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Capítulo 1: Formalismo básico

• Identidades de Green:
Definindo um vetor A ~ a partir de duas funções escalares φ e ψ como
~
A = φ∇ψ, usar o teorema da divergência ( V ∇ · Ad3 x = S A
R H
~ · n̂dS), e
chegar à primeira identidade de Green:

Z
2 3
I
∂ψ
[∇φ · ∇ψ + φ∇ ψ]d x = φ dS
V S ∂n

~ como ψ∇φ, e repetir a ideia anterior, gerando


Em seguida, redefinir A
a primeira identidade de Green com a troca de φ ↔ ψ. Subtrair as
duas equações assim geradas e chegar à segunda identidade de Green:

Z
2 2 3
I
∂ψ ∂φ
[φ∇ ψ − ψ∇ φ]d x = [φ − ψ ]dS
V S ∂n ∂n

• Associação com Eletrostática: Fórmula integral


A associação com a eletrostática é feita identificando a função φ com
o potencial eletrostático Φ, para o qual o laplaciano é conhecido - ele
vale −ρ/0 pela equação de Poisson. O potencial no ponto ~x pode ser
extraído do primeiro termo da integral acima se a função ψ tiver um
laplaciano proporcional ao delta de Dirac δ(~x − ~x0 ). Isso funciona para
1
ψ = |~x−~
x0 |
(= 1/R), pois:

1
∇2 ( ) = −4πδ(~x − ~x0 )
|~x − ~x0 |

Com essas identificações, chegar a:

1 Z ρ(~x0 ) 3 0 1 I 1 ∂Φ ∂(1/R)
Φ(~x) = 0
dx + [ 0
−Φ ]dS 0
4π0 V |~x − ~x | 4π S R ∂n ∂n0

Importante perceber que essa é uma fórmula integral e não uma solução,
pois Φ aparece em ambos lados da equação. Para transformá-la em uma
solução, definimos dois tipos de condições de contorno, aquelas para as
quais o problema tem solução única, sendo, portanto, de interesse físico:
Dirichlet: Potencial Φ dado na superfície
Neumann: Derivada normal de Φ, ∂Φ/∂n, dada na superfície
Verifique que, em cada caso, a fórmula integral leva à solução formal
se uma das integrais de superfície for eliminada.
Então, é necessário redefinir ψ para lhe conferir uma flexibilidade e,
com ela, anular termos indesejados da integral de superfície.

• O Problema de Dirichlet: Solução Formal


Para o problema de Dirichlet, redefina ψ como G(~x, ~x0 ) da seguinte
forma:

1
ψ = G(~x, ~x0 ) = + F (~x, ~x0 )
|~x − ~x0 |
∇2 F (~x, ~x0 ) = 0 em V

Perceba que isso não muda o fato essencial de que ∇2 G = −4πδ(~x −~x0 ),
ao mesmo tempo que F pode ser agora usada para o fim desejado.
Mostre que se F for escolhido de forma a fazer G se anular na superfície,
então chega-se a uma solução formal para o problema de Dirichlet:

1 Z 0 0 3 0 1 I ∂G(~x, ~x0 ) 0
Φ(~x) = G(~x, ~x )ρ(~x )d x − Φ(~x0 ) dS
4π0 V 4π S ∂n0

• O Problema de Neumann: Solução Formal


Mostre que, para o problema de Neumann (∂Φ/∂n dada em S), não
podemos ficar livres do termo indesejado na integral de superfície fazendo
simplesmente ∂G/∂n = 0, o que seria o procedimento análogo ao
que foi feito em Dirichlet. Faça isso mostrando que o anulamento de
∂G/∂n é inconsistente com a equação diferencial que define G (∇2 G =
−4πδ(~x −~x0 )). A demonstração passa pela avaliação da integral abaixo,
que tem seu valor fixo pela equação diferencial citada,

Z Z
2 3
∇ Gd x = −4πδ(~x − ~x0 )d3 x = −4π
V V

e que pode ser reescrita usando o teorema da divergência:

2
Z Z I I
∂G
∇2 Gd3 x = ∇ · (∇G)d3 x = ∇G · n̂dS = dS
V V S S ∂n

Mas, usando a equação acima, mostre que uma saída adequada é definir
∂G/∂n como −4π/S (S é área total da superfície que delimita V), pois
isso leva a:

1 Z 1 I ∂Φ
Φ(~x) = G(~x, ~x0 )ρ(~x0 )d3 x0 + G(~x, ~x0 )dS 0 + < Φ >S ,
4π0 V 4π S ∂n0

na qual o último termo representa a média do Φ na superfície S.


Quando a superfície se estende ao infinito, esse termo se anula.

• Exercício
Considere um ponto ~x no centro de um poliedro regular. Dentro do
poliedro não há cargas, e as faces do poliedro são mantidas a potenciais
constantes Vi , i = 1, ..., n. Mostre que o potencial no ponto central ~x
é a média dos potenciais dados nas faces. Faça isso usando a solução
formal da equação de Poisson para a condição de contorno apropriada
ao problema.
Como variação do problema, pense na mesma situação para o ponto
central de uma esfera em cuja superfície o potencial é especificado (não
há cargas dentro da esfera). Mostre que o potencial no centro da esfera
é a média do potencial dado em sua superfície.
Procure associar o resultado acima com o seguinte teorema: a solução
da equação de Laplace não admite máximos ou mínimos locais dentro
do volume de interesse.

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