A Prática Docente Do Professor de Matemática Na Educação de Jovens e Adultos
A Prática Docente Do Professor de Matemática Na Educação de Jovens e Adultos
A Prática Docente Do Professor de Matemática Na Educação de Jovens e Adultos
JOVENS E ADULTOS
INTRODUÇÃO
A prática docente no Ensino Regular (Fundamental II e Médio), nos últimos
anos, tem sido exclusivamente uma preparação para o Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM), fazendo com que se exija do professor uma prática muito conceitual e
abordagens bem detalhadas de cada assunto, enquanto o ensino na Educação de
Jovens e Adultos (EJA) busca colocar o aluno mais apto às suas necessidades de vida.
De forma geral, é possível ver uma distinção entre os alunos do Ensino Regular e da
EJA. Apesar de falhas no sistema do ensino público, o aluno matriculado no Ensino
Regular, em sua maioria, está na idade adequada para aquele ano, o que o faz ter um
crescimento significativo de acordo com seu desenvolvimento como ser humano.
Aqueles que por algum motivo permaneceram fora da escola e não concluíram na
idade adequada têm a oportunidade de voltar aos estudos na modalidade da EJA, que,
segundo o artigo 37 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), é
previsto que:
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram
acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade
própria e constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao longo da
vida. (LDB, 2018, p. 29)
DESENVOLVIMENTO
A Educação de Jovens e Adultos ocorre em três formas de ensino: presencial,
semipresencial e EAD (Ensino a Distância). A EJA na prática presencial costuma ser
no turno da noite, portanto grande parcela das pessoas que ali estudam acorda cedo
para trabalhar e vai direto para escola. Cansados, longe das famílias, um número
considerável chega à escola sem uma alimentação adequada para aguentar essa
rotina, mas com um objetivo: conquistar um diploma e ter uma chance de mudar de
vida. O docente atuante na EJA deve apresentar sensibilidade, um diálogo motivador
que mostre a cada aluno a sua capacidade. No ano 2000, o Conselho Nacional de
Educação (CNE) fixou as diretrizes curriculares para a EJA e o Parecer CNE/CEB nº
11/2000 apresenta como um dos aspectos relevantes na formação docente para a EJA:
Com maior razão, pode-se dizer que o preparo de um docente voltado para a EJA
deve incluir, além das exigências formativas para todo e qualquer professor, aquelas
relativas à complexidade diferencial desta modalidade de ensino. Assim esse
profissional do magistério deve estar preparado para interagir empaticamente com
esta parcela de estudantes e de estabelecer o exercício do diálogo. Jamais um
professor aligeirado ou motivado apenas pela boa vontade ou por um voluntariado
idealista e sim um docente que se nutra do geral e também das especificidades que a
habilitação como formação sistemática requer. (BRASIL, 2000, p. 56).
Aquele que ministra aulas no Ensino Regular e na EJA deve buscar a prática
ideal para cada tipo de turma, se qualificar e estar disposto a encarar as diferenças que
cada sala de aula exige. Supondo que um professor trabalhe em uma turma de 1ª série
do Ensino Médio e ao mesmo tempo em uma turma de EJA referente à 1ª série, ele
não deve fazer um mesmo planejamento para ambas, assim como não deve fazer uso
de um mesmo material utilizado em anos anteriores. O primeiro passo para um ensino
adequado é o professor modelar a sua prática de acordo com a sua turma. O fato de
uma turma da 1ª série ter apresentado um bom retorno em um conteúdo não implica
que a outra turma também reagirá igual. A cada ano são alunos diferentes, que podem
necessitar de mais ou menos atenção, de uma abordagem mais detalhada ou mais
simples.
O aluno da Educação de Jovens e Adultos (EJA) vive, em geral, uma história de
exclusão, que limita seu acesso a bens culturais e materiais produzidos pela
sociedade. Com a escolarização, ele busca construir estratégias que lhe permitam
reverter esse processo. Um currículo de Matemática para jovens e adultos deve,
portanto, contribuir para a valorização da pluralidade sociocultural e criar condições
para que o aluno se torne agente da 12 transformação de seu ambiente, participando
mais ativamente no mundo do trabalho, das relações sociais, da política e da cultura.
(BRASIL, 2002, p. 11)
De acordo com Barcelos (2014), a qualidade de ensino nas escolas públicas é algo
desafiador, promover sua melhoria significa “garantia de acesso, permanência e
sucesso”. Uma educação de qualidade deve ter como pressuposto uma prática sem
distinção de classe social ou etária.
CONSIDERAÇÕES
A Educação é um ramo com desafios que não param de surgir. Quando o assunto
tratado é em especial a Educação de Jovens e Adultos, infelizmente ainda há muitas
pessoas que a tratam com um olhar preconceituoso e muito professores atuam até com
um certo medo, enquanto na verdade o trabalho com a EJA é algo engrandecedor e
que traz muito conhecimento diversificado para a sala.
O bom ensino é aquele que apresenta uma troca de conhecimentos: o professor
ensina a teoria e o aluno ensina sobre a vida. Ele mostra ao professor e demais
colegas o quanto a vida dele tem a oferecer. Toda vida importa e deve ser valorizada
assim como todo conhecimento. Aquele aluno que trabalha com obra tem uma noção
de precisão muito melhor do que a maioria dos professores de matemática, que ficam
fixados em apresentar fórmulas; aquele que trabalha no comércio tem uma agilidade
para cálculo mental extremamente desenvolvido; aquele quem tem uma situação
socioeconômica desfavorecida mostra como a simplicidade e a vontade de crescer são
determinantes para a sua família.
É possível perceber que muitos docentes de Matemática apresentam um ego
extraordinário por estarem à frente e “ensinarem” teorias, demonstrações e fórmulas.
Mas esse ego não favorece o ensino, muitos alunos se veem humilhados perante tanta
informação que não conseguem acompanhar. Trabalhar com Jovens e Adultos exige
sensibilidade, cuidado, estudo e conhecimento das leis, dos amparos, dos direitos, dos
objetivos da modalidade EJA.
Portanto, o ensino da EJA não deve ser tradicionalista, ele necessita de uma
prática construtiva que forme um aluno crítico e pronto para os questionamentos da
vida.
REFERÊNCIAS
BARCELOS, Luciana Bandeira. O que é qualidade na Educação de Jovens e
Adultos. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 39, n. 2, p. 487-509, abr./jun. 2014
Base Nacional Comum Curricular, versão 2018. Disponível em
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#fundamental/a-area-de-matematica -
Acesso em 24 de dezembro de 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental
Proposta Curricular para a educação de jovens e adultos: segundo segmento do ensino
fundamental: 5a a 8a série: introdução / Secretaria de Educação Fundamental, 2002.
BRASIL. Parecer CNE/CEB nº. 11/2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação de Jovens e Adultos. Brasília: MEC, 2000.
FERREIRA, Vadivina Alves; Rodrigues, Marcilene Ferreira. Educação de Jovens
e Adultos: modalidade de ensino e direito educacional. RBPAE - v. 32, n. 2, p. 571 -
583 mai./ago. 2016.
FONSECA, M. C. F. R. Educação matemática de jovens e adultos:
especificidades, desafios e contribuições. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
Lei de diretrizes e bases da educação nacional. – 2. ed. – Brasília: Senado
Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2018. 58 p.
MACHADO, Maria Margarida. Formação de professores para EJA – Uma
perspectiva de mudança. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 2, n. 2-3, p. 161-174,
jan./dez. 2008.