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ESTADO DO CEARÁ

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO

Processo: 0000389-62.2017.8.06.0190 - Apelação Cível


Apelante: Francisca Xavier dos Santos de Almeida. Apelado: Banco Bradesco S/A

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE


EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. EXIGÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO DA NÃO RECEPÇÃO DE VALORES DO
EMPRÉSTIMO MEDIANTE APRESENTAÇÃO DE
EXTRATOS BANCÁRIOS E DECLARAÇÃO DE PRÓPRIO
PUNHO SOBRE AS CONTAS BANCÁRIAS DA AUTORA.
IMPOSSIBILIDADE. IMPRESCINDÍVEL A JUNTADA
APENAS DOS DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS AO
AJUIZAMENTO DA AÇÃO. ATENDIMENTO AO
PRECEITUADO PELOS ARTIGOS 319 E 320 DO CPC.
NULIDADE DA SENTENÇA. CAUSA MADURA. ART. 1013,
§3º, DO CPC. JULGAMENTO DE MÉRITO. AUSÊNCIA DE
DOCUMENTOS APTOS A COMPROVAR A REGULARIDADE
DO NEGÓCIO JURÍDICO. CONTRATAÇÃO ILÍCITA.
DANOS MATERIAIS E MORAIS CONFIGURADOS.
INDENIZAÇÃO MORAL FIXADA EM R$ 3.000,00. VALOR
CONDIZENTE AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO.
MODULAÇÃO DOS EFEITOS DO EARESP 676.608.
RESTITUIÇÃO EM DOBRO. DESNECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DA MÁ-FÉ PARA OS DESCONTOS
EFETUADOS EM DATA POSTERIOR AO DIA 30/03/2021.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

ACÓRDÃO
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Primeira


Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, à unanimidade de
votos, em CONHECER do recurso para DAR-LHE PROVIMENTO, nos termos do voto do
Relator.
Fortaleza, data e hora indicadas no sistema.

DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO


Presidente do Órgão Julgador/Relator

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso de Apelação Cível interposto por ESPÓLIO DE ALUÍSIO


DE ALMEIDA, representado por FRANCISCA XAVIER DOS SANTOS DE ALMEIDA
impugnando a sentença prolatada pelo Juízo da 2ª Vara da Comarca de Quixadá/CE, que, nos
autos da Ação de Declaração de Inexistência de Débito c/c Indenização por Danos Morais e
Materiais ajuizada em face de BANCO BRADESCO S/A, indeferiu a petição inicial, nos
termos do artigo 485, inciso I c/c art. 231, parágrafo único, ambos do CPC (fls. 114/118).
Eis o dispositivo da sentença (fl. 118):

“Ante o exposto, INDEFIRO a petição inicial, extinguindo o processo sem


resolução do mérito, nos termos do art. 485, I c/c art. 321, p.u ambos do CPC.
Sem custas ou honorários, por ser a autora beneficiária da justiça gratuita”.

Na inicial (fls. 01/09), a parte autora aduz ter sido surpreendida ao perceber uma
redução considerável em seus rendimentos mensais. Com isso, verificou que tal situação
decorria do contrato de empréstimo consignado nº 0123212970083, celebrado com a
instituição bancária promovida. Entretanto, a parte promovente alega que tal contrato foi
elaborado sem a sua prévia manifestação de vontade.
Considerando a situação acima explanada, requer a declaração da nulidade do
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negócio jurídico, a restituição das parcelas indevidamente descontadas de seu benefício, bem
como a indenização pelos danos morais sofridos, sendo esta no importe de R$ 15.000,00
(quinze mil reais).
Na Contestação (fls. 33/52), a parte ré sustenta a natureza lícita da contratação em
testilha, a qual teria sido celebrada mediante a livre manifestação de vontade da parte
promovente, e, consequentemente, das cobranças realizadas em virtude desta.
Entretanto, deixou de realizar a juntada de qualquer documento apto a comprovar
a regularidade do negócio jurídico objeto da demanda.
Réplica às fls. 68/71.
Sobreveio decisão interlocutória à fl. 73, determinando a inversão do ônus da
prova, mediante a apresentação de provas pela instituição bancária promovida.
Às fls. 103/104, o juízo de primeiro grau intimou a parte autora para apresentar
uma declaração de próprio punho, com especificação das contas de que é titular, bem como os
extratos de movimentação das contas declaradas, durante o período de janeiro a junho de
2012.
Às fls. 121/134, a parte autora apelou da sentença de primeiro grau, alegando, de
início, que “Pela analise da fundamentação da R. Sentença proferida pelo Magistrado de
Piso, se ver que o Juízo, incorreu em comportamento contraditório, pois as fls. 25 -26 do
caderno processual eletrônico foi recebida a petição inicial em todos seus termos, no entanto
as fls. 114-118, a magistrada surpreendeu o requerente, com uma decisão contraditória,
informando que a petição inicial, não estava em seus termos para ser recebida, indeferindo
por sentença sem julgamento de mérito” (fl. 128).
Ademais, argumenta que “Nos termos da fundamentação da Sentença, ora
guerreada, se tornaria muito difícil combater as rotineiras fraudes que assolam
principalmente as pessoas mais vulneráveis, no caso analfabetos e idosos. Ainda nessa toada,
todos os operadores do direito devem ter essa preocupação com o efeito social das Decisões
Judiciais, ou seja, efeito panprocessual, pois conforme interpretação expedida a decisão do
Juízo de piso, qualquer contrato firmado por estelionatários, desde que aposto a impressão
digital, bem como assinatura de testemunhas, o contrato seria considerado válido, o que é um
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absurdo, diga-se de passagem, uma vez que são comuns as fraudes nesses tipos de casos,
principalmente no interior do Estado, onde já teriam sido presas diversas quartilhas que se
aproveitam da vulnerabilidade dessas pessoas, cita-se analfabetos e idosos. Outrossim, ainda
condenado a parte autora em litigância de má-fé”(fl. 133).
Posto isso, pugna pelo provimento do recurso, com a finalidade de anular sentença
vergastada, efetuando-se o julgamento de mérito, uma vez que a presente demanda já se
encontra passível de julgamento.
Contrarrazões às fls. 140/148.
É o relatório.

VOTO

Conheço do recurso, eis que presentes os requisitos de admissibilidade


Cinge-se o cerne do presente recurso na aferição do cumprimento, pela parte
autora, dos requisitos indispensáveis à propositura da petição inicial.
De início, verifica-se que, após o recebimento da peça exordial, o juízo a quo
reconheceu que a referida petição encontrava-se na sua devida forma, respeitados os requisitos
estabelecidos pelo artigo 319 do CPC (fls. 25/26).
Devidamente apresentadas contestação e réplica, o juízo de primeiro grau proferiu
a decisão interlocutória de fl. 73, determinando a inversão do ônus probatório em favor da
parte requerente, com fulcro no art. 6º, inciso VIII, do CDC.
A instituição bancária requerida foi intimada para apresentar nos autos uma cópia
do contrato, comprovante de repasse, extratos financeiros, carta de renegociação de dívida e
quaisquer outros documentos capazes de assegurar a validade do negócio jurídico firmado
entre as partes (fl. 96), entretanto, nada foi apresentado ou requerido.
Todavia, incorrendo em evidente contradição ao disposto anteriormente, o juízo
de primeiro grau intimou a parte autora para apresentar uma declaração de próprio punho,
com especificação das contas de que é titular, bem como os extratos de movimentação das
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contas declaradas, durante o período de janeiro a junho de 2012 (fls. 103/104).


Ato contínuo, por intermédio do petitório de fls. 110/113, a parte autora
questionou a necessidade da exigência contida no despacho retromencionado, uma vez que
não foi constatado qualquer vício na peça inicial e a inversão do ônus da prova em seu favor
já havia sido determinada, contudo, a magistrada a quo indeferiu a exordial, extinguindo o
feito sem resolução de mérito.
Adianto que a razão assiste ao pleito autoral.
Analisando detidamente os autos, infere-se que o juízo de primeiro grau
considerou inepta a petição inicial, consignando, em seus fundamentos, que a parte autora não
atendeu ao despacho de fls. 103/105, deixando de apresentar uma declaração de próprio
punho, sob as penas da lei, com a especificação das contas bancárias de que é titular e o
extrato de movimentação das contas bancárias declaradas, abrangendo o período referente aos
03 meses antes até três meses depois do primeiro desconto do contrato impugnado.
No ponto, vê-se que os dados exigidos pelo juízo a quo são completamente
dispensáveis para fins de recepção da inicial, haja vista que “os documentos indispensáveis à
propositura da ação, e que devem ser instruídos com a inicial, são aqueles que comprovam a
ocorrência da causa de pedir (documentos fundamentais) e, em casos específicos, os que a
própria lei exige como da substância do ato que está sendo levado à apreciação (documentos
substanciais)” (AgRg no AgRg no REsp 1513217/CE).
Destarte, o autor anexou à inicial procuração ad judicia, declaração de
hipossuficiência, documentos de identidade, comprovante de endereço e histórico de
consignações – identificando o desconto, supostamente indevido, da quantia de R$ 156,21
(cento e cinquenta e seis reais e vinte e um centavos)- restando demonstrados todos os
documentos essenciais para a propositura da presente demanda (fls. 16/21).
Logo, a exigência que deu causa ao indeferimento da peça vestibular não retrata
situação de imprescindibilidade para fins de recebimento da demanda, por se tratar de meio de
prova, sem desconsiderar a sua inversão em favor do consumidor.
A propósito, destaco precedentes do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará sobre
o assunto em questão:
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CONSUMIDOR E PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO. EXIGÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA NÃO RECEPÇÃO
DE VALORES DO EMPRÉSTIMO MEDIANTE APRESENTAÇÃO DE
EXTRATOS BANCÁRIOS E DECLARAÇÃO DE PRÓPRIO PUNHO SOBRE
AS CONTAS BANCÁRIAS DO AUTOR, EM EMENDA À INICIAL.
IMPOSSIBILIDADE. IMPRESCINDÍVEL A JUNTADA APENAS DOS
DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS AO AJUIZAMENTO DA AÇÃO.
ATENDIMENTO AO PRECEITUADO PELOS ARTS 319 E 320 DO CPC.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. O cerne da controvérsia diz
respeito a averiguar se a apresentação de documentos que evidencie o não
recebimento de valores atinentes ao empréstimo questionado, com
apresentação dos extratos bancários e declaração de próprio punho que
expresse as contas em nome da parte autora, são documentos indispensáveis à
propositura de ação. 2. Examinando o caderno processual, observa-se que o
apelante anexou à inicial documento no qual o Instituto de Previdência
discrimina os descontos ora questionados, além de boletim de ocorrência
noticiando a irregularidade dos empréstimos. 3. Ademais, observa-se que o
promovente narrou a sua pretensão de forma clara e objetiva, descrevendo
também a causa de pedir próxima e remota, além de ter juntado os documentos
reputados relevantes e, ainda, indicado a prova que pretendia produzir, de
modo a preencher todos os requisitos da petição inicial, no que deve-se dar
processamento ao feito. 4. Dessa forma, conclui-se que a exigência que deu causa
ao indeferimento da inicial não retrata situação de imprescindibilidade para fins de
recebimento da demanda, por se tratar de meio de prova, sem desconsiderar a
possibilidade de sua inversão em favor do consumidor. 5. Recurso conhecido e
provido. ACÓRDÃO Acordam os Desembargadores integrantes da Primeira
Câmara de Direito Privado do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, nos
autos da apelação cível, processo nº 0050713-37.2021.8.06.0151, por unanimidade,
por uma de suas Turmas, em conhecer do recurso, para dar-lhe provimento, tudo de
conformidade com o voto do e. Relator. Fortaleza, 06 de outubro de 2021.
(Apelação Cível - 0050713-37.2021.8.06.0151, Rel. Desembargador (a)
HERACLITO VIEIRA DE SOUSA NETO, 1ª Câmara Direito Privado, data do
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julgamento: 06/10/2021, data da publicação: 07/10/2021). (g.n).

Infere-se, portanto, que o entendimento adotado no presente caso não se sustenta,


mais ainda porque resulta em vistosa contrariedade ao postulado de facilitação do acesso à
Justiça, diante do contexto de vulnerabilidade a que se encontra a parte autora da demanda,
assistindo-lhe a possibilidade de inversão do ônus da prova por decorrência do sistema legal
de proteção ao consumidor (art. 6º, VIII, do CDC).
Desta forma, não há medida mais justa que a anulação da sentença vergastada.
Ademais, observa-se que o presente feito já se encontra devidamente instruído,
razão pela qual procedo com o julgamento do mérito do recurso, nos termos do artigo 1.013,
§3º, inciso I, do CPC.
Pois bem.
Com efeito, torna-se propedêutico destacar que, consoante entendimento
consolidado no STJ, o Código de Defesa do Consumidor aplica-se aos contratos firmados
pelas Instituições Financeiras - incidência da Súmula 297/STJ, pelo que é cabível a inversão
do ônus probatório.
Ademais, impende salientar que o vínculo estabelecido no contrato de empréstimo
consignado é regido pelas normas do Código de Defesa do Consumidor, por se tratar de
relação de consumo previsto nos arts. 2º e 3º da Lei nº 8.078/90.
Vejamos:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
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remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,


salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Assim, é direito da parte autora, a facilitação da defesa de seus interesses em juízo


com a inversão do ônus da prova (art. 6º, inciso VIII do CDC), devendo o fornecedor do
serviço reparar os danos causados ao consumidor, exceto quando este provar a inexistência do
fato gerador do dano, ou a excludente de responsabilidade.
Nesse sentido, faz-se necessário elencar os seguintes dispositivos do diploma legal
em análise:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o


importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto,
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente
se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade
ter sido colocado no mercado.
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será
responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.
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§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele


pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as
quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a
verificação de culpa.

Cumpre ressaltar que a aplicação do Código de Defesa do Consumidor não é


garantia exclusiva de procedência da ação, isso porque é importante uma interpretação lógico
sistemática entre a pretensão deduzida pela autora e o produzido nos autos.
Pois bem.
Desse modo, em se tratando de relação jurídica entre Instituição Financeira e
consumidor de serviços bancários, presumem-se verídicos os fatos alegados pela parte autora,
desde que ausentes: a) prova do contrato; b) o comprovante de transferência para conta
do consumidor dos valores referentes ao negócio jurídico.
In casu, verifica-se que a parte autora se encontra vinculada ao contrato de nº
012321970083, celebrado com a instituição bancária promovida.
Entretanto, analisando a documentação acostada, verifico que não há qualquer
prova da pactuação correspondente, especialmente pois o banco não trouxe a cópia do
contrato ante mencionado.
Com efeito, resta-nos evidente o ato ilícito do banco, que mantinha uma relação
contratual com a parte promovente, referente a serviços que em nenhum momento foram
solicitados.
Nesse sentido, colaciona-se entendimento firme deste Egrégio Tribunal de Justiça:
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EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA


DE DÉBITO C/C PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA E INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA
REJEITADA. CONGLOMERADO ECONÔMICO. DECRETAÇÃO DE
REVELIA. ART. 20 DA LEI 9.099/95. APLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE
CONTRATO. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FORTUITO INTERNO. SÚMULA 479
DO STJ. DANOS MORAIS NO IMPORTE DE R$ 5.000,00. CORREÇÃO
MONETÁRIA DESDE A DATA DO ARBITRAMENTO E JUROS DE MORA
DESDE A DATA DO EVENTO DANOSO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA IN TOTUM. RECURSO INOMINADO CONHECIDO E
IMPROVIDO. A C Ó R D Ã O Os membros da Primeira Turma Recursal dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Estado do Ceará, por unanimidade de
votos, e nos termos da manifestação do Juiz relator, acordam em CONHECER e
NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Inominado. Fortaleza, CE., 26 de julho de
2021. Sirley Cintia Pacheco Prudêncio Juíza Relatora.
(TJ-CE - RI: 00030374120168060031 CE 0003037-41.2016.8.06.0031, Relator:
SIRLEY CINTIA PACHECO PRUDÊNCIO, Data de Julgamento: 30/07/2021, 1ª
TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS, Data
de Publicação: 30/07/2021). (g.n).

Desse modo, há de ser declarada a nulidade do contrato impugnado na inicial.


Dito isso, passo às demais questões.
Com efeito, no que se refere à condenação em danos materiais, destaco que, sendo
o contrato que ocasionou as cobranças ilícito, tem-se que os descontos são indevidos, os quais
foram efetivamente comprovados nos autos. Portanto, impõe-se o dever de restituí-los à parte
autora.
No entanto, no que tange à restituição em dobro, deve-se observar o que fora
decidido pelo Superior Tribunal de Justiça nos embargos de divergência em agravo em
recurso especial (EAREsp 676.608/RS).
Vejamos:
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EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. TELEFONIA FIXA. COBRANÇA INDEVIDA.
AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO DE TARIFAS. 1) RESTITUIÇÃO EM
DOBRO DO INDÉBITO(PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 42 DO CDC).
DESINFLUÊNCIA DA NATUREZA DO ELEMENTO VOLITIVO DO
FORNECEDOR QUE REALIZOU A COBRANÇA INDEVIDA. DOBRA
CABÍVEL QUANDO A REFERIDA COBRANÇA CONSUBSTANCIAR
CONDUTA CONTRÁRIA À BOA-FÉ OBJETIVA. 2) APLICAÇÃO DO PRAZO
PRESCRICIONAL DECENAL DO CÓDIGO CIVIL (ART. 205 DO CÓDIGO
CIVIL). APLICAÇÃO ANALÓGICA DA SÚMULA 412/STJ. 3) MODULAÇÃO
PARCIAL DOS EFEITOS DA DECISÃO. CONHECIMENTO E PROVIMENTO
INTEGRAL DO RECURSO. (...) Fixação das seguintes teses. Primeira tese: A
restituição em dobro do indébito (parágrafo único do artigo 42 do CDC)
independe da natureza do elemento volitivo do fornecedor que realizou a
cobrança indevida, revelando-se cabível quando a referida cobrança
consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva. Segunda tese: A ação de
repetição de indébito por cobrança de valores referentes a serviços não contratados
promovida por empresa de telefonia deve seguir a norma geral do prazo
prescricional decenal, consoante previsto no artigo 205 do Código Civil, a exemplo
do que decidido e sumulado no que diz respeito ao lapso prescricional para
repetição de tarifas de água e esgoto (Súmula 412/STJ). Modulação dos efeitos:
Modulam-se os efeitos da presente decisão - somente com relação à primeira
tese - para que o entendimento aqui fixado quanto à restituição em dobro do
indébito seja aplicado apenas a partir da publicação do presente acórdão. A
modulação incide unicamente em relação às cobranças indevidas em contratos de
consumo que não envolvam prestação de serviços públicos pelo Estado ou por
concessionárias, as quais apenas serão atingidas pelo novo entendimento quando
pagas após a data da publicação do acórdão. (EAREsp 676.608/RS, Rel. Ministro
OG FERNANDES, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/10/2020, DJe 30/03/2021).
(g.n).

Portanto, em observância à modulação de efeitos do EAREsp 676.608, é devida a


condenação das instituições bancárias à restituição, em dobro, do indébito, sendo
desnecessária a prévia demonstração de má-fé. Todavia, tal duplicação deverá incidir apenas
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sobre as parcelas posteriores à data de publicação do referido acórdão, qual seja, após o dia
30/03/2021.
In casu, ao observamos o histórico de consignações da parte autora (fl. 21),
percebemos que a última parcela oriunda do contrato nº 0123212970083 foi descontada em
05/2017, portanto, entendo que a restituição do indébito deverá ser efetuada de forma simples.
No que tange aos danos morais, a Constituição Federal, em seu art. 5°, consagra o
direito à indenização decorrente da violação de direitos fundamentais:

Art.5º. (...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação; (...)

O Código Civil, por sua vez, na inteligência dos arts. 186, 927 e 944, também
determina a reparação pelos danos morais e materiais sofridos, da seguinte maneira:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

No que tange os danos morais, ressalto que a Constituição Federal, em seu art. 5°,
consagra o direito à indenização por dano moral ou material decorrente da violação de direitos
fundamentais:

Art.5º. (...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação; (...)
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O Código Civil, por sua vez, na inteligência dos arts. 186, 927 e 944, também
determina a reparação pelos danos morais e materiais sofridos, da seguinte maneira:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Destarte, o dano moral será devido quando o ato lesivo praticado atingir a
integridade psíquica, o bem-estar íntimo, a honra do indivíduo, de modo que sua
reparação, por meio de uma soma pecuniária, possibilite ao lesado uma satisfação
compensatória dos dissabores sofridos.
No presente caso, verifica-se que as parcelas indevidamente descontadas do
benefício da parte autora correspondem ao importe de R$ 156,21 (cento e cinquenta e seis
reais e vinte e um centavos), perfazendo, assim, um patamar condizente a 25,11% (vinte e
cinco vírgula onze por cento) do benefício previdenciário da parte autora no ano de 2012 (R$
622,00).
Ademais, nota-se que, até o ajuizamento da presente ação, foram descontadas,
indevidamente, 39 (trinta e nove) parcelas oriundas do contrato impugnado, totalizando o
montante de R$ 6.092,19 (seis mil e noventa e dois reais e dezenove centavos).
Acresça-se a isso, o fato de que a parte autora teve, tão somente, de suportar a
redução de seus parcos rendimentos, uma vez que o banco promovido não efetuou o depósito
das quantias supostamente pactuadas no patrimônio da requerente.
Logo, a reparação por dano moral é devida, pois os descontos não autorizados
na folha de pagamento da parte promovente fazem presumir ofensa anormal à personalidade,
exatamente pelo sofrimento, aborrecimentos, dissabores, frustrações e abalos psíquicos e
financeiros, prescindindo, portanto, de comprovação.
No que tange ao quantum indenizatório, em que pese não existirem parâmetros
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objetivos definidos para a fixação da indenização pelos danos morais, tem-se solidificado o
entendimento no sentido de que não deve a mesma ser de tal ordem que se convole em fator
de enriquecimento sem causa, nem tão ínfima que possa aviltar a reparação, perdendo sua
finalidade. Deve, pois, ser fixada com equidade pelo julgador.
Dito isso, cumpre-nos verificar o quantum indenizatório adotado por esta Corte de
Justiça em hipóteses semelhantes. Senão vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. MODIFICADA.


EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. DESCONTOS EM BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO COMPROVADOS. NEGÓCIO JURÍDICO FIRMADO
MEDIANTE FRAUDE. ASSINATURAS CLARAMENTE DIVERGENTES.
DEDUÇÕES INDEVIDAS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RESTITUIÇÃO DOS VALORES NA FORMA
SIMPLES. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ. DANO MORAL IN RE IPSA.
CONFIGURADO. QUANTUM FIXADO. JUROS DE MORA. FLUÊNCIA A
PARTIR DO DANO. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 54 STJ. CORREÇÃO
MONETÁRIA DO VALOR FIXADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS. DATA
DA FIXAÇÃO EM SENTENÇA. SÚMULA 362. RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA MODIFICADA. 1. Trata-se de ação
que visa à declaração de inexistência ou nulidade de empréstimo consignado, à
restituição dos valores deduzidos dos proventos do autor e à condenação da
instituição financeira em reparação por danos morais. 2.O ônus de comprovar fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito autoral (art. 373, II, CPC) não foi
desincumbido a contento pela instituição financeira, ao exibir em juízo contrato
fraudulento. Isso porque, analisando o documento de identidade do autor junto à
inicial, bem como a declaração de hipossuficiência e a ata de audiência de
conciliação, verifica-se que a assinatura da parte autora é completamente divergente
da que consta no instrumento contratual exibido pelo banco réu. 3. Ademais disso, o
banco requerido junta atestado de residência preenchido em que consta endereço
diferente do apresentado pelo autor na exordial em conta de água com seu nome,
sendo este claramente assinado pela mesma pessoa que assinou o instrumento
contratual fraudulento. Ressalto, ainda, que o demandante certo da fraude que fora
vítima buscou o DECON de sua cidade na tentativa de fazer cessar os descontos em
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seus proventos. 4. Dessa forma, as provas constantes dos fólios são indicativas de
fraude na contratação do referido empréstimo, o qual foi firmado por terceiro,
impondo-se a declaração de nulidade do negócio jurídico. 5. É cediço que o
fornecedor de serviços responde objetivamente pelos danos causados ao
consumidor, bem como que a responsabilidade objetiva se aplica às instituições
financeiras, por delitos praticados por terceiros, no âmbito de operações bancárias,
posto que trata-se de risco da atividade, com respaldo no art. 14 do CDC e na
Súmula 479 do STJ. Precedentes do STJ em julgamento submetido à sistemática dos
recursos repetitivos: REsp 1197929/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/08/2011, DJe 12/09/2011. 6. Tendo em vista a
nulidade do contrato, em razão da falha na prestação do serviço, impõe-se à
instituição financeira demandada o dever de indenizar. Desse modo, a devolução
dos importes indevidamente descontados é corolária da declaração de nulidade da
contratação fraudulenta, mas deve ser feita na forma simples, ante a ausência de má-
fé. 7. O débito direto na conta do consumidor, reduzindo seu aposento, ausente
contrato válido a amparar tais descontos, caracteriza dano moral in re ipsa, ou
seja, presumido, decorrente da própria existência do ato. 8. Amparada nas
particularidades do caso concreto, à luz da valoração entre os danos suportados
pelo suplicante e os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, fixo o
montante indenizatório em R$ 3.000,00 (três mil reais) por estar condizente
com o costumeiramente arbitrado em casos análogos. 9. Quanto ao termo
inicial dos juros de mora, conforme entendimento sumulado pelo STJ (súmula
54), estes fluem desde o evento danoso, em hipótese de responsabilidade
extracontratual, como é o caso dos autos, uma vez que o contrato questionado
foi declarado nulo. 10. Por sua vez, a correção monetária do valor arbitrado a
título de danos morais tem como marco inicial o momento da fixação do valor
(súmula 362 STJ). 11. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença
modificada. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 2ª
Câmara Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, à unanimidade,
em conhecer do Recurso de Apelação interposto e dar-lhe parcial provimento, nos
termos do voto da e. Relatora. (TJ-CE - AC: 00078955520118060043 CE
0007895-55.2011.8.06.0043, Relator: MARIA DE FÁTIMA DE MELO
LOUREIRO, Data de Julgamento: 10/02/2021, 2ª Câmara Direito Privado, Data de
Publicação: 10/02/2021). (g.n).
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Nesse ínterim, entendo que o importe de R$ 3.000,00 (três mil reais) se mostra
condizente ao ato ilícito praticado pela Instituição Financeira e ao dano sofrido pela parte
autora, não configurando o enriquecimento ilícito da parte promovente, eis que em
aquiescência aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, bem como demonstra
patamar condizente aos valores reiteradamente adotados por este Egrégio Tribunal de Justiça.
Diante do exposto, pelos argumentos mencionados e em consonância com a
legislação regente, conheço do presente recurso para DAR-LHE PROVIMENTO, anulando
a sentença vergastada e atribuindo o julgamento de mérito ao presente feito para: a)
determinar a nulidade da pactuação discutida; b) determinar a inexigibilidade dos débitos
decorrentes do contrato em questão; c) condenar o réu à restituição, na forma simples, dos
valores indevidamente descontados do benefício da parte promovente, corrigidos, pelo
INPC/IBGE, a partir do efetivo prejuízo (Súmula nº 43/STJ), acrescidos de juros moratórios
simples de 01% ao mês a partir do evento danoso (Súmula nº 54/STJ); d) condenar o banco
réu ao pagamento à parte autora do valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), a título de danos
morais, corrigido monetariamente, pelo INPC/IBGE, a partir do arbitramento (Súmula nº
362/STJ) e acrescido de juros de mora simples de 01% ao mês a partir do evento danoso
(Súmula nº 54/STJ).
Em razão do resultado exarado, condeno a instituição bancária promovida ao
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que vão fixados no importe de
15% (quinze por cento), sobre o valor da condenação, com fulcro no artigo 85, § 2º, do CPC.
É como voto.
Fortaleza, data e hora indicadas no sistema.

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Relator

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