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Legal Design Na Justica Federal No Ceara o Projeto

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https://doi.org/10.54795/RejuBEsp.DirDig.

231

LEGAL DESIGN NA JUSTIÇA FEDERAL NO CEARÁ: O PROJETO


MANDADO CIDADÃO

LEGAL DESIGN IN CEARÁ FEDERAL COURTS: THE CITZEN


SUMMONS PROJECT

ALCIDES SALDANHA LIMA


Juiz federal da 10a vara da Seção Judiciária do Ceará. Mestre em Direito
pela Universidade Federal do Ceará – UFC. MBA em Administração do
Poder Judiciário pela Fundação Getulio Vargas – FGV. Aluno do Curso
de Especialização em Direito Digital pela Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento de Magistrados – Enfam.
https://orcid.org/0009-0002-8056-2558

LEOPOLDO FONTENELE TEIXEIRA


Juiz federal da 3ª Relatoria da 1ª Turma Recursal da Seção Judiciária do
Ceará. Mestre em Direito pela Universidade Federal do Ceará – UFC. MBA
em Administração do Poder Judiciário pela Fundação Getulio Vargas –
FGV. Aluno do Curso de Especialização em Direito Digital pela Escola
Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados – Enfam.
https://orcid.org/0009-0000-6496-8596

RESUMO
A prestação jurisdicional frequentemente é destinada a pessoas leigas
e com baixa formação educacional, o que dificulta a compreensão
dos atos processuais. Entre esses atos, ganha destaque o de citação.
Visando facilitar a compreensão do ato citatório, a Justiça Federal
do Ceará – JFCE desenvolveu o projeto Mandado Cidadão. Buscou-
se utilizar técnicas de Legal Design, Visual Law, Nudges e linguagem
simples na prototipação de mandados de citação em ações cíveis

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ALCIDES SALDANHA LIMA - LEOPOLDO FONTENELE TEIXEIRA

e penais, no intuito de facilitar a compreensão dos jurisdicionados


acerca da citação, esperando-se inclusive estimular comportamentos
cooperativos. Os protótipos originários têm sido replicados e adotados
pelas várias unidades jurisdicionais da Seção Judiciária do Ceará. O
artigo faz distinções entre Legal Design, Design Thinking, Visual Law,
Nudges e linguagem simples, associando essas técnicas ao projeto da
Justiça Federal cearense.

Palavras-chave: legal design; design thinking; visual law; linguagem


simples; Nudges; projeto Mandado Cidadão; citação; jurisdição.

ABSTRACT
Legal Design in Ceará Federal Courts: The citzen summons Project
Jurisdictional provision is often intended for lay people with low
educational background, which makes it difficult to understand
procedural acts. Among these acts, the act of summons stands out. In
order to facilitate the understanding of the this act, the Federal Courts
in Ceará state created the Citizen Summons Project. The aim is to use
techniques of Legal Design, Visual Law, Nudges and plain language
in the prototyping writs of summons in civil and criminal actions, in
order to facilitate its understanding, hoping to stimulate cooperative
behavior. The original prototypes have been replicated and adopted
by the various jurisdictional units of the federal Courts in Ceará state.
The article makes distinctions between Legal Design, Design Thinking,
Visual Law, Nudges and plain language, associating these techniques
with the Ceará Federal Courts Citzen Summons Project.

Keywords: legal design; design thinking; visual law; plain language;


Nudges; Ceará Federal Courts; Project Citizen Summons; jurisdiction.

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LEGAL DESIGN NA JUSTIÇA FEDERAL NO CEARÁ: O PROJETO MANDADO CIDADÃO

SUMÁRIO
1 Introdução. 2 Legal Design, Visual Law e Design Thinking: conceitos
e distinções; 2.1 Legal Design; 2.2 Design Thinking; 2.3 Visual Law. 3 O
projeto Mandado Cidadão; 3.1 Uma importante ação estratégica; 3.2
O desenvolvimento, a repercussão e a replicação da ideia; 3.3 Uma
breve análise do mandado de citação em ação monitória à luz do Legal
Design/Visual Law. 4 Conclusão. Referências.

1 INTRODUÇÃO

Para além de profissionais da área jurídica, a prestação


jurisdicional destina-se a jurisdicionados que, a par de muitas vezes não
terem formação jurídica, têm, não raramente, baixa educação formal,
o que dificulta o correto entendimento dos atos de comunicação
processual a eles destinados, como ocorre com mandados de citação.
A citação – ato processual que enseja a angularização da relação
processual e que tem como uma das finalidades informar ao réu a
existência de uma ação em que figura no polo passivo, convocando-o
a apresentar defesa se assim entender – é ato de extrema relevância,
sendo de suma importância que o indivíduo tenha efetivo conhecimento
de seu significado, a fim de adotar as medidas adequadas à defesa
de seu direito, ainda que isso não signifique necessariamente a
apresentação de peça defensiva, podendo também adotar conduta de
colaboração no cumprimento das obrigações que lhe são imputadas,
com isso minorando os ônus econômicos que sobre ele podem recair e
colaborando para uma prestação jurisdicional mais justa e eficaz.
Nesse sentido, no intuito de majorar o grau de compreensão dos
jurisdicionados acerca do significado da citação processual, bem como
orientar-lhes sobre as condutas passíveis de serem seguidas a partir

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dali, criou-se, na Justiça Federal do Ceará – JFCE, o projeto Mandado


Cidadão.
O projeto Mandado Cidadão busca, valendo-se das técnicas da
linguagem simples, da Visual Law e do uso de incentivos decisórios
(Nudges), tem por finalidade facilitar a compreensão desse importante
ato de comunicação processual, estimulando ainda a adoção de
posturas conciliatórias e colaborativas.
Por meio deste texto, elaborado no âmbito do Curso de
Especialização em Direito Digital ofertado pela Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados – Enfam, descrever-se-á
o projeto em destaque, ressaltando as técnicas de Legal Design, Visual
Law, linguagem simples e Nudges nele empregadas, para que bem
se possa apreender sua colaboração para o sucesso do projeto e da
máxima eficiência do ato citatório.
Para tanto, o texto está dividido em duas partes: a) na primeira,
abordam-se os conceitos de Legal Design, Design Thinking, Visual Law,
linguagem simples e uso de incentivos decisórios (Nudges); e b) na
segunda, reconstituem-se as etapas do processo e faz-se a correlação
das técnicas citadas com o projeto, como concretamente vem sendo
desenvolvido.
Espera-se contribuir, com o mínimo que seja, para o estudo da
matéria aqui abordada, bem como divulgar, junto à comunidade, essa
importante ação estratégica, considerados os macro e micro desafios
envolvidos.

2 LEGAL DESIGN, VISUAL LAW E DESIGN THINKING:


CONCEITOS E DISTINÇÕES

Muito se tem falado a respeito de aplicação de técnicas de


design no mundo do Direito; inovação e criatividade na elaboração de

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documentos jurídicos; utilização de imagens, gráficos, ícones e outros


recursos gráficos, com a finalidade de obter uma melhor compreensão
do Direito, bem como atrair o interesse do leitor ou mesmo conduzi-
lo a tomar uma determinada decisão; revolução da tecnologia
na prestação dos serviços jurídicos, aumentando sua eficiência e
efetividade; necessidade de se pensar e executar o fornecimento de
serviços jurídicos, tendo como foco o usuário do serviço; entre outras
inovações e vantagens que decorreriam da associação do Direito ao
mundo do design, daí surgindo o que se tem costumado denominar
Legal Design. Porém, nem sempre se faz – ou se faz expressamente –
uma necessária distinção entre conceitos habitualmente utilizados
quando se fala a respeito da matéria.
Realmente, qual seria a distinção entre Legal Design, Visual
Law e Design Thinking? Seriam sinônimos? Ou, pelo contrário, teriam
significados diferentes justamente porque cuidam de matérias diversas?
Qual seria a relação existente entre esses conceitos? Neste tópico,
intenta-se fazer essa necessária diferenciação, a fim de deixar claro
o significado de cada um e seu papel nesse movimento doutrinário e
prático que busca qualificar a prestação de serviços jurídicos, tornando-
os mais centrados nos usuários e para eles interessantes, eficientes,
úteis e usáveis (Aramizo, 2021).

2.1 Legal Design

Como antecipado, a expressão Legal Design refere-se à junção


de técnicas de design com o mundo jurídico, mais precisamente
um processo criativo que visa a inovações incrementais ou mesmo
disruptivas nos diversos serviços, produtos, sistemas e organizações
ligadas ao mundo jurídico, que tem como ponto de partida e de chegada
o usuário ou o ser humano em geral. Trata-se de um fenômeno de

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natureza multidisciplinar e que, justamente por isso, permite elaborar


soluções criativas para problemas costumeiramente enfrentados por
aqueles que têm contato com o Direito de uma forma geral, sejam eles
contratantes, jurisdicionados, advogados, juízes, professores, alunos,
servidores públicos, empresários etc.
O Legal Design deve ser visto como mais do que o resultado
de uma atividade criativa, e sim como um processo de inovação para
resolução de problemas e dificuldades ligadas ao Direito. Trata-se de
disciplina que busca aprimorar a realidade (ser rumo ao dever ser),
agregando valor a algo existente, melhorando-o de alguma forma,
tornando-o mais útil, eficiente, desejável ou, quiçá, criando algo novo,
capaz de revolucionar a realidade anterior para melhor. Nesse sentido:
Os dicionários comuns da língua inglesa definem design
como “o modo como algo foi feito: o modo como as
partes de algo (como um edifício, máquina, livro, etc.) são
formados e estruturados para um uso ou efeito particulares
etc.” Ao contrário das ideias difundidas sobre design, esta
definição concentra-se no processo de criação de algo e
não no resultado do produto acabado. O “design” não se
preocupa principalmente com a estética ou a “aparência de
um produto”, nem está restrito a produtos móveis ou objetos
imóveis, como máquinas, bens de consumo, edifícios ou
trabalhos de arte. Em vez disso, o design, ou design thinking,
é o processo cognitivo subjacente ao desenvolvimento de
novas ideias. Como tal, o design não está preocupado como
as coisas são, mas como “devem ser”, e os profissionais,
como arquitetos, médicos e gerentes, devem desenvolver
processos para atingir esse objetivo (Barton; Berger-Walliser;
Haapio, 2017, p. 356).

De fato, considerando-se o design como processo criativo


que busca desenvolver soluções para dificuldades ou problemas
vivenciados por determinado usuário, tornando um produto ou serviço
jurídico útil, atrativo, eficiente, desejável, ultrapassa-se, numa primeira
vista, uma concepção que envolvesse apenas o caráter estético do

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produto ou serviço a ser desenvolvido ou melhorado – ainda que a


estética também tenha sua importância na criação (Nybo, 2021). Não
se trata de simplesmente tornar algo mais belo ou agradável, mas
notadamente agregar valor, tornar algo mais acessível, compreensível,
utilizável, funcional, eficiente, econômico, capaz de prevenir conflitos
ou de mais facilmente solucioná-los etc.
Busca-se, por meio de inovação e criatividade, partindo-se da
correta compreensão do problema a ser tratado, desenvolver ou
melhorar sistemas, produtos e serviços jurídicos. Tem-se, portanto,
dois focos evidentes: a experiência do usuário (conhecida pela sigla
UX – user experience) (Lopes, 2021) ou, ainda, um design em que o
ser humano é o centro de tudo (Human- Centered Design – HCD); e o
problema a ser resolvido ou minorado ou até evitado.
Para o correto entendimento do Legal Design, é interessante a
leitura do Legal Design Manifesto elaborado no seio da Legal Design
Alliance – Leda, uma rede de profissionais de áreas diversas, não só
jurídicas, mas que tem por meta tornar, por meio do design, o sistema
legal mais centrado no ser humano e efetivo.
Segundo esse manifesto, o Legal Design assenta-se em princípios,
atitudes, propósitos e abordagens, sendo, resumidamente e em
tradução livre: a) atitudes: foco no ser humano; proatividade no trato
e prevenção de conflitos; estímulo à consciência das pessoas acerca
de seus direitos e deveres, facilitando a sua compreensão; abordagem
multidisciplinar; aprendizado via experiência, em lugar de aprendizado
passivo; adoção de métodos cientificamente embasados; e adoção
de dados abertos, para facilitar checagem, validação e replicação dos
resultados; b) propósitos: busca de soluções do tipo ganha-ganha;
clareza na comunicação; aplicabilidade prática do Direito; criação de
confiança, estimulando relacionamentos de longo prazo em lugar de
conexões fugazes e vitórias rápidas; geração de segurança jurídica;
geração de valor; utilização de métodos cientificamente embasados;

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e c) abordagens: foco em problemas e necessidades reais; aplicação


de diferentes abordagens normativas, a depender do problema em
foco; ênfase na comunicação intencionalmente elaborada, utilizando
recursos visuais; simplificação; prototipação; avaliação de resultados;
criação de padrões de solução, a fim de que sejam replicáveis; e
soluções digitais multicanais e passíveis de serem utilizadas em
aplicações digitais) (LEDA, [20--]).
É importante frisar que os serviços jurídicos são vivenciados
de forma diferente dependendo de quem esteja em foco. Uma coisa
é a experiência de pessoas leigas que buscam serviços jurídicos ou
são por eles de alguma maneira afetados. Essas pessoas não só não
possuem formação jurídica capaz de orientar a tomada de decisões ou
os caminhos a seguir para exercício e defesa de direitos e obrigações,
como, às vezes, têm baixa formação educacional (IBGE, 2020),
o que dificulta a compreensão de textos simples, lembrando que
tradicionalmente é a linguagem escrita e formal a predominante no
meio jurídico.
Outra realidade é vivenciada por profissionais do Direito, que
têm formação e conhecimento especializado, mas que, ainda assim,
podem experimentar dificuldades a depender da posição que ocupam
(advogados, promotores, juízes, professores, estudantes etc) em
determinada situação ou mesmo em função do trato com área jurídica
com a qual não estão habituados a lidar.
O Legal Design pode ser aplicado à solução de problemas de
todos os envolvidos, sejam eles pessoas leigas no Direito, sejam os
mais diversos profissionais jurídicos (Hagan, [20--]). Trata-se de criar
soluções claramente práticas para problemas concretos vivenciados
por pessoas reais. Para além de gestão de soluções, busca-se testá-las,
implementá-las e melhorá-las continuamente, num ciclo virtuoso de
melhorias contínuas.

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Coelho e Holtz (2021) dizem que o Legal Design tem por


objeto de estudo: a) os processos organizacionais, redesenhando ou
desenhando serviços jurídicos; b) a forma de entrega de informações
jurídicas conforme o usuário e suas necessidades concretas; c) o
acesso à justiça, amplamente considerado; e d) a própria formação de
juristas e educação de operadores do Direito. Observa-se, portanto,
que o campo de aplicação de metodologia do Legal Design é bastante
amplo, indo do ensino jurídico, passando pela forma concreta de
prestação de serviços jurídicos, à necessária habilitação das pessoas
usuárias e destinatárias desses serviços para que sejam capazes de
bem utilizá-los, tornando-os conscientes de seus direitos e obrigações
e orientando-os quanto aos melhores caminhos a serem percorridos
no mundo do Direito, bem como quanto às melhores decisões a serem
tomadas.
É preciso ainda ressaltar que esse processo de inovação no qual
se materializa o Legal Design, conquanto possa envolver recursos
tecnológicos, isso não é inerente ao processo, sendo possível inovar
para resolver problemas sem necessariamente ter que recorrer a
máquinas e softwares (Hagan, [20--]), o que não significa que aquele
responsável pela inovação não possa ou não deva se valer de todos
os recursos que tiver à disposição e que possam auxiliar no processo.
Nesse sentido, pronuncia-se Clementino (2021, p. 556) no sentido de
que “a inovação tecnológica é apenas uma vertente, entre outras, de um
amplo leque de possibilidades de incrementar um serviço, de romper
paradigmas ou mesmo de transformar radicalmente a realidade”.
Também argumentando no sentido de que a tecnologia não é
necessária à inovação na área jurídica, mas, por outro lado, destacando
a importância de seu manejo, inclusive para correta identificação do
problema a ser enfrentado a partir do uso da ciência de dados, que
permite a estruturação e a compreensão de dados antes desorganizados
e, assim, gerando informação relevante para a identificação e a

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compreensão de problemas e a geração de soluções, Batista e Coelho


(2021, p. 125-126) assim se pronunciam:
Para que toda essa disrupção possa acontecer, é
fundamental iniciarmos a jornada da inovação com a
organização do que podemos extrair da quantidade
massiva de dados que são produzidos no universo jurídico,
seja setor público ou privado. O design no Direito sempre
começa pela observação, e as informações a serem
observadas encontram-se nos documentos, processos
judiciais, contratos, na comunicação entre as partes.
E a tecnologia, através da automação e da inteligência
artificial, tem ajudado bastante na compreensão de todo
esse contexto, para que possamos utilizar esses dados como
principal ativo da gestão estratégica da transformação digital
no Direito.

Por meio do estudo do Legal Design, o profissional do


Direito, muitas vezes com o auxílio de profissionais de outras áreas,
desenvolverá métodos que o ajudarão, seja na identificação de
problemas ou necessidades do usuário, seja no desenvolvimento
de soluções. Ainda que o processo criativo envolvido seja, de certo
modo, intuitivo e fruto de inspiração, há técnicas que, uma vez
dominadas, facilitarão o caminho e conduzirão a soluções ótimas
(Batista; Coelho, 2021).
Coelho (2021), ressaltando que não se pode confundir o Legal
Design com as diversas metodologias por meio das quais pode ser
levado a cabo, divide o processo de Legal Design em quatro etapas:
A primeira fase é sempre a da observação e da definição
de onde estão os dados e informações necessárias
para compreender o problema. Não há Design sem o
entendimento claro e preciso do problema [...] na segunda
fase, após identificar a fonte de informações necessárias,
é preciso usar a Ciência de Dados para padronizar esses
inputs, gerar indicadores, filtrar o que é relevante, para gerar
o raio-X do problema, o que denominamos radiologia do

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Direito. Só a partir disso é que podemos pensar na solução


mais adequada para o problema [...] E na camada final,
pensar como vamos entregar essa informação, se em papel,
em um sistema ou plataforma, e como vamos fazer isso, com a
linguagem mais adequada para cada destinatário e finalidade
e com a eventual inserção de elementos visuais (infográficos,
imagens, pictogramas, QR codes etc) (Coelho, 2021, p. 55-56).

Várias são as técnicas (Design Thinking, Agile, Canvas etc)


passíveis de serem adotadas para implementar o Legal Design (Batista;
Coelho, 2021) e seu manejo dependerá do problema a ser enfrentado,
sendo uma delas o Design Thinking, o que se abordará no subtópico
a seguir.

2.2 Design Thinking

O Design Thinking é uma metodologia de identificação de


problemas e necessidades, desenvolvimento, testagem e aplicação
prática de soluções, cuja aplicação se dá em qualquer área e não
somente na área jurídica (Nybo, 2021). Sua relação com o Legal Design
é, portanto, de natureza instrumental, com ele não se confundindo.
Pode-se executar Legal Design recorrendo-se ou não à metodologia
do Design Thinking, que não serve somente ao Direito.
Pode-se separar o procedimento do Design Thinking em
basicamente 4 etapas: 1) compreensão do problema a ser tratado;
2) geração de ideias passíveis de serem aplicadas para a solução do
problema; 3) prototipação; e 4) teste real do protótipo. Todavia, é
preciso ressaltar que essas fases não são rigorosamente separadas, o
que é aqui feito apenas para fins didáticos, pois, em verdade, há com
frequência idas e vindas em cada etapa, avanços e retrocessos normais
no processo de criação de ideias, sua prototipação e teste, seguido da
efetiva implantação.

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Nesse sentido, as palavras de Brown (2020), que, mencionando


as fases de inspiração, ideação e implementação, classificação diversa
da aqui adotada, mas em lição em tudo aplicável, diz que:
[...] Há pontos de partida e pontos de referência úteis ao
longo do caminho, mas o continuum da inovação pode ser
visto mais como um sistema de espaços que se sobrepõem
do que uma sequência de passos ordenados. Podemos pensar
neles como a inspiração, o problema ou a oportunidade que
motiva a busca por soluções; a ideação, o processo de gerar,
desenvolver e testar ideias; e a implementação, o caminho
que vai do estúdio de design ao mercado. Os projetos podem
percorrer esses espaços mais de uma vez à medida que a
equipe lapida suas ideias e explora novos direcionamentos.
A natureza iterativa e não linear da jornada não decorre de
desorganização ou indisciplina, mas de o design thinking ser
um processo exploratório; quando realizado de modo correto,
leva a descobertas inesperadas, e seria tolice não pagar para
ver para aonde elas levariam. Muitas vezes, essas descobertas
podem ser integradas ao processo, sem interrupção. Em
outras, a descoberta motiva a equipe a rever algumas de suas
premissas mais básicas. Enquanto testa um protótipo, por
exemplo, os consumidores podem nos proporcionar insights
que apontam para um mercado mais interessante, mais
promissor e, potencialmente, mais lucrativo que se revela a
nossos olhos. Insights dessa natureza devem nos inspirar a
ajustar ou repensar nossas premissas, em vez de seguir em
frente presos ao plano original [...] (Brown, 2020, p. 22).

Isto esclarecido, passa-se a descrever sumariamente cada etapa


acima mencionada.
Na primeira etapa, para a devida compreensão do problema,
é necessário buscar identificar quem é o usuário que se tem em
consideração, buscar conhecer seus hábitos, suas dificuldades, seus
interesses, suas expectativas quanto ao serviço ou produto que se tem
em vista.

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Trata-se, como se vê, de um momento em que o exercício da


empatia, de se colocar no lugar dessa pessoa, de partilhar suas dores e
sentimentos, entendendo seu ponto de vista, fazer uma imersão em sua
vida é essencial (Ueno, 2021). Para isso, várias técnicas poderiam ser
utilizadas, como conversa direta, pesquisas de natureza quantitativa e
qualitativa, criação de persona (Aramizo, 2021), observação do serviço
em tempo real etc. Deve-se aqui colocar o ser humano no centro de
tudo, a pessoa, o usuário, o consumidor, o cliente, o destinatário do
produto ou serviço, enfim, é o ponto de partida e o ponto de chegada.
O design centrado no ser humano é uma abordagem criativa
para a resolução de problemas e a espinha dorsal do nosso
trabalho na IDEO.org. É um processo que começa com as
pessoas para as quais você está projetando e termina com
novas soluções feitas sob medida para atender às suas
necessidades. O design centrado no ser humano tem tudo
a ver com a construção de uma profunda empatia com
as pessoas para as quais você está projetando; gerando
toneladas de ideias; construindo um monte de protótipos;
compartilhar o que você fez com as pessoas para as quais
está projetando; e, eventualmente, colocando sua nova
solução inovadora no mundo.
O design centrado no ser humano consiste em três fases.
Na Fase de Inspiração, você aprenderá diretamente com
as pessoas para as quais está projetando, ao mergulhar em
suas vidas e entender profundamente suas necessidades. Na
Fase de Ideação, você entenderá o que aprendeu, identificará
oportunidades de design e prototipar possíveis soluções. E
na fase de implementação, você dará vida à sua solução e,
eventualmente, ao mercado. E você saberá que sua solução
será um sucesso porque manteve as pessoas que procura
atender no centro do processo (IDEO, [20--]).

Colocar-se no lugar do outro, ser empático, não significa


abstratamente presumir o que necessita essa pessoa e nem considerar
uma pessoa em abstrato. Muitas vezes nem o próprio destinatário

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da inovação sabe bem do que necessita e da solução ideal para suas


dificuldades.
A fala, as impressões, a linguagem corporal, as críticas, as
sugestões e os comentários dos usuários em consideração devem
ser levados efetivamente a sério, de preferência, num exercício de
empatia, buscando enxergar a situação sob análise aos olhos de
um não especialista, um leigo, para bem imergir no problema e
elaborar soluções realmente criativas e que vão ao encontro das reais
necessidades do usuário. Deve-se, em verdade, trazer esse usuário
para dentro do processo criativo, desde o momento do entendimento
do problema, passando pela criação de ideias e prototipação, até a
testagem, sempre tomando o cuidado, todavia, para que as soluções
apontadas pelos próprios usuários não sejam, elas próprias, um
limitador da criatividade e inovação (Hagan, [20--]).
Uma vez bem compreendido o problema a ser solucionado,
minorado ou até evitado, passa-se à fase seguinte, em que se intentará
gerar livremente ideias de possíveis soluções a serem adotadas. Aqui,
é importante ter a mente aberta e, se possível, reunir uma equipe bem
heterogênea e multidisciplinar, a fim de que estejam sobre a mesa as
soluções mais variadas e criativas possíveis, aumentando, com isso,
o leque de alternativas para resolução do problema. Hagan ([20--])
recomenda, inclusive, com o intuito de não inibir o processo criativo
em seu nascedouro, que se evite pensar, no início, em limites que
dificultariam ou inviabilizariam determinada solução (pause feasibility
mindset).
Em seguida, far-se-á a seleção da possível solução. No ponto, é
preciso ressaltar que nem todas as soluções apontadas são adequadas
ou mesmo viáveis para resolver o problema do usuário, muitas se
revelarão inatingíveis, seja por razões técnicas ou mesmo econômicas,
outras sofrerão com fragilidades, efeitos colaterais indesejados,

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mostrando-se inadequadas, daí a importância de geração do maior


número de soluções na etapa anterior.
Uma vez eleita uma alternativa de resolução do problema, passa-
se à elaboração de um protótipo, isto é, de um modelo ainda em
desenvolvimento do produto ou serviço a ser colocado à disposição do
usuário. O protótipo serve justamente para que testes sejam realizados
antes da entrega do resultado, permitindo a detecção de falhas não
antecipadas e sua correção, poupando, com isso, tempo e recurso,
bem como evitando uma desnecessária frustração do usuário com um
resultado aquém de suas expectativas.
É preciso estar aberto a críticas e sugestões, encarar falhas
como oportunidades de melhorias, testar e corrigir o quanto antes,
sob pena de ser surpreendido com um resultado que não se revelou
tão útil, desejável, eficiente e centrado no usuário como se pensava e
isso muitas vezes depois de ter desperdiçado tempo valioso e recursos
escassos (Hagan, [20--]).
É importante sublinhar que, mesmo com a entrega do resultado, o
aperfeiçoamento não se esgota. Trata-se de buscar um aperfeiçoamento
contínuo, num ciclo virtuoso de criatividade e inovação, sempre em
busca da excelência (Coelho; Holtz, 2021).
Feita a distinção entre Legal Design e Design Thinking, passa-se
a mais uma diferenciação essencial: a correta compreensão do que
seja Visual Law e sua diferenciação da linguagem simples.

2.3 Visual Law

É uma espécie de Legal Design, talvez a mais conhecida e


discutida atualmente e, por isso, às vezes é confundida com o próprio
Legal Design, o que representa equívoco de se tomar a parte pelo
todo. O Visual Law ou Direito Visual consiste em área do Legal Design

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responsável pelo aperfeiçoamento da comunicação acerca de produtos


e serviços jurídicos, visando empoderar o usuário, notadamente o leigo,
mas também aqueles com habilidades na seara jurídica, na medida em
que habilita ou potencializa sua compreensão acerca de seus direitos e
obrigações ou mesmo o orienta sobre os melhores caminhos a seguir
dentro do sistema jurídico.
A ignorância ou a incompreensão de normas e fatos relevantes
em determinada situação de interesse ou mesmo o desconhecimento
do funcionamento de um serviço jurídico é fruto das mais diversas
razões: a) elevado grau de analfabetismo ou baixo nível de formação
educacional dos usuários, como visto; b) uso, no meio do Direito, de
linguagem, para além de técnica, desnecessariamente rebuscada, e,
logo, praticamente inacessível a pessoas leigas; c) dificuldade da própria
matéria que está sendo tratada, seja pela complexidade das normas
aplicáveis, muitas vezes envolvendo normas que utilizam conceitos
de outras áreas do conhecimento humano (Medicina, Engenharia,
Contabilidade, Finanças, Informática etc.), seja pelos intrincados
fatos em debate; d) elevada carga de trabalho dos envolvidos, que
dispõem de tempo limitado para análise dos documentos que lhes são
apresentado; e) publicidade inadequada, entre outros.
Ademais, vive-se em um mundo cada vez mais complexo,
caracterizado por mudanças frenéticas, propiciadas por rápida evolução
tecnológica e seu impacto social, e tal complexidade é naturalmente
transmitida ao Direito, que passa a cuidar diretamente, muitas vezes com
leis complementadas por regulamentos, atos regulatórios e diversos
atos infralegais, de um amplo espectro de atividades, demandando,
por conseguinte, que o indivíduo tenha compreensão de seu teor, ainda
que frequentemente esse conhecimento seja meramente presumido
(Mik, 2020).
Segundo o art. 3º da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942), “Ninguém

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se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece” (Brasil, 1942).


Trata-se, sabidamente, de ficção jurídica necessária ao controle social, à
efetividade das normas jurídicas, pois, se não houvesse essa presunção,
o indivíduo poderia descumprir normas simplesmente alegando que
não as conhecia.
Todavia, sabe-se que, em verdade, nem mesmo os profissionais
do Direito conhecem e dominam todas as normas que compõem
o ordenamento jurídico, quanto mais as pessoas leigas, que, não
raramente, só descobrem a existência de uma norma que lhe impunha
uma obrigação ou mesmo o gozo de um direito quando é tarde demais.
Nas palavras de Mik (2020, p. 1, tradução própria):
Apesar da máxima latina ignorantia juris non excusat
(“ignorância da lei não é uma desculpa”), o que implica
que não podemos escapar da responsabilidade baseados
no argumento de que não tínhamos conhecimento da lei,
estatutos e decisões judiciais nunca foram elaborados para
serem facilmente compreensíveis pelo homem médio. Mesmo
no contexto do consumidor, leis, regulamentos e contratos
raramente são escritos com inteligibilidade em mente –
apesar do fato de que os instrumentos legais muitas vezes
exigem o uso de linguagem simples. Um tanto ilogicamente,
pressupõe-se que conheçamos e sigamos regras que não
podemos entender. Um pouco ilogicamente, na prática, os
destinatários primários das regras jurídicas parecem ser
advogados e/ou juízes – aqueles que impõem o cumprimento,
não aqueles que devem cumprir. Infelizmente, aqueles que
devem obedecer muitas vezes “descobrem” a norma legal
aplicável (ou desenvolvem um melhor entendimento sobre
ela) quando for tarde demais: em caso de descumprimento.
Dificilmente se pode discordar da afirmação de que “o direito
pode ser mais compreensível se for mais visual”.

Superando o mecanismo da comunicação apenas por meio da


palavra escrita, ampla e tradicionalmente adotado no mundo jurídico,
ainda que, como regra, sem dele prescindir por completo, o Visual Law

ReJuB - Rev. Jud. Bras., Ed. Esp. Direito Digital, Brasília, p. 385-428, jul./dez. 2023. 401
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se vale de recursos visuais, como linhas do tempo, gráficos (os mais


diversos), tabelas, pictogramas, ícones, imagens, vídeos, QR Codes e
outros, para fazer com que a informação relevante chegue efetivamente
ao seu destinatário, aumentando a possibilidade de uma compreensão
real – e não meramente presumida – do Direito e do funcionamento de
serviços jurídicos. Aumenta-se, assim, inegavelmente a legitimidade,
eficácia e eficiência do ordenamento jurídico, colaborando para a
cidadania e abrindo oportunidade para um acesso efetivo à Justiça.
De fato, como se falar em acesso à justiça se nem mesmo se
conhece o Direito que se tem? Como cumprir a função social de
pacificação que cabe ao Direito se efetivamente não se conhece as
obrigações de cada um? Contentar-se com a presunção legal acima
aludida é, no Estado de Direito Democrático, claramente insuficiente,
sendo dever aperfeiçoar a comunicação, pelos meios os mais diversos
e criativos, acerca dos mais variados serviços e produtos jurídicos.
É preciso deixar evidenciado que o uso das técnicas relacionadas
ao Visual Law não implica a dispensa do respeito a formalidades
inerentes a documentos jurídicos e a atos jurisdicionais e nem,
tampouco, trata-se de apenas deixar documentos mais bonitos e
interessantes. A formalidade exigida na legislação deve ser respeitada,
sendo mantidos os requisitos essenciais. Ademais, da mesma forma
que se deve evitar o acréscimo de informações não essenciais e o uso
de palavras de difícil compreensão, o uso de recursos visuais deve ser
adequado aos fins pretendidos e devidamente justificado, não devendo
ser usado apenas para embelezar (Caixeta; Dotto; Santana, 2021).
Convém ainda enfatizar que alguns cuidados merecem ser
adotados para bem usar os recursos do Visual Law (Mik, 2020): a)
deve-se ter o cuidado de não desvirtuar justamente a informação que
ser quer comunicar, levando o indivíduo a ter uma má compreensão de
uma norma ou de decisão judicial, por exemplo; b) como regra, não se
deve, na seara jurídica, eliminar por completo a palavra escrita (Ducato,

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LEGAL DESIGN NA JUSTIÇA FEDERAL NO CEARÁ: O PROJETO MANDADO CIDADÃO

2019), muitas vezes essencial à correta compreensão da informação


e das formalidades necessárias a determinado ato; c) deve-se bem
compreender o que é essencial em cada caso, para que se dê o devido
destaque à transmissão dessa informação, sob pena de o excesso de
informação prejudicar a comunicação eficiente que se quer atingir; d)
deve-se escolher o recurso visual adequado em cada caso (Granja; Reis,
2021), havendo, sem prejuízo da criatividade, padrões estabelecidos com
sucesso que são aplicáveis a determinadas situações; e) a utilização do
recurso visual deve levar em conta a concreta situação vivenciada pelo
destinatário da informação relevante, deve considerar concretamente
a dificuldade vivenciada pelo indivíduo ou grupo de indivíduos em um
contexto determinado, se possível segregando informações relevantes
para cada grupo ou situação-problema, permitindo assim que o usuário
mais rapidamente localize a informação que lhe diz respeito; e f) deve
ser também evitado o uso de recursos visuais em excesso, sob o risco
de desviar o foco da atenção acerca da informação verdadeiramente
relevante.
A fim de facilitar a comunicação com os envolvidos e a tomada
de decisão pelos destinatários, busca-se, além de utilizar recursos
visuais, tornar a linguagem, escrita e falada, conquanto técnica
quando necessário, a mais simples e objetiva possível, dispensando-
se o chamado “juridiquês”, buscando levar ao receptor da mensagem
a ser transmita o máximo de interesse e compreensão, ganhando-se,
com isso, produtos e serviços jurídicos mais eficientes, interessantes,
respeitadores da boa-fé, estimuladores de comportamentos leais
e cooperativos, ainda que preservando, onde isso seja possível, a
autonomia da vontade dos interessados.
Quanto a esse estímulo à adoção de comportamentos desejáveis,
trata-se do que Sunstein e Thaler (2019) denominam Nudge, que
consistiria em um estímulo que, preservando a autonomia decisória
do indivíduo, aumentaria a possibilidade de tomada de uma decisão

ReJuB - Rev. Jud. Bras., Ed. Esp. Direito Digital, Brasília, p. 385-428, jul./dez. 2023. 403
ALCIDES SALDANHA LIMA - LEOPOLDO FONTENELE TEIXEIRA

desejável, no sentido de que seria benéfica àquela pessoa, haja vista


que a auxiliaria a superar certos vieses inerentes à forma de pensar do
ser humano (Kahneman, 2012), bem como assimetrias informacionais
e falta de autocontrole, que acabam conduzindo a decisões erradas.
Veja-se o seguinte trecho que bem ilustra essa forma de estímulo a
comportamentos desejáveis:
Esse nudge, na nossa concepção, é um estímulo, um
empurrãozinho, um cutucão; é qualquer aspecto da
arquitetura de escolhas capaz de mudar o comportamento
das pessoas de forma previsível sem vetar qualquer opção
e sem nenhuma mudança significativa em seus incentivos
econômicos. Para ser considerada um nudge, a intervenção
deve ser barata e fácil de evitar. Um nudge não é uma ordem
[...] O pressuposto falso é de que praticamente todas as
pessoas quase sempre fazem as melhores escolhas para si,
ou pelo menos escolhas melhores que outras pessoas fariam
por elas. Afirmamos que esse pressuposto é falso – aliás,
claramente falso. Na verdade, achamos que basta refletir um
pouco para deixar de acreditar nisso (Sustein; Thaler, 2019,
p. 12 e 17).

No ponto, não se pode deixar de mencionar o risco apontado


por Mik (2020), contrário à utilização de Nudges, que, influenciando as
escolhas das pessoas, poderiam conduzir a manipulações, conscientes
ou não, dos destinatários da informação, na medida em que seriam
fruto de valores e escolhas feitas por aqueles que manuseiam as
técnicas de Visual Law.
Para que bem cumpram o seu fim e até porque, como dito, as
técnicas inerentes ao Visual Law pertencem ao gênero Legal Design,
atraindo a aplicação dos métodos com ele relacionados (Design
Thinking, por exemplo), é preciso que se saiba, de antemão, para quem
se dirige o ato comunicativo pretendido, bem como qual é a dificuldade
ou o problema que o recurso ao Visual Law pretende tratar (Moraes,
2021). Vale aqui também, portanto, o princípio de que o manejo do

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LEGAL DESIGN NA JUSTIÇA FEDERAL NO CEARÁ: O PROJETO MANDADO CIDADÃO

Visual Law deve ser centrado no ser humano, no concreto usuário do


serviço ou produto jurídico (Curtotti, 2020).
Quem é o destinatário do serviço ou produto? O juiz? Um
advogado? Um empresário que conhece bem o ramo em que atua?
Uma pessoa humilde, leiga a respeito das coisas do Direito e que,
possivelmente, possui baixa instrução? Um estudante? Uma pessoa
por algum motivo hipossuficiente ou vulnerável em concreto (idoso,
criança, deficiente, consumidor, titular de dados)? Qual a dificuldade
por ele enfrentada e que precisa ser sanada, minorada ou mesmo
evitada? Qual a solução adequada para essa específica pessoa ou
grupo de pessoas e para o específico problema que se quer enfrentar?
Todas essas e outras indagações semelhantes são vitais para o correto
uso do Visual Law como manifestação específica do Legal Design.
Por exemplo, em determinadas situações em que um mesmo
documento deve ser apresentado a diferentes pessoas, que possuem
vivências diversas quanto ao Direito, pode-se chegar a confeccionar
várias versões desse documento conforme o destinatário (Rosa, 2021).
Ainda que isso envolva o emprego de tempo e recursos, será inegável o
ganho proporcionado pelo atingimento de uma comunicação eficiente
e que verdadeiramente atenda aos objetivos pretendidos consoante as
necessidades do destinatário e os fins buscados pelo emissor.
Ainda tendo em consideração a importância de conhecer a pessoa
concreta a quem se destinam as técnicas do Visual Law, haja vista
a sua a natureza predominantemente, ainda que não exclusivamente,
imagética, imediatamente se coloca em foco a importância de se
considerar as pessoas com deficiência, notadamente aquelas com
deficiência visual, que acabam por ser excluídas dos benefícios
proporcionados pelos recursos visuais costumeiramente manejados
(Frug, 2019).
Como expressão do Legal Design e, pois, enfocado no ser humano
e em suas necessidades concretas, o Visual Law também pode – e para

ReJuB - Rev. Jud. Bras., Ed. Esp. Direito Digital, Brasília, p. 385-428, jul./dez. 2023. 405
ALCIDES SALDANHA LIMA - LEOPOLDO FONTENELE TEIXEIRA

bem desempenhar sua missão deve – beneficiar deficientes visuais,


tendo em consideração que sua finalidade é inovar para transmitir com
sucesso (ser compreendida pelo destinatário) uma informação jurídica
relevante. Em que pese o seu nome, não se limita a recursos imagéticos,
sendo também possível inovar e fornecer informações relevantes por
meio do uso de outros recursos ou mesmo associação de recursos
de espécies diversas, como voz, sinais sonoros, fornecimento de
informação criativamente organizada e voltada para fácil compreensão
em braile, inclusive na internet etc.
Abordando o tema de contratos em forma de histórias em
quadrinho (contract comic [sic]), mas em lição que pode ser expandida
para a espécie de Legal Design ligada à comunicação, Brunschwig
(2019) fala, para além de um Direito audiovisual (audio-visual Law),
em um Direito multissensorial (multisensory Law), o que parece mais
adequado às finalidades da parte do Legal Design de que se está a falar,
que não se limita a recursos visuais, ainda que o manejo desse tipo de
recurso seja muito útil e o que, até aqui, mais tem sido abordado.
Partindo-se da correta premissa de que a adoção de Visual Law
não torna dispensável o tradicional uso da linguagem escrita, costuma-
se associar seu emprego ao que se convencionou chamar de linguagem
simples (plain language). A técnica da linguagem simples, assim como o
Visual Law, tem a finalidade de bem transmitir informação essencial ao
destinatário, porém seu objeto é justamente a linguagem escrita, que
deve, sem perder o rigor técnico essencial, ser simplificada ao máximo,
a fim de permitir uma rápida, confortável e eficiente compreensão pelo
destinatário (Tesheiner, 2021).
Como destacado por Iwakura e Machado Filho (2021), no Brasil,
há normas que determinam ou, pelo menos, recomendam a adoção
dos recursos do Visual Law e da linguagem simples, quais sejam, a Lei
de Acesso à Informação (Lei n. 12.527/2011, art. 5º), a Lei de Proteção
ao Usuário do Serviço Público (Lei n. 13.460/2017, art. 5º, XIV), a Lei do

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LEGAL DESIGN NA JUSTIÇA FEDERAL NO CEARÁ: O PROJETO MANDADO CIDADÃO

Governo Digital (Lei n. 14.129/2021, art. 3º) e a Resolução n. 347/2020


do Conselho Nacional de Justiça – CNJ (art. 32, parágrafo único).
Portanto, além de funcionalmente adequado, o próprio Direito
impõe o aperfeiçoamento dos métodos comunicativos, a fim de bem
conscientizar as pessoas acerca de seus direitos e obrigações jurídicas,
notadamente quando se tem a participação do Poder Público e, dentro
dele, o Poder Judiciário.
Nos tópicos seguintes, passa-se a tecer comentários ao projeto
Mandado Cidadão no âmbito da JFCE, destacando sua relação com
as técnicas de Legal Design, Design Thinking e Visual Law acima
abordados.

3 O PROJETO MANDADO CIDADÃO

3.1 Uma importante ação estratégica

Iniciativas na Administração Judiciária devem ser alinhadas para


o alcance dos 12 macrodesafios nacionais, nos termos e para os fins
do disposto na Resolução n. 325/2020 do CNJ, que dispõe sobre a
Estratégia Nacional do Poder Judiciário 2021-2026. Na perspectiva
da ação objeto deste estudo – projeto Mandado Cidadão –, quatro
desses 12 macrodesafios são contemplados: a) garantia dos direitos de
cidadania; b) fortalecimento da relação institucional da Justiça Federal
com a sociedade; c) agilidade e produtividade na prestação jurisdicional;
e d) prevenção de litígios e adoção de soluções consensuais para os
conflitos.
Elaborado no âmbito da Justiça Federal no Ceará – JFCE, seção
judiciária que compõe a circunscrição do Tribunal Regional Federal
da 5ª Região – TRF5, o projeto precisou se alinhar aos objetivos do
Plano Estratégico Regional para o sexênio 2021-2026, aprovado por

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ALCIDES SALDANHA LIMA - LEOPOLDO FONTENELE TEIXEIRA

meio da Resolução Pleno n. 19/2021, divididos em três perspectivas:


1) Sociedade; 2) Processos Internos; e 3) Aprendizado e Crescimento.
Na perspectiva Sociedade, o projeto contempla os dois objetivos
estratégicos: “facilitar o acesso à justiça” e “buscar a satisfação
do cidadão”. Quanto ao primeiro, o projeto facilita, sim, o acesso à
jurisdição, pois os mandados foram reestruturados com foco nos seus
destinatários, por meio da aplicação da tríade: plain language (linguagem
simples), Visual Law (linguagem visual) e Nudges (estímulos), para
uma comunicação eficiente, capacitatória e inclusiva entre a JFCE e os
jurisdicionados. Quanto ao segundo, induvidosamente, os destinatários
do ato processual materializado no mandado, especialmente os de
baixa ou nenhuma escolaridade, compreenderão as informações
contidas nos mandados judiciais, percebendo o contexto do conflito
jurídico em que estão envolvidos, seus direitos e deveres, os possíveis
caminhos a serem trilhados, com suas respectivas consequências.
Na perspectiva Processos Internos, o projeto busca dar
efetividade aos dois objetivos estratégicos: 1) agilizar a prestação
jurisdicional; e 2) adotar soluções alternativas de conflitos. Assim,
é instrumento de agilização da prestação jurisdicional na medida
em que simplifica a linguagem dos mandados judiciais tornando a
comunicação mais adequada e eficiente e de composição do conflito,
por meio de Nudges que induzem solução consensual por negociação.
Finalmente, na perspectiva Aprendizado e Crescimento, o projeto
Mandado Cidadão levou em consideração três objetivos estratégicos:
1) humanizar a jurisdição virtual e torná-la inclusiva; 2) promover
transformação digital, governança e soluções corporativas de TI,
com foco na inovação, segurança e gestão de dados; e 3) incentivar
a inovação institucional como forma de prover novas soluções
que otimizem os resultados organizacionais. Foi adotada solução
tecnológica inclusiva, com foco nos jurisdicionados analfabetos e com
deficiência visual, pois os mandados contêm QR Code que remete a

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LEGAL DESIGN NA JUSTIÇA FEDERAL NO CEARÁ: O PROJETO MANDADO CIDADÃO

vídeo explicativo, inovação em linguagem audiovisual potencializadora


do fornecimento de informação adequada aos vários perfis de usuários
externos da Justiça.
Passa-se a seguir à reconstituição do iter do projeto e de seu
estado atual.

3.2 O desenvolvimento, a repercussão e a replicação da ideia

O projeto Mandado Cidadão foi concebido pelos participantes


oriundos da JFCE na 2ª edição do HubJus – Programa de Inovação para
o Poder Judiciário, promovido pela empresa WeGov – Treinamento para
Gestão Pública Ltda, a saber: Juíza Federal Gabriela Lima Fontenelle
Câmara; Oficialas de Justiça Flávia Costa Barros Teixeira e Rhiana
Mara Bessa Gomes e Servidores Rebeca Ferreira Brasil e Samuel de
Oliveira Melo. A idealização foi da Oficiala Flávia Teixeira a partir de
sua experiência nas diligências para cumprimento de mandados e dos
estudos para dissertação de mestrado em Direito e Gestão de conflitos,
cursado na Universidade de Fortaleza – Unifor.
Ao longo do curso de capacitação, que se realizou de forma
remota com metodologia colaborativa/criativa “aprender fazendo”
com foco na proposta de solução, entre maio e dezembro de 2021, foi
feito o seguinte diagnóstico de problematização/intervenção:
[...] o time da seção da Justiça Federal do Ceará identificou
que o tipo de linguagem formal em regra adotada na
confecção dos mandados judiciais, com termos técnicos
intrínsecos ao mundo do Direito, representa um desafio a
que a mensagem chegue de forma clara ao seu destinatário,
ou seja, o cidadão comum [...] será que o tipo de linguagem
adotada e o formato, em que os mandados estão sendo
confeccionados estão de fato cumprindo seu propósito
de comunicar com clareza o que acontece no processo ao
destinatário da mensagem? (Gomes; Teixeira, 2022, p. 68).

ReJuB - Rev. Jud. Bras., Ed. Esp. Direito Digital, Brasília, p. 385-428, jul./dez. 2023. 409
ALCIDES SALDANHA LIMA - LEOPOLDO FONTENELE TEIXEIRA

A proposta era alterar os mandados judiciais por meio da


utilização de linguagem simples associada ao uso de técnicas de
linguagem visual (Visual Law), que agregam elementos aptos a tornar
a compreensão mais clara e intuitiva pelo leitor e têm se mostrado
especialmente adequadas à simplificação e compreensão de questões
jurídicas, com grande benefício para o usuário do sistema de justiça.
Inspirados por essa nova forma de aperfeiçoar a comunicação
jurídica – Direito é linguagem –, foi proposta também a inclusão
de intervenções brandas, ditas Nudges, capazes de incentivar o
jurisdicionado a adotar condutas colaborativas e mesmo conciliatórias
(quando possível), vale dizer, decisões convenientes ou adequadas,
consideradas as regras jurídicas aplicáveis às circunstâncias.
O objetivo primaz da iniciativa era demonstrar que é possível,
oportuno e conveniente adotar uma linguagem mais contemporânea,
empática e consequentemente mais eficiente nos mandados judiciais,
com foco na compreensão e orientação do jurisdicionado, de regra
leigo, ressignificando o ato processual, aproximando e horizontalizando
a relação da Justiça com o cidadão, fazendo valer, no sentido amplo, o
princípio constitucional do acesso à justiça.
Houve alcance parcial do objetivo nessa primeira etapa. Com
efeito, na culminância do programa, no evento Festival de Aprendizado,
realizado na sede da Justiça Federal da Paraíba, foram apresentados
dois protótipos – o mandado de citação e pagamento em ação
monitória e o mandado de citação criminal (Gomes; Teixeira, 2022),
que, no entanto, efetivavam a linguagem simples, mas não ainda a
linguagem visual, haja vista a falta de expertise do grupo.
Na segunda etapa do projeto, importa destacar que se contou
com o apoio do Íris – Laboratório de Inovação e Dados do Governo
do Estado do Ceará, a partir de Acordo de Cooperação Técnica,
celebrado em 26 de abril de 2022, no contexto em que foi ministrada
“Oficina de Inovação em Linguagem no Setor Público”, com o objetivo

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LEGAL DESIGN NA JUSTIÇA FEDERAL NO CEARÁ: O PROJETO MANDADO CIDADÃO

de potencializar o uso da linguagem simples nas plataformas de


informações e atendimentos dessas instituições, incluindo o mandado
cidadão.
A condução dessa fase final ficou a cargo das Oficialas de Justiça
Flávia Teixeira e Rhiana Bessa e da Servidora Roberta Pessoa, sob
orientação dos profissionais do Íris e coordenação do Juiz Federal
Leonardo Resende Martins, então titular da 6ª Vara Federal e curador
do Laboratório de Inovação da Justiça Federal do Ceará – InovaJus e
hoje desembargador federal no Tribunal Regional Federal – TRF da 5º
Região.
Os mandados foram inicialmente utilizados na 6ª vara, de
competência privativa cível, e na 12ª vara, de competência privativa
criminal, ambas sediadas em Fortaleza.
Em continuidade ao projeto, as varas com competência privativa
para execuções fiscais da capital (9ª, 20ª e 33ª), a partir de iniciativa
originária do Juiz Federal Glêdison Marques e do seu Diretor de
Secretaria, Jairo Nunes Almeida, a que acorreram os Juízes Maximiliano
Machado e Dartanhan Rocha, elaboraram mandados de citação,
penhora e avaliação conforme as peculiaridades dos credores – Fazenda
Nacional, autarquias e fundações em geral, conselhos profissionais e
Caixa/FGTS. Na mesma senda, as varas de competência cível da capital
(1ª a 8ª e 10º), sob coordenação do Juiz Federal Luís Praxedes Vieira da
Silva, constituíram grupo composto pela Diretora de Secretaria Flávia
Romero, pela Oficiala Flávia Teixeira e pelo servidor da comunicação
Israel Carlos Bezerra, que elaborou protótipos de mandado de citação
no procedimento comum e mandado de citação em execução de título
extrajudicial. Os novos mandados estão sendo também utilizados pelas
varas integrantes das nove subseções integrantes da Seção Judiciária
do Ceará (Crateús, Iguatu, Itapipoca, Juazeiro do Norte, Limoeiro do
Norte, Maracanaú, Quixadá, Sobral e Tauá).

ReJuB - Rev. Jud. Bras., Ed. Esp. Direito Digital, Brasília, p. 385-428, jul./dez. 2023. 411
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Dados a serem colhidos no futuro revelarão a propriedade e a


adequação da iniciativa na celeridade e efetividade da prestação
jurisdicional.
Os resultados concretos do projeto Mandado Cidadão vêm sendo
amplamente difundidos em eventos e meios digitais, tanto no âmbito
do Poder Judiciário quanto do Poder Executivo, como se pode conferir
abaixo, sempre com muito positiva aceitação e repercussão:

• 24/3/2022, no site da JFCE, em homenagem ao Dia do Oficial


de Justiça, tendo em vista que a idealizadora do projeto
exerce tal função;
• 8/4/2022, no site da JFCE, como exemplo dos resultados da
parceria entre o Laboratório Íris e a Justiça Federal;
• 26/7/2022, no Encontro de Inovação Jurídica no Setor Público
em Fortaleza/CE, no painel Comunicação Jurídica Cidadã –
como o Direito pode aproximar o Estado da população;
• 14/9/2022, em Recife/PE, no evento denominado Dia Nacional
da Inovação; e
• 30/9/2022, no evento Inova7 Talks da II Semana da Inovação
do TRT-7 em Fortaleza/CE.

Destaca-se que a idealizadora do projeto, a Oficiala de Justiça


Flávia Teixeira, foi classificada em 3º lugar no evento Inova7 Talks da II
Semana da Inovação do TRT7, ao falar sobre A comunicação jurídica
cidadã e apresentar os novos modelos de mandados desenvolvidos no
projeto Mandado Cidadão.

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LEGAL DESIGN NA JUSTIÇA FEDERAL NO CEARÁ: O PROJETO MANDADO CIDADÃO

3.3 Uma breve análise do mandado de citação em ação


monitória à luz do Legal Design/Visual Law

Depois de explorados os conceitos de Legal Design, Design


Thinking, Visual Law linguagem simples e Nudges, assim como tendo
sido narrado o contexto do projeto Mandado Cidadão na JFCE, impõe-
se fazer a correlação, ainda que breve, entre os conceitos estudados e
o mandado tal como, até aqui, elaborado como resultado do processo
de inovação.
Como ressaltado, o uso de técnicas de Legal Design, bem como
da sua subárea ligada à comunicação (Visual Law), tem por finalidade
elaborar soluções criativas para problemas concretos experimentados
por aqueles que vivem o mundo do Direito.
No caso do projeto Mandado Cidadão, intenta-se, por meio
da prototipação e da reformulação do mandado citatório com o
uso de linguagem simples, Nudges e recursos visuais, melhor atingir
a finalidade primordial da citação, qual seja, dar conhecimento ao
réu acerca de uma ação que foi proposta em face de si, bem como,
considerando a experiência do ser humano concreto a quem é dirigido
o ato, muitas vezes leigo a respeito das práticas jurídicas e com baixo
nível educacional, melhor orientar-lhe acerca das condutas passíveis
de serem adotadas a partir dali, notadamente defensivas, mas também
conciliatórias e colaborativas com uma prestação jurisdicional justa,
célere e efetiva.
Para esta análise, e a título exemplificativo, pois, como visto, o
projeto contempla outras modalidades de mandado, foi escolhido o
mandado cível de citação em ação monitória. Confira-se como é o
formato dito tradicional do mandado e, em seguida, o resultado do
processo criativo, centrado no usuário, com o uso do Visual Law,
Nudges e linguagem simples.

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Imagem 1 – Mandado de citação tradicional em ação


monitória

Fonte: mandado de citação em ação monitória expedido


pela 6ª vara da Justiça Federal do Ceará

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Na imagem acima, em que se vê um mandado no formato


tradicional, observa-se o uso de linguagem formal e técnica, utilizando
termos jurídicos como embargos, pleno direito, título executivo, entre
outros, com menção a normas legais e infralegais, ao sistema de
processo eletrônico, elementos que certamente são, para os usuários
em geral dos serviços da justiça, de difícil compreensão. Além disso,
ainda que, no corpo do mandado, haja menção à sanção premial de
isenção de custas em caso de pagamento no prazo, não se dá qualquer
destaque à informação, que acaba por se misturar a tantas outras
ali espalhadas ao longo do texto. Veja-se agora, após o processo
de inovação, a versão ora em uso/teste do mandado de citação em
discussão:

Imagem 2 – Mandado de citação com uso de técnicas de


Legal Design/Visual Law/linguagem simples/Nudges

Fonte: mandado de citação em ação monitória expedido


pela 6ª vara da Justiça Federal do Ceará

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Observa-se nítido ganho quando se tem em vista a meta de bem


comunicar o ato citatório, notadamente para usuários leigos ou de baixa
instrução. Também é de se sublinhar a agregação de funcionalidades
ao mandado, que, respeitando as formalidades exigidas na legislação,
acrescenta outras que potencializam sua utilidade e eficiência.
Logo de início, percebe-se o uso de elementos visuais, como
cores diferenciadas, pictogramas, tabelas, caixas de texto, QR Codes e
Bullet Points, que têm a função de destacar informações importantes
no texto, tornando-as de fácil acesso e compreensão.
Ademais, utiliza-se linguagem simples, tornando o ato
comunicativo mais amigável e inteligível. Busca-se, ainda, agregar
informações que guardam conexão entre si, gerando verdadeiros
blocos informativos que condensam informações úteis de acordo com
a postura que o usuário pretenda seguir, posturas que são devidamente
informadas no mandado. É importante frisar que tudo foi feito sem
prejuízo dos requisitos essenciais ao ato de citação, tais como previstos
em lei, preocupação essencial na seara do Visual Law.
Explica-se, inicialmente, o porquê do ato citatório. Destaca-se,
num segundo momento, o valor devido, com a data de atualização,
alertando o indivíduo sobre os honorários do advogado do autor e
custas processuais, para, a seguir, criar um fluxo com os possíveis
caminhos a serem percorridos: a) em caso de reconhecimento da
dívida e desejo de pagamento, orienta-se acerca de onde pagar, o
prazo disponível e a vantagem legalmente prevista pelo pagamento
espontâneo no prazo (Nudge); b) em caso de discordância, informa-
se: a possibilidade de apresentação de defesa, por meio de advogado
contratado, esclarecendo ainda a possibilidade de uso da Defensoria
Pública, inclusive com o fornecimento de endereço e contatos da
instituição; e o prazo de defesa, alertando-se ainda sobre a conveniência
de se buscar defesa técnica o quanto antes (Nudge); c) estimula
ainda postura conciliatória, indicando vias para buscar um acordo ou

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negociação da dívida, fornecendo inclusive contatos indicados pelo


credor, por exemplo, uma instituição financeira; e, por fim, d) fornecem-
se informações, devidamente organizadas e destacadas, sobre como
acessar a petição inicial e o despacho inaugural, indicando link de
acesso ou ainda QR Code, facilmente acessível com a câmera de um
celular.
Ao reforçar a finalidade comunicativa e a busca pela devida
compreensão do ato citatório, consta ainda caixa de texto destacada,
recomendando a leitura das normas legais que amparam o ato e, visando
otimizar a compreensão da citação, há um segundo QR Code, por meio
do qual a oficiala de justiça explica, com clareza, as informações acima
mencionadas.
Apenas para ilustrar, vale conferir ainda o modelo de mandado
criminal integrante do projeto, com acréscimo de elementos visuais e
linguagem simples, e sua versão tradicional:

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Imagem 3 – Mandado de citação criminal tradicional

Fonte: mandado de citação criminal expedido pela 12ª vara


da Justiça Federal do Ceará

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Imagem 4 – Mandado de citação criminal fruto do projeto


Mandado Cidadão

Fonte: mandado de citação criminal expedido pela 12ª vara


da Justiça Federal do Ceará

Portanto, materializado nos criativos e inovadores mandados


citatórios acima, percebe-se o uso do Legal Design , notadamente na
vertente do Visual Law e da linguagem simples, pela Justiça Federal
do Ceará, na medida em que se evidencia uma preocupação real com
o ser humano, o usuário concreto dos serviços da Justiça, adotando-se
uma postura empática, para compreender os medos, as dificuldades e
as dúvidas daqueles que são citados numa ação monitória ou mesmo
criminal e, a partir dessa compreensão, tentar inovar, melhorar a
confecção do mandado de citação, com vistas não só a elevar o grau de
compreensão desse importante ato processual, mas também estimular

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a adoção de posturas colaborativas para uma prestação jurisdicional


ótima.

4 CONCLUSÃO

Ao longo deste artigo, discorreu-se sobre a interseção entre o


Direito e o design, dando origem ao que a doutrina tem denominado
Legal Design.
O Legal Design é o processo criativo, multidisciplinar, prático,
centrado no ser humano, que tem por finalidade detectar, compreender
e evidenciar problemas concretamente enfrentados no mundo do
Direito, conforme o usuário em evidência, assim como criar soluções e
oportunidades de melhorias de sistemas, serviços e produtos jurídicos,
sejam essas melhorias de natureza incremental ou verdadeiramente
disruptivas, capazes de revolucionar a maneira como algo se
apresentava antes do processo.
Para a correta percepção de conceitos, buscou-se fazer
necessárias distinções entre Legal Design, Design Thinking e Visual
Law, apontando-se ainda a linguagem simples e os estímulos a escolhas
favoráveis (Nudges).
O Design Thinking é uma metodologia, que serve de instrumento
ao Legal Design, de identificação de problemas e necessidades,
desenvolvimento, testagem e aplicação prática de soluções, cuja
aplicação se dá em qualquer área e não somente na área jurídica. A
metodologia se desenvolve nas seguintes etapas: 1) compreensão
do problema a ser tratado; 2) geração de ideias passíveis de serem
aplicadas para a solução do problema; 3) prototipação; e 4) teste real
do protótipo.
Ainda com o propósito de diferenciação de conceitos, concluiu-se
que o Visual Law ou Direito Visual é a área do Legal Design responsável

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pelo aperfeiçoamento da comunicação acerca de produtos e serviços


jurídicos, visando empoderar o usuário, notadamente o leigo, mas
também aqueles com habilidades na seara jurídica, na medida em que
habilita ou potencializa sua compreensão acerca de seus direitos e
obrigações ou mesmo os orienta sobre os melhores caminhos a seguir
dentro do sistema jurídico.
Frequentemente associada ao uso do Visual Law, a linguagem
simples consiste na adoção de uma linguagem, escrita e falada, técnica
quando estritamente necessário, a mais simples e objetiva possível,
dispensando-se o vulgarmente chamado “juridiquês”, buscando levar
ao receptor da mensagem o máximo de compreensão e despertar seu
interesse.
Por fim, Nudge é um estímulo que, preservando a autonomia
decisória do indivíduo, pode aumentar a possibilidade de tomada de
uma decisão desejável, no sentido de que seria benéfica àquela pessoa,
haja vista que lhe auxiliaria a superar certos vieses inerentes à forma de
pensar do ser humano, bem como assimetrias informacionais e falta de
autocontrole, que acabam conduzindo a decisões erradas.
Após esses tópicos iniciais, que serviram como imprescindível
embasamento teórico para compreensão, apresentou-se o projeto
Mandado Cidadão, idealizado por uma das oficialas de justiça da
Justiça Federal no Ceará, a partir de sua experiência na efetivação
de cumprimentos de mandados, a qual revelou a dificuldade
dos destinatários de compreenderem o ato processual e suas
consequências. O projeto foi desenvolvido coparticipativamente no
âmbito de cursos de formação e aperfeiçoamento promovidos pela
instituição (o Programa de Inovação para o Poder Judiciário – WeGov
e a Oficina de Inovação em Linguagem no Setor Público – Iris/CE),
segundo a metodologia de Design Thinking e os objetivos do Legal
Design – aperfeiçoamento da comunicação acerca de produtos e

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serviços jurídicos, tendo sido prototipados mandados de citação em


ação monitória e ação criminal.
O projeto foi amplamente divulgado e amealhou reconhecimento,
o que deu ensejo, até o momento, a iniciativas de replicação
empreendidas por varas de competência cível e para processamento
de execuções fiscais, na capital e interior da seção judiciária do Ceará.
Monitoramentos futuros revelarão o acerto e a adequação da
adaptação de mandados judiciais à linguagem simples e à comunicação
eficiente.

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