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Filosofia Hippie PDF

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Rock brasileiro na dcada de 1970:

contracultura e filosofia hippie


Brazilian rock in the 1970s: counterculture and hippie philosophy
El rock brasileo en la dcada de los setenta: contracultura y filosofa hippie
Alexandre Saggiorato*

Resumo
No presente artigo procuramos tecer algumas reflexes sobre as prticas culturais surgidas em meados dos anos 1960
e que estiveram presentes na dcada de
1970, como a cultura de massa e a contracultura, observando as categorias de
anlise produzidas pelo pensamento jovem do perodo no Brasil e no mundo,
ou seja, as manifestaes dos hippies
e consecutivamente underground, que
influenciaram e originaram o rock brasileiro da dcada de 1970.
Palavras-chave: Contracultura. Hippie.
Rock.

O rock brasileiro, desde sua origem


ainda na dcada de 1950, vem se transformando e definindo padres sociais, culturais e miditicos, retratando a cultura
jovem durante dcadas estando entre os
gneros e estilos de msica com mais evidncia no mercado fonogrfico at os dias
de hoje.
Uma dcada antes de bandas como
Blitz, Ultraje a Rigor, Paralamas do Sucesso e Engenheiros do Hawaii se transformarem em artistas estimados, populares e acima de tudo lucrativos, existiram
bandas que foram de extrema importncia
para a consolidao do rock no pas, que
com raras excees no estiveram no

Professor do curso de Msica da Universidade


de Passo Fundo (UPF), Licenciado em Msica e
Mestre em Histria pela Universidade de Passo
Fundo.
Recebido em: out. 2012 - Aprovado em: out. 2012
http://dx.doi.org/10.5335/hdt.v.12-n.2,2314

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mainstream brasileiro, mas serviram de


influncia a esses artistas, abriram portas
para importantes msicos, alm de subscreverem o rock como obra musical produzida por brasileiros.
Para compreendermos de forma ampla nosso objeto de estudo, importante
percebermos o contexto poltico e social
que o Brasil atravessava nas dcadas de
1960 e 1970, pois a partir de 1964 o pas
esteve dominado pela ditadura militar, o
que afetou em grande escala a esfera cultural durante todo o regime, reprimindo e
censurando o trabalho de artistas da chamada msica popular brasileira (MPB),
msica brega e tambm dos msicos de
rock daquele perodo.
Para o historiador Marcos Napolita1
no, a esfera da cultura:
Era vista como suspeio a priori, meio
onde os comunistas e subversivos estariam particularmente infiltrados, procurando confundir o cidado inocente
til. Dentro dessa esfera, o campo musical destacava-se como alvo da vigilncia,
sobretudo os artistas e eventos ligados a
MPB (Msica Popular Brasileira), sigla
que desde meados dos anos 1960 congregava a msica de matriz nacional-popular (ampliada a partir de 1968, na direo de outras matrizes culturais, como o
pop), declaradamente crtica ao regime
militar. Capacidade de aglutinao de
pessoas em torno dos eventos musicais
era uma das preocupaes constantes
dos agentes da represso.

A presena da ditadura assombrando


os artistas de rock fez com que a produo
musical sofresse consequncias em razo
da censura e da represso, principalmente depois do fatdico Ato Institucional n 5

(AI-5) que, entre outras coisas, veio combater o crescimento das manifestaes
estudantis, determinando, entre outras,
as seguintes medidas de segurana: a liberdade vigiada, a proibio de frequentar
determinados lugares e o domiclio determinado. Segundo Alexandre Stephanou:2
O AI-5 forneceu ao Presidente da Repblica, plenos poderes; ao Congresso, recesso; aos meios de comunicao, censura
prvia; aos parlamentares, cassao; ao
aparelho repressivo, um abrigo seguro;
ao aparato de segurana, autonomia.
Sem polticos civis, sem imprensa combativa, sem um judicirio autnomo, o Regime tornava-se exclusivamente militar,
as Foras Armadas alcanam a hegemonia absoluta dentro do Estado brasileiro.
A ditadura mostrava-se sem disfarces.

Outro mbito em que os msicos de


rock brasileiro da dcada de 1970 estavam
inseridos era justamente de participar de
uma corrente contracultural motivados
pelo descontentamento poltico que tramitava margem de sistemas ligados
cultura de massa.
Por sua vez, a penetrao da cultura de massa no mundo ocidental tornou-se
um fator preponderante no desencadear de
uma crise social, inclusive no pas. A cultura de massa pode ser definida como um incessante desenvolvimento tecnolgico que
atingiu a partir da dcada de 1950 os
pases industrializados e que foi produzida
segundo as normas macias de fabricao
industrial, isto , destinada a uma massa
social. A cultura de massa desenvolveu-se
a ponto de ofuscar os outros tipos de culturas anteriores e alternativas a ela e com
isso, de certa forma, refletiu na msica do

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Brasil, fazendo com que outros artistas do


cenrio pop brasileiro tivessem mais aceitao do pblico e consequentemente mais
vendagens de discos do que os artistas de
rock, apontados naquele momento como
marginais por no se enquadrarem nas
vestimentas, hbitos e linguagem musical
circular da televiso e rdio nacional.
A cultura de massa oriunda da imprensa, do cinema, do rdio, da televiso,
surge e desenvolve-se ao lado de outras
culturas clssicas religiosas ou humanistas e nacionais. Segundo o socilogo
Edgar Morin,3
[...] ela constitui um corpo de smbolos,
mitos e imagens concernantes vida prtica e vida imaginria, um sistema de
projees e de identificaes especficas.
Ela se acrescenta cultura nacional,
cultura humanista, cultura religiosa,
e entra em concorrncia com estas culturas.

Colocando em dvida valores centrais vigentes e institudos na cultura ocidental atravs da cultura de massa, juntamente com a inquietao da juventude
frente guerra fria, surge, como uma revoluo cultural, a contracultura, manifestao em que encontramos grupos de rock
que desenvolviam atitude transgressora
perante o sistema poltico brasileiro.
De acordo com Carlos Alberto Messeder Pereira,4
a contracultura pode se referir a alguma
coisa mais geral, mais abstrata, um certo
esprito, um certo modo de contestao,
de enfrentamento diante da ordem vigente, de carter profundamente radical
e bastante estranho s foras mais tradicionais de oposio a esta mesma ordem
dominante. Um tipo de crtica anrquica

esta parece ser a palavra-chave que,


de certa maneira, rompe com as regras
do jogo em termos de modo de se fazer
oposio a uma determinada situao.

No Brasil o desenvolvimento dessa


contracultura bastante presente na formao de diversas bandas que influenciadas por grupos americanos e ingleses,
sobreviviam num cenrio social e poltico
adverso.
Assim como o rock, que nasceu na
primeira metade da dcada de 1950 nos
Estados Unidos, os movimentos de contracultura so fenmenos recorrentes nesse
pas a partir do final da mesma dcada.
Surge como primeiros manifestantes a
gerao beat, por intermdio dos poetas e
escritores Jack Kerouak, Allen Ginsberg,
Gary Synder, Willian S. Burroughs, Gregory Corso, Lawrence Ferlinghetti, entre
outros, que contestavam a sociedade civil
americana, ou seja, o american way of life.
Em 1957, com a publicao de On the
road (P na estrada), de Jack Kerouak,
eclodiu no mundo burgus da America de
Eisenhower um perturbador fenmeno a
que Kerouack deu a designao beat,
que poderia sugerir a busca de uma purificao do esprito (beatitude), com influncia das religies orientais (budismo,
zen-budismo etc.).5

Os beatniks eram jovens intelectuais


que contestavam o consumismo e o otimismo do ps-guerra americano. Com um
estilo de vida aventureiro, viajavam sem
destino pelas estradas da Amrica em busca de liberdade, de mudanas polticas e
sociais e de novos horizontes, respostas no
estudo do existencialismo e das filosofias
do Oriente.

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Dentro da perspectiva de construo de um modelo de sociedade alternativa, surge na dcada de 1960 o movimento
hippie. Descendentes dos beatniks, os hippies tambm negavam o sistema capitalista vigente. Paul Friedlander6 esclarece
que foram os beats que classificaram seus
parceiros da contracultura dos anos 1960
como apenas um pequeno hip, da viria o
termo hippie. De acordo com Dias:7
Ser hippie, antes de tudo, ser um amigo do homem, um homem no violento e
apaixonado pela vida. Um ser que ama,
autentico e honesto, que coloca a liberdade acima da autoridade, a criao acima
da produo, a cooperao acima da competio.

Segundo Antonio Carlos Brando,8


foi em So Francisco que esse movimento, a partir de 1966, comeou a constituir
suas comunidades em meio a um clima
astrolgico que previa, com a chegada da
Era de Aqurius,9 o advento de um novo
mundo pacfico e harmonioso, onde muitos
artistas de rock se envolveram com o movimento.
No final da dcada de 1960 surgem
vrios festivais, como o de Monterey Pop,
Ilha de Wright e o Woodstock, os quais consolidaram e lanaram nomes como Carlos
Santana, Joe Cocker, The Who, Crosby,
Stills, Nash & Yong, Janis Joplin, Jimi
Hendrix, entre outros. Os festivais aludiram a construo de uma sociedade pacifista e humana, representada pelos ideais
de paz e amor, alm de servir de protesto
contra a guerra entre americanos e vietnamitas.
No incio dos anos 1970, alguns documentrios musicais foram produzidos

para as telas de cinemas norte-americanos. Alguns desses documentrios, como


o prprio Woodstock, Celebration at Big
Sur, Let it Be, Fillmore e Mad Dogs and
Englishmen, chegaram ao Brasil na mesma dcada, trazendo com eles a filosofia
cultural americana.
No Brasil, os msicos comeam a produzir influenciados por esses documentrios norte-americanos os primeiros grandes festivais da dcada de 1970. Bahiana10
relata que desde que as primeiras notcias
dos festivais de Moterey, Wight e, principalmente, Woodstock, chegaram ao Brasil,
o sonho ficou solto.
Vrios festivais foram produzidos,
entre os quais o Festival de Guarapari,
Concerto Pirata, Dia da Criao, Festival
Kohoutek, e o Festival de guas Claras.
Bandas como O Tero, Novos Baianos,
Casa das Mquinas, Som Imaginrio, entre outras, traduziram os ideais de artistas ingleses e norte-americanos para uma
realidade brasileira que vivia sobre o estigma da represso e censura ocasionada
pela ditadura militar.
Como vimos anteriormente, a aglutinao de pessoas em torno dos eventos
musicais era uma das preocupaes constantes dos agentes da represso, porm,
com pouco auxlio da grande mdia, os
festivais se tornavam, por outro lado, um
mercado interessante, se tratando da divulgao do trabalho musical de artistas
que dependiam da venda de ingressos e do
contato mais prximo com o pblico para
alcanar seu espao, alm de reafirmar as
ideias da filosofia hippie pacifista, naturalista e humanitria.

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Portanto, mesmo com toda a represso ao movimento rock, em janeiro de 1975


foi realizado um evento com propores
maiores, considerando os eventos anteriores, o primeiro Hollywood Rock, idealizado por Nelson Motta, que contava com a
presena dos Mutantes, Rita Lee, Vmana,
Raul Seixas, entre outros. Nelson Motta,
comenta sobre a dificuldade de fazer um
festival de rock no Brasil militarizado:
Na ditadura, para voc fazer um festival
de rock ao ar livre, eram tantos empecilhos, tantas licenas e autorizaes e exigncias, que voc precisava... que ngo
desistia porque os militares tinham pavor... se juntassem vinte jovens, j podia
algum gritar abaixo a ditadura, j virava um comcio, ento imagine, no queriam um ajuntamento e o nosso objetivo
do festival de rock era um ajuntamento.11

No Brasil dois termos atrelados ao


movimento hippie foram importantes para
as definies do movimento. O primeiro
deles o termo porra-louca, que era associado a uma pessoa doida, anrquica, sem
sujeio poltica. Normalmente o porra-louca era combatido pela direita e hostilizado pela esquerda. A esquerda compreendia que seu carter e, consequentemente,
suas atitudes polticas, consideradas anrquicas, denegriam a imagem do partido.
Outro grupo a ser analisado o do
desbunde, termo que se remete a uma
espcie de loucura, desvario. Surgidos na
dcada de 1970 e produzidos pelo discernimento das esquerdas e tambm pela imprensa alternativa do perodo, os desbundados ficavam margem das questes
sociais e polticas. Enquanto os porras-loucas praticavam aes polticas, e vol-

ta e meia mudavam de partido, os desbundados acabavam rompendo com todos os


vnculos polticos.
Segundo Ana Maria Bahiana,12 o
desbunde ou desbum significava o estado de estar fora do sistema, margem,
em negao caretice. Para muitos conservadores, o desbunde surgiu como algo
insano, que acabava saindo dos limiares
da normalidade, podendo ser considerado
como uma espcie de abstrao e transcendncia.
O ato de desbundar era visto pela
esquerda como uma atitude desprezvel,
beirando a loucura, a pirao. De acordo
com Lucy Dias:13
Os desbundados s acreditavam no processo individual como sada, na busca do
revolucionar-se; j os guerrilheiros reprimiam os sentimentos pessoais, seguindo
um rgido manual de conduta que desvalorizava as questes individuais em prol
do coletivo e de uma revoluo social que
viria.

Dessa forma, durante a dcada de


1970, o significado social de ser hippie se
confunde. A indstria cultural,14 que de
acordo com Adorno15 absolutiza a imitao, pois consiste na repetio que as
suas inovaes tpicas consistam sempre e
to s em melhorar os processos de reproduo de massa, acaba vingando no mundo todo, inclusive no pas. Somado a isso,
o controle imposto pela censura devido ao
duro AI-5, fez alavancar novas alternativas de produo e de consumo de modo geral, proporcionando cultura hippie certa
transformao, tornando-a, por sua vez,
uma cultura hbrida e complexa.

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O termo hippie no Brasil passou a


ser utilizado de duas maneiras. Uma delas ainda cultivando seus ideais de origem,
vindas de seus ancestrais beatniks, a outra
maneira, com sentido pejorativo, sobretudo dado pelos policiais e militares, assim
como pelos meios de comunicao.
Por sua aproximao com usurios
de drogas e tambm por seus trabalhos
nas ruas com artesanato , pois atribuam
muitas vezes a essa profisso a inexistncia real de um trabalho o termo hippie
era associado marginalidade. O termo
marginal era sinnimo de vagabundo,
mendigo, ou fora-da-lei, e a sua imagem
era associada muitas vezes a casos policiais e criminalsticos.
Nos moldes da gerao hippie do
pas, surge, portanto, uma nova cultura,
ainda com ideais oriundos da dcada anterior, porm, no momento, recriminada
pelos militares e pela sociedade em geral.
Os jovens, e principalmente os roqueiros
da poca, buscaram uma ruptura dos discursos conservadores, dando incio a uma
cultura marginal, tambm conhecida
como underground. importante compreendermos que, segundo Barros:
A noo de underground (subterrneo)
est ligada idia de comunidade socialmente minoritria, com pretenso de
habitar os subterrneos do sistema, fazer
circular uma informao desvinculada do
esquema burgus e institucional e lanar
assim, sem planos dogmticos para uma
transformao profunda da sociedade, os
embries de uma nova cultura, que foi,
muito frequentemente, chamado de contracultura.16

Alm do rock, publicaes alternativas17 como os jornais O Pasquim, Bondinho, Flor do Mal, Patata e a revista
Rolling Stone etc. , poesias mimeografadas de Torquato Neto e Waly Salomo e o
cinema marginal de Rogrio Spanzela e
Jlio Bressane marcaram o desbunde da
contracultura no pas.
Brando18 relata que:
Na esfera musical, o desbunde da contracultura iria se refletir num rock brasileiro marcado pela forte influncia de
modelos estrangeiros Rolling Stones,
Pink Floyd, Yes, Led Zeppelin, entre os
preferidos ou pela tentativa de fuso
com ritmos brasileiros. Na realidade, os
roqueiros brasileiros eram desprezados
pelos grandes meios de comunicao e
ignorados pelo grande pblico, com raras
excees (Mutantes, Secos & Molhados
e Raul Seixas). Os grupos surgiam e desapareciam sem deixar rastros muitas
vezes sem deixar registros em vinil ,
mostrando toda a incipincia do mercado
nacional para esse tipo de produo musical.

Em relao aos grupos de rock brasileiros da dcada de 1970, podemos notar


que vrias bandas fizeram parte da cultura Underground, como A Bolha, Recordando o Vale das Mas, Moto Perptuo,
Som Nosso de Cada Dia e Ave Sangria por
exemplo. Os festivais, a adeso rebelde dos
cabelos compridos como forma de protesto
e a liberdade sexual so alguns pontos que
contriburam para a manifestao do movimento.
Patrcia Marcondes de Barros19 afirma que, depois do AI-5 no Brasil,

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havia trs reaes para o jovem da poca:


a luta armada, o desbunde da contracultura, ou, ento, a conformidade com
o sistema, tornando-se, no linguajar contracultural, um careta.

Em depoimento jornalista Denise


Pires Vaz, Ney Matogrosso, lder do Grupo
Secos & Molhados, fala sobre sua identificao com os ideais da contracultura de
colocar-se margem do sistema.
No queria participar da sociedade e,
conseqentemente, me coloquei a margem. Marginal por opo mesmo, e no
por contingncia da vida. Resolvi viver o
que era de verdade pra mim, e isso me
deixou extremamente feliz.20

Como podemos notar, colocar-se


margem tornava-se tambm opo de alguns jovens para com os acontecimentos
que marcavam o pas e o mundo no perodo. Tornar-se livre e no atuante dos princpios sociais vigentes era uma espcie de
resistncia ao regime, bem como de fuga e
tambm de legitimao da prpria cultura
underground.
Alain Pierre,21 integrante do grupo
A Barca do Sol, atuante nesse perodo,
descreve o papel da cultura underground
para ele e os integrantes do grupo:
Obviamente todos ns ramos simpatizantes dos movimentos underground e
hippie da poca, mas sem assumir posturas radicais do tipo amor livre e experincias com drogas pesadas, etc. Essas
coisas chegavam, mas no como hoje,
imediatamente, e sim com ecos e meio
atrasadas. A identificao estava mais
focada em tudo aquilo que cheirava a
Liberdade porque era o que faltava por
aqui.

Sendo assim, como um dos significados do prprio underground, uma atmosfera cultural externa da mdia e que
evita os arqutipos comerciais os msicos tinham de produzir e se manter no
mercado de forma bastante precria, pois
de um lado havia a falta de interesse das
gravadoras para com os msicos roqueiros
dos anos 1970 e, do outro, a forte represso
causada pela ditadura militar, principalmente pela imposio do AI-5.
Para finalizarmos, ainda devemos
ressaltar que existia outra faixa de jovens
que desenvolviam atividades polticas e
sociais e que simpatizavam com a filosofia
dos hippies, porm esses jovens eram hippies de forma aparente, acabavam incorporando suas indumentrias e o comportamento esttico. Esses jovens eram muitas
vezes chamados de hippies de boutique.
Alm dos hippies de boutique que
tambm eram ou podiam ser chamados de
hippies de fachada , vrios outros tipos
surgiram nesse segmento, adotando apenas o comportamento esttico sem aderir
ao movimento por completo como o caso
dos hippies naturebas, esotricos e os
que estavam ali apenas para compartilhar
drogas.
Podemos evidenciar e compreender
as prticas culturais que, consecutivamente, fizeram parte da cultura underground
em que est inserido o objeto de estudo
dessa pesquisa. Observamos que todas essas manifestaes ao longo dos anos contriburam, penetraram e consequentemente se manifestaram no desenvolvimento do
rock brasileiro dos anos 1970.

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Abstract
In the present article we tried to make
some reflections on the cultural practices that have emerged in the mid
1960s and that were present in the
1970s, such as mass culture and counterculture, observing the categories of
analysis produced by the way of thinking of the youth of the period in Brazil
and worldwide, that is, the manifestations of hippies and, consecutively, of
underground, which influenced and
originated the Brazilian rock of the
1970s.
Keywords: Counterculture. Hippie. Rock.

Resumen
En el presente artculo procuramos tejer algunas reflexiones sobre las prcticas culturales surgidas en mediados
de los aos 1960 y que estuvieron presentes en la dcada de 1970, como la
cultura de masas y la contracultura,
observando las categoras de analice
producidas por el pensamiento joven
del perodo en Brasil y en el mundo, o
sea, las manifestaciones de los hippie
y consecutivamente underground, que
influenciaron y originaron el rock brasileo de los aos 1970.
Palabras clave: Contracultura. Hippie.
Rock.

Notas
1

10

11

12

13

14

NAPOLITANO, Marcos. Os festivais da cano como eventos de oposio ao regime militar


brasileiro (1966-1968). In: REIS, Daniel Aaro
et al. O golpe e a ditadura militar: quarenta
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A chamada Era de Aqurius surgiu a partir
da concepo criada por intelectuais ligados
contracultura em meados da dcada de 1960
nos Estados Unidos, seguida pelos hippies em
seus percursos traados pelas estradas norte
americanas. A Era de Aqurius significava um
novo tempo para a humanidade, as boas-vindas
de uma nova era que se iniciava nos anos 1960
com a vinda de espritos iluminados, benevolentes, que tinham como misso cuidar da evoluo espiritual e intelectual de nosso planeta
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Nome de empresas e instituies cuja principal
atividade econmica a produo de cultura,
porm com fins lucrativos e mercantis, sendo
que nesse tipo de produo, para e pelo lucro
que se desenvolvem as novas artes. A indstria
cultural se desenvolve em todos os regimes,

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15

16

17

18

19

20

21

tanto no quadro do Estado quanto no da iniciativa privada (MORIN, 1997, p. 22).


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Eram jornais de formato tablide ou minitablide, muitas vezes de tiragem irregular, alguns vendidos em bancas, outros de circulao
restrita, e sempre de oposio. Durante a ditadura, esses jornais questionaram o regime,
denunciaram a violncia e a arbitrariedade,
expressando uma opinio e uma posio de esquerda num pas que praticamente havia suprimido quase todos os canais de organizao
e manifestao poltica de oposio (ARAJO
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