Yuran
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Segundo Burtis & Bruns (2016), a bilirrubina tem sua forma conjugada e não-
conjugada, ambas as amostras precisam ser protegidas da acção directa da luz
artificial ou solar, pois em presença de luz branca ou ultravioleta podem ser foto-
oxidadas, e é aconselhável que essa amostra seja matinal e em jejum, para evitar
lipemia. É importante que seu armazenamento seja no escuro e em baixas
temperaturas, pois sua sensibilidade à luz é dependente da temperatura. Amostras
mantidas em refrigerador permanecem estáveis por três dias. Quando as amostras são
congeladas a -70°C e no escuro, sua estabilidade mantém-se por três meses. O ideal é
uma urina recente, devida sua instabilidade quando exposta a luz e temperatura
ambiente, e se for necessário que esse teste seja retardado, essa amostra precisará
ser mantida em um refrigerador de 2°C a 8°C sem o alcance da luz.
A ruptura das hemácias libera a hemoglobina, que é fagocitada de imediato pelos
macrófagos em muitas partes do organismo, especialmente pelas células de Kupffer,
no fígado, e pelos macrófagos no baço e na medula óssea. É captada pelo sistema
reticuloendotelial, sendo transformada a sua hemoglobina pela heme-oxigenase em
biliverdina, monóxido de carbono e ferro. A biliverdina-reduta-se converte a biliverdina
em bilirrubina livre, sendo gradualmente liberada dos macrófagos para o plasma.3,7 A
taxa de conversão da biliverdina em bilirrubina livre é de 4 mg/kg/dia. Essa bilirrubina é
lipossolúvel e apolar, podendo ligar-se à albumina e sua fracção livre atravessar a
barreira hematoencefálica.
A bilirrubina conjugada é excretada através do polo biliar dos hepatócitos que está em
íntimo contacto com os canalículos biliares e daí para os intestinos. A conjugação da
bilirrubina ocorre maioritariamente no fígado, sendo também observada nas células dos
túbulos renais e nos enterólitos. A bilirrubina conjugada é transportada como complexo
lipídico-micelar até o duodeno através do ducto biliar principal, sendo desconjugada e
reduzida no cólon por acção das glicuronidases bacterianas, formando os
urobilinogênios. Essas moléculas são excretadas nas fezes, em sua maioria, e
pequena parte é reabsorvida através da mucosa intestinal e volta ao fígado pelo
sistema porta, constituindo o ciclo entero-hepático da bilirrubina; e cerca de 5% são
excretados na urina pelos rins. A ligação forte da bilirrubina não conjugada com a
albumina plasmática e o estabelecimento de interacções fracas com os sais biliares,
micelas mistas e vesículas lipídicas tornam-se sua excreção renal limitada, razão pela
qual é eliminada, sobretudo pelo fígado.
Conclui-se, portanto, que a fase pré-analítica tanto na bilirrubina total como a directa é
de total importância para um resultado correto e eficaz, onde na pesquisa observamos
que a maioria das amostras sofreram redução em seus níveis séricos de bilirrubina
quando expostas à luz, e que seu armazenamento e conservação inapropriados
acarreta alterações significativas no resultado final, podendo assim ocasionar
resultados falsamente diminuídos e/ou diagnóstico e tratamento falho e ineficaz.
Tosta, et al (2011), aponta para a dificuldade em relacionar o presente trabalho com
resultados anteriores, considerando que encontram-se poucos trabalhos publicados
neste sentido, com a finalidade de avaliar a fotossensibilidade da bilirrubina, o que
sugere a necessidade de novos e mais amplos estudos com este objectivo de melhor
esclarecer os níveis e percentuais de comprometimento da exposição luminosa de
amostras séricas destinadas a dosagem de bilirrubina.
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