RRAg-1001221-91 2021 5 02 0031
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0031
ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GMSPM/icnb/bbs
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ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 333 DO TST E DO § 7º DO ART. 896 DA
CLT - MULTA NORMATIVA. ART. 896, “A” E “C”, DA CLT –
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFICIÁRIO
DA JUSTIÇA GRATUITA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE.
OBSERVÂNCIA DA ADI Nº 5.766 DO STF. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 333 DO TST E DO § 7º DO ART. 896 DA CLT.
TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. Nega-se provimento
ao agravo de instrumento quando não demonstrada a
viabilidade do processamento do recurso de revista. Agravo
de instrumento a que se nega provimento.
II - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO
ESTADO DE SÃO PAULO - REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.467/2017 –
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO DE
SERVIÇOS. ENTE PÚBLICO. AUSÊNCIA DE PROVA DE
FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. TESE FIRMADA PELO STF EM
SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 246. TRANSCENDÊNCIA
POLÍTICA RECONHECIDA. Constatada possível violação do
inciso I do artigo 373 do CPC, merece provimento o agravo de
instrumento para determinar o processamento do recurso de
revista. Agravo de instrumento a que se dá provimento.
III – RECURSO DE REVISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO -
REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.467/2017 – RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS. ENTE PÚBLICO.
AUSÊNCIA DE PROVA DE FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. TESE
FIRMADA PELO STF EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. TEMA
246. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. O Supremo
Tribunal Federal, ao examinar a ADC-16/DF e o RE-760931/DF
(leading case do Tema nº 246 do Ementário de Repercussão
Geral), firmou tese no sentido de que a inadimplência da
empresa contratada não transfere ao ente público tomador
de serviços, de forma automática, a responsabilidade pelo
pagamento dos encargos trabalhistas e fiscais, sendo
necessário verificar, caso a caso, a eventual ocorrência de
culpa da Administração Pública. Embora o tema nº 1.118
ainda esteja pendente de julgamento, o Supremo Tribunal
Federal tem reiteradamente cassado decisões da Justiça do
Trabalho em que se atribui a responsabilidade subsidiária ao
ente público, em razão de este não ter se desincumbido do
encargo de demonstrar a efetiva fiscalização do contrato.
Julgados do STF. Considerando que o Supremo Tribunal
Federal delineia o alcance dos seus precedentes vinculantes
por meio de suas reclamações, constata-se que a mera
ausência de prova quanto à fiscalização do contrato não
induz à responsabilização do Poder Público. Caso contrário,
estar-se-ia diante da possibilidade de novas condenações do
Estado por simples inadimplemento, em desrespeito à tese
fixada na ADC 16. Transcendência política reconhecida.
Recurso de revista de que se conhece e a que se dá
provimento.
VOTO
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I – AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE
1 – CONHECIMENTO
2 – MÉRITO
O Regional denegou seguimento ao recurso de revista com fulcro no art. 896, “c”,
da CLT e na Súmula 296, I, do TST.
O reclamante impugna a decisão denegatória e reitera a argumentação
apresentada no referido apelo. Sustenta que é inválido o acordo de compensação de horas. Afirma que
trabalhou no regime 12x36 exercendo habitualmente hora extras, assim como, antecipava e prorrogava
a sua jornada diariamente e laborava nos dias de folga. Renova suas alegações de divergência
jurisprudencial e contrariedade ao item IV da Súmula 85 do TST. Alega, ainda, violação do inciso III do
artigo 5º da Constituição da República, artigo 59-B da CLT e do inciso XIII do artigo 7º da Constituição da
República.
Sem razão.
O Regional assim decidiu:
“Das horas extras. Minutos que antecedem a jornada de trabalho. Escala 12x36.
Descaracterização
Insurge-se o reclamante contra a r. decisão de origem que indeferiu o pagamento de horas
extras a partir da 8ª hora diária, afirmando que o regime de compensação 12x36 restou
descaracterizado pela extrapolação habitual da jornada.
Sem razão.
Os elementos de prova colhidos durante a instrução processual revelaram que o reclamante
antecipava e prorrogava sua jornada em 15 minutos a fim de realizar a vistoria do posto e a troca de
uniforme, laborando das 06:45 às 19:15 horas, com uma hora de intervalo, em escala 12x36.
Nesse passo, deve ser salientado que o reclamante não se insurge quanto à validade da escala
com frequência distribuída no modelo de 12x36, e sim apenas sustenta a descaracterização da
compensação pelo habitual labor extraordinário.
Ocorre que, ao contrário do que alega o recorrente, os §§ 1º e 4º da 42ª cláusula da convenção
coletiva da categoria estabelecem expressamente que a realização de uma hora extra por dia e o
labor em até quatro folgas por mês não descaracterizam a jornada de trabalho 12x36 (v.fls. 107).
Como os minutos antecipados e prorrogados pelo reclamante são inferiores à tolerância
estabelecida pela norma coletiva, o MM. Juízo de origem andou bem ao reconhecer a validade da
jornada de trabalho em regime de 12 horas de trabalho por 36 de descanso. Nego provimento.” (fl.
1238)
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limite de 10 minutos diários para registro de ponto previsto em lei, por si só, sem a evidência de
efetiva prestação de serviços pelo obreiro, não torna inválido o regime especial 12x36, pois, nesse
caso, o empregado encontra-se simplesmente à disposição do empregador, resultando respeitada a
carga máxima diária de trabalho real (12 horas). 3 - Julgados desta SBDI-1 e de Turmas do TST. 4 - Na
presente hipótese, não consta do acórdão da Turma, tampouco dos trechos do acórdão do Tribunal
Regional nele reproduzidos, nenhuma informação acerca da efetiva prestação de labor pelo
reclamante nos minutos residuais. 5 - Logo, ao manter incólume o regime 12x36 previsto em norma
coletiva, a Turma recorrida decidiu em consonância com iterativa e notória jurisprudência desta
Corte Superior, circunstância que torna os arestos paradigmas imprestáveis à demonstração de
divergência jurisprudencial, de modo a atrair a incidência do disposto no art. 894, § 2º, da CLT. 6 - Por
sua vez, não se vislumbra contrariedade à Súmula 444 do TST, pois a jornada especial de trabalho foi
ajustada mediante instrumento normativo, revelando-se, portanto, plenamente válida, nos
expressos termos do verbete em questão. Recurso de embargos não conhecido." (E-ARR-11529-
24.2016.5.03.0106, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relatora Ministra Delaide
Alves Miranda Arantes, DEJT 17/11/2023)
"RECURSO DE REVISTA. (...) VALIDADE DO REGIME 12X36. I - O Tribunal Regional consignou que
a adoção da escala 12X36, à qual o recorrente se submetia, está prevista nos instrumentos coletivos
da categoria, a exemplo da cláusula 37ª da CCT 2012/2014, motivo pelo qual reconheceu a validade
do referido regime, na esteira da Súmula 444 do TST. II - Com esteio na prova testemunhal e
documental, a Corte local detectou que havia extrapolação da jornada, nos termos do artigo 58, § 1º,
da CLT, uma vez que o recorrente chegava 20 minutos antes do horário registrado no cartão ponto e
saía 20 minutos depois, perfazendo o total de 40 minutos destinados à rendição, tendo alertado que
não havia prestação habitual de horas extras ou de "dobras". III - Por isso, deu parcial provimento ao
recurso ordinário do recorrente para condenar a reclamada ao pagamento de diferenças de horas
extras além da 12ª, observado o tempo destinado à rendição, arbitrado em 40 minutos, respeitados
os dias efetivamente laborados. IV - Nesse contexto, sobressai a certeza de que os julgados trazidos
a cotejo são inespecíficos, à luz da Súmula nº 296, I, do TST, pois versam sobre hipóteses em que,
comprovadamente, havia prestação habitual de horas extras, suscetível de descaracterizar o
regime 12X36, aspecto que não guarda similitude fática com a controvérsia enfrentada no acórdão
impugnado. V - Com efeito, a condenação ao pagamento de diferenças de horas extras oriundas
dos minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho, a teor do artigo 58, § 1º, da CLT, é
fruto de construção jurisprudencial, consubstanciada na Súmula 366/TST . VI - Sendo assim, não há
como conferir a esses minutos residuais o condão de invalidar a escala 12X36, diante da nítida
distinção entre eles e a ocorrência de sobrejornada, porque na primeira hipótese o empregado se
encontra à disposição do empregador, enquanto na segunda ele efetivamente presta horas
suplementares, em relação às quais é que se põe como adequada a conclusão sobre a habitualidade
da sua prestação . VII - Recurso de revista não conhecido (...)" (RR-1001-79.2015.5.09.0014, Relator
Ministro Antonio José de Barros Levenhagen, 5ª Turma, DEJT 23/6/2017)
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Recurso de revista de que não se conhece. (RR-108100-71.2010.5.17.0011, 1ª Turma, Relator Ministro
Walmir Oliveira da Costa, DEJT 04/10/2019)
"RECURSO DE REVISTA. (...) 2. JORNADA 12X36 HORAS. O Tribunal Regional consignou que "A
extrapolação da jornada, no caso dos autos, decorreu unicamente do tempo à disposição
reconhecido (15 minutos), o qual, além de não ser expressivo, não configura tempo efetivamente
laborado", razão pela qual afastou a pretensão recursal de desconsideração da jornada no
sistema 12x36 respaldada em norma coletiva. Considerando esse contexto fático, qual seja o de que
o labor extraordinário de quinze minutos não é expressivo de modo a descaracterizar a escala de
trabalho avençada por meio de norma coletiva, não se divisa a indicada afronta literal aos
dispositivos invocados e sequer contrariedade à Súmula mencionada no recurso, na forma exigida
pelas alíneas "a" e "c" do artigo 896 da CLT. Recurso de revista não conhecido" (RR-11899-
19.2015.5.15.0004, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 11/5/2018)
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não descaracterizam, por si só, o regime de trabalho de 12x36 previsto em norma coletiva. Incidência
dos óbices do § 7º do art. 896 da CLT e da Súmula 333 do TST.
Ademais, arestos oriundos de Turmas do TST não autorizam o processamento do
recurso de revista, nos termos do art. 896, “a”, da CLT.
Dessa forma, mostra-se inviável o processamento do recurso de revista, não
havendo como reconhecer a transcendência da causa (artigo 896-A da CLT), em qualquer de suas
modalidades.
Nego provimento.
Aduz o recorrente que faz jus ao percebimento da multa convencional, pois o recorrido
desrespeitou as cláusulas convencionais que versam sobre horas extras, PLR e folgas laboradas.
Pugna pela reforma.
O apelo não prospera.
Invoca a prefacial a aplicação da Cláusula 70 da CCT 2019 e referida Cláusula traz expresso em
seu parágrafo segundo que a multa prevista na convenção coletiva só terá eficácia se for aplicada em
ação judicial, com assistência do sindicato profissional do interessado (fls.122).
Logo, não sendo esta a hipótese dos autos, improcede sua aplicação.
Rejeito.” (fl. 1239)
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beneficiário da justiça gratuita seria responsável pelo pagamento dos honorários devidos ao perito
nomeado pelo Juízo, na hipótese de ter sido sucumbente no objeto da perícia, bem como pela
quitação dos honorários advocatícios ao patrono da parte contrária, desde que tenha recebido,
mesmo que em processo diverso, valores capazes de suportar a despesa.
Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 5766, em sessão realizada em
20/10/2021, declarou a inconstitucionalidade das disposições que autorizavam a cobrança de
honorários advocatícios e honorários periciais do beneficiário da justiça gratuita, nos seguintes
termos:
‘O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ação
direta, para declarar inconstitucionais os arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto Barroso
(Relator), Luiz Fux (Presidente), Nunes Marques e Gilmar Mendes. Por maioria, julgou
improcedente a ação no tocante ao art. 844, § 2º, da CLT, declarando-o constitucional,
vencidos os Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Redigirá o acórdão o
Ministro Alexandre de Moraes. Plenário, 20.10.2021 (Sessão realizada por videoconferência -
Resolução 672/2020/STF).
De acordo com o artigo 102, §2º, da Constituição Federal, as decisões definitivas de mérito,
proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações
declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante,
relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal. Desta forma, a decisão proferida pelo STF no julgamento da
ADI 5766 deve ser observada por todos os órgãos do Poder Judiciário.
A leitura da ata publicada pelo Supremo Tribunal Federal evidencia que todo o parágrafo
quarto do artigo 791-A da CLT foi declarado inconstitucional, e não apenas parte de seu texto, não
sendo possível, portanto, determinar o pagamento dos honorários de sucumbência ao trabalhador
beneficiário da justiça gratuita.
Contudo, a maioria desta E. Turma entende, com base no conteúdo do voto vencedor proferido
na mencionada ADI 5766, que apenas a expressão ‘desde que não tenha obtido em foi objeto juízo,
ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa’ da declaração de
inconstitucionalidade, de modo que o parágrafo 4º do artigo 791-A da CLT subsiste com redação
semelhante à do artigo 98, § 5º, do CPC, sendo possível a execução das obrigações decorrentes da
sucumbência se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, ou seja, se o credor comprovar que a condição econômica do trabalhador
vencido se transformou a ponto de não mais justificar a manutenção da gratuita.
Muito embora entenda que se deveria seguir o texto expresso da ata de julgamento da ADI
5766 e não o teor do voto vencedor para se dar cumprimento do disposto no artigo 102, § 2º, da
Constituição Federal, ressalvo minha posição pessoal e acolho a orientação colegiada, a fim de
declarar que os honorários advocatícios são devidos pelo autor, mas devem permanecer em
condição suspensiva de exigibilidade pelo prazo de dois anos, competindo ao credor demonstrar que
cessou a condição de miserabilidade que ensejou a concessão da justiça gratuita.
Mantenho, assim, a r. sentença, quanto à condenação do reclamante ao pagamento de
honorários sucumbenciais, em relação aos pedidos julgados improcedentes.” (fls. 1238/1240 – g.n)
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"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA NA DECISÃO AGRAVADA. Este Relator
proveu o recurso de revista da reclamante para afastar a condenação ao pagamento dos honorários
advocatícios, aplicada em razão da previsão contida no art. 791-A, § 4º, da CLT. Ocorre que, em
sessão realizada no dia 20/10/2021, o STF, ao examinar a ADI nº 5766, julgou parcialmente
procedente o pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade do referido dispositivo,
precisamente da fração: "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo,
créditos capazes de suportar a despesa". Logo, deve ser parcialmente provido o agravo a fim de
retificar o alcance dado ao provimento do recurso de revista para determinar que a condenação da
parte reclamante ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais deverá permanecer sob
condição suspensiva de exigibilidade, nos moldes previstos no art. 791-A, § 4º, da CLT, sendo vedada
a utilização de créditos oriundos do presente processo ou de outra demanda para fins de pagamento
da verba honorária. Agravo parcialmente provido" (Ag-RRAg-49-08.2020.5.12.0058, 5ª Turma , Relator
Ministro Breno Medeiros, DEJT 05/08/2022).
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sucumbenciais. 6 - Em síntese, a conclusão do STF foi de que deve ser aplicado o art. 791-A, § 4º, da
CLT nos seguintes termos: "§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, (...) as obrigações
decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do
beneficiário". 7 - No caso concreto, consta no acórdão recorrido, trecho transcrito, que o TRT afastou
a incidência do § 4º do art. 791-A da CLT por entender que a norma nele contida somente se aplicaria
à parte autora. 8 - Deve ser provido parcialmente o recurso de revista para reconhecer que o
dispositivo de lei federal se aplica à parte beneficiária da justiça gratuita (independentemente da
posição que ocupe nos polos da lide) e aplicar a tese vinculante nos termos da ADI nº 5.766 com os
esclarecimentos constantes no julgamento dos embargos de declaração pelo STF. 9 - Recurso de
revista de que se conhece e a que se dá provimento parcial" (RRAg-220-56.2019.5.12.0039, 6ª Turma ,
Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 11/11/2022).
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PAULO
1 – CONHECIMENTO
2 – MÉRITO
“Da análise dos autos, verifica-se que o recorrente Estado de São Paulo afirmou na contestação
e repetiu nas razões do recurso ordinário que realizava a fiscalização da primeira reclamada. No
entanto, os documentos juntados são insuficientes para comprovar que efetivamente realizava a
fiscalização, tanto é assim que o reclamante precisou se socorrer do Poder Judiciário para obter o
cumprimento dos seus direitos trabalhistas que foram lesados pela primeira reclamada, o que revela
que o recorrente, Estado de São Paulo, era omisso no que concerne à fiscalização do cumprimento
das obrigações elementares do contrato de trabalho por parte das empresas que atuavam em seu
favor.
Vale notar que os documentos juntados com a contestação são insuficientes para comprovar a
devida fiscalização sobre as obrigações trabalhistas do reclamante, sobretudo porque inexistente
comprovação em relação a todas as verbas contratuais devidas durante a prestação de serviços,
bem como daquelas decorrentes da extinção do contrato de trabalho.
Incide ao caso, pois, a Súmula 331, IV e V, do C.TST, que ora se transcreve:
[...]
Acrescente-se, no mais, que o próprio artigo 67 da Lei de Licitações determina que a execução
do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada de maneira regular e efetiva, como segue:
[...]
Esclareço que o ônus de comprovar a efetiva fiscalização sobre a empresa prestadora de
serviços recai sobre o ente da administração pública, e não sobre o trabalhador. Isso porque é a
tomadora de serviços que tem a obrigação legal de realizar os atos necessários ao escorreito
acompanhamento do contrato (art. 67 da Lei 8666/93), possuindo, consequentemente, a
documentação necessária à defesa de seus interesses.
Ademais, não é possível, sequer em tese, comprovar documentalmente o ato puramente
omissivo. Não há forma lógica de exigir da parte que comprove a não ocorrência da fiscalização, ou o
não acompanhamento do pagamento das parcelas trabalhistas previstas na legislação, pois isso
equivaleria a exigir da parte que produzisse prova negativa, pertinente à inocorrência de uma
conduta esperada. Ao contrário, o que se prova é a conduta comissiva, o próprio pagamento, a
fiscalização.
Assim, por demonstrada a omissão do recorrente, não se cogita do afastamento da
responsabilidade subsidiária que lhe foi imposta. Saliento que, ao contrário das pretensões recursais,
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a natureza jurídica do apelante (pessoa jurídica de direito público) não obsta o reconhecimento da
responsabilidade subsidiária em debate. No mais, diversamente do que quer fazer crer o recorrente,
os documentos colacionados à defesa nada comprovam a título da efetiva fiscalização das obrigações
trabalhistas mencionadas em suas razões de apelo, na medida em que dizem respeito apenas à
contratação da primeira reclamada e aos desdobramentos legais do referido contrato; tanto é assim
que foram julgadas procedentes várias verbas trabalhistas no presente caso, tendo em vista as
irregularidades cometidas e o não pagamento a que tinha direito o empregado. Nada a reparar,
portanto.” (fls. 1.243/1.244)
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vinculante, nos termos do artigo 927 do CPC, deve ser reconhecida a transcendência da causa.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. NÃO DEMONSTRAÇÃO DA CONDUTA CULPOSA.
PROVIMENTO. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADC nº 16, ao declarar a
constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, firmou posição de que o mero
inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte da empresa prestadora de serviços não
transfere à Administração Pública, de forma automática, a responsabilidade pelo pagamento do
referido débito. Ressaltou, contudo, ser possível a imputação da mencionada responsabilidade,
quando evidenciada a sua conduta culposa, caracterizada pelo descumprimento de normas de
observância obrigatória, seja na escolha da empresa prestadora de serviços (culpa in eligendo), ou na
fiscalização da execução do contrato (culpa in vigilando), não podendo decorrer de mera presunção
da culpa. Tal entendimento, saliente-se, foi reafirmado por ocasião do julgamento do RE 760931 -
Tema 246 da Tabela de Repercussão Geral da excelsa Corte. Sobre a comprovação da culpa, o STF
tem entendido que ela somente pode decorrer do exame dos elementos probatórios existentes no
processo, aptos a revelarem a conduta negligente da Administração Pública e o nexo de causalidade
com o dano sofrido pelo trabalhador, sendo do empregado o encargo de comprovar a omissão do
ente público quanto à sua obrigação de fiscalizar. Não se pode olvidar que, no tocante ao encargo
probatório, a SBDI-1, no julgamento do E-RR-925-07.2016.5.05.0281, de relatoria do Ministro Cláudio
Brandão, em 12.12.2019, por entender que o STF não teria decidido sobre a questão, firmou
entendimento de que cabe à Administração Pública demonstrar a ausência de culpa quanto ao
inadimplemento das verbas trabalhistas devidas pela prestadora de serviços, considerando a sua
aptidão para produção da prova. A despeito de a aludida questão ainda estar pendente de
julgamento no STF, verifica-se que a referida Corte, em sede de reclamação, tem cassado as decisões
da Justiça do Trabalho em que atribuída a responsabilidade subsidiária do ente público por não ter
se desincumbido do encargo de demonstrar a efetiva fiscalização. Registre-se, ademais, que destoa
do comando contido nas decisões da ADC n° 16 e do RE 760931 a responsabilização do ente público
amparada na ineficiência ou ineficácia da fiscalização, porquanto isso implica atribuir-lhe a
responsabilidade subsidiária de forma automática, em razão do mero inadimplemento das
obrigações trabalhistas. Importante salientar que as decisões proferidas pelo Supremo Tribunal
Federal em regime de repercussão geral, por força de sua natureza vinculante, mostram-se de
observância obrigatória por parte dos demais órgãos do Poder Judiciário, que devem proceder à
estrita aplicação de suas teses nos casos submetidos à sua apreciação, até mesmo para a
preservação do princípio da segurança jurídica. Desse modo, tem-se que, ao julgar os recursos
envolvendo a matéria tratada no referido Tema 246 da Tabela de Repercussão Geral do STF, esta
egrégia Corte Superior Trabalhista deve mitigar a análise dos pressupostos recursais para priorizar,
ao final, a aplicação da tese jurídica firmada por aquela Suprema Corte acerca da questão, tendo em
vista que esse é o escopo buscado pelo sistema de precedentes judiciais. Na hipótese, depreende-se
da leitura do acórdão recorrido que o egrégio Tribunal Regional, em descompasso com a decisão
do STF, reconheceu a responsabilidade subsidiária da Administração Pública, sem que fosse
efetivamente demonstrada a sua conduta culposa, tendo decidido com base na inversão do
ônus da prova. Ao assim decidir, acabou por responsabilizar o ente público de forma
automática, procedimento que destoa do entendimento sufragado no julgamento da ADC n° 16
e do RE 760931 (Tema 246), bem como na Súmula n° 331, V. Recurso de revista de que se conhece e
a que se dá provimento (...)" (RRAg-101148-75.2019.5.01.0021, 8ª Turma, Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, DEJT 28/04/2023).
a) Conhecimento
Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, entre os quais a
representação processual (Súmula 436 do TST) e a tempestividade (ciência do acórdão regional em
8/10/2022 e interposição do recurso de revista em 27/10/2022), sendo inexigível o preparo.
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Pelos motivos consignados no provimento do agravo de instrumento, conheço do
recurso de revista, por violação ao inciso I do artigo 373 do CPC.
b) Mérito
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