A Importância Do Inconsciente Na Prática Psicanalítica
A Importância Do Inconsciente Na Prática Psicanalítica
A Importância Do Inconsciente Na Prática Psicanalítica
Resumo
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Autor do artigo: Aluno do curso de Psicologia da UNIVERSO
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Professora da cadeira de Projeto de Pesquisa do curso de Psicologia da UNIVERSO
Palavras-Chave: Inconsciente, Pré-Consciente e Consciente; Neuroses, ID,
EGO, SUPEREGO
INTRODUÇÂO:
Freud não é o autor do termo inconsciente, porém este termo irá ganhar
importância na prática clínica a partir de seus estudos e teorias acerca do
inconsciente e suas relações com o grande mal estar de sua época (séc XIX).
O grande mal estar nos dias de Freud era o que se conhecia por histeria, e a
partir deste contexto Freud desenvolve sua teoria psicanalítica buscando
entender a origem e causas da histeria, e nesta tarefa ele passará à estudar e
desenvolver um conceito que de um certo modo já circulava na comunidade
médica e científica de sua época, mas que todavia não tinha ainda o sentido
que posteriormente foi atribuído por Freud. A doença mental estava ainda
muito ligada às superstições até o séc XVIII, quando irá se tornar objeto da
investigação científica; todavia os estudos se davam essencialmente no campo
fisiológico. É nesse contexto que a fala de Freud acerca do inconsciente
assume grande importância e será o tema que irá propor-se a explicar a fonte e
causas da histeria e mais tarde será fundamental no desenvolvimento de
outras teorias tanto psicológicas quanto psicanalíticas pós freudianas.
MÉTODO
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FREUD, S. (1914-1916). Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud.
v. 12. Rio de Janeiro: Imago, 1990, p. 96.
Na publicação da Afasia, tratando do caso de Frau Emmy von N. no
rodapé de sua anamnese Freud usa pela primeira vez o termo “inconsciente”
(Edição Standard Brasileira, Vol. II, pág. 120, IMAGO Editora, 1974). Em O
Inconsciente (1915) Freud busca relacionar o inconsciente com o processo de
repressão.
Assim Freud conclui que o que está provado em nós não é a existência
de uma segunda consciência, mas a existência de atos psíquicos que carecem
de consciência.
A partir desta compreensão Freud vai desenvolver sua primeira tópica
do aparelho psíquico, também conhecida como teoria topográfica, onde para
ele existem três sistemas no aparelho psíquico que se comunicam entre si,
sendo estes o inconsciente, pré consciente e consciente. Para explicar este
aparelho psíquico Freud vai dizer que em geral um ato psíquico passa por duas
fases quanto ao seu estado, e que este ato passa por uma espécie de censura
onde na primeira fase o ato psíquico é inconsciente e pertence ao sistema
inconsciente, se no teste for rejeitado pela censura, este ato permanecerá no
inconsciente, diz-se então que foi reprimido, devendo permanecer inconsciente.
Se passar pela censura este ato passará a pertencer ao segundo sistema que
é o consciente. Este segundo sistema que Freud chamou de consciente, é o
que ele vai denominar depois de pré consciente, pois aqui ele afirma que nesse
estágio, o ato psíquico passou para o consciente mas não se tornou
consciente, segundo suas próprias palavras, “...o fato de pertencer à este
sistema ainda não determina de modo inequívoco a sua relação com a
consciência. Ainda não é consciente, embora, certamente seja capaz de se
tornar consciente.” (Freud. 1915, p.103).
Aqui Freud entende que ainda pode haver certa censura e por isso irá
denominar esta instancia de pré consciente, entendendo que esta participa do
sistema consciente que seria a instancia topográfica onde os conteúdos já são
manifestos e estão presentes na consciência do indivíduo.
Em sua discussão sobre os vários significados de inconsciente Freud
(1915) após longa discussão e reflexão vai determinar o aspecto topográfico da
existência deste sistema no aparelho psíquico, como se diz, mais tarde, nas
palavras de Garcia-Roza (1996) “o inconsciente é um lugar psíquico” (p.177).
E então Freud vai concluir que o atributo de ser inconsciente é apenas um dos
aspectos do elemento psíquico e que o inconsciente abrange pelo menos dois
processos:
Moura esclarece ainda que; em seus aportes teóricos Freud foi levado a
elaborar um modelo de funcionamento mental. Desde cedo ele forjou o termo
metapsicologia mental para designar os aspetos teóricos da Psicanálise. Essa
metapsicologia busca dar conta dos fatos psíquicos em seu conjunto,
principalmente de sua vertente inconsciente. A metapsicologia freudiana traz
os princípios, os modelos teóricos e os conceitos fundamentais da clínica
psicanalítica.(opcit).
Retomando então aqui os estudos de Freud em sua metapsicologia para
descrever os processos de repressão nas neuroses de transferência no que ele
chamou de as três neuroses que eram familiares em sua época, as quais ele
descreve como:
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MOURA, Joviane. Metapsicologia freudiana. Psicologado. Edição 09/2008. Disponível em
<https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/metapsicologia-freudiana>.
1. Histeria de ansiedade – consiste no surgimento da ansiedade sem
que o indivíduo saiba o que teme.
2. Histeria de conversão – o sintoma se converte para o corpo. Nas
palavras de Freud (1915); “Na histeria de conversão, a catexia
instintual da ideia reprimida converte-se na inervação do sintoma.”
3. Neurose obsessiva - organizado como uma formação de reação,
provoca a primeira repressão, constituindo depois o ponto no qual a
ideia reprimida irrompe.
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http://www.acpsicanalise.org.br/
Assim podemos concluir que o EGO seria a parte do aparelho psíquico
que está em contato com a realidade externa. Nas Palavras do pai da
psicanálise, “o EGO é aquela parte do ID que foi modificada pela influência
direta do mundo externo, por intermédio do Pcpt-Cs6, em certo sentido é uma
extensão da diferenciação de superfície.” (Freud 1923, p.16). De acordo com a
Dra. Joviane Moura:
Moura (2010) afirma ainda que O ego tem raízes no inconsciente, como
é o caso dos mecanismos de defesa, que são funções do ego, assim como o
desenvolvimento da angústia .8
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Na metapsicologia freudiana do período da primeira topografia, o "Sistema de Percepção-Consciência"
designa o sistema localizado na periferia do aparelho psíquico. Sua função é a consciência, e está ligado
ao sistema pré-consciente. A sigla Pcpt-Cs está relacionada ao sistema perceptivo consciente de acordo
com as teorias de Freud.
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MOURA, Joviane. Psiquismo: Segunda Tópica. Psicologado. Edição 08/2010.
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ibid
Aqui cabe mais uma vez trazer a visão ampliada e abrangente desta
parte da teoria freudiana resumida pela Dra. Andréa Pereira de Lima no que
ela chamou de “o superego segundo Freud”:
Para uma maior compreensão vamos retomar aqui falas que esclarecem
a compreensão da metapsicologia freudiana. Aqui vale ressaltar novamente e
de forma mais completa a fala de Freud que entendia que o conceito de
inconsciente percorre todo o entendimento e prática da psicanálise:
A divisão do psíquico em o que é consciente e o que é inconsciente
constitui a premissa fundamental da psicanálise, e somente ela torna
possível a esta compreender os processos patológicos da vida
mental, que são tão comuns quanto importantes, e encontrar lugar
para eles na estrutura da ciência. Para dizê-lo mais uma vez, de
modo diferente: a psicanálise não pode situar a essência do psíquico
na consciência, mas é obrigada a encarar esta como uma qualidade
do psíquico, que pode achar-se presente em acréscimo a outras
qualidades, ou estar ausente. (Freud, 1923, p.9)
Com isso em princípio vale retomar aqui também a fala do Dr. Rogério
Henrique da Sociedade Brasileira de Psicanálise Clinica para a compreensão
do que venha a ser a metapsicologia freudiana:
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Conteúdo retirado de suas aulas em plataforma online restritas a alunos do curso de Psicanálise
Clínica.
Porém foi numa, endereçada a Fliess, carta datada de 13 de fevereiro de
1896 que Freud utiliza pela primeira vez o termo metapsicologia sem se
preocupar de inicio em dar explicações: “A psicologia - ou melhor, a
metapsicologia – preocupa-me ininterruptamente.” (ibidem).
A leitura do psiquismo assim esboçada nas diferentes tópicas freudianas
exigiu a constituição de um discurso teórico outro, que não seria nem o da
psicologia clássica, nem o da neuropatologia. Para esse discurso Freud forjou
o nome de metapsicologia. Esta se caracterizaria pela utilização de três
códigos de descrição dos fenômenos mentais, que seriam complementares: o
tópico, o dinâmico e o econômico.(BIRMAN, 2003, P.43). Nas palavras do pai
da psicanálise estes processos psíquicos são a sua metapsicologia, e sendo
assim Freud (1915) vai dizer as seguintes palavras:
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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CAPS - Centro de Atenção Psicossocial. Os CAPS, surgiram como uma política pública para a atenção
de pessoas com transtornos mentais. São instituições que vieram a substituir os hospitais psiquiátricos e
manicômios e seus métodos promovendo uma atenção mais ampla e interdisciplinar.
O inconsciente é a base de toda a constituição, o arcabouço da
psicanálise, por isso Freud vai procurar explicar o sujeito a partir da perspectiva
psíquica buscando fazer uma relação entre o psíquico e o orgânico. Nos dias
de Freud a compreensão era de que toda a doença tem origem no corpo, e era
assim que seu tempo compreendia a histeria que era o grande mal da época.
Então sua psicanálise vai dizer que a origem está na questão psíquica, e vai
dizer que todo o homem tem um aparelho psíquico.
A partir da prática clínica Freud vai dizer que existe um aparelho
psíquico que tem relação com o organismo e que é possível explicar o sujeito e
tratar o mal estar (histeria) a partir de sua origem que está no psiquismo
humano e se reflete no corpo físico. Freud vai concluir que o nosso organismo
funciona a partir de um aparelho psíquico e constrói suas teorias topográfica e
estrutural para compreender esse aparelho psíquico e suas relações com o
sujeito e nesse cenário o inconsciente é peça fundamental para a compreensão
de toda a sua metapsicologia.
Ana Bock (2001) observa que;
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
68672010000100007 acesso em 21 Jul 2019
http://www.acpsicanalise.org.br/docs/minuta-segundatopica.doc acesso em 30
Jul 2019