JUS2888 Degustacao
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MANUAIS
de PRÁTICA
Coord.: FILIPPE AUGUSTO
DOS SANTOS NASCIMENTO
MANUAL DE
PEÇAS PRÁTICAS
PARA CARREIRAS
JURÍDICAS
Sentença Cível
2023
CAPÍTULO II
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2. TEMPO DE PROVA
Inicialmente, não pode o candidato a concurso de juiz, notadamente nas
provas escritas, ignorar previamente o tempo conferido pelo edital para findar
a resposta no texto definitivo. É que, exaurido o prazo regulamentar, deve o
candidato abster-se de inserir qualquer caractere em sua folha de respostas sob
pena de, conforme previsão contida na maioria dos editais de concurso público,
pronta eliminação do certame.
Dessa forma, em não havendo boa gestão da duração de prova, pode o can-
didato mais bem preparado deixar de pontuar adequadamente em virtude de
não haver tempo suficiente para exaurir seus conhecimentos na transmissão da
resposta para a folha. No pior dos cenários, como se anteviu, em desobediência
à ordem de parada, será eliminado da disputa, não havendo sequer chance de
que o conteúdo jurídico já exposto seja avaliado pela banca examinadora.
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Destarte, a logística de tempo de prova deve ser muito bem pensada e apli-
cada para que não haja dano no concurso, seja por decréscimo de nota, seja por
eliminação, o que tão somente demanda planejamento prévio.
Dispõe o art. 51 da Resolução nº 75/2009 que “o tempo mínimo de duração
de cada prova será de 4 (quatro) horas”. Então, para todo e qualquer certame de
magistratura, o tempo mínimo a ser ofertado pela banca examinadora ao can-
didato para elaboração de seu texto é de quatro horas. Sem prejuízo, se verifica
na praxe que muitos editais de modo específico deferem tempo de prova de
cinco horas. Assim, imprescindível que o candidato verifique no seu edital qual
o tempo de resposta autorizado pelo concurso.
Feito isto, deve o candidato, necessariamente, aplicar o tempo de prova
editalício em seus treinos individuais antecedentes, a fim de que se crie o hábito
com o lapso conferido, seja apressando a finalização da resposta, seja dilatan-
do-a, oportunidade, neste último caso, em que poderá se preocupar em melhor
gestar e destacar com excelência seus argumentos a serem inseridos no texto.
O candidato já deve ter em mente o tempo disponível para cada ato pró-
prio em sua resposta. Como se sabe, no dia da prova, o candidato recebe um
enunciado, algumas folhas de rascunho e as de texto definitivo, sendo o gerente
de seu próprio tempo para entregar estas preenchidas até o fim do exame. As-
sim, o candidato despenderá tempo para a leitura do enunciado e compreensão
do caso, para a busca pelos argumentos jurídicos e dispositivos de lei regentes,
para planejamento de resposta e para transcrição do texto definitivo.
Diante deste cenário, é interessante que o candidato já tenha uma pro-
gramação temporal prévia consigo para perpassar por cada uma das fases de
resposta. Por exemplo, em uma prova de quatro horas, pode o candidato pre-
estabelecer para si, como razoável, vinte minutos para a leitura do enunciado e
compreensão do caso, quarenta minutos para estabelecimento dos fundamen-
tos jurídicos e dispositivos de lei, trinta minutos para organização da resposta
e duas horas para a redação do texto definitivo (insisto que a referida logística
é meramente exemplificativa e pode não se amoldar na individualidade do lei-
tor).
Deste modo, caso durante o estudo dos argumentos jurídicos e da escolha
do embasamento legal, doutrinário e jurisprudencial a ser trabalhado, perceba
o candidato que transcorreu uma hora e quinze minutos de prova, é prudente
que acelere o passo para alçar o início da transcrição de resposta.
Ressalvo, contudo, que, como advertido, os prazos supra estabelecidos
servem apenas como exemplo e que o cumprimento ou não da programação
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3. ESPAÇO DE PROVA
Além do tempo de prova, precisa-se ter bastante cuidado com o espaço de
prova disponibilizado para resposta. É que, na maior parte dos concursos de
magistratura, há limitação de laudas/linhas para confecção de resposta.
Alguns certames, é certo, mesmo constando limitação editalícia, são bas-
tante generosos, permitindo um cauteloso relaxamento do candidato em rela-
ção à disponibilidade para resposta. Outros, entretanto, nem tanto, merecendo
atenção para utilização precisa e inteligente do que ofertado pelo examinador,
com gestão adequada da quantidade de linhas.
Para estar mais bem preparado, deve-se conhecer a sistemática específica
do concurso que está sendo prestado, no ponto, seja pela previsão editalícia,
quando houver, seja pelo estudo de provas anteriores da mesma banca ou tri-
bunal, aplicando a informação nos treinos preparatórios para habitualização.
Sobre esse aspecto, várias observações são pertinentes quando for a hipó-
tese de exíguo campo de resposta.
A primeira delas consiste em acautelar-se com o tamanho da letra e o espa-
çamento entre palavras. Outrossim, embora visualmente possa se revelar mais
apresentável, não é prudente pular linhas.
Outra dica que pode ser válida é vislumbrar uma extensão demasiada da
abordagem exigida em confrontação com o espaço disponibilizado, oportuni-
dade em que deve ser evitada a capitulação expressa da sentença para economi-
zar linhas preciosas para inserção de conteúdo.
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CAPÍTULO IV
ELEMENTOS DA SENTENÇA
1. RELATÓRIO
O inciso I do art. 489 do CPC é bem elucidativo e já esclarece o conteúdo
básico a conter em um relatório, motivo por que de rigor a sua reprodução:
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com
a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências
havidas no andamento do processo;
(...)
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2. FUNDAMENTAÇÃO
Rege o inciso II do art. 489, por sua vez, que os fundamentos são elementos
essenciais da sentença, “em que o juiz analisará as questões de fato e de direito”.
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3. Art. 459. O juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido formula-
do pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, o juiz decidirá em forma
concisa.
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Ademais, insta observar que, conquanto o art. 489, § 1º, IV, do CPC exija
análise de todos os argumentos apresentados, há corrente doutrinária forte que
dispensa a análise de pontos e questões já previamente debatidas no âmbito das
decisões de observância impositiva, listadas no art. 927 do CPC6. Nestes casos,
cabe ao julgador providenciar a subsunção do caso sob exame à tese fixada pela
Corte Superior. É o teor do enunciado nº 594 do Fórum Permanente de Proces-
sualistas Civis – FPPC7.
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Aqui, uma vez mais, insisto no disclaimer. Para a praxe forense, é de grande
valia o domínio dessas interpretações mais estritas do dever de fundamentar,
haja vista que as metas impostas pelo Conselho Nacional de Justiça e o assober-
bamento de demandas nos escaninhos físicos e/ou virtuais das unidades obriga
a que o juiz se paute por uma atuação mais racional, focada em eficiência, com
vistas a decidir, com a maior qualidade possível, o maior número de feitos.
Entretanto, para concursos públicos, é essencial, como já se alertou opor-
tunamente em tópico precedente, versar acerca de absolutamente todos os pon-
tos e questões que emanem do enunciado, considerando-se que não se sabe
quais deles constarão no paradigma de avaliação do examinador.
De bom tom ressalvar, outrossim, o entendimento pretoriano manifestado
no AREsp 1.267.283-MG, segundo o qual, para fins do art. 489, § 1°, VI, do
CPC, não se considera como precedente a invocação de julgado "simples" e iso-
lado, afastando, assim, o dever de o magistrado especificamente dispor acerca
da sua não incidência caso decida em sentido adverso. A Corte explicitou que o
referido dispositivo deve ser lido conjuntamente com o art. 927 do CPC, o qual
elenca os chamados precedentes vinculantes ou qualificados, que devem ser
observados pelos juízes e tribunais, estes, sim, exigindo demonstração de dis-
tinguishing (distinção) ou overrulling (superação) para que julgue contra suas
conclusões o magistrado.
Com isso, depreende-se que o julgador não está obrigado a se manifestar
individualmente sobre julgados/precedentes de mero caráter persuasivo, não
infringindo tal postura o dever de fundamentação da decisão judicial.
Em igual sentido, o STJ definiu que o julgador não precisa se debruçar
acerca de julgados indicados na argumentação da parte, ainda que tenham se
formados em nível de qualificação, nos termos do art. 927 do CPC, que tenham
sito prolatados por tribunais de segundo grau distintos do qual está vinculado
o juiz, por disporem, neste caso, tanto quanto, de pura persuasão, não havendo
falar em obrigatoriedade por falta de hierarquia funcional entre o decisor e a
corte que os produziu8.
8. (...)
2- Os propósitos recursais consistem em definir: (i) se o dever de seguir enunciado de súmula, juris-
prudência ou precedente invocado pela parte, previsto no art. 489, §1º, VI, do CPC/15, abrange tam-
bém o dever de seguir julgado proferido por Tribunal de 2º grau distinto daquele a que o julgador está
vinculado; (ii) se o valor existente em previdência complementar privada aberta na modalidade VGBL
deve ser partilhado por ocasião da dissolução do vínculo conjugal; (iii) se a apresentação de declaração
de imposto de renda com informação incorreta tipifica litigância de má-fé; (iv) se é possível partilhar
valor existente em conta bancária alegadamente em nome de terceiro.
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3- A regra do art. 489, §1º, VI, do CPC/15, segundo a qual o juiz, para deixar de aplicar enunciado de
súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, deve demonstrar a existência de distinção
ou de superação, somente se aplica às súmulas ou precedentes vinculantes, mas não às súmulas e aos
precedentes apenas persuasivos, como, por exemplo, os acórdãos proferidos por Tribunais de 2º grau
distintos daquele a que o julgador está vinculado.
(...)
(REsp n. 1.698.774/RS, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 1/9/2020, DJe
de 9/9/2020.)
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CAPÍTULO VI
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2. Na prova de sentença cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, o enunciado adotou a
forma de relatório, de maneira que caberia ao candidato iniciar a resposta de texto definitivo imedia-
tamente pela fundamentação:
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
XLVII CONCURSO PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA DE CARREIRA DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO
SENTENÇA CÍVEL
Leia o relatório abaixo com atenção, presumindo a veracidade de todas as alegações feitas. Limite-se
à fundamentação e à parte dispositiva. Enfrente todas as questões explícita e implicitamente propos-
tas, mencionando na fundamentação todos os artigos eventualmente pertinentes, cuja correta cita-
ção será levada em consideração pela banca. AS QUESTÕES JURÍDICAS SUSCITADAS DEVERÃO
SER SOLUCIONADAS, AINDA QUE O CANDIDATO DECIDA EXTINGUIR O PROCESSO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO OU VENHA A ACOLHER EVENTUAIS PRELIMINARES OU PRE-
JUDICIAIS.
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1. RELATÓRIO
Através do relatório, repetindo o que já se antecipou, o juiz vai indicar
o nome das partes e identificará o caso, narrando a síntese das teses autorais
e de defesa, bem como apontando as principais ocorrências e intercorrências
processuais, tal como comanda o art. 489, I, do CPC, já oportunamente repro-
duzido e analisado. No linguajar coloquial, o julgador conta a “historinha” do
caso e do processo.
No que tange à linguagem a ser adotada nesta parte da sentença, é a des-
critiva, narrativa, ou seja, não se autoriza valoração de qualquer espécie, ainda
que minimamente, neste trecho do ato. Está-se tão somente a descrever o que
se dera no processo até então, desde os pedidos formulados às teses de defesa,
além de narração dos principais eventos ocorridos no processo. Não só, pois,
é impertinente e inoportuno, como tecnicamente equivocado, o redator emitir
juízo de valor nesta sede, devendo-se redigir o texto de maneira criteriosamen-
te expositiva.
Ö Exemplo negativo:
Ö Exemplo positivo:
Com efeito, o campo próprio para a atividade valorativa sobre as teses jurí-
dicas aventadas e acerca das provas coligidas aos autos, como se verá com mais
acurácia mais adiante, é a fundamentação.
Outrossim, tanto na praxe como em certames de magistratura, o redator
da sentença cível deve proceder ao relatório com parcimônia, sendo prescin-
dível que se relate especificamente cada ponto, argumento, tese ou ocorrência
processual. Pode (deve), até para evitar a fadiga do leitor/examinador, restrin-
gir-se a narrar aquilo que, com maior ou menor importância, será considerado
para a conclusão jurídica que se adotará.
Portanto, o redator deve se concentrar nos aspectos relevantes para a de-
cisão a ser adotada, numa técnica premonitória de identificação das questões
principais a serem abordadas na fundamentação.
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Desta forma, não precisa o julgador, por exemplo, ao relatar, fazer constar
que houve emenda à inicial para retificar o valor da causa; que houve subs-
tabelecimento com reserva de poderes a outros advogados; que a parte fora
intimada para trazer novo endereço dos réus não localizados para citação etc.,
salvo se tais informações forem relevantes para alguma conclusão a ser adotada
em sentença.
O relatório, assim, deve ser sintético, não se alongando em demasia, nota-
damente sobre aspectos não relativos à decisão que se adotará.
Noutro ponto, impende destacar que o tempo verbal adequado para a
construção adequada do relatório é o passado, haja vista que se fará alusão
ao que já ocorreu.
No que tange ao seu início, propriamente, o julgador pode optar por dar
diretamente partida à narrativa ou pode inserir a expressão “vistos” logo antes,
como se verá adiante. Não se deve escolher, preferivelmente, a expressão “rece-
bidos hoje” para o início do ato, já que, no mais das vezes, etimologicamente,
não representa a realidade. Com efeito, o cenário do Poder Judiciário retrata
excepcionalíssimos casos em que o magistrado consegue despachar/decidir,
quanto mais sentenciar, um feito no exato dia de sua conclusão, sendo mais
usual que o magistrado apenas possa se debruçar sobre o caso apenas após al-
guns dias ou até meses após a devolução dos autos pela secretaria para análise
e impulsionamento.
Em relação ao substantivo identificador das partes, faculta-se a utilização
de autor/réu, promovente/promovido, requerente/requerido, livremente a gosto
do escritor, sem que haja preferência por quaisquer destas ou mesmo erronia
em sua adoção. É a regra.
Nas ações especiais, todavia, quando haja previsão de uma denominação
legal específica a se reconhecer às partes, é impositivo que se opte por ela, como
ocorre no mandado de segurança, nos embargos das mais variadas subespé-
cies, na oposição e no rito sumaríssimo, por exemplo:
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Documentos principais;
Tutela de urgência, se o caso;
Citação e audiência de conciliação, se o caso;
Contestação: teses de defesa preliminares e meritórias, nessa ordem;
Documentos principais;
Mera referência à réplica, salvo fatos novos;
Saneador, se o caso;
Principais fatos da instrução, se o caso.
Note, especificamente, que o relatório em provas de sentenças de concurso
público é normalmente dispensado. Deve-se atentar para tal informação, até
para que não haja dispêndio inútil de tempo de prova e/ou espaço de prova,
já que a sua elaboração não ensejará qualquer consequência em sede de nota
atribuída. Ao contrário, pode acarretar gratuito decréscimo de pontuação se o
candidato cometer algum equívoco linguístico.
A dispensa do relatório, insisto, deve vir expressa, podendo constar do
enunciado ou das advertências acerca da prova de sentença. Segue amostra ex-
traída do concurso CEBRASPE – TJPR – 2019:
Considerando os fatos relatados anteriormente, redija sentença cível, dan-
do solução ao caso. Analise toda a matéria de direito processual e material
pertinente ao julgamento, fundamentando suas explanações. Dispense o
relatório e não acrescente fatos novos.
3. No concurso da VUNESP – TJ/AC – 2019, o relatório não fora dispensado: “Deverá o candidato ela-
borar a sentença, de acordo com os artigos 489, 490 e 491 do CPC, vedada sua identificação. Ao final,
deverá assinar como Antônio José, Juiz de Direito da Vara Cível da Capital. Tanto assim que o espelho
de correção assim dispôs: “Atender aos artigos 489, 490 e 491 do CPC – deve indicar as partes e os res-
pectivos pleitos, isto é, síntese da inicial e da contestação. Não houve dispensa de relatório, observan-
do que o artigo 489, inciso I, do CPC o menciona expressamente.” O examinador, na ocasião, atribuiu
um ponto (de dez) à elaboração do relatório, pontuação substancial e que pode fazer a diferença na
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“Vistos.
I – RELATÓRIO
Cuida-se de ação de obrigação de pagar quantia certa interposta por
José em face de Maria pelo procedimento comum.
Narra o autor que alienara um par de brincos de ouro para Maria,
no valor de R$ 500,00, para pagamento trinta dias após a compra, porém
esta não o realizou na data aprazada.
Requereu a concessão dos auspícios da gratuidade judiciária, bem
assim a condenação à quitação contratual. Suplicou, outrossim, imputa-
ção de custas e honorários de sucumbência a Maria, estes à razão de vinte
por cento do valor da condenação.
Juntou contrato firmado entre as partes e termo de entrega da mer-
cadoria, fls..
Citada para comparecimento à audiência de conciliação, Maria se
ausentou injustificadamente, a teor do termo de fls..
Apresentou contestação de fls.. Na defesa, sustentou, preliminar-
mente, que o autor não era pobre na forma da lei, notadamente por não
ter sido apresentada qualquer documentação econômica ou fiscal neste
sentido, e, em mérito, que não possui condições econômicas atuais para
quitar a obrigação, propondo a entrega de um aparelho celular Xing Ling
como pagamento.
Não juntou documentos.
O autor, replicando às fls., argumentou fazer jus à gratuidade judici-
ária, pois, estando desempregado, promove aquisição de joias por opor-
tunidade, quando seus proprietários falecem e as repassam por valor
bem inferior ao de mercado. Outrossim, destacou que não aceitava o ce-
lular Xing Ling como pagamento, requerendo a condenação em pecúnia,
nos termos da inicial.
Juntou termo de não declaração de Imposto de Renda por perceber
rendimento anual inferior ao teto base às fls..
Vieram os autos conclusos.
É o relatório, passo a fundamentar e decidir.”
nota final, tendo o condão de implicar em eliminação do candidato ou em queda de sua classificação
no certame, notadamente porque, em se tratando de relatório, reputa-se ser um ponto “fácil”.
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“Vistos.
I – RELATÓRIO
(dispensado pelo enunciado)
É o relatório, passo a fundamentar e decidir.”
2. FUNDAMENTAÇÃO
É o momento de, à luz do caso narrado no relatório, expor os fundamentos
de fato e de direito que acarretarão a conclusão adotada, conforme o já aludido
art. 489, II, do CPC.
Na fundamentação, de rigor o abandono da linguagem meramente descri-
tiva e narrativa do relato para iniciar-se uma linguagem propriamente disserta-
tiva, considerando que já se deve dar curso à atividade argumentativa, visando
ao convencimento do leitor de que se alinha o ato à melhor compreensão sobre
o ordenamento jurídico que subjaz o quadro fático proveniente da demanda. Já
se exerce, então, a exposição dos argumentos que conduzirão o magistrado à
conclusão jurídica dispositiva.
Por esta razão, também, o tempo verbal adotado é o presente, pois não se
está fazendo alusão a fatos pretéritos, mas a argumentos contemporâneos pelos
quais se vale o juiz para julgar a causa.
Para aqueles que prestam concurso público de magistratura, aqui se en-
contra a aprovação do candidato. É na fundamentação que se concentra a
quantidade maior de pontuação da prova de sentença cível e é a base para a
demonstração ao examinador de que o intentante resta habilitado à prolação
de decisões judiciais robustas e sólidas.
Assim, antes de iniciar a parte de fundamentação, respire fundo e se pro-
ponha a fazer o melhor texto argumentativo de sua vida, observando de perto
a melhor técnica de construção da sentença e emitindo de modo mais completo
possível o conteúdo jurídico atinente ao caso proposto.
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M Segue modelo de apresentação do item. Veja-se que se deve dispor de modo bas-
tante breve:
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4.1. Conexão
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Enfim, note que a reunião dos processos conexos se restringe aos casos de
competência relativa, fixada no principal interesse privado das partes processu-
ais, não abrangendo, pois, casos em que a competência do juiz advém de norma
6. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Volume Único. Salvador:
Juspodivm, 2016.
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4.2. Continência
7. Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o
disposto nesta Seção.
8. (...)
2. Eventual existência de conexão entre demandas não é causa de modificação de competência absolu-
ta, o que impossibilita a reunião dos processos sob esse fundamento. A conexão por prejudicialidade
prevista no art. 55, § 3º, do CPC/2015 submete-se à previsão do art. 54 do mesmo diploma processual,
que limita as hipóteses de modificação de competência de natureza relativa.
3. Inviabilizada a reunião de processos, a multiplicidade de penhoras sobre o mesmo bem demanda
a definição da competência de um único juízo para recebimento dos créditos e posterior distribuição
entre os diversos credores, evitando-se decisões conflitantes e garantindo segurança jurídica.
(...)
(CC n. 171.782/SP, relator Ministro Moura Ribeiro, Segunda Seção, julgado em 25/11/2020, DJe de
10/12/2020.)
9. Art. 313. Suspende-se o processo:
(...)
V – quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação
jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa prova,
requisitada a outro juízo;
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4.3. Oposição
10. Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no pro-
cesso relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações
serão necessariamente reunidas.
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4.4. Reconvenção
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