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RESOLUÇÃO CONTRAN 8102020 Aspectos Gerais Sobre Os Veículos Sinistrados - Fernanda Kruscinski

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2024

RESOLUÇÃO CONTRAN 810/2020:


Aspectos gerais sobre os veículos
sinistrados.

Por Fernanda Kruscinski, advogada


especialista em segurança veicular, pós
graduada em Direito Administrativo e
Processo Civil.
SUMÁRIO

01 INTRODUÇÃO

A RESOLUÇÃO DOS VEÍCULOS


02 SINISTRADOS - RESOLUÇÃO
CONTRAN 810/2020

DO RELATÓRIO DE AVARIAS
03 PARA CLASSIFICAÇÃO DE
DANOS EM VEÍCULOS
SINISTRADOS

REFLEXÕES FINAIS SOBRE A


04 RESOLUÇÃO CONTRAN 810/2020 E
OS VEÍCULOS SINISTRADOS

Fernanda Kruscinski RESOLUÇÃO CONTRAN 810/2020


As leis de trânsito constituem um conjunto de
normativas legais projetadas para disciplinar e
orientar os condutores e gestores de trânsito
desempenhando um papel crucial na garantia da
segurança de todos os participantes do cotidiano,
incluindo motoristas, passageiros, pedestres e
ciclistas.

INTRODUÇÃO
Neste artigo, elaborei uma análise cuidadosa da
Resolução CONTRAN 810, de 15 de dezembro de
2020, tratando dos procedimentos de reclassificação
de monta, da importância da atuação do engenheiro
na elaboração dos laudos e da importância da
Inspeção de Segurança Veicular, ferramentas
essenciais para assegurar a conformidade e
segurança desses veículos.

Meu objetivo é tornar essas normativas mais claras e


acessíveis, não apenas para especialistas, mas
também para você, que enfrenta questões
relacionadas ao sinistro do seu veículo, enfatizando a
importância do conhecimento adequado sobre
veículos sinistrados para evitar prejuízos à segurança
e ao próprio bolso.

Fernanda Kruscinski RESOLUÇÃO CONTRAN 810/2020


02. A RESOLUÇÃO DOS VEÍCULOS
SINISTRADOS - RESOLUÇÃO CONTRAN
810/2020
A Resolução CONTRAN nº 810/2020 estabelece normas
específicas para a classificação de veículos sinistrados,
ou seja, aqueles que sofreram danos significativos, seja
por acidentes ou outros eventos que comprometam sua
estrutura ou funcionamento. Seu principal objetivo é
garantir que estes veículos sejam avaliados de maneira
adequada e classificados corretamente quanto ao tipo de
dano sofrido.

De acordo com essa normativa, os veículos sinistrados


são categorizados em diferentes níveis, com base na
extensão dos danos. Essa classificação é crucial para
determinar se um veículo pode ser recuperado e quais
procedimentos são necessários para sua regularização e
retorno seguro às vias.

Além disso, a resolução também especifica diretrizes


para as Inspeções de Segurança Veicular, que são
essenciais para avaliar a condição dos veículos
sinistrados e assegurar que eles atendam aos padrões de
segurança antes de serem recolocados no mercado.

Fernanda Kruscinski RESOLUÇÃO CONTRAN 810/2020


2.1 CLASSIFICAÇÃO DO DANO
Após o sinistro, a autoridade de trânsito ou seu agente
deve avaliar o veículo e classificar o dano conforme a
resolução. A avaliação considera não apenas os danos
diretamente relacionados ao episódio, mas também
danos resultantes do atendimento do sinistro (como
remoção do veículo) e danos preexistentes.

Segundo a Resolução CONTRAN nº 810/2020, os


veículos sinistrados são classificados em três categorias
principais, conforme o grau e a natureza dos danos
sofridos:

Dano de Pequena Monta (DPM): Refere-se a danos que


não comprometem a segurança ou a estrutura do veículo.
Exemplos típicos incluem arranhões superficiais ou
amassados de pequena dimensão, que não afetam o
funcionamento ou a integridade estrutural do veículo.

Dano de Média Monta (DMM): Esta categoria abrange


danos que impactam componentes vitais do veículo, mas
que ainda são passíveis de reparo. Danos a sistemas críticos
como direção, freios e alguns estrturais que exigem uma
intervenção técnica para garantir a segurança do veículo, se
enquadram nesta classificação.

Fernanda Kruscinski RESOLUÇÃO CONTRAN 810/2020


Dano de Grande Monta (DGM): Representa danos extensos
que afetam de maneira significativa a estrutura ou
comprometem gravemente a segurança do veículo,
tornando-os muitas vezes irreparáveis. Um exemplo claro
seriam colisões que resultam em deformações severas do
chassi ou monobloco.

Essas categorizações são fundamentais para avaliar a


viabilidade de reparos em veículos sinistrados e para
assegurar a transparência e segurança nas transações
de veículos usados.

Importante destacar que estas classificações não levam


em consideração os valores monetários necessários para
a reparação do veículo, considerando somente os
aspectos técnicos relacionados ao sinistro.

Após a classificação dos danos do veículo, através de


boletim de acidente de trânsito, o órgão executivo
estadual de trânsito deve registrar uma restrição
administrativa, nos casos de dano de média monta e
grande monta. Esta restrição é registrada no campo de
observações do documento do veículo.

Fernanda Kruscinski RESOLUÇÃO CONTRAN 810/2020


2.2 PROCEDIMENTOS
PÓS-CLASSIFICAÇÃO
Para regularizar um veículo sinistrado, quando possível, o
proprietário deve seguir alguns passos específicos, de
acordo com a legislação e as exigências do DETRAN da
sua região, variando conforme a classificação do dano
sofrido pelo veículo.

Estes são os procedimentos gerais:

DPM: Geralmente, veículos com danos de pequena monta


não necessitam de procedimentos adicionais para
regularização. Eles podem continuar a ser utilizados sem
restrições.

DMM: Os veículos com danos de média monta, que tem


registro de restrição administrativa pelo órgão executivo de
trânsito estadual após apuração da classificação em boletim
de ocorrência, requerem reparos e, posteriormente, uma
inspeção de segurança veicular. Essa inspeção deve ser
realizada por uma Instituição Técnica Licenciada (ITL), que
emitirá um Certificado de Segurança Veicular (CSV), caso o
veículo reparado seja aprovado no processo de inspeção.
Após isso, é necessário proceder ao desbloqueio do veículo
junto ao DETRAN da sua localidade para regularização.

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DGM: Normalmente, veículos com danos de grande monta
são considerados irrecuperáveis tecnicamente. Nesses
casos, é necessário dar baixa no veículo, ou seja, remover
seu registro junto aos órgãos de trânsito, indicando que ele
não é mais apto para circulação. Fisicamente, isto é
comprovado com a remoção da marcação do chassis do
veículo.

Em caso de discordância com a classificação do dano de


média monta e grande monta, o proprietário do veículo
tem a opção de recorrer. Para isso, deve cumprir os
requisitos a seguir determinados:

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2.3 RECURSO REENQUADRAMENTO DO
DANO NA CATEGORIA IMEDIATAMENTE
INFERIOR
Para regularizar um veículo classificado como "dano de
grande monta" ou "dano de média monta", o proprietário
ou seu representante legal pode recorrer, buscando
reclassificar o dano para uma categoria inferior.

Os seguintes passos são necessários:

1. Nova Avaliação Técnica: Deve ser realizada por um


engenheiro legalmente habilitado no CREA do estado onde o
serviço será realizado e o laudo respectivo deve ser
apresentado.
2. Condições do Veículo: O veículo deve estar nas mesmas
condições em que se encontrava após o sinistro.
3. Critérios de Avaliação: A avaliação deve seguir os critérios
de classificação de danos estabelecidos pela Resolução
CONTRAN 810/2020. Caso o engenheiro comprove que
houve erro na classificação da monta, pode declarar o
pedido para a reclassificação da monta registrada no BAT
(Boletim de acidente de trânsito) para a monta reclassificada.
Caso a monta registrada no BAT seja DMM, a monta
reclassificada será DPM. No caso de registro de DGM no
BAT, a monta será reclassificada para CMM, sendo
necessária a regularização do veículo reparado através da
obtenção do CSV.
4. Documentação do Laudo: O laudo deve incluir imagens
ilustrativas do veículo mostrando as partes danificadas e
vistas específicas (frontal, traseira, laterais, e em ângulos de
45°).
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5. Anotação de Responsabilidade Técnica (ART): Para que seja
registrada no CREA, deve ser preenchida e assinada pelo
engenheiro e pelo proprietário ou seu representante legal.
6. Apresentação de Documentos: O laudo e demais documentos
devem ser apresentados ao órgão de trânsito responsável, no
prazo máximo de 90 dias após a lavratura do Boletim de Acidente
de Trânsito (BAT).

O órgão de trânsito responsável deve analisar o recurso


em até 15 dias úteis, havendo possibilidade do DETRAN
solicitar avaliação adicional do veículo. Essa avaliação
consiste em levar o veículo até o local indicado pela
autoridade de trânsito, seja o próprio DETRAN ou
estabelecimento por ele conveniado, apto a avaliar as
condições. Caso o veículo não seja apresentado no prazo
determinado para avaliação, haverá o indeferimento do
recurso e consequente manutenção da monta registrada.

Em caso de deferimento, o desbloqueio do veículo fica


sujeito a procedimentos específicos, que serão vistos mais
adiante, sendo uma das etapas a inspeção veicular.

Se o DETRAN não avaliar o recurso no prazo de 60


(sessenta) dias, transcorrendo o prazo sem decisão,
entende-se que foi tacitamente aprovado e o proprietário
do veículo ou seu representante pode dar continuidade ao
pedido sem restrições.

Fernanda Kruscinski RESOLUÇÃO CONTRAN 810/2020


2.4 O QUE FAZER EM CASO DE
INDEFERIMENTO PELO ÓRGÃO DE
TRÂNSITO?
Em caso de indeferimento pelo órgão de trânsito, o
proprietário ou representante legal tem a opção de buscar
uma solução no judiciário.

No geral, os indeferimentos ocorrem por falhas do


proprietário ou seu representante na inobservância dos
procedimentos previstos na resolução, tais como: não
cumprir com os prazos, não solicitar as autorizações ao
DETRAN, consertar o veículo antes da avaliação, falhas
no laudo de reclassificação da monta, entre outras.

Paralelamente, incidências de avaliações ou


classificações equivocadas por parte das autoridades de
trânsito também são uma realidade. Tais erros, quando
evidentes, podem ser prontamente reconhecidos por
engenheiros especializados ou mesmo durante uma
avaliação independente do veículo. É relevante
considerar que as autoridades de trânsito, ao realizarem
avaliações, pautam-se estritamente pelos itens previstos
nas resoluções, podendo, portanto, cometer equívocos
passíveis de serem revistos por um profissional
devidamente qualificado.

Fernanda Kruscinski RESOLUÇÃO CONTRAN 810/2020


Equívocos ou omissões podem acontecer também devido
às condições adversas ou proibitivas para uma
classificação adequada, como local inacessível do
veículo após o sinistro ou condições meteorológicas
inadequadas.

Em situações onde persista dúvida, tanto em relação ao


laudo emitido pelo engenheiro contratado pelo
proprietário quanto aos motivos do indeferimento pelo
Detran, o juiz pode determinar a realização de uma
perícia judicial. Alternativamente, pode ordenar que o
veículo seja submetido a uma inspeção veicular numa
Instituição Técnica Licenciada (ITL).

A aprovação nesta inspeção é um indicativo robusto de


que o veículo atende aos requisitos legais, não havendo,
assim, fundamento para o indeferimento. Importante
ressaltar que a realização da inspeção veicular, neste
contexto, depende de uma ordem judicial.

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3. DO RELATÓRIO DE AVARIAS PARA
CLASSIFICAÇÃO DE DANOS EM
VEÍCULOS SINISTRADOS
A Resolução inclui cinco anexos, sendo quatro com
procedimentos específicos para diferentes tipos de
veículos e um modelo de ofício para comunicação dos
danos:

Anexo I: Focado em automóveis, camionetas, caminhonetes e


utilitários com estrutura monobloco. Aqui, o objetivo é registrar e
classificar os danos nesses veículos.

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Anexo II: Direcionado para motocicletas, motonetas,
ciclomotores, triciclos e quadriciclos, também com o propósito de
registrar e classificar danos.

Anexo III: Aplica-se a reboques e semirreboques, caminhões e


caminhões-tratores, além de camionetas, caminhonetes e
utilitários com estrutura em chassi, detalhando como registrar e
classificar os danos.

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Anexo IV: Voltado para ônibus e micro-ônibus, explicando
como realizar o registro e a classificação dos danos.

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Os Anexo V e VI Contém um modelo de ofício para a
comunicação e a notificação de danos de média ou
grande monta em veículos.

Cada anexo possui esquemas ilustrativos e uma lista de


itens para avaliação pelas autoridades policiais. Há
diretrizes específicas para situações onde a avaliação
completa não é possível ou quando a autoridade carece
de conhecimento técnico detalhado. Apesar de a
avaliação inicial ser passível de imprecisões, o processo
é estruturado para ser intuitivo e compreensível.

A segurança veicular é posteriormente validada por


Instituições Técnicas Licenciadas (ITLs), onde
especialistas, como engenheiros mecânicos e técnicos
em mecânica, empregam equipamentos especializados
para garantir a integridade veicular.

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3.1 DO CERTIFICADO DE
SEGURANÇA VEICULAR - CSV
O Certificado de Segurança Veicular (CSV), também
referido como laudo do INMETRO, constitui um requisito
essencial para registrar no documento do veículo
quaisquer alterações realizadas pelo proprietário,
quando permitidas por legislação de trânsito. Este
certificado é emitido somente após o veículo ser
aprovado em uma inspeção de segurança veicular.

O laudo é mandatório em diversas circunstâncias, como


na realização de modificações estruturais no veículo,
troca de carroceria ou combustível, na implementação
de blindagem, ou quando o veículo sofreu um sinistro,
por exemplo. Especificamente em casos de veículos que
sofreram sinistros classificados como média monta, uma
inspeção veicular detalhada é necessária para confirmar
que o veículo reparado está em condições seguras para
retornar à circulação.

Neste processo, a avaliação veicular se destina a


verificar a recuperação adequada dos danos, seguindo
as normas e legislação aplicáveis. O CSV é que permite
o desbloqueio da documentação do veículo, após a sua
apresentação ao órgão executivo de trânsito do estado.

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A Resolução CONTRAN 810/2020 representa um marco
significativo na legislação de trânsito brasileira,
abordando de maneira quase que integral a temática dos
veículos sinistrados.

Foi realizado um processo detalhado de classificação de


danos, que segmenta os veículos em categorias de
Pequena, Média e Grande Monta, tentando realizar uma
avaliação justa sob a ótica de um rol taxativo básico de
itens de segurança. Também orienta os proprietários
quanto aos passos subsequentes para a regularização
CONCLUSÃO

ou baixa de seus veículos.

A inspeção veicular, conduzida por Instituições Técnicas


Licenciadas (ITLs), e a emissão do Certificado de
Segurança Veicular (CSV) são essenciais no processo.
Eles garantem que qualquer veículo reparado ou
modificado após um sinistro atenda aos padrões de
segurança estabelecidos, proporcionando assim
confiança e segurança para os usuários das vias.

Além disso, ressalto a importância do papel dos


engenheiros mecânicos no processo de avaliação e
classificação dos veículos, além da responsabilidade
técnica que detém nas operações das ITLs.

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O conhecimento técnico especializado é crucial na
determinação da viabilidade de recuperação dos
veículos e na garantia da integridade veicular.

A resolução também reforça os direitos dos proprietários


de veículos, assegurando que tenham a oportunidade de
buscar uma avaliação justa e imparcial. Ao mesmo
tempo, busca garantir a segurança das vias, retirando os
veículos inseguros de circulação.

Em última análise, a Resolução CONTRAN 810/2020


CONCLUSÃO

reflete um esforço contínuo para melhorar a segurança


nas vias.

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