Direito Processual Civil I - Resumos Final
Direito Processual Civil I - Resumos Final
Direito Processual Civil I - Resumos Final
1. O CONCEITO
Características do DPC:
2. ESTRUTURA
Iniciam-se com a
prática de atos Continam com atos
Concluem-se com a
comuns aos diveros próprios de cada meio
apreciação da prova
meios de provas de prova (admisão e
pelo julgadosr
(proposição de produção)
provas)
O processo jurisdicional é constituído por uma sequência de atos jurídicos, dele não
fazem parte factos jurídicos stricto sensu. Tal não significa que estes meros factos jurídicos
não possam produzir efeitos no processo, mas sim que, quando tal acontece, estes efeitos
são mediatizados através da prática de atos jurídicos. Exemplo: “a morte de uma pessoa
suspende a instância [269/1/a)], mas so depois de alegada (e provada [270/1]), salvo o
fenómeno da retroatividade: o facto de a morte ocorrer fora da sequência processual e,
extinguindo a personalidade judiciária da parte [11], faz cessar um pressuposto processual. A
alegação da parte [270/2] ou a certidão do falecimento pelo funcionário incumbido da
citação [351/2], são atos integrados na sequência processual, que condicionam a verificação
judicial do facto, subsequente à respetiva prova [270/1]”.
Definir o processo como uma sequência de atos jurídicos não resolve inteiramente o
problema da qualificação dum ato jurídico como processual. Por um lado, há atos que,
praticados fora do processo têm relevância exclusivamente processual, por se destinarem a
conformar os requisitos dos pressupostos da decisão de mérito ou de atos da sequência
processual, e assim serão qualificados como processuais, ainda que lhes possa aplicar o
regime da validade dos atos de direito substantivo (fala-se aqui de: procuração, convenção
de arbitragem; pacto de jurisdição ou de competência; renúncia ao recurso). A doutrina tem
se dividido em relação a questão da aplicabilidade aos atos processuais do regime de
nulidade e de anulação do ato de direito material: uma vertente mais tradicional é da opinião
de que o ato processual não está sujeito às normas sobre nulidade e anulação do ato de
direito material. Já o professor Lebre de Freitas e a professor PCS concluem que a falta e os
vícios da vontade relevam no ato postulativo.
Por outro lado, a qualificação como processuais de todos os atos de sequência não impede a
possibilidade de um ato nele integrado produzir efeitos tipicamente substantivos.
Dos primeiros ocupa-se o DPC. A consideração dos efeitos substantivos dos segundos ajuda a
entender a articulação entre o direito civil o direito processual.
Não se trata de vícios que respeitem ao conteúdo do ato, mas apenas só de vícios atinentes à
sua existência ou formalidades. Para determinar a sua ocorrência, há que verificar:
1) A
2) forma do processo [546 comuns e especiais e 547 adequação formal] em que o ato
foi praticado ou omitido o consentia (no primeiro casa) ou exigia (no segundo),
3) O momento sequencial da prática ou da omissão: se não o permitia e ele foi
praticado; se o exigia e ele não foi praticado;
4) Sem prejuízo da perda das faculdades processuais das partes, foi praticado fora do
momento processual adequado
5) Não foram observadas as formalidades que a lei prescreve: o vicio verifica-se.
Verifica-se o vício
Se a lei não preescrever expressamente que ele tem como consequência a inavalidade do ato,
segue-se constata a influência que a prática ou omissão concretapode ter no exame em causa
a) Só as invalidades dos arts 187º; 191/2/2º parte; 193 e 194. São como as nulidades de
direito civil, suscetíveis de conhecimento oficioso – tal como também a ineptidão da
PI – mas algumas delas só até ao despacho saneador, se o houver, e ressalvada
sempre, fora o caso do artigo 193, a possibilidade de sanção
b) Só a parte interessada na invalidade pode argui-la [197/1]
c) É admitida a renúncia, expressa ou tácita, à arguição [197/2]
d) Exceto no caso do art. 194, a arguição está sujeita a prazo, que é em regra, de 10 dias
sobre o momento do conhecimento, real ou presumido, do vício, ou da sua
cognoscibilidade por uma parte diligente [ 149/1 e 199/1]
Em suma, quando o vício tenha durante a prática dum ato a que o juiz presida e seja nele
conhecido, deve logo o juiz, oficiosamente, fazer cumprir a lei [199/2]. O regime-regra da
invalidade do ato processual, sendo mais próximo do regime da anulabilidade de direito
substantivo, não deixa de revestir aspetos do regime da nulidade, pelo que constitui um
misto de ambas as figuras.
3. Função
• Declarativas – aquilo que o aturo pretende é que o tribunal declare a solução para
um determinado caso invocando a existência ou inexistência de um direito.
• Executivas – o autor requer as providências adequadas à realização coativa de um
direito que lhe foi violado.
Condenação
Simples
Constitutivas
apreciação
Ação
declarativa
➢ Ação de simples apreciação: o autor pede ao tribunal que declare a existência
(apreciação positiva) ou inexistência (apreciação negativa) de um direito ou de um
facto jurídico. Com ela, a declaração do direito encontra-se no seu estado mais puro.
o Artigo 10/3/a)
o Exemplo1: A, para ir para a via pública, teve de passar, durante vários anos
pela propriedade de B, seu vizinho. B entende, publicamente, que isso assim
se sucede por mera tolerância e favor, entendendo, pelo contrário, A, que o
prédio por onde atravessa está onerado com um direito de servidão de
passagem a favor do seu prédio. Este diferendo é suscetível de causar prejuízo
a A, pelo que este pode propor uma ação tendente a extinguir esta situação
de dúvida jurídica→Vai instaurar então uma ação de simples apreciação
positiva.
Esta arrogância extrajudicial por parte do réu introduz nas ações de simples apreciação
negativa uma especialidade na repartição no ónus da prova: normalmente a alegação e prova
de factos constitutivos do direito competem àquele que o invoca (artigo 342.º/1 CC), mas
nestes casos, conforme prevê o artigo 343.º/1 CC, este ónus recai sobre o réu, que fica
incumbido de alegar e provar pela positiva a existência do direito→Isto justifica-se por ser
muito difícil fazer a prova negativa de factos, pois estes são demonstráveis pela sua existência,
ou seja, pela positiva.
Mas este encargo probatório tem uma ordem, pois o autor só tem de provar os factos
impeditivos ou extintos do direito que o réu se arroga de ter (réplica), se a existência desse
direito for previamente provada pelo réu, através da demonstração de factos constitutivos.
➢ Ação de condenação: para alem de o tribunal dever emitir aquele juízo declarativo,
dela se pretende também que, em sua consequência, condene o réu na prestação
duma coisa ou dum facto.
o Artigo 10/3/b)
A ação executiva tem por fim a realização coativa de uma prestação devida. Já não se trata
de declarar direitos, preexistentes ou a constituir. Com ela passa-se da formulação concreta
da norma jurídica para a sua atuação prática, mediante o desencadear do mecanismo da
garantia. Pode ter como finalidade:
➔ Artigo 10.º/5: resulta deste artigo que para aceder à ação executiva, o credor tem de
estar munido de um título executivo.
➔ Título executivo: documento a que a lei reconheça força bastante para o seu titular
aceder à ação executiva. Este é condição necessária para a instauração da referida
ação.
→Artigo 703.º/1: o proémio induz que estamos perante uma norma imperativamente
restrita, ou seja, apenas os títulos executivos que dela constam são efetivamente títulos
executivos.
Explicação: Antes da reforma do CPC de 2013 havia uma tendência que se traduzia em
o legislador ir sucessivamente reduzindo os requisitos de exequibilidade dos títulos
extrajudiciais, o que permitia mais facilmente e com mais frequência o acesso direto à ação
executiva. O CPC de 2013 restringiu intensamente a exequibilidade de títulos extrajudiciais:
isto foi tido como necessário para restabelecer a confiança e credibilidade dos títulos
executivos, diminuindo ainda o risco de execuções injustas.
→Temos então:
→Outras: Ações declarativas constitutivas, sempre que estas tenham caráter injuntivo
(sempre que delas resulte uma imposição a que o réu fique adstrito).
Isto demonstra que devemos ter um sentido amplo relativamente a estes títulos
executivos, de forma a não restringir às ações declarativas de condenação.
Significa isto que enquanto for possível de interpor recurso (prazo em regra é de 30
dias, podendo ser de 15 dias- artigo 638.º, nas decisões que admitem recurso do artigo 629.º),
ou estando o mesmo pendente, a sentença não pode ser executada, porque ainda está sujeita
a reapreciação jurisdicional, com a possibilidade de ser alterada ou revogada.
Exemplo1: Foi proferida em 1.ª instância uma sentença que contem um juízo condenatório
sobre o réu. Este não se conformou, pelo que recorreu, sendo o seu recurso de apelação (artigo
644.º), que terá um efeito meramente devolutivo (artigo 647.º). Neste caso o autor pode
iniciar a ação executiva.
Exemplo3: Despachos que fixem honorários a peritos e imponham às partes o seu pagamento.
→Artigo 705.º/2: as decisões proferidas pelo tribunal arbitral são exequíveis nos
mesmos termos em que o são as decisões dos tribunais comuns.
→Artigo 703.º/1 b), primeira parte: são documentos autênticos, nos termos do artigo
363.º/2 CC.
→Artigo 703.º/1 b), segunda parte: não são autênticos, mas sim particulares, redigidos
pelos próprios interessados (definição a contrário inserta no artigo 363.º/2, in fine CC). Para
que estes documentos sejam autenticados, devem os mesmos ser confirmados pelas partes
perante notário ou perante outras entidades ou profissionais com competência para tal,
através de um termo, no qual se atesta a conformidade das declarações com a vontade de
quem as emite.
→A lei admite que estes papéis sejam dados à execução sob duas formas:
Exemplo2: Conta assinada pelo notário relativa aos montantes devidos pela prática de atos
notariais (artigo 19.º/2 do Estatuto do Notariado).
Exemplo2: Situações do artigo 14.º-A do NRAU, em que se considera formado título passível
de sustentar execução para pagamento de quantia certa correspondente às rendas, aos
encargos ou às despesas que corram por conta do arrendatário.
Quando algum deles não se verifique, ocorre uma exceção dilatória e o juiz profere uma
sentença de absolvição (do réu) da instância [278/1 e 577], salvo se:
4. O Objeto
O processo inicia-se com a apresentação da PI, na qual o autor solicita ao tribunal uma
providência de tutela do seu direito , dirigida contra o réu titular de um interesse em conflito
com o seu [552/1º- ação declarativa; 724/1/f) – ação executiva]. A esta solicitação deve o
tribunal dar resposta, concedendo ou negando a tutela pretendida pelo autor, a menos que
se deva abster de se pronunciar sobre o mérito da causa e absolver o réu da instância.
Mas ao autor, não basta formular o pedido. Ele tem também de indicar a causa de pedir,
ou seja, alegar os factos constitutivos da situação jurídica que quer fazer valer ou negar.
Discutiu-se durante algum tempo na doutrina se esta indicação da causa de pedir era
necessária. Neste contexto surgem duas teorias:
A parte que invoca o direito tem de alegar os respetivos factos constitutivos, isto é, todos
aqueles que integram a previsão da norma ou das normas materiais que estatuem o efeito
pretendido. A falta de alegação desses factos dá lugar à absolvição da parte contrária por
insuficiência duma causa de pedir de facto do pedido, ou seja, por insuficiência duma causa
de pedir que se deixou incompleta.
1. Princípios estruturantes do Direito Processual Civil
O artigo 2/2 dispõe que a todo o direito, exceto quando a lei diz o contrário, corresponde
a ação adequada a fazê-lo reconhecer em juízo.
Como é de conhecimento geral, nem sempre as pessoas dispõem dos meios financeiros
que lhes permitem suportar as custas da ação ou os honorários do advogado.
Assim, a própria CRP no seu artigo 20º/1 assegura que a todos é assegurado o acesso ao
direito e aos tribunais para defesa dos seus direitos, não podendo a justiça ser denegada por
insuficiência de meios económicos.
Para tornar efetiva a garantia do acesso à via judiciária torna-se, assim, imprescindível a
eliminação de tais obstáculos de ordem económica.
O princípio dispositivo encontra-se enunciado no artigo 3º/1/1º parte que determina que
o tribunal não pode resolver o conflito de interesses que a ação pressupõe sem que a
resolução lhe seja pedida por uma das partes.
O tribunal só poderá resolver o conflito de interesses se essa resolução lhe for solicitada.
O pedido é formulado quando a ação é proposta, ou seja, é formulada na PI. A atividade do
tribunal não se desenvolverá, porém, de uma forma arbitrária ou improvisada. Pelo
contrário, obedecerá as normas constantes no CPC.
Como se verifica por este princípio, as partes dispõem do processo, cabendo ao juiz
controlar a observância das normas processuais e por fim proferir a decisão acerca do
conflito de interesses que determinou a proposição da ação. É portanto ao litigantes que
pertence a iniciativa da ação e o impulso necessário ao seu prosseguimento, sendo-lhes
igualmente permitido fazê-la terminar. Com esta propositura da ação, constitui-se a
instância, art. 259º/1. O Prof Lebre de Freitas chama a esta vertente do princípio do
dispositivo disponibilidade da instância.
1. No impulso processual
2. Na limitação dos contornos fácticos do litígio
3. Nos limites da sentença
Impulso processual
Devem ser as partes a carrear para os autos os factos que sustentam as respetivas
pretensões: o autor deverá alegar os factos que dão consistência ao pedido e o réu alega os
factos que servem de base à sua defesa, conformando assim, o objeto do processo. Teixeira
de sousa chama a isto a disponibilidade do objeto. Já o porf. Lebre de Freitas chama a esta
vertente, disponibilidade da conformação da instância.
➢ Objeto este que pode ser ampliado (art. 266º e 264º), reduzido (art. 283º/1 e etc.
– mas cabe apenas às partes a conformação da instância, nos seus elementos
objetivos e subjetivos, podendo o juiz apenas convidar as partes à prática de atos
necessários para uma modificação da instância (art. 6º/2).
Artigo 5.º: muito intencionalmente, como diz a sua epígrafe, este preceito trata em
simultâneo de duas vertentes que sempre estiveram reguladas em preceitos distintos→O ónus
de alegação das partes e os poderes de cognição do tribunal:
➢ O artigo torna claro que o ónus de alegação se circunscreve aos factos essenciais
(àqueles cuja verificação depende a procedência das pretensões deduzidas). Isto faz
com que o artigo 5.º esteja em perfeita conjugação com o artigo 552.º/1 d), artigo
572.º c) e ainda com o artigo 574.º/1.
Factos essenciais
Art. 5º/1 – cabe às partes, e só a elas, alegar os factos essenciais da causa, i.e., aqueles que
integram a causa de pedir e os que fundam as exceções.
De conhecimento oficioso
Factos instrumentais:
O confronto do artigo 5.º/1 com o artigo 2.º a), mostra que não há qualquer ónus de
alegação quanto a factos instrumentais (factos que permitem a prova indiciária dos factos
essenciais). É assim um facto que não foi articulado nos articulados.
Nota: Estes factos instrumentais só poderão ser considerados se tiverem sido articulados os essenciais aos quais
esses são instrumentais. Só pode haver instrumentais dos essenciais que já tenham sido discutidos pelas partes.
Por sua vez, não são condicionantes diretas da decisão e a sua função é a de permitir atingir a prova dos factos
principais
✓ Se complementarem factos instrumentais, eles terão que estar presentes para que
a ação seja julgada procedente? Não, porque eles serão igualmente instrumentais.
O juiz não pode considerar um facto, ainda que instrumental, se não tiver respeitado o
princípio do contraditório.
MTS: se os complementares forem essenciais a causa de pedir não existia porque estava
incompleta, faltando um dos factos essenciais. PCS: mas a causa de pedir tem 2 finalidades
2. Procedibilidade
Porque apareceu este regime para estes factos? Porque não é fácil reduzir a
complexidade dos factos e saber com certeza o que é essência ou não – tempo de julgamento
seria mais longo.
Lei não permitia ir buscar factos complementares e teria que se repetir o processo.
Objetivo de evitar a improcedência – regra vem de um princípio de prevalência de substância
sobre a forma.
Factos complementares ou concretizadores:
O teor do artigo 5.º/2 b) revela que não há preclusão quanto a factos, que igualmente
essenciais, sejam complementares ou concretizadores de outros inicialmente alegados.
Esta categoria de factos encontra-se dentro dos factos essenciais, contrapondo-se aos
factos essenciais nucleares, que são aqueles que constituem o núcleo primordial da causa de
pedir ou da exceção, desempenhando uma função identificadora (a ponto de a sua omissão
implicar a inaptidão da petição inicial ou a nulidade da exceção).
→Só cada processo permitirá, com mais acuidade, a ponderação do que está efetivamente em
causa e o com isso o campo de aplicação destas figuras.
→Nos casos em que a narrativa fáctica vertida na petição inicial não cumpra o ónus que
impede sobre o autor:
1. A alegação contida na petição inicial é de tal modo deficiente que não permite
identificar o tipo legal→Ocorre a ineptidão por falta de causa a pedir (artigo 186.º/1
a)).
2. A alegação, embora deficiente, permite essa identificação, caso em que imporá, em
altura própria, a prolação de despacho pré-saneador destinado a convidar ao
aperfeiçoamento fáctico articulado (artigo 590.º/4).
Conclusão: o nosso sistema continua com uma marcada dimensão do dispositivo, expressa no
ónus de alegação de factos e na conformação do objeto fáctico do processo, estando este
princípio, contudo, restringido ao justo limite, na medida do necessário para evitar cominações
e preclusões indevidas e na medida do necessário para assegurar a adequação da sentença à
realidade extraprocessual.
Limites da sentença
Estamos ainda no domínio da disponibilidade das partes, pois o autor é quem melhor
saberá o que pretende obter do recurso à via judicial, expressando isso mesmo no pedido
formulado na petição inicial.
Isto também se designa por princípio do pedido, no sentido de que o pedido formulado
pelo autor define os limites da sentença. Nessa conformidade, será nula a sentença que
condene em quantidade superior ou em objeto diverso do pedido, tal como resulta do artigo
615.º/1 e):
Se por um lado o tribunal não pode resolver o conflito de interesses sem que a
resolução lhe seja pedida por uma das partes, por outro lado, também não pode resolver sem
que a outra parte seja devidamente chamada para deduzir oposição. É o que determina a
última parte do artigo 3º/1.
É para lhe dar oportunidade de se defender que o réu é citado para contestar a ação
que contra si foi proposta, como dispõe o artigo 569º/1.
Esta tem consagração legal não só na fase dos articulados, mas em todas as fases do
processo incluindo na do julgamento, continuando a ser observado na fase do recurso.
Com base nele se prescreve a proibição da prolação de decisões surpresa, não sendo
lícito aos tribunais decidir questões de facto ou de direito, mesmo que de conhecimento
oficioso, sem que previamente haja sido facultada às partes a possibilidade de sobre elas se
pronunciarem.
Segundo Lebre de Freitas, é hoje entendido como garantia da participação efetiva das
partes no desenvolvimento de todo o litígio, mediante a possibilidade de, em plena igualdade,
influírem em todos os elementos – factos, provas, questões de direito – que se encontrem em
ligação com o objeto da causa e que em qualquer fase do processo apareçam como
potencialmente relevantes para a decisão. O escopo principal do princípio do contraditório
deixou assim de ser a defesa, no sentido negativo de oposição ou resistência à atuação alheia,
para passar a ser influência no sentido positivo de direito de incidir ativamente no
desenvolvimento e no êxito do processo.
O princípio do contraditório permite a cada uma das partes deduzir as suas razões (de
facto e de direito), oferecer as suas provas, controlar as provas do adversário e discretear sobre
o valor e resultado de umas e outras.
O juíz deve observar e fazer cumprir, ao longo de todo o processo, o princípio do
contraditório, não lhe sendo lícito, salvo caso de manifesta desnecessidade1, decidir questões
de direito ou de facto, mesmo que de conhecimento oficioso, sem que as partes tenham tido
a possibilidade de sobre elas se pronunciarem, artigo 3º/3.
Artigo 342.º CC: àquele que invoca um direito cabe fazer prova dos factos constitutivos do
direito invocado (nº1). A prova dos factos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito
invocado compete àquele contra quem a invocação é feita (nº2).
▪Estabelece-se aqui um ónus da prova dos factos que sustentam as pretensões deduzidas
pelas partes.
▪Colocadas as coisas nestes termos, o autor deveria então assumir a iniciativa da prova dos
factos que sustentam o seu pedido. Esta atitude deveria ser, similarmente, assumida pelo réu.
Assim sendo: podíamos fazer um paralelismo entre o ónus da alegação e o ónus da prova.
Há, contudo, um limite para este poder inquisitório do juiz: este só pode usar estes poderes
em factos de que lhe é lícito conhecer.
Os poderes que o artigo 411.º confere ao juiz são poderes-deveres ou poderes funcionais,
não estando na disponibilidade do juiz a opção entre exercer ou deixar de exercer esses
poderes: a partida do momento que o juiz percebe que a utilização desses poderes é
necessária ele está vinculado à prática do ato.
1
Por exemplo: é manifestamente desnecessário convidar as partes a pronunciarem-se sobre a qualificação como compra e venda do contrato que
integra a causa de pedir, se o autor, embora não invocando explicitamente esta qualificação, o descreveu como tal, em termos inequívocos e não
contrariados, de facto nem de direito, pelo réu. Mas já será necessário o convite se o juiz entender que, não obstante as partes, explícita ou
implicitamente, terem tomado o contrato como CV ao longo de todo o processo, sendo a sua qualificação correta de empreitada ou doação. A
falta de convite, quando deva ter lugar, gera nulidade, artigo 195º.
Parte da doutrina: usa a expressão “ónus da iniciativa da prova” para referir a
conveniência que a parte tem em requerer diligências probatórias relativamente aos factos
constitutivos do direito invocado e “ónus da prova”, para o momento da ponderação judicial
acerca dos efeitos que decorrem da falta de prova de determinado facto.
…assim, se o facto se provar, fica considerado como provado. Se não se provou então serão
acionados os efeitos decorrentes dessa falta de prova, conforme os critérios do ónus da prova.
Partes e juízes devem cooperar entre si para que o processo realize a sua função em
prazo razoável. Este princípio deve ser entendido como recíproco nas relações que se
estabelecem entre as partes e entre estas e o tribunal, impondo-se ainda a terceiros. O apelo
à realização da função processual aponta para a cooperação dos intervenientes no processo
no sentido de nele se apurar a verdade sobre a matéria de facto e de direito. O apelo ao
prazo razoável aponta para a sua cooperação de modo a proporcionarem as condições para
que essa decisão seja proferida no menor período compatível com as exigências do processo
ou, se se tratar de uma ação executiva, tenham lugar com brevidade as providências
executivas.
Sempre que alguma das partes alegue justificadamente dificuldade séria em obter
documento ou informação necessários ao processo, deve o juiz sempre que possível,
providenciar pela remoção do obstáculo . 7º/4. Nos termos do 417º/1 todas as pessoas,
mesmo que não sejam partes da causa, têm o dever de prestar a sua colaboração para a
descoberta da verdade. A recusa de cooperação é condenada em multa, 417ª/2.
Por sua vez, quando a recusa é proveniente da parte e se torna inviável a realização
da diligência através do emprego de meios coercivos, o tribunal apreciará livremente o valor
da recusa para efeitos probatórios.
Por fim, pode o tribunal por sua iniciativa, inspecionar coisas ou pessoas, artigo
490º/1. Tal como pode, por sua iniciativa, inquerir uma pessoa que não foi oferecida como
testemunha, se houver razões para presumir que essa pessoa tem conhecimento de factos
importantes para a boa decisão da causa – artigo 526º/1.
Cooperação material
O artigo 417º /1, colocado em sede de instrução do processo, faz recair sobre as partes –
e sobre terceiros – o dever de prestarem a sua colaboração para a descoberta da verdade,
facultando objetos que constituem meios de prova, submetendo-se elas próprias à inspeção
judicial e ao exame pericial. Este dever tem dois limites:
Por sua vez, o artigo 7º/2, colocado no campo dos princípios gerias, consagra o poder de, em
qualquer altura do processo, o juiz ouvir as partes, seus representantes ou mandatários,
pedindo-lhes esclarecimentos sobre a matéria de facto ou de direito. De notar que este
pedido é realizado na audiência prévia.
Cooperação formal
O artigo 7º/4 impõe ao juiz o dever de providenciar pelo suprimento de obstáculos com
que as partes se defrontem na obtenção de informação ou documento necessário ao
exercício duma faculdade, à observância dum ónus ou ao cumprimento dum dever
processual.
O resultado processual deve ser atingido com a maior economia de meios. Esta
economia exige que resolva o maior número de litígios (economia de processo) e, por
outro lado, comporte só os atos e formalidades indispensáveis ou úteis (economia de
atos e formalidades).
No que diz respeito à economia de processos, o princípio manifesta-se nas disposições que
permitem:
Segundo este princípio pede-se ao juiz a direção ativa e dinâmica do processo, tendo
em vista, a rápida e justa resolução do litigio e a melhor organização do trabalho do tribunal.
A satisfação deste dever destina-se a garantir uma mais eficiente tramitação da causa, a
satisfação do fim do processo ou a satisfação do fim do ato processual.
A direção formal do processo pelo juiz radica nos deveres de cooperação do juiz para
com as partes.
Art. 547º: juiz pode adaptar a tramitação legal como melhor se adaptar às
especificidades do caso concreto – adequação às especificidades do processo, tendo em
conta o objeto processual – o juiz pode seguir as diligências que achar mais adequadas,
tendo em conta a justa composição do litígio:
➢ Princípio da Adequação Formal que não tem só lugar quando a tramitação legal não
se adeque (em absoluto) ao caso concreto, deve ser também quando, embora
adequada, haja lugar a uma melhor que se lhe adeque.
➢ Daí decorre a impugnabilidade das decisões de gestão processual que o juiz venha a
tomar (630º, 195º/1 e etc.)
O numero 2 do referido artigo dá-nos a noção de má fé nas suas diversas alíneas. Assim,
a má fé processual considera como requisitos reveladores da sua existência não apenas o
dolo, mas também a culpa grave, que designa por negligência grave.
Exige-se que o litigante tenha consciência de que não lhe assista razão. Não se pode
considerar como litigante de má fé aquele que supõe que atua em conformidade com o
direito por desconhecer ou ignorar qualquer vício ou circunstância anterior.
Exceção Diltória
Pressupostos processuais
• PCS: não é possível absolver o réu na instância por ele nem foi parte – não há uma
resolução dogmática e tem de se recorrer à lógica jurídica.
Por seu turno, as pessoas podem vir a ter intervenção no processo quer em
substituição daquelas, quer ao lado delas. A substituição acontece quando no decurso da
causa, ocorreu a transmissão da coisa ou direito litigioso:
Autor
principal
Réu
Parte
assumem no
prpocesos Caso da
secundária
uma posição assistência
subordinada
Nota1: assistente é uma pessoa que tem interesse jurídico em que a decisão do pleito seja favorável a uma das partes (326º).
Nota2: Um terceiro é aquele que não é parte: não demanda nem é demandado em nome próprio.
Nota3: PCS - Quanto às partes, ou se é Principal ou Acessória, não há 3ª categoria
O 328º cruza com o 321º: que interessa aqui é saber qual o sujeito de imputação das
situações jurídicas processuais previstas pelo sistema para perceber como a parte acessória
se comporta (pois tem direitos equiparados). Por sua vez, o 328º/2 explica que se houver
conflito entre aquilo que diz o assistente e aquilo que diz a parte principal prevalece o que é
dito pela parte principal -> esse é o significado de subordinação.
No que concerne às pessoas coletivas, embora tenham de estar em juízo por meio dos
respetivos representantes legais, as ações são instauradas em nome delas ou contra elas,
pois são elas as verdadeiras partes.
Nos casos de ações indevidamente propostas contra sucursais, o artigo 14º prevê a
sanação da falta deste pressuposto processual através da ratificação ou repetição do
processado pela administração principal. O juiz, antes de proferir despacho de absolvição do
réu da instância deve providenciar (art. 6º/2) para que a administração principal intervenha
no processo e sane os atos.
A falta de personalidade judiciária não sanada constitui uma exceção dilatória – artigo
577º/c). É de conhecimento oficioso, como a generalidade das exceções dilatórias – artigo
578º.
Para que o juiz possa conhecer o mérito da causa, não basta que as partes tenham
personalidade judiciária. É necessário que possuam igualmente capacidade judiciária.
Embora a pessoa tenha plena capacidade de gozo de direitos, a lei protegê-la contra a
sua inexperiência (menores) ou contra o seu deficiente estado de saúde mental (maiores
acompanhados). Neste contexto fala-se de limitações à capacidade de exercício dos direitos.
• Ao referir que a capacidade judiciária “(...) tem por base e por medida (..)”, o
preceito estabelece a correspondência entre capacidade judiciária e a
capacidade do exercício de direitos, significando isto que possuem plena
capacidade judiciária aqueles que possuem igualmente total capacidade de
exercício de direitos.
• Os interditos são destituídos de capacidade judiciária porque não tem
qualquer capacidade de exercício de direitos.
• Os inabilitados têm a sua capacidade de exercício de direitos limitada aos atos
específicos que na sentença decretou a inabilitação – 901º/2.
• Os jovens, só quando atingem a maioridade – 18 – é que adquirem plena
capacidade do exercício de direitos. Porém existem exceções à incapacidade
dos menores como as que constam no 127º do CC.
o Assim, o menos com mais de 16 anos tem plena capacidade judiciária
para litigar em ação que estejam em causa os bens que adquiriu pelo
seu trabalho.
o Os pais não tem a administração dos bens que o filho, maior de 16
anos, adquiriu pelo seu trabalho.
Quem não tiver capacidade judiciária só pode estar em juízo através dos seus
representantes legais – com a finalidade de proteger certas pessoas contra a sua
inexperiência ou incompleta formação ou contra o seu deficiente estado mental, a lei
determina que não podem exercer, por si próprias, um direito cuja titularidade lhes é
reconhecida, havendo fenómenos de representação.
Quem não tiver capacidade judiciária, só pode estar em juízo através dos seus
representantes legais. A sua incapacidade é suprida pelos meios adequados previstos na lei.
1. Dos menores
Os menores são representados em juízo pelos seus pais, sendo necessário o acordo de
ambos par a propositura de ações – 16º/2.
Nas ações propostas contra o menor, ambos os progenitores devem ser citados –
16º/3.
• Se, sendo o menor representado por ambos os pais, houver desacordo entre estes
acerca da conveniência de intentar a ação, pode qualquer deles requerer ao tribunal
competente para a causa a resolução do conflito – 18º/1
• Se o desacordo apenas surgir no decurso do processo, acerca da orientação deste,
pode qualquer dos pais, no prazo de realização do primeiro ato afetado pelo
desacordo, requerer ao juiz da causa que providencie sobre a forma de o incapaz ser
nela representado, suspendendo-se, entretanto, a instância – 18º/2.
• Quando o requerimento é feito por um dos progenitores, o juiz, depois de ouvir o
outro e o MP, decide de acordo com o interesse do menor. A representação pode ser
atribuída a um dos pais ou ao MP, ou pode ser designado curador especial – 18º/3.
2. Dos interditos
3. Dos inabilitados
Pode acontecer que o incapaz não tenha representante legal na altura em que se
pretende propor uma ação em seu nome ou quando a ação foi proposta contra ele. Se a
urgência da nomeação não se compadece com a demora própria do respetivo processo,
deverá ser nomeado um curador provisório. Será um curador ad litem que cessará as suas
funções logo que seja nomeado o representante legal – 17º.
Ase o incapaz estiver em juízo quando só podia estar por intermédio do seu
representante legal ou de curador, verifica-se um cso de incapacidade judiciária, que
constitui uma exceção dilatória – 557º/c).
No caso de não o ratificar, fica sem efeito o processado a partir do momento em que a
falta se verificou, renovando-se os prazos para a prática dos atos atingidos.
Para que o juíz possa conhecer do mérito da causa, torna-se necessário que as partes,
além de possuírem personalidade e capacidade judiciária, tenham legitimidade para a ação.
Legitimidade consiste na posição das partes numa determinada ação – parte será
legítima se for a pessoa cuja esfera jurídica é diretamente atingida pela providência
requerida, se a ação vier a proceder.
Autor: a parte terá legitimidade se for ela quem juridicamente pode fazer valer a
pretensão perante o réu.
Réu: Terá legitimidade se for ela a pessoa que juridicamente se pode opor à pretensão
do autor, por ser a pessoa cuja esfera jurídica é diretamente atingida pela providência
requerida se a ação vier a proceder.
Se as partes fossem ilegítimas, a decisão que viesse a ser proferida sobre o mérito da
causa não teria eficácia, visto que não poderia vincular os verdadeiros titulares da relação
jurídica litigiosa.
• Ex: o pai pode ter interesse que seja paga ao seu filho, de maioridade, uma
importância que lhe é devida. No entanto, não tem legitimidade para propor
a adequada ação contra o devedor. Falta-lhe o interesse direto.
O interesse significa a utilidade para o autor e o prejuízo para o réu. Neste sentido
dispõe o 30º/2 que o interesse em demandar se exprime pela utilidade da ação e o interesse
em contradizer, pelo prejuízo, que dessa procedência advenha.
A lei procura dar uma maior precisão a estes conceitos de modo a afastar, tanto
quanto possível, as dúvidas acerca da legitimidade das partes. Assim, o 30º/3 dispõe que, na
falta de indicação da lei em contrário, são considerados titulares do interesse relevante para
o efeito da legitimidade os sujeitos da relação controvertida, tal como é configurada pelo
autor. Denotar que este é um critério subsidiário de determinação da legitimidade das
partes.
A redação deste artigo resulta da reforma de 1996/96, que põe termo a uma querela
que dividiu a doutrina e jurisprudência durante décadas.
Para Alberto Reis, o réu era parte ilegítima, por não ser o sujeito da relação material
controvertida litigada. Sendo assim, o juiz não pode conhecer o mérito da causa, por falta de
um pressuposto processual – a legitimidade do réu. Deve, pois, absolver o réu da instância.
Direito processual civil olha para o direito material e configura legitimidade processual
na configuração que têm situações materiais. Começa-se sempre pelo Direito material que
está em causa na ação.
• A parte plural, tende a ser acompanhada por uma parte plural processual – a
parte pode ser composta por várias pessoas quando elas são afetadas e
estão na situação jurídica material. Ex: “ambos os cônjuges”
• Mas, se se estiver a atingir bens próprios de um dos cônjuges pode-se atuar
sozinho no processo – legitimidade singular
• No entanto, se esse bem próprio estiver sujeito a certo regime de
administração e alienação dos bens (e: casa de família) já terão de ser ambos
os cônjuges a atuar. Se se repercutir sobre bens comuns também não se
pode atuar sozinha – legitimidade plural.
O interesse direto que as partes têm no desfecho da lide deve ser conjugado com o nº de
partes em juízo.
Ativa varios autores
vários autores e
Dupla
vários réus
acontece no
inicial momento em que
é proposta a ção
A pluralidade de
partes pode ser intervenção de
terceitros - 311º
formada em
momento
posterior intervenção
provocada - 316º
Litisconsórcio
Quanto a sua
A pluralidade de natureza pode dar
partes origem
Coligação
1.3.2. Litisconsórcio
Ilegitimidade das partes constitui uma exceção dilatória (art. 576º e 577º/e) devendo
o juiz abster-se de conhecer do pedido e absolver o réu da instância (art. 278º/1/d). A
Ilegitimidade é sanável mediante a intervenção espontânea ou provocada da parte cuja falta
gera esse vício (art. 261º que remete para os art. 311º e 316º)
Quer isto dizer, que a intervenção da parte cuja falta ocasiona a ilegitimidade pode
ser requerida antes ou depois do trânsito em julgado do despacho que pós termo ao
processo. Se for requerida antes e a intervenção for admitida, a instância não chega a
extingue-se, podendo dizer-se que se reanima. Se a intervenção for requeira depois, nos 30
dias posteriores ao trânsito em julgado do despacho que pôs termo ao processo, renova-se a
instância que tinha sido julgada extinta.
Pode sanar a falta deste pressuposto não só o autor como o reu reconvinte.
1.3.2.3. Coligação
Conforme se verifica, vários autores podem coligar-se contra um vários réus e o autor
pode demandar vários réus por pedidos diferentes nos seguintes casos:
1. Quando a causa de pedir que está na base dos diferentes pedidos formulados
seja a mesma e única.
2. Quando os pedidos estejam entre si numa relação de prejudicialidade ou de
dependência.
Dado que a coligação é voluntária, a falta de alguma das partes na ação não determina
a ilegitimidade da outra das outras.
Embora a lei não lhe faça referência direta, o interesse processual constitui também um
dos pressupostos processuais.
Existe interesse processual quando se puder dizer que o autor tem necessidade de
instaurar e fazer seguir uma ação para a tutela do seu direito. Ou seja, o autor só tem
interesse em agir quando não dispõe de outros meios (extrajudiciais) de realizar aquela
pretensão.
Este interesse processual não se confunde com a legitimidade, porque o interesse em
demandar/contradizer (que carateriza a legitimidade) refere-se ao objeto da lide, ao
conteúdo material da pretensão; enquanto que o interesse em agir respeita ao interesse no
próprio processo, no recurso à via judicial, na inevitabilidade do pedido de tutela jurisdicional
apresentado ao juiz.
MANUEL DE ANDRADE considerou que o interesse em agir deveria ser considerado como
tal, embora reconheça a falta de referência expressa da lei a esta figura, por duas razões:
Contudo, não se deve cair no erro que este pressuposto apenas diz respeito ao autor.
Depois da proposta, pode também o réu ter interesse em que ação prossiga. Por isso, a lei
tutela os seus interesses, fazendo depender a desistência da instancia da aceitação do reu, se
requerida depois de ter sido oferecida a contestação – 286º/1º
Ex.: basta pensar na hipótese da PI ter sido elaborada de forma pouco cuidada, de modo
a comprometer irremediavelmente o êxito da pretensão do autor. Se o reu aceitasse a
desistência da instancia, isso apenas conduziria a extinção da instancia – 277º/d) – pelo que
autor poderia mais tarde propor uma nova ação e apresentar uma petição porventura mais
esmerada.
Por outro lado, a desistência do pedido é livre, pois como se compreende, e vantajosa
para o reu. A lei determina ainda que a desistência do pedido não prejudica a reconvenção –
286º/2.
A existência do pressuposto processual que falamos agora não é encarada com igual
acuidade nas diversas espécies de ações:
Que pensar destas soluções? Qual a melhor solução para este caso em concreto?
Com a inversão da regra do victus victoria (i.e., quem perde paga as custas judiciais –
conforme o disposto no art. 527º) do art. 535º CPC, o autor, interpondo ação, mesmo que
haja uma decisão de mérito que o declare vencedor, vai ter de pagar as custas judiciais. Este
mecanismo que o CPC prevê dissuade, portanto, a propositura de ações desnecessárias, uma
vez que o autor é “penalizado financeiramente” com o pagamento das custas, conforme
colocado por PAULA COSTA E SILVA – sendo essa a lei, os Tribunais não vão estar atolados
pois os cidadãos não estão dispostos a pagar essas custas para questões que não são
necessárias.
Temos este entendimento pois, conforme expõe PAULA COSTA E SILVA, o art. 535º/1
CPC responsabiliza o autor pelas custas judiciais não só quando réu não deu causa, mas
também quando o réu não contesta. Não contestando o réu, ou o Tribunal pode conhecer
oficiosamente a falta de interesse processual, ou o Tribunal não pode conhecer
oficiosamente, como afirma MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA, tendo a concordância de COSTA E
SILVA. Isto leva a que, não podendo conhecer oficiosamente, o Tribunal nunca poderá aplicar
o regime de absolvição do réu na instância, como incoerentemente, na nossa humilde
opinião, conclui TEIXEIRA DE SOUSA. Portanto, a única solução viável para o não
preenchimento destas condições de admissibilidade de uma causa a juízo é a consequência
anómala de ser o autor a pagar as custas, apesar de ter uma decisão de mérito que lhe é
favorável.
Pelas razões expostas o artigo 40º tona obrigatória a constituição de advogado nos
casos ai previstos.
A alínea b) refere as causa em que é sempre admissível recurso quaisquer que sejam
aqueles valores. Os nº 2 e 3 do referido 629º fazem alusão a essas causas cujas decisões
admitem sempre recurso independentemente do valor da causa e da sucumbência.
A jurisdição constitui o poder de julgar que é atribuído aos tribunais considerados no seu
conjunto. É com este sentido que o artigo 202º da CRP comete aos tribunais, como órgãos de
soberania, a função jurisdicional.
Ex1: juiz de um tribunal administrativo entende que esse tribunal não é competente
para apreciar determinada causa, por esta respeitar a um litígio que tem natureza civil, e não
administrativa. Proposta tal ação num tribunal judicial, o respetivo juiz declara igualmente a
incompetência do tribunal, por entender (ao contrário do primeiro) que a questão é, afinal, de
natureza administrativa. → os dois tribunais, que pertencem a ordens jurisdicionais distintas,
declinam o poder de conhecer da mesma questão → Conflito negativo de jurisdição.
O poder de julgar está distribuído entre os tribunais de acordo com diversos critérios.
No topo da hierarquia dos tribunais judiciais encontra-se o STJ, que tem sede em
Lisboa e exerce jurisdição em todo o território nacional (artºs 31º/1, 43º/1, 45º LOSJ),
compreendendo secções em matéria cível, penal e social (artº 47º/1 LOSJ)
2.2.1. Competência em razão da matéria
Artº 64º CPC + artº 40º/1 LOSJ: são da competência dos tribunais judiciais as causas
que não sejam atribuídas a outra ordem jurisdicional. Quer dizer, se as causas não forem
atribuídas por lei a algumas jurisdição em especial, entende-se que são da competência dos
tribunais judiciais.
É a LOJS que determina quais as causas que, em razão da matéria, são da competência
dos tribunais e das seções dotados de competência especializada – 65º.
Os artºs 117º e ss LOSJ tratam de alguns aspetos da vocação jurisdicional das secções
de competência especializada das instâncias centrais, que iremos analisar:
• Secções cíveis: competência para preparar e julgar ações declarativas cíveis de
processo comum de valor superior a 50 000 € e para exercer, no âmbito das ações
executivas de natureza cível de valor superior ao referido montante, as competências
previstas no CPC, em circunstâncias não abrangidas pela competência de outra secção
ou tribunal (artº 117º/1, a) e b) LOSJ).
• Secções criminais: competência para proferir despacho nos termos dos artºs 311º a
313º CPPenal e proceder ao julgamento e aos termos subsequentes nos processos de
natureza criminal da competência do tribunal coletivo ou do júri (artº 118º/1 LOSJ).
• Secções de instrução criminal: competentes para proceder à instrução criminal,
decidir quanto à pronúncia e exercer as funções jurisdicionais relativas ao inquérito
(artº 119º/1 LOSJ).
• Secções de família e menores: competência para preparar e julgar ações de
jurisdição voluntária relativas a cônjuges, ações de separação de pessoas e bens e de
divórcio, ações de alimentos entre cônjuges e ex-cônjuges, bem como as execuções
correspondentes (artº 122º/1 LOSJ). Compete-lhes ainda construir o vínculo de
adoção, regular o exercício de responsabilidades parentais e conhecer das questões a
estas respeitantes, decretar a inibição (total/parcial) e estabelecer limitações ao
exercício de responsabilidades parentais, proceder à averiguação oficiosa da
maternidade e da paternidade e preparar e julgar as ações de impugnação e de
investigação da paternidade e da maternidade (artº 123º/1 LOSJ). Ver ainda o artº
124º/1 e 2 LOSJ.
• Secções do trabalho: competentes para conhecer das questões emergentes de
relações de trabalho subordinado, de acidentes de trabalho e doenças profissionais,
julgar recursos das decisões das autoridades administrativas em processos de
contraordenação nos domínio laboral e de segurança social (artº 127º/1 e 2 LOSJ).
• Secções de comércio: competência para preparar e julgar os processos de insolvência
e os processos especiais de revitalização (esta que respeita tanto a pessoas coletivas
como singulares), as ações relativas ao exercício de direitos sociais e para julgar as
impugnações dos despachos dos conservadores do registo comercial (artº 128º/1 e 2
LOSJ).
• Secções de execução: competentes para exercer, no âmbito do processo executivo de
natureza cível, as competências previstas no CPC (artº 129º/1 LOSJ).
Artº 81º/1, b): instâncias locais integram secções de competência genérica e secções
de proximidade. Isto quer dizer que, ao nível da 1ª Instância, quando não sejam da
competência de qualquer das secções da instância central ou de qualquer tribunal de
competência territorial alargada, todas as ações devem ser propostas na instância local e
dirigidas à respetiva secção de competência genérica (artº 130º/1, a) CPC).
Deste modo, de todos os processos que, à luz do artº 130º LOSJ, são da competência
das secções de competência genérica da instância local, caso haja desdobramento em
secções cíveis e criminais, competirá a estas últimas aquilo que se encontra previsto no artº
130/ 1 e 3, b), c) e e) LOSJ, bem assim a preparação, o julgamento e os termos subsequentes
da causa do crime que não sejam da competência do tribunal coletivo ou do júri.
A LOSJ determina quais as causas que, pelo seu valor se inserem na competência da
instancia central e da instancia local – 66º conjugado com 41 LOSJ.
Do confronto entre o artº 117º/1, a) e o artº 130º/1, a) resulta que, à luz do critério do
valor em causa, as ações declarativas cíveis comuns de valor superior a 50 000 euros são da
competência das secções cíveis da instância central, daí resultando que as ações declarativas
de valor igual ou inferior ao referido devem ser instauradas na instância local e dirigidas às
respetivas secções de competência genérica.
• Este critério opera apenas no âmbito do processo declarativo comum.
No topo da hierarquia judiciária estão STJ, tendo este competência ara conhecer dos
recursos interpostos das decisões proferidas pelas Relações (artºs 42º/2 LOSJ + 69º/2), bem
como competência para certas causas, nos termos dos artºs 53º e 55º LOSJ + 69º/1).
Artº 43º/1: STJ exerce jurisdição em todo o território nacional os Tribunais da Relação
(artº 32º LOSJ + Anexo I) e os tribunais de 1ª Instância (artºs 33º e 84º/4 LOSJ + Anexo II)
exercem jurisdição na área das respetivas circunscrições.
As regras sobre a competência dos tribunais podem ser sujeitas a alguns desvios pelo
aparecimento de questões suscitadas no decurso da ação. Verificadas certas condições, o
tribunal estende a sua competência por forma a poder julgar, para alem da ação, essas
questões para as quais não teria normalmente competência. Assim, sendo o tribunal
competente par determinada ação, passa a sê-lo também para questões nela suscitadas. Por
outras palavras, a competência do tribunal para julgar a ação estende-se as questões nela
suscitadas.
Se a convenção tem por fim afastar as regras que regulam a comptencia internacional
dos tribunais portugueses – 62º - toma a designação de pacto privativo ou atributivo de
jurisdição, previsto no artigo 94º.
O tribunal escolhido por convenção da s partes tem competência exclusiva. Por isso, o
tribunal que, segundo a lei, seria competente, deixa de o ser.
Os requistos de forma exigido para a convenção sobre a competência do território são
os previstos no 95º/2:
- Dever respeitar a forma do contrato, fonte da obrigação, contanto que seja escrito
(artº 95º/2 e artº 94º/4).
- Não pode versar sobre os casos previstos no artº 104º/1 (artº 95º/1, in fine).
Apanhado:
2) Determinada a comarca em cuja área de ação deve ser instaurada, importa saber
se a ação é da competência de alguma secção de competência especializada da
respetiva instância central, caso em que deverá ser aí instaurada, sob pena de
incompetência em razão da matéria.
Nota: se ação foi proposta no tribunal do domicilio do reu, que vivia em Viseu, por ser este o
tribunal territorialmente competente, o tribunal mantém a sua competência mesmo que,
entretanto, o reu tenha transferido o seu domicilio para Coimbra.
Verifica-se incompetência absoluta quando estamos perante uma infração das regras
da competência em razão da matéria e da hierarquia e das regras de competência
internacional, legal ou convencional (art. 96.º, al. a)), e a preterição de tribunal arbitral,
voluntário ou necessário (art. 96.º, al. b)), determinam a incompetência absoluta do tribunal.
A incompetência absoluta é uma exceção dilatória nominada (cf. art. 577.º, al. a)).
Como se deduz do art. 102.º, a incompetência relativa verifica-se em caso de infracção das
regras da competência em razão do valor, do território ou provenientes de um pacto de
competência, ou seja, nas situações de violação da competência relativa do tribunal. Em
concreto:
2. Até quando o tribunal pode arguir a incompetência: o art. 103.º,n.º 1, mostra que
a incompetência relativa tem de ser – em 1.ª instância – arguida dentro de certo prazo
(passado o qual sem ser invocada, se sana): esse prazo é o fixado para a contestação, oposição
ou resposta ou, quando nenhuma destas esteja prevista, para outro meio de defesa que o réu
tenha a faculdade de deduzir. Se a incompetência for arguida pelo réu na contestação, o autor
pode responder no articulado subsequente da ação (que, no processo declarativo comum, não
pode ser a réplica: cf. art. 584.º, n.º 1) ou, não havendo este, em articulado próprio, dentro de
dez dias após a notificação da entrega do articulado do réu (art. 103.º, n.º 3).
Trata-se de saber se uma determinada questão deve ser resolvida pelos tribunais
portugueses ou pelos tribunais de um estado estrangeiro.
Cada pais pode fixar os elementos de conexão que considera relevantes para se
atribuir a competência para julgar determinados litígios.
Como resulta do preceito, o pacto negociado pelas partes pode ser atributivo ou
privativo da competência internacional aos tribunais portugueses.
Âmbito temporal – está em vigor de 2015 Antes deste regulamento existia o Regulamento
44/2001
• Critério que tem de ser explicado com uma intensidade tal que afasta a pertinência
de qualquer outro critério.
o Se o objeto da ação se reconduzir aos casos de competência exclusiva, então
o Tribunal tem de verificar a sua competência e declarar a sua
competência/incompetência. MTS: os casos deste artigo prevalecem sobre a
competência determinada por quaisquer outros critérios, gerais ou especiais
– prevalece sobre o art. 8º
• Critério do domicilio do réu concorre com outro critério que é identicamente bom –
competência alternativa
o Atribui-se a autor a prerrogativa de escolher qual o Tribunal ele pretende
instalar a ação, sem que nenhum deles se possa declarar incompetente.
o Nestes casos, e a ação não for instaurada no domicílio do réu, o Tribunal
tem de verificar se há outra conexão igualmente boa que lhe dê
competência.
▪ o Se não houver tem de se declarar incompetente.
▪ Tribunal tem de verificar se garantias do réu estão asseguradas
➔ Pactos de competência
➔ Pactos de jurisdição
➔ Convenção de arbitragem
Autonomia privada prevalece sempre face à aplicação de uma regra, que é supletiva:
• O Réu pode dizer que o Tribunal é incompetente mas mesmo assim aceitar ser
julgado por ele, fazendo com que se consolide a competência do Tribunal da
ação.
o É também sempre competente no plano internacional o Tribunal
perante o qual o Réu comparece, sem invocar a incompetência desse
mesmo Tribunal.
o Último critério de todos na atribuição de competência internacional –
Art. 26º: Pacto de Jurisdição Tácito. Em suma Domicílio >
Competências Especiais > Competências Excecionais > Competências
Convencionais > Comparência do Réu.
Artº 62º CPC - três critérios por via dos quais os tribunais portugueses gozam de
competência internacional, bastando a verificação de um para que haja tal competência. São
estes:
O regime do artº 62º CPC significa que, nas hipóteses aí previstas, a ação pode ser
proposta nos tribunais portugueses, embora não seja forçoso que tal aconteça. Bem pode
suceder que a ação dê entrada no tribunal de outro país. O mesmo é dizer que, no limite, a
competência que assim gozam os tribunais portugueses é concorrencial/alternativa face à dos
tribunais de outros estados.
Quando está em causa o regime do artº 63º CPC, as coisas já se colocam de modo
diverso, já que este preceito prevê a competência exclusiva dos tribunais portugueses, tendo
nestes casos, a respetiva ação de ser proposta nos tribunais portugueses. O eventual
desrespeito desta competência exclusiva implicará que qualquer decisão proferida por
tribunal estrangeiro em matéria que contenda com o artº 63º CPC não seja reconhecida (quer
em Portugal, quer noutro Estado). Assim sendo, o referido artigo elenca nas suas varias alíneas
as situações de exclusividade.
→ Quando a causa de pedir alegada seja ininteligível: Também aqui foi alegada a causa
de pedir, mas de modo tão desadequado que não se percebe de onde deriva a pretensão
formulada.
A ineptidão da petição inicial é de tal modo grave que gera a nulidade de todo o
processo (artº 186º/1). A aptidão dessa peça constitui, assim, um verdadeiro pressuposto
processual, cujo desrespeito origina a exceção dilatória prevista no artº 577º, b).
Se uma causa é proposta depois da anterior ter sido definitivamente decidida, há caso
julgado (artº 580º/1).
A identidade dos sujeitos supõe que as partes sejam as mesmas, sob lo ponto de vista
da sua qualidade jurídica (artº 581º/2). Não se trata de uma mera identidade física. Se tiver
havido sucessão no direito ou na obrigação, ainda aí poderemos ter litispendência ou caso
julgado.
A identidade das causas de pedir verifica-se quando as pretensões deduzidas nas ações
derivam do mesmo facto jurídico (artº 581º/4).
Tanto a litispendência como o caso julgado visam evitar que o tribunal venha a
reproduzir/contradizer uma decisão anterior (artº 580º/2). A verificação destes implica que o
juiz se abstenha de conhecer do mérito da causa repetente.
A litispendência deve ser deduzida na ação proposta em segundo lugar (artº 582º/1),
considerando-se como causa repetente aquela para a qual o réu foi posteriormente citado
(artº 582º/2), por ser esse o momento em que se define/concretiza a relação rocessual.
Artº 571º/2: réu defende-se por exceção dilatória quando alega factos que obstam ao
conhecimento do mérito da ação, acrescentando o nº2 deste artigo que as exceções dilatórias
obstam a que o tribunal conheça do mérito da causa e dão lugar à absolvição da instância ou
à remessa do processo para outro tribunal.
Artº 577º: enuncia quase (enunciação que embora extensa não é taxativa) todas as
exceções dilatórias que o réu pode invocar.
Em regra, há um nexo entre estas 3 vertentes (violação de pressupostos processuais,
exceções dilatórias e absolvição da instância). Contudo, pode não ser exatamente assim, como
se vê pela análise dos artºs 278º e 577º.
Há dois tipos de incompetência dos tribunais (absoluta e relativa) que geram ambas a
exceção dilatória do artº 577º, a). Há, porém, uma importante diferença quando ao efeito
desses dois tipos de incompetência:
Esta diferença explica que as duas formas de incompetência surjam lado a lado no artº
577º, a), mas só a incompetência absoluta apareça no artº 278º/1, a). De resto, o artº 278º/2
exclui o regime do nº 1 ‘quando o processo haja de ser remetido para outro tribunal’.
Mesmo que esteja violado um pressuposto processual, mesmo que tal violação
provoque uma exceção dilatória e ainda que esta tenha por efeito a absolvição do réu da
instância, pode acabar por não ter lugar o regime consignado no artº 278º/1.
É que tal efeito só deverá ocorrer como ultima ratio, i.e., se, de todo em todo, não for
possível obter o suprimento da falta do pressuposto processual.
→ A absolvição da instância não terá lugar quando a falta ou irregularidade tenha sido
sanada (artº 278º/2).
Sempre que uma ação termina com a absolvição do réu da instância, estamos perante
um processo frustrado, que não assegurou aquilo para que foi projetado: a resolução material
da questão litigiosa.
Pelo contrário, a mera absolvição da instância não impede que o autor proponha nova
ação com o mesmo objeto, exatamente por a questão de fundo ter ficado em aberto (artº
279º/1).
Resulta então, que a absolvição da instância não é o resultado natural da lide, nem
sequer o desejado. Por isso, no esquema do processo civil português, mais do que a verificação
da existência de eventuais exceções dilatórias, o que importa são os mecanismos destinados a
providenciar em devido tempo pela regularização da instância.