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Conselho Nacional de Justiça

PJe - Processo Judicial Eletrônico

10/03/2023

Número: 0000807-44.2023.2.00.0000
Classe: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO
Órgão julgador colegiado: Plenário
Órgão julgador: Gab. Cons. Marcos Vinícius Jardim Rodrigues
Última distribuição : 14/02/2023
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Concurso para magistrado
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
BRUNO DE SOUZA DE VIVEIROS (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
JORDANA CARDOSO DE MELO (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
THIAGO BATISTA VALIM (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
BARBARA MEIRELLES SOUZA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
BARBARA GONCALVES DALPONTE (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
DJONATAN ARIEL BACK (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
LIVIA MARIA FRANCO DA SILVEIRA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
CAUE PEREIRA MARTINS SANTOS (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
JULIANO PEDROSO PEREIRA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
DANILO PINHEIRO LIMA ROSA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
STEPHANIE MOLEDO BENEVIDES CARVALHO PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(REQUERENTE) (ADVOGADO)
VANESSA HARUMI IWASA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
JOSE WILSON DE ASSIS (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
MIRIAM TAVARES DE SA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
RODRIGO CORREA FRANCA SILVA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
SIMONE NOJIECOSKI DOS SANTOS (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
REBECA CORDEIRO DA ROCHA MOTA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
CLAUDIA ATHANASIO KOLBE (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
THAYANE FONSECA DE LIMA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
MARIANA DA SILVA DALBOSCO (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
ISABELA VIEIRA DE SOUSA GOUVEIA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
DIEGO GOMEZ LOURENCO (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
VICTOR MARTINS DINIZ (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
ELAINE SOARES (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
LEONARDO GAVA DE SOUZA NERY (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
JULIA MORAIS GARCIA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
DANIEL ALVES DA ROCHA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
RAISSA XAVIER VIDAL (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
JULIA OLIVEIRA NETO (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
DIOGO VALE DA SILVA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
CARLOS EDUARDO SIMOES MORAES (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
GABRIEL MIRANDA ACCHAR (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
ALINE RODRIGUES DE FRANCA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
ADRIANA FERREIRA DA SILVA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
HENRIQUE NORBERTO GONTIJO ABREU (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
JOAO ZACHARIAS DE SA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
JESSICA SILVEIRA ROLLEMBERG GOMES (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
VICTOR HUGO SOUSA SANTOS (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
VINICIUS RIBEIRO PEDRA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
DOUGLAS BRAIDA DE MORAES (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
ANDRE FRANCISCO GOMES DE OLIVEIRA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
FABIO DO ESPIRITO SANTO (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
JOHNATON MARTINS DE SOUZA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
CINTIA ALVES COSTA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
DIEGO LIBARDI RODRIGUES (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
ALANA DIAS SANTANA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
HEBER AUGUSTO NAKAUTH DOS SANTOS PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(REQUERENTE) (ADVOGADO)
DIEGO DENER ALVES (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
LUIZ EDUARDO DE GOUVEIA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
BARBARA BISOGNO PAZ (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
HEITOR JOSE DE JESUS MIRANDA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
FREDERICO RODRIGUES GONCALVES DE OLIVEIRA PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(REQUERENTE) (ADVOGADO)
ANA PAULA DE SOUZA MATHIAS NETTO (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
MANOEL ALVES PEREIRA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
ANDRE SILVA FERNANDEZ Y FERNANDEZ (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
GUILHERME MONTEIRO PAULINO (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
PAULA OLIVEIRA PEREIRA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
KARLA CRISTINA MANETA FERREIRA (REQUERENTE) PAULO SERGIO FERREIRA DE BARROS FILHO
(ADVOGADO)
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS -
TJMG (REQUERIDO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
50570 10/03/2023 12:07 Decisão Decisão
73
Poder Judiciário
Conselho Nacional de Justiça
Gabinete do Conselheiro Marcos Vinícius Jardim

Autos: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO – 0000807-


44.2023.2.00.0000
Requerente: BRUNO DE SOUZA DE VIVEIROS E OUTROS
Requerido: TRIBUNAL DA JUSTICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS – TJMG

DECISÃO

Trata-se de PROCEDIMENTO DE CONTROLE


ADMINISTRATIVO (PCA) proposto por BRUNO DE SOUZA DE VIVEIROS E
OUTROS, em face do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
(TJMG), no qual pedem, liminarmente, a suspensão dos efeitos do Edital
publicado em 03/02/2023 pela Comissão Examinadora do Concurso
Público para ingresso na carreira da magistratura da Corte mineira –
regido pelo Edital n. 01/2021 -, com o intuito de evitar a aplicação de
novas provas escritas da 2ª fase do aludido certame.

Os requerentes pontuam que o TJMG publicou o Edital n.


01/2021 (Id 5026068), pertinente ao Concurso Público de provas e títulos
para o provimento de 82 (oitenta e duas) vagas e formação de cadastro
de reserva para o cargo de Juiz de Direito Substituto, conduzido pela
Comissão de Justiça do Tribunal e executado pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV), dividido em 5 etapas: 1ª - prova objetiva seletiva; 2ª - prova
discursiva, prova de sentença cível e de sentença criminal; 3ª - inscrição
definitiva; 4ª - prova oral eliminatória; e 5ª etapa - prova de títulos.

Assinado eletronicamente por: MARCOS VINÍCIUS JARDIM RODRIGUES - 10/03/2023 12:07:55 Num. 5057073 - Pág. 1
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23031012075533300000004592140
Número do documento: 23031012075533300000004592140
Narram que a prova objetiva foi aplicada no dia 20/02/2022,
e no dia 27/04/2022 a banca examinadora divulgou o resultado final dos
aprovados na prova objetiva e a convocação para as provas da 2ª fase (Id
5026072), as quais foram aplicadas nos dias 14 a 16/05/2022, (prova
discursiva, prova de sentença cível e de sentença criminal - Id 5026076).

Informam que a FGV divulgou a lista preliminar de


aprovados na prova discursiva em 18/07/2022 (Id 5026077), porém, no
dia 03/02/2023, a Comissão do Concurso divulgou edital comunicando a
anulação da 2ª fase do concurso, sob a justificativa de que foram
proferidas decisões judiciais determinando a anulação de 01 questão da
prova objetiva. Nesta ocasião, comunicaram que seria divulgado novo
edital com as datas de reaplicação de todas as provas da 2ª fase (Id
5026081).

Ressaltam que as decisões judiciais foram proferidas no


bojo de 8 Mandados de Segurança (MS) impetrados perante o TJMG, os
quais tiveram as ordens concedidas para anulação de 01 (uma) questão
da prova objetiva e o acréscimo de 01 (um) ponto para os impetrantes.
Consignam que não houve pedido, discussão ou decisão judicial
relacionada à 2ª fase do certame.

Nesta senda, os requerentes - todos aprovados na primeira


prova discursiva da 2ª fase do concurso - pedem que o Conselho Nacional
de Justiça realize o controle administrativo do ato que anulou as provas
(Id 5026081), porquanto alegam a inexistência de motivo fático ou jurídico
que justifique a decisão. Defendem que a manutenção das provas da 2ª
etapa é questão que interessa a todos os candidatos participantes,
havendo repercussão geral necessária para a análise do caso pelo CNJ.

Alegam que o objeto dos MS era a anulação da questão 91


da Prova Objetiva Seletiva Tipo 2, e suas correspondentes (100 da prova
tipo 1 / 97 da prova Tipo 3 / 94 da prova Tipo 4), com a atribuição de
ponto aos respectivos impetrantes, e, além disso, argumentam que em
todos os writs houve a concessão de liminar, permitindo que aqueles
autores participassem da 2ª fase do concurso, na condição de sub judice,

Assinado eletronicamente por: MARCOS VINÍCIUS JARDIM RODRIGUES - 10/03/2023 12:07:55 Num. 5057073 - Pág. 2
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23031012075533300000004592140
Número do documento: 23031012075533300000004592140
como se observa dos editais publicados pela FGV (Ids 5026082, 5026083,
5026084, 5026085, 5026086, 5026087, 5026088, 5026089).

Nesse sentido, pedem a manutenção das provas realizadas


na 2ª fase do concurso, sob o argumento de que: i) todas as decisões
judiciais relacionadas à prova objetiva da 1ª fase foram cumpridas sem
afetar a realização da 2ª fase; ii) inexiste discussão judicial relacionada à
2ª fase do concurso; iii) inexiste qualquer mácula na aplicação das provas
escritas; e iv) a anulação das provas é medida que não encontra respaldo
de ordem fática, jurídica ou legal, além de ferir a razoabilidade, pois
prejudica todos os candidatos que participaram da 2ª etapa, e causa
graves transtornos ao próprio TJMG.

Arrazoam que o Estado de Minas Gerais interpôs Embargos


de Declaração contra o Acórdão proferido nos autos do MS n.
1.0000.22.106508-9/000 (Id 5026095), para esclarecer sobre o alcance da
decisão, ou seja, se a anulação da questão afetaria apenas o impetrante,
ou se implicaria acréscimo de pontuação para todos os candidatos. Assim,
informam que o Desembargador relator deu provimento aos Embargos de
Declaração para excluir do acórdão embargado o trecho que determinava
revisão da pontuação dos demais candidatos ao concurso, e que,
portanto, a decisão judicial de nulidade da questão 91 valeria somente
para o impetrante daquele MS.

Argumentam que a decisão não poderia ser diferente,


porquanto o MS individual é ação constitucional de caráter
personalíssimo, e sob esse prisma, faz referência a julgado do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) no qual foi reconhecida a nulidade de uma
questão de prova discursiva de Concurso realizado pelo Ministério Público
de Santa Catarina, e a ordem concedida foi para reaplicação da questão
somente para o impetrante1.
1
RMS 67044 / SC - Rec. Ordinário em MS 2021/0242541-9:
ANTE O EXPOSTO, encaminho meu voto no sentido de dar provimento ao presente recurso
ordinário para reformar o acórdão recorrido e conceder a ordem, em menor extensão que a
inicialmente requerida pelo impetrante, para determinar à Autoridade impetrada que:
1 - Elabore e aplique ao candidato impetrante, Caio Rothsahl Botelho, nova questão de
prova, em substituição à questão agora anulada (questão 3 do Grupo II) do concurso
regulado pelo Edital n. 001/2019 PGJ;

Assinado eletronicamente por: MARCOS VINÍCIUS JARDIM RODRIGUES - 10/03/2023 12:07:55 Num. 5057073 - Pág. 3
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23031012075533300000004592140
Número do documento: 23031012075533300000004592140
Entendem pela impossibilidade de anulação da prova
discursiva, por se tratar de ato administrativo praticado em observância à
legalidade, e sem qualquer vício que justifique a anulação, como dispõe o
art. 53 da Lei n. 9784/992. Invocam o princípio da segurança jurídica e da
confiança.

Nesse toar, alegam que a medida não é proporcional e nem


equânime, pois: i) não é necessária para atender ao interesse dos
candidatos que impetraram MS, pois estes candidatos realizaram as
provas da 2ª fase; ii) ainda que fosse necessária a adoção de medidas
para inclusão de outros candidatos na 2ª fase do concurso, tal medida
poderia ser promovida de outra forma, como a realização de prova escrita
suplementar para os novos candidatos aprovados.

Outrossim, asseveram que a anulação da prova não


beneficia ninguém, pois todos os candidatos, inclusive os que impetraram
o MS, já realizaram a prova, e o TJMG ainda precisará arcar com os custos
de realização de novas provas.

Aduzem que os candidatos que realizaram a 2ª fase do


certame dispenderam grandes investimentos financeiros viajando pra
Belo Horizonte e comprando livros e cursos, além do prejuízo psicológico e
moral, visto que a aprovação na 2ª fase de um concurso como o da
Magistratura é resultado de anos de esforço, que exigem incontáveis
sacrifícios pessoais para ser alcançado.

Defendem, ainda, a existência de perigo na demora, pois,


se o Edital de 03/02/2023 não for suspenso, a Comissão do Concurso
poderá convocar todos os candidatos para realizarem novas provas
escritas da 2ª fase, o que, segundo os requerentes, prejudicaria de modo
irreversível os participantes do certame.

Portanto, pedem, liminarmente, a suspensão dos efeitos do


ato constante do Id 5026081, evitando a aplicação das novas provas
escritas da 2ª fase, e, no mérito, que os pedidos sejam julgados
2
Lei nº 9784/99: Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos.

Assinado eletronicamente por: MARCOS VINÍCIUS JARDIM RODRIGUES - 10/03/2023 12:07:55 Num. 5057073 - Pág. 4
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23031012075533300000004592140
Número do documento: 23031012075533300000004592140
procedentes, para determinar a manutenção das provas escritas da 2ª
fase aplicadas nos dias 14 a 16/05/2022, e o prosseguimento do certame
a partir de onde parou.

Os autores peticionaram novamente, no dia 27/02/2023 (Id


5040920), e informaram que a Comissão Examinadora publicou novo
edital no dia 13/02/2023 (Id 5040917), alterando o item 13.33 do Edital de
lançamento do Concurso, para informar que seriam convocados 400
(quatrocentos) candidatos para realização das novas provas da 2ª fase, e
não mais os 300 (trezentos) primeiros, como inicialmente previsto.

Contudo, destacam que essa alteração realizada pela


Comissão vai de encontro ao previsto no item 21.5 do Edital que rege o
concurso, o que prevê que “não serão alteradas as regras relativas aos
critérios de aprovação para etapas subsequentes, salvo nas hipóteses de
indispensável adequação à legislação superveniente”.

Sustentam, ainda, que o resultado com a nota definitiva de


todos os candidatos que prestaram a primeira fase do concurso foi
publicado em 05/04/2022, de modo que já se sabia, antes da alteração do
edital realizada em 13/02/2023, os nomes de todos os candidatos
convocados, razão pela qual entende que o aumento para 400 ofende o
princípio da impessoalidade.

Reiteram os pedidos formulados na petição inicial.

Por sua vez, intimado a prestar informações, o TJMG (Id


5042002, p.390-397) alega que a questão da prova impugnada foi
anulada judicialmente em decisão posterior à realização da segunda
etapa do concurso. Aduz que, após manejo de Embargos de Declaração
pelo Estado de Minas Gerais (Mandado de Segurança n.
1.0000.22.106508-9/000 e Embargos de Declaração n. 1.0000.22.106508-
9/001 e n. 1.0000.22.106508-9/002), a Comissão de Concurso, após
reunião em 03/02/2023, comunicou a anulação da questão 91 da Prova
Objetiva Seletiva Tipo 2 e suas correspondentes (100 da prova tipo 1, 97
da prova Tipo 3, 94 da prova Tipo 4), com a consequente contagem de

Assinado eletronicamente por: MARCOS VINÍCIUS JARDIM RODRIGUES - 10/03/2023 12:07:55 Num. 5057073 - Pág. 5
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23031012075533300000004592140
Número do documento: 23031012075533300000004592140
acerto a todos os candidatos que fizeram a prova e não obtiveram
pontuação nessa questão.

Defende que a anulação de um ato administrativo possui


efeito ex tunc, viciando-o desde a origem. Destarte, pontua que a questão
anulada deve ser eliminada do mundo jurídico, e afirma que o edital
prevê tal situação no item 19.1.8 3, em observância ao princípio da
isonomia.

Em suma, explica que, anulada a questão da prova objetiva,


esta será contada como acerto para todos os candidatos que não
obtiveram a pontuação, independentemente do ajuizamento de ação
judicial. Afirma que considerar a questão nula apenas para alguns
candidatos violaria os princípios da isonomia, da impessoalidade e da
vinculação ao instrumento convocatório.

Pondera que a anulação da questão da Prova Objetiva


interferiu na esfera jurídica de todos os candidatos, alterando a lista dos
mais bem classificados, o que ensejou a necessidade de cancelamento da
2ª etapa, como medida alinhada aos princípios da Administração Pública.

Narra que a inclusão de novos habilitados trouxe questões


para discussão da Comissão: manter a segunda etapa já realizada e fazer
outra apenas para os novos habilitados, ou anular a segunda etapa e
realizar outra com todos os habilitados? Esclareceu, quanto a este
aspecto, o entendimento predominante da Comissão de que aplicar outra
prova apenas para os novos classificados iria afrontar a isonomia, pois
não seria possível garantir que as novas provas teriam o mesmo nível de
dificuldade daquela já realizada.

Informa que todos os requerentes deste PCA foram


convocados para a realização da 2ª fase do certame em data ainda a ser

3
19.1.8 - Qualquer questão da prova objetiva seletiva anulada será contada como acerto para
todos os candidatos que fizeram a prova e não obtiveram pontuação na referida
questão conforme o primeiro gabarito oficial, independentemente de interposição de recursos.
(original sem grifo)

Assinado eletronicamente por: MARCOS VINÍCIUS JARDIM RODRIGUES - 10/03/2023 12:07:55 Num. 5057073 - Pág. 6
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23031012075533300000004592140
Número do documento: 23031012075533300000004592140
divulgada, de modo que não se vislumbra a prática de atos que restrinjam
ou impossibilitem a participação dos autores no certame.

Em nova juntada de petição, os requerentes se


manifestaram sobre as informações do Tribunal (Id 5045292), alegando
que o item 19.1.8 dispõe sobre a anulação de questão da prova objetiva
em sede de recurso administrativo 4, o que não contemplaria decisão
judicial.

Defendem que a anulação das provas discursivas é uma


atitude precipitada, porquanto não há decisão transitada em julgado nos
MS, apesar de já terem sido julgados embargos de declaração, de modo
que a anulação da questão objetiva ainda não seria definitiva, e os
impetrantes continuam no concurso na condição de sub judice. Ademais,
arrazoam que os Embargos de Declaração foram julgados apenas no bojo
do processo nº 1065089-47.2022.8.13.0000, e os efeitos da anulação da
questão seriam aplicáveis apenas ao respectivo impetrante.

Aduzem que o ato publicado no dia 13/02/2023, alterou o


item 13.33 do Edital de lançamento do concurso (Id 5040917), informando
que seriam convocados 400 (quatrocentos) candidatos para a realização
das provas da 2ª fase, e não mais os 300 (trezentos) primeiros. Entendem
que essa alteração viola o previsto no item 21.5 do Edital n. 01/2021 5 e o
princípio da impessoalidade.

Argumentam que a Resolução CNJ n. 476, publicada no dia


22/09/2022, alterou o artigo 44 da Resolução CNJ n. 75/2009, para
permitir que, a critério do Tribunal, possam ser convocados até 1.500
candidatos que obtiveram as maiores notas.

4
19.1 - Caberá recurso à Comissão de Concurso contra:
(…)
19.1.8 - Qualquer questão da prova objetiva seletiva anulada será contada
como acerto para todos os candidatos que fizeram a prova e não obtiveram
pontuação na referida questão conforme o primeiro gabarito oficial,
independentemente de interposição de recursos.
5
21.5 - Salvo nas hipóteses de indispensável adequação à legislação superveniente, após
o início do prazo das inscrições preliminares, não se alterarão as regras deste Edital relativas
aos requisitos do cargo, aos conteúdos programáticos, aos critérios de aferição das provas e
de aprovação para as etapas subsequentes.

Assinado eletronicamente por: MARCOS VINÍCIUS JARDIM RODRIGUES - 10/03/2023 12:07:55 Num. 5057073 - Pág. 7
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23031012075533300000004592140
Número do documento: 23031012075533300000004592140
Contudo, alegam que o entendimento do CNJ é no sentido
de que não se pode alterar disposições editalícias no decorrer do
concurso, motivo pelo qual a alteração do item 13.33 do Edital nº 1 é ato
ilegal, e deve ser considerado nulo.

Nesta senda, reiteram os pleitos iniciais e pedem, ainda,


que seja declarada a nulidade do ato administrativo que alterou o item
13.33 do Edital n. 01/2021, e a convocação dos candidatos para
realizarem as novas provas da 2ª etapa.

Ato contínuo, solicitam o ingresso no feito como terceiros


interessados (Id 5048545) os Srs. RHANDER LIMA TEIXEIRA, PAULO
ROBERTO CIOLA CASTRO e a Sra. GIOVANA KOHATA DE TOLEDO POSTALI
STACHETTI, por terem sido aprovados e convocados para a 2ª fase do
concurso da magistratura do TJMG, possuindo interesse jurídico na causa.

Aduzem que o argumento dos autores de que a Comissão


estaria violando as regras do concurso por anular a questão após a fase
de recursos administrativo desconsidera o fato de que a administração
tem a prerrogativa de autotutela, podendo anular ato eivado de
ilegalidade independentemente de requerimento, a fim de preservar o
princípio da legalidade. Afirmam que se trata de atividade vinculada, não
discricionária. Defendem que a FGV atuou de forma regular, resguardando
a isonomia.

Aduzem que nenhum dos autores será prejudicado no


cenário atual, pois todos foram convocados para a reaplicação das provas
discursivas, e que não há vício de legalidade a ser corrigido, nem espaço
para adentrar na análise do mérito do ato administrativo que anulou a
questão da prova objetiva.

Sustentam que os candidatos, ao alegarem que o TJMG


estaria ofendendo o edital por convocar 400 candidatos, esqueceram de
distinguir os precedentes que trouxeram do STJ e a situação em análise,
pois estariam tratando de situação fática distinta.

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Alegam que existem decisões no STF 6 e neste Conselho7
que preveem a sobreposição de norma em face de disposição editalícia.

Por fim, afirmam que é comum a ocorrência de retificação


de editais no decorrer do concurso público, especialmente quando se
trata de critério formal que não influencia na atribuição de notas, e citam
o concurso para ingresso da magistratura do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, ocasião em que o edital foi retificado 15 dias antes da
aplicação da prova objetiva, para se adequar à Resolução n. 75/2009 do
CNJ, inexistindo ilegalidade ou controle dessa alteração.

Em suma, requerem a inclusão dos terceiros interessados, a


denegação do pedido de tutela de emergência, a total improcedência do
pedido inicial.

Diante das novas alegações dos requerentes, foi


oportunizada manifestação complementar do TJMG, em observância ao
contraditório (Id 5049517), ocasião em que o requerido apresenta a
completa motivação da convocação dos 400 candidatos com as melhores
notas para a realização da 2ª fase, tendo em vista a nulidade da questão
91 e a superveniência da Resolução CNJ n. 476/2022, que alterou o
6 EMENTA AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CARGO PÚBLICO. VENCIMENTO SUPERIOR AO ESTABELECIDO NO
EDITAL DO CONCURSO. CONFLITO ENTRE A DISPOSIÇÃO EDITALÍCIA E A LEI. PREVALÊNCIA DESSA ÚLTIMA. 1. Hipótese

na qual o Tribunal de Justiça estadual assentou devido o pagamento a servidor público nos moldes em que definido no edital do
concurso, embora o valor do vencimento do cargo fosse superior ao estabelecido na lei de regência. 2. É impertinente
conferir relevância demasiada e desproporcional ao princípio da vinculação ao edital, de modo a acarretar

indevida submissão da lei às regras editalícias, em desvirtuamento do regime de legalidade estrita ao qual se
submete a Administração Pública. 3. A Constituição Federal, no inciso X do art. 37, expressamente restringe à lei específica
a fixação e a alteração da remuneração dos servidores públicos e dos subsídios dos titulares de cargos previstos no § 4º do art.

39. 4. No descompasso entre o valor do vencimento expresso em lei formal e o estabelecido no edital, deve prevalecer o

primeiro, em homenagem à prerrogativa da Administração de anular os próprios atos, quando eivados de vício que os torne
ilegais. Incidência do enunciado n. 473 da Súmula do Supremo Tribunal Federal. 5. Agravo interno desprovido. (STF - RE:

1300254 PA 0000373- 55.2009.8.14.0000, Relator: NUNES MARQUES, Data de Julgamento: 21/03/2022, Segunda Turma, Data

de Publicação: 19/04/2022)

7
Agravo regimental no mandado de segurança. 2. Concurso público. 3. Edital. Previsão expressa
de identificação do candidato para interposição do recurso contra o resultado preliminar da prova
discursiva. 4. Violação aos princípios da impessoalidade e da isonomia. Alteração do edital do
certame. CNMP. Adequação à norma de regência. Resolução 14/2006. Possibilidade .
Precedente do STF. 4. Resolução editada com fundamento nos art. 130-A, § 2º, e 37 da CF.
Generalidade, impessoalidade e abstração. Caráter impositivo. 5. Agravo regimental a que se nega
provimento. (MS 28498 AgR, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em
27/10/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe229 DIVULG 13-11-2015 PUBLIC 16-11-2015) (STF - AgR
MS: 28498 PE - PERNAMBUCO 0774624-75.2009.1.00.0000, Relator: Min. GILMAR MENDES, Data de
Julgamento: 27/10/2015, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-229 16-11-2015)

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redutor então previsto para convocação de candidatos para segunda fase
(art. 44, III, da Resolução CNJ n. 75/2009).

Observa que a referida Resolução não previa período de


vacância ou vedação de aplicabilidade em concursos em andamento, e
que por isso, a Comissão entendeu ser regra autoaplicável. Nesse sentido,
afirma que essa retificação não infringia o disposto no item 21.5 do edital,
por se tratar de adequação à legislação superveniente, e haver
necessidade diante do novo contexto descortinado com a anulação da
questão e das decisões judiciais, no caso concreto.

Afirma que, antes da anulação da questão objetiva, a nota


de corte era de 7,9, porém, com a anulação, a nota de corte aumentou
para 8 pontos, o que ocasionaria na eliminação daqueles que participaram
da prova escrita e que posteriormente à anulação não atingiram a nota 8.
Destarte, a FGV decidiu por convocar 400 candidatos para a 2ª etapa,
mantendo-se a nota de corte em 7,9, de modo a preservar a segurança
jurídica no certame.

Ademais, informou que na ocasião de abertura do edital,


havia 82 vagas de juiz substituto a serem preenchidas, e que,
posteriormente, no decorrer do certame, houve um aumento para 116, ou
seja, 41,47% a mais de vagas, de modo que o aumento na convocação de
candidatos para a prova escrita (de 300 para 400) não impactaria
negativamente na concorrência.

Registra que a decisão de convocar 400 candidatos


preserva os direitos destes, de modo que nenhum dos inicialmente
convocados fossem eliminados. Além disso, afirma que a manutenção da
habilitação de apenas 300 candidatos de ampla concorrência, com
aumento da nota de corte para 8, dificultaria o cumprimento dos MS, visto
que 7 dos impetrantes seriam eliminados, mesmo com decisão na justiça
permitindo a continuação no certame.

O Tribunal entende que o cumprimento das decisões


judiciais é medida cogente, pois não impugnará a decisão de anulação da
questão, uma vez que pretende concluir o concurso de forma célere,

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visando ao provimento do quadro de magistrados necessários no TJMG,
respeitado o princípio da isonomia.

Em síntese, pede que não seja atendido o pedido de


suspensão liminar do certame, porquanto implicaria em atrasar a
conclusão do concurso, prejudicando a atividade jurisdicional e a
população devido à falta de magistrados no Estado mineiro.

Em juntada de petição (Id 5049523), ANA FLÁVIA SALES


MARTINS FERREIRA, candidata aprovada na 1ª fase do concurso, requer
sua habilitação no processo como terceira interessada. Alega que a
anulação da prova da 2ª etapa e consequente reaplicação, com todos os
habilitados, é medida necessária para atender o princípio da isonomia, e
alinha-se ao entendimento adotado pelo TJMG.

Por fim, os requerentes peticionam mais uma vez, no dia


06/03/2023 (Id 5050322), em contraposição aos terceiros interessados,
alegando que estes pretendem obter nova chance de participarem do
concurso, porquanto não seriam aprovados na hipótese de não ocorrer
uma nova prova escrita. Reiteram os argumentos apresentados
anteriormente, e pedem deferimento do pedido liminar.

É o relatório.

Fundamentação

O objeto deste procedimento cinge-se a verificar a


juridicidade de dois atos praticados pelo TJMG no decorrer do Concurso
Público de Provas e Títulos para Ingresso na Carreira da Magistratura do
Estado de Minas Gerais – regido pelo Edital n. 01/2021 (Id 5026068).

O primeiro ato do Tribunal requerido, ora impugnado (Id


5026081), trata-se do comunicado aos candidatos do aludido Concurso,
no dia 03/02/2023, informando a anulação da questão 91 da Prova
Objetiva Seletiva Tipo 2 (e suas correspondentes: 100 da Prova Tipo 1/ 97

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da Prova Tipo 3/ 94 da Prova Tipo 4), com a consequente contagem de
acertos a todos os candidatos que fizeram a prova e não obtiveram a
devida pontuação. Confira:

Em que pese a irresignação dos requerentes, nota-se que a


nulidade da questão em foco foi declarada judicialmente, no bojo de
decisões proferidas em Mandados de Segurança impetrados por
candidatos do concurso em foco, a exemplo do acórdão do Órgão Especial
do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, no MS n.
1.0000.22.106508-9/000, entre outros sete8, do qual destaco a parte
dispositiva:

Diante do exposto, concedo a segurança impetrada, para declarar a


nulidade da questão n. 91 do concurso para ingresso na carreira da
Magistratura deste Tribunal de Justiça de Minas Gerais, e, confirmando a

8
01- MS - NUMERAÇÃO ÚNICA: 1057037-62.2022.8.13.0000, Processo: 1.0000.22.105703-7/000, impetrante
ARTHUR OLIVEIRA GUIMARÃES; 02 - MS - NUMERAÇÃO ÚNICA: 1051303-33.2022.8.13.0000, Processo:
1.0000.22.105130-3/000, impetrante PEDRO PAULO CASTELO TRISTÃO; 03 - MS - NUMERAÇÃO ÚNICA:
1067952-73.2022.8.13.0000, Processo: 1.0000.22.105130-3/000, impetrante MÁRCIA THAISE LIMA CRUZ; 04 -
MS - NUMERAÇÃO ÚNICA: 1061518-68.2022.8.13.0000, Processo: 1.0000.22.106151-8/000, impetrante
EMILIO GUIMARÃES MOURA NETO; 05 - MS - NUMERAÇÃO ÚNICA: 1064090-94.2022.8.13.0000, Processo:
1.0000.22.106409-0/000, impetrante CARLOS RICARDO GOES DE ALMEIDA; 06 - MS - NUMERAÇÃO ÚNICA:
1065089-47.2022.8.13.0000, Processo: 1.0000.22.106508-9/000, impetrante BRUNO ERIC RIBEIRO DE SOUZA;
07 - MS - NUMERAÇÃO ÚNICA: 1086275-29.2022.8.13.0000, Processo: 1.0000.22.108627-5/000, impetrante
PRISCILA ROSÁRIO FRANCO; 08 - MS - NUMERAÇÃO ÚNICA: 0979603-94.2022.8.13.0000, Processo:
1.0000.22.097960-3/000, impetrante GUILHERME RAMOS BARLETTE.

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medida liminar deferida, reconhecer o direito do impetrante à realização
das provas da próxima etapa do certame.

A despeito de os autores deste PCA alegarem que as


declarações judiciais de nulidade da questão deveriam alcançar apenas os
oito impetrantes, convém ressaltar que (independentemente dos efeitos
da decisão proferida nos Mandados de Segurança individuais) foi
reconhecida a nulidade da questão 91 do Concurso Público, a qual
constava na prova de todos os candidatos que realizaram o certame, e
não apenas nas provas daqueles que impugnaram a questão
judicialmente.

Desse modo, não se verifica ato ilegal do Tribunal requerido


ao reconhecer, em sua autonomia, que – diante da nulidade de uma
questão constante na prova de todos os candidatos - deveria ocorrer a
consequente recontagem de pontos de cada um destes, em observância
ao princípio da isonomia, pilar na realização de concursos públicos.

Assim, conforme exposto na motivação da Corte mineira


(Ids 5049517 e 5042002), evitar-se-á que alguns candidatos sejam
privilegiados com o ponto extra da questão nula, embora todos,
igualmente, tenham se submetido a um questionamento tido como nulo.

Nesse sentido é o que estabelece o item 19.1.8 do Edital n.


01/2021, in verbis:

"19.1.8 - Qualquer questão da prova objetiva seletiva anulada será


contada como acerto para todos os candidatos que fizeram a prova e não
obtiveram pontuação na referida questão conforme o primeiro gabarito
oficial, independentemente de interposição de recursos.
19.1.8.1 - O candidato que já tiver pontuado na questão anulada não
receberá pontuação a mais na referida questão.
19.1.9 - Modificado o gabarito oficial, a prova será corrigida de acordo
com a alteração.
19.1.10 - Na ocorrência do disposto nos subitens 19.1.8, 19.1.8.1 e 19.1.9,
poderá haver alteração da classificação inicial obtida pelo candidato para
uma classificação superior ou inferior, ou, ainda, a sua eliminação do
concurso. (grifei).

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Em seguimento, houve modificação na classificação geral
dos candidatos do certame, que culminou em nova lista daqueles com
aptidão para realização da etapa seguinte do concurso.

Ou seja, candidatos que não tinham realizado a Prova


Discursiva, passaram a ter o direito de participação nesta fase, porquanto
obtiveram nota condizente com a classificação para a etapa seguinte à da
Prova Objetiva.

Esse entendimento é validado pela jurisprudência do STF e


do STJ, a saber:

"ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. CONCURSO PÚBLICO.


POLICIAL MILITAR DO ESTADO DA BAHIA. ANULAÇÃO DE
QUESTÕES DA PROVA OBJETIVA PELA VIA JUDICIAL. EDITAL
ESTENDE EFEITOS DE ANULAÇÃO DE QUESTÕES A TODOS
OS CANDIDATOS. TERMO INICIAL DA DECADÊNCIA.
CONHECIMENTO DO ATO VIOLADOR. RESPEITO AO PRINCÍPIO DA
ISONOMIA ENTRE OS CANDIDATOS.
I - Na origem, trata-se de mandado de segurança contra ato
atribuído ao Secretário da Administração e ao Comandante da
Polícia Militar, ambos do Estado da Bahia, consubstanciado na
falta de revisão da pontuação e reclassificação do impetrante no
concurso público destinado ao provimento de vagas para o Cargo
de Soldado da Polícia Militar do Estado da Bahia, Edital SAEB/2012,
em razão da anulação de questões de raciocínio lógico na prova
objetiva do reportado certame.
II - Durante o prazo de validade do concurso, foi ajuizada
Ação Ordinária n. 0569986-78.2014.8.05.001 por alguns
candidatos, com o objetivo de anular questões da prova e,
consequentemente, redistribuir os pontos das questões
anuladas, a fim de obterem classificação dentro do número
de vagas previsto no edital. A demanda foi julgada
procedente, com a consequente reclassificação dos
autores.
III - O Edital do certame prevê expressamente, em seu item 10.11,
que os pontos das questões anuladas serão atribuídos a todos os
candidatos presentes à prova, independentemente de formulação
de recurso, bem como dispõe no item 10.12 que, em caso de
provimento de recurso, poderá ocorrer a classificação ou a
desclassificação do candidato que obtiver ou não a nota mínima
exigida para a prova.
IV - Na hipótese, não há que se falar na anulação de
questão somente para beneficiar aos candidatos que
recorreram ao Poder Judiciário, uma vez que tal limitação
dos efeitos da anulação das questões se constituiria em
uma vantagem inaceitável que fere de pronto o princípio
da isonomia, além de configurar verdadeira afronta ao
edital.

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Número do documento: 23031012075533300000004592140
V - Conforme consta dos autos, a última reclassificação de
candidatos decorrente do Processo de n. 0569986-
78.2014.8.05.0001 foi publicada no DOE n° 20.144, publicado em
25.3.2017, momento em que nasce o direito do impetrante em
buscar sua reclassificação judicialmente.
VI - Assim, verifica-se que a impetração do presente mandamus
em 19.6.2017 ocorreu dentro do prazo decadencial.
VII - Recurso ordinário parcialmente provido para determinar o
retorno dos autos ao Tribunal de origem, afastada a decadência,
para a devida análise do mandamus.
(RMS n. 58.674/BA, relator Ministro Francisco Falcão, Segunda
Turma, julgado em 6/12/2018, DJe de 14/12/2018) (grifei).

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO.


ANULAÇÃO DE QUESTÕES DA PROVA OBJETIVA. DEMONSTRAÇÃO
DA INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO E
AOS DEMAIS CANDIDATOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA OBSERVADO.
LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO COMPROVADOS. PRETENSÃO DE
ANULAÇÃO DAS QUESTÕES EM DECORRÊNCIA DE ERRO
GROSSEIRO DE CONTEÚDO NO GABARITO OFICIAL.
POSSIBILIDADE. CONCESSÃO PARCIAL DA SEGURANÇA.
1. A anulação, por via judicial, de questões de prova objetiva de
concurso público, com vistas à habilitação para participação em
fase posterior do certame, pressupõe a demonstração de que o
Impetrante estaria habilitado à etapa seguinte caso essa anulação
fosse estendida à totalidade dos candidatos, mercê dos princípios
constitucionais da isonomia, da impessoalidade e da eficiência.
2. O Poder Judiciário é incompetente para, substituindo-se à banca
examinadora de concurso público, reexaminar o conteúdo das
questões formuladas e os critérios de correção das provas,
consoante pacificado na jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal. Precedentes (v.g., MS 30433 AgR/DF, Rel. Min. GILMAR
MENDES; AI 827001 AgR/RJ, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA; MS
27260/DF, Rel. Min. CARLOS BRITTO, Red. para o acórdão Min.
CÁRMEN LÚCIA), ressalvadas as hipóteses em que restar
configurado, tal como in casu, o erro grosseiro no gabarito
apresentado, porquanto caracterizada a ilegalidade do ato
praticado pela Administração Pública.
3. Sucede que o Impetrante comprovou que, na hipótese de
anulação das questões impugnadas para todos os
candidatos, alcançaria classificação, nos termos do edital,
habilitando-o a prestar a fase seguinte do concurso,
mediante a apresentação de prova documental obtida junto à
Comissão Organizadora no exercício do direito de requerer
certidões previsto no art. 5º, XXXIV, “b”, da Constituição Federal,
prova que foi juntada em razão de certidão fornecida pela
instituição realizadora do concurso público.
4. Segurança concedida, em parte, tornando-se definitivos
os efeitos das liminares deferidas. [...] Se é assim – como,
de fato, o é –, a anulação de uma ou mais questões
exclusivamente em favor do Impetrante viola a isonomia,
na medida em que, se é nula uma questão, deverá sê-lo
para todos os candidatos, sob pena de alterar uma ordem

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de classificação baseada no mérito. E, no caso em apreço, a
existência de um limite numérico máximo de candidatos
aprovados na prova objetiva habilitados a participar da segunda
etapa demonstra que a ordem de classificação é um elemento
relevantíssimo para o processo seletivo em curso. [...] (MS 30859,
Relator(a): LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 28/08/2012,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-209 DIVULG 23-10-2012 PUBLIC 24-
10-2012) (original sem grifo)

Assim, a despeito de os requerentes ventilarem a


possibilidade de o TJMG realizar nova Prova Escrita apenas para os
candidatos habilitados após a declaração de nulidade da questão
(mantendo-se a prova anteriormente realizada pelos candidatos da lista
de classificação prévia à anulação), este não foi o entendimento do
Tribunal (Ids 5049517 e 5042002), porquanto não seria possível garantir
idênticos graus de dificuldade em diferentes provas, o que violaria o
princípio da isonomia.

Portanto, no caso concreto, não se verifica ilegalidade neste


ato do Tribunal (Id 5026081) que se pautou na observância de princípio
fundamental que rege a realização de concursos públicos: o da isonomia.

Nessa sequência de fatos decorrentes da anulação de


questão da prova objetiva, o último ato do TJMG impugnado pelos
requerentes consta do Id 5040917, qual seja, a retificação do item 13.33
do Edital n. 01/2021, para prever a convocação dos 400 candidatos que
obtiveram as maiores notas – para realização da segunda etapa do
Concurso (o qual contou com mais de 10.000 inscritos), onde constava
anteriormente apenas 300 candidatos, nos seguintes termos:

Onde se lê:
13.33 - Classificar-se-ão para a segunda etapa os:
a) 200 (duzentos) candidatos que obtiverem as maiores notas
após o julgamento dos recursos, no caso de o concurso possuir até
1.500 (mil e quinhentos) inscritos;
b) 300 (trezentos) candidatos que obtiverem as maiores
notas após o julgamento dos recursos, se o concurso
contar com mais de 1.500 (mil e quinhentos) inscritos.

Leia-se:
13.33 - Classificar-se-ão para a segunda etapa os:

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a) 200 (duzentos) candidatos que obtiverem as maiores notas
após o julgamento dos recursos, no caso de o concurso possuir até
1.500 (mil e quinhentos) inscritos;
b) 300 (trezentos) candidatos que obtiverem as maiores notas
após o julgamento dos recursos, se o concurso contar com mais de
1.500 (mil e quinhentos) inscritos;
c) 400 (quatrocentos) candidatos que obtiverem as maiores
notas após o julgamento dos recursos, no caso de o
concurso possuir mais de 10.000 (dez mil) inscritos.

O TJMG esclareceu que havia definido inicialmente o


número de 300 candidatos para realizarem a segunda etapa do certame,
pelo fato de que este era o limite definido pelo CNJ no art. 44 da
Resolução CNJ n. 75/2009. Todavia, no decorrer do certame, este
Conselho Nacional passou a permitir que os tribunais convoquem até
1.500 candidatos para a realização da segunda etapa dos concursos com
mais de 10.000 inscritos, nos termos da Resolução CNJ n. 476, de
22/09/2022. A saber:

Art. 44. Classificar-se-ão para a segunda etapa:

I - nos concursos de até 1.500 (mil e quinhentos) inscritos, os 200


(duzentos) candidatos que obtiverem as maiores notas após o
julgamento dos recursos;

II - nos concursos que contarem com mais de 1.500 (mil e


quinhentos) inscritos, os 300 (trezentos) candidatos que obtiverem
as maiores notas após o julgamento dos recursos.

III – nos concursos nacionais ou naqueles em que haja mais


de 10.000 (dez mil) inscritos, a critério do tribunal, até
1.500 (mil e quinhentos) candidatos que obtiverem as
maiores notas após o julgamento dos recursos. (incluído
pela Resolução n. 476, de 22.9.2022)

§ 1º Todos os candidatos empatados na última posição de


classificação serão admitidos às provas escritas, mesmo que
ultrapassem o limite previsto no "caput".

O Tribunal ponderou que, no caso concreto – em


decorrência da anulação de questão da prova objetiva, por decisão
judicial – seria oportuna a adequação permitida pela Resolução CNJ n.
476/2022, já que haveria nova convocação para as provas escritas,

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pretendendo-se resguardar os direitos de todos os candidatos, pois um
cenário diverso daquele existente à época da abertura do concurso
passou a existir. A Corte mineira apresentou as seguintes justificativas (Id
5049517):

“Pautado no dever de transparência que orienta esta


Comissão, esclarece-se eu a decisão de retificação do Edital
n. 01/2021 para classificar à segunda etapa do certame os
400 (quatrocentos) candidatos que obtiveram as melhores
notas na Prova Objetiva Seletiva, deliberada em reunião
conforme ata presente no evento 12847068, fundamentou-
se no princípio da segurança jurídica e no amplo acesso ao
cargo público de magistrado do Estado de Minas Gerais.
Esclarece-se:
1) Antes da anulação da questão 91 da Prova Objetiva
Seletiva Tipo 2 e suas correspondentes, 7,9 (sete vírgula
nove) pontos foi o mínimo necessário aos candidatos de
ampla concorrência restarem classificados dentre os 300
candidatos aptos à segunda etapa. E assim a segunda
etapa, posteriormente anulada, realizou-se.
2) Após a anulação da questão 91 da Prova Objetiva Seletiva
Tipo 2 e suas correspondentes, 8 (oito) pontos seria o
mínimo necessário aos candidatos de ampla concorrência
restarem classificados dentre os 300 candidatos aptos à
segunda etapa. Neste contexto, candidatos que realizaram a
segunda etapa e que não participaram da relação jurídica
processual que culminou na referida anulação, vez que os
mandados de segurança eram individuais, deveriam ser
eliminadas do certame.
Neste cenário fático, a Comissão do Concurso decidiu, no
escorreito exercício do poder discricionário e diante do
poder/dever de convocar até 1.500 candidatos para a
segunda etapa, manter como o mínimo necessário para a
habilitação à segunda etapa os 7,9 (sete vírgula nove)
pontos, de modo a não excluir candidatos inicialmente
habilitados, o que implicou a habilitação de 400 candidatos
com as maiores notas na Prova Objetiva Seletiva.
Assim, com a convocação de 400 candidatos manteve-se a
nota mínima 7,9 (sete vírgula nove) para realizarem a
segunda etapa do concurso.
A decisão, portanto, foi lastreada em critério objetiva,
visando a segurança jurídica e a boa-fé.
Reitera-se que a anulação da segunda etapa não era um
desejo desta Comissão do Concurso, mas decorrência da
anulação de questão da primeira etapa pelo Órgão Especial
do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, por força do que
dispõe o item 19.1.8 do Edital nº 01/2021, regente do
certame.

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A retificação do edital para classificar 400 candidatos
de ampla concorrência foi medida necessária para
que o cumprimento da decisão não ferisse a
segurança jurídica de todos aqueles candidatos com
nota 7,9 (sete virgula nove) que participam do
concurso.
A decisão não visou garantir interesses de determinados
candidatos, mas sim, garantir a segurança jurídica de todos
os candidatos, razão pela qual o critério objetivo foi o de
manter a nota de corte.
(...)
A decisão de classificar 400 candidatos à segunda
etapa e não 300, 350, 421, dentre qualquer outro
número até o limite de 1.5000, está fundada na
esfera de direitos dos candidatos, pois não houve a
eliminação de nenhum candidato inicialmente
classificado, prestigiando-se o interesse público da
ampla concorrência.
Registre-se, por oportuno, que a manutenção da
previsão de habilitação de 300 (trezentos) candidatos
de ampla concorrência, que implica a alteração da
nota mínima para 8 (oito) pontos, também dificultaria
o cumprimento das decisões individuais nos
Mandados de Segurança. Vejamos:
(...)

É digno de nota o esclarecimento do requerido de que, na


data de abertura do Edital, o Concurso se destinava “ao preenchimento
de 82 (oitenta e dois) cargos vagos existentes de Juiz Substituto do
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, bem como todas as que
vierem a vagar durante a sua validade.” Contudo, no dia 01/03/2023, a
Gerência da Magistratura da Secretaria do TJMG expediu certidão
informando que naquela data estavam vagos “116 (cento e
dezesseis) cargos de Juiz de Direito Substituto, de primeira
entrância”, o que significa um aumento de 41,47% nas vagas oferecidas
no momento de abertura do Edital.

Com efeito, esse incremento do número de vagas


disponibilizadas para serem preenchidas (comparado ao número
inicialmente previsto) evidencia que o aumento na quantidade de

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convocados para a segunda fase não impacta de modo restritivo na
concorrência.

Nota-se, pois, que os atos praticados pelo TJMG foram todos


motivados, não havendo ilegalidade a ensejar a intervenção do CNJ na
autonomia do Tribunal. A anulação da questão de Prova Objetiva
amparou-se em decisões judiciais que declararam a referida nulidade, o
que motivou o Tribunal a adotar as providências subsequentes com o
intuito de resguardar direitos e preservar a isonomia no certame, bem
como a segurança jurídica.

Em relação à Resolução CNJ n. 476/2022, verifica-se que o


normativo não prevê vedação expressa da utilização em concursos em
andamento, o que permite a verificação do contexto de cada caso
concreto, tendo em vista a regra geral de vinculação ao instrumento
convocatório.

Na hipótese dos autos, conforme transcrito, o TJMG


demonstrou os motivos que conduziram à expedição do ato (Id 5040917)
que retificou o item 13.33 do Edital n. 01/2021, não tendo sido verificada
situação decorrente deste ato (subsequente à declaração de nulidade de
questão, por decisão judicial) que torne necessária a intervenção do CNJ
para declará-lo nulo e determinar a realização da nova prova discursiva
apenas para 300 candidatos, tendo em vista as peculiaridades do caso
concreto examinadas neste PCA.

Por derradeiro, consigna-se que a presente decisão não


interfere no regular andamento dos MS que ainda não transitaram em
julgado, porquanto restringe-se à análise da atuação administrativa do
TJMG, quanto aos atos até o momento praticados, nos quais não se
verificou flagrante ilegalidade a ensejar a intervenção deste órgão
administrativo.

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Dispositivo

Ante o exposto, julgo improcedentes os pedidos


formulados na petição inicial, com fulcro no art. 25, VII, do Regimento
Interno do CNJ.

Prejudicado o pedido de medida liminar.

Defiro o pedido de admissão no processo como terceiros


interessados de Ana Flávia Sales Martins Ferreira (Id 5049523), Rhander
Lima Teixeira, Paulo Roberto Ciola Castro e Giovana Kohata de Toledo
Postali Stachetti (Id 5048545), nos termos do art. 9º, II, da Lei 9.784/1999
e art. 119 do CPC.

Intimem-se. Após, arquive-se.

Brasília, 9 de março de 2023.

Conselheiro Marcos Vinícius Jardim

Relator

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