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Yuran

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Introdução

A bilirrubina é um pigmento amarelo que é produzido pelo corpo quando as hemácias


são degradadas. As amostras da referida substância devem ser protegidas da acção
directa da luz artificial ou solar pois em presença dessas podem ser foto-oxidadas.

Bilirrubina glucoronil transferase

O metabolismo da bilirrubina pode ser subdividido em captação, armazenamento,


conjugação e secreção hepática, na qual se encontram enzimas cujas actividades
podem ser alteradas causando processos patogénicos. As hemácias são formadas na
medula óssea e se destinam ao sistema circulatório, circulam por 120 dias e são
destruídas. No transcorrer desse período, seu sistema metabólico torna-se cada vez
menos activo, a sua membrana fica mais frágil (senescente) e rompe-se durante sua
passagem em lugares estreitos. Muitas hemácias se autodestroem no baço, onde os
espaços entre as trabéculas estruturais da polpa vermelha pelos quais devem passar a
maioria das hemácias medem apenas 3 μm de largura em comparação com o diâmetro
de 8 μm das hemácias.

Segundo Burtis & Bruns (2016), a bilirrubina tem sua forma conjugada e não-
conjugada, ambas as amostras precisam ser protegidas da acção directa da luz
artificial ou solar, pois em presença de luz branca ou ultravioleta podem ser foto-
oxidadas, e é aconselhável que essa amostra seja matinal e em jejum, para evitar
lipemia. É importante que seu armazenamento seja no escuro e em baixas
temperaturas, pois sua sensibilidade à luz é dependente da temperatura. Amostras
mantidas em refrigerador permanecem estáveis por três dias. Quando as amostras são
congeladas a -70°C e no escuro, sua estabilidade mantém-se por três meses. O ideal é
uma urina recente, devida sua instabilidade quando exposta a luz e temperatura
ambiente, e se for necessário que esse teste seja retardado, essa amostra precisará
ser mantida em um refrigerador de 2°C a 8°C sem o alcance da luz.
A ruptura das hemácias libera a hemoglobina, que é fagocitada de imediato pelos
macrófagos em muitas partes do organismo, especialmente pelas células de Kupffer,
no fígado, e pelos macrófagos no baço e na medula óssea. É captada pelo sistema
reticuloendotelial, sendo transformada a sua hemoglobina pela heme-oxigenase em
biliverdina, monóxido de carbono e ferro. A biliverdina-reduta-se converte a biliverdina
em bilirrubina livre, sendo gradualmente liberada dos macrófagos para o plasma.3,7 A
taxa de conversão da biliverdina em bilirrubina livre é de 4 mg/kg/dia. Essa bilirrubina é
lipossolúvel e apolar, podendo ligar-se à albumina e sua fracção livre atravessar a
barreira hematoencefálica.

A bilirrubina livre atravessa facilmente a barreira hematoencefálica, sendo


potencialmente tóxica para o tecido nervoso. A afinidade da bilirrubina pelo tecido
nervoso não conjugado concomitante às concentrações elevadas no sangue em
recém-nascidos pode impregnar os gânglios da base, causando kernicterus. A
bilirrubina sérica se liga fortemente à albumina plasmática, sendo transportada por todo
o sangue e fluidos intersticiais. Observa-se que a pequena fracção de bilirrubina não
ligada ao plasma pode aumentar na doença hemolítica grave ou quando drogas
ligadoras de proteínas deslocam a bilirrubina da albumina.

A bilirrubina ligada às proteínas plasmáticas é denominada “livre”, a fim de distinguir-se


da forma conjugada. A bilirrubina livre, quando chega ao fígado, é recolhida pelos
hepatócitos por meio de sistemas proteicos, transportadores de membrana (proteínas X
e Y), num processo chamado captação.

É a seguir liberada da albumina plasmática e conjugada por acção de enzimas


microssomais (UDP glicuroniltransferase) com uma ou duas moléculas de ácido
glicurônico, formando um composto mais polar e hidrossolúvel, a “bilirrubina
conjugada”. Parte dessa bilirrubina liberada nos hepatócitos pode- se ligar a uma
proteína citoplasmática denominada ligadinha, etapa posterior à sua conjugação, que
impede o efluxo dessa substância do hepatócito para o plasma.

A bilirrubina conjugada é excretada através do polo biliar dos hepatócitos que está em
íntimo contacto com os canalículos biliares e daí para os intestinos. A conjugação da
bilirrubina ocorre maioritariamente no fígado, sendo também observada nas células dos
túbulos renais e nos enterólitos. A bilirrubina conjugada é transportada como complexo
lipídico-micelar até o duodeno através do ducto biliar principal, sendo desconjugada e
reduzida no cólon por acção das glicuronidases bacterianas, formando os
urobilinogênios. Essas moléculas são excretadas nas fezes, em sua maioria, e
pequena parte é reabsorvida através da mucosa intestinal e volta ao fígado pelo
sistema porta, constituindo o ciclo entero-hepático da bilirrubina; e cerca de 5% são
excretados na urina pelos rins. A ligação forte da bilirrubina não conjugada com a
albumina plasmática e o estabelecimento de interacções fracas com os sais biliares,
micelas mistas e vesículas lipídicas tornam-se sua excreção renal limitada, razão pela
qual é eliminada, sobretudo pelo fígado.

Classificação e etiologia das icterícias

A bilirrubina não conjugada, quanto aos glucuronídeos de bilirrubina (conjugada), pode


acumular-se sistematicamente e depositar-se nos tecidos, dando origem à icterícia.
Essa icterícia torna-se evidente quando as concentrações de bilirrubina sérica sobem
acima de 2,0 a 3,0 mg/dL, ocorrendo quando o equilíbrio entre a produção e a remoção
é perturbado por um ou mais dos seguintes mecanismos:

 Produção excessiva de bilirrubinas: pode ocorrer nas anemias hemolíticas,


reabsorção de sangue de hemorragias internas e nas síndromes de eritropoese
ineficaz.
 Captação reduzida pelo hepatócito: nas interferências de drogas com sistemas
de transportes na membrana e alguns casos na síndrome de Gilbert.
 Conjugação prejudicada: aparece nas icterícias fisiológicas do recém-nascido,
nas deficiências genéticas da actividade de UGT1A1 (síndrome de Crigler-Najjar
I e II, síndrome de Gilbert) e na doença hepacelular difusa.
 Excreção hepatocelular reduzida: pode ocorrer na deficiência de transportadores
na membrana canalicular (síndrome de Dubin-Johnson);
 Fluxo biliar prejudicado: como nas colestase.
Portanto, Henry (2012), cita ainda que uma vez no intestino, a bilirrubina é
metabolizada pelas bactérias. Os produtos iniciais, urobilinogênios, são
hidrossolúveis e podem ser reabsorvidos e sofrer circulação enteroepática.
Aumento das concentrações plasmáticas ocorre com produção aumentada de
bilirrubina, como na anemia hemolítica, ou com depuração reduzida no plasma, na
hepatite ou na cirrose. O excesso de urobilinogênio pode então aparecer na urina,
podendo ser detectados por testes em tiras reagentes, mas a determinação de
urobilinogênio acrescenta muito pouco aos testes-padrão da função ou lesão
hepática. Por fim, o urobilinogênio intestinal é transformado em pigmentos das fezes
como a estercobilina, sua ausência produz fezes com coloração de argila,
representando um sinal precoce de comprometimento do metabolismo da
bilirrubina.
Dentre muitos distúrbios congénitos do metabolismo da bilirrubina, que pode se
apresentar com icterícia ou bilirrubina sérica elevada, o mais comum é a síndrome
de Gilbert, encontrada em até 3% a 5% da população, o qual está relacionado com
a actividade reduzida da bilirrubina-UDP-glicuroniltransferase I. Ao mesmo tempo
em que alguns homens com esse distúrbio apresentavam uma percentagem
significativa de bilurrubinemia, nenhuma das mulheres o fazia (HENRY, 2012).
Conclusão

Conclui-se, portanto, que a fase pré-analítica tanto na bilirrubina total como a directa é
de total importância para um resultado correto e eficaz, onde na pesquisa observamos
que a maioria das amostras sofreram redução em seus níveis séricos de bilirrubina
quando expostas à luz, e que seu armazenamento e conservação inapropriados
acarreta alterações significativas no resultado final, podendo assim ocasionar
resultados falsamente diminuídos e/ou diagnóstico e tratamento falho e ineficaz.
Tosta, et al (2011), aponta para a dificuldade em relacionar o presente trabalho com
resultados anteriores, considerando que encontram-se poucos trabalhos publicados
neste sentido, com a finalidade de avaliar a fotossensibilidade da bilirrubina, o que
sugere a necessidade de novos e mais amplos estudos com este objectivo de melhor
esclarecer os níveis e percentuais de comprometimento da exposição luminosa de
amostras séricas destinadas a dosagem de bilirrubina.
BIBLIOGRAFIA

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38° Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária (Conbravet). Florianópolis, SC. Nov/
2011.
TUMA, Ulisses.

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