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SLAP-2012 Granulometria2autor Jamur

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Análise da influência da granulometria do PU em placas de

resíduos de SBR/ PU oriundos da indústria calçadista

Patrícia Cofferri 1*, Cristiano Jean Jamur de Oliveira2, Monica Fernanda Mesa Gutierrez3 e Ruth Marlene
Campomanes Santana4.

1: DEQUI, UFRGS. Porto Alegre, Brasil


2: Ulbra. Canoas, Brasil
3:Universidad de los Andes. Bogotá, Colombia
4:DEMAT, UFRGS. Porto Alegre, Brasil

* pcofferri@hotmail.com.

Abstract

Nos últimos tempos, o uso de couro natural na indústria de calçado vem diminuindo, devido ao alto custo no
tratamento de efluentes necessários para a utilização desta matéria-prima. Desta forma, o uso de materiais poliméricos
neste setor tem sido largamente expandido, visto que com estes há a possibilidade de obtenção de produtos mais baratos,
mais leves. Porém, este avanço trouxe uma grande preocupação: como realizar o gerenciamento dos resíduos oriundos
deste setor, o que torna estudar as possibilidades e condições de processamento para a reciclagem destes materiais de
grande importância. Assim, nesta pesquisa buscou-se avaliar a utilização de resíduos de borracha (SBR) e poliuretano (PU)
na construção civil, através da produção de placas para aplicação em pisos e paredes com propriedades de isolamento
térmico e sonoro, verificando a influência da granulometría das partículas do PU nas propriedades destas.

Palavras chaves: Reciclagem, Indústria calçadista, SBR, PU.


Sessão: Sustentabilidade e meio ambiente

1 INTRODUÇÃO em 2000 o uso de plásticos na fabricação de calçados


ficou próximo de dois terços da produção nacional.
O setor coureiro calçadista brasileiro é (GORINI e SIQUEIRA, 2002)
formado por 7,5 mil indústrias, produzindo em 2008 Desta forma, os materiais sintéticos estão se
cerca de 800 milhões de pares de calçados, no qual tornando grande parte dos resíduos oriundos da
aproximadamente 21% para exportação, sendo a fabricação de calçados e é de extrema importância
região do Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul o verificar as possibilidades de gerenciamento e
maior polo produtor de calçados. (Relatório LAFIS, reutilização destes, sendo tanto com a reincorporação
2009) Conforme os resultados obtidos no Relatório destes no próprio processo produtivo quanto com a
sobre a Geração de Resíduos Sólidos Industriais, obtenção de novos produtos.
executado por Silva, Sangoi e Espinoza (2003), o Assim, com esta pesquisa objetivou-se avaliar
setor coureiro-calçadista é o maior gerador de a influência da granulometría das partículas de
resíduos sólidos industriais perigosos no estado do poliuretano nas propriedades principalmente quanto a
Rio Grande do Sul, o que demonstra que a indústria isolamento sonoro e térmico, de placas de
calçadista representa um grande impacto ambiental. borracha/poliuretano (SBR/PU). Desta forma, busca-
Originalmente os sapatos eram fabricados se a reutilização destes materiais na construção civil,
somente com couro, porém com o desenvolvimento através da produção de placas para aplicação em
da indústria petroquímica e o surgimento de diversos pisos e paredes com propriedades de isolamento
materiais sintéticos, várias opções se abriram aos térmico e sonoro.
fabricantes da área, que começaram a utilizar
matérias-primas alternativas. Estima-se que 2 MATERIAIS E MÉTODOS
atualmente o couro represente somente 8% dos
2.1 Materiais
materiais utilizados na fabricação de solados.
(GORINI, 2000). A Associação Brasileira das Os materiais utilizados foram partículas de borracha
Indústrias de Calçados (ABICALÇADOS) estimou que (SBR) com 250 µm e de poliuretano aglutinado (PU)

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oriundas dos resíduos de uma indústria calçadista da
região do Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul,
Brasil. Como agente aglomerante foi utilizado um pré- 2.4 Ensaio de isolamento térmico
polimero de isocianato (PMDI). O ensaio de isolamento térmico foi realizado conforme
o esquema da Fig. 4 o tempo de ensaio foi 80
minutos.

Figura 1. a) Partículas de SBR b) Partículas de PU.

Figura 4. Esquema do ensaio de isolamento térmico


2.2 Obtenção das placas
As placas de 100 g, dimensões de 14,5x 11,5 e 4mm
de espessura, foram produzidas a uma temperatura
de 240°C e uma pressão de 12ton. Os tempos de pré-
aquecimento e aquecimento utilizados foram,
respectivamente 5 e 2 minutos. A composição das
placas foi mantida constante, 60% de SBR e 40% de
PU com 5% de aglomerante, e a granulometria do PU
Figura 5. Imagem do ensaio de isolamento térmico.
foi variada conforme mostrado na Tabela 1.

Tabela 1. Granulometria dos resíduos usados.


Placa Granulometria Granulometria
SBR (µm) PU (µm)
1 250 250
2 250 500
3 250 710
4 250 1000

2.3 Ensaio de isolamento sonoro


O ensaio de isolamento sonoro foi realizado com a
utilização do sistema esquematizado na Fig. 2,
utilizou-se como fonte sonora uma onda quadrada
variando a frequência em 100, 1000 e 10000 Hz.

Figura 2. Esquema do ensaio de isolamento sonoro.

Figura 3. Imagens do ensaio de isolamento sonoro. a) sem


amostra b) com amostra.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Caracterização superficial
Através da analise qualitativa das placas pode-se
perceber que com a diminuição da granulometria do
PU, houve uma maior dispersão das partículas, o que
provavelmente aumentou o desempenho mecânico.

Figura 7. Microscopia eletrônica de varredura com aumento de


400x. a) Partículas de PU 250µm. b) Partículas de PU 500µm. c)
Partículas de PU 710µm. d) Partículas de PU 1000µm.

3.2 Ensaios Físicos


3.2.1 Absorção de água
Pode-se observar que com o aumento da
granulometria de PU ocorreu um aumento da
absorção de água. Este fato se dá, pelo provável
recobrimento das partículas pequenas de PU pela
borracha, o que não ocorre com as partículas
grandes.

Figura 6. Placas com: a) SBR 250 µm e PU com 1000 µm b) SBR


250 µm e PU com 710 µm c) SBR 250 µm e PU com 500 µm d)
SBR 250 µm e PU com 250 µm

3.1.1 MEV fratura


Com as imagens de MEV podemos verificar que com
o aumento do tamanho das partículas de PU houve
um maior aumento na quantidade de vazios existentes
na placa. Fato relacionado ao fraco recobrimento da
borracha nas partículas de PU, dificultado pelo Figura 8. Avaliação da porcentagem de absorção de água com
tamanho. a variação na granulometria do PU nas placas de borracha
carregada com PU.

3.3 Ensaios Mecânicos


3.3.1 Dureza Shore A
Com o aumento no tamanho das partículas de PU,
ocorreu uma diminuição da dureza do material. Isto
provavelmente se deu, pelo fato de que com menores
granulometrias há uma melhor dispersão das
partículas de PU na matriz, já que a dureza deste
material é maior que a do SBR.

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1000µm e 500µm, sendo que a menor variação da
massa do gelo foi apresentada por esta última. Desta
forma verificamos que um tamanho intermediário de
partículas (500µm) se mostrou mais eficaz para a
obtenção de isolamento térmico.

Figura 9. Dureza Shore A das Placas de borracha carregadas


com diferentes granulometrias de PU

3.4 Ensaio de isolamento sonoro


Pode-se verificar que o sistema com as placas
apresentou redução da intensidade sonora se
comparado ao sistema sem placa, sendo que o
resultado obtido para a frequência de 10000 Hz se Figura 11. Variação da temperatura no compartimento com
mostrou promissor. Além disto, pode-se verificar uma gelo. Ensaio realizado a uma temperatura ambiente de 25°C.
relação de isolamento inversamente proporcional ao
aumento das partículas, salvo para a granulometría de
1000 µm nas frequências de 100 e 1000 Hz. Isto
provavelmente ocorre pelo fato de o tamanho dos
vazios, diminuir com o redução da granulometria de
PU, formando maior quantidade de microvazios que
possibilitam a redução da transmissão sonora.
(ISHIMOTO e PRADO, 2002).

Figura 12. Variação da temperatura no compartimento sem


gelo.

Figura 10. Variação da intensidade sonora através do sistema


com as placas de diferentes granulometrias para três diferentes
valores de frequência.
Figura 13. Variação da massa do gelo durante o tempo de
ensaio.
3.5 Ensaio de isolamento térmico
Podemos verificar que os menores valores de
variação da temperatura no compartimento sem gelo
foram apresentados pelas granulometrias de 710µm e
500µm, mesmo com grande variação destas no
compartimento com gelo. Quanto à perda de massa
do gelo as placas que apresentaram melhores Figura 14. Porcentagem da perda de massa de gelo para os
resultados foram as de granulometrias de PU de diferentes sistemas formados por cada placa.

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4 CONCLUSÕES

Com os dados obtidos podemos verificar que as


placas de resíduos de SBR/PU apresentam resultados
promissores quanto à ao isolamento térmico e sonoro.
Sendo que os melhores resultados tanto físicos e
mecânicos quanto de isolamento térmico e sonoro são
apresentados para menores granulometrías da carga
(PU), por se obter com esta melhor interação com a
matriz (SBR) e assim a redução dos vazios existentes
nas placas, permitindo o aparecimento de microvazios
que melhoram as propriedades de isolamento.

5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FAURGS e a Empresa
Paquetá por fornecer apoio financeiro. Os autores
também agradecem ao Prof. Krenzinger pelo uso do
decibelímetro, e ao LdSM pelo auxilio na obtenção
das micrografias.

6 REFERENCIAS

LAFIS CONSULTORIA, ANÁLISES SETORIAIS E DE


EMPRESAS. Relatório LAFIS: setor têxtil e de
vestuário - calçados de 28 de agosto de 2009. São
Paulo: Lafis, 2009.

GORINI, A. P. F.; et al A indústria calçadista de


Franca. Relatório da área de operações industriais,
São Paulo, 2000.

GORINI, A. P, F. e SIQUEIRA S. H. G.; Complexo


coureiro-calçadista nacional: uma avaliação do
programa de apoio do BNDES. São Paulo, 2002.

SILVA,R.C.; SANGOI,R.F.; ESPINOZA, M.W.


Relatório sobre a Geração de Resíduos Sólidos
Industriais no Estado do Rio Grande do Sul, FEPAM e
FNMA, 2003.

ISHIMOTO, E.; PRADO R. T. A. Apostila ACÚSTICA.


2002. Acessada em 25 de fevereiro de 2012:
http://pcc261.pcc.usp.br/ACUSTICA%20%20nova%20
abr-02%20internet.pdf

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