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Síndromes de Alterações Cromossômicas

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Síndromes de alterações cromossômicas numéricas

SÍNDROME DE DOWN
 Causa mais frequente de “retardo mental” (30%) ; 1 a 2 crianças a cada mil nascidas vivas;
 70% das gestações apresentam aborto espontâneo;
 Mais comum em mulheres que engravidam após os 35 anos;
 Defeitos de fechamento do tubo neural – para casais que já tiveram uma criança com esse tipo de problema,
as chances de repetição está em torno de 4%. Nesses casos, os níveis de alfa-fetoproteína encontram-se
elevados no soro materno e no líquido amniótico, por isso a indicação é de dosagem dessa substância, além
da ultrassonografia.
 A expectativa de vida média passou de menos de 10 anos, em 1930, para mais de 50 anos nos dias de hoje.
 GENÉTICA: Trissomomia do cromossomo 21

Diagnóstico
A trissomia do cromossomo 21 pode ser diagnosticada durante a gravidez através de testes de triagem e
diagnósticos, como a amniocentese e a biópsia de vilosidades coriônicas. Após o nascimento, o diagnóstico
pode ser confirmado através de um exame de cariótipo, que analisa os cromossomos da criança.

Principais Manifestações Clínicas


1. Características Físicas
 Rosto e Cabeça: Rosto achatado, inclinação ascendente dos olhos, pequenas orelhas, e uma boca pequena
que pode causar a protrusão da língua.
 Pescoço: Curto e largo.
 Mãos e Pés: Mãos pequenas com dedos curtos, único sulco palmar (linha simiesca), e espaçamento
aumentado entre o primeiro e segundo dedos dos pés.
 Estatura: Geralmente baixa estatura e tônus muscular reduzido (hipotonia) na infância.
2. Características Cognitivas e Comportamentais
 Atraso no Desenvolvimento: Atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo são comuns. O QI varia, mas
geralmente está na faixa leve a moderada de deficiência intelectual.
 Dificuldades de Aprendizagem: Problemas de linguagem e memória de curto prazo.
 Comportamento: Pode haver comportamento obstinado ou impulsivo, mas também são comuns
características sociais positivas, como afetuosidade e sociabilidade.
3. Condições Médicas Associadas
 Cardíacas: Aproximadamente 50% dos indivíduos têm defeitos cardíacos congênitos, como defeito do septo
atrioventricular.
 Gastrointestinais: Anomalias como atresia duodenal, doença de Hirschsprung.
 Sistema Imunológico: Sistema imunológico comprometido, aumentando a suscetibilidade a infecções.
 Problemas Endócrinos: Hipotireoidismo, diabetes tipo 1.
 Distúrbios do Sono: Apneia do sono.
 Audição e Visão: Problemas auditivos e visuais, como otite média recorrente e catarata.
 Leucemia: Aumento do risco de certos tipos de leucemia na infância.
 Problemas Musculoesqueléticos: Instabilidade atlantoaxial, que é uma instabilidade nas articulações da
coluna cervical.
SÍNDROME DE EDWARDS

 É uma síndrome de malformações congênitas graves, causada pela trissomia do cromossomo 18. A incidência
está em torno de 1 afetado para cada 5.000 nascidos vivos e se relaciona ao aumento da idade materna. A
alteração cromossômica é muito frequente nos casos de abortos espontâneos. A expectativa de vida é baixa;
50% dos afetados morrem na primeira semana de vida; a sobrevida além de um ano é incomum.

CARACTERÍSTICAS

 cabeça pequena, alongada e estreita com o occipital proeminente. São características frequentes: olhos
pequenos (microftalmia), fendas palpebrais pequenas, hipertelorismo, mandíbula pequena, lábio leporino,
palato alto e estreito, na maioria dos casos com fenda palatina, orelhas de implantação baixa e malformadas,
pescoço curto, pés com proeminência do calcâneo, planta arredondada e convexa e mãos fechadas com
dedos superpostos. Apresentam também retardo mental e do desenvolvimento, sérios defeitos em órgãos
internos: anomalias cardíacas congênitas, anomalias renais, ausência do corpo caloso e do aparelho
reprodutor; pode haver hérnia umbilical e inguinal e artéria umbilical;

SÍNDROME DE PATAU

É uma síndrome de graves malformações múltiplas, que, geralmente, estão associadas a um prognóstico
ruim. É causada por um cromossomo 13 a mais (trissomia do cromossomo 13), geralmente de origem
materna. A incidência é de 1 a cada 10.000 nascidos vivos. A frequência de abortamentos espontâneos com
síndrome de Patau é muito elevada; os que sobrevivem e nascem, são os menos afetados. A sobrevida
média é de 3 meses; 50% das crianças morrem na primeira semana de vida; 95% das crianças evoluem a
óbito antes dos 3 anos de idade

CARACTERÍSTICAS

 microcefalia, microftalmia ou anoftalmia, pregas epicânticas internas, hipertelorismo, nariz grande e


achatado, orelhas de implantação baixa e malformadas, boca pequena, micrognatia, lábio leporino e palato
fendido, polidactilia e criptorquidismo. São frequentes graves defeitos congênitos em órgãos internos, como:
fusão dos hemisférios cerebrais, defeitos cardíacos, do tubo digestório e do aparelho genitourinário. O peso
ao nascer é normal, mas são surdos e cegos; apresentam dificuldade para alimentação e o desenvolvimento
não é normal.

SÍNDROME DE TURNER (45, X)


 É uma anomalia cromossômica sexual
Diferenciação Sexual

No início da vida embrionária, sob o ponto de vista morfológico, os embriões XX e XY são sexualmente neutros, não
sendo possível identificar se nascerá um menino ou uma menina. O desenvolvimento das gônadas inicia na quinta
semana de gestação e continua durante a sexta semana; antes da sexta semana de gestação, o sexo é indistinguível.
A diferenciação sexual ocorre devido à expressividade de genes localizados nos cromossomos sexuais. Dependendo
do gene presente, a gônada do embrião irá se desenvolver em testículo ou ovário, caracterizando o sexo gonadal.
Por volta da sexta e sétima semanas de gestação, sob a influência dos genes do cromossomo Y, começa a ocorrer a
organização dos testículos enquanto que a diferenciação ovariana ocorre por volta da 12ª semana de gestação.

Intersexualidade

Do ponto de vista citogenético, indivíduos XY são do sexo masculino e indivíduos XX são do sexo feminino.

O estado intersexual é caracterizado pela presença de traços masculinos e femininos no mesmo indivíduo. A maioria
dos casos de intersexualidade apresenta determinado grau de ambiguidade genital, o que geralmente pode ser
determinado ao nascimento; esses indivíduos são, geralmente, estéreis. A presença de tecido testicular e ovariano
na mesma gônada ou em gônadas diferentes de um mesmo indivíduo é considerado como um caso de
hermafroditismo verdadeiro, independentemente do número de cromossomos e do fenótipo do indivíduo. Nos
casos de intersexualidade em que há apenas a presença de tecido gonadal de um dos sexos, este é denominado
como pseudo-hermafroditismo, que pode ser masculino se a gônada for um testículo ou feminino no caso de a
gônada ser um ovário, independentemente do grau de ambiguidade fenotípica.

 Resulta da perda de um cromossomo X pela não disjunção na meiose; os estudos demonstram que em cerca
de 80% dos casos a não disjunção ocorreu no gameta masculino e 20% é de origem materna. A frequência é
de 1 ocorrência a cada 2.500 meninas nascidas vivas. Cerca de 99% dos fetos com 45, X é abortado
espontaneamente. As mulheres apresentam ovários rudimentares, com ausência das células germinativas e
de células produtoras de hormônios, acarretando a inibição do desenvolvimento das mamas e da genitália
externa que permanece infantilizada mesmo após a puberdade.
 É uma monossomia do cromossomo X (as células têm 45 cromossomos, com apenas um cromossomo X)

DIAGNÓSTICO

Feito no pré-natal através de ultrassonografia ou no nascimento onde se percebem as características


físicas.

CARACTERÍSTICAS
 Atinge meninas;
 Na infância: baixa estatura, pouco
crescimento;
 Puberdade: atraso na maturação
psicológica (infantilizadas);
 Ausência de mesntruação
(útero infantil e genitália pueril);
 A maioria tem inteligência normal, mas
algumas podem apresentar leve
deficiência intelectual.

SÍNDROME DE KLIENEFELTER (47, XXY)


Duplo X

 Acomete apenas indivíduos do sexo masculino e dificilmente é diagnosticada antes da puberdade (cerca de 1
a cada 800 meninos nascidos vivos). É uma alteração cromossômica considerada comum, sendo superada em
frequência apenas pela Síndrome de Down. Esse é mais um caso de síndrome relacionado com a idade
materna avançada.

CARACTERÍSTICAS

São comuns distúrbios de comportamento e personalidade


(delinquência alcoolismo e psicose), principalmente nos casos
em que o QI é baixo. Na maioria dos casos, a inteligência é
normal, mas há casos de deficiência intelectual (em torno de
10% dos portadores)
Síndromes de alterações cromossômicas estruturais
SÍNDROME DE WILSON

Causas Genéticas

A Síndrome de Wilson, também conhecida como degeneração hepatolenticular, é uma doença hereditária rara
causada pela mutação no gene ATP7B, localizado no cromossomo 13. Este gene é responsável pela produção de uma
proteína que ajuda a transportar cobre do fígado para outras partes do corpo, permitindo sua excreção na bile.

 Hereditariedade: A Síndrome de Wilson é transmitida de maneira autossômica recessiva, o que significa que um
indivíduo deve herdar duas cópias mutadas do gene ATP7B (uma de cada progenitor) para desenvolver a doença. Se
um indivíduo herda apenas uma cópia mutada, ele será um portador assintomático.

Principais Manifestações Clínicas


A Síndrome de Wilson pode afetar múltiplos sistemas do
corpo, principalmente o fígado e o sistema nervoso central. Os
sintomas podem variar amplamente e tendem a se manifestar
entre os 5 e 35 anos de idade, embora possam ocorrer mais
cedo ou mais tarde.

 Manifestações hepáticas (hepatite e cirrose)

 Manifestações Neurológicas e Psiquiátricas --


Distúrbios do Movimento: Tremores, rigidez, distonia
(contrações musculares involuntárias), dificuldade na
fala e na deglutição (disartria e disfagia).

 Problemas de Coordenação: Ataxia (perda de coordenação muscular) e dificuldades com movimentos finos.
 Alterações Psiquiátricas: Mudanças comportamentais, depressão, ansiedade, alterações de humor, e em casos
graves, psicose.

2. Manifestações Oftalmológicas

 Anel de Kayser-Fleischer: Anéis de cor marrom-dourada ao redor da córnea, visíveis durante um exame ocular,
resultantes da deposição de cobre na membrana de Descemet. Este é um sinal clínico clássico da Síndrome de
Wilson.

3. Outras Manifestações

 Hematológicas: Anemia hemolítica (destruição anormal de glóbulos vermelhos).


 Renais: Comprometimento da função renal devido à deposição de cobre nos rins.
 Endócrinas: Distúrbios hormonais, como hipoparatiroidismo e problemas menstruais nas mulheres.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico precoce da Síndrome de Wilson é crucial para prevenir danos progressivos aos órgãos. Ele pode incluir:

 Exames de Sangue: Níveis baixos de ceruloplasmina e aumento dos níveis de cobre no sangue.
 Exames de Urina: Excreção aumentada de cobre na urina de 24 horas.
 Biópsia Hepática: Medição direta da quantidade de cobre no tecido do fígado.
 Exames de Imagem: RM ou TC podem ser usados para avaliar danos hepáticos e neurológicos.
 Exame Ocular: Para detectar a presença do anel de Kayser-Fleischer.
Em casos avançados de danos hepáticos, pode ser necessário um transplante de fígado.

MUCOPOLISSACARIDOSES
TIPO I - TIPO II – SÍNDROME DE HUNTER
Causas Genéticas
A mucopolissacaridose (MPS) é um grupo de doenças metabólicas hereditárias causadas por deficiências nas
enzimas necessárias para a degradação dos glicosaminoglicanos (GAGs), também conhecidos como
mucopolissacarídeos. Essas enzimas estão localizadas nos lisossomos, organelas celulares responsáveis pela digestão
de várias macromoléculas. A ausência ou a funcionalidade deficiente dessas enzimas leva ao acúmulo de GAGs nas
células, tecidos e órgãos, resultando em danos progressivos e várias manifestações clínicas.

Existem vários tipos de mucopolissacaridose, cada um associado a uma deficiência específica de enzima. Alguns dos
principais tipos incluem:

1. MPS I (Síndrome de Hurler, Hurler-Scheie, e Scheie)


 Deficiência Enzimática: α-L-iduronidase.
 Hereditariedade: Autossômica recessiva.

2. MPS II (Síndrome de Hunter)


 Deficiência Enzimática: Iduronato-2-sulfatase.
 Hereditariedade: Ligada ao cromossomo X (afetando principalmente homens).
Principais Manifestações Clínicas
As manifestações clínicas da mucopolissacaridose variam amplamente dependendo do tipo específico e da gravidade
da deficiência enzimática. No entanto, existem alguns sintomas comuns que podem ser observados em muitos tipos
de MPS:

1. Manifestações Esqueléticas (Disostose Multiplex)


 Anormalidades no crescimento ósseo, levando a baixa estatura, malformações ósseas, e problemas nas articulações
(rigidez e contraturas).
 Escoliose e deformidades torácicas.

2. Manifestações Neurológicas
 Retardo mental progressivo, especialmente em MPS III (Sanfilippo).
 Hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro).
 Perda de habilidades cognitivas e motoras.

3. Manifestações Faciais (Fácies Grosso)


 Características faciais grosseiras, incluindo macrocefalia (cabeça grande), nariz achatado, lábios grossos e língua
grande (macroglossia).

4. Manifestações Oftalmológicas
 Opacificação da córnea, levando à perda de visão.
 Degeneração da retina, resultando em cegueira progressiva.

5. Manifestações Respiratórias
 Problemas respiratórios devido ao acúmulo de GAGs nas vias aéreas superiores, levando à apneia do sono e
infecções respiratórias recorrentes.
 Hipertrofia das tonsilas e adenoides.

6. Manifestações Cardíacas
 Doença valvar cardíaca, incluindo insuficiência e estenose das válvulas mitral e aórtica.
 Cardiomiopatia (doença do músculo cardíaco).

7. Manifestações Hepáticas e Esplênicas


 Hepatomegalia (aumento do fígado) e esplenomegalia (aumento do baço).

8. Outras Manifestações
 Hérnias umbilicais e inguinais.
 Problemas auditivos devido à otite média recorrente e acúmulo de GAGs no ouvido interno.
Diagnóstico e Tratamento
 Exames de Urina e sangue: Teste de excesso de GAGs .
 Exames Enzimáticos: Medição da atividade enzimática em leucócitos ou fibroblastos.
 Análise Genética: Testes de DNA para identificar mutações específicas nos genes responsáveis pela MPS.

Tratamento

Embora não haja cura para a mucopolissacaridose, existem várias abordagens terapêuticas para aliviar os sintomas e
retardar a progressão da doença:

 Terapia de Reposição Enzimática (ERT): Administração intravenosa da enzima deficiente para reduzir o acúmulo de
GAGs.
 Terapia de Redução de Substrato (SRT): Uso de medicamentos para diminuir a produção de GAGs.
 Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas (HSCT): Pode ser eficaz em alguns tipos de MPS, especialmente
quando realizado precocemente.
 Tratamento Sintomático: Manejo dos sintomas específicos, como cirurgias ortopédicas, tratamento das
complicações cardíacas e respiratórias, e suporte educacional e psicológico.

GALACTOSSEMIA

Causas Genéticas
A galactosemia é uma doença metabólica hereditária causada por mutações em genes envolvidos no metabolismo
da galactose, um açúcar simples encontrado no leite e em outros produtos lácteos. A galactosemia clássica (tipo I) é
a forma mais comum e severa da doença, e é causada por mutações no gene GALT.

 Gene Afetado: GALT (galactose-1-fosfato uridil transferase).


 Localização Genética: O gene GALT está localizado no cromossomo 9 (9p13).
 Hereditariedade: A galactosemia é transmitida de maneira autossômica recessiva. Para manifestar a doença, um
indivíduo deve herdar duas cópias mutadas do gene GALT (uma de cada progenitor). Os portadores de uma cópia
mutada geralmente não apresentam sintomas.

Existem outras formas de galactosemia causadas por mutações em diferentes genes:

 Galactosemia tipo II: Causada por mutações no gene GALK1, que codifica a enzima galactoquinase.
 Galactosemia tipo III: Causada por mutações no gene GALE, que codifica a enzima epimerase de UDP-galactose-4.
Principais Manifestações Clínicas
Os sintomas da galactosemia clássica geralmente aparecem logo após o nascimento, quando o recém-nascido
começa a consumir leite, que contém lactose (a lactose é composta por glicose e galactose). A incapacidade de
metabolizar a galactose leva ao acúmulo de galactose-1-fosfato e outros metabólitos tóxicos no corpo, resultando
em uma série de manifestações clínicas.

1. Sintomas Neonatais e Precoces


 Icterícia: Amarelecimento da pele e dos olhos devido à disfunção hepática.
 Vômitos: Frequentes após a alimentação.
 Hepatomegalia: Aumento do fígado.
 Letargia: Diminuição da atividade e sonolência excessiva.
 Hipoglicemia: Baixos níveis de açúcar no sangue.
 Má Alimentação: Dificuldade em se alimentar e ganhar peso.

2. Complicações Hepáticas
 Insuficiência Hepática: Pode se desenvolver rapidamente, levando a sérias complicações.
 Sangramentos: Devido à disfunção hepática, que afeta a produção de fatores de coagulação.

3. Complicações Renais
 Acidose Metabólica: Acúmulo de ácido no sangue devido à disfunção renal.
 Aminoacidúria: Excreção anormal de aminoácidos na urina.

4. Complicações Neurológicas
 Catarata: O acúmulo de galactitol no cristalino do olho pode levar à formação de catarata.
 Retardo Mental: Se não tratada, a galactosemia pode levar a atrasos no desenvolvimento cognitivo e intelectual.

5. Problemas de Crescimento e Desenvolvimento


 Falha no Crescimento: Devido à má nutrição e complicações metabólicas.
 Atrasos no Desenvolvimento: Podem ocorrer atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo.

6. Complicações Endócrinas
 Hipogonadismo Hipergonadotrófico: Em meninas, pode ocorrer falha ovariana prematura e infertilidade.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico precoce da galactosemia é crucial para prevenir danos graves e potencialmente fatais. Ele pode ser
realizado através de:

 Triagem Neonatal: Testes de rotina em recém-nascidos que medem a atividade da enzima GALT ou os níveis de
galactose e galactose-1-fosfato no sangue.
 Exames Genéticos: Testes para identificar mutações específicas no gene GALT.
Tratamento

O tratamento da galactosemia envolve a restrição dietética rigorosa de galactose e lactose para prevenir a
acumulação de metabólitos tóxicos.

 Dieta Sem Galactose/Lactose: Substituição do leite materno ou fórmula láctea por fórmulas especiais que não
contêm galactose ou lactose.
 Monitoramento Regular: Acompanhamento regular com exames de sangue e avaliação clínica para monitorar o
desenvolvimento e prevenir complicações.

Embora a restrição dietética possa prevenir muitos dos sintomas agudos e complicações graves, alguns indivíduos
com galactosemia podem ainda desenvolver complicações a longo prazo, como dificuldades de aprendizagem,
problemas de fala e coordenação, e insuficiência ovariana nas mulheres.

SÍNDROME DE GAUCHER
Causas Genéticas
A Síndrome de Gaucher é uma doença genética autossômica recessiva causada pela deficiência da enzima
glucocerebrosidase (também conhecida como beta-glicosidase), que é necessária para a degradação do glicolipídio
glucocerebrosídeo. A deficiência desta enzima leva ao acúmulo de glucocerebrosídeo nas células e tecidos,
principalmente nos macrófagos, causando a disfunção de vários órgãos.

 Gene Afetado: GBA.


 Localização Genética: O gene GBA está localizado no cromossomo 1, especificamente na região 1q21.
 Hereditariedade: A Síndrome de Gaucher é transmitida de maneira autossômica recessiva. Isso significa que um
indivíduo deve herdar duas cópias mutadas do gene GBA (uma de cada progenitor) para manifestar a doença.
Portadores de uma única cópia mutada geralmente não apresentam sintomas.
Tipos de Síndrome de Gaucher
Existem três principais tipos clínicos da Síndrome de Gaucher, cada um com características distintas:

1. Tipo 1 (Não-Neuronopática)
 Mais Comum: Representa cerca de 90% dos casos.
 Manifestações: Não afeta o sistema nervoso central.
 Idade de Início: Pode variar da infância à idade adulta.

2. Tipo 2 (Neuronopática Aguda)


 Rara e Severa: Forma mais grave da doença.
 Manifestações: Envolvimento severo do sistema nervoso central.
 Idade de Início: Início precoce na infância, frequentemente antes dos 2 anos de idade.
 Prognóstico: Geralmente leva a óbito precoce.

3. Tipo 3 (Neuronopática Crônica)


 Intermediário: Entre os tipos 1 e 2 em termos de gravidade.
 Manifestações: Envolvimento neurológico progressivo, mas menos severo que o tipo 2.
 Idade de Início: Infância ou adolescência.
Principais Manifestações Clínicas
As manifestações clínicas da Síndrome de Gaucher variam amplamente dependendo do tipo e da gravidade da
doença. Alguns dos sintomas comuns incluem:
1. Manifestações Hematológicas
 Anemia: Baixa contagem de glóbulos vermelhos, levando a fadiga e fraqueza.
 Trombocitopenia: Baixa contagem de plaquetas, resultando em tendência a sangramentos e hematomas.
 Leucopenia: Baixa contagem de glóbulos brancos, aumentando a suscetibilidade a infecções.

2. Manifestações Esqueléticas
 Dor Óssea e Crises Ósseas: Dor severa nos ossos devido ao acúmulo de glucocerebrosídeo.
 Osteopenia/Osteoporose: Perda de densidade óssea, aumentando o risco de fraturas.
 Infartos Ósseos: Morte de tecido ósseo devido à falta de suprimento sanguíneo.
 Deformidades Ósseas: Especialmente em ossos longos.

3. Manifestações Viscerais
 Hepatomegalia: Aumento do fígado, podendo levar à disfunção hepática.
 Esplenomegalia: Aumento do baço, que pode causar dor abdominal, sensação de plenitude e aumento da
destruição de células sanguíneas.

4. Manifestações Neurológicas (Tipos 2 e 3)


 Convulsões: Episódios de atividade elétrica anormal no cérebro.
 Espasticidade: Rigidez muscular e movimentos involuntários.
 Atraso no Desenvolvimento: Atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo.
 Problemas de Coordenação: Dificuldade em realizar movimentos precisos.

5. Outras Manifestações
 Problemas Pulmonares: Infecção e fibrose pulmonar em alguns casos.
 Fadiga Crônica: Devido à anemia e outros fatores.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico precoce da Síndrome de Gaucher é essencial para o manejo adequado e para melhorar a qualidade de
vida dos pacientes. Os métodos de diagnóstico incluem:

 Exames de Sangue: Níveis de atividade da enzima glucocerebrosidase.


 Teste Genético: Identificação de mutações no gene GBA.
 Exames de Imagem: Avaliação do tamanho do fígado e do baço, além da densidade óssea.

Tratamento

Embora não haja cura para a Síndrome de Gaucher, existem tratamentos disponíveis para aliviar os sintomas e
retardar a progressão da doença:

1. Terapia de Reposição Enzimática (ERT)


 Objetivo: Substituir a enzima deficiente por uma forma recombinante.
 Exemplo: Imiglucerase, velaglucerase alfa.

2. Terapia de Redução de Substrato (SRT)


 Objetivo: Reduzir a produção de glucocerebrosídeo.
 Exemplo: Miglustat.
3. Tratamento Sintomático
 Transfusões de Sangue: Para tratar anemia severa.
 Esplenectomia: Remoção do baço em casos de esplenomegalia grave e refratária.
 Analgésicos: Para controle da dor óssea.
 Suporte Multidisciplinar: Incluindo fisioterapia, acompanhamento nutricional e suporte psicológico.

DOENÇA DE TAY SACHS

Doença do “bebê molinho”

Causas Genéticas
A doença de Tay-Sachs é uma doença hereditária autossômica recessiva que resulta da deficiência da enzima
hexosaminidase A (Hex-A). Essa enzima é necessária para a degradação de um gangliosídeo específico
chamado GM2, que é um tipo de lipídio. A deficiência de Hex-A leva ao acúmulo de GM2 nos neurônios,
resultando em destruição progressiva das células nervosas.
 Gene Afetado: HEXA.
 Localização Genética: O gene HEXA está localizado no cromossomo 15 (15q23-q24).
 Hereditariedade: A doença de Tay-Sachs é autossômica recessiva, o que significa que um indivíduo deve
herdar duas cópias mutadas do gene HEXA (uma de cada progenitor) para manifestar a doença. Indivíduos
com uma única cópia mutada são portadores e geralmente não apresentam sintomas.
Principais Manifestações Clínicas
A doença de Tay-Sachs é caracterizada pela neurodegeneração progressiva, que leva a uma série de
manifestações clínicas. Existem várias formas da doença, sendo a forma infantil a mais comum e severa.
Outras formas, como a juvenil e a adulta, são mais raras e menos severas.
1. Forma Infantil (Clássica)
 Idade de Início: Entre 3 e 6 meses de idade.
 Desenvolvimento Normal Inicial: Os bebês parecem se desenvolver normalmente até os primeiros
meses de vida.
 Regressão do Desenvolvimento: Perda das habilidades motoras e mentais adquiridas.
 Sintomas Neurológicos: Fraqueza muscular, hipotonia (diminuição do tônus muscular), e aumento
da resposta ao som (hiperacusia).
 Problemas Visuais: Mancha vermelho-cereja na mácula, observada em exames oftalmológicos.
 Convulsões: Crises epilépticas começam a ocorrer.
 Atraso Mental: Retardo no desenvolvimento cognitivo.
 Surdez e Cegueira: Progressiva perda de audição e visão.
 Macrocefalia: Aumento do tamanho da cabeça devido ao acúmulo de GM2.
 Morte Prematura: A maioria das crianças com a forma infantil da doença de Tay-Sachs morre antes
dos 5 anos de idade.
2. Forma Juvenil
 Idade de Início: Entre 2 e 10 anos de idade.
 Progressão dos Sintomas: Mais lenta que a forma infantil.
 Sintomas Neurológicos: Problemas de coordenação, ataxia (dificuldade de movimento), e distúrbios
comportamentais.
 Problemas Cognitivos: Retardo mental e dificuldades de aprendizado.
 Problemas Visuais: Mancha vermelho-cereja na mácula.
 Convulsões: Crises epilépticas.
 Prognóstico: A morte geralmente ocorre entre 10 e 15 anos de idade.
3. Forma Adulta (Tardia)
 Idade de Início: Adolescência ou idade adulta.
 Progressão Lenta: Sintomas progridem mais lentamente.
 Sintomas Neurológicos: Dificuldades motoras, fraqueza muscular, e ataxia.
 Problemas Psiquiátricos: Distúrbios comportamentais, psicose, e problemas psiquiátricos.
 Problemas Cognitivos: Pode haver dificuldades cognitivas leves.
 Problemas Visuais: Mancha vermelho-cereja na mácula pode estar presente.
 Expectativa de Vida: Indivíduos podem viver até a meia-idade ou além.
Diagnóstico e Tratamento
Diagnóstico
O diagnóstico precoce da doença de Tay-Sachs é crucial para o manejo adequado. As técnicas de diagnóstico
incluem:
 Exames Enzimáticos: Medição da atividade da enzima Hex-A em leucócitos ou fibroblastos.
 Exames Oftalmológicos: Detecção da mancha vermelho-cereja na mácula.
 Teste Genético: Identificação de mutações no gene HEXA.
 Triagem Neonatal: Testes de rotina em recém-nascidos em algumas populações de alto risco.
Tratamento
Não há cura para a doença de Tay-Sachs, e o tratamento é principalmente paliativo, focado no alívio dos
sintomas e no suporte aos pacientes e suas famílias:
 Controle de Convulsões: Uso de medicamentos anticonvulsivantes.
 Fisioterapia: Para ajudar a manter a função muscular e a mobilidade.
 Cuidados Paliativos: Gestão da dor, alimentação e suporte respiratório.
 Apoio Nutricional: Alimentação por sonda se necessário.
 Apoio Psicossocial: Suporte emocional e psicológico para a família.

Resumo – ANOMALIAS CROMOSSÔMICAS

 Numéricas: Síndrome de Edwards, Síndrome de Down, Síndrome de Patau, Síndrome de Klinefelter, Síndrome de
Turner.
 Estruturais: Mucopolissacaridose, Galactosemia, Doença de Wilson, Síndrome de Hunter, Doença de Gaucher,
Doença de Tay-Sachs

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