Psicologia Como Profissão - 05
Psicologia Como Profissão - 05
Psicologia Como Profissão - 05
Esse termo foi cunhado por Lightner Witner, professor da Universidade da Pensilvânia, no século 19. Ele
fundou a primeira clínica de psicologia e focou seus estudos e práticas no acompanhamento psicológico
infantil, acolhendo e tratando crianças que apresentavam problemas de desenvolvimento e que eram
encaminhadas por pais e professores.
De acordo com ele, a clínica deveria se estruturar de acordo com o modelo médico, com uma diagnose
e protocolos de tratamento, exercendo a função de reabilitação da saúde mental das pessoas e enfatizando
a humanização desse atendimento.
Entretanto, de lá pra cá muita coisa mudou: a clínica ampliou suas investigações e práticas para além
das questões individuais ou do público infantil, quebrou paradigmas, indo da ideia da necessidade do
tratamento e cura de doenças mentais para, também, uma perspectiva positiva de desenvolvimento de
potencialidades humanas.
A Psicologia Clínica é uma área de atuação do psicólogo que se utiliza de métodos e técnicas para
conhecer a realidade psíquica e comportamental de um sujeito, ou grupos de pessoas, com intervenções
sistematizadas para a promoção de mudanças duradouras, cuja finalidade é a promoção da saúde mental
e do bem-estar individual e coletivo.
Os atendimentos podem ser individuais, de casal, em família ou grupos de pessoas e a clientela varia
desde o público infantil até pessoas passando pelo processo de envelhecimento.
As demandas são absolutamente heterogêneas: há aqueles que estão passando por problemas existen-
ciais mais focais, ou enfrentando períodos difíceis e que precisam de um suporte, ou necessitando de um
auxílio para reorganizarem suas vidas, ou sofrendo com psicopatologias, até mesmo que buscam respos-
tas sobre sua sexualidade, sobre seus relacionamentos interpessoais, sua dinâmica familiar, outros buscam
ser acolhidos em situações de luto e de readaptação.
O psicólogo clínico não prescreve medicação, esta é uma atribuição dos médicos psiquiatras. O princi-
pal instrumento do Psicólogo é a escuta (empática e sem julgamentos) e a intervenção num set terapêuti-
co, que pode ser um consultório, a casa do cliente ou onde surgir a necessidade de atendimento, lembran-
do que é garantido o sigilo profissional; o seu modo de trabalho vai variar de acordo com a sua aborda-
gem teórica.
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Alguns podem lançar mão de testes psicológicos para análise da gravidade de certos sintomas relacio-
nados a psicopatologias, da personalidade e do humor, outros podem promover dinâmicas para ampliar
a consciência do cliente, outros investigam questões inconscientes que geram adoecimento psíquico,
outros focam sua prática facilitando o desenvolvimento dos aspectos saudáveis das pessoas, há também
os que facilitam o encontro de sentidos de vida.
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a Psicologia Clínica se divide em várias “áreas” que
concebemos, na verdade, como “abordagens”.
As Abordagens em psicologia designam diversos modos de compreender o ser humano e suas manifes-
tações e cada uma guarda em si fundamentos científico-filosóficos, bem como técnicas e instrumentos de
intervenção específicos. Neste sentido, os psicólogos atuarão no set terapêutico de maneiras muito varia-
das!
Cada abordagem dará ênfase a determinado aspecto humano e cada uma concebe a subjetividade de
maneira distinta, sendo capaz de lidar com uma enorme gama de questões comportamentais ou existen-
ciais.
O psicólogo, por sua vez, independentemente da abordagem de escolha, está apto a ouvir seu cliente,
fazer ou não um diagnóstico e lidar com ele da maneira mais apropriada, dentro de sua linha teórica.
• Você não está conseguindo lidar com situações que surgiram em seu trabalho;
• Suas relações amorosas ou de família não andam muito bem;
• Anda demasiadamente triste, ansioso, paralisado, estressado e irritado;
• Deseja desenvolver habilidades sociais, como ser mais empático, comunicativo ou romper a
barreira da timidez;
• Gostaria de aprender a se amar mais;
• Deseja se libertar de relacionamentos abusivos, mas ainda não descobriu como;
• Seus medos são paralisantes e lhe atrapalham a ter uma vida autônoma;
• Não consegue superar situações traumáticas do presente ou do passado;
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• Precisa de auxílio para passar por uma perda importante, um luto ou uma separação;
• Gostaria de ser ouvido sem julgamentos;
• Gostaria de viver uma transformação pessoal positiva;
• Deseja cuidar da saúde mental para ser uma pessoa mais feliz.
Bom, se você chegou até aqui, já deu pra perceber que a psicologia clínica não se resume a tratar do
adoecimento, muito menos se destina a “pessoas fracas”, – lembrando que este é um termo bastante pejo-
rativo para descrever as pessoas, pois qualquer um de nós também estamos aptos para passar por proble-
mas – assim como o psicólogo não é capaz de desvendar seus pensamentos.
Agora você já sabe: a Psicologia Clínica se destina a qualquer pessoa, seja aquela que passa por um
processo de adoecimento psíquico ou não!
Ela é útil a todos que tenham um desejo legítimo de aprimoramento pessoal ou que reconheçam que
certos padrões comportamentais estejam dificultando suas tomadas de decisão. Então, se você se sentiu
instigado a buscar esse profissional, não perca mais tempo: vá em busca de um psicólogo para chamar de
seu!!
A atuação do psicólogo do esporte está voltada tanto para o esporte de alto rendimento, ajudando
atletas, técnicos e comissões técnicas a fazerem uso de princípios psicológicos para alcançar um nível
ótimo de saúde mental, maximizar rendimento e otimizar a performance, quanto para a identificação de
princípios e padrões de comportamentos de adultos e crianças participantes de atividades físicas. Estuda,
identifica e compreende teorias e técnicas psicológicas que podem ser aplicadas ao contexto do esporte e
do exercício físico, tanto em nível individual – o atleta ou indivíduo praticante – como grupal – equipes
esportivas ou de praticantes de atividade física.
Sua atuação é tanto diagnóstica, desenvolvendo e aplicando instrumentos para determinação de perfil
individual e coletivo, capacidade motora e cognitiva voltada para a prática esportiva, quanto interventiva
atuando diretamente na transformação de padrões de comportamento que interferem na prática da ativi-
dade física regular e/ou competitiva. Realiza estudos e pesquisas individualmente ou em equipe multidis-
ciplinar, observando o contexto da atividade esportiva competitiva e não competitiva, a fim de conhecer
elementos do comportamento do atleta, comissão técnica, dirigentes e torcidas.
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qualidade de vida dos indivíduos; desenvolve ações para a melhoria planejada e sistemática das capacida-
des psíquicas individuais voltadas para otimizar o rendimento de atletas de alto rendimento bem como de
comissões técnicas e dirigentes; participa, em equipe multidisciplinar, da preparação de estratégias de
trabalho objetivando o aperfeiçoamento e ajustamento do praticante aos objetivos propostos, procedendo
ao exame de suas características psicológicas; participa, juntamente com a equipe multidisciplinar, da
observação e acompanhamento de atletas e equipes esportivas, visando o estudo das variáveis psicológi-
cas que interferem no desempenho de suas atividades específicas como treinos e competições.
Orienta pais ou responsáveis nas questões que se referem a escolha da modalidade esportiva e a conse-
quente participação em treinos e competições, bem como o desenvolvimento de uma carreira profissio-
nal, e as implicações dessa escolha no ciclo de desenvolvimento da criança. Colabora para a compreen-
são e transformação das relações de educadores e técnicos com os alunos e atletas no processo de ensino
e aprendizagem, e nas relações inter e intrapessoais que ocorrem nos ambientes esportivos. Colabora para
a adesão e participação aos programas de atividades físicas da população em geral ou portadora de neces-
sidades especiais.
“A psicologia do esporte não é um tratamento. Faz parte de um trabalho dentro de uma comissão, assim
como faz parte o médico nutricionista, técnico, ortopedista. A principal função é desenvolver habilidades
específicas para que o atleta tenha o melhor rendimento possível, que ele consiga fazer o melhor gesto
técnico possível – principalmente com treinadores e preparadores físicos”, explica a psicóloga Luciana
Ferreira Ângelo, integrante do Coletivo Ampliado do Conselho Federal de Psicologia.
Para atuar como psicólogo esportivo, o profissional precisa conhecer o esporte do qual fará parte. O
objetivo é entender como os fatores psicológicos influenciam o desempenho físico e de que forma a parti-
cipação nessas atividades influencia o desenvolvimento emocional, a saúde e o bem-estar do atleta nesse
ambiente. Diferentemente do analista clínico, que atua em consultório, o profissional do esporte estará
sempre onde o atleta estiver.
“Em primeiro lugar, o psicólogo precisa entender da modalidade. Se atende a um velejador, tem que
entender as diferenças dos barcos em que vai velejar. O canoísta Izaquias [Queiroz], que remou sozinho,
também competiu com duas canoas, que força mecânica ele precisa para realizar o movimento? Quais
foram as estratégias táticas?”.
Em esportes coletivos costuma-se desenvolver habilidades em equipe para reforçar o papel do líder,
aprimorar a comunicação entre os atletas e a imprensa, criar estratégias de enfrentamento de situações
críticas e pressões por resultados positivos.
No futebol, por exemplo, o psicólogo esportivo vai treinar com os atletas a melhor forma de bater pênal-
ti e exercitar o controle da ansiedade. Além disso, o psicólogo conduz o profissional à visualização de que
tenha acertado a penalidade máxima em treinamento, uma das formas de trabalhar o desenvolvimento
dessa habilidade.
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“Às vezes, as pessoas confundem e acham que qualquer psicólogo poderia atender o atleta. E isso não
é necessariamente verdade porque a gente faz um diagnóstico junto com a equipe técnica e desenvolve
um trabalho para potencializar habilidades específicas. Não há o tratamento clínico da pessoa”, explica.
Estresse
Luciana Ângelo destaca que a pressão, as críticas e cobranças enfrentadas por atletas de alta performan-
ce e a forma como lidam com esses fatores é um aspecto importante do trabalho do psicólogo do esporte.
O gerenciamento do estresse é um dos principais pontos abordados na atuação desses profissionais.
“A pressão pelo resultado é tão intensa que o atleta fica em dúvida se ele consegue repetir ou não um
resultado que teve. O que acontece é que o atleta é um profissional de uma carreira curtíssima, na maior
parte das modalidades. Esse cara começa a carreira na adolescência e passa o começo da vida adulta
totalmente focado num objetivo”, diz.
Para a psicóloga, o maior legado dos Jogos Olímpicos é o atleta, as emoções que ele transmite, como
lida com a derrota.
“As pessoas veem o momento de Jogos Olímpicos só de ganhar a medalha, mas não sabem o que o
atleta passa para conquistar essa medalha. O risco de doenças do trabalho pode inabilitar o profissional.
Nós não entendemos que o atleta é um profissional como nós. É quase como se colocássemos no mundo
do herói, o corpo quebra, a cabeça sofre com pressão. eles vivem as mesmas emoções que nós, a dimen-
são humana do atleta é esquecida”.
“É muito difícil o trabalho do psicólogo esportivo, porque ainda não é conhecido como um trabalho,
como construção. Esse é o problema: a gente, muitas vezes, é chamado para trabalhar na hora da compe-
tição”, lembra.
Torcida
Segundo a professora, a atuação da torcida brasileira nos Jogos Olímpicos, com gritos de apoio e vaias,
é um aspecto da cultura brasileira. A forma de expressão do torcedor brasileiro foi criticada por atletas de
diversos países e também pela mídia internacional durante a Rio 2016.
“A gente é uma sociedade que ainda exige muito o sentimento do colonizado. Ficamos muito preocu-
pados em sermos iguais ao europeu, ao americano. A gente não consegue ver o que eles fazem. O que a
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goleira norte-americana fez foi certo? [a atleta Hope Solo postou foto em rede social com o aparato que
levaria ao Rio de Janeiro para se proteger do vírus Zika. Após a repercussão negativa, a goleira pediu
desculpa ao povo brasileiro]. Porque só a vaia é ruim? É cultural, é a nossa forma de expressão e pode não
ser a melhor forma, mas e o racismo do europeu?”, questiona.
Segundo Regina Pedroza, a relação entre a torcida e os atletas é também um aspecto abordado dentro
da psicologia do esporte.
“A relação da torcida com o atleta tem que ser trabalhada. É coisa da vida perder e ganhar, a gente não
tem ensinado as crianças a aceitar as frustrações. Temos que aprender a viver a tristeza, a melancolia. Na
sociedade do espetáculo em que vivemos, todo mundo tem que estar feliz. Ninguém pode estar triste que
já acha que está em depressão. A tristeza é um sentimento natural que temos e é muito diferente da depres-
são”, afirma.
Referências do texto:
Áreas de Atuação do(a) Psicólogo(a) http://www.crp09.org.br/portal/orientacao-e-fiscalizacao/o-
rientacao-por-temas/areas-de-atuacao-do-a-psicologo-a
O que é a Psicologia Clínica e Quando buscar um Psicólogo https://blog.psicologiaviva.com.br/psicolo-
gia-clinica/
Psicólogo Esportista ajuda atletas a melhorar rendimento e alcançar o pódio https://agenciabrasil.ebc.-
com.br/rio-2016/noticia/2016-08/psi-
cologo-esportivo-ajuda-atletas-melhorar-rendimento-e-alcancar-podio
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