir logo, antes que o Andrew coloque o pessoal todo
da corrida atrás de nós.
Ela balança a cabeça negativamente, começa a se ajeitar, saindo de cima de mim, e indo
para o banco do passageiro.
Ergo minha cueca, e a calça. Arrumo o cinto, e coloco o banco no lugar novamente, da
mesma forma que estava antes.
— Preparada? — olho para ela. Madison balança a cabeça.
— Espero que a Debby não note nada.
Rio.
— Você está com uma carinha de quem acabou de ser fodida, acho bem difícil ela não
reparar — solto uma piscadela para ela.
Mad fica toda vermelha de vergonha.
— Sexo é algo comum — ligo o carro — você lê tanta putaria. Como pode ainda se sentir
envergonhada?
— Tem uma diferença entre os livros e a vida real. Você ler sobre, e fazer são duas
realidades bem diferentes. Eu achei que iria esguichar que nem elas.
Quase me engasgo na hora com a sua sinceridade.
— Eu... — porra, o que eu vou falar? Faltou estímulo?
Ela ri da minha cara.
— Eu estou brincando, sei que não é assim que acontece. Não sou tão inocente assim.
Isso eu sei muito bem. Na próxima vez, ela vai sair com a carinha toda marcada da minha
cama, e eu sei que não vai demorar muito a se repetir.
— A gente saiu muito do caminho? — ela diz, olhando pela janela.
— Não, foi só um pouco. Não queria que ninguém visse a gente transando.
— Você perdeu. Não vai ficar bravo por isso?
Sorrio.
— Não. Seja quem for que ganhou, merecia sentir o gostinho da vitória. Eu ganhei muito
mais que eles hoje — desvio meu olhar da rua, vendo-a com as bochechas ruborizadas.
Madison cora com facilidade, confesso que acho isso adorável.
— Você é um amor, quando quer ser, sabia?
Rio.
— Prefiro que me ache um completo canalha do que um fofo.
— Canalha um pouco também. Principalmente quando me faz pagar mico na frente dos
meus pais.
Revira os olhos.
— Desde quando receber um oral, e uma dedada é sinal de pagar mico? — continuo
atento às ruas.
— É quando parece que estou sendo possuída, quando gozo.
Solto uma gargalhada.
— Você é engraçada.
Ela não me responde, e apenas olha para fora.
Em menos de cinco minutos estamos estacionando atrás do carro de Andy. Desço
primeiro, e ela logo abre a porta também, vindo atrás de mim, seguro sua mão.
Avisto Andrew conversando com alguns caras a alguns metros de onde estamos.
Caminho até ele, não conseguindo reconhecer os caras por estarem de costas para nós.
— Finalmente apareceu o sumido — Andrew diz quando nos avista.
Bato em sua mão.
— Quem ganhou? — indago, ainda sem olhar para os caras.
— Adivinha? O rei aqui. Eu disse que seria o rei em algum momento — diz, se gabando.
— Só ganhou, porque eu não estava correndo, se não teria perdido feio para mim — uma
voz grossa, e conhecida, diz logo atrás de mim — não vai cumprimentar os velhos amigos,
Logan?
Me viro bem devagar, quase parecendo em câmera lenta, e reconheço de cara os homens
que estavam com Andrew.
São eles...
Os filhos da puta que nos deixaram na pior fase.
Aqueles que prometeram que estariam sempre com a gente, independente do que os pais
deles queriam, mas no momento que a corda estava fraca, eles simplesmente soltaram, e nos
deixaram afundar.
Agora, quase cinco anos depois que toda a merda explodiu, eles simplesmente voltam?
Como se nada tivesse acontecido, e um de nós não tivesse morrido.
— O que vocês estão fazendo aqui? — coloco Madison atrás de mim.
— Quem são eles? — ela pergunta só para que eu ouça.
— Ninguém importante — rebato.
Noah, o mais velho dá um passo a frente, ficando cara a cara comigo.
Eu te considerava a porra de um irmão.
— Ninguém importante? Não foi isso que parecia ser há cinco anos atrás — ele diz.
Noah sempre foi o cara mais controlado do grupo, nosso pai. Aquele que sempre nos
acalmava quando as coisas saiam do controle.
— Vocês eram importantes há cinco anos atrás, mas agora não passam de um grande
nada pra gente.
Andrew me segura.
— Cara, calma! Eles voltaram. Finalmente vai ser tudo como era naquela época — ele
parece animado com isso.
Sério mesmo?
— Nada mais vai ser como foi naquela época desde que ele morreu. Será que você nunca
vai entender? — olho para Andrew — eu não quero saber deles aqui. Muito menos tentando
entrar na porra da minha vida. Vocês não têm o direito de estarem aqui — digo, olhando para
cada um dos três — perderam esse direito naquela época.
Seguro mais forte na mão de Madison.
— Ele jamais vai entender que a nossa vida também não foi a melhor coisa do mundo,
depois que fomos embora. A gente não queria que aquilo acontecesse, cara. Mas, aconteceu.
Vida que segue. Você fala como se sua vida continuasse a mesma.
E ela continua, a culpa ainda me corrói cada dia que passa.
— Nada mudou pra mim. Já disse, vocês perderam o direito sobre nós, naquela época.
Não pensem que se voltarem as coisas continuarão daquela forma, porque nada mais é o mesmo
— profiro, me sentindo mal por dentro. Odeio todo esse sentimento, ainda mais eles.
— Viemos aqui por você — Yuki se pronuncia pela primeira vez — ficamos sabendo de
tudo o que aconteceu, e estamos dispostos a te ajudar nisso.
— Sobre o que eles estão falando? — Madison diz, um pouco mais alto dessa vez,
chamando a atenção para si.
— Quem é a garota? — Daniel, o terceiro Judas da história, diz.
— É a namorada dele — é Andrew quem fala dessa vez.
Continuo encarando Noah, que sequer desvia os olhos de Madison.
— Ela está fora do limite pra vocês. Se eu ver qualquer um dos três em cima dela, não vai
sobrar um de vocês pra contar história. E vocês sabem que eu não sou só de ameaçar.
Noah se aproxima mais de mim.
— Isso é o que veremos. Mas, não se preocupe com a sua garota. Ainda respeitamos
aquela lei de limite. Um não mexe com a garota do outro.
Essa é a lei que nós mais respeitávamos na época.
— Mad, você não quer procurar a Debby? Eu logo te encontro.
Madison solta a minha mão.
— Não vai demorar?
— Não, amor. Preciso só acertar umas coisinhas aqui com eles, logo te encontro.
— Não faça nada que vá se arrepender, por favor! — ela diz só para mim ouvir, e se
afasta de onde estamos.
— Já que vieram por mim, então não vão se importar se eu fizer uma coisinha.
O primeiro soco parte de mim, e o que acontece depois é uma confusão sem fim de
punhos, e alguém tentando me puxar.
Que se foda tudo!
CAPÍTULO 21
Apague as luzes, faça-os se calarem
Você é elétrica
Olhos endiabrados me dizendo
Venha e pegue
Scream / Usher
Logan White ama me deixar sem jeito, e eu de alguma forma que ainda estou buscando
entender, consegui deixá-lo sem palavras.
Não sei em que momento aprendi a ser mais direta nas coisas que quero. Se fosse
antigamente, eu estaria com vergonha, mas agora nesse momento, vendo esse homem na minha
frente me sinto muito mais forte, e corajosa. Deve ser o efeito de ter perdido a virgindade
recentemente.
Ele ri.
— Gostei disso. Deveria deixar esse lado aparecer mais vezes — Seus dedos entram e
saem mais rapidamente, quase me tirando de órbita.
Eu estou louca para que outra coisa entre também, mas preciso me conter, e não dar o
braço a torcer. Seguro o gemido que tenta escapar, mordendo a boca, sentindo o gosto
ferruginoso em minha língua.
Acho que exagerei um pouco na força.
Logan observa cada expressão minha. Tento me manter plena enquanto termino de
limpar o ferimento da sua testa, e coloco um band-aid que havia achado perdido na minha bolsa.
Gosto de sair de casa com um kit completo, afinal nunca se sabe quando vai se machucar.
Ouço vozes do outro lado do banheiro, e alguém começa a esmurrar a porta.
— Logan, tá aí? — parece ser um dos garotos novos que estavam com ele antes.
— O que vocês querem, porra? — posso sentir a falta de paciência na sua voz, ele
continua olhando fixamente para mim.
Se ele continuar fazendo isso, não vou aguentar por muito tempo, droga!
— Hum — o cara parece hesitar — então, não conseguimos encontrar a garota ainda. Só
a amiga dela.
Seus dedos continuam se movendo com maestria dentro de mim, cada vez mais rápido,
junto com os estímulos em meu clitóris, me levando a gozar ali mesmo em questão de segundos.
Me seguro nele para não cair.
Eu gozei com os amigos dele do outro lado da porta? Meu Deus, que vergonha.
— Está tudo bem. Daqui a pouco eles vão embora — ele diz no meu ouvido só para que
eu escute.
Depois do efeito do orgasmo passar, minha mente consegue clarear um pouco. Espera;
ele colocou os amigos para irem atrás de mim?
Como sabiam que estaríamos aqui, aliás?
Tantas perguntas.
Ele acaba respondendo o garoto, que ainda espera por uma resposta:
— Eu sei, ela está comigo. Estão dispensados da tarefa de babá.
— Ainda bem que achou ela. Vocês vão embora já?
Logan parece que está prestes a explodir, só pela cara que faz, eu consigo perceber o
quão puto está.
— Eu disse que estão dispensados, porra. Podem ir embora. O que eu vou fazer é um
problema meu.
O cara pigarreia.
— Tudo bem então — não vejo mais sua sombra por debaixo da porta, o que significa
que talvez já tenha ido embora.
Olho para ele.
— Você colocou seus amigos atrás de mim?
Logan se afasta de mim.
— Sim, aqueles caras conseguem ser uns animais quando acontece esse tipo de briga.
Batem em qualquer um que vêem pela frente.
Sorrio, ele fica fofo preocupado comigo.
— Não precisava fazer isso. Eu estava bem com a Debby, ela sabe o que fazer em
situações assim.
— Ainda assim, Maddie, prefiro que fique comigo.
Desço do mármore, e fico atrás dele.
— Isso é fofo, mas ainda assim, ela sabe como nos defender em situações assim.
Logan começa a lavar as mãos, e geme com a dor que deve sentir, a cartilagem da mão
está puro sangue. Não sei se ele não tirou do lugar.
Algo vem à minha mente vendo ele ali. Uma coisa que eu não deveria estar pensando
agora, não dessa forma enquanto ele está machucado, depois de uma briga. Eu deveria parar de
ser tão emocionada.
Mas, meus sentimentos às vezes conseguem me vencer.
— O que nós dois somos? — A pergunta vem sem que eu consiga filtrá-la antes.
O medo dele dizer que não somos nada é grande.
Porque eu tinha que abrir minha boca?
Se arrependimento matasse, a essa hora, eu estaria estaqueada no chão, mortinha.
Logan me olha sobre o ombro.
— O que você quer ser minha? — Ele me olha, e eu consigo ver a intensidade do seu
olhar.
Abaixo a cabeça, não conseguindo sustentar seu olhar.
O que eu quero ser? essa pergunta fica em looping na minha cabeça, o que eu queria ser
infelizmente é algo impossível.
Já li livros demais para saber como os caras se comportam, e com certeza nenhum deles
iriam querer namorar uma garota como eu.
O que eu teria para oferecer?
Sinto os dedos frios e longos de Logan em meu queixo, erguendo-o para que olhe em
seus olhos. Continuo fitando o chão.
— Olha para mim, amor — ele fala de uma forma tão suave, que eu acabo acatando o que
ele me pede.
Me sinto uma garotinha tendo seu primeiro amor.
Uma garotinha boba com zero autoestima.
Nem quando eu tive o meu primeiro amor ainda na escolinha me senti assim, na época eu
nem sabia o que eram as malditas borboletas que eu sentia na boca do estômago sempre que via
o garotinho, achava que estava doente. Hoje em dia eu tenho certeza que estava mesmo.
Afinal o que é o amor mesmo?
Não que eu ame Logan, afinal é cedo demais para isso. Mas, eu sei que sinto algo por ele,
algo que vai muito além da atração.
— O que você quer ser minha, Madison? Preciso que me responda.
Seus olhos escuros perscrutam todo o meu rosto, em busca de alguma resposta.
Será que serei capaz de falar?
Abro a boca para responder, mas nenhum som sai. Nada. Consigo ouvir as batidas dos
nossos corações se misturando.
O silêncio se instaura entre nós.
Ele sobe sua mão até o meu rosto, e passa levemente o polegar na minha bochecha, em
um carinho.
Eu preciso falar algo, qualquer coisa que seja. Porque não consigo abrir a porra da boca?
— Eu quero o que você quiser, amor. Podemos ser qualquer coisa. Basta você me dizer o
que quer.
Sua fala se instaura em meu coração.
Será que ele sente o mesmo por mim?
— Você sente algo por mim? — minha voz é apenas um sopro. Não sei nem se ele foi
capaz de ouvir o que eu disse.
— Você é especial demais, Madison. Como eu seria capaz de não sentir nada por você?
— ele sorri.
Mas...
— Eu pensei que...
— Você foi feita para mim, assim como eu fui feito pra você, amor. Não há nada nesse
mundo que eu queira mais do que nós dois juntos.
Meu coração parece que vai saltar do peito.
— Eu quero ser sua — é a única coisa que eu consigo falar.
Ele sorri, e aproxima a boca da minha.
— Isso você já era bem antes de entrar pelas portas daquela faculdade.
Seus dizeres me lembram da pessoa que me mandou aquele bilhete, lá dizia a mesma
coisa. Não é possível que seja ele…
— O que foi? — ele deve ter percebido a careta que eu fiz.
— Tem alguém me enviando uns bilhetes estranhos.
— Que tipo de bilhete? — ele continua me olhando.
— Falando sobre eu ser dele, umas coisas bem bizarras.
— Você tem uma ideia de quem esteja mandando? — Ele parece bravo?
Se ele está com ciúmes, talvez seja coisa da minha cabeça, certo? Porque ele mandaria
aqueles bilhetes, se me tem aqui.
Nego com a cabeça. Se não é ele, quem é então?
— Não tenho a mínima ideia.
Ele fica pensativo por um tempo.
— Se isso continuar acontecendo, preciso que me conte, ok? vou dar um jeito de
descobrir quem está por trás disso.
Sorrio, ele fica tão bonitinho com ciúmes.
— Você é o único que eu quero.
Logan sorri.
— É bom mesmo. O que nós somos agora?
Sorrio, e dou um selinho nele.
— Namorados.
Um mês depois…
Papai avisou em cima da hora, que hoje teria uma festa aqui em casa.
Ele quer comemorar que fecharam um grande negócio, e todos os sócios dele foram
convidados.
Odeio esse tipo de evento.
— Filha, está pronta? — mamãe indaga entrando em meu quarto, junto com minha irmã
que parece tão entediada quanto eu.
— Porque a gente precisa disso? — ela indaga.
Bia tem apenas seis anos, e é uma criança especial.
É extremamente inteligente, e o amor da minha vida!
— Vai ser rapidinho, querida. Vocês só precisam ser fofas, e mostrar a educação que nós
demos, ok?
Ela anui. Apesar de reclamar, nunca foi de desobedecer.
— Seu namorado vem? — Bia indaga — eu gosto dele.
Sorrio.
— Quem não gosta dele, hein? — me abaixo, e ela coloca seus bracinhos em volta de
mim — eu acho que ele vem. Papai deve ter convidado.
Ela sorri.
— Papai é muito bonzinho.
Sim, ele é mesmo.
— Logan logo deve estar aí — digo, e me levanto, pegando em sua mãozinha.
— Vamos descer, meninas — mamãe diz, e nós a seguimos.
CAPÍTULO 23
Eu não tenho medo de uma faísca
Uma faca gira no pensamento
Que eu deveria ficar aquém da meta
505 / Arctic Monkeys
Chego na festa em trinta minutos. Como sempre, o trânsito atrapalhando a minha vida. Já
me acostumei com isso.
O local está cheio, lá fora vários carros estacionados já demonstravam isso.
O garçom me oferece um copo de whisky, e por mais que eu não goste muito nem do
cheiro, opto por acabar pegando um. Preciso disfarçar, e fingir que estou aqui apenas para me
divertir — e não em busca de algo estranho.
No canto, percebi Conrado — o contador de Oliver — conversando com uma mulher que
parece estar bem sorridente ao seu lado. Não consigo identificar quem é, visto que ela está de
costas para mim. Tomo um gole do líquido âmbar, e sinto-o como se estivesse me rasgando por
dentro. Porém, a ardência em alguns momentos é bem vinda.
— Te achei — Madison diz ao meu lado.
Eu a encaro, e sorrio vendo como minha garota parece uma deusa.
— Desculpa a demora, amor. O trânsito de casa para cá é horrível.
Ela sorri, e me dá um selinho.
— Tudo bem. Está perdoado. A festa estava tão sem graça sem você — faz um biquinho.
Conhecendo ela, sei o quão anti-social consegue ser.
— Só veio para fazer média? — indago.
Ela suspira.
— Sim, papai sempre me pede para descer, e interagir com os sócios dele, quando está
aqui. Sabe como é, festa de empresa é sempre um porre — faz uma careta.
— Bom, era. Agora, eu prometo que será diferente.
Oliver aparece em meu campo de visão, e quando me vê, sorri, e acena para mim.
Madison vai ao meu lado até ele.
— Garoto, que bom que veio — estende a mão para mim.
Aperto sua mão.
— Senhor. Desculpa o atraso, acabei pegando um trânsito horrível.
— Não se preocupe com isso. O importante é que está aqui — ele sorri — seu namorado
é incrível no trabalho manual — diz olhando Madison.
Ela me abraça.
— Fico feliz que estejam se dando bem. Não sabem como era tudo o que eu queria.
Um senhor muito bem vestido para ao lado de Oliver, e diz:
— Oliver, tem um tempinho? Preciso falar com você.
— Claro. Antônio, esses são Logan, e minha filha Madison — o cara aperta minha mão, e
dá um beijo na de Madison, que parece desconfortável, nos comprimentando.
— É um prazer conhecer vocês — o velhote diz.
— Logan é meu genro, e trabalha comigo também, vejo nele um futuro promissor no que
faz — diz sorrindo — Bom, crianças se me derem licença. Aproveite bem a festa, Logan. Nos
vemos amanhã — Oliver diz, e some ao lado do cara.
Ele parece ser alguém importante.
— Que bom que meu pai gostou de você. Eu sabia que iriam se dar bem — Madison diz,
parecendo feliz.
Isso me deixa feliz também. Gosto de ver minha garota assim. E o cara — apesar de eu
ainda continuar investigando sua vida — não parece ser alguém tão ruim. Porém, ainda não
consigo tirar da cabeça aquilo que minha mãe disse, dele simplesmente ter pago a dívida do meu
pai sem mais nem menos. E se fosse uma forma de mantê-lo quieto em relação a algo também?
Várias coisas rondam minha mente, e nenhuma faz o mínimo sentido.
— Sua felicidade é a minha também — sorrio, e ela me abraça mais forte.
Disfarço, e pelo canto do olho, vejo a hora que Conrado some, e o encontro subindo as
escadas com a tal mulher.
Ainda não consegui ver o seu rosto. Isso me frustra.
— Amor, eu preciso ir ao banheiro. Você me espera aqui?
— Claro. Já sabe o caminho, né?
— Sim. Não se preocupe — beijo-a, e logo saio caminhando pela pequena multidão de
pessoas conversando que tem na sala. Subo as escadas, e vejo quando a porta do último quarto se
fecha.
Foi para lá que eles foram. Ótimo!
Bem no escritório de Oliver.
Será que…?
Não vi em lugar algum a mãe de Madison. Não sei se ela veio para a festa — o que é
óbvio que deve estar aqui, visto que é em sua casa — porém, o estranho foi realmente eu não tê-
la visto.
Me aproximo da última porta, e abro só uma frestinha dela, espiando.
— Porra, que saudade eu tava de você — ele diz, beijando a mulher, que ainda não ficou
de frente para mim.
Vira logo, caralho!
Ela continua de costas, e ele abre a parte de trás do vestido dela, deixando-a nua. A
mulher se vira, e eu consigo ver o rosto.
É a porra da mãe da Madison.
Que caralho está acontecendo?
Ela vem traindo o marido bem na frente dele quase?
Como ele não viu ela de papo com outro cara?
E o pior, como não viram ela subindo com ele?
Tantas perguntas, e nenhuma resposta.
Isso só mostra uma coisa, ela deve estar junto com ele, caso esteja aprontando algo. Eu
apenas preciso descobrir o que é.
E o principal se tem haver com a morte do meu pai, fazê-los sangrar, assim como fizeram
com a minha família.
Algumas semanas depois…
— Você não vai com essa roupa não — Debby diz fazendo uma careta para o meu
vestidinho florido — você está indo para um show de rock, não um convento.
Ela odiou todos os vestidos que eu coloquei até agora.
— Que roupa eu deveria pôr então? — indago me sentindo irritada.
Eu não tenho roupas para ir ao show, e hoje não deu tempo de sair para o shopping, fiquei
o dia todo estudando para as provas que estão vindo. Em épocas assim, eu sempre me sinto bem
mais irritada.
— Roupas de couro. Para a sua sorte, eu trouxe algumas. Sabia do seu mau gosto.
Faço uma careta, me olhando no espelho.
— Às vezes, eu acho que você me odeia.
Ela ri.
— Odeio o seu mau gosto para roupas. Parece uma freira com esses vestidos longos.
Garota, você é desvirginada agora, precisa se vestir como tal.
— Que porra é isso?
Ela dá de ombros.
— Ouvi essa palavra esses dias, e achei interessante. Mas, chega de conversa, daqui a
pouco você está atrasada, e eu não quero ouvir o seu namorado no meu ouvido.
Falando nisso...
— Eu não te vi mais com o Andrew, o que aconteceu entre vocês dois?
Ela suspira, e tira algumas roupas da bolsa. Ergo uma sobrancelha, é sério que ela quer eu
vista isso?
Não que eu seja puritana, tenho algumas roupas que são mais curtas, saias, outras coisas
um pouco mais apertadas, e curtas. Mas as roupas que ela tirou da bolsa, parecem extremamente
apertadas, não sei nem se vão me servir.
— Você sabe que vai ter uma criança junto, né? — ela me olha, e ri.
— A menina tem dezesseis anos, Madison. Não é mais uma criança. Para de ser
dramática. E respondendo a sua pergunta, não temos mais nada, por isso. Ele fez as escolhas
dele, e eu as minhas.
— Foi sobre ele não querer algo sério?
— Não nasci para mendigar sentimentos, Mad. Muito menos tentar competir com alguém
que nem aqui está, mas não sai da cabeça dele. Eu estou bem com isso.
Debby odeia demonstrar sentimentos, sempre prefere fingir que está bem, mesmo que
esteja doendo. Mas, tem algo que eu admiro nela, o fato dela não se deixar rebaixar por nada. Ela
viu sua mãe sendo assim a vida toda com o pai, então preferiu ser totalmente o oposto, alguém
que não se deixa levar pelo amor.
— Amiga, se você quiser eu...
— Nem pensar. Vamos te deixar uma gata. Eu estou bem já te disse, prefiro não falar
mais sobre isso também. Já passou.
Ela tem razão.
— Operação Mad gata. Bora lá.
Cara, eu amo essa menina.
Duas horas depois estou com tudo pronto. Maquiagem, roupa, cabelo, e a unha também
feita. Até isso Debby quis fazer, ela disse que era a forma dela manter a mente ocupada com
algo.
— Você está uma gata, se o Logan não quiser, eu quero.
Rio da sua fala.
— Eu gostei do meu cabelo, ele ficou bonito assim — digo, me olhando no espelho.
Debby tem talento para essas coisas. A maquiagem ficou perfeita, mesmo sabendo que
tudo pode derreter lá.
As unhas pretas apenas complementam o look da blusa de couro, e a saia — que está
bastante apertada, aliás. Quase achei que não entraria nela.
Logan disse que passaria aqui às cinco e meia. Olho para o horário no celular, e constato
que ainda faltam seis minutos para ele chegar. Aproveito para passar o gloss que estava faltando.
Alguém buzina lá fora, e Debby vai até lá olhar, constatando que é Logan chegou.
— Ele chegou.
Anuo, e pego minhas coisas. Coloco o celular na bolsa, e nós caminhamos até lá embaixo
juntas.
— Tem certeza que não quer ir junto? A gente compra o ingresso lá na hora.
Ela nega com a cabeça.
— Não! É um momento seu com eles. Eu tô tão feliz que você finalmente tirou as teias.
Seu humor até melhorou — ela diz, e eu caio na gargalhada, batendo nela em seguida.
— Você é horrível. Se minha mãe escutar, eu juro que te jogo no meio dos leões.
— Não teria coragem de fazer isso.
Sorrio.
— Não duvide de mim.
Logan buzina de novo, e eu me despeço de Debby.
— Quero saber de tudo depois que você chegar. Pode me mandar mensagem contando
até as coisas mais sórdidas.
— Eu te odeio, sabia?
Ela me joga um beijo.
— E eu te amo, gatinha.
Balanço a cabeça negativamente.
Ele parece paralisado quando me vê caminhando até o carro, sorrio. Era isso o que a
gente queria.
Me encaminho até onde Logan está estacionado, entrando no carro logo em seguida.
Ela ainda parece boquiaberto quando me olha ao seu lado.
Dou um selinho nele.
— Fecha a boca porque está dando para ver a baba daqui — Emily diz do banco de trás.
Isso me causa uma crise de riso.
— Oi, Emi — sorrio para ela.
— Oi, Mad. Fiquei feliz quando meu irmão disse que você aceitou ir com a gente.
— Como eu poderia dizer não a vocês? Não sabia que era fã de rock.
Ela dá de ombros.
— Eles são os melhores. Por isso, tenho um crush enorme pelo guitarrista deles, uma
pena que ele é quase casado — faz um beicinho.
— Ainda bem que ele é — Logan diz parecendo recuperado já.
O carro finalmente começa a andar.
— Eu vou devagar, ok? Nunca corro quando a Emi está junto.
— Odeio quando me trata como criança — ela diz, respondendo ao irmão.
— Uma pena, né? você ainda é uma criança, Emily.
— Tenho dezesseis anos.
— Poderia ter cinquenta, ainda assim continua sendo uma criança.
Ela bufa.
— Eu queria ir te ver correr. Se a Mad vai, porque não posso ir também? Fico com ela lá.
Ele continua concentrado na estrada.
— Lá não é lugar para você. Por isso. Ainda é nova demais para ir comigo, e eu não
posso cuidar de você lá.
— Nem precisa.
— Eu disse que não, Emi.
Ela para de falar na mesma hora. Parece respeitar o irmão. Acho fofo a forma como ele se
preocupa com ela. Parece muito mais como um pai.
Um tempo depois chegamos ao local do show, e o estádio parecia lotado. Eles realmente
devem ser muito bons no que fazem.
— Amor, você pode por meu celular em sua bolsa? Aqui é bem perigoso passar alguém e
roubar — Logan diz, me entregando o aparelho, e eu o coloco em minha bolsa.
Descemos do carro, é uma Emily eufórica sai correndo em nossa frente, parando ao lado
de uma garota ruiva, parece ser sua amiga, pela forma animada que as duas conversam.
Logan entrelaça seus dedos nos meus, e eu sorrio para ele. Caminhamos lado a lado até
onde as garotas estão.
— Eu gosto disso — ele diz do nada.
— O que? — olho para ele.
— A forma como ela está feliz. Quando a merda toda estourou, eu prometi a mim mesmo
que cuidaria dela, e da minha mãe. Não importava o que acontecesse. Elas sempre seriam minhas
prioridades.
Aperto sua mão.
— Você está fazendo um ótimo trabalho. Emily parece feliz — sorrio olhando a garota
com a amiga.
— Eu não sei — é a única coisa que ele diz.
Uma hora depois o show finalmente começou, e eu me senti uma garotinha novamente de
catorze anos tendo uma paixonite boba pelo guitarrista da banda. Emily não estava brincando
quando dizia que o cara era gato.
Ele realmente é. E tipo, pra caralho mesmo!
As tatuagens, e a pose de badboy deixam qualquer pessoa louca. Independente do sexo.
— Acho que eu fiz errado em trazer você para cá — Logan diz em meu ouvido.
Rio.
— Fez mais do que certo, a música deles vicia. Sua irmã estava certa em tudo o que
disse.
— Assim eu fico com ciúmes.
— Eu…
O celular de Logan começa a vibrar em minha bolsa.
— Acho que o seu celular está tocando — digo a ele.
Acabei deixando o meu em casa, então sim, só pode ser o dele.
— Será que é minha mãe? Ela não parecia muito bem quando eu saí de casa — sinto a
preocupação em sua voz.
Abro o zíper da bolsa, pego o celular nas mãos. Porém, quando eu faço esse movimento,
a tela se acende, e eu acabo vendo um pedaço da mensagem.
Noah:
Será que dá pra ler a porra da mensagem? Descobri algo sobre o Oliver. Não sei se te
interessa, porém…
Infelizmente não consigo ver o resto, mas a curiosidade me pega.
Porque eles estavam falando algo sobre o meu pai? E pior, o que poderia ter descoberto?
Me viro ficando frente a frente com ele, e taco o telefone em seu peito.
— Que porra é essa, Logan? Porque você está investigando algo sobre o meu pai?
Logan parece sem saber o que falar. Abre, e fecha a boca várias vezes.
— Amor, eu…
O celular toca novamente.
Mais uma mensagem.
— Desbloqueie agora!
Ele pega o celular, e faz o que eu peço, fico olhando tudo o que ele faz ali.
— Sobe, quero ver tudo o que tem aí.
Ele faz o que eu peço.
Tudo o que eu leio, simplesmente me desmontam.
Porque?
Ele simplesmente quis se aproximar de mim só para chegar ao meu pai?
Eu sou o que? Um simples nada?
Sempre soube que amar alguém como eu, talvez não fosse tão fácil. Afinal, o que de
interessante eu teria para dar a ele?
Logan White me destruiu de todas as maneiras possíveis.
As lágrimas descem pelo meu rosto, e eu não consigo me segurar mais.
— Madison, preciso que entenda que tudo isso foi antes dos momentos que tivemos. Eu
não quero mais te machucar. Eu juro.
Não consigo acreditar nele.
Movida pela adrenalina bato com força em seu rosto. Ele não se move, continua ali,
parado em minha frente.
— Eu não acredito em uma palavra que sai da sua boca.
É a única coisa que eu digo antes de sair da sua frente, e passo pela multidão. Me
sentindo abraçada pelo vento que bate em meu rosto quando saio para fora.
De mim, ele não terá mais nada.
CAPÍTULO 24
Amor, por favor acredite em mim
Eu vou fazer você passar por um inferno
Só por me conhecer, sim, sim
Greedy / Tate McRae
Destruída.
Quebrada.
É assim que estou nesse exato momento, me sentindo sem chão ainda. Mesmo depois de
uma semana do ocorrido, ainda me sinto completamente quebrada por dentro. É uma dor
horrível, algo que eu não desejo nem para o meu pior inimigo.
Ver ele de longe, cuidando cada passo meu, dói como a porra do inferno.
Logan White, o homem que me fez descobrir o amor, também foi aquele que me fez
descobrir a dor de um coração quebrado. Ele me destruiu de incontáveis maneiras, e eu o odeio,
na mesma medida que o amo ainda. Essa merda confunde totalmente a minha cabeça.
Eu deveria apenas odiá-lo, mas não consigo. Meu coração ainda é bobo, e bate por ele.
A porta se abre de supetão, e uma Debby furiosa entra por ela, me fazendo pular com o
impacto da madeira na parede.
— Levanta daí agora, se não eu vou te bater — Debby diz me dando um susto.
Seco meu rosto com o dorso da mão, e me sento na cama.
— Como você aparece aqui sem nem me avisar?
Ela ri.
— Nunca precisei te avisar para chegar aqui, não vai ser agora que eu vou fazer isso.
Suspiro, e volto a deitar.
— Quase me matou do coração.
— Que bom. Sinal que ele está trabalhando direito ainda. Levanta, bora! A gente tem um
lugar para ir hoje.
Coloco o travesseiro na cara.
— Não quero sair. Ninguém me tira daqui.
Sinto a cama se mexendo, e um peso em cima de mim.
— Não adianta você apenas fingir que superou ele na faculdade, garota! Precisa fazer
isso de verdade, até acreditar. E eu tenho um plano.
No dia que a merda aconteceu, eu liguei para Debby, e ela veio correndo até a minha
casa, passamos horas vendo filmes, lendo — no caso, ela só fez isso para tentar dispersar um
pouco a minha mente — e logo após, veio me dizer que eu deveria ignorar a existência dele lá,
fazer novas amizades, conversar com outras pessoas, mostrar que eu estava bem. É isso que eu
venho fazendo nesses setes dias. Logan tentou várias vezes conversar comigo, mas eu
simplesmente fingia que ele não estava ali, e saia de perto sempre. Por mais que me doesse fazer
aquilo.
Confesso que saber um pouco da história dele mexeu comigo. Não deve ser fácil ter um
pai drogado. Mas, saber que ele me usou, e que quer meu pai na cadeia, me deixou puta da vida.
Eu tenho certeza que ele não tem nada haver com isso, e se precisar provar, eu irei.
O foda de tudo isso, é que eu acreditei quando ele disse que me amava, os olhos nunca
mentem, e eu consegui ver isso em seu olhar. Mas, nada me faz voltar atrás.
Debby retira o travesseiro da minha cabeça, e me encara.
— Reage, garota! Nós vamos por ele no seu devido lugar hoje. Se arruma, eu te espero lá
embaixo.
Ela nem me espera retrucar, apenas sai de cima de mim, e desce.
Eu encaro o teto por uns segundos, me perguntando se deveria ouvir ela. A resposta para
isso é um grande: Não. Mas, eu sei que ela jamais me colocaria em uma enrascada.
Simplesmente estamos na rua em que acontecem as corridas. Eu juro que quero entender
o que se passa na cabeça da Débora. Ela me odeia, e eu não duvido disso.
— Eu posso saber o que nós estamos fazendo na área dele?
Ela me olha, e eu consigo ver a perversão em seu olhar.
Isso não é nada bom.
— Debby, o que você está aprontando?
Seu sorriso se abre de orelha a orelha.
— Um amigo meu vem aí, e ele vai me emprestar a moto dele. Você veio ver sua amiga
correr.
Arregalo os olhos.
— Que porra você pensa que está fazendo? e desde quando você anda de moto? — ergo
uma sobrancelha.
— O imprestável do meu pai me ensinou. Alguma coisa boa deveria sair dele.
— Debby, você não vai fazer isso. É perigoso.
Ela segura os meus ombros com as duas mãos.
— Você iria parar de pirar, lembra? prometeu que seria outra mulher a partir daquele dia,
isso serve para todos os âmbitos da sua vida, não só em relação a ele.
Suspiro.
— Eu não consigo parar de ficar preocupada. E se acontece algo contigo? você é doida.
Ela sorri.
— Ele vai ver o quão louca eu posso ser, quando a gente correr. Vou deixar aquele garoto
comendo poeira. Não se preocupe comigo, eu sei me virar. Meu amigo vai ficar aqui com você,
mas, fique tranquila, ele gosta da mesma coisa que você — ela pisca para mim.
Isso me deixa um pouco mais aliviada, homens héteros me dão um pouquinho de
preguiça, ainda mais quando falam demais, ou tentam dar em cima de mim. Fora que, isso pode
ser interessante.
O tal amigo da Debby chega um tempo depois, e a gente fica conversando por um tempo,
enquanto ela se prepara para a corrida. Logan já chegou junto com os outros garotos há um
tempo, e seus olhos não saem de cima de mim, desde que me viu aqui. Pelo seu olhar assassino
para cima do pobre garoto já imagino o que se deve passar em sua cabeça. Tenho pena dele. Pela
minha amiga Leah — uma garota nova que conheci na faculdade — descobri que o doido
ameaçou todos os garotos do time que se aproximaram de mim naquela semana, e até bateu em
um. Isso deveria me causar um certo receio dele? sim, mas eu só sinto outras coisas. Meu Deus,
eu tenho algum problema, não é possível.
Meus hormônios entram em ebulição em ver ele assim, e isso não deveria acontecer. Eu
preciso parar de ler dark romance urgentemente!
Continuo tentando não olhar muito para ele, por mais difícil que seja, preciso me
controlar.
Ele não tem controle nenhum sobre mim.
Não mais.
Nunca mais.
Ele parece ainda mais gostoso depois de tudo, que merda. Porra, se controla, Madison.
Logan é um canalha, desgraçado isso sim.
Um canalha gostoso.
— Você está bem? — o garoto diz, parecendo preocupado — está um pouco vermelha.
Ah, meu Deus! malditas bochechas coradas.
— Sim, eu só... — pigarreio, tentando desnublar a minha cabeça — tá muito calor, né?
Acho que é isso.
Ele ergue uma sobrancelha.
— É isso mesmo? ou é por causa daquele garoto que não para de olhar para cá? — ele
aponta para Logan com a cabeça.
— Não sei do que você está falando — me faço de desentendida.
Ele ri.
— Se eu estivesse no seu lugar, estaria assim também. Ele é o tal Logan que a Debby
quer vencer?
Suspiro, e balanço com a cabeça. A fofoqueira contou tudo para ele.
— Sim, meu ex-namorado.
Ele assobia.
— Ele parece estar com ódio mesmo. Mas, eu não tenho medo dele.
Rio.
— Deveria estar, ele é doido.
— Já enfrentei piores. Ser gay não é fácil. Fui obrigado a aprender a lutar para conseguir
me defender dos valentões.
Deve ser horrível passar por isso.
— Eu sinto muito por isso.
Ele nega com a cabeça.
— Está tudo bem. Se ele vier para cima de mim, eu vou saber me defender.
Sorrio.
— Fico feliz por isso, não quero acabar com ninguém no hospital.
Alguém começa a falar em um microfone, e todo mundo começa a andar até o seu
respectivo carro.
Debby caminha até nós.
— Já viraram amigos? Isso é ótimo! Cuida dela enquanto eu estou lá.
Ela nem nos deixa falar nada, e some voltando até a moto. Daqui onde estou não consigo
ver ela, nem Logan. Tem muito carro na nossa frente. Debby é a única louca que decidiu
enfrentar os carros equipados de moto.
Se algo der errado...
— Ela sabe o que está fazendo, não se preocupe — ele diz, e sorri.
Eu espero mesmo que saiba.
Ela venceu.
Sim, minha melhor amiga venceu os carros equipados, e principalmente o Logan.
Ele chegou logo após ela, por décimos de diferença, e parecia puto da vida.
Confesso que isso me fez abrir um sorrisinho. Ver a cara dele quando descobriu que
perdeu para uma garota, foi impagável.
Eu amo essa garota de uma forma...
Ela é a minha alma gêmea. Puta merda!
Para comemorar que ela ganhou, resolvemos vir para uma festa que eles dedicavam ao
vencedor da corrida. Dessa vez bem longe da universidade, mas em um galpão.
Estou tomando o terceiro copo de cerveja já. Isso leva mais tempo para me deixar bêbada
pelo menos.
O amigo da Debby não conseguiu vir junto, teve uma emergência em casa. Ele era legal,
seria bom se estivesse aqui.
Logan, e os garotos como sempre vieram para a festa, só não sei se foi para beberem, ou
me vigiarem, visto que ele parece um gavião em cima de mim. Ainda não tentou se aproximar,
me dando um pouco de espaço. Pelo menos isso.
— Não vai dançar? — Debby indaga, parecendo estar entediada ao meu lado.
— Você sabe que eu não danço — respondo um pouco mais alto por causa da música.
— Garota, ele não para de te olhar. Faz alguma loucura, pelo amor de Deus. Beija
alguém, dança, faz alguma coisa!
Rio da sua fala.
— Eu prefiro não provocar a fera.
— Eu juro que se você não for para aquela pista, eu vou te levar a força para lá.
Dou mais um gole na bebida.
— Essa roupa curta que você me fez usar, não foi o suficiente já?
Ela nega com a cabeça.
— Claro que não. Você precisa mostrar o que perdeu. Não vai ser ignorando, que isso vai
acontecer.
Suspiro. Ela tem razão.
— Eu não sei dançar.
Ela me puxa até a pequena pista improvisada.
— Apenas segue o ritmo da música.
Faço o que ela diz, e esvazio o meu copo, enquanto balanço os meus quadris junto com
Debby. Apenas repito tudo o que faz, um pouco desengonçada, me divertindo junto. Nós rimos
sempre que eu erro algum passo.
Debby sai logo depois me deixando ali, sozinha.
Ainda consigo sentir os olhares de Logan em minhas costas. O ritmo da música muda
para uma música do The Weeknd ao qual ainda não consegui me lembrar o nome. Meu cérebro
nesse momento parece ter dado uma desligada.
Balanço os quadris no ritmo da música, passando a mão pelo meu corpo. Neste momento
não existe mais nada, nem ninguém além de nós dois. Sei que ele deve estar observando cada
movimento meu. Sinto o suor escorrendo pelas minhas costas, e logo alguém gruda atrás de mim,
mas pelo perfume desconhecido, duvido que seja Logan.
— Caralho, você é uma visão e tanto, gata. Queria você dançando assim em cima de
mim.
No bolso do short, meu celular vibra e eu o pego vendo uma mensagem ali do Logan.
Logan:
Saía de perto dele.
Eu:
Você não manda em mim.
Logan:
Eu avisei
O que ele quis dizer com aquilo?
Não demora muito para que eu descubra. Sinto minhas costas vazias antes mesmo de eu
conseguir proferir alguma palavra, e ouço um baque surdo no chão, como se algo — ou melhor
alguém — tivesse caído.
Umas garotas começam a gritar, e eu já sei o motivo, Logan está em cima dele, o batendo
sem parar, eu apenas ouço o eco de seu punho na cara do garoto. Toda a festa parou, até a música
por causa dessa confusão.
Que eu causei. Que merda!
Tomo coragem, e me viro devagar, vendo um monte de sangue no chão, e Logan em
cima do garoto desconhecido, agora não tão desconhecido assim, pois, consigo reconhecer o
capitão do time de futebol ali.
— Nunca mais toque a porra dessa sua mão suja na minha garota — é o que ele diz,
depois que os amigos conseguem conter ele, e tira-lo de cima do garoto desacordado. Os amigos
do capítulo, que também são do time de futebol, ficam na sua volta, um até tenta fazer algo com
Logan, mas o quarteto de amigos dele está ali, pelo visto pronto para tudo.
Até se meter em briga por ele.
Eu deveria ter medo dele? sim, mas, tem algo de muito errado comigo. Então, apenas
para me conter saio dali, e subo correndo uma escada onde fica os banheiros. Encontro ele vazio
por sorte, e adentro o pequeno ambiente.
Preciso me manter longe de mais confusão.
Cadê a Debby nessas horas?
A porta se abre logo depois, e ali está ele, o causador de toda a minha dor, bem na minha
frente, com a mão toda estourada.
— Acho que nós precisamos conversar. Você precisa entender de uma vez por todas algo
que pelo visto ainda não entrou nessa sua cabeça teimosa.
CAPÍTULO 26
Você é venenosa e eu sei que essa é a verdade
Todos os meus amigos acham que você é traiçoeira
I Feel Like I'm Drowning / Two Feet
— O que está fazendo aqui? Não deveria estar lá com os seus amigos? — É a primeira
coisa que Madison diz, assim que fecho a porta atrás de mim.
Ela vai cada vez mais para trás, como se estivesse tentando fugir de mim.
Sorrio. Eu ainda tenho poder sobre ela.
— Já disse. Vim te lembrar uma coisa. Que você continua sendo minha. Não quero
ninguém se aproximando de você.
Madison ri. É a única coisa que ela faz. Ri a ponto de gargalhar.
— Eu não sou uma propriedade. Muito menos sua.
Me aproximo mais dela.
— Não é o que o seu corpo diz. Aposto que se eu colocar a mão na sua boceta agora
encontrarei ela molhada. Quer testar?
Madison abre a boca, e fecha algumas vezes, sem conseguir proferir uma palavra. Porém,
segundos depois ela fica vermelha, parecendo estar com raiva.
— Você acha mesmo que tem algum poder sobre mim? Jamais — parece corajosa,
quando começa a se aproximar de mim — você fodeu com tudo, Logan. E eu nunca mais vou ter
nada com você.
Sorrio, e levanto minha mão, alcançando o seu pescoço, puxando-a para mim, segurando-
o com um pouco de força, mas não o suficiente para que ela não respire.
Eu sei que ela gosta disso, só pela forma como sua pupila se dilata.
— Isso é o que veremos, amor. Será mesmo que não quer ser fodida? Não é o que parece.
— Você...
Não a deixo terminar de falar, beijo-a com veracidade, e desespero. Sua língua se
encontra com a minha, e eu exploro cada canto da sua boca.
Porra, eu sou louco por essa garota.
Ela se segura em mim, e eu a empurro até a parede mais próxima, prensando-a.
— Porra, que saudade eu estava de você.
— Para de ser sentimental, e apenas me fode. Você não veio aqui para falar de
sentimentos, e eu não estou com paciência pra isso.
Essa garota ainda vai me matar.
Ela enrosca sua perna em minha cintura, e eu seguro-a em meu colo, apertando a sua
bunda com força, fazendo-a gemer.
— Eu vim aqui te provar que é minha. Que é por mim que seu corpo grita. Você não quer
outros paus dentro de você não é? Quer o meu. Sente saudades dele? Eu estou louco para me
enterrar dentro dessa sua boceta gostosa — digo em seu ouvido, e mordo a ponta dele.
Ela parece sem força para ir contra mim. E eu confesso que amo isso.
Beijo cada parte do corpo dela amostra, começando pelo pescoço, deixo um chupão no
processo. Quero que ela se lembre que eu estive dentro da sua boceta nesse banheiro. Sei que ela
ficará com raiva mas eu não estou nem aí.
— Por favor, me fode logo — é a única coisa que ela consegue dizer.
Eu quero aproveitar cada segundo do meu tempo com ela aqui. Deixá-la desesperada,
implorando pelo meu pau dentro dela.
— Não, amor. Eu quero te ver gritando meu nome antes, desesperada por mim. Não
quero que acabe tão cedo.
— Eu tenho outras coisas para fazer...
Sorrio.
— Isso pode esperar. Quero te mostrar que te amo, cultivando o seu corpo.
Ela suspira, parecendo impaciente.
— Pelo amor de Deus, não diz mais isso. Não quero discutir os seus sentimentos. Você
está aqui para me foder, é a única coisa que vai ter de mim.
Olho para ela.
— Isso é o que veremos até o fim.
Consigo ver a decisão em seus olhos. Ela parece estar irredutível em relação a mim, e não
é nada bom.
— O que mais você quer? — indago.
— De você? Nada.
Puta merda, é estranho você ficar com tesão sendo rejeitado pela garota que ama? É, eu
sou estranho pra caralho.
— Você não sabe o que está falando.
— Será que não? Eu sei o que eu quero, e eu não quero você. Espero que entenda isso.
— Será que irá falar isso depois de sair daqui de pernas bambas?
Ela me dá um selinho, e arranha a minha nuca.
— Você nunca me deixou assim. Duvido muito que consiga.
Ela está duvidando da minha capacidade? É o que veremos então.
Solto-a no chão, virando-a de frente para um espelho que tem ali na pia do banheiro.
— Quero que se veja sendo fodida por mim. O quão linda você fica enquanto eu meto
meu pau na sua boceta.
Ela morde os lábios olhando em meus olhos.
— Mostre todo o seu potencial. Você não disse que é o fodão? Então, eu quero ver.
Ergo sua saia até o topo, deixando sua calcinha, e a bunda amostras. Ainda está um pouco
vermelha do aperto que dei antes. Isso me faz sorrir. Ela é branca, sua pele fica marcada com
facilidade.
Meu pau está tão duro na cueca, que está dolorido, louco para ser liberto. O coitado não
vê uma boceta há dias, minha última transa foi com Madison.
Ela é a única que eu quero ter no meu carro, e na minha cama.
Dou um tapa forte em sua bunda, ela geme, e empina ainda mais para mim. Sei que a
safada gosta dessas coisas. Há um tempo nós estávamos tentando coisas um pouco diferentes, e
ela havia amado, transar com um pouco mais de força. Mas, é claro que eu nunca tinha sido
muito bruto com ela, por medo de machucá-la.
Coloco sua calcinha um pouco para o lado, e introduzo dois dedos dentro dela. Madison,
geme, e se abaixa, segurando-se na pia para não cair.
— Eu mandei ficar olhando para o espelho, amor. Não quero que perca nada — ela faz o
que eu peço.
Mexo devagar meus dedos dentro dela, em movimentos de vai e vem, aos poucos
aumento a velocidade. Ela morde os lábios.
Sinto-a cada vez mais molhada, com isso meus dedos se movimentam cada vez mais com
facilidade. Ela geme, e joga a cabeça para trás.
— Meu Deus! — sussurra.
— Ele não está aqui, amor. Mas, eu estou. Nada nessa vida me faz desistir de você —
mordo seu pescoço.
— Eu tô quase lá...
— Não quero que goze ainda.
— O quê?
Retiro os meus dedos de dentro dela, e a vira de frente para mim, me abaixo ficando
agachado em sua frente, e coloco uma de suas pernas em meu ombro. Seu cheiro me atinge em
cheio, e minha boca saliva, louca para sentir o seu gosto.
Caio de boca em sua boceta, chupando-a com voracidade. Ela geme, e se esfrega em
minha cara, louca para gozar. Sinto meu couro cabeludo doendo com a força que Madison puxa.
— Porra, isso é gostoso pra caralho — é o que ela diz.
Sorrio.
— Você é gostosa pra caralho!
Voltando a chupá-la com ainda mais vontade.
— Eu vou gozar. Puta merda!
E com isso ela goza em minha boca. Seu gosto doce me vicia. Ela é a nicotina que me
faltava.
Continuo chupando-a até que seu corpo se acalme, e ela pare de tremer.
Fixo meu olhar em seu rosto. Ela está linda pra caralho com os olhos brilhando, a
bochecha corada, e os cabelos desarrumados.
Porra, ela ainda vai me enlouquecer.
Me levanto, ficando em sua frente. Madison me empurra contra a pia, e tira o meu cinto
com destreza, e rapidez, parecendo desesperada por mim.
— Quero deixar algo para você lembrar de mim também — é o que ela diz antes de puxar
a minha cueca, e colocar todo o meu pau em sua boca.
Juro que não esperava por isso.
Seguro em seu cabelo, e dito o ritmo que quero. Ela engole o meu pau, parecendo estar
profissional nisso. O que me deixa com uma pulga atrás da orelha.
Ela não pegou outros caras, não é?
A forma como ela...
Uma lâmpada acende em minha cabeça, e eu a puxo, fazendo-a parar o que estava
fazendo, e ficando de pé em minha frente.
— Você não andou transando com outros caras, não é?
Ela ri.
Eu sei que não, pois o tempo todo estava a seguindo, e ela não saia de sua casa.
— E se eu fiquei? O que vai fazer?
Ela quer me provocar.
— O que eu disse, hein? Você não pode fazer isso.
Ela ri bem na minha cara.
— Se eu não posso, quem pode? Acha mesmo que vai controlar a minha vida? Não irei te
dar esse gostinho.
Seguro em seu rosto.
— Você é minha, porra! — Coloco-a de frente para o espelho novamente, no bolso da
calça, pego um preservativo, abro, e coloco em meu pau, meto com força em sua boceta.
Ela segura na pia, para não cair.
Sinto suas paredes internas apertando o meu pau, isso me deixa ainda mais excitado.
Seguro em seu cabelo, e começo a movimentar meu quadril, fodendo-a com devagar, mas bruto.
— Ninguém conseguirá te saciar como eu.
Ela geme, e diz:
— Isso é o que você pensa. Eles são muito melhores do que você. Quando enfiam o pau
na minha boca então...
Fodo-a com ainda mais força, ouvindo o som que faz quando minhas bolas batem em sua
bunda. Ela se empina ainda mais para mim. Parecendo gostar dos sentimentos que me causa.
— Eu não quero saber — rosno.
Ela continua falando.
— Quando me comem com força, porra, eu amo.
Bato com força em sua bunda, fazendo-a pular com o susto.
— Eu mandei ficar quieta.
— Você não manda em mim.
— Você acha que não? E se eu parar de te foder, hein? — dou uma estocada com força, e
logo paro.
Ela choraminga, igual uma gatinha manhosa.
— O que você quer, hein?
— Que diga que é minha.
Ela sorri de escárnio.
— Então pode tirar o seu pau de dentro de mim. Eu jamais direi isso.
Dou outra estocada com força, e ela geme.
— Que porra, Logan. Ou me fode, ou sai de cima. Se não fizer isso, vou descer lá
embaixo e dar para outro. Ele com certeza terminaria o que você começou.
Saio de dentro dela, e viro-a para mim. Segurando em seu pescoço, a levo até a parede
mais próxima de nós, e a pego em meu colo, ela enrosca suas pernas em minha cintura. Meto
novamente meu pau dentro dela, dessa vez a fodo com força, enquanto seguro aperto sua
carótida, deixando-a sem ar. Ela se segura em mim.
Aumento cada vez mais a velocidade das estocadas, ela reclama que está sem conseguir
respirar, então acabo afrouxando o aperto em sua carótida. Não quero que ela morra.
— Essa boceta é minha, e de mais ninguém — profiro, e beijo-a com desespero. Ela
corresponde, parecendo ter a mesma fome, que eu tenho dela.
— Eu vou gozar — aumento ainda mais a velocidade, fazendo com que suas costas
batam na parede.
Desço minha boca até o seu pescoço beijando-a, e mordendo ele.
Gozo com força na camisinha.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Como eu senti saudades.
Saio de dentro dela, e ergo minha roupa.
— Nada entre nós mudou — é o que ela diz.
Ela desce a saia, e se ajeita.
Fico sem reação. O que eu poderia falar?
Ela olha bem no fundo dos meus olhos.
— Espero que se sinta usado, assim como eu me senti. Não ache que só porque nós
transamos que algo mudou. Eu continuo te odiando, e querendo distância de você. Espero que
fique entendido isso. Eu não sou sua, assim como você também não é meu — essa frase parece
doer nela quando diz.
Ela suspira, e sai do banheiro, como se nada tivesse acontecido aqui dentro.
O foda é que ela não sabe o prazer que é ser usado por essa garota.
Madison Wood é minha, e é um prazer imenso ser feito de tapete por ela.
Por essa garota eu aguento qualquer coisa nesse mundo.
Todo o meu amor é dela. Pena que eu percebi isso tarde demais.
Desço um tempo depois, porém, Madison já foi embora.
Os amigos do desgraçado do capitão ainda estão de olho em mim, e nos caras.
— Você sabe que pode dá merda ainda, né cara? — Andrew pergunta, enquanto bebe um
gole do seu copo.
— Eu sei. Não tenho medo desses caras, achei que você sabia disso — digo, olhando-o.
— Sim, nem eu tenho, mas você precisa parar de se meter em brigas.
Precisar, e querer são duas coisas distintas.
— Faremos qualquer coisa por você — Noah intercede — porém, acabamos de voltar, e
ninguém aqui quer confusão.
Eles não querem, mas eu quero.
— Não preciso que me salvem das minhas merdas. Não sou nenhuma princesa.
Eles riem.
— Não é, mas sabe que no momento que um for para cima de você, iremos te defender
com unhas e dentes.
Daniel aparece.
— Sim, porque somos nós cinco contra tudo.
Isso quase me faz sorrir.
Eles não queriam mesmo confusão. Mas, os amiguinhos daquele filho da puta queriam.
Os nós dos meus dedos doem pra caralho. Minha sobrancelha está sangrando, e eu me sinto puto,
a ponto de matar qualquer um que passar pela minha frente.
Acabo indo direto para a pessoa que quer distância de mim.
A única que consegue me acalmar.
Aperto a campainha, pouco me fodendo para a hora, e logo Madison aparece na porta,
com um pijama fofo.
Porra, ela fica linda de qualquer jeito.
— O que você está fazendo aqui? Não teve o que queria?
De você, eu nunca tenho o suficiente.
Ela olha bem para a minha cara.
— Meu Deus, você está sangrando. Que merda aconteceu?
Ele tocou em você. Para mim já seria o suficiente para estar visitando Deus a essa hora.
— Nada.
— Se meteu em outra briga? Porque, hein?
Suspiro.
— Os amigos daquele filho da puta quiseram defender a honra dele. Mas, não se
preocupe, eles estão bem piores que eu.
Ela suspira, e fecha a cara.
— O que você quer?
— Precisava te ver.
— Já viu — ela responde, e faz menção de fechar a porta, porém a seguro.
— Eu só precisava ficar um pouquinho com você. Prometo que será rápido.
Ela parece ponderar.
— Tudo bem. Entra, mas sem barulho, meus pais estão dormindo — ela dá espaço, e eu
adentro — é só tempo de eu fazer os curativos em você, e depois te quero fora daqui.
Meneio a cabeça.
Madison fecha a porta, e nós subimos as escadas rumo ao seu quarto.
— Senta aí na cama — ela aponta com a cabeça.
Me sento, ela vai até o banheiro, e volta de lá com uma malinha de primeiros socorros.
— Sabe o que isso me lembra? — digo, quando a vejo abrindo o kitzinho.
— Espero que não fale. Não precisamos lembrar de coisas que já passaram — diz de
forma ríspida, mas consigo ver em seus olhos a preocupação — você precisa parar de se meter
em confusão.
— Preocupada comigo? — sorrio.
Vejo um sorrisinho despontar de sua boca, mas ela logo disfarça.
— Não, você só é perigoso demais sozinho.
— Então volta para mim.
Ela encharca o algodão com algo, e coloca na minha sobrancelha. O negócio arde pra
caralho.
— Porra, isso dói pra caralho.
— É para você calar a boca — ela continua limpando — você realmente é uma bomba
relógio, Logan White. Daqui a pouco não sobra um pedaço seu sequer.
Rio.
Eles saíram ainda piores.
Madison termina de limpar o corte, e coloca um band-aid, logo vem para os meus dedos,
que parecem estar em carne viva.
— Logan White você é um perigo para a sociedade.
Eu sei disso, baby.
— Só quando estou longe de você
Ela suspira, e me puxa com a outra mão até o banheiro, eu a sigo.
— Lava as mãos, porque está com muito sangue — ela diz, e eu faço o que ela pede.
Voltamos para o quarto, e ela me pede para sentar de novo. Madison pega uma pomada, e
passa nos nós dos meus dedos.
— Está doendo?
— Não.
— Que pena.
Sorrio.
Adorável até quando está brava.
— Pronto — ela diz, guardando as coisas — pode ir agora. Está limpo pelo menos.
Bebeu alguma coisa?
Nego com a cabeça.
— Não. Antes de fazer qualquer merda, vim direto para cá. Você é a única coisa que me
mantém calmo.
Madison abre a porta do quarto.
— Espero que não se meta mais em brigas. Sabe qual é a saída, né?
Anuo.
— Mad, eu…
— Eu não quero saber, Logan. O dia de hoje foi cheio demais, e eu só quero descansar.
Por favor…
— Tudo bem — caminho até onde ela está, e passo pela porta — espero que me perdoe
pelo que eu fiz.
— Tchau, Logan.
É a única coisa que ela diz, antes de fechar a porta do quarto na minha cara.
CAPÍTULO 27
Eu vou te encontrar em qualquer nível, sim (sim)
Independente, não preciso de ajuda (não)
Me subestime, você estará jogando sozinho
Tomboy/ Destiny Rogers
ATENÇÃO
ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS DE MENAGE, CASO NÃO GOSTE, PULE PARA O 29! Obrigada. NÃO IRÁ
INTERFIR EM NADA NO ENTENDIMENTO DOS ACONTECIMENTOS.
Excitada.
E puta ao mesmo tempo.
Como esse garoto consegue me fazer sentir tantas coisas ao mesmo tempo? Só pode ser
algum tipo de encanto que ele pôs em mim.
Eu amo provocá-lo, e saber que tenho algum tipo de poder sobre esse garoto.
Logan continua incrédulo, me olhando como se eu tivesse cravado uma estaca em seu
peito.
Sei o que isso pode parecer, porém, se ele me ama mesmo, irá aceitar esse teste. Não que
eu queira dois me fodendo ao mesmo tempo, contudo, seria interessante essa experiência.
O filho da puta me deixou excitada com um beijo a ponto de eu cogitar isso. Será que eu
me odeio?
— Eu aceito seu desafio — ele diz.
Não sei se me sinto feliz, ou puta por saber que ele quer mesmo me dividir com o amigo.
Era o que eu queria? Sim, porém quem vai entender a minha cabeça?
— Logan, eu… — Noah diz, chamando nossa atenção.
— Eu sei que desde que viu ela, também se interessou Noah. Não sou burro — Logan diz
— aproveita, porque na próxima vez que eu te ver olhando para ela, arranco a porra dos seus
olhos — ele diz, bem sério. O que me causa um arrepio.
Ele seria mesmo capaz de machucar seu amigo por minha causa?
— Uma pena que seus outros amigos não estejam aqui. Aguentaria os cinco — digo,
provocando.
Ele parece puto quando me prende ainda mais na beirada da piscina, e esfrega devagar
seu corpo no meu. Porra, isso vai me levar a loucura.
Que ódio desse garoto!
Eu comecei a gostar de ver ele perdendo o controle. Preciso de terapia.
— Os cinco o caralho. Já tá sendo difícil pra caralho só em imaginar o Noah tocando seu
corpo. Quer que ele continue com as mãos? É bom não me provocar.
Sorrio, e coloco minhas mãos em volta do seu pescoço.
— Já ouviu dizer que quem divide, multiplica? Então, meu amor. Se me dividir com eles,
vai multiplicar.
— Eu me contento só com você. Apenas, não me provoque se quiser que ele saia daqui
vivo ainda.
Mordo seu lábio, e aproximo minha boca do seu ouvido.
— Não gosto que me trate como uma mercadoria. Lembre-se, eu não sou sua.
Ele sorri quando eu me afasto um pouco.
— Não é por pouco tempo, amor. Essa é a maior prova de amor que eu estou te dando —
ele coloca uma de suas mãos na minha boceta, me fazendo abrir um pouco mais as pernas
quando sinto seus dedos massageando meu clitóris.
Me seguro para não gemer. Não irei dar esse gostinho a ele agora.
Noah entra na água.
Vejo quando ele olha para trás, e com a cabeça chama Noah, que estava só nos
observando até agora. Ele se aproxima ficando ao meu lado.
— Sabe o que a gente vai fazer com você? Eu vou chupar a sua boceta, enquanto você
chupa ele. Depois disso, eu vou foder a sua bunda, enquanto ele fode essa boceta gostosa. Você
vai amar cada segundo disso, amor.
Suas palavras de baixo calão refletem direto na minha boceta, me deixando ainda mais
excitada.
Já tínhamos falado sobre esse assunto várias vezes, ele vivia me perguntando se tinha
alguma cena que eu queria reproduzir na vida real, poderia ser qualquer coisa, até correr na
chuva, mas, aí eu contei que o meu outro eu, queria muito poder sentir essa sensação que era ser
preenchida de todos os lados. Na época para mim era bem distante ele querer fazer isso, até
agora. Nunca imaginei que Logan aceitaria essa loucura.
Me assusto quando sinto suas mãos em minha cintura, me pondo sentada na beirada da
piscina, enquanto ele fica dentro da água. Noah sobe também ficando ao meu lado, e chupa os
meus seios, acabo me deitando no chão. Logan massageia o meu clitóris com o dedão, enquanto
enfia dois de seus dedos dentro de mim.
— Porra, você tá molhada pra caralho — ouço sua voz rouca falando.
São tantas sensações, que eu mal consigo controlar os meus gemidos.
— Porra, que peitos deliciosos — É Noah quem diz.
Me contorço quando sinto a língua quente de Logan explorando o ponto mais sensível do
meu corpo. Ele lambe, chupa, da uma leve mordida, e logo depois beija, como uma forma de
carinho. Fecho os olhos, acariciando o cabelo de Noah, sentindo a maciez dos fios em meus
dedos.
Os dois são bons no que fazem, o que me faz pensar, com quantas mulheres Logan deve
ter ficado?
Meu Deus, porque estou pensando nisso? O que importa? Ele pode ter ficado com meia
faculdade, isso não é da minha conta. Nós nunca mais vamos voltar. Ok, para de pensar,
Madison, foca no prazer que você está sentindo.
Eu odeio o meu cérebro.
Noah larga meu seio, e vai para o outro, chupando ele todo, me fazendo sentir ainda mais
prazer, enquanto Logan me faz de seu prato principal. Esse homem sempre conseguiu me levar
ao paraíso sempre no oral. Todas as vezes que eu disse que ele não fodia tão bem assim, eram
mentiras. Sempre me deixava dolorida no outro dia, por mais que não fosse aquilo que ele
quisesse.
— Abra os olhos, querida — ouço a voz de Noah bem perto do meu ouvido, e faço o que
ele pede.
— Sem beijo — Logan rosna. Parece puto só de imaginar. Me sinto poderosa por dentro.
Me ergo um pouco, e ergo a sobrancelha para ele.
Ele não manda em nada aqui.
— Quem disse que você manda em algo aqui? — indago.
Ele me fuzila com os olhos.
— É bom não me provocar, Madison — ele dá um tapa com força em minha boceta, e
volta a me chupar.
Sinto o ardor do tapa, e quase viro outro tapa nele, porém me seguro.
Porra, que filho da puta.
Noah se ergue, ficando em pé, e eu me ergo ficando sentada.
Ele acaricia o pau com uma das mãos, e logo o guia até a minha boca. Noah é um pouco
mais grosso que Logan, mas se eu consegui engolir todo o pau dele — que não é pequeno —
posso fazer esse esforço pelo outro. Só por aguentar o meu ex, que sei que não é fácil, farei isso.
Com uma das mãos seguro na base do seu pau, enquanto enfio o resto em minha boca,
engolindo até onde consigo.
Logan aumenta cada vez mais a velocidade de seus dedos dentro de mim, me levando
quase ao ápice, faço o mesmo com Noah, quase levando o coitado a gozar na minha boca. Sinto
minha garganta ardendo quando ele bate no fundo, e uma lágrima cai dos meus olhos, mas eu
continuo ali.
Logan me chupa com força, me fazendo não aguentar mais, e gozar em sua boca. Ele é
um canalha, sempre sabe quando estou segurando.
Noah tira o pau da minha boca, e Logan sai da piscina, me puxando em seguida com ele.
Noah vem logo atrás de nós, e deita na espreguiçadeira, seu pau já está revestido com a
camisinha, e eu mal percebi de onde ele pegou, me sento em cima dele, ficando de costas para
Logan.
— A única boca que você vai beijar aqui, é a minha — ele diz em meu ouvido, e logo
morde a ponta dela.
Ele coloca a ponta do dedo na entrada da minha bunda, e aos poucos vai empurrando para
dentro. Me sento aos poucos no pau de Noah, sentindo Logan atrás de mim.
— Eu vou bem devagar aqui, amor — Logan diz, e aos poucos coloca mais um dedo —
foca no prazer que o Noah está te dando — ele puxa minha cabeça, e encosta seus lábios nos
meus, abro minha boca, dando espaço para que sua língua entre.
Paro de me movimentar, e Noah estoca cada vez mais forte, segurando em minha cintura,
quase me fazendo gozar de novo. Logan tira seus dedos da minha bunda, sinto a ponta do seu
pau com o látex da camisinha, me cutucando, e aos poucos entrando dentro de mim. Arde um
pouco no começo, fazendo com que algumas lágrimas desçam pelo meu rosto. Mas o prazer que
é ter os dois lados preenchidos, e fodidos ao mesmo tempo, me leva à loucura, quando os dois
começam a estocar rapidamente, acabo gozando novamente. Me sinto mole.
— Porra, eu vou gozar — Noah enuncia.
Logan continua me fodendo por trás. Ambos aumentam a velocidade das estocadas, me
fazendo revirar os olhos de prazer.
Assim que Noah goza, Logan sai de dentro de mim, e me puxa, fazendo-me tirar seu pau
de dentro de mim. Ele se senta na outra cadeira, e eu fico em cima dele, descendo devagar.
Sentindo centímetro por centímetro entrar dentro de mim.
Ele me beija novamente, esquecendo o amigo ali, eu me seguro nele, sentindo-o me foder
com força. Mordo os lábios, tentando não gemer.
Nunca imaginei fazer uma loucura tão grande como essa. Mas, ele parece ter mais poder
sobre mim do que eu jamais imaginava.
— Você me deixa louco — ele diz com a voz rouca, quando afasta um pouco a boca da
minha.
— Eu tenho vontade de te socar — digo, quase sem voz.
Ele sorri.
— Sentimentos novos, amor. Acho que ambos estamos pela primeira vez sentindo o
verdadeiro amor.
Que ódio, ele tem razão, mas eu não posso me entregar tão fácil durante uma transa, logo
o encanto todo passa, e se eu entregar dizendo que o amo tanto quanto ele me ama, vai foder com
todo o trabalho árduo que eu tive nesses dois meses.
— Porra, você me faz ter vontade de matar qualquer um que se aproxima de você — ele
me solta, e me vira de costas para ele, fodendo minha boceta novamente, com mais força agora.
Ele segura meus cabelos em sua mão, e puxa para trás.
— Se o Noah não fosse meu amigo, eu teria arrancado cada parte dele por ter tocado em
você.
Esse lado agressivo dele na hora H, me deixa ainda mais excitada.
Já perdi as contas de quantas vezes já gozei só agora com os dois.
— Você aceitou — digo em meio a um gemido.
Ele rosna no meu ouvido.
— Sim, eu aceitei, mas me arrependi na mesma hora quando vi ele com o pau na sua
boca. Tive que me controlar, para não arrancar ele dali.
Ele estoca seu pau com força dentro de mim. Minhas vistas escurecem um pouco. Acho
que isso tudo é demais para mim. Ter esse homem dentro de mim falando essas coisas, e me
fodendo desse jeito, está acabando com a minha sanidade, mais do que ter ele, e o amigo dentro
de mim.
— Meu Deus, acho que eu vou gozar de novo. Puta merda!
— Não coloque o nome dele no meio disso — ele diz, e bate com força na minha bunda,
consigo ouvir o eco do tapa pelo ginásio.
Se alguém resolver vir aqui, e nadar um pouco, estamos os dois fodidos, no sentido literal
da palavra.
Me seguro com força na borda da cadeira.
— Porra, goza no meu pau. Eu sei que você está se segurando, apenas deixe vir, amor.
Vai ser o melhor orgasmo da sua vida.
É o que eu faço, só que pior do que isso, sinto como se estivesse mijando, isso é algo
completamente incontrolável. Logan percebe que estou mole, e me segura com mais força.
Eu acabei de ter um squirt com meu ex namorado. O que poderia ser pior que isso?
Logan me fode com ainda mais força, até encher a camisinha com o seu gozo.
Saio de cima dele. Ele fica lindo pra caralho todo molhado, com as tatuagens amostra, e
todo suado.
Me deito na outra espreguiçadeira, tentando recuperar o fôlego perdido.
O coitado do Noah saiu, e eu nem sequer havia percebido.
Logan me enlouquece em todos os sentidos.
Ainda não consigo acreditar que ele aceitou a minha ideia dos dois me foderem aqui.
Essa foi uma das maiores provas de amor, que poderia me dar.
— Preciso de um banho.
Essa constatação, mexeu um pouco comigo. Mesmo sabendo que não posso me entregar
de novo.
— Precisa de ajuda? Deve estar toda dolorida.
Nego com a cabeça.
— Não, nos vemos por aí — é a única coisa que eu digo após me levantar com um pouco
de dificuldade.
Acho minha toalha no chão, e enrolo no meu corpo, junto as roupas que estavam no chão,
e caminho rumo ao vestiário.
Por sorte, o local está vazio. Então, posso tomar meu banho tranquilamente.
Ainda não consigo tirar da cabeça tudo o que aconteceu naquele ginásio. Eu transei com
dois ao mesmo tempo.
O pior de tudo é Logan ter simplesmente aceitado a minha loucura.
Ainda não consegui engolir tudo o que aconteceu, porém, tenho mais do que certeza que
ele me ama.
E o foda, é que eu ainda sou louca por aquele garoto. Ninguém jamais tomaria o espaço
dele dentro de mim.
CAPÍTULO 29
O centro das atenções (Você sente isso?)
Mesmo quando estamos contra a parede
Você me colocou numa posição louca (Sim)
Se você está numa missão (Uh-huh)
Você tem minha permissão (Oh)
Gimme More / Britney Spears
Existem momentos na vida onde você vê tudo bem devagar. Estou me sentindo assim,
como se a minha vida tivesse passando diante dos meus olhos.
Logan White, tomou uma facada no meu lugar?
Eu me sinto culpada quando vejo ele caído no chão, e sangrando.
Me levanto rapidamente, indo em sua direção, me abaixo, e dou uma boa olhada na ferida
em sua barriga. Ele parece ainda estar consciente.
— Alguém liga para a ambulância, AGORA!
Uma mulher pega o celular, e começa a discar o número da emergência.
— Você é louco — digo, sentindo as lágrimas caindo copiosamente dos meus olhos.
— Por você — ele diz com um pouco de dificuldade, devido à dor.
— Você não deveria ter feito aquilo. Porque dar sua vida, pela minha, hein?
Ele sorri, e passa sua mão em meu rosto.
— Eu não pensei muito. Minha meta é te ver bem, mesmo que isso custe a minha vida.
Eu te amo, Madison. Precisa acreditar em mim.
Eu sempre acreditei quando ele dizia que me amava, nunca duvidei disso. Porém, hoje é
tudo diferente. Depois desse ato dele, como eu conseguiria ficar longe? Tenho medo dessa ser a
última vez que o vejo com vida.
— Eu te amo tanto. Por favor, fica comigo. Você precisa ficar aqui, amor.
Ele sorri quando me escuta chamando-o de amor. Essa é a primeira vez que essa palavra
sai da minha boca de forma genuína.
— Porra, eu morreria feliz, só por ouvir essas palavras da sua boca.
— Não ouse me deixar, Logan White.
A ambulância leva cerca de quase trinta minutos para chegar, sei que as corridas são
ilegais, e só por meter a polícia, e ambulância no meio, pode dar muito ruim para nós, mas, eu
não me importo, só quero ver ele bem. Isso depois nós resolvemos.
Acabo indo com ele na ambulância, ligo para Debby pedindo que leve meu carro para
casa, ela apenas concorda, e logo desligamos. O celular de Logan não para de tocar, e eu sei
exatamente quem é.
— Como isso aconteceu? — indaga Noah.
— Eu não sei explicar, só senti quando ele me empurrou, e logo caiu também no chão,
machucado.
Só de pensar nisso, me dá vontade de chorar ainda mais.
— Merda! Nós precisamos conversar, Mad. Para onde estão indo?
— Eu não faço ideia. Ainda não chegamos lá, quando chegar, te mando mensagem com o
nome do hospital.
Ele suspira.
— Beleza então. Como ele está?
— Continua consciente, isso é um bom sinal. Ainda continua sangrando — digo, olhando
para Logan.
Os paramédicos tentaram estancar o sangue, porém ele continua saindo. Só pelo fato dele
estar consciente ainda, eu acho que pode ser uma coisa boa.
Me despeço de Noah, e quando chegamos no hospital, mando mensagem com o nome de
onde nos levaram. Pelo que eu percebi, era o hospital mais próximo do local da corrida.
Fico nervosa caminhando de um lado ao outro na recepção depois que levam Logan.
Alguns minutos depois os garotos chegam junto com a mãe dele, que parece desesperada.
Ela me abraça assim que me vê.
— Como ele está? — é a primeira coisa que sai da sua boca.
— Ele ainda estava acordado quando chegamos aqui, e o levaram para dentro. Tem cerca
de uns dez minutos isso.
Noah passa a mão pelos cabelos.
— Ele é forte. Vai contornar isso muito bem.
Me sento na cadeira.
— Isso é tudo culpa minha. Não era para o Logan a facada, e sim eu.
— Minha querida — a mãe dele se senta ao meu lado — não é culpa sua isso. Logan fez
isso, porque se sente muito culpado por tudo o que te causou. Eu conheço o meu menino, e vi
todo o sofrimento dele. Não se culpe por nada, ok?
Ela sabia de tudo?
— A senhora...
Ela suspira, e pega em minha mão.
— Ele me contou tudo o que fez. Meu filho nunca consegue me esconder nada. Eu puxei
a orelha dele, não estava a favor do que ele fez. Minha filha também não. Ele te ama muito,
minha querida. Fez isso como uma prova do amor que sente. Quando soube do que havia
acontecido, fui até o quarto dele, e encontrei algumas coisas, que pareciam ser para você.
Ela me entrega alguns papéis dentro de um envelope, que parecem ser cartas. Pego-as de
sua mão.
— Acho importante que leia. Eu sei que você quer perdoá-lo. Depois de ler, é com o seu
coração.
O que será que tem nelas? Será que eu finalmente cedo ao meu coração?
CAPÍTULO 30
Então me diga que me ama novamente (me diga que você me ama)
Eu, eu, eu quero ser o seu amante
Querida, eu vou segurar minha respiração
Você não sabe o que você tem até que ele se vá, meu querido
Again / Noah Cyrus FT XXXTENTACION
As cartas pesam uma tonelada no meu bolso. Ainda não tive coragem sequer de abrir uma
delas. Faz mais de trinta minutos que estamos aqui, apenas em silêncio, esperando uma notícia
que seja sobre Logan.
Só o fato dele ter dado a sua vida pela minha, sem sequer pensar, já fez meu coração
balançar, a ponto de eu abrir o que sentia por ele. Sei que quando nos vermos Logan não vai
deixar isso passar. Será que estou pronta para perdoá-lo? Porra, eu o amo mais do que pensei.
Não consigo me ver sem aquele garoto. Nem que seja para brigarmos
Respiro fundo algumas vezes, e decido me afastar um pouco deles, para dar uma
alongada nas pernas. Minha bunda está doendo de ficar sentada no banquinho duro.
Quando chego na parte de fora, vejo que está vazio, o ar me dá as boas vindas soprando
em meu rosto. Acabo pegando uma das cartas, e abro-a lendo o conteúdo. A letra parece bonita
demais para um homem. O que significa que ele definitivamente se esforçou.
"Eu nunca tinha escrito uma carta antes, então, não sei como começar uma.
Bom, você sabe o quão filho da puta eu fui te fazendo sofrer. Logo você, que foi a única
que me fez querer alguém de verdade, a ponto de mostrar um lado meu, que ainda era novo.
Meu forte nunca foram os sentimentos, eu sempre fui o mais centrado do grupo, aquele
que agia mais pela cabeça do que pela emoção. Porém, tudo mudou quando você entrou na
minha vida naquele dia. Me fez sentir coisas novas que eu nunca havia sentido antes.
Não sei se esta carta vai para você, pois, você gosta de outras coisas, que não são tão
melosas. Eu sei disso. Talvez eu apenas as escreva, e deixe para ler daqui uns anos, ou talvez as
coloque fora. Eu não sei qual será o destino delas.
Espero que nunca leia, e veja o quão horrível para essas coisas eu sou.
Sou bom em muitas coisas, mas quando se trata dos sentimentos...
Eu me arrependo muito de tudo o que aconteceu, e ter te colocado no meio de algo que
não tinha nada haver. Passei noites sem dormir, pensando em uma forma de te ter novamente.
Eu fui um babaca do caralho, sei disso, quero fazer de tudo para que perceba o quão genuíno
são os sentimentos que tenho por você. Prometo fazer isso dia após dia.
Você é a porra do amor da minha vida, e não tem nada no mundo que me tire você. Nem
mesmo aqueles moleques que estão sempre em sua volta como uns urubus. Sempre dou um jeito
de expulsá-los de perto, e isso não vai mudar.
Eu queria terminar dizendo que eu te amo. Porra, eu sei que é a frase mais clichê, e que
nada nesse mundo conseguiria descrever o quão gigante é esse sentimento dentro de mim.
Faz alguns dias que eu não durmo direito, talvez seja por isso, que isso aqui esteja
horrível.
Espero que nunca leia.
Com amor, do seu homem.
Logan W."
Quando terminei de ler a carta, eu não sabia que se ria, ou se chorava de suas palavras.
Não saber escrever direito os sentimentos era bem a cara dele.
Ele sempre foi o cara que gostava mais de demonstrar, do que falar. Eu nunca
desacreditei do seu amor. Só não sabia se seria capaz de perdoá-lo algum dia pelo que queria
fazer ao meu pai. Minha família sempre está acima de qualquer coisa na minha vida, isso é algo
que jamais mudará.
Seco as lágrimas que insistem em cair, e guardo a carta no bolso novamente, entrando no
hospital de novo. Preciso saber como ele está, e consequentemente, se puder, falar também.
Julia, a mãe de Logan, ainda está sentada no banco, enquanto Noah fala com um dos
médicos, me aproximo deles.
— Por sorte a facada não pegou em algum órgão vital — o médico diz — ele está bem, e
estável. Pode receber visitas já, porém, seria bom se fosse um de cada vez. Logan está pedindo
por uma tal de Madison. Não para de repetir o nome dela.
Sorrio.
— Madison, sou eu — digo, dando um passo à frente.
— Você pode ir na frente ver ele — Noah diz e dona Júlia concorda.
— Sim, querida. Eu te espero aqui. Sei o quão ansioso meu filho consegue ser.
Concordo com a cabeça.
— Venha, eu te mostro onde ele está — o médico começa a andar, e eu vou logo atrás.
Paramos em frente a um quarto com os números "285"
— É aqui. Qualquer coisa, não hesite em chamar uma das enfermeiras de plantão.
Anuo.
— Quando ele vai poder ir para casa?
— Se ele passar bem a noite aqui hoje, talvez amanhã. O corte não foi profundo, e
também não atingiu nenhum órgão, o único medo que nós temos é que o corte abra, e comece a
sangrar novamente.
— Eu vou fazer ele se cuidar muito bem.
O médico sorri.
— Muito obrigada por ter cuidado dele — sorrio, e me viro para a porta, levando minha
mão a maçaneta girando devagar.
Quando coloco minha cabeça para dentro, vejo Logan olhando para cima, com a roupa do
hospital.
Nem isso o deixa feio. Meu Deus!
Entro bem devagar, tentando não fazer tanto barulho.
— Eu sei que você está aí, Madison — ele vira o rosto em minha direção, e abre um
sorriso lindo — confesso que fiquei com medo de você ir embora, e não querer mais saber de
mim.
Fecho a porta, e me aproximo da cama.
— Como eu poderia ir embora daqui, depois do que você fez, hein?
Logan pega em minha mão, e eu vejo o acesso de soro ali.
— Eu te coloquei nessa confusão. Precisava te proteger.
Nego com a cabeça.
— Você não tem culpa de nada. E eu não saí daqui até saber como você estava. Não iria
descansar se tivesse feito isso. Salvou minha vida pela terceira vez já desde que nos conhecemos.
E não era mentira, ele sempre estava ali, me salvando de alguma forma.
— Pelo que eu lembro é a segunda vez.
Balanço a cabeça negativamente.
— É a terceira. A segunda foi quando me mostrou que eu tinha mais potencial do que
imaginava. Se não fosse por você, eu não seria mais forte agora.
Ele sorri, e passa a mão em meu rosto.
— Fiquei com tanto medo de te perder. Você não deveria ter pulado na frente daquela
faca por mim. Eu não merecia aquilo.
— Não diz besteira. Você sabe que sim. Eu estou aqui, e sempre estarei te protegendo,
independente se estamos ou não juntos.
Sinto uma lágrima descendo do meu rosto.
— Porque está chorando? — um vinco se forma em sua testa.
— Porque eu percebi, que não vejo mais minha vida sem você, Logan White. Você se
tornou o badboy que eu lia nos livros. O meu badboy. Aquele que faz de tudo pela mocinha. O
que eu sempre quis ter na vida real.
— Eu sou inteiramente seu, Madison Wood. Sempre fui, e isso não vai mudar.
Aproximo minha boca da sua, e o beijo, da forma mais lenta possível, o mais apaixonado
que eu poderia dar no garoto que roubou o meu coração. Aquele que não sai dos meus
pensamentos, o homem que eu idealizava em meus sonhos quando lia os meus livros.
Ele estava aqui, bem na minha frente agora.
Eu nunca imaginei que Logan seria capaz de realizar a minha fantasia de sexo a três, e ele
fez isso, como uma forma do seu amor. Por mais ciumento que ele fosse — ele mostrou sua
possessividade depois.
Logan me segura como se eu fosse fugir a qualquer momento dele. Porém, agora eu não
pretendia sair do seu lado nunca mais.
Me afasto um pouco dele, cuidando para não o machucar.
— Não me deixa mais — é o que ele diz, enquanto passa seus dedos em meu rosto, numa
carícia.
— Nunca mais sairei do seu lado, amor. Só por favor, não mente mais para mim. Eu
odeio isso.
Ele sorri, e me dá um selinho.
— Nunca mais irei fazer isso. Eu prometo. Mas, falando nisso, eu preciso te contar uma
coisa...
Madison quis passar a noite toda comigo no hospital. Minha mãe e os garotos foram
embora há algumas horas, e ela avisou ao pai que estaria aqui, e explicou toda a situação.
Por sorte — e ele não saber de nada — respeitou o que ela queria.
Em relação a sua mãe, sei que ela está metida no meio disso. Pode ser ela a mandante de
tudo? Talvez, Conrado mais parece ser o cara que apenas a obedece. Duvido que teria
inteligência para fazer tudo sozinho.
Ainda estamos seguindo-a, e eu sei que nessa hora, ela deve ter minha ficha completa em
mãos.
Isso é a única coisa que eu pretendo esconder dela. Afinal, quem acreditaria que a própria
mãe estaria envolvida nisso?
Tento focar minha mente em outras coisas que não envolvam os problemas em que eu
mesmo nos enfiei. Ficar parado em uma cama de hospital é horrível, a mente parece trabalhar
ainda mais.
Pego meu celular na mesinha vendo que são ainda 1 hora da manhã, e eu não estou com
um pingo de sono.
Madison larga o celular na cadeira onde estava sentada, e se aproxima devagar da cama.
— Não vai dormir hoje? — ela indaga.
Suspiro, e me viro devagar para o lado onde ela está.
— Não estou com sono. Não me sinto cansado, só queria estar em casa.
— Se não quisesse bancar o herói, não estaria aqui.
Porém, no meu lugar, estaria ela.
— Não me arrependo nenhum pouco de ter salvado você — passo a mão em seu rosto,
ela sorri, e inclina um pouco a cabeça, deitando-a na minha mão.
— Você foi imprudente de ter feito isso. Mas, eu ainda te amo. Mais ainda na verdade.
Sempre vou ser agradecida por ter salvado de novo minha vida.
Sorrio.
— Eu sempre vou fazer isso. Os garotos, e eu vamos atrás daquele cara.
Ela se endireita, e me olha.
— Isso sim é imprudência, vocês não vão fazer isso, é perigoso.
— Ele não sabe com quem mexeu. Eu reconheci aquele merda só pela tatuagem de cobra
na mão.
— Você viu a mão dele?
Aceno com a cabeça.
— Vi. Não se preocupe comigo, ok?
Madison se aproxima mais de mim, e eu dou espaço a ela, para se deitar ao meu lado na
cama do hospital, por menor que seja, cabemos nela perfeitamente.
— Não quero você se machucando de novo, por minha causa.
Acaricio seu cabelo.
— Não é a primeira vez que eu enfrento ele, amor. Já fiz isso mais vezes. Eu sei lidar
com aquele merda. Não se preocupe.
Ela suspira, e se aconchega mais em mim, cuidando do meu machucado.
— Fiquei com tanto medo de te perder. E se você tivesse morrido? Quem iria me
perseguir, e mandar aqueles bilhetes?
Rio, e dou um beijo em sua cabeça.
— Eu mataria qualquer um que inventasse de se aproximar de você. Nem que eu tivesse
que vir igual um fantasma, e matar eles do coração.
Ela ri.
— Você leu muito devils night, né? Já está parecendo o Damon. Acho que eu sempre
gostei dos meus psicopatas.
— Está me chamando de psicopata?
— Talvez doido. Ainda não sei.
— Eu sou doido? — indago descendo uma das minhas mãos até o meio das suas pernas
— você ainda não viu um terço do que o doido pode fazer com você.
Ela suspira, e me olha com aqueles enormes olhos azuis, parecendo em dúvida. Porém,
consigo perceber que se sente excitada.
— Você não seria capaz de fazer isso aqui. Estamos dentro de um hospital.
— Cadê a garota ousada que ganhou de mim em uma corrida, e me provocava sempre
que íamos foder? Quero ela de volta — dou um beijo em seu pescoço, ela arfa.
— Ela ainda está aqui, porém tem um pouco de senso ainda.
Rio.
— Ninguém vai entrar aqui, amor. Meus remédios já foram dados, eles só vêem se aquele
equipamento ali chegar a apitar. Relaxa.
— Mas, e se alguém pegar a gente aqui?
Abro um sorriso grande.
— A graça da coisa não é essa, amor? A excitação do perigo de ser pego? Você já me
chupou enquanto estávamos em alta velocidade, fodeu comigo, e com o Noah. O que é um
hospital perto disso?
Ela parece pensar, e morde o lábio.
— Se isso aqui apitar, eu saio correndo.
— Relaxa. Meu coração agora está novinho em folha.
Beijo-a, e subo seu vestido um pouco mais, encontrando a renda da sua calcinha,
Madison abre mais as pernas, me dando um pouco de acesso a sua boceta. Por cima do tecido
fino, consigo ver o quão molhada minha garota está.
Essa mulher definitivamente é o meu karma.
Coloco o tecido da calcinha para o lado, tendo total acesso a sua boceta melada. Esfrego
em movimentos circulares o clitóris, e ela suspira ainda em meio ao beijo. Segurando meu
pescoço com uma das mãos. Mordo seu lábio, e solto.
— Puta merda. Se eu tiver uma parada cardíaca, a culpa é sua — digo, esfregando mais
rápido seu clitóris, sentindo meu pau se contorcendo.
Queria tanto foder ela aqui em todas as posições possíveis, mas infelizmente é impossível
com esse tanto de fio grudado em mim.
Ela geme, e morde o lábio.
— Meu Deus, Logan. Eu estava com saudade de poder fazer isso, sem me sentir culpada
depois.
Rio, e mordo seu pescoço.
— Você se sentiu culpada por que quis.
Enfio dois dedos em sua boceta, e com o dedão continuo esfregando-a ainda mais rápido,
acompanhando os movimentos dos outros dedos.
Ela se contorce na cama, tentando fechar as pernas, mas eu não deixo.
— Puta merda, Logan!
Ela grita, mas com a outra mão, tapo a sua boca.
— Fica quietinha, amor. Se alguém pegar a gente aqui, você vai sofrer as consequências
depois.
Ela morde o lábio, tentando segurar os gemidos, enquanto eu fodo-a com ainda mais
força.
— Eu vou gozar! — ela profere, e eu sinto meus dedos ainda mais melados do que antes.
Continuo esfregando seu clitóris, e deixo um chupão em seu pescoço.
— Porra, você é gostosa pra caralho, puta merda.
Tiro meus dedos de dentro dela, e faço-a chupa-los sentindo seu próprio gosto, e logo
depois a beijo.
— Eu te amo — digo com os meus lábios ainda próximo do dela.
Ela sorri, e me dá um selinho.
— Eu amo você, Logan White.
Uma semana se passou desde aquele dia no hospital. Meu relacionamento com a Madison
pareceu melhorar ainda mais a cada dia.
Hoje é o fatídico dia que precisei encarar o pai da Madison, por sorte ela disse que não
vai largar a minha mão, e pretende conversar com ele junto comigo. Espero de verdade que ele
não nos ache dois loucos.
Estamos no escritório dele. Beatriz está em casa, porém, eu disse que queria falar a sós
com ele. A mulher relutou um pouco, mas, permitiu que nós três apenas entrássemos.
Oliver ergue uma sobrancelha, esperando que eu fale. Madison permanece ao meu lado,
segurando minha mão.
Desse jeito parece que irei pedi-la em casamento para o pai.
Suspiro, e passo a mão livre no rosto.
— Não vai ser fácil isso que eu pretendo falar ao senhor — profiro, e olho para baixo,
tentando pensar em uma forma de falar, mais formalmente, porém não encontro nenhuma, então
prefiro ir direto ao ponto — o senhor está sendo roubado.
Ele continua me olhando.
— Roubado? Roubado, em que sentido?
Suspiro, puta merda.
— O contador da empresa do senhor anda tirando um valor gordo de lá.
Ele se levanta, e começa a andar.
— Porque suspeita disso?
Porque ele não parece surpreso com isso?
— Eu não suspeito, tenho certeza. Olha, eu sei que vai parecer algo bem doido, isso o que
eu vou falar, mas ele anda desviando a um bom tempo todo esse dinheiro da empresa do senhor.
Eu conheço uma pessoa, que anda investigando ele.
Ele se senta de novo.
— Você tem certeza do que está falando?
Balanço a cabeça.
— Sim, eu tenho provas se quiser.
Oliver passa a mão pela barba.
— Eu quero ver tudo o que você tem aí.
A porta se abre e a mãe de Madison entra.
— Querida. O que está fazendo aqui?
— Você vai acreditar nisso? — a mãe de Mad indaga, o ignorando — Oliver, ele é seu
amigo.
Sim, o cara que come ela quando ninguém está vendo. Uma ótima amizade.
Tento manter as aparências, não posso mostrar que sei que está por trás.
— Faz um tempo que eu estava desconfiado, os valores nunca fechavam, e eu sempre
perguntava a ele o porquê, porém ele sempre enrolava.
— Porque não contratou outro para por no lugar dele, papai? — é Madison quem se
pronuncia.
— Não achava ninguém à sua altura, por isso. E eram apenas desconfianças, até agora.
Porque eu tenho a impressão de que tem mais algo por trás? E porque vocês estão investigando
isso? — ele indaga.
Olho para Madison que apenas assente com a cabeça.
Chegou a hora.
Conto toda a verdade a ele, o motivo de ter me aproximado, e o fato de por meses ter
odiado a pessoa errada. A mãe de Madison parece chocada com cada coisa que sai da minha
boca — parece tão falsa, pois sei, que deve saber de tudo — Não posso mentir nessa altura do
campeonato se preciso que ele acredite em mim.
— Eu quero esse garoto fora daqui agora! — É o que ela diz antes de se levantar, e sair
da sala.
Madison parece chocada com a forma rude com que sua mãe falou.
— Logan salvou minha vida, papai. Duas vezes. Aquela facada que o levou ao hospital,
era para ter sido em mim. O cara veio direto na minha direção, mas ele pulou, e levou no meu
lugar. Tem noção disso?
Oliver continua nos olhando.
Eu me levanto, e Mad faz o mesmo. Pego algumas folhas que estavam em uma pasta que
eu havia carregado junto comigo, e o entrego.
— Aqui estão as provas. Vocês precisam se cuidar. Foi eles quem mandaram matar o
meu pai.
— Seu pai era uma boa pessoa — ele diz, pegando as folhas da minha mão — todos nós
cometemos erros, se o que Madison disse é verdade, eu devo muito a você, por protegê-la.
Nego com a cabeça.
— Eu nos enfiei nessa situação quando comecei a investigar isso tudo mais a fundo.
Vocês precisam reforçar a segurança daqui.
— Iremos. Não pense assim, era o seu pai. No seu lugar faria a mesma coisa para vingar
algo assim. Família sempre vem em primeiro lugar. Por isso eu te entendo. Eu converso com a
minha esposa depois.
Aceno com a cabeça.
— Está tudo bem
Ele suspira.
— Ela não entende o que se passa na nossa cabeça. Por isso. Eu vou mandar abrir uma
investigação na empresa. O valor que vem sendo desviado, está cada dia maior. Já que eu sei de
onde vem isso…
Se ele soubesse o que a mulher vem fazendo…
Balanço a cabeça.
— Eu vou ficar de olho nele lá. A gente já anda seguindo os passos dele.
— Vocês não tem que se meterem nisso, Logan. É um problema meu apenas. Não quero
que saiam machucados, ou algo pior aconteça. Só cuidando da minha princesa já está de bom
tamanho.
Madison cruza os braços.
— Quem disse que eu preciso que me cuidem? Sei fazer isso.
Oliver ri.
— Você ainda precisa de cuidado, filha. Pelo que Logan disse, eles podem tentar
qualquer coisa contra você, se eu te perco...
Ela abraça ele.
— Eu estou bem, nada vai acontecer comigo. Bibi também têm que ser sua prioridade.
— Ela já é, você sabe que ela nunca fica sozinha na escolinha. Sempre tem alguém lá
fora de olho nas coisas que acontecem lá dentro.
— Ainda assim. Qualquer cuidado ainda é pouco.
— Eu...
Meu celular começa a tocar sem parar no meu bolso, e eu pego-o no bolso do casaco
vendo o número da minha mãe brilhando na tela.
A última vez que isso aconteceu, a notícia não era nenhum pouco boa. Isso me causa
calafrios, e eu acabo deslizando o dedo na tela, atendendo-o.
— Meu filho, graças a Deus você atendeu.
Sua voz parece chorosa, e isso me causa ainda mais pânico.
— O que aconteceu, mãe?
Engulo em seco esperando-a responder.
— Sua irmã ainda não chegou em casa. Estou com um mal pressentimento.
Mas que merda.
— Você falou com as amigas dela?
— Liguei para todas, e sempre diziam a mesma coisa. Emily nem chegou à escola.
Meu coração aperta no peito.
— Eu tô indo pra casa agora. Nós vamos achar ela, mãe.
CAPÍTULO 32
sufoque este amor até que as veias começam a tremer
uma última respiração até que as lágrimas começam a murchar
como um rio, como um rio
Cale sua boca e me percorra como um rio
River / Bishop Briggs
Minha mãe continua estranha, desde que Logan foi embora. Papai se trancou no
escritório porque disse que precisava resolver algumas coisas, e eu acabei vindo ao quarto, para
ficar um pouco com a minha irmã.
Como o assunto não era para criança, ela acabou ficando dentro do quarto, depois de toda
a confusão eu só precisava dos seus bracinhos em volta de mim.
— Você está estranha — ela diz enquanto continua passando o pente em meu cabelo.
Bianca sempre gostou de mexer neles, e eu nunca me importei, as vezes acabo até dormindo.
— Estranha como?
Ela franze o narizinho quando me olha.
— Quietinha demais. Mamãe te machucou?
— O quê? Porque ela me machucaria?
Ela se aproxima do meu ouvido como se fosse me contar um segredo.
— Eu ouvi ela falando no celular antes de você entrar, mana. Ela dizia que ia mandar
machucar uma garota, por estar fazendo algo que não devia. O que quis dizer com isso? — me
olha com o semblante confuso.
Que porra é essa?
— Espera. O quê? Quando você ouviu? Ela disse quem era a garota?
— Eu ouvi ela andando pra lá, e pra cá, com aquele salto que eu odeio o barulho, e fui
ver o que estava acontecendo. Fiquei quietinha ouvindo ela falar. Eu acho que era de você que
ela estava falando. Fiz errado?
A puxo para o meu colo, sem saber o que falar. Ela ainda é uma criança, poderia imaginar
algo, não é?
— Não meu amor. Você não fez nada de errado. Ela te viu?
Bia nega com a cabeça.
— Está tudo certo, ok? Não se preocupe com nada.
— E se ela te machucar?
— Mamãe não seria capaz disso.
Pelo menos era o que eu pensava.
Passei a noite toda pensando no que Bianca havia me falado. Porque minha mãe faria
algo assim? Eu entendi o porquê dela ter expulsado Logan daqui, afinal as coisas que ele queria
fazer comigo, eram horríveis, quais pais iriam querer ver a filha sofrendo? Nenhum.
Mas, ela exagerou na forma como falou. Parecia muito mais brava com o que o Logan
descobriu, do que o que ele disse, na verdade. Eu vi isso em seu semblante, era como se não
quisesse que ele soubesse daquilo. Pode ser coisa da minha cabeça. Mas, e se não for?
É com esse pensamento que eu acabo saindo da cama, e decido dar uma olhada em sua
biblioteca. Ela tem uma enorme aqui, onde não me deixa entrar, mesmo sabendo o quanto eu
amo livros.
Sempre achei estranha essa obsessão dela com aquele lugar, se ela estiver escondendo
algo, com certeza é lá que eu vou achar.
O problema vai ser conseguir achar a porcaria da chave, não faço ideia de onde possa ter
escondido.
Levanto bem devagar, tentando fazer o mínimo de barulho, agora são duas e meia da
manhã, eu tentei a noite toda falar com o Logan para saber da sua irmã, mas até agora nenhuma
notícia dele. Quando ele saiu daqui não me deixou ir junto procurar a menina, disse que sabia
onde deveria ir, e não me queria por perto, pois, seria extremamente perigoso. Me sinto ansiosa
sabendo tudo o que aconteceu, e o perigo que corre? Sim, mas eu também tenho problemas
sérios aqui.
Já tentei por na cabeça que Bia poderia estar errada, e entendido tudo errado? Sim,
porém, a sua reação me deixou meio desconfiada. Prefiro não pensar que minha mãe possa estar
no meio disso tudo.
Desço as escadas até o andar de baixo, e procuro por todo o canto a dita chave, porém,
não acho ela em lugar nenhum. Acabo subindo novamente, indo direto ao quarto deles. Abro a
porta bem devagar, cuidando para não fazer barulho, e com a lanterna do celular — não
colocando em direção aos seus rostos — olho por todos os cantos do quarto, em cima dos
móveis, e nada.
— Que porra! — xingo baixinho.
— Madison? — é papai quem fala, me olhando sonolento — o que está fazendo aqui?
São... — ele liga a luz do abajur, e olha para o relógio — duas, e trinta e cinco.
— Estava com cólica — minto — queria saber se mamãe tem remédio aqui.
— Tem dentro da gaveta ali — ela diz, com a cara ainda no travesseiro, sem abrir os
olhos.
Vou em direção onde ela falou, e abro a gaveta, achando o remédio, e ao lado uma chave
dourada. Sorrio, e pego os dois, colocando no bolso do pijama.
— Desculpa por acordar vocês. Vou voltar para o meu quarto.
— Boa noite, querida — papai diz, voltando a deitar a cabeça no travesseiro.
Saio do quarto, e ele apaga a luz do abajur.
Quase faço a dancinha da vitória, foi por muito pouco que não fui pega. E por sorte achei
a chave ainda. Suspiro, aliviada, e desço as escadas novamente, indo em direção a biblioteca.
Pego a chave do bolso, e ela encaixa certinho na porta, giro a maçaneta, abrindo-a,
olhando para todos os cantos, vendo se não tem ninguém atrás de mim, e entro.
Ligo novamente a lanterna do celular, e com ela me guio. O lugar parece ser enorme,
todo dourado, e branco, as cores preferidas dela. As estantes são enormes, cheias de livros. Pego
um por um, passando por todas as páginas, não encontrando nada de suspeito na primeira estante.
O sentimento de frustração, e ao mesmo tempo felicidade me assola. O lado bom é que
talvez, não tenha nada demais aqui. E eu esteja ficando louca. O lado ruim é que eu não faço
ideia do que procurar. Posso estar andando em círculos, e indo em direção a lugar nenhum.
Na última estante, vejo que tem um espaço vago, coloco minha mão um pouco mais para
o fundo, e sinto a estrutura de uma caixa. Franzo as sobrancelhas, e com um pouco mais de força,
o arrasto, tendo acesso total ao objeto. Levo-a até uma mesinha que tem ali, e abro-a, fazendo
com que suba um pouco de poeira no meu nariz. Tranco a respiração, tentando não espirrar. Não
posso fazer barulho.
O conteúdo lá dentro me faz trancar a respiração, algumas fotos parecendo um pouco
antigas. Em uma delas vejo duas garotinhas uma ao lado da outra, as duas são tão parecidas, que
parecem ser gêmeas idênticas, viro a foto vendo que tem dois nomes lá "Beatriz, e Betsy, 1979"
Beatriz é a minha mãe. Quem é a outra garotinha que está ao seu lado? Porque eu nunca
soube dela? Minha mãe tem uma irmã gêmea? Que porra está acontecendo aqui?
Não sabia que seria capaz da minha vida mudar tanto assim, em tão pouco tempo.
Porém, mudou.
Meu pai, Bia, e eu viemos para um lugar um pouco afastado da cidade, mas era o mais
seguro possível segundo Logan. Aqui ela não nos acharia.
Papai foi um pouco resistente sobre sair da casa dele, porém eu disse que era perigoso
continuar lá. Acabei tendo que mostrar a ele o motivo, infelizmente teve que ver sua "esposa" o
traindo.
— Ainda não conseguimos encontrar ela — Adam diz mexendo no computador sem
parar — ela parece não existir. Não tem sinal em lugar algum.
Papai suspira.
— Eu deveria ter desconfiado que não era ela. Ela parecia ter perdido a memória, não se
lembrava de metade das coisas.
— Espera, o que aconteceu naquela época? — Logan indaga.
— Beatriz foi sequestrada quando ainda estava grávida da Mad. Foram as piores quarenta
e oito horas da minha vida. O sequestrador não dava sinal de vida, e do nada recebemos uma
ligação que tinham achado com uma criança nos braços. Ela tinha ganhado Madison lá. O
estranho foi não terem achado nenhum sinal de que ela tivesse ganhado um bebê recentemente,
mas eu não fazia ideia de que ela tinha uma irmã gêmea.
— Mamãe foi sequestrada? porque eu nunca soube disso — indago.
— Eu achava que era muito traumático para ela. Então nunca tocamos no assunto. Filha,
eu só queria poder proteger vocês.
Suspiro, e sento no chão.
— O que mais eu não sei?
— Tenta entender ele, Mad — Logan se senta ao meu lado, e eu coloco minha cabeça em
seu ombro.
— Eu só queria que esse pesadelo acabasse.
— Eu também — Logan diz, e beija minha cabeça — mas, vai ficar tudo bem, iremos
resolver isso.
O telefone de Logan toca, e ele pega do bolso.
— Quem é? — indago quando ele franze o cenho.
— Um número desconhecido — ele diz, e atende rapidamente — é ele mesmo — diz,
depois de pôr no ouvido — Sim. O que? — ele fica mudo, escutando a pessoa do outro lado —
você tem certeza? ok, eu te passo o endereço.
Ele fala o endereço de onde estamos, e logo desliga com um sorriso no rosto.
— Parece que nós não achamos ela, mas ela nos achou — ele diz.
— Quem era no telefone? — indago.
Ele sorri.
— A sua verdadeira mãe, amor.
CAPÍTULO 34
Eu sinto você chegando eu vejo pela minha sombra
Quer já entrar na Lamborghini Gallardo
Talvez ir para minha casa e bater pra quebrar no Taebo
E possivelmente ver você
Smack That / Akon
Madison parece estar em transe quando me olha. Como se sua mente tivesse viajado para
muito longe.
Trago-a para o meu colo.
— Porque? — é a única pergunta que sai dos seus lábios.
— O quê? — indago confuso.
— Queria saber porque isso está acontecendo, minha vida toda foi uma mentira então?
Aperto-a.
— Sua mãe vai poder responder todas as perguntas que você tiver, quando chegar.
Apenas tente manter em mente que a culpa de tudo isso não foi dela, ok?
Ela suspira.
— Eu sei, não a culpo por nada. Só queria entender tudo isso. Minha mãe sempre foi uma
pessoa que me ajudava a tentar me enturmar, ela nunca foi o tipo de pessoa que me maltratou.
Como pôde ser capaz de fazer tudo isso?
Pior de tudo é que ela parecia ter um pouco de apreço pela Mad. Talvez tenha um coração
ali dentro, afinal.
— As pessoas são horríveis. Você precisa ter isso em mente, assim como tem pessoas
boas, também têm as más. O mundo precisa de balanço, afinal.
— Às vezes eu acho, que existem mais ruins do que boas.
É eu também.
Madison acaba dormindo em meus braços, de tão cansada que a bichinha estava. Eu
entendo, é difícil ter tanta revelação em um dia apenas.
Levo-a para o quarto junto com a sua irmã, e volto para ficar os caras até Beatriz — a
verdadeira — aparecer.
— Será que ela vem mesmo? — Andrew indaga — já faz mais de duas horas que ela
ligou.
— A cidade onde ela mora fica um pouco longe daqui. Talvez ainda esteja na estrada —
respondo.
— E se não for ela? E sim a outra passando por ela? Não temos como saber — É Noah
quem se pronuncia.
— Ela não sabia que estávamos atrás da irmã dela, nem que sabíamos da existência dela.
Então, é meio improvável isso. Pelo que eu ouvi na conversa eles ainda estavam atrás daquele
desgraçado. O que fizeram com o corpo dele? — indago.
— Quem quis cuidar disso foi o Harry, o que ele fez, eu não faço ideia — Yuki diz.
Balanço a cabeça.
— Ele precisa ter sumido do mapa real, a ponto de ninguém conseguir achar o corpo dele.
Não quero confusão para o nosso lado depois.
— Harry sabe o que faz, ele é delegado em Palo Alto — diz Noah — o conheço há anos,
não se preocupe com isso.
Suspiro, me sentindo aliviado. Se até um policial pode fazer o que faz, porque nós não
podemos também? Afinal, ele mereceu tudo o que recebeu. Sinto que finalmente meu pai foi
vingado de alguma forma, agora falta só a gente eliminar os outros dois.
— Não estou preocupado. Gosto de ficar informado sobre as coisas a nossa volta. Você
sabe bem disso.
Noah senta-se ao meu lado.
— Eu te conheço bem a ponto de saber que você está preocupado sim. Mas, tá tudo bem,
sob controle.
Passo a mão pelo cabelo, me sentindo impaciente, e com uma puta vontade de fumar um
cigarro.
— Porra, ela tá demorando mesmo — digo, olhando no relógio que está na parede.
— Será que aconteceu alguma coisa?
— Não faço a mínima ideia, espero que...
Daniel entra rapidamente pela porta.
— Ela chegou — ele diz, e uma mulher com uma touca preta na cabeça aparece logo
atrás dele.
A semelhança entre ela e a outra são incríveis.
— Beatriz — ouço a voz de Oliver atrás de mim.
— Vocês podem sair, acho que nós três temos muita coisa aqui para conversar — digo, e
os garotos saem logo depois — senta aí — profiro.
Ela se senta bem na nossa frente, e Oliver ao meu lado.
— Eu tenho que pedir desculpas por não ter reconhecido, eu deveria ter ido atrás... —
Oliver começa a falar, mas ela o interrompe.
— Você não sabia que eu tinha uma irmã, muito menos gêmea idêntica. Não tinha como
adivinhar.
— Eu fiquei apavorado quando você sumiu.
Ela suspira, e olha para baixo. Eu continuo quieto, deixando que se acertem.
— Eu sei. Você é tão vítima quanto eu dessa história. Cadê a Madison? Ela não pegou a
minha menina, não é?
— Não — me pronuncio pela primeira vez — ela está dormindo, junto com a irmã. Estão
seguras.
— Irmã? — Beatriz indaga.
— Sim — Oliver diz — tivemos uma filha... Era para ser nossa filha — ele profere,
parecendo triste.
Esse homem é realmente apaixonado pela mulher.
Beatriz abre um sorriso.
— Ela não precisa saber de toda a verdade. Se ela ainda é inocente, é bom que a
mantenhamos assim.
Ele balança a cabeça.
— Onde você estava todo esse tempo? — pergunto.
— Eu estive por perto todo esse tempo. Esperando a oportunidade certa para falar com a
Madison. Porém, tive medo dela me achar uma louca.
Ergo uma sobrancelha.
— Você é a cópia fiel daquela mulher. Ninguém teria nem como desconfiar se tomasse
seu lugar novamente.
— Ela teria me matado se eu tivesse feito isso, garoto. Essa mulher é perigosa, ela
sempre foi assim desde que éramos pequenas. Queria ter as mesmas coisas que eu, se comportar
como eu, e a atenção dos nossos pais toda para ela. Fazia de tudo para chamar a atenção. Quando
cresceu começou a se meter em confusão. Papai morreu de desgosto dela, e mamãe foi logo atrás
— suspira — eu sinto muito por nunca ter contado a verdade para você, Oliver. Nunca imaginei
que isso poderia acontecer, e queria manter o passado bem distante de mim.
Oliver pega em sua mão.
— Eu sinto muito por tudo isso, se tivesse me contado toda a verdade, eu teria te mantido
em segurança.
— Eu sei, mas tive medo. Muito medo, achei que estaria bem longe dela quando viesse
para cá, porém...
— Agora você está em segurança. Nada mais irá acontecer com você.
— Obrigada.
Fico apenas observando os dois em completo silêncio. Meu pai nunca foi assim com a
minha mãe, ele cuidava dela, mas preferia o bar a ficar em casa. Esse homem é apaixonado pela
família que tem, o que me deixa arrependido de ter pensado em destruí-lo um dia.
— Mamãe? — uma vozinha infantil diz, e Bibi aparece na porta, caminhando em direção
a Beatriz, pedindo colo.
Ela pega-a um pouco sem jeito.
— Papai disse que você viria, e você veio mesmo.
Os dois se entreolham.
— Desculpa a demora, amor. Mamãe estava um pouco ocupada — dá um beijo na
bochecha da garota.
— Porque você está vestida assim? — franze o cenho.
— Foi a única roupa que sua mãe achou — o pai diz — ela está cansada, querida. Cadê
sua irmã?
Ela dá de ombros.
— Não sei. Quando acordei ela não estava na cama.
Nos olhamos.
Que porra você foi fazer Madison Wood?
CAPÍTULO 35
Escolha suas últimas palavras
Esta é a última vez
Porque você e eu
Nós nascemos para morrer
Born To Die / Lana Del Rey
Respirar.
Era tudo o que eu precisava, tudo está acontecendo tão rápido que me senti sufocada.
Porém, foi a pior besteira que eu fiz quando o carro preto parou em minha frente, e eu fui
colocada lá dentro mesmo sem querer.
Quando acordei estava amarrada em uma cadeira, junto de uma mulher que era a cara da
minha mãe. Talvez porque fosse a verdadeira.
Me sinto burra em ter feito tudo o que não deveria.
— SOCORRO — grito.
— Não vai adiantar nada você gritar assim — ela diz.
A mulher parece irritada, quando vê a porta se abrindo.
Conrado desce pelas escadas, e para bem no nosso meio.
— A bela adormecida acordou — abre um sorriso asqueroso, que me causa arrepios —
não se preocupe, Betsy vai só terminar com eles rapidinho, e logo estará de volta para você —
diz, olhando para mim.
— Não chega perto dela, porra! — grita.
— Tão revoltada. Eu faço o que eu quiser — se aproxima dela, e ela cospe nele — amo
poder domar você. Parece que mesmo depois de dezenove anos, não aprendeu — ele se limpa, e
olha para mim de novo — Seja boazinha, Madison. Sua mãe logo estará de volta.
Ele diz, e sai novamente.
Ela vai matar o Logan, e o meu pai?
Que porra!
Jogo a cabeça para trás.
— Não era assim que as coisas deveriam acontecer. Como me descobriram? — ela
indaga, olhando para mim.
A olho, a semelhança delas é algo indescritível. Eu jamais saberia quem é quem.
— Meu pai e Logan correm risco de vida lá — falo baixinho — quem descobriu você, foi
o Logan.
Ela suspira.
— Tudo isso é culpa minha.
— Não é não.
— É sim, Madison. Ela é extremamente perigosa. Pode matar eles sem precisar sujar as
mãos. Foi assim que nosso pai morreu, com um veneno, mas disseram que foi ataque cardíaco.
Porra, como assim?
— Eu fugi, fiquei anos fora do radar dela, até me achar aqui.
— Porque?
— Ela é ruim. Nossos pais eram contra o relacionamento dela com um dos caras que era
traficante da área. Eu seria a próxima se não tivesse fugido de lá a tempo.
Meu Deus, que horror.
— A gente precisa sair daqui logo.
— Tem um monte de caras lá fora, eu sei porque quando me trouxeram aqui, vi.
— Eu…
A porta se abre novamente, porém um rosto reconhecido por mim, me deixa respirar
aliviada.
Adam.
— Fiquem em silêncio — ele diz se aproximando de nós.
— Como soube para onde me trouxeram? — indago, vendo Adam soltando ela.
Ele sorri, quando me olha.
— Eu vi quando te pegaram, tentei correr atrás, porém, não consegui. Então decidi
seguir. Tem uma área, sem nenhum deles, será por lá onde vocês sairão.
— Logan, meu pai?
— Eles não fazem ideia do que aconteceu, e eu preferi só vir aqui. Não se preocupe,
criança. Ficará tudo bem. Só façam o que eu digo, e logo estarão seguras.
Anuo.
— Meu carro está estacionado na parte de trás, sejam sorrateiras.
— E você?
— Eu tenho coisas a acertar aqui.
Ele termina de soltar Beatriz, e logo me solta também.
Um pensamento me vem à cabeça.
— Como vou saber que não está me enganando? — digo a verdadeira Beatriz? Ou seja, a
pessoa que for.
E se for Betsy disfarçada?
— Jamais te enganaria, minha filha.
Ela sorri, e segura em minha mão. Olho para Adam.
— Obrigada.
Ele faz continência.
— Boa sorte. Irei logo atrás.
Aceno com a cabeça.
— Vem, nós precisamos ir logo, antes que algo aconteça com eles — mamãe diz,
chamando minha atenção.
Anuo, e nós corremos, cuidando para não sermos vistas.
— Nós temos muito o que conversar — ela diz, parecendo estar sem fôlego.
— Eu também acho. Temos muita coisa mesmo para conversar — falo baixinho.
Conseguimos nos esgueirar pelo jardim até a passagem secreta, e por algum milagre
nenhum segurança percebeu a nossa presença.
Entramos no carro, porém, a chave não parece estar aqui, então ela resolve fazer ligação
direta, me fazendo admirá-la, nunca a imaginei fazendo uma coisa dessas.
— Desde quando você faz essas coisas?
Ela sorri.
— Tive muito tempo para estudar sobre algumas coisas. Meu sonho era conseguir
escapar de lá com um pouco de sanidade ainda. Pensar em você, me ajudou — ela sorri —
caralho, como é bom sentir o ar puro.
— Porque você nunca tentou fugir?
Ela suspira.
— Se eu fizesse isso, eles matariam o seu pai e você. Não podia botar a vida da minha
família em risco. Vocês são tudo o que eu ainda tenho.
Jogo a cabeça para trás, sentindo o couro gelado do banco.
— Isso só pode ser um pesadelo. Há algumas horas atrás, eu estava apenas lendo um livro
no meu quarto, e agora...
— Eu sinto muito por ter fodido a vida de vocês, se eu não tivesse escondido do seu pai
que tinha uma irmã gêmea, nada disso teria acontecido. Mas, fiquei com medo dele me rejeitar.
— Papai jamais seria capaz de fazer qualquer coisa disso. Porém, agora já foi, não tem o
que fazer.
— Estamos chegando já. Não quer dormir um pouco?
— Como você sabe o lugar?
— GPS, o cara deixou o lugar já marcado — ela sorri, ainda dirigindo — dorme um
pouco, está tudo bem.
— Não posso. Não me sinto cansada também, a preocupação é maior que o sono.
Ela anui, e continua dirigindo.
O GPS indica certinho o caminho de onde eles estão, então, em pouco tempo
estacionamos em frente.
Corro para dentro do galpão. Vendo a hora em que Logan irá tomar um gole do chá.
— NÃO! — grito chamando a atenção de todos.
— Amor? — é a única coisa que sai de seus lábios.
Beatriz quis fazer um chá para nos acalmarmos. Ela disse que seria a melhor forma de
sabermos o que fazer em um momento estressante como esse.
— Aqui — diz, colocando a xícara em minha frente.
Pego ela, e assopro.
— Obrigado — ela sorri, e se senta à nossa frente.
Quando vou tomar um gole, ouço a voz da minha mulher, e imediatamente, olho para a
porta, vendo ela, e Betsy juntas.
— Amor? — largo a xícara na hora, corro até ela, a abraçando com força.
— Vocês não podem tomar esse chá.
— O que ela está fazendo aqui? — Oliver indaga.
— Essa aí não é quem vocês estão pensando que é — Madison diz, de um jeito convicto.
— Filha! Você voltou.— A mulher diz.
Porém, percebo que Madison está certa. Ela é Betsy, não Beatriz.
— Como soube? — indago só para ela.
— Depois nós conversamos.
Anuo.
— Não a chame de filha. Você roubou de mim anos atrás. O que mais quer? Porque
continuar mentindo? Você perdeu, Betsy. A polícia está a caminho — Beatriz profere.
Na mesma hora vejo quando ela se exalta, e puxa a porra de uma arma, apontando direto
para Madison.
— Se ela não é minha, então também não será sua, irmãzinha.
Antes mesmo dela puxar o gatilho, puxo Madison para áreas, e o tiro acaba acertando
meu ombro.
— Mas que porra, Logan! — Madison diz — De novo?
— Eu só queria saber o porquê. Porque você se passou por ela todos esses anos? —
Oliver indaga.
— Você foi um ótimo marido, querido. O melhor de todos. Eu precisava de dinheiro
também, você é rico. Só precisei dar um jeito nela. Mas, agora todos vocês irão para o mesmo
lugar, final feliz.
— Eu sempre soube que você voltaria. Deveria ter dado um jeito de te mandado para o
presídio na época — Beatriz diz.
— Bom, agora você terá seu final tão merecido, irmã — ela sorri.
Madison me coloca sentado no sofá. Minha mão está cheia de sangue. Que porra, Logan!
— Amor, por favor, se mantenha firme, ok? eu vou chamar uma ambulância.
— Eu tô bem, está tudo bem — tento tranquilizá-la.
— Se afaste dele, Madison! Você é minha!
Madison se afasta de mim.
— Eu era quando achava que você era a minha mãe. Como pôde mentir todo esse tempo?
— Tudo o que eu fiz foi por você, minha filha.
— Você acabou de tentar me matar.
— Estou te fazendo um favor. Essa mulher jamais daria a você, tudo o que eu dei. Eu fui
uma mãe exemplar, a vocês.
— Você era uma mãe exemplar, até eu descobrir toda a verdade, agora não passa de uma
usurpadora, era tudo o que queria fazer, não é? Usurpar o dinheiro do meu pai.
— Deu tudo certo, até aquele moleque se meter no meio. Não era para ele estar vivo
mais.
— Nunca mais ouse falar do Logan. Ele salvou novamente a minha vida. Não só a minha,
mas do meu pai também.
Meus olhos pesam, e começo a me sentir tonto. Tento manter os olhos abertos, e vejo
quando Madison pula em cima dela.
Tento erguer a cabeça mas não consigo.
— Logan! — é Noah quem diz, sinto sua mão tentando estancar o sangue — que porra!
Vou ligar pra ambulância.
— Onde vocês estavam? aquela mulher conseguiu se infiltrar aqui, e vocês nem sequer
perceberam — digo, ignorando o que disse.
— Estávamos fazendo a ronda como pediu.
— Madison foi sequestrada, e vocês não viram nada, porra!
— O que? como isso aconteceu? — Andrew indaga.
— Eu também queria saber.
Ouço barulho de algo quebrando no chão, e um soco.
— Sua namorada aprendeu direitinho. Você corrompeu a garota — Noah diz. Parece que
quer ajudar a me manter acordado, mudando de assunto.
— Quem está apanhando? A arma, tá aonde? — indago.
Porra, é horrível tentar se manter acordado, me sinto impotente.
— A irmã gêmea do mal. A outra acabou de dar um chute na cara dela. Oliver pegou. Ela
está desarmada.
— Vocês não vão fazer nada?
— Pra que? As duas estão se dando bem, mantendo ela no chão. A garota sabe o que faz.
Ouço passos, coisas se quebrando, e o som da sirene da polícia.
— Não consigo mais manter meus olhos abertos — sinto meu corpo todo ainda mais
amolecido.
— Logan! — é a última coisa que ouço antes de apagar totalmente.
CAPÍTULO 36
Estou implorando, implorando para você
E estenda sua mão carinhosa, amor
Estou implorando, implorando para você
E estenda sua mão carinhosa, querida
Beggin / Måneskin
— Tem certeza que esse é o embarque certo? — Logan me pergunta pela milésima vez.
— Sim, olhei várias vezes, e é o mesmo número, olha — mostro a passagem a ele.
Passamos pelo check-in, e finalmente conseguimos embarcar.
— Porque trouxe tanta mala? Amor, são apenas três dias.
— Idai? Não posso mudar de roupa pelo menos umas três vezes por dia? E se acontecer
alguma coisa?
Ele termina de guardar as malas, e nos sentamos na poltrona.
— Quer realmente que eu responda isso?
— Não. Já sei que vai me chamar de exagerada.
— Eu te amo, mas realmente você exagerou. Caso esse avião caia, a culpa é do peso
dessas malas.
Olho para ele.
— Agora que falei isso, eu me lembrei. Se esse avião cair, não tem como nós
sobrevivermos, né? — Ele parece quase sem fôlego quando diz isso.
— Você está com medo? — ergo uma sobrancelha.
— O que? Eu não, quem está com medo aqui?
— Então porque não está tremendo? O avião é seguro, não tem porque ficar assim.
— E-eu sei, mas... Sou jovem demais para morrer, ainda tenho tanta coisa para viver.
— Calma, meu medrosinho, esse avião é mais seguro que a moto que a gente andou
ontem. Nada vai acontecer. Quer um remédio para dormir?
— Medrosinho é o caralho. Não preciso dessas frescuras não.
Ergo as mãos.
— Ok, então, valentão. Eu vou dar uma cochilada aqui — ajeito a poltrona, deixando ela
um pouco inclinada para que eu possa dormir — boa viagem — digo, e me deito, fechando os
olhos em seguida.
— Senhoras e senhores, estamos prestes a decolar. — a voz do aeromoça diz.
— Amor — Logan me cutuca.
— Oi — digo ainda de olhos fechados.
— Acho que eu aceito aquele remédio que você me ofereceu.
CAPÍTULO 37
Eu quero o seu amor e
Eu quero a sua vingança
Você e eu poderíamos escrever um mau romance
Bad Romance / Lady Gaga
Foi com uma foda, e um boquete — maravilhoso, diga-se de passagem — que ela
conseguiu me convencer a vir nesse restaurante que parece um pouco demais para mim.
Não estou acostumado a vir nesses restaurantes muito chiques, eu sempre preferi comidas
mais simples, por não saber como me comportar direito em lugares assim. Mas, o que não faço
pela Madison?
Minha mulher como sempre é a mais linda de todo o local. Para mim, ninguém consegue
ganhar da sua beleza. Pareço um bobo apaixonado falando isso? Sim! Mas, quem disse que eu
ligo?
— Esse vestido ficou perfeito em você — digo, elogiando-a.
— Se quiser, eu deixo você tirar ele mais tarde.
Porra, meu pau dá sinal de vida na mesma hora.
— Vou cobrar. Quem sabe eu não faça aquela sua fantasia?
Ela sorri, e sinto quando passa a perna pela minha.
— É bom não provocar muito — falo mais baixo.
— Não fiz nada, você está doido — faz uma carinha de inocente.
Ela vai ver o doido mais tarde.
O garçom aparece, e ela pede um vinho branco, junto com o prato de entrada, e o
principal. Tento ler os nomes no cardápio, mas não faço ideia do que se trata. Meu medo é ela
pedir algo que eu vá odiar. O cara some dizendo que logo irá trazer as coisas, e pede licença.
— Porque está com essa cara? — Madison indaga.
— O que era aquelas coisas que você pediu? nem se eu quisesse, e tentasse muito iria
conseguir falar os nomes.
Ela ri.
— São os pratos mais simples do restaurante. Tenho certeza que vai gostar.
Espero que ela tenha razão.
— Como sua mãe e a Emi estão depois de tudo?
Ainda não tivemos tempo para falar um pouco sobre essas coisas.
— Elas estão bem, e mais aliviadas em saberem que papai não era tão irresponsável
assim, e quem matou ele finalmente foi preso.
Mad segura a minha mão.
— Eu sinto muito pela minha família ter destruído a sua.
Suspiro.
— Vocês não tiveram culpa alguma das merdas da Betsy. Não teriam como saber que sua
mãe tinha uma gêmea também.
Ela abaixa a cabeça.
— Sim, mas mesmo assim. As coisas não deveriam ter acontecido daquela forma.
Pensando pelo lado bom, hoje em dia eu tenho uma namorada muito melhor do que eu
merecia.
— Mas, pelo lado bom, nós nos conhecemos. Estamos juntos agora, a única parte ruim
foi tudo o que eu te fiz sofrer.
— Você salvou a minha vida mais do que imagina, então agora está tudo bem. Ficou no
passado tudo isso — ela sorri.
Outro garçom traz o prato principal, o vinho branco, e deixa tudo em cima da mesa.
— Aqui está senhores, tenha um ótimo jantar — ele sorri para Madison, e vejo quando
seu olhar cai para o decote dela antes de sair da nossa mesa. Pelo canto do olho consigo ver a
forma como ele fica, fitando-a por alguns segundos antes de sumir em direção a cozinha.
— Porque ele estava te olhando? — digo, me sentindo puto da vida.
— O que?
— Aquele cara, ele ficou te cuidando, e sorriu para você.
— Logan, para com isso. Ele não tava fazendo nada.
Solto um riso, chamando a atenção de algumas pessoas que estavam por perto.
— Nada? amor, ele ficou encarando a porra do seu decote. Ele acha o que? que eu sou a
droga de uma parede?
A desgraçada ri, e serve o nosso vinho.
— Se você fosse uma parede, seria a mais linda.
Porra, eu só consigo sorrir.
— Isso é golpe baixo — digo antes de começar a comer.
Nosso jantar foi tranquilo — tirando o filho da puta do garçom, dando em cima dela —
Madison bebeu um pouco demais a ponto de ficar louca, e eu precisei levá-la carregada para o
hotel.
O foda é que ela bebe, e fica ainda mais safada que o normal.
— Amor, deixa eu te dar um banho — digo, e ela continua me agarrando, tentando me
beijar.
— Eu quero sentar no seu pau. Porque não me deixa fazer isso? — Faz um beicinho.
— Você está muito bêbada, e eu não costumo fazer essas coisas, quando a pessoa não
está sóbria.
Mad me solta, e soluça.
Sorrio, e pego um pouco de shampoo, passando em seu cabelo.
— Eu quero transar — ela diz, colocando a cabeça para trás, parecendo gostar da
massagem que faço em seu couro cabeludo — se continuar assim, eu vou dormir.
Rio. Nunca tinha visto ela bêbada assim antes.
— Que bom. Seria bom se dormisse, amanhã acordaria novinha em folha.
— Eu quero transar — repete.
— Eu quero te dar um banho, amanhã a gente transa.
— Mas, eu quero agora.
Ela se vira tentando me puxar para debaixo da água gelada, mas eu a seguro, e coloco sua
cabeça embaixo d'água.
— Está gelada — reclama.
— É bom porque assim você para com esse fogo, e fica sóbria de novo — digo.
Ela faz um beicinho, quando puxo-a novamente.
— O que eu faço com você, hein?
— Me fode!
Que fogo do caralho essa mulher está.
Mesmo com a tentação que ela é, ainda consigo terminar de dar banho nela, e a levo para
o quarto. A garota começa a bater o queixo, então eu ajeito o ar condicionado antes de secá-la.
Porém, quando me viro, vejo-a sem toalha, deitada na cama — molhando-a toda no processo —
se tocando.
— Já que você não me quer, eu faço isso sozinha — ela diz entre gemidos.
Sinto minha garganta secar na mesma hora.
CAPÍTULO 38
Essas chamas ardentes, essas ondas latentes
Me varra como um furacão
Eu te prendo, você está hipnotizado
Sinta-se poderoso, mas sou eu de novo
Middle Of The Night / Elley Duhé
Por um milagre de Deus, eu consegui contornar a situação, e fazer Madison dormir, foi
com muito custo mesmo.
Agora são duas e meia da tarde, a hora onde a minha princesa finalmente resolveu
acordar.
Perdemos a hora total do nosso passeio, por causa dela, mas tudo está sob controle — eu
acho. —
— Outro remédio? — indago.
Ela resmunga algo incompreensível.
— Fecha essa janela. Minha cabeça parece que vai explodir.
— Porque será né, princesa? Você bebeu igual a um camelo ontem.
— Que expressão é essa? — ela ri.
Dou de ombros, meu amigo Daniel vivia falando isso, seus pais são brasileiros, acabei
pegando a mania de falar algumas expressões de lá por causa disso.
— É uma coisa brasileira. Deixa para lá. Levanta, e vai tomar um banho, talvez a gente
ainda consiga esquiar.
Ela levanta resmungando, aposto que queria ficar mais na cama. Eu também queria isso.
Quem mandou inventar essa viagem? agora aguente.
Arrumo algumas coisas, enquanto ouço o chuveiro ainda ligado, até que meu celular
começa a tocar, indicando que recebi uma mensagem. Pego-o de cima do criado-mudo.
Noah:
Cara, fodeu! Andrew está incontrolável aqui quebrando tudo na oficina.
Fico em sinal de alerta. Andrew sempre foi o mais controlado de todo o grupo. Porém, só
tem uma pessoa nesse mundo com o poder de deixar ele assim. Ela voltou.
Eu:
O que aconteceu? Não me diz que ela voltou?
A bolinha de online logo fica verde, e o digitando aparece na tela, me deixando
apreensivo.
Noah:
Sim, nós vimos ela, e a mãe se mudando para aquela casa bem em frente a de Madison.
Franzo a sobrancelha.
Eu:
O que estavam fazendo lá?
Noah:
A ronda que você havia pedido, né? Esqueceu disso?
Eu:
Vou tentar encurtar a viagem aqui para chegar mais rápido aí. Por favor, tente controlar
ele o máximo possível.
Madison sai do banheiro repentinamente, me dando um susto.
— O que está aprontando aí que se assustou? — ergue uma sobrancelha.
Coloco o celular de volta onde estava. Hoje em dia eu não escondo nada mais dela, a não
ser o motivo dos caras terem ido embora, afinal isso é algo que eu não quero ela metida.
— Noah acabou de mandar uma mensagem aqui. Andrew está incontrolável.
Ela se aproxima de mim, e eu me sento na cama, me sentindo preocupado com ele. O
moleque sempre foi meu amigo. Tentou ao máximo me ajudar em todas as merdas que eu enfiei
ele, e os outros.
— O que aconteceu? Ele está bem?
Nego com a cabeça.
— A ex dele voltou para a cidade. Está morando em frente a sua casa.
— Papai me disse que tinha uma amiga dele que iria se mudar para lá. Mas, eu não as
conheço.
Olho para ela.
— Seu pai conhece a mãe da Kristen então?
— Eram amigos de faculdade, parece. Mas, eu nunca as vi. Nem nas festas da empresa.
Ela tem uma parte das ações também.
Não é novidade que a mãe dela é rica, e arrota dinheiro, e arrogância pelos lugares onde
passa. O irmão dela — e meu melhor amigo que morreu — sempre teve os melhores carros,
porém, ele era alguém simples, por mais dinheiro que tivesse. Havia puxado isso do seu pai, que
nunca se importou com ele ser nosso amigo.
Depois que ele morreu, a família se mudou para bem longe, assim como os meus amigos.
A fatalidade daquele dia, nunca nos deixou em paz. Minha vida infelizmente é marcada por
tragédias.
— Ela se separou do marido, e quis voltar a ficar mais perto do papai de novo. Parece que
elas ainda sofrem com a morte do filho mais velho.
— Elas não são as únicas.
— Você conheceu ele?
— Ele era meu melhor amigo. Infelizmente morreu em uma das nossas corridas —
pensar naquele dia, me faz ficar para baixo. Sinto falta pra caralho daquele garoto — ainda sinto
falta dele.
Madison me abraça.
— Tenho certeza que sim. Mas, não vamos ficar assim, ok? A gente pode voltar mais
cedo para lá, só que agora, nós temos um item da lista para riscar, lembra?
Sorrio, e jogo-a na cama.
— Eu sei, mas antes eu quero uma coisa…
Eu odeio a neve.
Odeio o frio, e tudo o que envolve essa merda.
Minhas mãos estão congeladas, não sinto mais meus dedos, mal consigo me mover.
— Amor, tenta manter a concentração.
— Eu tô congelando aqui. Vou manter a concentração como?
Ela ri, e segura em minha mão.
— Você não ama velocidade? Então, iremos ter muita adrenalina descendo aqui.
— Amo carros, coisas que não envolvem a porra de uma nave.
O instrutor para o snowboard bem ao nosso lado.
— Precisa de ajuda, Mad?
Mad? Que intimidade é essa com ela?
— Não, mas ele precisa — ela aponta para mim.
— Nesse caso não sou eu o responsável — ele diz.
— Não é o responsável? Então porque perguntou se ela queria ajuda? — digo.
— Moças bonitas a gente dá um jeito — ele diz, sorrindo para ela — no caso dos
marmanjos, vocês podem fazer isso sozinho.
— Eu odeio caras que ficam dando em cima de mulher comprometida. Sabe o que eu
faço com esses caras? Jogo eles montanha abaixo — digo sorrindo.
O cara coloca as mãos para cima em sinal de rendição.
— Eu não sabia que era namorado dela. Foi mal aí cara — ele diz saindo, continuo o
encarando.
— Era só o que me faltava agora — digo.
Madison começa a rir.
— Amor, ele só queria ser gentil. Você parece um cão de guarda assim.
— Talvez eu seja, e aí? você é minha, eles que arrumem outra por aí.
Ela sorri, e me dá um selinho.
— Vem vamos logo.
Faz alguns dias que não vejo Logan. A gente sempre conversa por mensagens, e ele me
atualiza sobre Andrew. O coitado anda em uma crise bem complicada.
Eu aproveitei esses dias longe dele, para fazer algo que eu não fazia há muito tempo;
escrever.
Sempre quis ser escritora, porém nunca tive nenhuma ideia em minha cabeça, as palavras
embaralham, e eu não conseguia pô-las em um papel — ou computador — porém, depois de
tudo o que aconteceu, uma ideia começou a rondar minha cabeça, e eu consegui pela primeira
vez, escrever algo.
Uma história, a minha história.
Falar sobre si mesma não é a coisa mais fácil do mundo, porém falar sobre ele, é
diferente.
Em dois dias, consegui escrever dez capítulos, e como a insegura que sou, acabei
deixando o papel para Debby ler, e me dizer o que achou.
— E aí? Será que está bom? — indago, quando ela me olha.
— Amiga, você tem um diamante na mão. Sabe o quanto isso vai fazer sucesso?
Suspiro.
— Não sei, não chega nem perto dos livros que eu leio.
— Não pode ficar se comparando com autoras experientes. Cada um tem uma forma de
se expressar, precisa ser autêntica, se quer mesmo chamar atenção.
Ela tem razão.
— Eu sei, mas ainda assim — me jogo na cama — e se ninguém ler?
— Pelo menos ele, e eu leremos. Isso você pode ter certeza. Não sei porque se preocupa
tanto.
E de novo ela tem razão. Ele adoraria ler essa história, disso eu não duvido. Logan
sempre me influenciou a fazer aquilo que eu gostava. Nunca vou esquecer do fato dele já ter lido
todos os meus livros preferidos, só para ter um assunto em comum comigo. É como se ele tivesse
saído daquelas fanfics diretamente para mim.
— Você tem razão. Eu vou continuar com esse projeto, e quando tiver pronto, vou achar
uma editora que queira publicar.
Debby se levanta da cadeira, e deita ao meu lado na cama.
— Eu estarei aqui aplaudindo seu sucesso quando isso acontecer. Vai dar tudo certo,
amiga. Siga o seu sonho.
É exatamente isso o que eu pretendo fazer.
Dia após dia, semana após semana, eu escrevia cada vez mais, até ele finalmente estar
pronto.
Logan veio até aqui no dia que eu finalizei, e eu dei a ele uma cópia do livro. Queria que
ele lesse cada palavrinha antes de eu ir atrás de alguma editora.
— O que é isso aqui? — ele indaga, olhando para o pequeno pendrive em sua mão.
Acabei colocando o arquivo em um pendrive, justamente porque achei que seria mais
fácil para ele ler.
— A nossa história — digo, me sentindo uma boba.
E se a Debby estiver errada, e ele odiar quando ler?
Logan ergue uma sobrancelha, sem entender nada.
— Como assim, amor?
Suspiro, e me sento em seu colo.
— Eu decidi finalmente escrever um livro nessas semanas que estávamos distantes um do
outro. Todo o arquivo dele está aí.
Logan sorri.
— Virei um daqueles badboys dos seus livros, é?
— Talvez. Só saberá quando ler.
— Posso saber qual é o nome do livro?
O nome é aquele que faz o meu coração bater mais forte.
— O nome é Logan.
Ele parece surpreso.
— Você escolheu o meu nome para o livro? Porque?
— Porque você é o protagonista dela. É sobre um garoto batalhador, que sempre fez de
tudo para ajudar a família, e que do nada apareceu na vida de uma menina, e mudou o mundo
dela. Comecei a ver as coisas da forma real, depois que você apareceu. Espero que não ache uma
história boba — me escondo em seu pescoço.
Sinto quando ele acaricia minhas costas.
— Eu amo tudo o que venha de você. Não fique se pondo para baixo, amor. Eu confio no
seu potencial. Tenho certeza que ainda vai brilhar muito, e eu estarei aqui aplaudindo você.
Sinto o impacto de suas palavras em meu coração. E isso me dá vontade de chorar.
Odeio ser sentimental.
— Eu também tenho algo para você, sabia? — ele diz, de repente.
Ergo a cabeça, olhando-o.
— O que tá aprontando, Logan White? É um pedido de casamento surpresa? — brinco.
Ele abre o sorriso mais lindo que eu já vi.
— E se for? Será que aceitaria?
Ofego, e pisco algumas vezes. Isso realmente foi real?
Ele ri.
— Pelo visto, diria um não bem na minha cara. Ainda bem que não é isso então.
Bato nele.
— Isso não é verdade, ok? Porém...
— É muito cedo, eu sei disso. Também temos que terminar a faculdade, preciso trabalhar
o triplo para dar a vida que você merece, e está acostumada a ter.
— Amor, eu moraria em qualquer lugar que você quisesse. Sabe que não me importo
com dinheiro.
Ele dá um beijo em minha testa, me fazendo fechar os olhos.
— Eu sei disso. Por isso que eu sempre digo que escolhi muito bem a mulher que tenho
ao meu lado — ele sorri — ainda não é um pedido de casamento. Mas, é outra coisa, que talvez
você goste mais do que isso.
— O quê? Agora eu fiquei curiosa.
— Então vem comigo, e você vai saber o que é.
Logan me vendou, e eu não consegui nem sequer adivinhar o que ele estava aprontando.
Tudo o que eu falava que poderia ser, ele dizia que estava errado.
Até que eu me irritei, e parei de falar.
— Chegamos — ele diz, e eu sinto quando o carro para de repente.
— Aonde estamos?
Sua porta se abre, e antes dele sair, diz:
— Você verá logo, logo. Quer parar de ser curiosa?
Cruzo os braços. Eu sempre fui assim, será que ele não percebeu?
— Eu sempre fui desse jeito. Faz parte da minha personalidade.
— A personalidade de ser uma grande gostosa? É nisso eu concordo — ele diz, e logo
ouço o baque da porta se fechando.
A minha se abre, e ele me ajuda a sair de dentro do carro. Ouço várias pessoas falando
entre si, e uma música bem alta.
Que porra está acontecendo?
— Onde a gente tá, Logan? Posso tirar a venda? — Me seguro em seu braço, e ele vai me
guiando.
— ainda não, amor. Mas falta bem pouco, eu prometo.
Continuamos caminhando no mar de pessoas, e só sei que tem uma multidão, porque
várias me batem sem querer. Até um pisão no pé eu levo. Tudo culpa do meu namorado.
Paramos de repente, e eu ouço os barulhos dos carros com o motor ligado.
— Pode tirar a venda — ele diz, e eu finalmente faço isso.
Quando abro os olhos, vejo que estamos onde tudo começou.
— O que a gente está fazendo aqui? — indago, olhando para ele.
Logan sorri.
— Nós dois vamos correr.
— O que? Eu tô sem o meu carro, esqueceu que eu vim com você?
— Tem certeza disso? Olha para lá — ele aponta com o queixo, e eu faço isso, vendo
meu carro estacionado.
— Quem trouxe ele? — indago.
Do nada Debby aparece ao meu lado.
— Preparada para ganhar dos bundões? — ela indaga.
Rio.
— Mais do que preparada — digo, e logo ouvimos alguém falando no auto falante.
— Chegou a hora, amor — ele diz, e me dá um selinho indo até o carro dele.
Eu faço o mesmo, e estaciono o carro bem ao lado dele.
— Preparado para perder? — indago.
— Agora quem vai comer poeira é você, amor — ele diz, sorrindo.
— Veremos — profiro, e olho para frente.
Agora sim, eu sinto que finalmente minha vida está completa. Tenho tudo o que
precisava ao lado.
Vivi a vida que eu achava que existia apenas nos livros, porém, na vida real.
Até achei o meu badboy. Mesmo dizendo que iria passar bem longe de caras assim, no
final o destino riu da minha cara.
EPÍLOGO
Você sabe que eu te quero
Não é um segredo que eu tento esconder
Você sabe que me quer
Então, não continue dizendo que nossas mãos estão
atadas
Rewrite The Stars / James Arthur