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Antropologia. Correntes

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As Correntes Teóricas Da Antropologia

Licenciatura em Sociologia
2º ano Pos Laboral

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2023
2

As Correntes Teóricas Da Antropologia


Licenciatura em Sociologia
2º ano Pos Laboral

Trabalho de Pesquisa de
Antropologia Cultural De
Moçambique ser apresentado na
Faculdade de Ciências da Sociais e
Filosófica, a ser entregue ao Prof.
Doutor Martinho Pedro

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2023
3

ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4

1. AS CORRENTES TEÓRICAS DA ANTROPOLOGIA .......................................... 5

1.1. Abordagem Evolucionista ..................................................................................... 5

1.1.1. Defensores da teoria Evolucionista.................................................................... 7

2. Abordagem Funcionalista ......................................................................................... 7

2.1. Defensores da Abordagem Funcionalista .............................................................. 8

3. Abordagem Difusionalista......................................................................................... 9

3.1. Existem duas principais perspectivas dentro do difusionismo .............................. 9

3.1.1. Difusionismo Unilinear...................................................................................... 9

3.1.2. Difusionismo Multilinear ................................................................................... 9

3.2. Defensores da teoria Difusionalista ..................................................................... 10

4. Abordagem Estruturalista........................................................................................ 10

4.1.1. Defensores da Abordagem Estruturalista ........................................................ 12

5. Abordagem Culturalista .......................................................................................... 12

5.1. Defensores da Abordagem Culturalista ............................................................... 13

6. Críticas as Correntes Antropológicas ...................................................................... 13

6.1. Críticas Positivas ................................................................................................. 13

6.2. Críticas Negativas ................................................................................................ 13

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 15


4

INTRODUÇÃO
O presente trabalho surge no âmbito da Cadeira de Antropologia Cultural de
Moçambique que tem como o seguinte tema: As correntes teóricas da Antropologia.
Onde temos como Objectivo compreender as diferentes as correntes teóricas da
Antropologia no pensamento cultural.

A formação histórica da antropologia moderna no campo das ciências sociais e


humanas. Genealogia crítica das correntes teóricas da antropologia. Surgimento da
etnografia. Leitura e discussão crítica de autores e autoras fundamentais na origem e
desenvolvimento da disciplina.

No âmbito desta proposta formativa, entende-se a teoria simultaneamente como


ferramenta de trabalho, premissa da actividade intelectual e destino da pesquisa, visando
permitir ao aluno identificar argumentos ligados às principais correntes e linhagens
teóricas, criticar perspectivas e utilizar com proveito elementos de um discurso teórico
em seu próprio trabalho intelectual.

A preocupação em conhecer o homem, suas diversas formas de produzir e de sua


organização social tem sido a ocupação e o interesse de muitas disciplinas e ciências.
Por conseguinte, dizer que a antropologia significa o estudo ou a ciência do
homem é simplificar um campo de estudo que se faz complexo. Estreitos são os caminhos
entre a antropologia e a cultura.
A crítica das teorias antropológicas do século XX, desdeas primeiras correntes
teóricas e os primórdios do método etnográfico, até começos da década de 1970. Amatéria
compreende, também, a exposição das genealogias teóricas e suas diversas
transformações históricas,fazendo foco nas/os autoras/es mais “representativas/os” das
diversas correntes e escolas do pensamentoantropológico da maior parte do século XX.
Quanto metodologia usamos o método bibliográfico permitiu a elaboração de
instrumentos de auxílio, como fichas e livros, que serviram de base para a compilação da
parte teórica do trabalho, dando ênfase ao material relacionado com aspectos com o
antropologia e suas correntes teóricas. A consulta documental focou-se na leitura da
documentação secundária referente aspectos com o Principio Comparativo destacando
entre eles os manuais electrónicos (PDF)
5

1. AS CORRENTES TEÓRICAS DA ANTROPOLOGIA

Nesta unidade, trataremos de três visões teóricas de pensamento cultural (visão


evolucionista, funcionalista difisonista e estruturalista), abordagens que transitam
durante o século XIX ao XX. Portanto, estimados alunos e alunas, nas próximas semanas,
será muito corrente, nas páginas seguintes, aparecerem autores como Tylor, Malinoswski,
e Claude Lévi-Strauss. Cujos nomes são clássicos para o conhecimento das escolas de
pensamento antropológico.
1.1.Abordagem Evolucionista
Segundo LAPLANTINE (2003, p.49-50), A perspectiva da visão evolucionista,
o conceito de “civilização” era o aporte para classificar, julgar e também justificar o
domínio de alguns povos sobre outros.
Com base nisso, configurou uma maneira de ver o mundo a partir dos preceitos
do conceito civilizacional de superior, ignorando, dessa forma, as diferenças em relação
aos povos considerados “inferiores”. Com isso, surge uma nova visão, que se chama
Visão Etnocêntrica.
A visão etnocêntrica, na perspectiva dos evolucionistas, é o conceito europeu do
homem que se atribui o valor de “civilizado”, denotando, com isso, a ideia de atrasados
ou inferiores aos outros povos, em suma, povos que não tinham uma história ou dela
estavam fora.
Através do pensamento de Franz Boas, o rompimento que esse autor introduz ao
pensamento antropológico, que se apoiava na visão etnocêntrica. Assim como outros
representantes da antropologia cultural, Boas mantinha, em comum, uma crítica
contundente à noção evolucionista de cultura e um combate ferrenho a argumentos de
explicação racistas. A explicação evolucionista das diferenças culturais transporta para
os sistemas sociais a mesma compreensão da evolução biológica. Mesmo demonstrando
pouca criticidade quanto ao lugar da enunciação da superioridade civilizacional do
ocidente, essa corrente teórica tomará a cultura como um fenômeno capaz de ser estudado
de maneira sistemática, procurando leis e regularidades no comportamento humano, antes
atribuído inteiramente à biologia.
De acordo com Edward Tylor, em 1871, redigiu a primeira definição moderna de
cultura, tornando-se um ícone de sua escola teórica: Tomado em seu sentido etnográfico
é todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis costumes ou
6

qualquer capacidade ou hábito adquirido pelo homem como membro de uma sociedade
(Tylor apud Laraia 2002, p. 25).
A preocupação central de Tylor era reconhecer a cultura como um fenômeno da
natureza humana, independente da biologia ou da teologia. Introduziu a noção de unidade
psíquica da espécie humana, definindo como tarefa para antropologia o estabelecimento
de uma escala de civilizações. O problema destes argumentos era “a idéia de a cultura
desenvolver-se de maneira uniforme, de tal forma que era de se esperar que cada
sociedade percorresse etapas que já tinham sido percorridas pelas sociedades mais
avançadas” (Laraia, 2002, p. 34).
As teorias antropológicas evolucionistas chegaram acompanhadas pelas teorias de
evolução biológica e foram reafirmadas pela noção positivista da história. Desta forma,
adquiriram grande popularidade e, ainda hoje, é muito frequente ouvirmos suas teses
serem resgatadas para explicar a diferença entre as sociedades.
As escolas teóricas ulteriores, nas quais tanto a antropologia quanto o conceito de
cultura conquistaram maturidade e destaque científico, foram extremamente críticas aos
métodos de investigação e as conclusões das teses evolucionistas.
Reagiram incontestes à admissão de que as sociedades humanas pudessem ser
escalonadas em termos de superioridade ou inferioridade. Seus pesquisadores
denunciavam o preconceito ideológico dos evolucionistas ao utilizarem como critério
comparativo para aferição de desenvolvimento das sociedades humanas justamente
aqueles quesitos nos quais a sociedade europeia se destacava como a tecnologia e o
progresso econômico. Além do mais, lançavam dúvidas quanto a excelência do
desenvolvimento social
exaltado pelo ocidente.
Na perspectiva da corrente teórica anteriormente mencionada, alguns traços
importantes merecem destaque como o progresso indefinido; a seleção natural; a linha de
evolução parte do simples e chega ao complexo, do igual ao diferente.
Diante dessas considerações, temos que destacar que a tendência teórica da qual
estamos tratando, a evolucionista, pressupõe que as mudanças por que a humanidade
passa, seguem leis definidas e que são aplicáveis para todas as sociedades humanas. Os
teóricos evolucionistas se baseavam no método dedutivo, ou seja, do geral para o
particular. Através do método dedutivo, há, a priori, a\premissas que são entendidas
como verdades gerais e, assim, buscam-se novos conhecimentos. Como diz (CASTRO,
2004, p. 15),
7

De tal forma, ficam claras as críticas que a corrente teórica sofreu, fundamentada
pelo exemplo já mencionado, o teutoamericano Franz Boas Esse antropólogo criticava o
determinismo geográfico do método comparativo/evolucionista, por conseguinte negava
a existência de uma linha de evolução geral no desenvolvimento cultural da humanidade.
Na atualidade, os estudos antropológicos contemplam novos conhecimentos, o
que refuta as generalizações do método comparativo evolucionista, ou seja, rejeita a visão
etnocêntrica do pensamento evolucionista. Essa desarticulação trouxe benesses para os
estudos antropológicos, cuja ocupação abarca investigações bastante diversas. Ora busca
compreender as origens das desigualdades sociais nas formas de cultura,
tecnologia, economia, gênero e tantas outras.
1.1.1. Defensores da teoria Evolucionista
Visão Evolucionismo
Período Século XIX
Característi Sistematização do conhecimento acumulado sobre os “povos primitivos”; predomínio
cas do trabalho de gabinete.
Temas e Unidade psíquica do homem. Evolução das sociedades das mais
Conceitos
“primitivas”para as mais “civilizadas”. Busca das origens . Estudos de
Parentesco/Religião/Organização Social. Substituição conceito de raça pelo de
cultura.

 Herbert Spencer (“Princípios da Biologia”- 1864)


Representa
 Edward Tylor (“A Cultura Primitiva”- 1871)
ntes
 Lewis Henry Morgan (1818-1881) (“A Sociedade Antiga”1877)
 James Frazer (“O Ramo de Ouro”- 1890)
Fonte. Grupo da Cadeira de Antropologia Cultural.2023
2. Abordagem Funcionalista
O modelo teórico formulado pela visão funcionalista de pensamento cultural se
ocupa de explicações de fatos antropológicos, como a análise funcional, ou seja, busca
explicações que abarcam todos os níveis de desenvolvimento. A cultura, para essa
corrente teórica, é tomada como totalidade. Sua maior contribuição e reação ao
evolucionismo foram destacar a importância da cultura para a organização da vida
humana e, sem dúvida, um dos traços que a caracterizam é a pesquisa de campo – esta
uma referência central dos antropólogos funcionalistas, como por exemplo, Malonowski
(nome clássico da antropologia funcionalista). Como refere (CUCHE, 1999, p. 71-72).
8

Dessa forma, o autor destaca a contribuição do pensamento de Malinowski, como


diz Laplantine (2003, p. 58), “[...] a antropologia se torna pela primeira vez uma atividade
ao ar livre, levada, como diz Malinowski, ‘ao vivo’, em uma ‘natureza imensa, virgem e
aberta’. Nessa perspectiva o funcionalismo, mais precisamente, na década de 30,
contribui para a antropologia, dando-lhe, diferente das correntes que a antecederam
(como exemplo, o próprio evolucionismo), possibilidade de inovações para analisar os
fenômenos culturais.
Em virtude da introdução moderna de análise, o estudo antropológico passa a se
ocupar da compreensão dos grupos humanos numa lógica sistêmica, ou seja, os
agrupamentos humanos são olhados diante de uma visão sistêmica (sociedade como um
organismo vivo, coeso). A análise do pensamento antropológico funcionalista centra,
especificamente, sua ocupação sob a cultura de forma entrelaçada, ou seja, as ideias, os
costumes, o material e o imaterial são aspectos que devem ser conhecidos, porque estes
dizem da organização e manutenção da sociedade e de seus modos de viver.
Como já ressaltado, sempre, ao pontuarmos um representante de forma mais
enfática, destarte o fazemos por delimitação didática. Por conseguinte, nas próximas
linhas, far-se-á o nome de Malinowski corrente. Vale destacar, também, sua importante
contribuição à antropologia moderna no tocante à busca cientifica através da pesquisa
etnográfica. Como refere, (LAPLANTINE, 2003, p.60-61)
2.1.Defensores da Abordagem Funcionalista
Visão Funcionalismo
Período Século XX - anos 20
Características Modelo de etnografia clássica (Monografia). Ênfase no trabalho de
campo (Observação participante). Sistematização do conhecimento
acumulado sobre uma cultura.
Temas e Cultura como totalidade. Interesse pelas instituições e suas funções
Conceitos para a manutenção da totalidade cultural.
 Bronislaw Malinowski (“Argonautas do Pacífico Ocidental – 1922).
Representantes  Radcliffe Brown (“Estrutura e função na sociedade primitiva – 1952;
e Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento”, 1950.
 Edmund Leach (“Sistemas políticos da Alta Birmânia”- 1954).

Fonte. Grupo da Cadeira de Antropologia Cultural.2023


9

3. Abordagem Difusionalista
Segundo Lapla 1ntine (2003), a terceira das escolas antropológicas se preocupa em
entender as semelhanças existentes entre grupos culturais geograficamente distantes.
Desse modo, seria possível encontrar um passado comum a essas culturas. Os
antropólogos difusionalistas acreditavam que os objetos e costumes partilhados entre
sociedades distantes eram resultado do processo de imitação e assimilação cultural que
aconteciam durante a colonização e negociações que se estabeleciam entre os povos.
A visão difusionista é uma abordagem na antropologia que procura explicar a
semelhança entre culturas e elementos culturais através da ideia de difusão cultural. Em
outras palavras, os difusionistas acreditam que certos traços culturais, tecnologias ou
ideias podem ter se espalhado de uma sociedade para outra ao longo do tempo,
influenciando a forma como diferentes culturas se desenvolvem.
Essa abordagem se baseia na premissa de que as semelhanças culturais observadas
entre grupos que estão geograficamente separados podem ser atribuídas à troca de
informações, contato ou migração entre esses grupos. A visão difusionista foi
especialmente proeminente nas primeiras fases do desenvolvimento da antropologia, mas
gradualmente caiu em desuso devido a críticas e à crescente compreensão da
complexidade das interações culturais.
3.1.Existem duas principais perspectivas dentro do difusionismo
3.1.1. Difusionismo Unilinear
De acordo com (Laplantine (2003), essa perspectiva propõe que a difusão cultural
ocorre em uma única direção, ou seja, as culturas mais "avançadas" ou "desenvolvidas"
influenciam as culturas menos desenvolvidas. Isso frequentemente levava a
interpretações eurocêntricas, nas quais as culturas europeias eram consideradas como
fontes de influência para outras culturas.
3.1.2. Difusionismo Multilinear
Essa visão reconhece que a difusão cultural pode ocorrer em várias direções e
entre várias culturas. Ela é menos eurocêntrica do que o difusionismo unilinear e busca
entender as trocas culturais complexas que podem ter ocorrido ao longo da história
humana. No entanto, a visão difusionista enfrentou críticas significativas. Muitos
antropólogos argumentaram que as semelhanças culturais podem ter se desenvolvido

1
LAPLANTINE, François. “O campo e a abordagem antropológicos”. In: ______Aprender Antropologia.
5ª edição. São Paulo: Brasiliense, 2003
10

independentemente em diferentes sociedades devido a pressões ambientais, adaptação


local ou processos culturais internos. (Laplantine (2003)
Além disso, as interpretações difusionistas frequentemente careciam de
evidências sólidas e detalhadas para apoiar suas alegações. No geral, embora a visão
difusionista tenha contribuído para o desenvolvimento da antropologia, sua influência
diminuiu à medida que outras abordagens, como o funcionalismo, o estruturalismo e o
culturalismo, ganharam destaque, levando a uma compreensão mais sofisticada das
dinâmicas culturais e sociais.
3.2.Defensores da teoria Difusionalista
Visão Difusionalista
Período O final do século XIX e a primeira metade do século XX.
Características Desenvolveu abordagens mais complexas e contextualizadas para entender as
dinâmicas culturais e sociais.
Temas e A diversidade cultural seria o resultado dos encontros entre as culturas, que
Conceitos implicava em difusão de objetos e comportamentos
Grafton Elliot Smith (1871-1937)
Representantes William H. R. Rivers (1864-1922)
George A. Dorsey (1868-1931)
Vere Gordon Childe (1892-1957)
Fonte. Grupo da Cadeira de Antropologia Cultural.2023
É importante notar que, embora esses estudiosos tenham defendido o
difusionismo, a abordagem enfrentou críticas significativas e caiu em desuso como a
principal explicação para a diversidade cultural e as semelhanças entre sociedades. As
críticas incluíram a falta de evidências sólidas para muitas das alegações difusionistas e
a compreensão crescente da complexidade das interações culturais e das múltiplas
maneiras pelas quais as sociedades desenvolvem traços culturais.
A antropologia moderna se voltou para abordagens mais holísticas, como o
funcionalismo, o estruturalismo, o culturalismo e outras teorias que consideram uma
variedade de fatores, como ambiente, história, estrutura social e adaptação local, para
explicar a diversidade cultural.
4. Abordagem Estruturalista
Como vimos no início destaas abordagens antropologicas nomes como Franz Uri
Boas, Margaret Mead são exemplos da antropologia cultural americana. Nomes que, na
França, não tiveram grande ressonância. A temática da totalidade cultural, nesse país, foi
11

retomada, embora em outra perspectiva por Claude Lévi-Strauss, o maior expoente da


escola estruturalista. Devido à complexidade do seu método e obra é tido como um
referencial da antropologia do século XX. O debate da antropologia estrutural ganha
expressão na década de 40 e Claude Lévi-Strauss é o grande teórico dessa abordagem
O teórico da antropologia estrutural (nos ateremos ao seu nome em vista da
expressão da sua obra e referência no campo antropológico estrutural e, também, por
delimitação didática), cuja atenção destacou a sabedoria dos povos simples. Claude Lévi-
Strauss chamou os povos simples de culturas frias e as sociedades complexas, de culturas
quentes (MARCONI & PRESOTTO, 2006).
Lévi-Strauss manteve contato com nomes da antropologia cultural americana no
período de 1941 a 1947 (durante o período e depois da Segunda Guerra Mundial). Em
virtude de longas temporadas nos Estados Unidos, conheceu as obras de Boas, Kroeber e
Benedict, nomes de expressão da antropologia cultural americana (CUCHE, 1999).
Embora o pensamento de Lévi-Strauss sofra influência dos antropólogos culturais
americanos, há, na sua teoria, um distanciamento destes, quando ultrapassa a abordagem
particularista das culturas. A proposta da antropologia estrutural na década de 40
contrapõe-se a visão funcionalista hegemônica até então, a qual se ocupava com a análise
do funcionamento das sociedades e como as funções sociais existiam. Distante disso, a
visão estruturalista buscava o conhecimento do trabalho intelectual, ou seja, como a
mente humana trabalha (CUCHE, 1999).
Seus estudos foram dedicados ao conhecimento das variações culturais, mas ocupou-se
das invariabilidades da cultura. “A ambição da antropologia estrutural de Lévi-Strauss é
localizar e repertoriar as ‘invariantes’, isto é, os materiais culturais sempre idênticos de
uma cultura a outra, necessariamente em número limitado devido à unidade do psiquismo
humano” (CUCHE, 1999, p.97).
Nessa perspectiva, a visão estruturalista no nível das condições muito gerais de
funcionamento da vida, regras universais podem ser encontradas e estas, segundo Cuche
(1999, p.98), “[...] são princípios indispensáveis da vida em sociedade [...]”. Uma
característica muito destacada pelo estruturalismo, a qual analisa, destas regras
universais, por exemplo, é a proibição do incesto. Diante disso, pode-se dizer que a
antropologia estrutural, dentre outras, tem como ocupação buscar o que é necessário
para a vida humana.
No transcorrer dos anos 1960, a visão estruturalista começa a ser abandonada,
principalmente, pelas críticas quanto a seu caráter determinista, o que, para alguns
12

autores, configura o estruturalismo como forma analítica das generalizações, cujas


investigações afastam-se do conhecimento das particularidades.
Muitos dirão que o pensamento estruturalista de Lévi-Strauss coloca em plano
menor a diversidade humana, como refere (CUNHA, 1986), o entendimento da cultura
passa a ter um sentido residual, assim, destaca-se a similaridade humana e suas
invariabilidades. A cultura tomada no sentido dos hábitos, dos comportamentos, para a
visão estruturalista, é criticada.
4.1.1. Defensores da Abordagem Estruturalista
Visão Estruturalismo
Período Século XX – anos 40
Características Busca das regras estruturantes das culturas presentes na mente
humana. Teoria do parentesco/Lógica do mito/Classificação
primitiva. Distinção Natureza X Cultura.
Temas e Princípios de organização da mente humana: pares de oposição
Conceitos e códigos binários. Reciprocidade.
Claude Lévi-Strauss: “As estruturas elementares do parentesco”- 1949
Representantes H. SPENCER
Alfred R. RADCLIFFE-BROWN
Fonte. Grupo da Cadeira de Antropologia Cultural.2023
5. Abordagem Culturalista
O culturalismo teve o seu início nos anos trinta do século XX, nos Estados Unidos,
no seio da escola de Antropologia Cultural A visão culturalista na antropologia enfatiza
a importância da cultura como o principal fator que molda o comportamento humano, as
instituições sociais e as formas de pensamento.
Os culturalistas acreditam que as práticas culturais, crenças, valores e normas têm
um impacto significativo na vida das pessoas e na organização das sociedades. Essa
abordagem busca compreender profundamente as nuances e complexidades das culturas
e como elas influenciam a vida cotidiana e as interações sociais O culturalismo define a
cultura “como sistema de comportamentos aprendidos e transmitidos pela educação, a
imitação e o condicionamento (enculturação), num dado meio social” (Ri 2vière, 2000:
43).

2
RIVIÈRE, C. Introdução à Antropologia, Edições 70, Lisboa, [2000], pp 11 – 32.
13

Os culturalistas interessaram-se em saber como a cultura está presente nos


indivíduos e como a mesma orienta os comportamentos destes. Defendem que o
modelamento da personalidade opera-se através de instituições e pelo jogo de regras ou
das práticas habituais, de forma consciente ou inconsciente. A particularização de cada
cultura vem dos valores modais dominantes, mas que não excluem variantes e desvios
5.1.Defensores da Abordagem Culturalista
Visão Culturalista
Período Início nos anos trinta do século XX
Características Abordagem culturalista também evoluiu ao longo do tempo, incorporando
perspectivas mais abrangentes e críticas das relações de poder, gênero e
colonialismo
Temas e Símbolos e Significados Culturais, Identidade e Pertencimento, Construção de
Conceitos Gênero e Papéis Sociais, Rituais Parentesco e Organização Familiar
Clifford Geertz,
Representantes Margaret Mead,
Ruth Benedict
Victor Turner
Fonte. Grupo da Cadeira de Antropologia Cultural.2023
6. Críticas as Correntes Antropológicas
6.1.Críticas Positivas

 A abordagem da antropologia cultural enfatiza a compreensão profunda das culturas


humanas, levando em consideração suas complexas
 Ela contribui para a valorização e preservação da diversidade cultural, promovendo o
respeito pelas tradições e modos de vida únicos de diferentes grupos.
 A antropologia cultural frequentemente destaca a importação
6.2.Críticas Negativas
 Alguns críticos argumentam que a antropologia cultural pode tender a romantizar ou
idealizar culturas não ocidentais, ignorando conflitos internos e questões
problemáticas dentro dessas sociedades.
 A abordagem pode ser percebida como relativista cultural, o que significa que há uma
hesitação em julgar práticas culturais, mesmo quando elas violam direitos humanos
 A ênfase na observação participante pode levar a uma subjetividade excessiva e à
dificuldades
14

CONCLUSÃO
Concluindo o estudo das correntes antropológicas é fundamental para
compreender a evolução da disciplina e as diferentes abordagens utilizadas para explorar
a diversidade e complexidade das culturas humanas. Cada corrente antropológica oferece
uma perspectiva única sobre como entender as sociedades, as culturas e as relações
humanas. Ao examinarmos essas correntes em conjunto, é possível chegar a conclusões
importantes sobre o desenvolvimento da antropologia e suas contribuições para nossa
compreensão do mundo.
O estudo das correntes antropológicas nos lembra de que não há uma única
abordagem que seja completa o suficiente para capturar toda a complexidade da
experiência humana. Cada corrente contribui com uma peça valiosa para o quebra-cabeça
da compreensão cultural, permitindo-nos abordar a diversidade cultural de maneiras mais
holísticas e informadas.
O desenvolvimento das correntes antropológicas ao longo do tempo reflete a
evolução do pensamento e das abordagens na disciplina da antropologia. Cada corrente
surgiu como resposta a desafios teóricos e metodológicos do seu tempo, contribuindo
para uma compreensão mais profunda da diversidade cultural e das complexidades das
sociedades humanas.
15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOAS, Franz. Antropologia cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
CASTRO, Celso. Apresentação. In: BOAS, Franz. Antropologia cultural. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2004, p.7-23.
COPANS, Jean. Introdução à Etnologia e à Antropologia. Publicações Europa-
América Lisboa, 1999.

CUCHE, Denis. A noção de cultura nas ciências Sociais. Bauru: EDUSC, 1999.
LARAIA, Roque. Cultura – um conceito antropológico. 19ª edição. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006
LAPLANTINE, François. “O campo e a abordagem antropológicos”. In:
______Aprender Antropologia. 5ª edição. São Paulo: Brasiliense, 2003
MARCONI, Maria de Andrade e PRESOTTO, Zelia Maria Neves (2006).
Antropologia: Uma introdução. São Paulo: Atlas. ps.1-20.
SANTOS, A. Antropologia Geral: Etnografia, Etnologia, Antropologia Social,
Universidade Aberta, Lisboa, 2002
RIVIÈRE, C. Introdução à Antropologia, Edições 70, Lisboa, [2000], pp 11 – 32.

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