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Visual Law Como Instrumento de Acesso A

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ISSN 2764-8907

Visual Law como instrumento de acesso à justiça: procedimentos


e finalidades.
Visual Law as a tool to promote access to Justice: procedures and purposes.

Bruno Rabelo dos Santos Resumo


UEPG, Ponta Grossa, PR, Brasil.
Este artigo combina a revisão de literatura, documental e
jurisprudencial com a coleta de dados por meio de entrevista,
Sérgio Torres Teixeira para discutir a Visual Law como instrumento de acesso à
UFPE e UNICAP, Recife, PE, Brasil. Justiça, contando com a contribuição do TRT6, a partir da
entrevista concedida ao pesquisador por um Desembargador e
seu Assessor do respectivo Tribunal, em 2023. Os objetivos
específicos envolvem: discutir o acesso à Justiça como direito
Informações do artigo fundamental; considerar as aproximações e potencialidades
entre linguagem e inovação, no Direito. Depreende-se desta
produção que: (1) a Visual Law e sua consequente simplificação
doi>: https://doi.org/10.25247/2764-8907.2024.v3n1.p79-95 da linguagem jurídica atende à promoção do acesso à Justiça;
(2) sua adoção se dá em duas modalidades, que podem ser
combinadas, a textual/tipográfica e a ilustrativa/imagética; e (3)
há movimentos de implementação da metodologia Visual Law
nos Tribunais brasileiros que provocam reações de aceitação e
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons
negação, às segundas, acredita-se que a formação técnica e
Atribuição 4.0 Internacional.
atribuição formal da tarefa de desenvolvimento de materiais
em linguagem simples resolverá a questão.
Como ser citado (modelo ABNT)
Palavras-Chave: Visual Law. Acesso à Justiça. Linguagem.
SANTOS, Bruno Rabelo dos; TEIXEIRA, Sergio Torres. Justiça do Trabalho. Inovação.
Visual Law como instrumento de acesso à justiça:
procedimentos e finalidades. Direito, Processo e Abstract
Cidadania. Recife, v. 3, n.1, p.79-95, jan/abr., 2024. DOI: This article combines literature, documentary and
https://doi.org/10.25247/2764-8907.2024.v3n1.p79-95 jurisprudential review with data collection through an interview
carried out by the researcher with a Judge and his Advisor of
the Brazilian 6th Region Labor Court, in 2023, discussing Visual
Editor responsável Law as an instrument of access to justice. The specific
Prof. Dr. José Mário Wanderley Gomes Neto objectives involve: discussing access to justice as a fundamental
right; considering the approximations and potentialities
between language and innovation in Law. It emerges from this
production that: (1) Visual Law and its consequent
simplification of legal language serves to promote access to
justice; (2) its adoption takes place in two modalities, which can
be combined, the textual/typographic and the
illustrative/imagetic; and (3) there are movements to
implement the Visual Law methodology in the Brazilian Courts
that provoke reactions of acceptance and denial, the latter, it is
believed that technical training and formal assignment of the
task of developing materials in simple language will address the
issue.
Keywords: Visual Law. Access to Justice. Legal Language.
Labor Court. Innovation.

1 INTRODUÇÃO

A Visual Law foi estabelecida por Hagan (2017) e é voltada aos usuários do Direito.
Trata-se de uma metodologia para tornar simples, funcional, atrativa e com boa usabilidade
a linguagem jurídica, pela interdisciplinaridade entre Direito, Tecnologia, Design e
Linguagem.

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A proposta da autora acompanha as discussões de acesso à Justiça (CAPPELLETTI;


GARTH, 1988), que há décadas encontram na linguagem um obstáculo; e é localizada na
compreensão da língua em um contexto de uso, socialmente estabelecido, como Habermas
(1996), Labov (1991) e Bakhtin (2006) pressupõem, dando sustentação às iniciativas por sua
mudança, motivadas por demandas de inovação linguística e metodológica.
Em Pernambuco, no Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6), o
Desembargador Sergio Torres Teixeira e o Professor Paulo Roberto Gonçalves Cerqueira,
junto à sua equipe no Tribunal e ao grupo de pesquisa Logos, aplicaram a Visual Law,
complementarmente, no Agravo de Petição 000024-79.2021.5.06.0008, acrescentando ao
texto tradicional um link de direcionamento à decisão apresentada em formato de
infográfico, com linguagem simples.
Este artigo objetiva a discussão da Visual Law como instrumento de acesso à
Justiça, contando com a contribuição do TRT6, a partir da entrevista concedida ao
pesquisador por dois de seus servidores, em 2023. Os objetivos específicos envolvem:
discutir o acesso à Justiça como direito fundamental; considerar as aproximações e
potencialidades entre linguagem e inovação, no Direito.
Trata-se de pesquisa qualitativa, com revisão de literatura e documental, derivada
da dissertação Visual Law Aplicada à Justiça do Trabalho no Brasil: Proposta de Adoção de
Resumo Expandido de Atos Judiciais (SANTOS, 2023), que amplia seu escopo, ao realizar a
entrevista como instrumento de coleta de dados com dois dos responsáveis pela aplicação
da Visual Law em um Tribunal Regional do Trabalho, adotando todos os procedimentos
éticos, submetendo-se ao sistema CEP/Conep e sendo aprovada pelo parecer 6.266.288.
O artigo divide-se em duas seções: Acesso à Justiça como Direito Fundamental e
Linguagem, Direito e Inovação, que fundamentam teoricamente e apresentam as
perspectivas dos entrevistados, encaminhando as considerações finais para a compreensão
de que a Visual Law pode ser adotada como ferramenta de acesso à Justiça.
A simplificação da linguagem jurídica deve ter como seu interlocutor o
jurisdicionado. Ainda assim, havendo outros autores envolvidos nesse diálogo, entende-se
que seu uso complementar, por enquanto, evita reações adversas à metodologia.
Para que se avance racionalmente, é preciso também que as equipes, assim como a
do TRT6, qualifiquem-se e recebam formações teóricas, técnicas e metodológicas para
viabilizar a produção de materiais que adotam a Visual Law, seja por meio de recursos
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textuais e tipográficos, como o uso do resumo e o cuidado em evitar poluição visual; ou


imagético, com infográficos, diagramas e figuras, fazendo com que esta atividade
represente uma nova atribuição, e não uma sobrecarga, aos envolvidos.

2 ACESSO À JUSTIÇA COMO DIREITO FUNDAMENTAL

A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB/88) estabelece como valores


supremos da sociedade e do Estado Democrático de Direito o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a
Justiça. O acesso à Justiça como direito fundamental é explicitamente expresso no artigo 5º
da CRFB/88. Normativas e acordos brasileiros e internacionais buscam fortalecer essa
concepção e indicar meios de alcançar a promoção e garantia deste direito (BRASIL, 1988;
2021; ONU, 2015).
Além de documentos oficiais, a produção acadêmica recente sobre o tema é vasta
(SILVA; 2013; REICHELT, 2019; BRANCO, 2008; SLAIBI, 2017; RUIZ; SENGIK, 2013;
GUIMARÃES, 2012) e aponta a necessidade de ampliar-se o acesso à Justiça, observando
suas diferentes esferas para que, no quadro contemporâneo, com suas especificidades
históricas, sociais, ideológicas e jurídicas – como se discute ao longo deste artigo – o Direito
possa promover e garantir o acesso à Justiça (SILVA; 2013).
Cappelletti e Garth (1988) contextualizam e discutem a amplitude da expressão
“acesso à Justiça”, localizando esse direito no Sistema Jurídico, especificando que ele deve
ser igualmente acessível a todas as pessoas, e seus resultados devem ser justos, tanto na
esfera individual como na social.
Ao apresentar a evolução do conceito teórico de acesso à Justiça, os autores
retomam o funcionamento do Estado e do Direito desde o século 18, quando, na Europa, “o
acesso formal, mas não efetivo à justiça, correspondia à igualdade, apenas formal, mas não
efetiva” (CAPPELLETTI; GARTH, 1988, p. 8), e ao aproximar-se do final do século 20, é nítida
a complexificação das estruturas que organizam e proveem a Justiça, e a compreensão de
que todos, sem exceção e condicionantes, nos mais diferentes contextos, tenham acesso a
ela, ganha força.
De igual forma, a fim de promover uma reflexão cronológica da formação do Estado
Democrático de Direito, Habermas (1996) traz aspectos sobre a individualidade e a

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coletividade para o debate, tendo como orientadores da participação política e dos direitos
cidadãos a segurança, a Justiça social e o bem-estar.
O filósofo contribui para as discussões do acesso à Justiça, principalmente, ao trazer
o multiculturalismo e os grupos culturalmente marcados como sujeitos de direitos,
reconhece a desigualdade, considerando que “a exclusão social da população de um Estado
resulta de circunstâncias históricas que são externas ao sistema dos direitos e aos princípios
do Estado de direito” (HABERMAS, 1996, p. 246).
Com o desenvolvimento dos Sistemas de Justiça e o fortalecimento dos Estados
Democráticos de Direito, o interesse em garantir que a população tivesse seus direitos
fundamentais assegurados fez com que entidades organizassem metas e estratégias nesse
sentido. No século 21, a iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU, 2015) com os
objetivos de desenvolvimento sustentável, a serem alcançados até 2030, no Brasil, é um
exemplo.
No que diz respeito ao acesso à Justiça, destaca-se o objetivo de número 16, “Paz,
Justiça e Instituições Eficazes” que têm 12 metas, dentre elas, faz-se relevante apresentar:
“6. Desenvolver instituições eficazes, responsáveis e transparentes em todos os níveis”; “10.
Assegurar o acesso público à informação e proteger as liberdades fundamentais, em
conformidade com a legislação nacional e os acordos internacionais”; e “12. Promover e
fazer cumprir leis e políticas não discriminatórias para o desenvolvimento sustentável”
(LEGADO, 2022, online).
Foi a partir da instituição desses objetivos, que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
(BRASIL, 2021) estabeleceu as metas nacionais para o aprimoramento da gestão judiciária,
por meio de um Comitê Interinstitucional. A Estratégia Nacional do Poder Judiciário
2021-2026 definiu as diretrizes nacionais de atuação do Poder Judiciário, considerando a
missão desses órgãos a realização da Justiça e para alcançar o “Poder Judiciário efetivo e
ágil na garantia dos direitos e que contribua para a pacificação social e o desenvolvimento
do país” (BRASIL, 2021, online).
Dentre os atributos de valor estabelecidos pelo documento estão: acessibilidade,
agilidade, credibilidade, eficiência, ética, imparcialidade, inovação, integridade, segurança
jurídica, sustentabilidade, transparência e responsabilização (BRASIL, 2021).
Caminhando nessa mesma direção, iniciativas que, apesar de autônomas, por se dar
em determinado Tribunal, articulam-se à organização institucional da Justiça Brasileira
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buscam identificar as lacunas em sua prestação jurisdicional e propor inovações que


promovam o acesso à Justiça. O Desembargador Sergio Torres Teixeira faz as seguintes
considerações sobre sua experiência no TRT6:

Não é só aquela ideia de acesso à Justiça, como é a facilidade em ingresso em


juízo e de poder submeter situações de conflito nas quais me sinto lesado,
ameaçado, sofrer lesão à apreciação do Estado. Muito além disso, muito
além... Dimensões... O que inclui a ideia de acessibilidade não apenas ao
Judiciário, mas acessibilidade à informação. A acessibilidade a tudo aquilo que
possa proporcionar um incremento, um aumento de cidadania...
Um dos focos, então, que eu tenho desenvolvido na ótica de acesso à Justiça
envolve a ideia de transparência, de visibilidade daquilo que ocorre, de
diminuir a distância entre o cidadão ou cidadã e aquilo que podemos oferecer
a ela. Como qualquer tipo de ferramenta para qualquer atividade que ela
queira desenvolver. E uma das questões que eu acho que, no âmbito do
sistema processual, gera maior distanciamento entre a atuação jurisdicional
do Estado e o cidadão ou cidadã, é exatamente a linguagem e a forma de
expressão, de se expressar tecnicamente dentro do sistema processual
(Sergio Torres Teixeira, em entrevista concedida em 11/07/2023).

Desde 2020, com a Resolução 325/2020 do CNJ (BRASIL, 2020b), que colocou como
macrodesafio do Poder Judiciário o uso de linguagem simples, ao dispor sobra Estratégia
Nacional do Poder Judiciário 2021-2026, há um holofote sobre a “[...] adoção de estratégias
de comunicação e de procedimentos objetivos, ágeis e em linguagem de fácil compreensão,
visando à transparência e ao fortalecimento do Poder Judiciário como instituição
garantidora dos direitos” (BRASIL, 2021, online).
Esse macrodesafio colocado pelo CNJ é uma cláusula dura, no sentido de que não
pode ser modificada pelos próximos 05 (cinco) anos, mesmo que haja mudança na gestão
do órgão. No caso, entre os anos de 2021 e 2026, o Poder Judiciário deve buscar o
fortalecimento da sua relação institucional para com a sociedade, por meio da linguagem
simples, pois tem como objetivo a agilidade e produtividade na prestação jurisdicional.
Assim, explicita-se a prioridade dada ao acesso à Justiça viabilizada pela mudança nos
processos comunicativos.
O que os atos normativos, as iniciativas de uso de linguagem simples e/ou Visual Law
nos Tribunais e a experiência do Desembargador Sergio Torres Teixeira e Professor Paulo
Roberto Gonçalves Cerqueira, compartilhadas em entrevista com o pesquisador, indicam é
que há um comum reconhecimento da linguagem como uma barreira ou passagem para o
pleno acesso à Justiça pelo jurisdicionado.

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3 LINGUAGEM, DIREITO E INOVAÇÃO

Bakhtin (2006) concebe que a linguagem se dá nas esferas física, fisiológica e


psicologia da realidade, e destaca que tal conjunto, “é preciso, fundamentalmente, inseri-lo
num complexo mais amplo que o engloba, ou seja: na esfera única da relação social
organizada” (BAKHTIN, 2006, p. 4). Com isso, o filósofo explicita que há – ou é preciso que
haja – uma organização comum na comunidade que compartilha de uma mesma situação
social e linguística. Labov (1991) entende, igualmente, que a língua e seu estudo se dão em
um contexto social de uso real dentro de uma comunidade.
Isso será reiterado por Habermas (1996), que trata dessa troca como “discursos”,
considerando-os como processos que se cruzam de modo múltiplo e que legitimam
procedimentos sociais. Para o autor, é a institucionalização de discursos que orientam a
sociedade para seus objetivos, ou ainda, pressupostos pragmáticos e procedimentais, que
envolvem o “[...] acesso universal, participação sob igualdade de direitos e igualdade de
chances para todas as contribuições, orientação dos participantes em direção ao
entendimento mútuo e incoerção estrutural” (HABERMAS, 1996, p. 330).
Ele ainda destaca as relações intrínsecas e complexas que a sociedade e a
organização do Estado Democrático de Direito atribuem entre procedimento, razão, forma
e conteúdo, de modo que os resultados de ações movidas socialmente dependem
significativamente da forma como o processo decisório é conduzido (HABERMAS, 1996),
ainda que o autor não concorde com este andamento.
Além disso, para o autor, a formação e esferas do discurso são complexas de tal
maneira que é preciso que haja acordos comuns e ajustes adequados para que essas
situações linguísticas, no campo jurídico, sejam justas e sirvam à Justiça, já que sua
legitimidade é social e institucionalmente medida “[...] por meio de normas que garantem a
igualdade e que só podem exercer coerção enquanto forem reconhecidas como legítimas
no terreno instável das liberdades comunicativas que aí se desencadeiam” (HABERMAS,
1996, p. 384).
Extrai-se de tais colocações (BAKHTIN, 2006; HABERMAS, 1996) que o discurso em
si, e o discurso jurídico, especificamente, cumprem papéis de organização e estratificação
social. Nota-se essa função linguística no cotidiano da prática do Direito:

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Quando eu estudo acessibilidade [...] eu procuro visualizar formas de


protagonismo das partes dentro da relação processual. Porque o nosso
modelo é muito centralizado na figura do Juiz, extremamente centralizado na
figura do Juiz, nosso Juiz.
Aqui, alguns amigos meus chamo de Juiz Leviatã, o Juiz brasileiro, o Juiz
Leviatã. Ele é todo poderoso, ele é quem conduz todo o processo. E,
realmente, o sistema tradicionalmente é assim. Aí, quando você fala muitas
vezes sobre vias, não quero chamar de alternativas, mas outras vias de se
buscar o exercício da jurisdição e soluções satisfatórias para as partes que não
envolvem esse mesmo controle, é natural que aqueles que estão habituados
em ter esse controle reajam negativamente como um todo, ficam
incomodados... Espera aí, isso aí eu não estou... Não está sob meu controle.
Então, isso era uma das questões dos impactos que eu tinha curiosidade.
Como eu falei antes, a minha preocupação com relação ao modelo em si não
era o que o profissional de Direito, seja Juiz, advogado, o que ele achasse. Meu
foco era em relação ao público. Agora, eu tinha curiosidade, curiosidade para
saber como seria essa reação sob a perspectiva, então, do papel de cada um
dentro do processo (Sergio Torres Teixeira, em entrevista concedida em
11/07/2023).

A partir da promoção do acesso à Justiça por meio da linguagem, reestruturam-se


os papéis e as possibilidades de agência dos sujeitos envolvidos em determinada litigância:

Dois advogados retornaram ligando para a gente dizendo que simplesmente


pegavam aquele PDF, colocavam no WhatsApp, enviavam para o seu cliente
e o cliente tinha uma compreensão muito ampla daquilo que tinha acontecido
no processo dele, agradecendo, porque tinha compreendido... Se esse projeto
ia continuar, como é que ia ser e que tinham gostado demais. Então, acho que
a repercussão foi muito positiva para o jurisdicionado. Acho que foi muito
positiva mesmo. E essa forma como a gente fez, escolhendo processos de
menor complexidade, com o volume de títulos menores e, principalmente, eu
diria, sem substituir a decisão. Já houve Tribunais que efetivamente
substituem, realmente, o ato jurisdicional pelo infográfico do Visual Law. E
substituem completamente. A nossa ideia foi, efetivamente, não fazer isso de
maneira substitutiva, para evitar qualquer tipo de controvérsia aqui no TRT,
que já teve alguma resistência. Mas, como a gente fez de maneira
complementar, eu acho que saltou aos olhos o elemento do acesso à Justiça.
A ideia era facilitar o acesso ao jurisdicionado (Professor Paulo Roberto
Gonçalves Cerqueira, em entrevista concedida em 11/06/2023).

O que Bakhtin (2006) e Habermas (1996) estabeleceram foi trazido para a


contemporaneidade e teve sua especificidade no Direito com contribuições que tensionam
as mudanças linguísticas, formais e procedimentais, para a garantia do acesso à Justiça a
todos, que ao mesmo tempo em que embasam a iniciativa do TRT6, por ela são
fortalecidas.

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No contexto brasileiro, antes mesmo de resoluções sobre a acessibilidade à


linguagem jurídica surgirem, com alternativas como a Visual Law (BRASIL, 2020a;
MARANHÃO, 2020; ESPÍRITO SANTO, 2021; BAHIA, 2021; DISTRITO FEDERAL, 2021), o
discurso da Ministra Ellen Gracie Northfleet, quando de sua posse da presidência do
Supremo Tribunal Federal (STF), alcançou esse ponto, indicando que o destinatário da
Justiça é o cidadão, não as academias, instâncias especializadas ou superiores. Ela
considerava importante “[...] que a sentença seja compreensível a quem apresentou a
demanda e se enderece às partes em litígio [...]. Nada deve ser mais claro e acessível do que
uma decisão judicial bem fundamentada” (ERDELYI, 2006, online).
Slaibi (2017) caracteriza o discurso jurídico como a produção oral ou escrita deste
campo, com vocabulário próprio, estrutura específica, que, ao longo do tempo,
desenvolveu-se e consolidou-se na ciência jurídica, junto à profissionalização e
burocratização do Direito, centrado na técnica, em códigos e aspectos formais de sua
própria linguagem, fortemente influenciado pelos contextos de ensino e trabalho,
afastando-se de conhecimentos e características discursivas de outras ciências às quais era
associado, como a política e a filosofia.
Apesar de partir dos princípios da estabilidade, publicidade e da ficção do auditório
– item que fundamenta o princípio da ignorância que pressupõe que, uma lei, quando
publicada, passa a ser de conhecimento geral – há um distanciamento entre o discurso
jurídico e a sociedade: “A norma é produzida para satisfazer uma necessidade do próprio
sistema jurídico, [...] sem que essas tenham qualquer consequência nas relações materiais,
o signo jurídico torna-se um instrumento formal e não-material de resolução de conflitos”
(SLAIBI, 2017, p. 5).
A autorreferencialidade do discurso jurídico reforça obstáculos para o acesso,
justamente, ao tornar-se de difícil compreensão para o jurisdicionado. Branco (2006)
explicita que a linguagem jurídica figura tanto no âmbito da norma legal, como nos trâmites
e procedimentos que envolvem as estruturas dos órgãos jurídicos, de modo que ela se
adequa às situações e às pessoas que as compõem, internamente. A autora, então, defende
que sejam trazidas ao escopo interno, de proximidade, àqueles que fazem uso e recorrem
ao Poder Judiciário.

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Os diferentes níveis de letramento jurídico das partes envolvidas foram


endereçados pelo Desembargador Sergio Torres Teixeira (em entrevista concedida em
11/06/2023):

Há uma reação muito interessante, eu achei, foi a ideia das pessoas na área
de Direito de que aquele experimento tinha eles em mente, e não tinha eles
em mente coisa nenhuma, eu não estava preocupado com o que o advogado
ia pensar, com o que o Juiz ia pensar. Meu público-alvo aí era alguém fora da
nossa bolha jurídica. Ou seja, para que o litigante, ou sei lá, uma testemunha,
que quiser saber qual foi o resultado daquele processo no qual ela
testemunhou... Alguém que não tem não tivesse formação jurídica. Lógico
que as pessoas da área Direito também tiveram acesso e também tiveram
suas opiniões, suas manifestações... Mas eles não foram o público-alvo, pelo
menos, não do experimento que nós desenvolvemos. E como muitos se
consideraram o público-alvo, isso acabou influenciando um pouco, talvez, na
minha perspectiva...
[...]
o objetivo em si, que é medir os impactos sobre o jurisdicionado e não
propriamente sobre quem atua no meio judicial, vamos manter o acórdão na
sua formatação tradicional, com aquele texto mais denso, mas vamos colocar
como um complemento, um modelo de Visual Law para, exatamente, fazer
essa nossa avaliação com base nesse modelo. E aí, se a pessoa não gostou ou
teve qualquer tipo de impressão negativa, que ignore completamente aquele
modelo e se concentre no acórdão na sua formatação tradicional, porque isso
não mudou, né? Agora, aqueles que, por ventura, não têm tanta facilidade na
compreensão daquele texto no nosso juridiquês tradicional, possam então ir lá
para o respectivo modelo, para com isso ver se realmente facilitou a sua
compreensão.
Então, ele foi feito realmente pensando sob essa perspectiva e sempre
buscando manter o nosso foco, avaliar, examinar como o jurisdicionado se
sentiu ao poder... Ter a opção de, ao invés de ter que ler um texto rebuscado,
com conteúdo técnico de difícil compreensão, optar por um modelo muito
mais simples, é tentar assim, então, de forma concisa e objetiva, sintetizar
qual foi o pronunciamento do respectivo magistrado.

Além da falta de letramento jurídico para a maior parte das pessoas leigas, outros
grupos – como previa Habermas (1998) – como pessoas com deficiência, imigrantes,
veremos ainda, idosos, e grupos social e politicamente minorizados têm dificuldade de
compreender a linguagem jurídica. O encaminhamento comum é que “quanto à linguagem
utilizada, ela deve ser compreensível, pois uma legislação transparente e coerente é
condição essencial para que a sociedade possa funcionar de acordo com os princípios do
Estado de Direito” (BRANCO, 2008, p. 13).
Um contraponto a essa perspectiva é do Professor Lênio Streck (2021), que ao
reagir a uma colocação parecida – da simplificação da linguagem jurídica – considerou que

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por se tratar de uma disciplina com especificidades, o Direito não deveria tornar-se
conhecimento integralmente compreensível a pessoas leigas. Indica que o processo
explicativo do conteúdo jurídico caberia ao advogado, ponderando, inclusive, que sua figura
poderia se tornar obsoleta ao retirar essa função de mediação linguística. O que o
Desembargador Sergio Torres Teixeira e o Professor Paulo Roberto Gonçalves Cerqueira
identificaram em sua experiência, como relataram em entrevista realizada em 11/06/2023,
foi uma boa receptividade por parte de advogados; e uma maior resistência advinda de
integrantes da magistratura.
O novo Código de Processo Civil, de 2015, traz o princípio da colaboração, em seu
artigo 6º, indicando que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. Na linguagem, há uma
relação colaborativa, igualmente, envolvendo a intersubjetividade (linguagem
compartilhada com o outro), elemento responsável pela melhor compreensão das coisas do
mundo, inclusive dos fatos tratados no processo.
Assim, o modelo que se mostra ideal seria aquele em que o juiz dialoga com as
partes, buscando a formação de sua convicção. Indo além, não seria possível a pretendida
comunicação, sem que a linguagem jurídica seja compreensível (e compreendida). Por isso,
mais uma razão para a adoção complementar da Visual Law. Reitera-se que a simplificação
da linguagem não é apenas para que o interessado acesse os atos judiciais, por meio de
resumos simples ou expandidos, mas para que também possa participar do processo.
A participação ativa do jurisdicionado na prestação jurisdicional do Poder Judiciário
perpassa pela compreensão do serviço público que é prestado, não podendo a linguagem
ser um dos escudos que impede essa interação. Isso está conectado ao direito humano de
inclusão do cidadão brasileiro na vida pública em sociedade, independe da condição social,
raça ou escolaridade, como bem ressaltou Paulo Roberto Gonçalves Cerqueira (em
entrevista concedida em 11/06/2023):

E aí ficou clara realmente a ideia de acesso à Justiça. Ou seja, a nossa


intenção não era substituir a decisão. A nossa intenção não era precarizar a
fundamentação. A nossa decisão era facilitar a compreensão para o
jurisdicionado.

As iniciativas de modernização do Poder Judiciário, fortalecidas principalmente nas


últimas duas décadas, desde o ano 2000, e o salto em inovação proporcionado pela
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pandemia da Covid-19 representam novos horizontes para o Direito que, ao longo do


tempo, convive com uma dinâmica de tensionamento entre a manutenção e inovação de
suas teorias e práticas. O formalismo jurídico, que é caracterizado justamente pelo uso
exacerbado de arcaísmos, termos técnicos e hiperespecializados, construções linguísticas e
discursivas complexas e, muitas vezes, prolixas, ambíguas ou ainda incompatíveis, dada sua
pouca objetividade (SLAIBI, 2017) endossa posicionamentos retrógrados. É como o caso que
se relata a seguir.

Uma inovação que rapidamente gerou reações, em 1929, foi a primeira sentença
datilografada – e não escrita a próprio punho. A transgressão do magistrado ao digitar tal
decisão na máquina de escrever foi respondida com a anulação da sentença pelo Tribunal da
Relação de Minas Gerais (SOUZA, 2020). O que se passa com as propostas inovadoras na
contemporaneidade não é muito distinto desse cenário.

Entre 2020 e 2022, toda a sociedade precisou se adequar a uma nova realidade com
as medidas de distanciamento e isolamento social; assim, as ferramentas de comunicação
digital vêm sendo de grande valia, e as tecnologias de informação logram suprir as mais
diferentes demandas, tornando possível a manutenção de atividades de diferentes áreas,
por meio do ambiente virtual. O uso da tecnologia para fins de comunicação foi
potencializado, pois o distanciamento social como medida de proteção à saúde trouxe à
tona a dificuldade de se adaptar aos afazeres cotidianos sem o contato físico (FARIAS, 2020;
MILANI, CUNHA, 2021).

A virtualização e digitalização dos processos e procedimentos, que já são uma


realidade desde a última década, foram aprimoradas, e o papel assumido por plataformas
digitais como ambiente de comunicação foi fundamental para que a população acessasse
aos serviços públicos, concretizando direitos fundamentais previstos na CRFB/88 (MILANI;
CUNHA, 2021).

Exemplos dessa transformação são encontrados no recente, e cada vez mais


comum, atendimento por meio de chamadas telefônicas e e-mails; na realização de
reuniões e encontros sediados em plataformas em ambiente virtual; no uso intensivo de
aplicativos de troca de mensagens online e de softwares de compartilhamento de arquivos
baseados na nuvem, além de outros procedimentos que têm como espaço o ambiente
virtual (FARIAS, 2020; MILANI, CUNHA, 2021).
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A experiência de inovação, intensificada nos últimos cinco anos, somada ao


conhecimento técnico e o constante uso e aprimoramento de ferramentas de comunicação
digital foram fundamentais para a continuidade do funcionamento do Sistema Judiciário
durante a pandemia (FARIAS, 2020; MILANI, CUNHA, 2021)., e repercutem nesse momento
que a precede, demonstrando o potencial do uso de tecnologias na promoção de direitos
fundamentais. Como Mendonça (2017) defende, a inovação deve caminhar junto à
realidade.

Branco (2008) compreende que o Direito é constituído tanto pelas normas legais,
como por aqueles sentidos que perpassam os textos jurídicos orais ou escritos, sendo
complexos e, ao mesmo tempo, sutis, os movimentos e procedimentos que delimitam
fronteiras, estabelecendo quem é tido como nativo e/ou estrangeiro: “os sentidos que
percorrem estão eivados de significados invisíveis; no espaço do tribunal, os rituais criam as
fronteiras de espaço, transformando o ordinário em extraordinário” (BRANCO, 2008, p. 7).

A autora cria uma analogia entre a compreensão discursiva linguística e a


linguagem musical “[...] para o ouvido treinado, o som do direito é bastante (ou, pelo
menos, relativamente) harmonioso, para os que não compreendem o seu discurso existe a
barreira do som, que dá lugar seja ao silêncio, seja ao ruído” (BRANCO, 2008, p. 7).

Esse silêncio é a incompreensão, o ruído, a compreensão parcial. E se a barreira da


comunicação impede o pleno acesso, seja às normas legais, seja à linguagem jurídica
(BRANCO, 2008), é preciso investigar onde estão as limitações e contorná-las de forma
propositiva.

Uma das possibilidades que os avanços tecnológicos e a interdisciplinaridade do


Direito nos apresenta, já colocada em prática em diversos Tribunais, é a Visual Law,
metodologia voltada à simplificação dos jargões e linguagem jurídica, que busca a eficácia e
eficiência comunicativa entre a sociedade e o Poder Judiciário.

5 CONCLUSÕES

A Visual Law simplifica a linguagem jurídica, apoiada nos conhecimentos e


ferramentas do Direito, da Tecnologia e do Design. o Desembargador Sergio Torres
Teixeira, ao narrar o processo de elaboração teórica e técnica e da escolha metodológica

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para o Agravo de Petição 000024-79.2021.5.06.0008 faz uma analogia que demonstra o


caráter “ilustrativo” e facilitador da Visual Law, para promover a mútua compreensão:

Essa dificuldade de comunicação, ela sempre me preocupou. E como eu


comecei a pensar como é que eu posso facilitar a compreensão daquele que
não é do nosso universo, não é da nossa área, da nossa bolha jurídica. E,
fazendo uma análise comparativa, eu pensei: olha, toda vez que eu compro
determinado produto numa loja e esse produto exige alguma forma de
montagem, seja um negócio mais simples, às vezes, algum eletrodoméstico
que você precisa fazer uma montagem, por exemplo, num ventilador que eu
comprei recentemente, eu tive que fazer a montagem, colocar aquela hélice
dentro, lá, um negócio bem simples ou até algo mais complexo, como, por
exemplo, a montagem de um móvel que eu comprei pela internet, que aí era
complicada, eu tive que chamar alguém que é um carpinteiro que conhece
mais, né? Mas, quando nós fazemos isso, normalmente, nós somos
apresentados a dois tipos de manual de instruções: aquele que é
exclusivamente texto; e aquele que é texto com imagens que mostram que
aquela peça se encaixa aqui. Aí, ao pensar sobre essa situação e como é muito
mais fácil, pelo menos para mim, que não sou um especialista em montagem
de coisas com as próprias mãos... É muito mais fácil para mim ter um manual
de instruções que tenha imagens mostrando como uma peça se encaixa na
outra e qual é aquela peça, etc. Aí, refletindo, pensei: olha, isso aí é um
sistema muito interessante. E, depois: nós podemos tentar adaptar dentro de
nossos pronunciamentos jurisdicionais, para fazer com que aquilo que o Juiz
venha falar no meio de uma decisão judicial venha a ser mais fácil de
compreender por parte daquela pessoa que não foi formada na área jurídica,
então, teria naturalmente maior dificuldade para compreender aquelas
expressões técnicas.
Eu tento encontrar uma forma de facilitar a compreensão das minhas
decisões para permitir que, diretamente, a parte possa compreender esses
dados e esse ato. Então, essa foi a ideia inicial e que eu já estava refletindo há
algum tempo. E aí eu vi um ou outro comentário envolvendo o que seria Visual
Law, a aplicação desses modelos, dessa própria ideia num amplo direito para
facilitar a compreensão e a comunicação (Sergio Torres Teixeira, em
entrevista concedida em 11/07/2023).

Assim como nós, o Desembargador Sergio Torres Teixeira e o Professor Paulo


Roberto Gonçalves Cerqueira reconhecem a linguagem como uma barreira, ou uma possível
passagem, para que o jurisdicionado acesse plenamente à Justiça, concretizando, assim,
esse direito fundamental.
Demonstrou-se, com as reflexões propostas e com aquelas trazidas da experiência
com o Agravo de Petição 000024-79.2021.5.06.0008, que na adoção da simplificação da
linguagem, por meio de recursos imagéticos e ilustrativos, como infográficos, e adoção de
resumos, volta-se primordialmente, ao jurisdicionado, e não aos outros autores ou partes da
litigância.

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[...] o principal aspecto que a gente pode destacar é o seguinte: a Visual Law é
uma ferramenta de facilitação da compreensão do julgado e o nosso principal
destinatário efetivamente foi jurisdicionado. A gente sabe do papel do
advogado. A gente sabe que os auxiliares da Justiça já têm uma
compreensão. Então o papel realmente do projeto foi realmente focar no
jurisdicionado (Paulo Roberto Gonçalves Cerqueira, em entrevista
concedida em 11/07/2023).

Toda experiência inovadora – também no Direito – é acompanhada por reações. Um


modo de apaziguar resistências, sejam de magistrados, como se constatou haver, seja de
advogados, servidores, testemunhas, autores ou réus, é trabalhar com a adoção
complementar da Visual Law, ou seja: mantém-se o texto tradicional, acompanhado de sua
versão em linguagem simplificada.
Para a implementação mais ampla da metodologia, será necessário formação
técnica às equipes para que o trabalho de elaboração de materiais gráficos não se torne uma
sobrecarga para os Juízes e outros profissionais – como o Desembargador Sergio Torres
Teixeira e o Professor Paulo Roberto Gonçalves relataram ser uma preocupação,
tornando-se essa uma atribuição de setor e servidores específicos.
Entretanto, destaca-se que a simplificação da linguagem não se dá, como nos conta
o Desembargador Sérgio Torres Teixeira na analogia que abre essas Considerações Finais,
somente por meio de ilustração. A linguagem é simplificada também pela escolha de
palavras, pela organização textual, e pela qualidade e quantidade de informação
apresentada, considerando a informação a ser comunicada, exercício de atualização que
pode ser praticado por todos, no desenvolvimento de suas atividades profissionais.

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Detalhes do(s) autor(a/es)

Sergio Torres Teixeira


Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (Pernambuco). Doutor em Direito (2004) pela
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professor Associado IV da UFPE e Professor Adjunto IV da
UNICAP, nos cursos de graduação, pós-graduação lato sensu, mestrado e doutorado. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5251373969908944 . ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-8729-5563. E-mail:
sergio.torres@unicap.br
Contribuição de autoria: Elaboração textual, desenvolvimento teórico e concessão da entrevista.

Bruno Rabelo dos Santos


Graduado em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2009) e em Ciências Contábeis pela
Universidade Federal Fluminense (2011). Mestre em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa
(2023). Procurador do Estado do Paraná, vinculado à Procuradoria de Saúde e Chefe da Regional de Ponta
Grossa. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0541389157182688. ORCID iD: https://orcid.org/0000-0003-1196-4959.
E-mail: brunorabelosantos@gmail.com
Contribuição de autoria: Pesquisa e fundamentação teórica, elaboração textual, desenvolvimento teórico e
realização da entrevista.

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