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CULTURA E EDUCAÇÃO - A EDUCAÇÃO E A CULTURA - Rosa Dos Ventos

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CULTURA E EDUCAÇÃO

A EDUCAÇÃO COMO CULTURA


esboços

Carlos Rodrigues Brandão

Este escrito foi originalmente


um capítulo de livro
ou um artigo publicado ou utilizado
para aulas e palestras.
Nesta versão “nas nuvens”
ele pode ser livre
e gratuitamente acessado
para ser lido ou utilizado
de alguma outra maneira.
Livros e outros escritos meus
podem de igual maneira
ser acessados livremente em
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LIVRO LIVRE
Cada uma chama claras as idéias
que estão no mesmo grau de confusão
que as suas próprias.

Proust

A cultura e as interações entre cultura e educação são aquilo de que trata este livro
educadores, bem mais do que a profissionais e especialistas das ciências sociais. Seria bom, portanto,
começarmos pelo reconhecimento de uma estranha situação.
Ela é a seguinte: no intervalo entre o fim do fim do século passado e o final deste, já se disse e
já escreveu muito a respeito da cultura, principalmente entre aqueles que, como eu mesmo, estão sempre
envolvidos com o que chamamos de “um conceito antropológico de cultura”. De maneira afortunada ou não,
existem muitos, existe mesmo uma quase infinidade. Isto que pese o fato e o espanto de que alguns
cientistas sociais e seus vizinhos neguem a existência ou a utilidade da cultura e, portanto, da necessidade
científica de lidar com ela e com as suas idéias e conceitos. Já se escreveu muito e, imagino, já se avançou
bastante. Isto em que pese que segundo outros, demos uma longa volta ao redor das mesmas coisas e não
estamos muito distantes de onde estávamos ... quando começamos.
De outra parte, como pretendo descrever a seguir, existe até hoje, no Brasil e por toda a parte,
uma produção pensada e escrita muito pequena a respeito do seguinte: as relações entre cultura e educação;
as relações entre e cultura; a maneira como a educação é e participa da cultura (ou, para dizer mais “à
moda” entre antropólogos: como educações são e como participam de suas culturas); as alternativas,
vocações peculiares e estratégias através das quais diferentes culturas criam e difundem diferentes
modalidades de educações: de sistemas de educação, de teorias e práticas pedagógicas, deformas próprias
de relacionamentos do tipo ensino-aprendizagem, de formação de educadores, de valores, normas,
princípios, gramáticas sociais e códigos de reprodução do saber, etc; como classificam os atores sociais
participantes de tais processos e como classificam os seus egressados, isto é, aquelas e aqueles que
“estudam” algo, que verdadeira ou aparentemente “sabem” algo e que “se formam” em algo, e que já estão ou
irão se integrar em alguma pequena comunidade especial ou mesmo em uma confraria de “especialistas em
algo”, entre o xamã guarani do Sul do País, a menina camponesa do interior de Santa Catarina, o jovem
técnico em eletrônica, a graduada em fisioterapia e o doutor em etnomusicologia.
Quero dizer o seguinte. A idéias e escritos demais a respeito da cultura; há escritos e idéias
demais a respeito da educação; há idéias de menos a respeito das relações entre educação-e-cultura .
Cheguemos lá, passo a passo.
1. Aprendizes de feiticeiros?

Logo no começo de seu livro sobre a cultura na Antropologia, Jesús Azcona escolhe uma
epígrafe de Peter Berger 1 Ela vai estar transcrita aqui linhas abaixo. Gostei muito da imagem e da lembrança,
inclusive porque, há alguns anos atrás, o livro a construção social da realidade, que Peter Berger escreveu
com Thomas Luckmann foi muito importante em minha pre-formação como antropólogo2.
A sugestão da epígrafe é esta. No que respeito os mundos sociais que criamos e em que
vivemos, e no que respeita a trama dos símbolos e dos significados que igualmente criamos e recriamos
continuamente e atribuímos a todos e tudo, e fora da qual resulta humanamente impossível viver, tudo se
parece bastante com a história do aprendiz de feiticeiro. É uma lenda cuja origem desconheço, e que se
tornou muito conhecida depois de musicada por (descobrir e colocar) e, mais ainda, depois que virou uma
da histórias infantis do filme Fantasia, de Walt Disney.
Um jovem é aprendiz de um bruxo, um feiticeiro experiente. Em troca dos segredos que
aprende, o jovem trabalha duro na casa do mestre. Um belo dia o feiticeiro ordena ao jovem aprendiz que
lave e limpe todo o chão da casa. Depois ele sai. O jovem fica e começa o trabalho, pois deve ter tudo lavado
antes do retorno do mestre. Ele havia antes visto como o mestre, com palavras de sortilégio, ordene às suas
vassouras que ganhem vida e que tomem baldes e os encham com a água de um poço. Ah! Então, mágica, a
matéria da natureza transformada pelo homem trabalha para o homem além das funções para as quais fora
inicialmente criada. Porque não fazer a mesma coisa, ele mesmo? Acaso não aprendera e sabia de cor as
palavras mágicas.
E ele assim faz. E então vassouras e baldes trabalham por ele. Mas depois de algum tempo eis
que todo o chão foi lavado e está limpo. Melhor, está encharcado, pois as vassouras não cessam de enches
baldes com a água do poço e de jogar a água pelo chão. E o jovem tenta em vão fazer parar o sortilégio, pois
aos poucos a casa se inunda e tudo está fora de controle. Ele grita ordens, tenta lembrar palavras e se
desespera, pois havia aprendido bem a fórmula mágica do começo, mas não ouvira do mestre as palavras da
ordem a quem tudo cesse. O mestre chega a tempo, põe ordem na casa e repreende o jovem aprendiz. Se
você não sabe como concluir uma magia, é melhor não fazê-la começar.
Nós, seres humanos, ousamos começar. A cultura, de que estarei falando aqui todo o tempo,
especialmente em suas relações com a educação, talvez não seja mais do que as palavras que
pronunciamos um dia para fazer com que nós próprios e natureza de quem somos, também, saltassem de si
mesmos e se transformassem no que somos, no que acabaram sendo os mundos de coisas e de gestos, de
trabalhos e de ritos, de alianças e de conflitos de símbolos e de significados em que existimos, fora dos quais
não podemos existir e a respeito dos quais sabemos tanto ... e tão pouco.
A passagem de Peter Berger é esta:

A relação entre homem e cultura pode muito bem ser representada pela história do aprendiz de
feiticeiro. Os poderosos baldes, magicamente surgidos do nada graças ao fiat do homem,
adquirem movimento próprio e independente. E a partir deste movimento continuam a
transportar água de acordo com a lógica imanente do seu próprio ser, até que, finalmente, só
1
O livro é Antropologia II – a cultura, e a citação está na página 16. Foi editado pela VOZES, em 1993. É
uma das leituras que recomendo com ênfase.
2
A construção social da realidade foi publicado também pela VOZES e conta já com várias edições. Tantos
anos depois, é ainda uma das melhores leituras a respeito dos relacionamentos entre a pessoa, a sociedade, o
conhecimento e a cultura.
com muita dificuldade, seu próprio criador poderá controlá-los até certo ponto. Como nos conta
esta história, também é possível que o homem encontre, afinal, um poder mágico adicional que
lhe permita colocar de novo sob seu controle as vastas forças que desencadeou sobre a
realidade. Este poder, entretanto, não seria igual ao que primeiramente pos as forças em
movimento. E, é lógico, pode também acontecer que o próprio homem se afogue na inundação
que ele mesmo provocou.

E Jesús Azcona lembrará que, relacionada com as mais diversas e convergentes esferas da
realidade humana, e estando vinculada tanto ao orgânico que nos liga de maneira definitivamente à vida e à
natureza, quanto a todos os cenários e todos os momentos da vida social, o de e quando ela se realize no
tempo e no espaço, sempre a cultura aparece ao seus próprios criadores e seres originais, como algo para
além deles mesmos, isto é, para além de nós próprios. Como alguma coisa múltipla, diferenciada e tão
dificilmente decifrável, que aprece mesmo uma criação autônoma que, ao mesmo tempo, nos envolve e
transcende. E ele conclui: “apesar de ser criação humana, apresenta um rosto inumano”3. Será? Será tanto
assim? Recuemos alguns passos.
Se a cultura é o que ela parece ser, então tudo o que é humano é “ela” e “nela” deságua. Então
todas as ciências não propriamente “exatas “ e “naturais” entre a astronomia e a biologia, deveria ser alguma
espécie de antropologia (anthropos + logos = estudo, saber, conhecimento ou ciência do ser humano, em seu
sentido mais amplo e original).
No entanto, de uma maneira afortunada, convenhamos, nem toda a ciência do humano é
antropologia e nem tudo o que é humano cabe dentro da idéia de cultura, tal como os antropólogos a
investigam e, até hoje, aos tateios, procuram descrevê-la, compreendê-la, interpretá-la. Pois tanto na história
dos cientistas quanto no dia-a-dia do senso comum, o sentido atribuível à cultura é sempre múltiplo e, até
mesmo, algumas vezes contraditório. Estaremos vendo como e porque mais adiante. Tal como em outros
casos, tal como em outros campos do conhecimento humano, não raro parece que dentro e fora do âmbito
científico o sentido e o valor de crença ou de ideologia atribuídos à idéia de cultura são mais fortes e mais
importantes do que o seu saber supostamente científico.
Marilena Chauí sugere que talvez uma primeira pergunta dos filósofos terá sido: porque é que
há o que há e, não, o nada?4 Ao que um outro filósofo – ou uma criança, que sabe? – poderá ter
acrescentado: Mas, e o nada? Ele não é, ou é uma outra dimensão do que há? E então podemos chegar
afinal a uma das primeiras perguntas de todas nós: e, afinal, o que é “o que há”? E como esta acaba sendo
uma pergunta plural em busca de resposta múltiplas, até quando, um dia ... quando? Uma única resposta
será o bastante, eis que pensando-a em tão diferentes planos da realidade (mas, ela existe?) da vida e da
vida humana, logo, da vida social, surgimos todos. Surgimos os que buscam as respostas difíceis de se
perguntar a respeito da pessoa de quem somos, de nossos gestos e nossas interações conosco mesmos,
com os nossos outros, com nosso mundo ... nossos mundos. O que é “real”? É ele a realidade e sou, como
tudo o mais à minha volta, parte dele? Ou é “real” apenas o que da realidade me aparece aos sentidos e à
consciência como fenômeno, como a representação mental que eu e os meus outros criamos e
estabelecemos coo sendo a minha e a nossa experiência da própria realidade? De tal modo que tudo será
como um disse escreveu Merleau-Ponty (onde? Quando?): o olho que vê o mundo é o mundo que o olho vê.
Ou nem isso? Porque uma realidade sequer existe fora-de-mim e não há objetividade alguma que não seja a
construção subjetiva de minha mente. E o “mundo social” de que eu me reconheço um “sócio”, um

3
Azcona, Jesus, op. Cit. Página 17.
4
Está na página de Convite à Filosofia, editado em 19xx pela Brasiliense.
participante? Ela existe como o quê? Ela é o fruto do trabalho consciente e motivado de pessoas livres,
autônomas? Ou, ao contrário, construímos sem querer mundos de vida social que não desejamos, que
poderiam ser sempre outros, que se impõem a nós e que acabamos por representar não como ele é, não
como ele foi e segue sendo criado, mas como algo em nós, ou algo colocado sobre nós nos conduz a
perceber, a representar?
E o saber que se enfrenta com estas perguntas e com a tarefa difícil de testar as
possibilidades humanas de pensar, de construir conhecimentos, de estabelecer valores, de criar ou criticar
crenas, enfim, de colocar perguntas como estas e tantas outras e de encontrar respostas, volta-se primeiro
ao mito e, depois, à lógica. Ele se abre ao longo da história humana à epistemologia, e a todas áreas do
conhecimento que nos ajudem a desvendar, a compreender como, afinal, e porque somos quem e como
somos, sentimos como sentimos, pensamos como pensamos. Como os nossos mundos de sociedade e de
cultura existem tal como são, ou tal como nos parecem ser, tanto na substância misteriosa e coletivamente
individual da mente humana, ou, segundo outros, do espírito humano, quanto no interior dos mundos
objetivamente reais, situados em nós, entre nós e, não raro, a despeito de nós. Mundos de vida compartida a
que damos o nome de sociedade, Estranhos cenários, planos de campos de intercomunicação entre eu-e-o-
outro, entre categorias culturais de “nós”. Isto é, espaços da vida construídos a cada dia e ao longo das
histórias das trocas de bens, de serviços, de sensibilidades, de sentidos e de significados que criamos e
compartimos com os outros. Círculos, circuitos, teias e tramas de palavras, de frases e textos que
continuamente nos dizemos. Gramáticas não apenas da fala da língua de cada povo, mas de todas as outras
linguagens que a cada momento conjugamos ao comer, ao vestir, ao fazer ciência, arte ou outros ofícios, ao
viver o amor, ao voltar da guerra, ao chorar os mortos, ao criar os vivos. Isto a que se dá às vezes, como
aqui, o nome de cultura,
Cultura, algo que sempre e inevitavelmente estamos criando. Estamos recriando partilhando e
consolidando como este ou aquele tipo de instituição cultural em nossos mundos sociais. Algo de que somos
os autores, todo o tempo, e também os atores: sujeitos de símbolos, de gestos e de significados que não
podem deixar de viver e representar todo o tempo os pequenos e grandes dramas das vidas sociais que
criamos. Que criamos e de que e dentro do quê, queiramos ou não, fomos um dia e continuamos sendo
continuamente recriados.
O sentido mais profundo do que Martin Heiddegger (conferir) quis dizer ao escrever: a palavra é
a morada do ser que fique para os poetas e os filósofos (a meu juízo ele poderia ter dito: a poesia é a morada
do ser. Terá dito?) Mas seria bom pensar por um momento, de passagem, sobre a dimensão mais cultural
desta idéia. Criamos o que é ao dizer o que é. Isto é: nos termos e dentro das dimensões em que a vida e o
sentido da vida nos são possíveis, é a através da palavra da língua cultural de quem somos, com quem nos
entendemos conosco e com os outros, é por meio de frases, de falas e de escritos dotados de sentidos co-
criados e de significados compartilhados, que podemos nos entender e, portanto, conviver e, assim, garantir
as condições de nossa própria sobrevivência. E podemos fazer “isto” na medida em que, ao conviver espaços
e tempos da natureza de quem somos também e que habitamos ainda, criamos, tornamos comuns e
consagramos eixos de símbolos, feixes interligados de significados, padrões culturais de gestos e valores
atribuídos aos nossos atos e suas consequências.
Em uma peça notável de Guilherme Figueiredo, a raposa e as uvas há uma passagem vivida
pelos personagens em um começo de banquete que sugere muito bem o que é tanto a materialidade visível
(melhor seria dizer também: audível) das palavras que nos trocamos, como toda a trama, ao mesmo tempo
tão cotidiana e misteriosa, do que a nós e o mundo de cultura de quem somos cria e faz com ela, através
dela, através das relações ente as pessoas e ela, ou entre as pessoas através dela, ou, ainda, entre
pessoas, coisas e pessoas, através dela.
Xantós, marido de Cléia e senhor de Melita e de Esopo, servos da casa, recebe o soldado
Agnostos para uma ceia. Ele dá ao escravo, um sábio fabulista, um saco de moedas e ordena que Esopo
traga do mercado “tudo que houver de melhor para um banquete”. Esopo vai e retorna com um prato que
coloca sobre a mesa. Os livres comem, os servos olham. Quando acabam ele trás outro prato e, momentos
após, outros ainda. Todos são de língua, preparada desta e daquela maneiras. O dono reclama: mais língua?
Não te disse que trouxesses o que há de melhor para o meu hóspede? Por que só trazes língua? Queres
expor-me ao ridículo?
O escravo se defende exaltando a língua, melhor, a metáfora da língua.

Que há de melhor do que a língua? A língua é o que nos une todos quando falamos. Sem a
língua nada poderíamos dizer. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão.
Graças à língua é que se constróem as cidades, graças à língua dizemos o nosso amor. Com a
língua se ensina, se persuade, se instrui, se reza, se explica, se canta, se descreve, se elogia,
se demonstra, se afirma. É com a língua que tu dizes “mãe”, e “querida”, e “Deus”. É co a
língua que dizemos “sim”. É a língua que ordena os exércitos à vitória, é a língua que desdobra
os versos de Homero. A língua cria o mundo de Ésquilo, a palavra de Demóstenes,. Todaa
Grécia, Xantós, das colunas do Partenon às estátuas de Fídias, dos deuses do Olimpo à glória
sobre Troia, da ode do poeta ao ensinamento do filósofo, toda a Grécia foi feita com a língua, a
língua de belos gregos claros falando para a eternidade5

Xantós, já meio ébrio, dá outro saco de dinheiro ao servo e ordena que ele volte do mercado
com: o que houver de pior, pois quero ver a tua sabedoria. Esopo vai. Retorna com um prato tampado por um
pano. O amo toma o prato, descobre o pano e da de cara com ... língua. Ele grita, indignado: Língua, ainda?
Língua? Não disseste, mostrengo, que a língua era o que haviade melhor? Queres ser espancado? Ao que o
servo retruca:

A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de todas as intrigas, o início de todos
os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que usam os maus poetas que nos
fatigam na praça; é a língua que usam os filósofos que não sabem pensar . É a língua que
mente, que esconde, que tergiversa, que blasfema, que insulta, que acovarda, que mendiga,
que impreca, que bajula, que destroi, que calunia, que vende, que seduz, que corrompe. É com
a língua que dizemos “morre”, e “canalha”, e “corja”. Com a língua Aquiles mostrou a sua
cólera, com a língua Ulisses tramava os seus ardis. Com a língua a Grécia vai tumultuar os
pobres cérebros humanos para toda a eternidade. Aí está, Xantós, porque a língua é a pior de
todas as coisas!6

Ora, e a língua é, como a ciência, como a arte, como as tecnologia da paz e da guerra, como a
política e como a educação, apenas uma das múltiplas dimensões da própria cultura. A “gramática” que
torna de algum modo possível aprender a falar e a escrever uma língua, em uma língua, é tão somente uma
entre tantas outras gramáticas de tornam possíveis as nossas interações de, entre e através de gestos de

5
Guilherme Figueiredo, a raposa e as uvas, editora Martins Fontes, s/d, páginas 42 e 43.
6
Op. Cit. Página 44.
cultura e de atos sociais. E da mesma maneira como u a criança aprende a falar para ela mesma e aos outros
a sua língua (por isso: “língua mãe”, “língua pátria”) muito antes de ser ensinada sobre como ela deve ser
falada e ser escrita, assim também aprendemos dentro das culturas de nosso mundo social a compreender e
a “dizer” várias outras falas, do trabalho ao amor e do namoro ao casamento, da fé à festa, e do saber à
técnica, à prática de, muito antes de conhecermos de maneira sistemática e intencional as suas gramáticas. A
regras e os princípios do “se ser como se deve ser por se viver aqui desta maneira”. Teias e tramas de
símbolos e de significados interligados dentro de seus campos ... e entre eles, o que torna o que já é
complexo, infinitamente complicado.
Entre elas ... teias e tramas de, essas a que damos, em geral. o nome de educação. Educação
e quase tudo aquilo em que a educação se desdobra.

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