A Ideologia Californiana
A Ideologia Californiana
A Ideologia Californiana
AIdeologiaCaliforniana
RichardBarbrookeAndyCameron
"Nomentirsobreofuturoimpossvel,epodesementirsobreelevontade"
NaumGabo(1)
Enquantoarepresaserompe...
No fim do sculo XX, a longamente anunciada convergncia da mdia,
computao e telecomunicaes em hipermdia est finalmente acontecendo (2) .
Mais uma vez, a implacvel caminhada do capitalismo rumo diversificao e
intensificao das foras criativas do trabalho humano est prestes a transformar
qualitativamenteomodocomotrabalhamos,interagimoseavidadeumamaneira
geral.Integrandosediferentestecnologiaspormeiodeprotocoloscomuns,estse
criando algo que mais do que a soma de suas partes. Quando a habilidade de
produzir e receber quantidades ilimitadas de informao sob qualquer forma
combinada com o alcance das redes telefnicas globais, as formas existentes de
trabalhoelazerpodemserfundamentalmentetransformadas.Novasindstriasiro
nascer e as atuais favoritas do mercado de aes sumiro do mapa. Em tais
momentos de profunda mudana social, qualquer um que possa oferecer uma
explicao simples do que est acontecendo ser ouvido com grande interesse.
Nestaconjunturadecisiva,umaestranhaalianadeescritores,hackers,capitalistas
e artistas da costa oeste dos EUA teve sucesso em definir uma ortodoxia
heterogneaparaaeradainformaovindoura:aIdeologiaCaliforniana.
EstanovafemergiudeumabizarrafusodaboemiaculturaldeSoFrancisco
comasindstriasdealtatecnologiadoValedoSilcio.Promovidaemrevistas,livros,
programas de televiso, pginas da rede, grupos de notcias e conferncias via
Internet, a Ideologia Californiana promiscuamente combina o esprito desgarrado
dos hippies e o zelo empreendedor dos yuppies. Este amlgama de opostos foi
atingido atravs de uma profunda f no potencial emancipador das novas
tecnologiasdainformao.Nautopiadigital,todosvoserligadosetambmricos.
No surpreendentemente, esta viso otimista do futuro foi entusiasticamente
abraadapornerdsdecomputador,estudantesdesertores,capitalistasinovadores,
ativistassociais, acadmicos ligados s ltimas tendncias, burocratas futuristas e
polticos oportunistas por todos os EUA. Enquanto o recente relatrio de uma
Comisso da Unio Europia recomenda seguir o modelo californiano de "livre
mercado" para construir a "superestrada da informao", artistas de vanguarda e
acadmicosimitamavidamenteosfilsofos"pshumanos"docultoExtropiano (A)
da costa oeste (3) . Sem rivais bvios, o triunfo da Ideologia Californiana parece
completo.
Oamploapelodestesideolgosdacostaoestenosimplesmenteresultadode
seu otimismo infeccioso. Acima de tudo, eles so defensores apaixonados do que
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parece uma forma de poltica impecavelmente libertria eles querem que as
tecnologias da informao sejam usadas para criar uma nova "democracia
jeffersoniana", em que todos os indivduos sero capazes de se expressar
livremente dentro do ciberespao (4) . No entanto, ao defender este ideal
aparentemente admirvel, estes tecnofomentadores esto ao mesmo tempo
reproduzindoalgumasdascaractersticasmaisatvicasdasociedadeamericana,em
especialaquelasderivadasdaamargaheranadaescravatura.Suavisoutpicada
Califrnia depende de uma cegueira voluntria frente a outras e muito menos
positivascaractersticasdavidanacostaoeste:racismo,pobrezaedegradaodo
meioambiente(5) .Ironicamente, no passado no muito distante, os intelectuais e
artistasdaBayAreaestavamapaixonadamentepreocupadoscomestesproblemas.
RonaldReagancontraoshippies
Em 15 de maio de 1969, o governador Ronald Reagan ordenou polcia
portando armas que fizesse um ataque surpresa matinal aos manifestantes
hippies que haviam ocupado People's Park, perto do campus Berkeley da
UniversidadedaCalifrnia.Duranteabatalhasubseqente,umhomemfoibaleado
emortoe128outraspessoasprecisaramdetratamentohospitalar(6) .Naqueledia,
o mundo "careta" e a contracultura pareceram ser implacavelmente opostos. De
um lado das barricadas, o governador Reagan e seus seguidores defendiam a
iniciativaprivadairrestritaeainvasodoVietn.Dooutrolado,oshippieslutavam
por uma revoluo social em casa e se opunham expanso imperialista pelo
mundo. No ano do ataque surpresa em People's Park, parecia que a escolha
histrica entre estas duas verses opostas do futuro da Amrica s poderia
estabelecerse atravs do conflito violento. Como Jerry Rubin, um dos lderes
hippies,dissenapoca:"nossabuscaporaventuraeherosmonoslevaparaforada
Amrica, para uma vida de autocriao e rebelio. Em resposta, a Amrica est
prontaparanosdestruir..." (7)
Duranteosanos60,radicaisdaBayAreaespalharamaaparnciapoltica e o
estilo cultural dos movimentos da Nova Esquerda mundo afora. Rompendo com a
poltica estreita do psguerra, lanaram campanhas contra o militarismo, o
racismo,adiscriminaosexual,ahomofobia,oconsumismoinconscienteecontra
apoluio.Emlugardatradicionalhierarquiargidadaesquerda,criaramestruturas
coletivasedemocrticasquesupostamenteprefiguravamasociedadelibertriado
futuro. Acima de tudo, a Nova Esquerda californiana combinou luta poltica com
rebelio cultural. Diferentemente de seus pais, os hippies se recusavam a
conformarsesrgidasconvenessociaisimpostasao"homemorganizao"pelos
militares, universidades, corporaes e mesmo partidos polticos de esquerda. Ao
contrrio,elesdeclaravamabertamentesuarejeioaomundocaretapelasroupas
casuais,promiscuidadesexual,msicaaltaedrogasrecreativas(8) .
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imprensa alternativa, rdios comunitrias, clubes de computadores caseiros e
colecionadoresdevdeo.Estesativistasdamdiacomunitriaacreditavamestarna
linha de frente da luta pela construo de uma nova Amrica. A criao da gora
eletrnicaeraoprimeiropassonosentidodeimplementarademocraciadiretaem
todasasinstituiessociais(12) .Abatalhapodiaserdura,masa"ecotopia"estava
quasepalpvel.
OSurgimentoda"ClasseVirtual"
Quem poderia prever que, menos de 30 anos depois da batalha de People's
Park,caretasehippiescriariamjuntosaIdeologiaCaliforniana?Quempensariaque
uma mistura to contraditria de determinismo tecnolgico e individualismo
libertriosetornariaaortodoxiahbridadaeradainformao?Equemsuspeitaria
queenquantoatecnologiaealiberdadeeramadoradasmaisemais,ficariamenos
emenospossveldizerqualquercoisasensataarespeitodasociedadeemqueeram
aplicadas?
AIdeologiaCalifornianaretirasuapopularidadedaprpriaambigidadedeseus
preceitos. Nas ltimas dcadas, o trabalho desbravador dos ativistas da mdia
comunitriafoigrandementerecuperadopelasindstriasdealtatecnologiaemdia.
Apesardeascompanhiasdestesetorpoderemmecanizaresubcontratarmuitode
suasnecessidadesdemodeobra,elascontinuamdependentesdepessoaschave
que possam pesquisar e criar produtos originais, de softwares e chips de
computador a livros e programas de televiso. Junto com alguns empreendedores
de alta tecnologia, estes trabalhadores especializados formam a assim chamada
"classevirtual":"...atecnointelligentsiados cientistas da cognio, engenheiros,
cientistas da computao, criadores de jogos eletrnicos e todos os outros
especialistasemcomunicao..." (13) .Incapazesdesubmetlosdisciplinadalinha
de produo, ou substitulos por mquinas, os gerentes organizaram estes
trabalhadores intelectuais atravs de contratos temporrios. Como a "aristocracia
trabalhista" do ltimo sculo, o pessoal de alto escalo na mdia, computao e
indstrias de telecomunicaes experimenta as recompensas e inseguranas do
mercado.Porumlado,estesartesoshitechnoapenastendemaserbempagos,
mastambmpossuemconsidervelautonomiasobreseuritmodetrabalhoelocal
de emprego. Como resultado, a fronteira cultural entre o hippie e o "homem
organizao" tornouse bastante vaga. Porm, por outro lado, estestrabalhadores
esto presos pelos termos de seus contratos e no tm garantia de emprego
continuado.Semotempolivredoshippies,otrabalhoem si tornouse o principal
caminhodeautosatisfaoparaboaparteda"classevirtual" (14) .
AIdeologiaCalifornianaofereceumamaneiradeseentenderarealidadevivida
por estes artesos da alta tecnologia. Por um lado, estes trabalhadores essenciais
so parte privilegiada da modeobra. Por outro, so herdeiros das idias radicais
dos ativistas da mdia comunitria. A Ideologia Californiana, assim,
simultaneamenterefleteasdisciplinasdaeconomiademercadoeasliberdadesdo
artesanatohippie.Essehbridobizarro s possvel atravs de uma crena quase
universalnodeterminismotecnolgico.Jdesdeosanos60,osliberaisnosentido
social da palavra esperavam que as novas tecnologias da informao fossem
realizar seus ideais. Respondendo ao desafio da Nova Esquerda, a Nova Direita
ressuscitouumaformaantigadeliberalismo:liberalismoeconmico(15) .Emlugarda
liberdade coletiva visada pelos radicais hippies, eles defendiam a liberdade dos
indivduos no mercado. Mesmo estes conservadores no conseguiam resistir ao
fascnio das novas tecnologias da informao. Nos anos 60, as predies de
McLuhan eram reinterpretadas como publicidade das novas formas de mdia,
computaoetelecomunicaessendodesenvolvidaspelosetorprivado.Dosanos
70emdiante,Toffler,DeSolaPooleoutrosgurustentaramprovarqueoadvento
dahipermdiaparadoxalmenteenvolveriaumretornoaoliberalismodopassado(16) .
Esta retroutopia ecoou as predies de Asimov, Heinlein e outros escritores de
fico cientfica chauvinistas, cujos mundos futuros sempre eram cheios de
mercadores espaciais, vendedores vaselina, cientistas geniais, capites piratas e
outros individualistas rudes(17) . O caminho do progresso tecnolgico no levava
sempre "ecotopia" ele poderia, ao contrrio, levar de volta Amrica dos Pais
Fundadores.
goraEletrnicaouMercadoEletrnico?
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A ambigidade da Ideologia Californiana mais pronunciada em suas vises
contraditriasdofuturodigital.Odesenvolvimentodahipermdiaumcomponente
chavedoprximoestgiodocapitalismo.ComoZuboffdemonstra,aintroduodas
tecnologiasdemdia,computaoetelecomunicaesnasfbricasenosescritrios
a culminao de um longo processo de separao da modeobra do
envolvimentodiretonaproduo (18) .Nemquesejaporrazescompetitivas,todas
as grandes economias industriais sero foradas, mais cedo ou mais tarde, a
conectarsuaspopulaesparaobterosganhosdeprodutividadedotrabalhodigital.
O que desconhecido o impacto social e cultural de permitir s pessoas trocar
quantidadesquaseilimitadasdeinformaoemumaescalaglobal.Acimadetudo,o
adventodahipermdiavairealizarasutopiasdaNovaEsquerdaoudaNovaDireita?
Comoumafhbrida,aIdeologiaCalifornianaalegrementerespondeaestacharada
acreditandonasduasvisesaomesmotempoenocriticandonenhumadelas.
Por outro lado, outros idelogos da costa oeste abraaram a ideologia laissez
fairedeseuexinimigoconservador.Porexemplo,arevistaWiredabbliamensal
da"classevirtual"reproduziuacriticamenteospontosdevistadeNewtGingrich,o
lderrepublicanodeextremadireitada Cmara dos Deputados, e dos Tofflers, que
so seus conselheiros ntimos(20) . Ignorando suas polticas de cortes nos gastos
sociais, a revista fica hipnotizada pelo seu entusiasmo quanto s possibilidades
libertriasoferecidaspelasnovastecnologiasdainformao.Noentanto,apesarde
eles emprestarem o determinismo tecnolgico de McLuhan, Gingrich e os Tofflers
no so defensores da gora eletrnica. Ao contrrio, eles afirmam que a
convergnciada mdia, computao e telecomunicaes vai produzir um mercado
eletrnico:"no ciberespao (...), mercado aps mercado est sendo transformado
peloprogressotecnolgicodeum'monoplionatural'paraumemqueacompetio
aregra" (21) .
NestaversodaIdeologiaCaliforniana,prometidaacadamembroda"classe
virtual" a oportunidade de se tornar um empreendedor hitech de sucesso. As
tecnologias da informao, continua o argumento, do poder ao indivduo,
aumentamaliberdadepessoaleradicalmentereduzemaforadoestadonao.As
estruturas de poder social, poltico e legal existentes iro murchar, para serem
substitudasporinteraesirrestritasentreindivduosautnomoseseussoftwares.
Estes McLuhanacos reestilizados argumentam vigorosamente que o governo
deveriasairdafrentedeempreendedoresengenhosos,asnicaspessoasligadase
corajosas o suficiente para aceitar riscos. Em vez de regulamentos
contraproducentes, engenheiros visionrios esto inventando as ferramentas
necessrias para a criao de um "livre mercado" no ciberespao, tais como
codificao,dinheirodigitaleprocedimentosdeverificao.Comcerteza,tentativas
de interferir junto s propriedades emergentes destas foras tecnolgicas e
econmicas, particularmente pelo governo, mal repercutem nos que so tolos o
suficiente para desafiar as leis primitivas da natureza. De acordo com o editor
executivo da Wired, a "mo invisvel" do mercado e as foras cegas da evoluo
darwinistasonaverdadeumaeamesmacoisa(22) .Comonosromancesdefico
cientficadeHeinleineAsimov,ocaminhorumoaofuturoparecelevardevoltaao
passado. A era da informao do sculo XXI ser a realizao dos ideais liberais
oitocentistas de Thomas Jefferson: "...a (...) criao (...) de uma nova civilizao,
fundamentadanasverdadeseternasdoIdealAmericano" (23) .
OMitodo"LivreMercado"
SeguindosevitriadopartidodeGingrichnaseleieslegislativasde1994,
estaversodireitistadaIdeologiaCalifornianaestagoraemascendncia.Porm,
os dogmas sagrados do liberalismo econmico so contraditos pela verdadeira
histria da hipermdia. Por exemplo, as tecnologias icnicas do computador e da
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Redespuderamserinventadascomaajudadesubsdiosmassivosdoestadoeo
envolvimento entusistico de amadores. A iniciativa privada desempenhou um
papelimportante,masapenascomopartedeumaeconomiamista.
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LiberdadeEscravido
Seseuspreceitossagradossorefutadaspelahistriaprofana,porqueosmitos
do "livre mercado" influenciaram tanto os proponentes da Ideologia Californiana?
Vivendo em uma cultura contratual, os artesos hitech levam uma existncia
esquizofrnica.Porumlado,elesnopodemdesafiaraprimaziadomercadosobre
suas vidas. Por outro, eles se ressentem das tentativas, por parte daqueles
investidosdeautoridade,demolestarsuaautonomiaindividual.MisturandoaNova
EsquerdaeaNovaDireita,a Ideologia Californiana fornece uma resoluo mstica
das atitudes contraditrias sustentadas pelos membros da "classe virtual". Mais
decisivamente,oantiestatismofornece os meios para reconciliar idias radicais e
reacionrias sobre o progresso tecnolgico. Enquanto a Nova Esquerda condena o
governo por financiar o complexo industrialmilitar, a Nova Direita ataca o estado
por interferir na disseminao espontnea das novas tecnologias atravs da
competiomercadolgica.Apesardopapelcentraldesempenhadopelainterveno
pblicanodesenvolvimentodahipermdia,osidelogoscalifornianospredicam um
sermo antiestatista de libertarianismo hitech: uma gororoba bizarra de
anarquismo hippie e liberalismo econmico engrossada com montes de
determinismo tecnolgico. Em vez de compreender o capitalismo realmente
existente, os gurus da Nova Esquerda e da Nova Direita preferem muito mais
defenderversesrivaisdeuma"democraciajeffersoniana"digital.Porsinal,Howard
Rheingold, da Nova Esquerda, acredita que a gora eletrnica vai permitir aos
indivduos exercitarem o tipo de liberdade miditica defendido pelos Pais
Fundadores.Similarmente,aNovaDireitaafirmaquearemoodetodososfreios
regulatriosdainiciativaprivadavaicriarumaliberdademiditicaalturadeuma
"democraciajeffersoniana"(30) .
AIdeologiaCalifornianasintetizaperfeitamenteasconseqnciasdestaderrota
para os membros da "classe virtual". Apesar de eles desfrutarem das liberdades
culturaisconquistadaspeloshippies,amaiorpartedelesnoestmaisdiretamente
envolvida na luta para contruir a "ecotopia". Em vez de rebelarse abertamente
contra o sistema, estes artesos hitech agora aceitam que a liberdade individual
somente pode ser atingida trabalhandose dentro das restries do progresso
tecnolgico e do "livre mercado". Em muitos romances ciberpunks, este
libertarianismo associal est personificado na figura central do hacker, que um
indivduo solitrio lutando pela sobrevivncia dentro do mundo virtual da
informao(31) .
Acorrentemaisdireitadosidelogoscalifornianosaquesaiganhandocom
esta aceitao acrtica do ideal liberal do indivduo autosuficiente. No folclore
americano,anaofoiconstrudaemcimadaselvageria,porindivduoserrantes
os caadores, cowboys, pastores e colonos da fronteira. A revoluo americana
mesma foi levada a cabo para proteger as liberdades e propriedades de indivduos
contra leis opressivas e impostos injustos cobrados por um monarca estrangeiro.
Para a Nova Esquerda e a Nova Direita, os primeiros anos da repblica americana
fornecem um modelo potente para suas verses rivais da liberdade individual.
Porm, existe uma contradio profunda no centro deste sonho primordial
americano: neste perodo, os indivduos s prosperavam atravs do sofrimento de
outros. Nada esclarece melhor isto do que a vida de Thomas Jefferson o cone
principaldaIdeologiaCaliforniana.
EmFrenterumoaoPassado
Mesmocomaemancipaodosescravoseasvitriasdomovimentodedireitos
civis, a segregao racial ainda est presente no centro da poltica americana
especialmentenacostaoeste.Naseleiesde1994para o governo da Califrnia,
PeteWilson,ocandidatorepublicano,venceupormeiodeumaperversacampanha
antiimigrantes. Nacionalmente, o triunfo do Partido Republicano de Gingrich nas
eleies legislativas se baseou na mobilizao dos "homens brancos revoltados"
contra uma suposta ameaa dos negros achacadores do sistema de bemestar
social,imigrantesmexicanoseoutrasminoriassalientes.Estespolticosceifaramos
benefcios eleitorais da polarizao crescente entre a abundante suburbanidade
brancaquenamaiorpartevotaeoshabitantesmaispobresdaszonascentrais,
em geral nobrancos que em sua maioria no votam(33) . Apesar de eles
guardaremalgunsdosideaishippies,muitosidelogoscalifornianosdescobriramser
impossvel tomar um posio clara contra a poltica divisiva dos republicanos. Isto
porqueasindstriasdemdiaealtatecnologiasoumelementochavedacoalizo
eleitoral da Nova Direita. Em parte, tanto os capitalistas quanto os seus
trabalhadores bem pagos temem que o conhecimento aberto do financiamento
pblicodesuascompanhiasjustificariaaumentosdeimpostos,paracusteargastos
desesperadamente necessrios em sade, proteo ambiental, habitao,
transporte pblico e educao. Mais importante, muitos membros da "classe
virtual" querem ser seduzidos pela retrica libertria e entusiasmo tecnolgico da
Nova Direita. Trabalhando para companhias de mdia e alta tecnologia, eles
gostariamdeacreditarqueomercadoeletrnicopodedealgumamaneiraresolver
oscomplicadosproblemassociaiseeconmicosamericanossemnenhumsacrifcio
desuaparte.EmmeioscontradiesdaIdeologiaCaliforniana,Gingrichcomo
umcolaboradordaWiredcolocouaomesmotemposeu"amigoeinimigo"(34) .
NosEUA,umagrandedistribuiodariquezaurgentementenecessriaparao
bemestareconmicodelongoprazodamaioriadapopulao.Entretanto,istovai
contraosinteressesdecurtoprazodosbrancosricos,incluindomuitosmembrosda
"classe virtual". Em vez de compartilharem com seus vizinhos pobres negros ou
hispnicos, os yuppies se retiram para seus afluentes subrbios, protegidos por
guardasarmadoseseguroscomseusserviosprivadosdeprevidnciasocial(35) .Os
desvalidos s participam da era da informao fornecendo modeobra barata e
no sindicalizada para as insalubres fbricas das manufaturas de chips do Vale do
Silcio(36) . Mesmo a construo do ciberespao pode tornar um fator essencial da
fragmentao da sociedade americana em classes antagonistas racialmente
determinadas. J isolados por companhias telefnicas sedentas de lucro, os
habitantesdasreasurbanascentraispobressoagoraameaadosdeexclusodos
novosserviosonlinepelafaltadedinheiro(37) .Emcontraste,membrosda"classe
virtual" e outros profissionais podem brincar de ser ciberpunks dentro da
hiperrealidade sem ter de encontrar algum de seus vizinhos empobrecidos. Em
paralelossempremaioresdivisessociais,outroapartheidestsendocriadoentre
os "ricos de informao" e os "pobres de informao". Nesta democracia
jeffersoniana de alta tecnologia, a relao entre senhores e escravos resiste sob
umanovaforma.
MestresCiborgueseEscravosRobs
Omedoda"subclasse"rebeldeagoracorrompeuomaisfundamentaldogmada
IdeologiaCaliforniana:suacrenanopotencialemancipadordasnovastecnologias.
Enquanto os proponentes da gora eletrnica e do mercado eletrnico prometem
libertarosindivduosdashierarquiasdoestadoemonopliosprivados,apolarizao
socialdasociedadeamericanaesttrazendoparadianteumavisomaisopressiva
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dofuturodigital.Astecnologiasdaliberdadeestosetornandoosinstrumentosda
dominao.
Portodoomundo,aIdeologiaCalifornianafoiaceitacomoumaformaotimista
eemancipadoradedeterminismotecnolgico.Porm,estafantasiautpicadacosta
oeste depende de sua cegueira frente e dependncia de polarizao social e
racial da sociedade em que nasceu. Apesar de sua retrica radical, a Ideologia
Californianatotalmentepessimistaarespeitodemudanassociaisfundamentais.
Diferentemente dos hippies, estes defensores no esto lutando para criar a
"ecotopia",ounemmesmoparaajudararessuscitaroNewDeal.Emvezdisso,o
liberalismo social da Nova Esquerda e o liberalismo econmico da Nova Direita
convergiram no sonho ambguo de uma "democracia jeffersoniana". Interpretado
generosamente, este retrofuturismo poderia ser a viso de uma fronteira
ciberntica em que artesos hitech descobrem sua satisfao individual ou na
goraeletrnica,ounomercadoeletrnico.Entretanto,comooZeitgeistda"classe
virtual", a Ideologia Californiana ao mesmo tempo uma f exclusiva. Se apenas
algumas pessoas podem ter acesso s novas tecnologias da informao, a
"democracia jeffersoniana" pode se tornar uma verso de alta tecnologia da
economia de latifndios do Velho Sul. Refletindo esta profunda ambigidade, o
determinismotecnolgicodaIdeologiaCaliforniananosimplesmenteotimista e
emancipador.simultaneamenteumvisoprofundamentepessimistaerepressiva
dofuturo.
ExistemAlternativas
Apesar de suas profundas contradies, pessoas por todo o mundo acreditam
queaIdeologiaCalifornianaexpressaonicocaminhoadianteparaofuturo.Coma
cada vez maior globalizao da economia mundial, muitos membros da "classe
virtual" na Europa e sia sentem mais afinidade com seus pares californianos do
quecomoutrostrabalhadoresdeseuprpriopas.Mas,naverdade,odebatenunca
foi to possvel ou necessrio. A Ideologia Californiana foi desenvolvida por um
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grupo de pessoas vivendo em um pas especfico, com uma mistura particular de
escolhas scioeconmicas e tecnolgicas. Seu coquetel contraditrio e ecltico de
economiaconservadoraeradicalismohippierefleteahistriadacostaoesteeno
o futuro inevitvel do resto do mundo. Por sinal, as assunes antiestatistas dos
idelogos californianos so bem paroquiais. Em Cingapura, o governo no apenas
est organizando a construo de uma rede de fibra tica, mas tambm est
tentando controlar a adequao ideolgica da informao distribuda pela mesma.
Pelastaxasdecrescimentomuitomaioresdos"tigres"asiticos,ofuturodigitalno
vainecessariamentechegarprimeironaCalifrnia(43) .
Longededemonizaroestado,agrandemaioriadapopulaofrancesaacredita
que mais interveno pblica necessria para uma sociedade eficiente e
saudvel(45) . Nas recentes eleies presidenciais, quase todo candidato teve de
defender ao menos retoricamente maior interveno do estado para terminar
comaexclusosocialdosdesempregadosesemteto.Aocontrriodoequivalente
americano,arevoluofrancesapassouaolargodoliberalismoeconmico,rumo
democraciapopular.ApsavitriadosJacobinossobreseusoponentesliberais em
1792,arepblicademocrticadaFranatornouseamaterializaoda"vontadeda
maioria". Sendo assim, acreditavase que o estado deveria defender os interesses
de todos os cidados, em vez de proteger apenas os direitos dos proprietrios
individuais.Odiscursodapolticafrancesapermiteaocoletivadoestadomitigar
ou mesmo remover os problemas encontrados pela sociedade. Enquanto os
idelogos californianos tentam ignorar os dlares de contribuintes subsidiando o
desenvolvimentodahipermdia,ogovernofrancspodeintervirabertamenteneste
setordaeconomia(46) .
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ORenascimentodoModerno
Mesmonosendoemcircunstnciasdesuaprpriaescolha,necessrioque
os europeus afirmem sua prpria viso do futuro. H caminhos variados rumo
sociedadedainformaoealgunssomaisdesejveisdoqueoutros.Parafazer
uma escolha embasada, os artesos digitais europeus precisam desenvolver uma
anlisemaiscoerentedoimpactodahipermdiadoqueaquepodeserencontrada
naIdeologiaCaliforniana.Osmembrosda"classevirtual"europiadevemcriarsua
prpriaidentidadedistinta.Esteentendimentoalternativodofuturopassaporuma
rejeiodequalquerformadeapartheidtantodentroquantoforadociberespao.
Qualquer projeto para desenvolver a hipermdia deve assegurar que toda a
populaopossateracessoaosnovosserviosonline.Emlugardoanarquismoda
Nova Esquerda ou da Nova Direita, uma estratgia europia para o
desenvolvimento das novas tecnologias da informao deve reconhecer
abertamenteainevitabilidadedealgumtipodeeconomiamistaamisturacriativa
e antagonista de iniciativas estatais, corporativas e faavocmesmo. A
indeterminaodofuturodigitalresultadodaubiqidadedestaeconomiamistano
mundomoderno.Ningumsabeexatamentecomoseroasforasrelativasdecada
componente, mas a ao coletiva pode assegurar que nenhum grupo social seja
deliberadamenteexcludodociberespao.
Comopioneirosdonovo,osartesosdigitaisprecisamreconhecerasimesmos
com a teoria e prtica da arte produtiva. Eles no so apenas funcionrios dos
outros ou mesmo candidatos a empreendedores cibernticos. Eles so tambm
engenheirosartistasoscriadoresdoprximoestgiodemodernidade.Repetindoa
experinciadosSaintSimonistaseConstrutivistas,osartesosdigitaispodemcriar
uma nova mquina esttica para a era dainformao(48) . Os msicos tm usado
computadores para desenvolver formas puramente digitais de msica, como o
jungle e o techno (49) . Artistas interativos tm explorado as potencialidades das
tecnologiasdeCDROM,comomostradopelotrabalhodeAntiROM.OHypermdia
Research Centre construiu experimentalmente um espao social virtual chamado
J's Joint (50) . Em cada instncia, engenheirosartistas esto tentando expandir os
limites tanto das tecnologias quanto de sua prpria criatividade. Acima de tudo,
estasnovasformasdeexpressoecomunicaesestoconectadasaumacultura
maisampla.Osdesenvolvedoresde hipermdia devem reafirmar a possibilidade de
controleracionaleconscientesobreaformadofuturodigital.Diferentedoelitismo
da Ideologia Californiana, os engenheirosartistas europeus devem construir um
ciberespao inclusivo e universal. Agora a hora para o renascimento da
Modernidade.
"Ascircunstnciaspresentesfavorecemtornaraluxrianacional.Aluxriavai
se tornar til e moral quando for desfrutada por toda a nao. A honra e a
vantagemdeseempregardiretamente,emarranjospolticos,oprogressodas
cinciasexatasedasartesnobres(...)foramreservadasparaonossosculo."
(51)
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NOTASBIBLIOGRFICAS
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York:BasicBooks,1973TOFFLER,Alvin.TheThirdWave.London:Pan,1980NORA,
Simon,MINC,Alain.TheComputerisationofSociety.CambridgeMassachussets:MITPress,
1980eDESOLAPOOL,Ithiel.TechnologiesofFreedom.Harvard:BelknapPress,1983.
3.VerBANGEMANN,Martin.EuropeandtheGlobalInformationSociety.Bruxelas:1994e
osresumosdaprogramaodaVirtualFuturesConference,daUniversidadeWarwick.
4.KAPOR,Mitch.WhereistheDigitalHighwayReallyHeading?.Wired,jul/ago1993.
5.VerDAVIS,Mike.CityofQuartz.London:Verso,1990WALKER,Richard.Californiarages
AgainsttheDyingoftheLight.NewLeftReview,jan/fev1995eosdiscosdeIceT,Snoop
Dog,Dr.Dre,IceCube,NWAemuitosoutrosrappersdacostaoeste.
6.KATSIAFICAS,George.TheImaginationoftheNewLeft:aglobalanalysisof1968.
Boston:SouthEndPress,p.124,1987.
7.RUBIN,Jerry.AnEmergencyLettertomyBrothersandSistersintheMovement.In:
STANSILL,Peter,MAIROWITZ,DavidZane(org).BAMN:OutlawManifestosandEphemera
196570.London:Penguin,p.244,1971.
8.SobreopapelchavedesempenhadopelaculturapopularnaidentidadedaNova
Esquerdaamericana,verKATSIAFICAS,George.TheImaginationoftheNewLeft:aglobal
analysisof1968.Boston:SouthEndPress,1987eREICH,Charles.TheGreeningAmerica.
NewYork:RandomHouse,1970.Paraumadescriodavidadostrabalhadoresde
escritrionosanos50naAmrica,verWHYTE,William.TheOrganizationMan.NewYork:
Simon&Schuster,1956.
9.Noromancebestsellerdametadedosanos70,ametadenortedacostaoesteseparase
dorestodosEUA,paraformarumautopiahippie.VerCALLENBACH,Ernest.Ecotopia.New
York:Bantam,1975.Estaidealizaodavidacomunitriacalifornianapodeserencontrada
tambmemBRUNNER,John.TheShockwaveRider.London:Methuen,1975emesmoem
trabalhosposteriores,comoemROBINSON,KimStanley.PacificEdge.London:Grafton,
1990.
10.Paraumaanlisedastentativasdecriaodademocraciadiretaatravsdamdia,ver
BARBROOK,Richard.MediaFreedom:thecontradictionsofcommunicationsintheageof
modernity.London:Pluto,1995.
11.MCLUHAN,Marshall.UnderstandingMedia.London:Routledge&KeganPaul,p.2556,
1964.VertambmMCLUHAN,Marshall,FIORE,Quentin.TheMediumistheMassage.
London:Penguin,1967eSTERN,GeraldEmanuel(org).McLuhan:Hot&Coll.London:
Penguin,1968.
12.DOWNING,John.RadicalMedia.Boston:SouthEndPress,1984.
13.KROKER,Arthur,WEINSTEIN,MichaelA.DataTrash:thetheoryofthevirtualclass.
Montreal:NewWorldPerspectives,p.15,1994.Estaanlisesegueaquelados
futurologistasquepensaramqueos"trabalhadoresdoconhecimento"eramembriesde
umanovaclassedominante:BELL,Daniel.TheComingofthePostIndustrialSociety.New
York:BasicBooks,1973.Eeconomistasacreditamque"analistassimblicos"setornaroa
partedominantedaforadetrabalhosobumcapitalismoglobalizado:REICH,Robert.The
WorkofNations:ablueprintforthefuture.London:Simon&Schuster,1991.Em
contraste,nosanos60,algunstericosdaNovaEsquerdaacreditavamqueestes
trabalhadorestcnicocientficosestavamliderandoalutapelalibertaosocial,atravsde
ocupaesdefbricasedemandasporautogesto:MALLET,Serge.TheNewWorking
Class.Nottingham:SpokesmanBooks,1975.
14.ParaumadescriodocontratodetrabalhonoValedoSilcio,verHAYES,Dennis.
BehindtheSiliconCurtain.London:FreeAssociationBooks,1989.Paraumtratamento
ficcionaldomesmoassunto,verCOUPLAND,Douglas.Microserfs.London:Flamingo,1995.
Paramaisexamestericosdaorganizaodotrabalhopsfordista,verLIPIETZ,Alain.
L'Audaceoul'Enlisement.Paris:ditionsLaDcouverte,1984LIPIETZ,Alain.Miragesand
Miracles.London:Verso,1987CORIAT,Benjamin.L'AtelieretleRobot.Paris:Christian
Bourgoisditeur,1990eNEGRI,Toni.RevolutionRetrieved:selectedwritingsonMarx,
Keynes,capitalistcrisis&newsocialsubjects196783.London:RedNotes,1988.
15.Humaconsidervelconfusopolticaesemnticaquantoaosignificadode
"liberalismo",nosdoisladosdoAtlntico.Osamericanos,porexemplo,utilizamliberalismo
paradescreverquaisquerpolticasqueporacasosejamapoiadaspelosupostamente
esquerdadocentroPartidoDemocrata.Entretanto,comoLipsetdemonstra,estesentido
estreitodapalavraescondeaquaseuniversalaceitaodoliberalismoemseusentido
clssiconosEUA.Comoelediz:"estesvalores[liberais]eramevidentesnosculoXXpelo
fatodeque(...)osEUAnoapenasnotinhamumpartidosocialistavivel,mastambm
nuncadesenvolveramumpartidoConservadorouTorynoestiloBretoouEuropeu".Ver
LIPSET,SeymorMartin.AmericanExceptionalism:adoubleedgedsword.NewYork:W.W.
Norton,p.312,1996.AconvergnciadaNovaEsquerdaedaNovaDireitaemtornoda
IdeologiaCaliforniana,portanto,umexemploespecficodoconsensomaisamploemtorno
doliberalismoantiestatistaenquantodiscursopolticonosEUA.
16.ArespeitodosucessodeMcLuhannocircuitocorporativofestivo,verWOLFE,Tom.E
seeleestivercerto?.In:ThePumoHouseGang.Londres:BantamBooks,1968.Sobreo
usodesuasidiasporpensadoresconservadores,verBRZEZINSKI,Zbigniew.BetweenTwo
http://cibercultura.fortunecity.ws/vol2/idcal.html 11/14
10/02/2017 AIdeologiaCaliforniana
Ages:America'sRoleintheTechnetronicEra.NewYork:VikingPress,1970BELL,Daniel.
TheComingofthePostIndustrialSociety.NewYork:BasicBooks,1973TOFFLER,Alvin.
TheThirdWave.London:Pan,1980DESOLAPOOL,Ithiel.TechnologiesofFreedom.
Harvard:BelknapPress,1983.
17.Machoshericossocomunsnashistriasdeficocientficaclssicas.PorexemploD.
D.Harriman,emHEINLEIN,Robert.TheManWhosoldtheMoon.NewYork:Signet,1950
ouospersonagensprincipaisemASIMOV,Isaac.TheFoundationTrilogy.NewYork:Gnome
Press,1953ASIMOV,Isaac.I,Robot.London:Panther,1968ASIMOV,Isaac.TheRestof
theRobots.London:Panther,1968.HagbardCelineumaversomaispsicodlicadeste
arqutipomasculinoopersonagemcentralemSHEA,Robert,WILSON,RobertAnton.
TheIlluminatiTrilogy.NewYork:Dell,1975.Nacronologiada"histriafutura"nafolhade
rostodoromancedeHeinlein,preditoque,depoisdeumperododecrisesocialcausado
porumrpidoavanotecnolgico,aestabilidadeseriarestauradanosanos198090
atravsde"...umaaberturadenovasfronteiraseumretornoeconomiadosculoXIX".
18.ZUBOFF,Shoshana.IntheAgeoftheSmartMachine:thefutureofworkandpower.
NewYork:Heinemann,1988.claro,estaanlisederivadadeMARX,Karl.Grundrisse.
London:Penguin,1973eRESULTSOFtheImmediateProcessofProduction.In:
DRAGSTEDT,Albert(org).ValueStudiesbyMarx.London:NewPark,1976.
19.VerRHEINGOLD,Howard.VirtualCommunities.London:Secker&Warburg,1994e
suaspginasnaInternet.(http://www.rheingold.com)
20.VeraefusivaentrevistacomosTofflersemSCHWARTZ,Peter.ShockWave(Anti)
Warrior.Wired,Nov.,1993e,sobreaambigidadecaractersticadarevistaarespeitodo
programapolticoreacionriodoPresidentedaCmara,veraentrevistaadequadamente
tituladacomNewtGingrichemDYSON,Esther.FriendandFoe.Wired,Ago.,1995.
21.THEPROGRESSandFreedomFoundation.CyberspaceandtheAmericanDream:a
magnacartafortheknowledgeage.p.5.
22.VerKELLY,Kevin.OutofControl:thenewbiologyofmachines.London:FourthState,
1994.Paraumacrticadolivro,verBARBROOK,Richard.ThePinnochioTheory.
23.PROGRESSANDFreedomFoundation.CyberspaceandtheAmericanDream:amagna
cartafortheknowledgeage.p.13.Tofflereseusamigostambmproclamam
orgulhosamenteque:"AAmrica(...)continuasendoaterradaliberdadeindividual,eesta
liberdadeclaramenteseestendeaociberespao",napgina6domesmoCyberspaceand
theAmericanDream.VertambmKAPOR,Mitch.WhereistheDigitalHighwayReally
Heading?.Wired,jul/ago,1993.
24.VerSCHAFFER,Simon.Babbage'sIntelligence:calculatingenginesandthefactory
system.(http://cci.wmin.ac.uk/schaffer/schaffer01.html)
25.Paraumrelatodecomoafaltadeintervenoestatalsignificouaperdada
oportunidadedeconstruiroprimeirocomputadoreletrnicodomundoparaaAlemanha
nazista,verPALFREMAN,JonathanSWADE,Doron.TheDreamMachine.London:BBC,p.
326,1991.Em1941ocomandoalemorecusouseacontinuarofinanciamentopara
KonradZuze,pioneironousodocdigobinrio,programasarquivadoseporteslgicos.
26.RHEINGOLD,Howard.VirtualCommunities.London:Secker&Warburg,1994.
27.ComooSecretriodoTrabalhodeClintondiz:"Lembremsedequeduranteops
guerraoPentgonosilenciosamenteesteveencarregadodeajudarascorporaes
americanasadeslancharcomtecnologiascomomotoresajato,turbinas,transistores,
circuitosintegrados,novosmateriais,lasersefibrasticas(...)OPentgonoeos600
laboratriosnacionaisquetrabalhamcomeleecomoDepartamentodeEnergiasoacoisa
maisprximaqueaAmricatemdofamosoMinistriodoComrcioInternacionaleIndstria
doJapo".VerREICH,Robert.TheWorkofNations:ablueprintforthefuture.London:
Simon&Schuster,p.59,1991.
28.Paraumrelatodecomoestasinovaesculturaissugiramdosprimrdiosdacenado
cido,verWOLFE,Tom.TheElectricKoolAidAcidTest.NewYork:BantamBooks,1968.
interessantequeumdosmotoristasdofamosonibuseraStewartBrand,hojeumdos
principaiscolaboradoresdaWired.
29.HAYES,Dennis.BehindtheSiliconCurtain.Londres:FreeAssociationBooks,p.212,
1989.EleapontaqueaindstriadecomputadoresamericanafoiencorajadapeloPentgono
aformarcartiscontraacompetioestrangeira.Gatesadmitequeapenasrecentemente
elepercebeua"massivamudanaestrutural"sendocausadapelaRede.VerTHEBILL
GATESColumn.TheGuardian,20jul.1995.
30.VeraspginasdeHowardRheingoldnaRedeeKAPOR,Mitch.WhereistheDigital
HighwayReallyHeading?.Wired,Jul/ago,1993.Apesardosinstintoslibertriosdosdois
escritores,suapaixopelaeradosPaisFundadorescompartilhadapelasmilciasneo
fascistasemovimentospatriticos.VerBERLET,Chip.ArmedMilitias,RightWingPopulism
&Scapegoating.
31.VerosherishackersemGIBSON,William.Neuromancer.London:Grafton,1984
GIBSON,William.CountZero.London:Grafton,1986eGIBSON,William.MonaLisa
Overdrive.London:Grafton,1989ouemSTERLING,Bruce(org).Mirrorshades.London:
Paladin,1988.UmprottipodestavariedadedeantiheriDeckard,ocaadorde
replicantesexistencialemBladeRunner,deRidleyScott.
32.DeacordocomMiller,ThomasJeffersonacreditavaqueosnegrosnopodiamser
membrosdocontratosociallockeanoqueligavaoscidadosdarepblicaamericana."Os
direitosdohomem(...)enquantotericaeidealmentedireitosdenascenadecadaser
humano,eramaplicadosnaprticanosEstadosUnidosapenasaoshomensbrancos:os
escravosnegroseramexcludosdaconsideraoporque,mesmoadmitidoscomoseres
humanos,eramtambmpropriedade,eondeosdireitosdohomemconflitavamcomos
direitosdapropriedade,apropriedadetinhaprecedncia".VerMILLER,John.TheWolfby
theEars:ThomasJeffersonandSlavery.NewYork:FreePress,p.13,1977.Aoposiode
Jeffersonescravidoera,namelhordashipteses,retrica.Emumacartade22deabril
de1820,elepoucoingenuamentesugeriuqueamelhormaneiradeencorajaraabolioda
escravaturaserialegalizarapropriedadeprivadadesereshumanosemtodososestadosda
Unioenosterritriosdafronteira!Eleafirmavaque"...suadifusoporumasuperfcie
maiorosfariaindividualmentemaisfelizes,eproporcionalmentefacilitariaqueasua
http://cibercultura.fortunecity.ws/vol2/idcal.html 12/14
10/02/2017 AIdeologiaCaliforniana
emancipaoseconcretizasse,dividindoofardosobreumnmeromaiordecoadjuvantes
[i.e.,proprietriosdeescravos]".VerPETERSON,Merril(org).ThePortableThomas
Jefferson.NewYork:VikingPress,p.568,1975.Paraumadescriodavidaemseu
latifndio,vertambmWILSTACH,paul.JeffersonandMonticello.London:William
Heinemann,1925.
33.SobreaviradaDireitadaCalifrnia,verWALKER,Richard.CaliforniaragesAgainst
theDyingoftheLight.NewLeftReview,Jan/fevde1995.
34.DYSON,Esther.FriendandFoe.Wired,Ago.,1995.EstherDysoncolaboroucomos
TofflersnaelaboraodeCyberspaceandtheAmericanDream,daThePeaceandProgress
Foundation,ummanifestofuturistafeitoparaangariarvotosparaGingrichentreos
membrosda"classevirtual".
35.Sobreosurgimentodossubrbiosfortificados,verDAVIS,Mike.CityofQuartz.
Londres:Verso,1990eDAVIS,Mike.UrbanControl:theecologyoffear.NewJersey:Open
Magazine,1992.Estes"subrbiosgradeados"forneceminspiraoparaocenrioalienado
demuitashistriasdeficocientficaciberpunks,comoemSTEPHENSON,Neal.Snow
Crash.NewYork:Roc,1992.
36.HAYES,Dennis.BehindtheSiliconCurtain.London:FreeAssociationBooks,1989.
37.STUART,Reginald.HiTechRedlining.UtneReader,n.68,Mar/abr,1995.
38.WILSTACH,Paul.JeffersonandMonticello.London:WilliamHeinemann,1925.
39.HAYES,Dennis.BehindtheSiliconCurtain.London:FreeAssociationBooks,1989.
40.Paraumaexposiodeseuretrofuturismo,veraFAQExtropiana.(Apginaindicada
porBarbrookestforadoar.Humaanlogaem
http://www.lucifer.com/~exi/faq/whatis.html)
41.GIBSON,William.Neuromancer.London:Grafton,1984GIBSON,William.CountZero.
London:Grafton,1986.
42.ASIMOV,Isaac.I,Robot.London:Panther,1968ASIMOV,Isaac.TheRestofthe
Robots.London:Panther,1968.
43.GIBSON,William,SADFORT,Sandy.DisneylandwithaDeathPenalty.Wired,Set/out,
1993.SendoestesartigosumataqueaSingapura,irnicoqueaverdadeiraDisneylndia
fiquenaCalifrniacujocdigopenalrepressivoincluiapenademorte!
44.SobreorelatrioquelevoucriaodaMinitel,verNORA,Simon,MINC,Alain.The
ComputerisationofSociety.CambridgeMassachussets:MITPress,1990.Umrelatodos
primeirosanosdaMinitelpodeserencontradoemMARCHAND,Michael.TheMinitelSaga:a
frenchsucesshistory.Paris:Larousse,1988.
45.Deacordocomumapesquisafeitaduranteaseleiespresidenciaisde1995,67%da
populaofrancesaapoiavaaproposiodeque"oestadodeveintervirmaisnavida
econmicadenossopas".VerUNEMAJORITdeFranaissouhaitentunvrai'chef'pourun
vrai'Etat'.LeMonde.p.6,11abr.1995.
46.Sobreainflunciadojacobinismonaconcepofrancesadosdireitosdemocrticos,ver
BARBROOK,Richard.MediaFreedom:thecontradictionsofcommunicationsintheageof
modernity.London:Pluto,1995.Algunseconomistasfrancesesacreditamqueumahistria
muitodiferentedaEuropacriouummodeloespecficoeespecialmente,superiorde
capitalismo.VerALBERT,Michael.Capitalismv.Capitalism.NewYork:FourWallEight
Windows,1993eDELMAS,Philippe.LeMatredesHorloges.Paris:ditionsOdileJacob,
1991.
47.ComooprprioKeynesdiz:"'Cavarburacosnocho',pagopelapoupana,vai
aumentarnoapenasoemprego,masosdividendosreaisdebensteiseservios".Ver
KEYNES,J.M.TheGeneralTheoryofEmployment,InterestandMoney.London:Macmillan,
p.220,1964.
48.TAYLOR,Keith(org).HenriSaintSimon17601825:selectedwritingsinscience,
industryandsocialorganisation.London:CroomHelm,1975eBOWLT,JohnE.RussianArt
oftheAvantGarde:theoryandcriticism.London:Thames&Hudson,1976.
49.ComoGoldie,umprodutordemsicajungle,diz:"Nstemosdelevaradianteepegar
ostamboresebaixoseforareforareforar.Eulembroquandoelesestavamdizendoque
nopoderiaserlevadomaisalm.Foilevadodezvezesmaisalmdesdeento...".Ver
MARCUS,Tony.TheWarisOver.Mixmag,p.46,Ago.1995.
50.ParamaioresinformaesarespeitodeAntiROMeaJ'sJoint,versuascontribuies
paraostiodoHypermediaResearchCentre.(http://www.hrc.wmin.ac.uk)
51.SAINTSIMON,Henri.SketchoftheNewPoliticalSystem.In:TAYLOR,Keith(org).Henri
SaintSimon17601825:selectedwritingsonscience,industryandsocialorganisation.
London:CroomHelm,p.203,1975.
NOTASDETRADUO
A.ExtropiaumneologismocunhadoporT.O.Morrowapartirdotermoentropia,como
umametfora,paradescreverumconjuntodevaloresquenegammasnosoocontrrio
deanoodeentropia.Otermoextropiafoiaplicadoaumgrupodepessoasquetem
comoobjetivocombateradecadnciaentrpicadasociedadeatravsdoaumentoda
inteligncia,expectativadevida,agudezdossentidos,refinamentodapersonalidadee
melhoradaordemsocial.Osextropianospretendemalcanaresteidealatravsdeum
conjuntodeatitudesevaloresdecunhohumanistaedousodatecnologia,inclusiveas
tcnicasqueenvolveminterfernciadiretanoorganismohumano.Nolimite,osextropianos
pretendemqueohomemalcanceaimortalidadeepossuapoderessobrehumanos.
B.AsiglaMUDsignificaMultipleUserDungeon.Soprogramasdecomputador,geralmente
hospedadosemredesTelnetdeuniversidadesoucorporaes,emqueusuriospodemse
conectarparajogarRolePlayingGames,ouRPG.EmumRPGquenonecessariamente
precisaserjogadoemcomputadores,cadajogadorassumeumpersonagemeexploraum
mundofictciooubaseadoempaisagensreais,interagindocomoutrospersonagens,
coletandoitens,combatendomonstrosecriandoseusprpriosespaosdejogo.Oprimeiro
MUDfoicriadoporRichardBartle.
C.Aquioptousepormanteraexpressoemingls,jqueatraduodesprawl,
"espraiarse",nodenotaosentidocorreto.Tratasedeumrtuloatribudoaoslivrosde
http://cibercultura.fortunecity.ws/vol2/idcal.html 13/14
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GibsonporDavidMead,noestudoTechnologicalTransfigurationinWilliamGibson'sSprawl
Novels:Neuromancer,CountZero,andMonaLisaOverdrive.Otermosprawlreferese
maneiracomoascidadessedesenvolvemnestesromances.AdecadenteCidadeGlobalno
temfronteiras,tampoucoexistemmarcosdereferncia,porqueapaisagemmuda
constantemente,devidoaoacmulodelixoportodaahistriahumana.Osplanos
funcionammaiscomoredesdoquecomomapas,oscaminhossodefinidosporseus
transeuntesatravsdasmontanhasdeentulho.Aarquiteturasprawltomaaformadeum
hipertexto.
D.Wetwareumaexpressoderivadadesoftwareehardware,paradesignarorganismos
vivos.(ocorpohumano,porexemplo,tem70%deguaemsuacomposio.)Os
extropianosutilizamumtermoanlogoaostermosdainformticaporacreditaremquea
mentefuncionacomoumsoftware,comadiferenaderodaremumorganismo,ou
wetware,emvezdeemumhardwarecomum.Umdosprincipaisobjetivosextropianos
queossereshumanospossam,atravsdoavanotecnolgico,descarregarsuasmentes
emumhardwarequemisturepartesbiolgicaseartificiaiscomoelesmesmosdizem,
psbiolgicosoutotalmenteartificial.Da,abandonarowetware.
Voltapginainicial
http://cibercultura.fortunecity.ws/vol2/idcal.html 14/14