Histoquímica
Histoquímica
Histoquímica
1
Cirurgião-Dentista Residente do Programa de Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF)
do Núcleo de Hospital Universitário “Maria Aparecida Pedrossian” – UFMS
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Especialista em CTBMF/ Mestre e Doutor em Ciências da Saúde (CTBMF) pela Faculdade de Medicina da UFMS / Professor Adjunto
de CTBMF da FAODO-UFMS/ Coordenador do Programa de Residência em CTBMF do
Núcleo de Hospital Universitário “Maria Aparecida Pedrossian” – UFMS
3
Mestre em Estomatologia/ Professora Estomatologia da FAODO-UFMS
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Mestre e Doutora em Patologia Bucal/ Professor Associada III da Disciplina de Patologia Bucal da FAODO-UFMS
Inúmeros são os métodos de detecção e o significado prognóstico deles para com as patologias bucais, sejam elas benignas ou malignas.
Deste modo, é objetivo revisar a cerca dos vários métodos de coloração histológica, sobretudo o uso da hematoxilina e eosina e a
imunohistoquímica e seu impacto no estadiamento dos pacientes. Para tanto, realizou-se uma revisão de literatura incluindo o tema nas
bases de dados: Pubmed, Cochrane, ISI e Dentistry Oral Science nos últimos 20 anos. É indispensável para o clínico entender as
manifestações e complicações da doença frente à terapia a ser empregada. A observação de métodos diagnósticos é imprescindível para a
instituição de terapêuticas fidedignas e assim um sucesso da terapia.
Palavras chave: Técnicas Histológicas; Microtomia; Coloração e Rotulagem; Imunohistoquímica.
Desta feita, inúmeras são as colorações provisórias. A seguir, serão descritas as etapas de
empregadas para análise patológica dos tecidos bucais, confecção de lâminas histológicas permanentes de
dentre as quais a hematoxilina e eosina (HE) acordo com1.
enquadram-se como as mais utilizadas. Nas células 1 Coleta do material
coradas com HE os ácidos nucléicos presentes no núcleo
Inicialmente se dá a remoção de pequenos
são corados pela hematoxilina, dando ao núcleo tom
fragmentos do tecido/órgão para que possa ser analisada
azul-púrpura. A eosina é atraída pelos elementos básicos
em um microscópio óptico.
da proteína do citoplasma da célula, corando-o de róseo
a vermelho sendo a associação de ambas amplamente 2 Fixação do material
não é miscível em água, a primeira etapa da inclusão fina camada de albumina para facilitar a adesão da peça.
compreende a desidratação, quando ocorre a retirada da Os cortes obtidos podem ser transferidos, inicialmente,
água dos tecidos e a sua substituição por álcool. A para uma estufa onde ficam alguns minutos (não mais
diafanização é a etapa seguinte, com a substituição do que dez minutos) para posteriormente serem colocados
álcool, agora presente nos tecidos, por xilol. Finalmente, em um suporte inclinado. Finalmente, os cortes devem
na impregnação, última etapa, o xilol é substituído por ser depositados em uma estufa a 60º para secagem entre
parafina fundida a 60° em pequenos blocos. Neste uma e 24 horas.
momento a catalogação do bloco é importante para a TÉCNICAS DE COLORAÇÃO DE CORTES
posterior identificação da peça. HISTOLÓGICOS
4 Microtomia A coloração consiste numa etapa essencial para a
Esta fase consiste, em utilizar um micrótomo visualização das estruturas do tecido. Normalmente são
(Figura 1), aparelho formado por uma lâmina de aço, utilizados corantes hidrossolúveis, sendo necessário,
afiada, e um braço ao qual se prende o bloco e que se deste modo, a remoção da parafina da peça que foi
desloca verticalmente para obter cortes sucessivos, preparada nas etapas descritas anteriormente e que
delgados e uniformes, a partir dos blocos de parafina permanece na lâmina de vidro. Uma série de corantes
com as peças incluídas. pode ser utilizada, mas de acordo Gartner, Hiatt7 podem
ser agrupados em três classes distintas:
1. Corantes que diferenciam os componentes ácidos e
básicos das células;
2. Corantes especializados que diferenciam os
componentes fibrosos da matriz extracelular;
3. Sais metálicos que precipitam nos tecidos.
Os corantes mais utilizados nos procedimentos
histológicos são a Hematoxilina e a Eosina (HE). A
Hematoxilina é uma base que cora, preferencialmente,
Figura 1- Fotografia de um micrótomo para cortes em componentes ácidos das células em um tom de azul
12
resina (Retirado de Junqueira, Carneiro )
escuro. Como os componentes ácidos mais abundantes
são o DNA e o RNA, tanto o núcleo, quanto certas
5 Montagem da lâmina histológica partes do citoplasma, se tornam azulados. Esses
As fitas obtidas a partir do micrótomo são componentes são chamados de basófilos.
transferidas para um banho-maria, com o auxílio de uma A Eosina, ao contrário, é um ácido que cora as
pinça, para serem distendidas. A água deve estar entre estruturas básicas da célula de rosa. Estas estruturas são
3° e 8º abaixo do ponto de fusão da parafina utilizada. abundantes no citoplasma e são chamadas de acidófilas7.
Nesta etapa, são retiradas as dobras e evitadas as bolhas Em peça incluída em parafina a retirada da
abaixo da fita. Após a distensão, os cortes são separados mesma se faz necessário. Esta fase é caracterizada por
individualmente ou em grupos, conforme a uma sequência de banhos em xilol, álcool e água,
conveniência, utilizando-se lâminas de vidro inversamente ao procedimento executado na etapa de
previamente limpas com detergente, estocadas em inclusão. Segundo Junqueira, Junqueira3, o
álcool 80% e previamente secas. Antes da utilização das procedimento é o seguinte:
lâminas, é necessário revestir suas superfícies com uma . 1º Banho de xilol ___________________5min
. 2º Banho de xilol ___________________2min observada nas etapas abaixo uma variação muito grande
. 3º Banho de xilol ___________________1min em relação ao tempo que pode ser ajustado durante o
. Álcool 100% ______________________1min procedimento no laboratório. De acordo com Junqueira,
. Álcool 95% _______________________1min Junqueira3, as etapas são:
. Álcool 70% _______________________1min 1. Remover a parafina e hidratar os cortes;
. Água ____________________________2min 2. Corar em hematoxilina entre 5 e 15min;
Após a hidratação, os cortes são corados de 3. Lavar em água corrente por 10min;
acordo com o procedimento mais apropriado para a 4. Corar em eosina entre 1 e 10min;
análise que será realizada posteriormente. Neste 5. Lavar em água e desidratar em álcool 70% rapidamente;
mais utilizado e por ter um resultado final satisfatório d) Montagem Final da Lâmina:
será apresentado. Este processo consiste em depositar uma gota de
TÉCNICA DA HEMATOXILINA-EOSINA (HE)1,12 resina líquida sobre o corte que está aderido à lâmina de
a) Material necessário para a solução de Hematoxilina: vidro e cobri-lo com uma lamínula. Nesta etapa deve-se
O osso é retirado da madeira com xilol e aderido à eletrônicos, os eletromagnetos focalizam um feixe de
superfície da lâmina de vidro. Sobre ele é colocada uma elétrons. A resolução é cerca de mil vezes maior do que
lamínula e fixada com resina1,13. a de um microscópio óptico, podendo ampliar em
A segunda técnica implica na descalcificação do 150.000 vezes a imagem de um objeto.
osso. Este procedimento tem por objetivo retirar o MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE
fosfato de cálcio do tecido ósseo para que possa ser TRANSMISSÃO (MET)
seccionado posteriormente. A descalcificação pode ser
A preparação de amostras de tecido para o MET
feita por meio da imersão em ácidos ou compostos
envolve as mesmas etapas básicas da microscopia
quelantes que são os responsáveis pela remoção dos íons
óptica. Contudo, fixadores especiais (lutaraldeído,
metálicos (entre os quais o cálcio), dos tecidos. Uma das
paraformaldeído, tetróxido de ósmio e permanganato de
fórmulas mais usadas, segundo Junqueira, Junqueira3:
potássio) têm sido desenvolvidos, uma vez que as
. Etileno Diamino Tetra Acetato (EDTA) __ 5,5g
ligações cruzadas entre proteínas devem ser mais finas
. Água ____________________________ 90ml
em função da alta resolução do aparelho além da
. Formol ___________________________ 10ml
inclusão também foi desenvolvida uma resina especial,
Após a fixação, o material é lavado para retirar o
como a resinas epóxi e o bloco resultante não maior do
excesso de fixador e transferido para um
que 1mm3. Os tecidos são corados com metais pesados
descalcificador. Não é recomendado utilizar fragmentos
(urânio ou chumbo) que precipitam nas membranas
maiores do que 3mm de diâmetro. Deve-se usar, no
lipídicas, fazendo com que os elétrons percam parte da
mínimo, 40 vezes o volume do tecido, agitando o frasco
sua energia cinética à medida que interagem com o
várias vezes ao dia e trocando o descalcificador a cada 2
tecido. É feito um registro permanente da imagem
ou 3 dias. Os tecidos descalcificados não devem ser
resultante, através da substituição de um filme sensível
transferidos diretamente ao álcool 70%, e sim, lavados
ao elétron no local da placa fluorescente, com a
em água corrente por algumas horas. Para a confecção
produção de um negativo a partir do qual pode ser
das lâminas histológicas de ossos descalcificados
impressa uma fotomicrografia em preto e branco.
seguem-se as etapas rotineiras citadas anteriormente.
Para a visualização microscópica das lâminas MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA
1. Definição da doença a ser estudada; deve empenhar-se para conseguir os resultados mais
2. Levantamento bibliográfico a respeito das fiéis para cada anticorpo e material empregado.
proteínas mais frequentemente envolvidas na
fisiopatologia biomolecular da doença em questão. DISCUSSÃO
4. Obtenção dos reagentes específicos para sua Bucal pelo clínico e por outros especialistas reside no
quando se faz menção a estruturas ósseas, em ácido citopatologia e anatomia patológica serão requisitados, a
etileno-diamino-tetracético (EDTA) a 5%, por 3 meses. coleta e conseqüente preservação e encaminhamento das
Em seguida, as secções teciduais são incluídas em amostras ao laboratório sejam feitos dentro de critérios
com os erros diagnósticos. Os autores concluem que não significance to these pathologies mouth, whether benign or
malignant. Review about various methods of staining histology,
é a qualidade das reações, mas a escolha dos anticorpos,
particularly the use of hematoxylin and eosin and
a interpretação das colorações e a integração dos immunohistochemistry and its impact on the staging of patients. For
resultados imunohistoquímicos ao diagnóstico this there was a literature review including the issue on the basis of
suspeitado nas lâminas coradas em HE que são data: Pubmed, Cochrane, and ISI Science in Dentistry Oral last 20
years. It is indispensable to understand the clinical manifestations
importantes para a formulação de um diagnóstico final
and complications of disease before therapy to be employed. Thus,
pertinente. Tal fato nos leva a crer que a
observation of diagnostic methods is essential for the institution and
imunohistoquímica é eficaz quando há uma escolha thus a reliable therapeutic success of therapy.
direcionada do painel de anticorpos e este último fator é Keywords: Histological Techniques; Microtomy; Staining and
28. Wick MR, Ritter JH, Swanson PE. The impact of diagnostic
immunohistochemistry on patient outcomes. Clin Lab Med.
1999; 19: 794-814.
29. Werner B. Uso prático da imuno-histoquímica em patologia
cirúrgica. J Bras Patol Med Lab. 2005; 41: 353-64.
Correspondência
Ellen Cristina Gaetti Jardim
Rua Uricuri, 475 Vila Olinda
Campo Grande – MS - CEP: 79060-040