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Religiao No Brasil

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Nome: Máira Silva dos Reis

Disciplina: Seminários Temáticos de Sociologia

Fichamento do livro “Por que o panorama religioso no Brasil mudou tanto?” de


Padre Alberto Antoniazzi

O autor:

- Nascido na Itália em junho de 1937, veio para Belo Horizonte em 1964

- Sacerdote da Arquidiocese de Belo Horizonte e professor de Teologia

- Foi vice-reitor e pró-reitor da PUC Minas e faleceu em dezembro de 2004

O livro:

Afim de entender as mudanças do cenário religioso no Brasil essa publicação do


Padre Alberto Antoniazzi tem como base de dados o “Atlas da filiação religiosa e
marcadores sociais no Brasil” de Cesar Romero Jacob, Dora Hees, Philippe Waniez e
Violette Brestlein, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Suas
principais características são a clareza e a sucintez. O texto é dividido em seis capítulos e
trabalha com interpretações numéricas, mas procura significar e justificar esses dados,
colocando em questão o papel da igreja e a responsabilidade fraterna e missionária dos
cristãos.

Capitulo 1 – Por que o panorama religioso no Brasil mudou tanto?

Neste capítulo Antonizzi vai justificar a sua preocupação em responder à pergunta


que deu nome ao seu livro, ele vai dizer que esteve descontente com os dados sobre a
religião obtidos no censo de 2000 comparado com os anteriores, como também a pouca
repercussão e desinteresse dos teólogos na análise do fenômeno. O que preocupa o autor
é a diminuição do número de católicos no país, a ascendência dos evangélicos e
principalmente o aumento do grupo sem religião. E para isso ele vai descrever o progresso
da diversidade religiosa no brasil, vendo o país como uma nação católica até os anos 70,
e tendo a porcentagem de católicos se reduzindo ao longo dos anos. Onde ele crê que este
fenômeno se tornaria comum em todo Brasil, com exceção de algumas regiões onde o
catolicismo se mostrou mais resistente, essas em que ele nomeou de Bastiões do
Catolicismo.

“O censo de 1980 registrou, pela primeira vez na história do Brasil uma


porcentagem inferior, embora de pouco, a 90%. Como vimos, tal porcentagem diminuiu
nos Censos seguintes: 83,3% em 1991 e 73,9% em 2000.” – Página 10

“... a diversidade religiosa tende a se tornar uma realidade comum a todo o


Brasil, com a exceção de três áreas: o sertão nordestino; o interior de Minas Gerais; o
interior do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.” – Página 11

Capitulo 2 – Força e fraqueza da presença católica

No segundo capítulo, ele vai expor a concentração de católicos no país de acordo


com o Censo de 2000, segregando estados com os maiores e os menores percentuais de
católicos. Dentre os maiores estão: Piauí (91,3%), Ceará (84,9%), Paraíba (84,2%). E os
menores são: Rio de Janeiro (57,2%), Rondônia (57,5%) e Espirito Santo (60,9%). Para
isso ele levanta diversas relações culturais, históricas e econômicas da região. Onde ele
percebe que no interior o índice de católicos costuma ser maior que no litoral, e percebe
também que em áreas de imigração e nas metrópoles também há certa vulnerabilidade.
Por fim, ele faz diversas comparações numéricas por regiões tendo em vista sempre o
número de pessoas sem religião para entender as mudanças culturais.

Capitulo 3 – Movimentos da população e atuação da igreja católica

Neste capítulo, o autor começa acusando dois principais motivos para a dispersão
do catolicismo, o primeiro deles que é visto no capítulo anterior é a migração e a
movimentação da população brasileira, mas o segundo refere-se a falta de empenho da
igreja católica na recepção da população recém chegada. Tendo isso em vista, ele
estabelece novas relações entre o crescimento populacional e a implementação de novas
paróquias, visto que o número de habitantes cresce de forma bem mais elevada que o
número de presbíteros. Ao avaliar as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro
e Belo Horizonte ele percebe que as cidades em que o catolicismo mais se dispersou foram
aquelas que obtiveram maior crescimento demográfico, tornando desproporcionais o
número de paroquias, dioceses e agentes da pastoral.

Contudo, em especial na RM de Belo Horizonte percebe-se um quadro melhor do


que no Rio de Janeiro e São Paulo já que se havia maior disponibilidade de recursos
pastorais e não houve a criação de outras Dioceses em seu entorno. Mas isso não impediu
que o número de católicos diminuísse, levando a uma outra hipótese, que diz respeito ao
tamanho das paroquias e o atendimento precário devido à sobrecarga dos párocos quanto
a realização de sacramentos, e manutenção da paroquia, comprometendo a qualidade do
trabalho pastoral, tornando-os incapazes de lidar com a sociedade que está em constante
movimento e mudanças. Por fim percebe-se o rápido crescimento populacional e a
insuficiência da resposta pastoral, onde o autor sugere que não foram os fiéis que
abandonaram a igreja, e sim a igreja que os abandonou ao não oferecer o devido
acompanhamento pastoral.

Capitulo 4 – A extrema diversidade das igrejas evangélicas

Dando início a um novo tema e a quarta parte de sua obra, o autor começa a
desvendar a igreja evangélica tradicional, como surgiu no Brasil, seu dinamismo e suas
estratégias de mobilização e evangelização. É visto que os protestantes tradicionais, com
base no Censo de 2000 se dividem em três igrejas: Presbiteriana, Batista e Metodista.
Sendo a distribuição geográfica equivalente, com exceção da Metodista que se
concentrava na região sudeste e cresceu em um ritmo consideravelmente menor
comparada as outras duas. Isto se dá pelas formas de evangelização, já que a mesma se
concentrava na doutrinação das elites, e as igrejas batistas e presbiterianas se difundiram
pelos menos favorecidos. É importante lembrar que a igreja Batista é a mais restritiva e
ainda assim foi a que mais se desenvolveu, pois tem como característica uma comunidade
mais solidária e fraterna, que atrai os católicos que querem uma experiencia religiosa mais
fervorosa.

Algumas das características das igrejas citadas anteriormente, as quais pertence


ao grupo de protestantes de missão são: Alta atividade urbana, com pouca participação
rural; Número maior de mulheres que a média; Maior participação de adultos e idosos;
População branca mas com adesão significativa de indígenas; Pouca participação de
agricultores e trabalhadores da indústria; Participação maior de servidores públicos e
empregadores; Nível de educação acima do médio, e por fim referente a renda tem-se
participantes predominantemente de classe média-alta.

Capitulo 5 – Entre o espirito e a empresa: A expansão pentecostal

No quinto capítulo, o autor coloca em questão, o crescimento das igrejas cristãs


pentecostais, quais são as mais comuns e como elas se desenvolveram. É visto que a maior
parte dos fieis se concentram em cinco igrejas maiores, sendo elas: Assembleia de Deus;
Congregação Cristã do Brasil; Igreja Universal do Reino de Deus; Evangelho
Quadrangular; e a Deus é Amor.

As igrejas Assembleia de Deus, Evangelho Quadrangular e a Congregação Cristã


do Brasil tem o surgimento bem semelhante, ambas foram fundadas por missionários de
outros países vindos dos EUA, contudo a primeira foi fundada por missionários suecos e
se difundiu nas regiões norte e centro-oeste, e é caracterizada por se dividir em pequenos
grupos, publicar livros próprios e dominar as rádios. A segunda se difundiu em Belo
Horizonte, Curitiba e São Paulo, fazendo uma transição entre pentecostalismo clássico e
o neoopentecostalismo sendo caracterizada pela pregação às massas e a ideia de cura
divina. Já terceira foi fundada por missionários italianos e se difundiu em São Paulo e
Rio de Janeiro, e é caracterizada pelo conservadorismo e uso exclusivo da bíblia sagrada.

Também fundada no Rio de Janeiro, mas por Edir Macedo, a Igreja Universal do
Reino de Deus é das maiores igrejas, a mais recente, e é a que mais se distancia do
pentecostalismo tradicional, sendo caracterizada por ter uma organização empresarial e
investir muito nos meios de comunicação, além de incorporar práticas religiosas
populares. Por fim a igreja Deus é Amor está muito presente no sudeste brasileiro e é
conhecida pelas promessas de curas e milagres, como também sua expansão pelas rádios.

Algumas das características das igrejas pentecostais são: A maior presença de


mulheres; maior presença de negros e pardos; Nível de instrução e renda baixa. E o
crescimento delas se dão a partir dessas características e na crença de milagres, curas,
intervenções sobrenaturais, pecados, mitos bíblicos e feitiçarias, além do caráter
empresarial e o marketing envolvido na criação de pontos de pregação e congregações.
Capitulo 6 – As “outras” religiões

Por fim, neste capítulo o autor leva em questão os grupos pertencentes as outras
religiões. Dentre as outras religiões tem-se os espiritas, a Umbanda e Candomblé, as
testemunhas de Jeová, religiões orientais e islâmicas. Mas o que mais chama a atenção é
o grupo se declara sem religião que é o terceiro grupo mais numeroso que se dispersa por
toda a nação, porém o menos investigado. Suas características são a presença majoritária
de homens de todas as raças, mas de renda baixa. É importante dizer que o autor não
considera sem religião aqueles que se declaram ateus, mas sim todos aqueles que não tem
nenhuma prática religiosa, e por ser um fenômeno percebido na população mais pobre
questiona-se mais uma vez, se foram eles que abandonaram a religião ou se de tantas
faltas, serem pessoas sem terras, sem casa, sem emprego, sem instrução agora são também
sem religião por terem sido anteriormente abandonados por ela?

Nota Final:

A obra de Antoniazzi é interessantíssima e possibilita o entendimento do


surgimento e disseminação do cristianismo no brasil por perspectivas históricas,
geográficas, estatísticas e sociais. Contudo por se tratar de dados dos anos 2000 percebe-
se que com os novos Censos há diversas informações que poderiam ser acrescidas, e que
alimentam varias outras discussões diante do crescimento desenfreado das igrejas
evangélicas atualmente, que é muito influenciada pelo cenário político, pauta essa pouco
trabalhada com os dados dos anos 2000, mas com grande potencial para os resultados do
Censo de 2022.

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