TCC Patricia Souza
TCC Patricia Souza
TCC Patricia Souza
PETROLINA
2022
PATRÍCIA DANIELE DE SOUZA
PETROLINA
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO - UNIVASF
Gabinete da Reitoria
Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBI)
Av. José de Sá Maniçoba, s/n, Campus Universitário – Centro CEP 56304-917
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Inclui referências.
CDD 581.12
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 17
3 OBJETIVOS .................................................................................................. 25
4 METODOLOGIA ........................................................................................... 26
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 37
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1 INTRODUÇÃO
Com biodiversidade e flora únicas, a Caatinga possui comunidades
vegetais compostas por plantas lenhosas e herbáceas, frequentemente
caducifólias, cactáceas e bromeliáceas, sendo 180 espécies endêmicas
(DRUMOND et al., 2000; SIQUEIRA FILHO, 2012). As atividades agropecuárias
e o extrativismo vegetal, comuns na região semiárida, em conjunto das
características climáticas dessa região, como o déficit hídrico, resultaram na
redução da diversidade de espécies, redução da cobertura vegetal, alterações
estruturais no ecossistema Caatinga e no avanço da desertificação do ambiente
(DRUMOND et al., 2000; ALVES et al., 2009).
Ambientes degradados tem suas funções ecológicas perdidas,
nesse momento pode ocorrer o surgimento de espécies exóticas invasoras que
preenchem os espaços alterados. A contaminação biológica pode acontecer, por
influência humana, intencional ou acidental (FABRICANTE et al., 2012). Uma
espécie invasora é caracterizada quando um organismo supera diversas
barreiras bióticas e abióticas e consegue se estabelecer e proliferar em um
ecossistema diferente do seu de origem (RICHARDSON et al., 2000). Locais
onde o solo não apresenta uma cobertura vegetal, a presença dessas espécies
pode alterar a estrutura e a composição vegetal da área, interferindo no processo
de sucessão ecológica e na dinâmica populacional, acarretando na diminuição
da diversidade local (OLDEN & POFF, 2003; SILVA et al., 2012). No geral, as
espécies invasoras são plantas com uma alta taxa de germinação e dispersão
(VILÁ et al., 2011). Esse comportamento agressivo pode ser influenciado pelas
características edafoclimáticas da região, gerando uma variação no nível de
impacto que uma mesma planta invasora pode ocasionar em duas áreas
distintas (VILÀ et al., 2011).
A maior parte das pesquisas são voltadas para a identificação das
características que permitam a caracterização de uma planta como invasora
(PYSYEK et al., 2011), porém, muitas vezes esses dados não estão alinhados
com os impactos e as consequências que uma planta exótica invasora pode
acarretar em uma área de recuperação ecológica (VILÀ et al., 2011). Variação
genética de plantas nativas por hibridização, ruptura das redes mutualistas como
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 IMPACTOS DA DEGRADAÇÃO NA CAATINGA
A Caatinga abrange todos os Estados da região Nordeste e o norte
do Estado de Minas Gerais (ANDRADE et al., 2005) e é caracterizada por uma
vegetação que possui uma alta capacidade adaptativa, elevado grau de
endemismo, diferentes índices de pluviosidade e formação geológica que
constituem diferentes nichos ecológico (OLIVEIRA et al., 2018). As Florestas
Tropicais Sazonalmente Secas (SDTF) (PENNINGTON et al., 2009), são
caracterizadas por ecossistemas complexos e com fitossociologias distintas,
determinadas pelos processos ecológicos em que estão inseridas e com
espécies adaptadas a escassez da água (ANDRADE et al., 2011; MORO et al.,
2016). Por conter 20% de uma flora endêmica do Brasil, composta por espécies
nativas das famílias Euphorbiaceae, Cactaceae e Bromeliaceae (GIULIETTI et
al., 2004) do qual Pennington et al., (2009) propôs a defini-la como uma
metacomunidade.
As espécies endêmicas da Caatinga estão vulneráveis a uma
redução significativa na sua taxa de reprodução e na população de indivíduos
(FONSECA et al., 2018). No total existem 350 espécies de plantas ameaçadas
de extinção, sendo 154 consideradas altamente endêmicas, em áreas que foram
indicadas como prioritárias para a conservação em diferentes regiões, como por
exemplo a Chapada Diamantina, Bahia e Pernambuco (FONSECA et al., 2018),
esses dados ressaltam a importância da criação de unidades de conservação e
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metais pesados presente nos solos das minas, o que permite seu
estabelecimento (AHMAD et al., 2022).
Ahmad et al. (2022) afirmou que essa espécie pode ser utilizada
como um bioindicador de zona de mineração de cromita uma vez que nessas
regiões de mineralização ocorre a dominância de poucas famílias botânicas e
cada indicador dessas regiões são diferentes devido as propriedades físico-
química do solo. Devido às características agressivas dessa espécie exótica
invasora, é necessário o monitoramento e manejo dessas espécies nos
primeiros períodos da restauração para aumentar as chances de sucesso da
sucessão ecológica (SOUSA et al., 2017).
3 OBJETIVOS
3.1. GERAL
Avaliar a ocorrência da espécie herbácea exótica invasora Aristida
adscensionis L. em uma área de recuperação ecológica e sua influência no
estrato herbáceo nativo da área de estudo.
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3.2. ESPECÍFICOS
Avaliar se A. adscensionis irá influenciar negativamente0 na
riqueza e abundância das herbáceas nativas da área do estudo.
Avaliar se os tratamentos de transposição de solo influenciam de
forma diferente na abundância da A. adscensionis.
Examinar a dinâmica da A. Adscensionis na área em recuperação
ao longo do tempo.
4METODOLOGIA
4.1 ÁREA DE ESTUDO
O projeto foi desenvolvido dentro do Campus de Ciências Agrárias,
da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) (9°19'19.8"S e
40°32'57.4"W), localizado no município de Petrolina, PE. Segundo a
classificação de Köppen, o clima no município é seco, vegetação
predominantemente xerófita, a temperatura média anual é de mínimas de 21,5°C
e de máximas 32°C. A precipitação média anual é de 535 mm, e apresenta déficit
hídrico devido a evaporação causada pelas altas temperaturas (LACERDA et al.,
2010). A área de estudo foi utilizada para a retirada do solo para a construção
das estradas do campus. Por mais de 18 anos foi feito a retirada desse solo,
ocasionando um desnível de 1,5 metros de profundidade. Em decorrência disso,
a área experimental apresentava-se com o solo exposto, sem a presença da
camada superficial ou espécies nativas. O entorno do local é formado por prédios
de salas e laboratórios do Campus, além de produções agrícolas de uva e
manga. Observou-se também a ocorrência de espécies exóticas nas redondezas
das áreas de referência e de estudo.
*À saber: I) Parcelas com quatro faixas de transposição (recobrimento de 15% da parcela); II)
Parcelas com oito faixas de transposição (recobrimento de 30% da parcela); e III) Parcelas sem
tratamento de transposição, consideradas como condução da regeneração natural.
Fonte: CASTRO (2019).
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Figura 2. (A) Imagem aérea das áreas de referência e da área degradada. Fonte: Google Earth
(2021) adaptado; (B) Imagem aérea do delineamento experimental após a limpeza e o
revolvimento do solo. Petrolina, PE. Fonte: Castro (2019)
A B
0,5m
1 0,5m
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
*À saber: I) Parcelas com quatro faixas de transposição (recobrimento de 15% da parcela); II)
Parcelas com oito faixas de transposição (recobrimento de 30% da parcela); e III) Parcelas sem
tratamento de transposição, consideradas como condução da regeneração natural.
Fonte: Autoria própria
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*À saber: I) Parcelas com quatro faixas de transposição (recobrimento de 15% da parcela); II)
Parcelas com oito faixas de transposição (recobrimento de 30% da parcela); e III) Parcelas sem
tratamento de transposição, consideradas como condução da regeneração natural.
Fonte: Autoria própria.
DF F P
Transposição 2 3,9 0,05
Tempo 18 28,7 < 0,0001
Transposição:Tempo 36 0,46 0,99
*À saber: I) Parcelas com quatro faixas de transposição (recobrimento de 15% da parcela); II)
Parcelas com oito faixas de transposição (recobrimento de 30% da parcela); e III) Parcelas sem
tratamento de transposição, consideradas como condução da regeneração natural.
Fonte: Autoria própria
Figura 6. Abundância total das espécies herbáceas em áreas com recuperação de solo por meio
da transposição na Caatinga*, Petrolina, PE.
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*À saber: I) Parcelas com quatro faixas de transposição (recobrimento de 15% da parcela); II)
Parcelas com oito faixas de transposição (recobrimento de 30% da parcela); e III) Parcelas sem
tratamento de transposição, consideradas como condução da regeneração natural.
Fonte: Autoria própria
Por ser uma área que durante anos vinha sofrendo com intensa
degradação, visto que houve uma retirada considerável dessa camada inicial do
solo, e que apresenta em seu entorno espécies exóticas invasoras, observa-se
a necessidade de continuar o monitoramento da A. adscensionis na área de
recuperação. Esse acompanhamento permitirá avaliar se a densidade dessa
população irá continuar aumentando e se posteriormente sua presença
interferirá do estabelecimento das populações nativas, e definir a necessidade
de manejo da espécie, fornecendo dados mais completos para os projetos de
restauração no ecossistema Caatinga.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados obtidos nesses estudos podemos inferir
que a exótica invasora A. adscensionis nesse primeiro momento da sucessão
ecológica não está influenciado na riqueza e na abundância das herbáceas
nativas presentes na área estudada, de modo que a primeira hipótese desse
trabalho não foi corroborada. Em relação a hipótese dos tratamentos aplicados,
não foi corroborada visto que o único tratamento que foi estatisticamente
significativo a emergência das herbáceas foi com 30% de cobertura do solo e
esse tratamento favoreceu tanto as herbáceas nativas, como a invasora
estudada.
Em relação a última hipótese abordada no trabalho, não foi
corroborada visto que nas ultimas análises dos períodos chuvosos, foi observado
um aumento significativo na abundância da A. adscensionis. Esses picos que
ocorreram na abundância da A. adscensionis não indica uma prévia de redução.
Ressaltando a importância de uma avaliação por um período maior, para
monitorar o comportamento da invasora em áreas de recuperação na Caatinga.
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