Semiótica Da Comunicação
Semiótica Da Comunicação
Semiótica Da Comunicação
Francismar FORMENTÃO2
Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, PR
RESUMO
Os estudos em torno do filósofo russo Mikhail Bakhtin têm ganhado importância e
quantidade nos últimos anos entre estudiosos de diversas áreas do conhecimento. Nesta
pesquisa, destacam-se suas contribuições ao estudo da semiótica da comunicação. Uma
concepção dialógica da linguagem e da comunicação que engloba a relação vida/cultura,
o real concreto, a formação da consciência dos indivíduos e a materialidade sígnica de
todas as produções humanas dotadas de valor; descentralizando o sujeito e o
reconduzindo à situação de agente ativo em interação constante e fluída: um sujeito
responsivo e responsável. Nessa concepção, a mediação é integrante teórico-prática no
plano volitivo-emocional, ético-cognitivo e estético, unindo o mundo sensível e o
mundo inteligível em conteúdo-forma-processo.
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Trabalho apresentado no GP Semiótica da Comunicação, X Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação,
evento componente do XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
2
Graduado em jornalismo, Especialista em Comunicação, Educação e Artes, Mestre em Letras – Linguagem e
Sociedade (Unioeste), Doutorando em Comunicação e Cultura (UFRJ); docente da Universidade Estadual do Centro-
Oeste (Unicentro) Guarapuava – PR. E-mail: fformentao@yahoo.com.br
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Caxias do Sul, RS – 2 a 6 de setembro de 2010
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Robert Stam, Beth Brait, Edward Lopes, por exemplo). A pertinência e a atualidade
teórica e metodológica de Bakhtin são demonstradas pelo acúmulo de pesquisas
realizadas no Brasil nos últimos anos, assumindo esses aspectos salientados uma
condição de enfrentamento necessário ao pesquisador. De fato, a
[...] obra de Bakhtin e de seu Círculo deu origem a uma das correntes
de pensamento mais influentes do século XX. Entre os aspectos
responsáveis pela sua repercussão, está a formulação de uma
complexa malha conceitual, construída nos interstícios de diversos
domínios das Ciências Humanas (a Filologia, a Filosofia da
Linguagem, a Lingüística, a Sociologia, a Estética, a História, a
Antropologia) e, por isso mesmo, capaz de produzir questões, de
orientar abordagens e de apontar caminhos de pesquisa que não se
esgotam em uma única disciplina acadêmica. Essa natureza
interdisciplinar pode explicar o fato de que a obra do Círculo tenha
sido incorporada e articulada a diversos outros teóricos, das formas as
mais variadas. (GRILLO. In: BRAIT, 2006, p. 133).
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[...] Bakhtin e seu círculo puderam estabelecer, bem a seu gosto, uma
relação dialética se dando entre ambos3, na concretude. De um lado a
ideologia oficial, com estrutura e conteúdo, relativamente estável; de
outro, a ideologia do cotidiano, com acontecimento, relativamente
instável; e ambas formando o contexto ideológico completo e único,
em relação recíproca, sem perder de vista o processo global de
produção e reprodução social. (MIOTELLO. In: BRAIT, 2005, p.
169).
3 O autor se refere à ideologia como ideologia do cotidiano e como o instante em que “[...] a divisão social do
trabalho separa trabalho manual e intelectual” (MIOTELLO. In: BRAIT, 2005, p. 169).
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do discurso” (BARROS. In: FARACO et al, 2001, p. 33). Como gênero, assume esferas
e campos de circulação e significação que recriam em signos uma materialidade
específica da realidade, uma mediação da mediação.
Percebe-se uma proposta dialética que se centra no aprofundamento do
conhecimento iniciado por uma precedente síntese precária e por uma compreensão
genérica imediata para, gradativamente, conduzir o que é conhecido do complexo e
abstrato ao mais simples, retornando ao mais complexo, ao concreto. “E devemos
sublinhar outra coisa: cada totalidade tem a sua maneira diferente de mudar; as
condições da mudança variam, dependendo do caráter da totalidade e do processo
específico do qual ela é um momento.” (KONDER, 2000, p. 40).
A concepção dialética de conteúdo e forma constitui uma mediação, que nega o
concreto filosófico geral que “designa o conjunto de elementos, dos aspectos que
constituem uma coisa dada, um objeto dado” (CHEPTULIN, 1982, p. 263). Descartando
as concepções idealistas e metafísicas de conteúdo e forma, o monismo materialista
concebe que esses elementos formam uma única unidade orgânica, interdependente. “O
papel determinante nas relações conteúdo-forma é desempenhado pelo conteúdo. Ele
determina a forma e suas mudanças acarretam mudanças correspondentes da forma. Por
sua vez, a forma reage sobre o conteúdo, contribui para seu desenvolvimento ou o
refreia.” (CHEPTULIN, 1982, p. 268).
O conteúdo transforma-se constantemente e a forma tende a manter-se estável de
modo relativo, por um tempo maior. A partir do momento em que a forma (sistemas
estáveis) se torna um obstáculo ao conteúdo (conjunto de processos), a não-
correspondência entre ambos eclode em eliminação dessa forma, e o aparecimento de
outra que atinge um nível qualitativo diferenciado; como quando na literatura se diz “da
refeição e da destruição da antiga forma e da criação de uma forma nova, temos, em
geral, uma vista às mudanças na forma que a adaptam ao desenvolvimento do conteúdo
no quadro da antiga forma” (CHEPTULIN, 1982, p. 269).
Adail Sobral (2005), em “Filosofias (e Filosofia) em Bakhtin”, especifica que os
intelectuais do Círculo de Bakhtin, no conceito da unidade singularidade/generalidade,
propunham a análise de objetos de estudo mediante “procedimentos” que
contemplassem a “identificação e explicação de relações (não dicotômicas) entre
elementos dos objetos estudados” (SOBRAL. In: BRAIT, 2005, p. 137). O autor destaca
entre elas “forma-conteúdo-material, resultado-processo, material-organização-
arquitetônica, universalidade-singularidade, objetividade (o real concreto) – objetivação
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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