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medidor de pH). O uso do ácido fosfórico deve fabricantes de gotejadores recomendam filtros
ser evitado, pois possui baixo poder entre 75 e 150 µm (200 e 100 mesh,
acidificante, pode formar precipitados na respectivamente). Alguns tipos de gotejadores
presença de cálcio e pode conter quantidades toleram partículas de até 600 µm (20 mesh).
expressivas de ferro solúvel.
Partículas de silte (2 a 50 µm) e de argila « 2
Outra medida preventiva que pode ser adotada µm) não provocam, via de regra, problemas de
quando as concentrações de ferro, manganês e entupimento de gotejadores de fluxo turbulento,
sulfetos na água de irrigação estiverem acima dos pois fluem facilmente pelas passagens de água.
limites mínimos aceitáveis (Tabela 1) é a cloração Todavia, águas barrentas podem provocar
da água, mantendo-se cerca de 1 mg/L de cloro obstrução gradativa em alguns tipos de
residual livre. Neste caso, os precipitados gotejadores, devendo ser evitadas. Neste caso,
resultantes da oxidação devem ser filtrados antes a água deve ser submetida a um processo de
de adentrarem o sistema de irrigação. sedimentação ou de floculação antes
de ser utilizada.
O processo mais eficiente para a remoção de
ferro da água de irrigação é o da aeração seguido Os filtros de disco e de tela são indicados para
de filtragem ou decantação. Antes que adentre o eliminar praticamente quaisquer tipos de sólidos
tanque de decantação, a água é submetida a suspensos, mas são facilmente obstruídos por
uma completa aeração para oxidar o ferro à materiais orgânicos. Os filtros de areia retêm
forma insolúvel. A incorporação de oxigênio à grandes quantidades de sólidos suspensos e de
água pode ser realizada aspergindo a água ou materiais orgânicos antes de serem obstruídos.
fazendo com que a água passe sobre uma série Apesar de reterem partículas menores que 100
de defletores. µm (depende do diâmetro do elemento filtrante),
os filtros de areia devem ser seguidos por um
A obstrução parcial de gotejadores porpreci- filtro secundário de tela ou discos para evitar que
pitados químicos pode ser muitas vezes revertida partículas de areia do próprio filtro entrem no
injetando-se ácido durante 30 a 60 min no sistema (Fig. 2).
sistema, numa concentração que reduza o pH da
água para 4,0. Problemas mais sérios de
entupimento podem, em alguns casos, ser
minimizados reduzindo-se o pH da água para 2,0.
Após a aplicação do ácido, deve-se irrigar em
excesso e com a pressão mais elevada possível
para a limpeza final
das tubulações e gotejadores.
Aspectos Físicos
As partículas inorgânicas suspensas e os
materiais orgânicos presentes na água podem
causar a obstrução dos gotejadores. O problema
pode ser eliminado filtrando-se a água e lavando-
se a linha de gotejadores periodicamente. O uso
de válvulas de final de linha, em cada lateral,
possibilita que a lavagem seja automática. A Fig. 2. Conjunto de filtros de areia e de disco, com
maioria dos sistema de retrolavagem automática.
8 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
Partículas de maior diâmetro e densidade, como 10 e 20 mg/L, se injetado de uma a duas vezes
areia grossa, são eliminadas por filtros do tipo por semana durante os últimos 30 minutos da
ciclone, centrífugos ou tanques de sedimentação. irrigação. Problemas graves de obstrução podem
Problemas com detritos vegetais (folhas, galhos ser minimizados realizandose uma supercloração
etc.) podem ser reduzidos com o uso de telas na (100 a 500 mg/L) e deixando-se a solução por 24
captação de água. horas dentro da tubulação. Para maior eficiência,
o cloro deve ser usado em água com pH entre 5,5
o uso de água com quantidade excessiva de
e 6,5. O hipoclorito de sódio ou de cálcio, o gás
materiais em suspensão requer a lavagem
cloro e o ácido hipocloroso são as principais
freqüente do elemento filtrante para não provocar
fontes.
perdas excessivas na pressão do sistema.
Nesses casos, os filtros com retrolavagem
automática são recomendados. Necessidade de Água das Plantas
Aspectos Biológicos
O desenvolvimento de algas e bactérias, A quantidade de água necessária
inclusive dentro da tubulação, pode causar para a irrigação do tomateiro varia de 350 a 500
problemas de obstrução de gotejadores. A mm, dependendo das condições climáticas, da
proliferação de algas é estimulada pela presença cultivar e do sistema de irrigação. O uso diário de
de nutrientes aplicados pela fertirrigação. Vários água, chamado de evapotranspiração da cultura e
gêneros de bactérias, por outro lado, quando na expresso em mm/dia, engloba a lâmina de água
presença de substâncias como sulfetos, ferro, transpirada pelas plantas e a água evaporada do
manganês e argila, produzem mucilagem (Iodo) solo.
que podem obstruir os gotejadores. Ativo
O tomateiro apresenta quatro estádios distintos de
desenvolvimento de bactérias pode ocorrer
desenvolvimento com relação às necessidades
mesmo quando a concentração de ferro,
hídricas: inicial, vegetativo, frutificação e
manganês ou sulfetos na água é baixa (0,2
maturação. A duração de cada estádio depende,
mg/L).
principalmente, da cultivar e das condições
A cloração é o tratamento mais indicado para o edafoclimáticas predominantes. Informações
controle de algas e bactérias; todavia, é caro e sobre turno de rega, coeficiente de cultura, tensão
requer manejo cuidadoso. O cloro residual livre no crítica de água no solo e profundidade efetiva do
final da linha de gotejadores deve ser entre 0,5 e sistema radicular das plantas nos diferentes
2,0 mg/L, se injetado de forma contínua durante a estádios de desenvolvimento são apresentadas na
irrigação, ou entre Tabela 2.
Estádio de Maturação
Estádio Vegetativo É o período entre o início da maturação de frutos e
O estádio vegetativo compreende o período entre a colheita. Neste estádio há uma sensível redução
o estabelecimento inicial das plantas e o início da do uso de água pelas plantas (20% a 30%).
frutificação. É o estádio menos crítico do Irrigações em excesso prejudicam a qualidade de
tomateiro quanto ao déficit hídrico. A deficiência fruto, aumentando a incidência de apodrecimento
moderada de água favorece o desenvolvimento de frutos, prejudicando a coloração, reduzindo o
do sistema radicular, permitindo maior eficiência teor de sólidos solúveis totais, a acidez e sua
na absorção de água e nutrientes pelas raízes. conservação na planta.
manejada de forma adequada e em solo com boa de serem utilizados e não requerem o uso de
drenagem, produz frutos com maior teor de equipamentos; porém, apresentam menor
sólidos solúveis e produtividade próxima precisão que os métodos do balanço hídrico e o
da potencial. da tensão.
Para uniformizar a maturação e aumentar o teor A seguir são apresentados dois métodos, com
de sólidos solúveis dos frutos, as irrigações diferentes graus de precisão, para o manejo da
devem ser realizadas adotando-se um turno de irrigação por gotejamento na cultura do tomateiro.
rega maior que no estádio anterior e paralisadas Do ponto de vista do produtor, é altamente
vários dias antes da colheita. Para solos de desejável a possibilidade de antever as datas das
cerrado, maior rendimento de polpa é obtido irrigações, visto ser possível programar as
quando as irrigações são realizadas a cada 4 a 6 práticas culturais e as necessidades de trabalho.
dias, a partir do início da maturação dos frutos, e Assim, os dois métodos apresentados utilizam
paralisadas com 40% a 50% de frutos maduros turnos de rega fixo em cada estádio de
(cerca de 2 semanas antes da colheita). Por outro desenvolvimento da cultura.
lado, máxima produção de frutos pode ser
atingida irrigando-se a cada 1 a 3 dias até 80% a
Método do Turno de Rega Simplificado
90% de frutos maduros (cerca de 1 semana antes
O cultivo do tomateiro na região do Cerrado é
da colheita) .
realizado principalmente na época em que a
A suspensão brusca das irrigações em períodos ocorrência de chuvas é pouco significativa. Sob
de alta radiação solar pode provocar, em algumas tais condições, a variabilidade da
cultivares, problemas de escaldadura de frutos, evapotranspiração de ano para ano é menor que
especialmente se as irrigações nas duas semanas na estação chuvosa, o que torna viável manejar a
anteriores à suspensão forem realizadas em irrigação a partir de dados climáticos históricos.
regime de alta freqüência e em quantidades
excessivas. O método, que não requer a utilização de
equipamentQs para o manejo da água, permite
Manejo da Água de Irrigação estimar o turno de rega e o tempo de irrigação,
para cada estádio de desenvolvimento do
tomateiro, conforme as condições climáticas
o manejo da água de irrigação engloba uma série
médias da região (temperatura e umidade relativa
de procedimentos para responder quando e
do ar), o tipo de solo a ser cultivado, a
quanto irrigar. Vários são os métodos para o
profundidade efetiva do sistema radicular da
manejo da irrigação. Os métodos do balanço
cultura e as características do sistema de
hídrico e o da tensão da água do solo baseiam-se
irrigação.
na avaliação, em tempo real, de parâmetros
O procedimento para a utilização do método é
relacionados à planta, ao solo e ao clima, e
apresentado passo a passo a seguir:
permitem um controle preciso da irrigação.
Requerem, todavia, equipamentos para medição
Passo 1: Determinar, pela Tabela 3, a eva-
da umidade do solo (tensiômetros, sensores
potranspiração de referência (ETo) confor
capacitivos, blocos de resistência elétrica etc.)
me os dados históricos médios de temperatura e
e/ou da evapotranspiração (tanque Classe A,
umidade relativa do ar disponíveis na região.
termômetros, higrômetros, radiômetros etc.).
Estes dados podem, muitas vezes, ser obtidos
Métodos baseados em dados históricos de
nos escritórios locais de extensão rural ou
evapotranspiração são fáceis
prefeituras.
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 11
Obs: Valores de Eto nos intervalos de umidade relativa e temperatura apresentados podem ser obtidos por interpolação linear.
Fonte: Valores obtidos a partir da equação de Ivanov (Maroulli et al., 2001)
Passo 2: Determinar, pela Tabela 2, o coeficiente pendicularmente à linha de plantio permite uma
de cultura (Kc) para cada estádio de avaliação visual da profundidade.
desenvolvimento das plantas.
Passo 5: Determinar o tipo de solo.
Passo 3: Determinar a evapotranspiração da
cultura (ETc) para cada estádio de Para fins de manejo é necessário conhecer a
desenvolvimento: capacidade de armazenamento de água do solo
para, em função da evapotranspiração da cultura,
ET c = Kc x ET o (equação 1) determinar o intervalo entre irrigações em cada
estádio de desenvolvimento das plantas.
em que:
ETc = evapotranspiração da cultura (mm/dia); Para o uso do presente método, a caracterização
Kc = coeficiente de cultura (adimensional); do solo é feita com base na textura e estrutura.
ET o = evapotranspiração de referência (mm/dia). Muitas vezes o produtor já dispõe da análise da
textura do solo a ser irrigado, sendo uma
Passo 4: Determinar a profundidade efetiva do informação freqüentemente requerida por bancos
sistema radicular (Z) para cada estádio da cultura para a liberação de financiamentos agrícolas. A
partir da classe textural, fornecida pela análise,
Para esta determinação, não se deve considerar deve-se utilizar o seguinte critério:
todo o perfil do solo explorado pelas raízes, mas
apenas a profundidade efetiva, que corresponde à • Solo tipo I: solos de textura grossa
camada onde se encontram cerca de 80% das (areia, areia franca, franco arenoso).
raízes. Na Tabela 2 são apresentadas sugestões
• ·Solo tipo II: solos de textura média (franco,
de profundidades médias nos diferentes estádios
franco siltoso, franco argiloarenoso, silte) e os
do tomateiro.
de cerrado (exceto os de textura grossa).
Entretanto, diversos fatores, tais como textura de • Solo tipo III: solos de textura fina (franco
solo, fertilidade, práticas culturais, solos rasos, argilo-siltoso, franco argiloso, argila arenosa,
irrigações muito freqüentes e horizontes de solo argila siltosa, argila, muito argiloso), exceto os
fortemente diferenciados, podem afetar o de cerrado.
desenvolvimento das raízes. Para uma melhor
estimativa da profundidade efetiva, é aconselhável Há casos em que a estrutura do solo é tão ou
avaliar o sistema radicular no próprio local de mais importante que a textura. Por exemplo, os
cultivo. A abertura de uma trincheira per - solos de cerrado, com altos teores de argila
12 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
Exemplo 1: Determinar a freqüência e o tempo de Passo 6: Pela Tabela 4, para ETc = 5,2 mm/dia,
irrigação para a seguinte condição. Z = 30 cm, solo tipo II e estádio de frutifica -
• Local: Brasília/DF; ção, o turno de rega recomendado no mês de
• Classe textura I do solo: argila julho é de TR = 1 dia.
(cerrado) ;
Passo 7: Para o presente exemplo, considerar
• Mês: julho;
uma uniformidade de emissão de Ue = 0,85 (fita
• Temperatura média do ar: 20°C;
gotejadora). Para solo do tipo II , a eficiência
• Umidade relativa média do ar: 55%;
associada as perdas por percolação profunda não
• Estádio: frutificação (início);
controlável é de Es = 0,95.
• Área irrigada por vez: 2 ha;
• Espaçamento entre linhas de gotejado Passo 8: Para ETc = 5,2 mm/dia, TR = 1 dia, Ue =
res: 1,2 m; 0,85 e Es = 0,95, tem-se que a lâmina total
• Espaçamento entre gotejadores: 0,20 m; . necessária é de:
Vazão do gotejador: 1,1 L/h.
L TN -5,2 mm / dia x 1 dia = 6,4mm
0,85 x 0,95
Passo 1: Pela Tabela 3, para a temperatura de
20°C e umidade relativa de 55%, obtém-se ETo = Passo 9: O volume total de água necessário por
5,5 mm/dia. irrigação para aplicar uma lâmina de L TN
= 6,4 mm em uma área de Ai = 2 ha é de:
Passo 2: Pela Tabela 2, para o estádio de
frutificação, tem-se Kc = 0,95.
Vt = 10 x 6,4 mm x 2ha = 128 m3
Tabela 5. Coeficiente Kp para o tanque Classe A conforme a bordadura, umidade relativa do ar e velocidade do
vento.
*R: posição do tanque - menor distância do tanque ao limite da bordadura (grama ou solo nu).
16 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
Fig. 4. Curva de coeficiente de cultura (Kc) para tomateiro para processamento irrigado por gotejamento superficial.
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 17
Tabela 6. Teores médios de nutrientes e solubilidade em água a 20°C dos principais fertilizantes utilizados
para fertirrigação.
A forma nítrica é a que apresenta maior cloreto indicado para fertirrigação apresenta
susceptibilidade à lixiviação, por permanecer coloração branca.
totalmente livre na solução do solo. Já o
nitrogênio amoniacal é retido pelas cargas O sulfato de potássio é uma fonte de custo
negativas das partículas de argila e matéria ligeiramente menor que o nitrato de potássio.
orgânica, estando pouco sujeito à lixiviação. A Apresenta, porém, menor solubilidade que o
uréia apresenta alta mobilidade no solo; todavia, nitrato e o cloreto de potássio. Não deve ser
é transformada rapidamente nos primeiros 5 a 10 aplicado em água rica em cálcio nem misturado
cm do solo para a forma amoniacal. A lixiviação com fertilizantes contendo este elemento, pois
poderá ser significativa após a nitrificação do pode provocar precipitação e entupir os
amônio. gotejadores.
aplicação de fósforo para valores entre 5,0 e enxofre às plantas é realizado usualmente por
6,0, por meio da injeção de ácidos. meio dos fertilizantes carreadores dos
macronutrientes primários, não sendo, via de
Apesar do risco potencial de entupimento de regra, considerado no programa de
gotejadores, da reduzida mobilidade do fósforo no fertirrigação ou adubação convencional.
solo e do maior custo das fontes de fósforo
solúveis, a aplicação de fósforo via água de
irrigação pode ser viável e proporcionar Fertilizantes com Micronutrientes
incrementos significativos de produtividade, Os sulfatos são as fontes solúveis de zinco,
principalmente em solos com teor de fósforo manganês, cobre e ferro de custos mais
abaixo de 20 mg/L. reduzidos para fertirrigação. Todavia, são pouco
eficientes quando aplicados via irrigação, por
Fertilizantes com Cálcio, Magnésio e serem retidos na camada superficial do solo.
Enxofre
O suprimento de cálcio e magnésio às plantas é,
As fontes mais eficientes de cobre, ferro e zinco
normalmente, realizado por meio da calagem,
via irrigação são as formas quelatizadas. Os
com a aplicação de calcário dolomítico ou
quelatos movem-se no perfil do solo, juntamente
calcítico, ou por ocasião do plantio, usando
com a água, disponibilizando os micronutrientes
fertilizantes contendo tais elementos.
às raízes. O alto custo é a principal desvantagem
O cálcio é absorvido em grandes quantidades pelo para o uso das formas quelatizadas para
tomateiro (70 a 140 kg/ha), sendo responsável fertirrigação.
pelo bom desenvolvimento radicular e
O bórax e o ácido bórico são as fontes de
fortalecimento da parede celular. A fertirrigação
boro mais comuns. O bórax apresenta baixa
com cálcio a partir do florescimento elimina a
solubilidade a frio, o que Limita a utilização. De
ocorrência de podridão apical e a necessidade de
um modo geral, a maneira mais prática e
pulverizações foliares de cálcio. As fontes mais
econômica de fornecer micronutrientes às
comuns são o nitrato e o cloreto de cálcio, sendo
plantas é via adubação de plantio ou foliar.
o cio reto a fonte de mais baixo custo. A aplicação
de cálcio, no entanto, pode acarretar problemas
Compatibilidade de Fertilizantes
de entupimento de gotejadores, não devendo ser
Para evitar problemas de precipitação e de
realizada no mesmo dia da aplicação de qualquer
entupimento de gotejadores, recomenda-se
fonte de sulfato, nitrato ou fósforo.
avaliar a compatibilidade dos fertilizantes entre si
e com a água a ser utilizada. Um teste simples
Aplicações de magnésio via irrigação não pode ser feito misturando o(s) fertilizante(s) a
implicam, em geral, ganhos de produtividade, ser(em) injetado(s) com a água de irrigação em
além do risco potencial de formar compostos um recipiente, na mesma taxa de diluição a ser
insolúveis e causar a obstrução de filtros e utilizada. Deve-se agitar a solução por alguns
gotejadores. Caso necessário, pode ser utilizado o minutos e observar, por cerca de uma hora, a
sulfato ou o nitrato de magnésio. ocorrência de precipitados e a turbidez da
solução. Se a solução permanecer clara e
transparente, será provavelmente seguro injetar
O enxofre apresenta alta mobilidade no solo,
os fertilizantes testados no sistema de irrigação.
existindo várias fontes solúveis para fertirrigação,
como o sulfato de amônio e o de potássio. Algumas regras básicas de compatibilidade a
Todavia, o fornecimento de serem observadas durante a mistura e a
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 21
Tabela 7. Sugestão de adubação de fósforo e potássio, para solos de cerrado, segundo o nível de disponibilidade
dos nutrientes no solo, para uma produtividade esperada do tomateiro de 85 t/ha.
* Método de Mehlich.
Obs.: mg/L = 1 ppm.
Fonte: Adaptado de Fontes (2000).
22 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
1 % de nutriente a ser aplicada em cada fase da cultura em relação à quantidade total recomendada. 2 Aplicar
todo o fósforo em pré-plantio caso a análise de solo indicar P > 20 mg/dm3.
3 % em relação ao total a ser aplicada via fertirrigação.
4 Aplicar a quantidade necessária para que a saturação de bases atinja 70%.
Fonte: Adaptádo de Marouelli et aI. (2001).
Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 23
mente. Em solos de textura grossa, duas vezes nal, mas nunca no mesmo dia para não
por semana. A freqüência da fertirrigação para provocar problemas de precipitação na
fósforo e cálcio pode ser sema tubulação.
Tabela 9. Quantidade de nitrogênio, potássio, fósforo e cálcio, em kg/ha/semana, a ser aplicada via fertirrigação,
ao longo do ciclo de desenvolvimento do tomateiro, referente à solução do exemplo 2.
nóstico, deve-se levar em consideração aspectos ções e a necrose foliar. A clorose uniforme tem
como: distribuição dos sintomas na área; estado sido considerada como o sintoma mais evidente
fisiológico da planta; posicionamento dos da deficiência de nitrogênio. Na Tabela 10 e na
sintomas na planta; localização dos sintomas nas Fig. 6 apresentam-se as características dos
folhas; e simetria do aparecimento de sintomas de principais sintomas visíveis de deficiência de
deficiência mineral na planta. Os sintomas de macronutrientes em plantas de tomateiro.
deficiência de elementos muito móveis nas
plantas, como o nitrogênio, fósforo, potássio e
magnésio, por exemplo, aparecem primeiro nas
folhas mais velhas. Outros métodos indiretos
Existem vários outros métodos indiretos para a
avaliação de distúrbios nutricionais em plantas,
O método visual, por ser realizado no campo,
que incluem, por exemplo, a medição da
sem o uso de equipamentos, é muito rápido.
atividade enzimática em determinado tecido, do
Existem, entretanto, desvantagens ou
teor de clorofila nas folhas, da reflectância de
dificuldades associadas à utilização do mesmo.
certos comprimentos de ondas pelas folhas e a
As principais estão relacionadas às interações
avaliação de características morfológicas e
antagônicas por um lado e sinergísticas por outro,
fisiológicas das plantas. Geralmente
entre os elementos no solo e na planta, além de
requerem equipamentos sofisticados e caros
interferências e interações de diversos fatores
e/ou procedimentos trabalhosos.
ambientais e genotípicos. Tudo isso faz com que
seja perdida a especificidade dos sintomas,
dificultando o diagnóstico.
Método da análise química ou foliar
O método da análise foliar é um procedimento
Os sintomas de deficiência mais encontrados nas laboratorial para a determinação das
folhas, seja em todo o limbo foliar seja entre as concentrações de macro e micronutrientes
nervuras, são a clorose, que é um existentes na planta. Desta forma, há a
amarelecimento das folhas, as deforma necessidade de coletar
amostras de material para análise em laboratório. Pode ser uma valiosa ferramenta para monitorar o
A estratégia de amostragem inclui cuidados e programa de fertirrigação e para diagnosticar
procedimentos específicos para cada cultura. As suspeitas de deficiência de nutrientes em tempo
amostras devem ser coletadas em pelo menos 30 real. Níveis adequados de nitrato e potássio na
plantas por hectare, de forma aleatória, sempre seiva de pecíolos de tomateiro são apresentados
retirando-se a quarta folha (e respectivo pecíolo), na Tabela 12.
a partir do ápice da planta. Os resultados da
análise devem ser comparados a padrões A análise, geralmente de nitrogênio (nitrato) e
existentes de níveis de nutrientes na folha de potássio, é feita com a utilização de kits de
tomateiro (Tabela 11). reagentes comercializados em várias formas,
principalmente fitas de papel que, quando em
contato com a seiva, apresentam uma coloração
Um fator limitante do método é o tempo (1 a 2
de determinada intensidade, a qual é comparada
semanas) que leva entre a amostragem e a
com padrões preestabelecidos. Também estão
obtenção dos resultados de laboratório.
disponíveis no mercado microeletrodos portáteis,
Dependendo do grau de deficiência, prejuízos ao
baseados em princípios potenciométricos.
desempenho da cultura podem ocorrer antes
mesmo dos resultados da análise serem obtidos.
A precisão das avaliações utilizando tais
dispositivos tem sido questionada devido a uma
série de fatores. O principal está relacionado à
Método da análise da seiva falta de calibração específica para determinadas
A análise de nutrientes na seiva, geralmente do
condições, pois os teores de nutrientes na planta
pecíolo ou da folha, tem sido empregada em
são muito influencia dos por fatores ambientais,
algumas culturas pela rapidez e facilidade,
como hora do dia e intervalo entre a última
podendo ser realizada no próprio campo.
irrigação e o momento da avaliação.
28 Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento
neste trabalho, a interpretação dos níveis de tro molhado na superfície do solo (20 a 40
nutrientes na solução do solo será diferente cm para solos de cerrado).
quando o processo de fertilização for outro.
• As linhas de gotejadores devem ser
instaladas na superfície do solo ou para
o nível de suficiência de determinado nutriente
minimizar os danos mecânicos e os
depende, além da cultura, do tipo de solo e da
causados por roedores à tubulação e facilitar
percentagem do volume de solo umedecido pelo
as práticas culturais e a colheita - entre 5 e
sistema de irrigação. Além disso, devido às
10 cm de profundidade. Profundidades
muitas possibilidades de erros que podem ocorrer
superiores a 10 cm apresentam limitações,
no processo de amostragem, principalmente, a
não devendo ser utilizadas em solos de
análise química da solução do solo não deve ser
cerrado.
utilizada como única fonte para tomada de
decisões, mas apenas para indicar tendências.
• principal problema do gotejamento é o
É conveniente observar ainda que nem sempre entupimento dos emissores. Para evitá-Io,
variações de determinado nutriente, como por deve-se instalar um sistema eficiente de
exemplo a redução de nitrato, significa que este filtragem de água, analisar a qualidade da
foi absorvido pela plantas durante o período em água e verificar a compatibilidade dos
consideração. Neste caso, pode ter havido perda fertilizantes a serem aplicados via
por lixiviação, causada por irrigações excessivas, fertirrigação.
chuvas ou por problemas de uniformidade de
distribuição da irrigação. • estádio de frutificação é o mais crítico quanto
à deficiência de água no solo; contudo, o
excesso favorece a ocorrência de doenças e
Síntese das Recomendações o apodrecimento de frutos.
• Em termos gerais, o turno de rega para solos BURT, C.M.; O 'CONOR, K.; RUEHR, T.
de textura média e fina de cerrado varia de 1 Fertigation. San Luis Obispo: Irrigation Training
a 2 dias durante os estádios inicial e de and Research Center: California Polytechnic
frutificação, de 4 a 6 dias durante o State University, 1995. 295p.
vegetativo e de 2 a 4 dias durante o de
maturação. FONTES, P.C.R. Diagnóstico do estado
nutrieional das plantas. Viçosa: UFV, 2001.
• Para uniformizar a maturação e aumentar o 122p.
teor de sólidos solúveis dos frutos, as FONTES, R.R. Solo e nutrição da planta. In:
irrigações devem ser paralisadas vários dias SILVA, J.B.C.; GIORDANO, L.B., (Ed.). Tomate
antes da colheita. Para solos de cerrado, para proeessamento industrial. Brasília: Embrapa
maior rendimento de polpa é obtido quando Comunicação para Transferência de Tecnologia:
as irrigações são suspensas cerca de 2 Embrapa Hortaliças, 2000. p.22-35.
semanas antes da colheita (40% a 50% de
frutos maduros). Máxima produção de frutos GILBERT, R.G.; FORD, H.W. Emitter clogging.
pode ser atingida irrigando-se até cerca de In: NAKAYAMA, F.S.; BUCKS, D.A. (Ed.). Triekle
1 semana antes da colheita (80% a 90% de irrigation for erop produetion: design, operation
frutos maduros). and management. Amsterdam:
Elsevier, 1986. p.142-163. .
• Por razões econômicas e práticas, a
fertirrigação pode ser realizada com HOCHMUTH, G.J.; SMAJSTRLA, A.G. Fertilizer
freqüência semanal. Também não se applieation and management for miero (drip)-
faz necessário o fornecimento de todos irrigated vegetables. Gainesville: University of
os fertilizantes via água. Sugere-se Florida/Cooperative Extension Service/lnstitute of
aplicar na adubação. de plantio: 15% do Food and Agricultural Sciences, 1997. 33p.
nitrogênio e do potássio; 50% a (Circular, 1181).
100% do fósforo; saturar o complexo de troca
do solo para 70%; 100% dos demais macro e KELLER, J.; BLlESNER, R.D.Sprinkler and
micronutrientes. triekle irrigation. New York:VanNostrand
Reinhold, 1990. 652p.
• tomateiro tem ciclo relativamente curto e alta
MAROUELLI, W.A.; SANT'ANA, R. R.; SILVA,
exigência nutricional, o que não permite larga
W.L.C. Performance econômica do tomateiro para
margem para a recuperação de danos
processamento irrigado por gotejamento e pivô
causados por práticas inadequadas de
central, nas condições de cerrados do Brasil
fertilização. Assim, a adubação de plantio e a
Central. In: CONGRESSO NACIONAL DE
fertirrigação devem ser realizadas de forma
IRRIGAÇÃO E DRENAGEM, 12., 2002,
adequada, visando minimizar prejuízos ao
Uberlândia. [Anais...]. Uberlândia: ABID, 2002.
rendimento da cultura.
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Tomateiro para Processamento Industrial: Irrigação e Fertirrigação por Gotejamento 31
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Circular Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê de Presidente: Welington Pereira Secretária-Executiva: Sulamita
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