Saberes e Fazere
Saberes e Fazere
Saberes e Fazere
Este trabalho traz o resultado de uma pesquisa com o povo Kalunga da comunidade Prata de
Cavalcante de Goiás com suas historias, seus processos de resistência, seus saberes e fazeres. Esse
povo há muito tempo vem resistindo numa trajetória árdua. Uma trajetória que não foi encarada de
forma nada passiva, e ainda não está sendo. Eles vêm lutando constantemente para a garantia de seus
direitos e para a preservação de sua cultura. Prata é uma comunidade que tem muito de saber popular,
tradicional, e isso o trazemos neste trabalho, que é o poder de curar por meio dos benzimentos. Esses
saberes e fazeres quilombolas cura doenças das mais variadas formas, promove parto caseiro, dentre
outros. As plantas medicinais cultivadas nos terreiros ou até mesmo nativos da região, tem um papel
fundamental, que é de auxiliar na eficácia dessas ações. São saberes que foram passado de geração,
por meio da observação e por via oralidade, sendo que esse costume ainda não deixou de existir nas
comunidades tradicionais. O que é fundamental para a preservação dessa cultura quanto para a
realização de desenvolvimento de trabalhos acadêmicos.
ABSTRACT
This paper presents the results of a survey of the Kalunga people of Cavalcante Prata community of
Goiás with their stories, a means of resistance, their knowledge and practices. These people long has
resisted an arduous path. A path that was not seen anything passively, and is not already. They have
been fighting constantly for the guarantee of their rights and the preservation of their culture. Prata is a
community that has a lot to learn popular, traditional, and that we bring this work, which is the power
to heal through benzimentos. These knowledge and practices maroon cure diseases in many different
ways, promotes home birth, among others. Medicinal plants grown in terraces or even natives of the
region, plays a key role, which is to assist in the effectiveness of these actions. Is knowledge that have
been passed down from generation, through observation and through orality, and this custom has not
ceased to exist in traditional communities. What is essential for the preservation of this culture as for
conducting development of academic papers.
1
Licenciada em Educação do Campo. Professora da Educação Básica do Campo. E-mail:
2
Mestre em Ensino de Língua e Literatura; Doutora em Linguística; Professora Titular da Faculdade de Ciências
Tocantins FACIT; Pesquisadora CNPQ grupo de pesquisa da Universidade de Brasília SOLEDUC; Pesquisadora
vinculada ao Laboratório de Línguas Indígenas LALI Universidade Federal do Tocantins UFT. Orientadora da
pesquisa. E-mail: sissi@faculdadefacit.edu.br.
3
Mestre em Educação; Pedagoga; Bacharel em Odontologia; Diretora geral da Faculdade de Ciências do
Tocantins FACIT. e-mail: angela_ortoface@hotmail.com.
4
Professora da Faculdade de Ciências do Tocantins. E-mail: 07@hotmail.com.
5
Professora da Faculdade de Ciências do Tocantins. E-mail: rosehonda_radiocenter@hotmail.com.
espinhela caída, erisipela e vento virado. informações, foram feitas duas entrevistas,
Quem quer que percorra as comunidades sendo a última com questionário, para
nomes que fazem parte de um mundo de fé, levantar dados sobre o benzimento na sua
16 17
Resumo de Joyce Muzi publicado em: A Resumo de Joyce Muzi publicado em: A
BENZEÇÃO COMO PRÁTICA BENZEÇÃO COMO PRÁTICA
TERAPÊUTICA - DANIELA ARAÚJO TERAPÊUTICA - DANIELA ARAÚJO
TEIXEIRA LEITE 1, LÉA RESENDE TEIXEIRA LEITE 1, LÉA RESENDE
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Cunha Albieri Nery -Centro Universitário do Cunha Albieri Nery -Centro Universitário do
Triângulo– Triângulo–
Uberlândia/MG)ransmutese.blogspot.com.br/ Uberlândia/MG)ransmutese.blogspot.com.br/
2011/06/o-benzimento-o-que-e-quem-pode- 2011/06/o-benzimento-o-que-e-quem-pode-
benzer.html. Quarta-feira, 8 de junho de 2011. benzer.html. Quarta-feira, 8 de junho de 2011.
Acesso: 20-jan-2016. Acesso: 20-jan-2016.
2. Qual era sua idade quando fez o 6. Quais são as rezas utilizadas no
primeiro Benzimento? ato do Benzimento?
10. A Senhora (ou o Senhor) volta período em que não se tinha alternativa de
algum tempo depois à casa do cura das enfermidades, pois o acesso a
doente para verificar se ele
melhorou? médicos e hospitais era inviáveis devido à
falta de transporte para a cidade. Até nos dia
atuais, se procura muito por esses saberes
que geralmente são caracterizadas por
[...] dona Marina, nos anos de 1980 a cultura passaram por muitas dificuldades quando
era muito forte, todos participavam de tudo, das ainda crianças passaram fome e frio.
rezas, das folias, dos festejos etc. Agora essas
culturas estão se perdendo, pois os jovens já Ressalta a benzedeira III, que não gosta de
não se interagem mais como antigamente. Para
ela a terra é tudo, porque foi da terra que ela lembrar desse tempo ruim não. Fala que
adquiriu tudo... ouviu um trator zoando em quando chegava alguém em casa, tinham
direção a roça realmente era mesmo em sua
direção que ele ia para passar a máquina na que ficar na camarinha escondida até a
roça que tem, foi criada e criou sua filha. Então
visita ir embora, pois não tinham roupas
ela só tem orgulho da terra, a conquista pelo
seu território foi quando seu pai morreu mesmo descentes para vestir, só alguns pedacinhos
assim um fazendeiro vizinho queria tomar o seu
pedaço de chão que seu pai havia lhe deixado de pano para se enrolar.
que fosse dali que ela tirava o sustento para ela Elas relatam que o benzimento
e para a sua filha. Conta dona Marina que ela
estava limpando o seu arroz já plantado toda, sempre esteve presente em suas vidas e que
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Fonte:
http://www.unb.br/aluno_de_graduacao/cursos/educa
cao_do_campo. Acesso: 20-jan-2016.