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TCC 2

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

Antônio Narciso de Oliveira Júnior

METODOLOGIA DO SPDA ESTRUTURAL EM EDIFICAÇÕES


RESIDENCIAIS

Belo Horizonte
2º Semestre de 2015
Antônio Narciso de Oliveira Júnior

METODOLOGIA DO SPDA ESTRUTURAL EM EDIFICAÇÕES


RESIDENCIAIS

Texto apresentado na disciplina de Trabalho de Conclusão de


Curso I - TCC I, do Curso de Engenharia Elétrica da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais.

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Guimarães Parma

Belo Horizonte
2º Semestre de 2015
RESUMO

Xxxx
ABSTRACT

Xxxx xxx
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluido 100% produzido de óleo vegetal renovável..............................15


Figura 2 - Gráfico de Biodegradação do óleo vegetal FR3(Cargill)...........................16
Figura 3 - Pontos de Fulgor e Combustão de Fluidos Dielétricos (°C)......................18
Figura 4 - Taxa de Perigo ao Fogo de Fluidos Dielétricos.........................................19
Figura 5 - Transformador Verde de pequeno porte..................................................21
Figura 6 - Óleo Vegetal (Verde)................................................................................23
Figura 7 - Transformador Verde Ecologicamente Correto.........................................24
Figura 8 - Variação de carga em temperatura ambiente...........................................28
Figura 9 - Elevação de temperatura do ponto mais quente - Dielétrico mineral........29
Figura 10 - Elevação de temperatura do topo do óleo - Dielétrico mineral................30
Figura 11 - Elevação de temperatura do ponto mais quente - Dielétrico vegetal......30
Figura 12 - Elevação de temperatura do topo do óleo - Dielétrico vegetal................31
Figura 13 - Elevação de temperatura do ponto mais quente - Dielétrico mineral x
vegetal....................................................................................................................... 32
Figura 14 - Elevação de temperatura do topo do óleo - Dielétrico mineral x vegetal 32
Figura 15 - Transformador verde de grande porte.....................................................38

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Propriedades do óleo................................................................................14


Tabela 2 - Gases de efeito estufa atribuídos ao fluido do transformador em seu ciclo
de vida completo........................................................................................................17
Tabela 3 - Final de Vida do Papel Isolante de Transformador (Horas)......................20
Tabela 4 - Comparação entre as classes térmicas e as elevações de temperatura
para vida nominal dos materiais................................................................................22
LISTA DE SIGLAS

SPDA - Sistema de Proteção contra Descarga Atmosférica


NBR - Norma Brasileira
IEEE - Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos
IEC - International Electrotechnical Comission
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
DPS - Dispositivo de Proteção contra Surtos
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 9

1.1 Importância.....................................................................................................9

1.2 Objetivos.......................................................................................................10

1.2.1 Geral...................................................................................................... 10

1.2.2 Específicos.............................................................................................10

1.3 Metodologia..................................................................................................10

1.4 Delimitações.................................................................................................11

2. Revisão Bibliográfica...........................................................................................12

2.1 Histórico........................................................................................................12

2.1.1 História dos fluidos à base de ésteres como refrigerante dielétrico.......12

2.2 Características do refrigerante dielétrico a base de óleo vegetal.................13

2.2.1 Características para o meio ambiente e saúde humana........................15

2.2.2 Características de sustentabilidade.......................................................16

2.2.3 Características de segurança contra fogo..............................................18

2.2.4 Características para o sistema isolante fluido-papel..............................19

2.3 Aplicações do refrigerante dielétrico a base de óleo vegetal........................20

2.3.1 Aplicação do óleo vegetal em transformadores para geradores eólicos20

2.3.2 Aplicação de óleo vegetal em toda uma rede de distribuição................23

2.3.3 Aplicação de óleo vegetal nos transformador de subestação...............24

2.4 Normas para refrigerante Dielétrico a base de óleo vegetal.........................25

2.4.1 NBR 7037 - Recebimento, armazenagem, instalação e manutenção de


transformadores e reatores de potência imersos em líquido..............................25

2.4.2 ABNT NBR 15422 - Óleo vegetal isolante em equipamentos elétricos..25

2.4.3 IEEE – PC 57.147- Guia IEEE para aceitação e manutenção de éster


naturais fluidos em transformadores..................................................................25
3. Análise de Fatores de Aplicação.........................................................................27

3.1 Comparação entre transformadores isolados com refrigerante a base de


óleo vegetal e mineral............................................................................................ 27

3.1.1 Variação de temperatura em função da variação da carga...................27

3.1.2 Fator de envelhecimento do transformador em função da temperatura 33

de operação........................................................................................................33

3.2 Critérios de Recondicionamento e Regeneração do Óleo Vegetal..............34

3.2.1 Recondicionamento do óleo vegetal......................................................35

3.2.2 Regeneração do óleo vegetal................................................................35

3.3 Substituição do Óleo Mineral para Vegetal em Transformadores já


existente................................................................................................................. 37

4. CONCLUSÃO......................................................................................................38

4.1 Sugestão de trabalhos futuros......................................................................39


9

1. INTRODUÇÃO

As descargas atmosféricas são um fenômeno natural, imprevisível e aleatório


que atingem o mundo todo. Em termos práticos não tem como impedir a queda da
descarga atmosférica, sendo assim, podemos criar um caminho seguro até a terra
minimizando os danos.
A implantação e manutenção de SPDA é normalizada internacionalmente pela
IEC ( International Eletrotecnical Comission ) e em cada país por entidades próprias
como a ABNT (Brasil), NFPA (Estados Unidos) e BSI (Inglaterra).
Este trabalho apresenta uma proteção específica sobre SPDA, utilizando
componentes estruturais e naturais nas edificações como parte integrante do
sistema de proteção, tendo o cuidado de detalhar a utilização dos componentes
conforme a norma NBR 5419/2015.
Os sistemas implantados de acordo com a Norma NBR 5419 da ABNT visam
à proteção das estruturas contra um impacto direto e indireto de uma descarga
atmosférica.
Nesse texto, tem-se o cuidado de detalhar a utilização de componentes
estruturais como parte integrante de um projeto de SPDA. Apresentando as
vantagens dessa utilização, visando um maior conhecimento de seu funcionamento
e de sua relevância para todo o sistema de energia que engloba a geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica feito com segurança e principalmente
proteção ambiental.

1.1 Importância

O Brasil é o pais com maior índice de descarga atmosférica no mundo devido


a sua grande extensão territorial e também por estar próximo à linha do equador.
Novos estudos indicam que este índice vem se agravando nas grandes cidades
devido a concentração de poluição e a presença de grandes edifícios causando a
retenção de calor e dificultando a passagem de ventos (ELAT, INPE 2015).
O custo para a utilização das ferragens estruturais da edificação como
condutor natural da descarga atmosférica é inferior comparado ao SPDA externo
convencional utilizando condutores.
10

As principais características do SPDA Estrutural são: segurança, proteção


contra tensão de toque e passo, ganho estético na fachada da edificação.

1.2 Objetivo

Este trabalho apresenta uma proteção específica sobre SPDA, utilizando


componentes estruturais e naturais nas edificações como parte integrante do
Sistema de Proteção contra Descarga Atmosféricas, em edifícios residenciais.
Através de estudos, cursos, experiência na área, consultando artigos, teses e
normas, este Trabalho de Conclusão de Curso mostra toda a metodologia envolvida
na utilização das ferragens estruturais da edificação nos sistemas de descidas e
aterramento.
11

2. Revisão Bibliográfica

Os sistemas de isolamento de transformadores são avaliados sob o ponto de


vista econômico, ambiental e de segurança, através de análises do ciclo de vida
total. Devido à alta eficiência inerente ao projeto de transformadores refrigerados a
óleo, os novos desenvolvimentos se focam na melhoria das propriedades ambientais
e de segurança dos fluidos isolantes.

2.1 Histórico

O primeiro transformador de classe de distribuição foi construído em 1885 nos


EUA, com projeto a seco e utilização do ar como refrigerante dielétrico. A ideia de
que transformadores, usando óleo mineral como refrigerante dielétrico, pudessem
ser menores e mais eficientes foi patenteada em 1882, pelo professor Elihu
Thomsom, mas levou-se mais uma década até que sua ideia fosse colocada em
prática. Em 1892, foi produzida, por uma empresa americana, a primeira aplicação
reconhecida de óleo mineral em um transformador.
Experimentos utilizando fluidos à base de ésteres naturais (óleos vegetais)
como refrigerante dielétrico começaram aproximadamente na mesma época que os
primeiros testes com óleo mineral. Mas os óleos vegetais demonstraram ser menos
atrativos que o produto mineral, devido à sua baixa estabilidade à oxidação e aos
altos valores de ponto de fluidez, permissividade e viscosidade.
Hoje, os transformadores de dielétrico líquido utilizam principalmente o óleo
mineral como fluido isolante. Entretanto o óleo vegetal vem sendo cada vez mais
utilizado, pois desde os mais recentes testes de fabricação e utilização, este tem
sido melhorado com a ajuda de aditivos cada vez mais eficientes e que tornam o
dielétrico a base de óleo vegetal a melhor opção para utilização em transformadores.

2.1.1 História dos fluidos à base de ésteres como refrigerante dielétrico

Em 1892, experimentos com outros líquidos diferentes do óleo mineral


incluíram óleos à base de ésteres extraídos de sementes. Entretanto, nenhum
desses líquidos trouxe melhorias operacionais em relação ao óleo mineral e nenhum
foi comercializado com sucesso. Alguns problemas particulares dos refrigerantes à
12

base de óleos de sementes, em relação ao óleo mineral, eram o alto ponto de fluidez
e a baixa resistência à oxidação.
Com exceção de algumas aplicações ocasionais em capacitores e outras
aplicações especiais, não houve interesse pelos fluidos dielétricos à base de éster
até por volta de 1970, quando foram levantadas as infamantes questões do PCB
(PolyChlorinated Biphenyl - Bifenilos Policlorados). Até então, havia uma sólida
indústria de ésteres orgânicos sintéticos servindo outros mercados (McShane,
2003).
Dependendo dos tipos de ácidos e alcoóis precursores, é possível uma
grande variedade de ésteres sintéticos, permitindo à indústria produzir moléculas de
éster projetadas. Os ésteres polióis alifáticos sintéticos foram selecionados para
substituir o ascarel em transformadores devido à viscosidade, ao ponto de
combustão favorável e às excelentes propriedades dielétricas e ambientais. São
membros da mesma família de ésteres usados por décadas como lubrificantes de
motores a jato.
Em 1984, a primeira aplicação desses ésteres sintéticos em transformadores
nos EUA foi em um transformador para locomotivas, com requisitos de
funcionamento bastante exigentes. Devido às suas dimensões compactas, esses
equipamentos possuem circulação forçada para trocadores de calor remotos. Assim,
excelente lubricidade, temperaturas de ponto de fluidez muito baixas e alto ponto de
combustão foram características importantes nessa aplicação.
A aceitação pelo mercado dos ésteres sintéticos tem sido limitada a
aplicações especiais, principalmente devido ao seu alto custo comparado a outros
fluidos dielétricos. Sabe-se, porém, que a concessionária de energia de Berlim
comprou diversos transformadores de distribuição com tais ésteres.
Por causa das regulamentações ambientais e dos riscos envolvendo óleos
não-comestíveis, um abrangente esforço em programas de pesquisa e
desenvolvimento, iniciado em 1990, reencontrou os ésteres naturais. Estes ésteres
compartilham muitas das excelentes propriedades dielétricas e de segurança contra
fogo e são classificados como óleos comestíveis e muito mais econômicos.

2.2 Características do refrigerante dielétrico a base de óleo vegetal

O óleo vegetal é um refrigerante dielétrico facilmente biodegradável,


13

renovável, à base de éster natural, para uso em transformadores de distribuição e


potência, onde suas exclusivas propriedades ambientais, químicas, elétricas e de
segurança contra incêndio são vantajosas. Os limites de aceitação para o novo
fluido são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Propriedades do óleo

Fonte: CARGILL, 2015.

O óleo vegetal é formulado à base de óleo de sementes e aditivos de


melhoria de desempenho, não contendo petróleo, halogênios, silicones ou enxofre
corrosivo. Ele se biodegrada rapidamente e completamente no meio ambiente, não é
tóxico, conforme testes de toxidez oral e em ambiente aquático. O fluido é tingido de
verde para refletir seu perfil ambiental favorável e claramente distingui-lo dos óleos à
base de petróleo. O fluido possui pontos de fulgor/combustão excepcionalmente
altos, de aproximadamente 330/360°C – a mais alta resistência à ignição de
qualquer fluido dielétrico de alto ponto de combustão disponível atualmente – sendo
classificado como fluido de “alto ponto de combustão”, “resistente ao fogo”, “IEC
classe K”, fluido “não propagante”, aprovado pela FM Global4 (LESS-FLAMMABLE
TRANSFORMER FLUIDS, 2013) e classificado pela Underwriters Laboratories
(EOVK, 2013) como Líquido Dielétrico Resistente ao Fogo para uso conforme NEC
(NATIONAL ELECTRICAL CODE, 2013) e normas industriais de segurança. O óleo
14

vegetal é compatível com os materiais e componentes padrões de construção de


transformadores, devendo ser armazenado, manipulado e processado de maneira
meticulosa semelhante ao óleo mineral de transformador (CARGILL, 2015).
O fluido é um éster natural derivado de óleos vegetais renováveis, que provê
maior segurança contra incêndio, maior capacidade de carga/vida útil ao
transformador e benefícios ambientais superiores ao óleo mineral e que não podem
ser igualados por nenhum outro refrigerante dielétrico. Por ser derivado de matéria-
prima renovável, sua emissão de carbono é muito baixa (não igualada por nenhuma
outra opção de fluido isolante). O fluido tem sido usado em mais de 500.000
transformadores de distribuição e potência em todo mundo e aplicado em
transformadores de até 420 kV. Algumas das maiores concessionárias de energia e
fabricantes de transformadores do mundo confiaram seus transformadores de
distribuição e potência ao fluido vegetal.
O dielétrico possui algumas características exclusivas que podem prover às
concessionárias e aos seus fabricantes parceiros a capacidade de atingir maior
eficiência e redução de custo.

Figura 1 - Fluido 100% produzido de óleo vegetal renovável

Fonte: CARGILL, 2015.

2.2.1 Características para o meio ambiente e saúde humana

Hoje, os principais critérios na seleção de materiais não são somente o


desempenho e a eficiência. Os custos ambientais e do ciclo de vida total
também estão se tornando parte da análise. Materiais que serão aplicados
como fluidos dielétricos devem atender às exigências mínimas tanto ambientais
como de saúde. Esses materiais devem, por exemplo:
● ser essencialmente não-tóxicos;
● ser biodegradáveis;
15

● produzir subprodutos com degradação térmica admissível de baixo risco;


● ser recicláveis, recondicionáveis, facilmente descartáveis; e
● não ser classificados como material perigoso pelas agências ambientais e
de saúde.
O dielétrico a base de óleo vegetal é especificamente formulado para
minimizar riscos ambientais e de saúde. O óleo base vem de fontes renováveis –
sementes – que são facilmente recicláveis e reutilizáveis.
As Agências de Proteção Ambiental dos EUA e Califórnia publicaram em
2003 um Relatório de Verificação de Tecnologia Ambiental do fluido. O processo de
verificação inclui testes de biodegradabilidade e toxidez. Os resultados dos testes de
biodegradabilidade aquática confirmam que a taxa de biodegradação do fluido é tão
boa quanto o material de referência da norma. O fluido atende ao critério de
“máximo biodegradável” (figura 2).

Figura 2 - Gráfico de Biodegradação do óleo vegetal FR3(Cargill)

Fonte: CARGILL, 2015.

2.2.2 Características de sustentabilidade

O software Edificando para Sustentabilidade Econômica e Ambiental (BEES,


16

2007) disponível a partir do National Institute of Standards and Technology, utiliza


uma abordagem de avaliação de ciclo de vida, analisando a aquisição de matérias
primas, fabricação, transporte, instalação, utilização, reciclagem e gestão de
resíduos para determinar o potencial de aquecimento global de um produto.
A tabela 2 mostra as quantidades de gases de efeito estufa gerados desde a
matéria prima até o final de vida para óleo mineral e vegetal. O custo do óleo
mineral, em termos de emissão de carbono é caro, enquanto o custo do óleo vegetal
é relativamente barato, cerca de 0,98 kg/l (8,2 lb/gal) menos gás de efeito estufa
emitidos para produzi-lo.

Tabela 2 - Gases de efeito estufa atribuídos ao fluido do transformador em seu


ciclo de vida completo

Fonte: CARGILL, 2015.

Além disso, o estudo reporta que o impacto ambiental total do fluido vegetal é
1/4 do impacto reportado para óleo mineral (sem considerar ainda as propriedades
do óleo vegetal de extensão de vida útil do isolamento do transformador). Esta
pontuação cumulativa resulta da soma dos impactos do consumo de água, poluição
atmosférica, redução de ozônio, ar interior, saúde humana, alteração de habitat,
aquecimento global, redução de combustíveis fósseis, eutrofização, toxicidade
ecológica, poluentes críticos de ar e acidificação. O óleo vegetal, e transformadores
preenchidos com esse fluido, são listados no Programa Federal BioPreferred SM dos
EUA, tornando-os facilmente identificáveis como “Produtos Preferenciais” para todas
agências federais. Ele é uma excelente opção para ISO 14000 e outros programas
ambientais similares que promovem o uso de materiais e procedimentos
alternativos, ambientalmente agradáveis e sustentáveis.
17

2.2.3 Características de segurança contra fogo

O óleo vegetal tem um ponto de combustão de aproximadamente 360°C, bem


acima do mínimo de 300°C exigido para classificação como “Fluido Resistente ao
Fogo”. Seu ponto de fulgor (aproximadamente 330°C) é maior que o ponto de
combustão da maioria dos fluidos resistentes ao fogo em uso atualmente (Figura 3).

Figura 3 - Pontos de Fulgor e Combustão de Fluidos Dielétricos (°C)

Fonte: CARGILL, 2015.

Em testes de ignição de laboratório e larga escala, o óleo vegetal FR3 tem


demonstrado maior resistência ao fogo que outros tipos de fluidos dielétricos
(ENVIROTEMP, 2015). Com base no teste de ignição de arco em larga escala,
concluiu-se que a probabilidade de um incêndio evoluindo do fluido era tão baixa
que a taxa de liberação de calor não precisou ser determinada ou considerada para
aprovação.
Baseado em ensaios de larga escala de ignição de arco e metal quente, o
óleo vegetal é reconhecido como meio de segurança equivalente a distâncias de
separação, paredes corta-fogo e sistemas de extinção de incêndios para a maioria
das instalações. É reconhecido, também, como um componente de transformadores
Aprovados pela FM Global Standard 3990 (LESS-FLAMMABLE TRANSFORMER
FLUIDS, 2013). Quando usado em transformadores contendo até 38 mil litros de
18

fluido, a distância de separação entre transformadores, edificações e outros


equipamentos podem ser até 1/10 da distância requerida para transformadores com
óleo mineral, sem paredes corta fogo e sistemas de extinção de incêndio. A OSHA
(Occupational Safety & Health Administration) reconhece o padrão FM Global como
apropriado. A norma permite que transformadores com fluido vegetal sejam
aplicados em instalações internas, tipicamente sem sistemas de
extinção de incêndio ou poços de contenção, com distância mínima de apenas 0,9 m
(3 ft) para as paredes. Não há reporte de incêndios envolvendo transformadores
com fluido a base de óleo vegetal conforme índices da figura 4.

Figura 4 - Taxa de Perigo ao Fogo de Fluidos Dielétricos

Fonte: CARGILL, 2015.

2.2.4 Características para o sistema isolante fluido-papel

A exclusiva estrutura química do óleo vegetal provê um desempenho superior


do sistema de isolação comparado a outros fluidos dielétricos. As suas propriedades
térmicas o tornam um refrigerante mais eficiente do que refrigerantes dielétricos de
alto peso molecular à base de silicone e hidrocarbonetos. O fluido possui excelente
habilidade de remover água gerada pelo envelhecimento do papel. Isso permite
reduzir significativamente a taxa de envelhecimento do papel isolante do
transformador. Testes de envelhecimento acelerado conforme guia IEEE C57.100,
mostram que o papel Kraft termo-estabilizado (TUK) envelhecido no fluido vegetal
19

leva de 5 a 8 vezes mais tempo para alcançar o mesmo ponto de final de vida do
papel TUK envelhecido com óleo mineral convencional (IEEE, 2015). A Tabela 3
compara o tempo para alcançar o final de vida da isolação de papel TUK
envelhecido no fluido vegetal e óleo convencional. O tempo para o final de vida da
isolação, calculado conforme guia de carregamento para transformador IEEE
C57.91, está incluído para comparação. Testes de envelhecimento acelerado
mostraram melhorias similares no envelhecimento térmico do papel Kraft regular.

Tabela 3 - Final de Vida do Papel Isolante de Transformador (Horas)

Fonte: CARGILL, 2015.

2.3 Aplicações do refrigerante dielétrico a base de óleo vegetal

Além de transformadores de distribuição e potência, o óleo vegetal é utilizado


em uma variedade de outros equipamentos como reguladores de tensão, chaves
seccionalizadoras, transformadores retificadores e eletromagnetos. O fluido também
é utilizado na substituição de outros fluidos isolantes em transformadores e outros
equipamentos de distribuição e potência.

2.3.1 Aplicação do óleo vegetal em transformadores para geradores eólicos

Espaço, redução de peso e aumento de potência são atributos muito


importantes nas instalações de transformadores para geradores eólicos
(transformadores verdes conforme figura 5). O principal mecanismo na otimização e
compactação de um transformador é o aumento de sua temperatura de operação
20

através do uso de materiais isolantes sólidos e líquidos de maior classe térmica.

Figura 5 - Transformador Verde de pequeno porte

Fonte: CARGILL, 2015.

A tabela 4, a seguir, mostra uma comparação entre as classes térmicas e as


elevações de temperatura para vida nominal dos materiais, a partir dela são tiradas
as seguintes conclusões:
● Elevação de temperatura do Papel Kraft Neutro passa de 55/65 em óleo mineral
para 65/80 em óleo vegetal.
● Elevação de temperatura do Papel Termoestabilizado passa de 65/80 em óleo
mineral para 85/100 em óleo vegetal.
● O Incremento de 20°C na elevação de temperatura dos papeis isolantes com
óleo vegetal é o principal fator para o aumento da potência e/ou compactação do
transformador.
● Elevação de temperatura do Papel de Aramida se mantém em 140K em ambos
os fluidos. A temperatura de topo de óleo mineral (65K) restringe a otimização do
projeto. O óleo vegetal possui maior limite de temperatura de topo de óleo
(120K), permitindo melhor proveito da classe térmica do papel de aramida.
● Conforme testes realizados pela Cargill, o óleo vegetal pode ser aplicado com
temperatura máxima de operação de até 160°C (elevação de 120K para
temperatura ambiente máxima de 40°C). Valor superior ao adotado por normas
21

● internacionais para ésteres naturais (90K).

Tabela 4 - Comparação entre as classes térmicas e as elevações de


temperatura para vida nominal dos materiais

Fonte: CARGILL, 2015.

A aplicação do óleo vegetal em transformadores para geradores eólicos também se


destaca pelos seguintes aspectos:
● Segurança Ambiental: É um refrigerante dielétrico à base de óleo vegetal,
facilmente biodegradável, não tóxico, sustentável, renovável e reciclável,
provendo maior segurança ambiental e simplificação dos sistemas de contenção
e remediação de óleo;
● Segurança contra Incêndio: Possui ponto de combustão de 360ºC, sendo
classificado como fluido de alto ponto de combustão (classe K), provendo maior
segurança contra incêndio em instalações elétricas;
● Melhor desempenho térmico: Conforme demonstrado na tabela 4, o fluido possui
características de redução da velocidade de degradação da celulose (material
isolante), possibilitando temperaturas de trabalho mais altas. Para um mesmo
projeto pode-se alcançar cerca de 20% de aumento na potência ou,
22

alternativamente, trabalhar na otimização e compactação do transformador,


reduzindo seu custo e espaço requerido para instalação.

2.3.2 Aplicação de óleo vegetal em toda uma rede de distribuição

Grandes empresas estão fechando parcerias com fornecedores de óleo


vegetal para a utilização do óleo em seus transformadores. As concessionárias
estão promovendo a migração de toda a sua rede de distribuição para
transformadores verdes que utilizam o fluido.Uma dessas empresas está com mais
de 5.000 transformadores verdes em operação e envolve a compra de 11.000
transformadores verdes em 2014, e a conversão dos equipamentos antigos ao longo
dos próximos anos, um investimento inicial da ordem de R$ 55,8 milhões. O
interesse no óleo vegetal surgiu a partir de uma insatisfação com os óleos minerais e
os riscos associados ao seu manuseio, como problemas de vazamentos, e o
descarte seguro de transformadores ao final de sua vida útil.
Além de serem menos nocivos para o meio ambiente, os transformadores
com óleo vegetal são também seguros contra incêndio; ele possui ponto de
combustão duas vezes mais alto que o do óleo mineral e é auto extinguível,
reduzindo assim o risco de incêndios. Os transformadores que utilizam óleo vegetal
também têm maior capacidade de absorver problemas na rede como, por exemplo,
sobrecargas.

Figura 6 - Óleo Vegetal (Verde)

Fonte: CARGILL, 2015.


23

Os transformadores com óleo vegetal têm desempenho superior aos


transformadores com óleo mineral, sua estrutura é mais compacta e seu custo fixo é
inferior por usar menos material em sua fabricação. Além dos ganhos em eficiência
operacional e redução de custos, o produto do óleo oferece vantagens técnicas ao
substituir transformadores isolados a óleo mineral por transformadores verdes (óleo
verde – óleo vegetal conforme figura 6 e 7).

Figura 7 - Transformador Verde Ecologicamente Correto

Fonte: ITAM, 2015.

2.3.3 Aplicação de óleo vegetal nos transformador de subestação

A subestação Energia Olímpica (138/13.8kV - 3x40MVA) é um dos maiores


exemplos de aplicação do óleo vegetal atualmente. Ela será dedicada
exclusivamente para o fornecimento de energia elétrica para o Parque Olímpico que
está sendo construído na Barra da Tijuca, Rio de janeiro - Brasil. Os
transformadores dessa subestação foram especificados e fabricados atendendo a
exigência do Comitê Olímpico Internacional (COI) que solicita a utilização de isolante
a base de óleo vegetal como dielétricos dos equipamentos.
A SE Olímpica terá seus barramentos encapsulados e isolados a gás e
cabeamentos subterrâneos, permitindo que a estrutura seja mais compacta. Sua
potência será de 120 MVA, contando com três transformadores trifásicos de 145 kV
a óleo vegetal, 51 conjuntos blindados de 15 kV e seis conjuntos de bancos de
capacitores, além de sistema digital para proteção e automação. Os ramais
24

subterrâneos de alta tensão em 138 kV farão a ligação da SE Olímpica com as


subestações Gardênia e Barra II, ambas de propriedade da Light (ENERGIA
FURNAS, 2015).
O Parque Olímpico da Barra será o principal centro de competição dos Jogos
Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. A estrutura ocupará uma área de 1,18 milhões
de metros quadrados e vai reunir nove instalações esportivas. Após o fim das
competições, o Parque Olímpico abrigará o primeiro Centro Olímpico de
Treinamento (COT) do Brasil e o mais moderno da América do Sul, voltado para
atletas de alto rendimento. O Parque Olímpico contará também com um laboratório
de pesquisas nas áreas de nutrição, fisioterapia, medicina esportiva e clínica.

2.4 Normas para refrigerante Dielétrico a base de óleo vegetal

2.4.1 NBR 7037 - Recebimento, armazenagem, instalação e manutenção de


transformadores e reatores de potência imersos em líquido

Esta norma fixa condições exigíveis que o transformador deve apresentar,


após a sua entrega à responsabilidade do comprador, para recebimento, instalação
e manutenção.

2.4.2 ABNT NBR 15422 - Óleo vegetal isolante em equipamentos elétricos

Esta Norma especifica o óleo vegetal isolante à base de éster natural, para
uso como dielétrico e refrigerante em equipamentos elétricos novos ou usados
como, por exemplo, transformadores e equipamentos auxiliares, e estabelece
orientações para sua embalagem, rotulagem, armazenamento e manuseio.

2.4.3 IEEE – PC 57.147- Guia IEEE para aceitação e manutenção de éster


naturais fluidos em transformadores

Este norma recomenda testes padrão e procedimentos de avaliação do éster


natural de fluidos isolantes para aplicação em transformadores de distribuição e
transporte de energia e outros equipamentos elétricos. O éster isolante vegetal
também está sendo aplicado no procedimento de reenchimento de líquido existente
25

nos equipamentos, realizando a substituição do óleo mineral. Este guia fornece


recomendações para novas aplicações de reenchimento no campo, incluindo testes
de equipamentos preenchidos com fluidos isolantes de éster natural, os métodos de
recondicionamento e recuperação do óleo, e os resultados da análise em que o
reprocessamento ou a substituição do fluido isolante se fez necessário.
26

3. Análise de Fatores de Aplicação

Os fatores de aplicação devem ser criteriosamente escolhidos para a


comparação do óleo vegetal e mineral utilizados como dielétrico de transformadores
de potência. Para tais crtiérios, deve-se considerar o processo de envelhecimento e
tratamento de cada óleo, o processo de substuição do mineral pelo vegetal e o
comportamento de ambos diante da elevação de temperatura causada por
sobrecargas em transformadores.
Para ser feita a análise comparativa de cada tipo de óleo, foi escolhido as
características de transformadores em operação utilizando dielétrico vegetal e
também dielétrico mineral. Para levantar os cálculos diante do comportamento de
cada transformador foram consideradas as fórmulas e procedimentos contidos nas
normas IEEE Std. C57.91-2011 (IEEE, 2015) e ABNT NBR 5416 (ABNT, 2015).

3.1 Comparação entre transformadores isolados com refrigerante a


base de óleo vegetal e mineral

3.1.1 Variação de temperatura em função da variação da carga

A análise dos testes de temperatura verifica o comportamento dos


transformadores com variação da carga em temperatura ambiente durante o período
de 24 horas. Qualquer transformador conectado a rede de distribuição está sujeito a
variação de cargas. O teste será realizado em transformadores de:
a) classe 55ºC: são aqueles cuja elevação da temperatura médias dos
enrolamentos, acima da ambiente, não excede 55ºC e cuja elevação de temperatura
do ponto mais quente do enrolamento, acima da ambiente, não excede 65ºC;
b) classe 65ºC: são aqueles cuja elevação da temperatura média dos
enrolamentos, acima da ambiente, não excede 65ºC e cuja elevação de temperatura
do ponto mais quente do enrolamento, acima da ambiente, não excede 80ºC (ABNT,
2015).
A temperatura ambiente é um fator importante para a determinação da
capacidade de carga do transformador, uma vez que a elevação de temperatura
para qualquer carga deve ser acrescida à ambiente para se obter a temperatura de
operação. Preferencialmente, utiliza-se a medição da temperatura ambiente real
27

para se determinar a temperatura do ponto mais quente do enrolamento e a


capacidade de carga do transformador. Entretanto, quando a temperatura real não
estiver disponível, utiliza-se o histórico da temperatura ambiente, para determinado
mês, obtido dos relatórios do serviço de meteorologia do Ministério da Agricultura, os
quais fornecem a temperatura média mensal e a média das máximas temperaturas
diárias para as várias regiões do país:
a) temperatura média: usa-se a média, para o mês em questão, das
temperaturas médias mensais obtidas
no decorrer de vários anos;
b) média das temperaturas máximas diárias: usa-se a média, para o mês em
questão, das médias mensais das temperaturas máximas diárias obtidas no decorrer
de vários anos.
Na figura 8 é apresentado o gráfico da variação de carga aplicada aos
transformadores durante o período de teste.

Figura 8 - Variação de carga em temperatura ambiente

Fonte: Elaborado pela autora.

Foi aplicado aos transformadores um acrescimo de carga 0,015pu a cada 30


minutos no período entre 1,50 horas até 10,50 horas de teste, chegando ao valor
máximo de 1,300pu que permaneceu constante no período entre 10,50 horas e
12,00 de teste. O valor de carga é reestabelecido ao normal de 1,000pu após 12,00
28

de teste, mantendo esse valor constante até o fim do período de teste.


Quando aplicado um ciclo de carga ao transformador, as temperaturas do
topo do óleo e do ponto mais quente do óleo crescem e decrescem
exponencialmente. O comportamento do transformador isolado a óleo mineral e do
transformador isolado a óleo vegetal, diante da variação de carga em função do
tempo, são apresentados nas figuras a seguir:

Figura 9 - Elevação de temperatura do ponto mais quente - Dielétrico mineral

Fonte: Elaborado pela autora.

Pode-se observar, através da figura 9, que a temperatura do ponto mais


quente do transformador com refrigerante dielétrico a base de óleo mineral, diante
do ciclo de sobrecarga considerado, atingiu a temperatura de 144,3ºC,
ultrapassando o limite de 130ºC estabelecido pela norma NBR 5416 (ABNT, 2015).
A temperatura do topo do óleo, diante da mesma sobrecarga, também
ultrapassou o limite estabelecido em norma, conforme apresentado na figura 10. A
norma determina o valor de 110ºC de elevação de temperatura do topo do óleo, e
com a variação de carga o valor de temperatura teve um pico de 122,9ºC.
As figuras 11 e 12 mostram o comportamento de temperatura do
transformador com dielétrico a base de óleo vegetal, diante da mesma variação de
carga. De acordo com a norma IEEE C57.91-2011 o valor limite de temperatura para
29

ponto mais quente do óleo é de 160ºC, e para o topo do óleo é de 140ºC. Em ambos
os casos esses limites não foram atingidos.

Figura 10 - Elevação de temperatura do topo do óleo - Dielétrico mineral

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 11 - Elevação de temperatura do ponto mais quente - Dielétrico vegetal

Fonte: Elaborado pela autora.


30

Figura 12 - Elevação de temperatura do topo do óleo - Dielétrico vegetal

Fonte: Elaborado pela autora.

Comparando as temperaturas atingidas nos transformadores durante o teste,


verificamos que com a utilização do óleo vegetal os limites de elevação de
temperatura não foram ultrapassados, tanto o ponto mais quente e o valor do topo
do óleo possuem uma folga consideravel de 18,8ºC e 20,5ºC, respectivamente. Ao
passo que as temperaturas do ponto mais quente e do topo do óleo do
transformador isolado a óleo mineral ultrapassaram o valor limite em 14,3ºC e
12.9ºC, respectivamente.
Observando as curvas de variação de temperatura do óleo tanto no
transformador isolado a óleo vegetal quanto no transformador isolado a óleo mineral,
verifica-se um comportamento semelhante em ambos os casos. As curvas se
comportam com praticamente o mesmo pico de elevação de temperatura no
momento crítico de 1,300pu. O que difere no caso em que se utiliza dielétrico
vegetal, é que as características físicas e químicas do mesmo fazem com o que seu
limite de temperatura seja maior que no caso que se utiliza óleo mineral, conforme
figuras 13 e 14 a seguir.
31

Figura 13 - Elevação de temperatura do ponto mais quente - Dielétrico mineral


x vegetal

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 14 - Elevação de temperatura do topo do óleo - Dielétrico mineral x


vegetal

Fonte: Elaborado pela autora.


32

3.1.2 Fator de envelhecimento do transformador em função da temperatura


de operação

O sistema papel/isolante do transformador é submetido a um processo


contínuo de degradação por ação da água, oxigênio e ácidos presentes no óleo
isolante. Mantendo-se sob controle a ação desses contaminantes, o envelhecimento
da celulose é predominantemente térmico e cumulativo. O envelhecimento está
baseado na vida esperada do transformador, sob efeito da temperatura de operação
da isolação ao longo do tempo.
A deterioração da isolação em função do tempo e da temperatura é
fundamentada na teoria de Arrhenius, que estabelece que o logarítmo da vida do
isolamento é uma função do inverso da temperatura absoluta, que tem a seguinte
forma:

Vida Útil em Partes por Unidade=9 ,8 × 10


−18
e
[ 15000
ΘH +273 ]

Onde:
ΘH é a temperatura mais quente, ° C.
A base para o cálculo do fator de aceleração do envelhecimento de um
transformador (FAA) com uma dada carga está indicado na norma IEEE Std. C57.91-
2011 (IEEE, 2015) conforme a seguir :

F AA =e
[ 15000
383

15000
ΘH +273 ]

Onde:
FAA é o fator de aceleração do envelhecimento;
ΘH é a temperatura mais quente local sinuoso, ° C.
A equação pode ser usada para calcular o envelhecimento equivalente do
transformador. O fator idade equivalente a temperatura de referência em um
determinado período de tempo para o ciclo de temperatura dada é a seguinte:

∑ . F AA ,n Δtn
F EQA = n=1 N
∑ . Δtn
n=1
33

Onde:
FEQA - equivalente fator de envelhecimento para o período de tempo total;
FAA,n - fator de aceleração do envelhecimento para a temperatura durante o tempo;
n - índice de o intervalo de tempo, Dt;
N - número total de intervalos de tempo;
ATn - intervalo de tempo, h.
Contudo, se faz necessário definir arbitrariamente a vida normal de
isolamento do transformador. Normalmente, o período de tempo total utilizado é de
24 h. A equação é dada como se segue:

F EQA x t x 100 1 x 24 x 100


% Perda de vida= = =0.016 %
Vida util isolamento 150,000

Onde FEQA é equivalente fator de envelhecimento para o período de tempo


total, que no caso de um transformador ideal podemos consideramos igual a 1.
Através dessa fórmula conseguimos calcular a expectativa de vida útil do
transformador isolado a óleo vegetal e do isolado a óleo mineral, e através dela
podemos levantar qual equipamento irá operar por maior período de tempo.
Refazendo os calculos para um transformador real isolado a óleo mineral, chegamos
a um valor de F EQA =14.9, e aplicando a fórmula de vida útil a seguir, temos como
resultado a expectativa de 0,0093% de envelhecimento diário.

F EQA x t x 100 14 , 9 x 100


% Perda de vida= = =0,0093 %
Vida util isolamento 150,000

Os mesmos cálculos podem ser aplicados para levantar o fator de


envelhecimento diário de um transformador isolado com óleo vegetal, que resulta em
0,0076%, que é 0,0017% menor do que o fator de envelhecimento de um
transformador comum isolado a óleo mineral.

F EQA x t x 100 11, 4 x 100


% Perda de vida= = =0,0076 %
Vida util isolamento 150,000

3.2 Critérios de Recondicionamento e Regeneração do Óleo Vegetal


34

3.2.1 Recondicionamento do óleo vegetal

O processo de recondicionamento do fluido a base de óleo vegetal é idêntico


ao do óleo mineral. Tipicamente um processo de termo vácuo para extração de
umidade e gases dissolvidos, e filtragem para redução de partículas. Os
equipamentos de processo podem ser os mesmos usados para óleo mineral. De
maneira geral, os sistemas de controle do equipamento são capazes de compensar
a maior viscosidade do fluido vegetal e manter a mesma vazão de processo. As
recomendações adicionais incluem:
● Não utilizar filtros já aplicados em óleo mineral. Substituir por novos não
inferiores a 0.5μm;
● Possível ajuste da temperatura do processo para até 80ºC, para melhoria de
desempenho;
● O fluido vegetal mantém uma excelente rigidez dielétrica mesmo com teores
de água até 16 vezes maiores que o óleo mineral. Para uma correta avaliação
do tratamento, utilizar como referência o valor de umidade relativa (% de
saturação) e não o teor de água absoluto em mg/kg (ppm).

3.2.2 Regeneração do óleo vegetal

Pode ser realizada através de percolação por terra fuller ou alumina ativada
(bauxita). Os seguintes resultados são esperados do processo de regeneração
(CARGILL, 2015):
● Excelente recuperação do índice de neutralização (acidez) e fator de
dissipação;
● Acidez e fator de dissipação são os principais parâmetros de controle
preventivo dos óleos vegetais isolantes.
O monitoramento desses parâmetros é importante e eficaz para indicar a
degradação excessiva do fluido e também ajudar na avaliação do processo de
oxidação, antecipando e evitando a alteração da viscosidade.

3.2.2.1 Parâmetros de viscosidade

Similarmente a outros fluidos dielétricos, o primeiro estágio do processo de


35

oxidação do óleo vegetal, que leva vários anos, consiste no consumo dos aditivos
inibidores que, eventualmente, podem ser readicionados. A longo prazo, falta de
manutenção e possível oxidação excessiva do fluido pode levar ao aumento da
viscosidade, num processo de oligomerização. A regeneração não reverterá o
processo de oligomerização não sendo assim efetiva na recuperação da
viscosidade. A diluição do fluido é o procedimento recomendado quando o aumento
de viscosidade for maior que 15%.

3.2.2.2 Parâmetros de cor

Diferentemente do óleo mineral, onde a alteração de cor é causada pela


formação de borra e outros contaminantes, os óleos vegetais passam por um
processo de “fixação de cor” ocasionado pela combinação, a partir de certas
temperaturas, dos compostos responsáveis pela cor com os ésteres e ácidos
graxos. Assim, mesmo apresentando uma variação de cor menor que a percebida
nos óleos minerais, o processo de regeneração não recupera esse parâmetro.
Dessa maneira, a cor não pode ser usada como parâmetro de avaliação da
efetividade do processo de regeneração.

3.2.2.3 Cuidados para equipamento de uso compartilhado

Os mesmos equipamentos podem ser usados para o tratamento


(recondicionamento) e regeneração de óleo vegetal ou mineral, porém alguns
cuidados são necessários para evitar a contaminação entre os fluidos. O óleo
vegetal e mineral são totalmente miscíveis, porém a mistura entre os dois fluidos é
indesejada, e deve ser evitada em transformadores e equipamentos de
processamento de óleos. Se o óleo vegetal for contaminado com mais de 7% de
óleo mineral, o ponto de combustão do óleo vegetal contaminado será menor que
300ºC, e assim não atenderá aos requisitos de “fluido de alto ponto de combustão
(classe K)” descritos nas ABNT NBR 13231, ABNT NBR 14039 e ABNT NBR 5356.
Os seguintes passos são recomendados para a descontaminação do
equipamento:
● Remover o filtro do equipamento e encher com o volume mínimo de óleo
vegetal necessário;
36

● Manter o equipamento em recirculação por cerca de 30 minutos, descartando


o óleo utilizado;
● Instalar um filtro novo ou um de uso exclusivo em óleo vegetal (guardar
imerso em óleo);
● Lavar as mangueiras ou utilizar mangueiras exclusivas;
● Encorajamos a consulta aos documentos indicados na seção de referência
para informação sobre processo típico de degradação dos óleos vegetais
isolantes (éster natural) e obter mais detalhes sobre os processos de
recondicionamento e regeneração informados nesse documento.

3.3 Substituição do Óleo Mineral para Vegetal em Transformadores já


existente

O refrigerante dielétrico a base de óleo vegetal é miscível com óleo de


transformador convencional, hidrocarbonetos de alto peso molecular, PCB (Ascarel)
e com a maioria dos substitutos de PCB, exceto silicone. O fluido não é miscível com
silicone e não deve ser aplicado em transformador contendo silicone anteriormente.
37

4. CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo apresentar a importância da utilização do


refrigerante dielétrico a base de óleo vegetal em transformadores de potência do
Brasil e do mundo. Foi feita uma análise comparativa entre as características e
comportamento do óleo vegetal e mineral nos transformadores em operação.
Foram descritas as características específicas do óleo vegetal que quando
comparadas ao óleo mineral, apresentam grandes vantagens, tais como ponto de
fulgor mais elevado e melhor adaptação a variação de temperatura. Essas
características favorecem o óleo vegetal garantindo a ele uma maior faixa de
temperatura de trabalho estabelecida pela norma IEEE C57.91-2011.
Nos itens apresentados no capítulo 3 constatamos que com a utilização de
óleo vegetal, os transformadores garantem uma maior expectativa de vida útil em
operação, mesmo diante de sobrecargas e intempéries. Quando submetidos à
mesma variação de carga, dois transformadores, um com dielétrico à base de óleo
mineral e outro vegetal, a resposta de temperatura é semelhante, a diferença
consiste no limite de temperatura para cada tipo de óleo, em que o dielétrico a base
de óleo vegetal possui maiores limites de trabalho.
Foram apresentados também outras formas de utilização do dielétrico a base
de óleo vegetal em equipamentos. Os equipamentos que anteriormente trabalhavam
utilizando dielétrico a base de óleo mineral podem trabalhar com isolantes a base de
óleo vegetal, basta os passos e critérios de substituição do óleo e reenchimento
serem seguidos à risca, afim de se evitar contaminações que podem fazer com que
o óleo vegetal perca suas qualidades. As características afetadas quando se mistura
dois tipos diferentes de óleo são basicamente cor, viscosidade e ponto de fulgor.
Da mesma forma que qualquer tipo de óleo mineral, o óleo vegetal também
pode ser recondicionado e regenerado, basta somente seguir os passos para que
esse procedimento seja feito de forma que se possa garantir a economia financeira
na reutilização do óleo vegetal que é 100% reciclável.
Diante de todas as evidências levantadas e descritas neste trabalho, é
possível concluir que a utilização de dielétricos a base de óleo vegetal é um recurso
muito vantajoso não somente em relação ao meio ambiente, mas também
econômica e tecnicamente, pois este material possui características superiores a
38

dos outros tipos de dielétricos a base de óleo mineral comumente usados por
décadas.

4.1 Sugestão de trabalhos futuros

Como trabalhos complementares ou novos trabalhos, sugerem-se:

● Apurar planos de incentivo para a implantação de dielétricos renováveis;


● Avaliar possibilidades de novos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento
de dielétricos vegetais;
● Apreciar a substituição do óleo vegetal pelo óleo vegetal;
● Desenvolver um projeto de tomada de decisão a partir dos dados analisados
neste trabalho.
39

REFERÊNCIAS

ABNT, NBR 15422. Óleo vegetal isolante para equipamentos elétricos.


Disponível em: <http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=406> Acesso em
01 mai. 2015.

ABNT, NBR 5416:1997/2011. Aplicação de cargas em transformadores de


potência - Procedimento. Disponível em:
<http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=4057> Acesso em 01 mai. 2015.

BEES, Version 4.0e, Building and Fire Research Laboratory. National Institute of
Standards and Technology. August 2007, Disponível em:
<http://www.bfrl.nist.gov/oae/software/bees/> Acesso em 01 mai. 2015.

CARGILL, Catálogo. CPFL energia adota óleo vegetal da Cargill em toda sua
rede de distribuição. Disponível em:
<http://www.cargill.com.br/wcm/groups/public/@csf/@brazil/documents/document/
na31658087.pdf> Acesso em 01 mai. 2015.

CARGILL, Catálogo. Guia dos produtos. Disponível em:


<http://www.cargill.com.br/wcm/groups/public/@ccom/documents/document/
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CARGILL, Catálogo. Aplicação do óleo vegetal em transformadores para


geradores eólicos. Disponível em:
<http://www.cargill.com.br/wcm/groups/public/@csf/@brazil/documents/document/
na31658086.pdf> Acesso em 01 mai. 2015.

CARGILL, Catálogo. R2000 Envirotemp FR3 Data Sheet 5-13. Disponível em:
<http://www.cargill.com.br/wcm/groups/public/@ccom/documents/document/
na3076871.pdf> Acesso em 01 mai. 2015.

CARGILL, Catálogo. Recondicionamento e Regeneração. 13ª Edição - 27/02/2015

ENERGIA FURNAS 2016. Subestação Cidade Olímpica. Disponível em:


<http://www.furnas.com.br/hotsites/EnergiaFurnas2016/se_olimpica.html>. Acesso
em 06/04/2015.

ENVIROTEMP. Ester dieletric fluids. Disponível em:


<http://www.envirotempfluids.com/> Acesso em 01 mai. 2015.

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