E-Book Completo - Farmacologia Aplicada À Nutrição e Interpretação de Exames Laboratoriais - CENGAGE (Versão Digital)
E-Book Completo - Farmacologia Aplicada À Nutrição e Interpretação de Exames Laboratoriais - CENGAGE (Versão Digital)
E-Book Completo - Farmacologia Aplicada À Nutrição e Interpretação de Exames Laboratoriais - CENGAGE (Versão Digital)
NUTRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO
ISBN 9786555581706
Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa
Bibliografia.
ISBN 9786555581706
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
Janguiê Diniz
Autoria
Alyne Almeida de Lima
Graduada em Farmácia, especialista em farmácia clínica e prescrição farmacêutica e mestra em Ciências
Farmacêuticas. Atualmente professora de Farmacologia nos cursos de Graduação em Farmácia,
Odontologia e Psicologia e também ministra a disciplina de Cosméticos e Saneantes na Faculdade
Maurício de Nassau. Professora de Pós-graduação na área de Clínica Farmacêutica, Farmacologia,
Toxicologia e Fitoterapia.
Prefácio..................................................................................................................................................8
A leitura na íntegra deste livro faz que o leitor compreenda de forma simples os
principais fundamentos da farmacologia aplicada à nutrição e da interpretação de
exames laboratoriais.
Veremos todo o caminho percorrido pelo medicamento desde o momento em que ele é
administrado ao paciente, através das diferentes vias de administração, até o momento
em que ele é ativado e se liga aos receptores para iniciar a ação desejada, bem como sua
transformação para ser eliminado.
Bons estudos!
11
1 FUNDAMENTOS EM FARMACOLOGIA
A farmacologia é uma ciência antiga que estuda os fármacos, sua aplicação, atividade,
reações adversas, posologias, dose, concentração, forma farmacêutica, toxicidade, via de
administração, absorção, excreção enfim, tudo aquilo que está relacionado aos medicamentos. E
todos estes estudos, ainda evoluindo de forma intensa, iniciaram a partir dos usos baseados em
conhecimento popular.
Já a droga é qualquer substância que quando em contato com organismo possui a capacidade
de causar alteração em alguma função fisiológica. Esta alteração pode ser benéfica ou não, e ter
ou não uma estrutura química definida. Exemplo: cigarro, maconha, dipirona, álcool etc.
O fármaco, ou também conhecido como princípio ativo (PA), também é uma substância
que tem capacidade de causar alteração da função fisiológica, mas com uma diferença: o PA
possui uma estrutura química definida, uma atividade farmacológica conhecida e com aplicação
terapêutica. Neste caso, podemos citar como exemplo o paracetamol, a dipirona, o diclofenaco,
entre outros.
tecnicamente obtido, que tenha finalidade terapêutica, paliativa, curativa e/ou para fins
diagnósticos. Ou seja, aquele produto vendido nas farmácias de manipulação e drogarias
(também conhecidas por farmácias comerciais ou farmácias comunitárias).
Outra definição importante é referente à substância tóxica e placebo. Define-se como tóxica
toda substância que, quando absorvida pelo organismo, poderá colocar a vida do ser em risco e
até mesmo levar a óbito. E o placebo é um tipo de produto inativo, ou seja, não provoca nenhuma
alteração fisiológica importante, agindo no estado psicológico e suprindo a necessidade de tomar/
consumir um medicamento. Popularmente, o placebo é conhecido como “pílula de farinha”.
Portanto, costuma-se dizer que todo medicamento é uma droga, mas nem toda droga é um
medicamento. Por exemplo:
Posologia é outro termo importante a ser entendido. Na prescrição está a orientação de como
e quantas vezes ao dia o medicamento deve ser tomado, a descrição da dose e por qual período
de tempo. Isto se denomina posologia.
Alguns medicamentos, quando tomados por um determinado tempo (variável de uma pessoa
para outra), podem levar o paciente a desenvolver uma tolerância àquela substância, ou seja,
ocorre uma redução na sensibilidade em relação ao fármaco. Quando a tolerância acontece, o
paciente relata que ”o medicamento não está fazendo mais efeito”.
,
13
#ParaCegoVer: A imagem traz cápsulas na cor amarela com vermelho, uma seringa agulhada
e preenchida com líquido transparente e uma ampola de vidro âmbar com rótulo. A baixo desses
medicamentos está escrito em um papel “Doenças crônicas”.
Começaremos pelas classes de medicamentos que atuam no sistema nervoso central (SNC),
muitos deles conhecidos como “medicamentos controlados”, pois a venda está restrita a retenção
de receita no estabelecimento.
Medicamentos controlados
2 FARMACOCINÉTICA
A farmacocinética inclui os processos de absorção, distribuição, metabolismo e a excreção
dos fármacos. Os quando bem seguidos podem ampliar a probabilidade de sucesso terapêutico e
reduzir, por exemplo, a ocorrência de efeitos adversos.
inicialmente da dissolução do comprimido (ou da cápsula), que então libera o fármaco (ou
liquido biológico).
Primeiro essa absorção se dá pelo trato GI (gastrointestinal), quando administrado por via
oral. Porém, a quantidade de absorção final pode ser limitada pelas características da preparação
do fármaco, por suas propriedades físico-químicas, pelo metabolismo intestinal (características
intrínsecas ao paciente) e/ou pela transferência do fármaco de volta ao lúmen intestinal por ação
dos transportadores.
Essa absorção pode ocorrer por difusão passiva, difusão facilitada, transporte ativo ou
endocitose. E outros diversos fatores podem influenciar na absorção, tais como o pH, fluxo de
sangue no local de absorção, características da área ou superfície disponível para absorção e o
tempo de contato com a superfície de absorção. Portanto, a absorção é o processo pelo qual os
medicamentos administrados, principalmente por via oral, intramuscular ou retal, chegam ao
meio tissular, iniciando o a segunda fase, a distribuição.
A distribuição é a fase em que o fármaco penetra na circulação. Esta fase passa a ser a primeira
quando se trata de administração venosa do medicamento, visto que neste caso o fármaco já está
em sua forma ativa ao ser colocado diretamente na circulação sistêmica. O volume é o segundo
parâmetro fundamental útil, quando se consideram os processos de distribuição dos fármacos.
O volume de distribuição relaciona a quantidade do fármaco administrada no organismo a sua
concentração no sangue ou plasma, dependendo do líquido dosado. Esse volume não se refere
necessariamente a um volume fisiológico determinável, mas simplesmente ao volume de líquido
que seria necessário para conter todo o fármaco presente no corpo na mesma concentração
dosada no sangue ou plasma.
FIQUE DE OLHO
Alguns livros e artigos científicos chamam a farmacocinética de Sistema Ladme. Essa sigla
corresponde a: L- Liberação; A-Absorção; D-Distribuição e E-Excreção! Memorize essa sigla e
vocês rapidamente conseguirá se lembrar de todas as fases da farmacocinética.
O volume de distribuição é altamente variável, dependendo dos graus relativos de ligações aos
receptores de alta afinidade, dos níveis das proteínas plasmáticas e teciduais, do coeficiente de
distribuição do fármaco no tecido adiposo e de sua acumulação nos tecidos poucos irrigados. Este
volume de distribuição de cada fármaco pode variar de acordo com idade, o sexo, a composição
corporal do paciente e com a existência de doenças.
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O fígado é o principal local onde ocorre a biotransformação, mas existem outros tecidos que
contém as enzimas metabolizadoras que contribuem para a biotransformação de alguns fármacos
e, consequentemente, para a sua eliminação. As enzimas responsáveis por esse processo estão
localizadas nos microssomos hepáticos chamados de enzimas microssomais do sistema CYP- 450.
Estas enzimas podem reduzir oxidar, hidrolisar ou conjugar compostos. Nenhum teste de
função hepática fornece informação totalmente específica sobre a habilidade metabólica do
fígado e, consequentemente, é difícil prever o efeito de problemas de funções hepáticas no
metabolismo de diferentes fármacos.
Os rins são importantes para a excreção dos fármacos e de seus metabolitos. As estimativas
da depuração da creatinina do sangue fornecem informações importantes sobre o grau de
funcionamento renal e sua habilidade de eliminar os medicamentos. Além destas vias, o fármaco
pode ser eliminado pelo leite materno, suor e saliva.
3 FARMACODINÂMICA
A farmacodinâmica proporciona o conhecimento dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos
fármacos e seus mecanismos de ação para o uso terapêutico racional, além do suporte para o
desenvolvimento de outros agentes terapêuticos mais novos e eficazes. Desse modo, as e sua
farmacocinética contribuem para a segurança e o êxito do tratamento.
O estudo das ações das drogas no organismo vivo [...] é uma das mais novas ciências médicas
experimentais, e data somente do final da segunda metade do século XIX... é uma ciência limítrofe.
Ela toma emprestada livremente temas e técnicas da fisiologia, química fisiológica, patologia e
bacteriologia. Porém, é a única [dessas ciências] que tem sua atenção focada na ação das drogas. Como
implica seu nome, seu assunto é de caráter dinâmico (BRUNTON et al , 2012).
Alguns fármacos interagem com aceptores (por exemplo, albumina sérica) existentes no
organismo. Os aceptores são componentes que não causam diretamente qualquer alteração na
resposta bioquímica ou fisiológica. Entretanto, a interação dos fármacos com os aceptores pode
alterar a farmacocinética das suas ações.
A ligação específica dos fármacos aos outros componentes celulares (como o DNA) também
é explorada com finalidades terapêuticas. Por exemplo, os ácidos nucleicos são receptores
farmacológicos particularmente importantes para determinados agentes quimioterápicos usados
no tratamento do câncer e fármacos antivirais.
celulares ou fisiológicos do agonista. Os compostos que mostram apenas eficácia parcial como os
agonistas, independentemente da concentração utilizada, são descritos como agonistas parciais.
regulando funções importantes realizadas pela musculatura lisa no sistema respiratório (brônquios),
cardiovascular (força e frequência cardíaca), endócrino (liberação de insulina), entre outros.
4.1 Catecolaminas
As catecolaminas podem ser endógenas ou exógenas. Entre elas estão a epinefrina, também
chamada de adrenalina, norepinefrina (noradrenalina), dopamina, acetilcolina.
Entre os fármacos que atuam como agonistas dos receptores β-adrenérgicos podemos citar
o isoproterenol que é um medicamento utilizado em casos de emergência para aumentar a
frequência cardíaca em pacientes com bradicardia ou bloqueio cardíaco. É um potente agonista
não seletivo de β e pode ser administrado pela via endovenosa ou respiratória. Os principais
efeitos adversos são palpitações, cefaleias, taquicardia sinusal e arritmias graves. Já a dobutamina
é um agonista seletivo de β1 que exerce efeitos ionotrópicos, aumentando a força de contração
do coração por aumento dos níveis de cálcio. É indicada para descompensação cardíaca em
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Dentre os de ação longa, podemos citar dois bem conhecidos: Salmeterol e formoterol. O
salmeterol possui uma seletividade ainda maior que o salbutamol e também está indicado para
asmáticos (mas não de forma aguda) e pacientes do DPOC (Doença pulmonar obstrutiva crônica).
Sua administração é também por via inalatória, mas não pode ser realizada mais de 2 vezes ao
dia. O principal efeito colateral associado a esta substância é taquicardia.
E o formoterol também tem as mesmas indicações acima, mas possui uma específica, para
condições de asma noturna. Seus efeitos ocorrem em minutos após ser administrado.
Todos estes anticolinesterásicos acima citados são de ação reversível, mas existem os de
ação irreversível, entre eles os chamados organofosforados que são compostos usados como
inseticidas agrotóxicos sendo altamente tóxicos, podendo causar paralisia e até óbito.
Os receptores nicotínicos, além de se ligar a Ach, reconhecem a nicotina e por isto a sua
denominação. São receptores do tipo ionotrópico, ou seja, funcionam como um canal iônico
operado por ligantes e são de dois tipos: Nn e Nm. A nicotina quando em baixa concentração
estimula o receptor e em alta concentração o bloqueia. Estes receptores estão no SNC, nos gânglios
autonômicos, nas suprarrenais e na junção neuromuscular (JNM) nos músculos esqueléticos.
5 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
Em geral, existem algumas opções de vias (locais) pelas quais uma substância pode ser
administrada e, por esta razão, o conhecimento das vantagens e desvantagens das diferentes vias
de administração é fundamental.
Para que a via de administração de um fármaco seja definida, consideram-se fatores como as
propriedades químicas (hidrossolubilidade, lipossolubilidade, ionização), o objetivo da terapia, a
necessidade de um início rápido de ação, uma manutenção de concentração por maior período
de tempo, restrição de fármaco a um local específico, entre outros.
• Oral
• Sublingual ou bucal
• Parenteral
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• Tópica
• Transdérmica
• Intraocular
• Intrarrespiratória
• Retal
• Intravaginal
• Intrauterina
• Uretral e peniana
Os fármacos que possam atingir as secreções gástricas e, portanto, serem alterados pelo pH
ácido, ou que o seu princípio ativo tenha característica de irritar o estômago, podem ser fabricados
em preparações com revestimento entérico. Este revestimento impede a dissolução do fármaco
no conteúdo ácido do estômago. Os revestimentos entéricos são úteis para os fármacos como o
ácido acetilsalicílico, que pode causar irritação gástrica significativa em muitos pacientes.
A administração via sublingual ocorre pela mucosa oral e tem importância especial para
alguns fármacos. Apesar da superfície disponível para a absorção ser pequena, a vascularização
local é intensa. A drenagem venosa da boca segue à veia cava superior e isto provoca um desvio
da circulação e, deste modo, protege o fármaco do metabolismo de primeira passagem, ou
também chamado de metabolismo de fase 1.
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Na administração por via retal cerca de 50% do fármaco que é absorvido pelo reto passará
pelo fígado, o metabolismo hepático de primeira passagem quando comparado à preparação
oral. Além disso, uma enzima metabólica importante desse fármaco (CYP3A4) está presente nos
segmentos proximais do intestino, mas não nos segmentos distais. Entretanto, a absorção retal
pode ser irregular e incompleta e alguns fármacos podem causar irritação da mucosa retal.
FIQUE DE OLHO
Mesmo com todas essas vantagens, a via intravenosa também possui desvantagens e só
deve ser utilizada por profissionais habilitados. Aplicação de maneira errada pode gerar
hematomas, feridas e atém amputação de membro ou óbito.
Quanto a injeção subcutânea, ela só pode ser realizada com as substâncias que não causam
irritação dos tecidos pois caso contrário, pode desencadear dor intensa, necrose no tecido e
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descamação.
E a via transdérmica? Nem todos os fármacos penetram facilmente pela pele intacta.
A absorção daqueles que o fazem depende da superfície sobre a qual são aplicados e de sua
lipossolubilidade, pois a epiderme comporta-se como uma barreira lipídica.
A absorção sistêmica dos fármacos ocorre mais facilmente pela pele que sofreu abrasão,
queimadura ou desnudamento, inflamação e outros distúrbios que venham a produzir um
aumento do fluxo sanguíneo cutâneo ampliando a absorção. A absorção através da pele também
pode ser ampliada pela produção do fármaco com base em substâncias oleosas e pela fricção
desta preparação na pele. Como a pele hidratada é mais permeável do que a seca, a formulação
pode ser modificada ou pode-se aplicar um curativo oclusivo para facilitar a absorção.
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
BRUNTON, L. L.; LAZO, J. S.; PARKER, K. L. Goodman & Gilman As bases farmacológicas da
terapêutica. Porto Alegre: ArtMed, 2012.
Bons estudos!
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FIQUE DE OLHO
O profissional nutricionista, que acompanha pacientes em tratamento medicamentoso, deve
avaliar periodicamente o estado nutricional do mesmo, assim é possível identificar sintomas
clínicos e possíveis alterações que podem afetar o estado nutricional e consequentemente
a saúde do paciente.
Como nosso foco aqui é a farmacologia, nesse primeiro momento vamos discutir de maneira
mais aprofundada a interferência dos fármacos, e não da patologia, na nutrição (ingestão
alimentar, sintomas gastrointestinais e percepção alimentar). Posteriormente você verá com mais
detalhe a interação entre fármaco e nutriente.
De maneira geral, podemos dizer que terapia farmacológica interfere afetando a ingestão
alimentar ou causando a má absorção de nutrientes, seja por interação físico-química direta do
fármaco com o alimento, seja por causar alterações nas funções fisiológicas ou até lesões no trato
gastrointestinal (REIS, 2009).
Alguns fármacos, por exemplo, possuem a recomendação de não serem consumidos com
determinados alimentos, ou em horários distantes das refeições, conforme você pode verificar na
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Dentre os efeitos colaterais de alguns medicamentos que levam a alteração de apetite e ingestão
alimentar, podemos citar a anorexia e perda de peso ou o aumento do apetite e ganho de peso.
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com três colunas e duas linhas apresentando
exemplos de fármacos que interferem no apetite e na ingestão alimentar.
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com três colunas e duas linhas apresentando
exemplos de fármacos associados a sintomas gastrointestinais.
Como visto, podemos inferir que o principal efeito colateral de importância para a nutrição
associado a esses sintomas é a interferência na absorção de nutrientes. Mas além dos distúrbios
de absorção de nutrientes que esses sintomas podem provocar, indiretamente pode haver
também uma redução da ingestão alimentar.
A produção de saliva é importante para o início da digestão dos alimentos e sua falta impede
a formação do bolo alimentar e a digestão adequada dos alimentos.
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com três colunas e duas linhas apresentando
exemplos de fármacos que interferem na percepção do alimento.
Tendo isso em vista, e sabendo que uma adequada ingestão de alimentos em quantidade
e qualidade são essenciais para um bom estado nutricional, é importante entendermos os
mecanismos que os nutrientes ingeridos sofrem até sua efetiva utilização.
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com três colunas e 4 linhas apresentando oito
exemplos de interações entre micronutrientes, suas respectivas classificações de tipo de interação
e nível de ocorrência
Para minerais e elementos, os compostos que mais diminuem sua biodisponibilidade são os
fitatos, fosfatos e taninos, que veremos logo mais. Os compostos que promovem uma melhor
biodisponibilidade são ácido cítrico e ascórbico.
O zinco também se relaciona com o cobre. O excesso de zinco diminui a absorção do cobre
como resultado do aumento de uma proteína com afinidade para o cobre, proteína e mineral se
ligam o que limita sua absorção.
O zinco pode interagir também com metais pesados formando um complexo que pode
aumentar sua excreção. É o caso do complexo formado pelo cádmio com o zinco. Mercúrio com o
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selênio interagem de maneira semelhante. Indivíduos com baixa ingestão desses minerais e que
vivem em ambientes poluídos correm maior risco de deficiência.
O selênio se relaciona também com o iodo. Ele é importante para o metabolismo do iodo
pois participa da formação de T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). Portanto, um baixo consumo de
selênio resulta em uma baixa utilização de iodo.
A interação entre o selênio e a vitamina E pode ser explicada pela menor necessidade de uso
da vitamina E para reparo de dano celular por radicais livres na presença de selênio. Isso por que
a ação antioxidante desse mineral, diminui a necessidade da vitamina.
Já a vitamina D se relaciona com o cálcio. Para absorção intestinal desse mineral é necessário
a presença da vitamina D. Osteopenia e osteoporose são riscos quando se tem um quadro de
deficiência de vitamina D.
Outra vitamina que pode interagir com outros micronutrientes é a vitamina C. O excesso
de vitamina C pode alterar a forma química do cobre, tornando-o menos biodisponível e
prejudicando a absorção desse mineral. A vitamina C também interage com o ferro, e vamos
tratar dessa relação em um tópico à parte.
Vitamina C
Ácido ascórbico
Permite a mudança (redução) da forma química do ferro para uma melhor absorção e também
é capaz de formar um complexo com o mineral, melhorando sua absorção.
Zinco
Pode interferir na absorção e utilização de ferro, assim como o contrário. Essa interação deve
ser observada, principalmente nos casos de suplementação em que a ingestão alimentar não
esteja adequada para o outro nutriente. O consumo exagerado de cálcio também pode interferir
na absorção de ferro por competir pelo mesmo sítio de absorção.
Essas informações são importantes para o planejamento dietético, que deve se preocupar
com os alimentos fontes desses nutrientes em uma mesma refeição.
Além das interações com os nutrientes citados, a absorção e utilização de ferro pode ser
afetada por outros compostos, denominados fatores antinutricionais que veremos a seguir.
4 FATORES ANTINUTRICIONAIS
Alguns compostos químicos, além dos já citados, podem reduzir a biodisponibilidade
e qualidade nutricional de nutrientes, e são os chamados . Esses fatores são encontrados
naturalmente nos alimentos vegetais e além de interferir na absorção ou utilização de nutrientes,
o consumo excessivo desses compostos pode ser tóxico.
Alguns desses compostos antinutricionais são termolábeis, ou seja, sofrem alteração com
a presença de calor. Isso faz com que o processamento térmico seja suficiente para evitar a
interferência desses fatores com os nutrientes ingeridos, mas veremos logo mais que outros
processamentos podem auxiliar na redução do consumo desses compostos.
Fitatos podem formar complexos insolúveis com minerais e proteínas. Já oxalatos podem
formar complexos com o cálcio e diminuir a disponibilidade desse mineral. O nitrato pode
interferir no metabolismo da vitamina A. Veja na tabela a seguir os principais fatores nutricionais
que interferem na biodisponibilidade de nutrientes.
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#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com duas colunas e sete linhas apresentando
exemplos de fatores antinutricionais e seus efeitos sobre a disponibilidade de nutrientes.
FIQUE DE OLHO
O remolho trata-se de deixar os alimentos imersos em água para hidratação. Compostos
solúveis dos alimentos migram para água, principalmente se houver condições ideais de
temperatura e pH. Para que seja uma ação efetiva, é necessário que a água seja sempre
desprezada. É uma etapa muito interessante no preparo de leguminosas em que os
compostos antinutricionais são eliminados com a água de remolho e não agem sobre a
absorção de nutrientes, além de prevenir o desconforto gástrico causado por eles.
Alimentos ricos em oxalato, como a beterraba por exemplo, quando cozidos, ocorre a
migração desse composto, que é solúvel, para água de cozimento. Com a migração é importante
não utilizar a água de cozimento, para não ocorra o consumo do oxalato.
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O fitato pode formar complexos com cálcio, ferro e outros minerais como vimos acima. Para
evitar essa complexação é importante que alimentos ricos neste composto, como as leguminosas,
sejam preparados com remolho, ou passem por processos de fermentação, germinação ou ainda
tratamento térmico. Dessa forma, ocorre a desfosforilação do composto, perdendo a capacidade
inicial de se complexar com os minerais. O remolho também é interessante para diminuir o teor
de inibidores de proteases. A germinação também é útil para eliminação de oligossacarídeos.
5 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Como foi dito no início, o uso de medicamentos objetiva a recuperação da saúde. Porém,
sempre há a descrição de efeitos adversos nas bulas, e muitos deles causados por interações e
pela doença principal ou outras associadas.
Como você pode perceber até aqui, tudo que é ingerido, pode sofrer algum tipo de interação
com outros compostos. O mesmo acontece com a ingestão de medicamento, que pode
interagir com o que for consumido concomitantemente ou com o que já estiver presente no
trato gastrointestinal. Essa interação pode ser entre fármaco e fármaco, fármaco e fitoterápico,
fármaco e alimento, fármaco e suplemento.
FIQUE DE OLHO
Acabamos de ver acima que as interferências e as interações dos medicamentos com os
alimentos/nutrientes podem afetar o estado nutricional do paciente. Porém, lembre-se que
não é uma prerrogativa do profissional nutricionista o diagnóstico clínico e a prescrição de
medicamentos. Ao nutricionista cabe o diagnóstico nutricional e lhe é permitido a prescrição
apenas de suplementos nutricionais e fitoterápicos.
Saiba mais em: Resolução CFN n° 525/2013, alterada pela Resolução CFN n° 556/2015 -
regulamenta a prática da Fitoterapia pelo Nutricionista, atribuindo-lhe competências para,
nas modalidades que especifica, prescrever plantas e chás medicinais, medicamentos
fitoterápicos, produtos tradicionais fitoterápicos e preparações magistrais de fitoterápicos
como complemento da prescrição dietética. Resolução CFN n° 390/2006 que regulamenta a
prescrição dietética de suplementos nutricionais pelo Nutricionista.
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O efeito positivo pode ser visto, por exemplo, na relação entre a prescrição de hipertensivos e
diuréticos, em que ambos agem sinergicamente no organismo. Um exemplo de interação negativa
seria o consumo de antiácido e antibiótico, onde o primeiro causa a excreção do antibiótico não
permitindo que ele complete sua ação.
As interações terapêuticas acontecem após absorção e podem ser divididas por sua ação
na farmacocinética (o que o corpo pode fazer com o medicamento) ou na farmacodinâmica
(o que o fármaco pode fazer ao organismo) de um ou mais dos fármacos relacionados. A
interação farmacodinâmica provoca modificação no efeito bioquímico ou fisiológico de um ou
mais fármacos, provocando efeitos de sinergismo ou antagonismo de ação entre eles. O efeito
sinérgico pode ser tanto terapêutico como tóxico, a depender do tipo de interação, que pode ser
de adição, somação ou potenciação:
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Adição
Somação
Potenciação
A interação farmacodinâmica antagônica ocorre quando a relação entre os fármacos cria uma
resposta suprimida ou reduzida de um medicamento na presença de outro. Pode ocorrer a nível
farmacológico, fisiológico, químico ou físico.
A distribuição significa a saída do fármaco da corrente sanguínea em direção aos órgãos por
meio da ligação com proteínas plasmáticas transportadoras. Essa ligação fármaco-proteína de
transporte é dependente da afinidade do fármaco com a proteína (risco de competição entre os
medicamentos) e da hemodiluição dessas proteínas. Portanto, medicamentos que necessitam
desse transporte proteico de maneira similar a outros, podem não chegar ao local de ação, o que
interfere na terapêutica esperada por eles.
Como dito, na etapa de metabolização pode ocorrer efeito de indução ou inibição enzimática
no fígado, relacionada ao citocromo P450. As interações de indução estimulam a biotransformação
de um ou ambos fármacos, muitas das vezes, disponibilizando mais metabólitos que o desejado.
Enquanto as interações de inibição, como o próprio nome diz, inibem o metabolismo de um ou
de todos os fármacos que interagem, aumentando o risco de acumulação.
Essas classificações das interações medicamentosas irão nos ajudar a entender melhor
posteriormente as diversas formas de interação que podem surgir entre os fármacos e nutrientes/
fitoterápicos/suplementos/outros fármacos.
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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
WHITE, R. (2010). Drugs and nutrition: how side effects can influence nutritional intake.
Proceedings of the Nutrition Society, v. 69, p. 558–564, ago. 2010.
UNIDADE 3
Interações drogas x nutrientes:
importância clínica
Introdução
Você está na unidade Interações drogas x nutrientes: importância clínica. Conheça
aqui as principais informações relacionadas às interações entre drogas/fármacos e
nutrientes, seus benefícios e malefícios.
Aqui você entenderá como essas interações podem acontecer, quais são benéficas
e como realizá-las em prol do tratamento do paciente, assim como quais as principais
interações medicamento x alimento que devem ser evitadas para reduzir ou anular
prejuízos, tanto para a terapia farmacológica, quanto para a terapia nutricional.
Bons estudos!
49
FIQUE DE OLHO
Para o profissional de saúde é imprescindível reconhecer as interações de forma sistemática,
como integrante no processo de avaliação e durante o tratamento medicamentoso.
Antes de prosseguir com nosso estudo, vamos relembrar alguns conceitos importantes:
Droga
Considera-se uma droga, qualquer substância que quando consumida altera a fisiologia do
organismo. Seja ela o álcool, cigarro, dipirona, maconha, entre outros.
Fármaco
Medicamento
Farmacocinética
Farmacodinâmica
Alguns nutrientes são absorvidos pelo mesmo mecanismo que os fármacos, competindo pelo
local de absorção no trato gastrintestinal.
Compreende todos os processos que ocorrem com o medicamento a partir da sua administração,
incluindo as etapas de liberação e dissolução do princípio ativo. Esta fase deixa o fármaco disponível
para a absorção. Entretanto, sua natureza química, estado físico, tamanho e superfície da partícula,
quantidade e tipo dos excipientes utilizados, processo farmacêutico empregado e formulação são
fatores os quais podem influir na biodisponibilidade do princípio ativo, fazendo variar o tempo de
absorção e a quantidade absorvida (MOURA; REYES, 2002).
Durante o processo de absorção vários são os fatores que podem influenciar: alteração do
pH do conteúdo do trato gastrintestinal, velocidade do esvaziamento do estômago, aumento do
peristaltismo intestinal, competição pelos sítios de absorção, fluxo sanguíneo e alguns complexos
formados pelo nutriente e o fármaco (uma ligação direta entre eles).
Quando alimento e/ou líquido é ingerido, o pH do estômago altera, mudando de 1,5 para
cerca de 3. Essa alteração do potencial hidrogeniônico pode afetar diretamente a desintegração
dos medicamentos sólidos (comprimidos, drágeas, cápsulas) e então, pode influenciar também
a absorção ou a estrutura química do princípio ativo, substância responsável pela terapêutica.
Essa alteração pode ser benéfica ou maléfica. Por exemplo, o comprimido de fenitoína tende
a desintegrar mais facilmente com o pH mais alto, portanto será absorvido mais rápido. Já no caso
do antibiótico eritromicina essa ação é lentificada, então o efeito será mais demorado.
A figura mostra duas nutricionistas com jaleco e na mesa a frente delas várias frutas, legumes,
verduras e água. Uma nutricionista segura uma maçã verde em sua mão enquanto a outra aponta
para a tela do notebook branco, também em cima da mesa.
Alendronato
Cefuroxima
Tetraciclina e Ciprofloxacino
Estes antibióticos formam quelatos com cálcio, magnésio, ferro e zinco reduzindo a absorção
destes nutrientes.
Cimetidina
O medicamento para problemas estomacais, pode alterar a acidez e com isso diminuir a
absorção de vitamina B12, tiamina e ferro.
Furosemida
No mecanismo de fase I temos as reações conhecidas como “Reações de ativação” que são:
oxidação, hidroxilação, alquilação, hidrólise. Já na fase II, as reações de conjugação: glicuronidação,
glucosidação, sulfatação, metilação, acetilação, por exemplo, que irão formar um conjugado.
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A paciente de 42 anos mal reagia quando seu marido a trouxe ao pronto-socorro. Sua frequência
cardíaca tornava-se mais lenta ao mesmo tempo em que a pressão arterial baixava. Para reanimar
a paciente, os médicos tiveram que colocá-la em um respirador e depois colocar um marca-passo. Eles
ficaram perplexos quando o marido afirmou que ela tinha enxaqueca e tomava um remédio para
hipertensão arterial chamado verapamil como forma de prevenir a doença. Mas os exames de sangue
revelaram a presença de uma quantidade assustadora do medicamento no corpo da paciente, um nível
cinco vezes maior que o considerado seguro. Em circunstâncias normais, o medicamento é metabolizado
no trato gastrointestinal e uma quantidade relativamente pequena é absorvida, pois uma enzima existente
no intestino, chamada CYP3A4, o torna inativo. Contudo, a toranja possui substâncias químicas naturais,
chamadas furanocumarinas, que inibem a enzima. Sem sua presença, o intestino absorve uma quantidade
bem maior do medicamento e os níveis da droga no sangue aumentam de forma significativa (UOL, 2013).
São muitos os medicamentos que interagem com a toranja, cerca de 85, e entre eles estão
a sinvastatina e o anticoncepcional que contenha etinilestradiol, podendo causar rabdomiólise e
coágulos graves respectivamente.
Sobre a excreção, vários alimentos e nutrientes podem alterar a excreção dos fármacos
através dos rins. Por exemplo, o sódio presente nos alimentos pode competir com o carbonato de
lítio, medicamento utilizado para casos de transtornos de humor bipolar. O aumento do consumo
de sódio aumenta a excreção do lítio e, o contrário, a redução do consumo de sódio aumenta a
retenção renal do lítio aumentando assim seus níveis no sangue.
A atenção voltada à interação fármaco x fármaco merece uma atenção intensa, assim como
a interação alimento x fármaco. Como já estamos percebendo desde o início da unidade, essas
interações podem levar o paciente a graves problemas que, se não revertidos em tempo hábil,
podem levá-lo a óbito.
54
FIQUE DE OLHO
A equipe multiprofissional precisa examinar constantemente aspectos relevantes como as
mudanças do estado nutricional e os efeitos não esperados do medicamento para tomar
medidas cabíveis diante de qualquer alteração maléfica.
Alguns problemas associados à alimentação enteral por sonda nem sempre ocorrem por essa
causa. De acordo com Keef (2009), a diarreia muitas vezes associada à nutrição entérica é em sua
maioria causada por outros fatores como a hiperosmolaridade, sorbitol, intestino inativo ou até
mesmo a terapia antibiótica.
Portanto, antes de administrar qualquer produto é preciso confirmar a sua viabilidade para
esta via, identificar as melhores formas de manipulação e administração para evitar demais
problemas.
Para administrar medicamento em forma farmacêutica xarope, deve-se diluir o xarope 1:1
em água, ou seja, no mínimo o volume de xarope deve ser diluído em um mesmo volume de
água. Caso seja administrado 10mL de xarope, deve-se diluir em no mínimo 10mL de água e
posteriormente realizar a lavagem da sonda com um volume considerado de água. No caso do
antibiótico ciprofloxacino, deve-se parar a nutrição pelo menos 1 hora antes de administrar o
medicamento ou somente inserir o antibiótico duas horas após a alimentação. E não se recomenda
macerar, pois se trata de comprimido que possui revestimento, não podendo destruí-lo.
Então, atenção para as formas farmacêuticas que não podem ser maceradas: comprimidos
revestidos e comprimidos de liberação lenta, pois pode fazer com que a liberação da dose do
principio ativo seja imediata e neste caso, é necessário que a liberação ocorra de forma lenta para
melhor resposta terapêutica. Cápsulas preenchidas por micro grânulos não devem ser abertas,
pois corre o risco de obstruir a sonda e também de perder o efeito do medicamento.
Outra interação importante a ser mencionada é a ingestão de café após uma refeição. A
cafeína reduz em 40% a absorção de ferro não-hêmico, o mesmo acontece quando tomado
simultaneamente à refeição ou após 1 hora da mesma. Pode ser ingerido então, 1 hora antes de
alimentar-se, desta forma não é observada redução na absorção do ferro.
Grandes doses de óleo mineral também interferem na absorção destas vitaminas acima
citadas além do betacaroteno, cálcio e fosfatos devido à barreira física e também à redução do
tempo do trânsito intestinal.
56
Muitos destes processos também envolvem dor, então aqui abordaremos também os
analgésicos (opioides e não-opioides) e suas possíveis interações com alimentos e nutrientes.
Outra interação importante a ser citada é com relação ao tramadol, um analgésico opioide
com alta potencia muito utilizado em dores fortes e pós-procedimentos cirúrgicos. Quando
em contato com alimento, o pH do estômago é alterado, desta forma modifica a absorção do
tramadol e consequentemente seu efeito também é afetado.
do albendazol pela luz do intestino para a corrente sanguínea, aumentando de 4 a 5 vezes. Este
medicamento tem certa dificuldade de ser absorvido então é importantíssima a orientação dessa
associação. Muitos prescritores indicam tomar na hora do almoço para garantir a presença de
algum ácido graxo durante a absorção do medicamento, mas o nutricionista pode auxiliar muito
neste momento ofertando na dieta as oleaginosas, abacates, queijos, chocolates e até uma fritura.
Qual pessoa não iria gostar de comer uma coxinha ou pastel neste momento, hein?
Com o antibiótico cloridrato de tetraciclina o alimento evitado deve ser o leite e seus derivados
lácteos, pois quando juntos, formam quelatos e isso diminui a absorção da tetraciclina e do cálcio.
Portanto, consumir leite e derivados até uma hora antes de tomar o medicamento ou somente
duas horas após.
O metronidazol, também da classe dos antibióticos, altera o paladar e deixa a boca seca
por alterar o fluxo salivar além de possíveis estomatites, isso pode interferir diretamente na
adequação do paciente à dieta, à ingestão dos alimentos como um todo.
Outro costume é, durante períodos de gripes, resfriados com infecções de garganta, se tomar
antibiótico e junto, a vitamina C. Ambos interagem quando consumidos juntos inibindo a ação
dos antibióticos.
A amilorida interage diretamente com cálcio, leite e queijo diminuindo sua biodisponibilidade,
enquanto a nifedipina tem esta mesma redução com alimentos em geral e a metildopa com sais de
ferro. O atenolol e medicamentos pertencentes à classe dos bloqueadores de canais de cálcio não
devem ser consumidos com suco de laranja, pois essa associação diminui a absorção dos fármacos.
Os diuréticos, utilizados para reduzir a retenção hídrica e, por este fator, altera a excreção de
nutrientes importantes. O furosemida, um diurético potente, aumenta a excreção de íons de potássio,
cálcio, magnésio, sódio além da água e em contrapartida aumenta o ácido úrico no organismo.
Apresentam efeitos adversos similares à Sibutramina e muitos cuidados devem ser tomados
ao fazer uso de anfetaminas. Em caso de tolerância (perda de efeito), evitar o aumento para
doses excessivas. O paciente deve ter atenção redobrada ao operar máquinas, veículos ou armas.
Além disso, apresentam potencial dependência psicológica, risco de depressão, extrema fadiga
pós-interrupção abrupta e a overdose pode favorecer psicose indistinguível de esquizofrenia, ou
seja, necessariamente requer acompanhamento de toda equipe multidisciplinar para monitorar
efeitos e progressão da terapia.
Outra opção medicamentosa que age no SNC só que mais tolerável são os inibidores seletivos
da receptação de serotonina (ISRS), e: Fluoxetina, Citalopram e Sertralina. Como o próprio nome
da classe sugere, eles aumentam os níveis apenas de serotonina (diferentemente da Sibutramina
e das anfetaminas), por isso o risco é menor.
61
Como efeitos adversos, são observados: redução da libido e impotência sexual, insônia,
anorgasmia, agitação, xerostomia, náuseas, cefaléias.Além do que, deve-se ter atenção com
ativação de episódios maníacos ou ideação suicida. Claramente, os medicamentos que atuam no
SNC oferecem maiores riscos por alterar níveis de neurotransmissores.
Existe, porém, opções periféricas, como no caso dos inibidores da absorção de gorduras,
o Orlistat (Xenical®). O Orlistat inibe reversivelmente as lipases gástricas e pancreáticas, com
bloqueio da absorção de gordura. Assim, com menos gordura sendo absorvida, o indivíduo vai
reduzindo o peso. É eficaz no tratamento da obesidade, do sobrepeso e da síndrome metabólica,
associado ao aconselhamento nutricional e à prática de atividade física.
Os principais efeitos adversos do Orlistat são: fezes gordurosas líquidas (esteatorreia), urgência
fecal, incontinência fecal, flatulência e, menos frequentemente, dores abdominais e retais. É
importante ressaltar que pode gerar comprometimento da absorção de vitaminas lipossolúveis
(vitaminas A, D, E e K), necessitando suplementá-las. Além disso, pode interferir na absorção de
fármacos lipofílicos como: amiodarona, warfarina, ciclosporina, lamotrigina e anticonvulsivantes.
O ideal é utilizá-lo até 2 vezes ao dia, antes ou até uma hora após as principais refeições (almoço
e jantar), em doses de 60 a 120 mg.
Cabe ressaltar que se trata de dois medicamentos de alto custo e de baixa notificação de
farmacovigilância, ou seja, os efeitos adversos são pouco conhecidos até então.
A insulina é um hormônio chave envolvida na fisiopatologia dessa doença. Ela é produzida pelo
pâncreas e liberada na corrente sanguínea de acordo com a presença de glicose (principalmente)
e gorduras (ácidos graxos) provenientes da alimentação. Quando liberada, a insulina se liga em
receptores presentes na membrana das células de vários órgãos ou tecidos – principalmente:
cérebro (para produção contínua de energia), músculo esquelético e fígado (para síntese de
glicogênio e posterior produção de energia). Após essa interação, estimula uma cascata de
reações no interior das células, até alcançar o núcleo e estimular a produção de transportadores
de glicose, denominados de GLUTs. Esses transportadores vão até a membrana captar a glicose
para dentro das células onde será convertida em energia.
Essa doença é classificada em dois tipos: diabetes tipo 1 (DM1) e tipo 2 (DM2). A tipo 1 é
causada pela destruição de células do pâncreas, causando deficiência absoluta de insulina. Há
maior ocorrência na fase juvenil. Enquanto que no tipo 2 ocorre pela resistência insulínica e/ou
deficiência de insulina sendo mais prevalente em adultos. Os pacientes diabéticos, independente
do tipo, apresentam sintomas muito semelhantes, como: fadiga muscular, muita fome, sede e
diurese, piora da visão, tontura, dificuldade na cicatrização, complicações renais, dentre outros.
Os efeitos adversos mais observados com o uso de insulina são: hipoglicemia, tonturas,
alergia, resistência à insulina, aumento (lipohipertrofia) ou diminuição (lipoatrofia) do tecido
adiposo decorrente das aplicações constantes, o que sugere rodízio dos locais de aplicação
(tecido subcutâneo de tríceps, abdômen e coxa).
Por fim, a estratégia mais recente é utilizar fármacos que mimetizem as incretinas que são
substâncias produzidas na parede do intestino que visam aumentar a liberação de insulina,
aumento a captação de glicose e controlar a glicemia. Dentre eles: o polipeptídeo isulinotrópico
dependente de glicose GIP e o peptídeo análogo ao glucagon tipo 1. Ambos sofrem degradação
pela enzima Dipeptidil Peptidase 4 (DPP-4) no intestino. Assim, foram produzidos os inibidores da
DPP-4: Sitagliptina, saxagliptina, alogliptina e linagliptina, utilizados associados à dieta e exercício
para baixar a glicose no sangue de adultos com diabetes de tipo.
Existe ainda a opção parenteral, administrada via subcutânea, dos análogos do GLP-1:
Liraglutida (Victoza®) e Exenatida (Saxenda®). Ambos aumentam a liberação de insulina e são
indicados no tratamento de DM2 e mais recentemente para obesidade, para o qual se observou
redução de apetite e consequentemente do peso corporal.
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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
BRUNTON, L. L.; LAZO, J. S.; PARKER, K. L. Goodman & Gilman As bases farmacológicas
da terapêutica. Porto Alegre: ArtMed, 2012
Keefe S. J. D. A guide to enteral access procedures and enteral nutrition. Nat Rev.
Gastroenterol. Hepatol. 2009.
UOL. Conhecida como ‘grapefruit’, toranja pode ser fatal para quem toma certos
medicamentos. UOL, 2013. Disponível em:
https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/01/02/conhecida-
como-grapefruit-toranja-pode-ser-fatal-para-quem-toma-certos-medicamentos.htm.
Acesso em 07/05/2020.
UNIDADE 4
Suplementos alimentares,
fitoterapia e exames laboratoriais
Introdução
Você está na unidade Suplementos alimentares, fitoterapia e exames laboratoriais.
Conheça aqui como a nutrição e a farmácia atendem juntas às demandas dos
consumidores que procuram qualidade no tratamento de doenças e promoção à saúde.
Conheça alguns compostos não medicamentosos como os nutracêuticos, suplementos
dietéticos e fitoterápicos. Saiba mais sobre a legislação e os cuidados acerca da prescrição
dos mesmos.
Você também terá a oportunidade de conhecer algumas das principais interações entre
medicamentos e fitoterápicos.
Nesta unidade você será capaz de entender quais os principais exames laboratoriais
prescritos pelo nutricionista e como interpretá-los na prática clínica.
Bons estudos!
69
A ciência farmacológica utiliza formulações químicas para que um princípio ativo, com
capacidade de melhorar uma alteração metabólica, seja empregado de maneira eficaz no
tratamento de doenças.
Tais princípios ativos podem ter origem natural ou química, e se de origem alimentar, são
denominados nutracêuticos. Ou seja, não é o alimento em si, apenas uma parte isolada, e utilizada
com o fim terapêutico de tratamento e/ou prevenção de doenças. Esses produtos farmacêuticos
podem ser comercializados na forma de cápsulas, pós, géis, entre outras, e muitas vezes podem
ser consideradas como suplementos dietéticos.
A busca pela saúde e qualidade de vida, pela ótica da nutrição, gira em torno do consumo de
produtos saudáveis e naturais. Naturais por que, principalmente nas últimas décadas, percebe-
se um grande consumo de alimentos processados e ultraprocessados, com muitos ingredientes
químicos (corantes, edulcorantes, estabilizantes, conservantes etc) e sua associação com doenças
crônicas.
A ciência da nutrição preza então, pela ingestão de alimentos saudáveis e tem como mantra
a famosa frase de Hipócrates (460 - 377 a. C.):“Que teu remédio seja teu alimento, e que teu
alimento seja teu remédio”.
Nesse sentido, é crescente a procura por alimentos com outros propósitos ademais da
simples nutrição. Espera-se que alguns alimentos possam ter efeitos fisiológicos, para além de
suas funções básicas. Esses alimentos são denominados alimentos funcionais, e para receberem
essa alegação, necessitam de pesquisas científicas para comprovação dos efeitos fisiológicos ou
funcionais. Nota-se a procura e uso desse tipo de alimento, tanto por consumidores como pelos
profissionais na prescrição das dietas.
70
1.1 Nutracêuticos
A farmacologia e a nutrição se unem fortemente quando produtos naturais ou dietéticos são
utilizados na farmacoterapia em complemento mútuo com a intervenção nutricional.
Apesar de ainda não haver uma definição legal para nutracêuticos no Brasil, o conhecimento
mundial dos benefícios desses produtos é cada vez mais interessante para terapia nutricional,
para auxiliar na melhoria da qualidade de vida, tanto na promoção de saúde como na diminuição
de doenças.
Diversas podem ser as categorizações dos nutracêuticos, por sua fonte alimentar, por sua
natureza química, ou seu mecanismo de ação. Fibras, vitaminas, minerais e probióticos, são
exemplos. Deve-se observar aqui, que cura e prevenção de doenças não devem ser termos
utilizados para esses produtos. As alegações de promoção à saúde investidas aos nutracêuticos,
podem criar uma relação de preferência aos medicamentos tradicionais por seus riscos de
toxicidade e efeitos adversos. Porém, cabe ressaltar que, principalmente o uso sem prescrição de
nutracêuticos, também pode levar a riscos de toxicidades e de interações maléficas com fármacos
ou nutrientes e comprometer a saúde, ao invés de ajudar.
Um novo marco legal foi publicado em 2018, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), com as novas regras para os suplementos alimentares, através de cinco resoluções e uma
instrução normativa que revogam algumas normas anteriores referentes ao assunto, veja abaixo.
Figura 1 - Normas legais vigentes no país sobre suplementos alimentares e suas respectivas alterações
Fonte: ANVISA, 2018 (Adaptado).
#ParaCegoVer: A tabela traz três colunas e 7 linhas que descrevem as normas legais publicadas
em 2018 sobre suplementos alimentares e as alterações pertinentes.
72
O uso de plantas medicinais não é algo novo. Com o advento dos medicamentos, o uso de
plantas medicinais foi por um tempo deixado de lado, mas atualmente, e com os incentivos dos
órgãos de saúde, em todo mundo a fitoterapia tem sido estudada, recomendada e utilizada cada
vez mais.
Além disso, algumas espécies de plantas medicinais são conhecidas culturalmente para
tratamento de algumas doenças e usadas sem prescrição profissional. Isso demonstra que os
fitoterápicos foram aprovados há muito tempo em nível cultural. Por conta disso, frequentemente,
acredita-se que o consumo de fitoterápicos não causa mal para a saúde, uma vez que são naturais.
Porém, como toda substância ingerida em excesso, o risco de toxicidade e interações é possível
para esses compostos.
Diante disso, se faz muito importante que o profissional prescritor tenha embasamento
suficiente para orientar adequadamente o uso, e planejar a terapêutica de maneira que se evite
os efeitos adversos do consumo.
73
FIQUE DE OLHO
Em 2015 o CFN publicou a Resolução n° 556, alterando a Resolução CFN n° 525/2013,
que regulamenta a prática da Fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe competências
para, nas modalidades que especifica, prescrever plantas e chás medicinais, medicamentos
fitoterápicos, produtos tradicionais fitoterápicos e preparações magistrais de fitoterápicos
como complemento da prescrição dietética.
O art. 3° desta resolução indica que o nutricionista graduado pode prescrever plantas
e chás medicinais. Porém, a prescrição de medicamentos fitoterápicos, de produtos
tradicionais fitoterápicos e de preparações magistrais de fitoterápicos só pode ser realizada
por profissionais com o título de especialista em Fitoterapia, reconhecido pela Associação
Brasileira de Nutrição (ASBRAN).
Esse resultado pode indicar o pouco conhecimento dos profissionais acerca do tema, uma
vez que existe uma infinidade de fitoterápicos que podem ser utilizados em diversos usos
terapêuticos.
Para a correta prescrição, o profissional deve se certificar que o produto possui registro
simplificado, ou seja, não esteja na lista de prescrição médica, e que seja complementar, e não
substituto, da dieta.
FIQUE DE OLHO
A Instrução Normativa ANVISA nº 2/2014 possui os medicamentos fitoterápicos de registro
simplificado. E o Anexo I, da Resolução ANVISA nº 26/2014, dispõe sobre medicamentos
fitoterápicos e produtos tradicionais fitoterápicos
3 FITOTERÁPICO X FÁRMACO
Você já viu aqui que o consumo sem prescrição, ou orientada de maneira incorreta, pode
levar a toxicidade ou maior risco de interações indesejadas com outros compostos, como
medicamentos e nutrientes. Os efeitos adversos podem ser vários, como risco de sangramento e
74
Tanto é comum o consumo ser considerado natural a ponto de não ser lembrado como
importante para relatar ao profissional de saúde, como é comum que o profissional de saúde
não tenha a prática de interrogar sobre o possível consumo de chás ou infusões. A partir disso,
tem-se o risco aumentado das interações, com os fármacos ou nutrientes prescritos. Em relação
à interação com fármacos, ela pode ser a nível farmacocinético ou farmacodinâmico, mas em
ambos os casos a prescrição deve ser muito cautelosa, para evitar a inativação de ação do fármaco
ou um possível efeito tóxico ao organismo.
FIQUE DE OLHO
Ao nutricionista compete o diagnóstico nutricional, e exames laboratoriais podem ser
utilizados complementarmente a outras avaliações. O diagnóstico nosológico de doenças
é atribuição médica.
76
Resolução CFN nº 306, de 24 de março de 2003, que dispõe sobre solicitação de exames
laboratoriais na área de Nutrição Clínica, revoga a Resolução CFN nº 236, de 2000 e dá outras
providências. Diz em seu art. 1º que “compete ao nutricionista a solicitação de exames
laboratoriais necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional do cliente/paciente”.
Resolução CFN n°380, de 28 de dezembro de 2005 que dispõe sobre a definição das áreas
de atuação do nutricionista e suas atribuições, estabelece parâmetros numéricos de referência,
por área de atuação e dá outras providências, revogando as Resoluções CFN n° 200 e 201de
20 de abril de 1998, permite ao nutricionista solicitar exames complementares à avaliação
nutricional, prescrição dietética e evolução nutricional do cliente/paciente em hospitais, clínicas
em geral, instituições de longa permanência para idosos, spas, ambulatórios, consultórios, clubes
esportivas, academias, dentre outros.
Resolução CFN nº 417, de 18 de março de 2008 que dispõe sobre procedimentos nutricionais
para atuação dos nutricionista e dá outras providências estabelece a Avaliação de Parâmetros
Bioquímicos como um dos procedimentos nutricionais para atuação do nutricionista.
Cada faixa etária possui recomendações e valores de referência específicos para cada
molécula investigada. Por isso, é importante que a prescrição e a orientação sejam completas e
suficientes para evitar erros de interpretação de resultados.
78
O sangue é o meio por onde vários componentes circulam pelo nosso corpo. Três componentes
podem ser separados após a centrifugação, os glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e as plaquetas
(no plasma). Os glóbulos vermelhos são as células denominadas eritrócitos ou hemácias, e fazem
parte da série vermelha. Os leucócitos são os chamados glóbulos brancos, da série branca e as
plaquetas são também denominadas como trombócitos.
FIQUE DE OLHO
Os exames laboratoriais fazem parte da avaliação complementar, que por ser invasiva,
e às vezes cara, deve ser solicitada com o objetivo de confirmar ou afastar uma hipótese
diagnóstica. Isso significa que antes, outras avaliações devem ser feitas, e o exame
laboratorial deve ser solicitado no intuito de confirmar ou não o possível diagnóstico.
O resultado de um hemograma pode ser influenciado por fatores como sexo, idade, raça,
níveis de atividade física e hidratação, uso de medicamentos e interações medicamentosas,
temperatura corporal, fumo e ansiedade.
O Volume Corpuscular Médio (VCM) reflete o volume médio das hemácias e pode ser
classificado em:
Microcítica
Normocítica
Macrocítica
Em casos de anemia, os valores de CHCM podem estar normais ou abaixo dos valores de
referência.
Os quadros de eosinopenia podem ocorrer devidosa estresse agudo por trauma, cirurgia,
queimadura ou inflamação aguda, pela Síndrome de Cushing por administração de corticóides,
e no pós-parto.
As reações alérgicas e de hipersensibilidade envolvem a ação dos basófilos. Esse tipo celular
possui grânulos com heparina, histamina, e outros mediadores da inflamação que são liberados
81
quando os basófilos se fixam nos anticorpos IgE. A basofilia indica um estado de edema durante
processos alérgicos.
Outra célula de defesa é o linfócito que, no baço ou linfonodo, integra a resposta imune.
5.3 Plaquetograma
As plaquetas são pequenos corpúsculos discóides do sangue, que constituem o principal
elemento na obtenção da hemostasia. A alteração mais importante é a trombocitopenia
ou plaquetopenia. Podem ser analisados também os índices, volume plaquetário médio
(VPM) e o coeficiente de variação da distribuição do tamanhos das plaquetas (PDW). O VPM
aumentado significa a presença de plaquetas grandes e pode ser encontrado em hemorragias
agudas, plaquetopenias secundárias à destruição imunológica, síndromes mieloproliferativas e
septicemias. O PDW parece ser útil na distinção da trombocitose reacional.
O uso de agentes químicos ou drogas, reação a alguns fármacos, anemia aplástica, leucemias,
doenças linfoproliferativas, hiperesplenismo, dengue, podem estar associadas a baixas contagens
de plaquetas (plaquetopenia ou trombocitopenia).
É muito comum, tanto na clínica médica, como nutricional, a solicitação dos exames de
proteínas totais, índice de creatinina, uréia, glicose, colesterol total e frações, triglicerídeos, TSH
e T4, bilirrubina total e AST. Dessa forma, todos os sistemas são investigados. Cabe ressaltar,
que a solicitação deve ser feita apenas com clara evidência de necessidade e dependendo da
investigação diagnóstica, ou necessidade de acompanhamento terapêutico, outros exames
podem ser solicitados.
Essas enzimas podem ser avaliadas individualmente ou por meio da sua relação AST/ALT. A
bilirrubina, é outro marcador utilizado com mais frequência na prática clínica e ajuda a avaliar a
excreção e detoxificação hepática. A elevação das bilirrubinas séricas é ocorrência freqüente nas
hepatopatias e pode ser a primeira ou mesmo a única manifestação de uma doença hepática.
A mioglobina é outra proteína comumente dosada, mas tem baixa sensibilidade clínica
para avaliar a presença de lesão após 12 horas. Níveis aumentados desta proteína podem ser
encontrados após injeções intramuscular ou exercícios pesados, insuficiência renal, ingestão de
álcool, alguns medicamentos que provoquem lesão muscular.
Hipercolesterolemia isolada
Hipertrigliceridemia isolada
TG maior ou igual a 150 mg/dL ou 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum
Hiperlipidemia mista
LDLc maior ou igual a 160mg/dL e Tg maior ou igual a 150mg/dL ou maior ou igual a 175 mg/
dL, se a amostra for obtida sem jejum
HDL baixo
Homens HDLc menor que 40 mg/dL e mulheres Hdlc menor que 50 mg/dL
O principal teste para diagnóstico de diabetes é a glicemia em jejum. Mas apesar de boa
especificidade, a glicemia em jejum não é suficiente para fechar o diagnóstico de diabetes,
principalmente em pacientes assintomáticos, necessitando outros exames para confirmação.
Mesmo assim, é o principal marcador para confirmar ou descartar a possibilidade de diabetes
no paciente.
O teste é realizado em amostra de urina com intuito de determinar suas características físicas
e químicas e para verificar a presença de estruturas celulares e de outra origem.
A variação de cor para amarelo claro ou incolor indica ingestão excessiva de água, mas
também insuficiência renal ou ingestão de bebidas alcoólicas, enquanto que a urina escura indica
concentração, devido à baixa hidratação, mas também presença de bilirrubina ou hemácias.
O volume pode estar diminuído ou aumentado em alterações renais. Urina turva pode indicar
presença de infecções ou elementos como células, ambas situações indesejáveis. A densidade
alterada pode indicar diabetes e a alteração de pH sugere presença de infecções.
O exame rotineiro, que depende da coleta adequada de fezes pelo paciente, detecta
parasitoses, doenças inflamatórias intestinais, além de hemorragias e obstruções digestivas.
Didaticamente, podemos dividir o exame em parte macroscópica, microscópica e bioquímica.
A alteração dessas características pode também ser devido ao uso de fármacos, antibióticos,
e má absorção. A alteração de cor pode indicar diarréia (clara), hemorragia, tumor (escura),
inflamação (tons avermelhados), obstrução biliar e deficiência pancreática (esbranquiçada/
cinza). O odor desagradável pode ser devido à má digestão de proteínas ou consumo exagerado
de carboidratos.
O exame parasitológico é muito útil, principalmente nos casos de diarreia. Mas a coleta do
material deve ser feita adequadamente para que o teste tenha qualidade e seja eficiente, exigindo
que o paciente seja ativo nesse processo de coleta. Mas muitas vezes o teste não chega a ser feito
e o motivo da diarreia não é identificado, por conta da demora na liberação do resultado do teste
e devido ao fato de que os medicamentos para combater a diarreia são fáceis de encontrar e
possuem poucos efeitos colaterais.
Sangue oculto nas fezes também é possível de se detectar nessa análise e sua presença pode
ser sugestivo de carcinomas. Caso positivo, deve-se repetir os exames e evitar alimentos com
peroxidase nesse período para confirmação.
A análise bioquímica de urobilinogênio também é feita nessa parte e sua presença elevada
pode ser devida a anemia hemolítica, e em valores baixos, pelo uso de antibióticos ou presença
de hepatopatias.
86
10 MARCADORES LABORATORIAIS DA
INFLAMAÇÃO
Os principais marcadores inflamatórios usados no dia a dia da clínica são a proteína C reativa
(PCR) e a Velocidade de Hemossedimentação (VHS), justamente por que a elevação de ambos
fatores é proporcional ao grau de inflamação/infecção.
A albumina também pode ser usada como marcador de inflamação em contexto contrário.
Comparada à PCR, a VHS tem menor sensibilidade, mas percebe-se que se encontra elevada
em infecções e indica necessidade de pesquisa de uma doença sistêmica grave.
88
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
DIASA, E. C. M.; TREVISAN, D. D.; NAGAIC, S. C.; RAMOS, N. A.; SILVA, E. M. Uso de
fitoterápicos e potenciais riscos de interações medicamentosas: Reflexões para prática
segura. Revista Baiana de Saúde Pública. v. 41, n. 2, p. 297-307 abr./jun. 2017.
ERICHSEN E. S.; VIANA, L. G.; FARIA R. M. D.; SANTOS, S. M. E. Medicina laboratorial para
o clínico. Belo Horizonte, COOPMED, 2009.
Bons estudos!