1624201923GAPE Altas Prod. Soja PDF
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Atualmente, a soja (Glycine max) é a cultura agrícola mais importante do país. A produção
nacional é responsável pelo abastecimento do mercado interno, atuando em variados setores
como indústria alimentícia, produção de óleo vegetal, biocombustíveis e dietas animais, além de
contribuir fortemente com o mercado externo, que representa uma excelente e crescente
oportunidade de negócios para o país (CONTINI et al., 2018). De acordo com Dall ́ Agnol (2016),
no contexto mundial, o Brasil possui significativa participação na oferta e na demanda de
produtos do complexo agroindustrial da soja. Essa participação une-se à responsabilidade social
de se alimentar a crescente população de nosso planeta e com isso, a maior demanda por
alimentos.
Desta forma, e pensando-se também no ganho econômico advindo da cultura, tem-se que o
cuidado com todas as etapas de produção do grão são de extrema importância. Nesse aspecto,
coloca-se que a adubação representa grande parte do sucesso ou insucesso da cultura, por isso,
é necessário que a mesma seja realizada de forma assertiva para obtenção de bons resultados.
Introdução
Dentre os principais fatores que influenciam na produtividade da soja, destacam-se:
• Clima;
• Fertilidade;
• Genética;
• Manejo.
Questões climáticas não podem, em grande parte, serem alteradas, com exceção de casos como
adoção de irrigação e suplementação luminosa, ambos aspectos ainda bem limitados em
contexto nacional. A questão genética deve ser definida anteriormente à instalação da cultura e
após esse fato, também não será possível a intervenção a favor do agricultor. Restam assim, as
decisões de manejo e fertilidade do solo sob responsabilidade do agricultor.
A fertilidade do solo é um dos aspectos de maior impacto na produção e está sempre associada
ao manejo adotado pela propriedade. Ambos, portanto, devem ser realizados com máximo
cuidado para que os nutrientes que a planta necessita sejam fornecidos no momento certo e de
forma correta, facilitando sua absorção e incorporação em seu ciclo.
Nutrientes são definidos como elementos essenciais para que o processo de crescimento e
desenvolvimento de um ser vivo ocorra, eles são passíveis de serem absorvidos pelas estruturas
das plantas, para posteriormente serem utilizados em seu metabolismo. A disponibilização
desses nutrientes ocorre tanto de maneira natural através de reações de disponibilização quanto
por ação antrópica, visando a suplementação dos mesmos, quando necessário.
Os elementos essenciais podem ser divididos em macro e micronutrientes. Os macronutrientes
são aqueles que são exigidos em maiores concentrações pelas plantas, enquanto os
micronutrientes são exigidos em menor concentração, porém todos são elementos essenciais
indispensáveis para que o vegetal complete seu ciclo (FAQUIN, 2005).
Dessa forma, para desenvolvimento de uma agricultura viável e sustentável é de grande
importância que fatores de manejo que envolverão plantio direto, rotação de culturas, mínimo
revolvimento do solo, utilização de plantas de cobertura etc., sejam unidos à aplicação correta
de fertilizantes para se alcançar uma alta produtividade em sua lavoura.
Para isso, veja abaixo as principais recomendações a se considerar nesse processo:
Práticas Corretivas
As práticas corretivas visam melhorar o ambiente edáfico nos quais as plantas se desenvolvem.
Deste modo, para melhorar o aproveitamento da aplicação dos fertilizantes no solo, deve-se
atentar a todos os fatores que necessitam ser corrigidos anteriormente da aplicação dos
mesmos, seja para adequar o pH, aumentar a disponibilização de macro e micronutrientes além
de reduzir a atividade dos elementos tóxicos. Ao corrigir o solo de forma adequada, garante-se
indiretamente uma melhor distribuição das raízes, além de selecionar os organismos benéficos,
em detrimento daqueles que podem causar problemas às culturas (QUAGGIO, 2000).
Dentre as práticas corretivas, temos a calagem, gessagem, fosfatagem e potassagem.
Calagem
A calagem é uma prática indispensável para a obtenção de altas produtividades em solos ácidos
tropicais (PEARSON, 1975). Sua importância deve-se aos seus efeitos sobre a neutralização da
acidez do solo, ao aumento do pH (RAIJ et al., 1977), à redução do alumínio tóxico
(MASCARENHAS et al., 1984), ao aumento da absorção de nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre
(QUAGGIO et al., 1993), ou ainda pelo fato de fornecer cálcio e magnésio como nutrientes
(MASCARENHAS et al., 1976). Além disso, a calagem promove um aumento da saturação de bases
do solo (V%), elevando assim o teor de nutrientes retidos nos coloides do solo.
Para soja, recomenda-se calagem pelos seguintes critérios:
Em que:
NC = Necessidade de calagem (t ha⁻¹)
V₂ = Saturação por bases almejada (60%)
V₁ = Saturação por bases atual do solo (%)
CTC = Capacidade de Troca de Cátions em mmolc dm⁻³ [0 - 20 cm]
PRNT = Poder relativo de neutralização total do corretivo (90%)
Gessagem
Os solos tropicais apresentam problemas com acidez subsuperficial e a incorporação profunda
do calcário não é suficiente para controlar essas condições, por isso, recomenda-se a gessagem.
A gessagem atua na correção dos solos de subsuperfície aumentando o teor de Cálcio e Enxofre
e reagindo com o Al3+, deixando-o em uma forma não tóxica às plantas. Com a aplicação, diminui-
se a toxidez causada pelo alumínio e, com isso, há maior desenvolvimento radicular nas camadas
mais profundas e, consequentemente, maior absorção de nutrientes.
Cálculos da necessidade de gessagem:
Há diversas fórmulas para recomendação da dose de gesso, dentre elas, pode- se utilizar o teor
de argila, conforme mostrado a seguir (SOUZA; LOBATO, 1992 apud CHINELATO, 2018):
NG = 5 x teor de argila (g.kg−1) ou NG = 50 x teor de argila (%)
Caso a saturação por bases em subsuperfície esteja abaixo do necessário para a cultura, pode-se
calcular a dose de gesso com base nela, conforme a fórmula a seguir (VITTI et al., 2004 apud
CHINELATO, 2018).
Em que:
NG = Necessidade de gesso (t.ha-1);
V2 = Saturação por bases desejada (%);
V1 = Saturação por bases atual na camada 20 - 40 cm (%);
CTC = Capacidade de troca catiônica na camada de 20 - 40 cm (mmolc.dm-3).
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Fosfatagem
O fósforo tem alto poder de fixação nos coloides, devido a isso, pequena porção do nutriente fica
disponível à planta. A fosfatagem tem por objetivo fornecer fósforo ao solo para ocupar os sítios
de adsorção que estão livres, favorecendo assim, o aproveitamento da fonte solúvel, que será
aplicada posteriormente.
Cálculos da necessidade de fosfatagem:
A dose de fostatagem (P2O5) deve ser calculada de acordo com a seguinte fórmula:
Para definir o nível crítico de P no solo e a capacidade tampão deve-se consultar a tabela abaixo:
Tabela 3: Extração e exportação de macronutrientes primários por cultivar de soja com tipo de
crescimento indeterminado, em equivalentes de N, P2O5 e K2O.
Fonte: Adaptada de Oliveira Júnior et al. (2014).
Tabela 4: Quantidades médias de micronutrientes exportados pela cultura da soja (grãos).
Fonte: Embrapa – Soja 2000; Altman Et Pavinato, 2001.
Como pode-se observar nas tabelas acima, a extração e exportação da cultura irá variar conforme
condições genéticas do cultivar e condições do solo, por isso, é necessário utilizar uma tabela de
extração que represente bem as condições de sua lavoura. Para calcular a dose a ser aplicada
utilizamos o cálculo:
Dose = produtividade esperada x extração de nutrientes pelos grãos
Como forma de exemplificar o cálculo a ser feito para recomendação de doses de N, P2O5 e K2O,
utilizando aos dados da tabela 5, para produção de 4,5 t de soja, temos:
Dados de extração dos micronutrientes e definição detalhada dos estádios fenológicos podem
ser consultados através do link: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-
/publicacao/1047123/estadios-fenologicos-e-marcha-de-absorcao-de-nutrientes-da-soja.
Uma das formas de analisar se a planta está com todos os nutrientes nos teores adequados para
uma boa produtividade se dá pela análise foliar. A época e a forma de fazer essas análises variam
por cultura: para a soja, recomenda-se retirar o terceiro trifólio totalmente expandido contado a
partir do ápice da planta, no início do florescimento. Para uma amostragem correta, recomenda-
se analisar pelo menos 30 plantas por talhão.
A análise visual também auxilia na detecção de problemas nutricionais na planta. Para isso, é
necessário entender qual sintoma está relacionado a cada nutriente, a tabela abaixo resume
estes pontos:
Nutriente Sintoma de deficiência Importância nutricional
e-book Raio X
Adubação N-P-K
Fixação biológica - N
A soja é uma planta autossuficiente quando se trata de adubação nitrogenada, devido à sua
capacidade de possuir simbiose com organismos capazes de fixar nitrogênio da atmosfera. Desta
forma, é importante ressaltar que, para a simbiose ocorrer, é necessário que o ambiente
radicular esteja propício à infecção pelas bactérias, além do solo possuir essas bactérias em
quantidades adequadas. O processo de adicionar as bactérias fixadoras de N ao solo é
denominado de inoculação.
Segundo Câmara (2019) a fixação biológica de N pode garantir à cultura de 250 a 375 kg.ha-1 de
nitrogênio, que representa cerca de 75% do N total requerido pela cultura. O restante, ainda
segundo Câmara, provém da matéria orgânica do solo e também da fixação proporcionada por
descargas elétricas, que representam até 40 kg.ha-1 de nitrogênio por ano.
Porém, para que a FBN ocorra de maneira correta alcançando seu máximo potencial é necessária
a presença de outros nutrientes. Segundo Câmara ([20--?]), tanto macro quanto micronutrientes
podem influenciar na melhor nodulação e maior fornecimento de N às plantas. Suas
especificidades estão reportadas a seguir:
Adubação micronutrientes
A aplicação de micronutrientes é essencial para se atingir altas produtividades na cultura. Dentre
os micronutrientes, recomenda-se, segundo a EMBRAPA a aplicação de 1 a 2 kg ha-1 de boro; de
4,0 a 6,0 kg ha-1 de zinco; de 2,5 a 6,0 kg ha-1 de manganês e de 0,5 a 2,0 kg ha-1 de cobre via solo.
Esta adubação pode ser complementada através da adubação foliar.
A adubação foliar está, na maioria das vezes, associada ao complemento (quando parte já foi
adicionada ao tratamento de sementes ou ao fertilizante utilizado no plantio ou cobertura) ou à
aplicação total para suprimento de determinado micronutriente demandado pela cultura.
É importante se atentar às doses recomendadas, às fontes que serão utilizadas e ao período ideal
de aplicação dos mesmos para evitar problemas de toxidez que podem ser causados. A tabela
abaixo apresenta uma recomendação de aplicação foliar de micronutrientes e complementação
de P para a cultura da soja, feita pelo Dr. Godofredo César Vitti:
Conclusão
Conforme visto, é imprescindível que os nutrientes estejam presentes no cultivo de forma
correta, com boa disponibilidade no solo, em quantidades adequadas e fornecidas no momento
correto para que a cultura exerça seu potencial produtivo. Tudo isso aliado a boas práticas de
manejo do solo. Assim, a adubação, e no caso da soja, a inoculação são processos fundamentais
para que a cultura alcance bons patamares produtivos, e um bom retorno financeiro ao produtor.
Caso tenha interesse em se aprofundar mais no tema acesse outros posts já publicados a
respeito de conteúdos complementares a este texto, como “Práticas corretivas para a cultura
da soja”. Em breve também lançaremos o tema: “Adubação para altas produtividades de
pastagens”, fiquem ligados!
Site: www.gape-esalq.com.br Telefone: (19)
3417-2138. e-mail: gape.usp@gmail.com
Instagram: @gape.esalq
>> As práticas corretivas (calagem, gessagem e fosfatagem) e adubação corretiva com potássio
melhoram o ambiente, visando a correção do perfil do solo, para aumento na absorção de água
e de nutrientes na cultura da soja. Acesse o artigo "Práticas corretivas para a Cultura da Soja" e
saiba mais a respeito das principais práticas corretivas para a cultura da soja!
>> A adubação fluida é uma modalidade de adubação que apresenta diversas vantagens para os
produtores rurais e futuro promissor no contexto da agricultura nacional, sendo cada vez mais
adotada. Assim, para saber mais a respeito de adubação fluida, acesse o artigo "Fertilizantes
Fluidos"!
>> A dessecação da soja é uma interferência essencial na cultura para casos em que a colheita
deve ser antecipada, tanto para garantir a qualidade do grão e ter uma homogeneidade na
colheita, quanto para poder realizar o plantio da segunda safra com uma melhor janela de
chuvas. Acesse o artigo "Dessecação da Soja: qual o melhor momento" e aprenda um pouco
mais sobre este processo!
>> As práticas corretivas têm por objetivo melhorar o ambiente edáfico ao desenvolvimento de
plantas. Além disso, são capazes de fornecer nutrientes, aumentar a disponibilidade destes e a
eficiência de futuras adubações. Acesse o artigo "Práticas Corretivas em Pastagens" para saber
mais sobre as diferentes práticas corretivas realizadas em pastagens!
>> Quer saber mais sobre Mercado Futuro? Leia o artigo "Mercado Futuro do Boi Gordo e
Commodities: 7 cuidados básicos" do Alberto Pessina.
Você quer aprender sobre Mercado Futuro e Opções de Futuros na Pecuária de Corte?
Aprender a proteger sua produção 🐂 das oscilações do mercado! Como garantir uma
reposição de animais utilizando o Mercado Futuro?
>> Leia mais em: “Por que devo saber o meu custo?”. Onde Alberto Pessina responde as
principais dúvidas sobre gestão de custos.
>> Leia mais entrevistas em: “Margem Bruta e Eficiência Comercial”. Onde Alberto
Pessina explica sobre Margem Bruta e Eficiência Comercial.
>> Leia mais entrevistas em: “Como melhorar os resultados da empresa rural?”. Onde Alberto
Pessina explica que precisamos analisar uma série de fatores que influenciam na produtividade
e rentabilidade do negócio para atingir bons resultados. E é fundamental se ter uma boa gestão
das atividades da propriedade rural.
>> Assista nossos webinars em https://blog.agromove.com.br/webinars/
Referências
CAMARA, Gil. SOJA: INOCULAÇÃO e COINOCULAÇÃO Agroadvance, [S. l.], p. 1-49, 14 ago. 2019.
FAQUIN, Valdemar. Nutrição mineral de plantas. 2005.
QUAGGIO, José Antonio. Acidez e calagem em solos tropicais. Instituto Agronômico, 2000.
VITTI, Godofredo Cesar; SGARBIERO, Eduardo. NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE SOJA E MILHO.
Piracicaba: Esalq, [s.d ]. 268 slides, color, 25 x 20.