Gestao Comunicacao Vigilancia Saude
Gestao Comunicacao Vigilancia Saude
Gestao Comunicacao Vigilancia Saude
GESTÃO DA COMUNICAÇÃO
9 788533 415331
GESTÃO
DA COMUNICAÇÃO
aplicada à vigilância em saúde:
a percepção dos gestores
[relatório de pesquisa]
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Relatório de Pesquisa
Brasília – DF
2008
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Relatório de Pesquisa
Brasília – DF
2008
© 2008 Ministério da Saúde.
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e
que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde
do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs
O relatório “Gestão da Comunicação aplicada à Vigilância em Saúde: a percepção dos gestores” é parte
do Projeto de Pesquisa “Imagem da Comunicação em Saúde”, da linha “Imagem e Som”, do Programa de
Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, realizado através do Centro de
Produção Cultural e Educativa (CPCE/ UnB), em parceria com o Ministério da Saúde.
Ficha Catalográfica
ISBN
1. Vigilância em Saúde. 2. Marketing de Serviços de Saúde. 3. Comunicação em Saúde. I. Título. II. Série.
CDU 614.4(047)
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2008/00989
APRESENTAÇÃO 7
1 INTRODUÇÃO 9
7 REFERÊNCIAS 283
APRESENTAÇÃO
Os pesquisadores
9
1 INTRODUÇÃO
1 Constituição da República Federativa do Brasil: 1988 – texto constitucional de 5 de outubro de 1988, com
as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais de nº 1, de 1992, a 52, de 2006, e pelas Emendas
Constitucionais de Revisão de nº 1 a 6, de 1994 – 26. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de
Publicações, 2006.
2 TEIXEIRA, Carmen Fontes; PAIM, Jairnilson Silva; VILASBÔAS, Ana Luiza. SUS, modelos assistenciais e
vigilância da saúde. Informe Epidemiológico do SUS, v. 7, n. 2, p. 7-27, abr./jun. 1998.
10
3 MS/SVS. Vigilância em saúde no SUS: fortalecendo a capacidade de resposta aos velhos e novos desafios.
Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006.
4 OMS. Outbreak communication: best practices for communicating public during an outbreak. In: Consulta
aos especialistas da Organização Mundial de Saúde sobre Comunicação de Risco,
2004, Singapura. Relatório ... Genebra, 2005.
11
[...] como um vetor que utiliza metodologias das quais resulta um processo
de hierarquização de demandas e expectativas e, conseqüentemente,
de troca de posições e opiniões, a partir de uma determinada situação,
o que possibilita a interação dialógica. Ela integra, principalmente, as
estratégias de ação e de relação – vontades, expectativas e condutas dos
grupos – utilizando-se de meios e mensagens para conduzir e impulsionar
o fortalecimento da cultura e dos objetivos organizacionais (OLIVEIRA,
2003, p. 5-6).5
construção de uma perspectiva futura. Essa projeção fornece dados sobre o contexto
para fundamentar a ação a partir da consolidação ou do ajuste das práticas em
desenvolvimento no projeto. Nesse contexto, os processos de avaliação servem:
[...] para responder a questões fundamentais sobre a efetividade dos
programas de comunicação, bem como temas relacionados ao desenho e à
implementação de programas. [...] Para o avaliador, o processo de avaliação
serve a duas funções. Primeiro, ele fornece a informação necessária para
garantir aos parceiros (incluindo financiadores e beneficiários) que o
projeto está funcionando. Segundo, ele fornece documentação importante
sobre que atividades realmente aconteceram, como também sobre eventos
concorrentes que possam influenciar os resultados (BERTRAND, 2005).7
7 BERTRAND, Jane. Evaluating health communication programmes. The Drum Beat – The Communication
Initiative. jun. 2005, n. 302. Disponível em: <http://www.comminit.com/drum_beat_302.html>. Acesso em:
15 ago. 2007 (tradução nossa).
8 MS/SVS. Vigilância em saúde no SUS: fortalecendo a capacidade de resposta aos velhos e novos desafios.
Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006.
13
9 DENCKER, Ada Freitas; VIÁ, Sarah Chucid. Pesquisa empírica em ciências humanas (com ênfase em
comunicação). São Paulo: Futura, 2001.
10 SANTAELLA, Lúcia. Pesquisa e comunicação. São Paulo: Hacker Editores, 2003.
14
1. Consulta a bibliotecas
Houve o acesso físico a duas bibliotecas, a Biblioteca Central da Universidade
de Brasília e a Biblioteca do Ministério da Saúde. Considerando o acesso virtual,
foram consultadas 17 bibliotecas digitais. A relação detalhada dos bancos de
dados investigados encontra-se no Apêndice 1.
3 Consulta a periódicos
O levantamento bibliográfico compreendeu, ainda, acesso físico a periódicos
(11 títulos), acesso tanto físico como virtual (18 títulos) e acesso somente virtual
(três títulos). A relação dos acessos aos periódicos é apresentada no apêndice 1.
O levantamento bibliográfico abrangeu também o banco de teses da Capes
(513 dissertações e teses) e da UnB (39 dissertações e teses) sobre os temas
comunicação e saúde, gestão em comunicação e comunicação e mobilização
social. Com base no levantamento realizado, foram selecionadas e revisadas 142
referências bibliográficas, apresentadas no Apêndice 2.
Além do processo de levantamento e revisão bibliográfica, procedeu-se à
análise de conteúdo de documentos de planejamento, monitoramento e avaliação
das unidades gerenciais de saúde enfocadas. Por meio dos contatos realizados no
18
12 POPE; MAYS. Observational methods. In: POPE, Catherine; MAYS, Nicholas (Org.) Qualitative research
in health care. 3. ed. London: Blackwell Publishing; BMJ Books, 2006a.
19
13 BRITTEN, Nicky. Qualitative interviews. In: POPE, Catherine; MAYS, Nicholas (Org.) Qualitative research
in health care. 3. ed. London: Blackwell Publishing; BMJ Books, 2006.
20
14 Fundação Getúlio Vargas (FGV). Dicionário de ciências sociais. Instituto de Documentação; Benedicto
Silva, coordenação-geral. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1986.
15 LAVILLE, C.; DIONE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas.
Tradução de Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul; Belo Horizonte:
Editora UFMG, 1999.
21
16 DENCKER, Ada Freitas; VIÁ, Sarah Chucid. Pesquisa empírica em ciências humanas (com ênfase em
comunicação). São Paulo: Futura, 2001.
17 BRITTEN, Nicky. Qualitative interviews. In: POPE, Catherine; MAYS, Nicholas (Org.) Qualitative research
in health care. 3. ed. Blackwell Publishing; BMJ Books: London, 2006.
18 BERRY, Rita S. Y. (1999) Collecting data by in-depth interviewing. BERA 99 Conference Paper (The British
Educational Research Association). Universidade de Leeds, UK: Education-line. Disponível em: <http://ci-lab.
ied.edu.hk/paper/paper.asp> Acesso em: 5 abril, 2007.
22
Estrato do teto
financeiro de vigilância Unidade Federativa Município
em saúde
19 Secretaria de Vigilância em Saúde. Gestão descentralizada: teto financeiro de vigilância em saúde – TFVS.
Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=22814>. Acesso em: 15
mai. 2007.
24
Esfera Federal
Entrevistado Data
Esfera estadual
São Paulo
Entrevistado Data
Gestor técnico em comunicação da Secretaria Estadual de
19/03/2007
Saúde de São Paulo
Gestor técnico em saúde da Secretaria Estadual de Saúde de
20/03/2007
São Paulo
Gestor político-administrativo da Secretaria Estadual de Saúde
26/03/2007
de São Paulo
25
Santa Catarina
Entrevistado Data
Pernambuco
Entrevistado Data
Gestor técnico em saúde da Secretaria Estadual de Saúde de
03/04/2007
Pernambuco
Gestor técnico em comunicação da Secretaria Estadual de
04/04/2007
Saúde de Pernambuco
Pará
Entrevistado Data
Entrevistado Data
Gestor técnico em comunicação da Secretaria de Estado de
11/04/2007
Saúde do Distrito Federal
Gestor político-administrativo da Secretaria de Estado de Saúde
12/04/2007
do Distrito Federal
Gestor político-administrativo da Secretaria de Estado de Saúde
18/04/2007
do Distrito Federal
26
Esfera municipal
São Paulo
Entrevistado Data
Gestor técnico em comunicação da Secretaria Municipal de
20/03/2007
Saúde de São Paulo
Gestor técnico em saúde da Secretaria Municipal de Saúde de
20/03/2007
São Paulo
Gestor político-administrativo da Secretaria Municipal de Saúde
21/03/2007
de São Paulo
Florianópolis
Entrevistado Data
Gestor político-administrativo da Secretaria Municipal de Saúde
27/03/2007
de Florianópolis
Gestor técnico em comunicação da Secretaria Municipal de
27/03/2007
Saúde de Florianópolis
Gestor técnico em comunicação da Secretaria Municipal de
27/03/2007
Saúde de Florianópolis
Gestor técnico em saúde da Secretaria Municipal de Saúde de
27/03/2007
Florianópolis
Recife
Entrevistado Data
Gestor político-administrativo da Secretaria Municipal de Saúde
03/04/2007
do Recife
Gestor técnico em comunicação da Secretaria Municipal de
03/04/2007
Saúde do Recife
Gestor técnico em saúde da Secretaria Municipal de
03/04/2007
Saúde do Recife
Belém
Entrevistado Data
Gestor político-administrativo da Secretaria Municipal de Saúde
24/04/2007
de Belém
Gestor técnico em comunicação da Secretaria Municipal de
24/04/2007
Saúde de Belém
Gestor técnico em saúde da Secretaria Municipal de
24/04/2007
Saúde de Belém
27
20 ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez; Campinas: Editora da Universidade
Estadual de Campinas, 1993 (Coleção Passando a Limpo).
31
21 Lefèvre et al. O discurso do sujeito coletivo: uma nova abordagem metodológica em pesquisa qualitativa.
Caxias do Sul: Educs, 2000.
32
pesquisado, pois cada ator social conhece o fato social de forma peculiar, a partir
de sua própria perspectiva.
A teoria da análise do discurso do sujeito coletivo oferece quatro figuras
metodológicas para auxiliar na organização dos dados coletados:
• ancoragem;
• idéia central;
• expressões-chave;
• discurso do sujeito coletivo.
A ancoragem explicita as teorias, os conceitos e as hipóteses nos quais
o discurso está alicerçado, isto é, os pressupostos e a ideologia subjacentes às
práticas cotidianas presentes no discurso. A idéia central são as afirmações que
exprimem o essencial do conteúdo discursivo do trecho analisado. As expressões-
chave são transcrições literais de trechos dos depoimentos coletados, ou seja,
são o resgate do essencial do conteúdo discursivo e sua literalidade serve para
legitimar empiricamente a análise. Geralmente as expressões-chave respondem às
questões de conhecimento da pesquisa. O discurso do sujeito coletivo costuma
ser construído pelo agrupamento das expressões-chave.
O discurso do sujeito coletivo apresenta-se como uma crítica ao processo
tradicional de categorização, em que trechos discursivos sob a mesma categoria
são considerados equivalentes e somados. Tradicionalmente, a categoria substitui
o próprio discurso, que deixa de existir para que aquela receba um tratamento
quantitativo que se legitima pela cientificidade. Contudo, para a análise do
discurso do sujeito coletivo, esses discursos não se anulam ou se reduzem, mas a
discursividade é resgatada como signo de conhecimento. O discurso do sujeito
coletivo é construído com trechos dos depoimentos individuais para revelar a
representação social sobre determinado fenômeno. Essa representação é expressa
no discurso com a forma como os indivíduos reais pensam.
O discurso do sujeito coletivo apresenta-se como se o discurso de todos
fosse o discurso de um indivíduo coletivo. Contudo, os autores indicam alguns
cuidados no momento de agrupar os trechos discursivos, pois é importante que o
texto final possua coerência. Portanto, o pesquisador deve fazer as distinções entre
os discursos do sujeito coletivo presentes nos dados coletados. Cada discurso do
sujeito coletivo apresenta um posicionamento próprio, e os trechos discursivos
que o compõem resultam da complementaridade entre os depoimentos, isto é,
o que um indivíduo falou é complementado pelo que ele poderia ter falado e foi
revelado na fala de outro indivíduo.
33
22 POPE et al. Analyzing qualitative data. In: POPE, Catherine; MAYS, Nicholas (Org.). Qualitative research
in health care. 3. ed. London: Blackwell Publishing; BMJ Books, 2006b.
23 GASKELL. Entrevistas individuais e grupais. In: BAUER; GASKELL. Pesquisa qualitativa com
texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002.
34
24 Ibidem.
25 LAVILLE, C.; DIONE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas.
Tradução de Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul; Belo Horizonte:
Editora UFMG, 1999.
26 BAUER, M. W. Análise de conteúdo clássica: uma revisão. In: BAUER; GASKELL. Pesquisa qualitativa com
texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002.
36
28 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Perfil dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil. Rio
de Janeiro: IBGE, 2002. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/perfilidoso/
perfidosos2000.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2007.
40
30 TEIXEIRA, Ricardo Rodrigues; CYRINO, Antônio Pithon. As ciências sociais, a comunicação e a saúde.
Ciênc. saúde coletiva, 2003, v. 8, n. 1, p. 151-172.
31 WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. Tradução de Karina Jannini. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2005.
46
que não é o mesmo. Por exemplo, lembro que uma das cartilhas mais
fortes da escola, na época em que eu era estudante na escola primária,
era uma cartilha, talvez escrita por Monteiro Lobato, sobre a questão da
parasitose. Era uma coisa que tinha um personagem terrível – o Jeca Tatu.
Na verdade, era uma tentativa forte de mudar o comportamento na área
rural com relação a hábitos higiênicos.
Lembro que na minha cabeça, como eu sou da área rural, isso batia de
forma diferente, porque eu não me sentia um jeca, na verdade era da área
rural e me sentia maltratado (CAPINAM, 1995, p. 44).32
século XIX, a relação entre a pobreza e as doenças. Villermé notou que as mortes
prematuras dos operários têxteis se deviam às suas condições de trabalho e vida.
Os médicos iniciaram um processo que muitos anos depois resultaria no
conceito mais amplo de saúde, não mais baseado na negação da doença, mas em
todas as condições ambientais e sociais necessárias à qualidade de vida e bem-
estar. Esse conceito estimula a promoção da saúde, com a qual a comunicação se
relaciona como estratégia e técnica para se chegar aos seus objetivos. Entende-se
a promoção da saúde como a tarefa de propiciar o acesso de todos a condições
dignas de vida e trabalho, educação livre e meios adequados para o descanso e o
lazer.
34 BELTRAN, Luis Ramiro. La comunicación para el desarrollo en Latinoamérica: un recuento de medio siglo.
In: Congreso Panamericano de la Comunicación, 3., 2005, Argentina. Painel.../ Disponível
em: <http://www.portalcomunicacion.com/both/temas/lramiro.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2007.
35 Ibidem (nossa tradução).
48
36 BELTRAN, Luis Ramiro. Salud pública y comunicación social. Revista Chasqui, jul. 1995, p. 1-5 (nossa
tradução).
37 OLIVEIRA, Elizabeth C. M. A informação como insumo no sistema de saúde (promoção da saúde e prevenção
da doença) é direito do cidadão. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação,
25., 2002, Salvador. Anais eletrônicos.../ São Paulo: Intercom, 2002. Disponível em: < http://hdl.handle.
net/1904/18885>. Acesso em: 21 jun. 2007.
38 PESSONI, Arquimedes. Difusão de inovações como movimento de origem da comunicação para a saúde. In:
Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 29., 2006, Brasília. Anais eletrônicos.../ São
Paulo: Intercom, 2006. CD-ROM. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1904/19760>. Acesso em: 21 jun. 2007.
49
39 Organização Pan-Americana de Saúde – Opas. Disponível em: <http://www.opas.org.br>. Acesso em: 21 jun.
2007.
50
50 Ibidem.
51 Organização Mundial de Saúde – OMS. Carta de intenções da Primeira Conferência Internacional sobre
Promoção da Saúde. Ottawa, Canadá, 1986. Disponível em: <http://www.opas.org.br/coletiva/uploadArq/
Ottawa.pdf>. Acesso em: 14 mai. 2007.
52 Ibidem.
53 Declaração de Santafé de Bogotá, Conferência Internacional de Promoção da Saúde,
Santafé de Bogotá, Colômbia, 1992. Disponível em: <http://www.opas.org.br/coletiva/uploadArq/Santafe.
pdf>. Acesso em: 14 mai. 2007.
54 Declaração de Jacarta, 4ª Conferência Internacional de Promoção da Saúde, Jacarta,
Indonésia, 1997. Disponível em: <http://www.opas.org.br/coletiva/uploadArq/Jacarta.pdf >. Acesso em: 14
mai. 2007.
54
55 Ibidem.
56 Declaração de Adelaide, 2ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde,
Adelaide, Austrália, 1988. Disponível em: <http://www.opas.org.br/coletiva/uploadArq/Adelaide.pdf>. Acesso
em: 14 mai. 2007.
57 Declaração de Sundsvall, 3ª Conferência Internacional de Promoção da Saúde,
Sundsval, Suécia, 1991. Disponível em: <http://www.opas.org.br/coletiva/uploadArq/Sundsvall.pdf>. Acesso
em: 14 mai. 2007.
58 Declaração de Jacarta, 4ª Conferência Internacional de Promoção da Saúde, Jacarta,
Indonésia, 1997. Disponível em: <http://www.opas.org.br/coletiva/uploadArq/Jacarta.pdf >. Acesso em: 14
mai. 2007.
55
61 MONTORO, Tânia. Da comunicação mobilizadora. In: MONTORO, Tânia (Org.). Comunicação, cultura,
cidadania e mobilização social. Série Mobilização Social, v. 2, Brasília/Salvador: UnB, 1997.
62 TAUIL, P. L. Aspectos críticos do controle da dengue no Brasil. Cadernos Saúde Pública, 18, p. 867-871,
2002.
57
63 ZAKUS, J. D. L.; LYSACJ, C. L. Revisiting the community participation. Health Policy and Planning, v.
13, n. 1, p. 1-12, 1998.
64 GUBLER, D. J; CLARK, G. G. Community involvement in the control of Aedes aegypti. Acta Tropica, v.
61, p. 169-179, 1996.
65 MONTORO, Tânia (Org.) Comunicação, cultura, cidadania e mobilização social. Série Mobilização Social,
v. 2, Brasília/Salvador: UnB, 1997.
58
66 ANDREASEN, Alan R. Marketing social change: changing behavior to promote health, social development,
and the environment. Jossey-Bass: San Francisco, 1995.
59
A advocacy foca sua intervenção nas causas que geram entraves à promoção
da saúde coletiva, em vez da mudança de comportamento individual. A advocacy
visa a gerar regulamentações e políticas públicas que previnam ações ou eventos
que resultem em problemas de saúde pública. Com esse objetivo, os interventores
utilizam os meios de comunicação para agendar sua causa, convencer representantes
políticos, empresas e cidadãos da importância da mudança proposta.
Segundo os autores, dentre as ferramentas da advocacy estão:
• a legitimação (esforço para que a cobertura midiática se desloque da história
de sofrimento individual para as causas dos problemas coletivos da saúde);
• a dramatização (trabalho de tornar os temas atraentes para a imprensa,
enfatizando seu caráter narrativo);
• as oportunidades (aproveitamento dos acontecimentos para enquadrar o
tema de saúde pública entre as matérias jornalísticas);
• a antecipação da reação dos adversários (construção de argumentos e contra-
argumentos para responder criativamente aos adversários e estabelecer as
perspectivas desejadas sobre o tema da saúde pública);
• os sistemas de comunicação para o protesto (elaboração de sistemas de
comunicação, como a produção e divulgação de clippings, que sirvam para
apoiar as demais ações).
68 WALLACK, L.; DORFMAN, L.; JERNIGAN, D; THEMBA, M. Media advocacy and public health: power
for prevention. Nossa tradução. Newbury Park, London, New Delhi: Sage Production, 1993.
61
80 Fundação Getúlio Vargas – FGV. Dicionário de Ciências Sociais. Instituto de Documentação; Benedicto
Silva, coordenação-geral. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1986.
68
5.1.1 Planejamento
5.1.2 Decisão
5.1.3 Integração
secretaria municipal. Quer dizer, eu acho que deveria haver uma separação
maior do que é o papel do gestor federal, estadual e municipal, e do que é
o papel, vamos dizer assim, do centro colaborativo, do ordenador de todos,
que é o SUS.
A integração das três esferas do SUS, segundo outro gestor estadual, é feita em
sua secretaria a partir de uma perspectiva ampliada da saúde e de suas demandas,
a fim de estabelecer estratégias abrangentes que orientem a ação dos gestores
municipais, responsáveis, em última instância, pela implementação destas:
[...] o mais importante é você ouvir os secretários municipais de saúde,
porque, com certeza, eles são [...] eles estão na ponta, eles estão na área
finalística, ou seja, são aqueles gestores que estão exatamente prestando o
atendimento. Então, o gestor estadual, ele tem de ter uma visão macro, ele é
um grande estrategista da área de saúde. Mas a área finalística, a área mesmo
de atuação – apesar de que nós também temos ações finalísticas – mas, assim,
a capilarização do sistema, são os secretários municipais de saúde.
78
saúde [...] ela é enviada por mala para cerca de 25 mil pessoas, gestores do
sistema, pessoal da saúde pública.
técnica, porque ele foi eleito para ficar, ele representa aquela comunidade
[...]. É um grupo mambembe, nós colocamos como Mambembão da Saúde,
nós vamos alocar agora uma kombi, temos uniformes, temos cenário [...]
é um grupo formado por agentes comunitários que fazem, por meio do
teatro, todo o trabalho desenvolvido por eles, de prevenção e promoção da
saúde. É um trabalho muito interessante.
5.1.5 Financiamento
Para um dos gestores federais, os recursos aprovados para o financiamento
das ações de comunicação para a saúde são insuficientes. O orçamento é pequeno
se comparado com outros países com sistema de saúde semelhante ao do
Brasil. Apesar desse quadro, o gestor acredita que os recursos são bem gastos,
considerando que o sistema de saúde tem responsabilidades muito abrangentes,
desde a prevenção ao tratamento de doentes. Faltaria, segundo ele, a compreensão
política das campanhas como serviços de utilidade pública, que deveriam ser
isentas do pagamento de espaço comunicativo nass mídias privadas:
Os recursos ainda são insuficientes. Então, sempre tem que fazer uma
escolha. E esta escolha muitas vezes obedece a um determinado planejamento
das prioridades do Ministério, e alguma vezes também elas são, vamos
dizer assim, atropeladas, né? No caso de uma epidemia, no caso de um
evento, assim, não previsto em que você precisa fazer um esforço maior de
comunicação. [...] A gente tem um orçamento pequeno comparado com
país que tem sistema igual ao nosso. É responsável por dar da vacina ao
transplante de coração [...]. E o recurso, apesar de ser insuficiente, é o maior
recurso da Esplanada. Eu acho que é bem gasto, a gente tem, às vezes,
exemplos, assim, de várias campanhas novas que tiveram resultados muito
bons, muito bons. [...] É uma concessão e a gente está vindo para vacinar
as crianças [...] não tem porque a gente pagar por essa veiculação.
isso, ela tem recurso da Vigilância para isso. Porque, muitas vezes, tem uma
parte que vem do Ministério. Eu estou me referindo ao dinheiro do Tesouro
Municipal, do estado, da prefeitura [...] Esse recurso é reservado para a
saúde, para a comunicação e a saúde. Você vai ver que, por exemplo, as
cartilhas para a anemia falciforme, você vai utilizar esse recurso.
[...] todo tempo está tendo. Campanha de mídia paga, todo o tempo está
tendo [...]. A Coordenação de Comunicação da Prefeitura faz o processo
licitatório, de ter as agências que vão trabalhar para ela, e, aí, vão estar
com a gente.
5.1.6 Diagnóstico
Maior efetividade nas ações de comunicação para a saúde poderá ser alcançada
se houver, segundo o mesmo gestor, uma associação entre setores diversos da
sociedade, como o de educação, saúde pública, assistência social, agricultura,
meio ambiente, entre outros:
[...] sou muito realista: não é a saúde que irá resolver tudo isso. Como
resolver tudo isso se não se melhorar o acesso ao ensino? Como é que
as pessoas vão entender a mensagem que está passando se elas não têm
capacidade de entender as palavras por melhor que você fale, ou se elas
não têm condições de ler um folheto, um cartaz para saber se tem um
dia disso ou daquilo e tal, ou se as pessoas não têm a compreensão desse
processo? Então, tem a ver com um milhão de coisas. Quer dizer, eu acho
que saúde é uma linha auxiliar nessa área. [...] Não é que não esteja na
agenda dos gestores. Tem entrado, mas eu acho que ainda não chegou num
patamar suficiente para dar conta disso [...] não é uma questão que a saúde
resolva sozinha. A saúde pode motivar, certo? E acho que a saúde devia
trabalhar tentando motivar, tanto quanto a população, motivar os gestores
das outras áreas. Talvez seja até mais importante motivar a reeducação, de
segurança pública, de assistência social, de agricultura, de meio ambiente,
e até diretamente a população.
Uma das secretarias municipais, segundo seu gestor, ainda não atingiu a
plena gestão municipal. O gestor político-administrativo da Secretaria Municipal
de Saúde indicou a falta de articulação entre o setor de comunicação e os demais
setores da Secretaria:
[...] veja bem, (nossa Secretaria) sempre viveu o tempo todo dessa gestão,
sempre se escondendo atrás da estrutura da Secretaria de Estado da Saúde,
94
por ela ser localizada aqui na capital, por ela ser o centro de todas as
unidades públicas de saúde. Nós temos oito unidades públicas de saúde,
são treze do Estado, da rede pública. Uma regional de saúde também se
localiza aqui. Então, o município foi sempre sendo como se fosse, assim,
incipiente no sistema de saúde. Tanto é que nós somos a única capital do
país que não entrou na gestão plena do sistema municipal.
5.1.7 Monitoramento
5.1.8 Avaliação
Na esfera federal, a avaliação de políticas públicas e programas de comunicação
em saúde ocorre por meio da ação de instâncias de controle do Ministério da
Saúde. Contudo, de acordo com a percepção de um gestor, o controle social
da sociedade civil e do Conselho Nacional de Saúde é mínimo, limitando-se às
demandas de assistência à saúde, em detrimento das ações de prevenção:
Eu, lamentavelmente, gostaria que a pressão social fosse maior. Ela é a
mínima possível [...], e a pressão social está muito voltada para as questões
assistenciais. [...] No Conselho Nacional de Saúde [...] tem uma deliberação
[...] que nós temos que mandar todos os relatórios relevantes relacionados
às supervisões que eles fazem [...]. E eu perguntei lá se esses relatórios são
cartoriais. E nós nunca recebemos uma demanda do Conselho Nacional
de Saúde a partir dessa demanda. Então, absolutamente, eu acho que essa
demanda é [...] A não ser em situações de epidemias, que a situação já
está [...] sob o ponto de vista de prevenção e controle de doenças, já está
num patamar que nós não desejaríamos, e aí é que a população começa a
demandar, e aí já é uma questão até mais assistencial do que de prevenção,
é que, momentaneamente, tem alguma pressão, mas no geral...
Eu nunca vi dados que me dizem isso, eu não sei se de fato eles fizeram
isso com grupo focal, enfim, mas, assim, todos já me disseram que [o
merchandising] tem um impacto muito grande.
99
Às vezes, faz até antes da veiculação, ela está preparando o local, para ver
a comunicação. Na verdade, é muito complicado você fazer essa relação de
causa e efeito, até porque eu acho que ela não é espontânea, [...] eu acho
que é muito difícil você avaliar. Agora, você pode avaliar no longo prazo.
Você vai ver se há uma redução do tabagismo no Brasil, tem a ver com
essa comunicação. Agora, uma comunicação só, da saúde, não sei [...] São
iniciativas próprias da mídia, independente da área da saúde, tem na área
da educação, em diversas áreas e tal.
Olha, faz a ação, depois vai lá, faz uma avaliação para ver se a pessoa
mudou o comportamento ou, pelo menos, mudou o grau de entendimento e
conhecimento sobre o tema. Porque, classicamente, eu acho que a avaliação
seria isso. Só que eu não consigo achar que a comunicação em saúde seja capaz
de promover essa mudança sozinha. Então, eu acho que, se for uma ação
isolada da saúde, a avaliação vai ser esta, porque você pega a amostragem
total e vai ver se a mensagem que você tentou passar, se as pessoas tomaram
conhecimento, entenderam, assimilaram e mudaram o comportamento.
Gestor: Ela tem eficácia, mas ela podia ter muito mais. Apesar de hoje
terem diminuído bastante os índices.
101
saúde materna. Nós pudemos medir isto, nós pudemos medir o grau de
aceitação nos programas.
Tem pesquisa feita por algumas instituições, a gente tem várias, mas o que
nós temos mesmo, muito importante, é o trabalho nas unidades básicas.
Então, nós temos, hoje, um diagnóstico das demandas reprimidas, coisa
que não se tinha há um ano e meio atrás. Isso foi uma busca nossa muito
forte para identificar quais serão as barreiras que podem chegar a um
serviço de saúde.
comunicação não está boa. Porque tivemos 79%, quando temos de chegar
a 85%, entende? Está baixo.
Gestor: Não. [...] A gente vê isso aí, procurando ver qual é o comportamento
do depois. Mas nós ainda não temos um modo de avaliar, um instrumento
que faça essa avaliação mais intensa e que te dê realmente [...]
106
Gestor: Não, nunca recebi; talvez, como eu estou lhe dizendo, eu só estou
há 34 dias, talvez até tenha isso, mas eu não conheço. Outros momentos
que eu conversei com a Assessoria de Comunicação e Imprensa, que está
aqui há mais tempo, eles diziam que também não conheciam. Aí eu não
sei se o secretário de Comunicação e Gestão tem essa informação.
Gestor: [...] Você começa a ver por meio da própria agência. Ela dá um
retorno de como a população está recebendo aquilo. [...] Campanha de
vacinação: você faz essa mídia, trabalhando toda a comunicação para cima
da população, o que você irá ver? Qual foi o percentual que foi vacinado.
[...] A questão do DST/Aids, como é que as pessoas estão, o quantitativo de
preservativos que você está repassando? Então, hoje, o único instrumento de
que a gente dispõe para mensurar é este.
Gestor: Mas é isso que eu digo, você faz avaliação. A diminuição de número
de casos daquela doença é porque as pessoas estão mais conscientes.
uma avaliação formal, a gente não tem uma pesquisa posterior que nos
informe.
5.2.1 Planejamento
gente faz esse tipo de comunicação com essas variáveis que interferem? É
esse o desafio.
e onde tratar. Acho que esse é um ponto fundamental, porque nem todas
as unidades de saúde dispõem de diagnóstico e tratamento como nós
gostaríamos que tivessem. Quando você faz uma atividade de comunicação
de massa e manda vacinar o seu filho contra a pólio, você procura um posto
de saúde, porque qualquer um vai ter.
b) Decisão
Os gestores não têm um procedimento comum para a decisão acerca das ações
de comunicação para a saúde. Em uma das secretarias, o gestor técnico afirmou que
a vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde demanda, a partir
de dados epidemiológicos, ações de comunicação ao setor de desenvolvimento
institucional. Após o diálogo entre vigilância epidemiológica, desenvolvimento
institucional, gabinete da secretaria e outros setores, são decididos quais recursos
serão utilizados para a ação:
[...] o processo de decisão, por exemplo, surgiu uma demanda que a data tal
demandou, seja porque a gente quer aproveitar a data tal por uma questão
de demanda interna de diagnóstico epidemiológico, essa discussão sai da
vigilância e vem para o desenvolvimento institucional, para a gente fazer
essa articulação com os outros setores e gabinete. Geralmente é essa tomada
de decisão: fechou, vamos fazer, vamos utilizar tais e tais recursos.
115
c) Integração
A gestão técnica na área de DST/Aids defende a necessidade de uma
autoridade nacional responsável pelo Programa Nacional de DST/Aids. A
princípio, o Governo Federal se compromete a realizar as campanhas nacionais e
as esferas estaduais e municipais realizam as ações de mobilização regional a partir
do tema nacional. Essa integração, entretanto, segundo o gestor técnico, apesar de
“bem pactuada”, ainda apresenta dificuldades no cumprimento das funções das
diferentes esferas do SUS, como na compra dos remédios para a Aids. Afirma o
gestor que:
[...] o Governo Federal compra medicamento anti-retroviral, que é o
medicamento específico, e os governos estaduais têm que comprar os
medicamentos de infecção oportunista, porque o que mata na Aids são as
infecções oportunistas [...]. A pactuação dos medicamentos para infecção
oportunista não é cumprida por grande parte dos estados. Pactuação
de preservativos, não é só o Governo Federal que tem que comprar
preservativo.
[...] a gente emite, atualiza uma carta personalizada para cada município,
dizendo no site: “Senhor secretário”. Quando a coisa chama muito a
atenção, a gente manda a carta pelo correio também. Não tem secretário
de Saúde deste país, nem municipal, nem estadual, que possa me acusar
de não ter chamado a atenção e não ter alertado. Não dá. Aí vêm as
cartas de eliminação da hanseníase quadrimestrais, em que a gente bota,
para cada estado, a gente escreve, por exemplo: neste quadrimestre eu vou
colocar a situação das crianças. Aí, escrevo para ele: “Olha, você tem tantas
crianças doentes”. A gente manda para o secretário, convida aqui para uma
cerimônia, entrega em mãos, o ministro entrega.
117
Mas, segundo o gestor, essas esferas não possuem um sistema organizado nos
postos de saúde para atender aos casos de hanseníase, não oferecem satisfatoriamente
o diagnóstico e o tratamento para a doença: “Nem todas as unidades de saúde
dispõem de diagnóstico e tratamento como nós gostaríamos que tivessem”. Estados
turísticos chegam a se recusar a divulgar informações sobre hanseníase para não
afastar os turistas: “Tem estado, por exemplo, que não quer divulgar porque é estado
que recebe turistas. Há estados que não querem fazer campanha”.
O treinamento em comunicação para a saúde dos profissionais nos postos
de saúde fica a cargo das esferas estaduais e municipais:
118
d) Estratégias de comunicação
Segundo o gestor técnico do Programa Nacional de DST/Aids, há uma
estratégia para estimular a visibilidade dos temas relacionados à Aids durante todo
o ano na mídia, seja por meio de campanhas de massa, seja por ações que geram
notícia e discussão na sociedade, utilizando a mobilização social como forma
de comunicação, ou aclopada à produção de mensagens diferentes destinadas a
segmentos de público prioritários:
[...] a gente não pode trabalhar apenas com uma estratégia de campanha
[...] Mas, se você olhar, todos os dias saem pessoas com Aids na mídia, todos
os dias [...] você deve ter uma estratégia de campanha, que são os momentos
em que você mobiliza, aparece assim mais coletivamente [...]. Têm várias
coisas que não são campanha, mas que são ações, atividades, que geram
notícia, e que, por gerar notícia, geram discussão [...] Hoje a gente não faz
ações coletivas, assim, de mídia, para usuário de drogas injetáveis porque é
uma população que tem de ser atingida de outra forma. São as chamadas
populações de difícil acesso.
[...] a gente tem usado muito o rádio, até pela questão da abrangência, da
cobertura dele, porque temos as comunidades rurais onde a televisão é sempre
125
por antena parabólica e não pega a rede local. Então, nessas situações, o
rádio acaba fazendo uma cobertura muito maior e ainda existe muito a
prática de ouvir rádio, principalmente nessas comunidades. O rádio é mais
barato e tem uma cobertura grande. Mas em algumas situações, a gente
precisa reforçar isso com a televisão e com o jornal. Temos usado bastante
o jornal, a televisão e o rádio principalmente, e aí também as técnicas que
são rotineiras para todo mundo, que são os panfletos e os cartazes.
Uma das secretarias estaduais, segundo seu gestor técnico, está realizando
um esforço no sentido de resgatar sua credibilidade para o convencimento
da população para a mudança de hábitos e práticas. Essa credibilidade atinge
também, na sua perspectiva, os próprios funcionários da secretaria:
[...] pelo descrédito do serviço público, que, historicamente, tem sido meio
complicado. Se a população não acredita, não tem segurança naquilo que seus
órgãos públicos estão apontando, como é que ela vai desempenhar alguma
mudança de comportamento? Então, a gente está buscando inverter isso,
trazendo credibilidade, buscando resgatar a credibilidade da instituição.
[...] o que é bom se mostra, o que é ruim se esconde, para mim, muito
pelo contrário, tem que se buscar mostrar historicamente determinadas
dificuldades, como, por exemplo, quando a pergunta clássica aparece: por
que chegamos a esse estágio?[...] o que precisamos ter, no meu entendimento,
é, por exemplo, [...] um seminário, [...], de mídia e saúde: os principais
objetivos, avanços e recursos, o nome que se queira dar, mas de modo
que se trabalhe a mídia, com os representantes, com os trabalhadores, os
jornalistas, enfim, os mais diversos, coisas fundamentais nessa compreensão
de conceitos básicos; conceitos básicos que não são só privilégios de quem
trabalha no setor saúde, porque a saúde é interesse de todos nós. Vida e
saúde são o eixo do nosso seminário.
e) Financiamento
A maior parte do financiamento para o Programa Nacional de DST/Aids
provém do Orçamento da União. O empréstimo internacional corresponde a 8,9%.
Há recursos altos e descentralizados para ações de mobilização e comunicação. O
orçamento do Ministério da Saúde para a comunicação do Programa Nacional de
DST/Aids compreende os recursos necessários para as duas campanhas nacionais
de prevenção à Aids. O montante para o Programa Nacional de DST/Aids do
Orçamento da União se concentra no Fundo Nacional de Saúde (que recebe a
verba de todos os programas e coordenações). O Programa Nacional de DST/
Aids possui custos altos, porém, segundo o gestor técnico, obtém resultados
“positivos”:
[...] o Programa de Aids tem muito recurso descentralizado para os estados.
Não é pouco. São R$ 135 milhões por ano. O que é maior que o orçamento
de muita Pasta [...] E esse recurso é descentralizado para 422 municípios
e 27 estados para fazer ações de prevenção [...] inclusive de comunicação
[...]. O Ministério da Saúde tem um Fundo Nacional de Saúde, que é
onde está o dinheiro de todo mundo. E dentro do orçamento de Aids tem o
recurso específico para a campanha.
[...] hoje, a gente, certamente, gasta muito mais com a comunicação, com
campanha, do que com a aquisição de inseticidas. [...] E uma das questões
que se coloca é que essas mídias são caras, não é? [...] O orçamento, o valor
total dos recursos que se gastam com dengue, você tem o Orçamento do
Tesouro e parte desses recursos é alocado para a comunicação.
f ) Diagnóstico
O gestor técnico do Programa Nacional DST/Aids acredita que cumpre
bem sua função de tornar visível na mídia aspectos positivos da saúde pública.
Segundo ele, este programa é considerado o melhor programa de Aids no cenário
internacional:
O Brasil é muito forte fora, e eu sempre digo que boa parte da população
sabe que o programa é reconhecido fora do Brasil. E eu sempre digo que
isso ajuda a governabilidade interna do programa. Esse reconhecimento
131
[...] eu gostaria que esse fosse um pouco mais rápido. [...] Quer dizer, eu faço
uma reunião no começo de março, na outra semana vai para os municípios.
Uma coisa que eu gostaria que pudesse ser é que fosse o meio eletrônico.
Quer dizer, eu tenho, a gente passa por meio eletrônico. Quer dizer, com os
Grupos de Vigilância Epidemiológica eu tenho essa rede eletrônica. Mas se
a gente tivesse também um contato maior com os municípios, eu acho que
isso também facilitaria.
[...] a Assessoria de Comunicação está bem iniciante [...] Está bem iniciante.
E ela tem tentado pautar, pelo menos, a organização, não é? E no momento,
até há umas três semanas, nós, praticamente, não tínhamos tempo até
mesmo para trabalhar no negócio das ações de coordenação, de contato com
os órgãos dentro da nossa própria equipe, a todo momento nós estávamos
sendo assediados por jornalistas, por pessoal da televisão, da mídia.
Isso é uma boa comunicação, ela tem que deixar não só as coisas positivas,
mas mostrar aquilo que é negativo [...] A segunda coisa que acho que
é importante para a imprensa é disciplinar um pouco, porque é muito
desgastante lidar com a imprensa, eles ficam ligando a toda hora, a todo
minuto: “E isso aí? E já vai sair? Está pronto? E não sei o que”. Isso para
a gente, que é técnico aqui, a gente fica estressado, porque o técnico que
vive no município é ele que vai sentar e planejar: “Bem, agora vamos
para cá, foi feito isso, não foi feito aquilo”. E, de repente, querem que você
dê mil entrevistas e você tem um grupo pequeno para executar. É aquele
mesmo grupo. E, às vezes, dá vontade de dizer: “Deixa a gente trabalhar e
aí, depois, a gente vai dizer para vocês o que a gente fez ou não fez”, mas
muitas vezes não deixam a gente trabalhar. A comunicação, a meu ver,
pode disciplinar e organizar um pouco isso.
g) Monitoramento
Segundo um dos gestores técnicos em saúde, o monitoramento da
comunicação no âmbito federal ocorre por meio das instâncias de controle. A
unidade gerencial de saúde realiza, a cada trimestre, reuniões de acompanhamento
das ações das três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde:
Nas reuniões, nós estimulamos os estados a colocarem esse tema na agenda,
repassamos o dinheiro específico quando é necessário, mas só que eu cobro
muito também. A cada trimestre tem uma reunião macrorregional,
trimestre ou quadrimestre, que eu coloco de novo todo mundo aqui e vamos
dizer o que é que se fez. Todos tem que apresentar o que fizeram dos seus
planos anuais de trabalho até o momento.
Gestor: Não.
Gestor: Tem, pontualmente, como eu falei; quer dizer, às vezes você tem
uma campanha de vacinação.
h) Avaliação
Os serviços telefônicos para responder a perguntas e informar a população
sobre temas da saúde se destacam como sistemas de informação utilizados para
a avaliação da comunicação em saúde tanto na esfera federal quanto na estadual.
Segundo um gestor técnico em saúde da esfera federal, existem duas iniciativas
de coletas de dados para a avaliação dos programas de comunicação em saúde: o
relatório do serviço de ligação para usuários esclarecerem suas dúvidas em saúde e
a coleta de dados por uma organização social para indicar os motivos de abandono
do tratamento médico.
Eu quero lhe mostrar o relatório do [serviço de ligação], como ele é. Além
do serviço telefônico, temos aqui o número de telefonemas recebidos [...]
por mês; o mês que mais saiu foi outubro, porque foi o mês da campanha;
distribuição por gênero, [...] ligações no dia da campanha, chamadas por
estado.
Gestor: Não, isso não tenho. Eu, pelo menos, não tenho; mas é importante
ter, não é?
A única vez em que nós trabalhamos com essas técnicas de grupo focal foi
durante - e não foi com comunicação – foi em uma auditoria do Tribunal
de Contas da União, que utilizou essa metodologia de grupo focal; foi
muito interessante.
Essa avaliação é uma debilidade do processo. Isso é uma coisa que precisa
ser desenvolvida um programa até que ponto esse tipo de campanha
[...] faz algum tipo de impacto, qualquer tipo de impacto, não sei nem
143
para a unidade gerencial, pois possibilita medir a valorização social que é aferida a
determinado assunto por meio da análise de conteúdo disseminado pelos veículos
de comunicação.
Primeiro, porque existe a evidência de que se você mobiliza a opinião
pública, formadora de opinião, e a própria mídia, você passa a fazer com
que a ação seja conhecida socialmente, seja valorizada socialmente. A
partir da valorização social você passa a ter mais apoio, mais dinheiro, o
programa se torna mais sustentável, mais longevidade, engajamento, mais
ambiente interno para você fazer.
a) Planejamento
De acordo com um dos gestores técnicos em comunicação do Ministério
da Saúde, o planejamento estratégico da comunicação do Ministério consiste em
uma ação imediata para promover a melhora continuada da atenção à saúde do
usuário final do Sistema Único de Saúde, além de políticas de longo e médio
prazos de continuidade das ações de promoção da saúde:
[...] a situação de um caminho de duas vias no programa estratégico do
Ministério, onde as políticas de longo e médio prazos sejam conduzidas e
uma política imediata de ação seja implementada, abrindo novos caminhos
e mostrando que existe uma mudança radical em curso, que gera benefícios
tangíveis na cadeira da saúde, ou seja, a melhora continuada da atenção à
saúde no usuário final do SUS .
[...] eu lido com recursos públicos. Então, infelizmente, você está sempre
na escolha de Sofia. O ideal era você mandar tudo para todo mundo.
Mas não é possível, porque todo mundo não tem a mesma capacidade de
articulação.
[...] a única rotina que a gente tem são procedimentos. Por exemplo, toda
segunda-feira de manhã nós temos uma reunião de pauta em que a gente
define quais são os principais assuntos da semana. Tanto os assuntos que
eventualmente podem se transformar numa crise de comunicação quanto
os assuntos que podem se transformar em matéria positiva para a gestão
como um todo. [...] Por exemplo, nenhum texto é divulgado sem que pelo
menos duas pessoas da chefia vejam. [...] Antigamente, obrigatoriamente,
isso passava antes por um secretário. A gente só leva isso agora se acha
que tem uma questão política que precisa ser vista, ou até alguma questão
técnica, que a gente precisa tratar com a área técnica. Mas, normalmente,
a gente apura a informação e já libera por aqui.
Como é que a gente vai divulgar isso sem que a imagem da Prefeitura, a
imagem institucional da Prefeitura, se macule? Como divulgar isso de uma
forma que a Prefeitura saia ganhando também com isso [...]. Pode criar
um pânico e pode ser que institucionalmente, para a Prefeitura, ela saia
disso com uma boa imagem, porque está trabalhando, ou qualquer deslize
nisso, o tiro saia pela culatra, não é? A gente está trabalhando para conter
esse problema e a população ficar satisfeita com o resultado. Ela precisa
saber que a gente está fazendo, mas precisa saber de uma forma cuidadosa.
[...] Você tem de mudar a cultura da pessoa e ela tem de mudar a forma
como ela faz as coisas. Mas eu acho que a gente tem conseguido.
ser colocadas, e uma das soluções foi o calendário, que já foi colocado aqui
[...] A outra coisa foi um manual de entender o que era a comunicação de
imprensa, porque muitas coisas que acontecem, até de as pessoas quererem
falar por si, é pela falta de conhecimento do que era a comunicação de
imprensa. E tanto pelo tamanho da Secretaria como a falta de controle,
que nunca teve, ou, se teve, foi muito pouca. Então, houve uma falha
nossa, uma falha da comunicação, que a gente está tentando sanar agora.
E a gente está tentando criar a cultura de dizer que tem um setor específico
que cuida da comunicação. Por isso, se você precisar, você tem de se reportar
a nós, para divulgar alguma ação ou se precisar fazer algum material de
comunicação. E fica muito mais fácil.
[...] a gente sempre tem acesso aos projetos um mês antes [...] quando
as campanhas são muito grandes, muito volumosas. É campanha de
impacto, é semana do idoso, é combate à dengue, a gente tem acesso
antecipadamente. [...] A gente lê as notas, trabalha em jornais, trabalha
programas de entrevistas, para que a gente possa efetuar uma divulgação
boa dessa campanha. E essa atividade, também, eu acho que existe, porque
há um interesse da parte de quem quer divulgar e da pessoa que está
coordenando a campanha. Então, a gente não tem muito problema quando
as campanhas são de impacto. [...] A gente participa. Até para poder dar
idéia, como é que poderia ser melhor divulgado. A própria comunicação da
Prefeitura, que é um pouco maior do que a nossa, eles participam porque,
já que demanda publicidade, eles têm que estar juntos para que a gente
possa fazer uma campanha efetiva, mesmo. Atingir vários meios, e outros
públicos, no caso, não é? Como a maioria das nossas campanhas são para
aquele público mesmo, classes C e D, da periferia, então a gente deve estar
perto, justamente para poder viabilizar esses canais, para ver como essa
mensagem nossa vai alcançar, o cidadão que mora na periferia.
b) Decisão
O processo decisório acerca das ações de comunicação tem início, segundo
o gestor federal, com as demandas formuladas pela área técnica do Ministério da
Saúde para a Assessoria de Comunicação (Ascom). As campanhas, para serem
veiculadas, recebem a aprovação da área técnica e da Ascom do Ministério da
Saúde. Após essas etapas, recebem a aprovação final, institucional, da Secretaria
de Comunicação (Secom) da Presidência da República. O Ministério da Saúde,
então, solicita à Secom a realização de licitação de agências de publicidade
para a criação e a produção das campanhas de comunicação por ela aprovadas:
“O primeiro lugar é que a gente é demandada pelas áreas técnicas [...] As campanhas
são aprovadas por nós, da área de comunicação, mas pelas áreas técnicas, pelos
especialistas. [...] Todas são pela Secom”.
No âmbito estadual, a Assessoria de Comunicação de uma das secretarias
de saúde é subordinada à Agência de Comunicação do Governo do Estado. O
técnico é responsável por demandar as ações e também participa do processo de
aprovação das campanhas de comunicação junto à Assessoria de Comunicação e
à Agência de Comunicação do governo. O material é enviado para a aprovação
do secretário de Saúde na etapa final, quando já foi pré-aprovado pela Agência de
Comunicação e revisado pelos técnicos. Caso haja alguma crítica, o produto final
é discutido, de acordo com o gestor de comunicação, “democraticamente” entre
as três áreas:
165
[...] eu demando à CCS diretamente [...] sem falar com o secretário. É que,
na verdade, assim, o departamento aprova com o secretário, este próprio
departamento nos comunica, a gente faz o projeto, a gente vai junto com o
projeto, e encaminha para a CCS, por meio da Assessoria de Comunicação.
Mas o secretário sempre sabe o que estão fazendo, porque os departamentos
têm um contato direto com o secretário.
[...] aqui na Secretaria todo projeto passa pela minha mão, de comunicação.
Passou pela minha mão, eu crio o projeto e apresento para o próprio
secretário. A palavra final é dele, ele acaba aceitando o que a gente passa
para ele, mas ele quer dar o ok final, passando por ele. E ouve a minha
opinião e a opinião de algumas pessoas aqui dentro, em cima disso ele fecha
questão.
Não vamos chamar de ONG, que ela está meio em cima do muro, mas,
assim como outras situações de campanha que eles fazem, eles sempre nos
cobram ação, não é que solicitam, a expressão, mas sempre nos dizem o tipo
de mídia que se deve usar, como é usado. Então, a gente tem de tomar um
certo cuidado com eles, uma atenção especial. As demais ONGs não têm
se manifestado.
c) Integração
As campanhas de comunicação de prevenção e controle de doenças do
Ministério da Saúde são demandadas pela área técnica do próprio Ministério,
169
não havendo contato com os gestores ou a área técnica dos estados. A divisão de
publicidade da Assessoria de Comunicação do Ministério da Saúde não trabalha
diretamente com os estados e os municípios. Sua interlocução ocorre por meio
dos comitês formados para a mobilização das campanhas de comunicação do
Ministério. Todas as campanhas realizadas pelo Ministério da Saúde tornam-
se disponíveis na internet para os estados e os municípios, mas não há uma
comunicação direta entre as três esferas. Nas palavras de um dos gestores de
comunicação,
[...] a demanda vem da área técnica. Raramente, a gente conversa com
a área técnica do estado. Quando conversa, conversa com[...] é raro, só
quando tem alguma ação de eventos. Não tão raro, quando tem alguma
coisa, assim, de evento [...]. Volto a repetir, estou falando de publicidade.
A comunicação aqui é inversa. Eu estou esquecendo que tenha área de
evento, área de imprensa, que é a nossa conversa aqui. Senão eu estou sendo
injusto. Eu, simplesmente, estou esquecendo o resto aqui, que tem. Não é
na publicidade. A publicidade, a demanda vem da área técnica.
trabalho muito grande com a esfera estadual, municipal [...]. Mas você não
consegue ter acesso aos dados, porque, na maioria dos casos, a saúde não
está informatizada, não existe uma preocupação, por exemplo, com isso.
[...] agora, o que poderia [...] essa ligação, como nós somos muito comuns,
os três, então, em tese, cada um resolve como acha melhor e tal. Mas acho
que esta integração, esta união, ela utilizaria recursos [...] ao fazer uma
campanha publicitária, por exemplo, talvez eu pudesse gastar menos, e o
Ministério gastar mais em publicidade, dependendo da situação. Mas não
há esta conversa, que eu acho grotesco[...] Grotesco.
[...] a gente não fez material, porque agora essas ações estão muito mais
municipalizadas, o estado só dá um subsídio [...] O município é uma
parceria que a gente tem. [...] Acontece hoje uma campanha[...] É aquilo
que falei: olha, o município mesmo liga para a gente, pedindo para acionar
a Vigilância, para dar uma força, para divulgar, eles estão estruturando
para vacinar e querem uma força. E a gente diz: “Manda”. É assim. Nós
trabalhamos dando suporte técnico.
[...] só teve uma ação até agora que teve participação do município, do
Governo Federal e do estado. [...] Sistema único, em relação à comunicação,
foi a gripe aviária. Esse é um trabalho que está rolando ainda, que está
acontecendo.[...] Cada estado tem que preparar o seu tom de comunicação.
Quando a gente viu aqui [...] dentro do plano de preparação para pandemia,
a parte da comunicação. Quando a gente viu que o plano estava pronto,
inclusive a parte da comunicação, e eu nem sabia. Eu disse: “Espera aí”. Aí
falou: “Mas já é para ser publicado”. Aí eu disse: “Tudo bem, publica-se,
a gente vai apresentar esse trabalho aqui deste seminário que ficamos o dia
inteiro com o representante máximo lá do Ministério da Saúde”. [...] Mas
a gente apresentou, fomos bastante elogiados e naquele momento houve sim
uma articulação com as secretarias dos municípios, porque quando a gente
fez o nosso grupo de trabalho, tinha o nosso grupo da comunicação, aí naquele
momento tinha sim o representante do município, tinha representante do
Governo Federal e ainda Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. Depois deste
trabalho, a gente definiu algumas ações, que era justamente uma das coisas
que a gente precisava fazer, era juntar todos os contatos. Só que aconteceu,
isso foi no final do governo, que a gente conseguiu fazer mais uma única
reunião, eu acreditava que eu estava saindo, porque como você sabe é um
cargo de confiança e a coisa da gripe aviária é tão importante. Então,
como era final de governo, a gente fez apenas mais uma reunião, definimos
algumas ações com os municípios.
d) Estratégias de comunicação
O Ministério da Saúde veicula campanhas durante praticamente todo o
ano. As campanhas com mobilizadores (rádios comunitárias, matérias especiais,
assessoria de imprensa) são utilizadas como meio alternativo para atender às
demandas das áreas técnicas porque não implicam, de acordo com o gestor,
grandes gastos orçamentários:
[...] é mobilização por meio de rádios comunitárias, comunicadores. É um
trabalho mais de assessoria de imprensa. Não só para a rádio, como rede,
jogar na rede. É um trabalho que você pode fazer por meio de matérias
especiais, e jornais, fotografias. Nos programas do Ministério a gente atende
à comunicação dessa maneira, para cobrir o que nós não vamos conseguir
fazer com a mídia de massa, por problemas não só de verbas, mas de tempo
ou de não haver uma necessidade, não é?
Grande do Sul, o Ministério da Saúde era o culpado; às vezes, ele não tinha
capacidade de gestão para influir naquele município.
Segundo ele, a escolha das mídias é feita com base em avaliações técnicas
acerca de audiência, horário de veiculação e linguagem. Estas avaliações são
realizadas pela agência de publicidade que realiza as ações de comunicação da
Secretaria Municipal de Saúde. De acordo com o gestor de comunicação, como
suas ferramentas de avaliação são explicativas, raramente são contestadas as
estratégias de mídia propostas pela agência:
[...] é a agência que faz. As mídias publicitárias, mídia paga. Mídia paga
é a agência de publicidade que faz, porque eles têm toda a estrutura lá para
isso, dificilmente eu vou contestar o planejamento de uma agência, porque
eles têm todos os instrumentos técnicos lá para avaliar qual é a melhor. [...]
Hoje você tem ferramentas técnicas de mídia para definir a audiência,
o horário, a linguagem.[...] Então, quando eles apresentam para a gente
esse planejamento de mídia, a gente pressupõe que essas ferramentas todas
foram utilizadas, certo? A gente pode contestar alguma coisa, questionar
alguma coisa, mas raramente a gente vai modificar aquele planejamento.
e a saúde tem um específico. Saúde, educação, acho que tem cultura e tem
um geral, que são todas as outras (secretarias).
e) Financiamento
Em razão do alto custo das pesquisas qualitativas, elas somente são realizadas
antes das campanhas de comunicação desta Secretaria Estadual de Saúde: “Fica
muito caro, fazer qualidade é caro. É muito caro. Então, a gente faz antes e daí a
gente tem a certeza de que acertou”.
Alguns estados e municípios investem pouco em comunicação porque não
possuem recursos financeiros. Poucas secretarias estaduais de saúde possuem
recursos próprios para realizar todas as ações de comunicação. Contudo, outros
estados e municípios não possuem orçamento para essas ações, sendo necessário
que haja um planejamento integrado e coordenado pelo Ministério da Saúde.
Como reflete o gestor de comunicação,
[...] os estados investem muito pouco em comunicação, principalmente em
saúde. E as Prefeituras também, muito pouco. Existem municípios que não
têm dinheiro, eles pedem de joelhos para rodar panfletos para eles. Se eu
pegar uma cidade X, eu rodo um milhão de panfletos e entrego três deles
para cada pessoa [...], em outros estados isso deve ser um drama, porque a
dificuldade para fazer é enorme.
192
Quero deixar claro que para a gente, aqui, não falta. Quando a gente quer
fazer, a gente vai lá e faz. Só que no interior, é uma coisa assim, ou você faz
integrado, e dá para fazer, por exemplo, no combate ao consumo excessivo
de álcool, é uma campanha que o estado faz [...] Mas não adianta, porque
Minas não está fazendo, porque os (especialistas) em fazer transplante
(estão) aqui, está entendendo? (A pessoa) vem bater boca aqui. Portanto,
um negócio que tem de ser coordenado muito pela União, e a União não
tem que fazer este papel. E isto precisa de mais dinheiro. Eu não sei, eu não
tenho a menor idéia do quanto eles têm de dinheiro, não tenho a menor
idéia, não sei. Mas, sim, esse papel da União, de política macro, é ela que
tem de fazer. Ou ela faz isso ou o cara fica à mercê da boa vontade do
estado. E quem tem dinheiro faz, quem não tem não faz.
Nesta secretaria não existe uma rubrica própria para a área de comunicação
em saúde no orçamento do município. Há uma previsão orçamentária que pode
ser alterada em virtude de prioridades emergentes. O gestor considera baixo o
volume de recursos diante dos interesses em perspectiva:
[...] não é um valor[...] Comunicação em saúde não é carimbado como
saúde. [...] Tem uma previsão orçamentária só. Isto pode diminuir durante
um ano. Normalmente, pela minha experiência, não diminui. Até porque
a verba de comunicação em saúde é pequena. O interesse é maior. Mas é que
as despesas aqui são tão monstruosas, numa Pasta como esta a comunicação
fica pequena.
[...] a Assessoria de Comunicação não tem[...] Não é ela que determina. [...]
A gente não tem recursos próprios. O que a gente faz mesmo é intermediar
essas campanhas. Estamos próximos, podemos até divulgar a campanha,
mas a questão da verba, tem rubricas próprias para cada verba. E a
maioria, como são campanhas grandes, são do Ministério mesmo, alguma
são bancadas pelo Ministério. Algumas, no caso.
f ) Diagnóstico
A percepção de um dos gestores federais é de que o trabalho da Assessoria
de Comunicação do Ministério da Saúde é bom, mas o ritmo do funcionalismo
público é um entrave ao planejamento. O gestor considera que as mudanças de
governo atrapalham a continuidade das ações de comunicação porque a mudança
do político resulta na mudança da estratégia de comunicação e no foco político
da Assessoria de Comunicação do Ministério da Saúde:
[...] mudando a Assessoria de Comunicação, vai mudar completamente
o foco político, daí perde-se a estratégia de comunicação, perde-se o ganho
que tenha tido no passado. No passado não, no passado recente. Vai sempre
mudar isso para comunicação pública, tenho certeza de que é uma tragédia.
Agora, você perguntou se tem saída para isso? Não, não tem saída para isso.
Eu não enxergo.
Ainda, conforme relata o gestor, a análise das pesquisas coletadas pela equipe
de planejamento estratégico da comunicação do Ministério da Saúde indicou que
há uma decepção por parte da população com os serviços de saúde; a percepção da
população de que nada de novo era feito na saúde; uma grande quantidade de políticas
197
[...] então, a gente conversou com a Secom, e a Secom deu uma permissão
que nós somos o único Ministério que tem um posicionamento próprio na
Esplanada. Ou seja, o Brasil um País de Todos tem a marca do Governo
Federal e o Ministério da Saúde tem a sua marca específica, em função
desse momento, em função de se criar um posicionamento. Foi uma coisa
que foi muito trabalhada, demorou uns quatro ou seis meses para conseguir
convencer a Secom que o Ministério da Saúde precisava se posicionar, que
o problema de saúde era um problema muito grave e o Ministério[...]
Precisava ficar claro qual era o posicionamento do Ministério da Saúde no
sentido de política, quais serão as políticas principais.
o seu atendimento no sistema de saúde, porém cai para 58% os que avaliam
positivamente o atendimento geral do sistema de saúde:
[...] a avaliação da saúde por parte da população é altamente influenciada
pelo noticiário. Tanto que hoje a gente consegue perceber em pesquisas,
claramente, uma coisa muito interessante: o usuário, hoje, a gente tinha
uma avaliação muito ruim no meio de 2005, e chegamos no meio de
2006 com uma avaliação muito positiva, ou seja, uma avaliação positiva,
de 70% da população avaliando os serviços, o SUS, ao redor de 71%,
para ser exato, avaliando positivamente os serviços. Mas, ou seja, para
vocês terem uma idéia de como essa parte da imprensa sobre a população
é forte, como é que o noticiário negativo na saúde é ruim, o usuário que
era entrevistado, ele avaliava que o serviço[...] Quando ele avaliava[...]
Nós fizemos perguntas, mudamos um pouco o questionário para ter uma
percepção de como ele percebia o seu atendimento, como a população em
geral era atendida. Quando o cidadão avaliava[...] Ou seja, o usuário
do SUS, avaliava seu atendimento, ele dava 71% de positivo. Na hora
em que ele falava do atendimento das pessoas em geral, pensando não no
atendimento dele, mas como ele via o atendimento do SUS, caía para
58% de avaliação positiva, ou seja, existia uma queda significativa de
avaliação em função[...] Ou seja, ele tinha uma experiência positiva do
atendimento do SUS era um atendimento que não era bom. Não por causa
da experiência dele, mas em função da mídia.
e saber técnico, em razão das mudanças internas que conferiram maior agilidade
ao processo de produção de material de comunicação:
[...] como foi um processo de mudança muito grande, muito, muito grande,
as pessoas ganharam coisas que nunca tiveram. Então, você imagina que
um cara, para fazer um panfleto demorava dois anos, e ele não conseguia
ter [...]. Hoje, se (a pessoa) vier aqui e conseguir me convencer de que aquilo
é importante e tal, para a gente, a área de comunicação, normalmente,
acaba tendo divergência, briga, fulano não gosta de beltrano, tudo isso
[...]. Mas, assim, no geral, teve um avanço muito grande.
[...] sabe que até, assim, a gente não tem tido obstáculos? Porque sempre[...]
Apesar de a gente não ser, como eu digo? Eu não contratar diretamente a
agência que poderia[...] Ah, não, eu queria eu chamar a agência. Não.
Quem faz isso é o (governo), como unidade central. Mas eles nunca deixaram
a gente, assim, na mão. Na hora que a gente diz: “A saúde”, eu acho que
tem sido, nesses últimos anos, prioridade do governo, tanto do último que
acabou [...] quanto agora [...] eles têm falado: “Olha, saúde, para a gente,
é prioridade”. Então, toda vez que a gente teve que recorrer para fazer
campanha para surtir efeito, nós tivemos apoio e realmente fizemos.
trabalha muito forte nesta época do ano. Então, este é um assunto que está
agindo proativamente.
Este gestor em comunicação encontra resistência dos gestores para falar com
a imprensa:
208
[...] o gestor também não quer se expor, mas ele é a única pessoa que pode
falar, infelizmente. Então, eu entendo o lado dele, eu entendo a imprensa,
mas a gente tem que ser o mediador, mesmo. Então, às vezes, a gente encontra
uma certa resistência quanto a um problema, que, às vezes, tem solução,
de uma forma imediata. Para a gente começar a negociar, para achar a
solução, demora um pouco. Às vezes eu fico ao telefone quase meia hora
convencendo o gerente a falar, e talvez até pensando na resposta, porque
a gente não pode ficar sem dar respostas, não é? Então, é um trabalho
de negociação, eu sempre digo isso, porque a gente tem que convencer a
pessoa, e isso se dá por meio do esclarecimento mesmo, de dizer o quanto é
importante para um homem público. Se a gente não falar, pode ficar numa
situação difícil.
g) Monitoramento
No âmbito federal, um gestor técnico em comunicação estabeleceu que não
há monitoramento pelo programa de prevenção e controle de doenças das ações
de comunicação descentralizadas dos estados ou da distribuição do material de
campanha enviado para eles:
Entrevistador: Como é que você monitora essa ação dos estados? [...]
Entrevistador: É descentralizada.
Faz todo dia pela manhã, cedo, às 7h está feita a “clipagem”, que é um
recorte de todos os meios mais estaduais em que saíram os nossos releases, ou
de matérias nacionais, que saíram sobre saúde, ele coloca, está disponível
para todo mundo. Além disso, nós temos uma lista de diretores de hospitais,
de diretores daqui de dentro, de pessoas que nos solicitaram essa “clipagem”.
Ele manda para o e-mail pessoal de cada um.
Sim, a gente grava todas as matérias que saem, a gente tem o controle, não
é? [...] Porque alguém pede para ver, ou mesmo eu, por curiosidade, ou o
secretário pede para ver.
210
h) Avaliação
No âmbito federal, a avaliação de políticas públicas e programas de
comunicação em saúde ocorre por meio da análise de informações e dados gerados
por pesquisa. Atualmente, o Ministério da Saúde realiza pesquisas que indicam
o nível de conhecimento dos programas e das políticas públicas de saúde pelo
cidadão, e também a importância que conferem a esses programas e sua cobertura.
O cruzamento desses dados permite a identificação das áreas prioritárias para a
atuação do Ministério da Saúde.
Então, essas pesquisas, a gente, além de avaliar o atendimento do cidadão,
a gente passou a avaliar uma coisa que foi feita aqui, no Ministério, o
nível de conhecimento que o cidadão tem dos programas e das políticas
públicas. E não só o nível de conhecimento, mas a importância que eles
dão para eles, e a cobertura, quantas pessoas tinham sido atendidas ou
que conheciam alguém que tinha sido atendido pelo próprio programa.
Então, a gente passou a cruzar a questão da importância da avaliação dos
programas com a cobertura deles, para quê? Para a gente poder, realmente,
identificar, pela ótica da população, quais as áreas que a gente precisava
atuar mais fortemente.
Você não pode fazer uma grande pesquisa nacional, mas fazer o modelo em
duas cidades, de 500 mil habitantes, duas ou três cidades, no Nordeste e no
Norte. Ou fazer esse modelo tem duas ou três cidades de 500 mil habitantes,
ou em três ou duas cidades com mais de um milhão de habitantes, na
Região Sudeste. E, lá no Sul, de outra forma, por quê? Porque as políticas
e as necessidades são completamente diferentes.
Nos grupos focais a gente testa, por exemplo, assim, ah[...] Eu testo a
campanha de rádio, eu testo a campanha de TV. Primeiro, eu trabalho
com recall espontâneo, vou saber[...] “Você lembra de alguma coisa que
fale da Aids?”. Sempre eu tenho um bom recall espontâneo. Depois o recall
provocado[...] É[...] [...] Induzido, eu mostro a campanha. “Ah, eu vi [...]
essa”. Geralmente é 100%, muito difícil uma pessoa no grupo não ter
visto. E eu faço isso com os cartazes também, entendeu? Como o grupo focal
você não trabalha o quanti. [...] Você só trabalha o, é[...] O quali, só o
215
conteúdo, mas, assim, numa orelhada, você vê que todos os grupos, cartazes
e folhetos a pessoa[...]
O gestor federal prevê realizar pela primeira vez uma pesquisa quantitativa
de avaliação para o carnaval de 2007:
A pesquisa deste ano, agora, de avaliação do carnaval, a novidade vai ser
essa, ela vai ser quanti, não vai ser quali, a gente vai fazer com[...] [...]
Vamos fazer um inquérito e representação de todos os Brasis.
Gestor: Não tem. [...] Não tem nada no contrato [das agências de
publicidade], nenhum mecanismo legal para você fazer a gestão.
216
Gestor: Sim. Diário. [...] São duas pessoas que trabalham comigo, uma
é agente administrativo e a outra técnico em comunicação. [...] Fazemos
dentro da Secretaria. E é só clipping de jornal impresso, não tem de rádio
nem de TV.
Eles fazem por amostragem. [...] Eles apresentam para a gente, e a gente,
dali, já tem como[...] Até para outras ações, não é? A gente já tem como
exemplo, já tem aquele retorno para[...] Se a ação realmente foi boa, se a
gente pode repetir. Nós já tivemos casos, assim, da gente repetir a campanha,
de tão boa que ela foi.
Gestor: Daqui. [...] Mas eles trazem para a gente esse feedeback. Geralmente
é o Ministério da Saúde que faz, não é? O pessoal do Ministério da Saúde.
E o daqui também [...]. Eles têm uma equipe muito boa, um trabalho em
campo, eles trazem para a gente uma realidade que, talvez, a gente pudesse
até ser mais exigente com esse feedeback, mas sempre que eles trazem, eles já
dizem para a gente: “Olha, tal cidade ficou muito aquém, nós tivemos um
índice de vacinação muito abaixo do esperado”.
Mas, sim, nas campanhas, a gente tem supervisão. Então, uma das coisas
que eles fazem é chegar nas regionais, nos postos, e perguntar: “Você escutou?
Por onde você escutou? Você viu um pôster? Você viu a faixa?”.
Eu acho que deveria ter, a gente tem um órgão que coordena toda a
Assessoria de Comunicação. Eu acho que esse órgão é quem deveria avaliar
o desempenho de cada Assessoria. Eu acho que está engatinhando isso.
Eu acho que a avaliação seria depois que a gente tivesse o resultado da imprensa,
para ver se a mensagem que a gente quis passar teve resposta daquela crise,
se ela foi bem aceita, ou não, fazendo uma avaliação até mesmo das pessoas
que estão ao redor da instituição, para ver se aquela resposta foi avaliada, no
caso. E essa avaliação deveria ser feita pela própria gestão, pela Prefeitura, e
pelo gabinete. Eu acho que eles é que deveriam avaliar.
Porque não adianta ter um dado na mão, que foram vacinadas tantos
milhares de crianças e eu não sei se as pessoas foram para a vacinação
conta na divulgação. Eu acabo participando, depois, uma avaliação falsa.
Tem um dado para mim, um dado positivo, de vacinação, atingiu a meta
de vacinação, e eu não posso saber se eu tenho alguma coisa, alguma
responsabilidade, até que ponto vai a minha responsabilidade nessa
questão. Então, volto a dizer, falta uma avaliação. Penso que a questão
desse feedback para a população seria o ideal.
Gestor: Isso ela faz diretamente com a Prefeitura. Nós não temos nenhuma
ascendência sobre a agência.
223
a) Planejamento
Quatro agências de publicidade servem ao Ministério da Saúde. Uma delas
possui profissionais que trabalham na Assessoria de Comunicação (Ascom), que
funciona como uma mediadora para a agência dentro do Ministério, recebendo as
demandas e iniciando o planejamento. O briefing é realizado com a participação
da Ascom e da agência de publicidade. Caso seja necessário, há a participação
da área técnica do Ministério da Saúde. Dentro da agência de publicidade, o
briefing é trabalhado pelo planejamento e revisado pelo cliente, para em seguida
ser repassado para a criação. O tamanho da equipe da agência de publicidade que
vai trabalhar com determinada demanda de comunicação do Ministério da Saúde
224
b) Estratégias de comunicação
Uma das agências de publicidade segmenta públicos-alvos, contudo evita
especificar muito, pois as campanhas possuem custos e características de campanhas
de comunicação de massa. Há a inserção de personagens com determinado perfil
de grupos com maior vulnerabilidade à Aids para gerar a identificação com esses
grupos. Segundo o gestor, as campanhas para prevenção de doenças buscam a
mobilização social por meio da mudança de comportamento. Como explica:
[...] a gente já teve um cuidado muito grande para não fazer uma
campanha muito específica. Por exemplo, a gente não pode jogar na
televisão a um custo de uma campanha de massa uma ação tão específica
para idosos, porque, quer dizer, aumentou neles, mas não significa que,
estatisticamente, isso, num número absoluto, signifique o investimento
de R$ 5 milhões, R$ 6 milhões, só para idosos. Mas a gente começa a
trabalhar isso usando personagens idosos. [...] A gente começa a fazer ações,
quando não dá para serem específicas, a gente coloca elementos dessas na
campanha, que buscam essa identificação. Porque, realmente, é aquilo que
a gente disse lá no começo: é muita gente. [...] A meu ver, uma campanha
de mobilização é aquela que é capaz de apresentar, de maneira clara, à
população, primeiro, o que você quer dizer, segundo, o que você espera dela,
tá? Essa campanha só vai ter sucesso a partir do momento em que as pessoas
que estão recebendo essa mensagem entendem e mudam o comportamento.
Então, a campanha de mobilização, para ter sucesso, tem de ser capaz de
mudar o comportamento.
[...] nas duas últimas campanhas para a dengue nós utilizamos isso, e
estamos utilizando nesse momento, é o merchandising. Uma coisa que a
gente, não costumeiramente, mas já fez, foi uma ação com os comunicadores
de rádio. A partir do público e da mensagem que a gente está querendo
passar também. Algumas mensagens têm uma característica mais formal,
pode ser que não caiba muito bem em uma ação de merchandising, é
mais interessante você trabalhar uma cartilha, alguma coisa que seja mais
segmentada por outro tipo de penetração. Agora, é mais pela definição
desse público. Que público vai receber. E aí a escolha desses programas é
compatível com as audiências. Se a gente quer mobilizar a dona de casa,
vai trabalhar com a Ana Maria Braga, porque a audiência é desse público
e nos leva a esse raciocínio e a esse planejamento.
c) Diagnóstico
O Ministério da Saúde, segundo um dos publicitários, é um cliente de
grande visibilidade, conseqüentemente suas campanhas precisam ser muito bem
trabalhadas e pensadas para que tenham efetividade e não gerem conflitos:
O Ministério da Saúde, como um órgão federal, público federal, é um
cliente muito visado [...]. Quer dizer, ele tem de tomar muito cuidado com
o trato da sua comunicação para não se expor, não correr riscos e não sofrer
qualquer retaliação.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
a) Planejamento
b) Decisão
Governo Estadual. Nos municípios, ainda que não seja possível visualizar de
modo tão claro este processo, dada a diversidade de modelos, é perceptível o viés
centralizador, em geral comum ao poder executivo, nas diferentes esferas.
Na esfera federal constata-se o profissionalismo de gestores de saúde e
gestores de comunicação, o viés participativo e descentralizador, presente como
ideal ao longo do processo decisório como um todo, ao menos enquanto discurso.
Não é claro, porém, em que medida as instâncias que contam com a participação
de estados, municípios, sociedade civil e movimentos sociais possuem ou não
poder de decisão sobre a gestão da comunicação. Chama atenção, em particular, a
afirmação de um gestor de que as agências de publicidade parecem perceber como
“dificuldade” a participação do usuário do sistema no processo decisório.
Um fato evidente é que programas federais, que possuem gestores bem
articulados, tratam de problemas de grande visibilidade social, e contam com
a efetiva participação de representantes do governo, de organizações não-
governamentais e de movimentos sociais organizados atuantes, atingem metas
de desempenho, obtêm mais recursos e gozam de grande autonomia na gestão da
comunicação, possuindo inclusive profissionais e estruturas próprias.
Ao revés, programas federais, que possuem gestores bem articulados, mas
cujos problemas tratados não possuem grande visibilidade social, ou não contam
com movimentos sociais organizados e Ongs atuantes, possuem menos fontes de
financiamento, gozam de menor autonomia na gestão da comunicação, sendo,
portanto, mais dependentes das estruturas centrais de comunicação do Ministério
da Saúde.
Por exigência do edital federal, as agências vencedoras são obrigadas a
alocar nas dependências do Ministério da Saúde infra-estrutura e profissionais
de publicidade, escolhidos por decisão do gestor político-administrativo. Estes
profissionais passam, assim, a atuar e interagir diretamente com os gestores
federais de comunicação e gestores técnicos em saúde. Esta convivência assegura
a existência de canais permanentes de comunicação direta entre agência, gestores
técnicos em saúde e em comunicação do Ministério, que revelam intimidade,
conhecimento, critério e desenvoltura no trato com as agências de publicidade.
A percepção dos gestores técnicos em saúde acerca dos profissionais de
agência, entretanto, é de distanciamento. O contato com profissionais da agência
possui um caráter pontual, esporádico, quase anual, pautado de forma cíclica pelo
calendário de campanhas de saúde já citado.
Já na área de imprensa, os gestores de comunicação articulam, contatam,
demandam e são demandados cotidianamente pelos órgãos de imprensa,
238
c) Integração
d) Estratégias de comunicação
e) Financiamento
f ) Diagnóstico
público, requisito básico para educação em saúde. Cuidam não apenas dos aspectos
técnicos da produção de materiais, mas principalmente da correta adequação e
sintonia entre objetivos, estratégias, mídias e materiais de campanha.
Em alguns casos, encontramos a afirmação do gestor de que a comunicação
interfere de modo positivo na gestão da secretaria de saúde municipal. Neste
sentido, o gestor acredita que, quando a comunicação funciona, promove a
formação de alianças entre setores sociais em torno de objetivos comuns – fator
importante para o êxito das ações. Quando funciona mal ou não funciona,
principalmente em situações de crise, torna-se um fator de risco, considerando
que pouca ou nenhuma informação é melhor do que uma informação errada.
Na direção oposta, o esboço de um outro cenário, pouco favorável:
• As ações de comunicação realizadas pelas três esferas não possuem
coordenação, carecem de estrutura e planejamento institucional
articulados.
• A comunicação não é tratada com o profissionalismo que merece e exige.
• A comunicação é negligenciada pelos serviços de saúde.
• A comunicação é acionada de forma desordenada pela área técnica, após as
ações de saúde.
• As ações de comunicação do programa federal não são reconhecidas como
tais, em parte por não possuírem memória institucional e carecer de um
levantamento quantitativo sistematizado.
• A secretaria de saúde estadual ignora a importância da presença de outros
profissionais de comunicação, além do jornalista, na gestão da comunicação
em saúde.
• Na relação com a imprensa, os profissionais da secretaria estadual de saúde
desconhecem a importância da assessoria de imprensa.
• As ações de saúde (os serviços de saúde) são consideradas mais importantes
do que as ações de comunicação
Há reflexões e dificuldades comuns à gestão da comunicação, extraídos a
partir da leitura atenta de diferentes discursos dos gestores:
• O sistema público de saúde parece ser guiado pela falsa lógica de que é
mais “fácil” tratar do que prevenir.
• A grande quantidade de programas federais de saúde (160, de acordo com
o plano plurianual) e a gestão centralizada da comunicação no Ministério
dificultam e inviabilizam o planejamento integrado das ações.
260
g) Monitoramento
h) Avaliação
• Instâncias de avaliação
• Controle Social
Há dúvidas inclusive quanto aos efeitos alcançados por ações que buscam
ampliar os espaços de notícias positivas de saúde, através do chamado “marketing
direto” (a presença do prefeito, do secretário). Ainda que ocupem espaço na
mídia de forma positiva, podem não surtir efeito junto à população, como afirma
um gestor, ao constatar, após a campanha no município, índices de cobertura
vacinal inferiores à meta federal.
• Indicadores diretos
• Pesquisas de opinião
• O controle de custos
É natural que o tema “custos” surja de modo mais claro na esfera federal.
Não apenas devido ao grande volume de recursos envolvidos, mas principalmente
porque na maioria dos estados e municípios visitados os orçamentos estaduais
e municipais não contemplam, como já foi visto, uma rubrica específica para
comunicação em saúde (ver item Financiamento).
O controle dos custos é importante elemento da avaliação de campanhas
e ações de programas de saúde federal, sendo computados os gastos com o
atendimento aos casos de doença, com a capacitação, atendimento, etc., mas
raramente, de acordo com o gestor técnico em saúde, existe um mecanismo
279
7 REFERÊNCIAS
FIALHO NETO, Crizantho A.; RIBEIRINHO, Thais P. Nem você nem a água
podem ficar parados. A mudança do discurso publicitário de prevenção da dengue
em busca da mobilização social. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2007.
POPE et al. Analyzing qualitative data. In: POPE, Catherine; MAYS, Nicholas
(Org.). Qualitative research in health care. 3. ed. London: Blackwell Publishing e
BMJ Books, 2006b.
APÊNDICES E ANEXOS
a) Consulta às bibliotecas:
Acesso físico:
• Biblioteca Central da Universidade de Brasília;
• Biblioteca do Ministério da Saúde.
Acesso virtual:
• Biblioteca Científica OnLine Eletrônica – Scielo (http://www.scielo.br);
• Biblioteca digital da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –
banco de teses (http://www.sapientia.pucscp.br);
• Biblioteca digital da Universidade de Campinas – Banco de teses
(http://libdigi.unicamp.br/document/list.php?tid=7);
• Biblioteca digital da Universidade de São Paulo – banco de teses (http://
www.teses.usp.br);
• Biblioteca digital da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – banco
de teses (http://www.bdtd.uerj.br);
• Biblioteca digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul –
banco de teses (http://www.biblioteca.ufrgs.br/bibliotecadigital);
• Biblioteca digital da Universidade Metodista de São Paulo – banco de
teses (http://www.ibict.metodotist.br/tedeSimplificado/tde_busca/
index.php);
• Biblioteca virtual da Associação Nacional dos Programas de Pós-
Graduação em Comunicação – Compós (http://www.compos.org.br);
• Biblioteca virtual da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior – Capes/MEC – banco de teses (http://www.Capes.gov.
br/serviços/bancoteses.html);
• Biblioteca Virtual da Saúde – BVS (http://www.bireme.br/php/index.
php);
• Biblioteca virtual da Universidade Federal do Rio de Janeiro – banco de
teses (http://www.minerva.urfrj.br);
• Biblioteca virtual do Centro Universitário Uniceub (http://www.
biblioteca.Uniceub.br/cons/cons.asp);
290
Acesso virtual:
• Economía Política de las Tecnologías de la Información y Comunicación –
Eptic OnLine (http://www.eptic.com.br)
O periódico virtual é editado pela Rede de Economia Política das Tecnologias
da Informação e da Comunicação (Eptic) da Universidade Federal de Sergipe
(UFS).
Áreas de interesse: economia política da comunicação, da informação e da
cultura; comunicação e espaço público; estudos críticos sobre fenômenos
midiáticos e informacionais.
Editora: UFS.
• Journal of Vector Ecology (http://www.sove.org/Journal.html)
Periódico internacional da Sociedade para Ecologia do Vetor (Sove), publica
artigos e notas de pesquisas.
Áreas de interesse: biologia, ecologia e controle de vetores artrópodes.
Editora: Sove.
• Texto & Contexto Enfermagem (http://www.textoecontexto.ufsc.br/)
Desde 1992, a revista é publicada pelo Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Seu conteúdo
compreende os temas da área de saúde, principalmente enfermagem.
Áreas de interesse: saúde e enfermagem.
Editora: UFSC.
297
Bibliografia revisada
BAGLINI, Virgínia et al. Dengue control as viewed by agents and the target
population in São José do Rio Preto, São Paulo, Brazil. Cad. Saúde Pública., Rio
de Janeiro, v. 21, n. 4, 2005.
298
COSTA, João Roberto Vieira da; FANTINI, Flamínio. Comunicação faz bem à
saúde. Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e Organização Mundial da
Saúde (OMS), 2004 – versão preliminar.
KLAIDMAN, Stephen. Health in the headlines: the stories behind the stories.
New York: Oxford University Press, 1991.
______. O sujeito coletivo que fala. Interface – Comunic., Saúde, Educ., v. 10, n.
20, p. 517-524, jul.-dez. 2006.
LINES, J. et al. Trends, priorities and policy directions in the control of vector-
borne diseases in urban environments. Health Policy and Planning, v. 9, n. 2, p.
113-129, 1994.
MAYS, N.; POPE, C. (Ed.). Qualitative research in health care. London: BMJ,
Publishing Group, 1996.
305
ORLANDI, Eni Puccinelli et al. Sujeito e texto. São Paulo: Educ, 1988 (Série
Cadernos PUC).
Mestrado
Orientador: Vitória Kedy Cornetta
Data da defesa: 01/07/2003
Autor: José de Sá
Título: Medicina e jornalismo: comunicação em exame
Data da defesa: 01/04/1995 1 v. 156 p.
Mestrado. Universidade Metodista de São Paulo – Comunicação Social
Orientador: Isaac Epstein
Biblioteca depositária:
Documentos recolhidos
Campanhas de Comunicação
Secretaria de Saúde do DF
Santa Catarina
São Paulo
Aids
Notas sobre a Não leve Aids para casa – Dia Mundial de Luta 2000
campanha contra a Aids
Notas sobre a Camisinha: a melhor amiga da estrada – 2000
campanha campanha para camioneiros
Notas sobre Aids e racismo: o Brasil tem que viver sem 2005
a campanha, preconceito – Dia Mundial de Luta contra a Aids
cartaz,
logomarca e
folders
Spot de rádio, Vista-se – carnaval 2005
vídeo, folheto,
folder, cartaz,
logomarca, grade
de distribuição
de preservativos,
grade de
distribuição
de material
de campanha,
notas sobre a
campanha
Bandana, vídeo, Vista-se – carnaval 2006
spots, cartaz,
cartaz para
ponto de ônibus,
folder, porta-
camisinha, grade
de distribuição
e notas sobre a
campanha
Vídeo, spot A vida é mais forte que a Aids – Dia Mundial de 2006
de rádio, Luta contra a Aids
folder, cartaz,
logomarca,
banner, grade
de distribuição
nos estados e
notas sobre a
campanha
443
GESTÃO DA COMUNICAÇÃO
9 788533 415331
GESTÃO
DA COMUNICAÇÃO
aplicada à vigilância em saúde:
a percepção dos gestores
[relatório de pesquisa]