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Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5706-443-6
DOI 10.22533/at.ed.436202509
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APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO 2.................................................................................................................. 8
LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: CAMINHOS PARA LEITURA INTERATIVA, ESCRITA
E ORALIDADE
Edite Sampaio Sotero Leal
DOI 10.22533/at.ed.4362025092
CAPÍTULO 3................................................................................................................15
MAPAS CONCEITUAIS DIGITAIS NO ENSINO DE LÍNGUAS
Roseli Wanderley de Araújo Serra
Andréa Moreira Gonçalves de Albuquerque
Roberta Varginha Ramos Caiado
DOI 10.22533/at.ed.4362025093
CAPÍTULO 4................................................................................................................25
O ENSINO DE LIBRAS E AS DIFICULDADES DOS DISCENTES OUVINTES
Antonilde Santos Almeida
Javã Fonseca Sousa Júnior
DOI 10.22533/at.ed.4362025094
CAPÍTULO 5................................................................................................................31
O DIÁLOGO DAS CORES ENTRE PASTORAL DE OSMAN LINS E A PINTURA DE
CARAVAGGIO
Ana Márcia Braga de Amorim
Josemeire Caetano da Silva
DOI 10.22533/at.ed.4362025095
CAPÍTULO 6................................................................................................................38
O ESPAÇO DAS SEMIOSES MÚLTIPLAS NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Júlia Vieira Correia
DOI 10.22533/at.ed.4362025096
CAPÍTULO 7................................................................................................................45
O ILUMINISMO E A CRISE ÉTICA NA MODERNIDADE A PARTIR DE ALASDAIR
MACINTYRE
Jacson Alexssandro Guerra
DOI 10.22533/at.ed.4362025097
CAPÍTULO 8................................................................................................................53
O LOBO NA LITERATURA INFANTIL: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A
SUMÁRIO
DES(CONSTRUÇÃO) DA FIGURA DO LOBO MAU NAS NARRATIVAS INFANTIS
Soraya de Souza de Oliveira
DOI 10.22533/at.ed.4362025098
CAPÍTULO 9................................................................................................................59
O PORTFÓLIO DE TEXTOS COMO MEIO DE APRIMORAMENTO DA PRODUÇÃO
TEXTUAL NO ENSINO MÉDIO
Jozil dos Santos
DOI 10.22533/at.ed.4362025099
CAPÍTULO 10..............................................................................................................66
O QUE A LÍNGUA REVELA SOBRE AS PROPOSTAS PARA EDUCAÇÃO PÚBLICA DE
UM CANDIDATO À PRESIDÊNCIA QUE NUNCA ENTROU EM UMA ESCOLA?
Márcio Battisti
DOI 10.22533/at.ed.43620250910
CAPÍTULO 11..............................................................................................................72
OBSESSÃO E RESGATE EM TRAMAS DO DESTINO
Jorge Leite de Oliveira
DOI 10.22533/at.ed.43620250911
CAPÍTULO 12..............................................................................................................79
PENSAMENTO COMPUTACIONAL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA ÁREA DE
LINGUAGEM: PERSPECTIVAS PARA CURSOS DE LICENCIATURA
Fabiana Diniz Kurtz
Denilson Rodrigues da Silva
DOI 10.22533/at.ed.43620250912
CAPÍTULO 13..............................................................................................................88
PRECISA ESCREVER QUANTOS PARÁGRAFOS? UMA ANÁLISE DE RELATOS
AUTOBIOGRÁFICOS NA UNIVERSIDADE
Erica Reviglio Iliovitz
DOI 10.22533/at.ed.43620250913
CAPÍTULO 14..............................................................................................................94
OFICINAS PEDAGÓGICAS: REDIMENSIONANDO PRÁTICAS À LUZ DA EDUCAÇÃO
LINGUÍSTICA
Allan de Andrade Linhares
DOI 10.22533/at.ed.43620250914
SUMÁRIO
DOI 10.22533/at.ed.43620250915
CAPÍTULO 17............................................................................................................126
VALORAÇÕES E ACEPÇÕES DICOTÔMICAS DE ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
EM DISCURSOS: ARTICULAÇÕES SEMÂNTICO-AXIOLÓGICA E TEMÁTICO-
COMPOSICIONAL
Fernanda Dias de Los Rios Mendonça
DOI 10.22533/at.ed.43620250917
CAPÍTULO 18............................................................................................................132
VIOLÊNCIA DOMESTICA CONTRA MULHER NO BRASIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
DA LITERATURA
Ana Lina Gomes dos Santos
Andressa Maria Lima Sousa
Iana Samara Braga Rodrigues
Izangela Souza Chaves
Neurilene Gomes dos santos
Maria Paula da Silva Oliveira
Kelly Evenlly da Silva Santos
Maria Antonieta Falcão de Freitas
Rosália Maria Rodrigues Santos
Laelson Rochelle Milanês Sousa
DOI 10.22533/at.ed.43620250918
CAPÍTULO 19............................................................................................................145
PROGRESSÃO REFERENCIAL ENTRE TEXTOS: O CRUZAMENTO DE ANÁLISES
QUALITATIVA E QUANTITATIVA PARA A COMPREENSÃO DE UMA COBERTURA
CONTÍNUA
Karina Menegaldo
DOI 10.22533/at.ed.43620250919
CAPÍTULO 20............................................................................................................152
SOBRE O QUE SE FINGE NÃO VER: REPRESENTAÇÕES DA “INDIFERENÇA SOCIAL”
NA LITERATURA INFANTIL/JUVENIL CONTEMPORÂNEA
Adriana Falcato Almeida Araldo
DOI 10.22533/at.ed.43620250920
CAPÍTULO 21............................................................................................................162
SENSACIONALISMO NO DISCURSO JORNALÍSTICO: A CONSTRUÇÃO DO
ESCÂNDALO NA NOTÍCIA POR MEIO DO GROSTESCO
Deborah Gomes de Paula
Regina Célia Pagliuchi da Silveira
SUMÁRIO
DOI 10.22533/at.ed.43620250921
SOBRE OS ORGANIZADORES..............................................................................171
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
doi
LETRAMENTOS E ETNOGRAFIA EM UMA ESCOLA
NA COMUNIDADE QUILOMBOLA SÃO DOMINGOS
1 | INTRODUÇÃO
A partir de uma demanda detectada em minha dissertação de Mestrado defendida,
em 2014, na Universidade de Brasília, ao pesquisar a Comunidade Quilombola São
Domingos, no município de Paracatu-MG, constatei situações de perda de identidades e
representações por parte das pessoas que ali residem. Não obstante, ao identificar que
esta é a comunidade de maior expressão na região, a informação de que a única instituição
escolar que atendia essa comunidade não funcionava desde 2008 deixou-me inquieto, o
que me despertou o interesse em pesquisar essa realidade.
Cursando disciplinas de Letramento no doutorado e também realizando leituras
sobre Etnografia, propus investigar essa situação e tentar compreender os motivos que
levaram o fechamento da escola, através de conversas com líderes da comunidade, sob a
perspectiva da pesquisa etnográfica e qualitativa.
Diante da conjuntura apresentada, propus uma reflexão envolvendo a etnografia,
o letramento e as possibilidades de se trabalhar em um rico contexto que, dependendo
da maneira que é desenvolvido, pode levar a discursos que não corroboram com a
perpetuação identitária local, mas promove a fragmentação cultural da comunidade e até
mesmo o fechamento da escola que atende a comunidade.
Dando foco aos Letramentos em comunidades quilombolas, este trabalho possui
o intuito de contribuir com estudos voltados a essa área e também proporcionar uma
reflexão sobre o quão é significativo a utilização da Etnografia no Letramento de alunos
que pertencem a essas comunidades.
2 | LETRAMENTO E EDUCAÇÃO
Parte de requisitos almejados em um contexto educacional é justamente o
desenvolvimento de competências e habilidades pessoais, profissionais e educacionais.
Todavia, para que se alcance esse desenvolvimento, a educação deverá ser o grande
protagonista na formação desses indivíduos.
Para que esse anseio seja alcançado, um conceito deve estar claro tanto na visão
dos indivíduos que aprendem quanto dos profissionais que ensinam: o Letramento. Mesmo
havendo vários conceitos que permeiam essa nomenclatura, uma concepção se destaca de
acordo com Kleiman (1995); o modelo ideológico de ensino, que desenvolve o letramento
Assim sendo, Costa (2000) também concorda com o pensamento Street, dizendo
que o modelo ideológico de letramento leva em consideração a determinação tanto do
cultural quanto das práticas de letramento da sociedade, cujos significados da escrita
adquiridos por um determinado segmento social estão ligados às instituições ou aos
contextos situacionais gerados.
De acordo com Street (1993), há dois conceitos de Letramento bastante relevantes,
que são evento de letramento e prática de letramento. Quando ocorrem encontros
interacionais em que o desenvolvimento da escrita é o foco, relacionamos essa situação com
o evento de letramento. Um exemplo é quando se trabalha com atividades supostamente
simples, como a escrita de um bilhete. Já a prática de letramento deve ser entendida como
um conceito mais amplo, tanto relacionada à leitura quanto ao uso da escrita, referindo-se
às ações dos indivíduos como também aos seus conceitos e crenças por ele desenvolvidas.
No Brasil os conceitos de alfabetização e de Letramento são bastante discutidos e
estudados com o intuito de se obter estratégias de ensino que melhorem as competências
de escrita e leitura dos estudantes. Todavia, o que se percebe diante de dados coletados
através de diagnósticos realizados pelo Ministério da Educação – MEC (2015) é que os
estudantes brasileiros, em relação a outros países – tanto considerados de primeiro mundo
como de terceiro mundo – estão muito aquém em termos de letramento.
Mesmo diante dos esforços realizados pelos profissionais e pelas instituições de
ensino, verifica-se que ainda faltam subsídios que proporcionem um ensino de qualidade
que promova autonomia, para que os alunos que ali estudam saiam formados como
cidadãos protagonistas de suas histórias.
A criação dessa instituição de ensino ocorreu através da lei municipal n.º 1.021/1981,
que em princípio ocorria na sacristia da igreja local. Quando construída, a escola possuía
duas salas de aula, uma cozinha e banheiros. As aulas eram desenvolvidas nas duas
salas, que eram multisseriadas, e as funcionárias que a compunham eram apenas duas
professoras e uma cantineira.
O último ano letivo em que houve aulas na escola foi em 2008. A justificativa para a
desativação da instituição foi que os vinte e um alunos matriculados não eram suficientes
para manter a escola na comunidade e também havia certa insatisfação por parte dos
5 | CONCLUSÃO
A instituição escolar é fundamental na formalização do ensino de maneira que o
letramento e a etnografia possam atingir seu ápice e permitir que os indivíduos se tornem
cidadãos conscientes de seus deveres e direitos, permitindo que sejam protagonistas de
suas histórias.
Em se tratando de comunidades quilombolas, outros elementos se fazem
necessários para a perpetuação de suas crenças, valores e culturas. A etnografia escolar é
uma possibilidade tanto para a alfabetização quanto para que o aluno enxergue no estudo
formal algo prático e com sentido, uma vez que vivencia várias situações na comunidade
em que reside. Dessa forma, muitos estudos e atividades desenvolvidas saem do plano da
abstração e passam a fazer mais sentidos ao alunado.
Em Paracatu, muitas comunidades quilombolas não possuem escolas, e no caso
da comunidade São Domingos, apesar de a instituição existir, não é utilizada pela falta de
alunos, perdendo uma excelente oportunidade de se trabalhar as questões específicas da
comunidade, através da etnografia, e perpetuar as identidades dos moradores e de sua
posteridade.
Atualmente há um projeto de reativação da escola, todavia ainda não foi efetivada,
o que ainda não permitirá que conhecimentos advindos da comunidade, assim como seus
valores e crenças sejam exploradas e trabalhadas da maneira como deveria ser, garantindo
a disseminação da cultura quilombola e as possibilidades de perpetuarem suas ideologias
e histórias.
Espero que este trabalho seja fonte de inspiração para novas pesquisas sobre
Letramento e Etnografia em Comunidades Quilombolas e contribua para a disseminação
de se refletir sobre a importância de agregar os conhecimentos trazidos pelos alunos
de comunidades ao processo ensino-aprendizagem e que todas as culturas possam ser
preservadas e resguardadas através de um ensino mais contextualizado.
FLICK, Uwe. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre. Artmed, 2009.
KLEIMAN, Angela B. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social
da escrita. São Paulo: Mercado de Letras, 1995.
MAGNANI, José Guilherme Cantor. “De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana”.
Revista Brasileira de Ciências Sociais v.17, N.49, São Paulo, 2002.
__________. The New Literay Studies. In: STREET, Brian (Org.). Cross-cultural approaches to
literacy. Cambridge: Cambridge University, 1993.
Data de aceite: 01/10/2020 grande relevância para uma sociedade que deseja
Data de Submissão: 15/07/2020 se sobressair. Para tanto, diversas atividades
como oficina, contação de histórias, teatro
lambe-lambe, recital de poesias, leitura interativa
fizeram parte da metodologia de trabalho. Como
Edite Sampaio Sotero Leal
aporte teórico, tomou-se por base os estudos de
Instituição: Universidade Estadual do Maranhão
Antunes (2003), Koch e Elias (2011), Zilberman
– UEMA- Timon-MA
http://lattes.cnpq.br/5885215209898848 (2003), além de consultas aos PCN (Parâmetros
Curriculares Nacionais). Ressalta-se que os
professores, após esse projeto, estão melhores
preparados para o exercício da docência.
RESUMO: A literatura infantil e juvenil PALAVRAS-CHAVE: Literatura, escola, leitura,
sempre exerceu fascínio entre as crianças e escrita.
adolescentes em função de apresentar gêneros
que primam pelo imaginário, pela criatividade,
CHILDREN’S AND YOUTH LITERATURE:
beleza das rimas e jogos de palavras através das PATHS FOR READING, WRITING AND
poesias, fábulas, contos de fadas, romances de ORALITY
mistérios. Entretanto, mesmo com tantas obras
ABSTRACT: The children’s literature always
à disposição das crianças e adolescentes no
generated fascination in children and adolescents,
mundo atual, em muitos locais a escola ainda
caused by the exposition of genders, who focus in
não consegue despertar em seus alunos o gosto
the imagination, creativity, beauty of the rhymes
pela leitura, tampouco o desenvolvimento de
and the words games through poetry, fables, fairy
habilidades para escrita e oralidade, seja porque
tales and mystery novels. However, even with so
não dispõe de material didático necessário, ou
many books available to children and adolescents
porque os professores não estão adequadamente
in actual world, in some places the school can’t
qualificados quanto às metodologias educativas
bring to the students the willingness to read,
e lúdicas. Em função desta realidade, propõe-
nor provide the ability of writing and speaking,
se mostrar a experiência do projeto Leitura
either because it don’t have the necessary
interativa, escrita e oralidade, desenvolvido
didactic material, or because the teachers are not
com professores da Educação Infantil e Ensino
adequately qualified for educational and playful
Fundamental da cidade de São Francisco do
methodologies. Due to this reality, it is proposed
Maranhão, que tem 12 mil habitantes, uma
show the experience of the project “Leitura
incidência de pobreza de 53,5% e um IDEB de
interativa, escrita e oralidade”, developed with the
0,528. Nesta perspectiva, apresenta-se uma
teachers of Elementary and Middle school in the
proposta de trabalho acadêmico que visa mostrar
city of São Francisco do Maranhão, that have 12
que a leitura, a escrita e a fala são fatores de
thousand citizens, a poverty incidence of 53,5%
1 | INTRODUÇÃO
O projeto de extensão universitária “Leitura interativa: escrita e oralidade”,
desenvolvido com professores da zona urbana e rural do município de São Francisco
do Maranhão, teve como objetivo primordial incentivar a leitura, escrita e oralidade nas
escolas do citado município, oferecendo aos professores meios e estratégias para melhorar
o ensino com alunos da educação infantil e ensino fundamental, apresentando-lhes novas
técnicas de leitura e produção textual dos mais diversificados gêneros e, assim, melhorar
os índices educacionais do munícipio.
O referido projeto é uma ação do governo do Maranhão em parceria com a
Universidade Estadual do Maranhão, que propõe, através de professores e alunos
da instituição, melhorar o IDEB (Índice de desenvolvimento da Educação Básica) em
alguns municípios do Estado. Assim, seguindo a linha da Educação, propomos atividades
relacionadas à leitura, à escrita e à oralidade como forma de ajudar o munícipio de
São Francisco do Maranhão a sair da margem negativa em que se encontra, pois é um
município com 12 (doze) mil habitantes, índice de pobreza de 53,5% da população e um
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,528, portanto, índices que merecem uma
atenção especial e ações que possam elevar esses indicadores. Certamente, a educação
deve estar na linha de frente para mudanças significativas nos demais aspectos sociais.
2 | MARCO TEÓRICO
A leitura, a escrita e a oralidade são ações que devem se sobressair nos seres
humanos. No entanto, é possível ver muitas pessoas que não possuem essas habilidades
e que precisam de incentivos para serem inseridas no mundo dos letrados.
A importância da leitura, da escrita e da oralidade é incontestável na vida humana.
Através da leitura minuciosa, é possível se comunicar melhor, escrever corretamente, ter
a capacidade de interpretação adequada dos textos, interagir por meio da palavra escrita,
além de outros benefícios que a leitura pode propiciar, como ajudar a ser um cidadão
participativo, criativo, crítico e autônomo, capaz de mudar a sua própria realidade. É
evidente que quando o sujeito tem a capacidade de ler e escrever, competentemente, ele
se destaca, pois essas habilidades o capacitam para atuar em todos os ambientes sociais.
O fato é que ler não é somente um ato de decodificar símbolos ou letras, mas sim
um ato de pensar e dar sentido àquilo que foi lido, um ato de estar envolvido nas linhas e
entrelinhas do texto. Pois como afirma Koch e Elias (2011, p.07):
Assim como a leitura tem seu lugar de prestígio social, a escrita e a fala também
devem ser reconhecidas como ações que possibilitam ao homem registar sua história e
seus pensamentos. Para Antunes (2009, p.45), a escrita é:
É bom lembrar que os livros didáticos também costumam ser muito falhos
nesse aspecto ou porque simplesmente não tratam da oralidade ou porque
a tratam de modo equivocado, incompleto, ineficaz. Portanto, trata-se de
atividades que dependerão de ação proativa do professor. (CARVALHO E
FERRAREZI JR., 2018, p.73).
3 | METODOLOGIA
As atividades executadas do projeto de extensão “Leitura Interativa: escrita e
oralidade” foram realizadas em agosto de 2016, março e dezembro de 2017, e fevereiro de
2018, com estudo da literatura, preparação de apostilas e aplicabilidade de metodologias
na zona urbana e rural do município de São Francisco do Maranhão – MA. Trabalhamos,
em média, com 80 professores do município, através de palestras, oficinas, fanzines, teatro
lambe-lambe, recital de poesia e contação de histórias.
O projeto a que fazemos referência foi dividido em 4 etapas: a primeira etapa foi
realizada na escola estadual São Paulo com a participação de 25 professores. Nesta
etapa a proposta foi despertar para a importância da leitura, da escrita e da oralidade,
como também apresentar técnicas de leitura interativa para atrair crianças e jovens ao
mundo dos leitores. A técnica era de leitura compartilhada, leitura interpretativa de fábulas,
poesias infantis, contos, tirinhas, livros de histórias infantojuvenis, histórias em quadrinho.
Na segunda etapa, contamos com a participação de 60 professores da zona urbana e rural
juntos. Nesta etapa, tivemos a sequência das ações com atividades práticas: teatro lambe-
lambe, contação de histórias infantis a partir do baú de histórias, confecção de “fanzines”
Figuras 01 e 02: Professores fazendo leitura de textos literários e apresentação de slides sobre
metodologias de leitura
Fonte: o autor, 2018
Figuras 3 e 4: Professores fazendo a leitura dos textos literários e exposição do banner da ação
educativa no município
Fonte: o autor, 2018
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o desenvolvimento deste projeto, oferecemos aos professores uma visão de
ensino mais contextualizada e mais dinâmica para que possam melhorar a sua didática,
favorecendo a relação professor-aluno. Buscar novos meios e estratégias para melhorar
os índices educacionais num município como o de São Francisco do Maranhão é um
desafio que provoca prazer, pois os resultados podem ser valiosos e incalculáveis ao
desenvolvimento humano e econômico do município.
Por certo, a relevância da leitura, da escrita e da oralidade é incontestável no contexto
atual em qualquer situação. Neste ínterim, é pertinente dizer que o empoderamento do
ser humano está diretamente ligado a suas leituras, a seus escritos e a sua fala. Esse
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2003.
CARVALHO, Robson Santos de; FERRAREZI JR., Celso. Oralidade na Educação Básica: o que
saber, como ensinar. 1 ed. São Paulo: Parábola, 2018.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3 ed. 5ª
reimpressão. São Paulo: Contexto, 2011.
ZILBERMAN, Regina. A literatura Infantil na escola. 11 ed. São Paulo: Global, 2003.
1 | INTRODUÇÃO
Neste trabalho, analisamos a produção, por meio de ferramentas digitais colaborativas,
de Mapas Conceituais enquanto gêneros textuais e recursos de multiletramentos. Essa
proposta visa responder, em última análise, a uma demanda: a precariedade do poder
semiótico das pessoas dado o desnível entre os cidadãos (KRESS, 2003), o que nos
impulsiona a agir segundo o imperativo: “É necessário ‘empoderar’, fazer com que as
pessoas leiam bem, rejam e produzam textos” (KRESS, 2003: p.85).
Na disciplina Linguística Textual, a Professora Doutora Roberta Caiado, do
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade Católica de
Pernambuco propôs eixos de reflexão teórica e a elaboração de Mapas Conceituais sobre
Linguística, Texto, Discurso, Gêneros, Leitura e Produção de Textos (para as aulas de
língua portuguesa), Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino de Línguas,
Multiletramentos e Multimodalidades. Agregamos à proposta: a utilização de ferramentas
digitais colaborativas na elaboração dos Mapas; a avaliação dessas ferramentas; o emprego
e a avaliação de alguns dos mapas como recursos didáticos.
[...] tem sido usado para nomear textos construídos por combinação de
recursos de escrita (fonte, tipografia), com (palavras faladas, músicas),
imagens (desenhos, fotos reais), gestos, movimentos, expressões faciais
etc. Para maior compreensão da natureza multimodal dos gêneros e de suas
configurações multimodais dentro de um sistema de gêneros (DIONÍSIO,
2013, p. 21).
Descrição Ilustração
Disponível em https://cmaptools.en.softonic.com/
mac. Acesso em 12 de janeiro de 2019
Figura 5 - Barra lateral com estruturas disponíveis em mapa produzido no Sketchboard Me por
Andréa Moreira e Roseli Serra.
6 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, tratamos da produção de Mapas Conceituais como instrumentos
de multiletramento, de forma colaborativa por meio de ferramentas digitais. Realizamos
este trabalho a partir da concepção de gêneros textuais e suas reelaborações - conforme
as noções do dialogismo. No caso da internet, essas reelaborações se multiplicam
exponencialmente devido às multissemioses e multimodalidades que caracterizam a
linguagem ultra-complexa e instável do ciberespaço. Um espaço que instiga a criatividade
e o empoderamento semiótico.
Observamos que o emprego das ferramentas digitais colaborativas na elaboração
dos Mapas Conceituais promove a compreensão e interpretação de vários tipos de textos
verbo-visuais; faz com que se utilize linguagem algébrica, geométrica, multimidiática e
multimodal; ocasiona a permanente reelaboração de gêneros diversificados, o que amplia
o repertório do sujeito e lhe garante maior versatilidade; desenvolve a aprendizagem
significativa em colaboração, o que resulta em uma forma mais comprometida, autônoma,
ágil e flexível de envolvimento no processo gerativo do conhecimento.
Nossa experiência comprova a eficácia das ferramentas digitais colaborativas
no contexto dos ambientes de ensino-aprendizagem e de intercâmbio comunicativo
contemporâneos que devem oferecer aos sujeitos condições para se integrarem e evoluírem
segundo seus objetivos em um mundo em constante mutação. Além disso, salientamos o
imperativo de se explorar elementos multissemióticos na leitura e na produção textual em
todas as ocasiões possíveis, de modo a torná-los ainda mais usuais como são as práticas
sociais que extrapolam o ambiente laboral ou acadêmico.
REFERÊNCIAS
AMORETTI. MSM. Protótipos e estereótipos: aprendizagem de conceitos Mapas conceituais:
experiência em Educação a Distância. Revista de Informática na Educação: teoria e prática.
2001;4(2):49- 55.
ARAÚJO, Júlio. Redes Sociais e ensino de línguas: o que temos de aprender?/ organização Júlio
Araújo, Vilson Leffa. São Paulo: Parábola Editorial, 2016.
CAIADO, R.; LEFFA, V. J. A Oralidade em Tecnologia Digital Móvel: debate regrado via Whatsapp.
In: Hipertextus Revista Digital, Recife, v. 16, n.1, p. 109-133, jul./ 2017.
COPE, B.; KALANTZIZ, M. (Eds.). Multileteracies: literacy learning and the design of social futures.
London, UK: Routledge, 2003.
COSCARELLI. Tecnologias para aprender/ organização Carla Viana Coscarelli. São Paulo: Parábola
Editorial, 2016.
DIONÍSIO, A.P.; VASCONCELOS, L. J. Multimodalidade, gênero textual e leitura. In: BUNZEN, C.;
MENDONÇA, M. Múltiplas linguagens para o ensino médio. São Paulo: Parábola Editorial, 2013.
DUDENEY, G.; HOCKLY, N.; PEGRUM, M. Letramentos Digitais. Tradução: Marcos Marcionilo. São
Paulo: Parábola Editorial, 2016.
KRESS, G. Literacy in The New Media Age, Londres, UK: Routledge, 2003.
RIBEIRO, Ana Elisa. Textos multimodais: leitura e produção. São Paulo: Parábola Editorial, 2016.
ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo. Multileramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
SALOMON, Délcio Vieira. Como resumir. In:________. Como fazer uma monografia. São Paulo:
Martins Fontes, 2001.
1 | NOTA INTRODUTÓRIA
O diálogo, algo tão presente em qualquer sociedade, não ocorre sem um canal de
comunicação. Assim, a Língua Portuguesa, para o Brasil e outros oito países, promove a
interação dos seus falantes, principalmente com a oralização, entretanto numa comunidade
formada por diversas culturas e uma diversificação de povos, como a brasileira, a Língua
Portuguesa não é suficiente para suprir o diálogo ou a comunicação entre os sujeitos desta
sociedade. Assim, o Brasil apresenta outra língua, oficializada apenas em 2002, a Língua
Brasileira de Sinais – LIBRAS.
Três anos após a oficialização, em 2005, é regulamentada a inclusão da Libras nos
cursos de licenciatura. No âmbito do Departamento de Ciências humanas - DCH, Campus
III – UNEB, a disciplina de Libras é ofertada inicialmente para o curso de pedagogia e
apenas em 2018 e estendida para o curso de bacharelado em Jornalismo.
Um novo avanço, já que a disciplina extrapola a licenciatura e alcança o curso de
bacharelado. Assim, o presente texto proporciona os resultados das últimas seis turmas
da disciplina, sendo cinco turmas de licenciatura em Pedagogia e uma de bacharelado em
Jornalismo.
Totais: 02 cursos; 06 turmas; 208 discentes. Aula no sábado à tarde; horários divididos:
manha e tarde; manhã e noite. As últimas turmas foram assumidas após a morte da docente
responsável pelo componente.
4 | IDEIAS INCONCLUSAS
Falar de Libras na universidade além de obrigação, é compreender o que as pessoas
surdas querem e podem fazer ou estar. É olhar e falar com olhos, mãos e expressões, é
obter conhecimento, é crescer ou fazer uma formação profissional e obter certificação para
a comprovação do que estiver sendo aperfeiçoado. Assim a UNEB tem procurado fazer,
estabelecendo conexões, vendo e falando não somente em libras, mas também em outras
línguas na busca de se aperfeiçoar nas pessoas e no que elas querem ou precisam.
Todas as atividades desenvolvidas durante o semestre/curso, trouxeram muito
aprendizado e satisfação não somente para a docente e para o monitor, mas e principalmente
para os discentes e para o DCH III que puderam vivenciar de maneira ampla as questões
sobre outra língua tão importante quanto a LP.
Essa compreensão se deu principalmente sobre os aspectos relacionados ao
seminário já que houve uma maior e melhor contribuição do Campus III para a ampliação
na divulgação e importância da Libras. Proposições que trouzeram para a comunidade,
além de solicitar sugestões para que possa acontecer outras atividades direcionadas as
questões da Língua brasileira de sinais.
Muitos justificaram que partir daquele momento, teriam mais preocupação com
pessoas surdas e sua inserção em todos os ambientes e âmbitos da sociedade. Além
disso, a questão da presença de surdos também foi muito importante, pois pode possibilitar
a comunicação entre surdos e ouvintes e para aqueles que até então não tinham visto
surdos conversando entre si, foi uma grande oportunidade.
O que mais chamou atenção de todos foi para a questão dos recursos para
acessibilidade e que Libras pode e deve ser um componente curricular em escolas ditas
regulares, que estas além de intérpretes, tenham professores preparados e efetivados nas
instituições de ensino e que os surdos tenham oportunidades iguais em todos os espaços.
A experiência da monitoria foi muito grande. Ter acompanhado a Professora,
compartilhando as dinâmicas do processo de ensino, como também, ter vivenciado mais da
Língua de Sinais, que nos textos lidos e principalmente nos debates ocorridos no seminário
evidenciou que se encontra ainda numa grade luta pela inserção nos diferentes campos
sociais. Para a minha formação possibilitou uma maior agregação de conhecimento à minha
formação acadêmica. Perceber o processo através dos planejamentos, da capacidade de
planejar e de se organizar, atributos necessários para a real efetivação do ensino.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei federal nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais -
Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 25 de abril de 2002. Disponível em:
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prática pedagógica. Brasília, Ministério da Educação; Secretaria de Educação Especial, 2004. 2 v.
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008.
118p.
1 | INTRODUÇÃO
Analisar textos literários e outras manifestações artísticas, a exemplo da pintura,
permite-nos imergir no universo das variadas possibilidades de compreensão da arte e da
literatura, tendo a palavra e a cor papéis imprescindíveis na constituição de significados.
Nessa conjuntura, trazemos as obras Pastoral, uma das narrativas de Nove, novena, de
Osman Lins (1994) e cinco obras do pintor barroco Caravaggio.
Sendo assim, o presente trabalho traz possibilidades de análises semióticas e
simbólicas, tendo Santaella (2012), Santaella e Nöth (2015), Chevalier e Gheerbrant (2000)
e Rosenfeld (2002) como principais aportes teóricos.
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realizar um breve percurso na narrativa Nove, novena, de Osman Lins e em cinco
pinturas do artista barroco Caravaggio, à luz da simbologia das cores em diálogo com as
manifestações artísticas analisadas, possibilitou-nos a compreensão de como a arte se
materializa em diferentes formas, cores, imagens e significados. O estudo dos gêneros
literários e a intersemiose foram fulcrais nas análises aqui realizadas, o que nos permitiu
compreender, por exemplo, que a palavra pode representar várias imagens e que os
gêneros literários vêm se manifestando em diversas obras artísticas desde a Antiguidade.
Na perspectiva central de nossas análises, pudemos, então, atestar o diálogo
da simbologia das cores em Pastoral e nas telas de Caravaggio selecionadas para as
análises realizadas. Salientamos que o presente trabalho não exaure as possiblidades de
leituras simbólicas e intersemióticas na comparação entre as obras dos dois autores aqui
analisados.
MOSTRA Caravaggio e seus seguidores, no Masp. São Paulo, 3 ago. 2012. Youtube. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=7rNggPEHFT0. Acesso em: 12 maio 2019.
LINS, Osman. Nove, Novena.4. ed. São paulo: Companhia das Letras, 1994.
SANTAELLA, Lúcia; NÖTH, Winfried. Imagem – Cognição, Semiótica, Mídia.São Paulo: Iluminuras,
2015.
1 | INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca apresentar um projeto realizado nas aulas de português
na 2ª série do Ensino Médio de uma escola da rede particular situada na Região Oceânica
do município de Niterói. Percebeu-se, durante o ano letivo de 2018, que os alunos do
Ensino Médio, em muitos momentos, mostraram-se desinteressados e passivos diante dos
textos que lhes eram apresentados. Essa postura não foi vista como algo interessante,
visto que a Escola Básica e o exercício docente visam à formação de um aluno crítico.
Essa postura ocorreu não apenas nas aulas de português, a que se filiam este projeto, mas
também nas demais.
Um fator relevante nessa questão é a Escola Básica apresentar poucas mudanças e
adaptações em relação aos métodos educacionais predominantes em gerações anteriores.
Nesse sentido, ela se mostra ultrapassada em alguns aspectos. Portanto, rever algumas
práticas educacionais é algo de suma importância, pois o mundo exterior à sala de aula
está em constante evolução, com diferentes estímulos.
Concomitante a essa ideia, visa-se à leitura crítica na sala de aula. Nesse âmbito,
tendo em vista que na aula de produção de textos os alunos utilizam os conhecimentos de
outras áreas, partir dos vídeos pode ser uma forma de explorar um novo gênero discursivo
em sala. Nesse sentido, durante o projeto, vídeos críticos e atuais do youtube foram
escolhidos para serem passados em sala de aula, contribuindo para o debate e para a
escrita de uma carta. Assim, com base em Charaudeau (2018), estabeleceu-se um contrato
de comunicação com esses textos e os alunos. Como resultado, esperava-se que o senso
crítico deles idealizado por Paulo Freire (2015) fosse efetivamente aguçado.
2 | PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Para fundamentar a proposta a seguir descrita, buscou-se respaldo em teorias
linguísticas e pedagógicas. Tendo em vista a problemática do desinteresse dos alunos
nas aulas de português, pensou-se em um projeto de produção textual diferente. Nesse
sentido, Freire (2015, p. 32) postula uma excelente indagação: “por que não estabelecer
uma ‘intimidade’ entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência
social que eles tem como indivíduos?”. Para respondê-la, encontrou-se respaldo em Sousa
(2016, p. 85), quando observa que “a escola não pode ignorar que o leitor contemporâneo
tem a seu dispor, vinte e quatro horas por dia, inúmeras redes de contato”.
Fica claro, com isso, que se trata de textos. Desse modo, nas aulas, pretendia-se
desenvolver, também, a interpretação textual dos alunos. A partir disso, ao se apresentar
os vídeos como texto para os alunos, criou-se, tendo como base Charaudeau (2016), um
ato de linguagem específico, em que o Tu-interpretante é formado por adolescentes. Nesse
sentido, a escolha pelos vídeos do canal “Porta dos fundos” se mostrou acertada, pois esse
Tui compósito já tem o hábito de ocupar essa mesma função nos momentos de lazer.
Destaca-se, ainda, o contrato de comunicação estabelecido nessa situação de
sala de aula com vídeos. Charaudeau (2018) enumera quatro condições relacionadas
aos dados externos desse contrato: identidade, finalidade, propósito e dispositivo. Cabe
ressaltar, então, que a finalidade do vídeo elencado é criticar determinado fato histórico por
meio do humor. Já em relação à última condição, é importante pontuar que, por se tratar de
um vídeo, a troca linguageira ocorre por meio de um ambiente virtual.
3 | A PROPOSTA
Para iniciar o projeto de redação, foi solicitada a leitura prévia do documento histórico
“Carta de Caminha”, disponibilizada em arquivo PDF no site da Biblioteca Nacional. Depois,
em sala de aula, foram lidos trechos pré-selecionados da carta. Ela foi apresentada como
um texto que pode apresentar características do tipo textual argumentativo, devido ao seu
caráter de defesa de um ponto de vista e, principalmente, ao fato de ter contribuído para
que seu interlocutor (a corte portuguesa) agisse de determinada maneira.
Após esse primeiro encontro, observou-se, como de costume, baixa participação do
alunado. Apenas o uso da tecnologia, com o arquivo em PDF, não foi suficiente. A respeito
dessa problemática, foi necessário encontrar novos métodos de relacionar o conteúdo e a
temática à realidade dos estudantes.
Logo, na tentativa de reaproximar os adolescentes das aulas de redação, foram
passados dois textos multimodais: vídeos do youtube do canal “Porta dos fundos”, já
Figura 1
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=ViIBcsGdYDM. Acesso em 18/12/2018.
4 | RESULTADOS
O projeto, cuja problemática era a falta de interesse e de criticidade dos alunos,
foi concluído com sucesso. As discussões que permearam as leituras e as produções
foram ricas. Os alunos puderam se expressar sem imposição de uma opinião como certa.
A professora ocupou a posição de mediadora apenas. Foi interessante observar como os
alunos, na verdade, já tinham algum senso crítico, porém não havia espaço para fala nas
aulas de produção textual, tampouco na escola, de modo geral.
Os jovens levaram os debates e os textos para temas como dívida histórica,
demarcação de terras indígenas e política. Também foi perceptível a criatividade dos alunos
aflorar na atividade. Isso aponta a capacidade do aluno de se colocar na posição do índio.
Foi perceptível, também, a comicidade e a ironia presentes nas produções.
Inspirados, provavelmente, pelos textos multimodais do canal do youtube “Porta dos
fundos”, que tratam do tema de maneira engraçada e crítica simultaneamente. Em algumas
cartas, trechos muito similares aos expostos nos vídeos foram encontrados.
5 | CONCLUSÕES
Este projeto, que se apoiava no conteúdo “carta argumentativa” estipulado pela
coordenação e propunha desenvolver leitura crítica e pensamento reflexivo, foi concluído
com êxito. Uma releitura crítica da “Carta de Caminha” foi realizada e discussões surgiram
dos próprios alunos. Isso comprova que alguns já traziam suas reflexões e se mostraram
bastante conscientes dos problemas atuais do país. Faltava-lhes, na verdade, espaço para
a fala dentro da sala.
O interesse pelas aulas de português cresceu notoriamente, como corroboram o
retorno analisado nas redações e as atitudes dos adolescentes. Isso se deve, principalmente,
aos estímulos realizados através do meio virtual: arquivo on-line em PDF e vídeos do
youtube. Estes, em especial, dialogam muito com a realidade do jovem atual, pois o canal
“Porta dos fundos” já é de conhecimento e do gosto dele. Para completar, essas leituras
multimodais agradam o público, que, deparando-se com esses textos “atuais”, se sente
capaz de interpretá-los sozinho.
Em somatória, ficou nítida, além da aquisição de conhecimento histórico e cultural,
a melhora na argumentação dos alunos da 2ª série do Ensino Médio. Esse é um fator
primordial para uma boa dissertação no vestibular, que foi prestado pela turma em 2019 e
obteve ótimos resultados.
Por conseguinte, entende-se que o projeto obteve sucesso e ratificou as hipóteses
levantadas de que é preciso repensar a forma como o conteúdo é passado, como o texto é
apresentado. Uma possibilidade é, pois, o uso de vídeos.
______. Linguagem e discurso: modos de organização. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2016.
______. Uma teoria dos sujeitos da linguagem. In: MARI, H., MACHADO, I. e MELLO, R. (Orgs).
Análise do discurso: fundamentos e práticas. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2001.
PASSARELLI, Lílian. Ensino e correção na produção de textos escolares. São Paulo: Telos, 2012.
SOUSA, Silvia. Texto, leitura e leitor: apontamentos para os dias de hoje. In: DIAS, A.; FERES, B.;
ROSÁRIO, I. (Org.) Leitura e formação do leitor: cinco estudos e um relato de experiência. Rio de
Janeiro: 7 letras, 2016.
RESUMO: Para MacIntyre, a crise ética que foi a ruptura da concepção teocêntrica para
vivemos hoje originou-se na mudança de visão uma concepção antropocêntrica de mundo,
de mundo que aconteceu com o Renascimento. colocando o homem como o centro do mundo.
Em São Tomás de Aquino, assim como em Isso fez com que se rejeitasse a tradição
Aristóteles, a ação moral é pensada tendo aristotélica-tomista.
em vista a coletividade, o bem comum. A
Somos herdeiros da cultura iluminista,
partir do Renascimento, o indivíduo se torna,
que teve como prioridade a razão, pretendendo
progressivamente, a fonte de valores morais e
direitos. Vejamos, a seguir, como isso se dá, na reorganizar as sociedades por intermédio dela.
visão do filósofo escocês. A confiança dada à razão, nesse período, nega
PALAVRAS-CHAVE: Crise ética, iluminismo, o período imediatamente anterior, de crença
emotivismo, moral. em Deus e de que seus propósitos e vontades
podem ser conhecidos. O iluminismo representa,
1 | O FRACASSO DO RACIONALISMO portanto,
ILUMINISTA
uma cultura em que
“Iluminismo” é um termo que designa um aconteceram não só
movimento intelectual que ocorreu na Europa mudanças de crenças, mas
mudanças nos modos de
por volta do século XVIII, denominado como
crer, que tornaram o problema
Século das Luzes. Esse período teve como da justificação da crença,
objetivo o aprimoramento do pensamento mais especialmente a da
justificação da crença moral,
crítico e a primazia da razão. O objetivo inicial
eixo quase obrigatório de sua
desse período é o aprimoramento do processo reflexão moral. (CARVALHO,
intelectual que permitiria ao homem ser capaz 1999, p.36).
Os personagens têm uma dimensão digna de nota. São, por assim dizer,
os representantes morais de sua cultura, e o são devido ao modo com as
ideias e as teorias morais e metafísicas assumem, por intermédio deles,
uma existência incorporada ao mundo social. Os personagens são as
maçaras usadas pelas filosofias morais. Tais teorias, tais filosofias, entram,
naturalmente, na vida social de inúmeras maneiras: a mais óbvia talvez seja
na forma de ideias explicitáveis em livros, sermões ou conversas, ou como
temas simbólicos em quadros, peças de teatro ou sonhos. Mas podemos
esclarecer a maneira característica como dão forma à vida dos personagens
levando em conta como os personagens fundem o que em geral se acredita
pertencer ao indivíduo e o que normalmente se pensa pertencer a papéis
sociais. (MACINTYRE, 2001, p. 59).
Feita essa breve distinção entre personagem e papel social voltaremos aos três
personagens da nossa sociedade que têm definido a nossa estrutura moral, porém não
se envolvem diretamente em nenhum debate moral. “Assim, com esses personagens são
mantidas as principais máscaras morais usadas pela sociedade” (FONTENELE, 2012,
p. 23). Esses personagens surgiram por conta da transformação histórica do eu e da
linguagem moral, a história de cada um desses sujeitos está relacionada com a história
da linguagem moral. Sendo assim, a linguagem moral está fundamentada e formulada
por esse eu que funda suas ações nessa linguagem emotivista. Esses personagens são
os que representam essas crenças e padrões de comportamento e passam a definir o Eu
emotivista dentro de cada campo.
O administrador é o principal personagem da sociedade contemporânea. É no campo
da burocracia que estão sendo mantidas, criadas, conduzidas as relações humanas. A
função dele é de conduzir as relações humanas não importando o meio a ser utilizado para
1 | INTRODUÇÃO
O lobo é um animal lendário, mitológico, presente no imaginário popular e nas
crenças desde as mais remotas civilizações e culturas, resistindo até as sociedades
contemporâneas. Considerado como símbolo de crueldade, uma criatura mortífera por boa
parte da humanidade. Concepção que pode ser justificada no passado, quando o homem
começou a domesticar os animais e o lobo, um insubordinável, se transfigurou em um
ladrão desses animais domesticados dos homens pré-históricos e dos camponeses antigos
e medievais. Essa é a imagem desse arquétipo mitológico construído na literatura infantil
durante séculos, porém, que vem sendo desconstruído gradativamente, principalmente nas
narrativas publicadas na contemporaneidade.
Muitos estudos abordam sobre essa personagem, no entanto, nossa proposta não se
detém apenas a comparações e verificação, mas nos preocupamos com os motivos pelos
quais levaram a essa transmutação de características dessa personagem, investigando o
processo dessa transição a partir de três recortes da linha do tempo da literatura: o lobo da
Idade Média a partir da obra Fábulas Escolhidas do fabulista La Fontaine, o lobo na Idade
Moderna na obra Os Três Porquinhos de Joseph Jacobs, e o lobo da contemporaneidade
na visão dos autores Jon Scieszka (A Verdadeira História dos Três Porquinhos) e Silvana
Menezes (De Quem Tem Medo o Lobo Mau?).
A análise do processo de desconstrução da figura malévola do lobo tem como
escopo a tese de que a construção da personagem lobo nas narrativas infantis faz parte
da representação das formações sociais de cada sociedade, e assim, na sociedade
contemporânea, muito preocupada com o politicamente correto, movimentos de defesa
dos animais, com uma pedagogia voltada não mais para a punição, mas para o diálogo
e a valorização da voz da criança – diferentemente dos períodos anteriores –, na
contemporaneidade, esse lobo é reconstruído nas releituras dos antigos clássicos da
literatura infantil.
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mito do lobo atravessou séculos, sempre criado e recriado de acordo com as
características da sociedade de sua época. Desde o terrível, mas divinizado, lobo que
atacava os animais cativos dos nossos camponeses ancestrais, até os lobos e lobinhos
atrapalhados e medrosos contemporâneos.
Muitas versões atuais, que envolvem a desconstrução da imagem do lobo mau, se
encontram no cenário atual da literatura Infantil, inclusive nas produções cinematográficas
e em livros digitais interativos. Fato que nos indica que essa emergente transmutação
da concepção do modelo dos vários lobos criados nas narrativas infantis imprime as
transformações sociais e culturais vivenciadas nas diversas sociedades humanas
contemporâneas, principalmente no que se refere à educação infantil.
REFERÊNCIAS
COELHO, Nelly Novaes. Panorama Histórico da Literatura Infantil/Juvenil. 4ª ed. São Paulo: Ática,
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COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas: símbolos, mitos e arquétipos. São Paulo: DCL. 2003.
COMPAGNON, Antoine. O Demônio da Teoria: literatura e senso comum. / Trad. Cleonice Paes
Barreto Mourão; Consuelo Fortes Santiago. 2 ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
MENEZES, Silvana. De Quem Tem Medo o Lobo Mau? São Paulo: Elmentar, 2009.
SCIESZKA, Jon. A Verdadeira História dos Três Porquinhos! / por A. Lobo, tal como foi contado
a Jon Scieszka; Ilustrado por Lane Smith. Trad. Pedro Maia. 2ª ed. São Paulo: Companhia das
Letrinhas, 2005.
[...] até agora, a escrita ocupou um lugar muito estreito na prática escolar,
em relação ao papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento
cultural da criança. Ensina-se as crianças a desenhar letras e construir
palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita.
A produção de textos escritos é uma prática que deve ser constante desde as séries
iniciais na escola, isso incentiva os estudantes a terem a prática escrita como hábito e
também apresentarem maior facilidade ao escrever.
Mas o que é uma produção textual?
A produção textual não acontece somente na sala de aula, mas também no dia a
dia dos estudantes até porque são seres sociais e devem interagir constantemente tanto
social e culturalmente.
Marcuschi (2008) defende a ideia de que “a vivência cultural humana está sempre
envolta em linguagem e todos os textos situam-se nessas vivências estabilizadas
simbolicamente” e que isso é um convite para que os textos reais sejam trabalhados em
sala de aula.
O aluno deve ser considerado como produtor de textos, aquele que pode ser
entendido pelos textos que produz e que o constituem como ser humano. O
texto só existe na sociedade e é produto de uma história social e cultural,
único em cada contexto, porque marca o diálogo entre os interlocutores que
o produzem e entre os outros textos que o compõem. O homem visto como
texto que constrói textos.
Como podemos perceber nos PCN’s, a prática textual se faz necessária ao homem
como meio de comunicação dentro de uma sociedade, pois qualquer pessoa pode expor
suas ideias de diversas formas e ser compreendido através delas.
Nesse contexto, percebe-se que os estudantes têm medo de não atingirem a nota
necessária que possa satisfazer a todos os agentes presentes no processo de aprendizagem
e a forma de avaliação nessa concepção os tolherá sempre.
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão mais importante no uso do portfólio de textos é que os conteúdos de
gramática não ocuparam mais o centro nas aulas de Língua Portuguesa e passou-se a se
utilizar mais a produção de textos através do portfólio como um meio riquíssimo para os
alunos produzirem seus textos de forma mais tranquila e daí sim, depois do olhar pedagógico
da professora através da correção foi possível fazer com que os alunos pudessem refletir
sobre seus equívocos e a partir da reescrita de texto elucidarem seus questionamentos
acerca da própria Língua Portuguesa.
Foi possível perceber que a maioria dos alunos no decorrer do processo de
ensino-aprendizagem, conseguiram desvencilhar-se da falta de vontade de escrever ou
da preguiça, ou ainda do “ranço” já adquirido anteriormente através de práticas escritas
malfadadas como notas baixas ou ter os textos depreciados por professores anteriores.
O uso do portfólio de textos como forma de avaliação é enriquecedor tanto para
os estudantes que percebem a melhora de suas habilidades com a produção de textos e
também com as normas da Língua Portuguesa e também para o professor, visto que esse
percebe que está estimulando muito mais seus alunos a perceberem a Língua Portuguesa
e suas normativas dentro dos textos que produzem e não apenas em meros exercícios de
fixação da Língua Portuguesa.
KOCH, Ingedore Villaça. Desvendando os segredos do texto. 2 ed. São Paulo: Corterz, 2002.
KOCK, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São
Paulo: Contexto, 2009.
LUCKESI, Cipriano C.. Avaliação da aprendizagem escolar. 19 ed. São Paulo: Cortez, 2008.
VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. 8. ed.
Campinas: Papirus, 2012.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. S. Paulo: Martins Fontes, 1991.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As reflexões que apresentamos na seção anterior demonstram um olhar para
língua como instrumento constitutivo da sociedade, do homem e da cultura. A partir do
engendramento de formas linguísticas que resultam nos textos que justificam uma possível
implementação de um ensino a distância, é possível ao professor propor uma reflexão com
alunos acerca da sociedade que emerge desse discurso em comparação com a sociedade
revelada pelas experiências de mundo contidas no uso da língua que possibilita que estes
também possam ser sujeitos da sua sociedade, da sua cultura, de seu mundo e de sua
escola. É a linguagem que possibilita a relação do homem com o mundo e isso é mediado
pelo texto, principal instrumento do ensino de língua na educação básica.
REFERÊNCIAS
BENVENISTE, Émile. Problemas de Linguística Geral I. 5. ed. Tradução Maria da Glória Novak e
Maria Luisa Neri. Campinas: Pontes, 2005.
______. Problemas de Linguística Geral II. 2. ed. Tradução Eduardo Guimarães et al. Campinas:
Pontes, 2006.
Examinada apenas uma vida, mesmo com o melhor apuro psicológico, não
se dispõe de dados para explicar a Justiça Divina, em se considerando a
pluralidade dos sucessos felizes e desgraçados que gravitam em torno dos
homens, e que os distingue na vasta gama policromada das suas conquistas
e quedas (MIRANDA, 2015, p. 7).
REFERÊNCIAS
GIRARD, René. A violência e o sagrado. Tradução de Martha Conceição Gambini. São Paulo:
UNESP; Paz e Terra, 1990.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 4. ed., 4. imp. Brasília:
FEB, 2017.
MIRANDA, Manoel Philomeno de (Espírito). FRANCO, Divaldo Pereira. Tramas do destino. 12. ed.
Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Brasília: FEB, 2015.
OLIVEIRA, Jorge Leite de. Chamados de Assis: espaços fantásticos do Rio mutante na obra
machadiana. Curitiba, PR: Instituto Memória. Centro de Estudos da Contemporaneidade, 2018.
______. Texto acadêmico: técnicas de redação e de pesquisa científica. 10. ed., 1. reimpr.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.
1 | INTRODUÇÃO
Ao longo do tempo, conceitos e frameworks ligados à esfera tecnológica vêm sendo
quase “naturalmente” associados à perspectiva de inovação em educação, seja no ensino
de línguas, seja em áreas em que a presença de diferentes ferramentas, aplicativos, e
dispositivos tecnológicos é maior, como nas áreas exatas e da saúde, por exemplo.
Mais recentemente, o framework TPACK e o conceito de Pensamento Computacional,
porexemplo, vêm ganhando espaço na literatura educacional não necessariamente
vinculados ao âmbito de inovação, mas de saberes necessários a professores e alunos de
todas as áreas no século XXI.
Assim, as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) são
instrumentos culturais que não estão apenas a serviço da população, mas, principalmente
na área educacional, são parceiros intelectuais que empoderam os sujeitos, fornecendo-
lhes elementos que, sob uma perspectiva crítica, os auxiliam a agir no mundo, como
pesquisas sugerem (Jonassen, 2000; Kurtz, 2015; 2018; Wertsch, 2002).
Nesse sentido, o tema enfatizado nesta pesquisa é até que ponto a formação inicial
docente na área de linguagens (e demais áreas formativas) tem se preocupado com essa
dimensão, que extrapola o caráter instrumental e habilidades e conhecimentos necessários
unicamente para se ensinar e aprender “sobre” as tecnologias.
REFERÊNCIAS
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Paulo: Paz e Terra, 1999.
COLL, C.; MONEREO, C. Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias
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TAGARRO, W. X.; LIMA. A. A.; FONSECA, J. J. R.; STAVRAKAKIS, R.; JATOBÁ, A.; FREITAS, V. G.
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_____. Computational Thinking Benefits Society. Social Issues in Computing, 2014. Disponível em:
http://socialissues.cs.toronto.edu/2014/01/computational-thinking/.
1 | INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta uma análise da produção textual escrita de relatos
autobiográficos redigidos por estudantes de diferentes cursos do ensino superior. O objetivo
é analisar o planejamento textual, isto é, a maneira pela qual ideias sobre o tema proposto
(experiências e hábitos de leitura e de escrita) foram selecionadas, organizadas e redigidas
em parágrafos a partir de uma determinada proposta de produção textual de um gênero
textual específico: o relato autobiográfico.
2 | FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Como docente do ensino superior em disciplinas da área de leitura e produção
de textos, me deparo com algumas escritas que podem ser consideradas, no mínimo,
intrigantes. Tais escritas contribuíram para despertar os seguintes questionamentos: como
esses textos foram produzidos? Houve um planejamento prévio na produção desses
textos? Se houve, como foi feito esse planejamento?
O fato é que a análise do planejamento textual de uma produção escrita envolve,
primeiramente, uma série de conceitos referentes a texto, gênero textual, escrita, coerência,
coesão, parágrafo e tópico discursivo. Assim, considerando os objetivos da análise aqui
proposta, é fundamental delimitar o conceito de texto: “texto é [...] toda produção linguística,
oral ou escrita, que apresenta sentido completo e unidade” (GOLDSTEIN, LOUZADA
E IVAMOTO 2009, p. 11). Além disso, admitimos que todo texto se materializa em um
determinado gênero textual1, seja uma conversação oral ou um bilhete escrito.
Mas a pergunta persiste: como ocorre o planejamento textual de uma produção
escrita? Para Sautchuk (2003), o texto escrito é organizado em dois níveis, que
correspondem à macroestrutura e à microestrutura.
Tanto o aspecto macroestrutural quanto o aspecto microestrutural de um texto escrito
estão diretamente relacionados com o planejamento desse texto, inclusive na quantidade
e no conteúdo dos parágrafos. O parágrafo, para Serafini (2000, p.55), pode ser definido
como
1. “[...] gênero textual [...] (é) uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos
em nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades fun-
cionais, estilo e composição característica” (MARCUSCHI 2010, p.23).
3 | METODOLOGIA
Nas aulas de disciplinas referentes à prática de leitura e produção de textos em
diferentes cursos do ensino superior da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no
campus de Natal – RN, solicitamos aos estudantes uma primeira atividade de produção
textual: a elaboração de um relato autobiográfico a respeito da experiência deles com a
leitura e a escrita.
Na análise dos relatos, foram investigadas as seguintes questões:
2. “Todo texto é constituído de sequências. [...] as sequências textuais são unidades estruturais, relativamente autô-
nomas [...] se definem como uma ‘rede relacional hierárquica’ [...] dotada de uma organização interna formada de um
conjunto de macroproposições [...] que, por sua vez, se constituem de proposições” (CAVALCANTE 2011, p. 61-63).
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatamos que o planejamento textual preferencial dos estudantes foi organizar
os relatos autobiográficos em 3 parágrafos priorizando o eixo temporal ao longo do relato.
Esse resultado parece sinalizar as seguintes interpretações:
REFERÊNCIAS
CAVALCANTE, M.M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2012.
KOCH, I. V. e ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto,
2011.
MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. IN: DIONISIO, A.P., MACHADO, A.R.,
BEZERRA, M.A. Gêneros textuais e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
SAUTCHUK, I. A produção dialógica do texto escrito: um diálogo entre escritor e leitor interno. São
Paulo: Martins Fontes, 2003.
6. “[...] uma sequência argumentativa visa defender um ponto de vista, uma tese, e os argumentos para sustentá-la vão
sendo gradativamente apresentados” (CAVALCANTE 2012, p. 67).
2 | METODOLOGIA
Em minha tese de doutoramento, foi realizada uma pesquisa narrativa, com
abordagem qualitativa, embasada em autores como Ferrarotti (1988), Clandinin e Connelly
(2011), Suárez (2008), Josso (2004, 2010), entre outros. Esses autores defendem que a
Imagem (1)
EnAp W: O José Serra com carinha de bom moço, mas a gente bem sabe
que tem muita coisa por trás disso. Essa revista, assim como todas as outras
instituições da mídia, de acordo com as nossas leituras [referindo-se aos dois
textos concedidos pelo pesquisador para estudo], não faz nada de forma
inocente. Prova disso é essa mãozinha angelical aí ao lado do rosto.
EnAp V: Tem muito poder envolvido e, por isso, as estratégias vão sendo
montadas. Imagem e palavras unidas para chegar a um objetivo. Se o leitor não
for bem cuidadoso e explorar essas detalhes, pensando em quem construiu
isso, acaba sendo enganado e vota nele porque ele é esse anjo.
ApEn M: Até tinha anotado aqui esses pontos que a W disse, mas destaco,
também, o texto com as letras brancas que diz que ele se preparou a vida
inteira para ser presidente. Dá a entender que se ele se preparou a vida inteira,
por isso agora aparece com essa cara aí pronta, tranquila, olhar sábio. Essa
frase aí tava em destaque porque o fundo era preto. É um realce para o que a
revista quer passar para o leitor.
[...] Procuramos não ver a imagem como uma ilustração do texto verbal, e,
desse modo, deixamos não só de tratar o texto verbal como prioritário e mais
importante, como também de tratar o texto visual e verbal como elementos
totalmente discretos. Procuramos ser capazes de olhar para toda a página
como um texto integrado. (p. 177).
EnAp W: Não tenho certeza, mas esse vermelho da tarja deve se referir ao PT
principal oponente do Serra.
EnAp M: Acho que além do vermelho que se refere ao PT, o nome da candidata
do PT Dilma Russeff não teria compromisso com o futuro porque essa postura
deveria ser do Serra.
Imagem (2)
• Como se pode ver, a capa publicada pela revista Veja possui um fio discursivo
tendencioso e manipulador da instituição jornalística diante do fato que preten-
de informar, há um tom apreciativo que, por meio da ridicularização da imagem
do ex-presidente Lula, induz a opinião pública a compartilhar do mesmo juízo
de valor construído por ela [a revista Veja].
A última capa analisada foi da edição 2391 de 17 de setembro de 2014 da revista
Veja. A capa foi projetada e os colaboradores foram se posicionando a partir das indagações
lançadas por mim. Essa capa foi publicada no contexto das campanhas eleitorais de 2014,
momento em que a candidata Marina Silva teve um crescimento nas intenções de voto, o
que mobilizou estratégias as mais diversas possíveis de alguns partidos a fim de construir
imagem negativa dela. Vejamos se o enunciador de Veja, também, posiciona-se assim.
EnAp V: A Marina está sendo desafiada, mas se mantém forte porque encara
as calúnias. Só dá para entender isso olhando para a imagem e as palavras.
A roupinha dela balança pela força que os adversários tem e ela continua
peitando eles. Aqui a Marina é defendida pela revista.
Imagem e palavra mantêm uma relação cada vez mais próxima, cada vez
mais integrada. [...]. Todos os recursos utilizados na construção dos gêneros
textuais exercem uma função retórica na construção de sentidos dos textos.
Cada vez mais se observa a combinação de material visual com a escrita [...].
(p. 138).
EnAp M: Exaro, W. Eles devem, com a nossa ajuda, olhar esses recursos para
sair só das aparências e analisar as marcas tendenciosas.
4 | CONCLUSÕES
Parece-me, portanto, que as oficinas formativas cumpriram o seu objetivo, pois,
por meio das discussões realizadas nos encontros interativos, as EnAp mostraram
compreensão de que, na condução da aula de leitura, o EnAp precisa priorizar estratégias
multimodais eleitas pela instituição midiática, o que possibilita aos EnAp um olhar mais
crítico diante de textos repletos de posturas, discursivamente, marcadas. Esclareço que
me referi aos textos da mídia, mas o que se deseja e, eu acredito que vai ser possível, é
uma postura do EnAp que permita aos seus aprendentes, durante os encaminhamentos
nas aulas de leitura, construir sentidos para os gêneros que analisarem. Deseja-se que
os ApEn sejam verdadeiros poliglotas na própria língua e possam participar ativamente
(lendo, falando, escrevendo, ouvindo) de quaisquer situações comunicativas.
REFERÊNCIAS
BECHARA, E. Ensino de gramática. Opressão? Liberdade? 11. ed. São Paulo: Ática, 2003.
DIONÍSIO, A. P. Gêneros textuais e multimodalidade. In: KARWOSKI, A. M.; GAYDECZKA, B.; BRITO,
K.S. (org.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. São Paulo: Parábola, 2011.
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método (auto) biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde, 1988. p. 17-34.
JOSSO, M. C. Caminhar para si. Tradução de Albino Pozzer. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.
KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading Images: The grammar of visual Design. Londres: Routledge,
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PAVIANI, N. S.; FONTANA, N. M. Oficinas pedagógicas: relato de uma experiência. Conjectura, Caxias
do Sul, RS, v. 14, n. 2, p. 77-88, maio/ago. 2009.
PINTO, M. J. Comunicação e discurso: introdução à análise de discurso. 2. ed. São Paulo: Hacker
Editores, 2002.
VIEIRA, A. V. Novas perspectivas para o texto: uma visão multissemiótica. In: VIEIRA, A. V. et al.
Reflexões sobre a língua portuguesa: uma abordagem multimodal. Petropólis/RJ: Vozes, 2007.
VIEIRA, E.; VALQUIND, L. Oficinas de ensino: O quê? Por quê? Como? 4. ed. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2002.
1 | INTRODUÇÃO
As relações entre povos indígenas e não indígenas têm se tornado cada vez mais
estreitas e, consequentemente, mais complexas em virtude de migrações cada vez mais
constantes da aldeia para a cidade. As razões sociais, históricas, políticas e econômicas
para essa migração são variadas se considerarmos os distintos modos pelos quais ocorreu
o contato desses povos com a sociedade majoritária e seus respectivos efeitos. Nesse
sentido, a migração da aldeia para a cidade é um acontecimento cada vez mais recorrente
na história dos povos Xavante, cujas consequências incidem sobre diversos aspectos da
organização social, vida familiar, divisão do trabalho e, muitos outros.
Esta investigação é resultado das atividades desenvolvidas no projeto de pesquisa:
A Migração rural/urbana dos jovens indígenas da etnia Xavante: uma questão de
sobrevivência, vinculado ao Grupo de pesquisa: Fronteiras, Culturas, Identidades: espaço
de diálogo com os povos indígenas do Araguaia/Xingu.
Para o desdobramento da investigação elegemos, inicialmente, a discussão
sobre algumas propostas relacionadas à temática dos direitos indígenas em contexto de
interculturalidade, o que nos permitiu a leitura dos estudos, representados pelos trabalhos
de D’Angelis (1999), Grupioni (2002), MAGALHÃES, “et al., (2018), Constituição Federal
(1988), entre outros.
Podemos notar nas considerações da autora, elementos que nos apontam não só
os aspectos históricos, mas sobretudo, revelam os ideais de um determinado grupo, em um
determinado contexto social. Apontam, ainda, que o ponto de vista que guia o pensamento
social em questão, nos mostra que o ambiente humano não produz uma única forma de
ver a realidade que envolve os povos indígenas em espaços urbanos, destacam ideais e
constatações de um espaço marcado com características discriminatórias próprias e por
forças sociais que determinam o comportamento e materializam os valores do meio que
eles se encontram.
Dessa forma, o espaço escolar urbano é para os alunos indígenas um ambiente
favorecedor de interações, cercado por atividades culturais, que não são exclusivamente
linguísticas, mas sobretudo, por questões pedagógicas que têm como principal objetivo não
só a construção do conhecimento da segunda língua (portuguesa), mas também, o respeito
à individualidade, por meio do diálogo com o novo, como o diferente. Acreditamos que esta
é uma das estratégias que devem revestir as salas de aula enquanto contexto intercultural
e, assim, adquirir um caráter histórico de construção.
Em suas aldeias eles são soberanos de seus direitos e deveres, o que temos
observado é que, em espaços urbanos, são como no mito de Sísifo1, conduzem suas
pedras e seus percalços por vias íngremes, quando pensam que estão chegando ao topo,
vencendo muito dos obstáculos sociointeracionais, tudo parece ruir, exigindo deles novo
recomeço. Em muitas ocasiões, percebemos que nem mesmo a Lei 9.394/96 é respeitada,
quando diz: “[...] garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações,
conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas
e não índias”. (BRASIL, 2017, p. 51)
Dessa forma, torna-se necessário que a sociedade não indígena passe a se
preocupar mais com os pontos mais sensíveis da problemática indígena, pois ao deixarem
seus ambientes naturais enfrentam vários tipos de turbulências, bem como, as novas
guerras de preconceitos que se avizinham. Segundo D’Angelis, “[...] não há conflito quando
1. Os deuses condenaram Sísifo a rolar incessantemente uma rocha até o cume de uma montanha de onde a pedra
se precipitava por seu próprio peso. Eles pensaram com alguma razão que não há punição mais terrível que o trabalho
inútil e sem esperança. Disponível em: http://www.teatrodomundo.com.br/o-mito-de-sisifo/. Consultado em: 07/05/2019.
Uma das características fundamentais das escolas públicas urbanas é o fato de que
elas podem contribuir para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social dos estudantes
indígenas Xavante envolvidos no processo, pois só vivenciando situações concretas é que
elas podem de fato contribuir com o desenvolvimento social, linguístico e cultural desses
novos atores, uma vez que, todo profissional da educação deveria ter certa visão de mundo
e certo conjunto de práticas para lidar com as mudanças esperadas e não esperadas que
ocorram em seus ambientes de trabalho e também fora dele.
No contexto brasileiro, a situação dos povos indígenas requer uma análise mais
profunda sobre a complexidade e as perspectivas futuras relacionadas às culturas e à
sobrevivência, principalmente, se levarmos em conta as atitudes governamentais, que têm
variado historicamente na hora de encarar de perto a questão referente a esses povos.
Para Grupioni,
4 | METODOLOGIA
Dentre os métodos utilizados para conhecer o verdadeiro perfil dos estudantes
indígenas, na cidade de Barra do Garças/MT, além da observação participante, procuramos
conviver com eles, pelo menos algumas horas nas escolas e, nos mais variados espaços
públicos, a fim de observar as tendências sociais e culturais, ao longo da sua permanência
em espaços públicos urbanos.
5 | CONSIDERAÇÕES
Diante da complexidade e da envergadura dos desafios no campo da educação
indígena, estudos no âmbito do ensino-aprendizagem procuram desvelar problemas reais
ou potenciais nas interações dialógicas do dia a dia escolar entre sujeitos culturalmente
distintos, (índio/não índio) e ao mesmo tempo enfatizar a urgente necessidade de se
desenvolver estratégias políticas de assistências não só aos estudantes indígenas, mas
todo coletivo escolar, a fim de que derrubem as barreiras discriminatórias tão presentes nos
cenários das escolas públicas urbanas.
Dessa forma, conhecendo a organização política e social desses povos, há que se
lançar um novo olhar sobre as decisões a serem tomadas sobre essa nova realidade, pois
não é possível fazer previsões das condutas desses jovens que satisfaçam, a princípio,
os anseios da sociedade, considerando que as vicissitudes individuais e sociais dos
estudantes indígenas apontam para outros horizontes.
Não se pode simplificar a história, quando percebemos em uma árvore cujas folhas
estão se tornando amarelas e caindo, os galhos tornando-se cada vez mais secos, não
basta arrancar as folhas amareladas e os galhos danificados, faz-se necessário, sobretudo,
lembrar que a doença dos galhos e das folhas é consequência dos danos causados a raiz,
que mesmo submersa é a que dá sustentação e vida às folhas e aos galhos.
REFERÊNCIAS
BORGES. Agueda Aparecida da Cruz. Da Aldeia para a Cidade:Processos de Identificação/
Subjetivação e Resistência Indígena.Cuiabá-MT: EdUFMT, 2018.
BRASIL. LDB: Lei de diretrizes e bases da educação nacional. – Brasília: Senado Federal,
Coordenação de Edições Técnicas, 2017.
D’ANGELIS, Wilmar da Rocha. Educação Escolar Indígena: um projeto étnico ou um projeto étnico-
político? Texto apresentado no 12º COLE, UNICAMP, 1999.
GRUPIONI, Luiz Donizete Benzi. As leis e a educação escolar indígena: Programa Parâmetro em
Ação de Educação Escolar Indígena. Brasília, MEC; 2002.
JUNIOR. João Gomes, GOMES, Marcelle Karyelle Montalvão, MAGALHÃES NETO, Aníbal Monteiro
de. MAGALHÃES, Marly Augusta Lopes de. Gestão Ambiental e Territorial em Terras Indígenas
com ênfase na Cultura dos Povos Xavante: um estudo teórico. Revista Panorâmica- Edição
Especial. Barra do Garças/MT, p. 125-135.
MAGALHÃES, Marly Augusta Lopes de. SANTOS, Mônica Maria dos. MAGALHÃES NETO, Aníbal
Monteiro de. Convivendo com a diversidade: a inclusão do aluno indígena da etnia Xavante em escolas
públicas urbanas de Barra do Garças/MT. IN: OLIVEIRA, Rosimar R. Rodrigues de. OLIVEIRA, Sheila
Elias de. RODRIGUES, Marlon Leal. KARIM, Taisir Mahmudo. Linguagens e significação: sujeitos
indígenas. Campinas. Pontes Editores, 2018.
SEKI, Lucy (org.). Linguística Indígena e Educação na América Latina. Campinas: Unicamp, 1993.
v. 1. 408 p.
1 | INTRODUÇÃO
Fundamentado no aparato teórico – metodológico da Análise do Discurso proposta
por Dominique Maingueneau expomos as condições sócio-históricas e culturais de
produção do corpus, apresentando a noção de interdiscurso, cenas de enunciação e de
ethos discursivo, a categoria de cenografia e sua forma de constituição como estratégia
de envolvimento discursivo entre enunciador e coenunciador e o interdiscurso relacionado
com a memória social do sujeito. Analisamos o tom do discurso, observando que o sujeito-
enunciador não apresenta, um ethos construído pela opinião pública, mas um ethos que
corresponde a uma atitude do enunciador, de um sujeito criado pelo discurso.
3.2 Interdiscurso
O interdiscurso, segundo Maingueneau, é de difícil definição, está na memória, sendo
anterior ao discurso, contudo é o que possibilita criar o discurso. Define-se o interdiscurso
com um sentido restritivo e com um sentido amplo, ou seja, por um lado é um conjunto de
discursos do mesmo campo que mantêm relações de delimitação recíproca uns com os
outros, e por outro, é um conjunto das unidades discursivas com as quais um discurso
entra em relação explícita ou implícita. Maingueneau apresenta a noção de interdiscurso
dizendo que “é necessário afinar este termo muito vago para nosso propósito e substitui-lo
por uma tríade: universo discursivo, campo discursivo, espaço discursivo”. O primado do
interdiscurso é o princípio central da análise do discurso.
REFERÊNCIAS
CHARAUDEAU, Patrick. Discursos das mídias. São Paulo: Contexto, 2006.
MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. 6 ed. ampl. - São Paulo: Cortez,
2013.
______________, Dominique. Discurso e análise do discurso. 1 ed. São Paulo: Cortez, 2015.
QUINTELLA, Sérgio. Quem é e o que pensa Bruno Covas, o próximo prefeito de São Paulo.
Revista Veja São Paulo, São Paulo: Editora Abril, edição 2575, ano 51, n. 13, p. 24, 25 março 2018.
1 | INTRODUÇÃO
A pesquisa de que este capítulo deriva debruçou-se sobre relatórios elaborados
no âmbito da componente curricular Estágio Supervisionado do Curso de Letras, etapa
de observação, com vistas a apreender como o ensino da Língua Portuguesa aparecia
discursivizado por licenciandos do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA),
da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Como dados centrais de análise, foram
considerados trinta e três (33) desses documentos institucionais produzidos entre 2011/2
e 2013/1.
Orientada pela perspectiva sócio-histórica e dialógica do Círculo de Bakhtin, as
materialidades textuais dos relatórios foram tomadas como enunciados concretos com os
quais, ao longo da análise, procurou-se alcançar uma compreensão ativa responsiva. Neste
sentido, o resultado final equivale não a um fechamento conclusivo, mas ao acabamento
consequente da interação estabelecida entre os sujeitos autores dos relatórios, por meio do
material coletado, e a pesquisadora, pelo viés dialógico bakhtiniano da análise apreendida.
Adotar a perspectiva dialógica como pressuposto teórico implica em condições
bastante peculiares ao direcionamento da pesquisa, tanto na organização metodológica,
quanto na atitude analítica, razão pela qual faz-se relevante elucidar, ao menos de modo
geral, a perspectiva bakhtiniana e a Análise Dialógica do Discurso (ADD) de que dela
decorre.
Essa percepção interacional da linguagem impõe aos estudos que se voltam a ela
a necessidade de considerá-la viva, como ação humana através da qual se estabelecem
relações específicas entre os sujeitos interactantes. Dito de outro modo, torna-se
imprescindível o desdobramento da análise para além de sua materialidade textual a fim de
alcançar os sentidos atravessados em cada enunciado concreto.
É por essa razão que o direcionamento metodológico deve partir sempre do escopo
mais amplo (social) para o mais estrito (textual), de forma a tornar possível a apreensão
das relações dialógicas e ideológicas que emergem das articulações semântico-axiológicas
e temático-composicionais inerentes a cada materialização enunciativa.
A análise dialógica do discurso, sem apresentar uma sistematização metodológica
rigorosa, propõe esse direcionamento como movimento a ser adotado na análise, seguindo
a diretriz bakhtiniana e, conforme sustenta a autora, corresponde a “um corpo de conceitos,
noções e categorias que especificam a postura dialógica diante do corpus discursivo, da
metodologia e do pesquisador”. (BRAIT, 2010, p. 29)
Respeitando essas orientações, destaca-se, na sequência, os elementos contextuais
mais imediatos em que se inserem os enunciados analisados: o gênero relatório de estágio
supervisionado e a esfera de atividade acadêmica a que se vincula.
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A compreensão responsiva brevemente elucidada neste texto evidencia a
constituição da discursividade sobre o ensino de Língua Portuguesa de modo polarizado.
Tal estruturação discursiva aponta a constituição da inteligibilidade dos licenciandos sobre
o ensino de LP pelo atravessamento de vozes procedentes de distintas orientações.
Considerando os diferentes enunciados, apreende-se que, em alguns, apresentam-se
discursos que indicam que a proposta de ensino de LP, veiculada nos PCNs, encontra-se
em processo de assimilação, enquanto, em outros, essa proposta apresenta-se apenas
revozeada por já-ditos que os licenciandos assumem como valorados positivamente por
seus interlocutores, uma vez que emergem da instância acadêmica. Não se mostrando, no
entanto, assimiladas de fato por esses sujeitos.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. (VOLOCHÍNOV). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do
método sociológico na ciência da linguagem. 14. ed. São Paulo. Hucitec, 2010 [1929].
__________. Estética da criação verbal. Trad. do russo por Paulo Bezerra. 5. ed. São Paulo: Martins
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BRAIT, Beth. Análise e teoria do discurso. In: BRAIT, Beth (Org.). Bakhtin: outros conceitoschave. São
Paulo: Contexto, 2010, p. 9 – 32.
ABSTRACT: Domestic violence against women are all actions with cruelty or not affected by
the partner or person who lives in the same housing of the victim, bringing drastic giving to
the woman. This study aims to analyze the trajectory of domestic violence against women in
Brazil. METHODOLOGY: integrative review, carried out in the temporal reconte in the national
scientific journals available online, in the databases: MEDLINE, LILACS, BIREME, published
in the periods of 2012 to 2019, using the descriptors: domestic violence against women,
formicide, public health. RESULTS: 101 articles were identified and in the final sample, 10
articles with rates of deaths against women due to domestic violence were selected and,
in several cases, their end of life occurred only because they were women. In view of the
above, it is evidenced that Brazil occupies the fifth position of women killed by formicide.
Thus, it is proven that the lack of trained professionals increases the fragility of public policies
in networking. For a better understanding, this article presents results organized into multi-
professional health categories. CONCLUSION: it was found that domestic violence against
women occurs in any social class, but especially for poor women. There is no definite
aggressor profile. There is a higher prevalence of deaths of women by formicide, a fact that is
challenging for society and public power, even with the creation of projective and rehabilitative
laws for women and punitive against their aggressor.
KEYWORDS: Violence against women, formicide and public health.
1 | INTRODUÇÃO
Violência doméstica contra mulher (VDCM) são todas as ações com crueldades ou
não acometidas pelo parceiro ou pessoa que more na mesma habitação da vítima, trazendo
danos drásticos à mulher. Nos tempos antigos a figura feminina, segundo o entendimento
bíblico da época, era vista pelo homem como um ser criado e educado para servi-lo em
todos os sentidos, ainda com apoio da religião, não tinha direito a expressão, tornando-se
objeto de procriação, o homem era seu senhor.
Por mais de 2.500 anos a mulher sempre foi subordinada, mas na idade média iniciou
a busca pela liberdade com a queima dos sutiãs em praça pública. Havia a existência da
violência exacerbadamente, eram queimadas junto ao marido falecido para salvar a honra
da família e se fosse vítima de violência sexual por um membro familiar ou qualquer outro,
não eram questionados (BROCH,et.al 2016).
2 | METODOLOGIA
O estudo de revisão integrativa da literatura, com abordagem qualitativa, para
identificação das produções científicas sobre violência doméstica contra mulher no Brasil
e o feminicídio uma questão de saúde pública, entre 2012 a 2018. A revisão integrativa
de a literatura possibilitar ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito
mais ampla nos quais o pesquisador poderia pesquisar diretamente (MENDES, GALVÃO
& SILVEIRA, 2008).
Assim, para o desenvolvimento metodológico, utilizou-se seis etapas: identificação
do tema, definição do objetivo, formulação da questão norteadora, avaliação e análise dos
dados e apresentação dos resultados (SOUSA; SILVA; CARVALHO, 2010). A pesquisa
aconteceu de janeiro a março de 2020 nas bases de dados LILASCS (literatura científica e
técnica América do caribe), BDENF (bases de dados bibliográfica especializada na área de
enfermagem) e BIREME (centro latino-americano e do caribe de informação em ciências
da saúde).
Utilizou-se, também, o critério de inclusão de artigos originais publicados no período
de 2012 a 2018 com resumos e textos completos disponíveis no idioma português, espanhol
e inglês publicado a nível nacional no Brasil. Foram excluídos manuscritos em duplicidade.
Para a produção, foi realizada uma leitura sistemática, no período correspondente
de janeiro a março de 2019, que consistiu em três etapas: primeira etapa – leitura dos títulos
dos artigos; segunda etapa – leitura dos resumos dos artigos selecionados na primeira
etapa; terceira etapa – leitura na íntegra dos artigos selecionados da segunda etapa e
inclusão de outros artigos capazes de atender aos critérios de seleção.
A análise do material, a partir dos artigos selecionados, foi realizada mediante a
construção de categorias temáticas que, segundo Minayo (2012), visa identificar os núcleos
de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma
coisa para o objetivo analítico pretendido. Os resultados se encontram organizados em
duas categorias para apresentação dos resultados. Ao utilizar os descritores combinados
na Biblioteca Virtual em Saúde foram encontrados 101 artigos.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÕES
A amostra final analisada foi de 10 artigos científicos que atenderam à questão
norteadora do estudo: Como os profissionais de saúde estão lidando com estes tipos de
violências no contexto do feminicídio? A seguir, será apresentado um quadro, fluxograma,
gráfico, ano de publicação, período, autores, objetivos e principais resultados.
A partir da combinação dos descritores foram obtidos 101 artigos sobre o tema
em estudo. Após a utilização de filtros restaram 89 artigos. Procedeu-se à observação
da adequação ao tema, relevância, originalidade e profundidade, e 68 publicações foram
excluídas porque estavam fora do contexto temático, restando 12 artigos para análise e
discussão como demonstrado no Fluxograma na Figura 01.
Quadro 1- Caracterização dos estudos conforme: autor, ano, título, tipo de estudo, objetivo
principal e resultados. Teresina, PI, 2019.
Fonte: Pesquisa derivada do Banco de Dados BVS (2018).
4 | CONCLUSÃO
A pesquisa revelou que a violência doméstica contra mulher no Brasil é um fato
bastante desafiador e marcante nos dias atuais, provocando diversos problemas sociais,
violação dos direitos humanos, abrangendo diversos fatores. Demostrou a carência
nas políticas públicas, desfasamento na saúde pública do país, ausências profissionais
qualificados, fatores de riscos que levam à violência contra mulher. Apesar da VDCM,
serem mortes que acontecem por parceiro ou pessoa conhecida dentro do domicílio, ainda
assim o feminicídio tem conotações diferentes, pois são vítimas por questão de gênero,
pelo ódio do homem sobre a mulher.
Neste sentido, o estudo buscou responder à questão norteadora, uma vez que os
profissionais que tiveram contato com as vítimas, na sua maioria, não eram qualificados e
nem identificaram os sinais de violências, por omissão ou por não compreender. Os autores
geralmente encontraram os mesmos resultados, mas necessitaria, por parte do Estado,
REFERÊNCIAS
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Enfermeiros Sabem Sobre O Problema?. Vol.12. Nº 3.Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. Recife Ag./Sept.
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How to do it? Marcela Tavares de Souza1 , Michelly Dias da Silva2 , Rachel de Carvalho einstein. 2010;
8(1 Pt 1):102-6
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Www.Pepsi.Busalud.Org.Scielo. Php. Acesso Em: 1820 Mar.2019.
1 | INTRODUÇÃO
O objeto da breve discussão apresentada neste artigo é a estratégia de manutenção
do núcleo das expressões referenciais envolvidas na construção dos objetos de discurso
de matérias jornalísticas de uma cobertura continuada. A escolha desse objeto foi pautada
em dois fatores primordiais: 1) Os recursos textuais envolvidos na construção de um texto
jornalístico edificam não apenas o fato e os personagens que serão retratados, mas,
também, edificam uma imagem pública do que está sendo retratado. Fator que possui
a sua relevância pautada no papel que a imprensa ocupou na sociedade até meados
de 2015, data na qual os textos analisados nesta pesquisa foram publicados; 2) Uma
cobertura continuada possui características de veiculação que envolvem a manutenção
dessas imagens.
Já o corpus foi escolhido por suas características estruturais, que compõem um fato
noticioso, retratado em cobertura continuada: 1) Fato de grande repercussão na imprensa
internacional e amplamente retratado pela imprensa nacional, escolhida para análise;
2) Possuir uma cobertura contínua, com grande concentração de textos nas quarenta e
oito horas posteriores ao fato. O fator posterior de escolha do corpus, no que tange aos
veículos de imprensa no qual os textos formam publicados, foi determinado seus impacto
e abrangência, no que se refere ao alcance populacional. Esse último motivado pela
compreensão da relevância deste estudo na compreensão da maneira como a mídia opera
os recursos linguísticos para atingir os seus leitores.
Sendo assim, o corpus é composto de cinquenta e cinco matérias jornalísticas,
que correspondem ao gênero notícia, cujos textos referem-se às ações contra a vida de
mais de uma centena de pessoas na cidade de Paris, em 13 de novembro de 2015. Para
a composição desse corpus, recortamos as notícias dos jornais paulistas, O Estado de
S. Paulo e A Folha de S. Paulo. Os textos compreendem as primeiras quarenta e oito
horas após o ocorrido, porque foi o período no qual ocorreu a cobertura continuada. Nesta
breve introdução, cabe-nos explicar que o fato foi denominado pelos veículos analisados,
primordialmente, como ataques em Paris, conforme levantado na pesquisa. E é partido da
introdução dessa imagem construída que vamos explicar a principal estratégia linguística
que foi utilizada.
Ataques (coordenados)
Ataques (com tiros e explosões)
Ataques
(um) Ataque
Ataques (a tiros e explosões)
Ataques (suicidas)
Ataques (simultâneos)
Ataques (terroristas sem precedentes)
(esse) Ataque
Ataque (único)
Ataques (desta noite em Paris)
(suposto) Ataque (suicida)
Ataques (em Paris)
(pior) Ataque (terrorista)
(este) Ataque (à liberdade)
(seis) Ataques (simultâneos)
(mais violento) Ataque (da história francesa desde a segunda guerra mundial)
Ataques (terroristas)
(um) Ataque (contra toda a humanidade)
Ataques (a tiros e com bombas)
Ataques (de Paris)
(nesses) Ataques
Ataque (a tiros)
(dois grandes) Ataques
Ataques (a Paris)
Ataque (contra Paris)
Ataques (contra bares e restaurantes no leste de Paris)
Ataques (os mais mortíferos da França)
Atentados
Atentados (em Paris)
(outro) Atentado
Atentados (coordenados)
(primeiros) Atentados (suicidas)
Atentado (contra toda a humanidade)
Atentados (bárbaros)
Atentados (de Paris)
Atentados (de sexta (13) em Paris)
TOTAL
_____. Texto, contexto e coerência. In: _____. Os sentidos do texto = 1. Ed. São Paulo: Contexto,
2013. P. 15-42.
_____; RODRIGUES, B. B.; CIULLA, A. (orgs.). Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003.
_____. et al. Dimensões textuais nas perspectivas de abordagem do texto. In: BENTES, A. C.;
LEITE, M. Q. (Org.). Linguística de texto e análise de conversação: panorama das pesquisas no Brasil.
São Paulo: Cortez, 2010.
_____; CALIXTO DE LIMA, S. M. (Orgs.). Referenciação: teoria e prática. São Paulo: Cortez, 2013.
FOLHA DE S. PAULO. Disponível em: < http://www.folha.uol.com.br/>. Acesso em: 21 dez. 2015.
_____; SOARES, M. S.. Recategorização por nome próprio nos processos referenciais. Revista de
Letras, v. 2, p. 115, 2017.
______. Manual geral da redação. São Paulo: Folha de São Paulo, 2001.
HANKS, W. F. Língua como prática social: das relações entre língua, cultura e sociedade a partir de
Bourdieu e Bakhtin. In: BENTES, A. C.; REZENDE, R. C.; MACHADO, M. A. R. (Orgs.). São Paulo:
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ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que
falamos. São Paulo: Contexto, 2006.
MONDADA, L. Construction des objets de discours et catégorisation : une approche des processus
de référenciation (tradução Mônica Magalhães Cavalcante). Revista de letras da Universidade Federal
do Ceará, n. 24. Ceará, 2002. Disponível em: <http://www.revistadeletras.ufc.br/rl24Art21.pdf>. Acesso
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_____. Construção dos objetos de discurso e categorização: uma abordagem dos processos de
referenciação. In: CAVALCANTE, M. M.; RODRIGUES, B. B.; CIULLA, A. (Orgs.). Referenciação. São
Paulo: Contexto, 2003.
O ESTADO DE S. PAULO. Disponível em: < http://www.estadao.com.br/>. Acesso em: 21 dez. 2016.
Sinal vermelho. O
congestionamento. A demora.
Mesmos lugares, mesmas
RESUMO: Este artigo pretende revelar possíveis
figuras, mesmos pedidos.
diálogos entre as obras: Corda Bamba da
Com o tempo, a gente vai
escritora Lygia Bojunga e Os Invisíveis de Tino se familiarizando com as
Freitas e Renato Moriconi, destacando os fatores personagens do lugar. Sinal
simbólicos, ideológicos e a maneira como esses fechado: mãos se abrem.
elementos apresentam-se nas duas narrativas. Às vezes, nossos olhos
acostumados às desgraças
Os estudos encontram-se fundamentados nas
alheias, quase não veem
pesquisas de Bakhtin sobre o dialogismo e os as mãos que percorrem os
conceitos acerca da contemporaneidade buscam carros em busca de alguns
suporte nos trabalhos de Zygmunt Bauman. trocados, seguindo vazias.
PALAVRAS-CHAVE: Intertextualidade, Ali, como sempre, o mesmo
paletó encardido sustentando
Dialogismo, Literatura infantil/juvenil,
uma expressão sem vida.
Contemporaneidade.
Barbas se confundem com
cabelos. Mas hoje os meus
olhos foram se perdendo
ABOUT WHAT PRETENDS NOT TO
num novo contexto e pude
SEE: REPRESENTATIONS OF SOCIAL ter o privilégio da surpresa.
INDIFFERENCE IN CONTEMPORARY O mesmo sujeito, mas não
LITERATURE FOR CHILDREN AND vinha sozinho. Vinha com um
YOUNG PEOPLE cachorro. Um cachorrinho, de
ABSTRACT: This article intends to show a coleira, peludo, branquinho,
feliz. E lambia o homem e
possible dialogue between the literary works:
fazia festa em seu colo. A
Corda Bamba, by the writer Lygia Bojunga, moça, que tinha o carro na
and Os Invisíveis, by Tino Freitas and Renato primeira fila, abriu o vidro e
Moriconi, emphasizing the symbolic, ideological começou a conversar com o
and how these elements appear in the two homem sobre o cachorro e
lhe deu algumas moedas. O
narratives. The studies are based on Bakhtin’s
rapaz, ao lado, estendeu a
research about the dialogismo and the concepts
1 | INTRODUÇÃO
Este trabalho objetiva demonstrar possibilidades de diálogo entre as narrativas
de autores contemporâneos: Corda Bamba da escritora Lygia Bojunga, por meio da
personagem Velha da História e Os Invisíveis, de Tino Freitas, com ilustrações de Renato
Moriconi; obras destinadas ao público jovem, destacando-se os fatores simbólicos e
ideológicos presentes e a maneira como esses elementos dispõem-se em diálogo nas
narrativas, colocando-se como reveladores de um “descaso social”.
O dialogismo constituir-se-á no fio condutor das reflexões acerca das relações
existentes entre as narrativas, reflexões fundamentadas nas pesquisas de Bakhtin, para
quem relações dialógicas são relações (semânticas) entre toda espécie de enunciados na
comunicação discursiva. “Dois enunciados quaisquer confrontados em plano de sentido
acabam em relação dialógica” (BAKHTIN, 2010, p.323).
Sendo assim, parte-se da ideia de que, por meio do processo dialógico, vozes
presentes nas narrativas renascem, revigoram-se, renovam-se, reforçam discursos, cada
qual a seu modo, assumindo sentidos novos e contornos próprios, de acordo com a época,
a intencionalidade de suas narrativas, bem como de outros fatores extralinguísticos.
A partir desses pressupostos, as narrativas Corda Bamba de Lygia Bojunga e Os
Invisíveis de Tino Freitas serão analisadas, aqui, como intercâmbio cultural de imagens,
trocas culturais e respostas, como consta nos estudos de Bakhtin, réplicas de um diálogo
maior, buscando-se evidenciar novos sentidos produzidos a partir do processo dialógico
que instauram:
2 | CORDA BAMBA
Aos 10 anos, Maria experimenta a solidão após presenciar a morte brutal dos pais
num espetáculo circense, onde todos, pai, mãe e filha, trabalhavam como equilibristas.
Brutal, numa representação do valor capitalista sobre o valor humano, uma vez que fora
imposto aos pais que se apresentassem sem as redes de proteção, objetivando atrair maior
público. Órfã, Maria necessita deixar o circo e morar com a avó. Sobreviver, a partir de
então, significa equilibrar-se. Maria é a menina que vive na corda bamba, tendo de um
lado o sonho, de outro, a dura realidade e abaixo de si, o abismo. E é sobre a corda,
semelhante a um objeto mágico, que Maria vai aprendendo a lidar com as adversidades
da vida, superando medos, traumas, tristezas, encontrando o equilíbrio necessário para
seguir adiante.
No livro, os sonhos de Maria apresentam-se como caminhos, passagens para
o autoconhecimento e aprendizagens sobre a realidade. Maria amarra uma ponta da
corda, ali, em seu quarto e a outra ponta, magicamente, no prédio à frente. Então inicia
a sua travessia, o seu desafio, equilibrando-se sobre a corda bamba, para, dessa forma,
atravessar a janela do edifício à sua frente, penetrando um lugar escuro e perturbador: um
corredor longo e cheio de portas.
À medida que Maria vai percorrendo o corredor escuro, portas vão se abrindo e
o leitor é levado a reconstruir e a conhecer a história da menina, por meio de cenas do
tipo flashback. Dentre as várias imagens que podem ser vasculhadas, a Velha da História
constitui-se como imagem fundamental na representação do pensamento de Lygia Bojunga.
Tal imagem é bem representativa dos contrastes que habitam o universo de Maria.
Uma mesa enorme, com muitas guloseimas, cuja fartura apresenta índices de desperdício.
A narração faz questão de enfatizar e repetir o nome da avó, uma mulher de tradições,
Mas assim tão grande... o papel que embrulhava a caixa estava colado na
parte de cima: a menina não alcançava. Dona Maria Cecília achou graça
e arrastou uma cadeira pra junto da caixa. A menina subiu na cadeira, foi
desgrudando o papel, ele abriu todo de repente, a tampa da caixa caiu pra
frente, a Menina pulou pro chão. E ficou olhando pra dentro da caixa sem
entender.
Maria rodeou a mesa pra poder ver o presente: de onde estava só dava pra
ver a cara da Menina: testa franzida, boca meio aberta.
O presente era uma velha. Mas não era de acrílico nem de borracha, era uma
velha de carne e osso (BOJUNGA, 2011, p. 108-109).
Dona Maria Cecília pegou a Menina, quis tapar a cara dela com uma festa:
-O quê?
A imagem do descaso atinge o ápice com a morte do presente: um fato que para a
avó parece ser tão corriqueiro quanto o de um brinquedo que deixa de funcionar por falta
de pilha ou bateria, restando a ele ser posto de lado, esquecido.
Assim, em Corda Bamba, emerge da própria complexidade, comum à realidade, a
figura da Velha da História, imagem que desconforta o leitor, abalando sua impressão de
segurança diante do real e que abre caminhos para se repensar a lógica que organiza a
sociedade. Na obra, a sensação de estranhamento é intencional e desejável, e busca atrair
a atenção do jovem leitor para o problema da indiferença social, decorrente de um sistema
desumano e que desumaniza.
Se, nas histórias tradicionais, são encontrados bonecos que desejam “virar gente
de verdade”, a Velha da História chama a atenção dos leitores para o processo inverso
que ocorre na sociedade, processo de “coisificação” que resulta de um sistema desprovido
de preocupação social, criando ramificações negativas: disparidade social, inversão de
valores, corrupção, miséria, servidão, entre outros.
E é por meio de uma visão redutora da realidade, num mundo de consumo, em que
o novo já nasce velho e pronto para ser substituído, que sua avó castradora - que trata a
própria neta como boneca: “-Esquece, minha boneca, esquece” (BOJUNGA, 2011, p.122) -
interioriza, sem exercício crítico, os valores de uma sociedade materialista e individualista,
que entende que o dinheiro pode obter o que quiser e converter seres humanos em objetos,
ou mesmo, invisibilizá-los.
4 | OS INVISÍVEIS
A obra Os Invisíveis inicia-se com a marcação de tempo das histórias tradicionais:
“Era uma vez um menino com um superpoder” (FREITAS, 2013, p.5-6).
Era uma vez é uma expressão que possibilita encaminhar o leitor para o tempo
mágico das histórias, por meio da voz de um narrador, conhecedor dos fatos narrados.
Aqui, o narrador conta ao leitor a história de um garoto especial, mas não revela o seu
nome, uma vez que, assim, pode-se conceber a representação de qualquer criança.
Figura 1 - Ilustração de Renato Moriconi para o livro Os Invisíveis; texto de Tino Freitas.
O texto é narrado com habilidade por um narrador que busca confundir o leitor,
‘brincando’ de construir e desconstruir imagens, inserindo o estranhamento, conferindo à
narrativa um tom lúdico com potencial realista e crítico.
A narrativa introduz o tema das capacidades sobre-humanas, despertando no leitor
a imagem de um garoto super-herói, imagem que cede espaço ao sentimento de surpresa
à medida que o leitor vai adentrando a história e, por meio das ilustrações, levantando
questionamentos acerca de tais superpoderes.
O superpoder do protagonista consiste em enxergar o que de fato não está oculto,
mas que a organização social faz ocultar: o imenso grupo de pessoas que se encontra
numa situação desfavorecida na sociedade: mendigos, vigilantes, vendedores ambulantes,
dentre outros. Uma organização social que não oferece oportunidades reais a todos e
5 | O DIÁLOGO
As narrativas dialogam entre si, ao mesmo tempo em que respondem aos temas
de sua época. Os 34 anos que as separam, Corda Bamba data de 1979 e Os Invisíveis
de 2013, não impediram o diálogo que reafirma a preocupação com diferenças sociais e
descaso com questões da população menos favorecida da sociedade. Questões pertinentes
a um mundo ambivalente, num tempo de grandes contradições, abismos sociais, falta de
estabilidade, laços enfraquecidos, conceitos relativos, incertezas, oscilação de regras, falta
de durabilidade das coisas, consumismo e criação de necessidades, medo; fatores que se
intensificam com o passar do tempo e que contribuem para a formação de um sentimento
de insegurança, insatisfação e de uma mentalidade individualista em detrimento da social,
como reflete Bauman sobre a contemporaneidade:
Contudo, esse não é o final da história. As pessoas que ficam de fora do jogo
também são deixadas sem uma função que possa ser vista como “útil”, muito
menos indispensável para o suave e lucrativo funcionamento da economia.
Não são necessários como os supostos produtores, são considerados força
propulsora da prosperidade econômica (esperamos que a recuperação
“guiada pelo consumidor” nos tire dos problemas econômicos), os pobres
Um único ato de crueldade tem mais possibilidade de atrair para as ruas uma
multidão de manifestantes que as doses monotonamente administradas de
humilhação e indignidade a que excluídos, os sem-teto, os degradados são
expostos dia após dia (BAUMAN, 2014, p.56).
6 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo objetivou apresentar possíveis diálogos entre as narrativas Corda
Bamba da escritora Lygia Bojunga e Os Invisíveis de Tino Freitas, - com ilustrações de
Renato Moriconi – narrativas capazes de provocar discussões sobre a realidade e que,
ao deixarem transparecer certa descrença na capacidade sensível do adulto, apostam no
poder transformador dos jovens, investindo no discurso que busca despertá-los para o
problema da insensibilidade social.
Acredita-se que o estudo comparatista possibilita, por meio do diálogo intertextual,
colocar em evidência aspectos importantes de obras que poderiam ser desprezados,
caso fossem estudadas isoladamente; podendo-se destacar, neste caso, as diferentes
leituras que podem ser realizadas referentes à ideia de descaso social e imagens de
insensibilidade, bem como novos sentidos que podem emergir a partir da imagem da Velha
da História e dos personagens de Os Invisíveis acentuados pela relação dialógica. Imagens
que levantam questionamentos sobre a construção e a lógica que organizam a realidade,
questionamentos que não são novos, mas que ainda não se encontram esgotados em
termos de análises.
Tais elementos contribuem para reforçar a relevância da arte literária na
desconstrução de visões de mundo e na reavaliação de conceitos, e fazem com que
narrativas voltadas ao público juvenil ao trabalharem temas dessa complexidade, ao mesmo
REFERÊNCIAS
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BAUMAN, Zygmunt. A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Rio de Janeiro,
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BOJUNGA, Lygia. Corda Bamba. 24ª ed. Rio de Janeiro, Casa Lygia Bojunga, 2011.
CUNHA, Maria Zilda da. Na tessitura dos signos contemporâneos: novos olhares para a literatura
infantil e juvenil. São Paulo: Humanitas/Paulinas, 2009.
FREITAS, Tino. Os invisíveis. (Ilustrações de Renato Moriconi) Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2013.
GREGORIN FILHO, José Nicolau. Figurativização e imaginário cultural. UNESP, Araraquara, 2002.
1 | INTRODUÇÃO
Este texto defende que de acordo com a Ideologia da empresa jornal, algumas
questões sociais são transformadas em áreas semânticas para a ancoragem de diferentes
notícias, elaboradas estrategicamente, pelo escândalo a fim de atrair leitores. Assim, para
atrair os leitores, entende-se que a grande estratégia utilizada pelos jornalistas é construir
a notícia pelo escândalo e pelo sensacionalismo. O problema apresentado consiste em
examinar de que forma o poder jornalístico constrói a notícia como escândalo para seu
público leitor, de modo a inter-relacionar fatos sociais com acontecimentos do mundo
e rupturas com a memória social, com o objetivo de produzir, por meio de um conjunto
de estratégias, valores negativos e/ou positivos atribuídos a um acontecimento, a fim de
haver a reação pública. Para tanto, Austin (1962) vai buscar respostas para as seguintes
questões: que é que se faz, quando se diz alguma coisa? Note que, quando se diz algo,
realizam-se três atos: o ato locucionário (ou locucional); o ato ilocucionário (ou ilocucional)
e o ato perlocucionário (ou perlocucional). Assim, a partir das contribuições do modelo
sócio-comunicacional de Charaudeau (2008) foi possível verificar a intenção de quem fala
ao fazer saber algo, fazer crer no que está sendo dito e fazer sentir uma emoção a partir do
dito, dessa forma, é possível verificar o princípio de felicidade proposto por Austin (1962)
ao constatar a execução e a realização da intenção projetada pelo enunciador, por meio
da palavra. Essa projeção pode causar várias sensações como a risível, a indignação e
até a dramática, mas para fazer o leitor sentir, é necessário, a noção de comparação por
similitudes. Desse modo, verificou-se a construção dos escândalos pelo sensacionalismo
e suas repercussões na construção das áreas semânticas que tem como pressuposto,
questões sociais que incomodam o poder da empresa jornal. Para tanto, usa de diferentes
estratégias que vão da informação à sedução retórica; entre elas, a construção do fato
jornalístico como uma narrativa que é contada em sua progressão semântica, diariamente.
As categorias semânticas que orientam a escolha dos fatos selecionados são Atualidade
e Inusitado; dessa forma o leitor não é observador direto do fato, mas toma conhecimento
dele pela notícia, sendo obrigado, dessa forma, a aceitá-la.
3 | MULTIMODALIDADE E CONTEXTOS
Na vertente da Semiótica Social, Kress e Van Leeuwen (1990) investigam o valor das
categorias da linguística sistêmica para análise das imagens visuais e tratam de determinar
como essas categorias se realizam nas figuras. Entre as categorias tratadas, apontam
as textuais sistêmicas “dado” e “novo” para a análise de textos multimodais. A seleção
lexical é um recurso de grande importância, pois, é através dela que se estabelecem
as oposições, os jogos de palavras, as metáforas, o paralelismo rítmico, etc. Existem
palavras que, colocadas estrategicamente no texto, trazem consigo uma carga poderosa
de implícitos. Entende-se que a construção do texto e produção de sentidos decorre do
processamento cognitivo da informação, por meio das formas de conhecimento sociais
e individuais, assim é fundamental considerar as relações cotextuais e contextuais entre
imagens e textos na construção do fato noticioso. Assim, a construção do escândalo pelo
sensacionalismo transforma o lícito em ilícito para verificar o que os jornais objetivam de
seus leitores com a notícia jornalística. O escândalo envolve a transgressão de certos
valores, normas ou códigos. Esta transgressão é situada entre a transformação do lícito em
Fonte: https://www.facebook.com/olavo.decarvalho/posts/10157119095112192
Em sua postagem no Facebook (07/05) ele diz: “Há coisas que nunca esperei ver,
mas estou vendo. A pior delas foi altos oficiais militares, acossados por afirmações minhas
que não conseguem contestar, irem buscar proteção escondendo-se por trás de um doente
preso a uma cadeira de rodas. Nem o Lula seria capaz de tamanha baixeza”. O cadeirante
em questão é o general Eduardo Villas Boas, que sofre de doença degenerativa.
Fonte: https://twitter.com/opropriolavo/status/1125537554063818752
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AKIRA DE ALENCAR BORGES BESSA - Graduada em História pela Universidade Católica de Goiás
(2002). Especialista em Formação Sócio Econômica do Brasil pela Universidade Salgado de Oliveira
(2004). Tem experiência na área da Educação desde 2000, atuando na rede pública e privada de
Aparecida de Goiânia - GO e Goiânia - GO, para as turmas iniciais e finais do Ensino Fundamental
II, Ensino Médio e Curso Preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Professora
P-IV na SEDUC - GO, desde 2012. Mestranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em
Educação – Mestrado Acadêmico da Faculdade de Inhumas – FacMais –Turma 2019/1. E-mail: akira@
aluno.facmais.edu.br
A
Análise 38, 44, 82, 87, 119, 120, 121, 123, 125, 126, 127, 131, 136, 162
Análise Crítica do Discurso 82, 162
Aprendizado 15, 28, 29, 94
D
Dialógica 10, 88, 93, 97, 98, 100, 126, 127, 128, 131, 153, 160
Discurso 10, 15, 16, 18, 24, 38, 44, 47, 60, 67, 68, 70, 71, 82, 98, 99, 101, 104, 105, 106,
110, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 145, 146, 147, 148,
150, 151, 160, 162, 164, 169, 170
E
Ensino 8, 12, 15, 16, 30, 39, 43, 44, 59, 60, 65, 66, 67, 69, 87, 109, 110, 112, 126, 132,
171, 172
Ensino de Língua Portuguesa 30, 66, 126
Entrevista 119, 120, 122, 123, 124
Enunciação 66, 68, 70, 108, 119, 120, 122, 123, 124, 125
Escrita 3, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 14, 17, 19, 25, 39, 59, 60, 62, 64, 75, 88, 89, 90, 91, 92,
93, 102, 103, 108
Estrutura Discursiva 126
Estudo de Caso 72
Estudo de Texto 66
Etnografia 1, 2, 4, 6, 7, 82
F
Ferramentas Digitais 15, 16, 17, 19, 21, 23
Formação Docente Inicial 126
I
Interpretação Textual 38, 40
L
Leitura 3, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 23, 24, 27, 31, 37, 39, 40, 41, 43, 44,
61, 64, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 95, 98, 99, 100, 103, 108, 109, 110, 113, 135, 151, 162, 170
Letramentos 1, 2, 3, 4, 6, 15, 17, 19, 24
Libras 25, 26, 27, 28, 29, 30
Língua Portuguesa 10, 13, 14, 15, 16, 26, 30, 38, 59, 60, 63, 64, 65, 66, 67, 86, 94, 110,
M
Mapas Conceituais 15, 16, 19, 20, 21, 23
Metodologia Ativa 60, 94, 95, 97, 99, 110
N
Narração Infantil 53
Narrativa 32, 33, 34, 35, 56, 72, 74, 88, 90, 93, 98, 99, 110, 111, 157, 159, 163
P
Pastoral 31, 32, 33, 34, 35
R
Recurso Pedagógico 94, 95
Referenciação 145, 147, 150, 151
T
Textos Multimodais 24, 38, 40, 42, 162, 165
V
Vídeos 38, 39, 40, 42, 43, 96