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Faesp Pneumatologia Medio-Teologia

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FACULDADE EVANGÉLICA DE SÃO PAULO

T688p –TORRALBO, Elias e SCARP, Douglas


PNEUMATOLOGIA – A Doutrina do Espírito Santo
______________________________________________________________
_
ASSUNTOS
1. BÍBLIA
2. BATISMO
3. DOM E FRUTO
4. SANTIDADE
___________________________________________________________
TAANHO: 16X23 I 86 Páginas
______________________________________________________________
_______
CAPA E DIAGRAMAÇÃO
DAVI DE BRITO - davibritob@hotmail.com
______________________________________________________________
_© 2020 – Todos os direitos reservados à
FACULDADE EVANGÉLICA DE SÃO PAULO – FAESP
Av. Celso Garcia, 2.210 - Belenzinho, São Paulo - SP, 03014-000

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer


meio ou processo, especialmente gráfico, fotográfico, fonográfico,
videográfico, internet. Essas proibições aplicam-se também às
características de editoração da obra. A violação dos direitos autorais
é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal), com
pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e
indenizações diversas (artigos 102, 103, parágrafo único, 104, 105,
106 e 107, incisos I, II e III, da Lei no 9.610, de 19-2-1998, Lei dos
Direitos Autorais).
Conselhos para o estudante:

a) Estude em lugares reservados. E evite ambientes com sons,


ruídos e falatórios. Pois você pode perder sua concentração
no estudo.

b) Leia e estude cada matéria durante a semana, reserve pelo


menos 1 hora por dia para fazer isso.

c) Faça anotações, especialmente àquelas que lhe causarem


dúvidas.

d) Formule perguntas ao professor, assim tanto você como


ele ficarão cada vez mais abalizados no aprendizado.

BONS ESTUDOS!
Sumário

Introdução .................................................................................... 06

Capitulo 1:
A Pessoa do Espírito Santo ........................................................... 09
A Natureza do Espírito Santo ........................................................ 19

Capitulo 2:
A Divindade do Espírito Santo ....................................................... 42

Capitulo 3:
Os Ministérios do Espírito Santo ..................................................... 49

As Obras do Espírito Santo ............................................................ 55

Capitulo 4:
Os Dons do Espírito Santo ............................................................. 66
Batismo no Espirito Santo e o Fruto do Espírito ........................... 81
Introdução

A palavra “Pneumatologia” significa o “estudo a respeito do


Espírito Santo”. Estudando sua atuação, sua obra, e tudo o
que se diz a respeito Dele.
Esta disciplina é muito rica em seu conteúdo, por se tratar sobre
uma das Pessoas da Trindade, que é o Espírito Santo. É o Espírito quem
inspira, orienta e dirige a nossa vida. E a Bíblia o denomina como: O
Santo Espírito, O Espírito, O Espírito de Deus, O Espírito do Filho de
Deus, O Consolador etc.
Existem, nos dias de hoje, muitos erros e confusões no tocante
à personalidade, às operações e às manifestações do Espírito Santo;
eruditos conscientes, mas equivocados, têm sustentados pontos de
vistas errôneos a respeito dessa doutrina. É vital, para a fé de todo
crente, que o ensino bíblico a respeito do Espírito Santo seja visto em
sua verdadeira luz e mantido em suas corretas proporções.

Definição da Palavra Espírito.


É importante distinguir os vários sentidos desta palavra em toda
a Bíblia.
No Antigo Testamento, a língua hebraica a traduz como “ruach”,
que significa, essencialmente, vento, hálito, respiração. No Novo
Testamento, escrito na língua grega, a palavra “espírito” é “pneuma”. A
raiz pneu refere-se ao ar. O sufixo “ma” fala da ação, do movimento do
ar. Ruach e Pneuma são palavras que se referem também ao espírito
humano. Quando se refere ao “espírito humano” diz respeito ao fôlego
de vida, que tornou o homem um ser vivente. (Gn 2.7; Mt 27.50; Lc
8.55; At 7.59). É a essência da humanidade, pois é o que torna a alma
humana distinta da irracional. O espírito representa a natureza suprema
do homem e o habilita a ter comunhão pessoal com o seu Criador.
SUMÁRIO

A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

A NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO


"
A Bíblia nos conta o que Deus tem dito e feito. E
a obra contínua do Espírito Santo nos revela o
que ele continua a dizer e fazer hoje.
Mark D. McLen

1.1 A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

No estudo da teologia sistemática sempre começamos com uma


análise de Deus, do Ser Supremo, Seus atributos e de sua Obra no
planejamento, na criação e no cuidado de tudo o que existe.

Depois examinamos a mais elevada de todas as criaturas, a raça


humana, no que se refere ao destino que Deus o deseja dar e ao seu
distanciamento em relação a esse plano divino. Estudamos também
as consequências que sobrevieram à raça humana após a queda
e a provisão de Deus para sua redenção e restauração. A criação, a
providência e a provisão da salvação são as obras objetivas da Trindade.

Outra maneira de encarar o estudo da teologia sistemática é vê-


las como obras dos diferentes membros da Trindade. O Pai é destacado
nas obras da criação e da providência, o Filho efetivo a redenção da
humanidade pecadora e o Espírito Santo aplica essa obra redentora à
criatura de Deus, tornando, dessa forma, real a salvação.

Para compreendermos melhor a pessoalidade do Deus Espírito


Santo, é de suma importância compreendermos melhor as palavras
gregas em João (14.26; 15.26 e 16.13-14)1. Lá nós vemos que o
antecedente do masculino ἐκεῖνος (uma palavra masculina para “aquela
pessoa”) é πνεῦμα (uma palavra neutra para “Espírito”). Assim, o
argumento persiste, o Espírito é uma pessoa. Uma abordagem mais
frutífera é primeira fazer uma pergunta que quase ninguém faz: como
nós sabemos que o Pai é uma pessoa? E quanto ao Filho?
1 BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Corrigida. Rio de Janeiro, CPAD: 2018
9
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

A resposta é que a Bíblia apresenta uma pessoa como uma


substância que pode realizar coisas pessoais e relacionais (como falar,
pensar, sentir, agir, ter ciúmes, se entristecer). Algo que realiza essas
coisas pessoais em relacionamentos — como Deus, anjos e seres
humanos — é uma pessoa.

Como o Espírito Santo se sai seguindo esse critério?

Em primeiro lugar, compreendemos que o Espírito Santo é


um grande ensinador, e, não somente ensina, mas também faz com
que as pessoas lembrem de tudo o que ele ensinou sobre Jesus Cristo.
(Jo 14.26). Paulo diz: “As quais também falamos, não com palavras de
sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando
as coisas espirituais comas espirituais. (1Co 2.13).

Compreendemos que o Espírito é uma pessoa, porque ele


fala. Atos 8.19: “Disse o Espírito a Filipe: ‘Aproxima-te desse carro e
acompanha-o”. Em Atos 13.2: “E, servindo-os ao Senhor e jejuando,
disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a
que os tenho chamado”.

Outro sinal explícito de que o Espírito é pessoal, porque ele


toma decisões. Em Atos 15.28: “Na verdade, pareceu bem ao Espírito
Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas
necessárias…”

Vemos também nas sagradas escrituras que o Espírito Santo


pode se entristecer. Efésios 4.30: “E não entristeçais o Espírito Santo
de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção”.

O Espírito Santo pode proibir ou até mesmo evitar discursos


e planos humanos. Atos 16. 6-7: “E, passando pela Frígia e pela província
da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia.
E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de
Jesus não lho permitiu”.

10
O Espírito nos assiste, intercede por nós e tem uma mente.
Romanos 8.26-27: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas
fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas
o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que
examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo
Deus intercede pelos santos”.

O Espírito glorifica a Cristo, recebe o que é de Cristo e anuncia


aos crentes. João 16.14: Ele me glorificará, porque há de receber do que é
meu e vo-lo há de anunciar.

O teólogo pentecostal Stanley M. Horton contribui conosco


quando comenta sobre o relacionamento pessoal do Espírito Santo com
os cristãos primitivos, usando o texto de Atos 15.28:

“Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”. Quão claramente isso indica a realidade
do Espírito Santo e o relacionamento pessoal que com Ele desfrutavam os
crentes do primeiro século. (HORTON, p.7, 2020)

Com os textos citados e a contribuição relevante do Teólogo


Stanley Horton, compreendemos que o Espírito Santo possui todos
os atributos de uma pessoa real, ou seja, ele é um ser pessoal e não
uma Força Ativa de Deus2. Os textos nos provam que o Espírito Santo
é pessoal.

Para concluirmos esta parte, vejamos o que diz a nossa Declaração


de Fé sobre a pessoa do Espírito Santo:

Cremos e ensinamos que o Espírito Santo é uma


pessoa. Sua personalidade está presente em toda a
Bíblia de maneira abundante e inconfundível e tem sido
crença da Igreja desde o princípio. A Bíblia revela todos
os elementos constitutivos da personalidade do Espírito
Santo, como intelecto, emoção e vontade. Outra
prova da pessoalidade do Espírito Santo é que Ele
2 (Comentário dos Testemunhas de Jeová a respeito do Espírito Santo). O
USO que a Bíblia faz de “espírito santo” indica que se trata duma força controlada
que Jeová Deus usa para realizar uma variedade de propósitos. Até certo ponto,
11
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

reage a certos atos praticados pelos seres humanos.


Pedro obedeceu ao Espírito Santo. Ananias mentiu ao
Espírito Santo: “para que mentisses ao Espírito Santo
e retivesses parte do preço da herdade?” (At 5.3);
Estêvão disse que os judeus sempre resistiram ao
Espírito Santo: “vós sempre resistis ao Espírito Santo”
(At 7.51); os fariseus blasfemaram contra o Espírito
Santo: “a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada
aos homens” (Mt 12.31); e os cristãos são batizados
também em seu nome: “batizando-as em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). O Espírito
Santo relaciona-se com os crentes de maneira pessoal,
pois somente uma pessoa poderia agir como mestre,
consolador, santificador e guia. Cremos e declaramos
que o Espírito Santo ensina, fala, guia em toda a
verdade, julga, ama, contende, convida e intercede. Ele
é Deus, Ele é pessoal. (SOARES, p. 71, 2019)3

1.1.2 A Compreensão do Espírito Santo como uma pessoa

Embora o estudo do Espírito Santo seja especialmente importante,


nossa compreensão é em geral mais incompleta e confusa nesse ponto
que na maioria das outras doutrinas. Um dos motivos para isso é que
temos na Bíblia menos revelações explícitas acerca do Espírito Santo do
que encontramos acerca do Pai e do Filho.

Em parte, talvez isso se deva ao fato de que o propósito essencial


do Espírito Santo consiste em proclamar e glorificar o Filho (Jo 16.14).
Em contraste com outras doutrinas, não há discussões sistemáticas
acerca do Espírito Santo, mas isso, não significa que não encontramos
a manifestação do Espírito Santo nos escritos veretotestamentário. Ele
pode ser comparada com a eletricidade, uma força que pode ser adaptada para
realizar grande variedade de operações. Estraído do site jw.org

3 SILVA, Esequias Soares da – Declaração de Fé das Assembleias de


Deus no Brasil.
12
estava lá sim. Se não, como poderíamos explicar a força de Sansão (Jz
13-16); a vitória de Davi sobre o gigante Golias (1 Sm 17); a sabedoria
extraordinária de Salomão (1Rs 4.31); as profecias dos profetas do
antigo e novo testamento? Esses argumentos já são provas suficientes
para provar as ações do Espírito Santo no Antigo Testamento.

Vejamos a contribuição do Teólogo Stanley Horton4 sobre esse


assunto:
“Na realidade, a Bíblia atribui todas as obras de Deus,
num sentido absoluto, a cada membro da trindade,
tanto individual como coletivamente. Cada uma das
pessoas Divinas têm sua função específica. Todas elas,
no entanto, operam em perfeita harmonia e cooperação
em todo tempo.
A criação é um exemplo perfeito. A Bíblia fala em Deus
Pai como criador do Céu, da Terra, do Mar, e de tudo
quanto neles há (Atos 4.24). Também fala do Filho (o
mesmo verbo vivificante que se tornou carne e habitou
entre nós) como o agente secundário na criação. “Todas
as coisas foram feitas por [através de] ele, e sem [à
parte de] ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3). O
Espírito também é reconhecido em outras passagens.
O salmista diz: “Envias o teu Espírito, e são criados, e
assim renovas a face da terra” (Sl 104.30). O Espírito,
portanto, está ligado tanto com a criação como com a
providência contínua de Deus. (Is 40.12,13). Outros
trechos que referem ao Espírito também empregam
terminologia que indica o fôlego de Deus (Jó 26.13;
33.4; Sl 33.6)”

Outro problema é a falta de um quadro concreto de figuras. Deus


Pai é compreendido de forma bem razoável, por causa da figura do
pai que é familiar a todos. O Filho não é de difícil conceituação porque
realmente apareceu em forma humana, foi observado e teve sua história
registrada. Mas o Espírito Santo é intangível e difícil de visualizar.

4 HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro, CPAD: 2018


13
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

Além disso, surge um problema a partir do que a Escritura revela


acerca da natureza do ministério do Espírito Santo em relação ao Pai e
ao Filho.

Durante a era presente, o Espírito exerce um ministério de servir


ao Pai e ao Filho, executando a vontade deles. Nesse sentido, somos
lembrados do ministério terreno do Filho, durante o qual ele exercia uma
função subordinada ao Pai. Agora, essa subordinação temporária de
função pertence ao Espírito, durante a era presente – não nos deve
levar à conclusão de que também existe uma inferioridade em essência.
Sendo que, na prática, muitos cristãos possuem uma teologia não-oficial
que vê o Espírito Santo como alguém inferior em essência ao Pai e ao
Filho. Esse erro é semelhante ao dos Arianos5. A partir das passagens
bíblicas que falam da subordinação do Filho ao Pai durante o ministério
terreno, eles concluíram que o Filho é inferior ao Pai em posição e
essência. Isso é um erro, pois, o filho se abdicou (Fl 2.5-11) de toda
glória que ele tinha com o Pai antes da fundação do mundo (Jo 17.5)
para cumprir uma missão (Mc 10.45). Uma vez cumprida essa missão,
o Filho retornou com toda glória que já tinha com o Pai desde antes da
Eternidade. (Atos 7 56).

A primeira prova da personalidade de Deus é o uso do pronome


masculino para representá-lo. Já que a palavra grega pneuma (“espírito”)
é neutra, e já que os pronomes devem concordar com seu antecedente
em pessoa, número e gênero, seria de esperar que o pronome neutro
fosse empregado para representar o Espírito Santo. Mas em João
16.13,14, a descrição que Jesus faz do ministério do Espírito Santo usa
um pronome masculino onde se esperaria um pronome neutro. O único
antecedente possível no contexto imediato “Espírito da Verdade” (v. 13).

De modo que, ou João cometeu um erro gramatical nesse ponto,


ao registrar o discurso de Jesus (fato improvável, já que não encontramos

5 O arianismo foi uma das maiores heresias do período da chamada Alta Idade
Média, isto é, o período de transição entre queda do Império Romano e a formação da
Cristandade Ocidental, que se deu de meados do século IV d. C a meados do século
14
erro semelhante em nenhuma outra parte de seu evangelho), ou ele
resolveu deliberadamente usar o masculino para nos transmitir o fato
de Jesus estar se referindo a uma pessoa, não a uma coisa ou apenas
uma força.

A segunda prova da personalidade do Espírito Santo é uma série


de passagens em que sua obra lembra de uma forma ou de outra, a obra
de alguém que, sem dúvida, é um agente pessoal. O termo parakletos
(“conselheiro, advogado”) é aplicado ao Espírito Santo em João 14.26;
15.26 e 16.7. Em cada um desses contextos, é óbvio que não se tem em
vista algum tipo ou influência abstrata, pois Jesus também é mencionado
expressamente como um parakletos (I Jo 2.1).

Mais significativas são suas palavras em João 14.16, quando Ele


ora ao Pai a fim de que dê outro Parakletos aos discípulos. A palavra
“outro da mesma espécie”. Uma vez que as afirmações de Jesus
associam a vinda do Espírito à sua partida, fica claro que o Espírito é um
substituto de Jesus e desempenhará o mesmo papel que Jesus.

A similaridade em suas funções é uma indicação de que o Espírito


Santo, como Jesus, deve ser uma pessoa. Outra função que tanto Jesus
como o Espírito Santo exercem e que, por conseguinte, serve como
início da personalidade do Espírito, é a de glorificar outra pessoa da
Trindade.

Em João 16.14, Jesus diz acerca do Espírito: “Ele me glorificará,


porque há de receber do que é meu vo-lo há de anunciar”. As associações
mais interessantes do Espírito Santo com agentes pessoais são aquelas
em que ele é ligado ao Pai e ao Filho.

Entre as mais conhecidas estão, mais uma vez, a fórmula batismal


em Mateus 28.19 e bênção em 2 Coríntios 13.14. Judas prescreve:
X d. C. Essa heresia (heresia vem do grego hairésis, e significa escolha) foi assim
denominada por derivar-se do nome de Ário, ou Arius, presbítero de Alexandria, no
Egito. Foi combatida por sábios da Igreja Cristã Primitiva, como Santo Atanásio.
A heresia de Ário se enquadra, segundo a ortodoxia da Igreja, no campo da cristologia,
sobretudo no que tange ao entendimento teológico que se tem da Trindade Santa.
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arianismo-heresia-ario.htm
15
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

“Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no


Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia
de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (v. 20,21).

Pedro dirige-se a seus leitores como os que foram “eleitos,


segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a
obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo” (I Pe 1.2).

O Espírito Santo é também ligado ao Pai e ao Filho em várias


ocasiões do ministério de Jesus. Uma dessas ocorrências é o batismo de
Jesus (Mt 3.16,17), em que todas as três pessoas da Trindade estiveram
presentes. Outra é quando ele expulsou demônios (Mt 12.28).

A conjunção do Espírito Santo com o Pai e o Filho nesses eventos


é uma indicação de que ele é pessoal, assim como os outros dois.

O fato de o Espírito possuir certas características pessoais é


nossa terceira indicação de personalidade.

Entre as mais notáveis dessas características estão a inteligência,


a vontade e as emoções, tradicionalmente entendidas como os elementos
fundamentais que formam uma pessoa. Das várias referências à
inteligência e o conhecimento do Espírito, citamos aqui João 14.26, em
que Jesus promete: “[o Espírito] ensinará todas as coisas e vos fará
lembrar de tudo o que vos tem dito”.

A vontade do Espírito é atestada em 1 Coríntios 12.11, que afirma


que “um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas [o exercício
dos dons espirituais], distribuindo-os, como lhe apraz, a cada um,
individualmente”.

Que o Espírito possui emoções fica evidente em Efésios 4.30,


onde Paulo alerta contra a possibilidade de se entristecer o Espírito.

O Espírito Santo também pode ser afetado como acontece com


as pessoas, demonstrando-se passivamente, assim, sua personalidade.
É possível “mentir” para o Espírito Santo, como fizeram Ananias e Safira
16
(At 5.3,4). Paulo fala dos pecados de entristecer o Espírito (Ef 4.30) e de
apagar o Espírito (I Ts 5.19). Estevão acusa seus adversários de sempre
resistirem ao Espírito Santo (At 7.51). Embora seja possível resistir a
uma mera força, não é possível mentir ou entristecer a algo que seja
impessoal.

E depois, de modo mais notável, há o pecado da blasfêmia contra


o Espírito Santo (Mt 12.31; Mc 3.29). Esse pecado, que Jesus alega ser
mais sério que a blasfêmia contra o Filho, com certeza não pode ser
cometido contra algo impessoal.

Além disso, o Espírito Santo toma parte em ações e ministérios


morais que só podem ser exercidos por uma pessoa.

Entre essas atividades estão: ensino, regeneração, perscrutação,


fala, intercessão, comando, testificação, direção, iluminação, revelação.
Uma passagem interessante e incomum é Romanos 8.26, em que Paulo
diz: “também o Espírito, semelhante, nos assiste em nossa fraqueza;
porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede
por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”.

Com certeza, Paulo tem em mente uma pessoa. E assim também


Jesus, sempre que fala do Espírito Santo, como, por exemplo, em João
16.8: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do
juízo”.

Todas essas considerações levam a uma conclusão. O Espírito


Santo é uma pessoa, não uma força, e tal pessoa é Deus, na mesma
dimensão e da mesma forma que o Pai e também o Filho.

1.1.3 A Importância da Doutrina do Espírito Santo

Há vários motivos pelos quais o estudo do Espírito Santo é


17
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

especialmente significativo para nós. Um deles é que o Espírito Santo


é o ponto em que a Trindade torna-se pessoal para o crente. Em geral,
pensamos no Pai como alguém transcendente e bem longe, no céu; de
forma semelhante, o Filho parece muito distante na história e, portanto,
relativamente incognoscível. Mas o Espírito Santo é a pessoa específica
da Trindade por meio de quem toda a Divindade Triúna atua em nós.

A verdadeira doutrina traz-nos a centralidade da pessoa e obra


do Espírito Santo, vejamos como o teólogo Mark D. McLen, contribui
conosco nesse sentido:

“A mensagem do Evangelho pleno proclama a


centralidade da obra do Espírito Santo como o Agente
ativo da Trindade na relação que Deus fez de si mesmo
à sua criação. A mensagem do Evangelho pleno diz
que Deus hoje continua a falar e agir, como nos tempos
do Antigo e Novo Testamento”. (MCLEN, 2018, p.383)6

A segunda razão pela qual o estudo do Espírito Santo é


especialmente importante é porque vivemos no período em que a obra
do Espírito Santo é mais proeminente que a dos outros membros da
Trindade.

De maneira objetiva, a obra do Pai foi mais notável no período


do Antigo Testamento, assim como a do Filho, no período que começa
nos evangelhos e termina na ascensão. O Espírito Santo vem ocupando
o centro da cena desde o tempo do Pentecostes (Atos 2), ou seja, o
período coberto pelo livro de Atos e pelas epístolas e pelos períodos
seguintes da história da igreja. Caso queiramos estar em contato com
Deus hoje, precisamos estar à par das atividades do Espírito Santo.

A terceira razão da importância da doutrina do Espírito Santo é

6 HORTON, Stanley M (org.). Teologia Sistemática. 3.ed. Rio de Janeiro:


CPAD, 1917.
18
que a cultura atual dá muito valor a experiência, e é principalmente por
meio dele que experimentamos Deus. É por meio da obra e da ação do
Espírito Santo que sentimos a presença de Deus dentro de nós, pois, o
Espírito Santo é o agente ativo da Deidade na criação, por isso a vida
cristã recebe uma tangibilidade especial.

1.1.4 Verdades práticas a respeito do Espírito Santo

Uma compreensão correta do Espírito Santo – quem é o que é –


acarreta certas implicações a respeito do Espírito Santo

• O Espírito Santo é uma pessoa, não uma força vaga. Portanto,


ele é alguém com quem podemos ter relacionamento pessoal.
• O Espírito Santo, sendo plenamente divino, deve receber a
mesma honra e respeito que dispensamos ao Pai e ao Filho.
• Não se deve pensar que ele seja em algum sentido inferior ao
Pai ou ao Filho em essência, embora seu papel esteja às vezes
subordinado ao deles.
• O Espírito Santo é um com o Pai e o Filho. Sua obra é a expressão
e a execução do que os três planejaram juntos.
• Deus não está distante. Por meio da operação do Espírito, ele de
fato torna-se o Emanuel, “Deus conosco”.

1.2 A NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO

A natureza do Espírito Santo se manifesta através da sua


personalidade singular, sua divindade, atributos, nomes e símbolos.

O Espírito Santo, quanto à sua natureza, podemos entender


assim:1) Espírito. – Indica sua natureza, Ele é espírito, sem necessidade
19
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

de corpo material; 2) Santo. - Refere-se a sua qualidade, pois Ele é


o agente da santificação. Ele por si mesmo produz a santificação. A
natureza do Espírito Santo se manifesta através da sua personalidade
singular, sua divindade, atributos, nomes e símbolos.

1.2.1 A Personalidade do Espírito Santo

Por personalidade do Espírito Santo, queremos dizer que Ele


possui em Si mesmo os elementos de existência pessoal, em contraste
com a existência impessoal.

É difícil distinguir personalidade quando é atributo de Deus.


Deus não pode ser aquilatado pelos padrões humanos. Deus não foi
feito à imagem do homem, mas o homem é que foi feito à imagem e
semelhança de Deus. Pode-se dizer que a personalidade existe quando
se encontram, em uma única combinação, inteligência, emoção e
volição, ou ainda, autoconsciência e autodeterminação.

Quando um ser possui os atributos, propriedades e qualidades


de personalidade, então se pode atribuir a ser, inquestionavelmente,
personalidade. É questão de registro histórico que a personalidade do
Espírito Santo tem sido disputada e negada. As Escrituras não fornecem
nenhuma base, como sugerem alguns erros de interpretação.

Encontramos nos trabalhos mais recentes sobre o Espírito Santo,


uma “pneumatologia modalista”. Os grandes defensores são Hendrik
Berkof7 e Heribert Mühlen (1964). Eles retornam a antiga doutrina trinitária
modalista de Karl Barth do “Deus uno em três diferentes maneiras de
ser”. e empregam as três maneiras de ser de Deus como expressão
para três maneiras do movimento de Deus (modi motus): De o único
Deus Pai partindo em direção ao mundo, um movimento criador unitário,
por Cristo, na Força do Espírito Santo. “Espírito” deve ser tomado como
7 BERKHOF, p.134
20
predicado dos sujeitos “Deus” e “Cristo” e é simplesmente o nome para
o “Deus atuante”. Além disso, Berkhof defende uma Bindade em vez
da Trindade. Para ele o Espírito não é outra coisa senão o tornar-se-
atuante dos Dois.

Ao raciocinarmos coerentemente com Berkhof, fica claro que a


renúncia à personalidade do Espírito Santo leva não apenas à dissolução
da doutrina da Trindade, mas também uma dissolução da Cristologia.

Se ser pessoa é estar-em-relação, fica claro que o Espírito


Santo não é um tornar-se-atuante de Deus. “Deus é “um” em essência,
coexistindo em três pessoas distintas, eternas e iguais em poder e
natureza.

Pelo fato de as ações e operações do Espírito Santo serem de


forma secretas e subjetivas, e por tanta coisa se dizer de Sua influência,
que muitos ficam inclinados a pensar nEle como se fosse uma influência,
um poder, uma manifestação ou emanação da natureza divina, e não
como uma Pessoa.

1.2.2 Blasfêmia contra o Espírito Santo

Outro assunto bastante discutido em relação a natureza do Espírito


Santo é a blasfêmia contra Ele, uma vez que o Mesmo é uma Pessoa.
Em todos os três Evangelhos Sinóticos, está registrada a declaração de
Jesus no sentido de a blasfêmia contra o Espírito Santo ser considerada
o mais hediondo de todos os pecados (Mateus 12.31-32); Marcos 3.28-
29 e Lucas 12.10). Mateus e Lucas declaram especificamente que é pior
do que a blasfêmia contra o Filho do Homem, Jesus Cristo. Decerto,
não se refere a algumas meras palavras levianas ou caluniadoras. Seria
mais uma atitude total à vida. A ocasião foi a declaração dos oponentes
de Jesus, no sentido de Ele expulsar demônios por meio de “Belzebu,
o príncipe dos demônios” (Mateus 12.24). Atribuíram, deliberadamente,
21
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

os atos de misericórdia de Jesus, realizados no poder do Espírito Santo,


aos poderes do Maligno. Classificaram o bem como iniquidade, e assim
rejeitaram tudo quanto Cristo representava. A consciência de tais pessoas
normalmente está cauterizada, em contraste com a consciência tenra,
aflita com a possibilidade de ter falado algo assim, sem querer. Posto
que o Espírito Santo caracteriza especificamente a vida nova que Cristo
veio trazer, pecar contra o Espírito Santo é repudiar semelhante vida. À
luz da revelação luminosa e clara do Evangelho, esse repúdio viola as
convicções do intelecto, a iluminação da consciência e os ditames do
coração.

A blasfêmia contra o Espírito é considerada um pecado gravíssimo


e sem perdão, porque os que cometem este pecado estão tão cegos que
são impossibilitados de produzirem frutos de arrependimentos. Vejamos
a contribuição, acerca desse assunto, do teólogo Graig. S. Keener:
“...o contexto de blasfemar contra o Espírito Santo
aqui se refere especificamente ao pecado dos
fariseus, que estão à beira de se tornarem incapazes
de arrependendimento. Sua dureza de coração se
manifesta em sua determinação de rejeitar qualquer
prova da missão divina de Jesus, a ponto de chegarem
a atribuir ao Diabo a atestação divina de Jesus”.
(KEENER, 2018, p.160)

Esse pecado é atribuir à Satanás uma obra nitidamente da parte


de Deus, é dizer que o Espírito Santo é um espírito maligno do inferno, e
que Cristo é o próprio Satanás. No presente estudo, o assunto em pauta
é a natureza do Espírito Santo, e vemos que blasfemá-lo é pior do que a
blasfêmia contra Jesus Cristo, cuja divindade não está em dúvida entre
os cristãos.

A capacitação do Espírito nas obras realizadas por Jesus, atesta


que Jesus está intimamente relacionado com o Pai e o Espírito, e aqueles
que atribuem à Satanás essas obras, não estão atribuindo às obras de
Jesus apenas, e sim às obra do Espírito enviado pelo Pai.
22
Fica claro então, que a blasfêmia contra o Espírito é algo
deliberado. Os fariseus, conhecendo as escrituras, não aceitavam a
salvação por intermédio de Jesus (At 4.12). A total rejeição da obra do
Espírito Santo relativa a Jesus, fecha, portando a porta da salvação.
E não haverá uma segunda oportunidade depois da morte, pois, nada
haverá para o incrédulo, senão a sentença da condenação (Hb 9.27). A
hora é agora ou nunca mais.   

Vejamos a explicação dos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas


a respeito da blasfêmia contra o Espírito Santo.

Em Mateus, depois de Jesus realizar um grande milagre,


expulsando o demônio de um cego e mudo e tendo a admiração da
multidão (Mt 12.22-32), Jesus percebeu o que passava nos pensamentos
dos fariseus “...este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe
dos demônios. Jesus, porém conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes…”
(Mt 12 24-25). Os Fariseus estavam convencidos de que Jesus não
era o representante de Deus e incomodados com a reação do povo
em favor de Jesus, os fariseus usam de sua única e outra explicação
para aquelas ações sobrenaturais de Jesus sobre os demônios. Eles
chegaram a uma conclusão: “Expulsa os Demônios através do príncipe dos
Demônios”. Com isso eles estavam atribuindo o infinito poder do “Dedo
de Deus” (Lc 11.20) aos finitos poderes de Belzebu.

Para Jesus isso incorre em um gravíssimo pecado, o de blasfêmia


contra o Pai e contra o Espírito Santo que estava atestando as obras de
Jesus.

Marcos considera a blasfêmia contra o Espírito idêntica a que


dizer ter Jesus um espírito imundo (Mc 3.20-30). Neste contexto, os
Escribas estavam acusando Jesus de possuir um espírito imundo, de
realizar prodígios e milagres através deste espírito. Com isso eles se
recusaram a aceitar que o Espírito Santo, o qual fora dado a Jesus no
seu batismo, provinha do próprio Deus. Automaticamente, eles estavam

23
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

também recusando o testemunho que Deus havia dado a respeito do


seu Filho.

Lucas, ao nos informar que blasfêmia contra o Espírito Santo é


um paralelo de total negação e repúdio das palavras de Jesus diante
dos homens, também indica que a blasfêmia contra o Espírito é algo
deliberado. Na verdade chega a ser uma total rejeição do testemunho
que o Espírito Santo deu de Jesus, testemunho esse que nos impulsiona
a confessar Cristo como o único Salvador e Senhor do mundo (Lc 12.10)

Concluiremos essa parte com uma importante contribuição do teólogo


Stanley Horton a respeito deste assunto:

“Deve ser reconhecido, ainda, que essa blasfêmia


contra o Espírito Santo não era algo dito no momento
de ira, desânimo, ou até mesmo de rebeldia. Nem
era algo que surgia da incredulidade provenientes de
ensinamentos errôneos ou da compreensão errada
da Bíblia. Era a rejeição deliberada ao Espírito Santo,
como se Ele fosse maligno e proveniente do Inferno.
Por de trás disso havia, também, uma resolução firme
no sentido de desviar outras pessoas de Jesus”.
(HORTON, 2017, p.110)

1.2.3 Associações do Espírito Santo Com as Outras Pessoas da


Divindade e Com os Homens.

Em Mateus (28.19) está registrado o seguinte: “Ide, portanto,


fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e
do Filho e do Espírito Santo”. Em Atos (15.28) –“Pois pareceu bem ao
Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas
essenciais”. Em 2 Coríntios (13.13) “A graça do Senhor Jesus Cristo, e
o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”.

24
Tais associações, que são pessoais, só podem ser entendidas em
termos de personalidade.

1.2.3.1 Atributos da Personalidade do Espírito Santo.

Esses atributos não se referem às mãos, os pés ou olhos, pois


essas coisas denotam corporeidade, mas, antes, qualidade, como
conhecimento, sentimento e vontade, que indicam personalidade. A
Bíblia mostra a personalidade do Espírito Santo quando diz acerca da
sua:

1.2.3.2 Inteligência

Em (1 Co 2.10,11) “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque


o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de
Deus. Porque, qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o
seu próprio espírito que nele está? Assim também as cousas de Deus
ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus”. Rm 8.17 “E aquele que
sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque, segundo a
vontade de Deus é que ele intercede pelos santos”.

Outra prova de sua suprema inteligência, é a passagem que Jesus


nos diz que o “Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu
nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo
quanto eu vos tenho dito”. (Jo 14.26).

1.2.3.4 Amor

Rm 15.30 “Rogo-vos, pois irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo


25
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

e também pelo amor do Espírito Santo, que luteis juntamente comigo


nas orações a Deus a meu favor”.

Devemos a nossa salvação tão verdadeiramente ao amor do


Espírito como ao amor do Pai e ao amor do Filho.

O Espírito Santo nos ama verdadeiramente. Paulo, aqui, pede


oração não apenas porque estão unidos em Cristo, mas também porque
usufruem do amor que vem do Espírito Santo de Deus. O Espírito Santo
nos ama verdadeiramente e nós fazemos uso do amor que provém dele.

Assim, quando às vezes pensamos que não conseguiremos


perdoar uma pessoa, por exemplo, é importante que nos lembremos
que com a ajuda do Espírito Santo e do seu amor, podemos muito mais
do que imaginamos nesta área.

1.2.3.5 Alegria

“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade,


bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas
não há lei.” (Gálatas 5:22-23)
O Espírito Santo é uma pessoa alegre, cheia de felicidade. O Espírito
Santo não gosta de tristeza, de depressão, de lamentações.

Você pode estar pensando que às vezes não há motivos no dia a dia
para a alegria, mas veja que as Escrituras não dizem que precisamos de
novos motivos a cada dia para estarmos alegres.

As Escrituras colocam a alegria como um fruto do Espírito. O fruto


deve nascer quando os galhos, que somos nós, estamos conectados ao
tronco principal, que é Cristo.

Veja o que Jesus disse a esse respeito:

“Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer


em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem
fazer coisa alguma.” (João 15:5)
26
1.2.3.6 Tristeza

“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados


para o dia da redenção”. ( Efésios 4:30)
Ninguém pode entristecer a lei da gravidade, ou fazer com que
se lamente o vento oriental. Portanto, a não ser que o Espírito Santo
seja uma Pessoa, a exortação de Paulo, aqui, seria sem significado e
supérflua.

1.2.4 Atividades Pessoais que o Espírito Santo Exerce

Através das Escrituras o Espírito Santo é representado como


um agente pessoal, a realizar atos que só podem ser atribuídos a uma
pessoa.

1.2.4.1 Ele perscruta as profundezas de Deus.

“Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas


as cousas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”. (1 Coríntios
2:10)

1.2.4.2 Ele fala.


“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao
vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra
no paraíso de Deus”. ( Apocalipse 2:7)
As Escrituras também mostram o Espírito a clamar. Gl 4.6 “E
porque vós sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de
seu Filho, que clama: Aba, Pai”. E a dar testemunho: Jo 15.26 “Quando,
porém, vier o consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito
da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim”.

27
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

1.2.4.3 Ele intercede.

Rm 8.26 “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em


nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo
Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis”.

1.2.4.4 Ele ensina.

Jo 14.26 “Mas o consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai


enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará
lembrar de tudo o que vos tenho dito”.

1.2.4.5 Ele guia e conduz.

Rm 8.14 “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus


são filhos de Deus”. At 16.6,7 “E percorrendo a região Frígio-galta,
tendo sido impedido pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia,
defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não
o permitiu”.

1.2.4.6 Ele chama homens e os comissiona.

At 13.2 “E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito


Santo: Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os
tenho chamado”. At 20.28 “Atentai por vós e por todo o rebanho sobre
o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja
de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue”

28
1.2.5 O Espírito Santo é Suscetível ao Tratamento Pessoal

1.2.5.1 Podemos Rebelar Contra Ele e Entristecê-lo

Is 63.10 “Mas eles foram rebeldes, e contristaram o seu Espírito


Santo pelo que se lhes tornou em inimigo, e ele mesmo pelejou contra
eles”. Ef 4.30 “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual
fostes selados para o dia da redenção”.

1.2.5.2 Pode-se Mentir Para Ele

At 5.3 “Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu
coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do
valor do campo?”

1.2.5.3 Pode-se Blasfemar Contra Ele

Mt 12.31,32 “Por isso vos declaro: Todo pecado e blasfêmia serão


perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não
será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do
homem ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito
Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir”.
Mediante o uso de pronomes pessoais, mediante as associações
pessoais, mediante as características pessoais possuídas, as ações
pessoais realizadas e tratamento recebido, as Escrituras provam que o
Espírito Santo é uma pessoa.

29
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

1.2.6 Nomes Que Identificam o Espírito Santo

A prova da divindade e da personalidade do Espírito Santo é


encontrada somente na atestação divina e infalível da Palavra de Deus.
Temos que ter sempre isso em mente, pois, nenhuma informação está
disponível em lugar algum a respeito do caráter, da personalidade e dos
nomes das três pessoas da trindade senão na Bíblia Sagrada.

Vejamos como o teólogo Lewis Sperry Chafer pode contribuir


conosco a esse respeito:

“Quaisquer que sejam as conclusões tirada de uma indução do


testemunho bíblico a respeito da divindade ou da personalidade do Pai
ou do Filho, as mesmas devem ser tiradas da indução a respeito do
Espírito Santo”.(CHAFER, 2013, p.354)8

As idéias corretas a respeito de Deus - como aquelas que podem


ser obtidas somente pelas escrituras - são de suma importância, a cada
passo que o homem dar nessa direção, ele progride em conhecimento
sobre Deus.

É importante sabermos que Deus foi quem revelou os seus


próprios nomes, e que eles não são meras invenções tiradas da cabeça
humana; e para a nossa alegria e satisfação, esses nomes, embora
parcialmente conhecidos pelos homens, falam a verdade a respeito de
Deus. Nenhum anjo, nenhum mortal ou coisa semelhante foi chamado
ou consultado para selecionar os Nomes de Deus.

No seu pleno estado de santificação, Adão foi convocado para dar


nomes a todos os animais criados por Deus (Gn 2.20), mas, nunca foi
chamado para nomear aquele que o criou.
8 CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática: Volume 5-8. 3ed. São Paulo: Hagnos,
2013

30
Muitos nomes são dados ao Espírito Santo, nas escrituras, que
revelam para nós diversos aspectos de Sua Pessoa e obra. O número
bastante grande desses títulos parece exigir um estudo especial.

1.2.6.1 Ele é chamado DEUS

Atos 5.3,4 “Então disse Pedro: Ananias, por que encheu satanás teu
coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do
campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria
em teu poder? Como, pois assentaste no coração este desígnio? Não mentiste
aos homens, mas a Deus”.
Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra
todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens
sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim
também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus (1Co
2:10,11)
No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus
em Espírito (Ef 2:22)

1.2.6.2 Ele é Chamado SENHOR

2 Coríntios 3.18 “E todos nós com o rosto desvendado,


contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos
transformados de glória em glória na sua própria imagem, como pelo
Senhor, o Espírito”.
O Espírito Santo é claramente identificado com Deus nas
passagens acima, de modo tal que comprova inequivocadamente a Sua
Divindade.

1.2.6.3 Espírito Eterno

Hb 9.14 “Muito mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito


31
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

Eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa


consciência de obras mortas para servirmos ao Deus vivo!”

Assim como a eternidade é atributo ou característica da natureza


de Deus, semelhantemente a eternidade pode ser atribuída ao Espírito
Santo, como uma das distinções pessoais no Ser de Deus.

Vejamos o que nos informa o nosso CREMOS, a respeito dos


nomes do Espírito Santo:
“O título geral que identifica a terceira Pessoa da
Trindade é Espírito Santo, e esse título é um entre
tantos concedidos a Ele, tais como Espírito de Deus,
Espírito do Senhor, Espírito de Jesus, Espírito de Cristo,
Espírito da Graça, Espírito da Glória, Espírito de Vida,
Consolador e Espírito da Verdade. Essa diversidade
de nomes e títulos não anula a sua singularidade e
unicidade. Pelo fato de o Espírito não se manifestar
por um único nome, tem na pluralidade de nomes e
títulos dados a Ele a diversidade de suas obras no
universo: “Pelo seu Espírito ornou os céus” (Jó 26:13);
e na criação: “Envias o teu Espírito, e são criados, e
assim renovas a face da terra” (Sl 104.30); e isso não
o torna uma emanação ou influência impessoal. Sua
personalidade tem um caráter moral e Espiritual que
se manifesta por meio do falar, do sentir e do realizar
alguma coisa”. (SOARES, 2017, p. 68)9

1.2.7 Títulos do Espírito Santo

Muitos sãos os títulos e variações em referência aos Espírito


Santo, veremos 16 que nos revelam o Seu relacionamento com as
outras duas pessoas da Trindade.

9 SILVA, Esequias Soares da – Declaração de Fé das Assembleias de


Deus no Brasil.

32
Onze dessas dezesseis são vistas como relacionamento do
Espírito Santo com o Pai: 1) Espírito de Deus (Gn 1.2; Mt 3:16); 2)
Espírito do Senhor (Lc 4:18); 3) O Espírito de nosso Deus (1Co 6:11); 4)
Seu Espírito (Nm 11:29); 5) Espírito de Jeová (Jz 3:10); 6) Teu Espírito
(Sl 139:7); O Espírito do Senhor Deus (Is 61.1); 8) Espírito de Vosso
Pai (Mt 10.20); 9) Espírito do Deus Vivo (2Co 3:3); 10) Meu Espírito (Gn
3:6); 11) Espírito Dele (Rm 8:11). Cinco títulos são encontrados como
o relacionamento do Espírito Santo ao Filho: 1) Espírito de Cristo (Rm
8:9; 1Pe 1:11); 2) Espírito de Jesus Cristo (Fp 1:19); 3) Espírito de Jesus
(At 16:7); 4) Espírito de Seu Filho (Gl 4:6); 5) Espírito do Senhor (At 5:9;
8:39)
1.3 Símbolos do Espírito Santo

O Espírito Santo é descrito na Bíblia como Vento, Fogo e Água,


mas ao mesmo tempo ele é muito maior do que todos esses símbolos.
Os símbolos são importantes, no entanto, porque ensinam como a
Terceira Pessoa da Trindade age em nossas vidas.

Os símbolos do Espírito Santo oferecem-nos um quadro concreto


de coisas abstratas, relacionada à Terceira Pessoa da Trindade. Quando
o Espírito Santo é apresentado como vento, representa forças poderosas,
porém invisíveis; a água límpida que flui representa o poder e refrigério
sustentador da vida a todos os que têm sede, física ou espiritual; o fogo
representa uma força purificadora (como na purificação de ministérios) ou
destruidora (frequentemente citada no juízo). Tais símbolos representam
realidades intangíveis, porém genuínas.

1.3.1 O Fogo.

O aspecto purificador do fogo é refletido claramente nas escrituras.


Vejamos alguns textos:

33
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

Em (Isaías 6.6,7), uma brasa tirada do altar purifica os lábios do


profeta. No dia de Pentecostes são “línguas de fogo” que marcam a
vinda do Espírito.( At 2.3). Esse símbolo é retratado uma só vez para
retratar o batismo no Espírito Santo. O aspecto mais amplo do fogo como
instrumento de purificação encontra-se na profecia de João Batista:

“Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos


com água, mas eis que vem aquele, que é mais poderoso do que eu,
a quem eu não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos
batizará com o Espírito Santo e com fogo”. (Lc 3.16)

“As palavras de João Batista aplicam-se


diretamente à separação entre o povo de Deus e os que
têm rejeitado a Ele e ao Messias. Os que o rejeitaram
serão condenados ao fogo do juízo. Por outro lado,
o fogo ardente e purificador do Espírito da Santidade
também opera no crente (1Ts 5.19)”. (MC CLEAN,
2019, p. 388)

O fogo queima, consome, limpa, amolece, endurece, esquenta,


ilumina. O fogo simboliza a energia transformadora da ação do
Espírito nos apóstolos para capacitá-los para a grande obra da
evangelização.
A Bíblia também diz em (Hebreus 12.29) que “Deus é fogo
consumidor”. Por isso acreditamos que o Espírito Santo se manifesta
como fogo. Não somente para juízo, mas também para revestimento
de poder e purificação (Mateus. 3.11). O fogo, aquece e ilumina (Isaías
4.4). Deus se manifestou várias vezes ao seu povo numa coluna de fogo
(Êxodo 13.21), por isso relacionamos o fogo ao Espírito Santo.

1.3.2 O Vento

No hebraico Rûah e no grego pneuma, em várias passagens são


34
traduzidos por “vento”, “ brisa”, “fôlego”, e “ar”. Em (Gênesis 2.7) está
escrito que Deus formou o homem do pó da terra soprou em suas narinas
o fôlego [Rûah] de vida. Também em Ezequiel 37.7-10 um vento vem
para dar vida aos ossos secos. “Ruach adota parte do alcance semântico
de nephesh. Por isso Ezequiel 37. 5-10, achamos ruach traduzido como
espírito, ao passo que, em 34.14, Yahweh explica que porá em Israel o
seu Espírito” (MCLEAN, 2019, p. 388). E Jesus fez o mesmo com seus
discípulos: “soprou sobre eles, e lhes disse: recebei o Espírito Santo”
(João 20.22).

“E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente


e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados”. (Atos
2.2). E o vento, como símbolo do Espírito Santo, se caracteriza como:
poder, refrigério, alimentação etc.

1.3.2.1 Como o Vento do Espírito se manifesta?

Vamos aprender um pouco sobre a manifestação do Espírito


Santo como vento:

a) Na conversão: João 3.8

Antes da conversão o Espírito Santo sopra para conduzir a pessoa


à presença de Deus. Depois de convertida não somos mais guiados por
nossa própria vontade e sim pelo Espírito Santo de Deus.

Peça ao Espírito de Deus que guie sua vida até Jesus com uma
brisa suave.

b) Renovando a Vida: (Ezequiel 37.7-10)

Quando Ezequiel viu os ossos secos Deus lhe disse para profetizar
aos ventos que viessem renovando vida sobre aqueles ossos e os ventos
vieram e os colocaram tudo no lugar.
35
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

Peça ao Espírito Santo que renove sua vida e coloque tudo no


lugar derrotando toda morte.

c) Como voz de Deus: (I Reis 19.11,12)

Quando Elias precisava ouvir a voz do Senhor, não ouviu em um


vento forte, num fogo ou tempestade e sim através de um cicio que é
uma brisa suave que soprou aos seus ouvidos e falou com Ele.

Deus fala ao nosso coração como um vento manso e suave.


Quando não conseguir ouvir a voz de Deus fique em silêncio e o ouvirá
bem suave falando dentro de você.

d) Enchendo do Espírito: (João 20.22)

O próprio Jesus soprou sobre os discípulos para ministrar sobre


eles enchendo-os do Espírito Santo. O mesmo Deus que cria dando
vida, renova e enche de poder.

Peça a Jesus que sobre você o Espírito Santo e te encha


totalmente te dando vida e virtude.

1.3.3 Água, Rio, Chuva

“E no último, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou,


dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em
mim, como diz a Escritura, rios d’água viva correrão do seu ventre. E
isto disse ele do Espírito que haviam de receber, os que nele cressem;
porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não Ter
sido glorificado” (João 7.37-39).
36
Esse símbolo que Jesus utiliza com frequência para falar do
Espírito Santo, tem o objetivo de ilustrar a vida gerada pela água. Sem
água nada sobrevive. Esse símbolo também significa que o Espírito
limpa, purifica e lava a vida dos pecadores.

A água é necessária para limpeza e purificação. No Antigo


Testamento era utilizada como símbolo de purificação dos sacerdotes
(Êx 29.4; Lv 8.6). Ezequiel fala da água como instrumento de purificação
interior e a relaciona com a regeneração produzida pelo Espírito Santo
(Ez 36.25-27).

É o Espírito que limpa nossos corações na regeneração e continua


nos purificando durante o nosso processo de santificação (Tt 3.5; 1 Jo
1.9).

1.3.4 Selo

“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da


verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido,
fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. Efésios 1.13. O
Selo comprova a autenticidade da promessa, que é o próprio Espírito
Santo (Ef 4.30). É a prova de que os que receberam a Cristo, como
Salvador de suas almas, pertencem a Deus. Somos herança do Senhor
e receberemos a herdade que Ele nos preparou.

1.3.5 A Pomba

O Espírito Santo desceu sobre Jesus como em forma de uma


pomba, segundo o relato dos quatros evangelhos. A pomba é o símbolo
da mansidão e da paz.

“E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se abriram
37
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre


ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu filho amado, em
quem me comprazo” (Mateus 3.16,17).

O Espírito Santo veio sobre Jesus em forma corpórea duma


pomba – símbolo da pureza e da inocência de Cristo. A pomba é
uma ave doméstica, muita conhecida de todos nós. Por isso, é usada
largamente pelo Cristianismo, para revelar o movimento, a simplicidade,
a mansidão, a pureza, a sensibilidade etc.

Os títulos e símbolos do Espírito Santo são chaves para o


entendimento de sua obra em nosso favor. Vamos usá-los como palavras
chaves no estudo da obra do Espírito Santo.

38
"
O Espírito Santo é o Autor, tanto da vida física
como da vida espiritual.

Por Divindade do Espírito Santo se entende que Ele é Um


com Deus, fazendo parte da Divindade, sendo co-igual, co-eterno e
consubstancial com o Pai e com o Filho.

No que diz respeito às Escrituras, o Espírito Santo é apresentado


em conexão com todas as ações e características que pertencem às
pessoas divinas.

Na liturgia da Igreja, freqüentemente ouvimos as palavras: “Em


nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, amém”. Esta expressão é
uma fórmula trinitariana que atribui divindade a todas as três pessoas da
Trindade.

Enquanto a divindade de Cristo foi debatida durante séculos e o


debate continua ainda hoje, a divindade do Espírito Santo geralmente é
aceita na Igreja. A razão pela qual a divindade do Espírito Santo nunca
tenha sido alvo da controvérsia, talvez seja porque nunca assumiu a
forma humana.

A Bíblia claramente representa o Espírito Santo como possuindo


atributos divinos e exercendo autoridade divina. Desde o século IV,
praticamente todos os que concordam que ele é uma pessoa também
concordam que o Espírito é divino.

No Antigo Testamento, o que se diz de Deus freqüentemente


também se diz do Espírito de Deus. As expressões “Deus disse” e o
“Espírito disse” são repetidamente intercambiadas. Estes padrões
continuam no Novo Testamento; talvez em nenhum outro texto isso
fique tão claro como em (Atos 5.3,4), onde Pedro diz: “Ananias, por que
encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo,
41
A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO

reservando parte do valor do campo?… Não mentiste aos homens, mas


a Deus”. Resumindo, mentir ao Espírito Santo é o mesmo que ao próprio
Deus.

As Escrituras também se referem aos atributos divinos do Espírito


Santo. Paulo escreve sobre a onisciência do Espírito em (1 Coríntios
2.10,11): “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas
as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual
dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito,
que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece,
senão o Espírito de Deus”. O salmista atesta sobre a onipresença do
Espírito no (Salmo 139.7,8): “Para onde me ausentarei do teu Espírito?
Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a
minha cama no mais profundo abismo, lá estás também;” . O Espírito
também operou na criação, movendo-se sobre a face das águas (Gn
1.1,2).

Como uma declaração conclusiva sobre a divindade do Espírito


Santo, temos a bênção de Paulo no final da sua segunda carta aos
Coríntios: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a
comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” (2 Co 13.13).

2.1.1 Atributos da Divindade do Espírito Santo

Os atributos, que pertencem exclusivamente a Deus, são


livremente referidos ao Espírito Santo.

a) Eternidade

(Hb 9.14) “Muito mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito


Eterno, a si mesmo se ofereceu sem máculas a Deus, purificará a nossa
consciência de obras mortas para servirmos ao Deus vivo!”
42
A palavra eterno, que com toda propriedade foi Atribuído ao Pai,
ao Filho e ao Espírito. O Espírito é Eterno porque não foi criado e sim o
criador de todas as coisas. Visto que este atributo só pode ser atribuído
a Deus, enxergamos que o Espírito Santo é Deus.

b) Onipresença.

  (Sl 139. 7-10) “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para


onde fugirei da tua face? Se subir aos céus, lá estás; se fizer a minha
cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomar as asas da
alvorada e me detenho nos confins dos mares: ainda lá me haverá de
guiar a tua mão e a tua destra me susterá”.

O Espírito sempre foi onipresente em toda a criação, mas é


também verdade que ele agora, ao começar no dia de Pentecostes e
continuará até a remoção da igreja, está residente no mundo, em todos
os lugares, nos corações dos cristãos, nos cultos oferecidos a Deus.
Para ele não há limite de tempo ou espaço. Ele preenche tudo e todos.
(Ef 1.23)

c) Onipotência.

(1 Pedro 3.18): Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados,
o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne,
mas vivificado pelo Espírito.

Por esta passagem, a ressurreição de Cristo é crida como


energizada pelo poder do Espírito Santo. É afirmado não menos do que
25 vezes que Cristo foi ressuscitado pelo extraordinário poder do Pai.

43
A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO

Não obstante, a onipotência imensurável que pode ressuscitar


os mortos é atribuída também ao Espírito Santo. Na verdade todas as
obras realizadas pelo Santo Espírito, são, obras que exigem onipotência
divina.

d) Onisciência.

   (1Co 2.10,11) Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o


Espírito a todas as cousas perscruta, até mesmo as profundezas de
Deus. Porque qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o
seu próprio espírito que nele está? Assim também as cousas de Deus,
ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.  

Nada é jamais ocultado diante do Espírito Santo, tudo ele


conhece, principalmente o lugar mais oculto que existe: “as profundezas
de Deus”. Além do mais, o que significa as profundezas de Deus? É
impossível para a imaginação humana avaliar. O texto sinaliza que o
homem sozinho jamais terá capacidade para conhecer as coisas de
Deus (v.14), mas o Espírito Santo conhece todas as coisas e revela aos
homens que amam a Deus.

Vejamos o comentário de Lewis S. Chafer sobre a onisciência de


Deus:
“Aquele que assim sonda o Oceano mais profundo
da verdade e do entendimento é capaz também de
discernir os pensamentos e os propósitos do coração
humano. Aqueles tentados em pecar em secreto
podem bem se lembrar de que nada está escondido
do Espírito Santo. É igualmente um conforto saber que
ele observa plenamente todo propósito sincero, seja a
capacidade de executar percebida ou não” (CHAFER,
2020, p. 372).

44
e) Amor

(Gálatas 5.22): Mas o fruto do Espírito é Amor.

O Atributo do amor pertence ao Santo Espírito em um grau de


infinidade. Além do mais, ele é quem executa todas as coisas de Deus,
sendo assim, ele tudo realiza com o infinito e divino amor.

f) Veracidade

(1Jo 5.6) “E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a


Verdade”.

Cristo anteriormente havia chamado o Espírito de “o Espírito da


Verdade”. Assim, pode ser observado que o Espírito não apenas possui
uma verdade: “Ele é a Testemunha Fiel e Verdadeira”. Como tal, ele
é o autor divino das escrituras, inspirador divino dos testemunhos, e
nesse sentido concede testemunho da verdade. Uma mentira contra
o Espírito Santo foi imediatamente punida com morte (At 5.1-11).
Consequentemente a Verdade infinitamente vital, está relacionada ao
Espírito Santo.  

g) Santidade

O próprio título: “Espírito Santo” testifica desta realidade solene:


ele é Santo, profundamente Santo e infinitamente profundamente Santo
(Is 6).
O Novo Testamento enfatiza o papel do Espírito Santo na
Santificação. É ele quem nos molda para chegarmos na conformidade
com Cristo e nos alimenta para atingirmos maturidade espiritual.
Na Escritura, é claro que santidade é um atributo que pertence
igualmente a cada membro da Trindade, mas é atribuído especialmente
45
A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO

ao Espírito por causa de seu ministério, sua função principal no plano da


redenção. O Espírito Santo é aquele que Deus nos envia para nos tornar
santos, assim como Deus é Santo.  

2.1.2 O Espírito Santo Realiza Trabalhos Exclusivos de Deus.

a) Criação.

(Jó 33.4) “O Espírito de Deus me fez; e o sopro do Todo-Poderoso


me dá vida”. Sl 104.30 “Envias o teu Espírito, eles são criados, e assim
renovas a face da terra”.

b) Transmissão de vida.

  (Rm 8.11) “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou


a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Jesus dentre
os mortos, vivificará também os vossos corpos mortais, por meio do seu
Espírito que em vós habita”.
O Espírito Santo é o Autor, tanto da vida física como da vida
espiritual.

c) Autoria da Profecia Divina.

(2Pe 1.21) “Porque nunca, jamais, qualquer profecia foi dada por
vontade humana, entretanto homens falaram da parte de Deus movidos
pelo Espírito Santo”. (2Sm 23.2,3) –“O Espírito do SENHOR fala por
meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua. Disse o Deus de
Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Aquele que domina com justiça
sobre os homens, que dominam o temor de Deus”.
46
47
"
Não há no mundo melhor evangelista do que o
Espírito Santo.
D. L. Moody

EXPLICAÇÃO E BASE BÍBLICA

Podemos definir a obra do Espírito Santo como segue: a obra do


Espírito Santo consiste em manifestar a presença de Deus no mundo
e em especial na igreja. Essa definição indica que o Espírito Santo é o
membro da Trindade que as Escrituras com mais frequência apresentam
como aquele que está presente para fazer a obra de Deus no mundo.

No Antigo Testamento, a presença de Deus muitas vezes


foi manifestada através de sua própria glória e nas teofanias; nos
evangelhos o próprio Jesus manifestou a presença de Deus entre os
homens. Mas depois que Jesus subiu ao céu, e de contínuo através de
toda a era da igreja, o Espírito Santo é agora a principal manifestação
da presença da Trindade entre nós. Ele é o que está presente de modo
mais proeminente entre nós agora.

Desde o princípio da criação, temos indícios de que a obra


do Espírito Santo consiste em completar e sustentar o que Deus Pai
planejou e o que Deus Filho começou, pois em Gênesis 1.2, “o Espírito
de Deus pairava por sobre as águas”. E no Pentecostes, com o início da
nova criação em Cristo, é o Espírito Santo quem vem conceder poder à
igreja (At 1.8; 2.4, 17-18). Como o Espírito Santo é a pessoa da Trindade
por meio de quem Deus manifesta de modo particular sua presença
na era da nova aliança, Paulo emprega uma expressão adequada ao
referir-se a Ele como “primeiros frutos” (Rm 8.23, NVI) e “garantia” (ou
“penhor”, 2Co 1.22; 5.5) da plena manifestação da presença de Deus
que conheceremos no novo céu e na nova terra (Ap 21.3-4).

Mesmo no Antigo Testamento, foi previsto que a presença do


49
O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO

Espírito Santo traria bênçãos abundantes da parte de Deus: Isaías


predisse um tempo em que o Espírito traria grande renovação.

O palácio será abandonado, a cidade populosa ficará deserta


[...] até que se derrame sobre nós o Espírito Santo lá do alto; então,
o deserto se tornarem pomar, e o pomar será tido por bosque; o juízo
habitará no deserto, e a justiça morará no pomar. O efeito da justiça será
paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre. O meu povo
habitará em moradas de paz, em moradas bem seguras e em lugares
quietos e tranqüilos (Is 32.14-18).

3.1.1. Ele Concede o Poder Para o Serviço Cristão

Para melhor obter uma visão panorâmica da Pessoa e obra do


Espírito Santo, como ponto inicial desta disciplina, ela é dividida em dois
períodos: o do Antigo e o do Novo Testamento.

No primeiro, as atividades e as manifestações do Espírito Santo


eram esporádicas, específicas e em tempos distintos. No segundo,
começa no dia de Pentecostes, quando suas atividades se concretizam
direta e continuamente, através da Igreja.

A) Antigo Testamento

No Antigo Testamento, o Espírito Santo muitas vezes capacitou


pessoas para serviço especial. Ele capacitou Josué com habilidade de
liderança e sabedoria (Nm 27.18; Dt 34.9), e deu poder aos juízes para
libertar Israel de seus opressores (observe como o Espírito do senhor
“veio sobre” Otoniel em Jz 3.10, Gideão em 6.34, Jefté em 11.29 e Sansão
em 13.25; 14.6, 19; 15.14). O Espírito Santo veio poderosamente sobre
Saul a fim de levantá-lo para a batalha contra os inimigos de Israel (1Sm
50
11.6), e quando Davi foi ungido rei, “o Espírito do Senhor se apossou”
dele daquele dia em diante (1Sm 16.13), capacitando-o para cumprir
a tarefa de realeza para a qual Deus o havia chamado. Numa espécie
só um pouco diferente de capacitação, o Espírito Santo dotou Bezael
com talentos artísticos para a construção do tabernáculo e deu seu
equipamento (Ex 31.3; 35.31) e com capacidade para ensinar essas
técnicas para os outros (Ex 35.34). Antes de encerrar esta discussão
sobre a capacitação pelo Espírito Santo no Antigo Testamento, devemos
observar que às vezes se diz que não havia nenhuma obra do Espírito
Santo dentro das pessoas no Antigo Testamento.

Essa ideia tem sido inferida principalmente das palavras de Jesus


aos discípulos em João 14.17: “... ele habita convosco e estará em vós”.
Mas não devemos concluir desse versículo que não havia nenhuma obra
do Espírito Santo no interior das pessoas antes do Pentecostes. Embora
o Antigo Testamento não fale com frequência de pessoas que tinham
dentro de si o Espírito Santo ou que dele tinham plenitude, existem uns
poucos exemplos: Josué é descrito como homem que tem Espírito (Nm
27.18; Dt 34.9), assim como Ezequiel (Ez 2.2; 3.24), Daniel (Dn 4.8-9,
18; 5.11) e Miquéias (Mq 3.8). Isso significa que quando Jesus diz aos
seus discípulos “ele habita convosco e estará em vós” (Jo 14.17), não
pode estar dizendo que havia uma diferença absoluta “dentro/fora” entre
a obra do Espírito Santo na antiga aliança e a nova.

B) Novo Testamento

A obra capacitadora do Espírito Santo no Novo Testamento é


vista primeiro e de modo pleno na unção e capacitação de Jesus como
Messias. O Espírito Santo desceu sobre Jesus por ocasião do seu batismo
(Mt 3.16; Mc 1.11; Lc 3.22). João Batista disse: “Vi o Espírito descer do
céu como pomba e pousar sobre ele” (Jo 1.32). Portanto, Jesus foi para
51
O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO

a tentação no deserto “cheio do Espírito Santo” (Lc 4.14). Quando Jesus


foi pregar na sinagoga em Nazaré, declarou que a profecia de Isaías
fora cumprida nele: “O Espírito do senhor está sobre mim, pelo que me
ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação
aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os
oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18-19). O poder
do Espírito Santo na vida de Jesus foi visto depois em seus milagres
subsequentes, à medida que ele se deleitava plenamente com a pureza
moral absoluta da vida de Jesus. O Espírito Santo também capacitou
os discípulos de Jesus para vários tipos de ministérios. Jesus lhes tinha
prometido: “... mas receber poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo,
e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a
Judéia e Samaria e até os confins da terra” (At 1.8). Há vários exemplos
específicos da atividade do Espírito Santo concedendo poder aos
primeiros cristãos para operar milagres à medida que eles proclamavam
o evangelho (note Estevão em At 6.5,8; e Paulo em Rm 15.19; 1Co 2.4).

Mas o Espírito Santo deu também grande poder à pregação da


igreja primitiva de modo que, quando os discípulos eram cheios do
Espírito Santo, proclamavam a Palavra que o Espírito Santo falava por
meio da mensagem do evangelho. O Novo Testamento termina com um
convite do Espírito Santo e da igreja, que juntos chamam as pessoas à
salvação: “O Espírito e a noiva dizem: Vem! E aquele que ouve, diga:
Vem!” (Ap 22.17). Na realidade, não só na pregação da mensagem
do evangelho, como também na leitura e no ensino das Escrituras, o
Espírito Santo continua a falar ao coração das pessoas a cada dia (veja
Hb 3.7 e 10.15, onde o autor cita uma passagem do Antigo Testamento e
diz que o Espírito Santo está agora falando aquela palavra aos leitores).

Outro exemplo da capacitação dos cristãos para o serviço é a


atividade do Espírito Santo que consiste em conceder dons espirituais
para equipar os crentes para o ministério.

Após alistar uma variedade dons espirituais Paulo diz: “Mas


52
um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as,
como lhe apraz, cada um, individualmente” (1Co 12.11). Uma vez que
o Espírito Santo é quem mostra ou manifesta a presença de Deus no
mundo, não surpreende que Paulo possa chamar os dons espirituais de
“manifestações” do Espírito Santo (1Co 12.7).

Os dons espirituais em atuação representam um sinal da presença


de Deus Espírito Santo na igreja.

Na vida de oração dos indivíduos crentes, verificamos que o


Espírito Santo concede poder para a oração e tornar eficaz. “... não
sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós
em gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26). E Paulo diz que “temos acesso ao
Pai em um Espírito” (Ef 2.18). Um tipo específico de oração para qual o
Novo Testamento diz que o Espírito Santo dá poder é o dom de orar em
línguas (1Co 12.10-11; 14-17).

Outro aspecto da obra do Espírito Santo em que ele concede aos


cristãos o poder para serviço é a capacitação do povo para a posição
espiritual à pregação do evangelho e à obra de Deus na vida das
pessoas.

Esse poder na guerra espiritual foi visto primeiro na vida de


Jesus, que disse: “Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de
Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós” (Mt 12.28).
Quando Paulo chegou a Chipre, enfrentou a oposição de Elimas, o
mágico, mas ele, “cheio do Espírito Santo, fixando nele os olhos, disse:
Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de
toda a justiça, não cessarás de perverter os retos caminhos do Senhor?
Pois, agora, eis aí está sobre ti a mão do Senhor, e ficarás cego, não
vendo o sol por algum tempo. No mesmo instante, caiu sobre ele névoa
e escuridade, e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão”
(At 13.9-11).

O dom de “discernimento de espíritos” (1Co 12.10), dado pelo


53
O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO

Espírito Santo, é também uma ferramenta nessa guerra contra as forças


das trevas, assim como a Palavra de Deus, que funciona como “a espada
do Espírito” (Ef 6.17) na batalha espiritual.

3.1.2 O Espírito Santo Purifica

Uma vez que esse membro da Trindade é chamado Espírito Santo,


não surpreende que uma de suas principais atividades seja purificar-
nos do pecado e “santificar-nos” ou torna-nos mais santos na conduta
prática. Mesmo na vida de incrédulo há alguma influência restritiva do
Espírito Santo uma vez que ele convence o mundo do pecado (Jo 16.8-
11).

Mas quanto aos discípulos de Cristo, o Espírito Santo realiza


nelas uma obra inicial de purificação, efetuando um decisivo rompimento
com os padrões do pecado que havia na vida deles antes.

Paulo fala aos coríntios: “... mas vós vos lavastes, mas fostes
santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo
e no Espírito do nosso Deus” (1Co 6.11; veja também Tt 3.5, 1Pe 1.22).

Aparentemente é essa obra de lavagem e purificação realizada


pelo Espírito Santo que simbolizada pela metáfora do fogo quando João
Batista diz que Jesus batizaria as pessoas “com o Espírito Santo e com
fogo” (Mt 3.11; Lc 3.16).

A Purificação do Espírito Santo na vida do Crente se dá de várias


formas, dentre elas através da obediência:

Quando Pedro escreve, “purificando as vossas almas pelo


Espírito na obediência à verdade” (1.22) ele tinha em mente que
somente a verdade poderia purificar o coração do cristão. Isso nos é por
demais importante, pois constantemente somos cercados de pessoas
54
que “não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos,
amontoam para si doutores conforme as suas próprias concupiscências”
(2Tm 4.3) e precisamos estar firmemente arraigados na rocha eterna
que é Cristo Jesus, pois ele disse: “Todo aquele, pois, que escuta estas
minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que
edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios,
e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque
estava edificada sobre a rocha” (Mt 7.24,25).

Em tempos tão pluralistas como os de hoje, não seria estranho


também acharmos uma miríade de pessoas que se dizem cristãs,
mas que consideram a verdade relativa - para não citar aqueles que
negam que exista tal verdade - e passam a ter seus sensos de justiça
baseado em suas concupiscências carnais e contrárias à vontade de
Deus. Fazendo como que um amontoado de filosofias e pensamentos
demoníacos, vão ao texto sagrado em busca de saciação para seus
desejos ínfimos e destituídos de qualquer valor espiritual. (Ef 5.26)

3.2 AS OBRAS DO ESPÍRITO SANTO

Ao considerarmos a obra do Espírito Santo, precisamos lembrar


que todas as Pessoas da Trindade são ativas na obra de cada Pessoa
individual.
Há muitos conceitos errôneos a respeito da obra do Espírito
Santo. Alguns deles têm-se arraigado à religião popular e às doutrinas
populares da igreja em geral. A religião popular é a maneira de vivermos
a nossa vida diária em Cristo.
Os cristãos precisam evitar o desânimo e aceitar com alegria o
desafio de conhecer e experimentar a Deus mais plenamente todos os
dias.

55
O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO

3.2.1 Em Relação ao Universo Material

A) No Tocante à Criação

Sl 33.6 “Os céus por sua palavra se fizeram, e pelo sopro de sua
boca o exercício deles”. Jó 33.4 “O Espírito de Deus me fez; e o sopro
do Todo-Poderoso me dá vida”.
B) No Tocante à Sua Restauração e Preservação

(Gn 1.2) “A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas
sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as
águas. Disse Deus: Haja luz, e houve luz”. “Se ocultas o teu rosto, eles
se perturbam; se lhes corta a respiração, morrem, e voltam ao seu pó.
Envias o teu Espírito, eles são criados, e assim renovam a face da terra”
(Sl 103.20,30).
A presente ordem do desenvolvimento, na natureza e no homem,
a partir de um estado caótico e subdesenvolvido, e sua manutenção, é
efetuada através da agência do Espírito Santo. O Espírito Santo é visto
como Agente ativo da criação e da preservação do universo material.

3.2.2 Em Relação aos Homens Não-Regenerados


A obra principal do Espírito Santo, em relação aos perdidos, é o
da convicção.
Deve-se fazer a distinção entre a convicção da consciência e a
convicção do Espírito Santo. A consciência convence do erro praticado,
o Espírito convence do erro no próprio ser. A consciência pode ser
assemelhada a um tribunal: juiz, júri e testemunhas; todos a tratar do
erro praticado, do que não há de escapar. O Espírito Santo convence, ao
mesmo tempo em que faz surgir um raio de luz, revelando uma solução
e um meio de escape. (Jo 16.7-11)

56
A) Ele Testifica
Jo 15.26 “Quando porém vier o consolador, que eu vos enviarei
da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará
testemunho de mim”.
O Espírito testifica aos não salvos por meio da verdade concernente
a Jesus Cristo.
B) Ele Convence
Jo 16.8-11 “Quando ele vier convencerá o mundo do pecado, da
injustiça e do juízo: Do pecado, porque não crêem em mim; da justiça
porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe
deste mundo já está julgado”.
Neste passo, vemos que o Espírito convence o mundo do pecado,
justiça e julgamento. Ele convence não primeiramente do pecado de
quebra da lei, mas do pecado de incredulidade: “do pecado porque não
crêem em mim”. João 16.9. Visto que todo o pecado tem sua raiz na
incredulidade, a forma mais grave de incredulidade é a rejeição de Cristo.
O Espírito Santo, entretanto, ao apegar essa verdade à consciência, e
intensificar o senso de todos os outros pecados.
Ele convence o mundo da justiça pessoal de Cristo. Essa justiça
é um cumprimento e manifestação de todas as outras justiças. Ele
também convence da justiça providenciada, que Cristo recebeu a fim
de concedê-la a todos quantos viessem a confiar nele. Ele convence o
mundo de juízo, o que é atestado pelo fato de ser obra já consumada do
julgamento de Satanás. Nesse, todos os demais juízos foram decididos
e baseados. O julgamento de Satanás foi assegurado na cruz, quando,
potencialmente, lhe foi tirado o poder. Isso, juntamente com o julgamento
daqueles que preferem permanecer aliados a Satanás, será consumado
no grande dia.
Nessa tríplice obra, o Espírito Santo glorifica a Cristo, ele mostra-
nos que é pecado não confiar em Cristo, revela-nos a justiça e obra
vitoriosa de Cristo em relação a Satanás. Nossa tarefa consiste tão
somente em pregar a palavra da verdade, dependendo do Espírito Santo
para produzir convicção.
O Espírito Santo, mediante o uso da verdade, luta com os homens
e leva-os à convicção.

57
O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO

3.2.3 Em Relação aos Crentes


A) Ele Regenera

Jo 3.3-6 “A isto respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te


digo que, se alguém não nascer de novo, não poderá ver o reino de
Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo
velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda
vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não
nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que
é nascido da carne, é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito”.

Jesus Cristo, em sua ressurreição e ascensão, assumiu Sua


plena prerrogativa de Doador da Vida para Seu corpo místico, a Igreja.
O novo nascimento no ato regenerador, portanto, é a concessão da
natureza divina ao homem, e não uma alteração em sua natureza; e o
Espírito Santo é o agente da transmissão dessa nova natureza.

B) Ele Sela
Ef 1.13,14 “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra
da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido,
fostes selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é penhor da
nossa herança até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua
glória”. Ef 4.30 “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual
fostes selados para o dia da redenção”.
Ele sela, tornando o crente propriedade Sua. Os crentes de
Éfeso podiam compreender perfeitamente a ilustração do selo, pois
Éfeso era perto de mar, com ativo negócio de madeiras. O comerciante
em madeiras vinha de Éfeso, selecionava e comprava sua madeira, e
selava-a com marca conhecida de que ela lhe pertencia. Frequentemente
deixava sua compra no porto, juntamente com outras jangadas, para
depois enviar um agente de confiança, que comparava o sinal de selo e
levava a madeira, que pertencia ao seu legítimo proprietário. O Espírito
Santo é o selo de propriedade, que Deus põe sobre uma vida humana;
é o carimbo divino e a garantia da herança eterna.
C) Ele Proporciona Segurança
58
Rm 8.14-16 “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus
são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão para
viverdes outra vez atemorizado, mas recebestes o espírito de adoção,
baseado no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus”.
O Espírito Santo concede a segurança e confiança necessária
para a paz, e calma repouso de espírito prometido ao filho de Deus. Ele
testifica da verdade da filiação do crente.

D) Ele Fortalece
Ef 3.16 “Para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda
que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito, no homem
interior”.
Os resultados deste fortalecimento são vistos nos versículos
seguintes. O poder do Espírito se torna operante em nossas vidas,
corporificando e entronizando realmente a Cristo, o que é descrito
como Sua habitação em nossos corações, os quais são arraigados e
alicerçados em amor, fortalecidos para que possam compreender, com
todos os santos, qual a largura e o comprimento, a altura e a profundidade,
e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, o que
resulta em sermos tomados de toda a plenitude de Deus.

E) Ele Liberta
Rm 8.2 “Porque a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou
da lei do pecado e da morte”. O capítulo anterior (Rm 7.9-24) define a
lei do pecado e da morte. Diz o apóstolo: ao querer fazer bem, encontro
a lei de que o mal reside em mim. (7.21); o querer o bem está em mim;
porém, não o efetuou (Rm 7.18). Paulo havia sido bem educado na lei
de Deus, dada a Moisés. E sabia que lhe cabia observar seus preceitos;
mas ele, pessoalmente, encontrava outra lei que operava nele, e que
entrava em conflito com essa lei: a lei do pecado e da morte. Em sua
perplexidade, visto que sua mente aprovava a lei de Deus, mas suas
ações aprovaram a lei do pecado e da morte, Paulo descobriu em Cristo
Jesus uma terceira lei: a lei do Espírito da vida, que liberta da lei do
59
O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO

pecado e da morte.
É a obra do Espírito santo que livrar-nos do domínio da lei inferior,
e capacitar-nos a andar em harmonia com a lei superior.

F) Ele Guia
Rm 8.14 “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus
são filhos de Deus”.

G) Ele Produz Frutos da Graça de Deus


Gl 5.22,23 “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio
próprio. Contra estas cousas não há lei.
Toda verdadeira beleza de caráter, toda semelhança com Cristo
em nós, é operação do Espírito Santo. Ele é para o crente cristão o que
a seiva é para a árvore; a fonte da vida e poder produtivo. O fruto aqui
referido não é o serviço cristão nem a conquista de almas, embora isso
necessite ser frisado, mas é o fruto do caráter cristão.
O fruto não consiste em algum exercício energético. Não é a
realização laboriosa a fim de produzir alguma excelência. É, antes, o
resultado normal e natural de uma condição sadia. Se a alma estiver
com saúde, e o Espírito a preencher, então haverá fruto.

3.2.4 Em Relação a Jesus Cristo

a) Concebido pelo Espírito Santo.


Lc 1.35 “Respondeu-lhe o anjo Descerá sobre ti o Espírito Santo
e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também
o ente santo que há de nascer, será chamado Filho de Deus”.

O Espírito Santo produziu o corpo humano do Filho de Deus


mediante um ato criador. O Filho de Deus chamou esse corpo
60
preparado. Hb 10.5 “Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta
não quiseste, antes corpo me formaste”. Era impossível que Àquele,
que é absolutamente santo, se revestisse de um corpo que tivesse vindo
à existência por geração natural.
Se este tivesse sido o caso, teria ele possuído um corpo maculado
com mancha do pecado. Apesar de ser verdade que Maria possuía um
corpo pecaminoso, o poder da santidade, no Filho de Deus, repeliu cada
partícula de pecaminosidade, e o Espírito Santo, ao preparar o corpo,
jamais poderia permitir que qualquer coisa profana viesse a entrar no
corpo físico de nosso Senhor.
Uma vida tão ímpar, como a de Cristo, em Seu caráter e realizações,
exige um começo e um fim tão maravilhoso que nada menos que a
concepção miraculosa e a ressurreição miraculosa seria adequado.

b) Ungido Pelo Espírito Santo

At 10.38 “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito


Santo e poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando
a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele”. Is 61.1 “O
Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me
ungiu, para pregar boas novas aos quebrantados, enviou-me a curar os
quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos, e a pôr
em liberdade os algemados”.
Todas as unções que aparecem no Antigo Testamento querem de
profetas, quer de sacerdotes ou de reis, encontram seu cumprimento
nesta unção de Jesus Cristo pelo Espírito Santo, pois Cristo também, a
Seu tempo, cumpriria os ofícios de profeta, sacerdote e rei.

c) Guiado pelo Espírito Santo

Mt 4.1 “A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito, ao deserto, para


ser tentado pelo diabo”.
Jesus, na qualidade de Servo de Jeová, tendo-se esvaziado
de Sua soberania para ter essa posição, não tomava nunca iniciativa
61
O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO

própria, sempre agindo debaixo de ordens, sendo orientado em Seus


movimentos pelo Espírito Santo, a Quem se sujeitava.

d) Cheio do Espírito Santo

Lc 4.1 “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e foi


guiado pelo mesmo Espírito, ao Deserto”. Jo 4.34 “Pois o enviado de
Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida”.
Nada havia na vida de Jesus que se opusesse à ação do Espírito Santo.

e) Realizou seu Ministério no Poder do Espírito Santo

Lc 4.18,19 “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me


ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação
aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os
oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”.

f) Ofereceu-se em Sacrifício Pelo Espírito Santo

Hb 9.14 “Muito mais o sangue de Cristo que pelo Espírito eterno, a


si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência
de obras mortas para servirmos ao Deus vivo!”
No sacrifício de Si mesmo, como em tudo mais, Jesus Cristo foi
dirigido pelo Espírito Santo e mostrou-se dependente dEle.

g) Ressuscitado Pelo Poder do Espírito Santo

Rm 8.11 “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a


Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos vivificará também os vossos corpos mortais, por meio
do seu Espírito que em vós habita”. Rm 1.4 “E foi designado filho de
62
Deus com poder, segundo o Espírito de santidade, pela ressurreição dos
mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor”.
Jesus Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pelo poder
coordenado do Deus Trino. Portanto, o Espírito Santo teve participação
proeminente em Sua ressurreição.

3.2.5 Em Relação às Escrituras

a) Seu Autor

2Pe 1.20,21 “Sabendo, primeiramente, isto, que nenhuma profecia


da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca qualquer
profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens falaram da
parte de Deus movidos pelo Espírito Santo”. 2Tm 3.16 “Toda Escritura
é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça”.
As Escrituras referem-se ao Espírito Santo como Agente Divino
da comunicação da verdade de Deus aos homens. Quanto às Escrituras
do antigo testamento, temos declarações terminantes nesse sentido, e
é claramente subentendido e afirmado no tocante ao novo testamento.

b) Seu Intérprete

Ef 1.17 “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai


da glória, vos conceda espírito da sabedoria e de revelação no pleno
conhecimento dele”.
A importância do homem, para interpretar a verdade já revelada,
é tão característica como sua incapacidade de comunicar a revelação
sem o concurso do Espírito Santo.

As escrituras foram dadas por inspiração do Espírito Santo, e


sua verdadeira interpretação só é possível por meio de Sua iluminação.
63
O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO

3.2.6 O Espírito Santo em Relação a Igreja


A primeira comunidade cristã, em Jerusalém, nasceu a partir da
pregação da obra de salvação do Cristo crucificado e ressurreto.
Ela nasceu da ação do Espírito Santo, que possibilita
arrependimento dos pecados e aceitação de Jesus Cristo como único e
suficiente Salvador e Senhor.
Em fidelidade ao mandamento do Senhor Jesus ressurreto,
e revestidos do Espírito Santo, os apóstolos saíram a testemunhar o
evangelho nas cidades e vilas de então, começando por Jerusalém, e
indo até os confins da terra.

a) Na Administração da Igreja

1Co 12.4-6 “Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo.


E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há
diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em
todos”.

b) Na Bênção Apostólica

2Co 13.13 “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus,


e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”.De muito modos
inequívocos, Deus, em Sua palavra, proclama distintamente que o
Espírito Santo não é apenas uma pessoa, mas é uma Pessoa Divina.

64
"
A diversidade dos dons concedida pelo Espírito
Santo, fornece alicerce para a Maturidade
Cristã na Comunidade
Douglas Scarp

Dentre as insondáveis riquezas espirituais, que Deus coloca à


disposição da sua Igreja na terra, destacam-se os dons sobrenaturais do
Espírito Santo, apresentados pelo apóstolo Paulo, (1 Co 12-14), como
agentes de poder e de vitória desta mesma igreja.

Os dons espirituais são a concessão especial e sobrenatural de


Deus para a realização de sua obra, através da igreja. Os dons espirituais
capacitam o cristão a fazer a obra de Deus com graça e eficiência (1 Co
12. 4,7). Vejamos como a nossa Declaração de Fé, contribui conosco,
acerca dos Dons do Espírito Santo:

“CREMOS, professamos e ensinamos que os


dons do Espírito Santo são atuais e presentes na vida
da igreja. O batismo no Espírito Santo é um dom: ‘e
recebereis o dom do Espírito Santo’ (At 2.38) e é para
todos os crentes: ‘porque a promessa vos diz respeito a
vós, a vossos filhos e todos os que estão longe: a tantos
quantos Deus, nosso Senhor, chamar’ (At 2.39); mas
os dons do Espírito Santo, ou ‘espirituais’ na linguagem
paulina: ‘Acerca dos dons espirituais, não quero,
irmãos, que sejais ignorantes’ (1co 12.21) são restritos.
Esses dons são capacitações especiais e sobrenaturais
concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço
especial na execução dos propósitos divinos por meio
da igreja: ‘Mas a manifestação do Espírito é dada a
cada um para o que for útil’ (1Co 12.7). São recursos
sobrenaturais do Espírito Santo operados por meio
67
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

dos seres humanos, os crentes em Jesus, enquanto a


igreja estiver na terra, pois, no Céu, não precisaremos
mais deles. É por meio da igreja que o Espírito Santo
manifesta ao mundo o poder de Deus, usando os dons
espirituais”. (SOARES, 2019, p.171)

4.2 Conceitos

Vejamos alguns conceitos a respeito dos dons do Espírito:


a) Dom do Espírito: Concessão do Espírito aos crentes, conforme
ministrado por Cristo glorificado (At.2: 33); b) Dons do Espírito:
Capacidades sobrenaturais concedidas pelo Espírito para ministérios
especiais. No Novo Testamento há duas listas de dons: Rm 12.6-8
e 1 Co 12.4-10. Paulo fala dos dons espirituais em três aspectos; c)
Charismata: Variedade de dons pelo mesmo Espírito (1Co.12:4,7); d)
Diakonai: Variedade de serviços prestados na causa do mesmo Senhor;
e) Energimata: Variedade de poder do mesmo Deus que opera tudo em
todos.

4.2.1 A Necessidade de Entendimento

O apóstolo Paulo registra a sua passagem a respeito dos dons


espirituais (1Co 12-14) nos dizendo “Acerca dos dons espirituais, não
quero, irmãos, que sejais ignorantes”. Com este relato, o apóstolo não
quis dizer que os coríntios eram ignorantes acerca dos dons. Antes, já
havia dito que não lhes faltavam nenhum dom (1Co 1.7). Ele apenas
desejava que os irmãos daquela igreja os conhecessem ainda mais com
profundidade e intensidade.  

68
Paulo nunca questiona os dons que os irmãos possuíam, nada havia de
errado nos dons em si. Mas estavam empregados erroneamente. Essa
é a razão da ênfase dada ao amor no capítulo 13, e a consideração
detalhada de como usar as línguas e a profecia no capítulo 14.

Com essa abordagem, podemos entender que o Espírito Santo


continua ativo nas igrejas ainda hoje mediante aos dons. Mas o seu
propósito nesta carta, era tratar as divisões e as contendas causadas
pela carnalidade e imaturidade dos irmãos. Como crianças em Cristo,
possuindo a mesma falta do Fruto do Espírito que os levou a deixar de
“discernir o corpo” nos seus irmãos na fé, levou-os a exercer os dons do
Espírito sem conhecer a unidade do corpo de Jesus Cristo.

Sobre este assunto, vejamos como o Teólogo Stanley Horton nos auxilia:

“Parece que muitos dos coríntios pensavam que


os dons eram para serem empregados como desejavam.
Outros desejavam um dos dons como se fossem mais
importantes do que os outros. Ainda outros deixaram
de reconhecer a necessidade e a independência de
todos os dons. Outros estavam na direção oposta, e
consideravam desnecessário certo dons” (HORTON,
2020, p. 224).

Isso parece muito estranho para nós, quando pensamos que


aqueles que desfrutavam desses grandes dons eram exemplos de
perfeita santidade e maturidade espiritual. Precisamos sempre lembrar
de que o fruto é algo que cresce, precisa ser encorajado e leva tempo
para se desenvolver. Por isso há uma grande necessidade de crescermos
69
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

diante dos dons que o Espírito Santo nos concedeu.

4.3 Maneiras de Receber os Dons do Espírito

Vejamos biblicamente, algumas formas práticas para o


recebimento dos dons do Espírito Santo: a) Perseverar unânime em
oração e súplicas (At.1:14); b) também está ligada às orações de obreiros
cristãos (imposição de mãos) - (At.8:1 5,17); c) orações em comum na
igreja. (At.4:31 )“Moveu-se o lugar”= algo espiritual e sobrenatural foi sinal
naquele lugar, no dia de Pentecostes; d) derramamento espontâneo em
corações purificados pela fé (At.10:44;15:9); e) o crente pode requerer
diante do trono da graça o cumprimento da promessa de Jesus (Lc.11:13).
Como pecadores, aceitamos a Jesus para salvação e como crentes, o
Espírito Santo para poder e consagração; f) Oração individual. Saulo
orou e jejuou 3 dias para receber (At.9:9-17); g) Obediência: O Espírito
Santo é a pessoa que Deus dá àqueles que lhe obedecem (At.5:32).

4.4 Classificação dos Dons Espirituais (1 Co 12-14)

A ideia central aqui (1Co 12. 7-11), é uma exortação que Paulo
faz a igreja de Corinto, para que a mesma possa conhecer a natureza
comunitária dos Dons Espirituais concedidos pelo próprio Deus. Como
benfeitor, o Deus triúno confere a cada um de seus beneficiários o poder
com o propósito de servir uns aos outros na ávida e intensa busca pela
união que é impulsionada pelo Espírito Santo.  

70
(Principais temas de 1 Coríntios 12. 7-11)

• A diversidade dos dons concedida pelo Espírito Santo, fornece


alicerce para a Maturidade Cristã na Comunidade

• A Sabedoria e o Conhecimento cristãos fluem de um coração


disposto a servir a comunidade de Jesus Cristo

• O Espírito Santo capacita o seu povo para um viver em unidade,


que demonstra o Reino de Deus.

a) Dom da Palavra da Sabedoria

O Dom da Palavra da Sabedoria se baseia no fato de Deus, na


sua presciência, ter perante Si fatos e ocorrências da terra e do céu, do
presente e do futuro, do tempo e da eternidade. Deus é consciente tanto
das coisas que acontecem no presente como das que acontecerão num
futuro distante. Esse conhecimento, inclusive do infinito, é realmente a
expressão da sabedoria de Deus, que por sua vez é comunicada pelo
Espírito Santo a certos servos de Deus, através do Dom da Palavra da
Sabedoria para trazer unidade na igreja.

O dom da sabedoria e do conhecimento traz união e não divisão,


como o tipo de sabedoria/conhecimento que a sociedade coríntia em
geral considerava atraente.

É um fato notório no Antigo Testamento que o Espírito Santo


concedia sabedoria e conhecimento para pessoas servirem as outras e
de reconhecer a vontade de Deus (Êx 35.1; Is 11.2; Dn 1. 4; 5.11-12; Sl
111.10; Pv 9.10) É coerente afirmar que quando o Apóstolo usa a palavra
71
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

Sabedoria, ele tem o objetivo de elucidar a capacitação que Deus nos


dá, através do Espírito Santo, para conduzir outros pelo caminho das
escrituras que nos conduzem ao amor abnegado de Cristo.

Características desse Dom:

Aplicada na arte de interpretar sonhos e dar conselhos sábios.


(At. 7: 10); b) Inteligência para esclarecer o significado de algum número
ou visão misterioso (Ap.13:18;17:9); c) Prudência em tratar de assuntos
(At.6:3); d) Habilidade santa no trato de pessoas fora da Igreja (Cl.
4:5); e) Jeito e discrição em comunicar verdades cristãs (Cl.1:28); f)
Conhecimento e prática para uma vida piedosa e reta (Tg.1:5; 3:13,17).
g) Conhecimento e habilidades necessários para uma defesa eficiente
da causa de Cristo (Lc.21:15); h) Conhecimento prático de coisas
divinas e de deveres humanos, unindo a aplicação bíblica. (Mt.13:54;
Mc.6:2; At.6:10) i) Sabedoria com que João Batista e Jesus ensinavam
aos homens o plano da salvação (Mt.11:19).

Cuidados: Pessoas com esse dom podem falhar; não devem ser o
centro da dependência alheia; tais pessoas precisam ser longânimos
com os que não tem o dom. (Jr.9:23-24; 1Co.2:3-16; 1Co.12:8; Tg.3:13-
18).

b) Palavra da Ciência

Este Dom tem sido definido como sendo a revelação sobrenatural


de algum fato, que existe na mente de Deus, mas que o homem, devido
às suas naturais limitações, não pode conhecer, a não ser que o Espírito
Santo lhe revele.

72
Características

Vejamos algumas características deste dom: a) possuí


conhecimento de Deus tal como é oferecido nos evangelhos (2 Co.2:4;
2Co.10:5); b) conhecimento das coisas que pertencem a Deus (Rm.11:13);
c) inteligência e entendimento para comunicar às escrituras às pessoas
de uma forma extraordinária e clara (Ef. 3:19); d) conhecimento da
Fé Cristã (Rm.15:14; 1Co.1:5); e) conhecimento mais profundo, mais
perfeito e mais amplo da vida cristã e mais avançada.(1Co.12:8; 13:2,8;
2Co.6:6; 8:7; 11:16); f) conhecimento mais elevado das coisas divinas e
cristãs das quais os falsos mestres se gabam. (1Tm.6:20); g) sabedoria
moral como se demonstra numa vida reta (2 Pe.1:5);

h) sabedoria moral nas relações com os demais (1Pe.3:7); i) conhecimento


concernente às coisas divinas e aos deveres e segredos dos seres
humanos. (Rm.2:20; Cl.2:3).

Diferença: Sabedoria x Ciência: A Ciência é o conhecimento profundo


em si e sabedoria é o conhecimento prático (ação).

Cuidados: Pessoas com esse dom, precisa estar alerta para não se
ensoberbecer, lembrar-se sempre de que a mensagem é de Deus e ter
responsabilidade com o conhecimento adquirido. (Mc.2:6-8: Jo.1:45-50;
1Co.12:8).

c) Dom da Fé
O dom da fé habilita o cristão a aceitar como realidade todas as
promessas de Deus e agir na certeza plena de que Deus vai cumprir
a sua Palavra. Esse dom, também tem o objetivo de auxiliar e ativar a
fé da comunidade através da esperança nas boas novas. Uma porção
desta fé divina, que de fato é um dom do Espírito Santo derramado
sobre a alma do homem, pode fazer até mesmo o que é aparentemente
impossível.
73
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

Características

Em Ef.2:8, a fé salvadora é dada como dom, no sentido de favor


imerecido (Graça), diferenciando de obras, diferente de dotação especial
do Espírito Santo (1Co.12:9). Conforme (Mc.11:22) e (Mt.17:20), é
qualidade de fé miraculosa e sobrenatural. Exemplo de aplicação deste
dom: (1 Rs.18:33-35; At.3:4.) São pessoas que vivem uma vida de oração,
pessoas bem otimistas, confiantes, crédulas, positivas, estimulantes dos
outros e esperançosas.

Cuidados: Às pessoas que possuem esse dom, precisam agir de acordo


com a fé, precisam ouvir e considerar os conselhos e planos de outros
aos crentes cheios do Espírito Santo. (Rm.4:18-21; 1Co.12:9; 13:2;
Hb.11:1.).

d) Dons de Curar

No grego, esta expressão encontra-se no plural, para denotar


a multiforme manifestação do Espírito para cura das enfermidades.
Como são diferentes os tipos de enfermidades, é evidente que há um
dom de cura para cada tipo de enfermidade: orgânica, psicossomática
e espiritual.

Antes são dons concedidos a qualquer um que estejam servindo


uma dentre várias situações de ministério em que esse dom específico
é necessário para o poder e governo do reino de Deus. Esses poderes
milagrosos evidentemente incluem curas miraculosas e contra-ataca às
atividades do adversário de Deus.

74
Características:

Suas características são a) usado por Deus para, de maneira


sobrenatural, dar saúde a enfermos por meio da oração. De grande valor
especial ao evangelista para atrair o povo ao evangelho (At.8:6,7; 28:8-
10); b) Deve-se dar lugar à soberania de Deus e à atitude e condição
espiritual do enfermo, não se supondo que todos serão curados, pois
pode haver incredulidade (Mt.13:58). Todos podemos orar por enfermos
(Mc.16:18;Tg.5:14). São pessoas com compaixão, confiança em Deus,
atitude de Oração, cheios de fé, humildes, sensíveis e obedientes.
(Mc.2:6-8; Jo.1:45-50;1Co.12:8).

Cuidados: Às pessoas dotadas deste Dom do Espírito, precisa


guardar seu coração diante de tantas manifestações de cura, pois se o
obreiro ou a obreira não tomarem cuidado, eles começarão a achar que
eles são os produtores destes milagres, então eles estarão a um passo
de sua queda.

e) Dom de Operação de Milagres

Trata-se de um Dom concedido para demonstrar o poder de


Deus na realização de coisas extraordinárias e miraculosas.

Características:

Suas características são: a) falam a verdade de Deus autenticada


por sinais; b) expressam a confiança na fidelidade, capacidade da
75
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

presença de Deus; c) transmitem o ministério e mensagem de Jesus


com poder; d) reconhecem e glorificam a Deus como a fonte de milagre;
e) representam Cristo e induzem pessoas a terem relacionamento com
Deus.

Cuidados: Precisam saber que o milagre veio pela fé; não devem
encarar dom como responsabilidade pessoal porque Deus determina o
local e o tempo da manifestação de suas obras; Devem ter cuidado para
não clamar pela manifestação poderosa de Deus por motivos puramente
pessoais. (Lc.5:1-11; Jo.2:1-11; 1Co.12:10, 28,29).

f) Dom de Profecia

No grego, o termo “Propheteuein” significa, literalmente: “falar


em nome de alguém, em favor de outrem”. O profeta prediz o que Deus
realizará. A profecia é uma manifestação do Espírito de Deus, e não da
mente do homem, e é concedida a cada um, visando a um fim proveitoso.
E o seu propósito é edificar, consolar e exortar, (1 Co 14.3). Vejamos
como o teólogo Preben Vang contribui conosco a respeito deste Dom:

“Nada no texto em si sugere, porém, que


Paulo equipara profecia a algo comparável aos
sermões preparados atualmente, embora, sem dúvida,
possa incluir elementos desse tipo de proclamação da
palavra. Antes, as indicações que ele fornece aludem a
uma capacitação espontânea do Espírito que permite
a seus recipientes proferir palavras que revelam a
presença e a direção de Deus em determinada situação
(14.3,24,25,30,31,37).(VANG, 2018, p. 168)

76
Características:

Algumas características são: a) podem ser mediante revelação,


sonho, visão ou Palavra de Deus, inspirando no momento, para exaltar
e adorar a Cristo, admoestar exortativamente, confortar e encorajar
os crentes; b) Se distingue da pregação comum porque é resultado
da inspiração espiritual espontânea; c) a pessoa que tem esse Dom é
conhecido como profeta (At.15:32; 21:9; 1Co.14:3); d) o propósito do
dom é edificar, exortar e consolar os crentes (1Co.14:3); e) a profecia
não está no mesmo nível das escrituras. Devemos provar e julgar as
mensagens proféticas (1Co.14:29) pode que a mensagem do profeta seja
de autoria meramente humana (Jr.23:16; Ez.13:2,3); f) Em (1 Ts.5:19-
20), trata-se da operação do dom de profecia. Provemos a mensagem,
retenhamos o bem e deixemos o mal; g) Notamos que Deus vivifica a
profecia (1Co.14:14), podendo ser usada na 1ª e 3ª. pessoa do singular
(Lc.1 :67-79).

Cuidados: A pessoas com esse Dom devem transmitir mensagens


com amor e compaixão, sabendo que poderão ser rejeitadas; precisam
evitar o orgulho e ter discernimento, também apoiar-se no Evangelho as
mensagens proféticas. (Rm.12:6; 1Co.12:10, 28; 13:2; 2 Pe.1:19-21).
Profeta no A.T. era ministério e no N.T. é dom de profecia.)

g) Discernimento de Espíritos

Discernir significa: ver claramente, ou julgar através de. Se o


dom é do Espírito, então a sua manifestação é Sobrenatural. Trata-se de
77
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

um modo especial para se perceber o que há no íntimo de uma pessoa. É


capacidade de ver ou sentir, pelo Espírito Santo, o que motiva alguém a
fazer ou dizer algo. O discernimento de espíritos é útil para percebermos
se algumas manifestações espirituais correspondem plenamente aos
princípios divinos.

No Antigo Testamento havia muitas dificuldades em distinguir


entre os verdadeiros e os falsos profetas (Dt 13.1-3; 1Rs 22.21,22; Jr
27.9; Ez 13.3).

Sobre esse dom, Paulo não fala sobre uma capacidade especial para
avaliar de a profecia é verdadeira ou falsa, mas para identificar se quem
fala é capacitado pelo Espírito Santo ou por outros espíritos.

Características:

Suas características são as seguintes: a) capacita o possuidor


determinar se o profeta está falando ou não pelo Espírito de Deus; b)
Faz o possuidor “enxergar” todas as aparências exteriores e conhecer
a verdadeira natureza de uma inspiração; c) Operação do dom de
discernimento pode ser examinada de duas formas: doutrinária (1Jo.4:1-
6) e a prática (Mt.7:15-23); d) o dom capacita alguém a discernir o caráter
espiritual de uma pessoa; e) a operação do dom ilustrada em: Jo:1:47-
50; 2:25; 3:1-3; 2Rs.5:20-26; At. 5:3; 8:23; 16:16-18). São Pessoas
Perceptivas, com discernimento, sensíveis, intuitivas, decisivas,
desafiantes e verdadeiras.

Cuidados: Os que possuem esse dom podem ter dificuldade em saber


como expressar suas percepções e sentimentos; podem ser duras ao
confrontar pessoas em vez de falar de amor; Precisam confirmar suas
percepções antes de comunicá-las. (Mt.16:21-23; At.5:1-4; 1Co.12:10).
78
h) Dom de Línguas

Existe uma diferença entre “sinal” e “dom” de línguas. O “sinal”


refere-se à experiência que evidencia o batismo com o Espírito Santo.
O “dom” possui um caráter congregacional, porque fala a todos, para
edificação da Igreja, (1 Co 14.3, 12,28).

É provável que o interesse por falar em línguas pelos cristãos


do passado e até mesmo de hoje, tenha como origem a percepção de
que elas evidenciam o Espírito Santo (14.12). Preben Van nos diz: “Ser
capaz de falar em língua que não gera comunicação com outros seres
humanos ao mesmo tempo em que, aparentemente, gera comunicação
com Deus traz consigo um senso de manifestação da presença divina
(1 Co 14.2)”

Características: Duas classes:

1. Louvor em êxtase dirigido à Deus somente (1Co.14:2);

2. Mensagem definida para a Igreja (1 Co.14:5).

Cuidados: As pessoas com esse Dom, devem permanecer caladas na


igreja ou falando baixo, se não houver interpretação; Não devem esperar
que outros manifestem este dom como autenticação do Espírito; Devem
lembrar que todos os dons são para edificação da Igreja e não para o
engrandecimento de si próprio. (At.2:1-11; 1Co.12:10; 28-30; 13:1; 14:1-
39; Mc.16:17).

79
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

i) Dom de Interpretação de Línguas

O dom de interpretação de línguas é o único dos nove dons


espirituais, cuja existência ou função, depende de outro dom – de línguas.

Consequentemente, não havendo o dom de línguas, não pode


haver a interpretação de línguas. E a sua finalidade é interpretar os
pensamentos de Deus, transmitidos em “línguas desconhecidas”. É um
dom de caráter congregacional.

O objetivo de Paulo ao escrever sobre esse Dom é para lembrar


os coríntios, de que, quando o Espírito de Deus conceder a uma pessoa
o dom de falar em línguas, o mesmo Espírito irá capacitar e conceder a
outra pessoa interpretá-lo e tornar a mensagem inteligível a igreja, com
o objetivo da edificação da comunidade.  

Características:

Algumas características são: a) uma operação puramente


espiritual, não provendo do intelecto; b) A interpretação é inspirada,
extática (êxtase consciente) e espontânea.

Cuidados: Devem lembrar que a mensagem interpretada deve refletir


somente a vontade de Deus, este dom deve promover a edificação da
Igreja e deve acontecer de forma ordenada. (1Co.12:10; 14:5; 14:26-28).

Tome nota: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas as coisas,


repartindo particularmente a cada um como quer” (1Co 12.11)

80
4.5 BATISMO E O FRUTO DO ESPÍRITO SANTO

“Todos os cristãos devem ser cheios do Espírito. Qualquer coisa


menos que isso é só parte do plano de Deus para nossa vida.”
- Billy Graham

Ser batizado pelo Espírito Santo é viver uma vida cristã autêntica,
e vida autêntica, significa uma vida imersa no Espírito Santo. Todos os
cristãos concordam plenamente com essa verdade. Seria impossível
falar sobre ser um cristão sem falar sobre viver e crescer no Espírito
Santo. Sendo assim, compreendemos que todos possuem uma
experiência pessoal e profunda com o Espírito. Para um cristão a vida
se dá com um novo nascimento, e o novo nascimento é um nascimento
no Espírito Santo, conforme vemos registrado em João 3. Essa nova
vida é promovida pelo Espírito, pois, ele não apenas nos faz nascer de
novo, mas também, vem habitar dentro de cada um de nós.

Com esse habitar do Espírito em nós, somos batizados pelo


Espírito para cumprir alguns propósitos que ele nos direciona a cumprir.
O Batismo no Espírito Santo é um ato de Deus, pelo qual o
Espírito vem sobre e dentro do crente e o enche plenamente. É a vinda
do Espírito Santo, para encher e apoderar-se dos filhos de Deus, como
propriedade exclusivamente Sua.
O Espírito outorga os seus variados ministérios de acordo com
a sua vontade soberana, dando ao crente poder para testemunhar de
Cristo e por Cristo, na proclamação do seu evangelho. Para isto, a
pessoa é dotada pelo Espírito de sólidas convicções e de lábios ungidos,
(At 1.8; 2.4; 8.5-8; 13.7).

4.5.1 A promessa da Bênção do Batismo

Vejamos uma contribuição relevante do Teólogo John Stott a


respeito desse assunto:
81
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

“O Espírito Santo é Deus e, portanto, eterno.


Também não quer dizer que ele estava inativo
antes. No tempo do Antigo Testamento, ele estava
incessantemente ativo - na criação e na preservação
do universo, na providência e na revelação, na
regeneração de crentes e na capacitação de pessoas
especiais para tarefas especiais. Mesmo assim, alguns
profetas predisseram que nos dias do Messias, Deus
concederia uma difusão liberal do Espírito Santo, nova
e diferente, bem como acessível a todos (como vemos)”
(STOTT, 2007, p.25).

O profeta Isaías profetizou sobre o tempo do derramamento pleno


do Espírito (Is 32.15). Vemos também essa promessa com o profeta Joel
(Jl 2.28).
João Batista, o último da linhagem profética antiga, resumiu esta
expectativa nas seguintes palavras: “Eu vos batizo com água; ele, porém,
vos batizará com o Espírito Santo” (Mc 1.8).
Vemos essa promessa ser realizada em Atos 2, quando todos que
perseveraram unânimes, receberam a plenitude do Batismo pelo Santo
Espírito.
4.5.2 Qual é a natureza deste Batismo?  
       
Várias palavras e expressões são usadas na Bíblia para simbolizar
e descrever a vinda do Espírito Santo aos crentes, e seu ministério
através destes. Algumas dessas expressões são:

a) Derramamento (Ez 39.29)

         Designa a vinda do Espírito Santo à vida do cristão. O sentido


original da palavra se refere à comunicação de alguma coisa vinda do
céu, com grande abundância: “Até que se derrame sobre nós o espírito lá do
alto; então o deserto se tornará em campo fértil, e o campo fértil será reputado
por um bosque” (Isaías 32.15; Mt 3.11; Lc 3.16)

82
b) Batismo (At 1.5)

         O recebimento do Espírito Santo é figurado como batismo: uma


total, gloriosa e sobrenatural imersão do Divino Espírito Santo, o que
revela a maneira gloriosa como o Espírito Santo se envolve com o
crente, enche e penetra a alma do crente. Assim todo o nosso ser se
torna saturado e dominado com a presença refrigeradora de Deus, pelo
seu Espírito Santo. Vejamos alguns versos que elucidam esta verdade:
(At 4.31; 19.6; 1Co 12.13; Gl 3.27; Ef 4.5).

c)Enchimento (Ef 5.18)

“Todos os cristãos devem ser cheios do Espírito. Qualquer coisa


menos que isso é só parte do plano de Deus para nossa vida.” (Billy
Graham)
            Quando o Espírito veio sobre os discípulos no cenáculo, foram
cheios do Espírito (At 2). Evidenciaram estar cheios, a ponto de parecerem
estar “embriagados”. At 2.13. Esse enchimento não se deu em gotas.
No Pentecostes, a plenitude do Espírito os encheu inteiramente, de tal
modo que andavam de uma lado para outro, anunciando as boas novas
aos povos (Rm 15.3; 5.5).

4.6 Definição do Fruto do Espírito

Uma simples leitura sobre a graça cristã, enche os nossos


corações de desejo e anseio por obtê-los, porque elas refletem a imagem
de Jesus Cristo. Não existe nenhum homem ou mulher que apresentou
essas qualidades com tal equilíbrio ou perfeição. Mas o Espírito Santo
está sempre apto para implantar em nós, essas graças.

Numa análise do fruto do Espírito, apontando o amor como o


aspecto exaltado do mesmo fruto, escreve o Dr. Boyd:
83
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

“Gozo é o amor obedecendo”. Paz é o amor


repousando, Longanimidade é amor sofrendo.
Benignidade é amor mostrando compaixão. Bondade
é o amor agindo. Fé é o amor confiando. Mansidão é o
amor suportando. Temperança é o amor controlando”.

Podemos dividir as evidências do fruto do Espírito em três partes:


Primeiro vem o nosso relacionamento com Deus: “Amor, Alegria e Paz.
Depois podemos ver o nosso relacionamento com as outras pessoas:
Paciência, Ternura e Bondade. E por fim, o nosso relacionamento
conosco mesmo: Fidelidade, Mansidão e Domínio próprio”.

Vejamos como o Teólogo John Stott contribui conosco sobre as


evidências do Espírito:
“O Espírito Coloca o amor de Deus em nossos
corações, a alegria dele em nossa alma e a paz divina
em nossa mente. Amor alegria e paz permeia um
cristão cheio do Espírito Santo. Na verdade, podemos
dizer que estas são suas características principais e
permanentes. Tudo que ele Faz é concebido com amor,
iniciado com alegria e executado com paz”.

A paciência que suporta grosseria e insensibilidade


dos outros e se recusa a vingar-se; a gentileza que vai
além da tolerância negativa de não desejar o mal para
ninguém, passando para a benevolência de desejar o
bem a todos; e a bondade que transforma o desejo em
atos, e toma a iniciativa de servir as pessoas de maneira
concreta e construtiva. Não é difícil ter “paciência,
ternura e bondade” como três degraus ascendentes em
nossa atitude para com os outros.

A fidelidade aprovada e a dignidade solidificada de


alguém é que sempre cumpre suas promessas e
termina o que começa. A mansidão não é uma qualidade
de pessoas meigas e fracas, mas de pessoas fortes
84
e dinâmicas, que mantêm sua força e energia sob
controle. Domínio próprio é o senhorio sobre a sua
língua, seus pensamentos, apetites e paixões”.(STOTT,
2007, p.80).

85
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

CONCLUSÃO

O Espírito Santo é o Deus que habita em nós. É a realidade


da presença de Deus. É Ele quem aplica a obra feita por Jesus aos
corações dos homens.
O estudo sobre a Pessoa do Espírito Santo é um dos mais
importantes em toda a Teologia. Há grande necessidade de o crente
estudar bem o que ensina a Bíblia sobre o Espírito Santo e o seu trabalho.
Estas preciosas lições, que estudamos neste material, sempre
serão de máxima importância para o crescimento espiritual de cada aluno.
Enfatizamos que o principal do aprendizado sobre o Espírito Santo, não
seja apenas teórico, mas prático, ou seja, manter um relacionamento
diário e constante com Ele. Portanto, vivamos uma vida de estreita
comunhão com Ele, para sermos merecedores das bênçãos celestiais e
da gloriosa salvação em Jesus Cristo.

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BIBLIOGRAFIA

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de


Janeiro: CPAD. 2019

HORTON, Stanley. O Espírito Santo na Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD. 2020

ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD,


1996.
               
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Imprensa Batista
Regular, 1971.

FILHO, Tácito da Gama Leite. O Homem Em Três Tempos. Rio de Janeiro:


CPAD, 1983.

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Edições Vida Nova,


1999.
  
HALLEY, Henry H. Manual Bíblico de Halley. São Paulo: Vida, 1989.

LANGSTON, A. B. Esboço de Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: JUERP,


1991.

OLIVEIRA, Raimundo de. As Grandes Doutrinas da Bíblia. Rio de Janeiro:


CPAD, 1987.

SHEDD, Russel P. Bíblia de Estudos. São Paulo: Vida Nova, 1995.

STOTT, John: Batismo e Plenitude do Espírito Santo. São Paulo: Vida Nova:
2007

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