A Ideologia Californiana de Richard Barb
A Ideologia Californiana de Richard Barb
A Ideologia Californiana de Richard Barb
Educação e
Tecnologia
Education and Technology
abordagens críticas
critical approaches
1ª EDIÇÃO
1st edition
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
SESES - Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá
Rio de Janeiro
2017
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C289e
ISBN 978-85-5548-465-0
VI
A Ideologia Californiana1
Richard Barbrook
Universidade de Westminster, Inglaterra
4 Ver: BANGEMANN, Martin. Europe and the Global Information Society. Bruxelas:
1994; e os resumos da programação da Virtual Futures Conference, da Universidade
Warwick: disponíveis em: <http://www.virtualfutures.co.uk/>. Acesso em: 30 jan.
2017.
5 KAPOR, Mitch. Where is the Digital Highway Really Heading? Wired, jul/ago 1993.
6 Ver: DAVIS, Mike. City of Quartz. London: Verso, 1990; WALKER, Richard. California
rages Against the Dying of the Light. New Left Review, jan/fev 1995; e os discos de Ice
T, Snoop Dog, Dr. Dre, Ice Cube, NWA e muitos outros rappers da Costa Oeste.
7 KATSIAFICAS, George. The Imagination of the New Left: a global analysis of 1968.
Boston: South End Press, 1987, p.124.
8 RUBIN, Jerry. An Emergency Letter to my Brothers and Sisters in the Movement. In:
STANSILL, Peter, MAIROWITZ, David Zane (org). BAMN: Outlaw Manifestos and
Ephemera 1965-70. Londres: Penguin, 1971, p. 244.
Industrial Society. Nova Iorque: Basic Books, 1973. E economistas acreditam que
a alistas si óli os se tor arão a parte do i a te da força de tra alho so u
capitalismo globalizado: REICH, Robert. The Work of Nations: a blueprint for the
future. London: Simon & Schuster, 1991. Em contraste, nos anos 60, alguns teóricos
da Nova Esquerda acreditavam que estes trabalhadores técnico-científicos estavam
liderando a luta pela libertação social, através de ocupações de fábricas e demandas
por autogestão: MALLET, Serge. The New Working Class. Nottingham: Spokesman
Books, 1975.
15 Para uma descrição do contrato de trabalho no Vale do Silício, ver: HAYES, Dennis.
Behind the Silicon Curtain. Londres: Free Association Books, 1989. Para um
tratamento ficcional do mesmo assunto, ver: COUPLAND, Douglas. Microserfs.
Londres: Flamingo, 1995. Para mais exames teóricos da organização do trabalho pós-
fordista, ver: LIPIETZ, Alain. L'Audace ou l'Enlisement. Paris: Éditions La Découverte,
1984; LIPIETZ, Alain. Mirages and Miracles. Londres: Verso, 1987; CORIAT, Benjamin.
L'Atelier et le Robot. Paris: Christian Bourgois Éditeur, 1990; e NEGRI, Toni.
Revolution Retrieved: selected writings on Marx, Keynes, capitalist crisis & new social
subjects 1967-83. Londres: Red Notes, 1988.
1973; TOFFLER, Alvin. The Third Wave. London: Pan, 1980; DE SOLA POOL, Ithiel.
Technologies of Freedom.Harvard: Belknap Press, 1983.
18 Machos heroicos são comuns nas histórias de ficção científica clássicas. Por
exemplo D. D. Harriman, em: HEINLEIN, Robert. The Man Who sold the Moon. New
York: Signet, 1950; ou os personagens principais em ASIMOV, Isaac. The Foundation
Trilogy. New York: Gnome Press, 1953; ASIMOV, Isaac. I, Robot. London: Panther,
1968; ASIMOV, Isaac. The Rest of the Robots. London: Panther, 1968. Hagbard Celine
- uma versão mais psicodélica deste arquétipo masculino - é o personagem central
em: SHEA, Robert, WILSON, Robert Anton. The Illuminati Trilogy. New York: Dell,
975. Na cro ologia da história futura a folha de rosto do ro a ce de Hei lei , é
predito que, depois de um período de crise social causado por um rápido avanço
tecnológico, a estabilidade seria restaurada nos anos 1980-9 através de "… u a
abertura de novas fronteiras e um retorno à economia do século XIX".
19 ZUBOFF, Shoshana. In the Age of the Smart Machine: the future of work and
power. New York: Heinemann, 1988. É claro, esta análise é derivada de MARX, Karl.
Grundrisse. London: Penguin, 1973; e RESULTS OF the Immediate Process of
Production. In: DRAGSTEDT, Albert (org). Value Studies by Marx. London: New Park,
1976.
21 Ver a efusiva entrevista com os Tofflers em: SCHWARTZ, Peter. Shock Wave (Anti)
Warrior. Wired, Nov., 1993; e, sobre a ambiguidade característica da revista a
respeito do programa político reacionário do Presidente da Câmara, ver a entrevista
adequadamente titulada com Newt Gingrich em DYSON, Esther. Friend and Foe.
Wired, Ago., 1995.
22 THE PROGRESS AND FREEDOM FOUNDATION. Cyberspace and the American
Dream: a magna carta for the knowledge age. Disponível em:
<http://www.pff.org/issues-pubs/futureinsights/fi1.2magnacarta.html>. Acesso em:
2 fev. 2017.
23 Ver: KELLY, Kevin. Out of Control: the new biology of machines. Londres: Fourth
State, 1994. Para uma crítica do livro, ver: BARBROOK, Richard. The Pinnochio
Theory. [S.l.], [S.d.]. Disponível em: <
http://www.imaginaryfutures.net/2007/04/08/pinnochio-theory-by-richard-
barbrook/>. Acesso em 30 jan. 2017.
24 THE PROGRESS AND FREEDOM FOUNDATION. Cyberspace and the American
Dream: a magna carta for the knowledge age. Disponível em:
<http://www.pff.org/issues-pubs/futureinsights/fi1.2magnacarta.html>. Acesso em:
2 fev. 2017. Toffler [um dos autores] e seus amigos também proclamam
o gulhosa e te ue: A A é i a … o ti ua sendo a terra da liberdade individual,
e esta li e dade la a e te se este de ao i e espaço , a pági a 6 do es o
Cyberspace and the American Dream. Ver também: KAPOR, Mitch. Where is the
Digital Highway Really Heading? Wired, jul/ago, 1993.
25 Ver: SCHAFFER, Simon. Babbage's Intelligence: calculating engines and the factory
system. Disponível em: <http://www.imaginaryfutures.net/2007/04/16/babbages-
intelligence-by-simon-schaffer>. Accessed on: 02 February 2017.
26 Para um relato de como a falta de intervenção estatal significou a perda da
oportunidade de construir o primeiro computador eletrônico do mundo para a
Alemanha nazista, ver: PALFREMAN, Jonathan; SWADE, Doron. The Dream Machine.
Londres: BBC, 1991, p. 32-6. Em 1941 o comando alemão recusou-se a continuar o
financiamento para Konrad Zuze, pioneiro no uso do código binário, programas
arquivados e portões lógicos.
Ministério do Co ércio I ter acio al e I dústria do Japão . Ver REICH, Robert. The
Work of Nations: a blueprint for the future. Londres: Simon & Schuster, 1991, p.59.
29 Para um relato de como estas inovações culturais sugiram dos primórdios da cena
do ácido, ver: WOLFE, Tom. The Electric Kool-Aid Acid Test. Nova Iorque: Bantam
Books, 1968. É interessante que um dos motoristas do famoso ônibus era Stewart
Brand, hoje um dos principais colaboradores da Wired.
30 HAYES, Dennis. Behind the Silicon Curtain. Londres: Free Association Books, 1989,
p. 21-2. Ele aponta que a indústria de computadores americana foi encorajada pelo
Pentágono a formar cartéis contra a competição estrangeira. Gates admite que
ape as re e te e te ele per e eu a assiva uda ça estrutural se do ausada
pela Rede. Ver: THE BILL GATES Column. The Guardian, 20 jul. 1995.
32 Ver os heróis hackers em: GIBSON, William. Neuromancer. London: Grafton, 1984;
______. Count Zero. Londres: Grafton, 1986; e ______. Mona Lisa Overdrive.
Londres: Grafton, 1989; ou em: STERLING, Bruce (org). Mirrorshades. Londres:
Paladin, 1988. Um protótipo desta variedade de anti-herói é Deckard, o caçador de
replicantes existencial em Blade Runner, filme de Ridley Scott.
33 De acordo com Miller (1977), Thomas Jefferson acreditava que os negros não
podiam ser membros do contrato social lockeano que ligava os cidadãos da república
a e ica a. Os di eitos do ho e … e ua to teó ica e ideal e te di eitos de
nascença de cada ser humano, eram aplicados na prática nos Estados Unidos apenas
aos homens brancos: os escravos negros eram excluídos da consideração porque,
mesmo admitidos como seres humanos, eram, também, propriedade, e onde os
direitos do homem conflitavam com os direitos da propriedade, a propriedade tinha
p ecedê cia . Ver: MILLER, John. The Wolf by the Ears: Thomas Jefferson and
Slavery. Nova Iorque: Free Press, 1977, p. 13. A oposição de Jefferson à escravidão
era, na melhor das hipóteses, retórica. Em uma carta de 22 de abril de 1820, ele
pouco ingenuamente sugeriu que a melhor maneira de encorajar a abolição da
escravatura seria legalizar a propriedade privada de seres humanos em todos os
estados da U ião e os te itó ios da f o tei a! Ele afi ava ue sua difusão po
uma superfície maior os faria individualmente mais felizes, e proporcionalmente
facilitaria que a sua emancipação se concretizasse, dividindo o fardo sobre um
ú e o aio de coadjuva tes [i.e, p op ietá ios de esc avos] . Ver: PETERSON,
Merril (org). The Portable Thomas Jefferson. Nova Iorque: Viking Press, 1975, p. 568.
Para uma descrição da vida em seu latifúndio, ver também: WILSTACH, Paul.
Jefferson and Monticello. Londres: William Heinemann, 1925.
35 DYSON, Esther. Friend and Foe. Wired, Ago., 1995. Esther Dyson colaborou com os
Tofflers na elaboração de Cyberspace and the American Dream, da The Peace and
Progress Foundation, um manifesto futurista feito para angariar votos para Gingrich
e tre os e ros da lasse virtual .
36 Sobre o surgimento dos subúrbios fortificados, ver: DAVIS, Mike. City of Quartz.
Londres: Verso, 1990; e ______. Urban Control: the ecology of fear. Nova Jersey:
Ope Magazi e, 99 . Estes su úr ios gradeados for e e i spiração para o
cenário alienado de muitas histórias de ficção científica ciberpunks, como em:
STEPHENSON, Neal. Snow Crash. Nova Iorque: Roc, 1992.
37 HAYES, Dennis. Behind the Silicon Curtain. London: Free Association Books, 1989.
38 STUART, Reginald. Hi-Tech Redlining. Utne Reader, n. 68, mar/abr, 1995.
40 HAYES, Dennis. Behind the Silicon Curtain. Londres: Free Association Books, 1989.
41 Para uma exposição de seu retro-futurismo, ver a FAQ Extropiana disponível em: <
http://www.ultim8team.com/modules/future/extropy_faq.php>. Acesso em 2 fev.
2017.
42 GIBSON, William. Neuromancer. Londres: Grafton, 1984; _____. Count Zero.
Londres: Grafton, 1986; e ______. Mona Lisa Overdrive. Londres: Grafton, 1989.
43 ASIMOV, Isaac. I, Robot. Londres: Panther, 1968; _____. The Rest of the Robots.
Londres: Panther, 1968.
45 Sobre o relatório que levou à criação da Minitel, ver: NORA, Simon; MINC, Alain.
The Computerisation of Society. Cambridge: MIT Press, 1990. Um relato dos
primeiros anos da Minitel pode ser encontrado em: MARCHAND, Michael. The
Minitel Saga: a french sucess history. Paris: Larousse, 1988.
46 De acordo com uma pesquisa feita durante as eleições presidenciais de 1995, 67%
da população f a cesa apoiava a p oposição de ue o estado deve i te vi ais a
vida eco ô ica de osso país . Ve : UNE MAJORITÉ de F a çais souhaite t u v ai
'chef' pour un vrai 'Etat'. Le Monde.11 abr. 1995 p. 6.
47 Sobre a influência do jacobinismo na concepção francesa dos direitos
democráticos, ver BARBROOK, Richard. Media Freedom: the contradictions of
communications in the age of modernity. Londres: Pluto, 1995. Alguns economistas
franceses acreditam que uma história muito diferente da Europa criou um modelo
específico – e especialmente, superior – de capitalismo. Ver ALBERT, Michael.
Capitalism v. Capitalism. Nova Iorque: Four Wall Eight Windows, 1993; e DELMAS,
Philippe. Le Maötre des Horloges. Paris: Éditions Odile Jacob, 1991.
48 Co o o próprio Key es diz: Cavar ura os o hão , pago pela poupa ça, vai
au e tar ão ape as o e prego, as os divide dos reais de e s úteis e serviços .
Ver: KEYNES, J. M. The General Theory of Employment, Interest and Money. Londres:
Macmillan, 1964, p. 220.
X. O Renascimento do Moderno
Mesmo não sendo em circunstâncias de sua própria escolha, é
necessário que os europeus afirmem sua própria visão do futuro. Há
caminhos variados rumo à sociedade da informação – e alguns são
mais desejáveis do que outros. Para fazer uma escolha embasada,
os artesãos digitais europeus precisam desenvolver uma análise
mais coerente do impacto das hipermídias do que a que pode ser
encontrada entre as ambiguidades da Ideologia Californiana. Os
membros da classe virtual europeia devem criar sua própria
identidade distinta. Esse entendimento alternativo do futuro
começa por uma rejeição de qualquer forma de apartheid – tanto
dentro quanto fora do ciberespaço. Qualquer projeto para
desenvolver hipermídias deve garantir que toda a população possa
ter acesso aos novos serviços on-line. Em lugar do anarquismo da
Nova Esquerda ou da Nova Direita, uma estratégia europeia para o
desenvolvimento das novas tecnologias da informação deve
reconhecer abertamente a inevitabilidade de algum tipo de
economia mista – a mistura criativa e antagonista de iniciativas
estatais, corporativas e faça-você-mesmo. A indeterminação do
futuro digital é resultado da ubiquidade desta economia mista no
mundo moderno. Ninguém sabe exatamente como serão as forças
relativas de cada componente, mas a ação coletiva pode assegurar
que nenhum grupo social seja deliberadamente excluído do
ciberespaço.
Notas de tradução
Dos autores
RICHARD BARBROOK
Senior Lecturer no Departmento de Política e Relações
Internacionais da Universidade de Westminster. No
início da década de 1980, envolveu-se na transmissão
de rádio comunitária pirata. Em 1995, junto com Andy
Cameron, escreveu The Californian Ideology), uma
crítica pioneira à política neoliberal da revista Wired.
Outros textos importantes sobre a internet incluem:
The HiTech Gift Economy, Cyber-communism, The
Regulation of Liberty e The Class of the New. A Associação de Ecologia Midiática
selecionou seu livro Imaginary Futures como vencedor do Prêmio Marshall McLuhan
de 2008 para Melhor Livro do Ano no Campo da Ecologia das Mídias. Em 2014, o livro
de Richard sobre jogos Situacionistas foi publicado: CLASS WARGAMES: Ludic
Subversion Against Spectacular Capitalism.