TCC - Jadson - Final - 02
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PALOTINA
2024
JADSON FERREIRA DE LIMA
QUANDO A CIÊNCIA É QUESTIONADA: O QUE PODEMOS APRENDER COM AS
TEORIAS QUE NEGAM A CIÊNCIA ?
PALOTINA
2024
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QUANDO A CIÊNCIA É QUESTIONADA: O QUE PODEMOS APRENDER COM
AS TEORIAS QUE NEGAM A CIÊNCIA?
Jadson Ferreira De Lima
Roberta Chiesa Bartelmebs
RESUMO
A confiança na ciência tem sido abalada ao longo das últimas décadas. Conforme os
negacionistas vêm tomando cada vez mais espaço nas redes sociais, e na internet de modo
geral, as teorias mirabolantes propagadas pelos mesmos, têm ganhado muita força e muitos
adeptos. Neste trabalho, realizamos uma revisão bibliográfica das publicações mais recentes
no Google Acadêmico acerca de como esse fenômeno tem adquirido tempo e espaço na
mídia, bem como seguidores. Além disso, apresentamos reflexões acerca do papel da
educação científica diante do crescimento vertiginoso desses movimentos e o que podemos
aprender com essas teorias que negam a ciência.
ABSTRACT
Confidence in science has been shaken over the last decades. According to the denialists, it has
been taking place on social media and the internet overall. The unrealistic propagated theories
by themselves have gained a lot of strength and many followers. In this work, we performed a
literature review of the most recent publications in Google academic about how this
phenomenon has acquired time and space in the media, as well as followers. Moreover, we
present reflections on the role of science education in the face of the vertiginous growth of
these movements and what we can learn from these theories that deny science.
INTRODUÇÃO
Negar a própria realidade tornou-se um fato para muitas pessoas ao redor do globo.
Só no Brasil, de acordo com o jornal Folha de São Paulo publicado em 2009, 7% dos
brasileiros afirmam que a Terra é plana. Além dos que defendem uma Terra plana, há ainda
aqueles que defendem a não vacinação, entre outras afirmações que vão contra o
conhecimento consolidado pela ciência (GARCIA, 2019).
Alguns fatores que influenciam as pessoas a defenderem idéias sem fundamentos e
que vão de encontro ao conhecimento científico já consolidado, incluem crenças pessoais,
ideologias, fanatismo ou analfabetismo científico. Assim, este trabalho traz uma revisão de
publicações recentes acerca desse fenômeno e de sua expansão e divulgação através das
mídias sociais; traz também reflexões de qual o papel da educação científica diante do
crescimento de movimentos negacionistas e o que podemos aprender com as teorias que
negam a ciência.
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Evolução do conhecimento sobre o formato da Terra
Desde muito tempo atrás, o ser humano tinha curiosidade sobre o formato do planeta
em que vivia. Na Grécia Antiga já se tinha conhecimento sobre qual era o formato da Terra.
Entretanto, existiram aqueles que acreditavam em uma terra plana, como, Homero, Hesíodo,
Anaxímenes e Demócrito. Pitágoras pode ter sido um dos primeiros filósofos a apresentar a
ideia de Terra esférica, partindo da ideia de que a esfera era considerada o sólido geométrico
perfeito (AGUIAR, 2020).
Aristóteles (384 a.C - 322 a.C.), após observações de eclipses lunares, onde a sombra
da terra projetava na Lua, percebia uma forma curva na Lua. Portanto, por lógica, a forma
geométrica da Terra só poderia ser esférica (ARISTÓTELES, 1939).
Os gregos, então, iniciaram as discussões em defesa da forma esférica do planeta,
apesar de acreditarem que este se encontrava no centro do universo. Surge então, Aristarco de
Samos (310 a.C. - 230 a.C.) defendendo uma ideia de que a Terra gira em torno de si mesma,
além de girar em torno do Sol. Ele também fez cálculos para determinar o tamanho e a
distância do Sol e da Lua. Mas, a sua teoria foi rejeitada pela maioria dos filósofos gregos
(XAVIER, et al, 2023). Algum tempo depois, Eratóstenes (276 a.C. - 194 a.C.), muito famoso
atualmente por ter determinado o tamanho da circunferência da Terra, além de outros estudos
relevantes (SAGAN, 1989). Por trabalhar na Biblioteca de Alexandria, Eratóstenes tomou
conhecimento, através de manuscritos que ele analisava, que na cidade de Syene, atual Assuã,
no Egito, no solstício de verão, o Sol no zênite iluminava o fundo de um poço ao meio dia. No
mesmo dia e hora, em Alexandria, o Sol não se encontrava no zênite (COSTA, 2000).
A história diz que ele contratou uma pessoa para medir a distância entre as duas
cidades e que essa distância era de 5.040 estádios.
Com os valores do comprimento de uma vareta e o tamanho da sua sombra projetada
no chão, Eratóstenes encontrou um ângulo de, aproximadamente 7,2°; o que equivale a 1/50
da circunferência de 360°. Com isso, chegou ao valor muito aproximado do valor atual. Ele
encontrou um resultado de 252.000 estádios, fazendo 5.040 x 50. Em valores atuais, ele
encontrou algo em torno de 40.000 km, sendo que o valor considerado mais correto é de
~40.075 km na linha do equador (IGOR, JOÃO, RICARDO, 2021).
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O astrônomo e matemático Cláudio Ptolomeu (85 d.C - 165 d.C), criador do
Almagesto, que é um tratado sobre os movimentos aparentes das estrelas e planetas, sendo este
um dos textos científicos mais influentes da história, e também aceito como verdade por mais
de 1.000 anos. Ptolomeu e vários outros cientistas da época já sabiam que a Terra era esférica
e não plana. Seu erro foi considerar que a Terra era o centro e todos os outros corpos giravam
ao seu redor. O seu modelo foi usado e considerado correto até o Renascimento, no século
XVI.
Nicolau Copérnico (1473 - 1543), atualmente, considerado como o fundador da
astronomia moderna, e estudioso da geografia e matemática, desenvolveu uma teoria
heliocêntrica, e afirmava que a terra e os demais astros do Sistema Solar moviam-se ao redor
de um centro muito próximo do Sol (CARVALHO, 2019). Além de que, os dias e noites são
consequências da rotação do planeta Terra em torno do seu próprio eixo. Movimento esse,
chamado de rotação.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Negacionismo científico
A sociedade e o meio acadêmico se deparam com esse novo desafio; como contra
argumentar com a ideia de que a Terra é plana. Em razão de que, inicialmente, não se tratava
de uma conspiração. Atualmente, os conspiracionistas e afins alegam que a ciência está errada,
porque os seus sentidos indicam isso, mesmo que as evidências científicas documentadas
mostrem o contrário (ALBUQUERQUE; QUINAN, 2019).
Segundo Brabo (2021), diante da facilidade com que qualquer pessoa consegue criar
um canal na internet, um blog ou até mesmo um livro sem qualquer impedimento, as
informações falsas têm atingido cada vez mais uma quantidade significativa de pessoas. O
Youtube é uma das plataformas digitais de streaming mais efetivas neste quesito, visto que
qualquer pessoa pode falar quase tudo o que quiser; e como diz Dias (2012), depois do boom
das redes sociais, ficou muito mais facilitada a ação de compartilhar informações falsas, as
chamadas fake news.
É preciso deixar claro que mesmo antes dessa ampla utilização da internet,
Albuquerque e Quinan (2019) mencionam a International Flat Earth Society, fundada no ano
de 1959. A internet, de modo geral, permitiu uma alavancagem desse tipo de conteúdo, ao
passo que antes da mesma, publicações que atingiam grande quantidade de pessoas, somente
em revistas e periódicos, que seguiam rígidos métodos de controle de conteúdo (Marineli,
2020).
O movimento terraplanista andava a passos lentos antes da internet. Nos últimos anos,
seu crescimento é assombroso; tanto que em 2019, uma pesquisa apontou que cerca de 7% da
população brasileira acreditava que a Terra era plana e, ainda, no final do mesmo ano, ocorreu
a primeira convenção da terra plana no Brasil em São Paulo - SP (Marineli, 2020).
A referida convenção apresentada como FLAT CON BRASIL teve como um dos
participantes o autor André Ferrer Pinto de Freitas, que desenvolveu um “diário de campo” e
no artigo Terraplanismo, Ludwick Fleck e o mito de Prometeu, publicado em 2020, apresenta
algumas características que observou no discurso dos terraplanistas palestrantes.
Segundo Ferrer (2020), o discurso se baseia em uma crença na qual eles acreditam
estar fora de um sistema que esconde a verdade da população. Por “sistema” entende-se a
mídia, o governo e até mesmo agências governamentais como a NASA. Ao sistema, dá-se o
nome de matrix. Ainda segundo Ferrer (2020), os conferencistas fazem uso
descontextualizado de alguns conceitos científicos; dando definições errôneas ao que já é bem
definido cientificamente. Além disso, são seletivos no uso de dados e informações divulgadas,
tais como, fotos e vídeos de balões e aviões onde não é possível perceber a curvatura terrestre
são taxadas como verdadeiras, ou distorções nas lentes e etc. ao passo que as fotos que
mostram a referida curvatura são falsas ou distorções nas lentes das câmeras.
Existe um forte vínculo com questões de natureza religiosa, em virtude de que na
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maioria das vezes, utilizam-se da Bíblia Sagrada para fortalecer seus argumentos, e toda
sua teoria é baseada em passagens bíblicas. Ademais, fazem críticas severas às escolas e ao
ensino de ciências como um todo, baseando-se em argumentos que sugerem que as escolas
fazem parte do “sistema” que mantém todos sob o véu da mentira. (FREITAS, 2020).
Melo (2022), destaca que foi possível chegar à conclusão de que esse fenômeno foi
fortalecido diante do cenário pandêmico do COVID-19. Isso mostra a real importância de a
academia se dispor não só a divulgar informações científicas, bem como enfrentar a
divulgação de informações falsas. Informações essas que são proporcionadas pela facilidade
de publicação no mundo virtual; isso aliado a deficiente educação científica da população.
Diante disso, Vignoli, Rabello e Almeida (2021), apresentam o que se denomina de
desinformação. Que trata-se daquela informação errada propagada, mas quem a compartilha,
já o faz com a finalidade de enganar. Trata-se daquela pessoa que sabe que a informação é
falaciosa, mas também sabe que pode se beneficiar com tal informação (VIGNOLI;
RABELLO; ALMEIDA, 2021).
Uma vez que a base na crença em uma Terra plana é a evidência baseada apenas nos
sentidos e isso é tomado como critério incontestável, retirando assim qualquer centelha de
dúvida de que os sentidos humanos podem nos enganar e nem tudo é o que parece ser.
Fonte: https://wiki.tfes.org/Flat_Earth_-_Frequently_Asked_Questions
As teorias científicas sofrem modificações e podem até mesmo ser substituídas por novas
teorias desde que a última responda melhor às perguntas dos cientistas. Assim, a ciência e o
ensino da ciência não podem ser vistos a partir de uma visão absoluta, imutável, dogmática que
deve ser apenas memorizada, faz-se necessário desenvolver uma visão relativista da ciência,
principalmente no contexto escolar (BARTELMEBS; HARRES, 2017).
Conforme Bartelmebs e Harres (2017), no que se refere ao cenário escolar, os
professores adotam uma visão de mundo que abrange os conhecimentos a serem ensinados na
escola, e esta é aquela ratificada pela ciência, enquanto existem vários modos de compreender
os conhecimentos. Não obstante, os alunos possuem um conhecimento prévio, que é tido como
errôneo se comparado com o dos cientistas ou com o que o professor deseja ensinar.
Quando os discentes apresentam suas ideias, suas visões de mundo, suas interpretações
alternativas ao conhecimento científico, essas tais interpretações logo são vistas como um erro
que precisa ser corrigido. Sendo visto como um erro, é criado um estigma pelos próprios alunos,
impedindo assim de os alunos socializarem suas concepções pessoais acerca das teorias
científicas (BARTELMEBS; HARRES, 2017).
De acordo com Bartelmebs, Venturi e Sousa (2021), o conhecimento científico é uma
forma de conhecimento que possui uma estrutura geral e permite conhecer de forma metódica,
sistemática e racional o seu objeto de estudo. Portanto, exige-se um certo rigor científico para
comprovar uma teoria. O mero senso comum, ou experiências pessoais não podem ser levadas
em consideração no que se diz respeito ao fazer ciência.
Os astros celestes, vastos e majestosos, fascinam a humanidade desde tempos
imemoriais. No entanto, compreender suas grandezas e distâncias é um desafio monumental. O
universo, repleto de estrelas, planetas e galáxias, exibe proporções que desafiam nossa
capacidade de concepção. Para tornar essa vastidão compreensível, frequentemente recorremos
a aproximações e comparações. Nossa percepção visual e cognitiva, moldada pela escala
terrestre, muitas vezes luta para abranger essas grandezas celestiais. As representações visuais e
modelos são cruciais para proporcionar uma visão tangível do universo, mas mesmo assim,
muitas vezes são simplificações (BARTELMEBS, FIGUEIRA; DIEL, 2023).
É verdade que diferentes perspectivas e teorias podem existir, mas é crucial distinguir
entre aquelas que são fundamentadas em evidências científicas sólidas e aquelas que carecem de
respaldo. No campo da educação, especialmente na astronomia, é vital promover uma
abordagem baseada em fatos, evidências e métodos científicos. Os educadores desempenham
um papel essencial ao cultivar o pensamento crítico e promover a compreensão científica. Isso
inclui abordar ativamente ideias pseudocientíficas, fornecendo informações corretas e
incentivando os alunos a questionar, analisar e avaliar as evidências (BARTELMEBS,
FIGUEIRA; DIEL, 2023).
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Os docentes e formadores de professores desempenham um papel crucial ao moldar a
forma como a ciência é ensinada e percebida. Devem concentrar-se em transmitir não apenas os
conceitos, mas também o método científico, ensinando os alunos a questionar, pesquisar e
avaliar informações. Além disso, é importante abordar equívocos e teorias pseudocientíficas de
maneira construtiva, destacando as evidências que respaldam os consensos científicos
(BARTELMEBS; VENTURI; SOUSA, 2021).
Em um mundo onde informações falsas podem se espalhar rapidamente, a educação
desempenha um papel fundamental na promoção da alfabetização científica e na construção de
uma base sólida de entendimento científico. Isso não apenas fortalece a compreensão do mundo
em que vivemos, mas também contribui para uma sociedade mais informada e capaz de tomar
decisões baseadas em fatos e evidências, além de contribuir significativamente no
fortalecimento da confiança no processo científico e nos conhecimentos confirmados pela
comunidade científica.
METODOLOGIA
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a14 BONDEZAN, G. V; KAWAMURA, M. R. D. POSSIBILIDADES E 2022
ENTRAVES PARA O DIÁLOGO COM O TERRAPLANISMO NO ENSINO
DE CIÊNCIAS. Experiências em Ensino de Ciências. V.17, N.1. 2022
A partir da análise dos artigos descritos na tabela 1, foi possível construir a tabela 2,
cujos dados inseridos respondem às três questões fundamentais: 01) qual(is) o(s) tipo(s) de
negacionismo o artigo trata; 02) qual a definição de negacionismo científico apresentado; 03)
quais conclusões o artigo apresenta.
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ter o compromisso de utilizar e disseminar práticas
de análise crítica de ideias e evitar o uso de falácias.
Uma das alternativas seria expor os alunos aos
principais tipos de falácias para que eles analisem
criticamente em busca de indícios de falácias.
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ser levados em consideração e devem ser objetos de
atenção na área das ciências. Entretanto não deve-se
tratar o fenômeno do terraplanismo como
equivalente do ponto de vista epistemológico.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Existe uma defasagem no que se diz respeito à educação científica da sociedade de
um modo geral. Mas não existe apenas um culpado específico que seja o responsável por essa
defasagem. Isso é resultado de um conjunto de fatores sócio-histórico-culturais. Além disso,
outro fator que tem um peso muito forte é o político-ideológico, ou seja, existe um jogo
político e ideológico por trás de toda teoria da conspiração, visto que alguém sempre vai ter
alguma vantagem com a desinformação e alguém vai sair lesado (SOUZA FILHO, 2020).
Como Pereira e Santos (2022) abordam, considerando que ainda temos um país com
uma maioria da população que tem consciência de que o meio acadêmico trabalha em prol de
melhorias para todo o mundo, cada vez mais, devido ao fácil acesso às informações na
internet, sejam elas verdadeiras ou não, muitas pessoas estão criando uma desconfiança e
descredibilidade ao meio acadêmico e à ciência no geral. Isso pode ser confirmado com os
produtos que utilizamos no nosso dia a dia, que só existem graças às pesquisas dos nossos
cientistas e as suas produções intelectuais.
Ao longo de muito tempo, a expectativa de vida do homem era reduzida. Isso foi
superado, principalmente devido ao advento das vacinas. Com isso, pode-se perceber como os
estudos acadêmicos e os seus resultados estão direta ou indiretamente ligados ao nosso
cotidiano bem como ao nosso bem estar. Mesmo assim, foi perceptível uma grande massa de
pessoas negando-se a tomar as vacinas contra COVID-19 em plena pandemia a qual passamos.
Segundo os tais grupos negacionistas, a vacina não seria eficaz e poderia causar outras doenças
como efeito colateral, bem como poderia causar autismo nas crianças por causa da rapidez
com que foi desenvolvida (VENTURI et al., 2022).
Os adeptos e defensores de grupos que negam o formato real da Terra, costumam
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basear seus argumentos em fontes como as Sagradas Escrituras do Cristianismo/Judaísmo,
tomadas como fontes científicas. Não somente, mas também dão grande ênfase nas percepções
e sensações humanas a respeito de como o ser humano observa o mundo ao seu redor e que os
sentidos humanos são suficientes para chegar a uma conclusão empírica dos fenômenos. Como
exemplo, o simples fato de observar o horizonte a partir do nível do mar, e não perceber a
curvatura do planeta; sendo que tal argumento pode ser refutado a partir da simples observação
de um navio sumindo no horizonte. Se a terra fosse plana, o navio diminuiria de tamanho, mas
não desapareceria do campo de visão caso fosse utilizado um telescópio ou binóculos. O que
de fato é observado, é que o navio vai desaparecendo lentamente, desde a popa até o mastro.
No modelo plano, diferentemente da realidade, onde sabe-se que o Sol encontra-se a uma
distância de aproximadamente 150 milhões de quilômetros da Terra e que ele é muito maior que
nosso planeta, o Sol é apresentado como tendo cerca de 50 quilômetros de raio e que está a uma
distância média de 5000 quilômetros de altura em relação ao solo. Esse valor para altura do Sol é
muito variável; os atuais terraplanistas divulgam muito esse número, entretanto, o responsável
pela ressurreição do movimento, Samuel Rowbotham em sua obra Astronomia Zetética - A Terra
não é um globo, na página 111, determina essa distância em 700 milhas, algo próximo de 1,1 mil
quilômetros. O movimento do Astro-rei e também da Lua é circular em torno de um eixo de
rotação, concêntrico com o centro polar, cuja posição ficaria no polo Norte (BONDEZAN;
KAWAMURA, 2022).
Neste modelo, o raio das trajetórias do Sol e da Lua variam ao longo do ano, sendo
essa variação a causa das estações do ano. Quando é verão no hemisfério Norte, significa que
o Sol está mais próximo do Trópico de Câncer, iluminando mais intensamente aquela região e
com isso, o raio de sua trajetória é menor.
Na situação inversa, quando é inverno no hemisfério Norte, significa que o Sol está
mais próximo do Trópico de Capricórnio, iluminando menos a região Norte e com isso, o raio
da sua trajetória é maior. Essa argumentação utilizada pelos defensores desse modelo, além de
explicar as estações do ano, também é usada para explicar os longos períodos de Sol que o
hemisfério Norte recebe durante o verão como também, os longos períodos de escuridão
durante o inverno.
FONTE: WIKI FLAT EARTH SOCIETY
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FIGURA 5 - ESTAÇÕES DO ANO NA
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TERRA PLANA
Sabemos que as fases lunares e os demais efeitos de iluminação causada pelo Sol
ocorrem devido à inclinação do eixo de rotação da Terra, fazendo com que os argumentos
apresentados pelos terraplanistas sejam facilmente refutáveis.
Primeiro, se o raio da trajetória do Sol está em contínua variação ao longo do ano,
mas durante o verão e durante o inverno a duração do dia e da noite vão mudando também,
isso implicaria que ao longo de sua trajetória, a velocidade do Sol sofreria alterações, visto
que o astro precisaria percorrer distâncias bem diferentes no mesmo intervalo de tempo. No
entanto, isso nunca foi percebido por nenhum astrônomo amador ou profissional.
Além disso, sendo o Sol um objeto com dimensões bem menores que a realidade, eles
seria tomado como um ponto de luz, comparado com as dimensões da Terra, sendo assim, a
forma como ele iluminaria a superfície estaria em desacordo com a realidade, visto que no
modelo plano, o Sol seria visto como nascendo no Nordeste e não no Leste; também seria visto
se pondo no Noroeste e não no Oeste. Aliado a isso, temos o problema dos Equinócios; onde
temos dias e noites, ambos com duração de 12 horas, sendo metade do globo iluminado e
metade em escuridão, como pode-se observar na figura 6. Tal fato é impossível de ocorrer na
Terra plana, pois seria impossível a luz solar chegar a certos pontos e não chegar a outros que
estariam em uma distância menor.
Durante os solstícios de verão e inverno a situação fica talvez mais complicada ainda.
A luz solar deveria se comportar de uma maneira impossível de ocorrer, como pode-se
observar também na figura 6.
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FIGURA 6 - COMPORTAMENTO ANÔMALO DA LUZ SOLAR NO SOLSTÍCIO E NO
EQUINÓCIO
Fonte: https://terraplana.ws/areas-diurnas-e-noturnas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARTELMEBS, R.C.; HARRES, J.B.S. As ideias dos alunos, as ideias dos professores e a
aprendizagem: uma revisão conceitual. In: MARRANGHELLO, G.F; LIDEMANN, R.H.
(Orgs.). Ensino de ciências na região da campanha: contribuições na formação
acadêmico-profissional de professores de Astronomia. Itajaí: Casa Aberta, 2017. p. 11-51.
GARCIA, R. 7% dos brasileiros afirmam que terra é plana, mostra pesquisa. Folha
de São Paulo, 14 jul. 2019. Disponível em: 7% dos brasileiros afirmam que Terra é
plana, mostra pesquisa - 14/07/2019 - Ciência - Folha (uol.com.br). Acesso em: 25
mai. 2023.
PIEJKA, A., & OKRUSZEK, Ł. (2020). Do you believe what you’ve been told? Morality
and scientific literacy as predictors of pseudoscience susceptibility. Wiley Online Library,
34(5), 1072-1082. https://doi.org/10.1002/acp.3687
WIKI FLAT EARTH SOCIETY (2020). Flat Earth - Frequently Asked Questions. Disponível
em: https://wiki.tfes.org/Flat_Earth_-_Frequently_Asked_Questions. Acesso em 27 Jan. 2024.