Uma História (Muito) Curta Da Vida Na Terra - Henry Gee
Uma História (Muito) Curta Da Vida Na Terra - Henry Gee
Uma História (Muito) Curta Da Vida Na Terra - Henry Gee
Capa
Folha de rosto
Sumário
Primeira linha do tempo — Terra no universo
Crônicas de fogo e gelo
Segunda linha do tempo — A vida na Terra
Congregação dos animais
Terceira linha do tempo — Vida complexa
Surge a coluna vertebral
Terra adentro
À luta, amniotas
Triassic Park
Dinossauros em pleno voo
Esses mamíferos magní cos
Quarta linha do tempo — A era dos mamíferos
Planeta dos macacos
Quinta linha do tempo — Surgem os humanos
Pelo mundo todo
Sexta linha do tempo — Homo sapiens
O m da Pré-História
O passado do futuro
Epílogo
SUGESTÕES DE LEITURA
AGRADECIMENTOS
NOTAS
ÍNDICE REMISSIVO
SOBRE O AUTOR
À memória de Jenny Clack (1947-2020),
mentora e amiga
Crônicas de fogo e gelo
Era uma vez uma estrela gigante que estava morrendo. Ela estivera
queimando por milhões de anos; agora a fornalha de fusão em seu
núcleo cara sem combustível para queimar. A estrela gerou a energia
de que necessitava para brilhar por meio da fusão de átomos de
hidrogênio, produzindo hélio. A energia gerada pela fusão não servia
apenas para fazer a estrela brilhar. Era vital para contrabalançar sua
própria gravidade, que puxava tudo para o centro. Quando o
suprimento de hidrogênio diminuiu, ela passou a fundir hélio,
formando átomos de elementos mais pesados, como carbono e
oxigênio. A essa altura, porém, a estrela quase não tinha mais o que
queimar.
Chegou o dia em que todo o combustível acabou. A gravidade
venceu a batalha: a estrela implodiu. Após milhões de anos
queimando, o colapso aconteceu em uma fração de segundo. Ela
reagiu de forma tão explosiva que iluminou o universo — formava-se
uma supernova. Qualquer vida que pudesse ter existido no sistema
planetário da estrela foi aniquilada. Mas do cataclisma de sua morte
nasceram as sementes de algo novo. Por toda parte, elementos
químicos ainda mais pesados, forjados nos momentos nais da vida do
astro — silício, níquel, enxofre e ferro —, foram espalhados pela
explosão.
Milhões de anos depois, a onda de choque gravitacional da
explosão da supernova atravessou uma nuvem de gás, poeira e gelo. O
esticar e encolher dessa onda zeram com que a nuvem ruísse sobre si
mesma — e, enquanto se contraía, ela começava a girar. A força da
gravidade comprimiu o gás no centro da nuvem com tanta força que os
átomos começaram a se fundir. Os átomos de hidrogênio formaram
hélio, criando luz e calor. Estava completo o ciclo da vida estelar. Da
morte de uma antiga estrela surgiu outra, fresca e nova — o nosso Sol.
O carbono que foi levado pela chuva até o mar chegou a um ambiente
que, exceto em uma na camada próxima à super ície que estava em
contato com a atmosfera, quase não tinha oxigênio. E mais: a
concentração de oxigênio na atmosfera não superava um décimo do
nível atual, sendo ainda menor na super ície do oceano iluminada pelo
Sol. Essa quantia não era su ciente para sustentar qualquer animal
maior que o ponto- nal desta frase.
Apesar disso, alguns animais conseguiam subsistir com
quantidades mínimas de oxigênio. É o caso das esponjas ( gs. 2 e 3),
que apareceram pela primeira vez há cerca de 800 milhões de anos,2
quando Rodínia estava começando a se fragmentar.
Os amniotas foram mais longe. Sua adaptação não tinha a ver com
o local onde punham ovos, mas com os próprios ovos. O pontinho
preto, desafortunado e desamparado que era o embrião foi cercado
não apenas por um material gelatinoso, mas por uma série de
membranas que o manteriam longe do perigo pelo maior tempo
possível.
Uma delas é o âmnio, a membrana fetal à prova d’água que fornece
ao embrião um lago exclusivo e um sistema de suporte à vida.12 O saco
vitelino o mantém nutrido. Outra membrana, alantoide, coleta e
armazena os resíduos. Ao redor de tudo isso ca o córion e, ao redor
dele, a casca.
A casca dos primeiros amniotas era macia e coriácea, mais
parecida com a casca do ovo da cobra ou do crocodilo que com a do
ovo duro e cristalino das aves.13 É importante ressaltar que os ovos
dos amniotas não precisavam mais dos cuidados parentais so sticados
e desgastantes que os an íbios dedicavam à sua prole. Os ovos podiam
ser postos — enterrados sob folhas ou dentro de um tronco apodrecido
para que se mantivessem aquecidos — e, então, abandonados.
No início, o ovo amniota era apenas uma outra maneira de os
an íbios aumentarem as chances de seus descendentes sobreviverem
em vez de serem devorados antes mesmo de terem eclodido. Mas esses
primeiros animais que punham ovos também desenvolveram uma
maneira de se libertar completamente da água. O ovo amniota era
como um traje espacial para colonizar um mundo novo e hostil
totalmente distante do aquático.
Em alguns milhões de anos, os verdadeiros amniotas apareceram.
Antes pequenos e semelhantes a salamandras, agora ainda eram
pequenos, mas semelhantes a lagartos. Animais como o Hylonomus e o
Petrolacosaurus eram parecidos e faziam mais ou menos as mesmas
coisas: procurar insetos e outros animaizinhos incapazes de escapar
de suas mandíbulas famintas. Esses seres eram próximos das
linhagens que mais tarde produziram cobras, lagartos, crocodilos,
dinossauros e aves. O destino do Archaeothyris, porém, estava em
outra parte. Essa criatura era um pelicossauro, membro de um grupo
de répteis cujos descendentes incluiriam os mamíferos — por
exemplo, nós.
Os dinossauros sempre foram feitos para voar. Tudo começou com sua
delidade à bipedia, que sempre foi bem maior que a de seus muitos
parentes parecidos com crocodilos.1
Em sua maioria, os quadrúpedes têm o centro de massa na região
peitoral. Precisam de muita energia para se levantar sobre seus
membros posteriores. É di ícil, para eles, car em pé de forma
confortável, mesmo que por pouco tempo. Nos dinossauros, porém, o
centro de massa estava acima dos quadris. Um corpo relativamente
curto era contrabalançado por uma cauda longa e rígida atrás. Com os
quadris como ponto de apoio, os dinossauros podiam car de pé sobre
os membros posteriores sem esforço. Em vez das patas atarracadas e
robustas da maioria dos amniotas, eles as tinham longas e nas. É
mais ácil mexer as pernas se elas forem mais esguias nas
extremidades, e quanto mais ácil mexê-las, maior a facilidade para a
corrida. Os membros anteriores, que se tornaram desnecessários para
correr, foram reduzidos, e as mãos caram livres para outras
atividades, como agarrar presas ou escalar.
Construídos como uma longa alavanca equilibrada sobre pernas
compridas, os dinossauros tinham um sistema de coordenação que
monitorava constantemente sua postura. Seu cérebro e sistema
nervoso eram tão precisos quanto os de qualquer animal que já tenha
existido. Tudo isso permitia que os dinossauros não só cassem de pé,
como também corressem, andassem, girassem e zessem piruetas com
equilíbrio e graça nunca vistos na Terra. Era a prova de uma órmula
vencedora.
Eles varreram tudo que havia à sua frente. Até o nal do Triássico,
diversi caram-se e preencheram todos os nichos ecológicos
terrestres, assim como os terapsidas tinham feito no Permiano — mas
com perfeita elegância. Dinossauros carnívoros de todos os tamanhos
caçavam os herbívoros, cuja defesa era crescer e se transformar em
gigantes ou se equipar com armaduras tão grossas que os faziam
parecer tanques de guerra. Os saurópodes se tornaram quadrúpedes
novamente e se transformaram nos maiores animais terrestres que já
existiram, alguns com mais de cinquenta metros de comprimento e, no
caso do Argentinosaurus,2 mais de setenta toneladas.
Mas nem eles escaparam por completo da predação. Foram
caçados por carnívoros gigantescos: “tubarões” em terra, como o
Carcharodontosaurus e o Giganotosaurus,3 e, por m — nos últimos
dias dos dinossauros —, o Tyrannosaurus rex.
Nele, o potencial inigualável da estrutura dos dinossauros foi
levado ao extremo. Os membros posteriores desse monstro de cinco
toneladas eram colunas gêmeas de tendões e músculos, em que a
velocidade e a graça de seus ancestrais foram trocadas por poder
prodigioso e força praticamente indomável.4 Equilibrado em seus
quadris enormes por uma cauda longa, o corpo era relativamente
curto, os membros anteriores reduzidos a meros vestígios, a massa
concentrada nos poderosos músculos do pescoço e nas amplas
mandíbulas. Estas eram cheias de dentes parecidos em tamanho e
forma com bananas, porém mais duros que o aço. Eles eram capazes
de esmagar ossos5 e perfurar a armadura de herbívoros lentos, mas
bem protegidos e do tamanho de um ônibus, como os anquilossauros e
o Triceratops, que tinha muitos chifres. O tiranossauro e seus parentes
arrancavam pedaços sangrentos de suas presas e os engoliam inteiros
— carne, osso, armadura e tudo o mais.6
Mas os dinossauros também foram bem-sucedidos em ser
pequenos. Alguns eram tão baixinhos que poderiam dançar na palma
da sua mão. O Microraptor, por exemplo, era do tamanho de um corvo
e não pesava mais de um quilo; o peculiar Yi, parecido com um
morcego, diminuto tanto no nome quanto na estatura, pesava menos
que a metade disso.
Não há nada mágico em um aero ólio como a asa. Ele é moldado de tal
forma que perturba o ar através do qual se move, fazendo com que uma
parcela de ar se mova extremamente rápido, enquanto a outra
descansa na quietude de redemoinhos e contracorrentes. O resultado
de todas essas variações de velocidade é uma força ascendente na asa,
a qual aumenta de forma proporcional à velocidade da asa e é chamada
de “sustentação”.
Existem duas maneiras de alçar voo.
A primeira é a partir do solo ou da água. O aspirante a aeronauta
deve correr o mais rápido possível contra o vento, batendo as asas com
sua força máxima. A rigor, a decolagem poderia acontecer mesmo se
as asas fossem mantidas rígidas na horizontal, mas nenhum animal
voador corre tão rápido. Bater as asas altera a distribuição de
velocidade do ar que se move ao redor delas, aumentando ainda mais a
força de sustentação e tornando possível o improvável.21
A segunda maneira de voar é empoleirar-se em um lugar alto e cair,
deixando a aceleração da gravidade fazer o trabalho. É ainda mais
ácil quando se consegue pular em uma térmica para utuar ainda
mais.
Alguns dos primeiros ungulados com dedos dos pés em número par
escaparam na direção mais improvável que se pode imaginar: eles
voltaram para a água e se tornaram baleias. Além do mais, zeram isso
com entusiasmo e, em termos evolutivos, com grande pressa.
Os primeiros indícios da forma de baleia foram vistos nas
mandíbulas longas e cheias de dentes — no veloz predador Pakicetus,
parecido com um lobo, e no Ichthyolestes, do tamanho de uma raposa
—, uma característica frequentemente encontrada em comedores de
peixes; e em diversas rugas na anatomia do ouvido interno que
poderiam predispor à audição na água.29 Mais obviamente aquático
era o Ambulocetus, semelhante a um leão-marinho ou uma lontra, com
membros mais curtos (embora ainda totalmente funcionais).30
Não demorou muito até que as baleias se tornassem totalmente
aquáticas, assumindo formas como as do Basilosaurus, com vinte
metros de comprimento, em tudo idêntico às serpentes marinhas da
mitologia que se enrolavam todas, embora guardassem minúsculos
vestígios de seus membros posteriores como recordação de seus
antepassados terrestres.31
Depois disso, não houve como pará-las. As baleias substituíram os
lagartos marinhos gigantes — um nicho que estava livre desde a
extinção dos plesiossauros e dos mosassauros, no nal do Cretáceo.
Elas se tornaram mamíferos de grande sucesso, entre os mais
inteligentes de todos os animais, e uma delas, a baleia-azul, é o maior
animal que a evolução já produziu. Talvez mais notável que sua
própria transformação tenha sido a velocidade em que o fez — de
corredores terrestres semelhantes a cães a nadadores totalmente
marinhos levaram apenas 8 milhões de anos.32
Para nós, car de pé e andar é tão ácil e tão natural que não lhe damos
o devido valor. Muitos mamíferos podem car de pé por pouco tempo
e até andar. Mas é preciso esforço, então logo voltam a car de quatro,
o estado típico dos mamíferos.[17] Os hominíneos são diferentes.
Andar ereto é seu padrão — a locomoção em quatro apoios, usando as
mãos e os pés para andar, é, em contraste, antinatural e di ícil. A
adoção do bipedalismo por uma linhagem de grandes símios que vivia
nas margens dos rios e nas fronteiras das orestas da África há 7
milhões de anos foi um dos eventos mais notáveis, improváveis e
enigmáticos de toda a história da vida. Ela exigiu uma reengenharia
completa de todo o corpo, da cabeça aos pés.
O ori ício por onde a medula espinhal entra no crânio migrou da
parte de trás (onde é encontrado nos quadrúpedes) para a base da
cabeça. Essa característica, e muitas outras coisas, fazia do
Sahelanthropus um hominíneo. Ou seja, ao andar sobre os membros
posteriores seu rosto cava voltado para a frente, e não para cima,
para o céu, e o crânio se equilibrava no topo da coluna vertebral em
vez car apoiado em uma de suas extremidades.
Os efeitos da mudança no resto do corpo foram igualmente
profundos. Quando a coluna vertebral surgiu, há meio bilhão de anos,
era uma estrutura mantida horizontalmente, sob tensão. Nos
hominíneos, ela se deslocou em noventa graus, passando a ser vertical,
sob compressão. Nunca houve uma alteração tão radical nos requisitos
de engenharia da coluna vertebral desde que ela surgira, o que só pode
ser considerado como uma má adaptação — evidência disso são os
problemas nas costas, que constituem uma das causas mais custosas e
frequentes de doenças humanas hoje em dia. Os dinossauros foram
muito bem sucedidos como bípedes, mas o zeram de uma maneira
diferente: eles mantinham a coluna na horizontal, usando a cauda
longa e rígida como contrapeso. Já os hominíneos, como os grandes
símios, não tinham cauda e se tornaram bípedes do modo mais árduo.
As coisas eram ainda piores para as êmeas grávidas, que tiveram
de se ajustar a uma carga cada vez mais instável e inconstante — uma
condição que deixou sua marca no desenvolvimento humano. Não é de
se admirar que, durante a maior parte da história, as êmeas humanas
adultas — das quais a continuação da espécie depende — tenham
passado a vida grávidas ou amamentando.18 Para piorar: em
proporção à altura total, as pernas dos hominíneos tendem a ser mais
longas que as dos macacos. Isso torna a locomoção mais e ciente em
termos energéticos, mas há um custo. O feto ca ainda mais alto em
relação ao solo, elevando o centro de massa e aumentando a
instabilidade.
Como se não bastasse, um hominíneo tem de se mover levantando
um pé do chão, deslocando o centro de massa bruscamente e então
corrigindo-o antes de cair — e tem que fazer isso a cada passo que dá,
o que requer um grau notável de controle. Para tanto, o cérebro, os
nervos e os músculos funcionam em sincronia perfeita, a ponto de não
nos darmos conta.
Os primeiros hominíneos pareciam insigni cantes comparados a
alguns dos animais com que compartilhavam o mundo. Mas, na
verdade, eram os caças de elite do reino animal. Os quadrúpedes
podem retumbar, correr e até girar rapidamente, mas essas ações no
geral precisam do torque proporcionado por uma cauda longa e
agitada, como se vê durante a caça de um guepardo.19 Animais com
uma perna em cada extremidade são como aviões de carga que,
quando posicionados na direção certa, prosseguem em voo inabalável.
Os seres humanos, sem esses apoios, são como aviões de combate —
manobráveis de forma quase sobrenatural em detrimento da
estabilidade: apenas os melhores pilotos conseguem controlar os jatos
mais rápidos. Os hominíneos não só andavam igual aos dinossauros;
eles também dançavam, des lavam, giravam e davam piruetas.
No nal, os ganhos do bipedalismo foram enormes. E o começo é
extraordinário. Um testemunho da improbabilidade do bipedalismo
enquanto proposição é o fato de que os hominíneos estão entre os
poucos mamíferos para os quais andar sobre duas pernas é algo
natural — 20 uma raridade ressaltada pelo desamparo de qualquer
humano subitamente privado do uso de um de seus membros
posteriores.21 Depois que entraram na estrada erma que levava ao
bipedalismo, a seleção natural garantiu que eles se tornassem muito
bons nisso, e bem depressa.
A caminhada humana é uma das maravilhas subestimadas do
mundo moderno. Hoje, os cientistas são capazes de desvendar a
estrutura de partículas subatômicas, detectar o rumor e o rangido da
fusão de buracos negros a milhões de anos-luz de distância e até
mesmo perscrutar os primórdios do universo. No entanto, nenhum
robô é capaz de imitar a graça natural e atlética de um ser humano
comum enquanto anda.
Essas mudanças abruptas no clima variaram ainda mais por causa das
correntes marítimas e da própria presença do gelo.
O principal motivo por que a Grã-Bretanha tem um clima ameno
hoje, considerando sua latitude relativamente ao norte, é que ela é
banhada por uma corrente marítima quente advinda mais ou menos do
nordeste das Bermudas. Quando essa corrente atinge a ampla região
da Groenlândia, ela encontra a água polar do norte, esfria, entrega seu
ar quente à atmosfera e — uma vez que a água fria é mais densa que a
quente — afunda, se deslocando novamente para o sul e integrando
um sistema mundial de correntes marítimas profundas.
O clima da Grã-Bretanha é extremamente suscetível à latitude em
que a corrente norte esfria e afunda. Se ela passasse muito mais ao sul
do que passa agora, o clima da região seria muito mais frio. Durante as
épocas mais frias das eras glaciais, essa corrente não ultrapassava a
altura da Espanha. Ou seja, o clima da Grã-Bretanha era mais
parecido com o do norte do território canadense de Labrador do que
com o estado de equilíbrio atual.
A corrente marítima profunda é impulsionada no mundo todo não
apenas pelo calor, mas também pela salinidade. Quanto mais salgada
for a água da corrente quente com direção nordeste no Atlântico
Norte, mais densa ela será e mais afundará quando chegar à
Groenlândia. Um efeito colateral disso é que o gelo, que utua, tende a
ser menos salgado do que o mar em geral.6
Um problema surgiu no m do último episódio glacial, quando uma
tendência de aquecimento resultou na separação de icebergs da
camada de gelo Laurentide em direção ao Atlântico Norte. O súbito
despejo no mar de enormes quantidades de água fria e doce tornou o
mar menos salgado, fazendo com que a movimentação de água nos
oceanos profundos casse menor.7 O resultado foi uma série de curtas
ondas de frio, dentro da tendência de aquecimento.
Quanto ao gelo em si, ele é muito brilhante e re ete a luz do sol.
Quanto mais gelo houver, mais luz solar será re etida de volta ao
espaço e menos o solo será aquecido, o que deixa mais gelo sem
derreter, fazendo com que re ita mais luz solar; e assim
continuamente, em um ciclo de retroalimentação.
Todos esses fatores mostram que os efeitos do majestoso
mecanismo celestial são menos perfeitamente previsíveis do que se
poderia imaginar, e as mudanças climáticas podem ser muito
repentinas. No nal da última glaciação, cerca de 10 mil anos atrás, o
clima da Europa passou de subártico para temperado no intervalo de
uma vida humana.
As mudanças dramáticas no clima foram mais severas nas margens
continentais próximas dos polos, mas seus efeitos também puderam
ser sentidos nos trópicos, onde as várias espécies de hominíneos
viviam, ainda que precariamente, nas savanas e fronteiras orestais da
África. A ideia de camada de gelo em si ainda não havia perturbado
seus sonhos mais sombrios. O problema imediato era que o clima, já
seco, tornava-se ainda mais árido.
E tudo aconteceu, meio de repente, cerca de 2,5 milhões de anos
atrás.8
A oresta mirrou.
Os animais de caça se tornaram mais raros, mais ariscos, mais
di íceis de localizar e matar.
Para os hominíneos, não era mais possível viver um tipo de
existência diletante, cavando raízes aqui, catando carcaças ali. As
várias espécies de Paranthropus continuaram obstinadas a cavar,
esmagando nozes e tubérculos em suas poderosas mandíbulas, mas a
vida para eles só cou mais di ícil. Chegou o momento em que os
grupos de Paranthropus se tornaram raros e, por volta de meio milhão
de anos atrás, quando o norte da Europa e a América do Norte
gemeram sob o maior peso de gelo até então, eles desapareceram da
savana.
Nessa época apareceu um novo hominíneo, muito diferente de tudo
que existira até então. Era mais alto que qualquer espécie anterior.
Mais inteligente. Assumiu a postura bípede que os outros haviam
adotado milhões de anos antes e a aperfeiçoou. Enquanto o
Paranthropus se tornara especialista em ser vegetariano e outros
hominíneos, coletores e necrófagos oportunistas, essa nova linhagem
se desenvolveu para ser um predador da savana.
O nome dessa criatura é Homo erectus.
Comparado com os hominíneos anteriores, o Homo erectus era
construído em um chassi totalmente diferente. Como o nome sugere,
era muito mais alto e mais ereto. Seus quadris eram mais estreitos e
suas pernas, proporcionalmente mais longas, o que tornava a
caminhada mais e ciente. Seus braços eram mais curtos: a escalada
era bem menos importante na rotina diária. Embora os hominíneos já
fossem bípedes havia 6 milhões de anos, eles sempre mantiveram
alguma habilidade nas árvores. O Homo erectus foi o primeiro
hominíneo a se comprometer inteiramente com a vida sobre duas
pernas.
Esse compromisso trouxe uma série de outras mudanças. O Homo
erectus consumia muito mais carne em sua dieta. Como vimos, a carne
é mais ácil de digerir que a matéria vegetal e contém um número
maior de nutrientes e calorias disponíveis. O Homo erectus tinha um
intestino reduzido e podia se dar ao luxo de ter um cérebro maior. Este
último é importante, pois o funcionamento do cérebro custa caro. Ele
representa um quinquagésimo da massa do corpo, mas consome um
sexto de toda a energia disponível.
Devido ao intestino reduzido, o Homo erectus tinha uma cintura
mais de nida que a de seus ancestrais, sendo um tanto atarracado e
barrigudo. Seus quadris eram mais altos e estreitos, permitindo que o
torso girasse facilmente em relação às pernas. Ao mesmo tempo,
mantinha a cabeça alta, sobre um pescoço bem mais de nido. Ou seja,
o Homo erectus podia fazer algo novo: podia correr, balançando os
braços no sentido oposto ao das passadas das pernas, mantendo os
olhos e a cabeça voltados para a frente, em direção a sua meta.
A corrida tornou-se muito importante. Embora o Homo erectus
fosse um velocista ruim se comparado, digamos, com um guepardo ou
um impala, ele se destacava no quesito resistência. Por ser muito
paciente, o Homo erectus podia perseguir grandes presas por
quilômetros, durante horas, até que a presa desmoronasse de
hipertermia.9
Os caçadores sentiam o calor bem menos que suas presas. Isso
acontecia, em parte, porque o Homo erectus havia cado muito menos
peludo que a maioria dos outros mamíferos. Ou seja, tinha a mesma
quantidade de cabelo, mas ele era no e muito curto. Os espaços entre
os os eram preenchidos com glândulas sudoríparas que expeliam
água e resfriavam o corpo por evaporação — algo que os animais
peludos não podiam fazer.
Apesar desses feitos impressionantes, era preciso mais de um
caçador franzino e sem pelos para subjugar um antílope à distância,
mesmo se estivesse à beira da morte. Mais do que em qualquer outro
momento da história dos hominíneos, era importante que os
caçadores trabalhassem em grupos.
E a coesão que era vital para a matança surgiu em casa.
Uma vez nas ilhas do Sudeste Asiático, a evolução do Homo erectus deu
algumas reviravoltas surpreendentes. Con nadas às ilhas e isoladas
do continente à medida que o nível do mar subia, diversas tribos
evoluíram cada uma à sua maneira peculiar.
Uma delas chegou a Luzon, nas Filipinas, onde caçou o rinoceronte
nativo27 mais ou menos ao mesmo tempo que seus primos do
continente acendiam faíscas no leste da China. Uma vez abandonados,
esses povos evoluíram até dar origem ao Homo luzonensis, uma espécie
de tamanho minúsculo.28 Além de pequenos, eram, em muitos
aspectos, primitivos. Com o retorno da selva, esses hominíneos mais
uma vez foram viver nas árvores. Eles sobreviveram até pelo menos 50
mil anos atrás. Quando os primeiros humanos modernos chegaram,
esses descendentes atípicos de um caçador da savana africana devem
ter olhado dos galhos para os novos invasores com incompreensão e
horror.
Por volta de 700 mil anos atrás, os episódios glaciais foram muito mais
longos que os intervalos quentes que os separaram. A Terra estava
agora em um estado mais ou menos permanente de glaciação. As
pausas eram quentes, inebriantes e breves.
A vida não só sobreviveu, ela prosperou. Regiões da Eurásia não
oprimidas pelo gelo estavam cobertas de estepe verde, que suportava
uma tonelagem quase incalculável de caça. Na primavera e no verão,
bisões migravam pela terra em rebanhos tão grandes que levaria dias
para vê-los passar aos milhões. Eram acompanhados por cavalos e
veados gigantes com chifres incrivelmente extensos; vez ou outra a
eles se juntavam espécies de elefantes, como mamutes e mastodontes;
o resfolegar e a pisada dos rinocerontes lanosos também iam junto. Os
invernos eram só um pouco menos cheios. Muitos animais migravam
para o sul, mas as renas permaneciam na neve. Toda essa carne em
movimento era um ímã para carnívoros como leões, ursos, felinos-
dente-de-sabre, hienas, lobos — e os duros e resistentes herdeiros do
Homo erectus.
Como você verá, este livro traz notas extensas que detalham algumas
das pesquisas primárias nas quais ele se baseia. Por natureza, artigos
cientí cos são destinados a serem lidos por outros cientistas. Aqui, em
contraste, ofereço algumas sugestões de leitura adicionais que, espero,
sejam mais acessíveis.
BENTON, Michael J. When Life Nearly Died. Londres: Thames & Hudson, 2003. A história
da extinção do nal do Permiano em detalhes aterrorizantes (e, portanto,
envolventes), com uma análise das possíveis causas.
BERREBY, David. Us and Them. Nova York: Little, Brown, 2005. A respeito do
comportamento humano, em particular a facilidade com que formamos grupos e
alianças mutuamente hostis. Este é o melhor livro de antropologia que já li. Pode
espalhar.
BRANNEN, Peter. The Ends of the World. Londres: Oneworld, 2017. A história das várias
extinções em massa na história da Terra.
BRUSATTE, Steve. The Rise and Fall of the Dinosaurs. Londres: Macmillan, 2018. [Ed.
bras.: Ascensão e queda dos dinossauros: uma nova história de um mundo perdido.
Trad. de Catharina Pinheiro. Rio de Janeiro: Record, 2019.] Um livro conciso, atual e
emocionante acerca do que há de mais recente nas pesquisas sobre dinossauros.
CLACK, Jennifer. Gaining Ground. Bloomington: Indiana University Press, 2012. Guia
sobre a origem dos vertebrados terrestres desde seus primórdios nos peixes.
DIXON, Dougal. After Man. Londres: Granada, 1981. Uma visão divertida sobre como a
vida selvagem poderia ser daqui a 50 milhões de anos se os seres humanos
desaparecessem hoje.
FORTEY, Richard. The Earth: An Intimate History. Londres: HarperCollins, 2005. Toda a
história do nosso planeta de uma perspectiva geológica.
FRASER, Nicholas. Dawn of the Dinosaurs. Bloomington: Indiana University Press, 2006.
A história do período Triássico, injustamente negligenciado. Ilustrações evocativas
de Douglas Henderson.
GEE, Henry. In Search of Deep Time. Nova York: The Free Press, 1999, publicado no Reino
Unido como Deep Time. Londres: Fourth Estate, 2000. Um livro que alerta sobre o
assunto deste que você tem em mãos: usar um registro fóssil incompleto para
contar uma história. Em vez disso, pode-se usar o registro para delinear muitas
histórias possíveis, algumas das quais muito mais interessantes do que aquela que
você achava que conhecia.
______. The Accidental Species. Chicago: University of Chicago Press, 2013. Seu guia
prático para o estudo das origens e da evolução humanas, desbancando alguns mitos
e destronando a humanidade de seu alto status.
______. Across the Bridge. Chicago: University of Chicago Press, 2018. Um guia das
origens dos vertebrados, o grupo de animais ao qual pertencemos.
______; REY, Luis V. A Field Guide to Dinosaurs. Londres: Aurum, 2003. Um guia para
viajantes ao mundo dos dinossauros; é muito especulativo. Vale a pena pela incrível
arte de Luis V. Rey.
GIBBONS, Ann. The First Human. Nova York: Anchor, 2006. A história da pesquisa sobre
as origens humanas, por uma comentarista líder na área.
LANE, Nick. The Vital Question. Londres: Pro le, 2005. [Ed. bras.: Questão vital: por que
a vida é como é? Trad. de Talita M. Rodrigues. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.] Uma visão
de como a vida começou, por um escritor cheio de entusiasmo.
LIEBERMAN, Daniel. The Story of the Human Body. Londres: Allen Lane, 2013. [Ed. bras.:
A história do corpo humano: evolução, saúde e doença. Trad. de Maria Luiza X. de A.
Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2015.] Um relato da evolução humana e por que nosso
estilo de vida moderno é tão inadequado para nossa herança.
MCGHEE, George R., Jr. Carboniferous Giants and Mass Extinction. Nova York:
Columbia University Press, 2018. Relato animado do mundo nos períodos
Carbonífero e Permiano.
NIELD, Ted. Supercontinent. Londres: Granta, 2007. A história da deriva continental e o
ciclo de meio bilhão de anos do supercontinente.
PROTHERO, Donald R. The Princeton Field Guide to Prehistoric Mammals. Princeton:
Princeton University Press, 2017. Se você está confuso sobre teniodontes e
tilodontes, pantodontes e dinocerados, este livro é para você. Lindas ilustrações de
Mary Persis Williams.
SHUBIN, Neil. Your Inner Fish. Londres: Penguin, 2009. Como a herança dos peixes pode
ser encontrada nos humanos que vivem hoje.
STRINGER, Chris. The Origin of Our Species. Londres: Allen Lane, 2011. A história de
como o Homo sapiens veio a ser como é.
STUART, Anthony J. Vanished Giants. Chicago: University of Chicago Press, 2021. Visão
detalhada, porém acessível, da extinção da maioria dos grandes animais no nal do
Pleistoceno. Alguém sabia que existia uma espécie chamada “yesterday’s camel”
[camelo de ontem]?
THEWISSEN, J. G. M. “Hans”. The Walking Whales. Oakland: University of California
Press, 2014. A incrível história de como um grupo de animais terrestres voltou ao
mar e se tornou totalmente marinho em apenas 8 milhões de anos.
WARD, Peter; BROWNLEE, Donald. The Life and Death of Planet Earth. Nova York: Henry
Holt, 2002. Um prognóstico sombrio do futuro da vida em nosso planeta.
WILSON, Edward O. The Social Conquest of Earth. Nova York: Liveright, 2012. [Ed. bras.:
A conquista social da Terra. Trad. de Ivo Korytowski. São Paulo: Companhia das
Letras, 2013.] Polêmica apaixonada do fundador da sociobiologia sobre como a
evolução produziu superorganismos que herdaram a Terra, sejam eles formigas ou
humanos.
Agradecimentos
Depois de Across the Bridge [Do outro lado da ponte], jurei que não
escreveria outro livro.
“Não vou escrever outro livro”, exclamei ao meu colega David
Adam. Na época, David era repórter e redator-chefe da Nature, onde
nós dois trabalhávamos. Eu costumava interromper David para
conversar sobre livros. Ele havia escrito dois: O homem que não
conseguia parar [Trad. de Flávia de Assis. Rio de Janeiro: Objetiva,
2015] e The Genius Within [O gênio interior].
Ignorando meus protestos, David sugeriu que eu escrevesse algo a
respeito das incríveis pesquisas sobre ósseis que tivera o privilégio de
encontrar, ao longo dos anos, em minha mesa na Nature.
Ainda declarando que não escreveria outro livro, escrevi o livro.
Era mais uma exposição reveladora do que um livro de divulgação
cientí ca, intitulada Vamos falar sobre Rex: uma história pessoal da vida
na Terra. Minha agente, Jill Grinberg, da Jill Grinberg Literary
Management, estava ansiosa para ler o que eu estava escrevendo, mas
eu ponderei que, sendo uma revelação pessoal e sem censuras,
mostrando até as verrugas, seria melhor eu escrever o livro inteiro e
compartilhá-lo com todos aqueles que eram mencionados pelo nome
antes que fosse publicado. Ela concordou. E foi isso que z.
Os primeiros sinais de inquietação vieram de meus pais, que
diziam que estava tudo muito bom, querido, mas quem, além dos
mencionados, realmente se interessaria por ele? Jill sugeriu que eu
tentasse uma narrativa mais direta. Assim começou uma conversa que
levou meses de rascunhos, muitos bytes de e-mail e várias conversas
tele ônicas até tarde da noite, antes que a versão nal surgisse.
David Adam merece os primeiros agradecimentos, pois o livro foi
ideia dele, pelo menos de início. Se você não gostou, culpe-o. Embora
eu me lembre de nossa colega Helen Pearson ter ajudado.
Muitas pessoas viram partes do livro enquanto ele era escrito, e
algumas até zeram sugestões úteis, embora, é claro, os erros sejam
inteiramente meus, assim como muitas das especulações fantasiosas.
Agradeço pelos sábios conselhos de Per Erik Ahlberg, Michel Brunet,
Brian Clegg, Simon Conway Morris, Victoria Herridge, Philippe
Janvier, Meave Leakey, Oleg Lebedev, Dan Lieberman, Zhe-Xi Luo,
Hanneke Meijer, Mark Norell, Richard “Bert” Roberts, De-Gan Shu,
Neil Shubin, Magdalena Skipper, Fred Spoor, Chris Stringer, Tony
Stuart, Tim White, Xing Xu e especialmente Jenny Clack, que enviou
comentários durante sua doença terminal. Este livro é dedicado à
memória dela.
Steve Brusatte (autor de Ascensão e queda dos dinossauros) fez
muitos comentários úteis e deu o rascunho a seus alunos, muitos dos
quais ofereceram gentilmente seus próprios comentários. Desse
modo, obrigado a Matthew Byrne, Eilidh Campbell, Alexiane
Charron, Nicole Donald, Lisa Elliott, Karen Helliesen, Rhoslyn
Howroyd, Severin Hryn, Eilidh Kirk, Zoi Kynigopoulou, Panayiotis
Louca, Daniel Piroska, Hans Püschel, Ruhaani Salins, Alina Sandauer,
Ruby Stevens, Struan Stevenson, Michaela Turanski, Gabija
Vasiliauskaite e um aluno que optou por permanecer anônimo.
Peço desculpas a qualquer pessoa merecedora de menção cujo
nome eu tenha omitido por descuido.
Jill me representa desde o milênio passado. Já passamos por muita
coisa juntos. Quando ela vendeu meu primeiro livro comercial, In
Search of Deep Time [Em busca do tempo profundo], voei para Nova
York para levá-la para jantar. Nunca se diga que a era do cavalheirismo
está morta. Foi sob a orientação de Jill que aquilo que começou como
um livro de memórias grosseiro se transformou no livro que está
diante de você, que chamou a atenção de Ravindra Mirchandani, da
Picador, e George Witte, da St. Martin’s Press, que assumiu o projeto
em um momento muito di ícil (a pandemia de Covid-19 estava em
pleno andamento). Agradeço a Ravi, George, Jill e todos os seus
colegas por levarem o projeto adiante.
O livro teria sido impossível se eu não tivesse tido a sorte de ter
sido contratado pela revista cientí ca Nature naquela sexta-feira, 11
de dezembro de 1987, pelo grande e saudoso John Maddox,
permitindo-me assim ver de camarote o des lar de descobertas
durante o que talvez seja o período mais emocionante da história da
ciência.
Devo mais agradecimentos a minha família, pelo encorajamento,
embora meus mais sinceros agradecimentos sejam dedicados a minha
esposa Penny, cuja reação habitual às exclamações de que eu jamais
vou escrever outro livro é um sorriso de cumplicidade.
Foi Penny quem me trancou em meu escritório entre as sete e as
nove horas todas as noites (exceto sextas e sábados) com uma xícara
de chá, dois biscoitos digestivos e minha el cachorra Lulu.
Eu nunca teria conseguido sem elas.
Notas
[11] Em peixes (isto é, vertebrados aquáticos), esse é o sistema de linha lateral. Nos
vertebrados terrestres (isto é, tetrápodes), ele foi reduzido ao sistema vestibular do
ouvido interno, cujos movimentos nos fornecem nosso sentido de para cima e para
baixo e de onde estamos no ambiente.
12. Simon Conway Morris e Jean-Bernard Caron, “A Primitive Fish from the Cambrian of
North America”. Nature, v. 512, pp. 419-22, 2014.
13. Degan Shu et al., “Lower Cambrian Vertebrates from South China”. Nature, v. 402,
pp. 42-6, 1999.
14. A transformação de uma faringe ltradora em um conjunto de brânquias pode
parecer drástica, e é. No entanto, é realizada por um vertebrado até hoje, a larva da
lampreia. A larva, chamada ammocoete, passa sua vida como um an oxo, enterrada, com
a cauda para baixo, em sedimentos. No m, ela se metamorfoseia, e a faringe ltradora
se transforma na faringe do predador adulto. As lampreias e seus primos, os peixes-
bruxa (que, até onde se sabe, não têm estágios larvais ltradores), são semelhantes aos
primeiros peixes, pois são inteiramente moles, sustentados por uma notocorda elástica,
e não têm mandíbulas. Sua boca está alinhada com dentes feitos de uma substância
semelhante à de um chifre. Lampreias e peixes-bruxa são predadores notórios,
mostrando que a ausência de mandíbula não é barreira para a vida como um caçador.
15. Como os vertebrados caram tão grandes, em termos do mecanismo que os
impulsionou, é um mistério. Duas respostas possíveis, que não são mutuamente
excludentes, são as seguintes. A primeira é que em algum momento na ancestralidade
dos vertebrados, o genoma (a totalidade do material genético) foi duplicado, e
duplicado novamente. Embora muitos dos genes duplicados tenham sido
posteriormente perdidos, os vertebrados têm mais que o dobro do número de genes
dos invertebrados. A segunda é que os vertebrados embrionários possuem um tecido
chamado “crista neural”, que consiste em um grupo de células que migram do sistema
nervoso central em desenvolvimento e se espalham pelo corpo, transformando — como
se fosse com pó mágico de fadas — partes indiferenciadas do corpo em algo novo. Sem
a crista neural, os vertebrados não teriam pele, rosto, olhos ou ouvidos. A crista neural
também cria uma longa lista de outras partes do corpo, desde as glândulas
suprarrenais até partes do coração. É possível que o aumento da complexidade gerado
pela crista neural tenha levado ao tamanho grande (veja Stephen A. Green et al.,
“Evolution of Vertebrates as Viewed from the Crest”. Nature, v. 520, pp. 474-82, 2015).
O an oxo é notável por sua ausência de crista neural, embora haja indícios dela em
tunicados (veja Ryoko Horie et al., “Shared Evolution Origin of Vertebrate Neural Crest
and Cranial Placodes”. Nature, v. 560, pp. 228-32, 2018; Philip Barron Abitua et al.,
“Identi cation of a Rudimentary Neural Crest in a Non-Vertebrate Chordate”. Nature, v.
492, pp. 104-7, 2012).
16. O maior invertebrado conhecido é a lula-colossal (Mesonychoteuthis hamiltoni), que,
acredita-se, tem uma massa de cerca de 750 quilos, comparável à de um grande urso. O
menor vertebrado conhecido em comprimento é provavelmente o Paedophryne
amauensis, um sapo da Nova Guiné que mede cerca de 7,7 milímetros de comprimento
(sua massa não é conhecida). Em termos de massa, os menores mamíferos são o
musaranho-de-dentes-brancos-pigmeu (Suncus etruscans, com menos de 2,6 gramas) e
o morcego-nariz-de-porco-de-kitti (Craseonycteris thonglongyai, com menos de dois
gramas). Você precisaria de 375 mil morcegos-nariz-de-porco-de-kitti para
contrabalançar uma lula-colossal.
17. Para uma introdução sobre o registro fóssil dos primeiros vertebrados, veja Philippe
Janvier, “Facts and Fancies About Early Fossil Chordates and Vertebrates”. Nature, v.
520, pp. 483-9, 2015.
[18] Quer dizer, quase exclusiva. Alguns animais semelhantes a moluscos, chamados
braquiópodes, têm conchas de fosfato de cálcio. E ainda hoje os vertebrados têm alguns
tecidos que são endurecidos com carbonato de cálcio — são os “otólitos” ou “cristais
do ouvido”, encontrados no ouvido dos peixes e no ouvido interno dos humanos, onde
colaboram com o sentido de equilíbrio.
19. Não se sabe por que os vertebrados escolheram o fosfato de cálcio em vez do
carbonato de cálcio. No entanto, o fosfato é um nutriente vital que, ao contrário do
onipresente carbonato, às vezes é escasso no mar. Talvez os vertebrados usassem o
fosfato de cálcio como reserva de fosfato e também como meio de defesa. O fosfato é
um ingrediente essencial do material genético, o DNA. Animais grandes com
metabolismo rápido — como os vertebrados — precisam de maior acesso ao fosfato do
que os menores e de metabolismo mais lento, e isso pode ter levado ao uso de fosfato
de cálcio: como reserva, além de armadura.
20. Veja Alfred S. Romer, “Eurypterid In uence on Vertebrate History”. Science, v. 78,
pp. 114-7, 1933.
21. Veja Simon J. Braddy et al., “Giant Claw Reveals the Largest Ever Arthropod”. Biology
Letters, v. 4, 20 nov. 2007. Disponível em: <www. doi/10.1098/rsbl.2007. 0491>. Acesso
em: 21 fev. 2024. É arrepiante pensar que o Jaekelopterus tinha parentes que às vezes
vinham à praia e rondavam as orestas noturnas naquela época alienígena: veja Martin
A. Whyte, “A Gigantic Fossil Artropod Trackway”. Nature, v. 438, p. 576, 2005.
22. Veja Mark V. H. Wilson e Michael W. Caldwell, “New Silurian and Devonian Fork-Tailed
‘Thelodonts’ Are Jawless Vertebrates with Stomachs and Deep Bodies”. Nature, v. 361,
pp. 442-4, 1993.
23. Existe um defeito congênito raro chamado ciclopia em que o rosto tem um único
olho mediano e não tem nariz, e o cérebro não é dividido em metades esquerda e
direita. Os fetos com esse defeito quase sempre são natimortos e, caso contrário, não
sobrevivem mais que algumas horas. Essa condição angustiante é resultado da falha do
cérebro em se dividir em duas metades e do rosto em se alargar, e pode ser que seja
uma lembrança dos estágios iniciais da evolução facial.
24. Zhikun Gai et al., “Fossil Jawless Fish from China Foreshadows Early Jawed
Vertebrate Anatomy”. Nature, v. 476, pp. 324-7, 2011.
25. Para um guia acessível sobre a evolução inicial dos vertebrados com mandíbulas, veja
Martin D. Brazeau e Matt Friedman, “The Origin and Early Phylogenetic History of
Jawed Vertebrates”. Nature, v. 520, pp. 490-7, 2015.
26. Os vertebrados com mandíbula, então, têm dois pares de barbatanas pareadas,
totalizando quatro barbatanas, as progenitoras de nossos braços e pernas. Não se sabe
por que temos dois pares, em vez de três ou quatro ou mesmo nenhum. Às barbatanas
emparelhadas somam-se as barbatanas da linha média, não emparelhadas, como as
barbatanas dorsal, anal e caudal vistas em muitos peixes.
27. Talvez eles não tivessem dentes, mas os placodermes eram bons de cama. Agora há
ampla evidência fóssil de que eles tinham fertilização interna e, possivelmente, nasciam
vivos, como alguns tubarões de hoje. Veja, por exemplo, John A. Long et al., “Copulation
in Antiarch Placoderms and the Origin of Gnathostome Internal Fertilization”. Nature, v.
517, pp. 196-9, 2015.
28. Isso não signi ca que a evolução estivesse retrocedendo: apenas que boa parte da
história dos placodermes ainda não foi descoberta e, presumivelmente, repousa
imperturbada em rochas primitivas do Siluriano. Isso também se aplica aos primeiros
peixes ósseos, encontrados nos mesmos depósitos silurianos no sul da China. Para
detalhes sobre o Entelognathus, veja Min Zhu et al., “A Silurian Placoderm with
Osteichthyan-Like Marginal Jaw Bones”. Nature, v. 502, pp. 188-93, 2013; Matt Friedman
e Martin D. Brazeau, “A Jaw-Dropping Fossil Fish”. Nature, v. 502, pp. 175-7, 2013.
29. Bem, em quase todos. Mesmo um peixe ósseo avançado como o celacanto mantém
uma notocorda ao longo da vida, como se fosse uma lampreia ou um peixe-bruxa.
30. A caixa craniana cartilaginosa dos acantódios raramente é preservada. No entanto,
sabe-se o su ciente sobre os crânios do Ptomacanthus, a forma devoniana, e do
Acanthodes, a forma permiana, para observar o parentesco com os tubarões. (Veja
Martin D. Brazeau, “The Brain Case and Jaws of a Devonian ‘Acanthodian’ and Modern
Gnathostome Origins”. Nature, v. 457, pp. 305-8, 2009; Samuel P. Davis et al.,
“Acanthodes and Shark-Like Conditions in the Last Common Ancestor of Modern
Gnathostomes”. Nature, v. 486, pp. 247-50, 2012.)
31. Min Zhu et al., “The Oldest Articulated Osteichthyan Reveals Mosaic Gnathostome
Characters”. Nature, v. 458, pp. 469-74, 2009.
TERRA ADENTRO
1. Veja Paul K. Strother et al., “Earth’s First Non-Marine Eukaryotes”, op. cit.
2. Veja Gregory Retallack, “Ediacaran Life on Land”, op. cit.
[3] No que é hoje o leste da América do Norte.
4. A trilha se chama Climactichnites — seu criador, provavelmente algo como uma
lesma gigante. Ver Patrick R. Getty e James W. Hagadorn, “Paleobiology of the
Climactichnites Tracemaker”. Paleontology, v. 52, pp. 753-78, 2009.
5. Para uma boa visão geral da história inicial da vida na terra, veja William A. Shear, “The
Early Development of Terrestrial Ecosystems”. Nature, v. 351, pp. 283-9, 1991.
6. Esse foi o Grande Evento de Biodiversi cação do Ordoviciano, ou GOBE, na sigla em
inglês. Para uma introdução sobre esse período fecundo da história da vida, veja
Thomas Servais e David A. T. Harper, “The Great Ordovician Biodiversi cation Event
(GOBE): De nition, Concept and Duration”. Lethaia, v. 51, pp. 151-64, 2018.
7. Veja Luc Simon et al., “Origin and Diversi cation of Endomycorrhizal Fungi and
Coincidence with Vascular Land Plants”. Nature, v. 363, pp. 67-9, 1993.
8. Para uma excelente e muito detalhada explicação sobre as plantas das primeiras
orestas, veja Carboniferous Giants and Mass Extinction: The Late Paleozoic Ice Age
World, de George R. McGhee Jr. (Nova York: Columbia University Press, 2018).
9. Veja William Stein et al., “Giant Cladoxylopsid Trees Resolve the Enigma of the Earth’s
Earliest Forest Stumps at Gilboa”. Nature, v. 446, pp. 904-7, 2007.
10. Isso é inteiramente especulativo. No entanto, dado que placodermes avançados e
até membros de grupos modernos de peixes apareceram no Siluriano, talvez não seja
algo tão improvável assim.
11. Veja Min Zhu et al., “Earliest Known Coelacanth Skull Extends the Range of
Anatomically Modern Coelacanths to the Early Devonian”. Nature Communications, v. 3,
p. 772, 2012.
12. Veja Peter L. Forey, “Golden Jubilee for the Coelacanth Latimeria chalumnae”.
Nature, v. 336, pp. 727-32, 1988.
13. Veja Mark Erdmann et al., “Indonesian ‘King of the Sea’ Discovered”. Nature, v. 395, p.
335, 1998.
14. O peixe pulmonado australiano tem o maior genoma de todos os animais conhecidos,
catorze vezes maior que o dos humanos. Embora semelhante ao genoma dos
tetrápodes, está repleto de “lixo” acumulado durante sua longa história evolutiva. (Veja
Axel Meyer et al., “Giant Lung sh Genome Elucidates the Conquest of the Land by
Vertebrates”. Nature, v. 590, pp. 284-9, 2021.)
15. Veja Edward Daeschler et al., “A Devonian Tetrapod-Like Fish and the Evolution of
the Tetrapod Body Plan”. Nature, v. 440, pp. 757-63, 2006.
16. Veja Richard Cloutier et al., “Elpistostege and the Origin of the Vertebrate Hand”.
Nature, v. 579, pp. 549-54, 2020.
17. Veja Grzegorz Niedzwiedzki et al., “Tetrapod Trackways from the Early Devonian
Middle of Poland”. Nature, v. 463, pp. 43-8, 2010.
[18] Ou, pelo menos, como Ursula Andress em 007 contra o satânico Dr. No (1962).
19. Veja Jean Goedert et al., “Euryhaline Ecology of Early Tetrapods Revealed by Stable
Isotopes”. Nature, v. 558, pp. 68-72, 2018. Parece muito estranho pensar nos primeiros
tetrápodes — essencialmente, anfíbios — emergindo diretamente do mar, já que a
maioria dos anfíbios que conhecemos vive em água doce. No entanto, ainda hoje, alguns
anfíbios vivem em habitats de água salobra, como manguezais: veja Gareth R. Hopkins e
Edmund D. Brodie, “Occurrence of Amphibians in Saline Habitats: A Review and
Evolutionary Perspective”. Herpetological Monographs, v. 29, pp. 1-27, 2015.
20. Veja Colin W. Stearn, “E ect of the Frasnian-Famennian Extinction Event on the
Stromatoporoids”. Geology, v. 15, pp. 677-9, 1987.
21. Veja Per Erik Ahlberg, “Potential Stem-Tetrapod Remains from the Devonian of Scat
Craig, Morayshire, Scotland”. Zoological Journal of the Linnean Society of London, v.
122, pp. 99-141, 2008.
22. Veja Per Erik Ahlberg et al., “Ventastega curonica and the Origin of Tetrapod
Morphology”. Nature, v. 453, pp. 1199-204, 2008.
23. Veja Oleg A. Lebedev, “The First Find of a Devonian Tetrapod in USSR”. Doklady Akad.
Nauk. SSSR, v. 278, pp. 1470-73, 1984 (em russo).
24. Veja Pavel A. Beznosov et al., “Morphology of the First Reconstructable Tetrapod
Parmastega aelidae”. Nature, v. 574, pp. 527-31, 2019; Nadia B. Fröbisch e Florian
Witzmann, “Early Tetrapods had an Eye on the Land”. Nature, v. 574, pp. 494-5, 2019.
25. Veja Per Erik Ahlberg et al., “The Axial Skeleton of the Devonian Tetrapod
Ichthyostega”. Nature, v. 437, pp. 137-40, 2005.
26. Veja Michael I. Coates e Jennifer A. Clack, “Fish-Like Gills and Breathing in the
Earliest Known Tetrapod”. Nature, v. 352, pp. 234-6, 1991.
27. Veja Edward B. Daeschler et al., “A Devonian Tetrapod from North America”. Science,
v. 265, pp. 639-42, 1994.
28. Veja Michael I. Coates e Jennifer A. Clack, “Polydactyly in the Earliest Known
Tetrapod Limbs”. Nature, v. 347, pp. 66-9, 1990.
29. Veja Jennifer A. Clack et al., “Phylogenetic and Environmental Context of a
Tournaisian Tetrapod Fauna”. Nature Ecology & Evolution, v. 1, 0002, 2016.
30. Id., “A New Early Carboniferous Tetrapod with a mélange of Crown-Group
Characters”. Nature, v. 394, pp. 66-9, 1998.
31. Veja Tim R. Smithson, “The Earliest Known Reptile”. Nature, v. 342, pp. 676-8, 1989;
Tim R. Smithson e W. D. I. Rolfe, “Westlothiana gen. nov.: Naming the Earliest Known
Reptile”. Scottish Journal of Geology, v. 26, pp. 137-8, 1990.
À LUTA, AMNIOTAS
1. Veja Le Yao et al., “Global Microbial Carbonate Proliferation After the End-Devonian
Mass Extinction: Mainly Controlled by Demise of Skeletal Bioconstructors”. Scienti c
Reports, v. 6, 39694, 2016.
2. Veja Jennifer A. Clack, “An Early Tetrapod from ‘Romer’s Gap’”. Nature, v. 418, pp. 72-6,
2002.
3. Id., “Phylogenetic and Environmental Context of a Tournaisian Tetrapod Fauna”, op.
cit.
4. Veja Timothy Smithson et al., “Earliest Carboniferous Tetrapod and Arthropod
Faunas from Scotland Populate Romer’s Gap”. Proceedings of the National Academy of
Science of the United States of America, v. 109, pp. 4532-7, 2012.
5. Veja Jason D. Pardo et al., “Hidden Morphological Diversity Among Early Tetrapods”.
Nature, v. 546, pp. 642-5, 2017.
[6] Realmente lenta — cada explosão durando vários anos.
7. Os insetos que parecem ter um único par de asas têm um segundo par de forma
disfarçada. Nos besouros, o par frontal se tornou uma cobertura de asa resistente. Nas
moscas, o segundo par é reduzido a um par de órgãos minúsculos que giram
rapidamente e servem como giroscópios, o que explica sua lendária capacidade de
manobra e o motivo pelo qual são tão difíceis de acertar com um jornal enrolado.
8. Veja Andrew Ross, “Insect Evolution: the Origin of Wings”. Current Biology, v. 27, pp.
R103-22, 2016. Infelizmente, os paleodictiópteros não estão mais entre nós — eles
desapareceram no nal do Permiano, junto com as orestas que os nutriam.
9. Sou grato a Carboniferous Giants and Mass Extinction, de George McGhee Jr. (Nova
York: Columbia University Press, 2018) por suas descrições expressivas e detalhadas da
vida nas grandes orestas de carvão.
10. Uma visão dramática da vida no início do Carbonífero, quando as grandes orestas
de carvão haviam acabado de surgir, vem de uma pedreira de calcário em East Kirkton,
perto de Edimburgo, na Escócia. Há cerca de 330 milhões de anos ela estava perto do
equador e produziu vestígios notáveis de anfíbios primitivos, amniotas (e seus parentes
próximos), bem como artrópodes como milípedes, escorpiões, a mais antiga aranha
opilião conhecida e fragmentos de euripterídeos gigantes. O tesouro se formou em
função de condições geológicas incomuns: a área era geologicamente ativa, com fontes
termais — que deviam ser desfavoráveis à vida aquática — e próxima de vulcões ativos
que, de tempos em tempos, revestiam tudo de cinzas quentes. Ao mesmo tempo, havia
muita lama preta pegajosa e sem oxigênio, na qual as criaturas podiam ser preservadas
quase intactas. Não havia peixes. Para a geologia e uma visão geral, veja Stanley P. Wood
et al., “A Terrestrial Fauna from the Scottish Lower Carboniferous”. Nature, v. 314, pp.
355-6, 1985; Andrew R. Milner, “Scottish Window on Terrestrial Life in the Early
Carboniferous”. Nature, v. 314, pp. 320-1, 1985. Além do quase amniota Westlothiana e
de muitas outras formas, East Kirkton produziu um baphetídeo — um membro de um
grupo de animais que não era nem amniota nem anfíbio, ilustrando o fato de que,
naquela época, era difícil, apenas olhando para eles, descobrir qual criatura pertencia a
qual grupo. E não sabemos qual deles pôs que tipo de ovo, ou se houve alguma forma de
transição entre ovo de anfíbio e ovo de amniota. Essa criatura foi nomeada, em
referência ao seu entorno, Eucritta melanolimnetes — a Criatura da Lagoa Negra
(Jennifer A. Clack, “A New Early Carboniferous Tetrapod with a mélange of Crown-
Group Characters”, op. cit.).
11. Embora neste ponto eu tenha me desviado para a especulação, os anfíbios modernos
adotaram todas essas estratégias e muitas outras, então é razoável especular que seus
parentes extintos tenham feito o mesmo.
12. Nós, humanos, não pomos ovos, mas retivemos as várias membranas, incluindo o
âmnio, que é o saco dentro do qual o feto se desenvolve. Quando a futura mãe anuncia
que “a bolsa estourou”, foi o saco amniótico que se rompeu, um evento logo seguido pela
eclosão. Ou, no nosso caso, pelo nascimento.
13. Até a casca dos ovos de dinossauros era coriácea, assim como os maiores ovos
fósseis conhecidos, possivelmente postos por um réptil marinho. Veja Mark Norell et al.,
“The First Dinosaur Egg Was Soft”. Nature, jun. 2020. Disponível em:
<www.doi.org/10.1038/s41586-020-2412-8>. Acesso em: 21 fev. 2024; Lucas J. Legendre
et al., “A Giant Soft-Shelled Egg from the Late Cretaceous of Antarctica”. Nature, v.
583, pp. 411-4, jun. 2020. Disponível em: <www.doi.org/10.1038/s41586-020-2377-7>.
Acesso em: 21 fev. 2024; Johan Lindgren e Benjamin P. Kear, “Hard Evidence from Soft
Fossil Eggs”. Nature, jun. 2020. Disponível em: <www.doi.org/10.1038/d41586-020-
01732-8>. Acesso em: 21 fev. 2024.
14. Para muito mais detalhes sobre a formação da Pangeia e suas consequências,
especialmente o colapso de quase toda a vida no nal do Permiano, ver os livros
Supercontinent, de Ted Nield (Londres: Granta, 2007), e When Life Nearly Died, de
Michael J. Benton (Londres: Thames & Hudson, 2003).
15. Veja Sarda Sahney et al., “Rainforest Collapse Triggered Carboniferous Tetrapod
Diversi cation in Euramerica”. Geology, v. 38, pp. 1079-82, 2010.
16. Veja Michel Laurin e Robert R. Reisz, “Tetraceratops is the Earliest Known
Therapsid”. Nature, v. 345, pp. 249-50, 1990.
17. Totalmente distinto de “teropsídeos”, que dirá de “terapeutas”.
18. As plumas mantélicas são diferentes dos solavancos e da moagem regulares da
deriva continental. Elas surgem das profundezas do planeta, onde o manto da Terra
encontra o núcleo. Anomalias de temperatura locais fazem com que o magma suba até
encontrar a crosta, que derrete. Várias características notáveis da Terra atual foram
causadas por plumas mantélicas, como a ilha da Islândia (onde a pluma coincide com um
centro de expansão no meio do oceano) e o Havaí (onde a pluma emergiu do centro de
uma área tectônica). As plumas duram milhões de anos, mas nem sempre são ativas. Ou
seja, uma pluma estática sob uma placa tectônica em movimento pode criar uma cadeia
de ilhas sucessivamente mais antigas — como a agulha de uma máquina de costura que
cria uma cadeia de pontos em um pedaço de tecido em movimento. Por exemplo, a placa
do Pací co está se movendo lentamente para noroeste através da pluma mantélica,
criando uma cadeia de ilhas que são sucessivamente mais velhas quanto mais nos
afastamos do ponto quente da pluma. Isso signi ca que a grande ilha do Havaí, no
extremo sudeste da cadeia, é transversal à pluma e ainda é vulcanicamente ativa; os
vulcões das ilhas a noroeste, como Maui e Oahu, estão adormecidos ou extintos, e as
ilhas cam progressivamente menores e mais erodidas conforme se avança ainda mais a
noroeste, terminando como nada mais que pequenos atóis, como Laysan e Midway, nas
extremidades. Essas últimas ilhas já foram tão grandes e espetaculares quanto o
próprio Havaí, mas a placa em movimento, tendo encontrado a pluma, segue em frente,
deixando que o tempo e as intempéries degradem as evidências de sua passagem. A
grande ilha do Havaí irá decair lentamente, conforme a placa se desloca para noroeste,
e a atividade vulcânica se concentrará no monte submarino Lo’ihi, cerca de 975 metros
abaixo das ondas da costa sudeste da grande ilha.
19. Esse é o fenômeno conhecido como “branqueamento de corais”, que acontece hoje
como consequência do aumento de concentração de dióxido de carbono na atmosfera.
20. Todos os recifes de coral modernos são feitos de outro tipo de coral pedregoso, que
surgiu no Triássico. Os corais rugosos e tabulados — sua diversidade e a diversidade
que eles sustentavam — são nada mais do que memórias fossilizadas.
21. Stephen E. Grasby et al., “Toxic Mercury Pulses Into Late Permian Terrestrial and
Marine Environments”. Geology, v. 48, 2020. Disponível em:
<www.doi.org/10.1130/G47295.1>. Acesso em: 21 fev. 2024.
[22] As estrelas-de-pena são as formas de vida livre dos lírios-do-mar, ou crinoides, hoje
encontrados principalmente em águas profundas.
23. A história do Miocidaris, o último gênero de ouriço-do-mar, é contada por Douglas
H. Erwin em “The Permo-Triassic Extinction”. Nature, v. 367, pp. 231-6, 1994.
TRIASSIC PARK
1. Os dinossauros, que surgiram no nal do Triássico, sempre recebem destaque em
qualquer discussão sobre a vida pré-histórica. Isso é uma pena, pois a variedade de
formas reptilianas que viviam no Triássico era, sob todos os aspectos exceto tamanho
bruto, igual à dos dinossauros em diversidade e, de nossa perspectiva, em estranheza.
Isso deriva do fato de que os livros sobre dinossauros estão por toda parte, enquanto
os trabalhos sobre o Triássico são muito mais escassos. Re ro-me em especial ao
magistral tratado de Nicholas Fraser, ilustrado por Douglas Henderson, que hoje é
muito difícil de encontrar, e cujo título, Life In The Triassic [Vida no Triássico], teve que
ser relegado a subtítulo para que o livro pudesse ser divulgado, provocativamente,
como Dawn of the Dinosaurs [Alvorecer dos dinossauros. Bloomington: Indiana
University Press, 2006]. Adquiri uma cópia usada. Ela havia sido excluída da biblioteca
pública em Pinellas Park, na Flórida. Aposto que lá ainda há prateleiras cheias de livros
sobre dinossauros.
2. Veja Chun Li et al., “An Ancestral Turtle from the Late Triassic of Southwestern
China”. Nature, v. 456, pp. 497-501, 2008; Robert Reisz e Jason Head, “Turtle Origins Out
to Sea”. Nature, v. 456, pp. 450-1, 2008.
3. Veja Rainer Schoch e Hans-Dieter Sues, “A Middle Triassic Stem-Turtle and the
Evolution of the Turtle Body Plan”. Nature, v. 523, pp. 584-7, 2015. Uma reavaliação
recente propõe que era mais provável que a Pappochelys fosse mais uma escavadora em
terra do que uma nadadora no mar. (Veja Rainer Schoch et al., “Microanatomy of the
Stem-Turtle Pappochelys rosinae Indicates a Predominantly Fossorial Mode of Life and
Clari es Early Steps in the Evolution of the Shell”. Scienti c Reports, v. 9, 10430, 2019.)
4. Veja Chun Li et al., “A Triassic Stem Turtle with an Edentulous Beak”. Nature, v. 560,
pp. 476-9, 2018.
5. Veja James Neenan et al., “European Origin of Placodont Marine Reptiles and the
Evolution of Crushing Dentition in Placodontia”. Nature Communications, v. 4, 1621,
2013.
[6] Se você acha que estou inventando isso, você está só um pouco certo. A anatomia
dos drepanossauros é difícil de descrever. Eles já foram apresentados como nadadores,
escaladores de árvores com caudas preênseis, escavadores… e, com seus estranhos
crânios parecidos com os de aves, parentes primitivos delas.
7. Veja, por exemplo, Xiao-hong Chen et al., “A Small Short-Necked Hupehsuchian from
the Lower Triassic of Hubei Province, China”. PLoS ONE, v. 9, e115244, dez. 2014.
8. Veja Elizabeth L. Nicholls e Makoto Manabe, “Giant Ichthyosaurs of the Triassic — A
New Species of Shonisaurus from the Pardonet Formation (Norian: Late Triassic) of
British Columbia”. Journal of Vertebrate Paleontology, v. 24, pp. 838-49, 2004.
9. Veja Tiago Simões et al., “The Origin of Squamates Revealed by a Middle Triassic
Lizard from the Italian Alps”. Nature, v. 557, pp. 706-9, 2018.
10. Veja Michael Caldwell et al., “The Oldest Known Snakes from the Middle Jurassic-
Lower Cretaceous Provide Insights on Snake Evolution”. Nature Communications, v. 6,
5996, 2015.
11. Veja Michael Caldwell e Michael S. Y. Lee, “A Snake with Legs from the Marine
Cretaceous of the Middle East”. Nature, v. 386, pp. 705-9, 1997.
12. Veja Sebastián Apesteguía e Hussam Zaher, “A Cretaceous Terrestrial Snake with
Robust Hindlimbs and a Sacrum”. Nature, v. 440, pp. 1037-40, 2006.
13. O ancestral comum dos dinossauros e dos pterossauros pode ter sido um animal
bastante pequeno, o que poderia explicar a tendência ao sangue quente, bem como a
penugem observada em ambos os grupos. Veja Christian Kammerer et al., “A Tiny
Ornithodiran Archosaur from the Triassic of Madagascar and the Role of
Miniaturization in Dinosaur and Pterosaur Ancestry”. Proceedings of the National
Academy of Sciences of the United States of America, v. 117, jul. 2020. Disponível em:
<www.doi.org/10.1073/pnas.1916631117>. Acesso em: 22 fev. 2024. Descobrir as raízes
especí cas da linhagem de pterossauros, no entanto, tem sido um desa o. Os primeiros
pterossauros aparecem no registro fóssil totalmente formados. No entanto, uma pista
de sua ancestralidade está na descoberta de pequenos arcossauros bípedes chamados
lagerpetídeos. Estes claramente não eram capazes de voar, mas compartilham detalhes
da anatomia do cérebro e do pulso exclusivamente com pterossauros, sugerindo que
estavam mais intimamente relacionados a eles do que a outros animais. Veja Martín
Ezcurra et al., “Enigmatic Dinosaur Precursors Bridge the Gap to the Origin of
Pterosauria”. Nature, v. 588, pp. 445-9, 2020; Kevin Padian, “Closest Relatives Found for
Pterosaurs, the First Flying Vertebrates”. Nature, v. 588, pp. 400-1, 2020.
14. Está tudo em um maravilhoso artigo de Cherrie D. Bramwell e G. R. Whit eld
intitulado “Biomechanics of Pteranodon”, originalmente publicado em 1984 em
Philosophical Transactions of the Royal Society of London Series B, v. 267, 890, jul. 1974.
Disponível em: <www.doi.org/10.1098/rstb.1974.0007>. Acesso em: 22 fev. 2024. Quando
eu estudava na Universidade de Leeds no início dos anos 1980, meu professor, Robert
McNeill Alexander, me passou um projeto de pesquisa sobre répteis voadores.
Alexander era o principal especialista em biomecânica — a ciência do movimento animal
—, então minha dissertação cou cheia de aerodinâmica: sustentação, arrasto, curva
polar, planagem e efeito solo. Foi Alexander quem me indicou o artigo clássico de
Bramwell e Whit eld.
[15] Os morcegos — os únicos mamíferos ainda existentes que voam, em vez de
simplesmente planar — também não têm esterno quilhado, como as aves têm.
16. Veja Sterling J. Nesbitt et al., “The Earliest Bird-Line Archosaurs and the Assembly
of the Dinosaur Body Plan”. Nature, v. 544, pp. 484-7, 2017.
17. O mais antigo silessauro foi o Asilisaurus, do Triássico médio na Tanzânia. Veja
Sterling J. Nesbitt et al., “Ecologically Distinct Dinosaurian Sister Group Shows Early
Diversi cation of Ornithodira”. Nature, v. 464, pp. 95-8, 2010.
18. Veja Paul C. Sereno et al., “Primitive Dinosaur Skeleton from Argentina and the Early
Evolution of Dinosauria”. Nature, v. 361, pp. 64-6, 1993.
O FIM DA PRÉ-HISTÓRIA
1. Veja Ana Navarrete et al., “Energetics and the Evolution of Human Brain Size”. Nature,
v. 480, pp. 91-3, 2011; Richard Potts, “Big Brains Explained”. Nature, v. 480, pp. 43-4, 2011.
2. A seleção natural também favoreceu a preferência masculina por formas de corpo
feminino mais curvilíneas: veja Douglas W. Yu e Glenn H. Shepard Jr., “Is Beauty in the
Eye of the Beholder?”. Nature, v. 396, pp. 321-2, 1998.
3. Veja Kristen Hawkes, “Grandmothers and the Evolution of Human Longevity”.
American Journal of Human Biology, v. 15, pp. 380-400, 2003. É desnecessário dizer que
a hipótese da avó, como tudo o mais na evolução da história da vida humana, é
controversa, mas é a que parece fazer mais sentido para mim.
4. Isso explica por que os homens têm mamilos. Como as fêmeas têm seios e mamilos, os
machos também têm mamilos, embora menores e não funcionais. Eles também incorrem
em um custo: o câncer de mama ocorre nos homens, assim como nas mulheres, mas é
raro. Paradoxalmente, a evolução das preferências femininas de escolha de parceiros
faz com que características prejudiciais sejam mantidas nos machos. (Veja Pavitra
Muralidhar, “Mating Preferences of Sel sh Sex Chromosomes”. Nature, v. 570, pp. 376-9;
Mark Kirkpatrick, “Sex Chromosomes Manipulate Mate Choice”. Nature, v. 570, pp. 311-
2, 2019.)
5. Sou grato a Simon Conway Morris por este insight.
6. Jared Diamond especula que o aumento do diabetes tipo 2, em especial entre pessoas
que até recentemente viviam em dietas de subsistência, é o resultado de uma mudança
repentina para o estilo de vida ocidental em que não há fome e é comum a ingestão em
excesso de alimentos açucarados. (Veja Jared Diamond, “The Double Puzzle of
Diabetes”. Nature, v. 423, pp. 599-602, 2003.)
7. O Homo rhodesiensis, uma criatura semelhante ao Homo heidelbergensis, viveu na
África Central há cerca de 300 mil anos (veja Rainer Grün et al., “Dating the Skull from
Broken Hill, Zambia, and Its Position in Human Evolution”. Nature, v. 580, pp. 372-5,
2020), mas houve outros. Uma espécie de hominíneo com um crânio notavelmente
arcaico viveu na Nigéria até recentemente, há 11 mil anos (veja Katerina Harvati et al.,
“The Later Stone Age Calvaria from Iwo Eleru, Nigeria: Morphology and Chronology”.
PloS ONE, 2011. Disponível em: <www.doi.org/10.1371/journal.pone.0024024>. Acesso
em: 27 fev. 2024). Há evidências de outras espécies arcaicas na África, preservadas
apenas na forma de fragmentos de DNA em humanos modernos — como muitos gatos
de Cheshire, que vão desaparecendo gradualmente até que restem apenas seus
sorrisos. (Veja, por exemplo, PingHsun Hsieh et al., “Model-Based Analyses of Whole-
Genome Data Reveal a Complex Evolutionary History Involving Archaic Introgression in
Central African Pygmies”. Genome Research, v. 26, pp. 291-300, 2016.)
8. As primeiras evidências conhecidas do surgimento do Homo sapiens datam de cerca
de 315 mil anos atrás e vêm do Marrocos (veja Jean-Jacques Hublin et al., “New Fossils
from Jebel Irhoud, Morocco, and the Pan-African Origin of Homo sapiens”. Nature, v.
546, pp. 289-92, 2017; Daniel Richter et al., “The Age of the Hominin Fossils from Jebel
Irhoud, Morocco, and the Origins of the Middle Stone Age”. Nature, v. 546, pp. 293-6,
2017; Chris Stringer e Julia Galway-Witham, “On the Origin of Our Species”. Nature, v.
546, pp. 212-4, 2017). Entre outros espécimes antigos de Homo sapiens há vestígios de
Kibish, na Etiópia, datados em cerca de 195 mil anos atrás (Ian McDougall et al.,
“Stratigraphic Placement and Age of Modern Humans from Kibish, Ethiopia”. Nature, v.
433, pp. 733-6, 2005), e o Médio Awash, também na Etiópia (veja Tim White et al.,
“Pleistocene Homo sapiens from Middle Awash, Ethiopia”. Nature, v. 423, pp. 742-7, 2003;
Chris Stringer, “Out of Ethiopia”. Nature, v. 423, pp. 693-5, 2003).
9. Veja Katerina Harvati et al., “Apidima Cave Fossils Provide Earliest Evidence of Homo
sapiens in Eurasia”. Nature, v. 571, pp. 500-4, 2019; Frank McDermott et al., “Mass-
Spectrometric U-series Dates for Israeli Neanderthal/Early Modern Hominid Sites”.
Nature, v. 363, pp. 252-5, 1993; Israel Hershkovitz et al., “The Earliest Modern Humans
Outside Africa”. Science, v. 359, pp. 456-9, 2018.
10. Veja Eva Chan et al., “Human Origins in a Southern African Palaeo-Wetland and First
Migrations”. Nature, v. 575, pp. 185-9, 2019.
11. Veja Christopher Henshilwood et al., “A 100,000-year-old Ochre-Processing
Workshop at Blombos Cave, South Africa”. Science, v. 334, pp. 219-22, 2011.
12. Veja Christopher Henshilwood et al., “An Abstract Drawing from the 73,000-year-
old Levels at Blombos Cave, South Africa”. Nature, v. 562, pp. 115-8, 2018.
13. Veja Kyle Brown et al., “An Early and Enduring Advanced Technology Originating
71,000 Years Ago in South Africa”. Nature, v. 491, pp. 590-3.
14. Veja Teresa Rito et al., “A Dispersal of Homo sapiens from Southern to Eastern Africa
Immediately Preceded the Out-of-Africa Migration”. Scienti c Reports, v. 9, 4728, 2019.
15. Toba superou e muito a famosa erupção do Tambora, também na Indonésia, em 1815,
que deu início ao “ano sem verão”, quando um grupo de radicais que esperava desfrutar
de férias de verão acabou se refugiando em uma vila no lago Genebra e se divertindo ao
compor histórias de terror. Uma das pessoas do grupo era a adolescente Mary Shelley,
que criou a história Frankenstein ou o Prometeu moderno. Certamente, algo guardado
para um dia de chuva.
16. Veja Eugene Smith et al., “Humans Thrived in South Africa Through the Toba
Eruption About 74,000 Years Ago”. Nature, v. 555, pp. 511-5, 2018.
17. Veja Michael Petraglia et al., “Middle Paleolithic Assemblages from the Indian
Subcontinent Before and After the Toba Super-Eruption”. Science, v. 317, pp. 114-6,
2007.
18. Veja Kira Westaway et al., “An Early Modern Human Presence in Sumatra 73,000-
63,000 Years Ago”. Nature, v. 548, pp. 322-5, 2017.
19. Esse aparenta ser o caso dos australopitecos. A análise de traços químicos no
esmalte dos dentes de australopitecos mostra que os indivíduos menores —
presumivelmente do sexo feminino — se movimentavam mais que os machos ao longo da
vida. (Veja Sandi Copeland et al., “Strontium Isotope Evidence for Landscape Use by
Early Hominins”. Nature, v. 474, pp. 76-8, 2011; Margaret Schoeninger, “In Search of the
Australopithecines”. Nature, v. 474, pp. 43-5, 2011.)
20. Veja Axel Timmermann e Tobias Friedrich, “Late Pleistocene Climate Drivers of Early
Human Migration”. Nature, v. 538, pp. 92-5, 2016.
21. Veja Chris Clarkson et al., “Human Occupation of Northern Australia by 65,000
Years Ago”. Nature, v. 547, pp. 306-10, 2017.
22. Veja, por exemplo, Fernando A. Villanea e Joshua G. Schraiber, “Multiple Episodes of
Interbreeding Between Neanderthals and Modern Humans”. Nature Ecology & Evolution,
v. 3, pp. 39-44, 2019, com comentário de Fabrizio Mafessoni, “Encounters with Archaic
Hominins”. Nature Ecology & Evolution, v. 3, pp. 14-5, 2019; Sriram Sankararaman et al.,
“The Genomic Landscape of Neanderthal Ancestry in Present-Day Humans”. Nature, v.
507, pp. 354-7, 2014.
23. Veja Emilia Huerta-Sánchez et al., “Altitude Adaptation in Tibetans Caused by
Introgression of Denisovan-like DNA”. Nature, v. 512, pp. 194-7, 2014.
24. Veja Jean-Jacques Hublin et al., “Initial Upper Palaeolithic Homo sapiens from Bacho
Kiro Cave, Bulgaria”. Nature, v. 581, pp. 299-302, 2020, com comentário de Helen Fewlass
et al., “A 14C Chronology for the Middle to Upper Palaeolithic Transition at Bacho Kiro
Cave, Bulgaria”. Nature Ecology & Evolution, v. 4, pp. 794-801, 2020, e comentário de
William E. Banks, “Puzzling out the Middle-to-Upper Palaeolithic Transition”. Nature
Ecology & Evolution, v. 4, pp. 775-6, 2020. Veja também Miguel Cortés-Sanchéz et al., “An
Early Aurignacian Arrival in South-Western Europe”. Nature Ecology & Evolution, v. 3,
pp. 207-12, 2019; Stefano Benazzi et al., “Early Dispersal of Modern Humans in Europe
and Implications for Neanderthal Behaviour”. Nature, v. 479, pp. 525-8, 2011.
25. Veja Tom Higham et al., “The Timing and Spatiotemporal Patterning of Neanderthal
Disappearance”. Nature, v. 512, pp. 306-9, 2014, com comentário de William Davies, “The
Time of the Last Neanderthals”. Nature, v. 512, pp. 260-1, 2014.
26. “Você está me dizendo que eles copularam?”, perguntou um membro idoso e
incrédulo da plateia, em tom afetado, a um palestrante que abordava esse tema sensível
em uma reunião sobre DNA antigo na Royal Society, em Londres. Sentado em algum
lugar no fundo, quei tentado a me levantar e responder, em um tom igualmente
imperioso, que “não só eles copularam, mas sua união foi abençoada com muitos
descendentes!”. Permaneci no meu assento.
27. Veja Oren Koldony e Marcus W. Feldman, “A Parsimonious Neutral Model Suggests
Neanderthal Replacement Was Determined by Migration and Random Species Drift”.
Nature Communications, v. 8, 1040, 2017; Christopher Stringer e Clive Gamble, In
Search of the Neanderthals (Londres: Thames & Hudson, 1994). Mecanismos
semelhantes foram observados em outras espécies. O esquilo cinzento norte-
americano, por exemplo, foi introduzido na Inglaterra no século 18. Duzentos anos
depois, ele havia praticamente substituído o esquilo vermelho nativo, em virtude de uma
reprodução mais rápida e uma atitude mais agressiva em relação à posse de território.
(Veja Akira Okubo et al., “On the Space Spread of the Grey Squirrel in Britain”.
Proceedings of the Royal Society of London Series B, v. 238, pp. 113-25, 1989.)
28. Veja João Zilhão et al., “Precise Dating of the Middle-to-Upper Paleolithic Transition
in Murcia (Spain) Supports Late Neandertal Persistence in Iberia”. Heliyon, v. 3, e00435,
2017.
29. Veja Ludovic Slimak et al., “Late Mousterian Persistence Near the Arctic Circle”.
Science, v. 332, pp. 841-5, 2011.
30. Veja Krist Vaesen et al., “Inbreeding, Allee E ects and Stochasticity Might Be
Su cient to Account for Neanderthal Extinction”. PLoS ONE, v. 14, e0225117, 2019.
31. Veja Jared Diamond, “The Last People Alive”. Nature, v. 370, pp. 331-2, 1994.
32. Veja Qiaomei Fu et al., “An Early Modern Human from Romania with a Recent
Neanderthal Ancestor”. Nature, v. 524, pp. 216-9, 2015.
33. Veja Nicholas Conard et al., “New Flutes Document the Earliest Musical Tradition In
Southwestern Germany”. Nature, v. 460, pp. 737-40, 2009.
34. Veja Nicholas Conard, “Palaeolithic Ivory Sculptures from Southwestern Germany
and the Origins of Figurative Art”. Nature, v. 426, pp. 830-2, 2003.
35. Veja Maxime Aubert et al., “Pleistocene Cave Art from Sulawesi, Indonesia”. Nature,
v. 514, pp. 223-7, 2014; Maxime Aubert et al., “Palaeolithic Cave Art in Borneo”. Nature, v.
564, pp. 254-7, 2018.
36. Veja David Lubman, “Did Paleolithic Cave Artists Intentionally Paint at Resonant
Cave Locations?”. Journal of the Acoustical Society of America, v. 141, 3999, 2017.
O PASSADO DO FUTURO
1 Eu chamo isso de “o princípio Kariênina”. De nada.
[ ]
2. Dark Eden, romance de Chris Beckett (Londres: Corvus, 2012), é a história de John
Redlantern, um dos 532 descendentes de dois astronautas presos em um planeta
distante. É uma história comovente dos esforços desesperados de uma pequena
comunidade para sobreviver, apesar dos efeitos da malformação congênita causada
pela endogamia.
3. Faz lembrar da trágica história do Dedeckera eurekensis, um arbusto con nado ao
deserto de Mojave. Ele evoluiu em circunstâncias mais brandas, mas a incapacidade de
se adaptar gerou uma série de anormalidades genéticas que resultaram na
incapacidade quase total de se reproduzir. (Veja Delbert Wiens et al., “Developmental
Failure and Loss of Reproductive Capacity in the Rare Palaeoendemic Shrub Dedeckera
eurekensis”. Nature, v. 338, pp. 65-7, 1989.)
4. Veja Anu Sang et al., “Indirect Evidence for an Extinction Debt of Grassland
Butter ies Half Century After Habitat Loss”. Biological Conservation, v. 143, pp. 1405-
13, 2010.
5. Veja David Tilman et al., “Habitat Destruction and the Extinction Debt”. Nature, v. 371,
pp. 65-6, 1994.
6. Veja Anthony J. Stuart, Vanished Giants (Chicago: University of Chicago Press, 2020)
para um relato abrangente e legível das extinções do nal do Pleistoceno.
7. Veja Anthony J. Stuart et al., “Pleistocene to Holocene Extinction Dynamics in Giant
Deer and Woolly Mammoth”. Nature, v. 431, pp. 684-9, 2004.
8. Por exemplo, em minha tese de doutorado não publicada e nunca lida, Bovidae from
the Pleistocene of Britain (Fitzwilliam College, University of Cambridge, 1991), mostro
que um tipo de bisão pequeno e robusto era comum na Grã-Bretanha no meio da era do
gelo mais recente, mas foi substituído por uma forma maior à medida que a era do gelo
progredia. Os bisões também eram comuns durante o período interglacial anterior de
Ipswich, mas eram maiores e viviam na Inglaterra fora do vale do Tâmisa — naquela
época, Londres era o país dos auroques. No Hoxnian, um ou dois interglaciais antes, os
auroques eram comuns, e os bisões não eram encontrados em parte alguma, nem
mesmo por dinheiro vivo. E mesmo antes disso, no Cromerian, não havia auroques, mas
havia bisões — de outro tipo. Mas os sedimentos do Pleistoceno na Grã-Bretanha são
comuns e é (relativamente) fácil colocá-los em ordem. Tal resolução não seria possível
com depósitos, digamos, de idade permiana.
9. Há muito se pensa que a chegada humana às Américas não poderia ter sido anterior a
cerca de 15 mil anos atrás. No entanto, a nova arqueologia e métodos de datação
reformulados mostram que os humanos estavam presentes, ainda que esparsamente,
há cerca de 30 mil anos, ou até antes. (Veja Lorena Becerra-Valdivia e Thomas Higham,
“The Timing and E ect of the Earliest Human Arrivals in North America”, 2020.
Disponível em: <www.doi.org/10.1038/s41586-020-2491-6>. Acesso em: 27 fev. 2024;
Ciprian Ardelean et al., “Evidence for Human Occupation in Mexico Around the Last
Glacial Maximum”. Nature, v. 584, pp. 87-92, 2020.)
[10] A Lua também. Mas como esta história é sobre a vida na Terra, isso sem dúvida foge
do escopo da minha tarefa.
11. Veja Dolores Piperno et al., “Processing of Wild Cereal Grains in the Upper
Palaeolithic Revealed by Starch Grain Analysis”. Nature, v. 430, pp. 670-3, 2004.
12. Veja Jared Diamond, “Evolution, Consequences and Future of Plant and Animal
Domestication”. Nature, v. 418, pp. 700-7, 2002.
13. Veja Fridolin Krausmann et al., “Global Human Appropriation of Net Primary
Production Doubled in the 20th Century”. Proceedings of the National Academy of
Sciences of the United States of America, v. 110, pp. 10324-9, 2013.
14. Caso esteja interessado, eu nasci em 1962. “Good Luck Charm”, de Elvis Presley, cou
no topo da Billboard Hot 100 e no Top of the Pops do Reino Unido.
15. A Taxa de Fecundidade Total (TFT) — a taxa em que os bebês devem nascer para
superar a taxa de mortalidade — é de 2,1 lhos por mãe: seria 2,0, mas um pouco é
adicionado para compensar eventuais problemas nos primeiros anos e o fato de que
crianças do sexo masculino são mais propensas a morrer que as do sexo feminino. Em
2100, 183 países (dos 195 estudados) terão uma TFT inferior a essa, e a população global
será menor do que é agora. Em alguns países, como Espanha, Tailândia e Japão, a
população terá diminuído pela metade até essa data. (Veja Stein Emil Vollset et al.,
“Fertility, Mortality, Migration and Population Scenarios for 195 Countries and
Territories from 2017 to 2100: A Forecasting Analysis for the Global Burden of Disease
Study”. The Lancet, v. 396, 10258, 2020. Disponível em: <www.doi.org/10.1016/S0140-
6736(20)30677-2>. Acesso em: 27 fev. 2024.)
16. Veja Henrik Kaessmann et al., “Great Ape DNA Sequences Reveal a Reduced Diversity
and an Expansion in Humans”. Nature Genetics, v. 27, pp. 155-6, 2001; Henrik Kaessmann
et al., “Extensive Nuclear DNA Sequence Diversity Among Chimpanzees”. Science, v. 286,
pp. 1159-62, 1999.
[17] Devo dizer que, deste ponto em diante, a maior parte do que digo é especulação, ou
o que os cientistas chamam de “invencionices”. Como alguém disse uma vez, é muito
difícil fazer previsões, especialmente sobre o futuro.
18. Tomei emprestada essa imagem impressionante de After Man: A Zoology of the
Future (Granada Publishing, 1982), em que Dougal Dixon especula sobre os animais que
podem surgir 50 milhões de anos após o m da humanidade. O “predador noturno” é um
horrível carnívoro derivado de morcego que ronda as orestas noturnas de uma massa
de terra vulcânica recém-formada chamada Batávia, colonizada apenas por morcegos.
As criaturas se transformam, ocupando muitos nichos ecológicos diferentes dos que
geralmente são ocupados por morcegos.
19. Se você quiser passar uma noite preocupado e insone, leia The Life and Death of
Planet Earth, de Peter Ward e Donald Brownlee (Times Books, Henry Holt and Co.,
2002), no qual esses dois fatores são explorados sem piedade.
20. A concentração atmosférica de dióxido de carbono nos últimos 800 mil anos nunca
ultrapassou cerca de 300 ppm. Em 2018, como fruto da atividade humana, ultrapassou
400 ppm, uma concentração que não era vista havia mais de 3 milhões de anos. (Veja
Koji Hashimoto, “Global Temperature and Atmospheric Carbon Dioxide Concentration”.
In: Global Carbon Dioxide Recycling. Singapore: Springer, 2019, Coleção SpringerBriefs
in Energy.)
21. É claro que a explicação é mais complexa que isso. A imagem que acabei de pintar
baseia-se na ideia de que é apenas rocha de silicato nua e sem vida que é intemperizada.
Embora isso fosse verdade há bilhões de anos, a presença da vida muda o jogo. A
presença de matéria orgânica e rocha sedimentar rica em carbonatos in uencia a taxa
de intemperismo tanto para cima quanto para baixo, de maneiras difíceis de prever
(Robert G. Hilton e A. Joshua West, “Mountains, Erosion and the Carbon Cycle”. Nature
Reviews Earth & Environment, v. 1, pp. 284-99, 2020). Além disso, a maior parte do
carbono em terra é armazenada em um substrato inteiramente gerado pela vida; isto é,
o solo. O aumento da temperatura estimula uma maior respiração dos micróbios do
solo, cujo resultado é a liberação de dióxido de carbono na atmosfera (Thomas
Crowther et al., “Quantifying Global Soil Carbon Losses in Response to Warming”.
Nature, v. 540, pp. 104-8, 2016). Esses e outros processos in uenciam a transferência
de dióxido de carbono da atmosfera para o mar profundo.
22. Outra complicação é que, há cerca de 800 milhões de anos, a Terra pode ter sido
atingida uma ou mais vezes por asteroides: um levantamento de crateras na Lua mostra
um aumento nos impactos nessa época. (Veja Kentaro Terada et al., “Asteroid Shower
on the Earth-Moon System Immediately Before the Cryogenian Period Revealed by
Kaguya”. Nature Communications, v. 11, 3453, 2020.)
23. Veja Luc Simon et al., “Origin and Diversi cation of Endomycorrhizal Fungi and
Coincidence with Vascular Land Plants”, op. cit.
24. Veja Suzanne W. Simard et al., “Net Transfer of Carbon Between Ectomycorrhizal
Tree Species in the Field”. Nature, v. 388, pp. 579-82, 1997; Yuan Yuan Song et al.,
“Defoliation of Interior Douglas- r Elicits Carbon Transfer and Stress Signalling to
Ponderosa Pine Neighbors Through Ectomycorrhizal Networks”. Scienti c Reports, v. 5,
8495, 2015 e John Whit eld, “Underground Networking”. Nature, v. 449, pp. 136-8, 2007.
25. Veja Myron L. Smith et al., “The Fungus Armillaria bulbosa Is Among the Largest and
Oldest Living Organisms”. Nature, v. 356, pp. 428-31, 1992.
26. Hymenoptera começou a se diversi car há cerca de 281 milhões de anos (Ralph
Peters et al., “Evolutionary History of the Hymenoptera”. Current Biology, v. 27, pp.
1013-8, 2017); as primeiras mariposas conhecidas viveram há 300 milhões de anos (Akito
Kawahara et al., “Phylogenomics Reveals the Evolutionary Timing and Pattern of
Butter ies and Moths”. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United
States of America, v. 116, pp. 22657-63, 2019).
27. Para uma introdução útil, que explica por que, quando comemos um go, não camos
com a boca cheia de vespas, veja James M. Cook e Stuart A. West, “Figs and Fig Wasps”.
Current Biology, v. 15, pp. 978-80, 2005.
28. Veja Carol A. Sheppard e Richard A. Oliver, “Yucca Moths and Yucca Plants:
Discovery of ‘the Most Wonderful Case of Fertilisation’”. American Entomologist, v. 50,
pp. 32-46, 2004.
29. Veja Deborah M. Gordon, “The Rewards of Restraint in the Collective Regulation of
Foraging by Harvester Ant Colonies”. Nature, v. 498, pp. 91-3, 2013.
30. Um tema discutido em forma de livro por Edward O. Wilson em A conquista social
da Terra (Trad. de Ivo Korytowski. São Paulo: Companhia das Letras, 2013).
31. Os cientistas são unânimes quanto à formação de um supercontinente nos próximos
250 milhões de anos, mas as opiniões divergem quanto à sua forma exata. Um modelo
diz que as Américas avançarão para o oeste até encontrarem o leste da Ásia, eliminando
o oceano Pací co. Outro sustenta que as Américas serão atraídas para a borda
ocidental da Eurásia, como aconteceu no passado, acabando com o Atlântico. O livro
Supercontinent, de Ted Nield, explica os raciocínios por trás desses cenários.
32. Para uma boa introdução à biosfera profunda, veja Amanda Leigh Mascarelli, “Low
Life”. Nature, v. 459, pp. 770-3, 2009.
33. Veja Gaetan Borgonie et al., “Eukaryotic Opportunists Dominate the Deep-
Subsurface Biosphere in South Africa”. Nature Communications, v. 6, 8952, 2015; Gaetan
Borgonie et al., “Nematoda from the Terrestrial Deep Subsurface of South Africa”.
Nature, v. 474, pp. 79-82, 2011.
34. O cientista foi Nathan A. Cobb, que desenhou esse retrato de lombrigas à caneta
em: “Nematodes and Their Relationships”. United States Department of Agriculture
Yearbook. Washington: US Department of Agriculture, 1914, p. 472.
35. Os modelos do ciclo de carbono sugerem que a vida desaparecerá entre 900 milhões
e 1,5 bilhão de anos no futuro. Um bilhão de anos depois disso, os oceanos evaporarão.
Veja Ken Caldeira e James F. Kasting, “The Life Span of the Biosphere Revisited”. Nature,
v. 360, pp. 721-3, 1992. O que acontece depois disso depende da rapidez com que os
oceanos irão ferver. Se for rapidamente, a Terra secará e se tornará um planeta quente
e deserto. Se for lentamente, grande parte da atmosfera cobrirá a Terra, criando um
efeito estufa tão poderoso que a superfície do planeta derreterá. Essas visões
deliciosas são descritas por Peter Ward e Donald Brownlee em The Life and Death of
Planet Earth (Times Books, Henry Holt and Co., 2002). No nal, isso pouco deve
importar: em muitos bilhões de anos mais, o Sol se expandirá em uma gigante vermelha
que encherá o céu, fritando a Terra em cinzas e possivelmente consumindo-a, antes de
perder a maior parte de sua massa na forma de uma nebulosa planetária e encolher até
se tornar uma pequena estrela anã branca que pode durar trilhões de anos. O Sol, por
mais massivo que seja, não é o su ciente para explodir e se tornar uma supernova,
semeando novas gerações de estrelas, planetas e vida.
EPÍLOGO
1. Veja Anthony Barnosky et al., “Has the Earth’s Sixth Mass Extinction Already
Arrived?”. Nature, v. 471, pp. 51-7, 2011.
2. Veja Simon Evans, “Analysis: UK Renewables Generate More Electricity than Fossil
Fuels for First Time”. CarbonBrief, 14 out. 2019. Disponível em:
<www.carbonbrief.org/analysis-uk-renewables-generate-more-electricity-than-fossil-
fuels-for- rst-time>. Acesso em: 26 jul. 2020.
3. Veja, por exemplo, o livro de Paul Ehrlich, The Population Bomb (San Francisco: Sierra
Club; Nova York: Ballantine Books, 1968). Para uma avaliação de seus efeitos após meio
século, consulte Charles C. Mann, “The Book That Incited a Worldwide Fear of
Overpopulation”. Smithsonian Magazine, jan. 2018. Disponível em:
<www.smithsonianmag.com/innovation/book-incited-worldwide-fear-overpopulation-
180967499/>. Acesso em: 26 jul. 2020.
4. Veja Hannah Ritchie, Pablo Rosado e Max Roser, “Energy”. Our World in Data.
Disponível em: <www.ourworldindata.org/energy>. Acesso em: 26 jul. 2020.
5. Veja Joseph Friedman et al., “Measuring and Forecasting Progress Towards the
Education-Related SDG Targets”. Nature, v. 580, pp. 636-9, 2020.
6. Veja Stein Emil Vollset et al., “Fertility, Mortality, Migration and Population Scenarios
for 195 Countries and Territories from 2017 to 2100: A Forecasting Analysis for the
Global Burden of Disease Study”, op. cit.
7. Veja, por exemplo, Gerda Horneck et al., “Space Microbiology”. Microbiology and
Molecular Biology Reviews, v. 74, pp. 121-56, 2010. A possibilidade de que seres vivos
(além de humanos) possam viajar entre planetas é algo que optei por não discutir neste
livro.
[8] … e todos eram machos, o que limita um pouco as oportunidades reprodutivas.
Índice de termos para busca
abelhas
abelissauros
Acanthodes
Acanthostega
acantódios
acúmulo de gordura (em hominíneos)
Adalatherium
Aepyornis
aerofólio
aetossauros
África; Norte da África
Afrotheria
agricultura
água doce, colonização de
águas-vivas
aistópodes
alantoide
Alexander, Robert McNeill
algas
Alpes
alvarezsaurídeos
amblípodes
Ambulocetus
América do Norte
América do Sul
âmnio
amniotas
amonitas
Anchiornis
Andes
Andrewsarchus
anfíbios
an oxo
anidrita
animais; animais terrestres primitivos; aparecimento de; primeiras formas de
locomoção; resiliência
Ankarapithecus
Anomalocaris
anquilossauros
Antártida
antiarcos
antropoides
ânus
Apalaches
Aphanosauria
aprendizagem
Arambourgiana
aranhas
araponga-da-amazônia (Procnias albus)
Archaeon (Archaea)
Archaeopteris
Archaeopteryx
Archaeothyris
arcossauros; “linhagem das aves”; “linhagem dos crocodilos”; marcha de
arctocionídeos
Ardipithecus; kadabba; ramidus
Argentina
Argentinosaurus
Armillaria bulbosa
Arthrodira
Ártico, oceano
articular
artrópodes
árvores; crescimento de
asas; em pterossauros
Asilisaurus
Asteriornis
asteroides
Atapuerca
Atlântico Norte
Atlântico, formação do oceano
auroques (Bos primigenius)
Australásia (Austrália)
Australopithecus; afarensis; anamensis; bahrelghazali; garhi; sediba
aves
aves-elefantes
avestruzes
avós
babuínos
bactérias
baleia-azul
baleias; aprendizado em; evolução de; reprodução em
bananas
Bangiomorpha
Baptistina (asteroide)
baratas
basalto
Basilosaurus
Beipaiosaurus
berbigão
“Berço da Humanidade”
besouros
bigodes
bigorna
biosfera profunda
biota de Chen iang
bipedalismo, evolução do: em dinossauros; em humanos
bisões
bivalves
blastoides
boca; em peixes; origem da
bolachas-da-praia
borboletas
Borges, Jorge Luis
borhienídeos
bovídeos
Brachiosaurus
brânquias; Acanthostega; arcos; fendas; região (pescoço)
braquiópodes
C3, via
C4, via
cães
caixa craniana
Calamites
cálcio; carbonato de; fosfato de; sulfato de
calcita
camada de gelo da Cordilheira
camada de gelo Escandinava
camada de gelo Laurentide
camada de ozônio
Cambriano, período
carapaça
Carbonífero, período
Carcharodontosaurus
Caribe
carnívoros
cartilagem de Meckel
cartilagens
carvão
Castorocauda
casuares
Cathaymyrus
cauda (em vertebrados)
cavalinhas
cavalos
celacantos
célula nucleada ver eucariota
celulose: em plantas; em tunicados
cenozoica, era; era do gelo
centopeias
ceratopsianos
cérebro; divisão em hemisférios; expansão em cinodontes; em hominíneos
cervo-gigante
Chade; lago
chimpanzés
China
Chororapithecus
cianobactérias; como cloroplastos; pigmentos de
cicas
ciclopia
cinodontes
Cladoxylopsida
Claraia
Climactichnites
cloro la
cloroplastos, origem dos
Cloudina
cobras; voadoras
coelhos
Coelophysis
Colúmbia Britânica
Columella auris
coluna vertebral; em hominíneos
complexidade, aumento em
cones (em plantas)
coníferas
continentes
corais; rugosos; tabulados
córion
cormorão-das-galápagos
corrente do Golfo
costelas (em terapsidas e mamíferos)
cotovias
Crassigyrinus
crateras (de impacto)
Cretáceo, período
crista neural
crocodilos
crustáceos
cultura acheulense
cupins
Cynognathus
Danúbio
Danuvius
Darwin, Charles: The Formation of Vegetable Mould through the Action of Worms
Dedeckera eurekensis
dedos, evolução de; nos primeiros tetrápodes
Deep Purple
denisovanos
dentário, osso
dentes; caninos; incisivos; em mamíferos; molares; em pelicossauros; pré-molares; em
terapsidas
dentina
deriva continental
Devoniano, período; orestas do
Diadectes
diafragma
dicinodontes
Dickinsonia
Dimetrodon
dinocerados
dinossauros; ancestralidade comum com pterossauros; bipedalismo em; carnívoros;
crescimento de; era dos; extinção dos; herbívoros; ovos em; reprodução em;
respiração em; surgimento de; tamanho de; taxas metabólicas em; voo em
dióxido de carbono; declínio lento de
Diplodocus
dívida de extinção
dodô
Draco
dragão-de-komodo
drepanossauros
dromaeossauros
Dryopithecus
dugongo
Dunkleosteus
East Kirkton
Edaphosaurus
edentados
Ediacarano, período; organismos do
efeito estufa
efeméridas
elefantes
Elginerpeton
Elpistostegalia
Elpistostege
ema
enantiornithines
endosperma
Entelognathus
entropia
Eoceno
Eoraptor
Eorhynchochelys
Epidexipteryx
equidna
equinodermos
Equisetum
Eryops
Erythrosuchus
escamados
Escócia
escorpiões
esfenodontes
esmalte
espiráculo
esponjas
esporó tos
esporos
esquamosal
esqueletos; em dinossauros; origem de; em pterossauros; em trilobitas
esquilos voadores
estrelas-de-pena
estrelas-serpente
estribo
estromatólitos
estromatoporoides
Etiópia
Euarchontoglires
eucariota
Eucritta melanolimnetes
Euramérica
Eurásia
euripterídeos
Europa
Europasaurus
Eusthenopteron
eventos de Heinrich
evolução; de asas de insetos; de baleias; de bipedalismo em dinossauros; de bipedalismo
em humanos; de eucariotas; de ores; de frutas; de mandíbulas; de ouvidos; de
sementes; do cérebro; do rosto; em ilhas
excentricidade (na órbita da Terra ao redor do Sol)
explosão cambriana
extinção; do nal do Cretáceo; do nal do Permiano; do nal do Pleistoceno
extinções em massa
face, evolução da
faringe
ferramentas: acheulenses; mais antigas
fezes; no Tyranossaurus rex
gos (e vespas-do- go)
Filipinas
ltradores
tossauros
Flores, ilha de
Folhelho de Burgess
formigas
forusracídeos
fotossíntese; em cianobactérias; oxigenada
frutas, evolução de
fungos; em liquens; fungos primitivos
Fuxianhuia
galagos
gambás
gametó tos
gatos
genes; duplicação em vertebrados
Geórgia (montanhas do Cáucaso)
gibões
Giganotosaurus
Gigantopithecus
Gigantoraptor
gigantotermia
glaciações ver idades do gelo
Glossopteris
golden retriever
gol nhos
Gondwana
gorgonopsídeos
gorilas
Gould, Stephen Jay, Wonderful Life
Grã-Bretanha; mudança climática na
gramíneas
Grande Evento de Biodiversi cação do Ordoviciano (GOBE)
Grande Evento de Oxidação (GOE)
grandes símios; locomoção de
gravidez
Great Rift Valley
Groenlândia
Guiyu
hadrossauros
Haikouichthys
Hallucigenia
haramiyidas
Havaí
hepáticas
herbivoria (vegetarianismo)
Hesperornis
hidroxiapatita
Himalaia
hiomandibular, osso
hiracoides
hominídeos
hominíneos; ambiente de; bipedalismo em; correndo; depósitos de gordura; dieta em;
diferença de “hominídeo”; dimor smo sexual; expansão do cérebro em; gravidez em;
nascimento; tecnologia
Homo; habilis; naledi; rudolfensis
Homo antecessor
Homo erectus; organização social em; origem na África
Homo oresiensis
Homo heidelbergensis
Homo luzonensis
Homo rhodesiensis
Homo sapiens; extinção de; natureza excepcional de; no espaço
humanos; aprendizagem em; audição em; avós; crescimento populacional em; culinária
em; evolução do bipedalismo; gravidez em; infância em; legado de; menopausa em;
modernos; nascimento em; organização social; sexo em; tamanho de
hupehsuchus
Hylonomus
Hymenoptera
Hynerpeton
Ichthyolestes
Ichthyornis
Ichthyostega
ictiossauros
idades do gelo
idosos
ilhas Comores
ilhas Galápagos
ilhas do Sudeste Asiático
ilhas, evolução em ver evolução: em ilhas
inclinação axial (da Terra em relação ao plano de sua órbita)
Índia
Índico, oceano
Indonésia
infância
insetívoros
insetos; associação com plantas com ores; evolução das asas em; organização social
em
intestino
invertebrados, tamanho de
isótopos de carbono
jack russell terrier
Jaekelopterus
Java
jiboia
Jurássico, período
kakapo
Kalahari, deserto de
Kannemeyeria
Kayentatherium
Kenyapithecus
Khoratpithecus
Kimberella
kiwis
Kuehneosaurus
Kuehneotherium
Laetoli, Tanzânia
lagartos
lagerpetídeos
lampreias
laringe
Laurasiatheria
Laurentia
Laurússia
leite
lêmures; de-cauda-anelada
Lepidodendron
Lepidoptera
lesmas-do-mar
Letônia
Levante
libélulas
licopódios
língua
liquens
lombrigas
Lua
“Lucy”
Lufengpithecus
lula
lula-colossal (Mesonychoteuthis hamiltoni)
Luzon
Lystrosaurus
macacos; do Velho Mundo
Madagascar
Mágico de Oz, O
magma; plumas mantélicas
Majungatholus atopus
Makgadikgadi, lago
mamíferos; audição em; dentes de; extinção de; hábito noturno em; metabolismo de;
placentários; reprodução em; tamanho de; voadores
mamutes
mandíbulas; evolução de; inferior
mandioca (e mariposas-da-mandioca)
mariposas
mariscos
marsupiais
martelo
mastodontes
Maurício, ilhas
maxilar inferior ver mandíbulas, evolução de
medula espinhal
Megachirella
membros anteriores
menopausa
mesoniquídeos
metabolismo, regulação de; em humanos; em mamíferos
metano (depósitos submarinos)
Metaspriggina
México; golfo do
mexilhão
Michigan
micorrizas
Microraptor
Milankovic, Milutin
milípedes
Mioceno
Miocidaris
mitocôndrias
moas
moluscos; cefalópodes
monções
monotremados
monte Toba
montes Transantárticos
morcegos; morcego-nariz-de-porco (Craseonycteris thonglongyai)
Morganucodon
mosassauros
Moschops
mudanças climáticas; durante a era do gelo mais recente; induzida pelo homem; no
Jurássico e no Cretáceo; no Paleoceno e no Eoceno; no Permiano
multituberculados
musaranhos-elefantes
musgos
Myllokunmingia
nadadeiras
Najash
nariz, evolução do
nautiloides
neandertais
Nectocaris
nemató tas
nenúfares
nodopedalismo
notocorda
notossauros
Nova Guiné
Nova Zelândia
núcleo
oceanos: correntes; criação de; falta precoce de oxigênio; origem da vida em
Odontochelys
Odontogriphus
Okavango, delta do
olhos: em Pteraspis; em trilobitas; em vertebrados
Oligoceno
Onychodus
Opabinia
opiliões
orangotangos
Ordoviciano, período; Grande Evento de Biodiversi cação do Ordoviciano (GOBE)
Oreopithecus
organismos multicelulares
organização social
ornitorrinco
Orrorin tugenensis
osso; em arcossauros
Osteolepis
otólitos (pedras no ouvido)
Ouranopithecus
Ourasphaira
ouriços-do-mar
ouvido: evolução do; interno; médio
oviraptorossaurídeos
ovos: anfíbios; aves; casca de; cobras; crocodilos; dinossauros; evolução em amniotas;
mamíferos; plantas de sementes; plantas inferiores
oxigênio: concentração na atmosfera; e oceano; como uma toxina; na vida dos
vertebrados
Pachyrhachis
Pací co, oceano
Paedophryne amauensis
Pakicetus
Palaeodictyoptera
Paleoceno
Pangeia
pangolins
pantodontes
Pappochelys
paquipleurossauros
Paraceratherium
Paranthropus
paraquedismo
pareiassauros
Parmastega
Patagopteryx
Pederpes
peixes; cartilaginosos; nadadeiras lobadas; ósseos
peixes pulmonados; genoma de peixes pulmonados australianos
peixes-boi
peixes-bruxa
peixes-lanceta ver an oxo
pelicossauros; dentes de
pelos; em mamíferos; em pterossauros; em terapsidas
penas; em dinossauros
Pensilvânia
pentadactilia
pepinos-do-mar
Permiano, período; extinção em massa do
pescoço, evolução do
petauro-do-açúcar
Petrolacosaurus
petróleo
Pikaia
pinguins
placas tectônicas
placodermes; reprodução em
placodontes
planagem; em mamíferos; princípios de; em répteis
planalto Tibetano
plâncton; aéreo
plantas; associação com insetos polinizadores; associação com micorrizas; com ores;
evolução de sementes; indigestas
plastrão
plataforma continental
platelmintos
plateossauro
Pleistoceno
plesiossauros
Pogonomyrmex barbatus (formiga forrageira)
polinização
polvo
porco-formigueiro
precessão (do eixo axial de rotação da Terra)
preguiças; preguiças-gigantes
primatas; violência em
procolofonídeos
Proconsul
Proganochelys
prossímios
protistas
Prototaxites
protozoa ver protistas
Pteranodon
Pteraspis
pterossauros; ascendência de; ovos de; plumagem
Ptomacanthus
pulgões
pulmões
Pyura
quadrado
quase tartarugas
Quênia
Quetzalcoatlus
quitina
rádula
rangeomorfos
ratitas
ratos
rauisuchianos
renas
reprodução; em amniotas; em anfíbios; em bactérias; compensação entre longevidade e;
em dinossauros; em eucariotas; em hepáticas e musgos; em plantas com sementes;
em terapsidas; nos primeiros tetrápodes
répteis; aquáticos; voadores e planadores
Revolução Industrial
Rhizodontida
Rhizodus hibberti
rincocéfalos
rincossauros
rinocerontes; brancos-do-norte (Ceratotherium simum cottoni); lanosos
Rodínia
roedores
Rússia
Saccorhytus
saco nasal
saco vitelino
Sahelanthropus tchadensis
samambaias; arbóreas; com sementes
sapos; voadores
saurópodes
Scansoriopterygidae
sementes
sexo, origem de; em humanos
Sharovipteryx
Shonissauro
Shuvuuia
Shuyu
Sibéria
silessauros
Siluriano, período
sirênios
Sistema Solar
Sivapithecus
Smith, Adam, A riqueza das nações
Sol; aumento no brilho do; destino do; formação do; órbita da Terra ao redor do;
radiação ultravioleta; vento solar
Stapledon, W. Olaf, Criador de estrelas
Strelley Pool Chert
sucuri
sudorese
sul da China (continente)
Sumatra
Suncus etruscans (musaranho-de-dentes-brancos-pigmeu)
supercontinentes; ciclos dos
superorganismos
talatossauros
tamanho: efeitos na forma; na evolução dos mamíferos; em relação ao voo
Tamisiocaris
Tanystropheus
tardígrados
társios
tartarugas
tatus
Taxa de Fecundidade Total (TFT)
telodontes
tenreques
terapsidas; dentes de
terizinossauros
terópodes
Terra: atmosfera inicial; calor interno; campo magnético; composição da; crosta; núcleo;
órbita ao redor do Sol; rochas mais antigas; superfície inicial
Terra Bola de Neve
Tétis (oceano)
Tetraceratops
tetrápodes; audição em; do Carbonífero; dieta de; diversidade dos primeiros
tetrápodes; reprodução nos primeiros tetrápodes
Texas
Theia
Thrinaxodon
Thylacosmilus
Tiktaalik
tímpanos
Titanoboa
toupeiras-douradas
traças
traços fósseis
Treptichnus
Triássico, período
Triadobatrachus
Triceratops
triconodontes
trilobitas
tritilodontes
trompa de Eustáquio
troodontídeos
tuatara
tubarões; baleia; frade; pele de
Tulerpeton
tunicados
Tyrannosaurus (rex); fezes (coprólitos) de
ungulados; com dedos pares; com dedos ímpares
Vale da Grande Fenda
vapor de mercúrio
variação genética
Vegavis
Ventastega
vento solar
vermes: aveludados; no Folhelho de Burgess; segmentados
vertebrados; dentes; duplicação de genes; evolução das mandíbulas; tamanho grande
de; terrestres; voo
vespas
vetulicolianos
vida na Terra; aumento de complexidade; origem da; resiliência da; últimas etapas da
vieiras
Vintana
Volaticotherium
voo: em aves; em dinossauros; perda de; princípios de; em pterossauros
Wells, H.G.
West Lothian
Westlothiana
Wiwaxia
Yi
Yilingia spiciformis
Yucatán
yunnanozoários
Zambeze, rio
Zhoukoudian (cavernas)
zircões
John Gilbeý
HENRY GEE nasceu em 1962 e vive em Cromer, Inglaterra, com sua
família e vários pets. Formou-se nas universidades de Leeds e
Cambridge. Por mais de três décadas tem sido escritor e editor na
revista cientí ca de referência internacional Nature. Além deste, é
autor de livros sobre evolução, origem dos vertebrados, história do
genoma humano, dinossauros, entre outros.
Copyright © 2021 Henry Gee
Originalmente publicado em 2021 por Picador, uma marca de Pan Macmillan, uma
divisão da Macmillan Publishers International Limited
Copyright da tradução © 2024 Editora Fósforo
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida,
arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem a permissão
expressa e por escrito da Editora Fósforo.
Título original: A (Very) Short History of Life on Earth: 4.6 Billion Years in 12 Chapters
DIRETORAS EDITORIAIS Fernanda Diamant e Rita Mattar
EDITORA Eloah Pina
ASSISTENTE EDITORIAL Millena Machado
PREPARAÇÃO Bonie Santos
REVISÃO Eduardo Russo e Gabriela Rocha
ÍNDICE REMISSIVO Probo Poletti
DIRETORA DE ARTE Julia Monteiro
CAPA E ILUSTRAÇÃO Carol Grespan e Daniel Bueno
PROJETO GRÁFICO Alles Blau
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Página Viva
VERSÃO DIGITAL Marina Pastore
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Gee, Henry
Uma história (muito) curta da vida na Terra [livro eletrônico] : 4,6
bilhões de anos em doze capítulos / Henry Gee ; tradução do inglês
por Gilberto Stam. -- 1. ed. -- São Paulo : Fósforo, 2024.
ePub
Título original: A (Very) Short History of Life on Earth.
ISBN 978-65-6000-015-5
1. Geologia 2. Paleontologia 3. Planeta Terra 4. Pré-história 5.
Universo - Origem I. Título.
24-199959 CDD-507
Índice para catálogo sistemático:
1. Universo : Origem e evolução 507
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
Editora Fósforo
Rua 24 de Maio, 270/276
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