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OK VOL 2 - Veredas - Respostas Rapidas - Final2 1

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Tempo de Tela
para Crianças
e Adolescentes
Respostas Rápidas
para Governos
Evidências, Desafios
e Caminhos Possíveis

Respostas Rápidas para Governos


Evidências, Desafios e Caminhos Possíveis

2024
Ficha técnica
Instituto Veredas

www.veredas.org Período de investigação

17 a 26 de abril de 2023

Autoras

Bruno Graebin de Farias Metodologia aplicada

Carolina Scherer Beidacki Revisão exploratória rápida: documen-


tos técnicos de organizações do tercei-
Gabriela Benatti
ro setor e artigos científicos.
Laura dos Santos Boeira

Revisão e normatização
Demandante
Danilo Castro
Departamento de Direitos na Rede e
Educação Midiática/Secretaria de Polí-
ticas Digitais/ Secretaria de Comunica- Projeto Gráfico e diagramação
ção Social da Presidência da República Manuela Andrade Abdala
(Secom/PR).

Citação sugerida

BEIDACKI, C.; FARIAS, B.; BENATTI, G.; BOEIRA, L. Tempo de Tela


para Crianças e Adolescentes: Respostas Rápidas1 para Governos.
Evidências, Desafios e Caminhos Possíveis. São Paulo: Instituto Vere-
das, 2024.

Creative Commons

Permitida a reprodução sem fins lucrativos, parcial ou total, por


qualquer meio, se citados a fonte e o site no qual pode ser encontra-
do o original: www.veredas.org

Número do ISBN: 978-65-89059-07-3

Título: Tempo de Tela para Crianças e Adolescentes: Respostas Rápi-


das para Governos. Evidências, Desafios e Caminhos Possíveis.

Formato: Livro Digital

Veiculação: Digital

1 Resposta Rápida é uma estratégia metodológica do campo das Políticas Informa-


das por Evidências (PIE) para encontrar caminhos e soluções com celeridade a um proble-
ma ou desafio social apresentado pela gestão pública, academia ou sociedade civil.

sumário

4


1 Apresentação 6
2 Perguntas e metodologia 8
3 Principais achados 9
3.1. Causas e as consequências do
uso excessivo e/ou inadequado de
telas por crianças e adolescentes 9
3.2. Orientações/recomendações
nacionais e internacionais sobre o
uso de tela 11
3.3. Segurança na web 16
4 Recomendações Gerais 18

5
1. Apresentação
Apresentação

A pedido do Departamento de Direitos na Rede e


Educação Midiática, da Secretaria de Políticas Digi-
tais, da Secretaria de Comunicação Social da Presi-
dência da República (Secom/PR), o Instituto Vere-
das desenvolveu de forma voluntária esta resposta
rápida sobre Tempo de Tela para Crianças e Ado-
lescentes, apresentando achados e intervenções
possíveis para enfrentamento ao problema.

O Veredas é uma organização sem fins lucrativos


que tem a missão de construir pontes entre gestão
pública, academia e sociedade civil, de forma que
o conhecimento técnico e científico possa ser uti-
lizado no desenho e aperfeiçoamento de políticas
públicas e intervenções sociais.

O Veredas está alinhado com o debate internacio-


nal de Políticas Informadas por Evidências (PIE)
e tem utilizado o seu ferramental de tradução de
conhecimento para abordar uma diversidade de te-
mas relevantes para a vida da sociedade brasileira.

Para ler todas as Respostas Rápidas para Governos,


junto ao repositório de documentos vinculados a
cada uma delas, acesse:
www.veredas.org/respostasparagovernos.

7
Respostas Rápidas para Governos Tempo de Tela para Crianças e Adolescentes

2. Perguntas e
metodologia
Perguntas

1. Quais são as causas e as


consequências do uso excessivo
e/ou inadequado de telas por
crianças e adolescentes?

2. Que orientações/recomendações
existem no Brasil e em outros
países sobre o uso consciente de
telas por crianças e adolescentes,
emanadas por órgãos públicos ou
organizações da sociedade civil?

3. Quais as medidas relacionadas


com a promoção de segurança na
web?

Metodologia

Busca manual em relatórios de


organizações da sociedade civil e
organismos internacionais, bem
como em sites governamentais
e na Biblioteca Virtual em Saúde,
Pubmed e Cochrane. Foram
incluídos 70 documentos.

8
Principais Achados

3. Principais Achados
3.1. Causas e as consequências do
uso excessivo e/ou inadequado de
telas por crianças e adolescentes
• Dados apontam que, mundialmente, apenas 24,7% das crianças
menores de 2 anos e 35,6% de crianças entre 2 e 5 anos estão
observando o tempo de tela recomendado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), de 0h e 1h por dia, respectivamente. A
tela da televisão parece fomentar um tempo menor de uso e riscos
menores do que telas de equipamentos que permitem a realiza-
ção de atividades como computadores, celulares e tablets. Jovens
de baixo status socioeconômico podem ser desproporcionalmente
afetados pelo alto tempo de tela e baixo tempo ao ar livre.
• Níveis mais altos de tempo de tela parecem estar relacionados
a maiores riscos de diversos problemas de saúde. Todavia, os
estudos disponíveis ainda apontam relações causais fracas, o que
torna difícil afirmar qual quantidade de tempo de tela está mais
relacionada a esses riscos.
• Dentre os problemas de saúde e de desenvolvimento relacionados
com o uso excessivo de telas, há problemas de atenção, atrasos
no desenvolvimento da linguagem, miopia, sobrepeso/obesi-
dade, duração mais curta do sono, e internalização relaciona-
da à depressão.
• Um aumento na quantidade de tempo de tela, somada a uma ida-
de precoce de início de exposição, tem efeitos negativos no desen-
volvimento da linguagem. Já o início em uma idade mais avançada,
mostra alguns benefícios. As características dos vídeos, o conteú-
do e assistir em conjunto com familiares também influenciam o
desenvolvimento da linguagem.
• Para as crianças de alguns países, o envolvimento em atividades
sociais online - com amigos, pais e professoras(es) – também foi
positivamente associado a aspectos do bem-estar, como senti-
mento de pertencimento, relações mais fortes com os colegas e
confiança. O ambiente online expõe as crianças a novas ideias e a
fontes de informação mais diversificadas. Isso ajuda as crianças
a se envolverem com outras pessoas e a conhecerem diferentes
pontos de vista. A internet também é uma importante fonte de co-

9
Respostas Rápidas para Governos Tempo de Tela para Crianças e Adolescentes

nhecimento sobre saúde física e mental para as crianças. Elas valo-


rizam o fato de que ela oferece anonimato, acesso a informações
confiáveis, experiências de colegas e opções de busca de apoio.
• Quando consultadas, as crianças mencionaram algumas desvan-
tagens de experiências lúdicas digitais, desde o isolamento
até o tédio e afetos negativos.
• Alguns aspectos parecem reduzir os efeitos negativos, tais
como uso moderado, menos tempo de tela, monitoramento/
acompanhamento das(os) familiares/cuidadoras(es), visuali-
zação de programas educacionais em um ambiente escolar, e
atividades/jogos ao ar livre.
• Um nível mais baixo de felicidade e satisfação com a vida está
associado à exposição a conteúdo online negativo, ao ódio on-
line, à discriminação e ao extremismo violento. As crianças que
sofrem violência, negligência, punição física, vitimização psi-
cológica, conflito parental, assédio sexual offline têm maior
probabilidade de também serem expostas à solicitação sexual
online. No entanto, mais estudos são necessários para entender a
relação entre as vivências online e offline.
• Em estudo brasileiro, adolescentes de 10 a 19 anos tive-
ram a prevalência de tempo excessivo (>2h/dia) de tela de
70,9% e tempo excessivo de TV de 58,8%. Em estudos in-
ternacionais, a dependência de internet de crianças e adoles-
centes parece estar relacionada com o aumento de tendên-
cias suicidas. O uso de internet também foi correlacionado com
maior vitimização por bullying online e encontros de risco. Ser
espectador ou espectadora de cyberbullying parece dessensi-
bilizar crianças para as situações em que ele ocorre ao vivo.

10
Principais Achados

Um problema de padronização
Um dos desafios evidenciados pelos estudos é a varia-
ção significativa na nomenclatura relacionada ao uso
excessivo e/ou inadequado de telas e nos critérios para
identificar o comprometimento clínico, os padrões e os
tipos de uso. Diferentes estudos e relatórios utilizam
indicadores e ferramentas variadas, de difícil compara-
ção. Além disso, há uma escassez de ferramentas sen-
síveis para grupos-chave, como crianças pequenas, uso
familiar e pessoas em situação de vulnerabilidade.

Ainda, muitos estudos examinam os efeitos do tempo


que as crianças passam usando a internet, sem incluir
variáveis relacionadas à qualidade percebida ou ao con-
texto de seu uso da internet.

3.2. Orientações/recomendações
nacionais e internacionais
sobre o uso de tela
• A Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou, entre 2017 e
2018, diretrizes de atividade física, comportamento sedentário
e sono para crianças com menos de 5 anos de idade. Essas di-
retrizes são referenciadas pela maior parte das recomendações
de países. Em relação ao tempo em comportamento sedentá-
rio/tempo de tela, as recomendações são fortes, mas informa-
das por qualidade da evidência muito baixa.
• Bebês (menos de 1 ano): não devem ser contidos por mais de 1
hora por vez (por exemplo, em carrinhos de bebê, cadeiras de
bebê ou amarrados nas costas de um cuidador ou cuidadora). O
tempo de tela não é recomendado. Quando quietos, o engaja-
mento em leituras e na narração de histórias com um cuidador
ou cuidadora é encorajado.
• Crianças de 1 a 2 anos de idade: não devem ser contidas por
mais de 1 hora por vez (por exemplo, em carrinhos de bebê,
cadeiras de bebê ou amarradas nas costas de um cuidador ou
cuidadora) ou sentadas por longos períodos de tempo. Para

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Respostas Rápidas para Governos Tempo de Tela para Crianças e Adolescentes

crianças de 1 ano, o tempo sedentário em telas (como assistir TV ou


vídeos, jogar jogos de computador) não é recomendado. Para aque-
les com 2 anos de idade, o tempo sedentário em telas não deve ser
superior a 1 hora; quanto menos melhor. Quando quietas, o enga-
jamento em leituras e na narração de histórias com um cuidador é
encorajado.
• Crianças de 3-4 anos de idade: não devem ser contidas por mais de
1 hora de cada vez (por exemplo, em carrinhos de bebê) ou senta-
das por longos períodos de tempo. O tempo sedentário em telas não
deve ser superior a 1 hora; quanto menos melhor. Quando quietas,
o engajamento em leituras e na narração de histórias com um cuida-
dor ou cuidadora é encorajado.

• Ainda há importante lacuna de informação sobre como as recomen-


dações são desenvolvidas. A maior parte das recomendações identi-
ficadas foram traçadas a partir de revisão de literatura e consenso de
especialistas. Os processos mais completos parecem envolver revi-
são da produção científica sobre o tema, oficinas com crianças, con-
sultas a familiares/cuidadores(as), e engajamento de especialistas e
da indústria.

12
Principais Achados

País Nível Recomendações

• Limitar o tempo de assistir televisão a no máximo 2 ho-


Governo - U.S. Department
EUA of Health & Human Services
ras por dia. As crianças devem fazer atividades fí-
sicas por pelo menos 60 minutos por dia.

Governo - Ministerio • Sem recomendações de tempo, mas com orientações sobre como
Chile de Desarrollo Social famílias/cuidadores(as) podem acompanhar e orientar o uso de tela.

• Associação Francesa de Pediatria Ambulatória (AFPA) - regra 3-6-9-12


• Antes dos 3 anos: zero telas
Governo - Institu- • Antes dos 6 anos: nada de videogames
Colômbia to Colombiano • Antes dos 9 anos: acesso a dispositivos tecno-
de Bienestar Familiar lógicos sem conexão com a Internet
• Antes dos 13 anos: acesso a dispositivos tecnológi-
cos com conexão à internet sem redes sociais

• Conselho Superior de Saúde Pública e a Academia Nacio-


nal de Medicina recomendam que crianças menores de 3 anos
não sejam expostas a telas, a menos que certas condições se-
jam atendidas (presença de um adulto, interatividade).
França Multinível
• Já a Saúde Pública da França (através do Plano Nacional de Nutrição e
Saúde) e a Agência Francesa de Saúde e Segurança Alimentar, Am-
biental e Ocupacional (Anses) estabelecem a idade limite em 2 anos.
• Associação Francesa de Pediatria Ambulatória (AFPA) - regra 3-6-9-12

• 0 a 2 anos: Se possível, sem mídia de tela, em vez dis-


so, livros ilustrados e peças de rádio/canções.
• 2 a 3 anos: 5 a 10 minutos de tempo de tela acompanhado; apenas
ofertas selecionadas adequadas à idade; bate-papos de vídeo com
os avós (juntamente com os pais), por exemplo, via smartphone ou
tablet são perfeitamente bons e, é claro, podem levar mais tempo.
Governo/ organização
Alemanha autônoma da UE – Klicksafe
• 4 a 6 anos: no máximo 30 minutos por dia; não necessariamen-
te diariamente; tempo de tela acompanhado e apenas conteú-
do adequado à idade, dependendo do interesse da criança.
• 7 a 10 anos: Máximo de 60 minutos por dia de tempo livre de tela; não ne-
cessariamente diariamente; o conteúdo é discutido em conjunto. Impor-
tante: Ferramentas e configurações de controle parental devem ser usa-
das para suporte quando a criança estiver online sem acompanhamento.

Governo - Ministe-
Itália ro della Salute
• Diretrizes da OMS

Academia - Revista de Cien-


Cuba cias Médicas de Cienfuegos
• Diretrizes da OMS

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Respostas Rápidas para Governos Tempo de Tela para Crianças e Adolescentes

País Nível Recomendações

• O tempo de tela durante a infância pode ter impactos de longo prazo


no desenvolvimento da criança. Para crianças e jovens, recomenda-
Austrália Ministry of Health
mos não mais do que 2 horas de tempo de tela recreativo por dia. Isso
não inclui o tempo de tela necessário para atividades escolares.

Menores de 2 anos:
• O uso da mídia deve ser muito limitado e somente quando um adulto
estiver presente para co-visualizar, conversar e ensinar (por exem-
plo, videoconferência com a família junto com os pais). Para crianças
de 18 a 24 meses, se você quiser apresentar mídia digital, escolha
programas de alta qualidade e use a mídia junto com seu filho.
• De 2 a 5 anos de idade
Limite o uso da tela para não mais do que 1 hora por dia.
Encontre outras atividades saudáveis para seus filhos fazerem para seus
corpos e mentes.
Escolha mídia interativa, não violenta, educativa e pró-social.
Assista ou jogue junto com suas(eus) filhas(os).
Entidade profissional - Ame- • 5 anos e mais
EUA rican Academy of Pediatrics Certifique-se de que o uso da mídia não esteja deslocando outras ativida-
des importantes, como sono, tempo em família e exercícios.
Verifique o uso da mídia de suas(eus) fi-
lhas(os) para sua saúde e segurança.

Pré-adolescentes e adolescentes:
• Os pais devem envolver pré-adolescentes e adolescentes em conver-
sas sobre seu uso da mídia, cidadania digital, o que viram ou leram,
com quem estão se comunicando e o que aprenderam com o uso da
mídia.

Canadian 24-Hour Movement Guidelines for the Children and Youth


Para crianças até 5 anos: Diretrizes da OMS
De 5 a 17 anos:
Atividade física - Acumulação de pelo menos 60 minutos por dia de atividade
física moderada a vigorosa envolvendo uma variedade de atividades aeróbi-
Entidade profissional - Ca-
cas. Atividades físicas vigorosas, e atividades de fortalecimento muscular e
Canadá nadian Society for Exer-
ósseo devem ser incorporadas pelo menos 3 dias por semana;
cise Physiology (CSEP)
Sono - De 9 a 11 horas ininterruptas de sono por noite para aqueles com
idades entre 5 e 13 anos e de 8 a 10 horas por noite para aqueles com idades
entre 14 e 17 anos, com horários consistentes de dormir e acordar; e
Comportamento sedentário - Não mais do que 2 horas por dia de tempo
de tela recreativo + Limitar o tempo sentado por períodos prolongados.

14
Principais Achados

E o Brasil?
• Considerando adultos e crianças, o Brasil foi o segundo país
com maior tempo de uso de telas em levantamento da Eletro-
nic Hubs com dados de 2022. O estudo aponta que, em média,
uma pessoa no Brasil passa 56,61% do seu tempo acordado
em frente a telas.
• Dados de 2016 a 2021 demonstram o aumento da proporção
de adultos que gastam três ou mais horas por dia em celula-
res, computadores ou tablets: de 19,9% para 25,5%.
• Não foram encontradas recomendações governamentais
a nível federal ou estadual quanto ao tempo de tela, ape-
nas reportagens em canais oficiais do governo federal, do
governo do Ceará e governo do Pará. A Caderneta de Saú-
de da Criança, do Ministério da Saúde, inclui a seção OB-
SERVANDO COM CUIDADO O USO DOS ELETRÔNICOS.

• A Sociedade Brasileira de Pediatria segue as diretrizes da OMS,


recomendando:
• - Evitar a exposição de crianças menores de dois anos às telas,
mesmo que passivamente;
• - Limitar o tempo de telas ao máximo de uma hora por dia,
sempre com supervisão para crianças com idades entre dois e
cinco anos;
• - Limitar o tempo de telas ao máximo de uma ou duas horas
por dia, sempre com supervisão para crianças com idades en-
tre seis e 10 anos;
• - Limitar o tempo de telas e jogos de videogames a duas ou
três horas por dia, sempre com supervisão; nunca “virar a noi-
te” jogando para adolescentes com idades entre 11 e 18 anos;
• - Para todas as idades: nada de telas durante as refeições e
desconectar uma a duas horas antes de dormir.

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Respostas Rápidas para Governos Tempo de Tela para Crianças e Adolescentes

3.3. Segurança na web


Há uma série de riscos de segurança relacionados ao uso de internet por
crianças e adolescentes:
O crescimento da transmissão pela internet de abuso e exploração sexu-
al infantil, em que crianças geralmente em países do Sul Global são abu-
sadas “por encomenda” através de serviços de transmissão ao vivo na
web, às vezes com a cooperação consciente de seus pais, normalmente
por homens localizados no Norte Global.
A venda de brinquedos “inteligentes” (bonecas, ursinhos) e outros pro-
dutos domésticos (como monitores de bebê, mochilas, entre outros
exemplos da “internet das coisas”) que coletam dados pessoais de crian-
ças (incluindo suas conversas) de maneiras que os pais não entendem,
deixando-as vulneráveis a abusos de privacidade quando os dados são
“hackeados”.
A explosão de “notícias falsas”, “bolhas de filtro” e outras formas de pre-
conceito e desinformação, deliberadas ou não, que favorecem a persua-
são manipuladora em detrimento do conhecimento e da tomada de de-
cisão para o bem público - e das crianças.
Exposição à cyberbullying

Alguns países avançaram em normativas e políticas em torno da segu-


rança e da cidadania digital de crianças e adolescentes, com forte articu-
lação intersetorial:

16
Principais Achados

País Políticas Órgão(s) de supervisão

Je decide - privacidade online


• Autoridade de Proteção de Dados
Digital Champion - promove habi-
• Profissional privado, nomeado por
Bélgica lidades e oportunidades digitais
mandato governamental
Child Focus - combate a ex-
• Órgão interinstitucional financiado publicamente.
ploração sexual infantil

Centro Canadense de Cibersegurança. • Múltiplos departamentos (liderados pelo Mi-


Plano de Inovação e Habilidades, nistério da Segurança Pública do Canadá).
Canadá “Tecnologias” - identificam novas tec- • Inovação, Ciência e Desenvolvimen-
nologias e desenvolvem habilidades. to Econômico do Canadá

Enlaces - Integra recursos edu- • Centro de Educação e Tecnologia (den-


cacionais ao sistema escolar tro do Ministério da Educação)
Chile Asociación de Telefonia Móvil • Associação comercial regulamentada pela Sub-
- Entidade setorial que represen- secretaria de Telecomunicações, vinculada ao
ta o setor de telefonia móvel Ministério dos Transportes e Telecomunicações.

Lei Contra a Exploração Sexual


Comercial - múltiplas ações para
prevenir riscos de contato
• Múltiplas entidades governamentais.
Política Nacional de Segurança
Colômbia Digital (‘Conpes nº 3854’) - pri-
• Conselho Nacional de Política Econômica e Social.
• Comissão Reguladora de Comunicações.
vacidade, segurança digital
Várias estratégias sobre dados pessoais
e proteção contra exploração.

Unidade e Política de Educação Digital


• Autoridade de Proteção de Dados.
Comunidade de partes interessadas
• Educnum - Coletivo de 70 organiza-
que oferecem conscientização e
ções sem fins lucrativos e ONGs.
França educação sobre o site educnum.fr
• E-enfance - associação reconhecida como
E-enfance atuando contra o cyber-
utilidade pública e aprovada pelo Mi-
bullying e operando uma linha
nistério da Educação Nacional.
segura nacional para crianças.

Estratégia de Proteção Infantil


Digital - baseada em três pilares: • Todo o governo (parte do progra-
Hungria conscientização, alfabetização ma de sucesso digital do governo).
digital e proteção e segurança.

Niñ@s Inai - privacidade / pro-


• Instituto Nacional de Transparência, Acesso à
teção de dados pessoais.
México @Prende - conscientização
Informação e Proteção de Dados Pessoais.
• Secretaria de Educação Pública.
e educação comunitária.

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Respostas Rápidas para Governos Tempo de Tela para Crianças e Adolescentes

4. Recomendações gerais
Ferramenta desenvolvida pelo Fundo das Nações Unidas para a In-
fância (Unicef) de acompanhamento das experiências digitais das
crianças considera aspectos como a Regulação emocional, a Auto-
atualização, o Empoderamento, a Conexão social, a Criatividade, a
Segurança e proteção, e a Diversidade, equidade e inclusão como
competências que devem ser acompanhadas.
Mudanças nas políticas direcionadas ao setor, como configurações
de dispositivos mais fáceis e transparentes, poderiam ajudar as fa-
mílias a estabelecer limites. Considerando o número de crianças
que excedem as diretrizes de tempo de tela, a eliminação de anún-
cios da programação e dos aplicativos direcionados às crianças por
parte do setor contribuiria para resultados mais saudáveis.
Os estados devem adotar um quadro de coordenação nacional com
um mandato claro e autoridade suficiente para articular todas as
atividades relacionadas aos direitos das crianças e à mídia digital e
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) em níveis interseto-
riais, nacionais, regionais e locais e facilitar a cooperação interna-
cional.
Os estados devem exigir que todas as empresas que afetam os di-
reitos das crianças em relação ao ambiente digital implementem
estruturas regulatórias, códigos da indústria e termos de serviços
que adiram aos mais altos padrões de ética, privacidade e seguran-
ça em relação ao design, engenharia, desenvolvimento, operação,
distribuição e marketing de seus produtos e serviços.

18
Para ler todas as Respostas Rápidas
para Governos, junto ao repositório de
documentos analisados e vinculados
a cada uma delas, acesse:

www.veredas.org/respostasparagovernos

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