Trabalho de Direitos Reais
Trabalho de Direitos Reais
Trabalho de Direitos Reais
LICENCIATURA EM DIREITO
DIREITOS REAIS
NOCCAO DA POSSE
Beira
2024
GILBERTO ALFREDO NHANTUMBO JUNIOR
NOCCAO DA POSSE
Trabalho de pesquisa e
investigação a ser entregue, na
cadeira de Direitos Reais, ao curso
de Licenciatura em Direito, no
Departamento de Filosofia e
Ciências Sociais, na Faculdade de
Letras e Humanidades.
Beira
2024
Índice
1. INTRODUCAO...........................................................................................................................2
2. PROBLEMATICA.....................................................................................................................3
3. OBJECTIVO GERAL....................................................................................................................4
4. METODOLOGIA.......................................................................................................................5
5. A NOÇÃO LEGAL DA POSSE.................................................................................................6
5.2. As Funções da Posse...............................................................................................................7
9. Os FACTOS TRANSLATIVOS DA POSSE..........................................................................12
11. OS FACTOS EXTINTIVOS DA POSSE............................................................................13
12. EFEITOS DA POSSE...........................................................................................................14
13. OS MEIOS DE DEFESA DA POSSE.................................................................................16
15. CONCLUSAO.......................................................................................................................19
16. BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................20
1. INTRODUCAO
No entanto, esta definição não está isenta de críticas, especialmente por parte do Sr. Prof.
José Alberto Vieira, que levanta três pontos principais de contestação:
1. Função de Proteção: Esta função da posse se revela através das ações possessórias e das
ações de indenização pela violação da posse. A proteção oferecida ao possuidor inclui a
capacidade de reagir contra ameaças, turbações e esbulhos da coisa possuída. O possuidor
tem o direito de buscar reparação dos prejuízos causados por terceiros que violam a posse.
Esta função é crucial para manter a estabilidade e a segurança na posse de bens, garantindo
que o possuidor possa exercer seu direito sem interferências ilegítimas.
A função publicitária da posse é especialmente relevante para bens móveis, uma vez que os
bens imóveis já são cobertos por um sistema organizado de registo predial. Este sistema
assegura a publicidade respetiva e consagra uma presunção de titularidade, conforme
estabelecido no artigo 7.º do Código de Registo Predial (CRP). Para bens móveis, a posse
funciona como um sinal visível de titularidade e controle, facilitando a identificação do
possuidor legítimo e protegendo terceiros que atuam de boa-fé.
Detenção e Posse:
Detenção: Refere-se ao estado onde o indivíduo exerce influência física sobre a coisa e
consegue evitar a influência de terceiros. No entanto, a detenção, por si só, não equivale à
posse.
6. ELEMENTOS DA POSSE:
1. Intenção Declarada (alínea a): A detenção ocorre quando o detentor expressa claramente
que não exerce um direito real próprio sobre a coisa. Essa intenção impede a configuração de
posse.
2. Atos de Mera Tolerância (alínea b): Refere-se aos casos onde o aproveitamento material
da coisa é permitido pelo possuidor, sem constituir um direito real para o beneficiário. Aqui,
o detentor não possui qualquer título de direito real sobre a coisa.
3. Posse em Nome de Outrem (alínea c): Aplica-se quando alguém possui a coisa em nome
de outra pessoa, incluindo: Trabalhadores que detêm bens da entidade patronal;
Representantes do possuidor (e.g., mandatários com poderes de representação).
7. CARACTERÍSTICAS DA POSSE
1. Posse Causal e Posse Formal
Posse Causal: Quando o possuidor é também o titular do direito real ao qual a posse
se refere.
Posse Formal: Quando o possuidor não é o titular do direito real ao qual a posse se
refere.
2. Posse Civil e Posse Interdital
Posse Civil: Relaciona-se a direitos reais de gozo.
Posse Interdital: Relaciona-se a direitos que não são direitos reais de gozo, ou seja,
situações em que o possuidor se beneficia apenas das regras de tutela possessória.
3. Posse Efetiva e Posse Não Efetiva
Posse Efetiva: Quando o possuidor mantém o controle material da coisa através do
(corpus) possessório.
Posse Não Efetiva: Quando a posse permanece apenas como um direito, sem o
*corpus* possessório. Exemplos incluem os arts. 11192/d e 1179 do Código Civil.
4. Posse Titulada e Não Titulada
Posse Titulada: Conforme o art.º 1183, é a posse baseada em um modo legítimo de
adquirir, independentemente do direito do transmitente ou da validade substancial do
negócio jurídico. Requisitos:
A atuação sobre a coisa deve ser baseada em um fato aquisitivo do direito.
O fato aquisitivo deve ter eficácia real para constituir ou transmitir o direito ao
possuidor.
É independente da validade substancial do negócio, exceto no caso de vício de forma.
Posse Pacífica e Posse Violenta: A posse pacífica ocorre quando alguém adquire a
posse de um bem sem recorrer à violência contra a pessoa. Por outro lado, a posse
violenta acontece quando há o uso de violência contra a pessoa para obter a posse. A
legislação geralmente trata de forma mais favorável a posse pacífica.
Posse Pública e Posse Oculta: A posse pública é aquela que pode ser conhecida
pelos interessados, ou seja, é visível e acessível a quem observa normalmente a
situação. Já a posse oculta é aquela que não é facilmente percetível pelos interessados,
requerendo um esforço adicional para descobrir a sua existência.
8.1. Apossamento:
O apossamento refere-se à aquisição original da posse, que ocorre quando alguém obtém
controle material sobre uma coisa que antes não estava sob seu poder. Existem três elementos
essenciais para o apossamento:
1. Prática de atos materiais: A pessoa deve realizar ações físicas para assumir o
controle da coisa.
2. Reiteração dos atos materiais: Não é necessário repetir os atos várias vezes, mas sim
demonstrar uma intensidade suficiente para exercer controle duradouro sobre a coisa.
3. Publicidade dos atos materiais: Os atos devem ser realizados de forma que outros
saibam que o possuidor está assumindo o controle da coisa, negando assim a posse a
terceiros que tentem se apropriar dela de forma oculta.
8.2. Inversão do Título da Posse:
Esse conceito permite que alguém que detém uma coisa, ao exteriorizar um direito próprio
sobre ela, adquira a posse. Em termos simples, quando alguém que detém uma coisa começa
a agir como se tivesse um direito sobre ela, essa ação pode levar à aquisição da posse da
coisa.
A alínea b), do art.º. 1187, prevê a traditio, podendo esta ser material ou simbólica.
Como nota final há que notar que a transmissão da posse depende da validade do contrato
translativo do direito; significa, portanto, que qualquer que seja o vicio que gera a invalidade
a eficácia da posse é atingida.
11.1. Abandono
O abandono corresponde à perda voluntária do corpus pelo possuidor; o possuidor quebra,
assim, o controlo material que tinha sobre a coisa, deixando de a exercer por opção própria.
Consequentemente, a posse extingue-se. Note-se, no entanto, que o abandono só extingue a
posse através da perda do corpus, não bastando a mera intenção de deixar de ser possuidor.
11.5. Esbulho
O esbulho consiste na privação da coisa por ato de terceiro contra a vontade do possuidor. O
esbulhador toma, assim, o controlo material da coisa, afastando o controlo material do
possuidor. A formas típicas de esbulho são o apossamento e a inversão do título da posse pelo
detentor da coisa. Há, no entanto, particularidades no esbulho: este não produz a extinção da
posse automaticamente, na verdade o possuidor esbulhado mantém a posse até um ano depois
do esbulho. A razão deste regime é dar a possibilidade ao possuidor de reagir judicialmente
contra o esbulhador tradicionalmente, através de ações possessórias art.º. 1209.
O art.º. 1195/3 prevê uma regra excecional: em termos de legitimidade negocial, confere a
possibilidade de o possuidor formal de boa-fé alienar os frutos a terceiro antes da colheita.
12.9. Dever de pagamento nos encargos com a coisa (possuidor de boa fé)
O art.º. 1197 coloca no possuidor o dever de pagamento dos encargos gerados pela coisa na
Proporção do seu poder de fruição. Este dever incumbe apenas ao possuidor de boa-fé, já que
depende do poder de fruição, o mesmo não se aplica ao possuidor de má-fé
ou deterioração da coisa
A restituição provisória da posse tem uma regulação processual como procedimento cautelar,
encontrando-se a disciplina respetiva nos arts. 393 a 395 do CPC
A exceptio dominii respeita a um tipo de defesa particular, mediante a qual o réu invoca
contra o pedido do autor ser proprietário da coisa – ou ser titular de qualquer outro direito
real. Com esta defesa, a discussão do processo deixa de se confinar à questão possessória,
passando a envolver o direito de fundo sobre a coisa. Cas Questão que se pode colocar é a de
saber se a composse se exercer nos termos de direito da mesma natureza (homogéneos) ou se
pode haver composse relativa a diferentes direitos (heterogéneos).
De acordo com o art.º. 1210, estes caracterizam-se por serem um meio de defesa da posse
contra uma diligência ordenada judicialmente (arresto, penhora, arrolamento). De modo gral,
um possuidor que veja a coisa por si possuída ser objeto de uma penhora no âmbito de uma
execução em que não é o executado, pode defender-se deduzindo embargos.
CASTRO, Mariana Gouveia et al. Direito das Coisas. 2 ͣ Edição. Almedina. 2018
CORDEIRO, António Menezes. A Posse no Direito Civil Português. Volume 56. Pags:603-626. 2015