Atendimento Inicial Ao Politraumatizado
Atendimento Inicial Ao Politraumatizado
Atendimento Inicial Ao Politraumatizado
10ª edição
Avaliação e atendimento iniciais
Fundamental: Segurança da cena e paramentação
Preparo:
o Pré-hospitalar:
Avaliar pacientes, prestar primeiros socorros e triar quem irá ser
transferido (esquema de decisão de triagem de cena)
Identificar: tempo do trauma, eventos relacionados e história do
doente
Comunicar equipe hospitalar previamente à transferência
o Hospitalar:
Separa área de reanimação (ex: área vermelha)
Testar e organizar equipamentos: monitores, laringoscópios, tubos,
caixas de pequenas cirurgias etc.
Estabelecer comunicação efetiva entre laboratório e radiologia
Triagem
o Acidentes com múltiplas vítimas:
O número de doentes e a gravidade das lesões NÃO EXCEDE a
capacidade de atendimento do hospital priorizar pacientes graves
(risco de morte iminente, traumatismos multissistêmicos etc.)
o Acidentes com vítimas em massa:
O número de doentes e a gravidade das lesões EXCEDE a capacidade
de atendimento do hospital priorizar doentes com maior
possibilidade de sobrevida
Objetivos do tratamento:
Figura 1 - Técnica 3-3-2, menos que essas proporções indica via aérea difícil
Opção à via aérea definitiva (ex: profissional inábil / dificuldade de
acessar via aérea / edema de glote / fratura de laringe, hemorragia):
dispositivos extraglóticos ou supraglóticos:
Máscara Laríngea
Máscara Laríngea para Intubação
Tubo Laríngeo
Tubo Laríngeo para Intubação
Tubo Esofágico Multilúmen
Se IOT ou dispositivos supraglóticos não forem possíveis (edema de
glote / fratura de laringe / hemorragia orofaríngea grave): via aérea
cirúrgica:
Cricotireoidostomia por punção: Jelco 12-14 adultos ou 16 a
18 crianças / Fonte de O2 a 15 L/min / Dispositivo em Y ou
tubo com orifício cortado na lateral / 01 seg sim, 04 seg não
(01 seg com o polegar fechando, 04 seg com o polegar aberto)
- segura por 30 a 45 min (acúmulo gradativo de dióxido de
carbono)
Cricotireoidostomia cirúrgica: Incisão vertical na pele /
Dilatação por planos com hemostática até a membrana
cricotireoidea / Incisão na membrana cricotireoidea (pode-se
usar o cabo do bisturi para alargar mais essa incisão) /
Dilatação com hemostática curva / Passagem de tubo de 5 a
7mm de diâmetro e fixar – não é recomendada para < 12 anos
B – Ventilação e respiração
Inspeção: distensão de veias jugulares, posição da traqueia, expansibilidade da parede
torácica
Ausculta: presença de MV ou RA
o Auscultou RHA no tórax, principalmente em base esquerda suspeite de
hérnia diafragmática traumática (cuidado pra não indicar drenagem toracica
por isso pensando que é um pneumotórax se doente não estiver instável,
faça RX antes de drenar)
Percussão: Timpanismo pode revelar PNMTX, mas é imprecisa em ambientes
barulhentos
FR e oximetria de pulso
o Ofertar O2 idealmente via Máscara com Reservatório a 10L/min em todos os
doentes politraumatizados Alvo: SpO2 > 95%
eFAST
Lesões a serem detectadas:
o Ameaçadoras a vida no primeiro momento (TRATAMENTO IMEDIATO):
Pneumotórax hipertensivo (distensão de veias jugulares + MV abolido
+ timpanismo à percussão + MV abolido + hipotensão (choque
obstrutivo)) toracocentese (preferência por agulha de 8cm) de
alívio no 5° EIC entre as linhas medioaxilar e axilar anterior Se
refratário: toracostomia digital
Hemotórax maciço (> 1500mL ou ~1/3 da volemia) (Macicez à
percussão + MV abolido + hipotensão (choque hipovolêmico ou
obstrutivo)) drenagem (nº 28-32 French) e tto do choque
(considerar transfusão autóloga)
Indicações (relativas) de toracotomia de urgência
1) Saída imediata > 1.500mL
2) Drenagem ≥ 200mL/h por 2 a 4 horas + alteração do
estado fisiológico do doente
3) Necessidade persistente de hemotransfusões
Pneumotórax aberto curativo de 03 pontas (a ponta livre fica para
baixo, para livrar sangramentos) drenagem torácica longe do
ferimento e, geralmente, reconstrução cirúrgica da parede torácica
Lesões traqueal ou brônquica – pode demandar IOT seletiva (tto
definitivo com videobroncoscopia)
Tamponamento cardíaco (sons cardíacos diminuídos + hipotensão +
turgência jugular – a tríade completa nem sempre está presente)
toracotomia de emergência ou esternotomia – punção pericárdica
subxifoidea com retirada de ~30mL pode ser realizada se não houver
cirurgião prontamente disponível, mas não é tratamento definitivo e
possui sérios riscos de complicação
o Não-ameaçadoras no primeiro momento:
1. Pneumotórax simples – pode evoluir para hipertensivo se paciente for
intubado e ventilado com pressão positiva
2. Hemotórax (< 1500mL)
Sangramentos de: laceração pulmonar, vaso intercostal,
artéria mamária interna, fraturas de costelas/coluna –
geralmente autolimitado, sem necessidade de cirurgia
Se aparecer no RX Drenar (dreno de grosso calibre: nº 28
ou 32 French)
Indicações (relativas de exploração cirúrgica:
o Drenagem inicial ≥ 1500mL
o Drenagem > 200mL/h em 2 a 4h
o Necessidade de hemotransfusão contínua
3. Fratura de costelas / Tórax instável
Não vale a pena realizar TC apenas para diagnosticar fraturas
costais – não muda conduta
Tto O2 suplementar umidificado / analgesia suficiente para
permitir ventilação
JAMAIS REALIZAR IMOBILIZAÇÕES, ATADURAS, CINTAS
COSTAIS OU FIXAÇÃO EXTERNA
4. Contusão pulmonar
Tto O2 suplementar umidificado / cuidado ao administrar
fluidos / analgesia suficiente para permitir ventilação
Hipóxia significativa (PaO2 < 60mmHg / SpO2 < 90%) pode
precisar de IOT
5. Trauma cardíaco contuso
Achados comuns no ECG: extra-sístoles ventriculares
múltiplas, taquicardia sinusal inexplicada, fibrilação atrial,
bloqueio de ramo (geralmente o direito) e alterações do
segmento ST – não adianta dosar troponina para diagnóstico
de contusão miocárdica
Se contusão cardíaca risco de arritmia súbita monitorizar
nas primeiras 24h após o trauma
6. Ruptura traumática de aorta
Suspeita: cinética (desaceleração abrupta) + RX de tórax
Confirmação: TC de tórax (preferencialmente com contraste)
Tratamento
o Analgesia
o Se não houver CI, betabloqueadores de ação curta (ex:
esmolol) para FC < 80bpm e PAM entre 60 a 70mmHg
o Cirurgia
7. Lesão traumática de diafragma
Fatores que confundem o RX: elevação da cúpula
diafragmática, distensão gástrica aguda, hemopneumotórax
loculado, hematoma subpulmonar Diferencial pode ser
feito com passagem de SNG e novo RX (Permaneceu na
cavidade torácica dispensa TC)
Tto: rafia primária (cuidado com drenos torácicos, para eles
não entrarem na cavidade abdominal)
8. Ruptura esofágica no trauma contuso
Ruptura mediastinite empiema pleural
Suspeitar de ar no mediastino
TTO Drenagem ampla de mediastino e do espaço pleural +
rafia primária
Reposição volêmica:
Indicações de laparotomia:
Diante de um TCE Principal objetivo é prevenir lesão cerebral secundaria. Para isso:
Evite Hipotensão
Evite Hipóxia
Mantenha a PPC alta - Medidas para reduzir a PIC podem ajudar:
o Hiperventilação (alcalose) pode provocar vasoconstrição útil por um tempo,
até uma craniotomia descompressiva, mas se demorar demais faz isquemia
cerebral
o Manitol (0,5 a 1,0g/kg) e/ou Salina Hipertônica (NaCl 3 a 23,4%) podem reduzir
PIC em pacientes normovolêmicos
Evite manitol em doentes hipovolêmicos, pois é diurético
Doentes hipovolêmicos podem se beneficiar da Salina Hipertônica na
reposição volêmica, mas neste caso ela não terá efeito redutor da PIC
e, se usar demais, pode gerar lesão cerebral por aumento do Na >
10mEq/L em 24h
Síndromes importantes
Sinais de fratura de base do crânio
Hipertensão intracraniana
Manejo da PIC
PPC = PAM – PIC
Medidas auxiliares
Monitor cardíaco – trauma cardíaco contuso pode cursar com arritmias, AESP
tamponamento cardíaco / PNMTX hipertensivo / Hipovolemia profunda, e
bradicardia / condução aberrante / extrassístoles pode indicar hipóxia ou hipoperfusão
SpO2
Capnografia
SVD – débito urinário e avaliar hematúria (contraindicada se suspeita de lesão de
uretra – sangue no meato uretral ou equimose perineal – pedir uretrocistografia
retrógrada antes da SVD uretral)
SNG – descomprimir distensão estomacal e avaliar presença de sangue
Radiografias – ppte tórax e quadril
FAST e eFAST / LPD
Lab: lactato sanguíneo, gasometria artéria ...
Avaliação secundária
História e exame físico completos:
História AMPLA
o A – Alergias (atentar para as medicamentosas)
o M – Medicamentos de uso habitual
o P – Passado médico / Prenhez
o L – Líquidos e alimentos ingeridos recentemente
o A – Ambiente e eventos relacionados ao trauma
Exames complementares
Retire a prancha rigida assim que o paciente não precisar mais ser transportado mais de
30min a 2h começam a surgir lesões
Procedimentos
Alinhamento de fêmur/tíbia
Objetivos:
Cinta pélvica
Indicação:
Técnica:
Drenagem torácica
Indicação:
Técnica:
Paramentação
Apresentar-se ao paciente, explicar o procedimento e obter consentimento
Elevar membro do lado a ser drenado e localizar o 5º ou 6º EIC entre as linhas axilar
anterior e média
Antissepsia e colocação de campos estéreis
Bloqueio anestésico local
Incisão no sentido das costelas (pequena, o suficiente para passar o dreno ~1 dedo)
Dissecção com pinça hemostática paralelamente às costelas até espaço pleural (ao
perfurar a pleura parietal, sente-se e às vezes ouve-se um “ploc”)
Medir o dreno e pinçar a porção distal com uma kelly longa e a porção proximal com
outra (tanto para marcar até onde será inserido, como também para evitar retorno de
secreções antes da conexão com o coletor)
Inserção do dreno em direção posteriossuperior (sugere-se que o dreno ainda não
esteja conectado ao coletor, para evitar que o peso dessa coneção atrapalhe a
inserção) até ter certeza de que não há fenestra alguma na parede torácica (do
contrário, formar-se-á enfisema subcutâneo)
Conexão do dreno ao coletor já preenchido com SF 500mL – confirmação do
funcionamento com a presença de oscilação, bolhas e/ou saída de secreção
Fixar com ponto em U e bailarina – técnicas:
o Técnica com apenas um fio, que vai servir para fixar e ocluir o orifício ao retirar
o dreno:
U ao redor do orifício com apenas um seminó duplo, seguido de umas
três voltas de bailarina com um nó cego apenas no final. Assim, ao
retirar o dreno, basta cortar o nó cego lá de cima e apertar
rapidamente o U que ficou, encerrando o nó no final
o Técnica com dois fios:
Com um náilon, realizar um U com nó cego e uma bailarina
convencional no dreno
Com um fio seda ou linho, realizar um nó em U no orifício e deixar
reparado. Na hora de tirar, cortar o nylon, sacar o dreno e o linho já
está pronto para dar o nó
Solicitar RX de tórax de controle
Técnica:
Retirada de capacete
Uma pessoa imobiliza a cervical – preferencialmente com uma mão no
mento/mandíbula e outra na nuca –, sem deixa-la encostar na maca/chão, enquanto a
outra retira o capacete com movimento de abertura e oscilatórios
Após retirá-lo, a pessoa que tirou o capacete agora assume a cabeça pelas laterais
(similar a uma pegada de jaw thrust) e a traciona levemente até encostar o occipito na
maca/chão, enquanto a outra pessoa providencia um colar cervical rígido
Modelos
M – Paciente vítima de __ / I – Apresentando na cena ___ / S – Queixando-se de __ /
T – Tratado inicialmente com __
>> AVALIAÇÃO PRIMÁRIA:
A- VAP, com CC e PR.
B- Traqueia centrada, sem turgência jugular, expansão torácica simétrica, MV+
bilateralmente e sem RA. SatO2: % em AA. eFAST (-)
C- RCR com BNF, abdome indolor, pelve estável, sem fraturas de ossos longos,
pulsos periféricos amplos e simétricos, TREC < 2seg. FC: bpm PA: mmHg. FAST (-)
D- Glasgow 15, PIFR, sem déficit.
E- Escoriações.