JUS2356 Degustacao
JUS2356 Degustacao
JUS2356 Degustacao
Curso de
SENTENÇA
CÍVEL
Técnica • Prática • Desenvolvimento de habilidades
4ª
edição
revista, atualizada
e ampliada
2023
C apítulo I
1 Para maiores esclarecimentos sobre todas as fases do concurso da magistratura, bem como
dicas específicas de preparação para cada uma delas, vide: (REZENDE, Luiz Otávio. Concurso
para a magistratura: guia prático. Salvador: Juspodivm, 2022).
2 Art. 49, II e III, da Resolução n. 75/09. A partir desta previsão, conclui-se que os Tribunais
não podem mais exigir dos candidatos mais de duas provas de sentença, situação antes
vivenciada, por exemplo, nos certames do TJDFT, que, até o ano de 2008, submetia os
candidatos à magistratura distrital a quatro provas de sentença de matérias variadas em
dias subsequentes, cada um deles com uma nota mínima a ser alcançada para permitir a
aprovação do postulante ao cargo.
3 Artigo 50 da Resolução n. 75/09 do CNJ.
4 A inobservância de regra procedimental de divulgação de notas não acarreta a nulidade de
concurso público quando não demonstrado prejuízo aos concorrentes (AO n. 1395 ED / ES.
Rel. Min. Dias Toffoli. Julgamento: 24.06.2010. Órgão Julgador: Tribunal Pleno).
CURSO DE SENTENÇA CÍVEL • Fabrício Castagna Lunardi | Luiz Otávio Rezende
5 Essa foi a regra prevista nos editais dos certames do TJCE/2018 (provas já realizadas),
TJMG/2018 e TJBA/2018.
6 Art. 54, parágrafo único, da Resolução n. 75/09.
7 Artigo 52 da Resolução n. 75/09 do CNJ.
8 PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS PARA AUTORIZAR TRIBUNAIS DE JUSTIÇA A PERMITIR O USO DE
COMPUTADORES NA SEGUNDA FASE DO CONCURSO DE INGRESSO PARA A CARREIRA DA MAGIS-
TRATURA. IMPROCEDÊNCIA. PEDIDO PARAREALIZAR PROVA ORAL POR ARGUIÇÃO EM COMIS-
SÕES TEMÁTICA. IMPROCEDÊNCIA.1. O objetivo precípuo da Resolução nº 75 é “a imperativa
necessidade de editar normas destinadas a regulamentar e a uniformizar o procedimento e os
critérios relacionados ao concurso de ingresso na carreira da magistratura do poder Judiciário
nacional”.2. Autorizar os Tribunais a adaptar seus dispositivos internos em detrimento das regras
da Resolução nº 75 equivale a fulminar a própria Resolução.3. Improcedência do pedido. (PP
n. 0005476-63.2011.2.00.0000. Rel. Conselheiro NEVES AMORIM. Julgado em 06.12.2011).
9 Artigo 46 da Resolução n. 75/09 do CNJ.
10 Artigo 48, parágrafo único, da Resolução n. 75/09 do CNJ.
11 Artigo 53, § 1º, da Resolução n. 75/09 do CNJ.
12 Não há previsão no Edital ou na Resolução 75/CNJ de que a Banca Examinadora forneça aos
candidatos material de consulta. O parágrafo único do art. 46 da Res. 75 apenas estabelece
que a Comissão Examinadora poderá dirimir dúvidas durante a prova, mas não a autoriza a
distribuir qualquer tipo de subsídio para a sua realização. ETAPA ANULADA. (PCA n. 0005003-
09.2013.2.00.0000. Rel. Conselheira Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Julgado em 05.11.2013).
13 Em entendimento aplicável pelo Conselho Nacional de Justiça, a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal e a do Superior Tribunal de Justiça são pacíficas em não caber ao Poder
Judiciário, no controle jurisdicional de legalidade, substituir-se à banca examinadora nos
critérios de correção e atribuição de notas de provas, salvo em caso de erro grosseiro
ou de ilegalidade. É possível que a banca de qualquer concurso cometa erros de caráter
metodológico ou científico, mas isso, dentro de certos limites, é inerente à falibilidade e
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Capítulo I • ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE O CONCURSO PARA INGRESSO NA CARREIRA DA MAGISTRATURA
à subjetividade próprias de seleções na área das ditas Ciências Humanas, como o Direito.
De toda forma, não se verificou a ocorrência de erros na correção, neste caso. A adoção
do princípio do livre convencimento motivado do juiz aos candidatos em concurso público
é equivocada. Esse princípio diz respeito aos juízes, no exercício da função jurisdicional.
A tese autorizaria a conclusão de que qualquer resposta, em prova de natureza dissertativa,
aberta, desde que não teratológica, poderia ser tida por correta pela banca examinadora.
Isso inviabilizaria a correção das provas e a competitividade inerente ao concurso público.
A banca pode eleger determinada linha interpretativa do Direito, desde que amparada pela
legislação, pela jurisprudência ou pela doutrina. (PCA n. 0001270-35.2013.2.00.0000. Rel.
Conselheiro Wellington Saraiva. Julgado em 06.08.2013).
14 A necessidade de previsão exaustiva no conteúdo programático de todas normas e casos
julgados que poderiam ser usados pela Banca Examinadora nos certames foi devidamente
afastada pelo Supremo Tribunal Federal. Para a Corte Suprema, “havendo previsão de um
determinado tema, cumpre ao candidato estudar e procurar conhecer, de forma global, todos
os elementos que possam eventualmente ser exigidos nas provas, o que decerto envolverá o
conhecimento dos atos normativos e casos julgados paradigmáticos que sejam pertinentes,
mas a isto não se resumirá”, razão pela qual “não é necessária a previsão exaustiva, no
edital, das normas e dos casos julgados que poderão ser referidos nas questões do certame,
sob pena de se malferir o princípio da razoabilidade”. Assim, seguindo o raciocínio exarado
no citado aresto do STF, o candidato deve entender que “estudar cada um dos pontos do
programa do concurso deverá englobar, necessariamente, o estudo dos atos normativos e
casos julgados pertinentes, e não o contrário.” (STF. MS 30860/DF. Rel. Min. Luiz Fux.
Julgamento: 28.08.2012. Órgão Julgador: Primeira Turma).
15 PP n. 0000416-07.2014.2.00.0000. Rel. Conselheira Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Julgado
em 25.02.2014.
16 “RECURSO ADMINISTRATIVO EM PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. CONCURSO
PÚBLICO PARA INGRESSO NA CARREIRA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO PARÁ. PROVA DE
SENTENÇA CRIMINAL. ELABORAÇÃO E CORREÇÃO. AUTONOMIA DAS BANCAS EXAMINADORAS
PARA A ATIVIDADE. 1. É do entendimento deste Conselho Nacional de Justiça, com base em
inúmeros precedentes, que no tocante a elaboração de provas de concursos públicos para o
preenchimento de cargos do Poder Judiciário, bem assim a sua correção, deve-se zelar pela
autonomia dos Tribunais e das respectivas bancas examinadoras, ainda que terceirizadas,
cabendo a esta Casa apenas o exame de legalidade das normas previstas no edital do certa-
me, bem como dos atos emanados da comissão responsável pela organização do concurso.
2. Excepcionalmente, somente em casos de flagrante ilegalidade ou divergência inequívoca
com o que dispõe o edital, no que concerne aos atos praticados por bancas examinadoras de
concursos, compete a este CNJ atuar, mormente porque dentro da competência que lhe cabe
(CF, art. 103-B), não se trata este Conselho de instância superior administrativa revisora de
todo e qualquer ato praticado pela banca em questão. 3. Verificado, no caso concreto, que a
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CURSO DE SENTENÇA CÍVEL • Fabrício Castagna Lunardi | Luiz Otávio Rezende
38
Capítulo I • ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE O CONCURSO PARA INGRESSO NA CARREIRA DA MAGISTRATURA
à remoção ex ofício de servidor público (RMS 42.696/TO, de minha relatoria, Segunda Turma,
DJe 16/12/2014; AgRg no RMS 40.427/DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma,
DJe 10/9/2013; REsp 1.331.224/MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
DJe 26/2/2013) -, referida motivação deve ser apresentada anteriormente ou concomitante
à prática do ato administrativo, pois caso se permita a motivação posterior, dar-se-ia ensejo
para que fabriquem, forjem ou criem motivações para burlar eventual impugnação ao ato.
Nesse sentido, a doutrina especializada (Celso Antônio Bandeira de Mello, in Curso de direito
administrativo. 26 eds. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 112-113). Não se deve admitir como
legítimo, portanto, a prática imotivada de um ato que, ao ser contestado na via judicial ou
administrativa, venha o gestor “construir” algum motivo que dê ensejo à validade do ato
administrativo. Precedentes: RMS 40.229/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma,
DJe 11/6/2013; RMS 35.265/SC, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 6/12/2012).
É certo que alguns editais de concursos públicos não preveem os critérios de correção ou, às
vezes, embora os prevejam, não estabelecem as notas ou a possibilidade de divulgação dos
padrões de respostas que serão atribuídos a cada um desses critérios. Em tese, com suporte
na máxima de que “o edital faz lei entre as partes”, o candidato nada poderia fazer caso o
resultado de sua avaliação fosse divulgado sem a indicação dos critérios ou das notas a eles
correspondentes, ou, ainda, dos padrões de respostas esperados pela banca examinadora. Tal
pensamento, no entanto, não merece prosperar, pois os editais de concursos públicos não estão
acima da Constituição Federal ou das leis que preconizam os princípios da impessoalidade,
do devido processo administrativo, da motivação, da razoabilidade e proporcionalidade. Do
contrário, estaríamos diante verdadeira subversão da ordem jurídica (STJ, RMS 49.896/RS,
Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/04/2017, DJe 02/05/2017).
21 Não são necessários arroubos de treinamento. A resolução de uma sentença cível e outra
penal por semana já se mostra suficiente para um treinamento qualificado, desde que, é
claro, sejam respeitados pelo candidato os estritos termos que encontrará na prova real
(prazo determinado, folhas limitadas, necessidade de elaboração de relatório, impossi-
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CURSO DE SENTENÇA CÍVEL • Fabrício Castagna Lunardi | Luiz Otávio Rezende
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C apítulo II
ESTRUTURAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
DA SENTENÇA
Fabrício Castagna Lunardi
1. AS DECISÕES JUDICIAIS
Os pronunciamentos judiciais podem decidir determinada questão dentro
de um processo, ou ser simplesmente destinados a impulsioná-lo.
Os provimentos jurisdicionais com conteúdo decisório são denominados
de decisões em sentido amplo.
Tanto nos juízos de primeira instância como nos tribunais, os atos de
mero impulsionamento são denominados de despachos.
De outro lado, para definir e classificar as decisões em sentido lato, é
preciso distinguir as decisões proferidas pelo juízo de primeira instância e as
proferidas pelos tribunais, de segunda instância ou superiores.
No âmbito dos tribunais, as decisões em sentido amplo podem ser
classificadas em: a) decisões monocráticas (quando a decisão é proferida
por apenas um membro do tribunal); e b) acórdãos (quando a decisão é
proferida pelo órgão colegiado).
As decisões (atos judiciais com conteúdo decisório) do juiz de primeira
instância podem ser: a) decisões interlocutórias; e b) sentenças.
As decisões interlocutórias são aquelas que resolvem questão incidente
no curso do processo.
A sentença, por sua vez, “é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução”, consoante definição legal prevista
no art. 203, § 1º, do CPC.
Assim, o ato decisório “sentença” foi conceituado legalmente levando em
consideração tanto o efeito que causa no processo (pôr fim à fase cognitiva
CURSO DE SENTENÇA CÍVEL • Fabrício Castagna Lunardi | Luiz Otávio Rezende
1 Também nesse sentido Gajardoni, Dellore, Roque e Oliveira Jr.: “Assim, sentença, para o
Código, é o provimento que põe fim à fase cognitiva do processo ou extinga a execução
(critério finalístico), mas que também tenha o conteúdo estabelecido nos arts. 485 e 487
do Código (critério de conteúdo). Logo, sentença se tem pelo amálgama da finalidade
extintiva do processo com conteúdo predeterminado pelos arts. 485 e 487”. (GAJARDONI,
Fernando da Fonseca; DELLORE, Luiz; ROQUE, Andre Vasconcelos; OLIVEIRA JR., Zulmar
Duarte de. Processo de conhecimento e cumprimento de sentença: comentários ao CPC de
2015. Rio de Janeiro: Forense, 2016. pp. 513/514).
2 Segundo o art. 162, § 1º, do CPC/1973, alterado pela Lei 11.232/2005, sentença era “o
ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei”, que
estabelecia as hipóteses em que havia decisão com resolução e sem resolução de mérito,
correspondentes, respectivamente, aos atuais art. 485 e 485 do CPC.
3 Com esse entendimento, Marcus Vinicius Rios Gonçalves: “A sentença volta a ser concei-
tuada pelo conteúdo, e não pela aptidão de encerrar o processo em primeiro grau. Sempre
que o juiz examinar algum dos pedidos formulados na inicial, ele sentenciará, ainda que o
processo prossiga em relação aos demais. [...] Com a nova sistemática, como a sentença
não precisa mais pôr fim ao processo, haverá aqueles que terão mais de uma sentença,
cada qual julgando um dos pedidos formulados na petição inicial” (Novo curso de direito
processual civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 2. v. 2). No mesmo sentido, Marcos
Destefenni (Curso de processo civil. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 411-412. v. 1).
4 Nesse sentido, parcela substancial da jurisprudência do TJDFT: “Sepultando o critério formal
e o momento processual como critérios de identificação da sentença, o legislador proces-
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Capítulo II • ESTRUTURAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA SENTENÇA
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CURSO DE SENTENÇA CÍVEL • Fabrício Castagna Lunardi | Luiz Otávio Rezende
fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”. Uma interpretação
histórica do dispositivo não conduz a outra conclusão. Não se deve desenterrar um conceito
de sentença que já foi abolido pelo processo civil há muito tempo e do qual o processo
penal tenta incessantemente se desapegar. Definir a decisão judicial pelo conteúdo e não
pela finalidade é causar um retrocesso no processo civil, o que não deve ser admitido. Por
uma interpretação teleológica do art. 203, § 1º, do CPC, observa-se que a intenção da ino-
vação legislativa foi adequar a redação do dispositivo à nova sistemática de processo civil,
calcada no sincretismo do procedimento. Assim, o que pretendeu o legislador foi superar
o arcaico conceito legal de sentença, para que o referido dispositivo não mais dispusesse
que a sentença “põe termo ao processo”. Ademais, por uma interpretação sistemática,
não há como deixar de concluir que a sentença sempre foi e sempre será o ato final de
cognição do juiz na fase de conhecimento, ou que extingue a execução. Durante toda a
fase cognitiva, o juiz estabelece o contraditório, instrui o processo, sana as nulidades,
resolve as questões incidentes para, ao final, prolatar a sentença, declarando o direito
no caso concreto. Após, na fase executiva, o juiz encerra o processo com uma sentença.
Assim, não se pode compactuar com a ideia de que a sentença resolve questões incidentais,
preparando o processo para uma decisão final, que será outra sentença. Demais disso, do
ponto de vista prático, definir uma decisão interlocutória como sentença parcial implica
não ter um recurso cabível previsto no CPC, ou não ter um procedimento adequado para
processá-lo, o que, por si só, já seria fundamento para não o admitir. Felizmente, a dou-
trina majoritária, a posição da maioria dos tribunais pátrios e o entendimento pacífico do
Superior Tribunal de Justiça, mesmo durante a redação dúbia do CPC/1973, já era no sentido
de que a sentença deve ser definida também pelo seu efeito no processo, entendimento
que foi consagrado no CPC. (LUNARDI, Fabrício Castagna. Curso de Direito Processual Civil.
3. ed. São Paulo: Saraiva, 2019)
62
Capítulo II • ESTRUTURAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA SENTENÇA
7 “Por variados que sean los fines de la sentencia y los efectos que produzca, el primordial
es de hacer justicia. La implitude del concepto justicia supene una grave dificuldad para el
análisis de tan importante objetivo. Pero, em todo caso, ya se parta de la idea de intercambio,
o de las igualdad, legalidad, proporción, paz u orden, la sentencia deberá de armonizar, en
lo pertinente, todos los aspectos propios del caso concreto de su referencia. La sentencia
resuelve un caso conflictivo y restabelece el orden jurídico perturbado, dentro de la legalidad,
por supuesto, ya que es su cauce, pero com las matizaciones humanísticas que le permitan
los elementos de la interpretación o de la equidad.” (RODRÍGUEZ-AGULERA, Cesáreo. La
sentencia. Barcelona: Bosch, 1974. p. 94)
8 “Não se pode esquecer que a aspiração máxima do processo tradicional é dar a cada um o
que realmente é seu, ou seja, tornar concreto, diante da lei, o ideal de justiça, que só pode
ser alcançado quando o juiz conhece efetivamente a verdade dos fatos e a eles atribui as
consequências jurídicas previstas na lei ou nos princípios gerais do Direito.” (PORTANOVA,
Rui. Motivações ideológicas da sentença. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000.
p. 35)
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CURSO DE SENTENÇA CÍVEL • Fabrício Castagna Lunardi | Luiz Otávio Rezende
Com efeito, o art. 489 do CPC estabelece que “são elementos es-
senciais da sentença: I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a
identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o regis-
tro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II – os
fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as
partes lhe submeterem”.
Nos Juizados Especiais Cíveis, Estaduais ou Federais, e de Fazenda
Pública, é dispensável o relatório, nos termos do art. 38 da Lei 9.099/95,
ou seja, neles, o relatório é requisito facultativo.
No processo civil contemporâneo, há grande preocupação com as garantias
constitucionais, bem como com a legitimação da decisão judicial pela argu-
mentação. Desse modo, num sistema processual civil que preza por garantias
constitucionais, a estruturação e o desenvolvimento argumentativo da sentença
possuem grande valor. Por conseguinte, conhecer os requisitos da sentença e
saber aplicá-los dentro da técnica é fundamental.9
Forma 1:
I. RELATÓRIO
[...]
II. FUNDAMENTAÇÃO
[...]
III. DISPOSITIVO
[...]
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Capítulo II • ESTRUTURAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA SENTENÇA
Forma 2:
Trata-se de [...]
É O RELATÓRIO. DECIDO.
[...]
ANTE O EXPOSTO, [...]
10 Amaury Silva, de forma minoritária, prefere chamar esse terceiro item de CONCLUSÃO, ao
invés de DISPOSITIVO (Manual das sentenças e atos judiciais cíveis. 2. ed. Leme: J. H.
Mizuno, 2017). Contudo, a conclusão é um elemento de finalização do raciocínio silogístico
(premissa maior, premissa menor e conclusão), de modo que deve constar na análise de
cada questão na fundamentação. Desse modo, deve-se preferir o item DISPOSITIVO, pois
este é o elemento da sentença contém o seu comando.
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C apítulo III
1 O viés deste capítulo não é exaurir todos os temas relativos às ações analisadas, mas
apontar questões que vem sendo debatidas e cuja cobrança, numa prova real, têm maior
probabilidade de acontecer, razão pela qual o formato de escrita segue estratégia de es-
tudo, com a alocação da tese passível de cobrança, acompanhada dos argumentos para a
resolução do problema exposto, tudo a partir da jurisprudência dos Tribunais Superiores.
Ao final do capítulo, será colacionado quadro esquemático com as ações
cobradas nos últimos certames para o ingresso na magistratura estadual e fe-
deral, com a alocação, no que toca a algumas provas, do espelho de correção
adotado pela respectiva banca examinadora.
1. AÇÃO MONITÓRIA
Prevista nos artigos 700 e seguintes do CPC/15, a ação monitória é uma
grande aposta no estudo dirigido para os concursos da magistratura.
A justificativa da afirmação acima delineada deriva da possibilidade de
o pedido de conversão do mandado injuntivo em título executivo judicial ser
lastreado em uma infinidade de documentos, envolvendo assuntos relativos a
direito civil, direito do consumidor e direito empresarial.
Nesse cenário, é importante destacar os principais aspectos relativos ao
procedimento monitório2, bem ainda os pontos passíveis de arguição pelas
partes, com a respectiva resposta à luz não só do regramento aplicável, mas
também da jurisprudência prevalente das Cortes Superiores.
Em primeiro lugar, admitida a inicial3-4 (CPC, art. 701), e determinada a
expedição do mandado injuntivo, cumpre assentar que a defesa da parte ré
se dá, via de regra, por meio dos embargos à monitória (CPC, art. 702), e o
2 Como ensina Humberto Theodoro Júnior: “Os qualificativos monitório e injuntivo são
expressões indicativas de ordem, mandamento, imposição em seu significado léxico. E
o procedimento examinado recebe as denominações monitório ou injuntivo justamente
porque, em vez de iniciar-se por uma citação do réu para defender-se, principia por uma
ordem expedida pelo magistrado, determinando ao devedor que pague a dívida em prazo
determinado” (TEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: procedimentos
especiais. v. 2. 51. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. P. 403).
3 Para aprofundamento, na hipótese de conversão do mandado monitório inicial em executivo,
por força da inércia do devedor, insta delinear a divergência estabelecida no âmbito do STJ no
que toca à natureza da manifestação judicial. O julgado mais recente é no sentido de que “o
despacho proferido em procedimento monitório que converte o mandado inicial em mandado
executivo não detém natureza jurídica de sentença, tampouco é dotado de conteúdo deci-
sório, não sendo passível de oposição de embargos de declaração” (STJ, REsp 1432982/ES,
Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/11/2015, DJe
26/11/2015). Já o prolatado ainda em 2011 considerou que “tem natureza jurídica de
sentença a decisão que constitui o mandado monitório em título executivo judicial” (REsp
1120051/PA, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/08/2010,
DJe 14/09/2010).
4 O STJ já se manifestou no sentido de que “nada impede que o juiz, a despeito de ter
processado a ação monitória, julgue mais tarde, por ocasião dos embargos, insuficiente a
prova que a instruiu” (REsp 250.640/SE, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA,
julgado em 21/05/2002, DJ 05/08/2002, p. 327). Em sentido diverso, confira-se
precedente do mesmo STJ: (...) 6. Com a oposição dos embargos, adotado o procedimento
ordinário, não se mostra razoável a ulterior extinção da demanda a pretexto da inaptidão
272
Capítulo III • ASPECTOS EM DESTAQUE DOS PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
argumento base de boa parte das peças de resistência diz respeito a impres-
tabilidade do documento apresentado na inicial para fins de utilização do
procedimento previsto no artigo 700 do CPC.
Não raro, é trazida tese defensiva no sentido de que o documento que
lastreia a exordial não pode aparelhar a ação monitória, e, portanto, não
servirá para fins de conversão do mandado em título executivo judicial, na
forma legalmente prevista.
Conforme a jurisprudência do STJ, “a prova hábil a instruir a ação monitó-
ria, isto é, apta a ensejar a determinação da expedição do mandado monitório,
precisa demonstrar a existência da obrigação, devendo o documento ser escrito5
e suficiente para, de maneira efetiva, influir na convicção do magistrado acerca
do direito alegado, não sendo necessário prova robusta, estreme de dúvida, mas
sim documento idôneo que permita juízo de probabilidade acerca do direito
afirmado pelo autor6”.
Em outras palavras, “tal prova consiste em documento que, mesmo não
provando diretamente o fato constitutivo do direito, possibilite ao juiz presumir
a existência do direito alegado”7.
Em suma, são exigidos elementos indiciários da materialização de uma
dívida, seja essa relativa ao pagamento de quantia em dinheiro, entrega de
da prova para aparelhar o pedido monitório (AgInt nos EDcl no AREsp n. 1.882.828/SP,
relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 8/8/2022, DJe de 19/8/2022)
5 Cumpre recordar no ponto a previsão constante do artigo 700, § 1º, do CPC, no sentido de
ser possível o uso de prova oral documentada, produzida antecipadamente nos termos do
artigo 381 do CPC.
6 STJ, REsp 1197638/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
08/09/2015, DJe 29/09/2015. Destaca-se que “a prova hábil a instruir a ação monitória,
a que alude o artigo 700 do Código de Processo Civil, não precisa, necessariamente, ter
sido emitida pelo devedor ou nela constar sua assinatura ou de um representante. Basta
que tenha forma escrita e seja suficiente para, efetivamente, influir na convicção do
magistrado acerca do direito alegado” (STJ, REsp 1381603/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 06/10/2016, DJe 11/11/2016).
7 Como já decidiu o STJ: (...) A lei, ao não distinguir e exigir apenas a prova escrita,
autoriza a utilização de qualquer documento, passível de impulsionar a ação monitória,
cuja validade, no entanto, estaria presa à eficácia do mesmo. A documentação que deve
acompanhar a petição inicial não precisa refletir apenas a posição do devedor, que emane
verdadeira confissão da dívida ou da relação obrigacional. Tal documento, quando oriundo
do credor, é também válido – ao ajuizamento da monitória – como qualquer outro, desde
que sustentado por obrigação entre as partes e guarde os requisitos indispensáveis (REsp
680.519/MG, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12/04/2005, DJ
30/05/2005, p. 245).
273
CURSO DE SENTENÇA CÍVEL • Fabrício Castagna Lunardi | Luiz Otávio Rezende
8 CPC, art. 700: A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em
prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
I – o pagamento de quantia em dinheiro;
II – a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III – o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
9 STJ, REsp 1266975/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 10/03/2016, DJe 28/03/2016.
10 Há de se pontuar que o CPC/15 introduziu novas hipóteses de utilização do rito especial,
alargando o cabimento do rito monitório, como se percebe da dicção constante dos incisos
II e III do artigo 700 do CPC, que preveem a possibilidade de manejo da ação monitória
para a entrega de bens imóveis ou infungíveis, bem como para o adimplemento de obri-
gação de fazer ou de não fazer (CPC, art. 700, II e III). Como consequência lógica, pode-
-se se esperar tese defensiva no sentido de não cabimento da ação monitória quanto as
novas hipóteses delineadas, cuja resolução depende apenas da citação dos incisos acima
relacionados, que abarcaram no procedimento monitório a entrega de bens imóveis ou
infungíveis e adimplemento de obrigação de fazer ou não fazer.
11 STJ, REsp 1334464/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 15/03/2016, DJe 28/03/2016.
12 STJ, REsp 596.043/RJ, Rel. Ministro PAULO MEDINA, SEXTA TURMA, julgado em 02/03/2004,
DJ 29/03/2004, p. 287.
13 STJ, Súmula 229: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
14 STJ, REsp 646.829/RS, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado
em 16/02/2006, DJ 03/04/2006, p. 352.
15 STJ, REsp 286.036/MG, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado
em 15/02/2001, DJ 26/03/2001, p. 430.
274
Capítulo III • ASPECTOS EM DESTAQUE DOS PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
16 STJ, REsp 1266975/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 10/03/2016, DJe 28/03/2016.
17 STJ, Súmula 247: O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do
demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.
18 STJ, REsp 208.870/SP, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA,
julgado em 08/06/1999, DJ 28/06/1999, p. 124.
19 STJ, AgRg no AREsp 643.786/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,
julgado em 27/10/2015, DJe 16/11/2015; REsp 778.852/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 15/08/2006, DJ 04/09/2006, p. 269.
20 STJ, REsp 1381603/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
06/10/2016, DJe 11/11/2016.
21 STJ, REsp 925.584/SE, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
09/10/2012, DJe 07/11/2012.
22 STJ, Súmula 503: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de
cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão
estampada na cártula”.
275
CURSO DE SENTENÇA CÍVEL • Fabrício Castagna Lunardi | Luiz Otávio Rezende
23 STJ, Súmula 504: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de
nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao venci-
mento do título”.
24 STJ, AgInt no REsp n. 1.939.890/TO, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma,
julgado em 11/10/2021, DJe de 14/10/2021.
25 STJ, AgRg no AREsp 670.553/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,
julgado em 17/09/2015, DJe 08/10/2015; TJDFT, Acórdão n.889402, 20150110552483APC,
Relator: GISLENE PINHEIRO, Revisor: J.J. COSTA CARVALHO, 2ª TURMA CÍVEL, Data de
Julgamento: 19/08/2015, Publicado no DJE: 27/08/2015. Pág.: 189.
26 Na monitória, o termo inicial dos juros de mora segue a natureza da relação de direito
material, razão pela, nas hipóteses de dívida líquida com termo certo, conta-se o prazo do
inadimplemento. Nesse sentido: (...) embora juros contratuais em regra corram a partir da
data da citação, no caso, contudo, de obrigação contratada como positiva e líquida, com
vencimento certo, os juros moratórios correm a partir da data do vencimento da dívida.
O fato de a dívida líquida e com vencimento certo haver sido cobrada por meio de ação
monitória não interfere na data de início da fluência dos juros de mora, a qual recai no
dia do vencimento, conforme estabelecido pela relação de direito material (STJ, AgRg
no AREsp 782.176/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado
em 02/06/2016, DJe 09/06/2016). E ainda: (...) Tratando-se de obrigação positiva, líquida
e com termo certo de vencimento, a regra a incidir é a do art. 397, caput, do CC – dies
interpellat pro homine -, independentemente da espécie processual utilizada pelo credor,
para cobrar o seu crédito (STJ, AgRg no REsp 1389717/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO,
QUARTA TURMA, julgado em 24/02/2015, DJe 20/03/2015).
27 STJ, AgInt no AREsp n. 2.081.390/AL, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado
em 22/8/2022, DJe de 26/8/2022; AgInt no REsp 1452757/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 11/10/2016, DJe 18/10/2016; AgInt no AgRg no
AREsp 791.310/MS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 04/10/2016, DJe 18/10/2016.
28 Vide aqui o teor da Súmula 531 do STJ: “Em ação monitória fundada em cheque prescrito
ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à
emissão da cártula”. O autor não precisa mencionar o negócio subjacente. Entretanto,
necessário lembrar que ao réu é possível, por meio dos embargos à monitória, discutir a
causa debendi, cabendo a ele a iniciativa do contraditório e o ônus da prova. (STJ, AgInt
nos EDcl no REsp n. 1.820.169/MG, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma,
julgado em 6/6/2022, DJe de 8/6/2022)
276
C apítulo IV
O presente capítulo visa fornecer aos leitores uma visão geral da juris-
prudência sedimentada do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de
Justiça quanto as matérias Direito Civil e Processual Civil.
Sem dúvida, a correta compreensão do pensamento externado na juris-
prudência consolidada dos citados tribunais é o grande diferencial daquele
que domina o conteúdo das áreas do direito inerentes à elaboração da
peça cível, haja vista que boa parte dos problemas processuais e de mérito
vivenciados tanto na praxe forense quanto nos concursos para o ingresso
na carreira são resolvidos com a aplicação das súmulas e precedentes que
serão aqui expostos.
Por fim, cabe ressaltar que a organização dos itens dá prevalência às
súmulas e precedentes mais recentes, que espelham discussões atuais sobre
os temas tratados, razão pela qual são alvos preferenciais das bancas exami-
nadoras dos concursos da magistratura1.
1 Algumas súmulas não são objeto de exposição, já que não dizem respeito diretamente a
prolação da sentença cível, mas sim a outras situações processuais. A exposição se limita,
portanto, àquelas que servem ao propósito de redação do ato sentencial.
CURSO DE SENTENÇA CÍVEL • Fabrício Castagna Lunardi | Luiz Otávio Rezende
FAMÍLIA E SUCESSÕES
356
Capítulo IV • SÚMULAS E PRECEDENTES DO STF E STJ – DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL
Súmula 197 – O divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia
partilha dos bens.
CONTRATOS
Súmula 620 - A embriaguez do segurado não exime a seguradora do pagamento
da indenização prevista em contrato de seguro de vida.
Súmula 616 - A indenização securitária é devida quando ausente a comunicação
prévia do segurado acerca do atraso no pagamento do prêmio, por constituir
requisito essencial para a suspensão ou resolução do contrato de seguro.
Súmula 610 - O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência
do contrato de seguro de vida, ressalvado o direito do beneficiário à devo-
lução do montante da reserva técnica formada.
Súmula 609 - A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença
preexistente, é ilícita se não houve a exigência de exames médicos prévios
à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado.
Súmula 608 - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos
de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.
Súmula 602 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreen-
dimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas.
Súmula 597 - A cláusula contratual de plano de saúde que prevê carência para
utilização dos serviços de assistência médica nas situações de emergência
ou de urgência é considerada abusiva se ultrapassado o prazo máximo de
24 horas contado da data da contratação.
Súmula 586 – A exigência de acordo entre o credor e o devedor na escolha
do agente fiduciário aplica-se, exclusivamente, aos contratos não vinculados
ao Sistema Financeiro da Habitação SFH.
Súmula 566 – Nos contratos bancários posteriores ao início da vigência da
Resolução-CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008, pode ser cobrada a tarifa de ca-
dastro no início do relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira.
Súmula 565 – A pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de
emissão de carnê (TEC), ou outra denominação para o mesmo fato gerador,
é válida apenas nos contratos bancários anteriores ao início da vigência da
Resolução-CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008.
Súmula 564 – No caso de reintegração de posse em arrendamento mercan-
til financeiro, quando a soma da importância antecipada a título de valor
residual garantido (VRG) com o valor da venda do bem ultrapassar o total
do VRG previsto contratualmente, o arrendatário terá direito de receber a
respectiva diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio
desconto de outras despesas ou encargos pactuados.
Súmula 563 – O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades
abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos previ-
denciários celebrados com entidades fechadas.
357
C apítulo V
PROVAS SIMULADAS
Luiz Otávio Rezende
1. ENUNCIADOS
440
Capítulo V • PROVAS SIMULADAS
Dada vista aos réus, esses apenas mencionaram que o Sr. Gilson Cunha
é pai do réu-reconvinte (Fausto Macedo), como se percebe do documento de
identidade que acompanha a defesa (doc. 05).
Intimadas as partes a especificar provas, o Município requereu o julga-
mento do feito, e os réus postularam a produção de prova testemunhal, a fim
de comprovar a regular aquisição de boa-fé do bem.
A prova oral foi indeferida, ao argumento de desnecessidade para a
análise do mérito, em decisão não contestada, e, logo após, os autos foram
conclusos para sentença.
2. ESPELHOS PADRÃO
2.1 Exercício 1
Relatório
– Dispensa expressa pelo enunciado.
Julgamento antecipado
- CPC, arts. 355, I e 370, caput.
Preliminar
- Inépcia da inicial. Desocupação do imóvel. Situação que se amolda à previsão do
artigo 330, III, do CPC. Ciência pela autora da desocupação do imóvel relatada na
peça de ingresso. Pedido referente à rescisão do contrato e consequente despejo
desprovido de interesse, nas suas acepções utilidade e necessidade. Questão relativa
à entrega das chaves com conteúdo meramente formal. Falta de interesse de agir
reconhecida – CPC, art. 17.
Mérito
- Fixação da controvérsia. Existência de inadimplemento locatício apto a legitimar
o pedido de cobrança veiculado em conjunto com o despejo. - Deveres do locatário
estabelecidos no artigo 23 da Lei de Locações. Destaque para a previsão constante do
artigo 23, I e III. - Inadimplemento. Inocorrência. Contrato regularmente rescindido
por meio de notificação prévia, em respeito ao artigo 6º da Lei de Locações. Prazo
de 30 dias observado. Recusa das chaves sem respaldo legal. Não é lícito ao locador
condicionar o recebimento das chaves à prévia execução dos reparos eventualmente
devidos no imóvel e assim estender, ao seu alvedrio, o dies ad quem das prestações
mensais, pois a resilição é direito potestativo do locatário. Menção específica a ato da ré
no sentido de somente entregar as chaves do bem com a oferta de quitação ampla que
não se coaduna com a própria notificação expedida pela autora, que se limitava a
apontar a negativa de recebimento por força das faltas verificadas na vistoria feita em
setembro de 2019, sem mencionar, portanto, a possibilidade de recebimento do bem
com a ressalva ao direito à indenização por violação aos preceitos do art. 23 da Lei nº
8.245/91 (incisos II e III). - Recusa injusta constatada. Inviabilidade, assim, de
condenação da ré ao pagamento de qualquer verba locatícia a partir da resilição
operada, que, no caso em tela, coincide com a data da desocupação do imóvel.
477
C apítulo VI
I. RELATÓRIO
Trata-se de ação civil pública movida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO
DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS em desfavor de COMBO COMBUSTÍVEIS
LTDA (REDE GASOLINA) e outros em que pretende intervenção no domínio eco-
nômico fundamentando sua pretensão com os seguintes argumentos indicativos
de sua causa de pedir:
506