Linguistica Aplicada - Linguistica
Linguistica Aplicada - Linguistica
Linguistica Aplicada - Linguistica
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Sumário
Linguística Aplicada: constituição e ressignificação como campo de estudos
linguísticos ................................................................................................................. 3
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NOSSA HISTÓRIA
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Linguística Aplicada: constituição e ressignificação
como campo de estudos linguísticos
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Ressignificação da Linguística Aplicada: um novo olhar sobre
o objeto dos estudos linguísticos
Vimos, na seção anterior, que a Linguística Aplicada, na segunda metade do
século XX, foi concebida como usuária de construtos da Linguística teórica. Essa
concepção aplicacionista e fracionada vem sendo objeto de discussão entre os
linguistas aplicados da modernidade. Parece voz corrente a busca pela
ressignificação do objeto de estudo da Linguística Aplicada, tanto quanto, em boa
medida, a busca pela ruptura das fronteiras disciplinares bem marcadas até pouco
tempo nesse campo.
Em nosso entendimento, esse conflito traz consigo implicações que têm a ver
com a forma como a Linguística Aplicada foi concebida ao longo da segunda metade
do século XX. Tem relações, ainda, com o fato de a condição de campo interdisciplinar
suscitar polêmicas em torno das fronteiras e dos contornos do que maioria das vezes,
sob um olhar positivista segundo o qual, sob vários aspectos, cada ciência deve ater-
se a seu objeto de estudo e a seu método de abordagem, ambos devidamente
delimitados e especificados. seja ciência, tomada, na Para Rojo (2007), a atividade
do linguista aplicado, na última década, tem convergido com o interesse em entender,
explicar ou solucionar problemas, objetivando a criação ou o aprimoramento de
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soluções para tais problemas, tomados em sua contextualização, em sua relevância
social, o que confere às soluções condição de conhecimento útil a participantes
sociais efetivos. Assim, “[...] a orientação para o problema como abordagem
dominante na LA substituiu gradualmente a orientação para a teoria” (ROJO, 2007,
p. 1761).
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língua nas diferentes instâncias, nos diferentes contextos, nas mais variadas
interações e nos problemas suscitados nesses universos múltiplos.
Com relação a tal trama, esse novo olhar sobre a Linguística Aplicada suscita
polêmica entre os próprios linguistas aplicados no que diz respeito à natureza do
diálogo entre as diferentes disciplinas. Moita Lopes (1998 apud ROJO, 2007, p. 1763)
escreve o seguinte:
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[...] não se pode fazer LA transdisciplinarmente. Pode-se, contudo, como
linguista aplicado, atuar em grupos de pesquisa de natureza transdisciplinar que estão
estudando um problema em um contexto de aplicação específico para cuja
compreensão as intravisões do linguista aplicado possam ser úteis.
Nessa nova fase da Linguística Aplicada, parece não haver embates quanto à
ressignificação do objeto: o foco, agora, não se limita ao ensino de línguas; estende-
se a problemas linguísticos social, cultural e historicamente relevantes, para os quais
o linguista aplicado busca soluções. Seguramente, porém, há embates sobre os fios
da rede: de que modo essa nova abordagem promove o diálogo entre diferentes
disciplinas de caráter aplicado? Trata-se de transdisciplinaridade que supõe simbiose,
perda de oposições entre as disciplinas), de interdisciplinaridade (o que supõe
interfaces entre as disciplinas) ou indisciplinaridade (o que supõe negação das
disciplinas como tais)?Nosso propósito, nesta abordagem introdutória, seguramente
não é dar respostas a essa questão, mas registrar a existência dessa discussão sob
tais perspectivas. Inferimos tratar-se de um caminho em construção, o qual, dadas as
profundas mudanças que traz a reboque, demanda tempo para equilibração e
legitimação.
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Rojo (2007, p.1763, grifos da autora), por exemplo, distingue práticas
transdisciplinares e práticas interdisciplinares:
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respostas para a problemática do ensinar e do aprender em sala de aula? Uma teoria
Linguística pode fornecer uma descrição mais acurada de um aspecto linguístico do
que outra, mas ser completamente ineficiente do ponto de vista do ensinar e do
aprender línguas. (MOITA LOPES, 2006, p. 18).
Moita Lopes (2006) segue sua reflexão denunciando o que chama de equívoco
aplicacionista, decorrente, segundo ele, do entusiasmo que a Linguística despertou
em seu surgimento no início do século XX. O que aconteceu, segundo esse estudioso
da área, foi uma compreensão apressada e pouco lúcida de que tal aparato teórico
poderia focalizar questões que estavam além de seu próprio alcance. Destaca, ainda,
“[...] ser possível explicar essa relação unidirecional entre teoria Linguística e a prática
de ensinar/aprender línguas, típica da chamada aplicação da Linguística, que não
contempla [...] a possibilidade de a prática alterar a teoria [...]” (MOITA LOPES, 2006,
p. 18-9).
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A necessidade de repensar outros modos de teorizar e fazer LA surge do fato
de que uma área de pesquisa aplicada, na qual a investigação é fundamentalmente
centrada no contexto aplicado [...] onde as pessoas vivem e agem, deve considerar a
compreensão das mudanças relacionadas à vida sociocultural, política e histórica que
elas experienciam.
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teorias, mas o olhar sobre tais problemas e o estudo de formas
trans/inter/indisciplinares de resolvê-los.
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constituição da disciplina de Língua Portuguesa no país e nos embrenhamos, mesmo
que brevemente, por encaminhamentos institucionais para o ensino de língua
materna, registrados nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
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cunhada pelos pesquisadores quanto o nome Bakhtin para nos referirmos à
teorização sobre a linguagem empreendida pelo grupo. Nas referências das obras em
que pesa a questão da autoria, seguiremos a opção indicada pelo tradutor da obra,
com a indicação da dupla autoria entre parênteses.
A autora ainda comenta que, mesmo que Bakhtin não tenha tido como foco o
ensino de línguas, como mencionado no parágrafo precedente, há em seus textos
considerações acerca da temática, que surpreendem pela atualidade, como podemos
observar nos excertos que reproduzimos a seguir:
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Esses excertos, além de lançarem luz sobre o ensino e aprendizagem de
línguas e o modo como nos apropriamos da linguagem, indicam a concepção de
linguagem e de sujeito que os fundamentam. Retomando o que já anunciamos, uma
das grandes contribuições de Bakhtin para os estudos da linguagem e, de modo
particular, para o ensino e aprendizagem de língua materna de natureza operacional
e reflexivo é a concepção de linguagem. Para o Círculo, a função central da linguagem
não é a de expressão do pensamento nem a de instrumento de comunicação, mas a
de interação entre sujeitos situados historicamente. Em Marxismo e Filosofia da
Linguagem, Bakhtin (Volochínov) afirma que
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Na concepção do Círculo de Bakhtin, o conteúdo a exprimir e sua objetivação
externa são criados de um mesmo e único material: a linguagem; logo, não é somente
a atividade mental que é expressada, exteriorizada com a ajuda de uma linguagem,
mas a própria atividade mental existe sob a forma de signos (verbais e não verbais),
que os sujeitos vão se apropriando e internalizando a partir dos processos
interacionais de que participam. Bakhtin (Volochínov) (1988 [1929], p. 49, grifos do
autor) argumenta que
Não existe, por isso, um abismo, nem ruptura qualitativa (do não semiótico para
o semiótico) entre a atividade mental e sua expressão externa. Há, sim, uma mudança
quantitativa, ou seja, o discurso interior adapta-se às condições sociais da situação
de interação. Assim, a natureza da linguagem não pode ser reduzida à meio de
expressão do pensamento, uma vez que o pensamento já é constituído/organizado
pela linguagem, no curso histórico do sujeito nas suas relações sociais com os outros
e seus discursos. Sintetizando: a linguagem expressa a exteriorização do
pensamento, mas se o pensamento é constituído pela linguagem, a natureza/função
da linguagem não pode ser a de traduzir para signos o pensamento, que já é sígnico.
Além do mais, o discurso interior constitui-se a partir das relações interativas com o
outro (BAKHTIN, 2003 [1979], p. 270).
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a decodifica, por meio de processos passivos de percepção e de compreensão da
fala do locutor.
O autor salienta que não se pode dizer que esses esquemas estejam errados
e que não correspondam a certos aspectos reais da comunicação, mas quando esses
esquemas pretendem dar conta, representar o todo da linguagem (ou, ainda, ser a
sua norma, poderíamos acrescentar), esses esquemas passam para os limites da
ficção. Assim, “Aquilo que o esquema representa é apenas um momento abstrato do
ato pleno e real da compreensão ativamente responsiva, que gera a resposta (a que
precisamente visa o falante) [...] o papel ativo do outro no processo de comunicação
discursiva sai extremamente enfraquecido” (BAKHTIN, 2003 [1979], p. 272-273, grifos
do autor). Entre outras razões, apontaremos duas das apresentadas pelo autor: o
ouvinte que recebe e compreende a significação (linguística) de um enunciado
simultaneamente adota, para esse discurso, uma postura de resposta ativa,
construída a partir dos seus horizontes axiológicos (valorativos). Para Bakhtin,
compreender é contrapor às palavras do outro a nossas contra palavras.
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Para a consciência que vive nela [língua], a língua não é um sistema abstrato
de formas normativas, porém uma opinião plurilíngue concreta sobre o mundo. Todas
as palavras evocam uma profissão, um gênero, uma tendência, um partido, uma obra
determinada, uma pessoa definida, uma geração, uma idade, um dia, uma hora. Cada
palavra evoca um contexto ou contextos, nos quais ela viveu sua vida socialmente
tensa; [...] Em essência, para a consciência individual, a linguagem enquanto
concreção sócio ideológica viva e enquanto opinião plurilíngue, coloca-se nos limites
de seu território e nos limites do território de outrem. (BAKHTIN, 1993 [1975], p. 100).
[...] toda palavra comporta duas faces. Ela é terminada tanto pelo fato de que
procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui
justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de
expressão a um em relação ao outro. (BAKHTIN [VOLOCHÍNOV], 1988 [1929], p.
113, grifos do autor).
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só se constitui na relação com outros, por isso sua identidade e sua individualidade
se definem na relação com a alteridade.
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socioideológica (seja de uma das esferas da vida cotidiana, seja de uma
das esferas especializadas e formalizadas, como a escola, a ciência) e
expressa uma posição avaliativa. Por essa razão, Bakhtin (1993[1952-
1953]) entende que um enunciado é verdadeiro ou falso, belo ou disforme,
sincero ou malicioso, franco, cínico, autoritário etc., pois ele apresenta uma
posição axiológica de quem o proferiu. Como lembra Faraco (2003), as
diferentes axiologias tornam os signos socialmente plurivalentes, uma vez
que as muitas “verdade sociais” se encontram e se confrontam no mesmo
material semiótico. Isso faz com que o material semiótico possa ser o
mesmo, mas, na sua enunciação concreta, dependendo da voz social em
que está ancorado, seu sentido seja diferente. Lembremos, por exemplo,
dos diferentes sentidos que a palavra terra pode adquirir em enunciados
proferidos por sujeitos em diferentes posições axiológicas: latifundiário,
sem-terra, astronauta, pessoa se afogando etc.
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Em segundo lugar, implica considerar as finalidades da disciplina, ou seja, por
que ensinamos o que ensinamos hoje aos nossos alunos? Ainda, mais precisamente,
se tomarmos os alunos como interlocutores do processo interativo de ensino e
aprendizagem, do que esses alunos necessitam hoje para inserir-se nos diversos
campos de uso da linguagem e para o qual a disciplina pode desempenhar um papel
socialmente relevante? Como já discutido anteriormente, essas questões nortearam,
em grande medida, na década de 1980, a proposição do ensino de natureza
operacional e reflexivo da linguagem.
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retroagiram sobre a releitura das finalidades e dos conteúdos da disciplina propostos
na década anterior.
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Da perspectiva da eventicidade, como as interações são irrepetíveis, também
cada novo enunciado se constitui em um novo acontecimento, um evento único e
irrepetível da comunicação discursiva (embora possa ser citado/mencionado por
outros enunciados, nos processos dialógicos de que participa, em que se manifesta
como um novo acontecimento). Ele representa a participação, uma postura ativa do
falante dentro de uma ou outra esfera da atividade humana. Nessa perspectiva, o
enunciado constitui-se em um elemento inalienável e singular, pois é uma nova
unidade da comunicação discursiva contínua, contribuindo para a sua existência e
mudança.
Além disso, estão no seu horizonte os enunciados que o seguem, pois todo
enunciado está orientado para o(s) outro(s) participante(s) da interação, e conta com
a sua compreensão concreta e ativa; por isso cada enunciado é dialógico, pois se
origina de outros enunciados e é dirigido a outra pessoa; a sua compreensão e a sua
resposta. Essa orientação interfere no modo como o enunciado se constitui: sua
finalidade, seu tom, seu estilo, o modo de abordagem do objeto do discurso, sua
extensão etc. Exemplifiquemos: Um médico especialista no tratamento da AIDS, em
uma dada situação de interação, profere palestra de prevenção e tratamento da AIDS
a jovens da cidade onde reside e, em outra situação de interação na sua instituição,
como um congresso sobre os novos meios de prevenção e tratamento da AIDS,
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profere palestra apresentando resultados de pesquisa a seus pares da ciência.
Embora os dois enunciados produzidos pelo médico sejam nomeados como palestra,
as diferentes situações sociais de interação provocam a produção de enunciados
distintos, pertencentes a gêneros distintos, apesar do mesmo nome: para os jovens,
um enunciado menos formal e menos técnico, mais informativo e com um tom
apelativo para os modos de prevenção que os jovens devem tomar; para seus pares
da academia, um enunciado mais formal, com o uso da metalinguagem da área, cuja
finalidade é apresentação dos resultados de pesquisa. Como podemos observar, a
diferença de situação de interação, de que fazem parte os diferentes interlocutores
imediatos citados, interfere na produção dos enunciados.
Tal como o enunciado não pode ser desconectado de sua relação dinâmica
com os outros enunciados, pertencentes aos outros participantes da comunicação
discursiva, da mesma forma, como vimos no exemplo anterior, ele não pode ser
separado da situação social de interação. Não se pode compreender o enunciado
sem correlacioná-lo com a sua situação social, pois o discurso, como fenômeno de
comunicação social, é determinado pelas relações sociais que o suscitaram. Há um
vínculo efetivo entre enunciado e situação social, ou melhor, a situação se integra ao
enunciado, constitui-se como uma parte dele, fundamental para a compreensão de
seu sentido. Todo enunciado é composto de duas dimensões inextricáveis, sua
dimensão verbal (ou outro sistema semiótico, como a música, a pintura, o desenho
etc.) e sua dimensão social. Fazem parte dessa dimensão o horizonte espacial e
temporal do enunciado (quando e onde foi proferido), o horizonte temático (quais seus
objetos/temas de discurso) e o horizonte axiológico (em que esfera social é proferido,
que valores atribui ao que enuncia, uma vez que não há enunciados neutros). Essa
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dimensão social corresponde à situação social de interação do enunciado, que deve
ser vista não como elemento externo ao enunciado, mas como integrante dele.
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polo da língua como discurso e do texto na sua condição de enunciado. O primeiro
polo do texto, abstraído (retirado) da sua situação social, está relacionado com tudo
aquilo que é e pode ser reproduzido e repetido no texto, ou seja, a língua como
sistema de signos e o texto como sistema de signos e estrutura textual. O segundo
polo do texto é o do acontecimento irrepetível do enunciado, que pertence ao texto,
mas que só se manifesta na situação, na interação com outros textos (enunciados).
Os dois polos do texto aparecem como algo absoluto e incondicional para Bakhtin:
sem um sistema de signos não há interação, do mesmo modo que a língua e o texto
abstraídos da situação de interação perdem sua condição de mediadores e
constituidores dessa interação.
Essa discussão em torno dos diferentes olhares que se pode ter acerca do
texto tem implicações diretas na atuação do professor de Língua Portuguesa. Se o
professor, nas aulas de leitura e produção textual, concebe o texto como sistema
fechado e estrutura textual, ele o abstrai da situação social de interação, dos
participantes dessa interação e das relações dialógicas que o engendraram e dos
valores socioideológicos que o perpassam, que é a condição de existência do texto
como enunciado, ou seja, como unidade de interação. Na perspectiva do ensino da
linguagem de natureza operacional e reflexivo, ao se postular que o texto é a unidade
de trabalho, compreende-se o texto visto na sua condição de enunciado.
Por fim, uma leitura apressada da noção de enunciado como evento único e
irrepetível poderia levar a crer que sua produção e compreensão sejam livres, ou seja,
que não haveria princípios norteadores da produção das interações e dos usos da
linguagem. Bakhtin (2003[1979]) destaca que a construção do enunciado, apesar da
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vontade discursiva (intenção discursiva) do falante, não pode ser considerado como
uso e combinação absolutamente livres das formas da língua e nem como um ato
individual no sentido estrito desse termo, opondo-se ao conceito de social. Nem os
processos de compreensão se dão fora do âmbito social. A construção dos
enunciados e sua compreensão são produzidos segundo certas condições sociais,
certos modos sociais de dizer e agir; em outros termos, os enunciados possuem
formas típicas para a sua constituição, os gêneros do discurso. Trataremos desse
conceito na próxima seção.
Embora os estudos de gêneros sejam antigos, eles foram res- significados pelo
Círculo de Bakhtin, que ampliou seu escopo ao propor que todos os nossos
enunciados são construídos a partir de um gênero do discurso (e não apenas os
enunciados do âmbito da literatura e da retórica) e buscou entender os gêneros não
a partir de aspectos formais comuns fixos e imutáveis dos textos (produto, abstraído
da situação de interação), mas como constituídos por e constituidores das interações
humanas.
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etimológica do termo, podemos observar duas noções (conceitos) teóricas distintas
de gêneros do discurso que se constituíram historicamente: uma centrada no produto,
de visão taxionômica, e outra centrada no processo, de visão interativa.
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Os gêneros, vistos como tipos relativamente estáveis dos enunciados
singulares, constituem-se historicamente a partir de situações da vida social não
totalmente estáveis, ou seja, dentro dos diferentes intercâmbios comunicativos
sociais, que se realizam nas diferentes esferas sociais. Os gêneros se constituem,
estabilizam-se (relativamente) e se modificam historicamente no interior das esferas
sociais (esferas cotidiana, religiosa, artística, escolar, jornalística, científica, política
etc.). Cada esfera social, com sua função socioideológica e discursiva particular
(estética, educacional, jurídica, religiosa, jornalística, cotidiana etc.) e suas condições
concretas específicas (organização socioeconômica, relações sociais entre os
participantes da interação, desenvolvimento tecnológico etc.), historicamente formula
na/para a interação verbal (ou outra materialidade semiótica) determinados gêneros
do discurso, que lhes são específicos. À medida que a esfera se amplia e se
complexifica, ou seja, que novas situações sociais de interação vão emergindo, novos
gêneros vão se constituindo (bem como outros vão se extinguindo à medida que as
interações sociais que eles medeiam de ter função interativa). Busquemos
exemplificar a relação entre gêneros e esferas sociais:
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da atividade humana são inesgotáveis e porque, como já discutimos, em cada esfera
existe um repertório de gêneros particulares que se diferencia e cresce à medida que
a própria esfera se desenvolve e se complexifica. É assim que se encontra uma
grande variedade de gêneros, diversos entre si, criados pelos diferentes intercâmbios
comunicativos sociais, como, por exemplo:
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Como vimos na unidade anterior, os enunciados são a unidade de interação
no interior das situações sociais. No parágrafo anterior, definimos que os gêneros
correspondem às situações sociais de interação, pois nascem no seu interior.
Busquemos aproximar essas duas noções de modo a explicitar a razão de Bakhtin
ter definido também os gêneros como tipos relativamente estáveis e normativos dos
enunciados singulares ou tipos temáticos, estilísticos e composicionais de enunciados
(BAKHTIN, 2003[1979]). Pensando na consolidação de uma nova situação social de
interação, os enunciados que se produzem a cada novo acontecimento dessa
situação aproximam-se de enunciados de outros gêneros próximos àquela situação,
até que, aos poucos, junto com a relativa estabilização dessa situação social de
interação, estabiliza-se também um certo modo de se enunciar, um certo uso dos
recursos linguísticos, uma certa composição enunciativa dos participantes da
interação etc, ou seja, um certo modo de os enunciados se produzirem, que constitui
um novo gênero do discurso. O vínculo entre gênero e enunciado só pode ser
compreendido nessa relação histórica. Eles são tipos de enunciados relativamente
estáveis que se constituíram historicamente, pois surgem desses enunciados
primeiros; e, dessa forma, compartilham das propriedades sociodiscursivas dos
próprios enunciados, bem como, por um processo dialético, funcionam e agem sobre
a produção dos novos enunciados dessa situação social de interação, como veremos
adiante. A noção de tipo, tal como já comentado acerca da relação entre gêneros e
situação social de interação é entendida como tipificação (regularidade) social e não
como taxionomia dos enunciados a partir de uma dada propriedade formal (ou não)
entre eles.
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cada enunciado estão vinculados necessariamente à totalidade do enunciado e ao
gênero do qual esse enunciado é um representante. O autor afirma que, por essa
condição, o enunciado também estabelece relações dialógicas com os outros
enunciados do mesmo gênero.
Em relação ao conteúdo temático, observamos que cada esfera social tem sua
orientação específica para a realidade, seus objetos de discurso, sua função
socioideológica específica. Se, na realidade, os objetos do mundo são inesgotáveis,
quando se convertem em tema do enunciado, adquirem um sentido particular, um
caráter relativamente concluído, dependendo de condições determinadas, em um
determinado enfoque do problema, em um material dado, nos limites da intenção
(vontade, propósito discursivo) do autor. Os gêneros, com seus propósitos
discursivos, não são indiferentes às especificidades da sua esfera. Assim, todo
gênero tem um conteúdo temático determinado, isto é, um domínio de sentido de que
se ocupa o gênero: seu objeto discursivo, sua orientação de sentido específica para
com ele. Vejamos: embora todos os dias os jornais publiquem notícias (textos-
enunciados) sobre assuntos diversos, todos esses assuntos relacionam-se ao tema
do gênero notícia, que é divulgar os acontecimentos sociais da atualidade de
interesse do público leitor do jornal e da empresa a que pertence o jornal. O tema do
gênero romance, para Bakhtin, é o homem que fala e sua fala (seu discurso). Em
síntese, o tema, de natureza semântica, materializa a relação do enunciado e do seu
gênero com os objetos do discurso e seus sentidos.
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e padronizados, como a instrução de trabalho, a ordem militar, o ofício, o cumprimento
(saudação da vida cotidiana). Por exemplo, os gêneros científicos apresentam um
estilo impessoal, que cria um efeito de objetividade e neutralidade do discurso
científico. Certas expressões, como “era uma vez”, “alô”, “misture todos os
ingredientes até obter uma massa homogênea”, “este artigo tem por objetivo”.
lembram gêneros em cujos enunciados costumam aparecer: conto de fadas,
telefonema, receita culinária e artigo científico.
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espécie de autor, que no próprio enunciado escutamos como o seu criador”
(BAKHTIN, 1997[1929], p.184); e que sentimos no enunciado como uma intenção
(vontade) discursiva única, uma postura valorativa determinada dentro de uma
situação concreta da comunicação discursiva, orientada para a resposta ativa do
interlocutor. Assim, a autoria independe do fato de o enunciado ser o produto de um
indivíduo, o trabalho de um grupo de pessoas etc. A autoria do enunciado depende
do gênero, pois todo gênero tem uma concepção própria de autoria: romancista,
cronista, articulista, repórter, professor, mãe etc. A manifestação de aspectos de uma
postura individual de autoria (estilo próprio, visão de mundo etc.) vincula-se à
concepção de autoria do gênero: o que diz/pode dizer e o que se espera que diga um
pai, um professor, um produtor de Trabalho de Conclusão de Curso etc.
Bakhtin (2003[1979]) diz que sempre falamos por meio de gêneros do discurso,
ou seja, todos os nossos enunciados (incluindo a compreensão, que também é um
enunciado) são construídos e significados a partir de um gênero. Pontua, ainda, que,
“Se os gêneros do discurso não existissem e nós não os dominássemos, se
tivéssemos de criá-los pela primeira vez no processo do discurso, de construir
livremente e pela primeira vez cada enunciado, a comunicação discursiva seria quase
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impossível” (BAKHTIN, 2003[1979], p. 283). O projeto discursivo do sujeito, com sua
individualidade e subjetividade, adapta-se ao gênero da interação. Por essa razão,
para além do domínio das formas da língua (léxico, gramática), é necessário, para
uma compreensão mútua, o domínio das formas do discurso, isto é, o domínio dos
gêneros.
34
individual como na forma de um gênero específico, no qual se materializará
enunciado: relato, ordem de serviço, bilhete, romance, conto, crônica, artigo, editorial,
resenha, tese, palestra etc. Nos processos interacionais, os gêneros do discurso se
constituem, para o falante, como referência para a construção do enunciado: em que
esfera social encontra-se o falante e seu interlocutor; em que situação social de
interação está se enunciando; que papel de autoria assume nessa interação; quem é
seu interlocutor previsto; e, a partir da consideração desses aspectos da interação do
gênero e da situação de interação imediata, o que pode/deve dizer e como dizer etc.
Bakhtin (2003[1979]) afirma que é essa relação entre o projeto discursivo e o gênero
do discurso que produz os enunciados.
Como podemos observar, a noção de norma dos gêneros diz respeito à sua
condição de geradora e significadora dos enunciados; assim, se, de uma perspectiva,
os gêneros, como regularidades dos enunciados, constituem-se como certa norma (e
não normativismo), ou, dizendo de outro modo, constituem-se como referência
enunciativo-discursiva para a produção e compreensão dos enunciados, de outra
perspectiva, como balizas e horizontes de expectativas nos processos interacionais,
demonstram sua potencialidade de significar os enunciados, de produzir sentidos.
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imediata e flexível as transformações da vida social, bem como as diferenças
culturais. Por essa razão, Bakhtin destaca a relativa estabilidade dos gêneros, pois
salienta seu movimento entre a unidade e a continuidade (ou entre o dado e o criado),
entre a eventicidade e a historicidade.
Além disso, a relativa estabilidade dos gêneros apontada por Bakhtin indica
uma imprecisão das características formais dos gêneros e das fronteiras entre eles.
Muitos gêneros formam-se de hibridismos de outros gêneros, como o romance
polifônico que se constituiu a partir do diálogo socrático e da sátira menipéica. Os
enunciados, especialmente os dos gêneros secundários, por meio dos diferentes
modos de citação do discurso do outro, introduzem/intercalam enunciados de outros
gêneros no seu interior: um romance pode materializar/representar, no decorrer da
trama, conversa e carta entre as personagens. Nesse contexto, a carta e a conversa
deixam de ser acontecimento da vida cotidiana para se transformarem em
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acontecimento do romance, mas nele introduzem seu estilo, por exemplo. Na esfera
escolar, no gênero aula, vemos a intercalação de textos/enunciados de outros
gêneros, tais como o livro didático e gêneros literários, como conto de fadas, fábula,
conto, romance, por meio dos livros que os alunos leem nas aulas de leitura.
Por último, a relativa estabilidade dos gêneros, como já dito, aponta para a
imprecisão da fronteira formal entre eles: muitas crônicas assemelham-se a contos;
outras, a poemas, mas, mesmo assim, continuam a ser crônica; poucas diferenças
formais há entre artigo assinado e editorial, mas, mesmo assim, o leitor de jornal os
lê de modo diferente, pois, da perspectiva da autoria, enquanto o artigo assinado
apresenta o ponto de vista de alguém externo à empresa jornalística, o editorial
apresenta o ponto de vista da empresa e dos anunciantes (não há, por isso,
necessidade da assinatura no texto publicado, o que sempre vai aparecer no artigo).
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teorias de instituições sociais), regidas pela ideologia especializada e formalizada.
Poderíamos dizer que se trata das esferas regidas pela ideologia dominante, que
significa e valora o que é a literatura, o jornalismo, a escola etc. São exemplos de
esferas sociais e seus gêneros: a) esfera religiosa: sermão, oração, missa; b) esfera
artística: romance, conto, soneto; c) esfera escolar: aula, livro didático, prova; d)
esfera científica: palestra, ensaio, artigo científico, tese, resenha; e) esfera
jornalística: notícia, reportagem, editorial, artigo assinado, crônica.
Por sua relação com o universo social e, por consequência, com as ideologias,
os gêneros trazem neles modos de ver, perceber e julgar o mundo, uma vez que eles
respondem às condições específicas de uma esfera dada e de uma dada ideologia e,
de um modo mais amplo, sobre determinados grupos sociais e sociedades. Dessa
forma, para Bakhtin (2003 [1979]), neles se acumulam formas de visão e
compreensão de determinados aspectos do mundo social. Os gêneros são meios de
apreender e significar a realidade.
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dado que as relações interpessoais se dão pelo uso da linguagem, e a possibilidade
de estabelecer tais relações em diferentes espaços, por meio dos diferentes gêneros
que as instituem, contribui para nossa mobilidade social na vida contemporânea.
Trataremos do lugar e do papel dos gêneros nos processos de ensino e
aprendizagem dos usos sociais da linguagem na próxima seção e nas Unidades D e
E.
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linguagem e texto e práticas didáticas plurais e multimodais, que as diferentes teorias
de texto e de gêneros favorecem e possibilitam.
40
dados momentos da aprendizagem) dos processos interacionais para um
determinado aspecto da língua, como a apropriação do sistema da escrita. Nas fases
iniciais de apropriação da escrita trabalho com os gêneros primários pode ser
bastante promissor. Tomemos dois exemplos: o trabalho com trava-línguas, que o
aluno já domina oralmente, focaliza a atenção para os processos da escrita; o gênero
bilhete, também pela sua já familiaridade para boa parte dos alunos e por ser um texto
curto, também pode desempenhar funções relevantes nos processos iniciais de
apropriação do sistema da escrita.
Essa proposta toma como base as relativas regularidades dos gêneros, quer
no âmbito da dimensão social, quer no âmbito da dimensão verbal (ou outra
materialidade semiótica, como a pintura) como focos de aprendizagem das práticas
de leitura/escuta, produção textual e análise linguística. Num primeiro deslocamento
da proposta de Geraldi das décadas de 1980 e 1990, a presente proposta articula a
prática de análise linguística não apenas à prática de produção textual, na atividade
de reescritura, em que o aluno reflete sobre adequações/inadequações de seu texto,
mas também às práticas de leitura, a partir de atividades reflexivas (leitura analítica)
que estabelece com o funcionamento dos gêneros nos textos-enunciados tomados
como objetos de leitura. Trata-se, evidentemente, de uma leitura com finalidades
distintas daquela empreendida considerando-se a finalidade de cada gênero, mas
legítima nas aulas de Língua Portuguesa se objetivarmos tomar a prática de leitura
dos textos dos diversos gêneros como objeto de aprendizagem. Com isso não
estamos retornando ao texto como pretexto para as aulas de gramática conceitual,
mas admitindo que o texto pode e deve ser objeto de reflexão epilinguística, para a
apropriação dos gestos de leitura dos diferentes gêneros.
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leitura é uma possibilidade de elaboração didática, dentre outras possíveis. Geraldi,
por exemplo, na década de 1980, propunha como ponto de partida a produção textual.
O grupo de Genebra, em outra perspectiva teórica de que fazem parte Dolz,
Bronckart, Schneuwly e, no Brasil, Ana Raquel Machado, Elvira Lopes Nascimento,
Vera Lúcia Lopes Cristóvão, Marcos Baltar, entre outros pesquisadores, propõe a
prática de produção textual como ponto de partida para o que denomina de sequência
didática. A partir dessa prática de produção inicial, desencadeiam-se outras
atividades, como leitura de textos, estudo do gênero etc.
Ainda uma última palavra sobre a relação entre gêneros do discurso e o ensino
e aprendizagem das práticas de leitura/escuta e produção textual, que toma como
foco de questionamento se os gêneros se constituem como os objetos de
aprendizagem, tal como afirmam os PCNs. Os estudos que vimos empreendendo
nesse campo levam-nos a afirmar que os objetos de ensino e aprendizagem são as
práticas de linguagem, constituindo-se os gêneros do discurso como parâmetros para
os processos de elaboração didática dessas práticas. Focalizaremos essa
perspectiva nas Unidades D e E.
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seguramente não se erigiram tendo tais implicações como foco. Assim, importa que
discutamos, nesta seção, um conceito que julgamos relevante para o fecho desta
Unidade C: o conceito de elaboração didática, cuja proposição objetiva defender que,
embora a ancoragem teórica que sustenta nossa discussão não tenha
encaminhamentos didatizantes, de posse desse construto o professor de Língua
Portuguesa poderá organizar sua ação pedagógica de modo a mediar um processo
de aprendizagem que faculte aos alunos com que trabalha a potencialização dos usos
da linguagem em diferentes esferas da atividade humana.
Mas em que consiste esse conceito? Tomamos esse conceito de Halté (2008
[1998]), que o registra no âmbito de uma crítica que empreende à chamada
transposição didática, o que remete a proposições de Chevallard, discussão que tem
origem no campo da matemática e que implica a transposição do conhecimento
científico, o saber sábio – para o conhecimento escolar – o saber ensinado. Halté
(2008 [1998]), ao refletir sobre essa transposição, empreende uma discussão sobre
o que sejam saberes e conhecimentos e menciona o sincretismo entre eles quando
se trata da ação pedagógica. Escreve o autor:
[...] a distinção dos tipos de saber, mesmo que satisfatória para o espírito, é de
uma manipulação desastrosa no espaço didático da sala de aula. A aula de leitura
(ou de escrita) convoca obrigatoriamente, na sala de aula, ao mesmo tempo, saberes
de todos os tipos. Arriscando um resumo abrupto, podemos afirmar que, na prática
da sala de aula, o saber científico [teorizações científicas], a prática social de
referência [saberes modelizados construídos nas diferentes profissões humanas], a
especialidade [saberes fortemente especializados ligados a instituições não legítimas
– o rap, por exemplo] e o conhecimento [saberes instáveis, difusos, conhecimentos
que cada um já tem em sua prática], estão literalmente sincretizados. E trata-se
mesmo de sincretização: não se trata de dispor os diferentes componentes no tempo
escolar [...] E isso, em qualquer que seja o nível escolar: [...] Sem a sincretização, o
“puro” saber científico, o puro modelo das práticas, o puro saber especializado não
teriam o menor sentido, nem a mínima chance de serem assimilados. (HALTÉ, 2008
[1998], p. 131).
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de uma aprendizagem especializada. Esse processo destitui esse conhecimento da
inserção em seu campo científico de referência e, portanto, o artificializa. Sob a
perspectiva das reflexões de Petitjean (2008 [1998]), transformar conhecimentos
científicos em conhecimentos ensináveis denega a dimensão praxiológica do
processo de ensino e aprendizagem, destituindo o professor e o aluno da condição
de protagonistas, respectivamente, na mediação e na apropriação dos saberes
historicamente objetificados (DUARTE, 2004); afinal, para Chevallard (2000), a ação
de ensino e aprendizagem inicia quando já se deu a transposição didática.
que o autor chama de sistema didático inteiro. Ademais, Halté (2008 [1998], p.
138) pontua que “O professor e o aluno, negligenciados na TD [transposição didática],
até mesmo relegados ao nível de atores subsidiários, são protagonistas essenciais e
seu papel [...] é decisivo”. Ainda segundo o autor, a formação do professor de língua
integra saberes diversos, que estão inscritos em uma lógica de ação e submetidos a
fatores aleatórios – talvez pudéssemos trazer aqui, no plano dos fatores aleatórios, a
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natureza situada e, portanto singular, das práticas de letramento (HAMILTON, 2000)
– e têm sempre uma dimensão social. E, por fim, ainda destacamos que, para o autor,
“Não é porque um saber está disponível e é ensinável que ele deve ser ensinado: é
porque tal projeto didático busca tal objetivo que tal conceito teórico é eleito e
transposto mais do que outro, em convergência com as escolhas dos suportes, com
os conhecimentos prévios, com as especialidades afins” (HALTÉ, 2008 [1998], p.139).
Optamos por empreender uma ação didático-pedagógica que não lança mão
de modelizações e de construtos didatizantes. Defendemos o papel central do
professor no delineamento dos rumos de seu fazer, para o que entendemos essencial
a apropriação do conhecimento científico aqui recortado, mas, reiterando o que já
registramos em Unidade anterior, a lógica da ciência não é a lógica da disciplina, e a
escola não é o espaço para o fazer científico, mas para o ensino e a aprendizagem
de conhecimentos objetificados, historicamente construídos pela humanidade, tanto
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quanto para o desenvolvimento de habilidades para os diferentes usos da linguagem,
no caso da disciplina de Língua Portuguesa.
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REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da primeira edição
brasileira coordenada e revista por Alfredo Bosi; revisão da tradução e tradução de
novos textos por Ivone Castilho Benedetti. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: Martins
Fontes, 2007 [1971].
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BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipificação e interação. 3. ed. São
Paulo: Cortez, 2009.
______. Portos de passagem. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993 [1991].
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______. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1. ed. São Paulo: Objetiva,
2009.
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