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TCC - Jadson - Final - 02

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

JADSON FERREIRA DE LIMA

QUANDO A CIÊNCIA É QUESTIONADA: O QUE PODEMOS APRENDER COM AS


TEORIAS QUE NEGAM A CIÊNCIA ?

PALOTINA
2024
JADSON FERREIRA DE LIMA
QUANDO A CIÊNCIA É QUESTIONADA: O QUE PODEMOS APRENDER COM AS
TEORIAS QUE NEGAM A CIÊNCIA ?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de Licenciatura em Ciências Exatas da Universidade
Federal do Paraná como requisito para a obtenção do
título Licenciado em Física

Orientadora: Prof(a). Dr(a). Roberta Chiesa Bartelmebs

PALOTINA
2024
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QUANDO A CIÊNCIA É QUESTIONADA: O QUE PODEMOS APRENDER COM
AS TEORIAS QUE NEGAM A CIÊNCIA?
Jadson Ferreira De Lima
Roberta Chiesa Bartelmebs

RESUMO
A confiança na ciência tem sido abalada ao longo das últimas décadas. Conforme os
negacionistas vêm tomando cada vez mais espaço nas redes sociais, e na internet de modo
geral, as teorias mirabolantes propagadas pelos mesmos, têm ganhado muita força e muitos
adeptos. Neste trabalho, realizamos uma revisão bibliográfica das publicações mais recentes
no Google Acadêmico acerca de como esse fenômeno tem adquirido tempo e espaço na
mídia, bem como seguidores. Além disso, apresentamos reflexões acerca do papel da
educação científica diante do crescimento vertiginoso desses movimentos e o que podemos
aprender com essas teorias que negam a ciência.

Palavras-chave: Pseudociência; Educação Científica; Negacionismo Científico.

ABSTRACT
Confidence in science has been shaken over the last decades. According to the denialists, it has
been taking place on social media and the internet overall. The unrealistic propagated theories
by themselves have gained a lot of strength and many followers. In this work, we performed a
literature review of the most recent publications in Google academic about how this
phenomenon has acquired time and space in the media, as well as followers. Moreover, we
present reflections on the role of science education in the face of the vertiginous growth of
these movements and what we can learn from these theories that deny science.

Keywords: Pseudoscience; Scientific Education; Scientific Denialism.

INTRODUÇÃO

Negar a própria realidade tornou-se um fato para muitas pessoas ao redor do globo.
Só no Brasil, de acordo com o jornal Folha de São Paulo publicado em 2009, 7% dos
brasileiros afirmam que a Terra é plana. Além dos que defendem uma Terra plana, há ainda
aqueles que defendem a não vacinação, entre outras afirmações que vão contra o
conhecimento consolidado pela ciência (GARCIA, 2019).
Alguns fatores que influenciam as pessoas a defenderem idéias sem fundamentos e
que vão de encontro ao conhecimento científico já consolidado, incluem crenças pessoais,
ideologias, fanatismo ou analfabetismo científico. Assim, este trabalho traz uma revisão de
publicações recentes acerca desse fenômeno e de sua expansão e divulgação através das
mídias sociais; traz também reflexões de qual o papel da educação científica diante do
crescimento de movimentos negacionistas e o que podemos aprender com as teorias que
negam a ciência.
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Evolução do conhecimento sobre o formato da Terra

Desde muito tempo atrás, o ser humano tinha curiosidade sobre o formato do planeta
em que vivia. Na Grécia Antiga já se tinha conhecimento sobre qual era o formato da Terra.
Entretanto, existiram aqueles que acreditavam em uma terra plana, como, Homero, Hesíodo,
Anaxímenes e Demócrito. Pitágoras pode ter sido um dos primeiros filósofos a apresentar a
ideia de Terra esférica, partindo da ideia de que a esfera era considerada o sólido geométrico
perfeito (AGUIAR, 2020).
Aristóteles (384 a.C - 322 a.C.), após observações de eclipses lunares, onde a sombra
da terra projetava na Lua, percebia uma forma curva na Lua. Portanto, por lógica, a forma
geométrica da Terra só poderia ser esférica (ARISTÓTELES, 1939).
Os gregos, então, iniciaram as discussões em defesa da forma esférica do planeta,
apesar de acreditarem que este se encontrava no centro do universo. Surge então, Aristarco de
Samos (310 a.C. - 230 a.C.) defendendo uma ideia de que a Terra gira em torno de si mesma,
além de girar em torno do Sol. Ele também fez cálculos para determinar o tamanho e a
distância do Sol e da Lua. Mas, a sua teoria foi rejeitada pela maioria dos filósofos gregos
(XAVIER, et al, 2023). Algum tempo depois, Eratóstenes (276 a.C. - 194 a.C.), muito famoso
atualmente por ter determinado o tamanho da circunferência da Terra, além de outros estudos
relevantes (SAGAN, 1989). Por trabalhar na Biblioteca de Alexandria, Eratóstenes tomou
conhecimento, através de manuscritos que ele analisava, que na cidade de Syene, atual Assuã,
no Egito, no solstício de verão, o Sol no zênite iluminava o fundo de um poço ao meio dia. No
mesmo dia e hora, em Alexandria, o Sol não se encontrava no zênite (COSTA, 2000).
A história diz que ele contratou uma pessoa para medir a distância entre as duas
cidades e que essa distância era de 5.040 estádios.
Com os valores do comprimento de uma vareta e o tamanho da sua sombra projetada
no chão, Eratóstenes encontrou um ângulo de, aproximadamente 7,2°; o que equivale a 1/50
da circunferência de 360°. Com isso, chegou ao valor muito aproximado do valor atual. Ele
encontrou um resultado de 252.000 estádios, fazendo 5.040 x 50. Em valores atuais, ele
encontrou algo em torno de 40.000 km, sendo que o valor considerado mais correto é de
~40.075 km na linha do equador (IGOR, JOÃO, RICARDO, 2021).
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O astrônomo e matemático Cláudio Ptolomeu (85 d.C - 165 d.C), criador do

Almagesto, que é um tratado sobre os movimentos aparentes das estrelas e planetas, sendo este
um dos textos científicos mais influentes da história, e também aceito como verdade por mais
de 1.000 anos. Ptolomeu e vários outros cientistas da época já sabiam que a Terra era esférica
e não plana. Seu erro foi considerar que a Terra era o centro e todos os outros corpos giravam
ao seu redor. O seu modelo foi usado e considerado correto até o Renascimento, no século
XVI.
Nicolau Copérnico (1473 - 1543), atualmente, considerado como o fundador da
astronomia moderna, e estudioso da geografia e matemática, desenvolveu uma teoria
heliocêntrica, e afirmava que a terra e os demais astros do Sistema Solar moviam-se ao redor
de um centro muito próximo do Sol (CARVALHO, 2019). Além de que, os dias e noites são
consequências da rotação do planeta Terra em torno do seu próprio eixo. Movimento esse,
chamado de rotação.

A partir dos trabalhos de Copérnico, surgiram outros cientistas que estudavam


Astronomia; como por exemplo, Tycho Brahe, Galileu Galilei, Johannes Kepler, Isaac Newton
e muitos outros (CARVALHO, 2019).
Após o desenvolvimento da teoria da Gravitação Universal, não restavam mais
dúvidas, a própria gravidade impede que os corpos massivos como estrelas e também planetas
não adquiram outra forma, que não a forma esférica. Exceto alguns corpos celestes que não
têm massa suficiente para atingir o equilíbrio hidrostático. Mesmo assim, o negacionismo com
relação ao formato da Terra ainda perdura até a atualidade, ao ponto que vivemos o que o
Sousa Filho (2022) chama de uma era obscurantista.
O formato da Terra, a eficácia das vacinas, que salvaram muitas vidas ao longo da sua
história, vêm sendo colocadas em dúvida ou mesmo acusadas por defensores de
pseudociências. Ambas são situações diferentes, mas que têm a mesma origem; negar as
contribuições que a ciência e seu desenvolvimento têm proporcionado à sociedade de modo
geral.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Apresentamos a seguir estudos que fundamentam teoricamente nossa pesquisa e que


permitiram um olhar mais consistente para os dados coletados e analisados nesta investigação.

Negacionismo científico

Muito se fala em negacionismo científico, principalmente nos últimos anos onde a


ciência e o meio acadêmico vêm passando por um processo de descredibilidade. Destarte, faz
se necessário conceituar tal termo.
O termo negacionismo teve origem na França, nos anos finais da segunda guerra,
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quando surgiu um fenômeno de negação do holocausto e consiste em negar ou não
reconhecer os fatos que são científicamente comprovados. Ou seja, um sistema de crenças que
nega o conhecimento objetivo, empírico, lógico e racional, construído histórica e socialmente
pela
humanidade com o objetivo de fugir de uma verdade desconfortável (NAPOLITANO, 2021).
O discurso da pseudociência na sociedade contemporânea vem possibilitando a construção de
uma educação científica cada vez mais crítica. Visto que, não só no Brasil, mas também em
várias partes do mundo, pode-se perceber que há uma intensificação da ideia de que a opinião
pessoal, bem como experiências que não são baseadas em fatos ou estudos cuidadosos, ou
seja, não científicos podem ser consideradas fontes “seguras” de informação científica
(GONÇALVES et al, 2022).
Este tipo de ideias vêm sendo disseminadas principalmente por meio da internet e
redes sociais. Argumentos falaciosos, ideias negacionistas e até mesmo perigosas que não
passam por nenhum rigor metodológico, e que são baseadas apenas na opinião sem
fundamentos. Ao passo que a ciência se mostra indiferente com a opinião infundada como diz
Bachelard (1996). Este fenômeno é chamado de pseudociência, que nada mais é do que uma
teoria, no sentido coloquial da palavra, que tenta se apresentar como ciência, mas se utiliza de
metodologia ineficazes ou de nenhuma metodologia científica (PIEJKA; OKRUSZEK, 2020).
As pessoas que aderem ao negacionismo científico, não por ignorância, mas por
opção, são o que Souza Filho (2022) chama de obscurantista cínico. Visto que estes sabem
que todo conhecimento científico é baseado em pesquisas controladas e comprovadas e não
em crenças infundadas.
Como diz Souza Filho (2022), os negacionistas obscurantistas agem com o intuito de
afligir a confiança que a sociedade tem pela ciência, fazendo com que se ponha os fatos
científicos não como verdadeiros, mas como fenômenos não correspondentes à verdade. No
entanto, somente a seita a qual eles pertencem é que detém a posse do que seria a verdade
absoluta. Contudo, como esclarece Bruno Latour (2017), filósofo francês, o objetivo da ciência
não é produzir verdades indiscutíveis, mas discutíveis.
As conspirações existem em várias áreas da ciência, mas uma que tem tomado larga
proporções e também os meios de comunicação é a afirmação de que a Terra é plana. Esta
ideia conspiratória e obscurantista vem se alastrando em uma proporção incrível, visto que o
meio acadêmico, os cientistas de modo geral sempre viveram em um mundo paralelo ao da
sociedade, isso fez com que se criasse um enorme abismo entre as obras produzidas pelo meio
científico e como esses conhecimentos chegavam ao senso comum (MUCHENSKI;
MIQUELIN, 2021).

Propagação do discurso negacionista


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A sociedade e o meio acadêmico se deparam com esse novo desafio; como contra
argumentar com a ideia de que a Terra é plana. Em razão de que, inicialmente, não se tratava
de uma conspiração. Atualmente, os conspiracionistas e afins alegam que a ciência está errada,
porque os seus sentidos indicam isso, mesmo que as evidências científicas documentadas
mostrem o contrário (ALBUQUERQUE; QUINAN, 2019).
Segundo Brabo (2021), diante da facilidade com que qualquer pessoa consegue criar
um canal na internet, um blog ou até mesmo um livro sem qualquer impedimento, as
informações falsas têm atingido cada vez mais uma quantidade significativa de pessoas. O
Youtube é uma das plataformas digitais de streaming mais efetivas neste quesito, visto que
qualquer pessoa pode falar quase tudo o que quiser; e como diz Dias (2012), depois do boom
das redes sociais, ficou muito mais facilitada a ação de compartilhar informações falsas, as
chamadas fake news.
É preciso deixar claro que mesmo antes dessa ampla utilização da internet,
Albuquerque e Quinan (2019) mencionam a International Flat Earth Society, fundada no ano
de 1959. A internet, de modo geral, permitiu uma alavancagem desse tipo de conteúdo, ao
passo que antes da mesma, publicações que atingiam grande quantidade de pessoas, somente
em revistas e periódicos, que seguiam rígidos métodos de controle de conteúdo (Marineli,
2020).
O movimento terraplanista andava a passos lentos antes da internet. Nos últimos anos,
seu crescimento é assombroso; tanto que em 2019, uma pesquisa apontou que cerca de 7% da
população brasileira acreditava que a Terra era plana e, ainda, no final do mesmo ano, ocorreu
a primeira convenção da terra plana no Brasil em São Paulo - SP (Marineli, 2020).
A referida convenção apresentada como FLAT CON BRASIL teve como um dos
participantes o autor André Ferrer Pinto de Freitas, que desenvolveu um “diário de campo” e
no artigo Terraplanismo, Ludwick Fleck e o mito de Prometeu, publicado em 2020, apresenta
algumas características que observou no discurso dos terraplanistas palestrantes.
Segundo Ferrer (2020), o discurso se baseia em uma crença na qual eles acreditam
estar fora de um sistema que esconde a verdade da população. Por “sistema” entende-se a
mídia, o governo e até mesmo agências governamentais como a NASA. Ao sistema, dá-se o
nome de matrix. Ainda segundo Ferrer (2020), os conferencistas fazem uso
descontextualizado de alguns conceitos científicos; dando definições errôneas ao que já é bem
definido cientificamente. Além disso, são seletivos no uso de dados e informações divulgadas,
tais como, fotos e vídeos de balões e aviões onde não é possível perceber a curvatura terrestre
são taxadas como verdadeiras, ou distorções nas lentes e etc. ao passo que as fotos que
mostram a referida curvatura são falsas ou distorções nas lentes das câmeras.
Existe um forte vínculo com questões de natureza religiosa, em virtude de que na
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maioria das vezes, utilizam-se da Bíblia Sagrada para fortalecer seus argumentos, e toda
sua teoria é baseada em passagens bíblicas. Ademais, fazem críticas severas às escolas e ao
ensino de ciências como um todo, baseando-se em argumentos que sugerem que as escolas
fazem parte do “sistema” que mantém todos sob o véu da mentira. (FREITAS, 2020).
Melo (2022), destaca que foi possível chegar à conclusão de que esse fenômeno foi
fortalecido diante do cenário pandêmico do COVID-19. Isso mostra a real importância de a
academia se dispor não só a divulgar informações científicas, bem como enfrentar a
divulgação de informações falsas. Informações essas que são proporcionadas pela facilidade
de publicação no mundo virtual; isso aliado a deficiente educação científica da população.
Diante disso, Vignoli, Rabello e Almeida (2021), apresentam o que se denomina de
desinformação. Que trata-se daquela informação errada propagada, mas quem a compartilha,
já o faz com a finalidade de enganar. Trata-se daquela pessoa que sabe que a informação é
falaciosa, mas também sabe que pode se beneficiar com tal informação (VIGNOLI;
RABELLO; ALMEIDA, 2021).
Uma vez que a base na crença em uma Terra plana é a evidência baseada apenas nos
sentidos e isso é tomado como critério incontestável, retirando assim qualquer centelha de
dúvida de que os sentidos humanos podem nos enganar e nem tudo é o que parece ser.

O negacionismo em outras áreas

Além do fenômeno da Terra plana, temos o fenômeno dos movimentos antivacinas.


Muitas vezes, os negacionistas do formato da Terra também são os mesmos que negam outros
fatos de várias esferas da sociedade. Entretanto, existem aqueles que selecionam o que querem
negar mediante o que convier.

Grupos e movimentos negacionistas sempre existiram. Entretanto, no atual contexto histórico


surgiram com mais força e com maiores proporções. Isso se deve, além do alcance das mídias
sociais, que alcançam mais pessoas em menos tempo, como também da recente pandemia de
Covid-19. Pois tais movimentos podem prejudicar as campanhas de vacinação contra várias
doenças disseminando o medo na população menos esclarecida por meio de notícias falsas
(VENTURI et al, 2022).

De acordo com Venturi et al (2022), o Conselho Nacional de Secretários da Saúde


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(Conass), em 2017, alertou para uma diminuição na imunização populacional. Na época,
essa diminuição se deveu por problemas que se referiam a própria estrutura do sistema de
saúde. Agora, além desse motivo, incluem-se ideologias.
É importante levantar questões sobre a desinformação, divulgação de informações
falsas e teorias da conspiração que tenham como foco a saúde, visto que trata-se de uma área
muito importante e que pode deixar consequências muito graves ou até mesmo a morte de
várias pessoas, bem como o retorno de doenças que já tenham sido erradicadas (BEZERRA,
2022).
Bezerra (2022) apresenta um dado importante nesse sentido quando expõe a
informação de que nos finais de 2017 e início de 2018, despontou a divulgação de um áudio
por meio do WhatsApp. O referido áudio advertia a população para procurar um posto de
saúde para vacinar-se contra a febre amarela. O alarde causado pela divulgação do áudio, fez
com que várias pessoas que estavam em áreas que não se classificavam como áreas de risco
procurassem postos de saúde de forma descontrolada; enquanto áreas de risco sofreram por
falta da vacina devido à falta de estoque.
No que se diz respeito aos movimentos negacionistas, como por exemplo os
terraplanistas, devemos adotar uma conduta respeitosa para com os mesmos, para buscar
entender os argumentos que eles defendem e apresentar um contra argumento. De modo que o
questionamento à ciência é saudável; e quando tratamos as pessoas que possuem essas crenças
de forma galhofeira, podemos fazer com que a ciência seja atribuída a uma categoria de
inquestionável (BONDEZAN; KAWAMURA, 2022).
Apesar de não existir um consenso entre os próprio defensores do formato plano da
Terra, de qual é o modelo correto que representa a realidade, a WIKI FLAT EARTH
SOCIETY apresenta o que seria o modelo correto na figura a seguir.

FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DA TERRA NO MODELO PLANO

Fonte: https://wiki.tfes.org/Flat_Earth_-_Frequently_Asked_Questions

O papel da educação científica frente ao negacionismo


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As teorias científicas sofrem modificações e podem até mesmo ser substituídas por novas
teorias desde que a última responda melhor às perguntas dos cientistas. Assim, a ciência e o
ensino da ciência não podem ser vistos a partir de uma visão absoluta, imutável, dogmática que
deve ser apenas memorizada, faz-se necessário desenvolver uma visão relativista da ciência,
principalmente no contexto escolar (BARTELMEBS; HARRES, 2017).
Conforme Bartelmebs e Harres (2017), no que se refere ao cenário escolar, os
professores adotam uma visão de mundo que abrange os conhecimentos a serem ensinados na
escola, e esta é aquela ratificada pela ciência, enquanto existem vários modos de compreender
os conhecimentos. Não obstante, os alunos possuem um conhecimento prévio, que é tido como
errôneo se comparado com o dos cientistas ou com o que o professor deseja ensinar.
Quando os discentes apresentam suas ideias, suas visões de mundo, suas interpretações
alternativas ao conhecimento científico, essas tais interpretações logo são vistas como um erro
que precisa ser corrigido. Sendo visto como um erro, é criado um estigma pelos próprios alunos,
impedindo assim de os alunos socializarem suas concepções pessoais acerca das teorias
científicas (BARTELMEBS; HARRES, 2017).
De acordo com Bartelmebs, Venturi e Sousa (2021), o conhecimento científico é uma
forma de conhecimento que possui uma estrutura geral e permite conhecer de forma metódica,
sistemática e racional o seu objeto de estudo. Portanto, exige-se um certo rigor científico para
comprovar uma teoria. O mero senso comum, ou experiências pessoais não podem ser levadas
em consideração no que se diz respeito ao fazer ciência.
Os astros celestes, vastos e majestosos, fascinam a humanidade desde tempos
imemoriais. No entanto, compreender suas grandezas e distâncias é um desafio monumental. O
universo, repleto de estrelas, planetas e galáxias, exibe proporções que desafiam nossa
capacidade de concepção. Para tornar essa vastidão compreensível, frequentemente recorremos
a aproximações e comparações. Nossa percepção visual e cognitiva, moldada pela escala
terrestre, muitas vezes luta para abranger essas grandezas celestiais. As representações visuais e
modelos são cruciais para proporcionar uma visão tangível do universo, mas mesmo assim,
muitas vezes são simplificações (BARTELMEBS, FIGUEIRA; DIEL, 2023).
É verdade que diferentes perspectivas e teorias podem existir, mas é crucial distinguir
entre aquelas que são fundamentadas em evidências científicas sólidas e aquelas que carecem de
respaldo. No campo da educação, especialmente na astronomia, é vital promover uma
abordagem baseada em fatos, evidências e métodos científicos. Os educadores desempenham
um papel essencial ao cultivar o pensamento crítico e promover a compreensão científica. Isso
inclui abordar ativamente ideias pseudocientíficas, fornecendo informações corretas e
incentivando os alunos a questionar, analisar e avaliar as evidências (BARTELMEBS,
FIGUEIRA; DIEL, 2023).
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Os docentes e formadores de professores desempenham um papel crucial ao moldar a

forma como a ciência é ensinada e percebida. Devem concentrar-se em transmitir não apenas os
conceitos, mas também o método científico, ensinando os alunos a questionar, pesquisar e
avaliar informações. Além disso, é importante abordar equívocos e teorias pseudocientíficas de
maneira construtiva, destacando as evidências que respaldam os consensos científicos
(BARTELMEBS; VENTURI; SOUSA, 2021).
Em um mundo onde informações falsas podem se espalhar rapidamente, a educação
desempenha um papel fundamental na promoção da alfabetização científica e na construção de
uma base sólida de entendimento científico. Isso não apenas fortalece a compreensão do mundo
em que vivemos, mas também contribui para uma sociedade mais informada e capaz de tomar
decisões baseadas em fatos e evidências, além de contribuir significativamente no
fortalecimento da confiança no processo científico e nos conhecimentos confirmados pela
comunidade científica.

METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho consiste em uma pesquisa do tipo estado de


conhecimento. Estado de conhecimento constitui um processo de busca, identificação e
sistematização de dados de uma determinada área do conhecimento, que levam a uma reflexão e
compreensão da produção científica de uma determinada área (MOROSINI; FERNANDES,
2014).
Para exprimir as propensões que as pesquisas de uma determinada área do
conhecimento trazem, é importante realizar uma análise de outros estudos análogos, para que,
ao serem estabelecidas categorias do tema, possam ser feitas novas categorias consonantes
com as anteriores (ROMANOWSKI; ENS, 2006).
Inicialmente realizamos uma busca no Google Acadêmico a partir dos seguintes
descritores: “pseudociência”, “teoria conspiratória” e “negacionismo”. Com um recorte
temporal de artigos publicados nos últimos dez anos, de 2012 a 2022, dentre as dez primeiras
páginas do buscador, que levaram ao resultado descrito neste trabalho.
Foram encontrados 15 artigos, devidamente citados, que se enquadram no escopo da
pesquisa. Em seguida, elaboramos a tabela 1, codificando os artigos por a1, a2, a3 e assim
sucessivamente, na qual constam título da publicação, referência ao artigo, ano de publicação,
palavras-chave, conclusão e três perguntas norteadoras, que seriam a base para a análise.
Os artigos foram analisados e sistematizados na tabela2, procurando-se compreender
quais tipos de negacionismo eles apresentavam, bem como qual a definição que apresentavam
para o negacionismo científico e também a que conclusões chegaram.
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TABELA 1 - RELAÇÃO DOS ARTIGOS E SUAS DATAS DE PUBLICAÇÃO
codigo Referência da publicação (NBR 6023 - ABNT) Ano

a1 SOUSA FILHO, A. de. “A TERRA É PLANA”: o obscurantismo cínico dos 2020


negacionistas. Revista Inter-Legere, [S. l.], v. 3, n. 29, 2020. Disponível em:
https://periodicos.ufrn.br/interlegere/article/view/23426. Acesso em: 3 set.
2022.

a2 GONÇALVES, S. F; MAGALHÃES, B. S. B; BUNGENSTAB, G. C. A natureza 2022


da (pseudo)ciência e a educação científica: uma conversa necessária. Linhas
Críticas, Brasília, 8 Abr. 2022, vol 28.

a3 MUCHENSKI, J. C; MIQUELIN, A, F. Ciência versus pseudociência: 2021


histórias e contos sobre fatos da ciência. XIII ENPEC. 2021.

a4 ALBUQUERQUE, A. de, QUINAN, R. Crise epistemológica e teorias da 2019


conspiração: o discurso anti-ciência do canal “professor terra plana”.
Mídia e Cotidiano, Rio de Janeiro, Volume 13, Número 3, dezembro de
2019.

a5 PEREIRA, A. A. G.; DOS SANTOS, C. A. Desinformação e 2020


negacionismo no ensino de ciências: sugestão de conhecimentos para se
desenvolver uma alfabetização científica midiática. Ensino e
Multidisciplinaridade, v. 6, n. 2, p. 21-40, 2020.

a6 BICUDO, R. de S; TEIXEIRA, R. R. P. Educação Científica e Negação da 2022


Ciência. Unilasalle, Canoas, v. 27, n. 1, 2022.

a7 BRABO, J. C. Falácias, pós-verdade e ensino-aprendizagem de Ciências. 2021


Ensino e Pesquisa, v. 19, n. 1, 2021.

a8 VENTURI, T., BARTELMEBS, R. C., LOHMANN, L. A. D., SOUZA, A. M. 2022


G. de; UEMERES, I. C. (2022). História da Vacina e História da Astronomia:
episódios históricos para a Educação em Ciências em tempos negacionistas.
Terræ Didática, 18(Publ. Contínua), 1-12, e022014. doi:
10.20396/td.v18i00.8668944.

a9 BEZERRA, B. de A. (2022). INFORMAÇÃO E DESINFORMAÇÃO NA 2022


SAÚDE PÚBLICA - O CONTEXTO DAS VACINAS. RECIMA21 - Revista
Científica Multidisciplinar - ISSN 2675-6218, 3(5), e351424.

a10 ENÉAS, J. X. S; TEIXEIRA, R. R. P. NEGAÇÃO DA CIÊNCIA E 2022


EDUCAÇÃO CIENTÍFICA. Revista Ciências e Ideias. Vol 13, N.1, Mar 2022.

a11 MELO, M. da S. O FENÔMENO DO NEGACIONISMO CIENTÍFICO NO 2022


BRASIL PANDÊMICO. Orientadora: Cristina dos Santos Lovato. 2022. 28 f.
TCC (Graduação). Curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e
Tecnologia, Universidade Federal do Pampa. 2022. Disponível em:
https://repositorio.unipampa.edu.br/handle/riu/7324. Acesso em: 03/09/2022.

a12 MARQUES, R.; RAIMUNDO, J. A. . O NEGACIONISMO CIENTÍFICO 2021


REFLETIDO NA PANDEMIA DA COVID-19. Boletim de Conjuntura
(BOCA), Boa Vista, v. 7, n. 20, p. 67–78, 2021. DOI:
10.5281/zenodo.5148526. Disponível em:
https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/410. Acesso em:
3 set. 2022.

a13 MARINELI, F. O terraplanismo e o apelo à experiência pessoal como critério 2020


epistemológico. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 37, n.
3, dez. 2020.

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a14 BONDEZAN, G. V; KAWAMURA, M. R. D. POSSIBILIDADES E 2022
ENTRAVES PARA O DIÁLOGO COM O TERRAPLANISMO NO ENSINO
DE CIÊNCIAS. Experiências em Ensino de Ciências. V.17, N.1. 2022

a15 MARTINS, A. (2020). Terraplanismo, Ludwik Fleck e o mito de Prometeu. 2020


Caderno Brasileiro de Ensino de Física. 37, v. 37, n.3, 2020.

FONTE: Os autores (2023).

A partir da análise dos artigos descritos na tabela 1, foi possível construir a tabela 2,
cujos dados inseridos respondem às três questões fundamentais: 01) qual(is) o(s) tipo(s) de
negacionismo o artigo trata; 02) qual a definição de negacionismo científico apresentado; 03)
quais conclusões o artigo apresenta.

TABELA 2 - ANÁLISE E SISTEMATIZAÇÃO DOS ARTIGOS


Código Tipo de Definição de Conclusões
negacionismo negacionismo

a1 terraplanismo obscurantismo O autor deixa explícito que somente aqueles que já


cínico assumiram uma posição contrária à ciência e se
decidiram por uma militância obscurantista,
conservam a ideia que o conhecimento
científico se apresenta como uma “verdade
inquestionável”, mas falsa, e que, por isso,
precisaria ser “desmascarada”.

a2 pseudociências ausente As consequências da pseudociência a curto, médio e


longo prazo prejudicam a sociedade de modo geral,
pois estimula a sociedade a desconfiar dos
cientistas e professores. E, por isso, é preciso ter
uma melhor compreensão da ciência através da
educação científica.

a3 aquecimento ausente Chega-se à conclusão de que um dos caminhos é


global conhecer os processos de fabricação dos objetos da
terraplanismo ciência e da tecnologia por meio da educação
científica

a4 terraplanismo ausente As teorias conspiracionistas precisam ser levadas a


sério, pois elas são produtos de uma crise
epistemológica. Enquanto as instituições de ensino e
pesquisa estão se enfraquecendo, os
conspiracionistas estão ganhando mais espaço.

a5 ausente ausente A ciência escolar não dá conta de desenvolver


pensamentos críticos. Com isso, torna-se
imprescindível que a alfabetização científica faça
parte do eixo principal na formação cidadã.
Principalmente, nesta época de pós-verdades em
que vivemos.
a6 antivacinas ausente Movimentos negacionistas conspiracionistas não
aquecimento devem ser levados como piada ou uma tolice
global inofensiva, visto que têm capacidade de ganhar
terraplanismo força e expandir para vários temas de interesse da
sociedade. Quando a desconfiança na ciência é
estimulada, a confiança é transferida para outro
setor social que vai utilizar de acordo com seus
interesses.

a7 ausente ausente O autor chega a conclusão de que os professores


devem

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GE
10
ter o compromisso de utilizar e disseminar práticas
de análise crítica de ideias e evitar o uso de falácias.
Uma das alternativas seria expor os alunos aos
principais tipos de falácias para que eles analisem
criticamente em busca de indícios de falácias.

a8 antivacinas engodo Na mesma medida que temos um grande alcance de


terraplanismo obscurantista informações graças às tecnologias, elas também se
tornam propagadoras de fake news. Os professores
precisam pensar em estratégias que potencializem o
pensamento crítico. Além de que é essencial
argumentar que a história da ciência atua em favor
da alfabetização científica.

a9 antivacinas ausente Conclui-se que a desinformação em saúde faz com


que muitas pessoas deixem de se vacinar e fazer os
devidos tratamentos médicos por passarem a
acreditar em curas milagrosas, e isso pode fazer
com que doenças que já estavam erradicadas,
voltem e voltem com grande intensidade. Além de
ser preciso lutar contra os charlatões e
disseminadores de informações falsas.

a10 terraplanismo movimento Conclui-se que atividades de educação e divulgação


potencialmente científica devem ter, sempre que possível, como seu
letal para a cerne, abordar as formas pelas quais a ciência
sociedade funciona e produz conhecimentos. Além de que as
pessoas sejam educadas para navegar pela internet
com responsabilidade e senso crítico e que
adquiram o hábito de checar a veracidade das
notícias recebidas.

a11 ausente negação da Chega-se a conclusão de que é necessário verificar a


própria relação entre o aumento do negacionismo científico
realidade e o processo de divulgação científica. um fator
independente determinante para o aumento do negativismo é a
das crise epistemológica pela qual
evidências a ciência está passando.
a12 antivacinas fenômeno de A comunidade científica possui o desafio
devaneio e de lidar com o negacionismo científico, onde as
acriticidade com crenças pessoais tornaram-se, para alguns
efeito de indivíduos, superiores às evidências científicas.
distorção dos Assim, se faz necessário a intensificação da
fundamentos alfabetização digital como forma de instaurar
teóricos e de hábitos onde os indivíduos adquiram a capacidade
dados de distinguir aquilo que é confiável do que não é a
científicos partir de
checagem de informações.

a13 terraplanismo ausente Um dos elementos que fazem parte do fenômeno do


terraplanismo atual é a falta de confiança nas
instituições tradicionais da sociedade. É importante
que professores de ciências se apropriem do
fenômeno da
crescente disseminação de movimentos
negacionistas e discuti-lo com estudantes.

a14 terraplanismo ausente O ensino de ciências não pode ignorar as


pseudociências. Sendo fundamental que as teorias
conspiracionistas sejam postas à discussão com
professores e alunos e também com setores da
sociedade, com a esperança de que adquira-se uma
compreensão da atividade científica.

a15 terraplanismo ausente Considera-se inadequado e pouco eficiente atitudes


que ridicularizem e tratem com desprezo os
conspiracionistas terraplanistas. Pelo contrário,
devem

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GE
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ser levados em consideração e devem ser objetos de
atenção na área das ciências. Entretanto não deve-se
tratar o fenômeno do terraplanismo como
equivalente do ponto de vista epistemológico.

FONTE: Os autores (2024).


Percebemos, a partir da Tabela 2, que a maioria dos artigos refere-se ao terraplanismo. Não
há entre os artigos deste estudo uma única definição do que seja negacionismo científico, mas de
modo geral, podemos dizer que a partir desses estudos, entendemos que o negacionismo refere-se
a uma atitude intencional de descredibilizar o conhecimento científico e que tem impacto
negativo em nossa sociedade. Existem inúmeros fatores envolvidos nessa questão os quais
vamos discutir no tópico a seguir. Ainda, podemos perceber a partir das considerações finais dos
trabalhos que há uma importante relação entre a educação científica da população, a divulgação
científica e o trabalho para combater as teorias negacionistas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Existe uma defasagem no que se diz respeito à educação científica da sociedade de
um modo geral. Mas não existe apenas um culpado específico que seja o responsável por essa
defasagem. Isso é resultado de um conjunto de fatores sócio-histórico-culturais. Além disso,
outro fator que tem um peso muito forte é o político-ideológico, ou seja, existe um jogo
político e ideológico por trás de toda teoria da conspiração, visto que alguém sempre vai ter
alguma vantagem com a desinformação e alguém vai sair lesado (SOUZA FILHO, 2020).
Como Pereira e Santos (2022) abordam, considerando que ainda temos um país com
uma maioria da população que tem consciência de que o meio acadêmico trabalha em prol de
melhorias para todo o mundo, cada vez mais, devido ao fácil acesso às informações na
internet, sejam elas verdadeiras ou não, muitas pessoas estão criando uma desconfiança e
descredibilidade ao meio acadêmico e à ciência no geral. Isso pode ser confirmado com os
produtos que utilizamos no nosso dia a dia, que só existem graças às pesquisas dos nossos
cientistas e as suas produções intelectuais.
Ao longo de muito tempo, a expectativa de vida do homem era reduzida. Isso foi
superado, principalmente devido ao advento das vacinas. Com isso, pode-se perceber como os
estudos acadêmicos e os seus resultados estão direta ou indiretamente ligados ao nosso
cotidiano bem como ao nosso bem estar. Mesmo assim, foi perceptível uma grande massa de
pessoas negando-se a tomar as vacinas contra COVID-19 em plena pandemia a qual passamos.
Segundo os tais grupos negacionistas, a vacina não seria eficaz e poderia causar outras doenças
como efeito colateral, bem como poderia causar autismo nas crianças por causa da rapidez
com que foi desenvolvida (VENTURI et al., 2022).
Os adeptos e defensores de grupos que negam o formato real da Terra, costumam
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basear seus argumentos em fontes como as Sagradas Escrituras do Cristianismo/Judaísmo,

tomadas como fontes científicas. Não somente, mas também dão grande ênfase nas percepções
e sensações humanas a respeito de como o ser humano observa o mundo ao seu redor e que os
sentidos humanos são suficientes para chegar a uma conclusão empírica dos fenômenos. Como
exemplo, o simples fato de observar o horizonte a partir do nível do mar, e não perceber a
curvatura do planeta; sendo que tal argumento pode ser refutado a partir da simples observação
de um navio sumindo no horizonte. Se a terra fosse plana, o navio diminuiria de tamanho, mas
não desapareceria do campo de visão caso fosse utilizado um telescópio ou binóculos. O que
de fato é observado, é que o navio vai desaparecendo lentamente, desde a popa até o mastro.

Figura 2 - Embarcação sumindo no horizonte


Fonte: VERDADE URGENTE (2020)

Os terraplanistas se organizam em grupos no Facebook e criam seus canais de


divulgação no Youtube dando um foco muito maior na defesa da Terra plana. Entretanto,
percebe-se que além dessa defesa e da luta contra a vacinação, também são adeptos de teorias
conspiracionistas de todo tipo, como por exemplo, a de que existe um complô envolvendo a
NASA, agências governamentais, toda a comunidade científica, jornalistas e artistas, de tal
maneira que esse complô existe com a exclusiva finalidade de esconder a suposta verdade
sobre o formato da Terra, mas que eles foram iluminados com a verdade.
Esta característica de que eles estão fora de um “sistema” que esconde a verdade,
também é compartilhada por Martins (2020) sendo uma das características do discurso
terraplanista, observadas a partir da observação do conteúdo das palestras articuladas na FLAT
CON BRASIL 2019. Tendo como uma segunda característica, de acordo com o autor, uma
certa seletividade na utilização de dados e informações divulgadas pelo meio científico;
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como exemplo, se em fotos tiradas de aviões e/ou balões meteorológicos não for perceptível a
curvatura da Terra, os negacionistas confirmam e afirmam a veracidade das fotos e as
apresentam como evidência da Terra plana. Entretanto, se fotos apresentam a curvatura do
globo terrestre, estas são descartadas e como falsas, como montagem ou como distorções.
Um clássico exemplo do uso seletivo das imagens, utilizado pelos negacionistas, trata
se do uso do símbolo das Nações Unidas, apresentado pelos conspiracionistas como sendo o
mapa real da Terra, e não como uma projeção azimutal do globo.

Figura 3 - Símbolo da ONU


Fonte: WIKI FLAT EARTH SOCIETY (2020)

Uma perspectiva proeminente entre quase todos os negacionistas científicos, porém


com ênfase maior nos que negam o formato esférico da Terra, é o estabelecimento de uma
relação entre o formato defendido do planeta com o que se encontra nas Escrituras Sagradas,
em passagens que falam de um firmamento ou abóboda.
Observando a figura 1, onde é apresentado um modelo de Terra plana, pode-se
observar que a Terra teria um formato de disco plano. No centro desse disco se encontraria o
“polo Norte”. Como expõem Bondezan e Kawamura (2022), a Antártida seria toda a borda
terrestre, que, diga-se de passagem, eles defendem e divulgam que é proibido qualquer cidadão
do mundo se aproximar ou adentrar no continente, visto que exércitos de vários países os
impedem para que a “descoberta” da planicidade da terra jamais seja possível e na verdade não
seria uma massa continental no polo Sul do planeta. Em resumo, eles utilizam a projeção
azimutal, que é utilizada para representar em um plano bidimensional o planeta esférico que é
tridimensional.
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Movimentos do Sol na Terra plana

No modelo plano, diferentemente da realidade, onde sabe-se que o Sol encontra-se a uma
distância de aproximadamente 150 milhões de quilômetros da Terra e que ele é muito maior que
nosso planeta, o Sol é apresentado como tendo cerca de 50 quilômetros de raio e que está a uma
distância média de 5000 quilômetros de altura em relação ao solo. Esse valor para altura do Sol é
muito variável; os atuais terraplanistas divulgam muito esse número, entretanto, o responsável
pela ressurreição do movimento, Samuel Rowbotham em sua obra Astronomia Zetética - A Terra
não é um globo, na página 111, determina essa distância em 700 milhas, algo próximo de 1,1 mil
quilômetros. O movimento do Astro-rei e também da Lua é circular em torno de um eixo de
rotação, concêntrico com o centro polar, cuja posição ficaria no polo Norte (BONDEZAN;
KAWAMURA, 2022).

FIGURA 4 - SOL E LUA NA TERRA PLANA


Fonte: Kawamura e Bondezan (2022).

Neste modelo, o raio das trajetórias do Sol e da Lua variam ao longo do ano, sendo
essa variação a causa das estações do ano. Quando é verão no hemisfério Norte, significa que
o Sol está mais próximo do Trópico de Câncer, iluminando mais intensamente aquela região e
com isso, o raio de sua trajetória é menor.
Na situação inversa, quando é inverno no hemisfério Norte, significa que o Sol está
mais próximo do Trópico de Capricórnio, iluminando menos a região Norte e com isso, o raio
da sua trajetória é maior. Essa argumentação utilizada pelos defensores desse modelo, além de
explicar as estações do ano, também é usada para explicar os longos períodos de Sol que o
hemisfério Norte recebe durante o verão como também, os longos períodos de escuridão
durante o inverno.
FONTE: WIKI FLAT EARTH SOCIETY
(2020)
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FIGURA 5 - ESTAÇÕES DO ANO NA
GE 10
TERRA PLANA
Sabemos que as fases lunares e os demais efeitos de iluminação causada pelo Sol
ocorrem devido à inclinação do eixo de rotação da Terra, fazendo com que os argumentos
apresentados pelos terraplanistas sejam facilmente refutáveis.
Primeiro, se o raio da trajetória do Sol está em contínua variação ao longo do ano,
mas durante o verão e durante o inverno a duração do dia e da noite vão mudando também,
isso implicaria que ao longo de sua trajetória, a velocidade do Sol sofreria alterações, visto
que o astro precisaria percorrer distâncias bem diferentes no mesmo intervalo de tempo. No
entanto, isso nunca foi percebido por nenhum astrônomo amador ou profissional.
Além disso, sendo o Sol um objeto com dimensões bem menores que a realidade, eles
seria tomado como um ponto de luz, comparado com as dimensões da Terra, sendo assim, a
forma como ele iluminaria a superfície estaria em desacordo com a realidade, visto que no
modelo plano, o Sol seria visto como nascendo no Nordeste e não no Leste; também seria visto
se pondo no Noroeste e não no Oeste. Aliado a isso, temos o problema dos Equinócios; onde
temos dias e noites, ambos com duração de 12 horas, sendo metade do globo iluminado e
metade em escuridão, como pode-se observar na figura 6. Tal fato é impossível de ocorrer na
Terra plana, pois seria impossível a luz solar chegar a certos pontos e não chegar a outros que
estariam em uma distância menor.
Durante os solstícios de verão e inverno a situação fica talvez mais complicada ainda.
A luz solar deveria se comportar de uma maneira impossível de ocorrer, como pode-se
observar também na figura 6.
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FIGURA 6 - COMPORTAMENTO ANÔMALO DA LUZ SOLAR NO SOLSTÍCIO E NO
EQUINÓCIO
Fonte: https://terraplana.ws/areas-diurnas-e-noturnas

Apesar de o modelo tentar explicar como durante o inverno no hemisfério Norte as


noites são mais longas do que os dias e, também, como no verão, os dias são mais longos do
que as noites; tal fenômeno não pode ser aplicado em uma Terra plana, pois a luz deveria se
comportar de uma maneira que é impossível para ela se comportar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi realizado a partir da revisão bibliográfica de artigos científicos


através da busca no Google Scholar. A relevância deste trabalho está relacionada às formas
como a educação científica pode colaborar para combater movimentos de negação da ciência.
É de extrema importância que fique claro que um dos vários papéis da educação
científica é o de criar condições para que os discentes acolham os métodos e os conceitos que
são produzidos pela comunidade científica como ferramentas para interpretar o mundo ao seu
redor. Visto que o alastramento desses movimentos obscurantistas tem o atributo de causar
grandes desastres em uma sociedade. Dessa forma, a divulgação e a educação científica podem
colaborar decisivamente no sentido de formar cidadãos melhor preparados para encarar e
contra argumentar ideias e discursos falaciosos.
Pode-se chegar a conclusão de que não deve-se ignorar esses movimentos
negacionistas, como terraplanistas e antivacinas. Ao passo de que, ao ignorá-los, a divulgação
e aceitação dos mesmos se espalham vertiginosamente. Então, eles não devem ser encarados
apenas como uma piada ou tolice, pois assim, ganham força e se expandem até mesmo para
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assuntos que envolvam saúde pública, meio ambiente e etc; tal como os antivacinas e os que
negam até mesmo o aquecimento global (BONDEZAN; KAWAMURA, 2022). Em suma,
negar a ciência não só propaga a ignorância, como também é mortífero para a humanidade.
A escola precisa formar cidadãos com um pensamento crítico a respeito do mundo
em que vivem; que saibam encontrar fontes confiáveis e também distinguir quando uma
informação é falsa (ENÉAS; TEIXEIRA, 2022). É claro que haveria de ter, tanto na escola
básica como nas universidades, aplicação de metodologias de ensino que propõem aos
indivíduos um letramento científico, bem como que fôssemos capaz de compreender os
processos de fabricação dos objetos da ciência e da tecnologia como dizem Muchenski e
Miquelin (2021) em seu artigo.
Para que tenhamos estudantes alfabetizados cientificamente, é necessário que
tenhamos professores que também o sejam. Dessa forma, os cursos de licenciatura, que visam
formar professores precisam ter esse foco, que é trabalhar com o conhecimento da natureza da
ciência, estimular e impulsionar a alfabetização científica para aplicar métodos de verificação
da veracidade das informações disseminadas. Ou seja, a população, para não ser enganada
facilmente, deve navegar pela internet com responsabilidade e senso crítico, visto o grande
aumento da infodemia desde o advento da internet.
Em síntese, precisamos reconhecer os delimitadores para podermos diferenciar o que
é ciência do que é pseudociência. Para isso, é importante desenvolvermos reflexões críticas no
que diz respeito à divulgação científica, uma vez que qualquer pessoa pode criar um canal no
YouTube, por exemplo, e divulgar informações falsas mascaradas de verdade com alegações
de autoridade.

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