Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Camoes Lirico Epico

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 6

PORTUGUÊS 2021/

2022

TESTE DE AVALIAÇÃO
Grupo I
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
PARTE A

Lê o poema. Se necessário consulta as notas.


Eu cantei já , e agora vou chorando
O tempo que cantei tã o confiado:
Parece que no canto já passado
Se estavam minhas lagrimas criando.

5 Cantei; mas se me alguém pergunta, quando?


Nã o sei; que também fui nisso enganado.
É tã o triste este meu presente estado,
Que o passado por ledo1 estou julgando.

Fizeram-me cantar manhosamente


10 Contentamentos nã o, mas confianças:
Cantava, mas já era ao som dos ferros2.

De quem me queixarei, se tudo mente?


Porém que culpas ponho à s esperanças,
Onde a Fortuna3 injusta é mais que os erros?

Luís de Camõ es – Rimas, Coimbra, Almedina, 2005

Notas:
1
ledo: alegre
2
ferros: referência às grades da prisão de Goa ou à prisão amorosa (amor)
3
Fortuna: destino

Responde às questões. Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.

1. O sujeito poético reflete sobre a sua vida e estabelece uma oposição entre o passado e o
presente. Caracteriza essas duas fases da sua vida, fundamentando a resposta com citações
textuais.
2. Explicita o sentido da interrogação retórica no verso 12.
3. Justifica a maiusculização da palavra «Fortuna» no último verso do poema, explicando a
importância deste elemento no percurso de vida do eu.

1
PARTE B
Lê as estâncias de Os Lusíadas. Se necessário consulta as notas.
Vai César sojugando toda França
E as armas nã o lhe impedem a ciência;
Mas, nüa mã o a pena e noutra a lança,
Igualava de Cícero2 a eloquência.
5 O que de Cipiã o3 se sabe e alcança
É nas comédias grande experiência.
Lia Alexandro4 a Homero5 de maneira
Que sempre se lhe sabe à cabeceira.

Enfim, nã o houve forte Capitã o


10 Que nã o fosse também douto e ciente,
Da Lá cia6, Grega ou Bá rbara naçã o,
Senã o da Portuguesa tã o-somente.
Sem vergonha o nã o digo, que a rezã o
De algum nã o ser por versos excelente
15 É nã o se ver prezado o verso e rima,
Porque quem nã o sabe arte, nã o na estima.

Luís de Camões, Os Lusíadas, edição de Emanuel Paulo Ramos,


Canto V, estâncias 96-97, Porto, Porto Editora, 1987, p. 217

Notas:
1
general romano;
2
grande advogado e orador romano;
3
general romano que escreveu peças de teatro, comédias;
4
Alexandre o Grande, o mais famoso general e conquistador da Antiguidade, macedó nio;
5
autor da Ilíada e da Odisseia;
6
romana, latina

Responde às questões. Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.

1. Explica a crítica que é feita aos portugueses entre os versos 9 e 12.

2. Na primeira estância, o poeta faz referência a várias personagens históricas da Antiguidade,


estabelecendo uma comparação entre elas e os portugueses.
Esclarece o sentido dessa comparação.
3. Refere o sentimento expresso pelo Poeta nos últimos quatro versos do texto e justifica-o.

Grupo II
2
LEITURA E GRAMÁTICA
Lê o texto.
Infelizes, devagarinho
Somos — quase todos — infelizes, devagarinho. A diferença entre sermos felizes ou sermos
infelizes, devagarinho, traça-se pela forma como, sempre que somos felizes, quando olhamos
quem se ama, se sente que a beleza dessa pessoa será , hoje mais do que ontem, “a luz dos
nossos olhos”. Sem a qual a nossa vida morre sem ser preciso que se morra. E quando somos
5 infelizes, devagarinho, nã o nos sentimos nem felizes nem infelizes. Ainda assim, nã o temos
“pú blico” para as nossas lamú rias. O mimo chega-nos por gestos ocasionais, quase sem querer,
que acabam por se ter. E o colo nã o é uma profissã o de fé, quase diá ria, que se assuma, como
quem se sente capaz de tratar por tu qualquer milagre. As coisas sucedem-se e acontecem.
Num “É a vida!” que, primeiro, se insinua e, depois, quase se entranha. Que é uma forma das
10 pessoas dizerem que, depois da paixã o, se perde o jeito para os pequenos detalhes. E que a
resignaçã o começa a conspirar, sem alarido. Nã o se mente. Mas nã o se assina, tantas vezes
assim, por debaixo da verdade. Consente-se. Há pouco o que nos comova. Que será , talvez, o
primeiro sinal de que se está a ser infeliz. Devagarinho.
A questã o que se pode colocar, de seguida, fica-se pelas consequências que pode ter sobre
15 nó s sermos infelizes devagarinho. De que forma nos pode revolver alguém com quem
conseguimos, sobretudo, conversar sobre as crianças. Sobre as trocas e as baldrocas do
trabalho. Acerca de quezílias, miudinhas, de família. Ou sobre um ou outro acontecimento à
nossa volta. Nada de mais. Com que se enche a conversa e se enxota o silêncio. Como se pode
recordar momentos lindos com alguém que nos morreu e, ainda assim, sermos felizes junto de
20 quem os viveu a par, connosco? Ou vivermos o amor como uma vocaçã o que, simplesmente,
nos escapou (e que, quando muito, existe só nos filmes)? Como se pode estar vivo e desistir do
amanhã ? Como pode o melhor do amor ser a memó ria?…
É verdade que há pessoas muito infelizes nos seus amores. E pessoas cuja presença, ao pé
de nó s, nos magoa e faz mal. É verdade que há pessoas que nos transfiguram e acidificam. E
25 que há pessoas que nos maltratam, enquanto repetem e repetem que gostam de nó s. E que
diante de todas essas violências ser infeliz, devagarinho, é ser-se tã o mais feliz que todas elas
que quase nos dá medo ao querermos mais.
Eu acho que todos nó s falamos da felicidade como um lugar distante. Ou como uma coisa
breve e passageira.
30 Se eu pudesse, proibia que as pessoas falassem assim da felicidade. Porque só o fazem
porque aceitam ser felizes, a olhar para trá s.
Sempre que a memó ria é a melhor companhia do amor isso distrai. E, diante da infelicidade,
que chega, assim, com delicadeza, nã o nos deixa dizer: «Agora, nã o!». Nem a seguir.
Prosseguindo. Até ser feliz.
Eduardo Sá , in Observador, 22.11.2020
(texto adaptado)

3
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.
Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida (uma
em cada linha da folha)
1. No primeiro parágrafo, o estar-se ou ser-se «infeliz, devagarinho» está relacionado com
(A) a escassez de momentos de solidão.
(B) o distanciamento que se instala entre o casal.
(C) as desavenças que surgem com frequência.
(D) o amor crescente e a dependência do outro.

2. As interrogações presentes no segundo parágrafo pretendem


(A) demonstrar o valor das recordações numa vida a dois.
(B) contrastar as conversas quotidianas e as desavenças de família.
(C) evidenciar a incompatibilidade entre a felicidade e a resignação.
(D) uma evidente relação com a Natureza.

3. Segundo o autor, mesmo sendo infelizes, devagarinho, somos muito mais felizes do que
(A) quem partilha a vida com pessoas violentas.
(B) aqueles que maltratam os seus parceiros.
(C) as pessoas com poder de mudar o outro.
(D) as pessoas que pretendem sempre mais.

4. O autor, no final do texto, conclui que


(A) a memória assume lugar de destaque na felicidade.
(B) a felicidade é incompatível com o ser humano.
(C) a condição para sermos felizes é olharmos para trás.
(D) o refúgio nas recordações condiciona a busca da felicidade.

5. A modalidade presente na expressão «Agora, não!» (l.33) é


(A) epistémica com valor de certeza.
(B) epistémica com valor de probabilidade.
(C) deôntica com valor de obrigação.
(D) deôntica com valor de permissão.

6. Identifica as funções sintáticas desempenhadas pelos constituintes sublinhados.

a) «entre sermos felizes ou sermos infelizes». (ll.1-2)


4
b) «de tratar por tu qualquer milagre» (l.8).

7. Classifica a oração transcrita: «que há pessoas muito infelizes nos seus amores.» (l.23).

COTAÇÕES

Grupo

1. 2. 3. 4. 5. 6. Total
I
20 20 20 20 20 20 120

Grup
o
1. 2. 3. 4. 5.1. 6.a) 6.b) 7. Total
II 5 5 5 5 5 5 5 5 40

Grup
o

ETD CL Total
III
24 16 40

Grupo III

ESCRITA
Observa o cartoon.

5
O desconcerto do mundo foi uma das temáticas exploradas por Camões. Também
nos dias de hoje assistimos a situações de injustiça, de falta de solidariedade para com os
mais frágeis.

Escreve uma apreciação crítica (180-250 palavras) relativa ao cartoon apresentado.

O teu texto deve incluir:

 Uma introdução onde conste a descrição da imagem apresentada, com destaque para os
elementos significativos;
 Um desenvolvimento, no qual apresentes a intenção crítica e a pertinência do cartoon,
usando um discurso valorativo;
 Uma conclusão adequada aos pontos de vista apresentados.

Você também pode gostar