Gramatica 2
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3 libras cada uma”. Nessa época, o símbolo @ já ficou conhecido, em inglês, como
at (a ou em). No século 19, os espanhóis, desconhecendo o sentido atribuído pelos
ingleses, acharam que o símbolo seria uma unidade de peso (a unidade de peso
Capítulo não finalizado! comom para os espanhóis era a arroba, cujo “a” inicial lembra a forma do símbolo).
Assim, os espanhóis interpretavam “10@£3” como “10 arrobas custando 3 libras
cada uma”. Então, o símbolo @ passou a ser usado pelos espanhóis para
Língua Portuguesa na Medicina representar a arroba. Arroba veio do árabe ar-ruba (“a quarta parte): a arroba (15 kg)
correspondia a ¼ de uma outra unidade de medida de origem árabe (quintar), o
quintal (58,k758 kg). As máquinas de escrever começaram a ser comercializadas em
1874, nos EUA. O teclado tinha o símbolo comercial @. Em 1972, ao desenvolver o
primeiro programa de correio eletrônico (e-mail), Ray Tomlinson aproveitou o sentido
do símbolo “@” (at), disponível no teclado, e utilizou-o entre o nome do usuário e o
Carlos Alberto Guimarães nome do provedor. Em diversos idiomas, o símbolo @ ficou com o nome de alguma
coisa parecida com sua forma: em italiano, chiocciola (caracol); em sueco, snabel
(tromba de elefante); em alemão, Klammeraffe (rabo de macaco); em holandês,
apestaart (rabo de macaco); em outros idiomas, tem o nome de um doce em forma
circular: shtrudel, em Israel; strudel, na Áustria; pretzel, em vários países europeus.
(Pimenta R. A casa da mãe Joana. Rio de Janeiro: Campus; 2002. p. 12-3.)
A (ELEMENTO)
Este elemento nem sempre tem valor negativo. Ex.: acalmar resulta de “a” + “calma” ÃA
+ “ar”. Esse “a” vem do latim e indica idéia de aproximação, mudança de estado, Abreviatura latina que significa "de cada", usada para designar uma quantidade
transformação. Acalmar significa “tornar calmo o que não era”. O “a’” que significa comum de vários componentes de uma formulação. Pronuncia-se "aná". (Termos e
negação vem do grego e se vê em palavras como analfabeto, analgésico, amoral, expressões da prática médica). 1
afônico, etc. Outro exemplo: afear, que resulta de a- + feio + ar (tornar feio). Afiar 1. Costeira O. Termos e expressões da prática médica [CD-ROM]. Rio de Janeiro:
resulta de a- + fio + -ar e significa “dar fio a”, “tornar cortante”. (Cipro Neto P. Ao pé Laboratório FQM- FARMACOQUÍMICA S/A.
da letra. O Globo, 16.2.03)
O prefixo “a-” (ou “an-”) pode indicar negação ou privação (acéfalo – amoral – ateu – ABACTERIANO
anestesia). Nem sempre o prefixo “a-” é negativo. Exs.: acalmar (a + calmo + ar), em Isento de bactérias; não-bacteriano. 1
que a- expressa idéia de mudança de estado, isto é, acalmar = tornar calmo. Afear 1. Costeira O. Termos e expressões da prática médica [CD-ROM]. Rio de Janeiro:
(a + feio + ar), isto é, tornar feio. O povo parece preferir a forma “enfear” equivalente. Laboratório FQM- FARMACOQUÍMICA S/A.
Na linguagem literária, parece predominar “afear” (Cipro Neto P. Nossa língua em
letra e música. São Paulo: EP&A; 2002. p.19) ABACTUS VENTER
Parto prematuro, artificial; aborto induzido. 1
A (PREPOSIÇÃO) 1. Costeira O. Termos e expressões da prática médica [CD-ROM]. Rio de Janeiro:
Existem estudos lingüísticos sobre o declínio da preposição “a” no português Laboratório FQM- FARMACOQUÍMICA S/A.
brasileiro, que tende a substitui-la, dependendo do contexto, por “em” (cheguei na
cidade) ou “para” (disse para mim). Talvez o mesmo desprestígio explique seu ABAFAÇÃO
sumiço em expressões como “daqui dez minutos” – embora ela apareça bem Dispnéia; falta de ar; período pré-menstrual (pop.).1
preservad em locuções equivalentes: ninguém troca “daqui a pouco” por “daqui 1. Costeira O. Termos e expressões da prática médica [CD-ROM]. Rio de Janeiro:
pouco”. Não seria o primeiro caso de locução gramaticalmente capenga que vira Laboratório FQM- FARMACOQUÍMICA S/A.
expressão idiomática e se estabelece. (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 15.12.02)
ABAFAMENTO
Diminuição dos ruídos orgânicos, principalmente das bulhas cardíacas.1
‘Å
1. Costeira O. Termos e expressões da prática médica [CD-ROM]. Rio de Janeiro:
V. ANGSTROM ou ANGSTRÖM ou ÅNGSTRÖM
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@
ABAIXADOR DE LÍNGUA
Os copistas medievais (ver “e comercial”), com o mesmo recurso de entrelaçamento
Instrumento para abaixar a língua, no exame da garganta; abaixa-língua; cataglosso.1
de duas letras, criaram o símbolo @ para substituir a preposição latina ad (“em casa
1. Costeira O. Termos e expressões da prática médica [CD-ROM]. Rio de Janeiro:
de”). Após a imprensa, o símbolo continuou a ser empregado nos livros de
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contabilidade. P.ex., o registro contábil 10@£3 significava “10 unidades ao preço de
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(textos retirados de obras de escritores renomados). (Dicionário Aurélio Eletrônico distinção. Quando se fala de gente que se abstém de votar, p.ex., é mais comum o
Século XXI) uso de “abstenção”. Já em sentido moral, tem-se ouvido mais “abstinência”. Fala-se
em “abstinência sexual” ou em “abstinência de carne”, por exemplo. Assim,
ABORÍGENE VS. ABORÍGINE abstinente é quem se afasta “do fumo, da carne, das drogas, do sexo...”. Ex.: Os
Prefira a forma aborígine, mesmo que a nova edição do dicionário Aurélio e o padres fazem voto de abstinência sexual.1,2
Vocabulário Ortográfico, da Academia Brasileira de Letras, também registrem 1. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 19 dez 1999.
aborígene. A palavra deriva do latim aborigine (ab origine, desde a origem), como 2. da Silva SND. O português do dia-a-dia:como falar e escrever melhor. Rio de
explicam os gramáticos Domingos Paschoal Cegalla e Celso Luft. Indígena e Janeiro:Rocco;2004.
alienígena, por sua vez, são com e porque se relacionam com a palavra latina genus
(raça). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 30.9.00) ABSTER vs. ABSTRAIR
Segundo o dicionário Michaelis, os verbos abster e abstrair poderiam ser sinônimos.
ABREVIAÇÕES Outros dicionários (Antenor Nascentes, Caldas Aulete, Larousse) não apresentam
V. REDUÇÕES abstrair com a acepção de abster-se. Em geral, a diferença básica é a idéia de
privação do exercício de um direito ou de uma função (= abster) e a idéia de
ABREVIATURAS separação, afastamento (= abstrair). Ex.: ...abstivemo-nos de comentar a referida....
V. REDUÇÕES É um caso de abstenção (abster-se = privar-se, não intervir) e não de abstração
(abstrair-se = separar-se, afastar-se) (Duarte SN, Língua Viva, JB, 21.3.99, p.14)
ABREVIATURAS E FLEXÃO
Alguns plurais se fazem com a duplicação da letra: AA. (autores), EE. (editores). ABORRACHADO vs. EMBORRACHADO
Também fazem plural com “s” as reduções (abreviaturas) formadas pela redução de Não há registro de “aborrachado” no dicionário Michaelis, nem no Aurélio 2000, nem
palavras e aquelas que representam formas de tratamento: sécs. (séculos); págs. no VOLP da ABL. Quanto aos “emborrachado”, os dicionários mais antigos só
(páginas); V.Sas. (Vossas Senhorias), V. Exas. (Vossas Excelências). 1 registram o sentido de “embriagado”, mas a última edição do Aurélio já apresenta o
1. da Silva SND. O português do dia-a-dia:como falar e escrever melhor. Rio de adjetivo emborrachado nos dois sentidos: embriagado e revestido de borracha.
Janeiro:Rocco;2004. (Sérgio Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, 10.9.00)
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acento: homens, viagens, imagens, nuvens, etc. Nem pensar. Na observação 1 do Iguaçu, capaz, talvez, feroz, condor, impor, compor, propor, ruim, assim, folhetim
item 7 do mesmo capítulo XII está: não se acentuam graficamente os vocábulos (Duarte SN, JB, 3.5.98, p.14)
paroxítonos finalizados por “ens”. Em seguida, os exemplos: imagens, jovens, No entanto, Grajaú. Esta é uma regra especial para as vogais i e u; há acento
nuvens. Assim, o Formulário Ortográfico desmente o Formulário Ortográfico. Há quando formam hiato com a vogal anterior e ficam sozinhas na sílaba ou com o s.
duas hipóteses: 1) houve erro de composição. Queria-se grafar “alúmen”, no Exs.: Gra-ja-ú; ba-ú; sa-ú-de; vi-ú-va; con-te-ú-do; ga-ú-cho, eu re-ú-no; ele re-ú-ne;
singular, mas, por erro, grafou-se “alúmens”; 2) o erro não está no texto original do eu sa-ú-do, eles sa-ú-dam; I-ca-ra-í; eu ca-í; eu sa-í; eu tra-í; pa-ís; tu ca-ís-te; nós
Formulário Ortográfico, mas na transcrição dele que se faz nas edições do Aurélio e ca-í-mos, eles ca-í-ram, eu ca-í-a, ba-í-a; ra-í-zes; ju-í-za; ju-í-zes, pre-ju-í-zo, fa-ís-
no VOLP da ABL. Seria muita coincidência. É claro que “alumens” não se escreve ca; pro-í-bo; je-su-í-ta; dis-tri-bu-í-do; con-tri-bu-í-do; a-tra-í-do (Duarte SN, JB,
com acento. E pelo texto do Formulário, não é possível concluir que palavras como 3.5.98, p.14).Não há acento agudo quando as vogais formam ditongo e não hiato.
“neutrons”, “eletrons” e “protons” se escrevam com acento. No singular, o acento é Exs.: gra-tui-to; for-tui-to;in-tui-to;cir-cui-to; mui-to; sai-a; baia; que ele cai-am; ele
indiscutível. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 23.1.00) cai; ele sai; ele trai; pais. Não há acento agudo quando as vogais i e u não estão
Palavras paroxítonas terminadas em “ps” são acentuadas. Exs.: bíceps, tríceps, isoladas na sílaba. Exs.: ca-iu; ca-ir-mos; sa-in-do; ra-iz; ju-iz; ru-im. (Duarte SN, JB,
quadríceps, fórceps. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 13.2.00) 3.5.98, p.14)
Há acentos diferenciais, colocados excepcionalmente, como o circunflexo que se As oxítonas terminadas em a, as, e, es, o, os, em, ens são acentuadas. Exs.:
usa nas formas da terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter, vatapá, café, você, jiló, avô, alguém, Petrobrás, jacarés, Urupês, carijós, supôs,
vir e derivados (deter, conter, entreter, obter, reter, abster-se, intervir, convir, provir, parabéns. (Cipro Neto P. Ao Pé da Letra, O Globo, 3.1.99, p.18)
etc.). Exs.: eles têm, vêm detêm, contêm, entretêm, obtêm, retêm, abstêm-se, Não se acentuam o i nem o u se formarem sílaba com l, m, n, r e z (porque não
intervêm, convêm, provêm. Por que a necessidade de diferenciar o singular do plural estarão isolados na sílaba) ou forem seguidos de nh. Exemplos: Raul, Ataulfo, ruim,
nesses casos? P.ex.: Que poder detém/detêm esses jovens? Com o acento agudo, amendoim, Coimbra, saindo, Constituinte, oriundo, diurno, sairmos, atrairdes, poluir,
o sujeito da oração é “poder”. Pergunta-se que poder é capaz de deter (frear) esses juiz, raiz, bainha, moinho, campainha. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado
jovens. Com o acento circunflexo, o sujeito é “esses jovens”. Pergunta-se que poder de São Paulo, 25.5.02)
esses jovens detêm (possuem, têm). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, Mesmo que se trate de palavras oxítonas (a sílaba forte é a última), o i e o u deste
13.2.00) caso (isolados na sílaba) são acentuados: caí, Jundiaí, Havaí, Jaú, Itaú, baús,
O trema é usado nos grupos “que”, “qui”, “gue” e “gui”, quando o “u” é pronunciado Crateús, teiú. A regra vale também para as formas verbais seguidas de lo, la, los e
atonamente, como ocorre em freüente, tranqüilo, agüentar e lingüiça. Quando o “u”é las: contraí-lo, incluí-la, atraí-los-á, substituí-las-emos. Mesmo precedidos de vogal,
pronunciado tonicamente, coloca-se acento agudo, como ocorre em apazigúe, os ditongos iu e ui não têm acento: saiu, contribuiu, possuiu, pauis (de paul).
obliqúe, argúi (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 13.2.00) (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 25.5.02)
Acentuam-se as formas verbais associadas a pronomes oblíquos, como lembrá-lo,
vendê-lo, etc. Basta esquecer o pronome e levar em conta a forma verbal. Em ACENTUAÇÃO DE PAROXÍTONAS
lembrá-lo, a forma lembrá, oxítona terminada em “a”, que , por isso, é acentuada. Não se acentua, nas palavras paroxítonas (a sílaba forte é a penúltima), a vogal
Tome cuidados com puni-lo e traí-lo. No primeiro caso, “puni”, aplica-se a regra das repetida: Saara, xiita, Mooca. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São
oxítonas e não se acentua.No segundo caso, “traí”, ocorre hiato e a separação das Paulo, 25.5.02)
sílabas é tra-í. Basta aplicar a regra dos hiatos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
Globo, 13.2.00) ACERCA
Recebe acento diferencial de timbre (abertura da vogal) a forma pôde (do pretérito A palavra “acerca” sozinha tem uso restrito. Nos dicionários, costuma aparecer com
perfeito de poder), em oposição a pode (do presente). Já a lista das palavras que a observação “ant.” (“antigo”). O “Aurélio” diz que o vocábulo significa “a pequenina
recebem acento diferencial de tonicidade é grande. Esse acento é o que distinguee distância”, “perto”, “quase”. Na língua de hoje, “acerca” costuma fazer parte da
palavras homógrafas (de mesma grafia) quando uma é tônica e outra é átona, como expressão “acerca de”. (Cipro Neto P. Acerca de, a cerca de, há cerca de. Revista O
ocorre com o verbo pôr e a preposição por, que se diferenciam graficamente pelo Globo, 12.12.2004, p.53)
acento circunflexo. Também a forma verbal pára recebe acento, que a distingue da
preposição para. Esses dois casos de diferencial de tonicidade (pôr e pára) são os ACERCA DE
que realmente têm importância. Os demais (pêlo, pêlos, pêra, pólo, etc.) constituem Equivale a “sobre”, “a respeito de”, “quanto a”, “relativamente a”. Exs.: Gosta de falar
puro preciosismo e poderaim perfeitamente ser eliminados. (Cipro Neto P. Ao pé da acerca das cidades que conhece. O presidente discursou acerca da dívida externa.
letra. O Globo, 13.2.00) Falávamos acerca do jogo de ontem. Não discuto acerca dos problemas alheios. Ela
ainda não se manifestou acerca desse caso.1,2,3,4,5
ACENTUAÇÃO DE OXÍTONAS 1. Duarte SN. Jornal do Brasil. 5 abr 1998;p.16.
Acentuam-se as terminadas em a, e, e o, seguidas ou não de s. Exs.: sofá, sabiá, 2. Niskier A. Na ponta da língua. O Dia. 11 fev 2000.
atrás, aliás, café, você, invés, chinês, cipó, avô, avós, propôs 3. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 15 out 2000.
Não se acentuam as oxítonas terminadas em i (s), u(s), az, ez, oz, or, im.Exs.: aqui, 4. Cipro Neto P. Acerca de, a cerca de, há cerca de. Revista O Globo. 12 dez
barris, dividi-lo, Parati, anis, adquiri-la, caju, Bauru, Bangu, urubus, compus, Nova 2004;p.53.
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5. da Silva SND. O português do dia-a-dia:como falar e escrever melhor. Rio de Acessar - Verbo transitivo direto. Em informática, ter acesso a, isto é, conectar-se ou
Janeiro:Rocco;2004. comunicar-se com uma unidade de armazenamento de dados, por meio de
V. “a cerca de”, “cerca de” e “há cerca de” computador, com o fim de obter informações, trocar mensagens, etc. Ex.: Em
qualquer lugar do mundo, o usuário pode acessar notícias publicadas no Jornal do
A CERCA DE Brasil. O número para acessar o banco é 00800151234. Por via eletrônica, o cliente
“A cerca de” nada mais é do que a expressão “cerca de” (perto de, pode, sem sair de casa, acessar a sua conta bancária. Neologismo surgido em 1995
aproximadamente) precedida da preposição “a”. Devemos usar quando houver idéia ou pouco antes. (4)
de “tempo futuro” ou “distância”. Exs.: Só nos veremos daqui a cerca de 60 dias. Acessar (de acesso + ar; adaptação do inglês (to) acess. Verbo transitivo direto.
Estamos a cerca de 20 quilômetros do lugarejo. Estamos a cerca de dez quilômetros Informática. A. Estabelecer comunicação com (computador, ou dispositivo a ele
do estádio. Falou a cerca de mil pessoas. O posto fica a cerca de dez quilômetros. ligado), para fazer uso de seus recursos, ou dos serviços por ele oferecidos. B. Por
Estamos a cerca de duas horas do centro da cidade. “A cerca de” também pode ser extensão. Obter ou utilizar dessa maneira (dados, arquivos, programas, serviços,
o substantivo “cerca” precedido do artigo “a) e seguido pela preposição “de”. Ex.: A etc., armazenados ou processados em computador) Ex.: acessar informações
cerca de arame farpado foi cortada.1,2 sigilosas (1)
1. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 15 out 2000. Referências:
2. da Silva SND. O português do dia-a-dia:como falar e escrever melhor. Rio de 1. Ferreira, ABH. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed.
Janeiro:Rocco;2004. rev. amp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1999. p. 30
V. “acerca de”, “cerca de” e “há cerca de” 2. Fernandes F. Dicionário de regimes de substantivos e adjetivos. 23 ed. São
Paulo: Globo; 1995. p. 9
ACESSAR 3. Figueiredo C. Dicionário da língua portuguesa. 14 ed. 2 vols. Lisboa: Bertrand;
Palavra aportuguesada com uso restrito à área da informática. Não tem sentido 1949. p.32.
genérico de “ter acesso”. Evite frases como: O motorista acessou (entrou, teve 4. Cegalla DP. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Rio de Janeiro; Nova
acesso) a avenida Paulista ou “o presidente acessou (teve acesso à) tribuna de Fronteira; 1996. p.6.
honra. 1,2
1. Duarte SN. Jornal do Brasil. 2 nov 1997 ACIDENTE vs. INCIDENTE
2. da Silva SND. O português do dia-a-dia:como falar e escrever melhor. Rio de Incidente (= o que ocorre em circunstância acidental, episódio). Acidente (=
Janeiro:Rocco;2004. desastre, dano, estrago). (Niskier A Na ponta da língua. O Dia, 28.11.99)
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cores”, pois o artigo não poderia estar no singular. (Cipro Neto P. Ao Pé da Letra.
Rio de Janeiro; EP&Â; 2001 p.32) ADEQUAR
No presente do indicativo só existem as formas adequamos e adequais.
ACOSTUMAR A ou COM O verbo é defectivo, i.e., tem defecção (=falta de algumas formas). Só apresenta as
Tanto faz (Sérgio Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, 30.8.98, p.16) formas arrizotônicas (=sílaba tônica fora da raiz). Significa que não tem as três
pessoas do indicativo e logo, nada do subjuntivo. Presente do indicativo: nós
ACREDITAR adequamo, vós adequais. Qundo se fizer necessário utilizar o presente podemos
O verbo ‘acreditar’ pode ser empregado para introduzir hipóteses? Não é preciso ter dizer p.ex.: ... que a nossa empregada fique adequada à realidade do mercado.
certeza absoluta do que se diz para empregar o verbo ‘‘acreditar’’. Os dicionários (Duarte,SN, Língua Viva, JB, p.20, 29.11.98)
dão a esse verbo o sentido de ‘‘supor, crer, presumir, julgar, ter como verdadeiro’’, Alguns autores, no entanto, mencionam a possibilidade de conjugação de todas as
entre outros. Num texto dissertativo, é normal que se empregue um desses verbos formas do presente, entre elas “adequo” e “adequa”, ambas lidas com força no “u”.
em afirmações que não são de todo categóricas. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Quem não quer polêmica deve evitar o uso dessas formas e lançar mão de outro
Globo, 5.3.00) verbo (“adaptar”, por exemplo). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 2.7.00)
99,99% das gramáticas e dicionários registram “adequar” como defectivo, ou seja,
ACROBATA (PROSÓDIA) como verbo de conjugação incompleta. Nos verbos defectivos, a ausência de formas
Palavra paroxítona. se dá apenas nos dois presentes (o do indivativo e o do subjuntivo). Nos pretéritos e
Acrobata (paroxítona) ou acróbata (proparoxítona) (Niskier A. Na ponta da língua. O futuros, a conjugação é completa. Os pouquíssimos autores que não registram o
Dia, 5.11.00) verbo como defectivo conjugam-no como “recuar”, ou seja, dão como corretas
formas como “adequo”, “adequa” e “adequam”, todas lidas com intensidade tônica
ACRÔNIMO no “u”, e, portanto, grafadas sem acento agudo. Como se vê, quem diz “adéquo”,
Palavra que se faz com a inicial (ou iniciais) das palavras (ou de partes delas) que “adéqua” ou “adéquam” não é defendido por ninguém. (Cipro Neto P. Ao pé da letra.
formam uma expressão com que se nomeia algo. Ex.: Sudene; laser. O acrônimo O Globo, 25.3.01)
não deixa de ser uma espécie de sigla. O que o caracteriza é a pronúncia de forma O Houaiss (2001) diz que, modernamente, “adequar” tem sido conjugado nas formas
contínua, sem a soletração. Assim, FGTS, INSS ou S.O.S., que se soletram, não são que a tradição da língua não registra. Essa conjugação “moderna” é instável e segue
considerados acrônimos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 24.3.02) dois padrões: eu adéquo/adequo; ele adéqua/adequa; eles adéquam/adequam. Se
você prefere seguir a tradição da língua, substitua essas formas pelas de verbos
ACURÁCIA sinônimos, como “adaptar”. No lugar da discutível “adequa”, use “adapta”,
Tanto o VOLP como o Aurélio registram “acurácia”, que significa “precisão”. Ex.: Eles indiscutível. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 27.2.02)
ficaram surpresos com a acurácia das previsões. (Duarte SN. Língua Viva, JB,
13.2.00) ADERIR
Flexão verbal. Obs.1: quando o verbo é irregular na primeira pessoa do singular do
ACURADO vs. APURADO presente do indicativo (aderir > eu adiro), todo o presente do subjuntivo apresenta a
Acurado significa “esmerado, apurado, aprimorado”. Apurado significa “que tem ou é mesma irregularidade (que eu adira, que tu adiras...). Obs. 2: a irregularidade de
feito com apuro; elegante, esmerado, fino, correto, perfeito, apressado, impaciente mudar a vogal “e” para “i” ocorre em outros verbos: ferir, aferir, ingerir, inserir,
(Dicionário Larousse). Em determinadas situações acurado e apurado podem ser preterir, competir, repetir, despir, discernir, divergir, advertir, refletir, seguir, sentir,
sinônimos. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 13.2.00) mentir, servir, vestir, investir, impelir. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 21.10.01)
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ADIMISSIONAL ano, a construção já foi iniciada. / Continuam intocados (e não “continua intocado”)
Não existe registro do vocábulo.1,2 no FMI recursos no valor de US$ 20 bilhões. (Martins E, De palavra em palavra. O
1. Houaiss A, Villar MS. Dic. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Estado de São Paulo, 28.8.99)
Janeiro: Objetiva; 2001.
2. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 4 ed. ADJETIVO COMPOSTO (FLEXÃO DO)
Rio de Janeiro: A Academia; 2004. Só se flexiona o último elemento. P.ex. exposições luso-brasileiras. Exceção: surdo-
mudo, que faz plural em surdos-mudos. (Abreu AS. Curso de Redação. 4a. edição.
ADJETIVO São Paulo: Editora Ática S.A., 1994.) (Cipro Neto P, Ao pé da letra, O Globo,
Vem do latim e significa “que se ajunta”. Ajunta-se a um substantivo, é claro. O 17.1.99, p.20)
adjetivo é o acessório, o ornamento. Na palavra existe o prefixo latino “ad”, que Ex.: Isto não foi suficiente para desencorajar novas atividades técnico-científicas
indica idéia de proximidade. Adjetivo é uma palavra que indica qualidade (ou estado, (Sérgio Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, 9.8.98, p.16)
modo de ser, caráter) do substantivo ao qual se ajunta. Para dizer que uma palavra Nos adjetivos compostos formados por dois adjetivos, só se flexiona o segundo.
é adjetivo, é preciso, no mínimo, que ela modifique, qualifique outra palavra (um Exs.: propostas luso-brasileiras; clínicas médico-odontológicas; questões político-
substantivo ou pronome que o substitua). Exs.: Nestes tempos de pensamento partidárias. No caso de azul-marinho, ocorre flexão excepcional, isto é, nenhum dos
único, os inteligentes sofrem muito (a palavra “inteligente” atua como substantivo, já elementos varia, apesar de os dois elementos formadores serem adjetivos. Ex.:
que toma o lugar de “pessoas inteligentes” ou algo equivalente). Elas são pobres camisas azul-marinho. Outro exemplo interessante é camisas vermelho-claras
(“pobre” é adjetivo, já que qualifica o pronome “elas”, que subtitui dois ou mais (forma gramaticalmente correta). Porém, na língua do dia-a-dia, a forma vermelho-
nomes ou substantivos). O adjetivo pode apresentar-se sob a forma de locução claras simplesmente não existe. Usa-se camisas vermelho-claro. O povo certamente
(conjunto de duas ou mais palavras que funcionam como una unidade). Exs.: Em entende que claro é o vermelho e não as camisas. Esta interpretação me parece
“bolo de chocolate”, o substantivo “bolo” é caracterizado pela locução “de chocolate”, interessante e cabível, mas assim não pensa a gramática normativa. (Cipro Neto P,
que tem valor de adjetivo, logo é uma locução adjetiva. Muitas das locuções Ao pé da letra, O Globo, 17.1.99, p.20)
adjetivas podem ser substituídas por um adjetivo propriamente dito. Exs.: Nos adjetivos compostos por adjetivo e substantivo, não se flexiona nenhum dos
Comportamento de abutre (= vulturino). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, elementos. O plural de camisa vermelho-cereja é camisas vermelho-cereja. Outros
8.4.01) exemplos: verde-petróleo; amarelo-limão; verde-abacate; amarelo-ouro (Cipro Neto
P, Ao pé da letra, O Globo, 17.1.99, p.20)
ADJETIVO COMO ADVÉRBIO Adjetivos formados pela palavra cor, seguida da preposição de e de um substantivo
Há dezenas de adjetivos que podem ser usados no lugar de um advérbio. Exs.: A que indique semelhança, como cor-de-abóbora, não apresenta variação em nenhum
cerveja desce redondo. Eles falam alto (e não "altos"). / As meninas caminham de seus elementos. Logo, camisas cor-de-abóbora ou camisas cor-de-rosa.
rápido (e não "rápidas"). / Eles tossiam forte (e não "fortes"). Como se fosse: falam Os adjetivos compostos (duas ou mais palavras ligadas por hífen), só o último
de modo alto, caminham de modo rápido, tossem fortemente. (Martins E. De palavra elemento é flexionado: estudo histórico-filosófico, vida profissional-amorosa,
em palavra. O Estado de São Paulo, 8.3.03) considerações político-econômico-financeiras, envelopes branco-amarelados.
Assim, nunca escreva: estudos “históricos”-filosóficos, considerações “políticas-
ADJETIVO (CONCORDÂNCIA) econômicas”-financeiras, envelopes “brancos”-amarelados. A regra, porém, tem uma
O adjetivo concorda em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural) exceção. Surdo-mudo varia normalmente, como adjetivo ou substantivo: homem
com o substantivo ou pronome a que se refere (sujeito da oração). Combinam-se surdo-mudo, moça surda-muda (e não “surdo-muda”), homens surdos-mudos,
com o sujeito da mesma forma os artigos, os pronomes, os numerais e os moças surdas-mudas, a surda-muda, os surdos-mudos, as surdas-mudas. (Martins
particípios, que exercem função semelhante à do adjetivo.Exs.: Prédio alto E, De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 28.8.99)
(adjetivo). / Casa branca (adjetivo). / O (artigo) amigo fiel (adjetivo). / Umas (artigo) Somente o segundo elemento se flexiona. Exs.: avaliação técnico-econômica;
mulheres elegantes (adjetivo). / Esses (pronome) homens. / Aqueles (pronome) altos candidatos social-democratas; olhos azul-claros; questões luso-brasileiras;
(adjetivo) executivos. / Seus (pronome) bons (adjetivo) princípios. / Cinco (numeral) problemas político-econômicos. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 13.8.00)
funcionários competentes (adjetivo). / Duas (numeral) sugestões infelizes (adjetivo). / Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis quando o segundo
Controlado (particípio) o incêndio, todos saíram. / Apagadas (particípio) as chamas, elemento for um substantivo. Exs.: blusas verde-musgo (cor + substantivo); cabelos
todos saíram. A situação muda em relação ao particípio, muito usado na imprensa castanhos-escuros (cor + adjetivo). (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju:
sozinho, como consta dos dois últimos exemplos, ou na voz passiva formada pelo Sercore; 2001)
verbo ser mais particípio. Existe uma tendência muito grande de considerar o
particípio invariável, especialmente se ele está antes do substantivo ou pronome a ADJETIVO E DOIS SUBSTANTIVOS (CONCORDÂNCIA)
que se refere. Ex.: “Será lançado” este mês a nova revista. O certo: Será lançada Quando um adjetivo qualifica dois substantivos que se referem ao mesmo ser, o
este mês a nova revista. Outro caso: “Inconformados” com o nível do ensino, um adjetivo deve ficar no singular. Ex.: Fulano é um pai e marido exemplar. Gosto muito
grupo de pais decidiu protestar. O certo: Inconformado com o nível do ensino, um da obra de Caetano Velono, cantor e compositor inspirado. (Cipro Neto P. Ao pé da
grupo de pais decidiu protestar. Prevista (e não “previsto”) para terminar no próximo letra. O Globo, 5.5.02)
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ADJETIVO PÁTRIO
ADJETIVO (GRAU) De preferência, o adjetivo pátrio que tem forma reduzida (p.ex. sino, teuto, luso) vem
O grau pode ser superlativo absoluto. Superlativo porque se empregou algum antes, quando acompanha adjetivo pátrio que não tem forma reduzida. Exs.: teuto-
recurso para intensificar a qualidade expressa pelo adjetivo. Ex.: Ele é muito argentino; luso-brasileiro. O VOLP e o dicionário Melhoramentos (1998) registram a
inteligente. Em “muito inteligente”, a qualidade foi intensificada com o emprego do forma brasilo para o adjetivo pátrio de Brasil. (Cipro Neto P, Ao pé da letra, O Globo,
advérbio “muito”. Ex.: Ele é inteligentíssimo. A qualidade foi intensificada como o 17.1.99, p.20)
emprego do sufixo “íssimo”. O grau é absoluto porque não se estabelece relação Na grafia dos adjetivos pátrios: nada de “z” em francês, inglês, norueguês, chinês,
explícita entre o ser qualificado e outros seres, ou seja, a inteligência do rapaz é irlandês, islandês, holandês, japonês, finlandês, dinamarquês, libanês etc. E cuidado
elevada sem ser relacionada diretamente com a de outra (s) pessoa (s). O grau com o feminino, que mantém o “s”, mas perde o acento circunflexo: francesa,
ainda pode ser sintético, p.ex. “inteligentíssimo”, feito sem o acréscimo de outra inglesa, norueguesa etc. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 12.9.99)
palavra. “Muito inteligente” é forma analítica, ou seja composta. A palavra “analítico” Coimbra: coimbrão/ coimbrã. Beira: beirão/beiroa. Sintra: sintrão/sintrã. Lisboa:
é da família de “análise”, que significa “decomposição”. O que é analítico é lisboeta. Porto: portuense, tripeiro. Braga: bracarense. Bragança: bragantino. Douro:
composto. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 15.4.01) duriense. Castelo Branco: albicastrense. Trás-os-Montes: trasmontano,
Quando se intensifica um qualidade de deteminado ser, tem-se o adjetivo no grau transmontano. Alentejo: alentejano. Minho: minhoto. Algarve: algarvio. Madri:
superlativo absoluto, que pode ser analítico (ele é muito alto) ou sintético (ele é madrileno. Málaga: malaguenho. Aragão: aragonês. Barcelona: barcelonês.
altíssimo). Podemos intensificar um adjetivo com prefixos. (ele é supersensível, ela é Andaluzia: andaluz, andaluza. Catalunha: catalão, catalã. Granada: granadino.
ultracompetente), com o diminuitvo (ele joga uma bola redondinha), com o Maiorca: maiorquino. Navarra: navarrês. Salamanca: salamanquense. Santiago de
aumentativo (o chefe é distraidão), etc. Na língua falada do dia-a-dia, não falta Compostela: Santiaguês. Tarragona: tarraconense. Toledo: toledano. Índia: indiano
criatividade para intensitificar o adjetivo (podre de rico, chato de dar dó, etc.).Quando (hindu = adepto ou praticante da religião hinduísmo). Israel: israelense (israelita = diz
se destaca a qualidade de um ser em relação a um conjunto de seres da mesma respeito à religião judaica ou ao poovo de Israel) (Martins E. De palavra em palavra.
espécie, o adjetivo é flexionado no grau superlativo relativo (ela é a mais alta da O Estado de S. Paulo, 25.9.99)
turma); ele o o menos eficiente da família). O outro grau do adjetivo é o comparativo
(O Amazona é mais extenso do que o Tapajós; ele é tão aplicado quanto ela). Com ADJETIVO PÁTRIO TERMINADO EM ES e ESA (ORTOGRAFIA)
essa flexão de grau do adjetivo, pod-se comparar uma qualidade em dois seres, Os adjetivos pátrios que terminam em “ês” ou “esa” são grafados com “s”:
como se viu nos últimos exemplos, ou duas qualidades no mesmo ser (ele é mais norueguês, norueguesa, francês, francesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa,
honesto do que competente). Quando se comparam duas qualidades no mesmo ser, calabrês, calabresa, chinês, chinesa etc. Note que o masculino recebe o acento, já
surge uma supresa interessante. Sabemos que não se diz que uma casa é “mais que se trata de oxítonas terminadas em “es”; no feminino, o acento desaparece,
grande”do que outra. Substitui-se “mais grande” por “maior”. Mas suponha que se porque as palavras passam a ser paroxítonas (terminadas em “a”). (Cipro Neto P. Ao
queira falar do tamanho e do conforto de deteminada casa. A casa é grande, mas o pé da letra, O Globo, 2.12.00)
espaço não foi bem aproveitado, ou seja, a casa é grande, mas é pouco confortável.
Pode-se dizer que a casa é mais grande do que confortável. Sim, é mais grande; ADJETIVO PÁTRIO vs. ADJETIVO GENTÍLICO
não é maior. Não se comparam duas casas; comparam-se duas qualidades que Você tem razão: há diferença entre os termos. “Pátrio” refere-se a cidades, estados,
pertencem ao mesmo ser, já que se quer saber que qualidadade predomina nessa países e continentes. “Gentílico” refere-se a raças e povos. Exs.: Israelense -
casa. Isso também pode ser dito a respeito de “bom” e “melhor”. Diz-se que Pedro é adjetivo pátrio, referente a Israel. Israelita - adjetivo gentílico, referente ao povo de
melhor do que Paulo, mas não se diz que Pedro é melhor do que mau. Diz-se que Israel. Ianque é adjetivo pátrio, pois se refere aos Estados Unidos. (Niskier A Na
Pedro é mais bom do que mau, quando se acredita que em Pedro a bondade supera ponta da língua. O Dia, 28.2.99)
a maldade. É bom lembrar que “mais pequeno”é construção comum em Portugal e
também encontra registro em grande autores brasileiros. (Amo-te até nas coisas ADJETIVO REFERENTE A PESSOA (ORTOGRAFIA)
mais pequenas, Manuel Bandeira; quando era mais pequeno, metia a cara no vidro, Os adjetivos que se baseiam no nome de uma pessoa terminam em “iano”: Exs.:
Machado de Assis). Nos dois casos, caberiam também as formas sintéticas rosiano (relativo a Guimarães Rosa), einsteiniano (relativo a Albert Einstein),
“menores” e “menor”, respectivamente. São igualmente possíveis as formas “que” ou byroniano (relativo a Lord Byron, poeta inglês), camoniano (ralativo a Luís de
“do que” para introduzir o segundo elemento da comparação e fechar a estrutura. Camões), freudiano (relativo a Sigmund Freud), rodriguiano (relativo a Nélson
Exs.: Ele é mais alto do que eu. Ele é mais alto que eu. Ela é mais calma do que Rodrigues), etc. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 15.10.00)
você. Ela é mais calma que você. Quando se diz que uma casa é menor do que
outra, o comparativo é de superioridade. É de superioridade mesmo, já que “menor” ADJETIVO (POSIÇÃO NA FRASE)
equivale a “mais pequeno” e, se é “mais”, é superior. Também em “este carro é pior Na língua portuguesa, a posição natural do adjetivo é após o substantivo.Exs.: É
do que aquele” há comparativo de superioridade, já que “pior” substitui “mais mau”. uma mulher bonita. É um caso interessante. É uma casa velha. A anteposição do
Se é mais é superioridade. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 22.4.01) adjetivo é, a princípio, uma questão de ênfase. Ex.: Você vai resolver “um problema
antigo” ou “um antigo problema”? Parece que o segundo problema é maior ou mais
importante. É uma questão discutível. Outros exemplos: Isto é uma poesia simples.
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Isto é uma simples poesia. Agora, a diferença começa a ficar mais acentuada: uma Adrede (“adrêde” e não “adréde”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de
poesia simples “é de fácil entendimento”, “não é complicada”; uma “simples poesia” São Paulo, 8.7.00) Verbete: adrede (ê) Adv. 1. De propósito; de caso pensado; de
é pejorativo. depreciativo, significa que não é nada além que uma poesia. O adjetivo estudo; intencionalmente (Aurélio eletrônico)
simples, quando anteposto, quase sempre apresenta esse caráter depreciativo.
Curiosa é a diferença entre um “carro novo” e um “novo carro”. Se você comprou um ADVERBIALIZAÇÃO DO ADJETIVO
carro 0 km, com certeza será um “carro novo”. Se você trocar seu carro por outro No exemplo “A cerveja que desce redondo”, o termo “redondo” é usado no lugar de
usado, será apenas um “novo carro”. Você chegar na “hora certa” é bem diferente de “redondamente” (de modo redondo), ou seja, funciona como advérbio e, por isso,
chegar a uma “certa hora”. A “hora certa” é a “hora exata, a hora correta, a hora não sofre variação. Esse fato é comum em nossa língua. Exs.: As moças me
marcada”. Chegar a uma “certa hora” é “uma hora qualquer”. A palavra “certa” olharam torto (tortamente; de modo torto). Caso se dissesse que olham tortas,
quando anteposta, torna-se um pronome indefinido. Em Memórias Póstumas de indicar-se-ia a posição do corpo ou da cabeça no momento em que estivessem
Brás Cubas: “... eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor”, olhando). Nossas atletas perderam feio (feiamente; de modo feio). Suje-se gordo
ou seja Brás Cuba não era um escritor que morrera, mas alguém que resolvera (Machado de Assis). A bola foi direto para o gol. Será que aquelas meninas estão
escrever suas memórias somente após a morte. As palavras mudam de classe falando sério (seriamente; de modo sério)?1,2
gramatical. Em “autor defunto”, autor é substantivo e defunto é adjetivo. Em “defunto 1. Cipro Neto P. Acerca de, a cerca de, há cerca de. Revista O Globo. 22 maio
autor”, autor passa a ser adjetivo e defundo torna-se substantivo. (Duarte SN, 2005;p.43.
Língua Viva, JB. 5.3.00) 2. Cipro Neto P. Persistindo os sintomas. Revista O GLOBO. 20 nov 2005;p.38.
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Os advérbios de modo que modificam o verbo colocam-se normalmente depois dele: justamente por exigir complemento, a expressão da qual faz parte esse advérbio
Ex.: A mãe e a irmã choravam tristemente. Ela ouvia-o atentamente. Quatro jovens mantém com os demais termos da frase uma relação mais ampla, que vai além da
vestidas de panos escuros entram vagarosamente no local vindas dos lados dos simples modificação do verbo. No caso da proibição do fumo, por exemplo, a
espectadores (Cunha C, Cintra L. Nova gramática do português contemporâneo.2a. expressão "independentemente da duração da viagem" se refere a tudo que é dito
ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1985 - p.534 antes ("Por decisão judicial, está proibido o fumo a bordo de todas as aeronaves
brasileiras"). Parece melhor que nossas comissárias continuem enchendo os
ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO E PRÓCLISE pulmões para dizer "independentemente da duração da viagem", e não
Colocação pronominal. "independente da duração da viagem". "Diferentemente" e "contrariamente" se
Com advérbio de negação, devemos por o proneome átono antes do verbo. Ex.: encaixam no mesmo caso. Ex.: "Diferentemente do que se informou ontem, a
Acho que não a verei tão cedo. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 20.9.98, p.16) palestra será realizada no auditório" (e não "Diferente do que se informou ontem...").
O advérbio de negação, antes do verbo, provoca a próclise (o promome átono deve (Cipro Neto P. Ao pé da letra, 18.2.01)
ser colocado antes do verbo). Ex.: Os juízes não a detêm. (Duarte SN, Língua Viva,
Jornal do Brasil, 24.9.00) ADVOGADO (PRONÚNCIA)
Segundo as regras tradicionais de colocação pronominal, quando o verbo é A pronúncia correta é advogado e nunca adêvogado. O erro está na introdução
antecedido de um advérbio de valor negativo (não, nunca, jamais), devemos usar a indevida de uma vogal quebrando uma seqüência consonantal (dv) complicada para
próclise, ou seja, o pronome átono deve ficar antes do verbo. Ex.: Não se perca. os mais simples. É o que os gramáticos chamam de suarabácti ou anaptixe. (Castro
(Duarte SN. Língua Viva, JB, 7.10.01) M. A imprensa e o caos na ortografia. São Paulo: Record; 1998; p.69)
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Afim é de “afinidade”. Ex.: São sentimentos afins (= semelhantes, parecidos) escrito com uma linguagem mais formal, não devemos usar nem uma nem outra: o
A fim de tem idéia de “finalidade”; pode ser substituido por para . Ex.: Ele estuda a melhor é dizer NÓS VAMOS. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 7.6.98)
fim de ser aprovado no concurso (= para ser aprovado) (Sérgio N.Duarte - Lingua
Viva Especial/Dúvida dos leitores - JB,5.7.98, p.‘15) AGILIZAR vs. AGILITAR
Afim (= semelhante ou parente). Ex.: Eles têm idéias afins. (Niskier A Na ponta da Os dicionários antigos só registram “agilitar”, cuja formação condiz com casos
Língua. O Dia, 19.10.99) semelhantes (“hábil/habilitar”; “fácil/facilitar”). Modernamente, no entanto, a forma
Afim é adjetivo; significa “que apresenta afinidade”, isto é, “semelhança, identidade, “agilitar” acabou substituída por “agilizar”, registrada no Aurélio como neologismo. O
analogia”. Exs: Duas almas podem ser afins. A fim de, locução que indica idéia de fato é que o uso tornou a forma “agilizar” tão legítima quanto “agilitar”.
finalidade, objetivo. Essa locução equivale a “para”. Ex.: Ele estudou a fim de (= “Agilizar”encontra registro no VOLP da ABL, e no Dicionário da Língua Portuguesa
para) ser aprovado no exame. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 16.4.00) Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa. (Cipro Neto. Ao pé da letra.
Afim é adjetivo. Exs.: propostas afins. A fim faz parte das locuções “a fim de” e “a fim O Globo, 29.7.01)
de que”, que indicam finalidade. Exs.:Viajou a fim de que pudesse resolver o
problema. Vim aqui a fim de ajudá-lo. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, AGNOSTICISMO
19.8.01) Doutrina que só admite os conhecimentos adquiridos pela razão e evita qualquer
conclusão não demonstrada. Um agnóstico considera inúteis as discussoes sobre
AFRODISÍACO questoes metafísicas e ser impossível o raciocínio humano penetrar no mistério da
Qualquer coisa que sirva para aumentar o prazer sexual. Vem de Afrodisia, um existencia divina. É um incrédulo que duvida de tudo. (Duarte SN. Língua Viva. JB,
festival grego em homenagem à deusa Afrodite, a mesma que emprestou seu nome 9.12.01)
latino – Vênus – para a camisa mais famosa do mundo.1
1. Wolff F. L´affaire de mon pênis. Jornal do Brasil. 19 jul 2005;Caderno B:B4. AGOSTO (ETIMOLOGIA)
Na antiga Roma, no século 8 a.C., por determinação de Rômulo, o ano começava
AFROUXA (PROSÓDIA) em março e tinha dez meses. Assim, antes de homenagear o imperador Caio Júlio
Afrouxa (“afrôuxa” e não “afróxa”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de César Otaviano Augusto, filho adotivo de Júlio César, agosto era denominado
São Paulo, 1.7.00) sextilis (seguia-lhe setembro, do latim september). (Silva D. O estudante, a galinha,
a prefeita. Língua Viva. JB, 17.8.03)
ÁGAR vs. AGAR
O correto é ágar, o mesmo que ágar-ágar. 1. Substância existente em certas algas AGRADECER (REGÊNCIA)
vermelhas rodofíceas, e que forma com facilidade um hidrogel, utilizado como meio Agradecer é usado sem preposição (como transitivo direto) para coisas e com
de cultura de microrganismos; ágar, gelose. [Pl.: ágar-ágares.] (Aurélio eletrônico) preposição (transitivo indireto) para pessoas. Ex: O pai agradeceu o presente que os
filhos lhe haviam dado. Os refugiados agradeceram o interesse do país pela sua
A GENTE vs. NÓS situação. Os fiéis agradeceram a graça alcançada. Oswaldo de Oliveira aproveitou
Ver Linguagem oral vs. padrão. Ex.: “Porque, se a gente não resolve as coisas como para agradecer a Wanderley Luxemburgo. O menino agradecia sempre aos (e não
têm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca “os”) seus benfeitores. Agradeceu aos (e não “os”) pais. Agradeceu aos (e não “os”)
comida nos lares brasileiros” (frase de um professor universitário, em um congresso amigos, que o haviam indicado para o cargo. Agradecer pode ainda ser usado
internacional). Melhor teria sido o emprego de “nós” em vez de “a gente”. A repetição simultaneamente sem e com preposição (como transitivo direto e indireto):
de “a gente” piora a situação, que se agrava com “termos”. “Termos” é da primeira Agradeceu aos amigos o favor recebido. / O fiel agradeceu a Deus a graça
do plural (“nós”); “a gente” é da terceira do singular. Em poucas palavras, a gente é, alcançada. / O funcionário agradeceu-lhes o aumento (equivalente a agradeceu a
e nós somos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 3.10.99). eles o aumento). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo,
26.6.99)
A GENTE VAMOS ou A GENTE VAI ? É uma questão de adequação da linguagem. Regência: a) Agradecer alguma coisa (mostrar-se grato por): O candidato eleito
O telespectador quer saber se A GENTE VAMOS não é uma figura de sintaxe (= agradeceu os 53 milhões de votos. / O menino agradeceu o presente recebido. b)
silepse) em que está subentendida a idéia de “nós” no coletivo “gente”. Não há Agradecer a alguém (expressar gratidão): Ganhou um livro e ainda nem agradeceu
dúvida de que a idéia de “nós” está subentendida. O problema é o registro da fala ao amigo. / Recebeu toda a atenção da professora, mas ainda não lhe (=a ela)
em que a expressão A GENTE VAMOS é usada. É uma expressão característica da agradeceu. c) Agradecer alguma coisa a alguém (demonstrar, manifestar gratidão):
linguagem popular-vulgar. É importante lembrar, no entanto, que qualquer concurso, Agradeceu o favor ao amigo. / O presidente eleito agradeceu ao povo a votação
inclusive os exames vestibulares, toma por base o uso culto da língua portuguesa. A recebida. / Agradeceu-lhe (=a ele) os cuidados dispensados à sua mãe. d)
expressão A GENTE VAI apresenta uma concordância correta e é usada no nível Agradecer, apenas (demonstrar gratidão): Ganhou o presente e nem agradeceu.
coloquial da fala. Portanto, é perfeitamente aceitável em textos coloquiais. Não é (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 2.1102)
uma questão simplista de certo e errado. Na verdade, num texto mais cuidado,
ÁGRAFO
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Vem do grego: prefixo “a” (= negacao) + grafia (= escrita). Ágrafo é o que não está ortográfica de 1943 esses plurais eram feitos com “es” (“jornaes”, “generaes”,
escrito ou o que não tem ou não admite escrita. Língua ágrafa é aquela que não tem “especiaes”). Entendeu por que aquele memorável disco que Milton Nascimento
escrita, não tem literatura, só se manifesta na oralidade. gravou em 1976 se chama “Geraes”, com “e”? Com a grafia antiga, o carioca de
Também pode ser aquele que não sabe escrever. Seria o mesmo que nascimento e mineiro de criação certamente quis fazer referência à história e a
analfabeto(Duarte SN. Língua Viva. JB, 9.12.01) tantas histórias de Minas. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 12.9.99)
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morder, beliscar, mastigar, comer. Morsus é o particípio deste verbo, e alius tem o precárias. A maioria dos médicos aceita/aceitam fazer a cesariana, mesmo que ela
sentido de outro. Portanto alius morsus indicava uma refeição intermediária, entre a não seja necessária. Nesses casos, quando se coloca o verbo no singular (“vive” e
primeira e a última. Com o passar do tempo, o almoço fixou-se ao meio-dia. E o “aceita”), enfatiza-se a idéia de conjunto, expressa pela palavra “maioria”. Quando
antigo alius morsus, que permaneceu no mesmo horário, entre nove e dez horas da se coloca o verbo no plural (“vivem” e “aceitam”),enfatizam-se os formadores de
manhã, tomou o nome de outra refeição, a merenda, do latim merenda, radicada conjunto (“brasileiros” e “médicos”). É muito mais comum a ocorrência do verbo no
originalmente no grego meiromai, designando parte de uma recompensa que o singular. No entanto: A maioria dos muçulmanos que participaram da manifestação
agraciado fazia por merecer e que recebia em alimentos, mais ou menos como um condena/condenam a posição do Paquistão. Depois de muçulmanos, vem o
vale-refeição avant la lettre. (Silva D. Palavras de Natal. Língua Viva. JB, 22.12.03) pronome relativo “que”. Como esse “que” retoma muçulmanos, o verbo que vem em
seguida só pode ser posto no plural, já que ele se refere especificamente aos
ALTERNATIVA muçulmanos e não à maioria deles. A presença da palavra “maioria” leva o falante a
Significa opção entre duas coisas apenas. Embora aceitas por bons lingüistas, confundir-se e a flexionar o verbo em sintonia com esse termo. Quando a expressão
autores de nota criticam expressões do tipo: "Há várias alternativas.". "Procurar “a maioria” vem seguida de especificador no plural e do pronome relativo “que”, o
outras alternativas.". "Testes de cinco alternativas.". Só há uma alternativa. Alternar verbo que vem depois desse “que” deve ser conjugado no plural. Ex.: A maioria das
significa mudar entre duas opções. Em latim, alter significa o outro, como em alter pessoas que se inscreveram mora/moram fora da cidade. A maioria dos ministros
ego (o outro eu), por exemplo. Em razão da imperiosa Lei do Uso, o termo que estiveram na cerimônia evitou/evitaram tratar de política. Com as expressões
alternativas tem sido usado como sinônimo de opções e assim está registrado na “boa parte”, “a maior parte”, “grande parte” e semelhantes, o processo se repete.
última edição do Aurélio (1999). Mas tal desvio semântico, originário do Exs.: Boa parte dos deputados que tinham prometido apoiar a emenda
desconhecimento do significado próprio da palavra, não pode pertencer à linguagem mudou/mudaram de idéia na hora h. A maior parte dos passageiros que
de primeira linha apesar de não ser erro. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. embarcaram em Brasília desistiu/desistiram de prosseguir a viagem. (Cipro Neto P.
Expressões médicas: falhas e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Ao pé da letra. O Globo, 21.10.01)
Universitário da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília)
A MAIS DAS VEZES vs. AS MAIS DAS VEZES vs. O MAIS DAS VEZES
ALTITUDE vs. ALTURA As formas que encontram registro na língua culta são “o mais das vezes” (esta é a
Altura é a distância vertical entre a superfície da Terra e um corpo situado acima mais freqüente) e “as mais das vezes”. Exs.: Seus argumentos são, o mais das
dela. Altitude é a distância vertical medida a partir do nível do mar. (Cartas. Veja vezes (as mais das vezes), simples repetições do que dizem seus mestres. (Cipro
24.7.02. p.23) Neto. Ao pé da letra. O Globo, 30.12.01)
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indica que estamos diante de uma filha ilegítima da locução “ao nível de”, esta sim
ANEXO (COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA) enraizada no idioma, mas com sentido estritamente espacial, referindo-se a altura.
Anexo é um texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve de Ex.: A cidade fica ao nível do mar. Há quem defenda a propriedade de “a nível de”
fundamentação, de comprovação e de ilustração. Normalmente o conteúdo dos quando a expressão tem o sentido de “quanto a”, “no que diz respeito a” (Ex.: “A
anexos se refere a material de acompanhamento, à descrição pormenorizada de nível de” correção, a expressão é inatacável) ou no lugar de “no plano de”, “no
equipamentos, ou ainda a modelos de formulário ou impressos citados, que são âmbito de” (Ex.: O caso será decidido “a nível de” ministério). Embora, nesses
destacados do texto para evitar descontinuidade da seqüência lógica das seções. exemplos, as expressões substituídas me pareçam preferíveis, nada evita os usos
Os anexos são identificados através de letras maiúsculas consecutivas e seus desengonçados de, p. ex., “A nível de pai, fico chocado com o baixo nível da TV”
respectivos títulos. Suas páginas são numeradas consecutivamente ao texto e se (nesse caso, a expressão pode ser substituída com enorme vantagem por “como” ou
seguem ao apêndice (se houver) e/ou às referências.1 “no papel de”); Nossa empresa tem diversas filiais “a nível de” Brasil (melhor: a
1. Revista da SOCERJ. Normas para a publicação na Revista da SOCERJ empresa tem filiais espalhadas pelo Brasil); “A nível de” poluição, São Paulo é a pior
[monografia na Internet]. Rio de Janeiro: Revista da SOCERJ; 2005 [citada 1 out cidade do país (melhor: São Paulo é a cidade mais poluída do país); Os preços
2005]. Disponível em: http://www.socerj.org.br/revista/normas.pdf dispararam “a nível de” atacado (melhor: os preços dispararam no atacado.)
(Rodrigues S. Língua Viva. JB, 10.11.02)
ANEXO vs. EM ANEXO
As duas formas são possíveis. Exs.: O documento segue anexo. Em anexo, segue o ALGUM E CRASE
documento. A forma em anexo é invariável. Ex.: Em anexo, segue a nota fiscal. A Parece não haver quem funda completamente a preposição “a” com o “a” de “algum”
nota fiscal segue anexa. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 17.1.99.p.14) ao emitir uma frase. Ex.: Peça a algum médico que venha aqui. Não há registros de
Anexo concorda em gênero e número com o termo a que se refere; já em anexo não àlgum ou àlguns, como existe de àquele e a aquele. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
varia. Ex.: Segue anexa a ficha do aluno ou Segue em anexo a ficha do aluno. Globo, 2.6.02)
(Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 16.4.00)
Eu prefiro a forma “anexo” a “em anexo”. É lógico que o uso de “em anexo” também ANFI-
está correto. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 27.8.00) Anfi ou amphi têm a derivativa latina ambi. Anfi significa “ao redor”, “dois”. Exs.
Alguns autores rejeitam a expressão “em anexo”, de uso mais do que vivo e Anfíbio (tem duas vidas: na água e na terra); ambígua (tem duas interpretações);
compreensível na língua. Ex.: As fotocópias seguem em anexo (anexo funciona anfiteatro (palco cercado pelos dois lado, ou por ambos ou por todos os lados).
como substantivo e forma com a preposição “em” uma expressão adverbial. O prof. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 25.3.01)
Bechara registra o uso regular de “em anexo”. Exs; Vai em anexo a declaração. Vão
em anexo as declarações. O Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (2001) ANFITRIÃO (ETIMOLOGIA)
registra a locução adverbial “em anexo”, que dá como equivalente a “em apenso”, A entrada da palavra nas línguas neolatinas ocorreu no início de século 17, por meio
“em forma de aditamento”. Ex.: A errata vai em anexo. Assim, o adjetivo “anexo” de Molière que transformou Amphitryon, o nome do rei de Tebas, em substantivo
varia (As notas seguem anexas) e a expressão “em anexo” não varia (As notas com a acepção que tem até hoje (aquele que oferece e paga as despesas de um
seguem em anexo). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 10.11.02) jantar, festa ou banquete, dono da casa). (Duarte SN. Língua Viva. JB, 4.11.01)
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ANIVERSÁRIO O nome do continente é Antártida. Antártico é oposto ao pólo ártico (Caldas Aulete);
Vem do latim aniversariu e significa o “que volta todos os anos, anual”. Portanto, oposto ao pólo ártico, do pólo sul (Aurélio); do pólo sul, oposto ao pólo ártico, relativo
“aniversário de 6 ou 3 meses” só se for no sentido metafórico. Rigorosamente é uma à Antártida (Luft). Assim sendo, a região é antártica, temos o Oceano Glacial
incoerência, pois a etimologia (= origem da palavra) está sendo desrespeitada. Antártico e o Círculo Polar Antártico. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 29.10.00)
(Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil,25.7.99)
ANTEONTEM vs. ANTES DE ONTEM
ANO BISSEXTO São absolutamente equivalentes. Em “anteontem”, temos o elemento latino “ante”
Na época em que Júlio César encomendou a reforma do calendário ao astrônomo (antepenúltimo, antediluviano, ante-sala), que tem a idéia de anterioridade. (Cipro
grego Sosígenes (45 a.C.), os meses eram divididos em três partes: calendas, Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 14.7.02)
nonas e idos. O primeiro dia de um mês era chamado kalendae (que deu origem ao
termo calendário), e os demais eram contados de trás para a frente, num curioso e ÂNTERO-
intrincado sistema. O dia 2 de janeiro, por exemplo, era antediem IV nonas januarii. [De anterior.] Pref.1. = ‘anterior’: ântero-dorsal. (Aurélio eletrônico)
Ao decidir incorporar um dia ao mês de fevereiro, Júlio César não criou um novo dia Seguido de hífen quando se lhe junta elemento iniciado por vogal ou por s. Exs:
(assim como foi criado o dia 29 de fevereiro), mas preferiu repetir um dia já existente ântero-exterior; anterodorsal (VOLP p.54) (obs. diferenças)
(algo como 28 de fevereiro e 28 de fevereiro novamente). Esse dia repetido, em
latim, chamava-se bis VI antediem calendas martil ou, simplesmente, bissextum.” ANTI
(Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 16.1.00) Prefixo. É seguido de hífen, quando se lhe junta elemento começado por h, r ou s.
Bissexto bem de “bi”(= dois) + sexto (= seis). Significa “duas vezes o algarismo 6”. O (VOLP, 1998, p.54)
anos bissexto tem 366 dias, em vez dos normais 365. A expressãO bissexto se deve
ao fato de o número 366 apresentar “duas vezes o algarismo 6”. (Duarte SN. Língua ANTROPOFAGIA
Viva, JB, 7.10.01) Nasceu em 1928, com o Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade.
Correção: o calendário juliano foi instituído pelo imperador romano Júlio César em 1º Qualidades artísticas estrangeiras em contato com a nossa cultura, poderiam
de janeiro de 45 a.C., com a ajuda do astrônomo grego Sosigines. Descobriu-se que desenvolver nova forma de fazer arte.
o anos dura verdadeiramente 365,25 dias. Para compensar essa fração, decidiu-se
acrescentar um dia suplementar de quatro em quatro anos. Os romanos distinguiam ANO-NOVO (ORTOGRAFIA)
três datas básicas: as calendas (primeiro dia do mês), as nonas (dia cinco) e os idos Quando se referir ao ano que está chegando, trate do ano-novo, dessa forma, com
(dia treze). Em março, maio, julho e outubro, as nonas caíam no dia sete e os ido, no hífen (e não há necessidade de iniciais maiúsculas): Feliz ano-novo a todos vocês! /
dia quinze. A contagem dos dias era feita de trás para diante. Por razões religiosas, Fiz muitos projetos para o ano-novo. Plural: anos-novos. Ano-bom. Equivale a ano-
os romanos, em vez de criar o dia 29 de fevereiro, instituíram um segundo dia 24 de novo: Esperavam uma feliz noite de ano-bom. Plural: anos-bons. (Martins E. De
fevereiro, que era chamado de “sexto dia antes das calendas de março”. Esse dia palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 29.12.01)
repetido passou a ser cohecido por “dia bissexto”, ou seja, o segundo sexto dia
antes das calendas de março. Daí o ano bissexto, que é aquele que tem o dia ANOS (DÉCADA)
bissexto. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 11.11.01) Embora possa parecer estranho, deveríamos dizer anos... no plural. Ex.: anos
setentas. Os anos setentas são: 70,71,72,73,74,75,76,77,78,79. São dez setentas
ANTÁRTICA vs. ANTÁRTIDA reunidos (Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil, 11.7.99)
O “Vocabulário Onomástico da Língua Portuguesa”, que também é da Academia
Brasileira de Letras, registra as duas formas: “Antártida” e Antártica”. Enciclopédias, ANOS-LUZ
manuais de redação e o vocabulário onomástico do dicionário de Caldas Aulete só Distância que a luz percorre em um ano. Como o ano tem 31.536.000 segundos e a
registram a forma “Antártida”. Conversei com Mauro Villar, lexicógrafo responsável luz viaja a 300.000 km/s (velocidade da luz no ar e no vácuo), em um ano a luz
pela edição do futuro “Dicionário Houaiss”. Em uma das enciclopédias que dirigiu, percorre: 300.000 x 31.536.000 = 9.460 milhões de quilômetros.
mestre Houaiss não hesitou em grafar “Antártida”. Villar disse que o futuro dicionário
também abonará essa forma. “Antártida” vem do francês (“Antartide”). O A NOSSO VER vs. AO NOSSO VER
“Vocabulário Ortográfico” registra os adjetivos “antártico” (do qual dá a variante O correto é: a nosso ver. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore;
“antarctico”, sem acento) e “antártido” (do qual dá a variante “antárctido”, com 2001.)
acento). Estranhamente, o “Vocabulário Onomástico” não dá para o substantivo as
variantes que o “Ortográfico” dá para os adjetivos, ou seja, não registra “Antárctica”, ÂNSIA vs. ÂNSIAS
nem “Antárctida”. Para resumir, as formas “Antártida” e “Antártica” são oficiais, já que Ânsia = aflição, angústia. Ex. A ausência prolongada do amigo causava-lhe ânsia.
o “Vocabulário Onomástico” as registra, mas a forma “Antártida” é a consagrada. Ânsias = náuseas. Ex. Comeu muito e ficou com ânsias. (Ramos W. Não morda a
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 15.10.00) língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001)
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ANTOLHO vs. ANTOLHOS (PROSÓDIA) ao dinheiro) é antônimo de perdulário (gastador, esbanjador, dissipador, pródigo). Já
Antolho (ô), antolhos (ó). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, “em vez de” significa
22.7.00) “em lugar de”. Ex.: Em vez de construir e equipar hospitais e escolas, o Governo
prefere socorrrer bancos envolvidos em operações suspeitas. Note que nessa frase
ANTROPÔNIMOS não seria possível empregar “ao invés de”, já que “construir e equipar hospitais e
Nomes próprios das pessoas. Ver Ortografia. escolas”não é antônimo literal de “socorrer bancos envolvidos em operações
suspeitas”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 16.7.00)
AO ENCONTRO DE vs. DE ENCONTRO A
Ao encontro de é a locução que designa situação favorável. Ex.: Uma promoção vai AONDE vs. ONDE
ao encontro do desejo de alguém. A conquista do título mundial veio ao encontro da ONDE e AONDE só devem ser usados quando houver idéia de “lugar”: “Esta é a
expectativa dos corintianos (isto é, foi a favor). De encontro a, ao contrário, indica cidade ONDE eles nasceram.” “Não sei AONDE você quer chegar.” No exemplo:
situação desfavorável, de choque. Exs.: O carro foi de encontro ao muro. O governo Seria, na análise do governador, um momento político onde pessoas podem querer
não deve ir de encontro à vontade do povo. (Martins E. De palavra em palavra, O tirar dividendos eleitorais. o pronome ONDE está substituindo “um momento político”
Estado de S. Paulo, 12.2.00) (=idéia de tempo). O uso do pronome ONDE é inaceitável. Sempre que você não
tiver certeza se há ou não a idéia de “lugar”, prefira usar “em que”, “no qual”, “na
AO INVÉS DE vs. EM VEZ DE qual”... O certo é: “Seria, na análise do governador, um momento político em que
Ao invés de significa “ao contrário de” (idéia contrária ou oposta). Ex. Subiu ao invés pessoas podem querer tirar dividendos eleitorais.” (Duarte SN. Língua Viva.JB,
de descer. Só podemos usar ao invés de se a substituição for entre coisas opostas. 4.1.98)
Ex.: Ele entrou à direita ao invés de entrar à esquerda. (Duarte SN, JB, 28.11.99) A forma onde deve ser empregada com verbos que indiquem permanência, situação
Em vez de significa “em lugar de” (troca, substituição), mesmo quando a idéia for estática. Exs.: Não sei onde ele está. Ele não disse onde trabalha. Onde vamos
oposta.. Ex. Não temos maioria hoje para determinar que em vez de prender esperá-lo? Não sabia onde havia colocado o sapato. Em todas essas situações não
pessoas se aplique uma multa. Ele foi à praia em vez de ir para a escola. (Duarte se pratica nenhum tipo de movimento. Já com os verbos que indicam deslocamento,
SN, JB. 19.10.97) (Duarte SN, JB, 28.11.99) deve-se recorrer ao aonde. Aonde é formado por a + onde e pode ser substituído por
“Ao invés” quer dizer ao contrário, o oposto, o avesso. É a mesma coisa que “ao a que lugar ou para que lugar. Exs.: Não sei aonde ele foi (ou seja, não sei a que
réves”. Ex.; Na hora do sorteio, estava certo de que ia dar cara. Ao invés, deu coroa. lugar ele foi). Todos sabiam aonde ele queria chegar (ou seja, a que lugar ele queria
(Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998, p.159) chegar). Há alguns séculos, os escritores usavam quase indiferentemente onde e
Ao invés de (= ao contrário). Ex.: Ao invés de falar, ele se calou (falar é contrário de aonde. Modernamente, porém, aonde não pode substituir onde. (Martins E. De
calar). Em vez de (= no lugar de). Ex.: Em vez de comer espinafre, comeu repolho palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 18.11.00)
(houve apenas uma troca do espinafre pelo repolho) (Niskier A Na ponta da língua. Aonde é a fusão de “a” com “onde”. Esse “a” é preposição e indica basicamente
O Dia, 4.11.99) idéia de movimento, destino, Portanto só se deve usar “aonde”com verbos que
Na língua oral a tendência é igualar essas expressões, que, na verdade, não são indicam essa idéia. E, são poucos, como “ir”, “chegar”, “dirigir-se”, “levar”. Exs.:
equivalentes. “Ao invés de” significa “ao contrário de”, “ao revés de”. A expressão só Aonde você quer chegar? Aonde você pretende levá-la? Aonde ela foi? Aonde ele
deve ser usada para relacionar termos ou expressões de sentidos opostos. Ex.: Com se dirigia naquele momento? O estabelecimnto dessa diferença de significado entre
a chegada da safra, o preço, ao invés de baixar, subiu. A expressão “em vez de “ “onde” e “aonde” tem sido uma tendência do português moderno. Na língua clássica,
significa “em lugar de” e pode ser usada para indicar substituição ou oposição. Exs.: ela não existia. (Cipro Neto P. Ao Pé da Letra. Rio de Janeiro: EP&A.; 2001 p.23).
Em vez de refrigerante, traga-me suco natural. Em vez de baixar, o preço subiu. Nos textos literários clássicos não há critérios rígidos. Na língua culta de hoje,
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 19.12.99) parece Ter-se fixado o seguinte padrão: usa-se “aonde” (a + onde) com os verbos
“chegar”, “ir”, “levar”, “dirigir-se” e outros que indiquem idéia de movimento e peçam
AO INVÉS DE significa “ao contrário de” e só devemos usar quando houver a preposição “a”. Exs.: Aonde você quer chegar? Aonde ela foi? Aonde ela os levou?
idéia “contrária, oposta”: “Entrou à direita ao invés de entrar à esquerda”; “Subiu ao Nos demais casos, usa-se “onde”. Exs.: Onde você mora? Onde você nasceu? A
invés de descer”. EM VEZ DE significa “em lugar de” e podemos usar sempre escola onde estudo. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 6.5.01)
que houver idéia de “troca, substituição”, mesmo quando a idéia for “oposta”. Quando houver uma preposição antes (p.ex. para), não precisamos da forma
Ex.: “Não temos maioria hoje para determinar que se aplique uma multa EM VEZ DE “aonde”. Ex.: Para onde vamos? Aonde vamos? (Duarte SN. Língua Viva. JB,
prender pessoas.” (Duarte SN. Língua Viva. JB. 12.10.97) 4.11.01)
De acordo com dicionários e gramáticas, não há equivalência entre essas locuções
no uso culto. “Invés”, que vem de “inverso”, significa “lado oposto”, “avesso”. A AO NÍVEL DE
expressão “ao invés de” significa “ao contrário de”, “ao revés de”. Para usar “ao Expressão que denota lugar (O terreno ficava ao nível do mar). Com outro sentido,
invés de”, é preciso que essa locução estabeleça relação de plena oposição entre as usar em (Em nível de diretoria, as decisões são bastantes lentas). (9)
partes conectadas. Ex.: Disseram-me que ele era perdulário. Ao invés disso,
mostrou-se absolutamente sovina. Sovina (avarento, avaro, sordidamente apegado AO PERSISTIREM vs. A PERSITIREM vs. PERSISTINDO
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Quando se encerram certas peças publicitárias de remédios, havia duas formas: “A A PAR vs. AO PAR
persistirem os sintomas..” e “Ao persistirem os sintomas...”. Há algum tempo, surgiu A par (= estar ciente). Ex.: Ele está a par de tudo. Ao par (= título ou moeda de valor
uma terceira: “Persistindo os sintomas...”. As três formas podem ser empregadas. A idêntico). Ex.: O câmbio está ao par. (Duarte SN. Língua Viva. Rio de Janeiro: Jornal
persistirem os sintomas...” indica idéia de condição. O “a” corresponde a “caso” ou do Brasil S.A., 1999)
“se”. (“Se persistirem os sintomas” ou “Caso persistam os sintomas”). A Novíssima Apesar de alguns registros de “a par de” e “ao par de” como equivalentes a “ao
Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, dá exemplo corrente de”, a expressão mais recomendada e abonada é “a par de”. O Aurélio diz
idêntico: A prosseguirem esses crimes, ninguém mais terá sossego. Como se fosse: que “ao par de” é “forma menos preferível”; o Dicionário Prático de Regência
Se prosseguirem esses crimes... / Caso prossigam esses crimes... O professor Nominal, de Celso Luft, dá as duas expressões como equivalentes. O Dicionário da
Evanildo Bechara dá este exemplo do emprego da preposição “a” (com verbo no Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de Ciência de Lisboa e o de
infinitivo) em orações que expressam idéia de condição: “A ser verdade o que dizes, Caldas Aulete, entre outros, só abonam a expressão “estar a par do assunto”.
prefiro não colaborar” (“A ser verdade o que dizes” = “Se for verdade o que dizes...”, Assim, a expressão “estar a par do assunto” não é condenada por ninguém. (Cipro
“Caso seja verdade o que dizes...”). Quando se opta por “Ao persistirem os Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 12.8.01)
sintomas”, indica-se essencialmente idéia ou circunstância de tempo (“Ao persistirem “Ao par” significa “em igualdade, em paridade”. A par = ciente. Ex.: Todos estavam a
os sintomas” equivale a “Quando persistirem os sintomas”), embora essa construção par das dificuldades. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 16.9.01)
tenha também algum tom condicional. O que se pretende, nas atuais propandas de
remédios, tudo indica, é expor uma condição (se, caso) e não uma idéia de tempo APAZÍGUO vs. APAZIGUO
(quando). Portanto, prefira dizer : A persistirem os sintomas, o médico deverá ser O certo é apaziguo, sem acento gráfico. A sílaba tônica é a penúltima (= gu). Os
consultado. Com o gerúndio (“Persistindo os sintomas...”) temos uma oração verbos apaziguar, averiguar, obliquar, argüir... apresentam a vogal “u” tônica, nas
reduzida de gerúndio, com valor de condicional. Muitas vezes, é possível desdobrar formas rizotônica (primeira, Segunda e terceira pessoa do singular e terceira do
(ou desenvolver) as orações reduzidas, o que implica empregar uma conjunção ou plural dos tempos do presente). Quando a vogal ‘u” é tônica e seguida de “e” ou “i”,
pronome relativo e conjugar o verbo no indicativo ou no subjuntivo. A oração devemos usar o acento agudo: que eu apazigúe, tu apazigúes, eles averigúem, tu
“Persistindo os sintomas” equivale a “Caso persistam os sintomas...” ou (“Caso os argúis. Quando a vogal “u” não é tônica, é pronunciada e seguida de “e” ou “i”,
sintomas persistam”, “Se persistirem os sintomas...”, “Se os sintomas devemos usar o trema: nós argüimos, que nós apazigüemos, averigüeis. Quando a
persistirem...”).1,2 vogal “u”,tônica ou átona, é seguida de “o” ou “a”, não devemos usar nem trema nem
1. Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo.9 mar 2002. acento agudo: apaziguo, averiguo, arguo, averigua, apaziguamos, arguamos.
2. Cipro Neto P. Persistindo os sintomas. Revista O Globo. 20 nov 2005;p.38. (Duarte SN, Língua Viva, JB)
A tradição da língua recomenda a leitura das formas apaziguo, apaziguas, apazigua,
AO REDOR DE vs. DE REDOR DE apaziguam (do presente do indicativo) com intensidade tonal no “u”. No entanto, a
São muitas as possibilidades corretas. Existem as expressões “ao redor de”, “em pronúncia que parece dominante não é essa. É mais comum ouvirmos “apazígua” do
redor de”, “em torno a”, “em torno de” e existe a expressão “em derredor de”. “Os que “apazigúa”. O dicionário Houaiss e o dicionário de verbos Houaiss registram
meninos quedos e taciturnos olhavam em derredor de si com tristeza”. O trecho é de essa oscilação na pronúncia das flexões de “apaziguar”. Ou seja, há flutuação da
“O Seminarista”, de Bernardo Guimarães, (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, localização da sílaba tônica destes verbos (fazem parte da lista averiguar e
6.6.99) obliquar), sendo também aceita sua conjugação pelo padrão de aguar. (águo, água,
água e águam). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 4.1.04)
AO VIVO vs. VIVO
A expressão portuguesa é “ao vivo”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 15.6.03) APELAR
O verbo apelar pede a preposição “para”. Exs.: apelar para a ignorância; apelar para
APAGÃO (ETIMOLOGIA) o governador; apelar para o professor; apelar para a consciência. Nuca use apelar
Não é o aumentativo de nenhuma palavra do nosso idioma, mas o “a”.
aportuguesamento do termo espanhol apagón. O vocábulo, a princípio, era usado na
América Central para designar o material que não queimava com facilidade ou o APÊNDICE (COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA)
charuto difícil de acender. Por extensão, passou a ser sinônimo de escurecimento Texto ou documento elaborado pelo autor, a fim de complementar sua
total. Atualmente já consta até do Dicionário da Real Academia (a Academia de argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho. Os apêndices são
Letras da Espanha). A forma apagão generalizou-se no Brasil por causa dos identicado por letras maiúsculas consecutivas e seus respectivos títulos. Suas
ataques de grupos guerrilheiros americanos. Esses atos terroristas deixavam páginas são numeradas consecutivamente ao texto e seguem ao glossário (se
regiões às escuras pela destruição de usinas ou redes de transmissão de energia. houver) e/ ou referências.1
(Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 26.5.01) 1. Revista da SOCERJ. Normas para a publicação na Revista da SOCERJ
[monografia na Internet]. Rio de Janeiro: Revista da SOCERJ; 2005 [citada 1 out
2005]. Disponível em: http://www.socerj.org.br/revista/normas.pdf
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verificação, do exame, da observação. Quando se diz que uma medida foi tomada a
APERFEIÇOAR DEFEITOS posteriori, por exemplo, não se quer apenas situar essa medida no tempo. Se a
Recomendar a alguém que “aperfeiçoe os seus defeitos” constitui outra forma expressão tiver sido bem usada, ter-se-á querido dizer que a medida foi tomada
distorcida de falar ou escrever. Aperfeiçoar quer dizer tornar perfeito, apurar, tornar depois da análise dos fatos, da observação, da experiência. (Cipro Neto P. Ao pé da
mais eficiente. Assim, ninguém deve pretender tornar um defeito mais eficiente ou letra. O Globo, 7.4.02)
perfeito. O que se deve, isto sim, é corrigir, sanar, consertar um defeito e nunca A posteriori: expressão latina que significa depois; segundo as conseqüências.
“aperfeiçoá-lo”. (Martins E, De palavra em palavra, O Estado de São Paulo, Ex.:Resolverei este assunto a posteriori. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia,
13.11.99) 14.5.00)
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essa solução. O uso principal de aprazer, porém, é no imperfeito e no futuro do projeto. (Nogueira S. Pegaginha verbal. Seleçãoes do Reader’s Digest, maio de
subjuntivo: Se lhe aprouvesse, faria o favor. / Se lhe aprouver, fará o favor. / 1999)
Garantiu que faria tudo que lhe aprouvesse. (Martins E. De palavra em palavra. O A princípio significa no começo, no início. Se a locução for em princípio significará
Estado de São Paulo, 9.9.00) antes de tudo, antes de qualquer consideração, antes de mais nada. (Niskier A. Na
O verbo aprazer signifiz “causar prazer”. Ex.: Se vos aprouver ou se nos ponta da língua. O Dia, 20.5.01)
aprouver(futuro do subjuntivo), tem o sentido de “se for do vosso agrado ou do A princípio = no começo. Em princípio = por princípio, em tese. (Ramos W. Não
nosso agrado” (Duarte SN, Língua Viva, JB, 12.11.00) morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001.)
Modernamente não são considerados defectivos, mas têm sua flexão limitada às
terceiras pessoas (Praz-me/apraz-me sua companhia; Praz-me/Apraz-me caminhar A PRIORI
pela praia; Prazem-me/Aprazem-me suas músicas). No pretérito perfeito do Expressão latina que significa antes; primeiro que tudo. Ex.:A priori vamos ouvir a
indicativo, alguns autores registram apenas as formas antigas (“prouve” e “aprouve”; sua defesa. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 14.5.00)
“prouveram” e “aprouveram”); outros registram as antigas e as modernas (“prazeu”e
“aprazeu”; “prazeram’e aprazeram”). Exs.: Prove a Deus que o filho não sofresse. A PROCURA vs. À PROCURA
(Agradou a Deus que o filho não sofresse). Das formas “prouve”e “aprouve” derivam A procura dos criminosos durou dez dias (sujeito = a procura dos criminosos). A
“prouver” e “aprouver” (futuro do subjuntivo) (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, polícia está à procura dos criminosos (à procura de = locução prepositiva) (Duarte
19.5.02) SN. Língua Viva. JB. 21.1.01)
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Arbóreo vem do latim arboreu. Adjevito, relativo ou semelhante a árvore; que tem frear, passear, pentear, recerar, recrear, saborear) são irregulares: fazem um ditongo
porte de árvore. Arborícola vem do latim arbore + col., reduçãode colere, morar. “ei” nas formas rizotônica (primeira, Segunda e terceira do singular e terceira do
Adjetivo dois gêneros, que vive nas árvores.1 plural, nos tempos do presente). Exs.: eu arreio, tu arreias, nós arreamos, vós
1. Língua Portuguesa On-Line [página na Internet]. Lisboa: Priberam arreais, que eu arreie, que nós arreemos.
Informática;c2005 [citada 13 abr 2005]. Disponível em: Os verbos terminados em “-iar” (arriar, anunciar, copiar, miar, premiar, variar) são
http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx regulares, exceto: ansiar, incendiar, odiar, mediar, intermediar e remediar) que são
irregulares(= ditongo “ei” nas formas rizotônicas). Exs.: eu arrio, ele arria, nós
ARCO-ÍRIS (PLURAL) arriamos, eu anseio, nós ansiamos, que eu arrie, que eu anseie. (Duarte SN. Língua
Sigular e plural são iguais: o arco-íris; os arco-íris. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Viva. JB. 4.11.01)
Globo, 25.1.04)
ARSENAL TERAPÊUTICO
AR-CONDICIONADO (PLURAL) Bons gramáticos e cultores do bom estilo de linguagem reprimem expressões
Se a palavra composta, com hífen, é constituída de um substantivo e um adjetivo (ou surradas por denotarem pobreza vocabular. Costumam chamar tais expressões de
adjetivo + substantivo), os dois elementos vão para o plural. Logo o certo é: ares- lugar-comum, péssimo recurso, mau-gosto. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino
condicionados. Se você não gostous, tenho duas sugestões: Compre dois aparelhos P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital
de ar-condicionados. Compre dois condicionadores-de-ar. (Duarte SN, Língua Viva, Universitário da Universidade de Brasília)
JB, 28.3.99, p.14)
O plural do aparelho é ares-condicionados. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, ARTESÃO (PLURAL)
30.7.00) Quando se refere ao indivíduo que tem por ofício as artes que dependem de
habilidade manual, o plural é “artesãos”. Em arquitetura, com o sentido de “adorno
AR-CONDICIONADO vs. AR CONDICIONADO que se coloca entre molduras em abóbadas e tetos” , o plural é “artes~oes”. Ex.: Os
O nome do aparelho é ar-condicionado, com hífen. Ex.: O ar-condicionado não artes~oes de determinada igreja foram produzidos por famosos artesãos. (Cipro
funciona há seis meses. Quando se trata do ambiente, não há hífen. Ex.: O ar Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 16.12.01)
condicionado me faz mal. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 30.7.00)
Ar-condicionado só é um substantivo composto quando se refere ao aparelho que ARTIGO DEFINIDO E CIDADES, ESTADOS E PAÍSES
produz ar condicionado, isto é, o condicionador de ar. Deu-se nesse caso uma São poucas as cidades que exigem o artigo: o Rio de Janeiro, o Porto, o Cairo. Os
ampliação semântica semelhante à que ocorre em “microondas”: o efeito passou a nomes da maioria das cidades são usados sem artigos: São Paulo, Curitiba,
nomear a própria engenhoca que o produz, o que é legítimo. O plural (palavra Salvador, Fortaleza, Paris, Roma, Lisboa. Quando o nome da cidade é caracterizado
composta por substantivo + adjetivo) é ares-condicionados (talvez soasse melhor por qualquer expressão, o artigo se torna obrigatório: a progressista Curitiba, a bela
aparelhos de ar condicionado)(Rodrigues S. Língua Viva. JB, 23.2.03) Porto Alegre, a antiga Roma, a Paris dos meus sonhos. Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Pernambuco, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e
ARQUI Sergipe são usados sem o artigo. Os demais estados brasileiros exigem o artigo: o
Elemento grego que significa “princípio”, “autoridade”, “o que está na frente”, “o que Amazona, o Pará, o Ceará, a Paraíba, a Bahia. Com Alagoas e Minas Gerais, o
está no alto”. Exs.: arquipélago – arquidiocese – arquibancada – arquitetura. (Cipro artigo é facultativo: hoje usamos Alagoas e Minas Gerais (= sem artigo); mas
Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 12.5.02 também é correto usar “as Alagoas” e “as Minas Gerais”. A maioria dos nomes de
países exigem o artigo: a Argentina, o Brasil, a Alemanha, o Peru, a Espanha, o
ARREDAR O PÉ vs. ARREDAR PÉ Uruguais. Mas há um bom número que rejeita o artigo: Israel, Portugal, Cuba,
A expressão correta é “arredar pé”. Ex.: Não arredo pé daqui. (Ramos W. Não morda Angola, Maçambique, Cabo Verde, etc. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 10.6.01)
a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001)
ARTIGO DEFINIDO E HORAS
ARREIA vs. ARRIA Para haver idéia de “exatidão, precisão”, é necessário que usemos o artigo definido.
Arreia é do verbo arrear (= pôr os arreios). Os verbos terminados em “-ear”são Exs.: A reunião será das (de + as) 2h às (a+a) 4 h, isto é, começa exatamente às 2h
irregulares e fazem o ditongo “ei”quando a sílaba tônica cai sobre a vogal “e”. Ex. e termina precisamente às 4h. A reunião vai será de duas a quatro horas. Não se
Ele arreia o cavalo. Arria é do verbo arriar (= abaixar, fazer descer). Ex.: Ele arria as definiu a hora para começar ou terminar. Não há artigo definido, logo existem
cortinas. Os verbos terminados em “-iar” são regulares, com exceção do grupo do apenas as preposições: “de... a”. Outros exemplos: Trabalhamos de segunda a
Mario. Ex. Ele arria as calças (Duarte, SN, JB. 26.4.98, p.14; idem, 1.11.98, p.16) sexta. (= de...a...). O torneio vai da próxima segunda à sexta-feira (=da...à...). Leia
de cinco a dez páginas por dia (=de...a...). Leia da página 5 à 10 (= da... à...). Ficou
ARREIO vs. ARRIO conosco de janeiro a dezembro (= de... a...). Ficou conosco do meio-dia à meia-noite
Os dois estão certos. Eu arreio é do verbo arrear (= pôr os arreios) e eu arrio é do (= do... à...). O congresso vai de cinco a quinze de janeiro (= de... a...). O aumento
verbo arriar (= abaixar, descer). Todos os verbos terminados em “-ear” (arrear, cear, será de 2% a 5% (= de... a...) (Duarte SN. Língua Viva, JB, 28.1.01)
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médica tiveram seu berço na Grécia com a escola hipocrática. Foi na Grécia que a
ARTIGO DEFINIDO E PRONOME POSSESSIVO medicina deixou de ser mágico-sacerdotal para apoiar-se na observação clínica e no
O uso do artigo definido antes do pronome possessivo é facultativo. Exs. Quero raciocínio lógico. O símbolo mítico de Asclépio, o bastão com uma única serpente,
parabenizá-lo pelo (ou por) seu desempenho. A Internet a (ou ao) seu alcance. representa a medicina grega em suas origens e nenhum outro símbolo deverá
(Duarte RG, 14.12.97) (Duarte SN. Língua Viva. JB, 28.11.99) substituí-lo. A OMS, fundada em 1948, adotou o símbolo de Asclépio. A Associação
Médica Mundial, reunida em 1956, adotou um modelo padronizado do símbolo de
ARTIGO INDEFINIDO E CRASE Asclépio para uso dos médicos civis. Como estilizações originais do símbolo de
Antes de artigo indefinido é impossível haver crase. Ex.; Entreguei o requerimento a Asclépio podemos citar os seguintes exemplos: o da Associação Paulista de
uma funcionária que trabalha nesta sala. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 20.12.98. Medicina e o da Academia Brasileira de Medicina Militar, em que o bastão toma a
p.16) configuração de uma espada; o da Escola Paulista de Medicina, em que o bastão é
A crase é proibida antes de artigo indefinido. Ex. Chegamos a uma casa desert e o próprio tronco de uma árvore; o da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto em
sombria. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) que a serpente se dispõe sob a forma de um nó cirúrgico, significando a união da
medicina clínica com a cirurgia. (Rezende JM. O símbolo da Medicina: tradição e
ARTIGOS DEFINIDOS (EMPREGO) heresia. Potencial de ação 2001 dez; ano 2, n.6 p.6-8: condensado por CAG)
No jornalismo em geral, em chamadas e títulos, a tendência é a supressão dos
artigos, principalmente os definidos. Obs. 1: a diferença principal é a intenção de AS HORAS vs. ÀS HORAS
especificar ou generalizar. Quando estou precisando “de trabalho”, significa trabalho O hábito de colocar acento indicador de crase nas expressões que indicam horário é
em geral, qualquer um; quando estou precisando “do trabalho”, é um determinado tão forte que basta surgir um “as” antes de qualquer número de horas para que o
trabalho, já citado anteriormente. Fazer referência “a leis” é fazer referência a leis em acento comece a dar o ar da graça. Uma coisa é dizer que o jogo começa às 16 h;
geral; fazer referência “às leis” é referir-se a determinadas leis. Obs. 2: Antes de outra é dizer que foi marcado para as 16 h. Que tal trocar “16 h” pela expressão
nomes de pessoas, é facultativo. Eu posso fazer referência “a Paulo” quanto “ao masculina “meio-dia”? O jogo começa ao meio-dia. O jogo foi marcado para o meio-
Paulo”. Podemos dizer “casa de Paulo” ou “casa do Paulo”. As duas forma são dia. No primeiro caso, temos “ao”, sinal de que existem preposição e artigo. No
corretas. Há regiões em que o mais freqüente é usar o artigo definido; em outras, o segundo, apenas “o”, sinal de que só há artigo.Nas expressões “desde as16 h”,
mais usual é a omissão; e existem, ainda, regiões onde o uso do artigo definido “após as 16 h”, não há acento indicador de crase, pois para, desde e após são
caracteriza “intimidade”: casa de Paulo (= pessoa não íntima); casa do Paulo (= preposições e portanto o “as” não passa de um artigo. (Cipro Neto P. Ao pé da letra.
pessoa íntima, da família, muito amiga). Antes de pessoas famosas, jamais usamos O Globo, 9.12.01)
o artigo definido. Exs.: Marco Antônio foi o grande amor de Cleópatra. Romário vai
substituir Ronaldinho. No jornalismo, não usamos artigo antes de nenhum nome de ÀS AVESSAS (PROSÓDIA)
pessoa, famosa ou não. Obs. 3. Antes de pronomes possessivo é facultativo. Às avessas (“às avéssas” e não “às avêssas”). (Martins E. De palavra em palavra. O
Podemos dizer “estamos a seu dispor” ou “ao seu dispor”; “esta é minha decisão” ou Estado de São Paulo, 8.7.00)
“esta é a minha decisão”. O artigo definido só é obrigatório se o pronome possessivo
estiver “sozinho” (substituindo um substantivo anteriormente citado). Ex.: Sua ASCENDÊNCIA vs. DESCENDÊNCIA
estratégia é melhor do que a minha (estratégia). Obs. 4: Antes das horas, o uso do Quando uma pessoa se refere aos parentes que vieram ao mundo antes (pai, mãe,
artigo definido é obrigatório. Ex.: Trabalhamos das 8h às 20 h. A ausência do artigo avô, avó, bisavô, bisavó etc.), refere-se a seus ascendentes, ou seja, refere-se a sua
altera o sentido. Se trabalhamos de 8 a vinte horas, estamos dizendo quantas horas ascendência. Quando se refere aos que vieram depois (filhos, netos, bisnetos etc.),
trabalhamos. Não estamos definindo a hora quando começamos a trabalhar nem a refere-se a seus descendentes, isto é, a sua descendência. Sou descendente de
hora da saída. Obs. 5. Em enumerações, a repetiação é obrigatória antes de meus pais, é óbvio; eles são, pois, meus ascendentes. Quando me refiro a eles,
substantivos que exijam o artigo. Exs.: O Fluminense já venceu o Vasco, o refiro-me a meus ascendentes, ou seja, a minha ascendência. Se falo de minha
Flamengo e o Botafogo. Pretende ir ao Paraguai, à Argentina, ao Uruguai e ao Chile. ascendência, falo de meus ascendentes, dos que vêm antes; se falo de meus
(Duarte SN, Língua Viva, JB, 3.6.01) descendentes, falo de minha descendência, dos que vêm depois. Não custa lembrar
que “ascender” significa “subir”, “elevar”. O que ascende sobe, vai para o alto. (Cipro
ASCLÉPIO (ESCULÁPIO) Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 18.6.00)
O símbolo de Asclépio é representado por um bastão tosco com uma serpente em
volta. O símbolo de Asclépio, deus da medicina, tem origem na mitologia grega e é o A SEU CRITÉRIO PESSOAL
símbolo da tradição médica. Em várias esculturas gregas e romanas e em Combinação que deve ser evitada em textos que mereçam linguagem mais cuidada.
descrições de textos clássicos, Asclépio é representado segurando um bastão com (Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.4.01)
uma serpente em volta. Com a conquista da Grécia pelos romanos, estes
assimilaram os deuses da mitologia grega, trocando-lhes os nomes: Asclépio passou ASINUS ASINUM FRICAT
a chamar-se Esculápio. A verdade é que toda a nossa cultura se baseia na Um burro coça outro. Um exemplo: elogios mútuos são por vezes imerecidos.
civilização grega. Todos os aspectos conceituais, técnicos e éticos da profissão
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ASPAS (EMPREGO) banco, à vitória dos companheiros. Diretores do futebol italiano assistiram ao
As aspas devem ser utilizadas para enquadrar: a) uma citação (fala de alguém, clássico Corinthians vs. São Paulo. Qual o sentido da expressão “liberdade
transcrição de um texto...) Ex.: Está no acordo: “Terão direito à licença-prêmio assistida”, presente no “Estatuto da Criança e do Adolescente”? “Liberdade
somente os funcionários com mais de dez anos de empresa”.; b) uma expressão ou amparada” ou “liberdade vigiada, observada”. O que o Estatuto determina é que,
termo que se quer destacar. Ex.: “Vencer ou vencer” é o seu lema. Esta é a “minha” cumpridos os anos de “internação”, o menor infrator seja posto em liberdade e
opinião; c) expressões estrangeiras, arcaicas, vulgarismos, neologismos, gírias. receba assistência (ajuda, amparo, auxílio, proteção) do Estado.
Exs.: “know how”. Sua “sapientia” era impressionante. O pobre coitado “bateu as A flexão “assistida” vem do particípio de “assistir”, mas de qual “assistir”, do que
botas”onte, É um projeto “imexível”. A reunião foi “uma curtição”. Obs: As aspas significa “ver”, “presenciar”, ou do que significa “amparar”, “prestar auxílio”?
devem aparecer antes do ponto-final, exceto quando abrange todo o enunciado: A tradição gramatical ensina que, quando significa “presenciar”, “ver”, o verbo
Disse o mestre: “Amai-vos uns aos outros”. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 2.12.00). “assistir” rege a preposição “a”. Ela ensina também que, com verbos indiretos, não
se faz voz passiva. Sob essa ótica, portanto, não haveria a passiva de “Ele assistiu
ASPAS E PONTUAÇÃO ao jogo” nem se poderia entender “assistida” como “observada”, “vista”, já que — é
Quando as aspas abrangem todo um período ou frase, o sinal de pontuação (ponto, bom insistir — para a gramática tradicional o verbo “assistir” rege a preposição “a”
ponto-e-vírgula, vírgula) fica dentro das aspas. Quando as aspas começam depois quando significa “ver”, “presenciar”. No português do Brasil, é mais do que viva a
do início da frase, o sinal fica depois delas (Garcia, 1994, p.109) tendência para o emprego de “assistir” como transitivo direto quando usado com a
acepção de “ver”, “presenciar”. Se na língua viva esse “assistir” é usado como
ASPIRAR (regência verbal) transitivo direto (“Muita gente assistiu o filme”), a voz passiva com esse sentido de
Verbo transitivo direto (= respirar, cheirar, absorver) ou indireto (= almejar, desejar). “assistir” é mais do que natural para o falante brasileiro (“O filme foi assistido por
Exs.: Ele aspira o perfume. O aparelho aspira o pó. Ele aspira a este cargo. Eles muita gente”). Daí para que se julgue que “liberdade assistida” possa equivaler a
aspiravam ao governo de São Paulo. Aspiramos um ar poluído. (Duarte SN, JB, “liberdade observada” ou “vigiada” é um passo. E de onde vem o sentido que a
19.4.98, p.14). expressão “liberdade assistida” efetivamente tem no Estatuto? Vem da voz passiva
O verbo aspirar, no sentido de almejar, pretender,querer, é transitivo indireto de “assistir” com o sentido de “amparar”, “prestar auxílio”. Com esse sentido,
(precisa da preposição.Ex.:José aspira a uma vida digna. Ela aspirava ao poder “assistir” costuma aparecer como transitivo direto (“A Previdência não assiste os
Quando o verbo aspirar é usado no sentido de inspirar, sorver, é transitivo direto, segurados”), embora não faltem registros de seu emprego como indireto (“A
portanto deve ser usado sem preposição. Ex: Aspirava o ar seco daquela região. Previdência não assiste aos segurados”). Ao fim e ao cabo, “liberdade assistida”
Aspiramos o perfurme da flores. (Niskier A Na ponta da língua. O Dia, 28.4.99, equivale mesmo a “liberdade amparada”.
21.11.99) 1. Cipro Neto P. Liberdade amparada ou vigiada? Revista O GLOBO. 3 jul
emento é sem preposição. 2005:p.24.
Na língua culta, o verbo “aspirar” rege a preposição “a” quando significa “desejar”, 2. Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo. 19 ago 2000.
“pretender”, “almejar”. Ex.: Todos os brasileiros aspiram a um país melhor. Quando 3. Niskier A. Na ponta da língua. O Dia. 28 nov 1999.
significa “inspirar”, “inalar”, “sorver”, não rege preposição alguma. Ex.: Quem mora
em cidade grande aspira gases tóxicos todos os dias. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, ASSOCIAR (REGÊNCIA)
O Globo, 30.9.01)
No sentido de “almejar”, pede a preposição “a”. Ex. Aspiro ao cargo de ASSUMIR
desembargador Assumir significa investir-se de (um papel ou postura), declarar, tomar para si,
No sentido de absorver, sorver é transitivo direto (sem preposição). Ex.: Aspiro o ar atingir. Assumem-se cargos, divídas, orientações sexuais, proporções assustadoras.
puro da manhã. (Ramos W. Não morda a língua. Aracaju: Sercore; 2001) Atualmente, vem sendo erroneamente empregado como “supor” (ex.: Os analistas
acreditam que a economia global não será recessiva e, assumindoque Lula não fará
ASSASSINO (ETIMOLOGIA) nenhuma grande mudança...) (Rodrigues S, Língua Viva, 20.10.02)
A palavra vem do árabe. Alhashashin eram os consumidores de haxixe. Durante as
Cruzadas, apareceu uma seita violenta chamada Alhashashin, fundada pelo persa ÀS VEZES vs. AS VEZES
Hassan Ibn al-Sabbah, em 1090. Eles matavam com requintes de crueldade. Não Ocorrerá crase somente quanto às vezes for uma locução adverbial de tempo (= de
deu outra. Assassino virou sinônimo de homicida. (Dicas de português. A Folha de vez em quando, em algumas vezes). Ex. Às vezes os alunos acertam esta questão.
Teresópolis e Região Serrana, 12.11.99) O Flamengo, às vezes, ganha do Fluminense. Quando a idéia não for de de vez em
quando, não há crase. Ex. Foram raras as vezes em que ele veio até aqui (= as
ASSISTIR (regência) vezes é o sujeito). Em todas as vezes, ele criou problemas (= não há a preposição a,
O verbo assistir, no sentido de dar ajuda, dar assistência, é transitivo direto, isto é, o por isso não ocorre a crase; temos somente o artigo definido as. (Duarte,
complemento é sem preposição. Ex.: Ele assistiu o paciente. (obj. direto). Assistir, no SN,7.12.97)
sentido de presenciar, é um verbo que exige a preposição “a”. Exs.: Pouca gente A expressão “às vezes” é usada quase sempre com valor adverbial. Ex.: Às vezes,
está assistindo aos jogos da Copa João Havelange. O zagueiro-central assistiu, do penso que nunca sairemos do atraso em que nos encontramos. Sei que às vezes
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ela é um pouco ríspida, mas... O costume de escrever essa expressão adverbial ATEMPORAL vs. INTEMPORAL
feminina nos leva a colocar acento no “as” quando não existe. Ex.: Ele será obrigado O novo dicionário Aurélio e o VOLP (ABL, 1998) registram as duas formas. (Duarte
a fazer as vezes do irmão. Na frase, o “as” não passa de um artigo. A substituição SN. Língua Viva. JB, 13.8.00)
de “vezes” por “papel” nos faz perceber logo isso: Ele será obrigado a fazer o papel
do irmão. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 9.12.01) ATENDER (REGÊNCIA)
Ocorrerá o acento de crase somente quando às vezes for uma locução verbal de O verbo atender, segundo os livros de referência, admite mais de uma regência.
tempo. Ex.: Às vezes, os alunos não acertam esta questão. Foram raras as vezes mas os gramáticos recomendam o uso de atender, sem preposição, para pessoas e
em que disse isto (as vezes é o sujeito) (Ramos W. Não morda a língua. Aracaju: atender, com a preposição a, para coisas. Ex.: O governador atendeu os prefeitos,
Sercore; 2001) mas não atendeu aos seus pedidos. O médico atendeu os doentes. / A diretoria
Na frase “às vezes, conto para todos as vezes que fui engrupida”, não há dúvida de atendeu os funcionários. Eles atenderam aos conselhos, aos avisos, às intimações,
que ocorre crase no primeiro caso. Trata-se de um adjunto adverbial de tempo. O ao requerimento, às solicitações, às sugestões, etc. (Martins E. De palavra em
segundo caso é discutível, porque a frase está mal construída. Temos um erro de palavra. O Estado de São Paulo,7.8.99)
regência. Provavelmente, a professora queria a seguinte frase: “Às vezes (= Usa-se como transitivo indireto quando seu complemento é representado por coisa.
algumas vezes), conto para todos as vezes EM que fui engrupida.” Nesse caso, “as Ex.: Atender ao telefone; atender à porta. Quando seu complemento for
vezes EM que fui engrupida” seria o objeto direto do verbo CONTAR. representado por pessoa, o verbo será transitivo direto. Ex. Temos que atender
Conseqüentemente não haveria crase (= objeto direto não tem preposição). A crase outros consulentes. No sentido de “dar despacho favorável a”, “deferir” é transitivo
no segundo caso caracterizaria uma repetição, mesmo entre vírgulas como sugeriu direto. Ex.: Atenderam as reivindicações da carta. O presidente não atendeu o meu
a professora: “Às vezes (=algumas vezes), conto para todos, às vezes (= algumas pedido por falta de amparo legal. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju:
vezes), que fui engrupida.” Agora, o objeto direto do verbo CONTAR seria “que fui Sercore; 2001)
engrupida”, e o adjunto adverbial às vezes estaria desnecessariamente repetido. Se
fosse essa a interpretação, bastaria usar o primeiro ou o segundo: “Às vezes, conto ATENTATÓRIO vs. ATENTÓRIO
para todos que fui engrupida” ou “conto para todos, às vezes, que fui engrupida”. “Uma atitude que atente contra a segurança é uma atitude atentatória ou atentória à
(Duarte SN. Língua Viva. JB.24.5.98) segurança?” Não existe a forma “atentório”. O adjetivo é “atentatório”, da família do
verbo “atentar”, que, entre outros significados, possui o de “perpetrar atentado”. Está
ÀS OH vs. À OH presente o sufixo “(t)ório”, acrescentado à forma verbal “atentar”. Vale lembrar que o
Zero hora é singular, portanto o correto é “à 0h”. (Duarte SN. Língua Viva. JB, adjetivo “atentatório” pode reger também as preposições “de” e “contra”, ou seja,
26.8.01) pode-se dizer “atitude atentatória à segurança”, “da segurança” ou “contra a
segurança”. Esse mesmo sufixo aparece, com o mesmo valor, em várias palavras,
ATACHAR como “probatório” e “comprobatório”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 6.2.00)
Estrangeirismo: do inglês “attach”, quer dizer anexar um arquivo em uma
mensagem. (Sampaio P. Bangue-bangue hi-tech. Folha de São Paulo. Caderno ATÉ O, ATÉ AO
Cotidiano, 6.8.00) As duas formas estão corretas. Ex.: Fui até o correio ou até ao correio. (7)
Prefiro usara a preposição até sozinha. Ex.: Até o ano passado , o governo mantinha
ATANAZAR vs. ATENAZAR relações diplomáticas com todos os países. Fui até o clube... Alguns gramáticos
Atenazar é um verbo derivado de tenaz. Correto é: você vio para atenazar minha defendem o uso da preposição a ao lado da preposição até. É interessante observar
vida. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) que, se houvesse um advérbio após a preposição até, ninguém usaria a preposição
a: Ex.: Até ontem... Veio até aqui. Ficou até tarde... (Duarte SN, JB, Língua Viva,
ATÉ 6.9.98,p.16). Em Portugal, é normal o uso do acento da crase após a preposição até.
É uma partícula de inclusão. Ex.: Até o presidente estava lá. Quando houver idéia de No Brasil, não. Ex.: Até as 10 h. Cuidado para não confundir a preposição até com a
exclusão, não se deve usar “até” (ex.: Até mesmo os jornalistas credenciados não partícula de inclusão até (=inclusive). Ex.: Até os diretores compareceram à reunião.
puderam entrar); prefira o “nem”. Exs.: Nem o presidente estava lá. Nem mesmo os Após a partícula de inclusão pode haver crase (Duarte, SN, Língua Viva, JB,
jornalistas credenciados... (Duarte SN. Língua Viva, JB, 21.2.01) 15.11.98, p.20)
É a única preposição que virou não seguida da preposição “a”. Exs.: Vou até ao
ATÉ + PREPOSIÇÃO A colégio. Vou até o colégio. No português brasileiro de hoje, é pouco comum o uso de
Alguns gramáticos defendem o uso da preposição “a” ao lado da preposição “até”. “até ao” e “até à”, formas que têm largo emprego em Portugal. Não confundir a
Eu prefiro usar a preposição ATÉ sozinha, como a maioria dos brasileiros: “ATÉ o preposição “até” com a palavra de inclusão “até”(= mesmo). Ex.: Até a diretora
ano passado...”; “Fui ATÉ o clube”... É interessante observar que, se houvesse um assinou o manifesto. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 8.6.03)
advérbio após a preposição ATÉ, ninguém usaria a preposição “a”: “ATÉ ontem...”;
“Veio ATÉ aqui”; “Ficou ATÉ tarde”... (Duarte SN. Língua Viva. JB, 6.8.98) ATERRAR vs. ATERRISSAR vs. ATERRIZAR
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As três formas são corretas, assim como os substantivos aterragem, aterrissagem e Observa-se que muita gente emprega a expressão “através de” com o sentido de
aterrizagem. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 5.10.03) “mediante” e de “por meio (intermédio) de”. De acordo com os dicionários há apenas
o sentido de traspassar - “a luz que entra através da vidraça”, “a evolução da ciência
ATÉ vs. ENQUANTO através dos tempos” etc.”. Mas é real a forte tendência para o uso da expressão com
A preposição “até” normalmente é usada para indicar idéia de limite de tempo ou de outros sentidos, alguns bizarros: “Consegui isso através de um amigo”; “O gol foi
espaço. No exemplo: “A promoção será válida até durarem nossos estoques” se marcado através de Ronaldo”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 22.8.99).
trocou “enquanto” por “até”. Há duas possibilidades para expressar a idéia Locução prepositiva “através de”. Até 1998, os dicionários brasileiros só davam à
pretendida. Uma delas é “A promoção será válida até acabarem (ou “até que expressão “através de” com o sentido de “pelo meio de”, “por dentro de”, “de um
acabem”) os estoques”. A outra é “enquanto durarem os estoques”. O resultado lado para outro”, etc. Exs.: Ele escapou através da janela do banheiro. Os pássaros
desse “cruzamento”, infelizmente, não foi dos melhores. (Cipro Neto P. Ao pé da voavam através dos galhos das árvores. Apesar do largo uso (oral e escrito) de
letra. O Globo,12.9.99) “através de” com o sentido de “por intermédio de” ou “por meio de”, nossos
dicionários não registravam esse valor de expressão. Na edição do Aurélio (1999) foi
À TOA vs. À-TOA registrado pela primeira vez o sentido de “por intermédio de”. O Houaiss (2001)
À toa (= a esmo, ao acaso, sem fazer nada) é uma locução adverbial de modo= registra o sentido (classificado de “figurado”) de “por meio de”, “mediante”. Exs.:
refere-se ao verbo). Exs.: Passou a vida à toa. Ainda à toa pelas ruas. À-toa (= inútil, Educar através de exemplos. Conseguiu o emprego através de artifícios. O
desprezível, desocupado, insignificante) é adjetivo (= acompanha um substantivo). Dicionário da Academia de Ciências de Lisboa (2001) registra o sentido de “por meio
Exs.: Era uma mulher à-toa. Não passava de um sujeitinho à-toa. (Duarte SN. de”. Exs.: Conseguiu o seu intento através de um estratagema. Soube a notícia
Língua Viva, JB, 16.1.00) através dela. O Dicionário de Usos do Português do Brasil (2002) registra o sentido
À-toa (com hífen) é adjetivo e significa qualquer, sem importância. À toa (sem hífen) de “por meio de”. Exs.: O encantamento se faz através da magia e do mistério. No
é locução adverbial e significa em vão. Ex.: Andei à toa, procurando um livro. entanto, no uso culto não há registro de “através de” para introduzir o agente de
Descobri que está esgotado. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 19.2.00) formas verbais passivas (Errado: O gol do Fluminense foi marcado através de
Aurélio, Michaelis Melhoramentos, o de Antenor Nascentes e o de Caldas Aulete Romário. A mercadoria foi roubada através de um homem alto, magro e calvo. (Cipro
informam que a palavra “toa” vem do inglês “tow”. Todos dão como sentido de “toa” Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 8.12.02)
o de cabo ou corda com que se reboca uma embarcação, e incluem a expressão “à
toa”no verbete “toa”. Quando tem valor adverbial, a expressão “à toa” se grafa sem Conceituados lingüistas repelem o uso de através como está nas seguintes frases:
hífen. Esse valor se verifica quando a expressão significa “a esmo”, “sem razão”, "Conheci-o através de um amigo.". "Fiz o diagnóstico através da radiografia.". "O
“irrefletidamente”. Exs.: Gosto de andar à toa. À tarde, ele passa horas à toa. Briga à doente foi curado através de quimioterapia.". "Fui nomeado através de concurso.".
toa, com quem quer que seja. Quando significa “desprezível”, “sem importância”, "Soube através de um artigo". Através tem sentido de atravessar algo no espaço ou
“irrefletido”, ou seja, quando tem valor de adjetivo, a palavra “à-toa” é grafada com no tempo. Não atravessamos uma radiografia para chegar a um diagnóstico, nem
hífen. Exs.: Foi um gesto à-toa. É um homem à-toa. Cantou uma música à-toa. sabemos de algo atravessando um artigo publicado. Podemos, com acerto, usar por
Nesse caso, a expressão “à-toa” não varia, isto é, tem plural e singular iguais. Exs.: intermédio de, por meio de, por, com. Ex.: Foi curado por (ou com) quimioterapia.
Um filmezinho à-toa. Vários filmezinhos à-toa. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Diagnosticar por meio de radiografias. Nomeado por meio de concurso. Operado
Globo, 3.6.01) pela técnica de Thal. Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões
médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da
ATRÁS vs. TRÁS vs. Traz Universidade de Brasília)
Usamos a forma “trás” sempre que vier antecedida de preposição. Ex: Vá para trás;
saiu de trás; ver o que está por trás da notícia. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 4.11.01) ATROPELAMENTO vs. ATROPELO
Traz é forma do verbo “trazer”. Ex.: A presença dele sempre me traz alento. Trás e Verbete: atropelo (ê)[Dev. de atropelar.] S. m.1. Ato ou efeito de atropelar;
atrás fazem parte da numerosa família, à qual também pertencem as palavras atropelação, atropelamento.2. Confusão, baralhada: 3. Bras. Fig. Aflição, tormento:
“atraso”, “atrasar”, “atrasado”, “retrasado”, “traseiro”, etc. Todos os elementos dessa [Pl.: atropelos (ê). Cf. atropelo, do v. atropelar.] Aos atropelos.
famílis são grafados com a letra “s”. Exs.: Ele vive atrás dela. A parte de trás do 1. De maneira atropelada; atropeladamente: Verbete: atropelamento. S. m.
carro ficou amassada. Seus atrasos são constantes. A carne de traseiro é mais Ato ou efeito de atropelar (1): 2. V. atropelo (1). (Aurélio eletrônico)
macia do que a de dianteiro, etc. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 11.11.01)
AVOAR vs. VOAR
ATRAVÉS vs. ATRAVÉS DE As duas formas são corretas. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 31.3.02)
O certo é “através de”, que significa “de um lado para outro”, “por dentro de”, “no
decurso de”. Exs.: A luz passava através de uma pequena janela. Betinho manteve a AUMENTATIVO E DIMINUTIVO (ORTOGRAFIA DO SUFIXO)
sua luta através de muitos anos. Não é sinônimo de “por meio de” , “por intermédio Quando não há a letra “s” na raiz, devemos usar “z” nos sufixos. Exs.: casinha,
de” (Duarte SN, Língua Viva, JB. 20.9.98, p.16) coisinha, lapisinho, tenisinho, pezinho, cafezinho, florzinha, balãozinho, papelzinho,
paisinho (país), paizinho (pai), Fluzão. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 18.3.01)
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Foi para casa. Olhar para cima. Com destino a; a fim de servir a : Comprou um livro Barbarismo é o nome dado aos erros na grafia, flexão, pronúncia ou significado de
para a filha. (Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa Caldas Aulete. 4 ed. uma palavra. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 26.12.99)
Rio de Janeiro: Delta; 1985. p. 2673)
BARTLEBY
AZÁFAMA (PROSÓDIA) V. Síndrome de Bartleby
Exemplo de silabada. Azáfama nada mais é do que “pressa”. (Cipro Neo P. Ao pé da
letra. O Globo, 4.6.00) BASOFOBIA
O mesmo que basiofobia, que é o medo mórbido de cair, ao andar. (Duarte SN,
AZAR (ETIMOLOGIA) Língua Viva, JB, 13.5.01)
Veio do árabe vulgar az-zahr, pelo francês assard, sorte, mas também falta dela. No
árabe culto é Hazart, nome de um castelo na Palestina, onde teria sido inventado o BASTANTE vs. BASTANTES
jogo de dados. (Silva D. Bingo e jogatina. Língua Viva. JB, 10.5.04) Invariável como advérbio (Os médicos trabalham bastante). Como adjetivo,
concorda com o substantivo por ele modificado (Fiz bastantes vezes este trajeto). (7)
BALA DE OXIGÊNIO Bastante (=muito) é advérbio de intensidade, forma invariável, não vai para o plural.
Gíria médica. Termo técnico: cilindro de oxigênio, de uso recomendável nos relatos Ex.: Os empregados se esforçaram bastante. Eles são bastante esforçados. Os
científicos formais. Pela mesma razão, é impróprio dizer "torpedo” ou “balão” de espectadores saíram bastante satisfeitos. Bastantes (no plural) só é possível se
oxigênio. O tamanho é expresso pela capacidade em metros cúbicos e varia entre estiver junto a um substantivo plural. Exs.; Os alunos estão com bastantes
fabricantes e distribuidores. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões problemas para resolver (pronome adjetivo indefinido=muitos). Considero essa
médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da forma horrorosa. Sugiro usar “muitos problemas”. Ele já tem provas bastantes para
Universidade de Brasília) incriminar o réu. Fulano de Tal constitui como seus bastantes procuradores...
(adjetivo=suficientes) (Duarte SN, Língua Viva, JB, 13.9.98, p.18)
BAGDALI (PROSÓDIA) Há três usos de bastante: a) Bastante é adjetivo com o significado de suficiente, que
Bagdali é o adjetivo relativo a Bagdá. O “Houaiss”, o “Aurélio”, o “Michaelis basta. Nesse caso, varia e em geral fica depois do substantivo a que se refere: Eram
Melhoramentos” e o “Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea” registram a homens bastantes (suficientes) para aquele trabalho. / Havia razões bastantes
forma “bagdali” sem acento agudo no “a” da sílaba “da”, o que significa que essa (suficientes) para a sua atitude. / Tinha recursos bastantes (suficientes) para
palavra não é paroxítona; se fosse, seria acentuada, como são as (pouca) comprar a mansão. b) Bastante é pronome indefinido, equivalendo ao muito variável.
paroxítonas terminadas em “i” (táxi, biquíni, beribéri, dândi, júri, cáqui, etc.). O Nessa situação, varia também porque se refere ao substantivo (mas, quando puder,
Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa (Domingos Cegalla) também use muito e evite bastante com esse sentido): Havia bastantes (muitas) pessoas na
registra sem acento. Toda as obras recomendam a pronúncia “bagdalí”, oxítona. sala. / Bastantes (muitos) torcedores se feriram. / O feriado prolongado registrou
Parece inegável a influência prosódica que o substantivo (Bagdá) exerce sobre o bastantes (muitos) acidentes. c) Bastante é advérbio e não se flexiona, porque
adjetivo. Porém, de acordo com os dicionários, a palavra é oxítona. (Cipro Neto P. substitui o muito invariável: Estavam bastante (muito) doentes. / Todos ficaram
Ao pé da letra. O Globo, 27.4.03) bastante (muito) preocupados. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São
Paulo, 9.9.00)
BAIRRO E ARTIGO DEFINIDO Bastantes equivale a “muitos”(Compreis bastantes livros) ou a “muitas” (Lemos
Não há propriamente uma regra. Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, nós dizemos: bastantes revistas). Apesar de alguns gramáticos torcerem o nariz quando se diz
1. Copacabana, Ipanema, Botafogo.. = sem artigo; 2. A Tijuca, a Glória, a Barra... = que “bastante” pode funcionar como pronome indefinido, caso que significa
com artigo feminino; 3. O Leblon, o Catete, o Méier...= com artigo masculino. Exs. “numeroso”, “abundante”, esse uso é consagrado na língua e abonado por
Passamos por Botafogo ou pelo Leblon. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 27.8.00) dicionários brasileiros e portugueses (Aurélio, Houaiss, Academia de Ciências de
Lisboa). Alguns puristas entendem que só se pode usar “bastante” com o sentido
BALANÇA vs. BALANÇO literal (“que basta”, “que é suficiente”), como em: Não há dinheiro bastante. Não há
A palavra “balanço” deverá sempre ser usada para representar “balanço fiscal”, livros bastantes, mas o uso e os registros desmentem essa tese. Resumindo,
“balanço comercial”, “balanço de pagamentos”, etc., como em engenharia se usa “bastante” pode ser pronome, como se vê em “Passam por aqui bastantes carros;
para os “balanços de massa e de energia”. Isto é, o equilíbrio procurado ou o pode ser adjetivo (Tem coragem bastante para a missão) e pode ser advérbio (Elas
desequilíbrio resultante. A mídia tem usado no feminino, isto é balança, o que é são bastante talentosas) (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 16.6.02)
errado (leitor, 2001) Bastante significa “que basta”. Palavra formada com a terminação “-nte” (de origem
latina), presente em um sem-número de palavras de nossa língua: pediente,
BARBARISMO dormente, cintilante. Esta forma “-nte” vem da terminação latina do particípio
Vício de linguagem em que há uso de palavra errada. P.ex.: rúbrica (errado) por presente, de que resultaram, em nossa língua, inúmeros substantivos e adjetivos
rubrica. (Medeiros, 1996, p.94) que encerram a idéia de “aquele que executa determinado processo” (pedinte
significa “que pede”). Bastante faz concordância como faz qualquer adjetivo, ou seja,
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faz-se sua flexão de acordo com o substantivo modificado. Exs: Não há público Cali vem do grego e significa belo, bonito. Caligrafia significa bela escrita, letra
bastante para que o espetáculo comece. Não há deputados bastantes para que a bonita. Dizer que alguém tem uma bela caligrafia é redundante. (Duarte SN. Língua
sessão se inicie. Na prática, porém, é pouco comum entre nós o emprego da forma Viva. JB, 9.12.01)
“bastantes”. “Bastantes” pode equivaler a muitos/muitas ou suficientes. Quando
modifica adjetivo, advérbio ou verbo, ou seja, quando funciona como advérbio (de BEM-VINDO vs. BENVINDO
intensidade), “bastante” não varia. Exs: As atletas estavam muito/bastante nervosas. Benvindo é nome próprio (ex. Benvindo Siqueira). A saudação se escreve sempre
Eles ficaram muito/bastante contrariados. Elas escrevem muito/bastante bem. Os separada por hífen: “Seja bem-vindo”. As críticas construtivas são bem-vindas.
torcedores sofreram muito/bastante com a derrota da equipe. (Cipro Neto P. Ao pé (Duarte SN, JB, 19.4.98, p.14)
da letra. O Globo, 12.10.03) Alguém bem recebido quando chega é bem-vindo (separado e com hífen). Benvindo
Bastante grave. É recomendável dizer que o paciente se apresenta em estado muito (escrito junto) é nome de pessoa, portanto sempre com maiúscula. (Niskier A. Na
grave, visto que não se adoece até bastar. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino ponta da língua. O Dia, 16.1.00)
P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Segundos nossos dicionários, a forma correta é “bem-vindo”(com hífen). A forma
Universitário da Universidade de Brasília) Benvindo é nome próprio. A forma “bem vindo”(separada e sem hífen) não tem
registro. O VOLP da ABL registra as duas formas para a saudação: bem-vindo e
BASTÃO DE ESCULÁPIO benvindo. Eu prefiro bem-vindo. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 29.10.00)
O bastão de Esculápio, símbolo da Medicina, é formado por uma serpente volteando Aurélio, Caldas Aulete e o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea
em espiral um cajado de madeira. Desde a Renascença, há confusão entre o bastão registram apenas “bem-vindo”. O VOLP abona as duas grafias (benvindo e bem-
de Esculápio e o caduceu de Mercúrio, que representa o comércio (uma barra vindo). Prefiro com hífen. Benvindo e Benvinda são nomes próprios. (Cipro Neto P.
metálica com duas cobras enroladas). O caduceu é mais antigo que o bastão de Ao pé da letra. O Globo, 8.7.01)
Esculápio. O erro consagrou-se a tal ponto que entidades médicas, centros
acadêmicos e até o corpo médico do exército americano utilizam o símbolo trocado.1 BENEFICENTE vs. BENEFICENTE
1. O bastão de Esculápio. Veja. 22 fev 2006;p.30. O certo é beneficente (Duarte SN, JB, 3.5.98, p.14)
Os sufixos – ença e – encia designam idéia de “ação ou resultado da ação”;
BATER A PORTA vs. BATER À PORTA “estado”. Temos esses elementos em beneficência, que é a ação de beneficiar.
Se você “bateu a porta” significa que você “fechou a porta”(a porta = objeto direto). Dessa família faz parte “beneficente” (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
Se você “bateu à porta”, quer dizer que “bateu na porta”(à porta – adjunto adverbial 29.10.00)
de lugar) (Duarte SN. Língua Viva. JB. 21.1.01) O certo é: festa beneficente. Por influência de benefício, o povo criou “beneficiente”,
que é um grande erro. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore;
BAVÁRIA vs. BAVIERA 2001.)
A palavra “Bavária” não existe na língua portuguesa. O nome da região alemã em
português é Baviera. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro: BEÓCIO
Record, 1998. Procede do grego boiótios, pelo latim boeotiu, designado habitante da Beócia,
Baviera se chama em português a região alemã cuja capital é Munique. De onde província da Grécia Antiga. Originalmente, Boiotia, o nome daquela região
vem essa “Bavária”? Do inglês “Bavaria”. Inútil procurar lógica lingüística nessa significava “o país dos combatentes”. Seus moradores, por usarem mais a força
triangulação Alemanha-Estados Unidos-Brasil. (Rodrigues S. Língua Viva, JB, física do que as faculdades mentais, tinham fama de ter pouca inteligência. Por isso,
18.8.02) beócio tornou-se sinônimo de ignorante, boçal, simplório, ingênuo. Antigos franceses
confundiram béotien, beócio, com boce (atualmente bosse), bócio, que virou
BÁVARO (PROSÓDIA) sinônimo de crétin, cretino, povo que habitava região dos Alpes. Cretino passou a
Exemplo de silabada. Palavra proparoxítona. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, sinônimo de ignorante porque entre tais habitantes havia muitos com bócio, uma
4.6.00) hipertrofia da glângula tireóide. (Silva D. Insultos divertidos. Língua Viva. JB, 1.6.03)
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Este é o exemplar de março e abril de nossa revista bimestral (= de dois em dois escolhida levava o bode pro deserto e o soltava ali. Por isso mesmo, esse animal-
meses). Bimensal é “duas vezes num mês”. (Duarte SN. Língua Viva. JB. 31.10.99) símbolo também é chamado de Bode Escapatório (escapar, sair do perigo, vem
mesmo de “deixar a capa” quando a pessoa era agarrada pelo inimino), porque
BIOTIPO vs. BIÓTIPO muita gente tinha interesse em pegá-lo depois pruma boa cabritada. Existe também
O “Michaelis Melhoramentos” e o “Aurélio” só registram “biótipo” (proparoxítona). a expressão “Bode exultório”, referente a pessoa acima do bem e do mal, de quem
Paradoxalmente, o “Aurélio” diz que “a pronúncia corrente no Brasil é biotipo”, o que se perdoa tudo, e a quem se permite qualquer coisa. (Millôr. Outras opiniões. JB,
é a mais pura verdade. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (da segunda-feira, abril de 2002)
Academia Brasileira de Letras), que tem força de lei, registra as duas formas: biótipo
e biotipo. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 30.4.00) BOI DE PIRANHA
O Dicionário Novo Aurélio – Século XXI apresenta o termo biótipo O mesmo sentido que “bode expiatório”. Por que boi de piranha? Em muitas regiões
(proparoxítono/acentuado), mas faz referência a biotipo (palavra paroxítona) por ser do Brasil, o gado conduzido através dos campos precisa percorrer grandes
a pronúncia corrente no Brasil. Já o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa distâncias e cruzar rios a nado. Muitos desses cursos d’água têm piranhas, peixes
registra tanto a palavra biótipo quanto a palavra biotipo. (Niskier A. Na ponta da que, além de vorazes, se reúnem em grandes cardumes. O estratagema utilizado
língua, O Dia, 28.1.01) pelos vaqueiros para a travessia é sacrificar um boi doente ou mais magro que os
demais. Ele é sangrado e lançado na água, à frente do rebanho. Enquanto as
BISPO (FEMININO) piranhas o devoram, o restante da boiada passa a salvo para a outra margem.
Tornou-se comum o emprego da forma “bispa”, ainda não registrada por nenhum (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 10.7.99)
dicionário. (Cipro Neto P. Ao pé da letra.O Globo, 30.6.02)
BODE EXPIATÓRIO
BLECAUTE (ETIMOLOGIA) Expiar significa pagar por um pecado ou crime. Assim, expiatório designa algo que
Blecaute. Outra adaptação de palavra estrangeira, desta vez do inglês blackout. O tem essa condição. O bode expiatório, então, é alguém que paga por um ato que
blecaute pode ser uma falta de energia repentina, causada por pane na rede não cometeu ou é responsabilizado sozinho por atitudes tomadas por outras
elétrica, ou uma ação planejada. Durante as guerras, por exemplo, apagam-se as pessoas. A presença do bode na expressão é de origem religiosa: no Yom Kippur, o
luzes (blecaute) para evitar incursões de aviões inimigos. (Martins E. De palavra em Dia do Perdão, o sumo-sacerdote dos judeus enviava um bode para o meio do
palavra. O Estado de São Paulo, 26.5.01) deserto, acompanhado de um cidadão especialmente designado para isso. Esse
bode, segundo os rituais da época, carregava todas as culpas e pecados do povo de
BLEFE (PROSÓDIA) Israel e era abandonado para depois morrer. Por esse motivo, o Yom Kippur é
Blefe (“bléfe” e não “blêfe”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. também chamado de Dia da Expiação, ou seja, dia no qual se expiam ou se pagam
Paulo, 8.7.00) todos os delitos. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo,
10.7.99)
BOAS-ENTRADAS (ORTOGRAFIA)
Quando substantivo, tem hífen: Desejou-lhes boas-entradas. Quando se faz a BÓI
saudação, simplesmente, não existe hífen: Boas entradas, colegas. (Martins E. De Forma aportuguesada de “boy”, redução do termo inglês “office-boy”, registrada
palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 29.12.01) pelos dicionários. É possível grafar “motobói”. O Houaiss registra “motobói”, dizendo
que por vezes há a grafia à inglesa “motoboy”. O Aurélio só registra a forma “bói”.
BOCA DE URNA (HIFENIZAÇÃO E FLEXÃO DE NÚMERO) (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 17.11.02)
Com hífen: O trabalho de boca-de-urna é intenso no dia da eleição. Plural: bocas-de-
urna. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 26.8.00) BOICOTE
Charles Cunningham Boycott administrava as propriedades do conde de Erne, na
BODE EXPIATÓRIO Irlanda. O nacionalista e estadista irlandês Charles Stewart Parnell, interessado na
Vem da tradição judaica. No Dia da Expiação dois bodes eram trazidos ao altar do promoção dos sem-terra irlandeses, queria que os camponeses não mais
Tabernáculo e o mais alto sacerdote sorteava um bode para o Senhor e outro para trabalhassem para os proprietários ingleses até que fosse modificada a Liga Agrária,
Azazel. Sobre este, por meio de confissão, eram lançados todos os pecados do alto promulgada pelo Parlamento Britânico. Charle Boycott foi alvo de represálias
sacerdote e todos os pecados do povo. O bode do Senhor era sacrificado. O outro silenciosas: ninguém lhe dirigia mais a palavra, o comércio lhe fechava as portas,
era jogado no deserto ou na floresta, para viver e expiar todos os pecados. suas cartas eram interceptadas e ninguém aceitava trabalhar sob suas ordens.
(Fernandes M. Millôr. Folha de S. Paulo, 18.2.01) Pressionado, Boycott voltou à Inglaterra e trocou de lado, integrando-se à luta dos
A explicação está no Levítico: no Dia da Reconciliação o sacerdote lançava a sorte irlandeses. A estratégia usada contra ele recebeu o seu nome e boicote passou a
sobre dois bodes, um “pra Jeová”, outro “pra Azazel”. O bode de Jeová era significar represália. (Silva D. Bastidores das palavras. Língua Viva. JB, 16.2.04)
sacrificado e seu sangue borrifado sobre os fiéis, como mercê. Sobr o outro bode o
sacerdote lançava todos os pecados da tribo. Logo uma pessoa especialmente
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BOLA PARA A FRENTE vs. BOLA PARA TRÁS lotado das mais altas autoridades, inclusive o presidente da República. (Silva D. O
Por que o “a” no primeiro caso? Frente e trás são palavras de classes gramaticasis português dos gringos. Língua Viva. JB, 8.6.03)
diferentes. Falamos da parte “de trás” de um carro, mas não falamos da parte “de
frente” e sim “da frente”. Alguém entrou “por trás”, mas não dizemos que entrou “por BORRAR
frente”, e sim “pela frente”. Logo, usa-se o artigo com a palavra “frente”, mas não se Borrar tem em português, assim como em espanhol, o sentido de “apagar”. Caso em
usa com a palavra “trás”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 9.12.01) que a língua conserva a memória de outros tempos – no caso, o tempo da pena e do
tinteiro, quando o único jeito de apagar o escrito era transformá-lo num borrão.
BOLSO DE CINTURA Apagava-se por acréscimo, não por substituição, mas apagava-se (Borrar = apagar,
Bolso colocado um pouco acima do bolso tradicional. Usado sobretudo nas manchar para apagar, Antenor Nascentes; 1932). É verdade que no sentido original
indumentárias esportivas. Foi popularizado nos ternos formais por Lord Halifax, que não se usava borracha, mas isso é irrelevante. Uma vez estabelecidas no mercado
usava dois bolsos no lado direito do paletó porque nascera sem a mão esquerda. lingüístico, as palavras freqüentemente ultrapassam, por extensão, as circunstâncias
(Gaspari E. Um grande livro da grande hora de um grande homem. Folha de São de seu nascimento. Também não é necessário que o aparelho de telefone ainda
Paulo, Caderno Brasil, 29.7.01) tenha um disco para continuarmos “discando” números. (Rodrigues S. Língua Viva.
JB, 28.7.02)
BOLSO e BOLSOS (PROSÓDIA)
A palavra bolso (ô) e o seu plural bolsos (ô) devem ser pronunciados com o o BOTTON
fechado. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 11.6.00) Em inglês existe button, que significa “botão”. Aqui “botton” foi criado para designar
aquele broche vagabundo de propaganda política. (Rodrigues S. O motoboy e o
BONDE falso inglês. Língua Portuguesa. JB, 4.1.04)
Em Portugal, chama-se “elétrico”. Para os ingleses, pode ser streetcar ou trolley. A
palavra bonde só existe no Brasil. O dinheiro para financiar os primeiros bondes que BRADAR BEM ALTO
circularam aqui veio de um empréstimo da Inglaterra. Para garantir o empréstimo, Redundância
foram emitidos bonds, que em inglês quer dizer “bônus, vale, títulos a receber”. Os
bilhetes de passagem, com a figura de um bonde estampada, também era novidade. BRAKE LIGHT
O povo associou a garantia da dívida com a garantia da viagem fornecida pelo Uso abusivo do inglês. Atualmente, os carros de brake light (luz de freio não deve
bilhete, e passou a chamar primeiro o bilhete, e depois o veículo, de bonde. (Duarte soar bem).1
SN. Língua Viva. JB, 21.1.01) 1. Martins E. O certo é...: como fazer bonito na língua do moda. Livraria Cultura
Procede do inglês bond, variação de band, fita, laço, tendo também o significado de News [periódico na Internet]. Fev 2005 [citado 17 fev 2005]. Disponível em:
algema. Ganhou o sentido de vínculo no seguinte percurso na língua inglesa: http://200.189.177.204/culturanews/n128/htm/mat_03.htm
originalmente designou ação de levar amarrado o devedor, por algemas nos pulsos
ou grilhões nas pernas, à presença do credor para acertar seus débitos. A variante
band aparece na palavra husband, marido, esposo, em que hus deriva de house, BRASIL
casa. Marido é, antes de mais nada, no inglês, aquele que cuida da economia da Brasil vem do francês brésil, palavra derivada do francês antigo breze, que ainda
casa, está a ela ligado por band, laço, obrigação, vínculo ou, para os pessimistas, antes do descobrimento era escrita braise. Já os italianos argumentam que seus
algema, de que o anel é metáfora. Nesse caminho bond passou a significar navegadores e mercadores, bem antes de o Brasil ser descoberto, vendiam brasile
obrigação, título, garantia. No Brasil, a partir de 1868, veio a designar o veículo, (palavra que apareceu no século 12) a comerciantes de várias nacionalidades,
ainda puxado por tração animal, da Botanical Garden Rail Road Company, empresa incluindo a portuguesa. A palavra designava tintura extraída da casca de uma árvore
norte-americana. Para facilitar o troco, o passageiro recebia um título em forma de de cor avermelhada, que recebera tal designação por semelhança com uma brasa
bilhete – bond – em que estava estampada a figura do veículo, que passou a ser acesa. Quem a comprava, utilizava a substância para, entre outros fins, tingir tecidos
designado por nome inglês, depois aportuguesado para bonde. A denominação e ornamentar manuscritos com as famosas iluminuras. Brasile aparece em textos do
mesclou-se a outro tipo de bond, título negociável, referente a empréstimo nacional latim medieval, também no século 12. Provavelmente brasile vem do árabe wars,
de juros pagáveis em ouro, realizado em agosto de 1868 pelo Visconde de Itaboraí, designando certo tipo de madeira utilizada em tinturaraia, cujo adjetivo warssu indica
ministro da Fazenda do Império do Brasil (um dos fundadores do Banco do Brasil) tom avermelhado. (Silva D. O nome do Brasil. Língua Viva. JB, 24.5.04)
Teve grande repercussão a entrega desses bonds – como eram denominadas as
cautelas das apólices do empréstimo -, que ocorreu na mesma época em que os BREAK (TV)
bondes entraram em funcionamento. Os bondes puxados a cavalos ou burros Uso abusivo do inglês. Preferir “intervalo comercial”.1
duraram até 1892, quando foram substituídos por bondes elétricos. A primeira 1. Martins E. O certo é...: como fazer bonito na língua do moda. Livraria Cultura
viagem deu-se em 8 de outubro, na sinuosa linha da Praia do Flamengo e a cidade News [periódico na Internet]. Fev 2005 [citado 17 fev 2005]. Disponível em:
parou para assistir à inauguração do primeiro bonde elétrico da América do Sul, http://200.189.177.204/culturanews/n128/htm/mat_03.htm
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BUJÃO OU BOTIJÃO século XVI e mais de acordo com a etimologia. Em 1931 ainda permanecia a dúvida:
Bujão (do francês bouchon) é uma bucha com que se tapam buracos ou tampa de Brasil ou Brazil? O Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro (Academia Brasileira de
atarraxar. No sentido de recipiente metálico, para armazenar produtos volátes, Letras e Academia das Ciências de Lisboa), aprovado pelo Decreto n. 20.108, em
melhor usar botijão. Quando se considera bujão sinônimo de botijão, é uma 1931, resolveu-a com a seguinte regra: Fixar a grafia usualmente dubitativa das
corruptela (formas características da linguagem popular, p.ex. milico em vez de seguintes palavras, seus derivados e afins: Brasil e não Brazil... (Brasil com S.
militar; maraca em vez de Maracanã; buteco em vez de botequim,etc.) (Duarte SN, Cartas. Veja, 8.9.04. p.31)
JB. 25.1.98, p.12)
Bujão de gás ou botijão de gás. As duas palavras existem e constam do Vocabulário BRASILEIRO vs. BRASILIANO vs. BRASILENSE, BRASÍLICO vs. BRASILIENSE vs.
Ortográfico da Língua Portuguesa, da ABL. (Niskier A Na ponta da língua. O Dia, BRASÍLIO
12.11.99) Além de brasileiro, os termos brasiliano, brasiliense, brasilense, brasílico e brasílio
Como recipiente, a forma mais usada é botijão. (Ramos W. Não morda a língua. também significam natural ou relativo ao Brasil. A denominação mais comum,
Aracaju: Sercore; 2001) brasileiro, tem origem no Brasil Colônia. Brasileiro, segundo o filólogo Silveira
Bueno, era o tirador de pau-brasil. O sufixo eiro ainda hoje designa ofício ou
BULA atividade, como em madeireiro, padeiro, vaqueiro, hoteleiro, etc Como as pessoas
Veio do latim e significa bolha. As primeiras bulas eram marcas feitas com anel para que extraíam pau-brasil no início da colonização em geral eram criminosos, banidos
autenticar documentos oficiais e tinham a aparência de bolhas. Bola em latim é por Portugal, o adjetivo tinha sentido negativo. Por isso, ninguém queria ser
bulla. Foi o rei francês Luís II, o Gago, que entre 877 e 879 denominou bula o selo chamado de "brasileiro".
real. Afinal, semelhava uma esfera ou bola. Antigamente a embalagem mais comum Foi frei Vicente do Salvador, autor de uma famosa História do Brasil, quem, nos
dos remédios era uma garrafinha. Pendurada num cordão vinha a bula que tinha o anos 1600, "teve a coragem" (segundo ainda Silveira Bueno) de usar brasileiro para
fim de atestar que não era uma garrafada, era um remédio oficial. A garrafinha identificar o natural do Brasil, e não mais apenas o tirador de pau-brasil. Com o fim
passou a ser denominada frasco. A substância, que era líquida, passou a ser do comércio da madeira, a palavra brasileiro consolidou-se como adjetivo pátrio. A
oferecida em comprimidos. (Silva D. O português das bulas. Língua Viva. JB, 5.4.04) terminação eiro, embora pouco usual com esse significado, ocorre em outros
adjetivos que indicam nacionalidade, como em mineiro e campineiro. (Martins E. De
BOTTONS vs. BUTTONS palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 23.3.02)
Buttons. É esse o termo correto e nunca “bottons”: O partido distribuiu milhares de
buttons do candidato. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, BRASILIANISMO
10.7.99) Palavra criada pelo historiador Francisco de Assis Barbosa, para o prefácio de
Brasil: de Getúlio a Castelo, de Thomas Skidmore, publicado em 1969. Nos anos 60
BOUQUET e 70, vários intelectuais americanos (“brasilianistas”) desembarcaram no Brasil para
“Bouquet” é uma palavra importada da França – um estrangeirismo, conhecido como estudar esta nação tropical, financiados pelo governo americano. Eram
galicismo. É melhor presentear alguém com um ramalhete ou ramilhete de flores. reconhecidos como autoridades sobre o Brasil numa época em que os intelectuais
(Niskier A Na ponta da língua. O Dia, 12.11.99) locais estavam amordaçados pela censura. Mesmo com dinheiro e facilidades
(acesso a arquivos fechados aos brasileiros) não conseguiam chegar a um
À BOUT DE SOUFFLE entendimento profundo sobre o Brasil. (Lima JG. A turma do sotaque. Livros. Veja,
À beira do abismo (fig.). Souffle = sopro, fôlego. À beira do abismo (fig.) 1.5.02; p.128-30)
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BUG BURRO
Bug é uma palavra da língua inglesa empregada há décadas para designar falhas ou Sinônimo de teimoso e cabeçudo, recebu reforço no italiano testone e no francês
erros de programação na informática. As mais remotas indicações a respeito do teston, designando nas duas língus antiga moeda que trazia a efígie de um rei de
assunto voltam à infância da informática, lá pelos anos 40. Os computadores, na cabeça grande. O povo atribuiu ao indivíduo de cabeça grande uma difusa
época, eram aparelhos enormes, que ocupavam salões muito amplos. Diz-se então insuficiência intelectual. Quando, porém, “tostão” chega à língua portuguesa, no
que um deles parou de funcionar e, quando os técnicos o abriram, encontraram um começo do século 16, não tem mais a carga pejorativa que carregava no francês,
inseto no seu interior. Era ele a causa do problema e, por isso, o termo inglês bug que registra teston em fins do século 15, nem no italiano, onde, desde o século 13,
(percevejo ou inseto, genericamente) passou a caracterizar uma pane nos designava o tipo de cabeça grande e falta de inteligência. “Burro” permaneceu como
computadores. E o bug do milênio? É o caos que deverá ocorrer no campo da ofensa. Burro e “besta” destinam-se, de acordo com o contexto em que são
informática na mudança de 1999 para o ano 2000. Quando foram criados os empregados, a ofensas, mas recentemente a língua procedeu a uma curiosa
programas de computador, por economia de memória, os anos foram designados alteração. “Besta” veio do latim tardio besta, baseado na latim culto bestia, ambos
apenas pelos seus dois últimos algarismos (como costumamos aliás fazer na prática: designando animal quadrúpede capaz de transportar cargas que os ombros
Ele nasceu em 55. / O Brasil foi campeão do mundo em 94). No fim de 1999, o que humanos não podeiam ou não queriam carregar. Logo passou a ser usado em
acontecerá? Os mecanismos internos do computador vão registrar a passagem do sentido conotativo para ofender os ignaros. Mas hoje é marca de um dos carros
ano 99 para 00. Só que o 00, no caso, representará a volta a 1900 e não o salto utilitários mais vendidos no Brasil. Neste caso sua etimologia é outra, tendo derivado
para o ano 2000. O risco de pane total nos sistemas de processamento de dados de best, o superlativo de gut, “bom” em alemão. Chamar alguém de “burro”, do latim
levou as empresas a gastar milhões e milhões de reais na adaptação do seu burricus, é uma ofensa ao animal, pois o burro é um animal inteligente. (Silva D.
equipamento para evitar essa catástrofe. (Martins E. De palavra em palavra. O Exclamações inconvenientes. Língua Viva. JB, 13.7.03)
Estado de São Paulo, 3.7.99)
CABELEIREIRA (ORTOGRAFIA)
BUGINGANGAS vs. BUJINGANGAS Cabeleireira vem de cabeleira (portanto, nunca escreva "cabelereira", sem i).
A palavra é bugigangas (com três gês). Ex.: Os portugueses conquistaram a (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 28.401)
simpatia dos índios, dando-lhes bugigangas. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia,
26.12.99) CABER (conjugação)
No presente do indicativo há irregularidade na primeira pessoa do singular (eu
BUMBA-MEU-BOI (PLURAL) caibo). Nas demais, a conjugação é regular (tu cabes, ele cabe, nós cabemos...) No
“Bumba-meu-boi” é substantivo de dois números, ou seja, a forma do singular é igual presente do subjuntivo: que eu caiba...Há irregularidade no pretérito perfeito (eu
à do plural. Nos dicionários e no “Vocabulário Ortográfico”, isso aparece assim: “2 n”. coube, tu coubeste, ele coube... No imperfeito do subjuntivo (se eu coubesse, se tu
“Bumba-meu-boi” (nome de importante bailado popular do Nordeste) talvez seja o coubesses...) No futuro do subjuntivo (quando/se eu couber; quando/se tu couberes)
único composto de mais de dois elementos iniciado por verbo e sem preposição no (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 12.11.99)
meio. Esse “bumba” é do verbo “bumbar”, que significa “surrar, espancar, No presente do indicativo, a irregularidade está só na primeira pessoa do singular:
esbordoar”. As formas verbais que fazem parte de palavras compostas normalmente eu caibo, tu cabes, ele cabe. Todo o presente do subjuntivo será irregular: que eu
não variam (beija-flor/beija-flores, quebra-galho/quebra-galhos). São exceções as caiba, que tu caibas, .. Nos tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo,
que se repetem (empurra-empurra/empurra-empurras, pisca-pisca/pisca-piscas, ocorre outra irregularidade. Pretérito perfeito: eu coube, tu coubeste. Pretérito mais-
quebra-quebra/quebra-quebras, corre-corre/corre-corres - varia o segundo elemento; que-perfeito do indicativo: coubera. Futuro do subjuntivo: quando eu couber. (Duarte
alguns autores registram também a possibilidade de variarem os dois, como em SN. Língua Viva. JB, 11.11.01)
piscas-piscas, plural abonado no “Aurélio”) e mais uma ou outra que integram
compostos de três elementos, dos quais o segundo não é preposição (bem-me CABINA, MADAMA, VITRINA
quer/bem-me queres, bem-te-vi/bem-te-vis). (Cipro Neto. Ao pé da letra. O Globo, Esses galicismos a maioria da população faz questão de transformar em “madame”,
21.5.00) “vitrine” e “cabine”, conservando a terminação que têm em francês. As formas
lusitanas, terminada em “a”, têm pouca ou nenhuma aceitação entre nós, por mais
BUROCRACIA (ETIMOLOGIA) que o Aurélio as prestigie. (Rodrigues S. Língua Viva. JB,27.10.02)
Hibridismo resultante da soma de “buro” (do francês “bureau”, espécie de escritório,
repartição) com “cracia” (do grego; poder, autoridade). Termo criado pelo CABO ELEITORAL (HIFENIZAÇÃO E FLEXÃO)
economista francês Jean-Claude M. Vincent, que viveu no século 18, “para indicar a Cabo eleitoral. Sem hífen: O candidato contratou dezenas de cabos eleitorais (os
influência crescente dos escritórios e da administração na atividade humana”, isto é, dois termos se flexionam no plural). (Martins E. Depalavra em palavra. O Estado de
é o poder da papelada e de tudo que diz respeito a repartições públicas ou privadas São Paulo, 26.8.00)
(Houaiss). A criatividade deu origem ao termo “burrocracia” já registrado no Aurélio e
Houaiss. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 2.2.03) CACOÉPIA
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Cacoépia é apenas em relação à pronúncia errada. (Niskier A. Na ponta da língua. O A palavra se refere a uma caixa registradora, logo o adjetivo define
Dia, 26.12.99) inquestionavelmente o gênero do substantivo (feminino). O livro comercial chamado
caixa autoriza o uso do masculino no ex.: O caixa da empresa está cheio de
CACOFONIA dinheiro. Fora isso, apenas em um caso o substantivo pode ser masculino: quando
Vício de linguagem em que há som desagradável, resultante de uma seqüência se refere à pessoa que trabalha na caixa, se for homem. Logo: As caixas eletrônicas
indevida de vocábulos na frase. Ex.: A boca dela tinha batom em demasia. são alvos permanentes de assaltos. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia.
(Medeiros, 1996, p.94) Rio de Janeiro: Record, 1998.)
Por razões; por racismo; por radar. ... esporte que havia dada mais medalhas... Ela
tinha... Uma minha ... Na boca dela... Na vez passada... Eu vi ela. Eu mandaria um CALAFRIO vs. CALEFRIO
químico meu. América ganha (Duarte SN, 30.11.97) São sinônimos.1
Exs.: por cada; escapei do pior; por razões; havia dado (Duarte SN, Língua Viva, 1. Houaiss A, Villar MS. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Jornal do Brasil, 25.7.99) Objetiva; 2001.
Segundo Napoleão Mendes de Almeida só haverá cacofonia quando a palavra
produzida for torpe, obscena ou ridícula. É infundado o exagerado escrúpulo de CALCANHAR-DE-AQUILES
quem diz haver cacófato em “por cada”, “ela tinha” e “só linha”. (Duarte SN, Língua A expressão calcanhar-de-aquiles significa o ponto fraco de uma pessoa. Por quê?
Viva. JB, 1.4.01) Porque, segundo a mitologia grega, Tétis, a mãe de Aquiles, segurando-o pelos
calcanhares, mergulhou-o num lago considerado mágico. Diziam que todos aqueles
CADA que se banhassem naquelas águas tornar-se-iam invulneráveis.
Não pode ser usada em final de frase. Ex.: Custou 100 cruzeiros cada (errado). A única parte do corpo de Aquiles que ficou de fora foram os calcanhares. Ele foi
Custou 100 cruzeiros cada garrafa. (7) ferido por Páris durante a Guerra de Tróia, no calcanhar, que passou a ser o seu
ponto fraco. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia,1.8.00)
CADA UM DE NÓS, CADA UM DE VOCÊS (CONCORDÂNCIA VERBAL) No poema épico “A Ilíada”, Homero conta a história da Guerra de Tróia. Aquiles foi
O verbo deve ficar no singular, imposto pela expressão “cada um”, que está no um dos heróis da guerra. Quando ele nasceu, foi feita uma profecia de que iria
singular. Exs. Cada um de nós sabe. Cada um de vocês conseguirá.. (Cipro Neto P. morrer jovem, no campo de batalha. Para protegê-lo, a mãe mergulhou o bebê no rio
Ao pé da letra. O Globo, 13.5.01) Estige, na fronteira com o inferno. A água tinha o poder, de “fechar o corpo” de
Aquiles. Mas Aquiles terminou morrendo jovem e no campo de batalha, atingido por
CADÁVER uma flecha envenenada. Onde? No calcanhar, o único ponto não tocado pela água,
[Do lat. cadaver (nom.).] S. m. 1. O corpo sem vida de homem ou de animal; defunto. pois foi por onde a mãe o segurou ao mergulhá-lo no rio. O calcanhar de Aquiles era
2. Pessoa muito doente e/ou de mau aspecto físico: 3. Bras. Gír. Credor (2): 2 [Pl.: o seu ponto fraco, o seu ponto vulnerável. (Duarte SN, Língua Viva, JB)
cadáveres.] (Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI)
CALÇA FAR WEST
CAESAR SALAD Levi Strauss nasceu no dia 26 de fevereiro de 1829, em Buttenheim, na Alemanha.
Durante a Lei Seca, muitos habitantes de Hollywood, quando tinham vontade de dar Em junho de 1847, deixou a Bavária para se juntar a seu cunhado, em New York,
uma “caneada”, atravessavam a fronteira com o México e iam a Tijuana. E o point da mas foi tomado pela febre do Oeste. Em 1849, a Califórnia, e principalmente São
época era um restaurante chamado Caesar´s Place. No feriado de 4 de julho de Francisco, viviam a corrida do ouro. Em 1850, o mascate Strauss, querendo se livrar
1924 (um fim de semana), o chef Caesar Cardini de repente se viu praticamente de um monte de tecido escuro, de fazer tendas, que havia trazido na sua bagagem,
sem comida para atender ao movimento. Só dispunha de alface romana (crocante e inventou um produto único que, hoje, ainda é sinônimo de liberdade no vestir. A
levemente adocicada), parmesão, pão, azeite, ovos e limão. Para impressionar os origem do nome está associada à cidade de Gênova, porque o primeiro jeans, foi
clientes mandou que seus maîtres preparassem uma salada na frente das mesas, talhado com o molde de calça de um marinheiro genovês. O tecido, dos mais
fazendo um show para que ninguém reparase que eles só tinham aquilo. O sucesso grosseiros, era perfeito para o mercado dos garimpeiros de ouro. Vindos do leste,
da salada foi enorme e atravessou os EUA, batizada com o nome do seu criador. Os com seus trajes de lã pesados, quentes e frágeis, esses homens rudes tinham
filezinhos de anchova só foram acrescentados anos depois, assim como o molho necessidade de roupas resistentes. Em 1856, foi inaugurada a fábrica Levi Strauss &
inglês Worcestershire. Popularíssima nos restaurantes americanos, ela hoje é Co. A grande procura da calça criou a necessidade de encontrar matéria-prima. Em
freqüentemente servida como um prato único, com adição de frango, camarão e 1860, Levi se lembrou de um tecido de algodão puro que servia para fazer a roupa
salmão. (Celidônio JH. A Cesar o que é de Cesar. Jornal da Família. JB, 25.1.04) dos escravos das plantações. Esse tecido, fabricado em Nimes, na França, tornou-
se o famoso denim. A “sarja de Nimes” era exportada em grandes quantidades para
CÃIBRA, CÂIMBRA as Américas em sua versão tingida de índigo, daí a cor blue do jeans. Nasceu assim
Ambas as formas estão corretas. (7) o 501® ou five0one, número de referência que figurava nos lotes do tecido
importado. O jeans passou a fazer parte do dia a dia dos mineiros. Em 1873, Jacob
CAIXA (GÊNERO) Davis, que trabalhava como fabricante de calças em Nevada, mas na verdade
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ganhava a vida confeccionando toldos, tendas e capas para cavalos, descobriu o de 29,53 dias, o que faz com que um mês lunar tenha 29 (ou 30 dias) e um ano
que faltava no jeans. Um dia, apareceu em sua loja um mineiro reclamando que lunar (12 meses lunares), um total de 354,36 dias, menos do que um ano solar, de
seus bolsos rasgavam ao peso das ferramentas. Veio-lhe, então, a idéia de reforçar 365,2422 dias. Essas inconsistências fizeram com que Júlio César promovesse uma
os bolsos com os rebites de cobre que usava para fixar as correias dos cavalos às reforma no calendário. Para corrigir o problema ele decretou que o ano 46 a.C
capas. Jacob mandou carta a Levi propondo sociedade, e juntos patentearam o uso tivesse 445 dias e que todos os anos seguintes tivessem 365. A cada quatro anos,
dos rebites. Após a grande crise de 1929, as famílias do leste, sem condições um dia seria adicionado ao mês de Fevereiro, que teria então 29 dias. O calendário
financeiras para férias na Europa, aderiram às estadas nas fazendas no far west. E Juliano criava um excesso de três anos “bissextos” a cada 385 anos, provocando
o que levavam de volta como souvenir? O blue jeans naturalmente. Foi uma uma discrepância na datação dos equinócios e solstícios. Como o equinócio do
revolução completa. Na Europa, as bases norte-americanas sofreram um cerco por outono (primavera no Hemisfério Norte) marca o início da Páscoa, a Igreja resolveu
parte de uma juventude ávida de novos valores, a ponto de se instalar um “mercado interferiro. Ao lado do astrônomo Clavius, o papa Gregório 13 inaugurou um novo
negro” do blue jeans. Nos anos60, era a época dos jeans desbotados, rasgados, calendário, decretando que Quinta-feira, 4 de outubro de 1582, no calendário
bordados. Em 1974, a Levi´s organizou o concurso do mais belo jeans bordado: Juliano, seria seguida por Sexta-feira, 15 de outubro, no calendário Gregoriano.
apareceram as 501® artisticamente lavadas, franjadas, incrustadas de conchas, Onze dias desapareceram da história por decreto papal. Como a reforma veio da
bordadas com pedrarias. Justo, baggy, Saint-Tropez, boca-de-sino, rasgado, Igreja Católica, nem todos ficaram satisfeitos. A Inglaterra só adotou o calendário
bordado, Capri, qualquer que seja o modelo, o jeans é a vestimenta com maior Gregoriano em 1752. (Gleiser M. Folha de S. Paulo)
poder de unificação social. Ganhou as grifes mais famosas do mundo.1 O observatório solar da Catedral de São Petrônio, em Bolonha, foi construído em
1. Castro S. A história da calça far west. Jornal do Brasil. 10 abr 2005;p.H4. 1576. A luz solar que incide em uma linha no piso foi usada para a criação do
calendário gregoriano em 1582. No observatório de São Petrônio, a luz entra por um
CALEFAÇÃO vs. CALAFETAÇÃO orifício no telhado, do lado direito da catedral, a 27 metros de altura, e percorre uma
Calefação (= aquecimento). Calafetação (= ação de calafetar, tapar, vedar). Ex.: distância de até 67 metros no chão entre as colunas. (Veja, 10.11.99)
D.Rosa mandou fazer a calafetação do piso de sua sala, para consertar os tacos Rômulo, o primeiro rei de Roma, depois de matar o irmão Remo, fez o primeiro
soltos. (Niskier A Na ponta da língua, 24.10.99) calendário. O calendário de Rômulo começava em março. Por isso dezembro tem
este nome, lembrando-nos que é o décimo mês, vindo depois de setembro (o
CALENDÁRIO sétimo), outubro (o oitavo) e novembro (o nono). Numa Pompílio, o segundo rei de
A palavra veio do latim calendarium, radicado em calare (convocar) e calenda (o Roma, decretou o acréscimo de um mês e dez dias entre 23 e 24 de fevereiro para
primeiro dia de cada mês), e suas divisões baseiam-se, desde as mais antigas adequar o a contagem de tempo ao ano solar. Júlio César, em 44 a.C., mudou de
culturas, nos movimentos da Terra e da Lua. O ano é o tempo que a Terra demora novo, acompanhando o calendário egípcio. E o ano ficou com 365 dias distribuídos
para dar uma volta ao redor do Sol, O mês, o tempo que a Lua leva para dar uma por 12 meses. Sosígenes, um astrônomo de Alexandria, descobriu que o ano solar
volta ao redor da Terra, A semana equivale a cada uma das quatro fases da Lua: tinha seis horas a mais que o ano civil. Inseriu-se, então, no dia 24 de fevereiro, o
minguante, crescente, nova e cheia. O dia equivale ao período que nosso planeta sexto das calendas, um dia a mais a cada quatro anos. Daí o nome bissexto (dois
leva para dar uma volta sobre seu próprio eixo.1 sextos). O ano não começava mais em primeiro de março, mas em primeiro de
1. Silva D. Tempo é dinheiro? Língua Viva. Jornal do Brasil. 2 maio 2005;Caderno janeiro. O calendário de Júlio César fizer um erro de 11 minutos e oito segundos. Do
B:B4. ano 44 a.C. até 1582 da nossa era, devido àquele erro, havia uma diferença de 10
dias. Então o papa Gregório XIII determinou que o dia seguinte ao 4 de outubro de
CALENDÁRIO GREGORIANO 1582 não seria o 5, mas o 15. Evidentemente, deu-se uma confusão até regularizar
A terra demora 365 dias, 5 horas e 49 minutos para girar em torno do Sol. Em 5 de tudo. E vem daí o dia da mentira. As comemorações do fim do signo de Peixes, 21
outubro de 1582, o papa Gregório XIII determinou que o mundo considerasse que de março, passaram para primeiro de abril, “poissons d’avril”, peixes de abril, na
vivia em 15 de outubro (a diferença do calendário Juliano, iniciado 45 A.C.que tinha expressão francesa, pois com o acréscimo de 10 dias o fim do signo de peixes
11 min a mais do que o real, já acumulara aproximadamente 10 dias) e para evitar pularia para o dia primeiro de abril, que ficou sendo o dia da mentira, posto que não
que voltassem a ocorrer acúmulos de errros como se dera no sistema anterior, as era mais do signo de peixes. Era de mentirinha... Nem o ano que Jesus nasceu se
passagens de séculos (1600, 1700, 1800...) não seriam consideradas anos sabe ao certo. Provavelmente, Jesus Cristo nasceu no ano 749 da fundação de
bissextos, com exceção daqueles que fossem divididas por 400, como o vindouro Roma, isto é, por volta do ano 6 a. C. (Silva D. Um mês inteiro feliz. Outras Opiniões.
ano 2000. (Xexéo A, Suspendas os fogos de artifício, JB, 26.2.99, p.6) JB, 15.12.02)
Para os judeus, o calendário começa no dia em que o Universo foi criado, segundo o O papa Gregório XIII, que reinava em Roma, em 1582, havia determinado, com
Gênesis, no Antigo Testamento. O segundo milênio começou em 1761 a.C. Para os antecedência, pela bula Inter gravissimas, a supressão de 10 dias, no mês de
muçulmanos, a passagem do tempo é medida em ciclos lunares medidos a partir da outubro (depois da quinta-feira, 4 de outubro, veio o dia 15 de outubro), para dar
fundação da primeira comunidade islâmica, em Medina, na península Arábica, pelo início ao calendário gregoriano. Um erro cometido 46 anos antes de Cristo foi a
profeta Maomé. O ano 2000 dos muçulmanos cairá em 2562 no calendário causa da confusão. Ao decretar o novo calendário romano, Júlio César baseou-se
Gregoriano. O problema ao criar um calendário simples é que o céu não se presta a no ano de 365 dias e seis horas. Acontece que o ano solar tem, na verdade, 365
nossa contagem em números inteiros. P.ex., o intervalo entre dois ciclos lunares é dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Esse arredondaemnto adicionava a cada
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ano 11 minutos e 14 segundos. Que fazer? Gregório XIII ordenou o salto de 10 dias candidatos. Veja 19.6.02 p.134; apud Pimenta R. A Casa da Mãe Joana. Campus;
para que a data da Páscoa, principal festa móvel da Igreja, pudesse ser marcada 2002)
sempre, conforme o estabelecido, entre 22 de março e 25 de abril. A essa altura, 10
dias tinham-se acumulado, ao longo dos séculos, distanciando a Páscoa do início da CAMARÕES vs. CAMERUN
primavera. Apesar da recomendação do papa, só a Itália, a Espanha e Portugal Os dicionários e enciclopédias da língua portuguesa registram a grafia Camarões.
obedeceram, de imediato, à bula Inter gravissimas. Deu-se, na história dessa Os defensores da forma Camerun alegam que o nome do país é uma homenagem
nações, durante 10 dias, por assim dizer, um buraco negro. Como o Brasil era, no ao explorador inglês Verney Lovett Cameroon (século 19.). A realidade não é bem
Século XVI, colônia portuguesa, nada constou, aqui também, para registro dos essa. Em espanhol, fala-se tanto em República de Camarones, ou seja, Camarões,
historiadores, entre 4 e 15 de outubro de 1582. Os outros países católicos adotaram, como em República de Camerón ou Kamerún. O que acontece é que o país foi
aos poucos, o calendário gregoriano. A França, com dois meses de atraso, em descoberto no fim do século 15 (anos 1400) pelo explorador português Fernando Pó,
dezembro. Os países protestantes, depois de relutar muito, acabaram cedendo. A enquanto o explorador britânico Cameron (e não Cameroon) só esteve por lá nos
Inglaterra só se curvou à maioria em 1752. Tanto em Londres como em Nova York, anos 1800, ou seja, quatro séculos depois. Ao atual Rio Wouri, o português
depois da quarta-feira, 3 de setembro de 1752, veio a quinta-feira, 14 de setembro. Fernando Pó deu, no século 15, o nome de Rio dos Camarões, exatamente pela
Um dos últimos países a abandonar o calendário juliano foi a Rússia, depois da existência do crustáceo na região. Essa informação consta de vários dicionários
Revolução Soviética, no dia 1° de fevereiro de 1918, que se tornou 14 de fevereiro. etimológicos. Segundo eles, aliás, as formas internacionais Camerun e equivalentes
(Andrade LE. Certos dias fora do tempo. Outra opiniões. JB, 27.10.03) resultam de corruptelas ou pronúncias deformadas do português Camarões. Para
tornar a origem do nome ainda mais insuspeita, a deturpação da pronúncia de
CALENDAS Camarões para Camerun é citada na obra Nomina Geographica, do lingüista J. J.
Do latim calenda. Substantivo feminino: o primeiro dia de cada mês entre os Egli, livro editado em Leipzig em 1893 (Martins E. De palavra em palavra. O Estado
romanos, na antiguidade. Eram três os dias fixos: calendas, nonas (quinto ou sétimo de S. Paulo, 15.10.00)
dia, conforme o mês) e idos (décimo-terceiro ou décimo-quinto dia, conforme o mês). O nome internacional dessa nação é Camerun, mas em português adota-se a grafia
Os gregos não tinha calendas. Sabedor disso, o historiador Suetônio criou a Camarões. Em espanhol, fala-se República de Camarones (Camarões), República
expressão “pagar nas calendas gregas”, isto é, nunca. V. “ano bissexto”.1,2,3 de Camerón ou Kamerún. Os defensores da forma Camerun alegam que o nome
1. Priberam [página na Internet]. Lisboa: Priberam Informática; c2005 [citada 10 fev presta homenagem ao explorador inglês Verney Cameroon, que esteve na região no
2005]. Língua Portuguesa On-Line; [2 telas]. Disponível em: século 19. O país, no entanto, foi descoberto 400 anos antes, no fim do século 15
http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx (anos 1400), pelo explorador português Fernando Pó. Ao atual Rio Wuri, Fernando
2. Houaiss A, Villar MS. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Pó chamou de Rio dos Camarões, pela existência do crustáceo nessas águas. A
Objetiva; 2001. denominação Camerun decorre, na verdade, da deturpação, em outros idiomas, de
3. Silva D. Tempo é dinheiro? Língua Viva. Jornal do Brasil. 2 maio 2005;Caderno Camarões, segundo registra, por exemplo, a obra Nomina Geographica, do lingüista
B:B4. J. J. Egli, livro editado em Leipzig (Alemanha) em 1893. Portanto, estamos certos em
dar ao país o nome de Camarões. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de
CALIPÍGIO S. Paulo, 8.6.02)
Verbete: calipígio [Do gr. kallipygos + -io.] Adj. 1. Que tem belas nádegas. Ex. Vênus
calipígia. (Aurélio eletrônico) CÂMERA vs. CÂMARA
Os dois vocábulos podem ser indistintamente, utilizados com o sentido de máquina
CALOR (UNIDADE) fotográfica ou de filmar ou de aposento. Palavra vem do grego Kamára (abóbada)
O calor (nome da energia térmica quando ela é transferida de um corpo a outro) pelo latim vulgar camara (Aurélio).Chegou-se à forma câmera por dissimilação, ou
deve ser medido em unidades de energia. No Sistema Internacional de Unidades é o seja, por uma diferenciação fonética (de ma para me) motivada por outro fonema do
joule (J). Há outra unidade de calor, a caloria (cal), que é a quantidade de calor mesmo vocábulo (Caudas Aulete). Assim, o “mais correto”seria câmara.
necessária para aumentar em um grau (Celsius ou Kelvin) a temperatura de um Câmera é variante de câmara. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 4.6.00)
grama de água. 1 cal = 4,18 J.
CANETA ESFEROGRÁFICA
CALOTE (ETIMOLOGIA) Inventada pelo húngaro Laszlo Biró, que se transferiu para Buenos Aires e obteve a
Calote é diminutivo de “cala” (variante “calo”), que é o talho que se faz numa fruta, patente da caneta em 10 de junho de 1943. Começou com uma pequena produção.
ou queijo, para degustação do eventual comprador. Quando a cala é pequena, o que Logo depois, vendeu a patente por 1 milhão de dólares para o francês Marcel Bich,
geralmente é o caso, então é um calote. Muito comprador não comprava o produto, que imortalizou a marca Bic e faturou alto. (A caneta esferográfica. Cartas. Veja,
o que resultava em prezuízo para o vendedor. O calote, portante, antes de o uso 3.4.02, p. 26.)
popular inverter o sentido do termo, quem tomava era o vendedor, não o comprador. Marcel Bich, depois de trabalhar em uma empresa de tintas durante a Segunda
Ex.: Que não hesitem em dar o calote. (Toledo RP. Guia de boa conduta dos Guerra Mundial, em 1949 ele comprou uma pequena fábrica de canetas
esferográficas. As canetas vazavam tinta e sujavam os dedos, mas faziam sucesso,
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e Bich decidiu investir no produto. Procurou seu inventor, Ladislao "Laszlo" Biro, [Do lat. cannula.] S. f. Med. 1. Tubo de plástico, borracha ou metal, de calibre
comprou a patente e iniciou a fabricação da caneta Bic, cujo modelo é praticamente variável, com formas e objetivos diversos, aberto em ambas as extremidades,
o mesmo até hoje. Atualmente, são vendidas 10 milhões de canetas por dia. A destinado a ser introduzido no corpo. (Ferreira, ABH. Novo Aurélio século XXI: o
novidade chegou ao Brasil em 1961, e, durante algum tempo, era proibido assinar dicionário da língua portuguesa. 3 ed. rev. amp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira;
documentos e cheques com esferográficas. Mesmo assim, a Bic vendeu 3,6 milhões 1999.)
de unidades em seu primeiro ano no país. Sf (lat cannula) Med. Tubo para inserção em uma cavidade, ducto ou vaso do corpo
http://www.guiadoscuriosos.com.br/lista.asp?id_cur=912&id_cur_sub=912 (p.ex. para drenagem), cujo lume é comumente ocupado por um trocarte, durante o
O revisor tipográfico húngaro Ladislao “Laszlo” Biro (1899-1985) quebrou a cabeça ato de inserção (Michaelis: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo:
até inventar, em 1937, uma caneta que não borrasse ou cuja tinta não secasse no Companhia Melhoramentos; 1998. p.418)
depósito, como fazia a velha caneta-tinteiro. Na oficina do jornal em que trabalhava, Cânula: sf.1. pequeno tubo, de dimensões e materiais variados, adaptável ao
na cidade de Budapeste, ele deteve-se a observar o funcionamento da rotativa. O diversos instrumentos cirúrgicos, seringas etc. 1.1 tubo de dimensões e materiais
cilindro se empapava de tinta e imprimia o texto nele gravado sobre o papel. Com a variados, flexível ou não, reto ou curvo, usado após intervenções cirúrgicas com as
ajuda de seu irmão Georg, que era químico, e do amigo Imre Gellért, um técnico mais diversas finalidades. (Houaiss A, Villar MS. Dicionário Houaiss da Língua
industrial, Biro encontrou a solução. Ele acondicionou a tinta dentro de um tubo Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva; 2001. p.604)
plástico. A tinta, pela força de gravidade, descia para a ponta do tubo. Nessa mesma Canulado: adj. Mesmo que acanulado: 1. que se acanulou; que apresenta a forma, o
ponta, ele colocou uma esfera de metal que, ao girar, distribuía a tinta de uma aspecto de cana ou cânula. 2. dotado de cânula (Houaiss A, Villar MS. Dicionário
maneira uniforme pelo papel. Os dedos não ficavam sujos de tinta e o papel nunca Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva; 2001.p.41)
borrava. Veio a Segunda Guerra Mundial e Biro achou melhor se exilar na Argentina, Acanular: v.t.d.: dar o formato ou o aspecto de cana ou cânula (Houaiss A, Villar MS.
em 1940. Em sociedade com um amigo, abriu uma fabriqueta, que funcionava Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva; 2001.p.41)
inicialmente numa garagem. A nova caneta chegou às lojas três anos depois com o Cânula: s.f. (Do lat. Cannula, dim. de canna, cana). Med. Pequeno tubo de borracha,
nome de “birome”. Em agosto de 1944, a revista americana Time publicou uma nota de plástico ou de outro material, aberto nas duas extremidades e que pode adaptar a
sobre a novidade, lembrando que ela era a única caneta que permitia escrever a vários instrumentos de cirurgia, ou a seringas, irrigadores... ou introduzir nos vasos
bordo de um avião, porque a tinta não vazava. Depois disso, uma empresa comprou sangüíneos. (Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Academia das Ciências de
os direitos da invenção para os Estados Unidos por 2 milhões de dólares. Biro se Lisboa. Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências
naturalizou argentino e viveu em Buenos Aires até morrer, em 1985. A caneta de Lisboa. Lisboa: Verbo; 2001. P.675)
esferográfica chegou ao Brasil no final da década de 1940. A loja Galeria das No Michaelis existe “canulado”: adj (cânula + ado). Que tem forma de cânula.
Canetas, em São Paulo, fez a primeira importação. Existem cânula e canulado (Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico
http://www.guiadoscuriosos.com.br/lista.asp?id_cur=7137&id_cur_sub=7137 da língua portuguesa. 3 ed. Rio de Janeiro: A Academia; 1999. p.138)
Não existe a forma “canulizar”
CANGOTE vs. COGOTE Obs: Acta Cir Bras (5.1.02)
O certo é cogote. Ex.: O meu cogote está doendo. Cangote (influência de canga)
significa arreio. (Ramos WO. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) CAPOTAGEM vs. CAPOTAMENTO
Não existe capotamento nos dicionários. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 4.3.01)
CANJA vs. CANJA DE GALINHA
Canja de galinha é redundância. Será que existe canja de carne? O correto é: canja CARÁTER E PLURAL
é uma delícia. (Ramos WO. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) Palavras terminadas em “r” normalmente fazem o plural com o acréscimo de “es”,
sem que haja alteração da vogal tônica. Exs. Mártir/mártires; fêmur/fêmures;
CANHOTA (PROSÓDIA) mar/mares; mulher/mulheres; bar/bares; açúcar/açúcares. Há exceções: júnior/
“Canhóta” ou “canhôta”? Depende. Segundo os dicionários, o feminino de “canhoto” juniores: a vogal tônica deixa de ser o “u” e passa a ser o “o”. O plural de “caráter” é
se lê com o “o” fechado (“canhôta”): “Não adianta forçar a criança a escrever com a “caracteres”, duplamente excepcional: pelo acréscimo do “c” antes do “t” (o que se
direita. Ela é canhota.” Como você leu? Segundo Aulete, Aurélio, deve-se ler deve à manutenção do traço etimológico) e pelo deslocamento da vogal tônica, que
“canhôta”. Com o “o” aberto (“canhóta”), temos o substantivo, ou seja, a própria mão deixa de ser o “a” (da sílaba “rá”) e passa a ser o “e” (da sílaba “te”). No plural:
esquerda: “Deu-lhe um tapa com a canhota.” Agora saia por aí tentando convencer maus-caracteres. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 23.6.02)
as pessoas a dizer que aquela moça é “canhôta”. Um prêmio para quem conseguir.
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 27.6.99) CARCAMANO (ETIMOLOGIA)
Canhota (ó) – a mão esquerda –, canhotas (ó). Canhota (ô) – mulher que usa a mão Carcamano, sinônimo pejorativo de italiano, tem origem no italiano macarrônico
esquerda –, canhotas (ô). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São calca mano. O insulto era dedicado aos comerciantes italianos que, ao pesar o
Paulo, 22.7.00) produto, emprestavam impulso extra à balança calcando-lhe a mão. (Toledo RP.
Guia de boa conduta dos candidatos. Veja 19.6.02 p.134; apud Pimenta R. A Casa
CÂNULA vs. CANULIZAR da Mãe Joana. Campus; 2002)
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CATETERISMO vs. CATETERIZAÇÃO O certo é CD-ROM (rôm). ROM é a sigla de Read-Only Memory, que identifica um
Cateterismo: [De cateter + -ismo.] S. m. Anest. Cir. 1. Emprego de cateter. tipo de memória do computador. A forma do plural é CD-ROMs, com a sigla toda em
Cateterização: [De cateterizar + -ção.] S. f. 1. Ação de cateterizar. Cateterizar: [De maiúsculas, um hífen entre CD e ROM e o s do plural em letra minúscula no fim.
cateter + -izar.] V. t. d. 1. Empregar o cateter em. (Dicionário Aurélio Eletrônico (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 18.11.00)
Século XXI)
CEIA
CATETER (PROSÓDIA) Ceia, do latim coena, aparece na língua portuguesa no século 13 e era a última
Exemplo de silabada. Cateter, sim, com força na última sílaba, como mulher, talher, refeição do dia, a mais suculenta. Com a implantação do catolicismo em todo o
qualquer. Apesar de ser pronunciada freqüentemente como paroxítona, cateter só Império Romano, a partir do século 4, a ceia de Natal tomou conta do Ocidente. A
aparece nos dicionários e no “Vocabulário Ortográfico” como oxítona. (Cipro Neto P. ceia já era a principal refeição de romanos e judeus. Tanto que Jesus celebra a
Ao pé da letra. O Globo, 4.6.00) Última Ceia ao entardecer de quinta-feira, num cenáculos, nos arredores de
Jerusalém, pouco antes de ser preso, torturado e condenado à morte. No século 13,
CATORZE, QUATORZE no alvorecer da língua portuguesa, a ceia já era a principal refeição. No dia 24 de
Preferir grafar catorze. (7) dezembro, passou a ser feita depois da Missa do Galo, no alvorecer do dia seguinte,
As duas grafias estão corretas. (Niskier A. Na ponta da língua. O dia, 28.1.00) pois era necessário guardar jejum antes da missa de Natal, quando a maioria da
comunidade comungava. (Silva D. Palavras de Natal. Língua Viva. JB, 22.12.03)
CAUSA VS. ETIOLOGIA
Causa: aquilo que faz acontecer algo, que faz existir alguma coisa, que determina CELEBRAR vs. COMEMORAR
um acontecimento; razão, motivo, origem; vínculo que correlaciona os próprios Celebrar tem conotação alegre; datas tristes são lembradas. O verbo “comemorar”,
fenômenos (causa e efeito) e que faz com que um ou vários deles apareçam como no entanto, emprega-se em ambos os casos. Ex. A cristandade comemora,
condição de existência do outro; diferente de etiologia. Etiologia: em sentido amplo, enternecida, os santos mártires d’Évora. Deu uma grande festa para comemorar o
estudo da origem das coisas; na acepção médica do vocábulo, estudo da (s) causa aniversário da filha. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001.)
(s) de cada doença. (Diniz LM. Consultando os dicionários: o Aurélio e outros.
Medicina: Conselho Federal ago 2002;17(136):16. CENSO vs. SENSO
Censo (= recenseamento ). Senso (= faculdade de julgar ). Ex.: O senso de justiça
CAVALO DA CHUVA (ETIMOLOGIA) daquele patrão é questionável. (Niskier A Na ponta da língua, O Dia, 21.11.99)
Quando alguém chegava a cavalo em visita, ou atrelava a montaria na própria cerca,
ou caso fosse demorar, fazia-o num canto ao abrigo da chuva ou do sol. Às vezes o CENTAVO vs. CÊNTIMO
visitante pensava ficar pouco e atrelava o cavalo à cerca, mas a conversa ficava tão Centavo é palavra portuguesa que designa um das cem unidades em que se divide
agradável que o anfitrião afirmava: Pode tirar o cavalo da chuva. Era um convite a unidade monetária de muitos países. Outra forma portuguesa é “cêntimo”, que, por
para ficar. (Toledo RP. Guia de boa conduta dos candidatos. Veja 19.6.02 p.134; sinal, foi adotada por Portugal para nomear a centésima parte de um euro, nova
apud Pimenta R. A Casa da Mãe Joana. Campus; 2002) moeda de vários países da Comunidade Européia. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
Globo, 12.5.02
CAVANHAQUE (ETIMOLOGIA)
Desde a primeira metade do século 19, quando viveu o general francês Louis CERCA DE (CONCORDÂNCIA)
Eugène Cavaignac – olha aí a origem do nome - , que as barbichas conhecidas Quando usamos as expressões “cerca de”, “perto de”, “por volta de”, “em torno de”,
como cavanhaque vêm e vão ao sabor da moda. (Amorim C. Cavanhaque de todas o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito (= substantivo). Exs.: Cerca de dez
as maneiras. Caderno B. JB, 24.8.02. p. B1) alunos comparecerem à aula. Perto de 200 candidatos já foram reprovados. Por
volta de 50 inscritos desistiram. Em torno de 2.000 torcedores viajaram. Era um
CAVIDADE, CAVITAÇÃO E CAVERNA pisca-pisca musical no qual brilhavam cerca de 100 luzinhas. (Duarte SN. Língua
Viva. JB. 17.9.00)
C CEDILHA A expressão “cerca de” indica idéia de arredondamento, portanto não combina com
A função da cedilha é manter o som da letra “c” diante das vogais “a”, “o” e “u”: números precisos. Ex. errado: Estavam na conferência cerca de 342 pessoas. Ex.
COMEÇAR, AÇAÍ, PALHAÇO, ALMOÇO, IGUAÇU, AÇÚCAR... Observe algumas certo: Cerca de 300 pessoas estavam na conferência. Quando se sabe o número
curiosidades: ALCANÇAR, mas o ALCANCE, que nós ALCANCEMOS... ESBOÇAR, exato, dispensa-se o “cerca de”. (Cipro Neto P. Ao Pé da Letra. Rio de Janeiro;
ESBOÇO, mas que você ESBOCE... COMEÇAR, COMEÇO, mas que eu COMECE, EP&A; 2001 p.28)
eu COMECEI... Não existe palavra alguma em que o “ç” apareça antes das vogais “i” É bom lembrar que “cerca de” significa “aproximadamente” e indica arredondamento:
e “e”. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 25.10.98) “Cerca de mil pessoas passaram a noite na praça”; “A empresa contratará cerca de
cem pessoas”; “Ele gravou cerca de cem discos”. Não faz sentido empregar “cerca
CD-ROM (PROSÓDIA e FLEXÃO) de” com números quebrados, como fez recentemente um jornal, o qual informou que
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masculina e “champanhe” pode ser masculina ou feminina. Champagne é a forma caixa, a caixa (de banco); o modelo, a modelo; o colega, a colega; o intérprete, a
original (francesa). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 4.1.04) intérprete; o fã, a fã; o mártir, a mártir; o médium, a médium. (Martins E. De palavra
em palavra. O Estado de S. Paulo, 10.2.01)
CHANCE Mulher é chefe ou chefa? É chefe. Conheça outros substantivos que têm a mesma
Outro uso que se deve evitar é o da palavra chance em orações como: Os fumantes forma no masculino e no feminino: o colega, a colega; o fã, a fã; o mártir, a mártir; o
têm maiores “chances” de morrer de câncer. Por quê? Mesmo que em francês a cliente, a cliente; o artista, a artista, etc. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado
palavra possa até significar “resultado feliz ou funesto”, chance entrou na língua de São Paulo, 4.8.01)
portuguesa com sentido positivo, como registram, entre outros, os dicionários Chefe é um substantivo comum de dois gêneros (ou comum-de-dois). Ele tem a
Aurélio, Michaelis e Luft. Dessa forma, uma pessoa tem chance de ganhar na mesma forma no masculino e no feminino. A variação é apenas da palavra que o
Loteria, de ser promovida, de conquistar um prêmio, de concretizar seus sonhos, identifica: meu chefe, minha chefe. Assim, o banco tem o caixa (homem) e a caixa
etc. E também um time tem chance de ser campeão e um atleta tem chance de (mulher). O modelo e a modelo posam, o manequim e a manequim desfilam. Repare
representar o país em uma competição. Nos demais casos, as palavras em outros desses termos: o colega, a colega; o fã, a fã; o artista, a artista; o cliente,
convenientes são risco, perigo, possibilidade e probabilidade, principalmente. Assim: a cliente; o estudante, a estudante; o mártir, a mártir, etc. Os dicionários admitem as
Nova droga reduz risco (e não “chance”) de enfarte. / Mulheres cardíacas têm mais formas presidente e presidenta, mas prefira usar a presidente, mais aceita, em geral.
possibilidades (e não “chances”) de morrer do que os homens. / A probabilidade (e "Presidenta", para muitos especialistas do idioma, tem sentido depreciativo. (Martins
não “chance”) de um reincidente ser condenado é grande. / O perigo (e não a E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 11.5.02)
“chance”) de uma pessoa ser assaltada nos Jardins aumenta a cada dia. (Martins E.
De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 19.6.99) CHEGAR
Na oralidade brasileira, costuma-se chegar “em” algum lugar. Qual é o brasileiro
CHAPA que, no dia-a-dia, não diz que chegou em casa, em Santos, no Japão ou na Europa?
Chapa (amigo, camarada) vem de chapa no sentido de composição de nomes para Por acaso não dizemos, também no dia-a-dia, frases como “Veja a que ponto ele
concorrer unidos à eleição. Num caso como no outro, chapa significa, idealmente, chegou” ou “Ele chegou ao cúmulo de dizer que..”?. No entanto, nas variedades
harmonia, solidariedade, identidade de idéias e propósitos. (Toledo RP. Guia de boa formais da língua (textos técnicos, científicos, jurídicos, etc.) é patente o predomínio
conduta dos candidatos. Veja 19.6.02 p.134; apud Pimenta R. A Casa da Mãe da regência “chegar a” sobre “chegar em”. O fato é que a regência de um verbo
Joana. Campus; 2002) pode mudar não só de acordo com o seu significado (o sentido de “trabalhar” em
“trabalhar um livro” é diferente do que se vê em “trabalhar num livro”, por exemplo),
CHAPÉUS vs. CHAPÉIS mas também de acordo com a variedade de língua empregada. Chegar é um verbo
Formação do plural. O certo é chapéus. As palavras terminadas em “éu” fazem o que indica “movimento para” e rege (originariamente) a preposição “a”, o que
plural em “éus”(= com a desinência “s). Exs.: réu – réus; troféu – troféus; fogaréu – também ocorre com “ir”, “levar”, “dirigir-se”, etc. (chegar ao cinema, a Paris, à
fogaréus. (Duarte SN. Língua viva. JB, 2.9.01) Europa; ir ao colégio, a Itu, à França; levar alguém ao teatro, a Manaus, à Itália).
1. Cipro Net P. Quando eu chego em casa... Folha de S. Paulo. 16 fev
CHARGE (etimologia) 2006;Cotidiano:C2.
Esse gênero de desenho jornalístico deve seu nome ao francês charge. A palavra, 2. Duarte SN. Jornal do Brasil. 22 fev 1998;p.12.
que antes de mais nada quer dizer apenas “carga”, passou por uma extensão de
sentido explicável pela idéia de exagerar, de carregar nas tintas, até vir a designar CHEGAR A CASA vs. CHEGAR EM CASA
uma representação em que os traços são exagerados com intenção cômica (ver No português falado no Brasil, todo mundo “chega em casa”. Porém, segundo o uso
caricatura).1 culto da nossa língua, devemos usar “chegar a casa”, assim como “chegamos ao
1. Rodrigues S. A palavra é... Nominimo 18 fev 2006. Disponível em: escritório, ao colégio, a São Paulo, à Bahia, ao Recife.... Segundo a regência
http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationS clássica, se você chega, chega “a” algum lugar. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 3.9.00)
ervlet?publicationCode=1&pageCode=65
CHEGAR DE MÃOS ABANANDO (ETIMOLOGIA)
CHAT A expressão vem do século 19. Os imigrantes deveriam trazer as ferramentas para o
Estrangeirismo: bate-papo entre internautas. (Duarte S, Propato V. Portuguese, trabalho na terra. Aqueles que chegassem sem as tais ferramentas, demonstravam
please. Isto é, 23.8.00) que não estavam dispostos ao trabalho. A expressão ficou e hoje, se não trazemos o
que deveríamos, “chegamos de mãos abanando”. (Duarte SN. Língua Viva. JB,
CHEFE (GÊNERO) 11.11.01)
Existe uma série de substantivos, chamados comuns de dois gêneros, que têm a
mesma forma no masculino e no feminino, variando apenas o artigo, pronome ou CHEQUE SEM FUNDOS vs. CHEQUE SEM FUNDO
adjetivo usado com eles. Quem está subordinado a uma mulher deve falar na sua O certo é cheque sem fundos (= dinheiro, capital, bens). Fundo = profundo, que tem
chefe ou na sua chefa? A pessoa deve falar na sua chefe.Veja outros exemplos: o fundura (Duarte,SN, JB, 3.5.98, p.14)
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pasteurização (a bebida que segue para a garrafa tem sua temperatura elevada e,
CHIMPANZÉ vs. CHIPANZÉ rapidamente, abaixada, dando uma vida útil maior). O chope não é mais leve que a
O VOLP e o novo Aurélio registram as duas formas (Duarte SN. Língua Viva, JB, cerveja. O grão de cevada é selecionado, limpo, umedecido e estendido em uma
1.10.00) grande sala (câmara de germinação) acondicionada entre 18 e 20 graus Celsius. O
processo dura 8-9 dias e é interrompido com uma corrente de ar de 25 graus Celsius
CHIELAS vs. CHINELOS que seca os grãos, que a essa altura desenvolveram enzimas. Depois são torrados
Chinelas são do gênero feminino. Ex. As minhas chinelas estão velhas. (Ramos W. em fornos especiais, entre 100 e 200 graus Celsius e, então, moídos. Em seguida,
Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) os grãos são misturados à água. Depois de três horas o líquido é fervido e filtrado.
No processo de fervura, acrescenta-se o lúpulo. Só depois ele é fermentado,
CHOCOLATE resfriado a uma temperatura de 3,5 graus Celsius e transferido para tanques onde é
Os chocolatiers são os fabricantes de chocolate de alta qualidade. Existem poucas mantido por 30 dias em temperaturas em torno de zero graus Celsius. Por fim, é
variações de chocolate: ao leite, o amargo, o meio amargo, o branco e os filtrado para a retirada de partículas em suspensão e para garantir brilho e
recheados. Para fazer o chocolate usa-se a massa do cacau (resultado bruto da transparência. São necessários 130 g (37 pés) de cevada para cada litro. O choque
torrefação dos grãos) e a manteiga de cacau (gordura do fruto). Os chocolates de gourmet é aquele que obedece os padrões de qualidade estabelecidos por uma lei
primeiríssima qualidade são feitos com 100% dessa manteiga (os de pior qualidade alemã de pureza, datada de 1516, que determina que apenas ingredientes de
usam gordura hidrogenada, margarina, óleo de coco ou dendê) e com o máximo de primeira linha podem ser usados em sua fabricação. O termo serve também para
massa de cacau (os industriais têm apenas de 17 a 25% de massa de cacau; o resto designar um choque tirado de dois barris. Um só com a bebida, outro só com a
é farinha e leite e até parafina). O chocolate mais caro é o italiano Amedei Porcelana espuma, que é mais cremosa. O colarinho ideal tem mais ou menos 3 cm de
(amargo com aroma de amêndoa; US$ 180/kg/fev 04), feito com grãos da Venezuela espessura. A espuma é essencial para manter o gás. Ela protege a bebida do
(o melhor cacau que existe é o grão criollo venezuelano). Os melhores chocolates contato com o oxigênio, que faz o chope amargar. A espuma também ajuda a
são os amargos franceses ou italianos (60-85% de massa de cacau e quase nada preservar a temperatura do chope. Um copo de 300 ml de chope tem 100-120
de açúcar). Os suíços e belgas são na maioria ao leite, mais adocicados e suaves, calorias. O chope escuro tem malte torrado ou leva caramelo, podendo ser um
feitos com 30-40% de massa de cacau. Outros bons chocolates: Michel Cluizel pouco mais amargo. A serpentina (cobre, alumínio ou aço inoxidável) é o tubo que
(francês, com destaque para o Noir Infinit, ultra-amargo, 99% de massa de cacaus; sai do barril e que leva o chope até a torneira; está envolta em gelo ou água gelada;
US$ 80/kg/fev 04), Slitti (italiano, feito familiarmente desde 1988, US$70/kg/fev 04), é nesse trajeto que o choque é resfriado. O tamanho da serpentina não influencia a
Valrhona (francês, com destaque para o Vintage Chuao feito de grãos criollo temperatura do chope. O copo de chope deve ser lavado com sabão neutro e muita
venezuelanos e o Ampamakia; US$ 60/kg/fev 04) e o El Rey (venezuelano, sendo o água corrente; secar naturalmente. Na hora de servir, molhar o copo ajuda a formar
Icoa White um dos raros brancos de sucesso; US$40/kg/fev 04). (Carelli G. Derret na o colarinho. O chope congela a -2,5 graus Celsius. O chope começou a ser
boca. Gastronomai. Veja, 14.1.04) produzido na Mesopotâmia (Iraque) há cerca de 6.000 anos, pelos sumérios. A
cerveja só foi criada depois da invenção do processo de pasteurização, em 1876. O
CHOPARIA vs. CHOPERIA choque sem álcool não é comercializado no Brasil. A qualidade da água não influi no
Choparia, segundo o Vocabulário Ortográfico da ABL, de 1999. Choperia, segundo o chope, pois as fábricas possuem tecnologia para tratar qualquer água e deixá-la no
Aurélio. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 28.5.00) ponto certo, com pH adequado e quantidades balanceadas de minerais. Congelar o
copo antes de beber o chope aumenta a sensação de que a bebida está gelada,
CHOPE mas a diferença é de cerca de meio grau a menos do que com o copo à temperatura
A palavra chegou por meio do francês chope (feminino), nome dado primitivamente ambiente. O chope irlandês Guiness é bem mais encorpado e sua espuma é mais
à vasilha em que se tomava a cerveja leve e que, por metonímia, passou a valer espessa e cremosa, pois se acrescenta nitrogênio ao gás. Os belgas colocam frutas
também como significado do conteúdo. (Castro M. A imprensa e o caos na (cereja, morango) na etapa de fermentação. Há chopes aromatizados com tabaco,
ortografia. Rio de Janeiro: Record; 1998, p.57) com gosto de chocolate e até de pimenta. O chope Stout é feito no mesmo estilo da
Não existe o plural, popularizado em São Paulo. O plural é chop. (Niskier A. Na Guiness. O Bitter é mais amargo e mais comum na Inglaterra. O Ale é de alta
ponta da língua. O Dia, 28.2.99) fermentação, muitas vezes com teor alcóolico mais alto. O Smoked tem parte do
Chope vem do alemão schopp e é uma medida de volume, equivalente a 300 ml. malte defumado. No Rio de Janeiro se bebe 73,8 milhões de litros/ano (30% do
Com o tempo a palavra passou a designar a bebida. O ideal é o chope sair da Brasil). Um chope de uma determinada marca pode ter um gosto diferente em cada
máquina entre 0 e 2 graus, para chegar à mesa com 3 ou 4 graus. Para tirar o lugar devido a problemas na armazenagem dos barris, na formação da espuma, na
chope, aproxima-se o copo levemente inclinado a 2 cm de distância da torneira. limpeza dos copos, na refrigeração e na competência do tirador. O teor alcoólico do
Quando o líquido chega o meio, o copo deve voltar à posição vertical. Com o copo chope varia entre 4,5% e 5%. O chope tem a mesma quantidade de gás que a
quase cheio, gira-se a torneira para uma posição que só permite a passagem de cerveja e, ambos, têm menos gás que o refrigerante. Com mais de dois copos de
espuma. Um barril tem validade de 10 dias. Os ingredientes são água tratada, malte chope, é um risco enfrentar o trânsito. A Alemanha é o país onde se bebe mais
(feito da cevada), cereais cervejeiros (milho, arroz), carboidratos e lúpulo (planta chope, sendo o maior consumo per capita o da República Tcheca. O copo ideal para
parecida com a cevada). A diferença com a cerveja é que essa sofre a o chope tem de ser fino, longo, com fundo mais estreito que a boca, de preferência
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de cristal. A melhor cevada do Brasil é a cultivada no cerrado, no Distrito Federal, adjetiva, a história muda, e o artigo, feminino, passa a ser obrigatório. Exs.: Ela mora
Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. As hastes têm seis fileiras e os grãos têm em Roma. Ela mora na inigualável Roma. Ela mora na Roma dos Césares. Em
qualidade comparável aos da Europa e superiores aos do sul do país. No Rio Portugal, essas exceções são muito mais numerosas. Os deliciosos “ovos moles do
Grande do Sul, as hastes só dão duas fileiras de grãos. Um barril de 50 litros custa Aveiro”; Estrela da Amadora (time de futebol); Mosteiro da Batalha; ela nasceu no
R$ 120 (US$ 50). Rende 150 tulipas de 300 ml. (Capel R, Mattos U. Tudo sobre o Porto, etc. Apesar da boa quantidade de casos como esses, os portugueses
chope. Revista Programa. Jornal do Brasil 5 de abril de 2002;18(1):28-31. normalmente não põem o artigo antes dos nomes das cidades: em Lisboa, em
Coimbra, em Braga, em Bragança. Os nomes dos países normalmente vêm
CHOVER precedidos de artigo: o Japão, a Itália, a França, o Uruguai, o Chile, a Argentina, etc.
No sentido “chover mesmo” é impessoal (= sem sujeito), usado sempre no singular. No Brasil, usamos Espanha, França e Itália com artigo. Os portugueses dizem “em
Ex. Vai chover durante todo o fim de semana. No sentido figurado, torna-se pessoal. França”, “em Itália”, “em Espanha”. É por isso que, no Brasil, vai-se “à Itália”, “à
Ex.: Vão chover pingos de amor. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 22.10.00) França” e “à Espanha”. Em Portugal, no entanto, vai-se “a Italia”, “a França” e “a
Espanha”. Quem tem razão? Todos. Se nós usamos esses países com artigo, é
CH vs. X (ORTOGRAFIA) justo e coerente colocarmos o acento indicador de crase nas situações que
Normalmente, após um ditongo, usa-se x e não ch. Exs.: peixe (ditongo ei), caixa acabamos de ver. Se os portuguesesnão empregam o artigo, não há motivo para
(ditongo ai), trouxa (ditongo ou). Exceção: O verbo recauchutar (ditongo au) e seus que lancem mão do acento. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 15.7.01)
derivados. Normalmente, quando a sílaba inicial de uma palavra é en, usa-se x e
não ch. Exs.: enxoval, enxada. Exceção: encharcar (derivado de charco), encher (e CILINDRADA (USO DA LÍNGUA)
seus derivados) e enchova. (Niskier A. Na ponta da língua, O Dia, 18.2.01) Cilindrada é a capacidade do cilindro multiplicada pelo número de cilindros e,
geralmente, expressada em centímetros cúbicos. Ex.: Motocicletas de 500 c.c. de
CIÁTICO vs. ISQUIÁTICO cilindrada (= de quinhentos centímetros cúbicos de cilindrada). Por outro lado, o
Segundo a Terminologia Anatomica, o termo correto é nervo isquiático (nervus jargão “quinhentas cilindradas” é consagradíssimo no meio esportivo. Não consigo
ischiadicus) (Sociedade Brasileira de Anatomia. Terminologia Anatômica. São Paulo: imaginar um narrador dizendo: E agora teremos a largada da categoria de
Manole; 2001 p.169) quinhentos centímetros cúbicos de cilindrada. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 6.5.01)
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diretamente o texto original) ou indireta (citação de citação, quando reproduz uma Quociente ou cociente (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 5.11.00)
fonte intermediária) (5)
COCO vs. COCOS (PROSÓDIA)
CITANTE Coco (ô), cocos (ô) – fruta. Coco (ó), cocos (ó) – bactéria. (Martins E. De palavra em
Não existe no Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI. Ex.: Acesso aos artigos e às palavra. O Estado de São Paulo, 22.7.00)
revistas citantes.
COERÊNCIA TEXTUAL
CIÚME vs. CIÚMES A coerência está diretamente ligada à lógica, ao nexo entre dois ou mais fatos, duas
“Ciúmes” não existe. A palavra ciúme só deve ser usada no singular. Ex.: Amélia ou mais atitudes. Recentemente, a imprensa paulista informou que, nos últimos dois
vive dizendo que morre de ciúme do marido. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, anos, a frota de automóveis da cidade de São Paulo aumentou consideravelmente,
28.2.99) mas a poluição diminuiu. Que tal o emprego da palavrinha “mas”? Coerente ou
incoerente? De início, talvez se tenha vontade de considerar incoerente a afirmação.
CLASSIFICAR-SE Se a frota aumenta, parece lógico que também aumente a poluição, certo? Errado.
Um jogador do Palmeiras prometeu outro dia: Vamos classificar para a segunda fase Os automóveis novos que entraram em circulação (um milhão), tecnologicamente
do Campeonato Brasileiro. A promessa não se concretizou. Além do mais, um time mais avançados e dotados de catalisador, poluem muito menos do que os velhos
não "classifica", mas "se classifica". Neste caso, o uso do pronome se é que deixaram de circular (meio milhão). Isso justifica plenamente o emprego da
indispensável (afinal, o time classifica a si próprio): A sensação do campeonato, o conjunção “mas”, que indica adversidade, oposição. Com o acréscimo de meio
São Caetano, já se classificou para a segunda fase do campeonato. (Martins E. De milhão de carros, espera-se mais poluição, mas não é o que se verifica. Nota-se,
palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 24.11.01) pois, que a questão da coerência é definida pelo contexto.
Pense agora nesta frase: “O time jogou bem, mas venceu”. Descontextualizada, a
CLERO (ETIMOLOGIA) frase tem tudo para ser considerada incoerente. Imagine esta seqüência de fatos:
Palavra que veio do latim clerus, forma adotada pelos romanos para o neologismo um time joga bem uma partida, mas perde. No jogo seguinte, de novo: atua bem,
grego klêros, dado, pedrinha, pedação de madeira. Passou a designar o estamento mas perde. Na terceira peleja, a história se repete: boa atuação, mas nada de
eclesiástico que abriga sacerdotes e padres porque em Bizâncio as pessoas que vitória. No quarto embate, finalmente, o time joga bem e vence. O comentarista pode
ocupavam tais funções recebiam um lote ou herança, originalmente definida em perfeitamente dizer que “o time jogou bem, mas, desta vez, venceu”. A palavrinha
sorteio: os dados, de pedra ou de madeira, eram postos num vaso ou num capacete, “mas” não se limita a estabelecer conexão entre as duas orações (jogar
semelhando o moderno recipiente das loterias onde são colocadas bolinhas bem/vencer). A relação que ela estabelece é ampla, já que se leva em conta todo o
numeradas. Para pertencer ao clero, o indivíduo era e é ordenado padre pelo bispo. histórico. É como se o comentarista dissesse que, como nas partidas anteriores, o
A ordem é um dos sete sacramentos.1 time jogou bem, mas, diferentemente do que ocorreu nos embates anteriores,
1. Silva D. O baixo clero venceu os cardeais. Jornal do Brasil. 21 fev 2005;Língua venceu. Como se vê, ou se leva em conta o contexto, ou se corre o risco de julgar
Viva (p.B2). precipitadamente. Um caso que merece cuidado particular é este: “Vou votar em
fulano porque as propostas dele vêm de encontro aos meus interesses”. Os
COÁGULO SANGÜÍNEO dicionários dizem que a expressão “de encontro a” indica choque, oposição,
Coágulo sanguíneo ou coágulo de sangue não é redundância. Coágulo: [Do lat. contraste. Pode-se, por isso, afirmar que o raciocínio e o comportamento desse
coagulu, por via erudita.] S. m. 1. Parte coagulada de um líquido; coalho, eleitor são incoerentes, já que, ao pé da letra, ele diz que pretende votar em alguém
coalhadura. 2. Biol. Rede de filamentos de fibrina. 3. Fisiol. Med. Massa semi-sólida que trabalha contra os seus interesses? Na verdade, se ele for masoquista e souber
de sangue ou de linfa. [Cf. coagulo, do v. coagular.] Coágulo sanguíneo: 1. Biol. o que de fato significa “de encontro a”, será coerente. Afinal, masoquistas gostam de
Tampão hemostático. (Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI) sofrer. Do contrário, ou seja, se não for masoquista e se desconhecer o verdadeiro
sentido de “de encontro a”, é mais sensato considerar que o raciocínio dele é
COBAL coerente, embora a escolha lingüística não expresse o que ele realmente pensa.
Linguagem de computador, logo, a cobal (singular) e as cobóis (plural). (Niskier A Na Para que a expressão lingüística seja coerente com o pensamento não-masoquista
ponta da língua. O Dia, 4.11.99) desse eleitor, é necessário trocar “de encontro a” por “ao encontro de”: “Vou votar
em ‘fulano porque suas propostas vêm ao encontro de meus interesses”. Se ele
COBRELO (PROSÓDIA) mudar de idéia em relação ao candidato, deverá dizer que não votará nele porque
Cobrelo (“cobrêlo” e não “cobrélo”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de suas propostas vêm de encontro aos seus interesses. Assim, haverá coerência entre
São Paulo,8.7.00) Verbete: cobrelo (ê)[Dim. de cobra.] S. m. Pop.1. O herpes-zoster o que se quer dizer e o que efetivamente se diz. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
assim dito por se afigurar ao povo ser essa dermatose produzida pelo contato da Globo, 24.9.00)
roupa sobre a qual passasse alguma cobra; cobreiro, cobro. (Aurélio eletrônico)
COESÃO LEXICAL
COCIENTE vs. QUOCIENTE
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Um texto apresenta coesão quando suas partes são bem costuradas. Uma das hematófago (que se alimenta de sangue), ictiófago (que se alimenta de peixes),
maneiras de costurar bem um texto consiste no uso de vocábulos que, rizófago (que se alimenta de raízes). O elemento latino correspondente a –fago é –
simultaneamente, evitem a repetição de termos já citados e, se possível, enriqueçam voro: carnívoro (que se alimenta de carne), herbívoro (que se alimenta de vegetais),
o escrito com o acréscimo de informações relevantes a respeito do elemento que frugívoro (que se alimenta de frutas). Qualquer semelhança de –voro com “devorar”
não se quer repetir. É essa a coesão lexical (o léxico é o conjunto de vocábulos de não será coincid^encia. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O globo, 16.12.01)
uma língua). Ex.: A Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina já identificou o
principal local de contaminação do mal de Chagas no Estado. De acordo com o COISA
órgão, 90% das pessoas que... Nesse trecho, há dois vocábulos com os quais se Coisa é uma palavra sensacional: substitui qualquer coisa e não diz coisa alguma.
opera a coesão lexical. O primeiro é “Estado”, que recupera “Santa Catarina”; o Coisa é uma palavra tão versátil que já virou até verbo: “Eles estão coisando”. Coisa
segundo é “órgão”, que retoma “A Vigilância Epidemiológica...” 1 é um substantivo, mas é capaz de ser usado no grau superlativo absoluto sintético,
1. Cipro Neto P. Os suínos, a aérea, as turistas...Folha de S. Paulo. 31 mar como se fosse adjetivo: “Não fiz coisíssima nenhuma”. Por tudo isso, é inadequado o
2005;Cotidiano:C2 uso da palavra coisa em textos mais cuidados e formais. Essa análise me faz
lembrar a história de um fiscal da carteira hipotecária de um grande Banco no
COESO (PROSÓDIA) interior do Paraná. Certo fazendeiro fez um empréstimo no Banco, hipotecou a
Os dicionários dizem que se lê “coeso”.1 fazenda e, um mês depois, morreu. O Banco, preocupado, mandou o nosso fiscal à
1. Cipro Neto P. Os suínos, a aérea, as turistas...Folha de S. Paulo. 31 mar tal fazenda. Lá chegando, ficou feliz ao ver que tudo corria bem. A viúva trabalhava
2005;Cotidiano:C2 duro, o dinheiro investido já trazia lucros para a fazenda e o pagamento da hipoteca
estava garantido. Ao retornar à sua cidade, o fiscal não teve dúvida e escreveu no
COGNATOS relatório que enviou ao seu chefe: “O fazendeiro morreu, mas o Banco pode ficar
Palavras que têm o mesmo radical e pertencem a uma mesma família. Exs.: feliz, tranqüilo porque a viúva mantém a coisa em pleno funcionamento”. Lá sabe Deus
felicíssimo, felicidade, infelizmente. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, que coisa é essa!? (Duarte SN. Língua Viva. JB. 26.10.97)
21.11.99)
Falsos cognatos são palavras que parecem cognatas, mas não são. Issso se dá UMA COISA É CERTA
entre palavras de uma mesma língua ou de línguas diferentes. Exs.: Parents (inglês; Expressão que não significa nada. Ex.: Uma coisa é certa: amanhã o brasileiro volta
= pais) e parentes (português). Testa (italiano; = cabeça) e testa (português). Em à realidade (Sérgio Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, 5.7.98, p.16)
italiano, testa é “fronte”, que aliás, também existe em português, e com o mesmo
significado. Em português, “testa” e “fronte” são sinônimos. Em italiano, não. A COLABORAR COM UMA AJUDA
palavra “feérico” (ex.: reação feérica) é um galicismo, ou seja, vem do francês Redundância
(“féerique”) e não tem relação com a idéia de “ferocidade”. “Feérico” (relação com o
mundo das fadas, ou seja, significa “mágico, maravilhoso, deslumbrante”)e “fera”são COLABORAR COM UM AUXÍLIO
falsos cognatos. Às vezes, cognatos acabam assumindo tons diferentes, o que Redundância
ocorre com “simples” e “simplório”. Apesar de derivarem da mesma raiz, esses dois
adjetivos nem sempre são equivalentes. “Simplório” assume cada vez mais tom COLDRE (PROSÓDIA)
depreciativo: filme simplório, música simplória. Quem se impressiona com a Coldre (“cóldre” e não “côldre”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São
humildade e o despojamento de um homem famoso e rico pode muito bem dizer: Paulo, 1.7.00)
Apesar de tudo, ele é um homem bem simples. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O
Globo, 21.11.99) COL. E COLS.
São cognatas as palavras que têm raiz comum, como belo e beleza, triste e tristeza, As reduções ou braquigrafias podem ser classificadas em: (a) reduções tradicionais
satisfazer e satisfação, vidro e vítreo, pedra e pétreo. Falsos cognatos são (p.ex. Sr. por Senhor), chamadas abreviaturas; (b) reduções feitas para uso em certa
vocábulos que parecem possuir a mesma raiz. Ex.: Comer e comemorar. obra especializada, chamadas abreviações; (c) reduções convencionadas
Comemorar vem do latim e tem a mesma raiz de memória, imemorial, memorar, internacionalmente, chamadas símbolos (p.ex. as usadas no sistema metrológico
memorizar, memorização, memorizador, memorizável. Não tem parentesco com internacional ou na química), que se caracterizam por se apresentarem sem ponto
“comer” que também vem do latim (comedere). A raiz grega de “memória” é final e sem indicação de flexões (p.ex. kg, quilograma (s); (d) reduções dos nomes
“mnemo”, que se encontra, por exemplo, em “mnem^onico” (relativo `a memória; que de associações, sociedades, empresas, etc., chamadas de siglas; as siglas com
facilita a memória). Mnemônico e memorizacao não são palavras cognatas, pois não caráter de vocábulo, são denominadas siglemas (p.ex. Petrobrás) e as siglas sem
basta que haja identidade semantica, ou seja, de significado. É preciso que a raiz este caráter são ditas siglóides (p.ex. E.U.A). (1)
seja a mesma, que a origem seja a mesma. É bom saber que há outro verbo latino A abreviação col. pode corresponder a colaborador, coleção, coletivo e coluna1.
que significa “comer”. É “edere”, de cujo radical (ed-) se faz a erudita palavra “edível” A escrita abreviada tem as suas normas: (a) geralmente as letras suprimidas
, que é sinonimo de “comestível”. Em linguagem erudita, o popular glutão ou comilão substituem-se por um ponto (ponto abreviativo); este se coloca, em geral, depois de
é “edaz”. No grego, encontraremos o elemento –fago (= aquele que come): consoante e depois da última consoante dos encontros (p.ex. al., alemão; constr.,
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construção). Certas abreviaturas técnicas têm ponto depois de vogal ou depois da diretores) No caso de predicativo plural, preferimos o verbo no plural. Ex.: Um grupo
primeira consoante de encontro (p.ex. ago., agosto e téc., técnica.); (b) símbolos de mais de trinta mulheres trabalham como voluntárias (predicativo) (Duarte SN.
científicos se escrevem sem ponto (p.ex. g, grama). (2) Língua Viva. JB, 18.3.01)
Quanto ao plural das abreviaturas: (a) de norma se acrescenta s (p.ex. col., cols. =
coluna, colunas, colaborador, colaboradores); (b) algumas minúsculas se duplicam COLISÃO
no plural (p.ex. pp. ou págs = páginas; pela ABNT a abreviatura de página, sing. ou Vício de linguagem que consiste na sucessão desagradável de consonâncias
pl. é p.; (c) símbolos técnicos não admitem s pluralizante (p.ex. (Ferreira, idênticas (O rato roeu a roupa do rei) (Medeiros, 1996, p.95)
19(Ferreira, 1986)6) h 30 min). (2)
COLOCAÇÃO
A CÓLERA vs. O CÓLERA Em todo tipo de debate, ouve-se quase sempre alguém dizer que quer “fazer uma
Não há uniformidade entre nossos gramáticos e professores. Alguns afirmam que colocação” ou “colocar uma questão”. Colocação e colocar não podem ser usados
cólera (doença ou raiva) é sempre um substantivo feminino; outros preferem a dessa maneira O termo colocação deve ser usado apenas para designar o ato de
distinção: o cólera é doença; a cólera é raiva. Eu gosto da diferença. (Duarte SN, colocar, arrumação, disposição.. E não como equivalente a observação, sugestão ou
Língua Viva, JB, 22.8.99) idéia. Exs.: A idéia (e não “a colocação) apresentada pelo aluno era original.
Tratava-se de uma observação (e não “colocação”) equivocada. Ele fez uma
COLETA vs. COLHEITA sugestão (e não “colocação) à colega. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado
Segundo os dicionários Caldas Aulete e Michaelis: 1. Coleta: cota de um imposto de S. Paulo, 4.3.00)
respectivo a cada um dos indivíduos ou classes contribuintes. Coletar: obrigar ao
pagamento de coleta; tributar. Colheita: ato de colher, de arrecadar os produtos do COLOCAÇÃO PRONOMINAL
solo (Caldas Aulete). 2. Coleta: quantia que se paga de imposto. Coletar: ato de Colocação pronominal, ou seja, a posição dos pronomes oblíquos átonos (me, te,
colher os produtos agrícolas; o que se colhe, o que se junta. Colher: tirar, separar da se, o, lhe, nos, vos etc.) em relação ao verbo. São três as posições: antes do verbo
planta, apanhar, conseguir, obter, acolher, receber (Michaelis). Na minha opinião, (próclise), dentro do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise). Para um
coleta e colheita, em alguns casos podem ser considerados sinônimos. Entretanto português, é natural dizer “Viram-me”; para um brasileiro, não. O professor tem
há uma diferença bem clara: Coleta é uma forma de arrecadação. Quando se fala obrigação de mostrar ao aluno que a colocação brasileira difere da portuguesa, que
em reunir tributos, esmolas, donativos, contribuições, temos uma coleta. Colheita é o o que se faz na fala nem sempre se faz na escrita, que muitas das tais “regras”, na
ato de colher produtos agrícolas. Ex.: A Fiocruz recebe amostras para análise vindas verdade, nem nos textos clássicos têm aplicação incontestável etc., etc., etc. A
das secretarias municipais de todo o país. Se fosse preciso fazer uma distinção, eu escola pode dizer, por exemplo, que em muitos casos há padrão definido na
faria a seguinte: 1. Quando a amostra está sendo “tirada”, está havendo uma colocação. É mais do que comum, por exemplo, que se faça próclise quando há
colheita; 2. Quando as amostras estão sendo “reunidas”, está havendo uma coleta. palavras como “ninguém” (“Ninguém me convenceu”), “não” (“Não me
Explicando melhor: quando o enfermeiro “retira” o sangue para exame, ele esta convenceram”), “que” (“Ele pensa que me convence”) etc. A escola também tem
colhendo sangue; e quando alguém “reúne” os frascos, temos uma coleta. Ou seja: obrigação de mostrar ao aluno formas pouco usadas hoje em dia, mas que são da
1. Colheita + com a idéia de “tirar, retirar”; 2. Coleta = com a idéia de “reunir”. língua, como a mesóclise . Caetano Veloso valeu-se de duas mesóclises na canção
(Duarte SN. Língua Viva. JB, 12.9.99) “Os Passistas”, de seu disco “Livro”, de 1997 (“Multiplicar-se-ão assuntos” e “Outros
revelar-nos-íamos”). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,25.6.00)
COLETIVO (CONCORDÂNCIA VERBAL)
Embora alguns gramáticos aceitem o verbo no plural quando o coletivo está COLOCAÇÃO
acompanhado de um adjunto plural, nós devemos usar o verbo no singular. A Colocação quer dizer emprego, vaga. Numa reunião você faz observações ou
concordância do verbo com o núcleo do sujeito é indiscutível. Na maioria dos casos, afirmações e nunca uma colocação. (Veja, 17.3.99, p.140)
é o substantivo ou o pronome que antecede a preposição “de”. Exs. Um casal de
turistas alemães não resistiu e caiu no sambra. Um grupo de artistas ainda iniciantes COLOCAR
alugou uma sala. Um grupo de crianças também foi convidado. Um grupo de O verbo colocar (do latim collocare, isto é, co + locare, o prefixo co tendo origem na
pessoas saiu mais cedo. Um bando de marginais fugiu ontem à noite (o sujeito preposição cum : portanto, pôr, pôr ao lado de, pôr suavemente, pousar, ajustar,
simples é “um bando de marginais”e o núcleo é “bando”). Uma manada de bois será dispor, regular, estabelecer e, por extensão, dar emprego, empregar, de modo que
vendida para pagar a dívida. Boa parte dos candidatos já desistiu (o sujeito simples quem arranja um emprego arranja uma colocação, está colocado). A origem da
é “boa parte dos candidatos” e o núcleo é “parte”). Metade dos alunos foi aprovada palavra nos mostra que o verbo em questão está empregado de modo
(sujeito = metade dos alunos; núcleo = metade). Alguém dentre nós fará o trabalho rigorosamente apropriado quando se fala da disposição das coisas em determinado
(sujeito = alguém dentre nós; núcleo = alguém). Muitos de nós leram o livro (sujeito = lugar, situando-as, ajustando-as, de preferência com um certo cuidado. Assim,
muitos de nós; núcleo = muitos). O presidente destas empresas viajou para Brasília coloca-se um bibelô ao lado de outro na prateleira. (Castro M. A imprensa e o caos
(sujeito = o presidente destas empresas; núcleo presidente). Os diretores desta na ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998.)
empresa viajaram para Brasília (sujeito = os diretores desta empresa; núcleo =
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Este verbo vem do latim collocar (co + locare) e significa “pôr, pôr ao lado de, pôr forte como um touro. Era alto como o pai. (Martins E. De palavra em palavra. O
suavemente, pousar.... Segundo a origem da palavra, o uso do verbo colocar só é Estado de São Paulo, 26.2.00)
apropriado quando se fala da disposição de alguma coisa em determinado lugar.
Portanto, “colocar a bola na marca do pênalti”e “colocar o vaso em cima da COMPANHIA (ETIMOLOGIA)
mesa’são exemplos corretos e o uso do verbo colocar é perfeitamente aceitável. Por O vocábulo vem da antiga palavra “companha” (“grupo de pessoas que seguem
isto está errado “colocar em prática”; o correto seria pôr em prática. Pior é o uso juntas”), à qual se acrescenta o sufixo “ia”. “Companha” outros membros da família
pedante do “fazer colocações”. Ninguém mais “diz, fala, afirma ou opina” (Duarte, (companhia, companheiro, acompanhar, acompanhante, companheirismo) nascem
SN, Língua Viva, JB, p.16, 22.11.98) de “panis”, que vem do latim e significa “pão”. Companha vem do latim “compania”
Ninguém deve usar frases como: Eu gostaria de “colocar” que é hora de fazer as (“cum”, equivalente ao nosso “com” + “panis”). Em latim, a palavra era usada com o
reformas (mas eu gostaria de observar que é hora de fazer as reformas). (Martins E. sentido de “pessoas que comem juntas o pão”. Daí o sentido evoluiu para “pessoas
De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 4.3.00) que vão ou seguem juntas”. Por isso, a grafia de “companhia” é a mesma, qualquer
que seja o sentido (acompanhamento; presença; grupo de pessoas; sociedade
COLOCAR ALGO EM SEU RESPECTIVO LUGAR comercial coletiva ou anônima; empresa formada por sócios ou acionistas, etc.)
Redundância (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 19.5.02)
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fonética: água + ardente = aguardente (perdeu um a). (Niskier A. Na ponta da língua. estranheza, o mesmo não ocorre com: Atento o governo e as Forças Armadas.
O Dia, 2.7.00 Morto pai e filho no litoral. Embora os exs. estejam corretos, nas duas frases o plural
(atentos e mortos) ficaria melhor até eufonicamente.
COMPROVADAMENTE CERTO A concordância no plural é recomendável, nos dois casos, quando se quer enfatizar
Redundância que o adjetivo se refere aos dois ou mais substantivos. Assim, em gravata e ternos
escuros, não há dúvida de que ambos são escuros, o que pode não ficar claro em
COM QUEM vs. COM QUE gravata e terno escuro e talvez menos ainda em terno e gravata escura.
O pronome “que” pode referir-se a pessoas (Ex.:As moças que me atenderam. As Com verbos de ligação (ser, estar, parecer, ficar, etc), o adjetivo e os equivalente
professoras de que mais gosto) ou a coisas (ex: Os livros que comprei. Os pratos em concordam com o substantivo. Se houver dois ou mais substantivos, o adjetivo e
que comi). Portanto não há erro na frase “A garota com que saí”. A forma A garota equivalente vão para o plural. Exs.: O menino é ingênuo, os meninos são ingênuos.
com quem saí é indiscutivelmente correta. Vale lembrar que haveria ainda uma A praça ficou abandonada, as praças ficaram abandonadas. O trinco e a fechadura
terceira possibilidade: A garota com a qual saí. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O Globo, parecem quebrados. A casa e o apartamento estavam fechados. Os responsáveis
27.6.99) eral eles.
Muitas vezes a concordância se faz com a idéia implícita. Ex.: A Vozes foi premiada
COM vs. CONTRA como o Jabuti. Está subentendido no caso a palavra editora. É como se fosse: A
Este erro é freqüente nas transmissões esportivas. Ex.: O Brasil jogou contra (e não Editora Vozes foi premiada com o Jabuti. A Paulista (avenida) vive congestionada. O
com) a Itália. O Guga jogou com o Fernando Meligeni contra os espanhóis. O Japão Paraíba (rio) é sinuoso. São Paulo é a mais populosa (cidade). São Paulo é o mais
entrou na briga contra as potências européias (Sérgio N.Duarte - Lingua Viva populoso (Estado). A Apollo (nave) foi à Lua. O Vectra (carro), a Kombi (perua)
Especial/Dúvida dos leitores - JB,5.7.98, p.‘15) O adjetivo que se refere a uma forma de tratamento combina com o sexo da pessoa.
Exs.: Vossa Excelência (deputada) está alterada. Vossa Excelência (deputado) está
CONCLAVE alterado. Sua Alteza (princesa) está recuperada? Sua Alteza (príncipe) ficou
Palavra (latina) que, ao pé da letra, significa “com chave”. De fato, os cardeais, aos ofendido? (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 4.9.99)
quais cabe a tarefa de escolher um novo Papa, ficam literalmente trancados. Quando existem elementos masculinos e femininos numa oração, a concordância no
Enquanto participam do conclave, não podem ter nenhum contato com o mundo plural se faz com o masculino. Exs.: Eram meninos e meninas bonitos. Havia mesas,
exterior. Temos aí um exemplo de extensão do sentido de uma palavra: de “com cadeiras, estantes e quadros antigos na casa. Ele tinha cinco filhos, quatro moças e
chave”, a palavra “conclave” passou a significar “qualquer cômodo da casa fechado um rapaz. Se houver numa sala de cinema apenas 1 homem e 49 mulheres, ainda
a chave” e, por extensão, o que se realiza em um desses cômodos.1 assim devo dizer que eram 50 interessados no filme. Esta é uma característica não
1. Cipro Neto P. Papa, santidade, conclave…Revista O GLOBO. 10 abr 2005;p.16. apenas da língua portuguesa, mas de uma série de outros idiomas. Essa
predominância do masculino sobre o feminino também se reflete no uso dos
CONCOMITANTE e CONCOMITANTEMENTE (regência) pronomes indefinidos. Diz-se, por exemplo, que não havia ninguém famoso na
O adjetivo “concomitante” significa “simultâneo”. Ex.: Os fatos são concomitantes. Os reunião e nesse caso o famoso serve tanto para homens como para mulheres.
fatos ocorreram concomitantemente (advérbio). O adjetivo e o advérbio podem ser (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 18.9.99)
usados com as preposições “a” e “com”. Ex. Um fato é concomitante a outro ou com
outro. Um fato ocorre concomitantemente com outro ou a outro . (Duarte SN. Língua CONCORDÂNCIA NOMINAL
Viva. JB. 5.12.99) Os artigos, os adjetivos, os pronomes e os numerais devem concordar com o
substantivo em gênero e número. Exs.: Isso não acontece somente nos chamados
CONCORDÂNCIA mercados emergentes. As empresas sentiram o quanto são importantes estes
Se houver mais de um substantivo na oração, o adjetivo (ou seus equivalentes) encontros. Recebeu R$ 10 milhões líquidos. Alguns índios já declaram guerra à
concordará com o gênero deles ou irá para o masculino plural se pelo menos um espécie de jacaré mais agrassiva que vive no Brasil. Ele disse Ter achado estranha
deles for masculino. Exs.: Homem e menino bons. Homem e mulher bons. Aí a demora dos policiais em comunicar a operação aos superiores. As bolsas
comprendidos estes e aquelas. Terno e gravata escuros. Ótimos texto e brasileiras acompanharam a tendência americana e fecharam praticamente estáveis.
conhecimentos. Foram mortos o pai e o filho no litoral. Pediu emprestada a quantia de US$ 10.000. Devido a este acidente, ele ficou com
O adjetivo e seus equivalentes colocados depois de dois ou mais substantivos parte do corpo paralisada. Obs. 1: Caso o adjetivo se refira a vários substantivos de
podem concordar com o mais próximo. Exs.: Terno e gravata escura. Gravatas e gêneros diferentes, a concordância deve ser feita preferencialmente no masculino
terno escuro. Terno e gravatas escuras. Elogiamos seu esforço, empenho e plural. Exs.: Compraram motores e peças estrangeiros. Todo dia, o paulistano
dedicação extrema. enfrenta trânsito e ruas caóticos. Se os substantivos forem do mesmo gênero, o
A concordância com o mais próximo poderá também ser feita se o adjetivo e adjetivo manterá o gênero e concordará no plural. Exs.: A língua e a literatura
equivalentes estiverem antes dos substantivos e pronomes. Deve ser utilizada com inglesas foram as escolhidas. Estavam nervosos o gerente e o diretor. Obs. 2.:
muito cuidado, porém. Exs.: Tinha boas idéias e princípios. Revelou extrema Quando o adjetivo vier antes de vários substantivos, ele deverá concordar com o
dedicação, empenho e esforço. Se nesses casos a concordância talvez não cause substantivo mais próximo. Ex.: Escolheru má hora e lugar. Obs. 3: Quando o
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substantivo for qualificado por mais de um adjetivo, tratando-se de seres diferentes, móveis” e “o corpo” funcionam como complementos de “arrastar”. Quando a
o substantivo ficará no plural (ou no singular, se repetir o artigo). Exs.: Completou os conjunção “e” liga orações que têm o mesmo sujeito, teoricamente, a vírgula é
cursos básico e intermediário. Completou o curso básico e o intermediário. Precisam dispensável, desnecessária, o que não significa que seu uso seja proibido ou
aprender as línguas inglesa, espanhola e alemã. Precisam aprender a língua absurdo, sobretudo quando se enfatizar a oração introduzida pela conjunção “e”.
inglesa, a espanhola e a alemã. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 15.7.01) Esse emprego da vírgula antes do “e” é mais comum em textos literários, filosóficos,
etc. Em textos jornalísticos, por exemplo, seu emprego não costuma ocorrer. Exs.:
CONFRATERNIZAR vs. CONFRATERNIZAR-SE Os bandidos invadiram o prédio e prenderam diversos moradores no salão de jogos.
Confraternizar já implica uma ação recíproca. O correto é: Eles confraternizaram... No exemplo: “Corinthians perde atletas, jogo e racha fora de campo”, uma das
(Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001.) maneiras de tornar menos ruim esse título consiste no emprego de um segundo “e”
e de uma vírgula: “Corinthians perde atletas e jogo, e racha fora de campo”. A
CONJUNÇÃO ocorrência de vírgula antes da conjunção “e” ganhou exemplos de peso, como os de
Palavra invariável que liga duas orações ou dois termos semelhantes da mesma Olavo Bilac (“Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua”) e Vinícius de Moraes ( “... e
oração. com tal zelo, e sempre, e tanto...”). Nesses exemplos ocorre a figura do polissíndeto,
palavra grega que, como revela sua tradução (“vários” + “ligado”, “unido”), nomeia a
CONJUNÇÃO CONCESSIVA repetição da conjunção.1
As concessivas indicam “fato subordinado e contrário ao da ação principal de uma 1. Cipro Neto P. Contrariou o pai, e a mãe... Revista O GLOBO. 15 maio 2005;p. 24.
oração, mas incapaz de impedir que tal ação venha a ocorrer”. (Cipro Neto P. Ao pé
da letra. O Globo, 13.10.02) CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA e PRÓCLISE
A conjunção subordinativa atrai o pronome átono. Nos elevadores paulistanos está
CONJUNÇÃO COORDENATIVA ADVERSATIVA escrito:Lei estadual nº 9.502, de 11 de março de 1997: “Antes de entrar no elevador,
A conjunção “mas” expressa a idéia de adversidade, de oposição. Faz sentido verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”? O texto correto deveria ser:
quando liga idéias que se opõem. Ex. Dia ensolarado, mas muito frio. Outras “Antes de entrar no elevador, verifique se ele (ver mesmo) se encontra parado neste
conjunções adversativas: porém, contudo, todavia, entretanto, etc. Exs.: O rapaz andar. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 24.6.00)
estudou muito, mas não conseguiu resultados satisfatórios. O rapaz estudou muito,
porém não conseguiu resultados satisfatórios. O rapaz estudou muito, entretanto CONSERTO vs. CONCERTO
não conseguiu resultados satisfatórios. Excetuando o “mas”, as outras conjunções Concertos com “c” são musicais, sinfônicos. Concerto significa “harmonia”; conserto
podem caminhar pela frase. Exs.: O rapaz estudou muito; não obteve, entretanto, é “correção, reparo, retificação”. (Duarte SN. Pegadinha verbal. Seleções de
resultados satisfatórios. O rapaz estudou muito; não obteve, porém, resultados Reader’s Digest)
satisfatórios. Por vezes usamos a cojunção “e” (normalmente aditiva: Ela estuda e
trabalha) com o sentido adversativo. Ex.: Deus cura e o médico manda a conta CONSISTIR
(Deus cura, mas quem manda a conta é o médico). O passeio das conjunções Rege a preposição “em”. Ex.: O erro consistia em silenciar.1
acarretou mudanças na forma de pontuar, ou seja, de usar a vírgula e o ponto-e- 1. Rodrigues VC. Dicionário Houaiss de verbos da língua portuguesa. Rio de
vírgula. A vírgula deve vir antes da conjunção, e não depois, porque o papel da Janeiro: Objetiva;2003.
vírgula é separar uma oração da outra. No exemplo “Ela tomou o remédio, mas, se
não melhorar, vai precisar de um médico”, a segunda vírgula se deve à quebra da CÔNSUL (FEMININO)
ordem direta. A oração “se não melhorar” foi posta dentro da oração “mas vai O Novo Aurélio Século XXI registra "consulesa" como "feminino de cônsul". A edição
precisar de um médico”. Na ordem direta ficaria: Ela tomou o remédio, mas vai de 1999 do "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa " (que tem força de lei)
precisar de um médico, se não melhorar. Como a oração “se não melhorar” é também registra exatamente isso, ou seja, dá "cônsul" como "s. m." (substantivo
intercalada, exige outra vírgula, depois de “melhorar”, para marcar o fim da masculino) e não como "s. 2g." (substantivo de dois gêneros, isto é, mesma forma
intercalação. (Cipro Neto P. Nossa língua em letra e música: fascículo 1. São Paulo; para o masculino e o feminino, com variação do artigo). (Cipro Neto P. Ao pé da
EP&A; 2002. p. 10-1. letra, O Globo, 25.2.01)
Os dicionarios e o VOLP dizem que o feminino de consul e consulesa, seja para a
CONJUNÇÃO “E” E VÍRGULA mulher de consul, seja para a representante diplomatica. (Cipro Neto P. Folha de S.
As gramáticas costumam dizer que é necessária a vírgula antes do “e” quando essa Paulo, Cotidiano, C2, 8.11.01)
conjunção liga orações de sujeitos diferentes. Ex.: Depois que descarregou toda a
mudança, ele ainda conseguiu arrastar os móveis, e o corpo nem deu sinais de CONTACTO vs. CONTATO
cansaço. A conjunção “e” liga duas orações (“ele ainda conseguiu arrastar os São muitas as palavras portuguesas que apresentam dupla grafia e,
móveis, e o corpo nem deu sinais de cansaço). Essas orações não têm o mesmo conseqüentemente, dupla pronúncia. As duas formas estão corretas. Outros exs.:
sujeito. O sujeito da primeira oração é “ele”; o da segunda é “o corpo”. A vírgula aspecto e aspeto; estupefato e estupefacto (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
antes da conjunção “e” impede que, num primeiro momento, o leitor entenda que “os 25.4.99, p.20)
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Parece que, entre nós, a forma mais usada é “contato”. As duas formas estão no
Novo Aurélio e no VOLP. O Houaisss não registra “contacto”, mas o Dicionário CORPOS DO ESPAÇO (GRAFIA)
Houaiss de Sinônimos e Antônimos registra. (Cipro Neto, P. Ao pé da letra. O Globo, Com inicial maiúscula, quando usados em seu sentido estrito. Exs.: A Terra gira em
13.6.04) torno do Sol. A Lua é o satélite da Terra. Quando o sentido não é estrito, a inicial é
minúscula. Exs: Ele é de lua. Já tinham passado quatro luas. Estamos na lua cheia.
CONTEMPORÂNEO E o sol da liberdade em raios fúlgidos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
Segundo o dicionário Aurélio, CONTEMPORÂNEO apresenta dois significados: 1º) 29.4.01)
que é do mesmo tempo, que vive na mesma época; 2º) que é do nosso tempo, que
vive na época em que vivemos. Um leitor da Língua Viva critica o enunciado de uma. CORRELAÇÃO VERBAL
(Duarte SN, Língua Viva. JB, 14.12.97) Quando conheci sua prima, já fazia um ano que ela morava lá. “Fazia” está em
sintonia com “morava”. Quando conheci sua prima, já havia uma ano que ela morava
CONTORNO vs. CONTORNOS (PROSÓDIA) lá. Quando conheci sua prima, ela já morava lá havia um ano. Isto é a lógica da
Contorno (ô), contornos (ô). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São correlação verbal. Na língua oral, o “há” já virou uma partícula fixa. Ex.: Quando
Paulo, 22.7.00) conheci sua prima, ela já morava lá há um ano. P.ex. : O gás vazava há dez dias.
Indica que há dez dias, o gás vazava ou seja, dez dias atrás, o gás estava vazando.
CONTRAPONTO Se hoje é dia 29, no dia 19 o gás estava vazando. O gás vazava havia dez dias.
A palavra vem do latim e existe entre nós há séculos, mas seu sentido de origem é Deduz-se que o gás vazou durante dez dias seguidos, ou seja, que fazia dez dias
estritamente musical. Contraponto é a técnica de superpor ou entrelaçar melodias – que o gás vazava. (Cipro Neto P, Inculta & Bela, Folha de S. Paulo, 29.4.99, p. 2,
a notação musical era feita antigamente com punctus, pontos. Mais tarde a palavra caderno Cotidiano)
se expandiu para outras artes, designando uma estrutura de ações ou temas Correlação verbal é a relação que se estabelece entre o tempo e o modo das formas
paralelos, contrastantes, tanto na literatura quanto no cinema. O Houaiss anota que, verbais de uma frase. Ex.: “Espero que você vá”. “Esperava que você fosse”. A
por extensão de sentido, “contraponto” designa também o próprio tema forma “espero”, do presente do indicativo, correlaciona-se com “vá”, do presente do
complementar ou contrastante numa obra, além da técnica em si. Em tudo isso fica subjuntivo. É sabido que o modo indicativo põe o fato expresso pelo verbo no plano
muito clara a idéia de diálogo, de uma trama composta de pontos de vista distintos. da certeza, da realidade. Já o subjuntivo põe o fato no plano da dúvida, da hipótese,
Não espanta, portanto, que “contraponto” venha sendo usado como sinônimo de da possibilidade, da suposição. O fato de alguém esperar que outra pessoa vá não é
contraposição ou réplica. Se alguma liberdade existe em tal uso, é apenas a de suficiente para que exista a certeza de que o ato de ir se concretizará. Isso explica o
pensar metaforicamente. (Rodrigues S. Língua Viva. JB, 2.3.03) emprego de “vá”, forma do presente do subjuntivo. O ato de ir, no caso, é apenas
uma hipótese.
CONTRIBUIR (REGÊNCIA) É por isso que frases como “O que você quer que eu faço?”, “Você quer que eu
Comtribuir com – para dizer o objeto da contribuição. Ex.: Ele contribuiu com dois vou?” ou “Você quer que eu compro?”, muito comuns na língua oral em algumas
quilos de arroz. Contribuir para – para dizer o beneficiário. Ex.: Muita gente regiões do Brasil, não são consideradas boas sob o aspecto da correlação verbal. É
contribuiu para o Fome Zero. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 18.5.03) inadequado o uso de “faço”, “vou” e “compro”, formas do modo indicativo, no lugar
de “faça”, “vá” e “compre”, do subjuntivo.
CONVIVER JUNTO Ando muito pelo país e noto mais essa troca em São Paulo do que em outras
Redundância regiões. Voltando ao par “Espero que vá”/”Esperava que fosse”, o que se nota na
segunda frase? Nota-se que a troca de “espero” por “esperava” exige a troca de “vá”
COPO COM ÁGUA vs. COPO D’ÁGUA por “fosse”. “Esperava”, do pretérito imperfeito do indicativo, exige “fosse”, do
Você toma um copo de água ou um copo d’água. Copo com água significa apenas imperfeito do subjuntivo. Às vezes, porém, a coisa é um pouco mais delicada. É o
copo com alguma água. Por isso, em qualquer situação, diga que você tomou um que ocorre quando determinados tempos verbais são usados fora de seu valor
copo d’água. Nesse caso, copo equivale a medida e não ao material de que o copo específico. Ex.: “Todos seríamos escravos de idéias maniqueístas, não fora o
é feito. Quando se pede uma garrafa de cerveja, ninguém imagina que se trate de trabalho desenvolvido pelos filósofos iluministas.”
uma garrafa feita de cerveja. Portanto, fale sem receio copo d’água, mas também Que tal a dessa frase? Perfeita. A correlação se estabelece entre “seríamos”, do
em xícara de café, litro de leite, saco de açúcar, caneca de chope. Ocorre o mesmo futuro do pretérito, e “fora”, forma do pretérito mais-que-perfeito, que aqui tem valor
quando se fala em barril de petróleo. Também não se imagina um barril feito de de “fosse”, do imperfeito do subjuntivo. Essa troca de tempos e modos é perfeita e
petróleo, mas se trata apenas de uma medida do petróleo. (Martins E. De palavra comum. Trata-se dos valores paralelos dos tempos e modos verbais. Na língua do
em palavra. O Estado de S. Paulo, 28.10.00) dia-a-dia e em textos literários, é comum, por exemplo, a troca de “pagaria” por
“pagava”: “Não posso pagar. Se pudesse, pagava”. No padrão culto escrito formal,
CORPO DE DELITO vs. CORPO DELITO entretanto, essa troca não ocorre. Nesse território, não há registro de algo como “Se
O exame é de corpo de delito. O corpo de delito nada mais é do que o fato material o país investisse pesadamente em educação, em pouco tempo as coisas
usado como prova de um crime. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 25.2.01) começavam a mudar”. Aqui, o rigor é necessário. É melhor trocar “começavam” por
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“começariam”: “Se o país investisse pesadamente em educação, em pouco tempo É a contração, indicada pelo sinal gráfico, da preposição a com o artigo a. Quando
as coisas começariam a mudar.” Na belíssima canção “Pra você”, de Sílvio César, a há dúvida: 1. substituir o a por uma preposição equivalente. Se o sentido da frase
letra diz: “Se eu fosse você, eu voltava pra mim”. O rigor gramatical exige “voltaria”. não exigir a presença do artigo a é porque se trata apenas de preposição. Ex.;
Mas é melhor deixar esse rigor para textos formais (relatórios técnicos, teses Resgate exigido a bala ou resgate exigido com bala; não houve necessidade do
acadêmicas, pareceres jurídicos, textos científicos etc.). Por fim, é bom lembrar um artigo a, portanto o a da expressão inicial é apenas preposição; não há crase. 2.
ponto delicado da questão. Os casos em que a escolha da forma verbal mostra a substitui-se o substantivo em seguida ao a por um equivalente, masculino. Se não
tendência do redator ou do falante. Ex.: “O Governo estima que _____ no país oito houver necessidade de usar o artigo masculino o, é porque se trata apenas de
milhões de desempregados”. Com que forma do verbo “haver” você a preencheria? preposição. Ex.: resgate exigido a tiro. Não houve necessidade de dizer “resgate
Tudo leva a crer que a forma mais recomendável seja “haja”. Afinal, o Governo exigido ao tiro”; por conseguinte o a é apenas preposição.
“estima”, ou seja, não tem muita certeza. Se o fato é posto no plano da hipótese, é Crase é a fusão de duas vogais iguais: preposição “a” + outro “a” (artigo definido
melhor pensar no subjuntivo: “haja”. feminino ou pronome demonstrativo ou vogal inicial dos pronomes aquele (s), aquela
Mas será que a forma “há” é totalmente descabida? Não. Quem diz ou escreve “O (s). Exs.: Vou à praia. Sua camisa é igual à do meu pai. Chegou àquele lugarejo.
Governo estima que há no país oito milhões de desempregados” expressa a idéia de Casos particulares: 1. Você vai a qualquer “casa” com o acento de crase, mesmo se
que há dados suficientes para concluir que os números reais estejam muito for a sua própria casa: Vou ... à casa dos meus avós, à casa do vizinho, à casa de
próximos de oito milhões. Percebemos, pois, que em muitos casos não podemos ser Cabo Frio, à casa José Silva, à casa dela. Mas, : Ele retornou a casa só pelas onze
rígidos quanto à correlação verbal. A escolha do tempo e do modo do verbo pode horas. Não há artigo definido antes da palavra “casa” quando se refere a sua própria
funcionar como forte indício do que se quer dizer ou salientar. (Cipro Neto P. Ao pé casa. Exs.: Fiquei em casa. Venho de casa. 2. Você vai a qualquer “terra’com acento
da letra. O Globo, 19.9.99) de crase, menos se for “terra firme”. Exs.: Vou ... à terra dos seus ancestrais, à terra
O modo verbal que expressa suposição, especulação, hipótese, dúvida ou desejo é natal, à terra da minha avó. Mas,: O marinheiro pediu autorização para descer a
o subjuntivo. O modo indicativo é o modo verbal da certeza, da afirmação, da terra. Não há artigo definido antes da palavra “terra” quando significa “terra firme”.
garantia, da realidade. Em muitos casos, a diferença gerada pela escolha deste Exs.: Ficamos em terra. Consulte o nosso pessoal de terra. 3. Com a palavra
modo e não daquele é pequena, sutil. Freqüentemente, a questão é de estilo. (Cipro “distância”, existe uma grande polêmica. Ocorre crase sempre que a “distância”
Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 29.9.99) estiver determinada. Ex.: Ficou à distância de cinco metros. Se a “distância”não
estiver determinada, existem duas versões: a) sem crase porque não haveria artigo
CORRIMÃO (PLURAL) definido: Ficamos a distância. Ensino a distância; ou b) com crase por tratar-se de
A palavra é composta : correr + mão. O plural é corrimãos. No Brasil, muitos um adjunto adverbial (com palavra feminina). Ficar à distância. Sentar-se à mesa.
estudiosos aceitam corrimões, a exemplo de outras palavras com duas formas para Bater à porta. Sair à noite. Chegar às 10 h. Vender à vista. Viver à toa. Falar às
o plural: vulcões e vulcãos; verãos e verões; guardiães e guardiões, etc. (Duarte SN. claras. Na minha opinião, adoto o uso da crase em todas as situações. (Duarte SN,
Língua Viva. JB, 15.7.01) Língua Viva, JB, 12.12.99)
Os sete pecados mortais da crase: 1. Antes de palavra masculina: Ele está no Rio a
COSTUMADO vs. COSTUMEIRO serviço. 2. Antes de artigo indefinido: Chegamos a uma boa conclusão. 3. Antes de
Costumado é adjetivo. Ex.: Iremos àquele barzinho costumado. Gostamos de verbo: Fomos obrigados a trabalhar. 4. Antes de expressão de tratamento: Trouxe
saborear aquela costumada macarronada. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. uma mensagem a Vossa Majestade. 5. Antes de pronomes pessoais, indefinidos e
Aracaju: Sercore; 2001.) demonstrativos: Nada revelarei a ela, a qualquer pessoa ou a esta pessoa. 6.
Quando o “a” está no singular, e a palavra seguinte está no plural: Referimo-nos a
COURRIEL moças bonitas. 7. Quando, antes do “a” existir preposição: Compareceram perante a
O Ministério da Cultura francês proibiu o uso da palavra e-mail em todas as Justiça. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 18.6.00)
repartições, documentos, publicações e sites do governo. O termo a ser utilizado Devemos usar o acento grave indicativo de crase sempre que houver a palavra
deve ser courriel, que é uma fusão de courrier electronique. A Comissão de “moda” (ou estilo) subentendida.Exs.: filé à milanesa; vestir-se à 1970; escrever à
Terminologia e Neologia do Ministério acredita que o termo já é mais utilizado pelos Camões; filé à Oswaldo Aranha. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 27.8.00)
franceses que e-mail (Associated Press. França troca palavra “e-mail” por “courriel”. O acento (‘) chama-se grave, e crase é o fenômeno fonético em que ocorre a fusão
Folha de São Paulo, 19.7.2003) de duas vogais iguais (a + a = à). Assim sendo, não devemos dizer que o “à” está
craseado. O certo é dizer que a vogal “a” recebeu o acento grave (‘) para indicar que
CRASE ocorre uma crase (=fusão da preposição “a” com outro “a”). (Duarte SN. Língua Viva.
Fenômeno da fusão de duas vogais iguais em uma só palavra. Para assinalar a JB, 27.8.00)
fusão ou crase de dois as fazemos uso do acento grave. Duas condições existem Crase não é acento.Crase é a fusão de duas vogais iguais, é a contração de dois
para a existência da crase em português: (a) existência de uma palavra que exija a “aa”. Acento grave (‘) é o sinal que indica a crase (a + a = à) (Duarte SN. Língua
preposição a; (b) existência, logo a seguir, de uma palavra feminina que esteja Viva. JB, 10.12.00)
admitindo artigo a (7) Não há crase antes de palavras masculinas, antes de verbos (Começou a reigir),
antes de artigos indefinidos (Referia-se a uma antiga lei. Isso ocorreu devido a uma
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situação excepcional), antes de pronomes indefinidos (Entregou o livro a alguém. A pronome relativo “que”. Exs: Sua reivindicação é igual à dos metalúrgicos (= igual a
certa altura, todos saíram), antes de pronomes demonstrativos (Estamos atentos a aquela dos metalúrgicos). Faça uma linha paralela à do centro (= paralela a aquela
essa tendência) (Duarte SN, Língua Viva, JB, 18.2.01) do centro). Ele se referiu a aquelas que reclamaram (= ele se referiu às que
Crase não é o nome do acento; é o nome do fenômeno. O acento grave é o acento reclamaram). Essa piada é semelhante à que me contaram ontem (= semelhante a
indicador de crase. De origem grega, a palavra “crase” significa “fusão”, “mistura”. aquela que me contaram ontem). Se o verbo for transitivo direto, é impossível haver
Em gramática, a crase vem a ser a fusão de duas vogais iguais. (Cipro Neto P. Ao crase. Exs.: Ele chamou a da esquerda (= chamou aquela da esquerda). Não
pé da letra. O Globo, 4.11.01) conheço a que saiu (= não conheço aquela que saiu). Duarte SN, Língua Viva, JB,
Na língua oral do Brasil, não assinalamos a crase de modo algum. Já os 11.02.01)
portugueses o fazem, não com o “a” dobrado, mas com o “a” aberto, distinto do “a”
fechado (para eles) da preposição e do artido em estado puro. (Rodrigues S. Língua CRASE E PRONOME DEMONSTRATIVO
Viva. Jb, 18.8.02) A crase é um fenômeno fonético. Consiste na fusão de duas vogais iguais (a + a).
Quanto aos pronomes demonstrativos, ocorrerá crase sempre que houver uma
CRASE E ADJUNTO ADVERBIAL DE MODO preposição “a” antes dos pronomes aquele, aquela, aqueles, aquelas e aquilo. Exs.:
Existe crase. Ex.: Todos responderam à uma (= a uma só voz); à uma é uma Ele fez referência àquele fato (a crase é a fusão da preposição “a” exigida pelo
locução adverbial de modo. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 4.2.01) substantivo “referência” com a vogal “a” que inicia o pronome aquele). (Duarte SN.
Língua Viva. JB. 5.110)
CRASE E ADJUNTO ADVERBIAL DE TEMPO Exs.: Sua camisa é igual a (preposição) + a (pronome = a camisa) do meu pai = Sua
No caso de adjunto adverbial de tempo formado por palavra feminina, o acento camisa é igual à do meu pai. Ele fez referência a (preposição) + as (pronome =
grave é obrigatório. Ex.: A próxima reunião será à uma hora da tarde. Não devemos aquelas) que saíram = Ele fez referência às que saíram (Duarte SN. Língua Viva. JB,
confundir “à uma hora da tarde” com “a uma hora qualquer”. No primeiro caso, a 10.12.00)
palavra uma é numeral (= 1h); no segundo, é artigo indefinido. Ex.: Ele chegou à
uma hora da tarde. Ele chegou a uma certa hora. Antes de artigo indefinido é CRASE E PRONOME DE TRATAMENTO
impossível haver crase, pois não teremos o artigo “a” que é definico. Ex: Ele disse Não ocorre crase antes de pronomes de tratamento, porque não há artigo definido
que chegaria a uma hora qualquer. Referia-se a uma velha história. Entregou os “a” antes dos pronomes de tratamento femininos que podem ser usados para
documentos a uma secretária. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 4.2.01) substituir tanto mulheres como homens (Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa
Majestade, Vossa Alteza). Exs.: Referia-se a Vossa Excelência. Caso o pronome de
CRASE, HORAS e PREPOSIÇÃO tratamento seja feminino e sirva só para substituir mulheres, pode ocorrer a crase.
Quando há preposição, significa que existe apenas o artigo definido; logo, não há Exs.; Referia-se à senhora (= ao senhor); à doutora (=ao doutor); à Ilustríssima (=ao
crase. Ex.: Ele está aqui desde as 14 h. Após as 18 h, as nossas portas estão Ilustríssimo); à Meritíssima (= ao Meritíssimo); à senhorita; à madame (Duarte SN,
fechadas. Veja a diferença: Ela vai à praia. Ela vai para a praia. No primeiro caso, Lingua Viva, JB, 23.8.98,p.14)
ela vai e volta, tem hora para voltar. No segundo, ela não tem hora para voltar, lá
sabe Deus se volta. Com a preposição “até”, para alguns gramáticos e professores é CRASSO
facultativo o uso da crase. Ex.: Ele ficará aqui até as ou às 18h. Prefiro a forma sem Significa “grosseiro”, mas, no Brasil, parece ganhar a vida como ajudante do
o acento. O mesmo se aplica no adjunto adverbial de lugar. Ex.: Ele foi até a/à praia substantivo “erro” e de nenhum outro. (Rodrigues S. Língua Viva. JB, 11.8.02)
(Ele foi até o/ao supermercado). Mais uma vez, prefiro a forma sem o acento grave.
(Duarte SN, Língua Viva, JB, 4.2.01 CREDÍVEL E CRÍVEL
São mais que sinônimos. No fundo, são a mesma palavra, já que ambas vêm de
CRASE E PRONOMES “AQUELE(S),AQUELA(S), AQUILO “credibilis”, do latim, e têm o mesmo superlativo: credibilíssimo. (Cipro Neto P. Ao pé
Esses pronomes recebem o acento grave sempre que forem complementos de da letra. 27.1.02)
verbos ou nomes cuja regência exija a preposição “a”. Exs.: Eu fui a (=preposição)
aquela farmácia (= eu fui àquela farmácia). Ele não fez referência a (=preposição) CRIAÇÃO NOVA
aquilo (=... referência àquilo). Se o verbo for transitivo direto, não haverá crase. Exs.: Redundância
Ele viu aquela farmácia. Ele não leu aquilo. Algumas locuções adverbiais de tempo
iniciadas pela preposição “em” podem começar pela preposição “a”. Nesse caso se CRONOGRAMA vs. ORGANOGRAMA
usa o acento da crase. Exs.: Àquela hora tudo estava calmo (= naquela hora). Cronograma é a representação gráfica da previsão de execução de um trabalho, na
Outros exs.: Era uma disciplina semelhante à dos militares. Nesse caso temos a qual se indicam os prazos. Organograma é a representação gráfica de uma
fusão da preposição “a” (=exigida pelo adjetivo semelhante) + o pronome organização, na qual se indicam as unidades constitutivas, suas inter-relações, suas
demonstrativo “a” (aquela = a disciplina): Era uma disciplina semelhante a funções, seus limites. (Duarte SN, Lingua Viva, JB, 18.6.00)
(=preposição) + a (= aquela disciplina) dos militares. Os pronomes demonstrativos
“a” e “as” (= aquela e aquelas) geralmente vêm antes da preposição “de” ou do
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CRUCIAL vs. CRUCIANTE trecho: “Prestações menores que um plano normal”. O que se compara?
Crucial - que tem forma de cruz e, também, difícil, árduo, capital. Cruciante – Teoricamente, comparam-se elementos de mesma natureza. No caso, as prestações
torturante. Ex.: O rapaz foi agredido, pelos assaltantes, de forma cruciante. (Niskier de um plano de consórcio com as prestações de outro plano de consórcio. Ao pé
A. Na ponta da língua. O Dia, 21.5.00) da letra, no entanto, nessa mensagem publicitária se comparam coisas diferentes:
prestações e plano. Vamos corrigir o texto: “Prestações menores que as
COM A GENTE, CONOSCO ou COM NÓS (prestações) de um plano normal”. Basta pôr “as de”. Outra mensagem publicitária
Com a gente é linguagem coloquial brasileira e só pode ser usada em texto informal. diz: “Nunca o conforto de uma picape se aproximou tanto de um automóvel”. O que
No texto formal, usar conosco. Usa-se com nós antes de algumas palavras, p.ex. : se compara?Ao pé da letra, compara-se conforto de picape com automóvel. É óbvio
Ele deixou a decisão com nós todos. Ele deixou a decisão com nós mesmos. Ele que a intenção é comparar conforto com conforto, ou seja, conforto de picape com
deixou a decisão com nós dois. (Duarte SN. Língua viva. JB, 22.3.98) conforto de automóvel. Vamos corrigir o texto: “Nunca o conforto de uma pick-up se
aproximou tanto do de um automóvel”. Sei que “do de” não é lá algo muito sonoro.
COMBINAÇÃO DE PRONOMES Nem “do que de”. Mas isso é fundamental. Outro exemplo: “Gosto mais dela do que
As combinações de pronomes (to, lho, etc.) são comuns em Portugal até hoje – na de você”/ “Gosto mais dela do que você”. A diferença é simples. Basta ver o que
escrita e na fala - . No Brasil, foram usados até o final do século 19. Em “mo” temos está omitido. Vamos direto ao assunto: “Gosto mais dela do que (gosto) de você”/
a combinação dos pronomes “me” e “o”. No trecho de Lima Barreto: Disse-me que “Gosto mais dela do que você (gosta dela)”. (Cipro Neto P. Inculta & Bela, A Folha
mo deu que... e ele mo deu, o “me” representa o emissor (o “eu”do ser que fala), e o de São Paulo, 10.6.99)
“o” representa o livro. No trecho de Gonçalves Dias: Não te esqueci, eu to juro. Nas comparações, o que se usa: “do que” ou “que”? Tanto faz.
Sacrifiquei meu futuro, Vida e glória por te amar, a coisa é um pouco mais complexa. (Cipro Neto P. Inculta & Bela, A Folha de São Paulo, 17.6.99)
A forma “to” resulta da combinação do pronome oblíquo “te” e do demonstrativo “o”. Nas estruturas comparativas se fecham obedecendo algumas regras. Se o que se
O “te” representa o interlocutor (a mulher a quem o poeta se dirige) e o “o” compara é expresso por um adjetivo, usa-se “tão” para modificá-lo e fecha-se a
representa toda a oração anterior (Não te esqueci). Em Não te esqueci, eu to juro, a comparação com “como” ou “quanto”. Ex.: Ela é tão simpática quanto (ou como) a
oração “eu to juro” equivale a “eu te juro isso (que não te esqueci)”. No português irmã. Se o que se compara é expresso por um verbo, usa-se “tanto” para modificá-lo
brasileiro de hoje, essas combinações de pronomes praticamente não têm registro, e, de novo, fecha-se a comparação com “como” ou “quanto”. Ex.: Ela estuda tanto
seja literário, seja coloquial. O pronome “se” normalmente não se combina com os quanto (ou como) a irmã. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 26.8.01)
pronomes o, a, os, as. A língua padrão rejeita a combinação “se o” apesar de uns Na estrutura comparativa é indiferente usar “que” ou “do que”. Exs.: Ela é mais forte
poucos exemplos na pena de literatos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, do que (que) eu. Ele dorme mais do que (que) eu. Isso vale para casos em que
3.11.02) entram as palavras “melhor” e “pior”. Exs.: Ele joga melhor do que (que) o irmão.
Este é o pior do que (que) aquele. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 4.11.01)
COM CERTEZA
Evite aderir a este chavão. Essa maneira de se expressar perdeu toda e qualquer COMPARECER EM PESSOA
originalidade. (Martins E. De palavra em palavra, O Estado de S. Paulo, 12.2.00) Combinação que deve ser evitada em textos que mereçam linguagem mais cuidada.
(Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.4.01)
COM vs. CONTRA
Sentidos diferentes. Ex. “Rossi é assim, parece que está sempre em luta com o COMPARTILHAR CONOSCO
tempo.” Desculpe, é lógico que o Rossi está lutando CONTRA o tempo.” (Duarte SN, Combinação que deve ser evitada em textos que mereçam linguagem mais cuidada.
Língua Viva, JB, 11.10.98) (Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.4.01)
COMMODITY COMPETIR
Estrangeirismo: mercadoria de bolsa. (Duarte S, Propato V. Portuguese, please. Isto Competir é verbo completo e não defectivo (algumas das formas não são
é, 23.8.00) encontradas no registro culto da língua). Caldas Aulete diz que as formas irregulare
(“eu compito”), apesar de pouco usadas, encontram registro. (Cipro Neto P. Ao pé
COMPARAÇÕES da letra. O Globo, 14.11.99)
As estruturas empregadas nas comparações são um capítulo interessante da
língua. O ponto mais fácil de perceber talvez seja o da omissão do verbo: “A COMPLETADA vs. COMPLETA
felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor. Brilha tranqüila. Depois, de Completo é adjetivo. Deve ser usado quando qualifica um subtantivo (= ao lado do
leve, oscila e cai como uma lágrima de amor”.Trata-se de um trecho de “A substantivo ou após um verbo de ligação). P.ex.: Ele já deu duas voltas completas. A
Felicidade”, música de Tom Jobim e letra de Vinicius de Moraes. É clara a omissão lista dos convocados já está completa. Completado é o particípio do verbo
da forma verbal “cai”: “E cai como uma lágrima de amor (cai)”. O conectivo “como” completar. Devemos usar nos tempos compostos e na voz passiva. P.exs.: Ele tinha
estabelece relação de comparação (de igualdade). A gota e a lágrima caem do completado 40 voltas. Quarenta voltas já foram completadas. (Duarte SN, JB,
mesmo modo. É mais do que comum a omissão de um termo nas comparações. No 21.6.98, p.14).
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destruído pelo fogo (edifício). / O Paraíba é sinuoso (rio). / A Apolo foi à Lua (nave). / ele e o amigo. As gramáticas admitem que, quando o sujeito composto vier depois
O Safira (carro), a Parati (perua). Pode ocorrer o caso de a mesma palavra ser do verbo, este concorde com o mais próximo. Exs.: Estava ali o pai e o filho. Chegou
usada no masculino e no feminino, dependendo do que esteja subentendido: São ele e o amigo. Quer uma sugestão? Evite essa concordância. Ela é muito especial e
Paulo é a mais populosa (cidade). / São Paulo é o mais populoso (Estado). (Martins quase apenas literária. Se houver diversos pronomes como sujeitos, a primeira
E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 6.4.02) pessoa terá predominância sobre as demais e a segunda, sobre a terceira.Exs.: Eles
e eu partiremos amanhã (o pronome eu conduz a concordância). Eu e vocês
CONCORDÂNCIA NOMINAL seremos convidados. Tu e ele vireis aqui. Quando o sujeito é um coletivo ou
Parte 2. Os advérbios são invariáveis. Exs: Ela falava muito alto. A bola rola macio expressão de quantidade isolada, o verbo fica no singular. Ex.: O grupo iniciou o
na Supercopa. Milhares de brasileiros vivem ilegal nos Estados Unidos (melhor: espetáculo. A multidão irritou-se. A maioria ficou. Grande parte saiu. Se a expressão
vivem ilegalmente). Skol é a cerveja que desce redondo. Anexo ou em anexo? de quantidade estiver especificada por palavras no plural, a concordância pode ser
Anexo é um adjetivo, por isso deve concordar. Em anexo é invariável. Exs.: O feita no singular ou no plural. Exs.: A maioria dos atacantes não sabia (ou sabiam)
formulário segue anexo (ou em anexo). Anexos (ou em anexo) seguem os chutar a gol. Boa parte dos habitantes mora (ou moram) na periferia. Grande
formulários. A nota e o troco vão anexos. Encontramos o registro anexo à certidão. quantidade de remédios tinha (ou tinham) a validade vencida. A maior parte dos
Bastante ou bastantes? Como advérbio de intensidade é invariável. Exs.: Eles amigos apoiou (ou apoiaram) a idéia. O mesmo ocorre com o coletivo. Exs.: A
trabalharam bastante para chegar até aqui. Eles ficaram bastante cansados (é multidão de funcionários irritou-se (ou irritaram-se). O bando de ladrões atacou (ou
preferível usar “muito cansados”). Obs. 1: Como pronome indefinido (= antes de um atacaram) os turistas. A tendência moderna, no entanto, é cada vez mais pela
substantivo), deverá concordar com o substantivo. Exs.: Está com bastantes concordância regular, ou seja, com o verbo no singular: O bando de ladrões atacou,
problemas para resolver. (é melhor “muitos problemas”). O dia fica aberto, com a maioria das pessoas. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo,
bastante sol em todas as regiões. (simplesmente “com sol” seria melhor). Devemos 11.9.99)
evitar o uso de bastante como pronome indefinido. Obs.2: Como adjetivo (após um
substantivo = suficiente), deve concordar com o substantivo. Exs.: Ele já tem provas CÔNSUL (FEMININO)
bastantes para incriminar o réu (é melhor “provas suficientes”). As provas já são Por analogia com o caso de embaixador, muitas mulheres que chefiam um
bastantes para incriminar o réu (é melhor “As provas já são o bastante para consulado no Brasil exigem igual tratamento de “a cônsul”, sob a alegação de que
incriminar o réu; é preferível “As provas já são suficientes para incriminar o réu”). consulesa é a esposa do cônsul. Mas nenhum dicionário da língua portuguesa nem
(Duarte SN. Língua Viva. JB. 22.7.01) o Vocabulário da Academia Brasileira de Letras fazem a distinção. Portanto, do
ponto de vista formal, consulesa é tanto a mulher do cônsul como a funcionária que
CONCORDÂNCIA NONIMAL (SUBSTANTIVO + SUBSTANTIVO + ADJETIVO) responde por um consulado. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S.
Homem e mulher católica. Homem e mulher católicos. Rapaz ou moça pobre. Rapaz Paulo, 20.4.02)
ou moças pobres. (Rede Objetivo, Aula de Português, JB, 28.11.95,p.22)
CONSULTAR (REGÊNCIA)
CONCORDÂNCIA NOMINAL (ADJETIVO + SUBSTANTIVO + SUBSTANTIVO) Consultar não pede preposição. Ex.: Eu consultei um médico. (Ramos WO. Não
Antiga biblioteca e livros. Antigos livros e biblioteca. morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001)
CONCORDÂNCIA NOMINAL (UM E OUTRO + SUBSTANTIVO + ADJETIVO) CONCORDÂNCIA VERBAL E VOSSA EXCELÊNCIA E VOSSA SENHORIA.
Um e outro rapaz pobre. Uma e outra mulher honestas. (Rede Objetivo, Aula de Os pronomes de tratamento (= Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa
Português, JB, 28.11.95,p.22) Santidade, Vossa Majestade, Vossa Alteza...) são de terceira pessoa (= você). O
vebo deve obrigatoriamente concordar na terceira pessoa. Exs.: Vossa Excelência
CONCORDÂNCIA VERBAL deve viajar. Vossa Senhoria pode trazer seus convidados. Sua Excelência deverá
O verbo concorda em gênero (singular e plural) e pessoa (fiquei, vamos, pediram) comparecer à reunião. Obs. 1: são formas rigorosamente femininas. Quando se
com o sujeito ou agente da oração. Exs.: O prédio desabou. Eles chegaram ontem. tratar de homem, é recomendável a concordância no masculino. Ex.: Vossa
Pedimos para sair. As vozes ergueram-se em protesto. Nos exemplos existe um Senhoria estava muito cansado. Sua Excelênci parece preocupado. Se houver
único sujeito (ou agente da oração): o prédio, eles, nós (oculto) e as vozes. Quando aposto, a concordância no masculino é obrigatória. Ex.: Sua Excelência, o
o verbo está antes do sujeito, favorece situações como: “Basta” dois dias para o presidente, parece preocupado. Obs. 2: Os pronomes também devem concordar na
trabalho. O certo é: Bastam dois dias para o trabalho. Veja que não haveria dúvidas terceira pessoa. Exs.: Vossa Excelência e seus convidados serão recebidos no
se os termos da oração estivessem na ordem direta: Dois dias bastam para o Salão Principal. Para mais esclarecimentos, estamos a sua disposição. (Duarte SN.
trabalho. O problema ocorre quando existe um sujeito composto, isto é, formado de Língua Viva, JB, 10.6.01)
dois ou mais termos. Na concordância normal, a existência de mais de um agente na
oração leva o verbo para o plural, esteja ele antes ou depois do sujeito. Exs.: A mãe CONDOR (PROSÓDIA)
e a filha atrasaram-se para a missa. Reportagem, crítica e comentário têm lugar num Deve ser lida (corretamente) como oxítono, ou seja, com intensidade no segundo
jornal. Faltaram à solenidade o diretor e o gerente da empresa. Chegaram à festa “o”. Pois bem, basta olhar para a palavra “condor” para saber como pronunciá-la. Se
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fosse paroxítona, ou seja, se a tônica fosse “con”, haveria acento (circunflexo) nesse Facultativo o uso das letras B,C,G e P, seguidas de consoante, desde que não se
“o”. Por quê? Porque todas as paroxítonas terminadas em “r” são acentuadas: éter, altere o sentido da palavra: contacto ou contato (Rede Objetivo, Aula de Português,
caráter, mártir, sóror, fêmur. Como não há acento, condor só pode ser oxítona. Deve JB, 22.11.95,p.22)
ser lida como amor, calor, torpor, andor, estupor, rigor, vetor, valor, opressor,
agressor etc. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O Globo,4.6.00) CONSTATAR
Galicismo ou francesimso (estrangeirismo, palavra calcada no francês) que deve ser
CONFERENCE CALL evitado. Usar: verificar. (Niskier A Na ponta da língua, 24.10.99)
Estrangeirismo: reunião de negócios por meio de vídeo ou telefones. (Duarte S,
Propato V. Portuguese, please. Isto é, 23.8.00) CONSTITUIR e CONSTITUIR-SE
O verbo constituir é transitivo direto. Ex.: Esses parágrafos constituem o núcleo da
CONFIAR obra. O verbo constituir-se rege a preposição em: Esses parágrafos constituem-se
A regência deste verbo exige a preposição em. Ex. Esta é a marca em que o mundo no núcleo da obra. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 16.4.00)
confia (Duarte SN,21.12.97)
CONSTRUIR
CONFORME vs. CONFORMES “Construir” é um dos verbos portugueses que admitem mais de uma forma de
Concordância nominal. Como conjunção conformativa (= segundo, como) é conjugação para um mesmo caso. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 10.2.01)
invariável. Exs.: Fez tudo conforme os procedimentos estabelecidos. Conforme as [Pres. ind.: construo, constróis ou construis, constrói ou construi, construímos,
leis vigentes, esta é a única solução. Como adjetivo, deve concordar com o construís, constroem ou construem; imperat.: constrói ou construi, construí, etc.]
substantivo a que se referes. Exs.: Durante a auditoria, só encontraram produtos (Aurélio eletrônico)
conformes. Ficaram conformes (= conformados) com a atual situação. (Duarte SN.
Língua Viva, JB, 29.7.01) CONSUMAÇÃO vs. CONSUMO vs. CONSUMIÇÃO
O termo “consumação” resulta de galicismo, a palavra vem de “consommation”. O
CONFRATERNIZAR vs. CONFRATERNIZAR-SE “Aurélio” diz que o termo vernáculo seria “consumo” ou “consumição”. O próprio
O verbo não é pronominal. Exs.: Nós confraternizamos com os vizinhos. Todos “Aurélio” se rende à força do uso e dá ao vocábulo “consumação” a definição que
confraternizam no fim do ano. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São todos conhecemos: “Consumo de bebida ou de comida que os clubes e outras casas
Paulo, 21.10.00) de diversões estipulam aos seus freqüentadores.” (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
Globo, 26.11.00)
CONSIGO
Consigo só pode ser usado com o sentido reflexivo, ou seja, a ação recai sobre a CONTAGIOSO vs. CONTAGIANTE
mesma pessoa que a pratica. Exs.: Ele disse consigo mesmo. O fotógrafo trouxe Contagioso aplica-se normalmente a doenças. Exs.: Seu mal era contagioso. O
consigo as anotações do repórter. Os homens carregam consigo as suas penas. médico publicou um estudo sobre moléstias contagiosas. Contagiante deve ser
Guarde a carta consigo. Embora admissível em Portutal, é incorreto no Brasil o uso reservado para os outros sentidos de contágio. Exs.: Tinha uma alegria contagiante.
de consigo para substituir com você, com o senhor. (Martins E. De palavra em Sua tristeza afetava a todos: era contagiante. (Martins E. De palavra em palavra. O
palavra. O Estado de S. Paulo, 4.3.00) Estado de S. Paulo, 23.10.99(
Embora essa forma seja correta em Portugal, evite dizer no Brasil: "Eu vou consigo."
No nosso país, consigo só deve ser empregado com sentido reflexivo, ou seja, a CONTRIBUIR (REGÊNCIA)
ação recai sobre a mesma pessoa que a pratica. Exs.: Veja como usar a palavra: Quando se usa o verbo contribuir, a preposição com introduz o meio utilizado para a
Guarde a carta consigo. / O repórter trouxe consigo as fotos do tumulto. / Ele disse contribuição (dinheiro, roupas, mantimentos etc.); a preposição para introduz o
consigo mesmo. / Os homens carregam consigo as suas penas. (Martins E. De beneficiário da contribuição, ou seja, a quem é destinado o elemento material da
palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 3.11.01) contribuição. Deve-se dizer, pois, que alguém contribui com algo para alguém. Ex.:
Ele contribuiu com dinheiro para as vítimas das enchentes (Cipro Neto P. Ao pé da
CONSISTIR letra. O Globo, 11.7.99)
A preposição correta para consistir é em (O objeto do teste consiste em juntas de “O verbo ‘contribuir’ é usado com a preposição ‘com’ para designar o objeto da
alumínio. (9) contribuição e com a preposição ‘para’ para designar o beneficiário da contribuição.”
Ex.: “Depois desse episódio, muitos deixaram de contribuir para o partido. (com
CONSOANTES DOBRADAS dinheiro, trabalho, móveis etc.). O partido não é o objeto da contribuição; é o
Duplicam-se somente as letras C, R e S.: fricção, forro, passo (Rede Objetivo, Aula beneficiário dela. Aquilo que se dá, que se doa, ou seja, alimentos, roupas, livros,
de Português, JB, 22.11.95,p.22) discos, móveis, dinheiro etc. é introduzido com a preposição “com”: “Contribuí com
R$ 100”; “Contribuí com 20 quilos de feijão”. Outro exemplo: “Ela contribuiu com as
CONSOANTES MUDAS obras do pai”. O que fez a pessoa do último exemplo? Simplesmente doou as obras
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do pai (livros, quadros etc.) para determinado fim. Você pensou que a moça tivesse CORPO-A-CORPO vs. CORPO A CORPO
posto a mão no bolso (ou na bolsa) para que as obras do pai andassem? “Ela No caso de corpo-a-corpo ocorre uma substantivação da expressão “corpo a corpo”
contribuiu para as obras do pai.” No caso, ela poderia ter contribuído com dinheiro (note a presença do artigo “o” antes da expressão em “intensificar o corpo-a-corpo
(ou qualquer coisa) para que as obras do pai avançassem. O uso (incorreto) de com os eleitores”). A expressão “corpo a corpo” (Os candidatos disputam, corpo a
“contribuir” com a preposição “com” para designar o beneficiário da contribuição corpo, uma vaga no segundo turno) não nomeia coisa alguma, ou seja, não tem
(como se viu em “contribuir com o partido”) certamente decorre da contaminação valor de substantivo. Essa expressão designa o modo como ocorre a disputa pela
com “colaborar”, já que é possível colaborar com alguém, com pessoas. vaga. Em “intensificar o corpo-a-corpo com os eleitores”, o composto “corpo-a-corpo”
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 1.10.99) nomeia o contato direto de um candidato com os seus possíveis eleitores.
Ocorre exatamente o mesmo processo que se verifica em “dia-a-dia”, palavra
CONVENCER-SE (regência) composta que resulta da substantivação da expressão adverbial “dia a dia”. O
Verbo transitivo indireto. Se você se convence, convence-se “de” alguma coisa. No composto “dia-a-dia” significa “o correr dos dias”, “o cotidiano” (Ainda é muito duro o
entanto, a omissão da preposição antes da conjunção integrante “que” é outra marca dia-a-dia da maioria dos brasileiros). A expressão adverbial “dia a dia” significa “dia
do português falado no Brasil. Ex.: .. quer convencer-me (de) que o nosso frango.. “ após dia”, “cotidianamente”. (O quadro do paciente evolui dia a dia) (Cipro Neto P. O
e “...gostaria (de) que os especialistas...” (Duarte SN. Língua Viva. JB, 30.4.00) dia-a-dia, o corpo-a-corpo. Revista O Globo, 26.9.04 p.47)
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CRASE E HORAS descrêem, relêem, revêem, entrevêem, prevêem, desdêem (de desdar), etc. (Martins
“Hora” indica tempo e é uma palavra feminina, logo devemos usar o acento grave. E. De palavara em palavra. O Estado de S.Paulo, 21.8.99)
Exs.: Saiu às 10 h. A aula começa sempre às 7h. A reunião será às 8h. A sessão só
começará às 16h. Ele vai sair às 20 h (Duarte SN. Língua Viva, JB, 28.1.01) CREDIBILIDADE vs. CRÉDITO
Credibilidade é o atributo daquilo que merece crédito, não o crédito em sim. Ex. ..
CRASE E NOME GEOGRÁFICO para que todos aqueles que dêem crédito (nunc “credibilidade”) a essas nossas
Para que o a tenha a marca da crase, é necessário saber se o nome de lugar é propostas somem-se a nós (Rodrigues S. Língua Viva, JB. 132.10.02)
precedido de artigo feminino. Se for, então o a terá o acento grave; se não for, não
haverá crase. O grande problema no caso é que a presença de artigo definido CRESCENDO vs. CRESCENTE
feminino antes do nome geográfico é função do uso. Uma regra prática para Crescente é adjetivo e significa “que cresce ou vai crescendo”, que “aumenta
identificar a crase nessas situações é substituir o a ou as por para. Se o certo for progressivamente”. Exs.: chuva de intensidade crescente; mortalidade infantil
para a, use a crase: Foi à França (foi para a França). / Irão à Colômbia (irão para a crescente. Crescendo é o gerúndio de “crescer” e pode-se usar como substantivo
Colômbia). / Voltou a Curitiba (voltou para Curitiba, sem crase). A segunda regra é com o significado de “aumento progressivo”, “progressão”. Exs.: A minha obsessão
empregar a forma voltar de: se o de se transformar em da, haverá crase, inexistente vai num crescendo. Vociferava cada vez mais alto num crescendo de imprecações.
se o de não se alterar: Retornou à Argentina (voltou da Argentina). / Foi a Roma (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 8.7.01)
(voltou de Roma). / Foi a Angola (voltou de Angola). Alguns professores criaram até
uma rima para a melhor compreensão desse fato gramatical: "Voltar da, crase há/ CRIAR NOVO
voltar de, crase pra quê?" (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Ex.:Ele criou novos modelos. Redundância. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 20.12.98.
Paulo, 21.9.02) p.16)
É redundante a expressão “criar novos empregos”. O verbo criar já encerra o sentido
CRASE E PRONOMES DE TRATAMENTO de novo. Ou seja, tudo que se cria é novo, em princípio. Ex.:criar mais 500 mil
Não há crase antes de pronome de tratamento que podem designar tanto homem empregos e não em “criar mais 500 mil novos empregos”. (Martins E. De palavra em
como mulher (Vossa Senhoria, Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa palavra. O Estado de São Paulo, 29.4.00)
Santidade...). Exs.: Comunicamos a V. Sa que ... Solicitamos a V. Exa . Na frase,
“Venho à presença de V. Exa ...”, o acento da crase é obrigatório, pois além da CRIOULO (ETIMOLOGIA)
preposição (= vir a) temos também o artido definido feminino (= a presença). Na origem, quer dizer: “cria da terra”, “filho do local”. A palavra proviria de
(Duarte, SN, JB, 3.1.999, p.16) “criadouro”. Com o tempo, perdeum um “d” aqui e um “r” ali, ganhou um “l” e virou
crioulo. No Brasil da escravidão, o crioulo se opunha ao africano. Este era o escravo
CRASE vs. pronomes pessoais de primeira geração, nascido na África. O crioulo era o já nascido no Brasil, filho de
Antes de pronomes pessoais é impossível haver crase: não há artigo definido uma escrava “que deu cria”. Esse sentido se aparenta ao dos países hispano-
feminino, porque não há o artigo definido feminino a; só temos a preposição a. Ex.: americanos, onde “criollo”, nos tempos coloniais, era o habitante nascido na colônia
O chefe pediu a mim e à colega que trabalhássemos à noite (Duarte, SN, JB, – o branco, não o negro nem o índio –, em oposição ao que nascera na Espanha.
24.5.98, p.14). Na frase, “Venho à presença de Também se aproxima do “créole” francês, palavra usada para identificar o dialeto
falado nas colônicas, mistura do francês com línguas locais. Ou seja: uma língua
CRASE e VERBO IR “criada” no local. (Toledo RP. Dezesseis palavras que choram. Veja 13.2.02 p. 106)
Quando vamos a algum lugar que não tem artigo, não ocorre crase. Daí o velho
“macete”do verbo voltar: Se volta da, crase no à, se volta de, crase pra quê?. No CROMOSSOMA vs. CROMOSSOMO
caso de topônimos não podemos usar o macete de trocar o feminino por um Em vário dicionários (Michaelis, Caldas Aulete, Aurélio antigo) só se dá
masculino (ao = à), porque podem Ter artigo “o”(o Rio de Janeiro, o Brasil), o artigo “cromossomo”. O Novo Aurélio Século XXI e o VOLP da ABL, registram as duas
“a”(a Bahia, a Itália) ou não Ter artigo (São Paulo, Portugal). Exs.: Uma estrada liga formas. A palavra vem do grego. Resulta de “cromo” + “somo”. O elemento “cromo”,
a Suiça à Itália; outra liga a Espanha a Portugal. (Duarte SN. Língua Viva, JB, de que são equivalentes “croma”, “cromato”, significa “cor”, “pigmento”, “tom”.
28.1.01) “Somo”, de que são equivalentes “soma”, “somato”, significa “corpo”, “matéria”,
“corpo humano”. Encontramos esses elementos em termos técnicos como
CRÊ-DÊ-LÊ-VÊ “heliocromia”, “cromatina”, “autossomo”, “somatologia”, “epissoma”, “microssomia”,
Os verbos crer, dar, ler e ver - e seus derivados - são os únicos que na terceira “alossomo” etc. (Cipro Neto P. Inculta. Folha de São Paulo, 31.8.00)
pessoa do plural terminam em - ÊEM. P.ex. eles crêem; eles dêem (Sergio Nogueira
Duarte, JB, 12.10.97) CRONÔNIMO
É preciso atenção com o acento existente em quatro plurais: eles crêem (de crer), [De cron(o)- + -ônimo.] S. m. 1. Designação de divisões do tempo: nomes referentes
lêem (de ler), vêem (de ver) e que eles dêem (de dar). E com seus derivados: ao calendário (domingo, terça-feira, fevereiro, setembro); de eras históricas (Idade
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Média, Hégira), ou de épocas (Quinhentos [o séc. XVI] , Oitocentos [o séc. XIX] ). Nas variedades não-formais da língua, o uso do relativo “cujo” é cada vez menos
(Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI) freqüente. As formas cujo, cujas, cujos e cujas são exclusivas das variedades
formais da língua. Na linguagem coloquial e na popular, o pronome “cujo” costuma
CRUZADOS dar lugar ao “que”, espécie de relativo universal: Aquele rapaz, cujo pai é
Entre os anos de 1095 e 1291 d.C., os seguidores da fé em Cristo tentaram, em oito deputado..., p.ex., diz-se : Aquele rapaz, que o pai é deputado... Também na
expedições consecutivas, reconquistar a cidade sagrada de Jerusalém, tomada linguagem coloquial e na popular, o relativo “cujo” pode dar lugar a uma combinação
então pelos turcos otomanos, de religião muçulmana. Eles se identificavam com do “que” com um possessivo. Em vez de “Aquela moça, com cujo irmão você
uma cruz pintada nas armaduras ou bordadas nas vestes – por isso, receberam o estuda..., p.ex., emprega-se “Aquela moça, que você estuda com o irmão dela...”
nome de “cruzados”. 1 (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 16.3.03)
1. Padilla I. As cruzadas estão de volta. Época. 7 fev 2005;p.68.
CULPAR vs. INCULPAR
CRUZAR vs. CRUZAR-SE No dicionário Larouse, inculpar significa: atribuir culpa, incriminar, acusar, censurar,
Cruzar-se equivale a encontrar-se. Ex.: Eu em cruzo com seu amigo todos os dias. repreender. Logo as duas palavras têm o mesmo significado. No entanto o adjetivo
Cruzei-me com ele agora mesmo. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: “inculpado” tem duas acepções: 1. Que está sem culpa, inocente; ou 2. Que se
Sercore; 2001) inculpou, incriminou, acusado. (Duarte SN, JB, Língua Viva, 19.9.99)
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O verbo custar (seguido de outro no infinitivo) admite facultativamente o uso da DAR DE GRAÇA
preposição “a”. Exs.: Custa-me a dizer isto. Custou-me deixar meu pai. (Ramos W. Redundância. Ex.: O zagueiro deu a bola de graça para o atacante adversário.
Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) (Duarte SN. Língua Viva. JB, 26.8.01)
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Dele corresponde a um pronome possessivo. Ex. O problema dele é não ouvir os DENEGRIR
outros (= o seu problema) Significa “tornar negro, escurecer” e alguns associam `a raça negra. Vejo aqui um
De ele é a preposição de e o pronome pessoal reto ele. Deve ser usado sempre que certo exagero. Existem exemplos como “denegriram-lhe os dentes” e “seus cabelos
ele for sujeito de uma oração reduzida de infinitivo. Ex. Eu cheguei antes de ele sair. denegriram-se com cosméticos” em que não há nenhuma alusão depreciativa ou
(= de que ele saísse).O segredo é o verbo no infinitivo: se houver infinitivo, devemos racista. Questionável seria o uso em exemplos como “denegrir a imagem ou a
usar de ele. Ex. Está na hora de ele chegar. (Duarte SG, JB. 26.10.97) reputaç~ao” e “sua vida denegriu-lhe a alma”. (Duarte SN. Língua Viva, JB,
Eu cheguei antes dele sair (= também esta certo). No entanto prefiro o uso da 16.12.01)
preposição “de” separada do sujeito do infinitivo (Duarte SG, JB, 15.3.98,p.16)
Dele é pronome possessivo. Ex. O problema dele é a paixão por Paula (= o seu DENGUE (GÊNERO)
problema). De ele é a preposição “de” e o pronome pessoal reto “ele”. Usa-se Dengue: substantivo feminino (cast dengue). Medicina: Doença febril infecciosa,
sempre que ele for sujeito de uma oração reduzida de infinitivo. Ex.: Apesar de ele cujos sintomas sobrevêm repentinamente e se caracteriza por fortes dores na
ter chegado, sairei. (Ramos W. Não morda a língua. Aracaju: Sercore; 2001) cabeça, olhos, músculos e articulações, inflamação na garganta, sintomas catarrais
e às vezes erupções cutâneas e inchações doloridas. É causada por um vírus
DELIVERY filtrável, transmitido por duas espécies de mosquitos, o Aedes aegiptii e o A.
Uso abusivo do inglês. Se banirmos o onipresente delivery, será que vamos albopictus; também chamada de “febre dengue”. (Michaelis: moderno dicionário da
conseguir encomendar a pizza habitual? Alguma casa do gênero ainda se lembra do língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos; 1998. p. 653)
anacrônico “entrega em domicílio”.1 Dengue [do espanhol dengue] Substantivo masculino. Medicina: Doença infecciosas
1. Martins E. O certo é...: como fazer bonito na língua do moda. Livraria Cultura produzida pr vírus, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti ...
News [periódico na Internet]. Fev 2005 [citado 17 fev 2005]. Disponível em: (Ferreira, ABH. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed.
http://200.189.177.204/culturanews/n128/htm/mat_03.htm rev. amp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1999. p.622)
Dengue. Substantivo feminino (do castelhano dengue). Brasileirismo. Medicina.
DE + QUE Doença infecciosa benigna propagada por um mosquito, que se manifesta, durante
A língua viva tende a suprimir a preposição “de” antes de “que”. Há casos em que alguns dias, por estados febris, dores musculares e ósseas e erupção cutânea. (=
essa supressão é aceita até por gramáticos conservadores. Ex.: Duvido que você febre-dos-três-dias). (Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Academia das
consiga (embora o verbo “duvidar”devesse ser seguido de preposição). Faço o Ciências de Lisboa. Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia
melhor que sou capaz (de que sou capaz). Nesse último exemplo, pode-se alegar das Ciências de Lisboa. Lisboa: Verbo; 2001.p.1105)
que é gramaticalmente sólida porque trabalha sobre uma elipse: Faço o melhor que Dengue. Substantivo feminino. Doença infecciosa, de origem viral, transmitida ao
sou capaz (de fazer). Mesmo assim, num texto que exija registro formal, recomenda- homem pela picada de mosquitos, esp. Aedes aegypti, caracterizada por febre alta,
se evitá-la. (Rodrigues S. Dúvidas avulsas. Língua Viva. JB, 9.2.03) cefaléia, dor no corpo, fadiga; febre dengue. (Houaiss A, Villar MS. Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva; 2001. p.938)
DEMAIS vs. DE MAIS Dengue. Substantivo feminino (medicina). Doença infecciosa exantemática.
Demais é advérbio de intensidade (= muito) ou pronome indefinido (= o restante, os Formação [universalizou-se pelo termo espanhol dengue, de igual sentido ao
outros). P.ex.: Ela fala demais. Ela está doente demais. Uns reclamavam, os demais português]. (Garcia H, Nascentes A. Dicionário contemporâneo da língua portuguesa
aplaudiam. Isto está resolvido, os demais problemas verermos amanhã. Caldas Aulete. 4 ed. Rio de Janeiro: Delta; 1985. p.970).
De mais, quando apresenta o sentido oposto ao de menos (= após um substantivo Dengue. Substantivo feminino. Medicina. Doença infecciosa das regiões tropicais,
ou pronome). Ex.: Chegar de madrugada não tem nada de mais. Há médicos de transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. (Koogan A, Houaissm A. Enciclopédia e
menos para doentes de mais. dicionário ilustrado. 4 ed. Rio de Janeiro: Seifer: 1999. p. 496).
Sérgio Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, 26.7.98, p.16 Dengue. Substantivo masculino. Doença caracterizada por febre, dores em
músculos... (Nascentes A. Dicionário da língua portuguesa da Academia Brasileira
DEMASIADAMENTE EXCESSIVO de Letras. Rio de Janeiro: Bloch; 1988. p. 187)
Combinação que deve ser evitada em textos que mereçam linguagem mais cuidada. Dengue. Substantivo feminino. Doença infecciosa epidêmica das regiões tropicais...
(Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.4.01) (Larousse Cultural. Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Nova Cultural; 1993.
p. 122)
DEMENCIADO Dengue. Substantivo masculino. Patologia (Nomenclatura Internacional de
Demenciado não existe. Existe demencial e dementado (VOLP 99) p.225 Doenças). Termo geral para uma doença aguda febril, de caráter endêmico ou
epidêmico, causada por um dos Flavivirus do dengue, com quatro tipos sorológicos
DE MENOR vs. MENOR (1, 2, 3 e 4) (Rey L. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. Rio de
O correto é: ela é menor de idade. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Janeiro: Guanabara Koogan: 1999. p. 202)
Sercore; 2001)
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Dengue. Feminino. Diz-se de uma febre epidêmica, acompanhadade erupção e A verdadeira denúnica só pode ser feita pelo Ministério Público. Apenas o promotor
dores articulares... (termo americano). (Figueiredo C. Dicionário da língua pode apresentar uma denúncia. Rigorosamente, você não pode denunciar o seu
portuguesa. 14 ed. 2 vols. Lisboa: Bertrand; 1949. p.811) vizinho porque ele bate na mulher. O cidadão comum “acusa”. Na verdade, nós
estamos falando de uma denúncia formal, pois na linguagem popular o uso de verbo
DENGUE (PRONÚNCIA) “denunciar” já está consagrado. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 24.10.99)
Em Latim, o grupo “ae” se pronuncia [é]. Na verdade, o “e” no grupo “ae” serve para
alterar o som da vogal “a” que passa a ser [é], fenômeno linguístico que se chama DE ONDE vs. DA ONDE
metafonia. Quando as vogais do grupo “ae” se pronunciam separadamente, A forma da onde não existe. Sempre que houver idéia de procedência de algum
costuma-se colocar um trema sobre o “e” para indicar a separação (Machado L. Uma lugar, devemos usar a forma de onde. Exs.: Esta é a cidade de onde ele veio. Quero
nova visão do latim pelo uso da inteligência. Rio de Janeiro: Luiz Machado; 1999. saber de onde você vem. (Duarte SN, Língua Viva, Jornal do Brasil, 27.6.99)
p.21).
Aëdes (Saraiva FRS. Novíssimo dicionário latino-português. 11 ed. Rio de Janeiro: DEPEDRAR, DEPEDRAÇÃO vs. DEPREDAR, DEPREDAÇÃO
Garnier; 2000. p.38) As formas corretas são depredação e depredar e nunca “depedração” e “depedrar”.
Aedis (aedis) (Faria E. Dicionário escolar latino-português. 2 ed. Rio de Janeiro: Depredar e depredação, no entanto, não têm nada que ver com pedra. Depredar,
Campanha Nacional de Material de Ensino; 1956. p.38) por exemplo, vem do latim depraedare, que significa roubar, saquear, espoliar,
Conclusão: Nenhuma dúvida, a pronúncia é “aedis”. devastar, destruir. O verbo tem relação com presa. Depredação, por sua vez, é o
substantivo correspondente, que teve origem na forma latina depraedatione, com o
DENTRE vs. ENTRE mesmo sentido de roubo ou devastação. (Martins E. De palavra em palavra. O
A preposição “entre” só deve ser usada com “unidades”(entre elementos ou entre Estado de São Paulo,17.6.00)
conjuntos). Exs.: A bola passou entre os jogadores da barreira. Ronaldinho ficou
entre o pai a mãe da noiva. Andava entre as árvores da floresta. Desejamos a paz DEPENDURAR vs. PENDURAR
entre as nações. Devemos evitar o uso da preposição “entre”antes de palavras com São sinônimos. Significam: suspender alguma coisa; pôr no prego, empenhar ou não
idéa “coletiva”. Exs.: A bola passou entre a barreira (= no meio da barreira ou entre a pagar uma despesa (no sentido figurado). (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia,
barreira e o juiz). Ronaldinho ficou entre o casal (= entre os pais da noiva ou entre o 4.3.01)
casal e a noiva). Andava entre a floresta (= entre as árvores ou entre a floresta e o
rio). Desejamos a paz entre a população (= entre os homens, entre as pessoas, DE REPENTE vs. DERREPENTE
entre os povos ou entre a população e o governo). Devemos usar a forma “dentre” São isolados os termos desta locução: de repente. (Martins E. De palavra em
(de + entre = do meio de) quando houver idéia de “movimento”. Exs.: Dentre os palavra.O Estado de São Paulo, 11.8.01)
visitantes saiu uma criança correndo. Ronaldinho saiu dentre os relacionados.
Dentre os candidatos surgiu Fulano de Tal. Alguém dentre nós derá escolhido. DERIVAÇÃO REGRESSIVA
(Duarte SN, Língua Viva, JB, 30.1.00) Processo de formação de palavras em que se reduz o verbo (com a eliminação de
Entre: [Do lat. inter.] Prep. 1. Indica, além de outras coisas: a) relação de lugar ou de sua terminação) para que se forme o substantivo. Exs.: comprar, vender, trocar,
estado no espaço que separa duas pessoas ou coisas; b) espaço que vai de um atacar, combater, enviar que formam os substantivos que designam o “ato de”:
lugar a outro; c) intervalo que separa as coisas umas das outras; d) espaço limitado compra, venda, troca, ataque, combate, envio. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
em que uma pessoa ou coisa se encontra; e) meio-termo; intermédio; f) intervalo de Globo, 11.1.04)
tempo que separa dois fatos ou duas épocas; g) escolha de, ou preferência por um
que forma conjunto com outros; h) diferenciação de caracteres ou qualidades; i) DERIVAÇÃO SUFIXAL
situação em que se apresentam duas coisas ou realidades contrárias para que se Processo de formação de palavras em que a um verbo se acrescenta um sufixo.
escolha uma delas; j) circunstância, fato, pormenor, que mal se observa em meio a Exs.: financiar, vencer, incitar, julgar, bater, sofrer, crescer, polir, aos quais se
manifestação ruidosa; l) relação de duas ou mais pessoas ou coisas, afirmada por acrescenta o sufixo “mento”: vencimento, incitamento, julgamento, batimento,
laços de união ou por outras características; m) parte de uma totalidade, ou inclusão sofrimento, crescimento, polimento. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 11.1.04)
de pessoa(s) ou coisa(s) num total; n) o número aproximado de que se compõe uma
quantidade; o) deliberação tomada por diversas pessoas conjuntamente, ou por uma DERIVADOS DE POR (singular e plural)
com o seu íntimo, consigo mesma; [Cf. dentre.] Dentre: [De de + entre.] Prep. 1. Do A forma do singular é põe e a do plural, põem: O humorista põe muitas esperanças
meio de. [Não confundir com entre. ] (Dicionário Aurélio Eletrônicos Século XXI) no novo programa. / Beleza não põe mesa. / Pessoas desajeitadas às vezes põem
tudo a perder. / Os homens põem e Deus dispõe. Os derivados não se alteram:
é entr(e)- compõe, dispõem, repõe, opõem, propõe, supõem, contrapõe, apõem, pressupõem,
1. Equiv. de inter-. etc. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 21.8.99)
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dos 45 minutos oficiais. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio: Record, DISCRIMINAR é “segregar, separar, listar”. Ex.: Uma pessoa pode ser discriminada
1998, p.149) devido à sua cor, à sua condição social ou cultural, à sua religião... Uma nota fiscal
discriminada é aquela em que os itens estão “listados, separados”.
DESCONTO E PERCENTAGEM
Um desconto de 100% já significa que a mercadoria sairá de graça. Impossível um A frase correta é: “O debate pode acabar com o preconceito contra a droga e levar à
desconto de 150%: só se você levar a mercadoria de graça mais a quantia descriminação (ou descriminalização) do seu
correspondente à metade do seu valor. Para ficar claro: 1. Se a mercadoria A subiu uso DESCRIMINAR é “inocentar, tirar a culpa de um crime, deixar de ser crime”.
de R$ 10 para R$ 20, houve um aumento de 100% (dobro); 2. Se a mercadoria B Muitos advogados preferem usar o neologismo DESCRIMINALIZAR. Na frase
baixou de R$ 20 para R$ 10, o desconto é de 50% (metade). (Nogueira SN. Língua proposta por O DESAFIO, o autor não se referia à possibilidade de o usuário da
Viva. JB, 19.11.00) droga vir a ser discriminado, e
sim ao fato de o uso da droga ser descriminado (=descriminalizado), ou seja, “deixar
DESCRIÇÃO vs. DISCRIÇÃO vs.DISCREÇÃO de ser crime”.
Descrição é o ato de descrever. Discrição é o ato de ser discreto. (7)
Discreção não existe. Exs: Ele fez uma descrição completa dos fatos. Ele agiu com DEMOLO vs. DEMULO
muita discrição (Sérgio N.Duarte - Lingua Viva Especial/Dúvida dos leitores - Nenhum dos dois. O verbo demolir é defectivo (= abolir). Não possui a primeira
JB,5.7.98, p.15) pessoa do singular do presente do indicativo e nada do presente do subjuntivo.
(Duarte SN. Língua Viva, JB, 18.11.01)
DESCRIMINAR vs. DISCRIMINAR
Significa “deixar de considerar crime um determinado ato que hoje é considerado DE QUANDO EM VEZ vs. DE VEZ EM QUANDO
como tal”. Ex.: O projeto queria descriminar o uso da maconha e nunca: O projeto As duas formas são corretas. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 30.12.01)
queria descriminar o usuário de maconha. (Duarte SN, Língua Víva, JB, 14.5.00)
DESAPERCEBIDO vs. DESPERCEBIDO
DESCULPAR (FALHA) Desapercebido significa desprevenido e “despercebido” = não notado. X. José
O correto é: desculpe-nos de nossa falha. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. passou despercebido. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore;
Aracaju: Sercore; 2001) 2001.)
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parte, ou seja, a seção comum a dois conjuntos. Por algum dos indecifráveis DETONAR
mistérios da língua, preferimos seção a secção, mas preferimos intersecção a Há mau uso do verbo DETONAR, nos mais variados sentidos. Hoje “detonam” qualquer
interseção. Em Portugal, a coisa é um pouco diferente, Muitas das palavras que aqui coisa. Durante este ano, tivemos a oportunidade de ler e ouvir “coisas” do tipo: “Foi a
têm duas grafias e duas pronúncias lá têm apenas uma grafia (em geral, com a letra avó que detonou nela a verdadeira paixão pela música.” “A estratégia foi suficiente para
muda). Na pronúncia, porém, a tendência é que essa letra muda desapareça. Os detonar uma intensa propaganda boca a boca.” “O Presidente detona o que pode ser
dicionários portugueses, por exemplo, registram a forma “expectativa”, mas não um difícil processo de confirmação.” “É o mesmo fato que detonou a crise do México
registram “expetativa”. Na pronúncia o “c” de expectativa praticamente desaparece. em 94.” É interessante observar que o verbo DETONAR ganhou várias acepções:
Em muitos casos a grafia adotada em Portugal é diferente da nossa. Lá só se começar, iniciar, gerar, expandir, crescer, desenvolver... Isso tudo sem falar na mania
escreve “direcção”; aqui, só “direção”. O Novo Aurélio Século XXI indica os casos de usar o DETONAR como sinônimo de DIZER ou AFIRMAR. Além da pobreza de
em que a grafia é tipicamente portuguesa. O dicionário faz a indicação com a forma estilo (toda metáfora exageradamente repetida perde a expressividade e a graça),
“lus.”, que significa “lusitano”, “lusitanismo”. Os verbos “captar” e “catar”, que em devemos observar as ambigüidades. No exemplo “Foi a avó que detonou nela a
português assumiram significados próprios, vêm da mesma raiz latina verdadeira paixão pela música”, o autor queria referir-se ao fato de ter sido “a avó
(“captare”).Interessante, não? O VOLP da ABL reconhece as formas “veredito”e quem despertou nela a verdadeira paixão pela música”. Porém, um desavisado poderia
“veredicto”; os dicionários, no entanto, só abonam a forma clássica (“veredicto”). imaginar que “a avó teria destruído a paixão pela música”. Fenômeno semelhante
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 20.8.00) ocorre em “É o mesmo fator que detonou a crise do México em 94”. Aqui, o autor se
O Houaiss registra “detetor” como equivalente a detector. O Novo Aurélio e o VOLP referia “ao fator gerador ou ao fator que iniciou a crise do México em 94”. Mais uma
não registram “detetor”. (Cipro Neto, P. Ao pé da letra. O Globo, 13.6.04) vez, o nosso leitor desavisado poderia dar outra interpretação: para ele, é “o fator que
acabou com a crise do México em 94”. Sugiro, portanto, que o verbo DETONAR seja
detonado, no verdadeiro sentido da palavra. E aqui, surge um novo problema:
“Terroristas explodem bomba em hotel lotado de turistas”. É impossível que terroristas
tenham “explodido” uma bomba. É a bomba que explode. O verbo EXPLODIR é
intransitivo (=ninguém explode nada, é a coisa que explode). Na verdade, “os
terroristas DETONARAM uma bomba”. Esse é o uso correto do verbo DETONAR.
Agora, uma sugestão: não devemos substituir “detonar crise” por “explodir crise”. O
problema é o mesmo. Cuidado com as metáforas! Com o desejo de não repetir o verbo
DIZER, é freqüente vê-lo substituído não só por DETONAR e EXPLODIR como
também por “disparou, fulano”, “alfinetou, beltrano”, “dinamitou, sicrano”... Essa
“criatividade” excessiva pode nos levar a “coisas” ridículas, como: “Foram tantos
sucessos que CATAPULTARAM o grupo para a fila do gargarejo da MPB.” Se você
não entendeu a “metáfora”, a “tradução” é a seguinte: “o tal grupo estava, na parada de
sucessos, em 10º lugar; entretanto os últimos sucessos foram tantos que o grupo foi
para o 1º lugar”. Haja criatividade! Assim não dá! Se DETONAR já é difícil de aturar,
imagine CATAPULTAR. (Duarte SN. Língua Viva, JB. 7.12.97)
DEVER + DE
O prof. Domingos Paschoal Cegalla lembra que o uso da preposição “de” após o
verbo auxiliar “dever” encontra respaldo em autores clássicos, mas apenas quando a
locução indica probabilidade. Ex. Deve de ser muito penoso esse trabalho. Entre
falantes do português moderno, a construção anda em desuso, mas não está
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propriamente errada. Não existe nada melhor do que seguir o ouvido, que, DIAS DA SEMANA E CRASE
recomenda o sumiço do “de”. (Rodrigues S. Língua Viva. JB, 11.8.02) De segunda a sexta-feira. De terça a sexta. De segunda a domingo. Não ocorre
crase porque não há artigo definido antes de sexta-feira. Prova disso é que antes de
DEVER-SE, PODER-SE, COSTUMAR-SE, PRETENDER-SE (CONCORDÂNCIA) segunda-feira usamos somente a preposição “de”. So haverá crase quando
Na frase “Não se devem cruzar os braços”, a concordância leva o verbo para o plural definirmos os dias da semana. P.ex.: O torneio vai da próxima segunda à sexta-feira
porque “os braços” é sujeito de “devem cruzar”, equivalendo a “Os braços não
devem ser cruzados”. No entanto, também é possível considerar as expressões com DIAS DA SEMANA E SUFIXO “FEIRA”
“dever, poder, costumar, pretender + infinitivo” como locuções verbais ou não. Daí, o Ele surgiu a partir de uma ordem do imperador romano Constantino (280-337 d.C.).
entendimento ser correto dizer que o sujeito de “dever” é a oração “cruzar os Naquela época, a Páscoa durava uma semana e todos os dias dela eram chamados
braços”, ou seja “Cruzar os braços não se deve (= não é devido). Com isso, Não se feriae. Havia a feria secunda (segundo feriado), feria tertia e assim sucessivamente.
deve cruzar os braços e Não se devem cruzar os braços são duas formas Quando Constantino se converteu ao cristianismo, mudou o nome do primeiro de
adequadas, sem que se mude a análise do pronome “se” (pronome apassivador). feria prima (primeiro feriado) para domenica (dia do Senhor), de onde veio domingo.
Isso só não se aplica a casos em que haja um impedimento semântico, como em E, para o sétimo dia, reintroduziu sábado, em respeito ao Antigo Testamento. Além
“Pretende-se consertar os barcos, já que não é possível entender que “Os barcos disso, exigiu que os nomes dos dias da Páscoa fossem usados para todos os dias
pretendem ser consertados”. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 4.2.01) do ano. Os romanos davam aos dias da semana os nomes dos deuses ligados aos
astros. Havia o dia do Sol, da Lua, de Marte, Mercúrio, Vênus, Júpiter e Saturno.
DIA-A-DIA vs. DIA A DIA Apesar da ordem do imperador, a nomenclatura dos feriae permaneceu apenas na
Dia-a-dia (expressão com valor de substantivo) significa “a sucessão dos dias”, “o região que depois seria Portugal. A maior parte dos povos voltou a adotar os nomes
viver cotidiano”, “o labor de todos os dias”. Ex.: Não é nada fácil o dia-a-dia da maior tradicionai, apenas mudando um pouco as palavras em cada região. Do martis dies
parte do povo brasileiro. (dia de Marte) vieram o martes do espanhol, o martedi do italiano e o mardi, do
Dia a dia (expressão com valor adverbial, indicando circunstância de tempo) significa francês. (Nogueira P. Por que o sufico “feira” nos dias de semana? Globinho, O
“todos os dias”, “quotidianamente”, “à proporção que os dias passam”, “com o correr Globo, 4.8.02. p. 4).
dos dias”, “dia após dia”, “diariamente”. Exs.: Seu estado de saúde melhora dia a
dia. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. JB, 4.4.99,p.18 DIAS DO MÊS
Devemos escrever sem hífen, quando dia a dia significa “diariamente”(= expressão Na pergunta, não há discussão. Sempre devemos usar o verbo ser no singular: Que
adverbial). Ex.: Sua fama cresce dia a dia. Devemos escrever com hífen quando a dia é hoje? Quanto à resposta, há polêmica. Alguns autores defendem que o verbo
expressão dia-a-dia estiver substantivada. Ex.: Carlos Germano e Athirson falam do ser deva concordar com a expressão numérica, logo: Hoje são 16 de maio. A
dia-a-dia na semana decisiva (Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil, 11.7.99) verdade, entretanto, é que ninguém fala desse modo. Todos dizem: Hoje é 16 de
Dia a dia é usado sem hífen, quando significa diariamente e dia-a-dia (com hífen), maio. O uso do verbo no singular está consagrado. Para evitar polêmica, basta
significando cotidiano. Ex.: Dia a dia piora a situação do rapaz na empresa. O dia-a- dizer: Hoje é dia 16 de maio. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 16.5.99, p.12)
dia daquela moça é monótono. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 2.1.2000) Na indicação de hora, data e distância, o verbo “ser” costuma concordar com o
Dia-a-dia é substantivo = rotina. Dia a dia é advérbio = diariamente. Ex. A inflação número que lhe é próximo. Exs.: De S. Paulo a Campinas são 97 quilômetros. Já
aumenta dia a dia. O dia-a-dia de um operário não é brincadeira. (Ramos W. Não são duas horas. São quinze para o meio-dia. Hoje são 7 de março (o que se explica
morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) pela elipse da palavra “dia”). No caso das datas, o uso real é outro. A tendência é
para : Hoje é 7 de março. Como se vê, a forma “são” é indiscutível, mas a forma “é”
DIACRONIA tem razão de ser. Se a palavra “dia” estiver explícita, o singular é obrigatório (Hoje é
Verbete: diacronia [De di(a)- + -cron(o)- + -ia.]S. f. Ling.1. Caráter dos fenômenos dia 7 de março). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 5.8.01)
lingüísticos, sociais, culturais, etc., observados quanto à sua evolução no tempo.
[Cf. sincronia.] .Ex.: Ao analisarmos diacronicamente (= quanto a origem da palavra), DICIONÁRIOS
a presença da partícula se no verbo suicidar-se caracteriza uma redundância . A nova edição do Aurélio (1999) apresenta 28 mil novos verbetes, totalizando cerca
de 180 mil verbetes. O dicionário Michaelis tem um pouco mais de 200 mil e o
DIA DO TRABALHADOR vs. DIA DO TRABALHO dicionário Houaiss, a ser lançado este ano, vem com aproximadamente 230 mil
A fórmula correta é Dia do Trabalhador, dia criado para homenagear não o trabalho, verbetes. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 13.2.00)
mas aquele que trabalha. O português Caldas Aulete, criado em 1881, teve uma edição brasileira na década
de 60, enquanto o Laudelino Freire foi editado em 1942. Ambos não foram
DIAS DA SEMANA reeditados nem atualizados. O dicionário Aurélio foi considerado pelo seu próprio
Sempre por extenso, uma vez que a semana não é uma série numerada de feiras. organizador um dicionário de porte médio. Apresenta cerca de 140 mil verbetes. No
So contrário, seria certo ler “3a-feira”como “terceira-feira”. (6) Houaiss (Antonio Houaiss, 1915-1999), espera-se um dicionário de dois volumes
com 200 mil verbetes. Houaiss coordenou a edição brasileira das enciclopédias
Delta-Larousse e Mirador. Lançado há dois anos, o dicionário da Melhoramentos,
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embora anuncie um conteúdo de 200 mil verbetes, ainda não angariou a simpatia do preposição estaria correto: (Isso) é difícil de engolir. No segundo exemplo, “engolir” é
público brasileiro. O Aurélio foi concebido por Aurélio Buarque de Holanda (1910 - sujeito, logo a preposição é desnecessária. (Duarte SN, JB. 21.6.98, p.14)
1989), no final da década de 60. Hoje é coordenado por sua viúva Marina Baird
Ferreira. O Vocabulário Ortográfico da ABL tem mais de 400 mil verbetes. (Lamego DIGNATÁRIO vs. DIGNITÁRIO
V. Guerra dos dicionários. JB, 6.8.00) O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa registra as duas formas. (Duarte
Tão longe que o interesse em catalogar palavras e descobrir seus significados SN. Língua Viva. JB, 23.7.00) Verbete: dignitário. [De um *dignitatário < lat. dignitate,
começou há 27 séculos, quando os habitantes da antiga Mesopotâmia gravaram em com haplologia.] S. m. 1. Aquele que exerce cargo elevado, que tem alta graduação
uma lasca de pedra algumas palavras que lhes chamaram a atenção. Talvez esse já honorífica, que foi elevado a alguma dignidade (2). (Aurélio eletrônico)
pudesse ser considerado o primeiro dicionário da humanidade. Dados comprovam
que a história desse inseparável amigo dos leitores se inicia nada menos que no DÍGRAFO
século III antes de Cristo, e isto se deu primeiramente com os gregos. Muito tempo Grupos de duas letras que representam apenas um fonema: ch, nh, lh, rr, ss, xc, sç,
depois (1502 depois de Cristo), foi a vez do Dictionarum Interpretamenta, do italiano etc. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 28.9.03)
Ambrogio Calepino. Em 1565, o inglês Thomas Cooper fez o Thesaurus Linguae
Romanae et Britannicae. Mais tarde, surgiram o Covarrubias, na Espanha, o Caldas DIMER
Aulete, em Portugal, o Johnson e o Webster, nos países de língua inglesa, e em Estrangeirismo. Usar variador de luminosidade.
1975, o famoso Aurélio, no Brasil. No entanto, em 2001, surge no mercado, (Martins
E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 29.9.01) DIMINUTIVO COM “S” e “Z”
Mantém-se o “s” na formação do diminutivo de substantivos cuja última sílaba
DICOTOMIA comece ou termine em “s”: casa/casinha, lápis/lapisinho, japonês/japonesinho,
Palavra de origem grega. O prefixo “di” significa “dois” e “tomo”significa “parte”. No asa/asinha. Nos demais casos, o diminutivo é feito com “z”: mãe/mãezinha,
Larousse: 1. Divisão em dois; oposição entre duas coisas. 2. Divisão de um conceito pai/paizinho, homem/homenzinho, colar/colarzinho. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
em duas partes, que abrangem todo o conceito. (Duarte SN, Língua Viva, JB, Globo, 2.12.00)
22.8.99) Usa-se normalmente o z nos diminutivos: pé, pezinho; só, sozinho; café, cafezinho.
Emprega-se o s, porém, se a palavra original contiver essa letra no final: Luís,
DICIONÁRIO vs. ENCICLOPÉDIA Luisinho; chinês, chinesinho; rosa, rosinha. Cuidado com dois diminutivos que têm s
O dicionário define os signos e dá informações sobre eles, mas exclui os nomes e z. Pai dá origem a paizinho, com z (não existe s no original), enquanto país, que já
próprios. A enciclopédia, que, lato sensu, significa o conjunto completo de tem s, resulta em paisinho (pequeno país). (Martins E. De palavra em palavra, O
conhecimentos - dá informações sobre as coisas (e não sobre os signos) e arrola Estado de S. Paulo, 17.1.01)
nomes próprios. (Garcia, 1996, p. 191)
DIMINUTIVO PLURAL
DIFERENCIAR vs. DIFERENÇAR Para fazer o plural de um diminutivo, devemos por a palavra primitiva no plural e
Diferenciar: [Do fr. différencier, poss.] V. t. d. 1. Diferençar (1 e 2). depois acrescentar o sufixo do diminutivo (zinho, zinha, zito), passando a desinência
2. Anál. Mat. Determinar a diferencial de (uma função). V. t. d. e i. do plural para depois do sufixo. Ex. papelzinho; papel = papéis + zinho + s =
3. Diferençar (4). V. p. 4. Diferençar (5) [Pres. ind.: diferencio, diferencias, papeizinhos; flor= flores + zinha + s = florezinhas. Os acentos gráficos não são
diferencia, etc.] necessários no diminutivo porque a sílaba tônica é a antepenúltima, p.ex.
Diferençar: [De diferença + -ar2.] V. t. d. 1. Estabelecer diferença ou distinção entre; papeizinhos. No entanto, o til permanece pois não é acento (é sinal de nasalização);
tornar diverso; diversificar, distinguir 2. Conhecer distintamente; discriminar, p.ex. coraçãozinho = coraçõezinhos
distinguir 3. Anál. Mat. Calcular as diferenças finitas de (uma função ou seqüência). Quando o plural é feito com o sufixo “inho” é correto que seja feito apenas com a
V. t. d. e i. 4. Tornar diverso; distinguir. V. p. 5. Distinguir-se por alguma diferença. desinência “s”. Ex. pais - paisinhos (em vez de paisezinhos); luz - luzinhas (em vez
[Sin. ger.: diferenciar. Conjug.: v. laçar. Pret. imperf. ind.: diferençava, .... de luzezinhas) e cruz-cruzinhas (Duarte RN, 14.12.97) (Duarte SN, JB, Língua Viva,
diferençáveis, diferençavam. Cf. diferençáveis, pl. de diferençável.] (Dicionário 26.11.00)
Eletrônico Aurélio Século XXI) A formação do plural das palavras que fazem o diminutivo com os sufixos – zinho ou
Na verdade, são sinônimos. Segundo os nosso dicionários, “diferençar” significa – zito segue a seguinte regra: 1. Põe-se a palavra primitiva no plural: jornais, papéis,
“fazer diferença” e diferenciar, entre outras acepções, também pode ser usado no faróis, balões, cães, fores... 2. Acrescenta-se o sufixo e a desinência do plural (= s)
sentido de “fazer diferença”. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 27.2.00) passa para o final da palavra: jornai + zinho + s = jornaizinhos; papei + zinho + s =
papeizinhos; faroi + zinho + s = faroizinhos; balõe + zinho + s = balõezinhos; cãe +
DIFÍCIL vs. DIFÍCIL DE zito + s = cãezitos; flore + zinha + s = florezinhas. (Duarte SN, JB, Língua Viva,
É difícil de engolir ou É difícil engolir. As duas construções estão certas. No primeiro 19.9.99)
exemplo, a interpretação é de que o sujeito (isso) estaria oculto e o uso da Quando a palavra primitiva forma plural apenas com a desinência “s”, basta colocá-
la depois do sufixo diminutivo. Exs.: chapéu (s) + zinho = chapeuzinhos; degrau (s) +
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zinho = degrauzinhos; pai (s) + zinh = paizinhos; alemãe (s) + zinho= alemãezinhos . deriva, à distância, à mão, à medida que, à moda de, à procura de, à proporção que,
(Duarte SN. Língua Viva, JB, 7.10.01) à revelia, à toda, à vista... Adoto a crase, ou seja, sugiro o uso do acento grave para
todos os adjuntos adverbiais femininos: à vista (de modo), à distância (de lugar), às
DISCRIMINAR vs. DESCRIMINAR vezes (de tempo), à mão (de instrumento) (Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil,
Discriminar é segregar, separar listar. Exs.: Uma pessoa pode ser discriminada 27.6.99).
devido à sua cor... Uma nota fiscal pode ser discriminada. Vencer a distância (= A distância foi vencida. A distância é objeto direto). Vencer à
Descriminar é inocentar, tirar a culpa de um crime, deixar de ser crime. Ex. O debate distância (= à distância indica o lugar. É um adjunto adverbial) (Duarte SN. Língua
pode acabar com o preconceito contra a drogra e levar à descriminação do seu uso Viva. JB. 29.8.99)
(Duarte, SN, 23.11.97)
DISTINGUIR (PROSODIA)
DISPONIBILIZAR O VOLP e os diversos dicionarios registram esse verbo sem trema, portanto não
Não há registro de tal verbo em nossos dicionários. (Duarte SN, Língua Viva, Jornal reconhecem como culta a pronuncia do “u”, nem no infinitivo nem nas flexões. (Cipro
do Brasil. 18.7.99) Neto P. Ao pe da letra. O Globo, 14.10.01)
O verbo disponibilizar está na nova edição (1999) do Aurélio. (Duarte SN. Língua
Viva, JB, 13.2.00) DISTORCER vs. DESTORCER
Distorcer é provocar distorçao, interpretar modificando intencionalmente o
DISPOSIÇÃO E CRASE significado. Distorção é o “ato de desviar ou distorcer”.
Estou à disposição. Para provar que há crase, basta subsituir a palavra feminina (= Destorcer significa “endireitar o que estava torcido, tornar direito, virar, voltar para o
disposição) por uma masculina (=dispor). Estou ao dispor (ao = à) (Duarte, SN, lado oposto”. O ato de destorcer é destorcimento (não existe destorção) (Sérgio N.
Língua Viva, JB, p.16,22.11.98) Duarte - Lingua Viva Especial/Dúvida dos leitores - JB,5.7.98, p.15)
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destruir em parte ou quase completamente. Assim sendo, dizer que uma raca foi vários cursos: Atualização em Língua Portuguesa, Redação Empresarial, Inglês para
“totalmente dizimada” seria teoricamente um absurdo. O mais provavel e que tenha Executivos, Matemática; 3. Para anunciar citação (fala de alguém ou transcrição do
sido completamente exterminada. (Duarte SN, Lingua Viva, JB, 2.12.01) que alguém escrevera). Ex.: Afirmou o diretor: “Este anos crescemos mais que o
esperado.”. Perguntou-se: “Quem assinou o documento?”. 4. Modernamente, é
DÓ (GÊNERO) usual após as palavras observação, nota, exemplo. (Nogueira SN. Língua Viva. JB,
Esse substantivo é masculino. Ex.: Tenho um dó dele. Na língua do dia-a-dia, talvez 19.11.00)
por influência do sinônimo feminino (“pena”) , essa palavra é usada como feminina Quando os dois-pontos antecedem o início de uma citação textual, o trecho seguinte
(“uma dó”, “a dó”). “Dó”é da mesma família de “dor”, “doente”. “Doer” vem do latim será iniciado por maiúscula. Ex. Senador Arruda confessa: “Li a lista”. Quando se
“dolere” (“sentir dor”, “afligir”, “deplorar”, “lastimar”). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O trata de enumeração ou de simples explicação do que foi dito antes, o que vem
Globo, 2.9.01) depois dos dois-pontos começa com minúscula. Ex.: Podem acusar-me: estou com a
Não existe explicação lógica ou racional para o gênero das palavras. Qualquer consciência traqüila. São muitos os problemas das grandes cidades brasileiras:
tentativa de comprovação lógica do porquê de uma palavra ser feminina ou violência, falta de morada, transporte coletivo ruim, etc. (Cipro Neto P. Ao pé da
masculina é pura perda de tempo. Gênero não se explica, não se comprova. Não é letra. O Globo, 29.4.01)
questão matemática; é apenas resultado do uso. Em se tratando de língua culta ou
exemplar, vale o que se registra nos textos cultos, é claro. (Cipro Neto P. Ao pé da DOIS PRONOMES E CONCORDÂNCIA
letra. O Globo, 6.1.02) Quando os dois pronomes estão no plural, existe a possibilidade de flexionar o verbo
com qualquer dos pronomes. Ex.: Muitos de nós sabemos perfeitamente de onde
DOÇARIA vs. DOCERIA veio todo esse dinheiro, mas... Isso vale para “muitos de nós”, “muitos de vós”,
Estabelecimento que vende doces. Na verdade, as duas grafias figuram nas fontes “alguns de nós”, “alguns de vós”, “quais de nós”, “quais de vós” e casos
de referência mais recentes. Assim, as edições do ano passado do dicionário Aurélio semelhantes. No exemplo citado, se tivesse optado por “sabem”, o político não teria
e do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de deixado claro que integra o grupo formado pelos que sabem perfeitamente de onde
Letras, admitem tanto doceria como doçaria. Doceria é realmente a mais usada. veio o dinheiro. Na verdade, com a opção por “sabem” seria mais forte a impressão
Uma observação: doceira é apenas a mulher que faz doces e não a casa comercial de que ele tem certeza de que entre os seus pares há sabedores da origem do
que vende essas guloseimas. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São dinheiro, mas ele não integra esse grupo. Ao dizer “sabemos”, o parlamentar deixou
Paulo, 7.10.00) implícito o pronome “nós”, o que permite deduzir que é bem provável que ele seja
Essas duas terminações (-aria e –eria) aparecem em palavras que designam a idéia um dos integrantes desse “nós”. Quando, por outro lado, o primeiro pronome estiver
de lugar. Exs.: sorveteria, lavanderia, bilheteria (terminação –eria); papelaria, no singular (Qual de nós?; Qual de vós?; Qual de vocês?; Algum de nós; Algum de
peixaria, pastelaria (terminação –aria ). Contrariando o que se vê no uso efetivo da vós; Algum de vocês ou casos semelhantes), o verbo obrigatoriamente fica na
língua de nosso país, muitos dicionários brasileiros só registravam a forma “doçaria”, terceira pessoa do singular. Exs: Qual de nós conhece o caminho? Qual de vocês
rara por aqui, mas comuníssima em Portugal. O VOLP da ABL e o Aurélio registram pode resolver a questão? Nenhum de nós tinha coragem de enfrenta-lo. Algum de
as duas formas: doçaria e doceria. No Houaiss, só se encontra a forma lusitana vós quer ir? Nenhum dos diretores compareceu à sede. Com as expressões “cada
“doçaria”. O predomínio das formas terminadas em –aria é absoluto em Portugal (ex. um de nós”; “cada um de vocês” e semelhantes, o verbo também fica na terceira
lá se diz lotaria e não loteria). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 14.7.02) pessoa do singular. Exs.: Cada um de nós sabe o que deve fazer para... Cada um
de nós deve procurar... Cada um de vocês seguirá.1
DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS 1. Cipro Neto P. “Muitos de nós...”. O Globo. 23 out 2005;Revista O GLOBO:p.25.
Esta expressão estaria errada por quer quer insinuar uma situação de ambigüidade,
isto é, atitudes diferentes. Logo, o certo seria um peso e duas medidas. Outros DOIS PRONOMES PESSOAIS E CONCORDÂNCIA COM VERBO SER
pensam que não. Por exemplo, o Romário e o Bimbinha faltam ao treino. O clube Se houver dois pronomes pessoais (um na posição de sujeito e outro na posição de
perdoa o primeiro e multa o segundo, ou seja, as faltas, por terem pesos diferentes predicativo do sujeito), o verbo ser concordará com o primerior (= sujeito). Exs.:
para os dirigentes, receberam duas medidas diferentes. A ambigüidade, talvez, Você não é eu. Eu não sou você. Nós não somos vocês. (Sérgio Nogueira Duarte -
esteja no fato de atribuirmos dois pesos diferentes para fatos iguais e tomarmos, Língua Viva - JB, 16.8.98, p.16)
conseqüentemente, duas medidas diferentes. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 14.2.98,
p.8) DOLO
Palavra de origem latina que significa “má-fé, logro, fraude, vontade
DOIS PONTOS (USO) conscientemente dirigida ao fim de obter um resultado criminoso ou de assumir o
1. Para anunciar uma explicação. Exs.: A razão é óbvia: o Norte ainda não foi risco de o produzir”. Recomenda-se a pronúncia erudita (dólo) com o o aberto.
invadido como o Sul pelos estrangeiros. Quando se trata de trabalho científico, duas (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 20.6.99. p.21)
coisas devem ser consideradas: uma é a contribuição teórica, a outra é o valor Os dicionários e as gramáticas são unânimes no que diz respeito a essa palavra: o
prático. 2. Para anunciar uma enumeração. Ex.: Todo homem tem três caracteres: o primeiro “o” é aberto mesmo. Já o primeiro “o” do adjetivo (“doloso”) tem timbre
que ele exibe, o que ele tem e o que ele pensa que tem. Nossa empresa oferece fechado. Segundo o “Aurélio”, “dolo” é “vontade conscientemente dirigida ao fim de
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obter um resultado criminoso ou de assumir o risco de o produzir”. (Cipro Neto P. Ao É uma questão de estilo. No Brasil não se deve usar duas preposições. Exs.: Ante o
pé da letra, O Globo, 9.7.00) exposto, julgo procedente a ação (e não ante ao). Ele foi até o fim (e não até ao). É
preciso ter respeito pelo adversário (e não para com). Passou a bola entre as pernas
DOM (e não por entre). Chutou a bola sobre o travessão (e não por sobre). Em Portugal é
Dom se utiliza sem artigo e se liga ao primeiro nome. Ex.: Dom Eugênio e não Dom freqüente o uso de duas preposições. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 21.5.00)
Sales. Exceção no Brasil: Dom Sebastião Leme (arcebispo do Rio de Janeiro, de
1930 a 1942) era chamado Dom Leme. (Castro M. A imprensa e o caos na DUBLÊ
ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998. Dublê é um substituto e não quem exerce dupla função. Ex. errado: Cálculo é de
Mário Trigo, dublê de dentista e securitário. (Duarte, SN, JB, 31.5.98, p.14)
DOMICÍLIO
Exs.: Fazem-se entregas em domicílio.Dão-se aulas em domicílio. Troque domicílio DUELO
por casa. Como ficariam as frases? Fazem-se entregas em casa. Dão-se aulas em Os dicionários Caldas Aulete e Michaeleis: “contenda entre dois indivíduos ou dois
casa. Portanto, para definir a entrega ou para indicar situação estática, usa-se em e estados”. Logo está errado: Trava-se o duelo entre o motorista inteligente, o “sinal
não a. Só quando empregado com verbos que indiquem movimento ou burro’e o comprimento da lei, ali fiscalizada pelos pardais. (Duarte SN, Língua Viva,
deslocamento, domicílio pode ser antecedido por a: Levou a encomenda a domicílio. JB, 5.9.99)
(Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S.Paulo, 9.10.99)
DUPLA COLOCAÇÃO PRONOMINAL vs. MESÓCLISE
DOURAR A PÍLULA Mesóclise (meso = meio) é a colocação do pronome oblíquo no meio do verbo,
A expressão surgiu de uma prática das farmácias antigas, que consistia em usada somente no tempo futuro (?). A dupla colocação pronominal (ex. E Caetano
embrulhar as pílulas em finos papéis, com o fim de preparar psicologicamente o revelou-se-me), caso não comum na língua portuguesa e bastante corriqueiro na
cliente para engolir o remédio. Era para que a pílula parecesse algo “lindo”, língua espanhola, que aliás, não tem mesóclise. (Regadas LEP. Diogo Mainardi.
disfarçando o “gosto ruim” do remédio. Assim, sendo, metaforicamente, “dourar a Cartas. Veja, 7.8.02. p.29)
pílula” é “fantasiar a realidade”, é dar uma aparência linda para um “remédio”de
gosto amargo. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 21.1.01) DUPLA NEGAÇÃO
Quando se diz “não vejo nada”, entendemos que a pessoa nada vê, mas uma
DOUTOR (ETIMOLOGIA) análise lógica que transformasse os elementos da frase em sinais de valor
Procede do verbo latino docere, ensinar, de onde também vem docente. Doutor já matemático autorizaria a conclusão de que um termo negativo (não) anula o outro
estava no português no século 13. A rainha Dona Maria I, de Portugal, decretou que (nada), isto é, a pessoa “vê tudo”. Esse raciocínio pode até valer para o inglês, que
os advogados faziam jus ao título de doutor, antes direito apenas dos médicos e considera a dupla negação um erro gramatical, mas não para o português, que a
professores. (Silva D. Advogados e brocardos. Língua Viva. JB, 20.7.03) admite. A dupla negação vem de longe, da primeira infância do português, o que lhe
garante assento cativo naquilo que se costuma chamar de “espírito da língua”.
DOWNLOAD (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 1.12.02)
Estrangeirismo: baixar um arquivo. (Duarte S, Propato V. Portuguese, please. Isto é, Nos países de língua inglesa, embora considerada gramaticalmente incorreta, é
23.8.00) usada na linguagem coloquial, especialmente pela parte menos instruída da
população. Também ocorre em letras de músicas populares, como na célebre (I
DRENO DE PENROSE can’t get no) Satisfaction, dos Rolling Stones. A dupla negação ocorre ampla e
De Charles Penrose (1862–1925), ginecologista norte-americano. (Bacelar S, institucionalmente, no francês (ne... pas) (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 8.12.02)
Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de
Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de Brasília) DUPLEX vs. DÚPLEX
Segundo os dicionários deveríamos dizer dúplex. A última edição do VOLP da ABL
DUAS METADES registra as duas formas. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 7.11.99)
Trata-se de redundância. (Duarte, SN, JB, 7.6.98)
DUPLO TRATAMENTO
DUAS METADES IGUAIS Quando em uma mesma frase, empregamos verbos em pessoas diferentes. Ex.:
Não se pode dividir em duas metades iguais (redundância da redundância). Metades Diga-me com quem andas. O primeiro verbo está na terceira pessoa e o outro na
são sempre duas e, se não fossem iguais, não seriam metades. (Duarte SN, JB, Segunda. Deveríamos Ter escrito: Diga-me com quem anda ou Diz-me com quem
23.11.97) andas. (Duarte SN, Língua Viva, JB. 1.8.99)
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Pleonasmo. Ex. O time do Fluminense, durante o decorrer do primeiro tempo... Esse sinaal é popularmente conhecido como “e comercial” e, em inglês, tem o nome
(Niskier A . Na ponta da língua, O Dia, 3.12.00) de ampersand, que vem de and (e) + per se (por si em latim) + and. (Pimenta R. A
casa da mãe Joana. Rio de Janeiro: Campus; 2002. p.12.
DURA REALIDADE
Voltar à dura realidade. E se fosse “mole”. Basta “voltar à realidade” (Sérgio EE e EO e ACENTUAÇÃO
Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, 5.7.98, p.16) Nos grupos “ee” e “oo”, ocorre acento circunflexo no primeiro “e” e no primeiro “o”
quando tônicos, em palavras como “enjôo”, “vôo”, “vôos”, “magôo”, “perdôo”, “dêem”,
DUZENTOS (ORDINAL) “crêem”, “vêem” (que é do verbo “ver”), “lêem” etc. Mas nada de acentuar “boa”,
O ordinal relativo a duzentos é “ducentésimo”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O “pessoa”, “garoa” etc. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 6.2.00)
Globo, 28.7.02)
EFAVIRENZ (PRONÚNCIA)
DVD Efavirenz (ef-FAH-ver-enz) is used with other medicines in the treatment of the
Era Digital Video Disc e virou Digital Versatile Disc. infection caused by the human immunodeficiency virus (HIV). HIV is the virus that
V. A língua inglesa na Medicina (www.metodologia.org) causes acquired immune deficiency syndrome (AIDS). Logo, a acentuação é na
segunda sílaba: efáverenz. (Medlineplus Health Information, National Library of
ECO Medicine.
Vício de linguagem em que há concorrência de vocábulos com a mesma terminação http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/druginfo/efavirenzsystemic203687.html#Brands
(A flor tem odor). (Medeiros, 1996, p.95) V. “A língua inglesa na Medicina” www.metodologia.org
Fenômeno produzido pela reflexão do som (ao encontrar uma superfície, as ondas
sonoras mudam de direção), em que numa distância igual ou maior que 17 m (no ar, EFEITO SUSPENSIVO
o som percorre 34 m em 0,1 s), o som refletido percorrerá o mesmo caminho de Outro erro comum no jornalismo esportivo é: “entrar com efeito suspensivo”. “Efeito”
volta. Quem estiver no lugar em que o som foi emitido perceberá o mesmo som é conseqüência. Ninguém “entra” com efeito suspensivo. Isso é algo que se pede. O
novamente (eco). certo, portanto, é dizer que se “pediu efeito suspensivo”. (Duarte SN, Língua Viva,
JB, 24.10.99)
ECO (ETIMOLOGIA)
O elmento “eco” vem do grego oikos e significa “casa, lar, domicílio, meio ambiente”. ELEFANTE BRANCO (ORIGEM)
Na sua origem, economia é a arte de administrar a casa. Hojé é a ciência que trata No antigo Sião, o rei presenteava um súdito cuja situação estava ruim com um
da produção, distribuição e consumo de bens. É a administração do sistema elefante branco, animal sagrado e, como tal, não podia exercer nenhum tipo de
produtivo de um país ou região, ou seja da “casa” em que vivemos. Daí a ecologia trabalho. Presente de rei não podia ser nem vendido nem dado a ninguém. O infeliz
que é o estudo (= logia) das relações entre os seres vivos e o meio (= eco) em que que já estava com dificuldades via sua vida piorar cada vez mais, pois o elefante
vivem. Não devemos confundir com “eco” de ecocardiografia e de tinha que ser alimentado, tratado, etc. A frase é um elefante branco é muito usada
ecoencefalograma. Nessas palavras, o elemento “eco” vem do grego echos e para designar coisas improdutivas, que não servem para nada. (Niskier ª Na ponta
significa “som, eco”. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 6.5.01) da língua. O Dia, 29.4.01)
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Essa palavra não aparece no VOLP e nem nos dicionários. Mas é possível definir a críticas de seus opositores? - o adjetivo “irritado” não concorda com o pronome de
questão por semelhança. Há registro de “eletrossiderurgia”, “eletrossoldadura”, tratamento “Vossa Excelência”, formalmente feminino, mas com o sexo do ser
“eletrossíntese”, “eletrorretinográfico”, “eletrorradiologia”, “eletrorrefinação”. Ocorre representado por ele) ou com o gênero do tipo de ser nomeado (São Paulo é cada
com “eletro” (variante de “electro”) o que ocorre com vários elementos de vez mais agressiva e inóspita – “agressiva” e “inóspita”, adjetivos femininos, não
composição, como “multi”, “mega”, “mini”, “pluri”, ou seja, não há hífen, e dobra-se o concordam com São Paulo, nome masculino, mas com a palavra cidade, de que São
“s” ou o “r”, quando necessário . (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 5.12.99) Paulo é exemplo). A silepse de número ocorre quando se troca o singular pelo
plural: Turma, turma, prestem atenção!. A flexão verbal “prestem”, da terceira pessoa
ELIPSE do plural do imperativo afirmativo de “prestar”, não concorda com a forma da palavra
A elipse é um procedimento estilístico que consiste na omissão de um termo que o “turma” (singular), mas com seu significado (“alunos”, “meninos”, “amigos”, etc.). A
contexto ou a situação permitem facilmente suprir.” . Ex.: “Paulo era mais agressivo, silepse de pessoa ocorre quando não se faz a concordância com a pessoa
Pedro mais dissimulado.” Que termo está elíptico? A forma verbal “era”: “Paulo era gramatical do ser nomeado, mas com a de um ser subentendido. Esse caso é muito
mais agressivo, Pedro era mais dissimulado.” (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O comum quando se troca a terceira do plural pela primeira. Ex.: Os brasileiros
Globo, 1.10.00) esperamos que o futuro governo consiga.. O verbo (“esperamos”, conjugado na
Trata-se da omissão de um termo que se subentende facilmente e que poderia ser primeira pessoa do plural) não concorda com “os brasileiros” (da terceira pessoa do
explicitado, mas não é. Ex. Cheguei. Chegaste (os pronomes “eu” e “tu” estão plural), mas com o pronome “nós”. Certamente o emissor da frase se inclui entre os
elípticos). A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. (está brasileiros. Há situações em que se combinam dois casos de silepse. Ex.: A gente
subentendida a conjunção condicional “se”. Suponho seja ela a mulher ideal saiu de casa para uma rápida passada no supermercado. Acabamos passando o dia
(omissão da conjunção “que”). Se o governo ouvisse os especialistas e investisse todo fora. Com quem concorda a forma verbal “acabamos”? Na primeira oração, o
nas linhas de transmissão, não seria necessário que a população enfrentasse o sujeito é “a gente”, expressão que, formalmente, exige o verbo na terceira do
apagão (está elíptica a conjunção “se” que viria antes de “investisse”. Isso talvez singular. Essa exigência é satisfeita em “saiu”, mas, com o distanciamento da
responda a uma pergunta: É preciso repetir as conjunções? É claro que não. Com a segunda forma verbal, prevaleceu a idéia da palavra “gente” (“nós”). Houve uma
repetição, talvez se obtivesse mais ênfase sobre o valor semântico da conjunção alteração de número (do singular de “gente” para o plural de “nós”) e uma de pessoa
condicional “se”; com a elipse, mais elegância e concisão. Outros exs.: Cale-se, ou (da terceira do singular de “gente” para a primeira do plural de “nós”). (Cipro Neto P.
expulso a senhora da sala. (elipse da oração “se não se calar”ou “caso não se cale”. Ao pé da letra. 22.9.02)
A elipse pode nos levar a um caso interessante de emprego da vírgula. Às vezes,
para que se evite a repetição, deixa-se elíptico um verbo. No lugar em que entraria a ELITE (ETIMOLOGIA)
forma verbal, costuma-se colocar uma vírgular. Ex.: Eu trabalho com fatos; você, A palavra desembarcou em nossa língua no século 19, importada do francês. Em
com boatos. Paulistas preferem shopping; cariocas, praia. (Cipro Neto P. Ao pé da última instância, o substantivo élite vem do verbo latino eligere, eleger, escolher - em
letra. O Globo, 27.5.01) francês, élire, do qual é um particípio arcaico. Ao pé da letra, elite é “grupo de
eleitos”. O Aurélio diz o seguinte: 1. O que há de melhor em uma sociedade ou num
ELIPSE E CONCORDÂNCIA grupo; nata, flor, fina flor, escol. 2. Sociol. Minoria prestigiada e dominante no grupo,
A lógica da língua não aceita a concordância com a elipse. Ex. Eu vou ao Terra constituída de indivíduos mais aptos e/ou mais poderosos. Não é surpresa que a
Encantada (concordância com a palavra parque que estaria subentendida). No palavra tenha conotações tão contraditórias. Pode adquirir tons de elogio bajulador
entanto, o mais correto é: Eu vou à Terra Encantada, em que se faz a concordância ou de violenta acusação, entre outras colorações intermediárias. Inclusive no
diretamente com o substantivo “terra”. discurso e na prática de um mesmo indivíduo.1
1. Rodrigues S. A palavra é... Nominimo 1° mar 2006. Disponível em:
ELIPSE E SILEPSE http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationS
A elipse é a omissão de termo que se subentende, que se presume. Ex.: Onde a ervlet?publicationCode=1&pageCode=65
minha namorada? (está, anda, etc.). Há um caso específico de elipese – zeugma –
em que há omissão de termo já citado na frase. Ex.: Ele primeiro foi ao cinema, ELO DE LIGAÇÃO
depois, ao teatro. (foi). Há um caso específico de zeugma – zeugma complexa ou Todo elo é de ligação; assim elo de ligação é pleonasmo. Ex. Zagalo usará o
complexo – , que que ocorre quando a palavra omitida tem flexão diferente da que Juninho como elo (de ligação) entre a defesa e o ataque. (Duarte SN, JB, 23.11.97)
se verifica no termo expresso anteriormente. Ex.: Eu trabalho com fatos; você com Elo é a argola de uma corrente e, por extensão, significa ligação. Portanto, "elo de
boatos. (trabalha) ligação" quer dizer literalmente "ligação de ligação". Então, use elo, simplesmente.
A palavra grega silepse nomeia um processo lingüístico pelo qual a concordância (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 18.1.03)
não é feita com a forma das palavras, mas com seu valor semântico, com a idéia
que expressam. É por isso que há quem chame a “silepse” de “concordância ELOCUBRAÇÕES vs. ELUCUBRAÇÕES
ideológica”. Há três tipos de silepse: de gênero, de número e de pessoa. A silepse O certo é elocubrações. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 28.2.99,p.14)
de gênero ocorre quando a concordância não é feita com o gênero da palavra
expressa, mas com o sexo do ser nomeado. (Vossa Excelência está irritado com as EM
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A preposição “em”, em português, dá a idéia de “em cima de, dentro de”. Ex.: Vocês
são em quantos? (errado; italianismo usado em S.Paulo: Siamo in cinque). Quantos EMBARCAR (ETIMOLOGIA)
são vocês (correto; sem preposição alguma). No primeiro exemplo, houve quebra do Origem em “em” + “barco” + “ar”. Não é difícil de entender que a idéia de entrar num
sistema (ver definição) da língua portuguesa. (Castro M. A imprensa e o caos na barco se estende aos outros meios de transporte (avião, ônibus, metrô, trem, etc.),
ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998.) isto é, existem transformações por que passam as palavras e as expressões da
São criticáveis expressões do tipo: "dor em joelho direito", "dor em fossa ilíaca língua (na forma, na pronúncia, no sentido, no emprego, etc.) (Cipro Neto P. Ao pé
direita", "edema em membros inferiores", "abscesso em região deltóide", “amputação da letra. O Globo, 15.9.02)
em perna esquerda”. A tendência normal do português é usar artigo antes de
substantivos especificados e omiti-los antes dos que têm sentido generalizado. EMBOLIA vs. EMBOLISMO
Assim: dor em joelhos e dor no joelho esquerdo; edema em membros e edema nos Embolia: S.f. Obliteração súbita de um vaso sangüíneo, geralmente uma artéria, por
membros inferiores. O hábito de alguns em omitir os artigos que especificam nomes um corpo estranho (ou êmbolo) transportado pela circulação. Embolismo: Ver:
contribui para a desorganização da nossa língua. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, embolia (Rey L. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. Rio de Janeiro:
Tubino P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Guanabara Koogan: 1999, p.257.)
Hospital Universitário da Universidade de Brasília) Embolia: s.f. (Med). Obstrução de vaso sangüíneo por coágulos, bolhas de gás ou
óleo (Do gr. Embolé = ação de atirar em algum lugar + ia). Embolismo: sm.
E-MAIL Intercalação de dias ou meses para fazer concordar o ano lunar com o solar (Do gr.
Estrangeirismo: mensagem eletrônica; correio eletrônico. (Duarte S, Propato V. Embolismós = intercalação, pelo lat.: embolismus) (Nascentes A. Dicionário da
Portuguese, please. Isto é, 23.8.00) língua portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Rio de Janeiro: Bloch; 1988, p.
223)
EMBIGO vs. UMBIGO Embolia s.f. (gr. Embolé, irrupção) 1. Obliteração de um conduto natural, geralmente
As duas forma estão corretas. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: de um vaso sangüíneo, por um corpo estranho em migração. 2. Embolia gasosa,
Sercore; 2001.) penetração anormal de gás sob a forma de bolhas na circulação sangüínea. Não se
menciona “embolismo”. (Larousse Cultural. Dicionário da língua portuguesa. São
EMBUTIR (ETIMOLOGIA) Paulo: Nova Cultural; 1993. p. 152.)
Veio do francês emboutir, meter à força. Pode designar a introdução de pedaço de Embolia sf. (Patol). Obliteração dum vaso sangüíneo por um êmbolo. Do fr. Embolie,
madeira, pedra, metal ou preconceito. (Silva D. Línga Viva. JB, 26.1.04) deriv. do gr. Embolē “ação de lançar”, “obstrução”. Embolismo: 1. “embolia”; 2.
Acréscimo de tempo ao ano lunar para que ele coincida com o ano solar. Do fr.
EM EXERCÍCIO Embolisme, deriv. do latim tardio embolismus e, este, do gr. Embolismós, var. de
Cuidado com a redundância: Vice-governador em exercício. O correto é: governador embólimos. (Cunha AG. Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa.
em exercício. (Ramos W. Não morda a língua. Aracaju.Sercore; 2001) 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1999. p. 290)
Embolia: s.f. (med). Obliteração súbita de um vaso, especialmente uma artéria, por
ÉMINENCE GRIS (EMINÊNCIA PARDA) um êmbolo. Formação de êmbolos e seus efeitos. Formação do grego embole
Funcionário ou membro externo ao quadro de assessores que entretanto se faz (obstrução) + ia. Embolismo: s.m. (crônonimo). Intercalação de alguns dias ou
ouvir por sua intimidade com o poder. (Silva D. Nosso Lutero pagou mais caro. Outra meses para fazer concordar o ano lunar com o ano solar. (Med) Formação de
opiniões. JB, 26.1.03) embolias; estado que dessa formação resulta para os vasos sangüíneos. Forma
latina Embolismus, intercalar. (Garcia H, Nascentes A. Dicionário contemporâneo da
EM MÃO vs. EM MÃOS língua portuguesa Caldas Aulete. 4 ed. Rio de Janeiro: Delta; 1985. p. 1197.)
No envelope, quando a correspondência é enviada pelos correios deve estar assim: Embolia. [Do fr. embolie < gr. embolé, 'ação de lançar'; 'ataque', + fr. -ie (= -ia1).] S.
Em mão. É erradíssimo: em mãos. (Ramos W. Não morda a língua. Aracaju: f. Patol. 1. Obliteração dum vaso sanguíneo por um êmbolo (2); embolismo2.
Sercore; 2001) Embolismo. embolismo1 [Do lat. med. embolismu < lat. tard. embolismu < gr.
embolismós, var. de embólimos, 'intercalação'.] S. m. 1. Acréscimo de tempo ao ano
EMBAIXADORA vs. EMBAIXATRIZ lunar para que ele coincida com o ano solar. embolismo2 [Do lat. cient. embolismus <
A palavra embaixador, por exemplo, admite dois femininos, mas com significados gr. embolé, 'ataque', + lat. cient. -ismus (v. -ismo).] S. m. 1. Patol. Embolia.
diferentes. Assim, embaixadora é a funcionária que ocupa o cargo diplomático e (Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI)
embaixatriz, a esposa do embaixador. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado Embolia s.f. Embolismo s.m. (Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico
de São Paulo, 20.4.02) da língua portuguesa. 3 ed. Rio de Janeiro: A Academia; 1999. p.285)
Conclusões: 1. Os vocábulos “embolia” e “embolismo” existem na língua portuguesa;
EMBAIXO vs. EM BAIXO 2. Nos seis dicionários consultados há divergência dentre os verbetes desses dois
Embaixo deve ser escrito sempre junto. A confusão se deve ao fato de “em cima” ser vocábulos; 3. Embolia pode ser sinônimo de embolismo; 4. Embolismo é o estado
escrito separado. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 28.11.99)
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que a formação de embolias resulta para os vasos sangüíneos; seria um condição A locução é “em face de”(= devido a, por causa de). (Duarte SN. Língua Viva. JB,
ulterior à embolia. 26.12.99)
Opinião: Embora não se possa considerar errado quem usa “embolismo” como
sinônimo de “embolia”, penso ser um estilo mais elegante considerar “embolismo” EMINÊNCIA
como um estado que se segue à “embolia”. Por exemplo, um capítulo de livro Forma de tratamento que se dá aos cardeais, com o verbo e os pronomes na
deveria ter como título “Embolismo”. terceira pessoa do singular.1
Obs: enviado para Acta Cirúrgica Brasileira 1. Cipro Neto P. Papa, santidade, conclave…Revista O GLOBO. 10 abr 2005;p.16.
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Quando usada com o sentido de “chão firme”, em que se opõe a “mar”, a palavra
EMPRESTAR vs. EMPRESTAR DE “terra” não admite o artigo definido. Exs.: Buscas continuam no mar e em terra.
Emprestar significa apenas ceder por empréstimo. Ex.:Emprestou o livro ao amigo. Muitos pescadores perderam seus barcos e foram obrigados a ficar em terra. Muitos
(= cedeu o livro por empréstimo ao amigo). Empresta dinheiro habitualmente. / pescadores não conseguiram voltar a terra (atenção: sem crase). Quando usada
Nunca emprestava seus discos. E como deve fazer quem queira alguma coisa por com qualquer de seus outros sentidos, a palavra “terra” não apresenta nenhuma
empréstimo? É preciso usar verbos auxiliares, como pedir, pegar, conseguir ou particularidade. Exs.: Alguém passa as férias na terra dos pais (e não “em terra dos
tomar, por exemplo. Ex.: Pediu emprestado o carro do amigo. / Conseguiu pais”). Acabei de chegar da terra dos meus pais (e não “de terra dos meus pais”).
emprestada a bicicleta do irmão. / Tomou emprestados um agasalho e um blusão. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 23.9.01)
Repare que emprestado varia e concorda com o nome a que se refere: Conseguiu
emprestada a bicicleta. / Pediu emprestados o livro e a caneta. (Martins E. De EMULAÇÃO
palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 7.8.99) Emulação é “o ato de emular”. Ex.:Se disputar corrida por espírito de EMULAÇÃO,
você vai ficar sem a carteira de motorista e sem o carro. Há quem tenha buscado a
EMPRÉSTIMO TEMPORÁRIO origem da palavra: o prefixo e(x) de emigrar, emergir, emanar, exalar, exportar,
Redundância externar... significa “movimento para fora”. Por esse raciocínio, poderíamos imaginar
que emular fosse “colocar para fora o espírito de mula que existe dentro de você”.
EM PRINCÍPIO vs. A PRINCÍPIO Segundo nossos dicionários, EMULAÇÃO é “sentimento que incita a imitar ou a
Em princípio significa “em tese, teoricamente, por princípio”. Ex. Em princípio somos exceder a outrem em merecimento; estímulo; rivalidade.” E EMULAR é “ter
contra o projeto. emulação, competir, emparelhar, rivalizar, disputar...”. Portanto, que fique bem claro:
A princípio significa “no começo, inicialmente”. Ex. A princípio (inicialmente) éramos o artigo 173 do novo Código de Trânsito proíbe o que popularmente chamamos de
contra o projeto. (Duarte SN, JB 19.10.97) “pegas” ou “rachas”. (Duarte SN. Língua Viva. JB,25.1.98)
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O certo é: ele é o pai encarnado e esculpido (errado = escarrado e cuspido). (Ramos à localização do servidor onde estão armazenadas as mensagens do usuário.
WO. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) Separando a primeira parte da segunda, há o símbulo @ (pronuncia-se “arroba”).
Ex.: caguimaraes@sabenet.com.br
ENCICLOPÉDIA
O termo surgiu na Grécia Antiga. Uma obra nos moldes atuais só surgiu no século ENDOIDA (PROSÓDIA)
XVIII, com a Encyclopédie francesa de Denis Diderot e Jean D’Alembert. Nenhuma Endoida (“endôida” e não “endóida”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado
das obras similares, porém, conseguiu o prestígio da Encyclopaedia Britannica, de São Paulo, 1.7.00)
editada pela primeira vez em 1768, em Edimburgo, por três tipógrafos. (Veja,
27.10.99) ENDOVENOSO vs. INTRAVENOSO
Palavra que vem do grego e significa a difusão “em círculo”, quer dizer, para todos, Termo defeituoso por ser híbrido, isto é, formado com elementos de línguas
de conhecimentos capazes de forjar a alma: en kyclos paideia. (Konder L. Cidadania diferentes (do grego, endo, e do latim, vena e -oso). O hibridismo é criticado por
e leitura. Caderno B. JB, 17.8.02. p. B8) bons gramáticos, especialmente quando existem outros termos bem formados que
podem ser acolhidos. Nesse caso, intravenoso é o termo adequado, já que todos os
ÊNCLISE seus elementos são latinos. Assim, é preferível a abreviação IV (intravenoso) a EV
Ênclise é a colocação de um vocábulo átono depois de outro ao qual fica preso por (endovenoso). (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas:
uma única pronúncia, como se fora uma só palavra. Ex.: Falou-me sobre sua vida. A falhas e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da
ênclise do pronome oblíquo pode acontecer, na maioria das vezes, em três Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília)
situações: 1ª – Quando o verbo inicia uma frase: Disse-me; 2ª – Com o infinitivo:
Preciso falar-te; 3ª – Com o gerúndio: Estou culpando-te. (Niskier A. Na ponta da E NEM (REDUNDÂNCIA)
língua. O Dia, 23.4.00) A conjunção coordenativa ativa “nem” significa “e não”; logo, o uso de “e nem” é
redundante, portanto dispensável. É lamentável o uso excessivo de conjunções
ÊNCLISE e FUTURO DO PRESENTE OU FUTURO DO PRETÉRITO (e/nem). Exs. errados: Nunca torci pelo seu time e nem torcerei agora. A mãe da
Não existe ênclise (= pronome átono depois dos verbos) nestes casos. Podemos jovem nunca concordou com aquele namoro e nem concordará agora. Exs. corretos:
usar o pronome em mesóclise. Exs.: manter-se-ia ; tornar-me-ei; sentar-se-á, Nunca torci pelo seu time, nem torcereir agora. A mãe da jovem nunca concordou
realizar-se-ia. Podemos usar o pronome em próclise, pondo o sujeito antes do verbo. com aquele namoro, nem concordará agora.
Exs.: A pressão se manteria... Eu me tornarei... Ele se sentará... A reunião se 1. Niskier A. Na ponta da língua. O Dia. 7 out 2001.
realizaria. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 30.5.99,p.12) 2. Niskier A. Na ponta da língua. O Dia. 15 abr 2001.
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Usamos “entre si” sempre que o sujeito pratica e recebe a ação verbal. Ex.: Os ENTRE vs DE
políticos discutiam entre si. Aqui, o sujeito (= os políticos) pratica e recebe a ação As vendas aumentaram entre 18% e 20%. O aumento foi de 19% ou qualquer fração
verbal. Usamos “entre eles”, quando o sujeito é um e o complemento é outor. Ex.: entre 18% e 20% (=sempre mais que 18% e menos que 20%).
Nada existe entre eles. Nesse caso, o sujeito é “nada” e o complemento é “entre As vendas aumentaram de 18% a 20%. O aumento foi de 18% ou 19% ou 20% ou
eles”. Exs.: Os jogadores brigavam entre si mesmos. Eles repartiram o prêmio entre qualquer fração entre 18% e 20%. Neste caso fica claro que o aumento pode Ter
si. O prêmio foi repartido entre eles. O segredo ficou entre eles mesmos. (Duarte SN, sido de 18% ou de 20%. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 31.1.99.p.14)
Língua Viva, JB, 2.1.2000)
ENTUBAR vs. INTUBAR
ENTRE EU vs. ENTRE MIM Entubar (v. t. d.):dar feição de tubo a.Intubar (v. t. d.): Introduzir um tubo em (uma
O pronome “eu”faz parte dos chamados pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, cavidade) (Ferreira, ABH, 1986)
ele,ela, nós, vós, eles, elas). Esses pronomes se prestam basicamente à função de
sujeito. Na língua culta, esses pronomes não podem desempenhar papel de ENTUPE vs. ENTOPE
complemento direto de verbos. Não podem aparecer em frases como: Faz tempo As duas formas são aceitáveis. Os verbos entupir e desentupir, hoje, são
que não vejo ela. Na língua falada, essas formas são muito comuns. Dever-se-ia abundantes (= possuem duas formas corretas). Exs.: Tu entupes ou entopes;
dizer: Faz tempo que não a vejo. Os pronomes “a” e “o” pertencem ao rol dos desentupes ou desentopes. Ele entupe ou entope; desentupe ou desentope. Eles
pronomes oblíquos, cujo papel é justamente complementar verbos ou nomes. Ex.: E entupem ou entopem; desentupem ou desentopem. (Duarte SN. Língua Viva. JB,
a cidade... tem que reverter o quadro atual para lhe ser igual. O pronome “lhe” 25.11.01)
complementa o adjetivo “igual”. Nesse caso se poderia também substituir o pronome
oblíquo “lhe” por “a ela”. Logo, é possível que pronomes retos (ela) ocupem a função ENXÁGUA vs. ENXAGÚA
de complemento, desde que precedidos de preposição. Exs.: A moça ainda sonha O correto é enxágua. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo,
com ele. Estou apaixonado por ela. O rapaz nada faz sem nós. Faremos tudo por 1.12.01)
vós. Pensamos muito neles (neles = em + eles). Em nenhuma das frases, os
pronomes retos presentes exercem a função de sujeito. Tente construir frases em EÓLIA OU EÓLICA (ETIMOLOGIA)
que os pronomes retos “eu” e “tu” tenham papel de complemento e sejam, por isso Significa proveniente dos ventos. Na mitologia grega, Éolo era o deus dos ventos e
mesmo, precedidos de preposição. Exs.: Ela gosta de eu. Eu gosto muito de tu. Ela vivia com eles nas Ilhas Eólias. Éolo guardava os ventos em recipientes feitos com
pensa em eu? Ela quer sair com eu. Apesar de comum na fala de várias regiões couro de animal e os soltava ou prendia de acordo com a sua vontade ou
brasileiras, nenhuma dessas frases é aceitável no padrão culto da língua. Os necessidade. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 9.6.01)
pronomes “eu” e “tu” são diferentes dos outros pronomes retos. Diferentes na
possibilidade de serem regidos por preposição. Assim, “entre”, que é uma ÉPATER LES BOURGEOIS
preposição não pode ser usada com “eu” e “tu”. Na língua padrão: Entre mim e você
as coisas vão muito mal. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 20.2.00) EPÊNTESE
Medroso” vem de “medo”, por um processo que se chama “epêntese”, nome
ENTRE EU vs. ENTRE MIM complicado para um fato lingüístico bem simples: o desenvolvimento de um fonema
Não há nada entre mim e você ou não há nada entre você e mim. (eu, sendo (som) no meio de uma palavra. Assim ocorreu com “barata”, que vem do latim
pronome pessoal reto só pode ser usado na função de sujeito). Não há nada entre “blatta”, passou a “brata” e posteriormente se transformou em “barata”. Também
eu sair e você ficar em casa... ocorreu com “cronha”, que passou a “coronha”: “...pelo estrondo das cronhadas à
porta principal”. Tirado de texto de Camilo Castelo Branco, o exemplo é do dicionário
ENTREGAR “Aurélio”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 25.7.99)
Um entrega se faz “em” algum lugar. A controvérsia existe quanto à famosa
expressão “entrega a domicílio”. Se fazemos qualquer entrega “em casa, no EPISTAXE vs. HEMORRAGIA NASAL
escritório, no quarto do hotel”, devemos também fazer a entrega “em domicílio”. Hemorragia nasal é a perda de sangue através da fossa nasal, independentemente
Alguns autores alegam que a expressão “entrega a domicílio” já está consagrada de sua origem. Epistaxe é a hemorragia proveniente de lesão da cavidade nasal.
pelo uso. (Duarte SN. Língua Viva, Jornal do Brasil, 4.7.99) (Meirelles RC. Hemorragia nasal. Medicina: conselho federal, janeiro 99, p.2)
ENTRETANTO vs. NO ENTANTO vs. NO ENTRETANTO É PROIBIDA vs. É PROIBIDO; É PERMITIDA vs. É PERMITIDO; É BOA vs. É BOM
Entretanto e “no entanto” são sinônimos. A locução “no entretano”, pouco usada, Concordância nominal. Só concorda com o substantivo se estiver determinado. Exs.:
pode ser encontrada em bons autores, mas só tem cabimento quando é um É proibida a entrada de estranhos. É proibido entrada de estranhos. A bebida
advérbio, papel para o qual preferimos expressões como “enquanto isso” ou “nesse alcoólica não é permitida. Bebida alcoólica não é permitido. Demissão em massa
meio tempo”. (Rodrigues S. Língua Viva. JB, 12.1.03) não é bom para o governo. Sua demissão não foi boa para o governo
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ESPLANADA domingo.” (=hoje) “O pagamento deverá ser feito NESTE mês.” (=mês em que
Vem do latim explanare (estender), com passagens pelo italiano spianata (espaço, estamos) 2o) Quando nos referimos a algo citado anteriormente, devemos usar
lugar plano) e pelo francês esplanade (terreno descoberto e aplanado pela mão do ESSE: “Tudo ia bem até a 25a volta, NESSE momento houve um grande acidente.”
homem). “Ele pouco se dedicava ao projeto, por ISSO foi dispensado.” “Pelé chega de Nova
1. Martins E. Sonho de Dom Bosco antecipa o futuro. Livraria Cultura News Iorque NESTA semana. (= Não se falou anteriormente de outra semana. Só pode
[periódico na Internet]. Jul 2005 [citada 17 jul 2005];133:[4 telas]. Disponível em: ser NESTA semana); “Com os nervos a flor da pele desde o início DESTA semana,
http://200.189.177.204/culturanews/n133/edicao/htm/mat_03.htm os operadores mostravam-se exaustos ontem.” (= Se os operadores estavam
exaustos ONTEM, é porque o autor referia-se ao início DESTA semana); “Mas, o
ESQUECER vs. ESQUECER-SE que se diz no Palácio do Planalto é que, NESTE momento, lavar a roupa suja em
As duas formas estão corretas. Quem esquece esquece “alguma coisa”, mas quem público só ajuda mesmo a uma pessoa.” (= O autor referia-se ao momento atual).
se esquece se esquece “de alguma coisa”. Esquecer é transitivo direto e esquecer- Depois DESSA pobre e pequena diversão.” (O autor referia-se ao que acabara de
se é transitivo indireto. Exs.: Eu esqueci a caneta. Eu me esqueci da caneta. Não dizer). (Duarte SN. Língua Viva. JB, 27.9.98)
esqueçam que a festa sér no próximo dia 25. Não se esqueçam de que a festa será O pronome este designa pessoa ou coisa próxima de quem fala, o lugar em que
no próximo dia 25. (Duarte, SN, Língua Viva, JB, 25.10.98, p.18) alguém está ou o período que se vive: este livro (o que está comigo), esta casa (a
casa onde moro), este mês (o mês de junho). O pronome esse se usa a) Para
ESQUERDO (ETIMOLOGIA) indicar coisa um pouco mais afastada de quem fala ou próxima da pessoa que ouve:
A palavra vem do vasconço, ou seja, da língua do País Basco. Em latim, “esquerdo” Por favor, pegue essa cadeira. / Afaste um pouco essa mesa. / Não conheço essa
é “sinistru, sinister”. E o que é “sinistro”, em português? Além de “esquerdo” (“Mal moça. Em todos os casos, a pessoa ou coisa definida está próxima da pessoa com
podia a mão sinistra vibrar a sangrenta espada”, escreveu Gonçalves Dias), “sinistro” quem eu falo e um pouco distante de mim. b) Como segunda referência a pessoa ou
tem vários sentidos ligados à idéia de temor, ameaça, mau agouro, maldade etc. Em coisa: Anos depois da formatura, percebeu que esse havia sido o dia mais feliz da
linguagem securitária (do ramo de seguros), o sinistro nada mais é do que o próprio sua vida. / O técnico assumiu o time em 2000 e já nesse ano foi campeão. c) Para
acidente. Tudo porque o “bom”, o “normal” é o destro; o esquerdo (o sinistro) é designar alguma coisa que já passou: Esse tempo que não volta mais lhe dá
“anormal”. (Cipro Neto, Ao pé da letra, O Globo, 27.6.99) saudade. / Esse período, o do aprendizado, foi a base da sua realização profissional.
Aquele indica algo afastado de quem fala e de quem ouve: Cuidado com aquela
ESSA e ESTA e CRASE árvore. / Carregue aquelas cadeiras. Pode ainda determinar tempo passado:
Não pode ocorrer craseantes dos pronomes demonstrativos “esta” ou “essa” porque Aquelas foram as suas melhores férias. / Aqueles instantes lhe pareceram uma
não haverá artigo definido. Temos apenas a preposição “a”. Ex.: As fábricas, atentas eternidade. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 28.6.03)
a essa tendência, estão investindo pesado (Duarte SN, JB, 25.1.98, p.12)
ESTADA vs. ESTADIA
ESSE vs. ESTE vs. AQUELE Estada é a permanência, demora em algum lugar. Estadia é o prazo para carga ou
Esse: Pronome demonstrativo que deve ser usado quando nos referimos a algo descarga de um navio no porto. (Ramos WO. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju:
citado anteriormente. Exs.: Até os 32 minutos do segundo tempo, o Vasco era só Sercore; 2001)
pressão. Nesse momento... (“Nesse momento” refere-se ao que foi citado = 32
minutos do segundo tempo). Seria inapropriado usar “neste momento”, porque ESTADO DE vs. ESTADO DO MATO GROSSO
mudaria o sentido. “Neste momento” refere-se ao momento presente (= agora). No O certo é Estado de Mato Grosso. Devemos dizer “vir de (e não) do Mato Grosso;
Brasil ocorre uma visível neutralização quanto ao uso de este e esse. Não vejo viver em (e não no) Mato Grosso. Não há regras para o uso dos artigos definidos
pecado algum quando a troca de esse por este não cria ambigüidade ou não torna a antes de nomes de lugares: você pode vir do Rio Grande do Sul, do Paraná, da
frase obscura. Ex.: ... o rinoceronte deve ter este nome por ter um chifre no nariz. Bahia, da Paraíba, de Pernambuco, de S.Paulo, de Mato Grosso... Existem casos
(Duarte SN. Língua Viva. JB, 30.4.00) polêmicos: “você vem de ou das Minas Gerais”; de ou das Alagoas; Pelo uso
“Este” e “esse” são pronomes demonstrativos. É clássica uma questão de um consagrado, prefiro “de Minas Gerais”e “de Alagoas” (Sérgio N.Duarte - Lingua Viva
vestibular de São Paulo: “Suponha que você não queira empregar possessivos. Especial/Dúvida dos leitores - JB,5.7.98, p.‘15)
Indique os demonstrativos a que você recorreria para falar de suas próprias mãos e Esta designa pessou ou coisa próxima de quem fala. Ex. Esta é a minha sala (estou
das mãos de seu interlocutor”. Para falar de suas próprias mãos, você diria “estas dentro dela). Gosto mais desta cadeira (a que está junto a mim). Da mesma forma:
mãos”. Para falar das mãos de seu interlocutor, você diria “essas mãos”. “Este” faz este livro (é o que estou segurando), este jornal (é o que estou lendo), esta página
menção ao que está próximo de quem fala; “esse” faz menção ao que está perto do (é a que estou exibindo), esta empresa (é aquela em que trabalho), este amigo (é o
interlocutor. Hoje em dia, na língua falada, a distinção entre “este” e “esse” é cada que está ao meu lado). A palavra determina ainda o lugar em que alguém está ou
vez mais rara. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,11.6.00) vive: esta casa, esta vila, esta cidade, este país (o nosso país), este mercado. O erro
Quando nos referimos ao “tempo presente”, devemos usar ESTE: “NESTE que se comete com maior freqüência é indicar por esse e não este – a forma correta
momento, está chovendo no Rio de Janeiro.” (=agora) “Ele deve entregar o proposta – o período em que se está ou a vigência de alguma coisa. Exs.: este ano (o ano em
NESTA semana.” (=na semana em que estamos) “Não haverá futebol NESTE que estamso); este dia (o dia atual); esta noite (a noite de hoje); esta semana (a
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semana que estamos vivendo); esta manhã (a manhã em que estamos); este século Como sempre se usa o artigo “os” com Estados Unidos, a concordancia se faz no
(o 21), este momento (o de agora); este governo (o governo que temos); esta plural. Exs.: Os Estados Unidos atacaram o Afeganistao. Se sempre se uso o artigo,
administração; este emprego (o que se tem) (Martins E. De palavra em palavra. O e o artigo aparece no plural, o verbo e conjugado no plural. Nos titulos, os jornais
Estado de São Paulo, 21.6.03) sempre suprimem o artigo do substantivo que inicia a frase. Exs.: Estados Unidos
atacam Afeganistao. Obs: a palavra America faz parte do nome completo do pais
ESTADOS BRASILEIROS E ARTIGO (Estados Unidos da America). (Cipro Neto P. Ao pe da letra. O Globo, 14.10.01)
Boa parte dos estados brasileiros é precedida de artigo: o Paraná, a Bahia, o Acre, o
Amazonas, o Piauí, o Maranhão, o Pará, o Rio Grande do Sul, o Rio Grande do ESTALAR vs. ESTRALHAR
Norte. Alguns são empregados sem artigo: Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Existem as duas formas. Exs.: A madeira estalava ou estralava. Um poeta,
Rondônia, Goiás. No caso do Estado de Mato Grosso, tem havido oscilação no uso Raimundo Correia, escreveu: "Estralam gargalhadas no ar." Estaria correto também:
do artigo, mas o nome oficial é Estado de Mato Grosso (e não “do”). A mesma "Estalam gargalhadas no ar." Na dúvida, prefira estalar, que é mais comum. Estalar
observação pode ser feita em relação ao Estado de Mato Grosso do Sul, em cujo ou estralar não podem, porém, ser usados num caso especial: o ovo frito não é
nome oficial não há artigo. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 10.3.02) "estalado" nem "estralado", mas estrelado. Porque, quando quebrado na frigideira,
assume a forma de uma estrela.
ESTADOS UNIDOS (CONCORDÂNCIA) (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 1.9.01)
Quando o sujeito de uma oração é os Estados Unidos, o verbo ficará sempre no Estrelar pode significar “encher de estrelas, brilhar, trabalhar como estrela e fritar
plural, pois o nome daquele país indica pluralidade. Ex.: Os Estados Unidos são ovos”. Os ovos são estrelados. Isso não quer dizer que não haja estalos durante a
respeitados por todas as nações do mundo. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, fritura dos ovos ou quando se quebra a casca dos ovos. (Duarte SN. Língua Viva,
23.4.00) JB, 30.9.01)
O artigo e o verbo devem ficar no plural. Ex.: Os Estados Unidos ficam na América
do Norte. Os Estados Unidos interferem na política interna de muitos países. Os ESTALO vs. ESTAMPIDO
Estados Unidos perderam a medalha de ouro. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O O ruído causado por alguma coisa quebrou é estalo. Estampido é um som forte e
Globo, 13.8.00) repentino. Um tiro de revólver pode produzir um estampido. Estalo é, por exemplo, o
O artigo “os” impõe o verbo no plural. Exs.: Os Andes cortam toda a América do Sul. ruído causado pela quebra de um copo. Um pequeno estalo é estalido. (Duarte SN,
Os Alpes se estendem por vários países europeus. Os Estados Unidos sofreram, Língua Viva, JB, 30.9.01)
invadira, deram, perderam, etc. É bom lembrar que, nos títulos, os jornais sempre
eliminam o artigo que precederia o substantivo que inicia a frase. Exs.: Corinthians ESTAR
joga hoje no Pacaembu. Brasil é campeão munidal de injustiça social. Essa falta de A forma estar em é errada (Estávamos em dez na sala). O correto é “Estávamos dez
artigo não significa nada em termos de procedimento relativo à concordância. na sala”. Assim, “Em casa somos sete” e não “Somos em sete”. (7)
Tomemos agora os exemplos Minas Gerais e Estados Unidos. Sabemos que são
possíveis as frases: Ela mora em Minas Gerais. Ela acaba de chegar de Minas ESTAR AO TELEFONE vs. ESTAR NO TELEFONE
Gerais. No entanto não são possíveis: Ela mora em Estados Unidos. Ela acaba de Estar ao telefone é mais elegante e correto. Ex.: Minha mãe está ao telefone
chegar de Estados Unidos. Sempre se usa o artigo “os” com “Estados Unidos”: Ela querendo falar com você. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore;
mora nos Estados Unidos. Ela acaba de chegar dos Estados Unidos. Assim, fora 2001)
dos títulos jornalísticos, sempre se usa o artigo definido antes de “Estados Unidos”
ou “EUA” (sigla). O resultado é que o verbo deve ser conjugado no plural: os ESTAR vs. SER
Estados Unidos invadem, atacam, são, foram atingidos, oprimem, entram, etc. Minas Estar designa um momento ou condição efêmera, enquanto ser tem caráter
Gerais já deu ao país muitos escritores geniais. ÊNCLISE E VERBO AUXILIAR permanente: Ele está doente (a doença é passageira) e ele é doente (estado
Vai-se recuperar vs. vai se recuperar. No primeiro caso, temos a ênclise do verbo normal). Igualmente: Mário Covas é o governador paulista (trata-se de uma condição
auxiliar; no segundo, temos a próclise do verbo principal. Com hífen, o pronome se efetiva). Do ponto de vista formal do idioma, estar não admite esse uso (Marico
deve ser pronunciado junto com o primeiro verbo, como se fosse uma única palavra Covas está governador) (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo,
(pronúncia tipicamente lusitana). Em Portugal, os pronomes átonos têm uma 11.3.00)
pronúncia fraca, por isso a preferência pela ênclise. Sem hífen, o pronome se é
pronunciado separadamente e com maior força, como se fosse tônico (= vai si ESTARTAR e STARTAR
recuperar), o que caracteriza uma pronúncia tipicamente brasileira. No Brasil, os Estrangeirismo injustificado. Usar iniciar, começar ou principiar. (Duarte SN. Língua
pronomes átonos têm uma pronúnica mais forte, daí a nossa preferência pela Viva. JB. 2.11.97)
próclise. Se você deseja respeitar a sintaxe clássica, lusitana, use o hífen. Se você
prefere uma sintaxe mais brasileira, com o abono de muitos autores e gramáticos, ESTÁTICO vs. EXTÁTICO
use a próclise. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 25.1.04)
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Estático – imóvel – “Ficou estático de medo”. Extático – em êxtase, absorto – “O presidente “estiver” voltado do Rio. / Se “tivesse” insatisfeito, o jogador já teria saído.
olhar extático daquele homem a amedontrou”. (Niskier A. Na ponta da língua, O Dia, Substitua o tempo do verbo que ficará mais fácil saber qual delas formas usar. O
7.1.01) imperfeito é um bom exemplo. Assim: O presidente tinha voltado do Rio. Portanto:
Os diretores discutirão o assunto quando o presidente tiver (e nunca “estiver”)
ESTENDER vs. EXTENDER voltado do Rio. / Ele estava insatisfeito. Então: Se estivesse (e nunca “tivesse”)
O certo é estender,embora exista extenso e extensão (Sérgio N.Duarte - Lingua Viva insatisfeito, o jogador já teria saído. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de
Especial/Dúvida dos leitores - JB,5.7.98, p.‘15) São Paulo, 15.1.00)
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Para qualquer estrangeirismo, primeiro devemos buscar uma palavra Estrato = “camada”. O certo é “estrato social”, “sociedade estratificada”(= dividida em
correspondente em português. E antes de usarmos a forma estrangeira, ainda camadas), “estratosfera”. Extrato = “essência, resumo, sumo”(vem do verbo extrair):
devemos tentar o aportuguesamento (Duarte SN, 2.11.97) “extrato de tomate”, “extrato bancário”, “extrato” (= essência de perfume). (Duarte
Não vejo como evitar palavras como software, marketing, dumping, impeachment, SN, Língua Viva, JB, 7.11.99)
réveillon, grid de largada, home page, mouse cuja tradução não é precisa. No lado
oposto, encontramos aqueles que “topam tudo”: shopping center, play off, outdoor, ESTRESSE vs. STRESS
happy end, happy hour, approach, brainstorming, paper, release, hot dog... Prefira a forma aportuguesada “estresse”. A forma derivada é “estressado”. Ex. Fico
Exemplos para evitar anglicismos: a) nem startar nem estartar; por que não iniciar, estressada quando ouço as pessoas ferirem a gramática. (Ramos W. Não morda a
principiar, começar? b) linkar ou lincar; não é mais fácil conectar, unir, ligar? c) e- língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001.)
mail ou correio eletrônico; embora o primeiro esteja consagrado, deveríamos insistir
no correio eletrônico d) check list ou lista de verificação; a última é perfeita e) beach ESTUPRO
soccer ou futebol de areia; futebol de areia (= 5 contra 5 ) é ótimo, pois não confunde Segundo a lei, estupro só de mulheres. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 24.10.99)
com futebol de praia (= tradicional 11 contra 11) f) stress ou estresse; preferir a
forma aportuguesada g) black out ou blecaute; a última já se consagrou h) container ET AL.
ou contêiner; a última está consagrada, assim como fôlder, pôster, hambúrguer, Nas referências bibliográficas, se há mais de três autores, mencionam-se até os três
lêiser, blêizer... i) copy desk ou copidesque; prefiro copidesque j) motoboy ou primeiros, seguidos da expressão “et al. “ (4)
motobói? Prefiro motobói, como já temos até caubóis; l) deletar e acessar;; (só usar
na área da informática) m) futebol n) bufê o) xampu ou shampoo: a forma ETC.
aportuguesada já está dicionarizada há muito tempo p) deletar ou apagar: prefiro Abreviatura da expressão latina et caetera (o adjetivo depois da conjunção é o
apagar, mas não sou totalmente contra deletar, principalmente se restrito à acustivo neutro plural de caeterus ou ceterus, que significa “o que resta”, “o que é
informática. Lembrar que deletar vem do inglês, mas tem raiz latina, ou seja, a excedente”, o “que vai além”, outras coisas. Não é correto dizer que et é conjunção
mesma raiz de indelével (=que não pode ser apagado) q) impeachment ou aproximativa e então antes de etc não pode haver vírgula. Embora não seja habitual
impedimento: não há impeachment na Constituição Brasileira e sim impedimento r) a vírgula antes da conjunção quando a partícula separa palavras, não deixa de ser
know how ou conhecimento: quem vende know how cobra mais caro. Há palavras empregada aqui e ali nessa situação – e isso de modo algum pode ser considerado
estrangeiras cuja tradução não tem a mesma “força”. Ex.: Vá chamar um designer de um erro. Quando a conjunção “e” separa frases, segundo a generalidade dos
desenhista? s) performance : desempenho t) feedback: realimentação ou retorno u) gramáticos deve ser obrigatoriamente precedida de uma vírgula. É inconsistente a
não há razão para substituir telefonista por operadora(Duarte SN, Língua Viva, JB, alegação de que antes da conjunção “e” – e portanto da conjunção latina et – não
13.12.98, p.16; 27.12.98, p.16; 15.8.99, p.12) pode haver vírgula. No Vocabulário Ortográfico e no “Dicionário Aurélio”, sempre
bowling = boliche; b) pork chops = bisteca de porto; c) vegetable sandwich = aparece a vírgula antes do etc. Há quem diga que, por se ter perdido a noção do
sanduíche vegetariano; popcorn = pipoca (Ribeiro L, Capell R. Barra of Tijuca: um valor etimológico de “etc.”, essa abreviatura é encarada como um simples elemento
guia do bairo mais americanizado do Rio. Programa. JB. Ano 17, n.3, 13.4.01) da enumeração que ela encerra, o que justifica a presença da vírgula.1,2,3,4
É sempre bom lembrar que a presença de palavras estrangeiras é um fenômeno Quem não coloca vírgula leva em conta o significado literal de “etc.” (“e as demais
natural em todas as língua vivas. A farta presença do inglês, hoje em dia, é muito coisas”). Esse procedimento tem o abono de várias publicações, como as de
mais um fenômeno cultural do que simplesmente lingüístico. Houve época em que Napoleão Mendes de Almeida, o “Dicionário Houaiss” e alguns jornais. Minha
os professores ensinavam que o uso de galicismos (palavras de origem francesa) preferência é por não se empregar vírgula.4,5
era errado. Que era proibido falar abajur, chofer, detalhe... Éramos obrigados a Quanto à alegação de que é obrigatório o ponto depois de etc por se tratar de uma
substituir por quebra-luz, motorista e pormenor. Mas o tempo consagrou e o nosso abreviatura, cai por terrra diante da verdade de que já se obliterou no espírito do
vernáculo incorporou as palavras francesas. Há muito exagero. É exatamente esse leitor esse fato. Observe-se como é artificial: Na ceia de Natal, fartaram-se de
aspecto que critico: o modismo, a importância de termos desnecessários. Por que passas, nozes, castanhas etc.etc.etc. E como surge natural: Na ceia de Natal,
sale, se vendemos durante toda a vida? Para que 20% off, se sempre demos fartaram-se de passas, nozes, castanhas, etc, etc, etc. A enumeração “passas,
desconto? Por que self service (no popular, já virou serve-serve), se podemos usar nozes, castanhas”se continua através da repetição do etc. Sendo um
auto-serviço ou auto-atendimento? (Duarte SN. Palavra de mestre. JB. Programa, prolongamento, tem de ter um tratamento igual ao da primeira parte da frase: deve
ano 17, n.3. 13.4.01) continuar separado por vírgulas. E sem ponto, porque o leitor não sente na visão do
Por que over-booking em vez de excesso de venda de bilhetes? Por que check-in e etc nenhuma “abreviatura da expressão latina et caetera”.1
não registro de chegada e check-out (registro de saída) nos balcões dos aeroportos? Não há necessida de usarmos a conjunção “e” antes do etc. Ex.: Comprei um
Por que, quando um passageiro consegue transferir seu bilhete aéreo da classe casaco, uma gravata, duas camisas, etc. Não há necessidade de utilizar reticências
econômica para primeira classe ou executiva, usa-se o termo upgrade (estar após o etc. Ou você usa etc ou reticências. É ridículo usarmos o etc após um único
melhorando, estar progredindo)? (Niskier ª Na ponta da língua. O Dia, 6.5.01) elemento. Não devemos usar o etc para “pessoas”, pois significa “e as demais
coisas”2
ESTRATO vs. EXTRATO 1. Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeior: Record, 1998.
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MIM é pronome pessoal oblíquo. Jamais exercerá a função de SUJEITO. Antes de EXCEDER EM MUITO
verbo no infinitivo, se o pronome exercer a função de SUJEITO, devemos usar o Redundância
pronome pessoal reto (=EU): “Ela trouxe o livro para MIM.” Mas: “Ela trouxe o livro
para EU LER.” “Isto é difícil para EU ENTENDER.” “Para EU DAR esta entrevista, EXCERTO
exigi até dinheiro.” Observe a diferença: “Para EU VIVER nesta cidade, foi Do latim excerptu (colhido de). Substantivo masculino: trecho, extracto, fragmento.1
necessária a ajuda de amigos.” Mas: “É duro, para MIM, viver longe dos meus 1. Priberam [página na Internet]. Lisboa: Priberam Informática; c2005 [citada 10 set
filhos.” (Duarte SN, Língua Viva, JB, 16.11.97) 2005]. Língua Portuguesa On-Line; [2 telas]. Disponível em: 1. Priberam [página na
Mim não pode praticar a ação expressa na frase, função que cabe ao eu. Por isso, Internet]. Lisboa: Priberam Informática; c2005 [citada 10 fev 2005]. Língua
mim não faz, mim não leva, mim não anda, mim não sai. Use então as formas Portuguesa On-Line; [2 telas]. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx
adequadas: Esse é o lugar ideal para eu andar. / Deixe a bola para eu chutar. Use
mim apenas quando ele não praticar a ação: Mostre a carta para mim. / Não fique EXCETO
contra mim. Ex.: Isso é para eu fazer e o professor deu permissão para eu sair. Vocábulo que serve para relacionar palavras ou orações. Ex.: Participaram da
(Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 21.7.01) reunião todos os ministros, exceto o da Fazenda. Parece claro que o ministro da
Fazenda integra o universo de ministros, mas não o de ministros que participaram
EVENTUAL vs. POSSÍVEL vs. PROVÁVEL vs. POTENCIAL da reunião. A XX garante o produto Y, por 12 meses, contra todos os defeitos de
Não são sinônimos. “Eventual”significa “esporádico, ocasional, o que ocorre de vez fabricação, exceto os decorrentes de uso indevido. Se o texto diz “exceto”, o que
em quando”. “Possível” é o que pode acontecer. “Provável” é o que deve acontecer. vem depois deve ser algo retirado do universo anterior, e esse universo anterior é
“Potencial” é o que pode vir a ser, tem poder para vir a ser. (Duarte SN, 9.11.97) formado pelos “defeitos de fabricação”. O grande equívoco de quem redigiu o texto é
Exs.Os eventuais problemas econômicos internos não vão impedir que aquele país querer estabelecer uma relação que não existe. Defeitod de fabricação é uma coisa;
se associe também ao Mercosul. defeito decorrente de uso indevido é outra coisa, bem diferente. Uma das redações
A classificação do Grêmio entre os oito primeiros era possível, mas pouco provável. possíveis: A XX garante o produto Y, por 12 meses, contra todos os defeitos de
O Chicago Bull é o provável campeão desta temporada. fabricação. A empresa não garante o produto contra defeitos decorrentes de uso
O grupo X é um candidato potencial à compra. indevido. Muitas vezes a repetição (“produto”, “contra” e “defeitos”) é necessária, por
Eventual = esporádico, ocasional. Possível = pode acontecer. Provável: é o que clareza e objetividade. Repetir é melhor do que criar relações absurdas. (Cipro Neto
deve acontecer. Potencial = caso que ainda não é, pode tornar-se problema. (Ramos P. Ao pé da letra. O Globo, 20.10.02)
W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001.)
EXCLUSIVO
EVIDÊNCIA CONCRETA No Calda Aulete: “que exclui, que tem força ou direito para excluir: Direito exclusivo,
Trata-se de redundância (Duarte,SN, JB, 7.6.98 p.16) ação exclusiva (...) Privativo, especial, restrito: Privilégio exclusvos (...) Direito de
não Ter concorrentes numa indústria ou empresa: monopólio; exclusividade. No
EXAME NORMAL Aurélio: 1. Que exclui, põe à margem ou elimina. 2.Privativo. restrito. Os
Em rigor, exame normal é o que se faz cumprindo-se as boas normas técnicas de profissionais de propaganda têm mania de utilizar o termo “exclusivo”ou
um exame, seja clínico, radiológico, laboratorial, anatomopatológico, seja de outra “exclusividade”em anúncios. Com boa vontade, podemo entender que um “cliente
natureza. Em lugar de "paciente com exame clínico normal", "exame radiográfico exclusivo”é um “cliente especial”, que merece tratamento exclusivo (= só para ele).
normal" ou "exame de urina normal", “ausculta normal”, podemos, acertadamente, Quanto à oferta exclusiva, não há dúvida: só pode ser uma oferta única, que só está
dizer: paciente normal ou sem anormalidades ao exame clínico, sem anormalidades sendo feita por aquela loja (= é uma oferta que exclui os concorrentes). (Duarte SN.
ao exame radiológico (ou com raios X), urina normal ao exame de laboratório, Língua Viva. JB. 29.4.01)
paciente normal à ausculta. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões
médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da EXÉRCITO (FORMAÇÃO)
Universidade de Brasília) Pelotão: fomado por três grupos de combate (GC). Companhia: formada por três
pelotões, além do pelotão de apoio (de fogo) e da seção de apoio logístico.
EXANGUE Batalhão: formado por três companhias, além de uma companhia de comando e
[Do lat. Exsangue.]. Adj. 2g. 1. Sem sangue. 2. Sem forças; débil, exausto (Ferreira, uma companhia de serviço. Regimento: unidade da arma de cavalaria que
ABH. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed. rev. amp. Rio corresponde ao batalhão da infantaria. Brigada: não tem obrigatoriamente a mesma
de Janeiro: Nova Fronteira; 1999. p.856.) quantidade de batalhões e outras tropas. Classicamente, é formada por três
Adj. Diz-se de pessoa que perdeu muito sangue; anêmico. 2. Exausto, sem forças, batalhões, um grupo de artilharia, um batalhão logístico, uma companhia de
débil. (Rey L. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. Rio de Janeiro: engenharia e uma de comunicações. Divisão: grande comando integrado por no
Guanabara Koogan: 1999, p. 306) mínimo duas e no máximo cinco brigadas. O Exército brasileiro conta com oito
Obs: Acta Cir (3.1.02) divisões de Exército. (Cartas, Veja, 24.4.02. p.26)
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um produto industrial, uma essência aromática que se extrai de uma outra da filosofia antigas – para a Idade Média latina. Aristóteles só chegou ao mundo
substância. “Pedro tirou um estrato da sua conta bancária e levou um enorme cristão europeu no século 8, graças a traduções latinas dos textos árabes. (Brum JT.
susto.” (Niskier A Na ponta da língua. O Dia, 28.2.99) A aventura filosófica árabe. Idéias. JB, 12.7.03)
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de Dificuldades da Língua Portuguesa”, de Domingos P. Cegalla, discordaa do inglês, mas não em português. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São
“Novo Aurélio” e não recomendam o hífen. Quanto à flexão de número, o “Aurélio” e Paulo, 12.8.00)
Cegalla silenciam; o “Manual” é taxativo ao recomendar a flexão: “funcionários
fantasmas”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 22.10.00) FAZER
Quando usado em referência a tempo decorrido, é impessoal (= sem sujeito), Deve
FASCÍCULO (ETIMOLOGIA) ser usado sempre no singular. A regra se aplica às locuções verbais.Quando “fazer”
Fascículo é diminutivo de “feixe” (= conjunto de objetos reunidos e cingidos de algum for o principal, o auxiliar deve ficar no singular. Exs.: Faz dez anos que não nos
modo). O fascículo de uma coleção que se compra em uma banca de jornais nada vemos. Vai fazer dois anos que ele esteve aqui. (Duarte SN, 2.11.97)
mais é do que um pequeno feixe de páginas. Teoricamente, o fascículo é um
pequeno volume da coleção. Fascículo e feixe vêm do latim “fascis”, “fasce”. Não é FAZER ANOS vs. FAZER ANIVERSÁRIO
raro a forma portuguesa primitiva apresentar algum distanciamento da original latina, Não existe a expressão fazer aniversário. O substantivo aniversário é de emprego
o que nem sempre ocorre com as derivadas. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, raro. Ex.: Em qualquer país, o aniversário da Independência sempre é muito
30.7.00) comemorado. Comemora-se ou se festeja o aniversário da Independência, o
centenário, o sesquicentenário, o bicentenário. Mas não se faz aniversário, com não
FASCISMO (ETIMOLOGIA) se faz centenário Existe como adjetivo: dia aniversário. Deve-se dizer p.ex.: Vivemos
Em italiano feixe é “fascio”. Daí faz-se “fascismo”. Na Antiga Roma, oficiais assim a trocar memórias e regalos, ora em dia de anos, ora sem razão
(chamados de lictores) acompanhavam os magistrados com um feixe de varas e aparente(Dom Casmurro. Machado de Assis). O Dr. Barbosa Lima Sobrinho fez 100
uma machadinha para as execuções da Justiça. Esse feixe (“fascio” em italiano) era anos ou o Dr. Barbosa Lima Sobrinho fez anos. (Castro M. A imprensa e o caos na
símbolo da autoridade do Estado, da Justiça. Ao instituir na Itália o fascismo e sua ortografia. Rio de Janeiro: Record, p.168).
ideologia, na primeira metado do século, Benito Mussolini adotou o mesmo símbolo
e, daí, o nome (fascismo). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 30.7.00) FAZER AULA
Apesar do larguíssimo uso de fazer com o sentido de “cursar, freqüentar aulas” (Ela
FASHION faz engenharia; Ele faz italiano), muitos dicionários (regência de Celso Luft, C.
Na moda Aulete, Michaelis) não acolhem essa construção. Só a última edição (1999) do Novo
Aurélio acolhe esse sentido, com este ex.: Ele fazia medicina quando nos
FATAL conhecemos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 16.4.00)
Fatal é o “prescrito pelo fado, pedo destino, o inevitável; o que causa a morte,
mortal, letal. Logo fatal é o acidente e não as vítimas. Está errado: O saldo do FAZEREM vs. FIZEREM
acidente foram duas vítimas fatais. Certo: Foi um acidente fatal com duas vítimas. Fazerem é infinitivo. Ex.: Houve uma ordem para eles fazerem o teste. Fizerem é
Há ainda o significado de “improrrogável” (=prazo fatal) (Duarte SN, Língua Viva, JB, futuro do subjuntivo. Ex.: Só poderao sair se fizerem o teste. (Duarte SN. Língua
28.2.99,p.14) Viva. JB, 9.12.01)
Fatal significa que causa a morte, mortífero, que traz ruína ou desgraça. É preciso
levar em conta, então, que a vítima recebe a morte e não a produz. Portanto, fatal é FAZER NAS COXAS
um golpe, um acidente, uma batida, uma queda, uma pancada, um tiro, uma facada, Como indicação de serviço mal feito, originou-se na telha feita às pressas pelo
uma paulada, e nunca a vítima, que sofre tudo isso. (Martins E. De palavra em escravo, na própria coxa, sem utilizar os instrumentos adequados da olaria ou da
palavra, O Estado de São Paulo, 13.11.99) cerâmica. A expressão aparece em artigo de Joaquim Manuel de Macedo: “Em
menos de meia hora um deputado ou um senador escreve em cima da coxa uma
FATO vs. FATO REAL emenda ou um artigo aditivo”. (Silva D. Elas vão arrasar no carnaval. Outra opiniões.
Todo fato é real; não existe fato irreal. Logo fato real, fato concreto, fato verídico é JB, 2.3.03)
redundância, um tipo de pleonasmo (Duarte, JB,23.11.97)_
FAZER OPÇÃO
FAUVISMO Em tese, faz-se uma opção por (Fez a opção pelo curso noturno) ou entre (Precisa
Início em 1905. Matisse. Cores fortes e quentes. Rostos e naturezas idílicas. O fazer a opção entre o noturno e o diurno). Pode-se ainda fazer opção em
nome veio de um crítico de arte que chamou Matisse de “fauve” (fera). determinada situação, em determinado assunto (Sua opção em resseguro) (Cipro
Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 11.7.99)
FAX (GÊNERO e FLEXÃO)
A palavra fax é masculina em português. Trata-se de uma forma proveniente do FAZER TUDO vs. FAZER DE TUDO
inglês, como redução de fax-símile. Assim, o aparelho é o fax e a cópia transmitidad Quando é seguida da preposição “para”, a expressão está recebendo, erradamente,
por esse processo também constitui um fax. Os vocábulos terminados em “x”não se uma inútil preposição “de”, que ocasiona um excesso de preposições próximas sem
flexionam no plural. Exs.: um fax, dois fax, vários fax. O plural faxes só existe em nenhuma razão de ser. Ex.: Fez tudo para ultrapassar o líder da prova. Fez tudo
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para que a reunião acabasse em paz. A preposição “de” supérflua é um italianismo, Por mais que se leiam frases como “só os parentes participaram do féretro”, o que
ou melhor um ítalo-paulistanismo, porque este tipo de frase só se ouve em S. Paulo deveria estar escrito seria: “Só os parentes acompanharam o féretro.” O féretro é o
(Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro: Record, p.169). caixão mortuário, e não o cortejo fúnebre. (Martins E. O certo é. Livraria Cultura
News jun 2004 n.120. Disponível em: http://www.livrariacultura.com.br)
FAZER UMA VAQUINHA
Segungo Houaiss, seria uma construção baseada em dois pilares principais: a vaca FERIDO GRAVE vs. FERIDO LEVE
do jogo do bicho, que inclui a centena 100, e o apelido que a velha nota de cem Não existe ferido grave, pois não existe “ferido agudo”. No caso de “ferido leve” só
cruzeiros tinha na gíria carioca. No entanto, parece ser uma explicação falsa, uma se for bem magrinho. O correto é: o paciente está gravemente ferido; as vítimas
lenda etimológica. Há o seguinte registro no dicionário da Real Academia estão gravemente feridas ou levemente feridas. (Castro M. A imprensa e o caos na
Espanhola: “vaca. 6. f. Am. Cen., Col., Cuba, Méx., Ur. y Ven. Dinero que se reúne ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998.
entre varias personas para compartir un gasto determinado.” Teria havido uma
disseminação ainda maior da expressão em espanhol, para além do Novo Mundo FÉRIAS (DE FÉRIAS vs. EM FÉRIAS)
que o dicionário aponta como seu ambiente natural: na Espanha (onde nunca houve As duas formas são aceitáveis. (Duarte SN, Língua Viva, Jb,7.3.99, p.14)
o jogo do bicho), também se utiliza a expressão com o mesmo animal para dizer que
se vai juntar dinheiro. 1,2 FERRAMENTA DE BUSCA
1. Rodrigues S. A palavra é... Nominimo 1° mar 2006. Disponível em: Hoje, o mercado dos dispositivos de busca é dominado pelo Google, responsável
http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationS por 35% das buscas feitas na internet, mas que já sente o peso da concorrência do
ervlet?publicationCode=1&pageCode=65 remodelado Yahoo, com 32% e da MSN, com meros 16%. A MSN está há cerca de
2. Rodrigues S. A palavra é... Nominimo 1° mar 2006. Disponível em: três anos no mercado e detém 350 milhões de usuários. Seu sítio de notícias,
http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationS conteúdo e buscas está disponível em 38 paises e 18 idiomas, abocanhando 10%
ervlet?publicationCode=1&pageCode=65&textCode=21017&date=currentDate&cont de um mercado publicitário de US$ 5 bilhões anuais. No dia 31 de janeiro de 2005,
entType=html lançou em 25 países uma página completamente remodelada. A maior mudança foi
justamente a do dispositivo de busca. Uma simples visita a <www. msn.com> mostra
FAVORECER (REGÊNCIA) que muita coisa está diferente. A começar por um banner bem chamativo com a foto
Favorecer alguém. Um árbitro de futebol pode favorecer um time e nunca “favorecer de Bill Gates em destaque. Clique nele e leia uma carta endereçada aos usuários da
a” um time. Assim: O juiz favoreceu o time da casa (e não “ao” time da casa). MSN anunciando as mudanças. O novo formato da página inicial apresenta no topo
(Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 19.8.00) uma caixa de entrada de dados onde se pode entrar com o quesito a ser pesquisado
depois de escolher entre seis categorias: Web, News, Images, Music, Desktop (que
FECHAR (PROSÓDIA) efetua buscas em seu próprio computador para concorrer com o Google Desktop
A pronúncia correta do verbo fechar é com o e fechado (ê) em todas as pessoas. Search) e Encarta. A nova estratégia da MSN muda o próprio conceito de buscas na
(Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 28.5.00) rede. Além de fornecer os atalhos (links) para sítios que satisfazem os critérios da
consulta, ela oferece respostas diretas. E para isso conta com a ajuda de sua
FECUNDIDADE vs. FERTILIDADE enciclopédia Encarta e 40 mil artigos oferecidos gratuitamente pelo serviço de
A fecundidade representa a capacidade de produzir uma gravidez dentro de busca. Além da possibilidade de efetuar buscas em linguagem corrente, a página de
determinado período de tempo. A fertilidade se refere à habilidade de gerar um resultados, quando possível, vem encimada com uma definição e alguns atalhos que
bebê, independentemente de quanto tempo demore para isso acontecer. Se um levam diretamente à Encarta.1
homem demora vinte anos para engravidar sua parceira, ele é considerado fértil, 1. Piropo B. O Google que se cuide. O Globo. 7 fev 2005;Informática Etc.:p.4.
mas pouco fecundo. (Buchalla AP. Eles não conseguem. Veja, 9.8.00, p.104)
FESTA JULHINA vs. FESTA JULINA
FËNICE vs. FÊNIX É melhor usar “festas de julho” (não encontrei registro nem de julina nem de julhina).
Fênice – pessoa natural da Fenícia (é mais usado fenício como adjetivo pátrio). (Duarte SN, Língua Viva, Jb,6.8.98)
Fênix – ave fabulosa que, segundo a Mitologia, vivia muitos séculos e, depois de
queimada, renascia das próprias cinzas. Ex.: Joana é uma mulher tão forte, que a FESTA RELIGIOSA e ORTOGRAFIA
comparam à fênix. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 18.6.00) Segundo as normas ortográficas em vigor, as festas religiosas escrevem-se com
inicial maiúscula: Natal, Páscoa, etc. A palavra pode ter plural? Pode. Veja um
FÉRETRO vs. FUNERAL exemplo: Passei vários Natais no Nordeste. (Martins E. De palavra em palavra. O
Féretro = caixão mortuário. Funeral = cerimônia de sepultamento. Ninguém Estado de São Paulo, 18.12.99)
comparece a um féretro. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore;
2001.) FIBRA ÓTICA vs. FIBRA ÓPTICA
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Os dicionários dizem que óptico se refer ao olho, à visão. Mas dizem que existe a era coadjuvante, o adjetivo ficatum, passou a designar a coisa em si, já sem
variante ótico. Quando se procura ótico, descobre-se que esse adjetivo tem duplo qualquer memória da fruta. Daí saíram o português “fígado”, o italiano fegato, o
valor: pode ser variante de óptico, mas também pode ser relativo ao ouvido. Logo, espanhol hígado e o francês foie. (Rodrigues S. Língua Viva. JB, 11.8.02)
óptico só se refere ao olho; ótico pode referir-se ao olho ou ao ouvido. Portanto a
fibra pode ser óptica ou ótica. Mas é claro que quem quer evitar confusão prefere FILANTROPO (PROSÓDIA)
fibra óptica. (Cipro Neto P., Ao pé da letra, O Globo, 14.3.99, p.22) Exemplo de silabada. Palavra paroxítona. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
4.6.00)
FICAR A VER NAVIOS (ETIMOLOGIA)
A expressão vem de Portugal. Dom Sebastião, rei de Portugal, morreu em batalha FILARMÔNICA vs. SINFÔNICA
(1578) e seu corpo nunca foi encontrado. O trono ficou vago e Portugal foi anexado Nossos principais dicionários não registram diferença entre orquestras sinfônicas e
à Espanha, de 1580 a 1640. O povo português sonhava com a volta do monarca; filarmônicas. Etimologicamente, elas se distinguem. Ambas as palavras têm origem
por isso, visitavam o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, e ficavam observando o no grego, mas “sinfônica” refere-se a sons (fono) tocados ao mesmo tempo, em
mar, à espera do retorno de Dom Sebastião. Como o rei não voltou, o povo “ficou a acordo (sin) e “filarmônica” diz respeito a amantes (filo) da harmonia. As duas
ver navios”. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 4.11.01) palavras estão longe de expressar idéias opostas. O número de integrantes de uma
sinfônica ou filarmônica é variável. As grandes companhias modernas têm mais de
FICAR DE RECUPERAÇÃO vs. FICAR PARA A RECUPERAÇÃO cem músicos. Os tipos de instrumentos são cerca de 20, mas a quantidade de cada
O certo é “fiquei para a recuperação em inglês”. (Ramos WO. Não morda a língua. 3 um deles não obedece a receitas rígidas. O importante para caracterizar uma
ed. Aracaju: Sercore; 2001). orquestra como sinfônica ou filarmônica é a preponderância dos instrumentos de
corda – violinos, violas, violoncelos, contrabaixos. Sem eles, o máximo que se pode
FICAR PASMADO vs. FIQUEI PASMO aspirar é a denominação banda de música. No dicionário da Academia das Ciências
O certo é “fiquei pasmado”. Pasmo é substantivo (o pasmo); o adjetivo é “pasmado” de Lisboa, banda de música é uma das acepções de “filarmônica”: grupo musical
(admirado). Ex.: Todos estamos pasmados com a incultura do povo brasileiro. composto “essencilmente por instrumento de sopro e percussão”. Em Portugal, as
filarmônicas não chegam aos pés das sinfônicas em peso artístico ou cultural. No
FICHA CATALOGRÁFICA Brasil, como na maior parte do mundo, uma filarmônica não carrega essa conotação
Todos os livros publicados no Brasil devem conter a Catalogação na Publicação, de de fanfarra. Todas as grandes orquestras filarmônicas são sinfônicas, e o fato de
acordo com o padrão internacional estabelecido em 1976 (Cataloging-in-Publication algumas terem optado pela primeira denominação tem a ver apenas com seus
– CIP) e com o artigo 6 do Capítulo 3 da Lei do Livro. A Catalogação na Publicação estatutos, sua história. As filarmônicas tiveram origem nas Sociedades Filarmônicas,
reúne num único lugar, geralmente no verso da página de rosto, dados pertinentes à que andaram em voga no século 19: grupos de melômanos, “amantes da harmonia”,
obra, como nome do autor, editora, ano de publicação, ISBN e assunto. A CIP que se cotizavam para manter as orquestras. Em Portugal, essas agremiações
auxilia as bibliotecas na seleção e compra de livros, facilitando sua divulgação entre investiram principalmente em tocadores de bumbo e trombone, daí a diferença no
usuários; permite às editoras a organização de seus próprios arquivos, catálogos sentido de “filarmônica”. A distinção não é necessariamente musical; é antes de tudo
comerciais e matérias promocionais dentro de padrões uniformes e, por fim, – ou foi um dia, antes de prevalecer a sinonímia – administrativa. (Rodrigues S.
proporciona aos livreiros informações concisas sobre a matéria abordada nas obras, Língua Viva, JB, 26.1.03)
facilitando seu agrupamento por assunto e favorecendo sua veiculação. 1
1. Câmara Brasileira do Livro [página na Internet]. São Paulo: CBL; c2004 [citada 24 FILIAR vs. DESFILIAR
set 2005]. Perguntas freqüentes; [6 telas]. Disponível em: Como verbo transitivo direto, filiar significa “reconhecer legalmente como filho”.;
http://www.cbl.com.br/pages.php?recid=33#6 como verbo bitransitivo e pronominal significa “unir (-se) a corporação, clube,
sociedade, etc.; ligar-se a”. Exs.: O clube filiou novos sócios ao seu quadro. Seus
FIDALGAL vs. FIGADAL argumentos tecnicistas se filiam ao pensamento neoliberal. Ele filiou-se a um partido
Fidalgal diz respeito a fidalgo e significa cortês, educado, cavalheiro. Figadal político. Desfiliar não existe.1,2,3
(adjetivo derivado da palavra fígado) significa sentimento hostil, profundo, intenso. 1. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 4 ed.
Ex: Há políticos que nutrem ódio figadal pelos seus opositores.1 Rio de Janeiro: A Academia; 2004.
1. Niskier A. Na ponta da língua. O Dia. 7 out 2001. Houaiss A, Villar MS. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Objetiva; 2001.
2. Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Academia das Ciências de Lisboa.
FÍGADO
Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de
A versão mais aceita para a origem de “fígado” – bancada pelo Houaiss – mostra
Lisboa. Lisboa: Verbo; 2001.
que tudo começou com a locução latina jecur ficatum, isto é, fígado de ave
3. Houaiss A, Villar MS, editores. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de
engordada com figos” - que vinha a ser o de melhor paladar. Note-se que o órgão
Janeiro: Objetiva; 2001.
era jecur e ficatum significava “farto de figo”, mas em algum momento da passagem
da expressão para o latim vulgar deu-se uma troca de papéis: sumiu o jecur e o que
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FILO derivado do verbo (“financiar”) com o acréscimo de sufixo (-mento). O quarto termo
O elementos “filo”(= amigo, quem ama) vem do grego. Filólogo é “quem ama” as da seqüência é contaminado pelos três primeiros. Como esses três são formados
palavras, a boa fala (elemento “logo” = palavra, fala). Filosofia = amante (filo) do pela supressão da terminação do verbo, passa-se sumariamente a navalha na
saber (sofia). Filantropia = quem tem amor ao ser humano (antropo). Necrofilia = cauda do verbo “financiar”. Vamos corrigir: compra, venda, troca, financiamento.
quem ama o morto (necro). Pedofilia = quem se sente atraído por criança (pedo). Tradução: a loja faz a compra, a venda, a troca e o financiamento. Se você preferir
(Duarte SN. Língua Viva, JB, 29.7.01) só verbos, lá vai: compra, vende, troca, financia. Tradução: a loja compra, vende,
troca e financia.
FILÓSOFO É preciso manter a simetria, o paralelismo. Por isso, em casos como esse, usam-se
Alguém que especule sobre os princípios e o desenvolvimento do pensamento só verbos ou só substantivos, sem mistura. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O GLOBO,
humano e a partir disso crie conceitos reconhecidos como notáveis. Alguém que 4.7.99)
estabeleça com brilho as relações de causa e efeito nesse campo. Filósofos mesmo,
no duro, são os gregos antigos, os alemães dos séculos XVIII e XIX e uns pouco FISCAL
mais. O Brasil contemporâneo não tem filósofos. Nem nunca os teve, segundo Palavra que veio do latim fiscu, que na antiga Roma designava cesto de vime, onde
alguns, teve Farias Brito (1862-1917), segundo outros. (Castro M. A imprensa e o os cobradores de impostos depositavam as quantias arrecadadas. (Silva D. Novas
caos na ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998) formas de roubar, velhas formas de punir. Outras opiniões. JB, 9.2.03)
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eletromagnética. O que difere os processos é: (1) o tempo em que o material emite As duas formas são corretas, fritar e frigir são sinônimos. (Duarte SN. Língua Viva,
tal energia luminosa. O material que absorve energia e cuja liberação da mesma JB, 30.9.01)
termina imediatamente após a fonte de tal energia cessar chama-se fluorescente;
aquele que ainda continua emitindo após algum tempo depois de tal fonte parar FOBIA
chama-se fosforescente; (2) a energia luminosa que é liberada na fluorescência é de Fobia equivale somente a aversão, medo exagerado, horror. Ultimamente, porém, o
menor comprimento de onda (tendendo a cor azul), ao passo que na fosforescência termo passou a ser usado em sentido oposto ao real. Assim, fobia por barulho
é de maior comprimento de onda (tendendo a cor vermelha). As lâmpadas são significa horror a barulho, da mesma forma que fobia por mulheres indica aversão e
fluorescentes porque o material contido dentro delas pára de emitir luz não atração por mulheres. Há alguns anos, um compositor, ao fazer comentários
imediatamente após o corte da energia elétrica que alimenta tais lâmpadas (Sérgio sobre um espetáculo que seria promovido no Rio em homenagem a Antônio Carlos
Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, 12.7.98, p.16) Jobim, perguntou: “Por que essa fobia de querer homenagear o compositor?” Na
Verbete: fosforescência.[De fosforescer + -ência.]S.f.1. Propriedade que têm certos verdade, ele deveria ter falado em obsessão, insistência, obstinação, vontade
corpos de brilhar na obscuridade, sem espalhar calor. 2. Luminosidade que as águas exagerada ou até mania, mas nunca em fobia. (Martins E. De palavra em palavra. O
do mar apresentam, por vezes, quando agitadas pelo vento ou cortadas pela proa da Estado de São Paulo, 19.6.99)
embarcação, e resultante sobretudo da presença de animais microscópicos: “As
barcas todas acesas de luzes frouxas perdiam-se na fosforescência lunar.” (João do FOGO e FOGOS (PROSÓDIA)
Rio, As Religiões no Rio, p. 212.) 3. Fís. Forma de fotoluminescência em que a A palavras fogo (ô) passa a ter a vogal tônica aberta no plural: fogos (ó). (Niskier A.
emissão de luz persiste um tempo considerável depois de haver cessado a absorção Na ponta da língua. O Dia,11.6.00)
da radiação excitadora. [Cf., nesta acepc., fluorescência.] (Aurélio eletrônico)
Verbete: fluorescência. [De fluorescer + -ência.]S.f.Fís.1. Luminescência provocada FOGO vs. INCÊNDIO
pela conversão, em corpo, dalguma forma de energia em radiação visível, com um O incêndio é o fogo sem controle. Os bombeiros, portanto, estão aí para “apagar
tempo de decaimento da ordem de 10-8 segundos; luminescência cujo tempo de incêndio”. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 28.1.01)
decaimento independe da temperatura. [Cf. incandescência, luminescência,
fosforescência (3) e florescência.] (Aurélio eletrônico) FORA DE SI
Uma lâmpada fluorescente é um tubo de vidro fechado, revestido internamento com O si se refere à terceira pessoa. Si pode designar tanto a forma de tratamento você
material luminescente e que contém vapor de mercúrio a baixa pressão, através do e vocês como ele e eles. Exs.: Cuidado que ele pode ficar fora de si. / Eles não
qual ocorre continuamente descarga elétrica; os átomos do metal, absorvendo devem ficar fora de si. Isto é, ele e eles com si. Recomendo que você não fique fora
energia da descarga, passam a um estado excitado e, ao retornarem a seu estado de si. / É bom que vocês não fiquem fora de si. Portanto, eu nunca poderia dizer que
fundamental, emitem energia luminosa, principalmente ultravioleta - que é uma “cor” fiquei “fora de si”, mas sempre fora de mim. Atente para estes outros casos: Tu
que nosso olhos não vêem. Mas o material luminescente, um pó branco à base de ficaste fora de ti. / Nós ficamos fora de nós. / Vós ficastes fora de vós. (Martins E. De
sulfeto de zinco, absorve a luz ultravioleta e reemite a luz visível, branca. Do ponto palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 11.3.00)
de vista técnico, a emissão de luz pelo mercúrio, nestas condiões (vapor, baixa
pressão) é principalmente fluorescência; já a emissão pelo revestimento, que é a luz FORÇA
que nós vemos, é mais complexa: coexistem fluorescência e fosforescência. Toda ação que é capaz de produzir deformações em um corpo ou que pode
Lâmpada fosforecente não seria um absurdo, tecnicamente, Na prática, o termo modificar seu estado de repouso ou movimento. F = m x a A unidade de força no
proposto pelos inventores (anos 30) e consagrado pelo uso é lâmpada fluorescente Sistema Internacional é o newton (N), que é a força que, aplicada a um corpo de 1
(Aurélio Baird Buarque Ferreira, prof. adjunto UFRRJ, Deu no JB, 18.7.98, p.9) kg de massa, transmite a ele uma aceleração de 1 m/s2 na mesma direção e sentido.
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O pronome possessivo “seu” pode ser empregado com formas de tratamento, como
“Vossa Senhoria”, “Vossa Excelência”,etc. Na correspondência comercial, FORMA vs. FÔRMA
burocrática ou oficial são comuns as construções: Vossa Senhoria sabe que Apesar de alguns dicionários apresentarem esta palavra, também grafada com
estamos à vossa disposição... Informamos a Vossa Senhoria que vosso pedido será acento, não está certo. A lei no 5.765/71 suprimiu o acento circunflexo com que se
atendido... Esperávamos que Vossa Senhoria aceitasse o convite que vos fizemos... distinguia, pelo timbre o e e o o tônicos de palavras homógrafas (escritas iguais),
Vossa Senhoria não deve dar importância aos que vos ofendem... Essas deixando exceções, (pôde/pode), entre as quais não se encontram os vocábulos:
construções eram regulares há aproximadamente 300 anos. Na língua padrão de fôrma/forma. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia
hoje, apesar de ainda comuns em alguns documentos saídos de gabinetes da Brasileira de Letras, apresenta-os sem acento.
burocracia oficial ou de escritórios comerciais, essas construções não são aceitas. forma (ô) - modelo oco, peça de madeira que imita o pé, usada no fabrico de
Pronomes como “Vossa Senhoria” ou “Vossa Excelência” devem ser associados a calçados. Forma (ó) - maneira, alinhamento, jeito, feitio. Forma (ó) - 3a pessoa do
oblíquos e possessivos da terceira pessoa, como “seu”, “sua”, “o”, “lhe”, etc. Exs.: singular de Presente do Indicativo do verbo formar. (Niskier A. Na ponta da língua. O
Vossa Senhoria sabe que estamos à disposição. Informamos a Vossa Senhoria que Dia, 21.5.00)
seu pedido será atendido. Esperávamos que Vossa Senhoria aceitasse o convite Considerar a palavra acentuada é acreditar que o acento diferencial ainda está em
que lhe fizemos. Vossa Senhoria não deve dar importância aos que o ofendem. vigor, o que não é verdade. Esse tipo de acento caiu, com a Lei 5.765/71, listando
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 18.8.02) algumas exceções, nas quais essa palavra não está incluída. O Dicionário Aurélio é
Suponha que você queira perguntar a uma pessoa se determinado objeto pertence a o único que apresenta forma e fôrma com seus significados diferentes. Outros
ela. Você faz as perguntas: Esta mala é sua? Onde está seu carro? Agora, suponha autores (Koogan Houaiss) e o próprio Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa
que queira fazer as mesmas perguntas a duas pessoas que estejam juntas (um da ABL registram duas vezes a palavra forma sem acento. Dessa forma, ficamos
casal, p.ex.). Se quisesse ser rigoroso em relação ao que prega a norma, deveria com aqueles que não usam o acento circunflexo. É a nossa opinião. (Niskier A. Na
simplesmente repetir as perguntas: Esta mala é sua? Onde está o seu carro? Na ponta da língua. O Dia, 20.8.00)
línga de hoje, ninguém faz isso. Justamente para evitar o desconforto que causa o
emprego de “seu” ou “sua” em relação a mais de uma pessoa, é mais provável que FORMAS PRONOMINAIS E PREPOSIÇÃO
se ouça algo como: Esta mala é de vocês/ dos senhores/ das senhoras? Onde está Quando precedidas de preposição, as formas pronominais referentes às duas
o carro de vocês/dos senhores/ das senhoras? Outra possibilidade (comum, primeiras pessoas do singular são mim e ti, e não eu e tu. Ex.: Entre mim e você não
sobretudo em Portugal) é o emprego de “vosso”, “vossa”: Esta bolsa é vossa? Onde existe mais nada. Entre mim e ti nunca houve segredos. Entre mim e ele estava tudo
está o vosso carro? Na prática, o pronome “vós” (em desuso na língua viva) deixou certo. Não há mais nada entre você e mim. (Martins E. De palavra em palavra.O
um representante, o possessivo “vosso”, usado com alguma freqüência quando se Estado de S. Paulo, 28.10.00)
faz referência a objeto possuído por duas ou mais pessoas, com as quais se
conversa. Para a gramática normativa, o possessivo da terceira pessoa do plural é FORMIDÁVEL E INVERSÃO DE SENTIDO
“seu” (e flexões: sua, seus, suas). Exs.: Meninos, vocês sabem onde está o seu pai? A sua raiz latina significa “medo, terror, pavor”. Assim sendo, um dia formidável seria
Alguém se habilita? Já imaginou um candidato pronunciando: Meus caros eleitores, um dia terrível, pavoroso. Hoje, sem dúvida, seria um dia maravilhoso. Este é um
vocês sabem quem realmente defende o seu interesse? Na prática, “o seu interesse” exemplo de palavra que perdeu o seu sentido original e hoje apresenta um
viraria “o interesse de vocês”(ou quando muito, “o vosso interesse): Meus caros significado quase oposto. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 25.4.99, p.14)
eleitores, vocês sabem quem realmente defende o interesse de vocês (ou “quem Um belo caso é o de “formidável”. O adjetivo, que já teve o sentido de “temível”,
realmente defende o vosso interesse”). Muitos dos dicionários brasileiros e “terrível”, “que inspira grande temor”, “perigoso”, hoje é usado apenas com o sentido
portugueses registram o emprego de “vosso” no lugar de “seu”, mas ressalvam que de “maravilhoso”, “acima do comum”, “admirável”, “excelente”. (Cipro Neto P. Ao pé
se trata de uso coloquial, familiar. O Dicionário de Usos do Português do Brasil (prof. da letra. O Globo, 27.8.00)
Francisco S. Borba) registra o emprego, classificado como coloquial. O Dicionário da
Academia das Ciências de Lisboa, faz esta observação no verbete “vosso”: “No uso FORMOSA vs. TAIWAN
mais purista da língua, aconselha-se seu, sua em vez de vosso, vossa para o O nome do país, na língua portuguesa, é Formosa, como preconiza o Ministério das
tratamento por vocês”. Em se tratando de língua padrão, exemplar, recomendam-se Relações Exteriores. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro:
construções como: “Eleitores, vocês sabem que seu futuro está em jogo”. “Vossas Record, 1998.
Excelências sabem que não podem e não devem enganar seus eleitores”. “Irmãos,
vós sabeis que vosso futuro está nas mãos do Criador”. (Cipro Neto P. Ao pé da FORMULÁRIO ORTOGRÁFICO OFICIAL
letra. O Globo, 18.8.02) É oficial. Está publicado na parte inicial dos bons dicionários e no VOLP (Cipro Neto
P. Ao pé da letra. O Globo, 29.4.01)
FORMA ARRIZOTÔNICA vs. RIZOTÔNICA
São formas verbais. As rizotônicas são aquelas cuja vogal tônica cai no radical. Exs.: FORNO e FORNOS (PROSÓDIA)
eu beijo . As arrizotônicas são aquelas cuja vogal tônica não cai no radical. Ex.: nós A palavras forno (ô) passa a ter a vogal tônica aberta no plural: fornos (ó). (Niskier A.
beijamos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 19.1.03) Na ponta da língua. O Dia,11.6.00)
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Fronteira entre países; divisa entre estados e limite entre municípios. (Duarte SN,
FORRÓ Língua Viva, JB, 7.2.99,p.14)
Forró, que não é ritmo e sim o local onde se dança, vem de forrobodó ou
forrobodança. Quem inventou esse negócio de que forró vem de “for all” foi o FUGIR À REGRA
Geraldo Azevedo, grande violonista e cantor nordestino, acho que para fazer graça Bons gramáticos e cultores do bom estilo de linguagem reprimem expressões
(carta de Haroldo Costa). (Niskier A. Na ponta da língua. 25.2.00) surradas por denotarem pobreza vocabular. Costumam chamar tais expressões de
No Dicionário de folclore brasileiro, de Câmara Cascudo: forró é uma simplificação lugar-comum, péssimo recurso, mau-gosto. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino
de forrobodó. O dicionário Aurélio também registra essa versão. (Duarte SN, Língua P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital
Viva, JB.15.3.98) Universitário da Universidade de Brasília)
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demorado, vestia.., usava.... Se eu fosse você, não esquecia que hoje é o nosso Basta eliminar as letras “am” da terceira do plural do pretérito perfeito. Isso valee
primeiro aniversário de casamento (anúncio Valisére). (Duarte SN, Língua Viva, para todos os verbos da língua portuguesa, sem exceção. Exs.: Ontem eles
Jornal do Brasil, p.12, 6.6.99) fizeram/quando eu (ou você) fizer. Ontem eles disseram/quando eu (ou você) disser.
O futuro do pretérito, com valor específico, indica fato futuro em relação a fato Ontem eles foram/quando eu (ou você) for. Ontem eles viram/quando eu (ou você)
situado no passado. Ex.: Quando jogava no São Cristóvão, Ronaldinho talvez nem vir fulano. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 3.10.99) (Cipro Neto P. Ao pé da
imaginasse que vestiria a camisa do PSV, do Barcelona e da Internazionale. A forma letra. O Globo, 15.4.01)
“vestiria” está no futuro do pretérito porque ao referir-se à época em que Ronaldo De “fizeste”, faz-se “fizer”; de “foste”, faz-se “for”; de “quiseste”, faz-se “quiser”; de
jogava no São Cristóvão, o texto fala do passado do atleta (“jogava”). Em relação a “vieste” faz-se “vier”; de aproveste, faz-se “aprouver. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
esse momento, o PSV, o Barcelona e a Internazionale representam o futuro. Fatos Globo, 16.4.00)
que, em relação ao momento destacado (o passado), fariam parte do futuro. O futuro
do pretérito pode ser empregado com outro matizes. Um deles é comum qundo não GAFE
se quer ou não se pode dar o fato como cabal. Ex.: Os ossos encontrados seriam de É palavra de origem controversa. Pode ter vindo do neerlandês gaffel, forquilha, ou
um homem pré-histórico. Não se tem certeza do fato. Existem ainda as formas do árabe gafea, contraída, enroscada. Quando os marinheiros novatos não
compostas do futuro do pretérito, que se emprega quando se quer afirmar que manejavam bem a vara com um gancho na ponta, utilizada para atracar os barcos,
determinado fato teria ocorrido no passado, desde que determinada hipótese se eram gozados pelos veteranos. Ao cometer a gafe, a pessoa se encurva, retorce as
tivesse concretizado. Ex: Fernando Henrique teria dito que teria conseguido a vitória mãos, vira os olhos, mexe as orelhas ou faz enfim algo quase desesperado para
sozinho, ou seja, sem a aliança como o PFL. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, disfarçar o indevido que acabou de obrar. (Silva D. As gafes da posso. Outra
17.3.02) opiniões. JB, 5.1.03)
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termo, com acento afrancesado e tudo. Diz o Webster’s: “grupo de pessoas do Geno é uma palavra grega que significa raça ou tribo. Cidio vem do latim, e pode ser
mesmo tipo ou classe”. 1 traduzida como massacre. A palavra genocídio foi cunhada pelo jurista polonês
1. Rodrigues S. A palavra é... Nominimo 1° mar 2006. Disponível em: Raphael Lemkin, em 1944, para descrever as atrocidades cometidas pelos nazistas
http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationS contra os judeus durante a II Guerra. O objetivo de Lemkin, um judeu que perdeu 49
ervlet?publicationCode=1&pageCode=65 parentes na guerra, era criar um conceito inexistente no direito internacional que
punisse com rigor uma tentativa, patrocinada ou apoiada por um Estado, de
GALÍCIA vs. GALIZA exterminar um grupo étnico, racial ou religioso. Uma convenção das Nações Unidas,
Galícia é uma região da Polônia (seu nome vem do alemão Galizien), situada no em 1948, sacramentou juridicamente o termo. O genocídio passou a ser
oriente do país, ao sul de Varsóvia. Os nascidos lá são chamados de galicianos. Na considerado um crime gravíssimo contra a humanidade – e, desde então, os 135
Espanha, a região se chama Galiza, em português. (Castro M. A imprensa e o caos países signatários da convenção são obrigados a tomar medidas na ONU quando
na ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998. surgir indícios de que um genocídio está em curso. (Barella JE. Um genocídio
impune. VEJA, 13.10.04 p.49)
GARÇOM vs. GARÇÃO
Garçom é palavra de origem estrangeira. A forma original vem do francês “garçon”. A GENTE
A forma antiga, em português, era justamente a importada “garçon”. No francês É correto o uso da expressão “a gente”, mas o verbo obrigatoriamente deve ser
atual, “garçon” significa “rapaz”, “jovem” e era esse sentido que a palavra tinha entre usado no singular. Ex.: A gente vai à cidade. (Niskier A Na ponta da língua, O Dia,
nód. A forma variante “garção”é de uso bastante limitado entre nós. (Cipro Neto P. 21.11.99)
Ao pé da letra. O Globo, 17.11.02) O preconceito quanto ao uso da locução “a gente” é descabido. Entretanto, use-a
sempre com o verbo no singular. Ex.: A gente foi ao cinema, ontem. (Niskier A. Na
GATO-SOPATA e GATO E SAPATO (ETIMOLOGIA) ponta da língua. O Dia, 10.1.00)
A expressão teria surgido da derrota imposta aos gatos pelos cachorros quando
estes colocam aqueles “sob a pata”. Um gato “sob a pata”, ou, sinteticamente, GERENTE (GÊNERO)
“sopata”, é um gato maltratado, neutralizado, subjudado. O sapato que o senso (e o Este substantivo é uniforme, ou seja, tem forma única para o masculino e feminino,
nonsense) popular pôs ao lado do gato na expressão se deve ao fato de “sapato” ser mas o artigo que o precede varia, assim como os adjetivos que caracterizam esse
mais familiar e rimar com gato. Ex.: Que façam gato-sopata dos ataques substantivo. Ex.: O gerente (homem); a gerente (mulher); o gerente administrativo; a
especulativos. (Toledo RP. Guia de boa conduta dos candidatos. Veja 19.6.02 p.134; gerente administrativa. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 15.7.01)
apud Pimenta R. A Casa da Mãe Joana. Campus; 2002)
GERÚNDIO
GENERAL (ABREVIATURA) O bom emprego do gerúndio traz significados distintos: 1. Gerúndio modal: Chegou
A abreviatura de general é Gen. e não “Gal”, como muita gente escreve. (Niskier A. cantando; 2. Gerúndio temporal (indica contemporaneidade entre a ação expressa
Na ponta da língua. O Dia, 23.7.00) pelo verbo principal e o gerúndio): Vi João passeando. São frases mal construídas:
Vou estar depositando o seu salário hoje à tarde. O instituto vai estar realizando um
GÊNERO, NÚMERO E CASO vs. GÊNERO, NÚMERO E GRAU seminário sobre Gestão pela Qualidade no próximo mês. Na próxima quarta-feira,
Os professores de latim repetiam sempre: o adjetivo concorda com o substantivo em ele vai estar fazendo três anos de empresa; 3. Gerúndio durativo: Ficou escrevendo
gênero, número e caso. A expressão “gênero, número e caso” virou frase feita, sua redação; 4. Gerúndio cuja ação é imediatamente anterior à do verbo principal:
empregada sempre que se quer dizer que uma pessoa concorda com outra de modo Levantando o peso, deixou-o cair sobre o pé; 5. Gerúndio condicional: Tendo sido
irrestrito. Atualmente, a frase, descaracterizada, vem sendo repetida como se fosse publicada a lei, obedeça-se; 6. Gerúndio causal: Conhecendo sua maneira de agir,
“gênero, número e grau” O conhecimento da origem da expressão evitaria a não acreditei no que me disseram; 7. Gerúndio concessivo: Mesmo nevando muito,
repetição de modo deturpado. Como o substantivo não tem grau, o adjetivo não iria à festa; 8. Gerúndio explicativo: Vendo que o leme não funcionava, o
pode concordar com ele em “gênero, número e grau”. Numa língua sem declinações, comandante chamou o mecânico. Como regra geral, pode-se dizer que o gerúndio
seria suficiente dizer que se concorda com alguém em “gênero e número”. (Castro está bem empregado quando: há predominância do caráter verbal ou adverbial; o
M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro: Record; 1998. caráter durativo da ação está claro; a ação expressa é coexistente ou imediatamente
anterior à ação do verbo principal. (apud Agostinho Dias Carneiro. Redação em
GÊNIO construção. Editora Moderna)
Na Roma Antiga designava o espírito guardião de um indivíduo e, por extensão, O uso do gerúndio será tão mais impróprio quanto mais se aproxime da função
acabou indicando também aquilo que havia de especial a respeito dele. (Graieb C. adjetiva, ou da expressão de qualidades ou estados, ou quanto maior a distância
Mentes que brilham. Livros. Veja, 14.5.03. p. 122) entre o tempo da ação expressa por ele e o tempo da ação do verbo principal.
Alguns empregos do gerúndio devem ser evitados: 1. Quando as ações expressas
GENOCÍDIO (ETIMOLOGIA) pelos dois verbos – gerúndio e verbo principal – não puderem ser simultâneas. Ex.:
Chegou sentando-se. Machado de Assil nasceu no Rio de Janeiro, estudando com
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um amigo padre na infância; 2. Quando o gerúndio expressa qualidade e não “l” por “is”, o plural de “gol” deveria ser “gois”. Segundo o Aurélio: “é incoerente o
comporta a idéia de contemporaneidade. Ex.: Vi um jardim florescendo; 3. Quando a plural “gols” para uma palavra aportuguesada. Contudo, parece-nos difícil que se
ação principal expressa pelo gerúndio é posterior à do verbo principal. Ex.: O venha a fugir desse barbarismo, tão arraigado está.” Eu diria que é impossível. Vale
assaltante fugiu, sendo detido duas horas depois. O melhor seria: O assaltante fugiu registrar que também existe a forma “golos”, comum no Rio Grande do Sul e em
e foi detido duas horas depois; 4. Quando o gerúndio, copiando construção francesa Portugal. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 2.1.2000)
(galicismo), passa a ter valor puramente adjetivo. Ex.: Vi uma caixa contendo... A
construção mais adequada seria: Viu uma caixa que continha... (apud Agostinho GOSTAR (REGÊNCIA)
Dias Carneiro. Redação em construção. Editora Moderna) (Duarte SN. Língua Viva. Quem gosta gosta de alguma coisa. Ex. Esta é a música de que o povo gosta. Esta
JB, 29.8.99) é a música da qual o povo gosta (Duarte SN, 21.12.97)
O pior uso do gerúndio é aquele que gera ambigüidade. Exs.: A mãe encontrou o O verbo gostar (quem gosta, gosta de) é transitivo indireto, isto é, precisa da
filho chorando. Quem estava chorando? A mãe ou o filho? Ônibus atropela criança preposição de. Ex.: O amigo de que mais gosto é o Pedro. Observe: A presença do
subindo a calçada. O ônibus subiu a calçada e atropelou a criança ou o ônibus pronome relativo (que) atrai a preposição para antes dele.
atropelou a criança no momento em que ela subia a calçada? (Duarte SN. Língua Gostar tem vários sentidos. Um deles, em franco desuso é “degustar”, “saborear”,
Viva. JB, 29.8.99) “provar”, “experimentar”. Com esse sentido, é transitivo direto, ou seja, é usado sem
O gerúndio, fundamentalmente, indica tempo simultâneo ou ação durativa. Fica preposição. Ex.: Leitor ignaro, se não guardas as cartas da juventude, (...) não
totalmente ilógico o uso do gerúndio como se fosse futuro. Exs.: Amanhã estaremos gostarás o prazer de... (Machado de Assis). Ex.: Gostei o vinho, mas não gostei
enviando para o senhor.... Quando o senhor estiver recebendo, queira por favor nos dele. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 30.9.01)
confirmando o recebimento. Em vez de “estaremos enviando”, devemos
simplesmente dizer “enviaremos ou vamos enviar”; em vez de “quando o senhor GOSTAR E FUTURO DO PRETÉRITO
estiver recebendo”, diga “quando o senhor receber (= futuro do subjuntivo); em vez Eu tenho realmente o vício de usar a forma “gostaria” em situações nas quais,
de “queira por favor estar nos confirmando”, basta “queira nos confirmar (= infinitivo). rigorosamente, não cabe um verbo no futuro do pretérito. Em vez de “gostaria de
(Duarte SN. Língua Viva, JB, 3.9.00) convidá-lo”, devemos usar “quero convidá-lo” ou “estou convidando”. Assim a nossa
O gerundismo teve origem em traduções preguiçosas de manuais de telemarketing. linguagem se torna mais objetiva. Por outro lado, um último detalhe: o uso do futuro
O original We’ll be sending you, uma forma de construir o tempo futuro que faz do pretérito, em algumas situações, indica “um pedido”, descaracteriza uma
sentido em inglês, virou “Vamos estar lhe enviando”, que faz pouco sentido em “possível” ordem ou demonstra a posição de “inferioridade” do falante em relação ao
português. A explicação tem lógica, especialmente se levarmos em conta que o interlocutor. Veja o perigo ao se escrever para uma cliente: “Quero que os senhores
gerundismo é consagrado entre secretárias e atendentes de 0800, mas não parece assinem o contrato ainda hoje”. É bem mais suave: “Gostaria que os senhores
dar conta de todo o fenômeno. Não estou entre os que tacham o gerundismo de erro assinassem o contrato ainda hoje”. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 27.8.00)
puro e simples. A língua é tão plástica e tão diversa que nos recomenda usar com
parcimônia essa noção de erro. Prefiro chamá-lo de vício. Além de espelhar um GÖTTERDÄMMERUNG
sintaxe estrangeira, é construção desajeitada, que complica em vez de simplificar, Crepúsculo dos deuses, segundo os alemães.
usando palavras demais (vamos estar lhe enviando = vamos lhe enviar). Nem vale a
pena entrar no mérito do gerúndio como fator de amolecimento e imprecisão do GRAMA
verbo. Há casos em que existe a necessidade de salientar uma ação contínua no Masculino quando significa peso (Trezentos gramas) e feminino quando significa
futuro, geralmente paralela a outra ação citada na mesma frase. Por ex.: Quando a capim. (7)
encomenda chegar, ele estará viajando. Se você quiser me visitar em março, vou Grama não é unidade de peso e sim de massa (Sérgio N. Duarte - Lingua Viva
estar esperando. São casos bem específicos, relativamente raros. O resto é uma Especial/Dúvida dos leitores - JB,5.7.98, p.15)
mania que só empobrece o estilo. (Rodrigues S. Língua Viva. JB. 19.1.03) Professores de Física me alertam: GRAMA não é unidade de “peso”, e sim de
MASSA. (Sérgio N. Duarte - Lingua Viva, JB, 28.6.98)
GIR (VERBOS TERMINADOS EM: ORTOGRAFIA) No feminino trata-se de relva. Exs.: A grama do campo de futebol estava muito alta.
Na conjugação dos verbos que terminam em “gir”, só se usará “j” quando for Mandou o jardineiro aparar a grama. Quando designa medida, no entanto, grama é
necessário: fujo, dirijo, ajo, reajo, fuja, dirija, aja, reaja. Quando o “g” der conta do vocábulo masculino. Exs.: Comprou dois gramas de ouro. Pediu ao açougueiro
recado, nada de “j”: foge, fugimos, fogem, dirige, dirigimos, dirigem, age, agimos, trezentos gramas de coxão mole. Tomava 20 gramas diários daquele remédio. Se
agem, reage, reagimos, reagem. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 12.9.99) você achar estranha a forma “o grama”, procure lembrar-se de que todos os
múltiplos e submúltiplos dessa unidade são masculinos: o miligrama, o centigrama, o
GOL (PLURAL) decigrama, o decagrama, o quilograma, etc. (Martins E. De palavra em palavra. O
Os dicionários registram as duas formas: goles e gols (Sérgio N.Duarte - Lingua Viva Estado de S. Paulo, 16.10.99)
Especial/Dúvida dos leitores - JB,5.7.98, p.15)
As normas da língua exigiriam a forma “gois”, com o “o” fechado. Afinal, se o plural GRAMÁTICA
de “sol” é “sóis”, se o de “rol” é “róis” e o de “anzol” é “anzóis”, ou seja, se se troca o
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Gramática normativa é aquela que dita normas, separando o certo do errado O plural de gravidez é gravidezes. (Ramos W. Não morda a língua. Aracaju: Sercore;
segundo a tradição culta da língua. Ela é defendida por gramáticos tradicionais e a 2001)
maioria absoluta dos professores.
A gramática descritiva não julga, não está nem aí para o certo ou o errado; dedica- GRÁVIDO
se a descrever os mecanismos de cada um dos sistemas concretos que compõem No masculino significa “cheio, repleto”. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia,
nossa língua abstrata, ou seja, pode estudar tanto a língua literária brasileira da 18.3.01)
segunda metade do século 20 quanto a norma oral dos feirantes cariocas de hoje;
gramática aqui quer dizer um conjunto de regras internalizadas que qualquer falante GREVE
domina. Desse ponto de vista, “nós vais ir” não é um erro. “Ir vai nós”, sim, seria – Place de Grève era um descampado em Paris, às margens do Sena, reservado aos
mas isso ninguém diz. Os modernos lingüistas têm na gramática descritiva uma de enforcamentos. Mais tarde, passou a atrair os desempregados, que, eventualmente,
suas ferramentas. lá se manifestavam. A partir de 1805 lá instalou-se o Hotel de Ville, a sede da
Há outras modalidades de gramática – histórica, gerativa, etc. (Rodrigues S. Língua prefeitura. Desapareceu o logradouro, sobrou o nome (em francês e português), mas
Viva. JB, 25.8.02) também a ação: manifestação de trabalhadores através da paralisação do trabalho.
(Dines A. Curva perigosa, JB, 31.7.99)
GRANITO vs. GRANIZO
Em cidades como La Plata, na Argentina, chegou a cair chuva de granizo. (Duarte GRILHEIRO
SN, Língua Viva, JB, 10.10.99) O nome surgiu pelo antigo artifício de confinar os títulos falsos de terra numa caixa
cheia de grilos: os insetos liberam uma substância que amarela e corrói o papel,
GRÁTIS vs. GRATUITO dando-lhe uma aparência de velho. (Brum E. O povo do meio. Época, 4.10.04, p.82)
Grátis é advérbio = gratuitamente. Ex.: Temos estacionamento gratuito. (Ramos W.
Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) GRINGO (ETIMOLOGIA)
1. Veio do espanhol gringo, provavelment radicado em griego – o eclesiástico que
GRAVE falava grego ou latim à vista de todos e não era entendido pelos outros – que,
Mais um caso em que as palavras aparecem fora do sentido real diz respeito às nasalado, virou griengo e depois gringo, indicando estrangeiros, sobretudos
condições de saúde. Lembre-se, por exemplo, de que não existem pacientes ou europeus e norte-americanos, que viajaram ou emigraram para a América do Sul
doentes “graves”, mas apenas pacientes ou doentes em estado grave. Ou seja, o ou
estado e não o doente é que é grave. Também é impróprio afirmar que a saúde de 2. Capatazes, atuando na construção de nossas ferrovias, mandavam, em inglês,
alguém se agrava ou piora. O que piora ou se agrava é o estado ou a condição de que o trabalhador, ao sinal verde, avançasse com o trole: green, go! (verde, vai)
saúde de alguém. É o mesmo que ocorre com a situação das pessoas. Por isso, ou
evite falar em imigrante, contribuinte ou motorista irregular. No caso, não é a pessoa 3. Além do green coat, uniforme verde dos soldados americanos na guerra contra o
que é irregular, mas a sua situação. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de México, um dos versos da canção do poeta escocês Robert Burns, que
São Paulo, 13.11.99 e 15.4.00) entoavam, fala em green grow.
4. Deriva do inglês greenhorn, gado mocho, isto é, sem chifres. Ou dotado de
GRAVIDADE pequenas protuberâncias no lugar deles. Esses bois não eram adequados ao
Gravidade se aplica a situações e não a pessoas. Não se pode dizer “existem trabalho da lavoura, não se podia sequer ajoujá-los, ligá-los um ao outro para
adolescentes de maior gravidade”. O certo é: existem adolescentes de maior puxar carros e arados. O vocábulo passou depois a designar, ainda no século 16,
periculosidade, e não “gravidade”. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de os recrutas do exército britânico que ainda não sabiam manejar as armas.
São Paulo, 15.4.00) Posteriormente foi aplicado aos imigrantes que iam para os Estados Unidos e
não sabiam fazer nada, sequer trabalhar a terra, semelhando aqueles bois e
GRAVIDEZ E PLURAL recrutas. (Silva D. O português dos gringos. Língua Viva. JB, 8.6.03)
O plural é gravidezes. Ex.: Ela teve três gravidezes. (Niskier A. Na ponta da língua.
O dia, 28.1.00) GRITAR BEM ALTO
O plural de “gravidez” é feito como o de qualquer palavra terminada em “z”, ou seja, Redundância
com o acréscimo de “es”: raiz/raízes, juiz/juízes, giz/gizes, luz/luzes, noz/nozes,
capaz/capazes, feliz/felizes, capuz/capuzes, voz/vozes, cruz/cruzes. O plural de GROSSO MOSO vs. A GROSSO MODO
“gravidez”, portanto, só pode ser “gravidezes”: “Suas duas gravidezes foram Grosso modo é expressão latina que significa sem grande precisão, de modo
absolutamente calmas”. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O Globo, 9.7.00) grosseiro, impreciso, aproximadamente. Muita gente aportuguesa a expressão,
O plural e gravidezes. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, usando um a, o que está errado. (Cipro Neto P, Ao pé da letra, O Globo, 20.12.98,
8.12.01) p.26).
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A expressão latina "grosso modo" é outra que na língua culta não se aportuguesa, o Na locução “há cerca de” se tem simplesmente a forma verbal “há” (= existem)
que, no caso, corresponderia a acrescentar a preposição "a" ("a grosso modo"). seguida da expressão “cerca de”. (Cipro Neto P. Acerca de, a cerca de, há cerca de.
"Grosso modo" significa "de modo impreciso", "de modo grosseiro", Revista O Globo, 12.12.2004, p.53)
"aproximadamente": "Grosso modo, pode-se afirmar que o Brasil tem 40 milhões de Há cerca de = faz aproximadamente. Ex. Maria casou com Jorge há cerca de vinte
miseráveis." (Cipro Neto P, Ao pé da letra, O Globo, 4.2.01). anos e são felizes até hoje. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 11.2.00)
Grosso modo é uma locução adverbial latina, que significa aproximadamente, de V. “acerca de”, “a cerca de” e “cerca de”.
modo grosseiro. Ex.: Pode-se dizer, grosso modo, que a descoberta talvez dê bons
resultados. Grosso modo, é possível que as bactérias vençam os antimicrobianos na HA vs. A (tempo)
chegada do terceiro milênio. Grosso modo, foi isso que o conferencista quis dizer. Há (= faz) do pode ser usado caso se refira a um tempo já transcorrido. Quando a
(Silveira IC. Textos médicos: aspectos lingüísticos. JBM 1999; 76(1/2):36. idéia é de tempo futuro , devemos usar a preposição “a”.
Exs. Espero que não haja obstáculos à realização das provas, daqui a uma semana.
GRUMETE (PROSÓDIA) (Duarte SN, JB, 18.1.98, p.14).
Grumete (“grumête” e não “gruméte”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado Ex.: A três dias do seu embarque, ele foi atropelado. Devemos usar a preposição a
de São Paulo, 15.7.00) por tratar-se de um caso de “distância” medida pelo tempo; não há idéia de “tempo
decorrido”; não significa que faz três dias que ele embarcou ou que ele foi
GUARDA-SOL (PLURAL) atropelado, e sim que nós estávamos “a três dias do seu embarque”. Usamos há
Não se deve levar em conta se existe mais de um sol. O que importa é a formação quando nos referirmos a “tempo decorido”. Ex.: Há três anos que não nos vemos
dessa palavra composta. Nos compostos formados por verbo e substantivo, só se (Sérgio Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, 30.8.98, p.16). Estamos a três
flexiona o segundo elemento. Exs.: guarda-sóis; porta-bandeiras; beija-flores. (Cipro quilômetros do local do acidente. Estamos a 10 minutos do centro da cidade. O
Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 8.7.01) condomínio fica a 15 minutos da Barra (Duarte SN, Língua Viva, 20.9.98, p.16)
O há indica tempo passado e pode ser substituído por faz. Exs.: Ele mora no Brasil
GUIDÃO vs. GUIDOM há (faz) dez anos. Os novos empregados foram contratados há (faz) pouco. Há (faz)
Ambas as formas estão corretas. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 9.7.00) muito tempo que eles chegaram aqui. O diretor assumiu o cargo há (faz) poucos
meses. / Há (faz) dez dias o aluno espera o resultado das provas.
GUIMARÃES (ADJETIVO PÁTRIO) O “a” trata-se de uma preposição que exprime, principalmente, duas condições,
O relativo a Guimarães é vimaranense. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, tempo futuro e distância (ou tempo)Exs.:Daqui a dois meses, será inaugurado o
17.6.01) novo prédio da escola. De hoje a três dias, correrá o prazo da concorrência.
Estamos a pouco tempo do fim do século. Todos esses casos tratam de tempo
H (letra) futuro. Quanto à distância ou tempo simplesmente, procure fixar a diferença entre as
Esta letra só deve ser usada no início da palavra. No meio só existe nos dígrafos ch, duas situações: A polícia chegou a dez metros (distância) do seqüestrador. O avião
nh, lh e no nome do estado da Bahia por questões históricas. Exs.: suborizontal; estava a meia hora (tempo) de São Paulo. Apesar de estar a cem metros (distância),
baiano; Baía de Todos os Santos; reaver; desarmonia; subumano (Duarte, SN, JB, o atirador acertou o alvo. Estava a três meses (tempo) do casamento. Note bem: a)
24.5.98, p.14) Em todos esses casos, o há indica passado. b) Da mesma forma, o a designa futuro,
É empregada: (a) no início, quando etimológico: hélice; (b) nos dígrafos ch, lh,nh: quando se trata de tempo. c) Talvez o erro mais comum seja usar daqui “há” dois
chave, malha, minha; c) no final, em interjeições: ah, ih; (d) em compostos unidos meses. Lembre-se sempre: o certo é daqui a. d) Não se esqueça de que o a também
por hífen, no início do segundo elemento, se etimológico: anti-higiênico. (Rede expressa distância. Use o mesmo raciocínio com há menos de e a menos de. Há
Objetivo, Aula de Português, JB, 22.11.95, p.22) menos de indica passado e o há também corresponde a faz: Foi embora há (faz)
menos de cinco meses./ O escritor terminou o livro há (faz) menos de um ano. A
HÁBITAT vs. HABITÁT menos de designa tempo futuro, quantidade ou distância: Estava a seis meses da
O coreto é hábitat. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, aposentadoria (tempo futuro). Falou a menos de 20 pessoas (quantidade). Chegou a
1.12.01) dois metros do abismo (distância). Por isso, nunca escreva: Foi embora “a” menos
de três meses (o certo é há menos de três meses). O escritor terminou o livro “a”
HÁ CERCA DE menos de um ano (o certo: há menos de um ano). Estava “há” seis meses da
Há cerca de (há = verbo + cerca de = perto de, aproximadamente). Exs.: Não nos aposentadoria (o certo: Estava a seis meses da aposentadoria). Falou “há” menos
vemos há cerca de dez anos (= faz aproximadamente dez anos que não nos vemos de 20 pessoas (o certo: Falou a menos de 20 pessoas). Chegou “há” dois metros do
= idéia de tempo já decorrido). Há cerca de dez pessoas na sala (= existem perto de abismo (o certo: Chegou a dois metros do abismo). (Martins E. De palavra em
dez pessoas na sala) palavra.O Estado de São Paulo, 29.5.99)
“Há cerca de” se usa na indicação de tempo, com o valor de “faz aproximadamente”: A dúvida, na verdade, é uma só: é verbo ou não é verbo? Se for, devemos escrever
“Não o vejo há cerca de dez meses”; “Isso ocorreu há cerca de 15 anos”; “O avião “há”; se não for, trata-se da preposição “a”. Podemos usar o “macete”da substituição
decolou há cerca de 30 minutos”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 15.10.00) do “há “pela forma “faz”. Não nos vemos há (= faz) dois dias. Há (=faz) dez anos que
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ele partiu. Caso a substituição não seja possível, significa que não é verbo. Em “Só Haja vista é invariável. Exs.: Ele foi demitido haja vista o problema surgido. Ele foi
nos veremos daqui a dois dias”, não é possível substituirmos por “daqui faz dois dispensado haja vista os pontos atingidos. Ele foi reprovado haja vista as notas
dias”. O mesmo ocorre em “Estamos a dez quilômetros do lugarejo”(Estamos faz dez tiradas. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 29.7.01)
quilômetros.. não faz sentido). Usamos “anos-luz” para medir distância “... um astro
semelhante ao sol a 153 anos-luz de distância da Terra”. O certo, portanto, é “... HÁ MUITO TEMPO ATRÁS
estão a anos-luz de distância”. Por outro lado, está correto o leitor escrever: “o Trata-se de uma redundância, pois, se ocorreu “há muito tempo”, só pode ter sido
eclipse ocorreu há (= faz) 153 anos” e “... ocorreu há (=faz) muitos anos terrestres. “muito tempo atrás”
(Duarte SN. Língua Viva, JB, 6.2.00)
HANDS FREE
HÁ vs.HAVIA Estrangeirismo: mãos livres. (Sampaio P. Bangue-bangue hi-tech. Folha de São
Devemos usar “havia” em vez de “há”, quando o verbo que acompanha está no Paulo. Caderno Cotidiano, 6.8.00)
pretérito imperfeito (= estava, fazia, era) ou no pretérito mais-que-perfeito (estivera,
fizera, soubera, tinha estado, havia feito). Ex.: Ela estava em cena havia mais de HAVEMOS vs. HEMOS
uma hora. Em caso de dúvida, podemos usar o seguinte “macete”: substituir o verbo As duas estao corretas. O verbo haver é abundante. No presente do indicativo
“haver” pelo “fazer”. Se o resultado da troca for “fazia” (e não “faz”), use “havia” e temos: eu hei, tu hás, ele há, nós hemos ou havemos, vós heis ou haveis, eles hao.
não “há”. Exs.: Estava sem comer havia (= fazia) três dias. Havia (= fazia) dez anos (Duarte SN. Língua Viva. JB, 9.12.01)
que o clube não era campeão. Ela estivera naquela cidade havia (= fazia) muito
tempo. É importante observar que a ação se encerrou. A forma “há” (= faz) indica HAVER (CONCORDÂNCIA VERBAL)
que a ação verbal prossegue. Exs.: Havia dez anos que o clube não era campeão (= O verbo haver no sentido de “existir”, “ocorrer”, “acontecer”, na indicação do tempo
o clube acabou de ganhar o campeonato). Há dez anos que o clube não é campeão que separa dois fatos (tempo decorrido; equivale a “fazer”) ou de fatos relativos à
(= o clube continua sem ganhar o campeonato). (Duarte SN. Língua Viva, JB, 6.2.00) natureza é impessoal, isto é, sem sujeito. Logo, deve ser usado no singular, sempre
na terceira pessoa do singular. Exs. Trabalho lá faz/há muitos anos. Em julho, faz/há
HABITAR (regência) dias muito frios em Campos do Jordão. Havia muitas pessoas na reunião. Houve
Podemos habitar algum lugar ou em algum lugar. Ex.: O homem habita a Terra ou O alguns incidentes. Só haveria duas instituições beneficiadas. Não nos vemos há dez
homem habita na Terra. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 30.4.00) dias. Nesta competição não há titulares ou reservas (= existem). Já houve vários
acidentes nesta curva (= ocorreram, aconteceram). Havia meses que não nos
HALLOWEEN víamos (= tempo decorrido). Desfez o mito da época em que não havia condições
Festa de origem celta e anglo-saxônica, celebrada há mais de mil anos em 31 de técnicas. Há problemas. Houve problemas. Haverá problemas. Há graves problemas
outubro e 1° de novembro, dias que marcavam o fim de um ano e o início de outro, o sociais no Brasil. Havia graves problemas sociais no Brasil. Se houvesse graves
término da colheita, o retorno dos animais das pastagens e o fim da estação do sol e problemas.. Quando houver graves problemas... Moro aqui faz/há muito tempo. No
o início do inverno no Hemisfério Norte; era realizada por sacerdotes druidas, que meio do ano, faz/há manhãs e noites muito frias em Itatiaia. Quando foi promovido,
acendiam fogueiras e sacrificavam animais. Com a invasão romana, ela se uniu à da ele trabalhava na empresa havia sete anos. Quando conheci sua prima, ela já
deusa Pomona, das frutas e jardins, e passou a durar três dias; halloween viria de all morava lá havia cinco anos. Se ele não tivesse perdido o avião, já estaria lá
hallows, todos louvam. (Azevedo JC. Interesse pelo que importa. Outras opiniões. haveria/faria quinze horas (construção sem registro no dia-a-dia). Nas locuções
JB, 6.11.03) verbais, o verbo principal é sempre o último; os demais são auxiliares. A “cabeça
pensante” é sempre a do verbo principal (o último). O verbo auxiliar limita-se a
HAJA VISTA seguir a “vontade” do chefe. Se o verbo principal for impessoal (= sujeito
Constrói-se: Haja vista este problema, Hajam vista estes problemas. Vista é o inexistente), o verbo auxiliar deve ficar no singular. Se o segundo verbo (haver) é o
substantivo vista (= olho). (7) principal, e se esse tem o sentido de existir, o verbo “haver” transfere sua
A expressão “haja vista”(= por causa de, devido a, uma vez que, visto que, já que, impessoalidade ao auxiliar. Pode haver fortes pancadas de chuva. As festas que vai
porque, em face de, tendo em vista) é invariável. Ex. O aluno foi reprovado haja vista haver. Costuma haver congestionamentos naquela avenida. Deve haver mais de
os pontos atingidos (Sérgio N.Duarte - Lingua Viva Especial/Dúvida dos leitores - cem pessoas lá fora. Está havendo muitas discussões. Há de haver pessoas
JB,5.7.98, p.15 interessadas. Deve haver muitas pessoas na reunião (= devem existir). Poderia ter
O curioso é que quando usamos o “tendo em vista”, ninguém diria “tendo em visto”. havido alguns incidentes (= poderiam ter ocorrido). Pode haver várias especulações.
Então, não esqueça: haja vista = tendo em vista. (Duarte SN, Língua Viva, JB, Deve haver muitos interessados em participar do concurso. Isso se dá com qualquer
24.10.99) auxiliar do verbo “haver”quando este é empregado como impessoal. Vai haver
Haja vista significa veja e pede complemento sem preposição. Ex.: Ele reclamou, muitas manifestações de protesto. Deve haver atos de represália. Pode haver fortes
haja vista os acontecimentos. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 27.8.00) pancadas de chuva. Deve haver muitas dificuldades. Devia haver muitos
interessados. Deverá haver muitas soluções. Há de haver propostas mais dignas.
Pode haver propostas mais dignas. Em “Há de existir proposta mais digna”, o verbo
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principal de “há de existir” é “existir”, que é sempre pessoal (concorda com o sujeito). 10. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 22 jun 2003.
Seu auxiliar (qualquer que seja) comporta-se como ele, ou seja, concorda com o 11. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo.29 jun 2003.
sujeito: “Hão de existir propostas mais dignas”. “Podem existir propostas mais 12. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 6 jul 2003.
dignas”. O verbo haver pode ser usado no plural, desde que não tenha os 13. Cipro Neto P. Há de haver, hão de existir. Revista O GLOBO. 23 jan 2005;p.48.)
significados acima. Assim, com o sentido de “ter”, “obter”, “possuir“, “conseguir”, 14. Cipro Neto P. Havia dois anos que ela não falava... O Globo. 18 dez
”estar na posse”,sair-se”, “comportar-se”, “portar-se”, “proceder”, “considerar”, 2005;Revista O GLOBO:p.34.
“julgar” flexiona-se o verbo de acordo com o sujeito. Exs. Os professores houveram
por bem adiar as provas (=decidiram). Os alunos se houveram bem na defesa de HAVER POR BEM
tese (= se apresentaram, se deram, se saíram). Os jogadores se houveram Sentido de “dignar-se”, “resolver” (Caldas Aulete). Equivalente a “resolver”,
(portaram, saíram-se) muito bem. As instituições haveriam (= teriam) de ser “decidir”,etc. (Aurélio, Houaiss, Dicionário de Lisboa). Exs.: Os trabalhadores
beneficiadas. Na mocidade, muitas coisas lhe haviam acontecido. Eles ainda não houveram por bem parar a greve. O presidente houve por bem... Os senadores
haviam cumprido a promessa. Eles ainda não haviam chegado. Eles haverão de houveram por bem... (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 8.12.02)
conseguir a vaga. Eles não se houveram (sair-se, comportar-se) bem na missão.
Aquelas famílias houveram de tudo e hoje nada mais possuem. Eles não haverão o HAVER QUE
perdão de suas dívidas. Os rapazes se houveram bem na missão que lhes foi Essa expressão equivale a “ser preciso”. Ex.: Há que cumprimentar = É preciso
delegada. Os jurados o houveram por inocente. Na expressão “tido e havido” (Ele é cumprimentar. Há que fazer do corpo uma morada (Vinicius de Morais). (Cipro Neto
tido e havido como mágico) significa “considerado”. Uma acepção pouco comum é P. Ao pé da letra. O Globo, 10.6.01)
“obter”, “conseguir”. Ex.: Donde houveste, ó pélago (abismo oceânico) revolto, esse
rugido teu? (poema “O Mar” de Castro Alves). Convém observar que, em se tratando HEBDOMATIKÓS
da linguagem formal, é preciso estabelecer corretamente a correlação verbal, ou A palavra grega significa “relativo ao número sete”. Exs.: hebdomadário (=
seja, é preciso “casar” o tempo em que se flexiona o verbo “haver” com o tempo em publicação semanal); hebdomático (= relativo ao número sete); hebdômada (=
que está flexionado o outro verbo da frase. Exs.: “Quando foi demitido, ele “semana” ou espaço de sete dias, sete semanas ou sete anos). (Duarte SN. Língua
trabalhava na empresa havia dez anos”; “Quando me casei com sua prima, ela Viva. JB. 8.7.01)
lecionava naquela escola havia cinco anos”. No primeiro exemplo, correlaciona-se
“havia” com “trabalhava”; no segundo, correlaciona-se “havia” com “lecionava”. A HEDONÉ (grego)
maneira mais fácil de entender por que a obediência à correlação impõe o uso de Significa prazer. Ex.: hedonista (= pessoa que põe o prazer acima de todos os
“havia” talvez seja trocar essa forma por uma do verbo “fazer”. Vejamos: “Quando foi valores).
demitido, ele trabalhava na empresa fazia dez anos”; “Quando me casei com sua
prima, ela lecionava naquela escola fazia cinco anos”. As frases talvez sejam mais HÉLICE
palatáveis se seus termos forem dispostos em outra ordem: “Quando foi demitido, No feminino, quando num avião e no masculino, quando num navio. (Utzeri F. Quero
fazia dez anos que ele trabalhava na empresa”; “Quando me casei com sua prima, a utopia de volta! JB, 21.10.99)
fazia cinco anos que ela lecionava naquela escola”. Vale a pena citar o que dizem
dessa questão duas obras importantes, o “Dicionário Houaiss” e o “Guia de uso do HEMI
português” (de Maria Helena de M. Neves). O “Houaiss” diz isto: “O verbo ‘haver’ Equivalente grego de “semi” (metade). O que é um “hemisfério”? Nada mais do que
deve empregar-se em correlação temporal com o outro verbo da frase”. Em seguida, a metade de uma esfera. Os dicionários dão vasta relação de palavras em que entra
dá este exemplo: “Havia dois anos que Paula não falava conosco”. No verbete “há, esse elemento grego, que nunca se associa à palavra principal com hífen:
havia”, o “Guia de uso do português” diz isto: “A indicação é de tempo decorrido, ou hemicrania, hemicilindro, hemicarpo, hemicíclico etc. (Cipro Neto P. Ao pé da letra.
seja, de tempo passado a partir do momento atual (‘há’ é o mesmo que ‘faz’, ‘havia’ O Globo, 4.7.99)
é o mesmo que ‘fazia’)”. Em seguida, dá este exemplo (de “Saudades do século XX”, O prefixo hemi é grego, e não latino, significando metade. Ex. hemisfério (metade de
de R. Castro): “Poole estava casado e libertara-se da heroína havia um ano”. Na uma esfera/cada uma das duas metades em que a Terra é imaginariamente
língua do dia-a-dia, construções como essas praticamente não têm registro, mas, dividida). (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 23.7.00)
como se sabe, em se tratando das variedades formais do idioma, a história é outra.
1. Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil. 26 out 1997. HERNIORRAFIA
2. Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil. 18 jul 1999 Significa sutura de hérnia. Hérnia é a protrusão de elementos de uma cavidade
3. Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil. 15 ago 1999 através de um orifício. Assim, não suturamos hérnias, mas o orifício que as forma.
5. Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo. 31 out 1999. Melhor: correção cirúrgica ou reparo de hérnia. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E,
6. Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil. 1° jul 2001. Tubino P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do
7. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 12 ago 2001. Hospital Universitário da Universidade de Brasília)
8. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 5 maio 2002.
9. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 12 maio 2002. HETERO
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O prefixo hetero se pronuncia como hetéro, pois a palavra é paroxítona. (Niskier A. futuramente, o que será lamentável. Hidropsia (ou hidrópsia) indica visão da água
Na ponta da língua. O Dia, 28.11.99) (do grego hýdor, água, e ópsis, vista), mas a julgar pelo sentido de necropsia e
biopsia, dá a entender exame da água, não acúmulo de líquido, que é sua acepção
HEXA (ORTOÉPIA) médica. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falha e
A pronúncia seria “heza” (Houaiss atribui esse som às palavras que têm esse acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de
antepositivo derivado do grego héks – seis - : hexágono, hexaedro, Brasília)
hexaclorobenzeno, etc.; a pronúncia segue a mesma lógica da de “exame”, “existir”,
“exultante”) ou “hecsa” (Aurélio e Cândido de Figueiredo, com o “x” soando como em HIDRO, SOCIO,MICRO, MINI, MEGA e HÍFEN
oxígeno, oxítono, oxímoro) ou ou até “hegza” (Domingos Paschoal Cegalla garante Jamais usamos hífen após esses elementos.Exs.: hidrossanitária; sociopolítico;
que nesses vocábulos a letra “x” se pronuncia “gz”) (Rodrigues S. Rumo ao hexa microempresa; minissérie; megaevento. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 21.11.99)
cacoépico. Mascando clichê. Domingo. JB, 7.7.02; p.46) O elemento de composição "hidro", que é de origem grega e significa "água", junta-
se ao termo seguinte sempre sem hífen. Se a palavra agregada começar por "r" ou
HIATO "s", teremos "rr" ou "ss": "hidroencefalia", "hidroagrícola", "hidrossolúvel",
Vício de linguagem em que há encontro desagradável de vogais (Vou à aula; a crise "hidrorrágico", "hidrossanitário", "hidromineral". Em alguns casos, há duas formas
chegou ao auge). (Medeiros, 1996, p.95) possíveis. "Hidroavião" e "hidravião", "hidroenergia" e "hidrenergia", por exemplo,
são formas registradas pelo "Vocabulário Ortográfico". (Cipro Neto P. Ao pé da letra.
HIATO E ACENTUAÇÃO O Globo, 28.1.01)
Ocorre hiato quando duas vogais seguidas ficam em sílabas separadas. Exs.:
“saída” (sa-í-da), “moer” (mo-er), “Raul” (Ra-ul) etc. Haverá acento se a segunda HIERÓGLIFO vs. HIEROGLIFO
vogal do hiato for “i” ou “u”, que podem ter a companhia de “s”. Recebem acento, As duas formas estão certas. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 9.7.00)
portanto, palavras como “saúde”, “balaústre”, “Jaú”, “caí”, “saímos”, “faísca” etc. É
bom lembrar que, se houver “nh” na sílaba seguinte, nada de acento: “rainha”, HÍFEN (PLURAL)
“campainha”, “moinho” etc. (Cipro Neto P . Ao pé da letra. O Globo, 6.2.00) Há dois plurais: hifens ou hífenes. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. JB, 4.4.99,p.18
A primeira vogal fechada dos hiatos (ê - e e ô – o) é acentuada. Exs.: lêem (hiato ê –
e) crêem (hiato ê – e) abençôo (hiato ô – o) vôo (hiato ô – o) (Niskier A. Na ponta da HIFENIZAÇÃO
língua. O Dia, 29.4.01) Grupo 1: com os elementos bi, tri, tetra, penta, etc. não há hífen. Exs.: bicampeão;
Ocorre hiato quando duas vogais consecutivas pertencem a sílabas diferentes. Para tridimensional; tetracampeão; pentacampeão
que ocorra acento, é preciso que a segunda vogal do hiato seja “i” ou “u”, que Grupo 2: com os prefixos auto, contra, extra, infra, intra, neo, proto, pseudo, semi,
podem estar sós ou na companhia de “s”. Exs.: faísca; balaústre. (Cipro Neto P. Ao supra e ultra só há hífen se a palavra seguinte começar por h, r, s ou vogais. Exs.:
pé da letra. O Globo, 21.12.03) auto-escola; auto-retrato; autobiografia; autocontrole; contra-ataque; contra-reforma;
contracheque; contrafilé; extra-oficial; extra-regulamentar; extrajudicial;
HIBRIDISMO extracurricular; extraordinário (exceção); infra-estrutura; infravermelho; infra-
Palavras híbridas são compostas por elementos de línguas diversas. Exs.: hepático; infracitado; intra-ocular; intra-uterino; intramuscular; intravenoso; neo-
automóvel [aquele que move a si mesmo: auto (do grego = a si mesmo) + móvel (do republicano; neo-realismo; neoliberal; neoclássico; proto-história; proto-
latim)]; televisão [ver à distância: tele (do grego = distância) + visão (do latim)]; revolucionário; protofonia; protozoário; pseudo-artista; pseudo-representação;
alcoômetro (álcool do árabe + metro do grego); bafômetro (bafo do português + pseudopoeta; pseudocientista; semi-selvagem; semi-interno; semifinal; semideus;
metro do grego); burocracia (bureau do francês + cracia do grego); sambódromo seminu; supra-renal; supra-axilar; supracitado; suprapartidário; ultra-romântico; ultra-
(samba do quimbundo + domo do grego) (Duarte SN. Língua Viva, JB, 16.9.01) sensível; ultramarino; ultrapassagem.
Hibridismo é o processo pelo qual se forma um vocábulo pela união de elementos de Grupo 3: com os prefixos ante, anti, arqui e sobre só devemos usar hífen se a
línguas diferentes (grego e latim, p.ex.). Ex.: televisão (tele- , grego e “visão”, latim) – palavra seguinte começar por h, r ou s. Exs.: ante-sala; ante-histórico; anteontem;
burocracia (buro, francês e cracia, grego) (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, antepenúltimo; anti-semita; anti-herói; anticristo; antiinflacionário; arqui-rabino; arqui-
2.2.03) rival; arquiinimigo; arquiduque; sobre-saia; sobre-humano; sobreloja; sobretaxa;
sobrevôo.
HIDRELÉTRICA vs. HIDROELÉTRICA Grupo 4 : com os prefixos hiper, inter e super só haverá hífen se a palavra seguinte
As duas estão corretas. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 9.7.00) começar por h ou r. Exs.: hiper-humano; hiper-raivoso; hipermercado; hipersensível;
inter-regional; inter-humano; interplanetário; interestadual; super-homem; super-
HIDROPSIA vs. HIDRÓPSIA requintado; supermercado; superatleta.
Recomendável: hidropisia (pronuncia-se hidropizía), conforme consta nos dicionários Grupo 5: com o prefixo sub , só há hífen quando a palavra seguinte começa por b ou
de português. Hidropsia e hidrópsia, apesar de errôneos, são termos amplamente r. Exs.: sub-base;sub-bibliotecário; sub-ramo; subsecretário; subeditoria; sub-reino;
usados no meio médico e poderão vir a ser registrados em algum dicionário subchefe; subdelegado; subgerente; subsolo; subterrâneo; subemprego; subestimar;
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suboficial; subumano e subepático (temos que tira o h) (Duarte SN, JB., 12.4.98, Ipiranga”. Essa é a interpretação correta, com “as” sem acento. Outro exs. de
p.14) hipérbato e anástrafe: Do que a terra mais garrida (“enfeitada”) teus risonhos, lindos
Uma regra básica (com várias exceções) prescreve o hífen quando as palavras campos têm mais flores, isto é, Teus risonhos lindos campos têm mais flores do que
compostas têm elementos individualizados, com vida própria no idioma. Isso explica a terra mais garrida. Dos filhos deste solo és mãe gentil, que, na ordem direta, passa
“bem-querer”. Separados, bem e querer continuam fazendo sentido. Bem-vindo está a “És mãe gentil dos filhos deste solo”. Brasil, de amor eterno seja símbolo o lábaro
no mesmo caso. O que não pode ser dito de benquisto, pois “quisto”é um particípio que ostentas estrelado”, isto é,”Brasil, o lábaro (pavilhão, bandeira) estrelado que
caído em desuso. No entanto, o certo é “malmequer”. Certos prefixos exigem hífen. ostentas seja símbolo de amor eterno” (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
Outros nunca o admitem. Um bom punhado pode tê-lo ou não, dependendo da 14.11.99)
palavra que vem em seguida. E alguns vocábulos consagrados merecem tratamento
especial. Os prefixos que chamam o hífen em todas as circunstâncias são os casos HIPÉRBOLE
mais fáceis. Usa-se o hífen depois de além, aquém, co, ex (com o sentido de antigo, Figura de linguagem em que há exagero para chamar a atenção. Ex.: Já contei isto
extinto), pós, pré, pró, recém, sem e vice. Exs.: vice-presidente; ex-marido; sem- a você milhões de vezes. (Niskier A Na ponta da língua. O Dia, 28.2.99)
terra. Não levam hífen os vocábulos em que o prefixo, de tão incorporado ao radical, Figura do exagero. Exs.: Já disse um milhão de vezes. Derramei rios de lágrimas.
perde sua independência fonética: preestabelecido, procriar, coadjuvante. A lista dos (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 5.12.99)
prefixos e elementos prefixados que nunca admitem hífen é longa: bi,bio, ego, eletro, Extremo oposto do eufemismo. Com ela aumentamos, enfatizamos, exageramos.
filo,fisio, hemi, hetero, hepta, hexa, homo, macro, mega, meta, micro, mono, penta, Exs.: Eu já disse um milhão de vezes que..Morrer de medo. Um frio de rachar.
para (não confundir com pára, como em pára-quedista), poli, quilo, radio, retro, Derramar lágrimas de sangue. Derramar rios de lágrimas. Comer até explodir. (Cipro
socio, tele, tri, video. Convém guardar essas letras: h, r, s e as cinco vogais (um Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 13.1.02)
truque mnemônico é pensar na palavra “horas”, lembrando que o e a, no caso,
representam todas as vogais). Elas são responsáveis pela ocorrência de hífen HIPERTEXTO
quando dão início a vocábulos aos quais se antepõe um elemento que pode exigi-lo Termo criado por Theodor H. Nelson em 1960. É um meio de informação que existe
ou não. O problema é o comportamento errático das normas. Auto, contra,extra, em linha (disponível eletronicamente sob demanda) em um computador. Possuindo
infra, neo, pseudo, semi, supra e ultra demandam hífen antes de vogal, h, r ou s. uma estrutura composta por blocos de informação interligados, através de links
Exs.: auto-elogio, neo-realismo, ultra-som. Cuidado: extraordinário, já houve (interconexões ou nexos) eletrônicos, ele oferece ao usuário diferentes trajetos para
incorporação. Ante, anti, arqui e sobre devem ser grafados com hífen quando a leitura, provendo os recursos de informação de forma não linear. As conexões,
seguidos de h, r ou s, mas não de vogal: sobre-humano, antiamericano. Já com facilitadas pelo computador, ligam as informações umas às outras. Assim, o
“mal” só se usa hífen quando a palavra seguinte começa por vogal ou h, nunca por r hipertexto apresenta-se como sendo parcialmente criado pelo autor que o organiza e
ou s: mal-amada. Há prefixos que levam hífen antes de r (ab, sub) ou de h e r parcialmente pelo leitor que escolhe as ligações de sua preferência, conectando os
(super, inter). (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 15.9.02) dados informacionais que mais lhe interessam. Tais dados podem estar contidos
não só em textos escritos, mas também em sons, imagens, animações bem como
HIGH SPEED facilidades de interação e criações de realidade virtual.1
Estrangeirismo: alta velocidade. (Sampaio P. Bangue-bangue hi-tech. Folha de São 1. Dias MHP, editora. Contornos arquitetônicos [monografia na Internet]. Campinas:
Paulo. Caderno Cotidiano, 6.8.00) Unicamp [citada 2 nov 2005]. Disponível em:
http://www.unicamp.br/~hans/mh/arquitet.html
HILARIANTE vs. HILÁRIO
O dicionário Caldas Aulete só registra hilariante, entretanto a palavra hilário, usada HIRCINO
como adjetivo (= que provoca o riso), aparece em outros dicionários (Michaelis, A palavra hircino só pode ser usada em relação a bode; portanto, barba hircina é
Larousse, Ruth Rocha) e no VOLP. Eu também prefiro o adjetivo hilariante. (Duarte uma locução adjetiva que significa barba de bode. Considerar a barba de alguém
SN, Língua Viva, JB, 2.1.2000) hircina não é nada gentil. Pode dar bode!1
1. Niskier A. Na ponta da língua. O Dia. 3 nov 2002
HIPÉRBATO
Inversão da ordem natural das palavras ou das orações. Se essa inversão é mais ou HISTÓRIA vs. ESTÓRIA
menos forte, temos “anástrofe”. Ex.: Ouviram do Ipiranga às margens plácidas de um O dicionário Aurélio Buarque registra estória, mas diz que não se recomenda o uso
povo heróico o brado retumbante. No Aurélio eletrônico, o dicionário sugere a dessa forma. Recomenda história para qualquer dos sentidos (ciência histórica,
seguinte ordem direta: Às margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado narrativa de ficção etc.). Caldas Aulete registra como brasileirismo. No VOLP: estória
retumbante. Ora, se é “às margens plácidas”, a ordem direta é outra: Ouviram o s.f.: história. Pelo jeito, com história não se corre risco algum. (Cipro Neto, Ao pé da
brado retumbante de um povo heróico às margens plácidas do Ipiranga, pois “às letra, O Globo, 29.5.99)
margens” funciona como adjunto adverbial de lugar e por isso, vai para o fim da
frase na ordem direta. No Aurélio de papel, lê-se que a ordem direta seria: As HISTÓRIA DE HORROR vs. HISTÓRIA DE TERROR
margens plácidas do Ipiranga ouviram ... O sujeito seria “as margens plácidas do
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A linha divisória entre terror e horror é de difícil definição. Horror vem do latim HOMÔNIMOS
horrere, que quer dizer justamente arrepiar-se, estremecer. História de horror é uma Palavras homônimas são aquelas que se escrevem do mesmo modo ou de modos
peça de ficção, que choque ou amedontre o leitor, talvez causando-lhe sensações diversos, mas se lêem da mesma maneira. Os homônimos podem ser homófonos ou
de repulsa ou nojo. Sentir horror seria a resposta a uma realidade física horripilante, homógrafos. Palavras com grafia diferente e pronúncia igual são homófonas -como
como uma cena de assassinato ou tortura. A história de terror, forma mais poderosa “cassar” e “caçar”. Com grafia e pronúncia iguais, as palavras são homógrafas -
de medo, seria tudo isso, só que com algo mais: o desconhecido, o sobrenatural. No como “cedo” (advérbio) e “cedo” (verbo). “Inserto” e “incerto” são palavras
Novo Aurélio temos os verbetes horror e terror. Horror(ô)[Do lat. horrore.]S. m.1. homônimas. “Experto” é “experiente, que sabe ou tem conhecimento, sabedor,
Sensação arrepiante de medo: O horror paralisou a criança. 2. Receio, medo, temor, perito, especialista”. “Esperto” dispensa explicações. Ex.: “O artigo inserto na Revista
pavor: Tem horror à solidão. 3. Repulsão, repulsa, aversão, ódio: “Agora não há das Ciências foi lido por todos nós”. Vamos ao dicionário “Aurélio”: “(Do latim insertu)
gente no Brasil que tenha mais horror aos livros ou aos bons livros do que o homem Adj. 1. Introduzido, inserido. 2. Publicado entre outras coisas.”. “Incerto”, com “c”
público.” (Antônio de Alcântara Machado). 4. Aquilo que inspira horror: A guerra todos conhecem. Ex.: “Meu pai é corso, e não salvadorenho”. Quem nasce na
atômica é um horror. 5. Pop. Padecimento atroz.6. Crime bárbaro.7. Pop. V. Córsega é córsico, ou corso, com “s”. “Corço”, com “ç”, segundo o “Aurélio” é: “1.
quantidade (3). Terror (ô)[Do lat. terrore.]S. m.1. Qualidade de terrível.2. Estado de Mamífero eurásico, artiodáctilo, ruminante, da classe dos cervídeos, leve, de
grande pavor ou apreensão.3. Grande medo ou susto; pavor.4. Época da Revolução pequeno porte, chifres curtos...”. 2. Pop. Veado pequeno.”(Cipro Neto P. Inculta &
Francesa, da queda dos girondinos (31 de maio de 1793) até à queda de Bela. A Folha de São Paulo, 15.7.99)
Robespierre (27 de julho de 1794). [Nesta acepç., com inicial maiúscula.]5. Pessoa Homo (do grego) significa “igual”. São palavras iguais. O problema são as palavras
ou coisa que espanta, amedronta, aterroriza: Aquele delegado é um terror; O latim é homônimas homófonas (= som igual, escrita diferente e significados diferentes). Ex:
o terror de muitos estudantes. conserto e concerto. Quando falamos, não se percebe a diferença. Todo concerto
1. Cuddon JA, editor. The Penguin Book of Horror Stories. London: Penguin Books; musical se escreve com “c”. E conserto do verbo consertar (= reparar, corrigir) é com
1984. “s”. Exs.: ”CONSERTAM-SE BICICLETAS” e “CONSERTAM-SE SAPATOS”. Outra
2. Ferreira, ABH. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed. confusão freqüente ocorre com os verbos coser e cozer. O macete é o seguinte: se
rev. amp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1999. Horror;p.1062. você cozinha com “z”, se a cozinha se escreve com “z”, cozer (=cozinhar) também
3. Ferreira, ABH. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed. se escreve com “z”. Portanto, coser com “s” significa “costurar”. Há quem confunda
rev. amp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1999. Terror;p.1951. sessão com seção ou ainda com cessão. Se houver qualquer tipo de “reunião”, é
4. Silva AC. O terror que é prazer. Jornal do Brasil.18 jun 2005;Idéias & Livros:1. SESSÃO: sessão de cinema, sessão da câmara, sessão plenária, sessão do júri,
sessão espírita... Se você se referir a um “departamento, setor, área, divisão”,
HOLERITE devemos escrever SEÇÃO. É derivado do verbo seccionar (= cortar, dividir): seção
Sinônimo de contracheque. A palavra se origina em Herman Hollerith (1860-1929) de vendas, seção de importados, seção de legumes... É interessante observar que a
que criou um equipamento eletrônico − hollerith − para contagens e tabulações forma secção ainda é usada no sentido de “corte” (= ato de seccionar): “fazer uma
estatísticas, que funcionava com cartões perfurados. (Duarte SN. Língua Viva. JB, secção” (= fazer um corte). Por fim a CESSÃO, que vem do verbo ceder. Se o PT
8.4.01) tem direito a 10 minutos do horário político gratuito e resolve ceder 5 minutos para o
PDT, ele estará fazendo a cessão da metade do tempo a que tem direito. Para
HOME DELIVERY terminar, uma historinha que dizem ser verdadeira: Um certo comerciante escreveu
Bobice aguda. (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 1.9.02) um cartaz e afixou na porta do seu estabelecimento: “AOS MEUS EMPREGADOS. A
PARTIR DE HOJE, QUERO AS NOSSAS PORTAS SERRADAS ÀS 18:00h” Foi
HOMEM-BOMBA (PLURAL) atendido. Ao voltar à loja, no dia seguinte, encontrou todas as portas pela metade.
Substantivo composto formado por dois substantivo. O segundo substantivo indica (Duarte SN, Língua Viva, JB, 12.4.98)
idéia de finalidade. O homem se “transforma” em bomba com a finalidade de agir
como explosivo. Nesses casos (e também naqueles em que o segundo substantivo HOOD
indica semelhança, como ocorre em “peixe-boi”) há controvérsia entre os Recém-nascido no hood com FiO2 a 100%. Anglicismo inecessário.
gramáticos. Bechara sugere que se flexione o primeiro elemento: os peixes-boi, as Recomendáveis: capacete, capuz, oxitenda, tenda de oxigênio. Não se deve dizer
mangas-rosas, os navios-escola, os homens-bomba. Outros gramáticos registram a “capacete de Hood”. Em inglês, hood significa qualquer coisa que cobre, sobretudo a
ocorrência de dois processos: flexiona-se apenas o primeiro elemento (os homens- cabeça. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falha e
bomba) ou ambos (os homens-bombas). O Aurélio aponta as duas possibilidades acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de
(saias-balão ou saias-balões; navios-escola ou navios-escolas; peixes-boi ou peixes- Brasília)
bois). O Houaiss dá duas opções para o plural de homem-rã, mas só dá navios-
escola e navios-hospital. Como se vê, a coisa não é tão simples. A forma homens- HORA
bomba não causa discussão, mas homens-bombas não tem a aprovação de todos. A palavra veio do grego hora, pelo latim hora, outra divisão de tempo. As Horas
(Cipro Neto. Ao pé da letra, O Globo, 21.4.02) eram divindades, filhas de Júpiter e Têmis. Presidiam as estações do ano e eram
guardas das portas do Céu. Na Idade Média, surgiram as divisões minuto e
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segundo, do latim primus minutus, primeira pequena parte da hora, e secundus O diretor chegou aos dez para as 11 h, pois, o diretor chegou aos dez minutos (=
minutos, segunda pequena parte da hora. Mais tarde, por economia, que é a regra masculino) para as 11 h. (Duarte SN, Língua Viva, JB. 5.3.00)
básica da elegância, houve elipses de primus e minutus. Há uma convenção internacional, da qual o Brasil é signatário, que regulamenta
1. Silva D. Tempo é dinheiro? Língua Viva. Jornal do Brasil. 2 maio 2005;Caderno isso. As horas são representadas por um simples “h”: 10h, 18h, 23h. Não há espaço
B:B4. entre o número e o “h”. Nada de dois pontos (10:00h), nada de “hs” (10hs), nada de
vírgula (10,00h), nada que não seja um simples “h”, colado ao número. Os minutos
A UMA HORA, À UMA HORA, HÁ UMA HORA são representados por “min”: 10h25min, 18h40min. A imprensa tem dispensado o
Ele pode chegar a uma hora qualquer (uma = artigo indefinido). Ele chegou à uma “min” para economizar espaço e também por questão estética. O oficial, no entanto,
hora da tarde (à uma hora da tarde = adjunto adverbial de tempo feminino). Ele está é como foi visto aqui. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 30.4.00)
esperando o chefe há uma hora (= faz uma hora). (Duarte SN, Língua Viva, JB, Um dia tem 24 horas, o que torna impossível a existência de qualquer minuto além
22.8.99) de sua última hora, ou seja, não faz sentido dizer 24 horas e X minutos (ex.:
24h25min). No caso, é preciso trocar 24 por zero, já que, na verdade, trata-se do
HORA EXTRA E HÍFEN início do dia. Exs. Corretos: 0h25min; 0h30min. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O
Não existe hífen porque extra funciona como simples adjetivo. Ninguém poria hífen Globo, 16.9.01)
em hora extraordinária. Pois hora extra nada mais é que uma redução dessa A maneira regular de escrever as horas, preconizada pelos mais autorizados
expressão. Da mesma forma, serviço extra, edições extras, etc. (Martins E. De lingüistas, é, por exemplo, – 8h20, 6h45, 12h, 15h30. Esse é o modelo adotado na
palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 22.1.00) linguagem culta, na escrita-padrão, conforme consta nos melhores jornais e revistas
nacionais. O símbolo de minutos (min.) pode ser omitido. Não dizemos: São 8 e 30
HORÁRIO E CONCORDÂNCIA horas. Mas: São oito horas e trinta minutos. Na forma indevida 8:30h, o que
Na indicação de horário, o verbo “ser” concorda com o número mais próximo. Exs.: É precisamente se lê é 8 dividido por 30 horas (dois pontos é sinal matemático de
uma hora. São duas horas. São quinze para as três. É um para as três. Com “meia- divisão). É, portanto, cientificamente irregular escrever 8:30, 10:40, 00:20. São
noite” e “meio-dia”, o verbo “ser” fica no singular, já que essas expressões não estão também errôneas formas como hs e hrs. O símbolo de hora(s) é só h. Bacelar S,
no plural. Exs.: É meia-noite. É meia-noite e vinte. É meio-dia. É meio-dia e Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de
quarenta. São vinte para o meio-dia. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 7.4.02) Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de Brasília
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Hum é interjeição e um é numeral. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. Rio de Janeiro: ninguém conhece nem sabe de onde veio. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
EP&A; 2001 p.26.) 21.9.03)
IATROGENIA IMEXÍVEL
Iatropatogenia é expressão mais adequada. A primeira, literalmente, significa Apesar de lhe faltarem registro e uso históricos, a palavra “imexível” é tecnicamente
apenas produção de médico, a segunda, produção de doença pelo médico. Do boa, uma vez que é formada pelo mesmo processo que dá origem a várias palavras
grego iatrós, médico, pathós, sofrimento, e géneia, de génos, do radical da verbo da língua (“intocável”, “inegociável”, “indescritível”, “incalculável” etc.) (Antonio
grego gignesthai, nascer (Aurélio, 1999). (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Houaiss) O “Vocabulário Ortográfico” se encarregou de torná-la oficial.
Expressões médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Estranhamente, no entanto, o “Vocabulário” não registra “mexível”. Por quê? Porque,
Universitário da Universidade de Brasília) na verdade, nem “mexível” nem “imexível” apresentam ocorrências no padrão culto
em quantidade que justifique sua inclusão em qualquer dicionário ou vocabulário, o
IBERO que não invalida o que afirmou mestre Houaiss. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
A pronúnica correta é ibéro, pois a palavra é paroxítona. (Niskier A Na ponta da Globo, 26.11.00)
língua. O Dia, 28.11.99)
Exemplo de silabada. A palavra é paroxítona. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O IMOS vs. VAMOS
Globo, 4.6.00) A primeira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo “ir” pode ser “vamos”
A palavra é paroxítona. Ex.: ibero-americano. (Duarte SN. Língua Viva. JB.9.7.00) ou “imos”. Essa última flexão não é mais corrente, seja na língua oral, seja na
escrita. No Aurélio seculo 21, há o registro: Da forma “imos”, equivalente de “vamos”,
I.E. registre-se este exemplo de autor moderno: “Nós imos todos contigo/ À busca dele
Redução. id est = isto é (VOLP,1998, p.789) se queres (João de Deus, Campos de Flores). É bom lembrar que verbos que
apresentam mais de uma forma para um mesmo caso são classificados como
IGUAL vs. MESMO abundantes. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 17.6.01)
MESMO e IGUAL não são sinônimos. Ex.: “Mas por que você está usando uma
roupa igual da época de Jesus? (Duarte SN. Língua Viva, JB, 4.10.98) IMPACTAR E IMPACTANTE
Palavras que surgiram de uma tradução servil do inglês e hoje chutam a porta para
ILHAMENTO vs. ISOLAMENTO penetrar no vocabulário de ampla circulação. Nesses exemplos, se poderia, com
Os dicionários dão “isolamento”, mas não registram “ilhamento”. Talvez porque o mais elegância, dizer “afetar”, “influenciado” ou “impressionante”. Não se deve
emprego dessa palavra não ocorra em quantidade significativa, que é um dos chamar de erro. “Impactar” é vocábulo dicionarizado desde 1958 (décima edição do
critérios para que um dicionário registre um termo. “Ilhamento” é formada de acordo prestigioso dicionário lusitano, de 1789, pelo lexicógrafo pernambucano Antônio de
com o que é padrão na língua e se o uso “pegar”, mais cedo ou mais tarde os Morais Silva). Isso não o absolve de ser uma tradução grosseira de to impact. Em
dicionários vão registrá-la. Ilha vem do latim (insula) e em português, existe a forma inglês, a distância entre substantivo e verbo é, com freqüência, inexistente. Uma
variante “insula”. Poder-se-ia falar na ínsula de Marajó. É insular, insulano ou ilhéu palavra usada como substantivo (p.ex., gang, bando) vira verbo sem nenhum
quem habita uma ilha. E a porção de terra cercada de água por todos os lados retoque morfológico (to gang, formar um bando). Como em português, a história é
menos por um? Se é quase uma ilha, é uma “península”, palavra latina formada pelo outra, tacou-se “ar” em “impacto”. (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 8.9.02)
acréscimo do elemento latino “pene” (= quase) ao elemento latino “insula” (= ilha). Impact é um neologismo em inglês, um exemplo de burocratêse executivês. Até a
Este “pene” é o mesmo que se encontra em “penúltimo” ou “penumbra”. (Cipro Neto década de 70, a expressão era to have na impact on, a qual permitia especificidade:
P. Ao pé da letra. O Globo, 24.2.02) to have a negative impact ou to have a positive impact. To impact, mas só na
acepção de to pack tightly (= socar, atochar, encher em demasia, como se faz com a
Il.mo roupa numa mala, por exemplo). Quem usa to impact no sentido de to affect,
A grafia correta é com um ponto depois de “l” e com as letras “mo” no alto. É a desobedece uma das regras básicas do inglês: nas palavras de origem latina, o
abreviatura de “ilustríssimo” (superlativo de “ilustre”). É comum o uso de substantivo leva o acento tônico na primeira sílaba, mas o verbo o leva na segunda.
“ilustríssimo” antes de certas formas de tratamento (ilustríssimo Senhor, ilustríssimo Assim, é áffect (afeto), mas é to afféct (afetar). Da mesma maneira, to impact, no
Doutor, etc). Esse tratamento, pela freqüência do uso, se banalizou. (Cipro Neto P. sentido de to pack tightly (segundo todos os dicionários publicados até a década de
Ao pé da letra. O Globo, 4.7.04) 80) é to impáct, enquanto o substantivo é ímpact. Mas quem usa to impact no
sentido do anglicismo “impactar” diz to ímpact. (Barickman B. In Rodrigues S. Cadeia
ILUSTRE DESCONHECIDO para os dicionários. Língua Viva. JB, 29.9.02)
No uso comum, a expressão “ilustre desconhecido” tem valor irônico, oposto ao
literal. O cidadão desconhecido não é ilustre coisa nenhuma, ou seja, não é célebre IMPEACHMENT vs. IMPEDIMENTO
ou notável. A Aurélio define “ilustre desconhecido” como pessoa sem credencial, que Na Constituição estä: Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e
suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. Art. 80. Em caso de impedimento do
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Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão Ricardo Reis). Na fala, é óbvio, essas formas (‘‘sê’’ e ‘‘sede’’) desapareceram há um
sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos bom tempo. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 8.8.99)
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. Portanto, o
impedimento é um tipo de afastamento temporário por doença, viagem ou qualquer IMPLEMENTAR vs. IMPLANTAR
outro motivo. Dele decorre substituição pelo vice-presidente. A vacância do cargo é Implementar = executar (um plano); levar à prática por meios de providências
definitiva, resultante de morte do presidente, renúncia, condenação por crime de concretas; prover de implementos.
responsabilidade ou infração penal comum. Dela decorre sucessão (em vez de Implantar = plantar (uma coisa) em outra, arraigar, fixar; estabelecer, introduzir;
substituição) pelo vice-presidente. As palavras impedimento e impeachment são hastear, arvorar; arraigar-se, estar implantado; estabelecer-se, fixar-se. Michaelis:
diferentes. O sentido dado a esta última é a vacância do cargo decorrente de moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos;
condenação por crime de responsabilidade. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 14.3.99, 1998. p.1133
p.16)
IMPLICAR
IMPEDIR (ETIMOLOGIA) Na sintaxe popular, encontramos implicar como transitivo indireto (= com a
Há dois elementos latinos: “in-” (com valor negativo) e “pedis” (pé). Ao pé da letra, preposição em). Em textos formais, devemos evitar o uso desta preposição. A
significa “não deixar andar”, “dificultar a locomoção”, “bloquear”. Segue a conjugação regência clássica de implicar, no sentido de envolver, produzir como conseqüência,
de “pedir”. (Cipro Neto P.Ao pé da letra. O Globo, 11.5.03) não pede preposição, o verbo é transitivo direto. Ex. Implica sacrifícios e não implica
em sacrifícios. (Duarte SN, JB, 26.4.98, p.14)
IMPERATIVO Pela regência clássica, o verbo implicar é transitivo direto. Logo: A vida pública
O imperativo é o modo que se usa para imperar, mandar, pedir, suplicar, rogar. O implica responsabilidade. Para alguns gramáticos, já é aceitável o uso deste verbo
imperativo pode ser afirmativo ou negativo, ou seja, pode-se mandar fazer ou não como transitivo indireto. Logo: A vida pública implica em responsabilidade. No JB,
fazer, correr ou não correr, cantar ou não cantar. A formação do imperativo da língua preferimos a forma clássica. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 28.2.99,p.14)
padrão obedece a um esquema fixo. No caso das formas afirmativas, as fontes são O verbo implicar, no sentido de envolver ou ter como conseqüência, é transitivo
duas: o presente do indicativo e o presente do subjuntivo. Para formar as duas direto, isto implica dizer que não aceita a preposição em, ou seja, isto implica aquilo
segundas pessoas (tu e vós), emprega-se o presente do indicativo, sem a letra “s” e não naquilo. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 16.4.00)
final. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 25.7.99)
As outras formas do imperativo afirmativo, ou seja, a terceira do singular (você), a IMPOSTO vs. TAXA vs. TRIBUTO
primeira do plural (nós) e a terceira do plural (vocês), e todas as formas do Imposto é um tipo de tributo para o qual não há uma contrapartida específica. Nós
imperativo negativo vêm do presente do subjuntivo. Não custa lembrar que, quando pagamos Imposto de Renda porque temos renda; pagamos IPTU, porque temos
se conjuga o imperativo, não se usa a primeira pessoa do singular (eu), por motivos uma casa, um apartamento, um terreno; pagamos IPVA, porque temos um
óbvios. Afinal, ninguém dá ordem a si mesmo. Vamos conjugar, ntão, o imperativo automóvel, um barco, um avião. Taxa é o tipo de tributo para o qual há uma
negativo de “deixar”: “não deixes (tu), não deixe (você), não deixemos (nós), não contrapartida, a prestação de um serviço, por exemplo. Nós pagamos a taxa do lixo
deixeis (vós), não deixem (vocês)”. Na língua do dia-a-dia, o imperativo que se para que a prefeitura retire o lixo; pagamos a taxa de iluminação pública para que
pratica no Brasil é diferente do considerado “oficial”. Nos lugares em que se usa o haja iluminação nas vias públicas. Tributo é um termo genérico. Engloba taxas,
pronome “tu”, não se ouve ninguém dizer “Não deixes a esperança morrer”, por impostos e contribuições. É tudo aquilo que pagamos para viver na “tribo”, ou seja,
exemplo. O que se ouve é algo como “Não deixa a esperança morrer”. Não é em sociedade. Daí o tribuno para nos representar e o tribunal para julgar os que
exagero repetir: o que se fala nem sempre se escreve. Apesar de em muitas e vivem na tribo. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 30.7.00)
muitas regiões do Brasil ser comum na língua do dia-a-dia
algo como “Não estaciona o carro aqui”, pouca gente escreveria isso numa tabuleta IMPRESSIONISMO
que fosse colocada na porta da própria garagem. Diante da mínima Início em 1874. Monet e Renoir. “Impressão” da realidade com jogo de luz.
necessidade de formalidade, certamente surgiria a forma “Não estacione aqui”.
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 1.8.99) ÍMPROBO (PROSÓDIA)
O presente do subjuntivo, que, como você já sabe, é a base de todo o imperativo Certamente você já ouviu falar de “improbidade administrativa”. Muitos de nossos
negativo e de três formas do imperativo afirmativo (você, nós e vocês). O sistema de administradores públicos são acusados disso. Improbidade se opõe a probidade.
conjugação dos imperativos vale para todos os verbos da língua portuguesa, com Quem é probo é “íntegro, honesto”. O contrário de probo não é “improbo”, é
exceção do verbo ‘‘ser’’. O verbo ‘‘ser’’ só não segue a regra nas duas segundas “ímprobo”. Como se vê, a sílaba tônica se desloca: probo é paroxítona; ímprobo é
pessoas (‘‘tu’’ e ‘‘vós’’) do imperativo afirmativo. O verbo ‘‘ser’’ apresenta duas proparoxítona. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 4.6.00)
formas excepcionais: ‘‘sê’’ (tu) e ‘‘sede’’ (vós), esta lida com o primeiro ‘‘e’’ fechado.
Ex: ‘‘Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. IMPROPRIEDADE SEMÂNTICA OU VOCABULAR
Põe quanto és no mínimo que fazes’’ (Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Construção de mensagens contraditórias, sem muito sentido, ou “estranhas”. Exs.:
Botafogo conseguiu feito que parecia inédito: perder para o América (ironia presente
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no jogo de palavras operado com a expressão “conseguir perder”, já que, ao pé da "Michaelis", no "Vocabulário Ortográfico", da Academia Brasileira de Letras. (Cipro
letra, o que se apresenta como desafio é vencer. A ironia está no fato de que se usa Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 4.3.01)
“conseguir”para relatar o fracasso, e não – como é comum – o sucesso). Quando
goleiro, Leão, ex-técnico da Seleção Brasileira, treinava muito e “ficava horas INCONTINENTE vs. INCONTINENTI (ACENTUAÇÃO)
aprimorando seus defeitos” (quem aprimora seus defeitos? Só masoquistas. Caso “Por que não acentuar, se a palavra já está aportuguesada?””Sendo paroxítona
de impropriedade vocabular, semântica, verificada pela combinação de “aprimorar” terminada em ‘i’, não deveria ser acentuada?” Muitas palavras e expressões que
com “defeitos”, que faria sentido, sim, se houvesse a intenção de ironizar, o que não vêm do atim (“lato sensu”, “stricto sensu”, “via crucis”) são grafadas na forma original
ocorria no texto em questão. Outro exemplo é a expressão “de encontro a”, ou com pequenas adaptações. “Incontinenti”, que significa “sem demora”, “sem
freqüentemente usada no lugar de “ao encontro de”. Por fim, convém citar duas detença”, é adaptação da expressão latina “in continenti”. “Incontinente” significa
expressões latinas, freqüentemente mal empregadas: a priori e a posteriori. É “que não apresenta continência”, ou seja, “que não se abstém de prazeres”,
comum o uso dessas duas locuções como se fossem meros marcadores de tempo, “sensualmente imoderado”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 22.10.00)
equivalentes a “antes” e “depois”, respectivamente. Deve ficar claro que não se trata
de simples marcadores da ordem de ocorrência de alguns fatos. A priori indica algo INCRÍVEL
que se estabelece ou se define por hipótese, sem análise prévia, sem exame, sem Antônimo de “crível” (sinônimo: credível; aquilo ou aquele em que se pode crer).
verificação. A posteriori é o contrário, ou seja, aquilo que se estabelece depois da Essa palavra teve o seu sentido original estendido para “fora do comum”, justamente
verificação, do exame, da observação. Quando se diz que uma medida foi tomada a porque não é fácil crer no que não é comum. Hoje quando se diz que uma pessoa é
posteriori, por exemplo, não se quer apenas situar essa medida no tempo. Se a incrível, costuma-se querer dizer que ela é espetacular, maravilhosa, genial, ou seja,
expressão tiver sido bem usada, ter-se-á querido dizer que a medida foi tomada fora do comum. Ao pé da letra, uma pessoa incrível é alguém em quem não se pode
depois da análise dos fatos, da observação, da experiência. (Cipro Neto P. Ao pé da crer. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 27.1.02)
letra. O Globo, 7.4.02)
INCUNÁBULO
INALADO vs. INALATÓRIO Livros impressos no século XV desde aproximadamente 1455 (quando foi publicada
Inalado: inalado1: [De in-2 + alado.] Adj. Sem asas. Inalado2: [Part. inalar.] “A Bíblia” de Gutenberg, o inventor dos tipos móveis) até 1500. [Do lat. incunabulu,
Adj. Que se inalou. (Dicionário Aurelio Eletrônico Século XXI) ‘berço’.] Adj.1. Diz-se do livro impresso até o ano de 1500.
Áptero (elemento grego ptero = asa) = sem asas (Duarte SN. Língua Viva. JB, S. m. 2. Começo, origem: 3. Livro impresso nos primeiros anos da arte de imprimir,
2.9.01) até 1500: 4. P. ext. Impresso produzido nos primórdios de qualquer sistema de
gravar, compor ou imprimir. (Aurélio eletrônico)
INCIPIENTE vs. INSIPIENTE
Incipiente corresponde a “novato, inexperiente, principiante”. Insipiente significa INCURSO
“ignorante”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 9.9.01) Adjetivo, logo concorda com o substantivo a que se refere, que significa “que
Insipiente é o contrário de “sapiente” (aquele que sabe). A troca de fonemas é mais incorreu”, “que incidiu”, “que ficou ou está implicado ou comprometido” (Cipro Neto
do que comum entre palavras de uma mesma família: insipiente e sapiente. P. Ao pé da letra. O Globo, 11.7.99)
Incipiente vem de “incipere”, do latim e significa “começar, iniciar” (Cipro Neto P. Ao
pé da letra, O Globo, 3.3.02) INFINITIVO
O infinitivo é por definição o verbo em ponto morto, isto é, impessoal. Isso significa
INCLUSIVE que não tem sujeito e, portanto, não é flexionado. Mas no português, húngaro e
Muitas vezes é um vício de linguagem, devendo simplesmente ser retirada da frase. alguns dialetos italianos, a regra lingüística da impessoalidade do infinitivo não se
Ex.: Evitou inclusive o escanteio. Inclusive já jogou no Real Madrid (Sérgio Nogueira aplica sempre. Nossa língua flexiona o infinitivo em muitos casos. Há quem encare o
Duarte - Língua Viva - JB, 12.7.98, p.16) infinitivo pessoal com mau humor. O primeiro fator de confusão é IMAGINARMOS
(infinitivo pessoal) que existem regras infalíveis. Quase sempre, o ouvido é o melhor
INCONTINENTI juiz. Os escritores se viram, no ato da escolha, influenciados por motivos de ordem
Essa palavra de origem latina na verdade é adaptação da expressão "in continenti estilística, tais como o ritmo da frase, a ênfase do enunciado, a clareza da
tempore", que significa "no tempo imediatamente posterior". "Incontinenti" equivale a expressão. O infinitivo flexionado não se aplica nem à primeira, nem à terceira
"sem detença", "sem demora", "imediatamente". Se fosse aportuguesada, seria pessoa do singular, eu e ele. Ex.: Para eu fazer. Para ela fazer. No singular, apenas
grafada com acento circunflexo no "e", já que as paroxítonas terminadas em "i" a segunda pessoa, tu, pode flexionar o infinitivo. No entanto, a substituição bem
recebem acento gráfico. Um cochilo de revisão fez a última edição do Aurélio trazer brasileira de tu por você, que leva a concordância para a terceira pessoa do singular,
a forma "incontinênti", com acento. Basta verificar, na mesma edição, o vocábulo faz com que o infinitivo pessoal, na prática, fique quase sempre restrito ao plural. Na
"incontinente" (que significa "imoderado"). Lá se manda confrontar "incontinenti", quase totalidade dos casos, a nós e eles. Normalmente, vale a pena dar prioridade
sem acento, como deve ser e como está no dicionário de Caldas Aulete, no ao infinitivo não flexionado e só usar a flexão quando ela for indispensável à clareza
da frase. Ex.: Estudamos para aprender (“Estudamos para aprendermos” perde em
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elegância, simplicidade e eufonia). Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo da sujeito). Ex.:professor trouxe o livro PARA EU LER (=para que eu lesse) PARA TU
oração principal, como nesse exemplo, a flexão costuma soar excessiva. Será quase LERES PARA ELE LER PARA NÓS LERMOS PARA VÓS LERDES PARA ELES
sempre importante flexionar o infinitivo nos casos em que seu sujeito não for igual ao LEREM Nesse caso são duas orações. “O professor trouxe o livro” é a oração
da oração principal. Ex.: Viu televisão até seus olhos doerem. O forasteiro se principal. A segunda oração é reduzida de infinitivo. Observe o exemplo a seguir:
admirou de vivermos nessas condições. Desistiu da viagem por serem precárias as “Houve uma ordem / PARA OS PRÓPRIOS FUNCIONÁRIOS CADASTRAREM OS
condições da estrada. Há casos em que o sujeito é o mesmo e, ainda assim, pode- CONTRIBUINTES.” Esquema de fixação: 1. Locução verbal = verbo auxiliar +
se flexionar o infinitivo. Isso ocorre com alguma freqüência quando, regido de infinitivo impessoal (=não se flexiona); 2. Oração principal + oração reduzida de
preposição, ele aparece antes da oração principal. Ex.: Para chegarmos a um infinitivo (pessoal = concorda com o sujeito) A Dúvida “Os técnicos estão aqui PARA
consenso, fizemos dez reuniões. A forma impessoal também caberia: Para chegar a RESOLVER ou RESOLVEREM o problema ?” São duas orações. “Os técnicos estão
um consenso, fizemos dez reuniões. As locuções verbais são uma prova de que o aqui” é a oração principal e “para resolver(em) o problema” é reduzida de infinitivo.
ouvidoé um bom juiz. Quando o infinitivo vem acompanhado de um verbo auxiliar, Alguns autores consideram um caso facultativo, outros afirmam que um caso de
costuma soar muito mal a flexão. Ex.: Nós quisemos ficar em casa, mas eles infinitivo não flexionado. No JB, nós não discutimos se é facultativo ou não. Usamos
preferiram sair. No entanto, existem exemplos de flexão em locuções verbais no SINGULAR: “Os técnicos estão aqui PARA RESOLVER o problema.” Observe
quando o verbo principal vem afastado do auxiliar e o autor julga necessária à mais exemplos: “Duas novas ruas foram abertas / para FALITAR o acesso.”
clareza. Ex.: Eles preferiram, embora exaustos da longa viagem e contraiando nosso “Usineiros e representantes estarão em Brasília/ para PRESSIONAR o governo
conselhos, saírem. A flexão não é obrigatória ou mesmo usual, mas é admissível. federal.” É interessante observar que, na 1ª pessoa do plural, todos preferem o
Quando o auxiliar é fazer, deixar, ver, ouvir, prevalece o infinitivo não flexionado. infinitivo não flexionado: “Nós saímos / para ALMOÇAR”. Ninguém diria: “Nós
Exs.: Deixou-os fugir. Ouviu-nos cochichar. Nesse caso, é comum a flexão quando, saímos para almoçarmos.” Se o sujeito estiver claramente expresso, a concordância
no lugar do pronome átono, temos um substantivo. Ex.: Deixou os prisioneiros é obrigatória: “Trouxeram os sanduíches / para NÓS ALMOÇARMOS no
fugirem. (Rodrigues S. Língua Viva. JB, 22.12.02) escritório.”OBSERVAÇÃO 1: Quando o infinitivo desempenha a função de
complemento, usamos a forma não flexionada (=singular): “Os paulistanos foram
INFINITIVO E ARTIGO obrigados A PASSAR quatro horas no saguão do aeroporto.” “A falta de informação
O artigo deve ou não ser usado antes do infinitivo. Quando o sentido da oração leva outros meninos A FAZER a mesma coisa todos os dias.” “A lei proíbe os
subordinada é temporal, o artigo é praticamente obrigatório. Ex.: Ao entrar (= quando brasileiros DE FUMAR na ponte aérea.” “Os músicos foram impedidos DE
entrar), acenda os faróis baixos. Ao levantar vôo, o velho teco-teco sacolejava. Ao PARTICIPAR de qualquer tipo de trabalho em discos.” OBSERVAÇÃO 2: Quando o
acordar, lembrou-se do compromisso. Quando o sentido é condicional, não tem verbo for de ligação (=SER, ESTAR, FICAR, TORNAR-SE...) ou estiver na voz
lugar o artigo. Ex.: A persistirem os sintomas, consulte o seu médico. A serem passiva, usamos o infinitivo no PLURAL: “Elas tiveram que suar muito PARA SE
verdadeira as alegações, o nobre deputado merece ir para a cadeia. A julgar pelo TORNAREM as campeãs.” “Elas têm que malhar muito PARA FICAREM
que vimos no primeiro tempo, o empate será um ótimo resultado. (Rodrigues S. magrinhas.” “O TSE liberou duas das quatro parcelas PARA SEREM DIVIDIDAS por
Língua Viva. JB, 13.4.03) 26 partidos.” “O porta-voz francês informou que as medidas A SEREM TOMADAS
contra o terror são iguais às da Inglaterra.” OBSERVAÇÃO 3: O verbo no plural
INFINITIVO e CONCORDÂNCIA enfatiza o agente em vez do fato. Em caso de ambigüidade, preferimos o plural para
Após consulta a doze gramáticas, cheguei à conclusão de que não há dois autores evitar a dúvida: “Fernando Henrique Cardoso liberou seus ministros PARA
que pensem da mesma forma. Penso da seguinte forma: caso o sujeito das duas SUBIREM em palanque.” (=quem vai subir em palanque são os ministros, e não
orações seja o mesmo, não há necessidade de se pluralizar o verbo na segunda Fernando Henrique Cardoso). (Duarte SN. Língua Viva. JB,16.11.97)
oração. Se o sujeito da segunda oração for diferente, o verbo deve concordar com o Há quem afirme que o infinitivo obrigatoriamente concordará no plural; outros são
sujeito desta oração. Ex.: Os analistas estão aqui para resolver os problema. O radicais ao exigirem o infinitivo não flexionado (= no singular); e muitos, como eu,
professor mandou os alunos saírem de sala. Existem autores que pensam são mais flexíveis e aceitam as duas formas. Quando disse “fazemos a
diferentemente. Evanildo Bechara defende que devemos usar o infinitivo não concordância no plural”, estava me referindo ao padrão adotado no JB. Faltou dizer
flexionado, sempre que houver um conglomerado verbal. Ex.: O professor mandou que nós usamos o verbo no plural somente quando o sujeito plural vem expresso
os alunos sair de sala. Deixai vir a mim as criancinhas. Nossa preferência é a flexão antes do infinitivo. Isso não significa que consideremos um erro pôr o infinitivo no
do infinitivo quando o sujeito plural vier expresso imediatamente antes do verbo. Ex.: singular. As duas formas são aceitáveis. Exs; O gerente mandou seus subordinados
Houve uma ordem para os analistas resolverem o problema. O professor mandou os resolver ou resolverem o problema. Quanto à frase “Deixai vir a mim as criancinhaa,
alunos saíres de sala. Deixe os programas trabalharem por você (Duarte SN, Língua também preferimos o infinitivo no singular, pois o sujeito, nesse caso, está expresso,
Viva, Jornal do Brasil. 18.7.99) mas invertido, ou seja, depois do infinitivo. (Duarte SN, Língua Viva. JB, 20.5.01)
Em locuções verbais, devemos usar o infinitivo impessoal (=não se flexiona). Ex.: Com verbos como “mandar”, “fazer” e “deixar” (tecnicamente chamados de
“Os deputados DEVEM ANALISAR o caso na próxima semana.” “Os contribuintes “causativos”), a flexão do infinitivo é optativa, quando seu sujeito é um substantivo.
PODERÃO, a partir da próxima semana, PAGAR antecipadamente o IPTU.” Observe Exs.: Deixe os meninos entrar (ou entrarem). Faça os rapazes trabalhar (ou
que, nas locuções verbais, temos uma oração. O verbo auxiliar é o que concorda trabalharem). Mande as bactérias lamber sabão (ou lamberem). Quando o infinitivo
com o sujeito. Em orações reduzidas, usamos o infinitivo pessoal (=concorda com o vem antes do substantivo que funciona como sujeito, é mais comum que não se
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flexione. Exs.: Faça trabalhar os rapazes. Deixe entrar os meninos. Deixai vir a mim sobre alguma coisa (= objeto indireto). Exs.: Os alunos informaram o professor sobre
as criancinhas. Mas a flexão é possível. Exs.: Faça trabalharem os rapazes. Quando a greve a ser desencadeada a partir de amanhã. Nós lhe informamos que o currículo
o substantivo é substituído por um pronome, não ocorre flexão. Exs.: Faça-os vai ser modificado. A Faculdade informou aos candidatos ao Vestibular que o portão
trabalhar. Deixe-os entrar. Mande-os sair. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, estará fechado a partir de amanhã, às 8 horas. O Reitor informou os alunos de que
12.8.01) os cursos, este ano, serão de melhor qualidade. 2. Apenas informar (intransitivo).
Quando o sujeito é o mesmo nas duas orações, dispensa-se a flexão do infinitivo. Exs.: A Internet informa de maneira extensa. A televisão agora informa bastante
No entanto, segundo alguns autores, os verbos reflexivos chamam o infinitivo através de programas educativos. 3. Informar-se de ou sobre alguma coisa. Exs.:
pessoal mesmo quando verbos simples não o chamariam. Ex. Perdemos a Eles se informaram dos (sobre os) movimentos grevistas iniciados ontem. Convém
capacidade de nos indignarmos com o sofrimento dos brasileiros pobres. Outro que os funcionários da Faculdade se informem sobre as novas cláusulas do atual
argumento, este estilístico, é o realce que a flexão dá à ação expressa pelo infinitivo: estatuto. Não se pode atribuir dois objetos diretos ao verbo informar. 4. Informar
“nos indignarmos” tem mais força do que “nos indignar”. (Rodrigues S. Língua Viva. alguém. Ex.: A secretaria existe para informar os alunos. (Silveira IC. Textos
JB, 29.12.02) médicos: aspectos lingüísticos. JBM 1999; 76(1/2):36.
O sujeito constituído de infinitivos exige o verbo no singular. Ex.: Comer e dormir O verbo informar pede objeto direto de pessoa e objeto indireto de coisa ou ao
fazparte da vida. O verbo deve ser colocado no plural se os infinitivos estiverem contrário: objeto indireto de pessoa e objeto direto de coisa. Exs.: O patrão informou-
substantivados (acompanhados de artigo ou termo análogos) ou se houver contraste o de que sua produção era insatisfatória (objeto direto de pessoa – o / objeto indireto
entre eles. Exs.: O comer e o dormir fazem parte da vida. Ganhar e perder fazem de coisa – de que sua produção). O patrão informou-lhe que sua produção era
parte do esporte. Amar e odiar são próprios do ser humano. (Ramos W. Não morda insatisfatória (objeto indireto de pessoa – lhe / objeto direto de coisa – que sua
a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) produção). (Niskier ª Na ponta da língua. O Dia, 8.4.01)
Quando é o verbo principal de uma locução, o infinitivo não costuma ser flexionado.
Exs.: Queremos resolver a questão agora. Eles devem trazer o livro amanhã. No INDIANO vs. HINDU
entanto, quando se distancia do verbo auxiliar, o infinitivo pode aparecer flexionado. Quem nasce na Índia é indiano. Hindu é o seguidor do Hinduísmo. Não
Exs: Possas tu, descendente maldito/De uma tribo de nobres guerreiros/Implorando devemos confundir nacionalidade com religião. Confusão semelhante ocorre com
cruéis forasteiros/Seres presa de vis Aimorés (Gonçalves Dias). A locução é “possas JUDEU e ISRAELENSE. Quem nasce em Israel é israelense. Judeu é relativo
seres”, em que o infinitivo (seres), distante do auxiliar (possas), foi flexionado. O ao povo. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 12.10.87)
efeito dessa flexão é o reavivamento e, conseqüentemente, a ênfase do sujeito “tu”.
No exemplo “A partir deste momento, os telefones celulares devem ser desligados, INÉDITO
devendos os mesmos assim permanecerem durante toda a viagem”, o infinitivo Palavra latina que significa “que não foi impresso”, “que não foi publicado”; “que
(permanecerem) está separado do auxiliar (devendo) por apenas duas palavras (os nunca foi visto”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 7.4.02)
mesmos), o que parece ser pouco para que se torne necessário ou plausível o
reavivamento do elemento (os telefones celulares) a que se refere o processo INDEFESSA
verbal. Ver emprego de “mesmo”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 23.5.04) Não cansado; incansável. Na pronúncia, o e é aberto. (Cipro Neto P. Ao Pé da Letra,
O Globo, 3.1.99, p.18)
INFINITIVO E FUTURO DO SUBJUNTIVO
Os verbos regulares não fazem diferença entre o infinitivo e o futuro do subjuntivo. INFINITIVO PESSOAL
Exs.: Ao entrar em campo, o Flamengo foi aplaudido (= infinitivo). O Flamengo exigiu Não pode ser flexionado quando faz parte de uma locução verbal. P.ex.: Os
segurança para entrar em campo (= infinitivo). Quando o Flamengo entrar em problemas contábeis, que podem, de início parecer enigmáticos, perdem importância
campo, será aplaudido (= futuro do subjuntivo). Os verbos irregulares fazem a quando... (9)
diferença. Exs.: Ao saber a verdade, começara a chorar (= infinitivo). Se souber a Há divergência entre os estudiosos. Para alguns autores, o infinitivo nunca se
verdade, começará a chorar (= futuro do subjuntivo). Ele veio até aqui para dizer a flexiona; outros afirmam que é um caso facultativo; e há aqueles que exigem a
verdade (= infinitivo). Quando ele disser a verdade, ninguém acreditará (= futuro do concordância no plural. Minha preferência é flexionar o infinitivo em 3 situações: 1.
subjuntivo). (Duarte SN. Língua Viva. JB, 25.11.01) Quando o sujeito plural vier expresso imediatamente antes do infinitivo. Ex. Houve
uma ordem para os alunos saírem. O professor mandou os alunos saírem 2. Quando
INFORMAÇÕES (MAIORES vs. MAIS) houver perigo de ambigüidade. Exs.: O professor liberou os alunos para verem o
Informação não tem tamanho: não é grande nem pequena. O que se quer é mais jogo. (= para que os alunos vissem o jogo, e não somente o professor); 3. Na voz
informações. É uma questão de quantidade e não de tamanho. (Sérgio Nogueira passiva ou com verbos de ligação. Exs.: ... e outros truques das celebridades para
Duarte - Língua Viva - JB, 2.8.98, p.16) ficarem mais bonitas. Os pacientes aguardam em média uma hora para serem
atendidos. (Duarte SN. Língua Viva, Jornal do Brasil, 13.6.99, p.14)
INFORMAR (REGÊNCIA) Outro exemplo: “Se quisermos crescer e ESCREVER ou ESCREVERMOS com a
O verbo informar tem regência variada. 1. Quem informa informa alguma coisa (= vida a história atual...” É um caso difícil, mas o verbo auxiliar QUISERMOS está
objeto direto) a alguém (= objeto indireto) ou informa alguém (= objeto indireto) de ou subentendido. Portanto, “Se quisermos crescer e (se quisermos) ESCREVER com a
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vida a história atual...” O mesmo ocorre em: “Os alunos poderiam levantar-se e do infinitivo são diferentes, é obrigatória a flexão do infinitivo. Ex.: O estudante fez o
SAIR”. Isso significa que “os alunos poderiam levantar-se e (poderiam) sair”. possível para os professores aceitarem a tese. Quando o infinitivo integra orações
Ninguém diria que “os alunos poderiam levantar-se e saírem”. (Duartes SN. Língua que funcionam como complemento de verbos como “mandar”, “deixar”, “fazer”, “ver”,
Viva, JB, 2.8.98) “ouvir”, “sentir”, etc. , a questão é tranqüila: pode-se ou não flexionar o infinitivo.
Exs.Deixa os portugais morrer (morrerem). Ver as águas dos rios correr (correrem).
ÍNFERO- Ouvir os pássaros cantar (cantarem). Quando o infinitivo é introduzido por uma
Prefixo sempre seguido de hífen (VOLP p.416) preposição e funciona como complemento de um substantivo, adjetivo ou verbo da
oração anterior, não se aconselha a flexão; Ex.: Eles estão dispostos a colaborar.
INFINITIVO E FLEXÃO Foram impedidos de participar. Serão obrigados a sair. Eles não têm direito de gritar.
1. Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo da oração principal, usamos o verbo no Ela convenceu os acionistas a aceitar a proposta. Os menores estão proibidos de
singular. Ex.: Os técnicos estão aqui para resolver o problema. Duas novas ruas entrar. Convença-os a participr. Insistem em ficar. Também não se flexiona o
estão sendo abertas para facilitar o acesso. Usineiros e representantes estarão em infinitivo em locuções verbais. Ex.: As peças precisam ser substituídas. Elas queriam
Brasília para pressionar o governo federal. Os pais trintões voltam ao Teatro do aprender a dançar. Poderiam ter ficado quietos. Apesar de ser desnecessário
Leblon para levar seus filhos e cantar juntos a trilha de Chico Buarque. Para alguns flexionar o infinitivo introduzido por preposição (a, de, etc.) que o relacione com um
autores pode-se usar o verbo no singular. 2. Não se flexiona o infinitivo com termo anterior já flexionado. Ex.: Eles estão proibidos de entrar. Já estamos
preposição que funcione como complemento de substantivo, adjetivo ou do próprio acostumados a não ter. Em resumo, existem tendência na flexão do infinitivo:
verbo principal. Exs.: Ele foram proibidos de sair. Eles foram obrigados a fazer o quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do verbo da oração anterior, não é
teste. Os paulistanos foram obrigados a passar quatro horas no saguão do necessário fazer a flexão do infinitivo; quando os sujeitos são diferentes, a flexão é
aeroporto. O decreto obriga os trens a trafegar de portas fechadas. Um psiquiatra obrigatória; quando a oração que tem o verbo no infinitivo inicia o período, convém
faz sucesso convencendo pacientes a agir como crianças. A lei proíbe os brasileiros flexionar; quando o infinitivo é introduzido por uma preposição e funciona como
de fumar na ponte aérea. Obs: na voz passiva e com os verbo de ligação, podemos complemento de um substantivo, adjetivo ou advérbio ou verbo da oração anterior,
usar o infinitivo no plural. Exs.: O porta-voz francês informou que as medidas não se aconselha a flexão. Em locuções verbais (Elas devem fazer o trabalho) e
concretas a serem tomadas contra o terror são iguais às da Inglaterra. As reservas quando o sujeito é expresso por pronome oblíquo (Mande-os entrar; Deixe-os ficar),
técnicas dos museus reúnem peças quase nunca expostas, mas que dão muito não ocorre a flexão do infinitivo. (Cipro Neto P. Nossa língua em letra e música. São
trabalho para serem conservadas. Elas tiveram que suar muito para se tornarem Paulo; 2002. p. 34-6.
campeãs. Elas têm que malhar bastante para ficarem magrinhas. Obs.: o verbo no Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do verbo da oração anterior, não é
plural enfatiza o agente em vez do fato. Em caso de ambigüidade, sugerimos o necessário fazer a flexão do infinitivo. Exs.: Para isso fomos feitos:/Para lembrar e
plural para evitar dúvidas. Exs.: Fernando Henrique Cardoso libera os seus ministros ser lembrados/ Para chorar e fazer chorar/ Para enterrar os nossos mortos/ Por isso
para subirem em palanque (quem vai subir em palanque são os ministros, e não o temos braços longos para os adeuses/ Mãos para colher o que foi dado/ Dedos para
presidente). Obs: Quando o sujeito está claramente expresso, fazemos a cavar a terra (“Poema de Natal”, Vinícius de Moraes). No primeiro verso, a locução
concordância no plural. Exs.: Houve uma ordem para os alunos fazerem todos os “fomos feitos” é da voz passiva e o sujeito é “nós”, implícito em “fomos”. E “fomos
testes. O gerente mandou seus subordinandos resolverem o problema. (Duarte SN. feitos” para quê? Para lembrar, ser lembrados, chorar, fazer chorar, enterrar os
Língua Viva, JB, 25.3.01) nossos mortos. O sujeito de todas essas formas verbais é o mesmo da oração que
A flexão do infinitivo é desnecessária quando seu sujeito é igual ao do verbo inicia o poema (“nós”). Logo, a flexão é desnecessária. Com a opção pela flexão do
anterior. Ex.: Os líderes religiosos do Afeganistão se reunirão amanhã para decidir... infinitivo (“lembrarmos”, “sermos lembrados”, “chorarmos”, “fazermos chorar”,
A flexão é desnecessária, mas não incorreta, ou seja, é possível empregar “enterrarmos”), haveria ênfase sobre o sujeito (“nós”). Sem a flexão do infintivo, a
“decidirem”. Quando não se flexiona o infinitivo, enfatiza-s a ação que ele expressa. ênfase se dá sobre a ação, sobre o processo expresso pelo verbo. Quano o sujeito
Com “decidir”, enfatiza-se a ação, e não quem a executa. Quando se flexiona o do infinitivo é diferente do sujeito do verbo anterior, a flexão é obrigatória. Exs.: Ele
infinitivo, enfatiza-se sue agente, no caso, representado pelos líderes religiosos. fez das tripas coração para participarmos da solenidade. Suas palavras foram claras
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 21.10.01) o bastante para entendermos que não éramos bem-vindos. Fiz o que pude para
A maioria dos gramáticos afirma que, quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do conseguirem a vaga. (Cipro Neto P. Lembrar e ser lembrados. Revista O Globo. 26
verbo da oração anterior, não é necessário fazer a flexão do infinitivo. Ex.: Os ago 2004;p.18.)
estudantes fizeram o possível para conseguir (conseguirem) a vaga. Celso Cunha O infinitivo flexionado é mais empregado em linguagem não formal. Exs.: Os
postulou que não se flexiona o infinitivo quando se quer enfatizar a ação candidatos foram obrigados a assinarem o documento. Eles foram proibidos de
(“conseguir”) : Os estudantes fizeram o possível para conseguir a vaga. Quando se fazerem a prova. Os técnicos foram chamados para resolverem o problema. Mandei
quer enfatizar o agente (“os estudantes”), flexiona-se o infinitivo: Os estudantes os técnicos resolverem o problema. São muitos os problemas a serem resolvidos.
fizeram o possível para conseguirem a vaga. Quando a oração que tem o verbo no (Duarte,SN, JB, Língua Viva,11.6.00). (Duarte SN. Língua viva. JB, 6.8.00)
infinitivo inicia o período, convém usá-lo – por clareza – na forma flexionada. Ex.:
Para verem a santa, os fiéis andaram quilômetros. Na ordem direta, a flexão é INFORMAÇÃOES (VER MAIORES INFORMAÇÕES)
desnecessária: Os fiéis andaram quilômetros para ver a santa. Quando os sujeitos
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INFORMAR (regência) para que, em linguagem escrita culta formal, sejam preferidas as formas originárias
O verbo informar é transitivo direto e indireto. Você pode informar alguma coisa (OD) (avisar/cientificar/notificar alguém de algo).
a alguém (OI) ou informar alguém (OD) de alguma coisa (OI). Construir a frase com E o verbo “comunicar”? Segue o mesmo caminho dos outros citados neste texto?
dois objetos indiretos é considerado erro. Exs.: Venho informar aos senhores Na prática, já seguiu. Nos meios de comunicação, ouve-se muita gente dizer que “o
associados (OD) as novas alterações estatutárias (OI). Venho informar os senhores prefeito vai comunicar o governador do ocorrido”, ou que “o governador já foi
associados (OD) das novas alterações estatutárias (OI). Vem informar-lhe (OI) que comunicado do fato pelo prefeito”. Apesar desse uso - cada vez mais comum -, os
..... (OD). Vem informá-lo (OD) de que.... (OI). Na frase “Vem informá-lo que...” dicionários de regência e os de sinônimos só registram para o verbo “comunicar” a
teríamos dois objetos diretos. Entretanto, não posso considerar uma construção construção “comunicar algo a alguém”.
errada, pois muitos autores afirmam que o uso de preposições antes da conjunção De fato, nos registros cultos da língua não se vê a construção em voga hoje na
integrante que não é obrigatório [eu preciso (de) que você me ajude; eu acredito imprensa. Ao pé da letra, “comunicar” significa “tornar comum”, “repartir”, “dividir”, e
(em) que ele volte; tenho a certeza (de) que ele voltará.] (Duarte SN. Língua Viva, o que se torna comum, o que se comunica é o fato, a notícia. É recomendável, pois,
Jornal do Brasil, 13.6.99, p.14) que se diga que o prefeito vai comunicar o ocorrido ao governador (e não que o
Esse verbo admite mais de uma construção. Pode-se informar algo a alguém; pode- prefeito vai comunicar o governador do ocorrido). Também é recomendável que se
se informar alguém de/sobre algo. Exs: João informou a situação ao amigo. João diga que o ocorrido foi comunicado ao governador pelo prefeito (e não que o
informou o amigo da situação. No primeiro exemplo, surge a preposição “a” (“ao governador foi comunicado do ocorrido pelo prefeito).
amigo”) quando se introduz a pessoa que recebe a informação; no segundo, a Cuidado, pois. Apesar de fazer parte do mesmo território semântico de “informar”,
preposição “de” (“da situação”) é empregada quando se introduz o fato de que o “avisar”, “notificar” e “cientificar”, o verbo “comunicar” só ocorre na língua culta com a
amigo é informado. construção “comunicar algo a alguém”. Na voz passiva, portanto, pessoas não são
Até aí, tudo parece correr bem. As dificuldades talvez surjam quando se substitui um comunicadas; fatos, sim.
dos complementos de “informar” por um pronome oblíquo. De início, é bom lembrar
que, em linguagem escrita culta formal, os pronomes “o” e “lhe” têm papéis distintos. INFRAVERMELHO (HÍFEN E PLURAL)
O “o” substitui complementos verbais que não são introduzidos por preposição (“Não O prefixo latino “infra-” (= posição inferior, abaixo) se associa com hífen apenas a
vi seu primo”/”Não o vi”; “Faz tempo que não abraço você”/”Faz tempo que não o/a palavras iniciadas por vogal, h, r e s. Como vermelho é um adjetivo, concorda em
abraço”). É o que ocorre em “João informou-o (ou ‘João o informou’) da situação”. gênero e número com o substantivo a que se refere. Exs: radiação infravermelha e
Nesse caso, o pronome “o” substitui a expressão “o amigo”. raios infravermelhos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 19.10.03)
O pronome “lhe” deve substituir complemento verbal introduzido por preposição (“a”,
normalmente). Em “João informou a situação ao amigo”, a expressão “ao amigo” INICIAIS MAIÚSCULAS INADEQUADAS
(introduzida pela preposição “a”) seria substituída pelo pronome “lhe”: “João Nas redações médicas, é comum encontrar-se “paciente com Insuficiência Renal
informou-lhe (ou ‘lhe informou’) a situação”. Aguda”, “O Hipotiroidismo Congênito é endocrinopatia comum”, “Houve benefícios
Isso se repete em estruturas compostas, como estas: “João informou-o de que não com o uso de Metronidazol”. Em alguns casos é nítida a influência das siglas, como
poderia comparecer”; “João informou-lhe que não poderia comparecer”. Percebeu o este exemplo copiado de um periódico: “Os teste utilizados foram os seguintes:
que ocorre, caro leitor? No primeiro caso, temos o pronome “o” (“informou-o”), que Tempo de Coagulação (TC), Tempo de Sangramento (TS), Retração de Coágulo
substitui “o amigo”. Se João informou o amigo, informou-o de algo. É por isso que (RC); mas, no decorrer do texto, o autor não mais citou as siglas substitutivas. Bons
depois do “o” surgiu a preposição “de” (“informou-o de que...”). No segundo caso, gramáticos contestam o uso de inicial maiúscula apenas como forma de destacar
temos o pronome “lhe”, que substitui “ao amigo”, expressão introduzida pela palavras. Essa forma não consta das normas contidas na instrução 49 do Formulário
preposição “a”. Se João informou ao amigo, informou-lhe algo, e não “de algo”. É por Ortográfico (Academia, 1998). São recursos adequados para destaque: letras
isso que, com o emprego do “lhe”, some a preposição “de”. itálicas, negrito, versaletes (tudo em letra maiúscula), espaçamento maior entre as
Convém dizer que os estudos da evolução da regência desse verbo apontam como letras, uso de letras com outra cor, traço subscrito. O uso de iniciais maiúsculas é
originária a construção “informar alguém de algo”. O importante lingüista Celso Luft regido por normas oficiais (Academia, ob. cit.), em que não consta a utilização
afirma que a construção “informar algo a alguém” é secundária, ou seja, veio depois, supracitada. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falha e
talvez por influência do traço semântico (isto é, de significado) de “levar” (“levar pela acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de
fala”, “comunicar”, ou seja, levar pela fala algo a alguém). Brasília.)
O que se disse até agora a respeito de “informar” se aplica também quando se
empregam os verbos “avisar”, “cientificar” e “notificar”, ou seja, é possível avisar (ou INQUERIR vs. INQUIRIR
cientificar/notificar) algo a alguém ou avisar (ou cientificar/notificar) alguém de algo. Inquerir = apertar com cordas. Inquirir = interrogar, investigar. Ex.: O delegado
Pode-se, pois, dizer que “João avisou (ou cientificou/notificou) o amigo da situação” inquiriu a testemunha, mas não chegou a conclusão alguma sobre o autor do crime.
ou que “João avisou (ou cientificou/notificou) a situação ao amigo”. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 8.10.00)
Com muitos exemplos de escritores expressivos, Celso Luft diz em seu “Dicionário
Prático de Regência Verbal” que a construção secundária é bem documentada. INSCRIÇÕES (VESTIBULAR)
Apesar disso, não faltam recomendações - do próprio Luft e de outros lingüistas -
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O certo é: Estão aberta as inscrições ao vestibular 2000. (Ramos W. Não morda a Não há nada que me interesse (é) especialmente nesse shopping center. (Martins E.
língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 15.7.00)
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como “vir”. Exs.: intervenho, intervinha, intervim, interviera, intervirei, interviria, O verbo “ir” pede a preposição “a”. Se você volta “da”, significa que há artigo: você
intervenha, interviesse, intervier. (Cipro Neto P. Ao pé da ltra. O Globo,13.8.00) vai à. Se você volta de, significa que não há artigo: você vai a. Exs. Você vai à
Bahia. Você vai a Brasília. Vou à Inglaterra. Vou a Israel. Vou à Paraíba. Vou a
INTERVIR vs. INTERVIER Goiás. Vou à Barra da Tijuca. Vou a Copacabana. Esta dica só serve para viagens:
Não devemos confundir o infinitivo do verbo (= intervir) com o futuro do subjuntivo (= ir à ou a; dirigir-se à ou a; viajar à ou a; chegar à ou a. (Duarte, SN, JB, 11.1.98 p.14)
intervier). Quando o verbo vier antecedido de preposições, use o infinitivo. Ex.: Ele Há diferença entre ir a e ir para. Devemos “ir a alguma lugar”se houver a idéia de
foi obrigado a intervir no caso. Ele tomou esta decisão para intervir no caso. Quando “volta imediata’e “ir para algum lugar” se houver idéia de “permanência, ida em
o verbo vier antecido das conjunções, use o futuro do subjuntivo. Ex.: Se o definitivo ou sem data para voltar”. (Duarte SN, JB, 19.4.98, p.14)
presidente intervier no caso, poderá haver protestos. Quando o presidente intervier Vou na praia hoje ou vou à praia hoje? Sempre que um verbo indicar movimento,
no caso, o problema será solucionado. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 2.5.99p.16) deslocamento, use a preposição a e não em (que significa posição estática, lugar
Intervir vem do latim intervenire e, ao pé da letra, significa “vir entre”. Em outras onde). Por isso: Vou à (e não “na”) praia hoje. / Eles chegaram à (e não “na”) praia
palavras, quem intervém se põe no meio, interfere, entremete-se, intromete-se. O logo cedo. / Levamos as crianças à (e não “na”) praia. / Foram ao (e não “no”) circo
verbo deriva de “vir” (do latim venire) e segue integralmente sua conjugação. Exs.: no domingo. Repare que, em todos os casos, a pessoa se deslocou para praticar a
Não interviemos na Venezuela e não vamos intervir na Bolívia. (Cipro Neto P. Ao pé ação. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 1.1.2000)
da letra. O Globo, 26.10.03) A regência do verbo “ir” aceita tanto a preposição “a”quanto a preposição “para” . A
diferença é semântica, ou seja, há uma pequena alteração no sentido da frase. O
INTERVIU vs. INTERVEIO uso da preposição “a” dá uma idéia de “transitoriedade”, de algo “passageiro”; a
O certo é interveio. O verbo intervir, como todos os derivados do verbo vir, deve preposição “para” dá uma idéia de permanência”, de algo “definitivo”. Ex.: Se você
seguir o verbo primitivo. Ex.: ele veio, ele interveio. (Duarte SN. Língua Viva. JB, viajar a São Paulo, eu imagino uma viagem a serviço, que você vai e volta no
9.12.01) mesmo dia, que se trata de viagem rápida. Caso você viaje para São Paulo, eu
posso imaginar que você foi transferido e vai ficar morando em São Paulo ou que se
INÚMEROS trata de viagem longa, sem data para voltar. Duarte SN. Língua Viva. JB, 13.8.00)
Termo usado como reforço de expressão, mas é cientificamente errôneo. Amiúde,
“inúmeros” tem sido usado em referência a elementos contáveis. Os números são IRASCÍVEL vs. IRRACÍVEL
infinitos. Logo, qualquer quantidade é numerável. É contestável citar, portanto, num Não existe a palavra “irracível”. A palavra é irascível (= pessoa que se irrita com
relato formal, que "o paciente sofreu inúmeras operações" ou que "podem ocorrer facilidade); o “sc” é dígrafo. (Niskier A Na ponta da Língua. O Dia, 19.10.99)
inúmeras complicações". Podemos substituir termos como inúmeros, um sem-
número e inumeráveis por numerosos, copiosos, muitos, vários, grande número, IR COMO AUXILIAR
elevado ou alto número de. Há elementos incontáveis (não, inumeráveis), como Na linguagem dos brasileiros, está cada vez mais freqüente o uso do verbo ir como
estrelas, grãos de areia no mar, folhas nas florestas. (Bacelar S, Galvão CC, Alves auxiliar do futuro: em vez de eu falarei, a maioria diz eu vou falar; em vez de ele
E, Tubino P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do jogará, preferem ele vai jogar; em ver de nós proporemos, fica melhor nós vamos
Hospital Universitário da Universidade de Brasília.) propor. Em determinadas situações, eu prefiro o uso do verbo ir como auxiliar. P.ex.,
a forma vai querer é muito melhor que o horroroso ele quererá. Entretanto o uso
INUSUAL excessivo do verbo ir empobrece o estilo e com alguns verbos fica no mínimo
Não usual; desudado (Aurélio eletrônico) estranho. O problema ocorre quando o verbo ir acompanha o próprio verbo ir ou o
verbo vir. É a história do eu vou ir e do ridículo eu vou vir. A forma eu vou vir parece
INVENÇÃO DE FORMAS VERBAIS PARA VERBOS DEFECTIVOS redundante. Eu irei fica melhor. E a forma eu vou vir parece absurda. É melhor falar
Ocorre em linguagem não formal. Exs.: Eu me precavenho. Isso não se adéqua à eu virei. (Duarte SN, Língua Viva, Jornal do Brasil, 20.6.99, p.14)
nossa empresa. Eu explodo de alegria. (Duarte,SN, JB, Língua Viva,11.6.00)
IRMÃOS SIAMESES
INVERTER vs. REVERTER Finalmente, o nome irmãos siameses é uma alusão aos gêmeos Chang e Eng,
Reverter – voltar ao ponto de partida. Inverter – virar em sentido contrário. nascidos em 1811 na Tailândia - que então se chamava Sião. O seu caso foi
Ex.: “A vida de Paulo está cada vez pior e o rapaz quer inverter essa situação.” estudado nos Estados Unidos. Eles viveram até os 63 anos, sendo exibidos em
(Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 1.4.01) circos e feiras. Eram ligados entre si por uma membrana situada à altura do peito
(Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 2.12.00)
IPSIS LITTERIS
Expressão latina que significa textualmente; pelas mesmas letras. Ex.:Repeti o que IRONIA
ela me contou ipsis litteris. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 14.5.00) A ironia é a figura de linguagem que consiste em fazer uma expressão assumir no
contexto sentido oposto ao que tem ao pé da letra. Ex.: “Que fineza!” para fazer
IR observações a respeito do comportamento grosseiro de alguém. Também se é
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irônico quando se chama de Carlos Alberto ou Djalma Santos algum de nossos e vogais. Assim: moralizar (deriva de moral), realizar (de real), horrorizar (de horror),
atuais laterais-direitos, ou de Pelé algum de nossos atuais atacantes. Em tempos tão suavizar (de suave), amenizar (de ameno). (Martins E. De palavra em palavra. O
brutos, grosseiros e boçais como os que estamos vivendo, a ironia é um animal em Estado de S. Paulo, 17.2.01)
extinção. Acostumadas ao pão-pão-queijo-queijo, ao pau-pau-pedra-pedra, as
pessoas exercitam cada vez menos a abstração e a imaginação, daí a quase ISO
incapacidade de perceber ironias. Quer um conselho? Leia Machado de Assis, A ISO (International Organization for Standardization), em Genebra, é uma entidade
mestre da (fina) ironia (“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de mundial que cria normas internacionais para padronizar critérios de produção e
réis...”). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 27.8.00) formas de apresentação de documentos nos mais variados campos. A padronização
Originalmente, do grego euróneia, pelo latim ironia, indica modo de a pessoa facilita os intercâmbios internacionais, pois estabelece parâmetros universais para a
expressar o contrário do que pensa ou sente. É figura de linguagem de uso troca de informações e serviços. A ISO é uma federação de institutos
recorrente em quase todos os grandes escritores. (Silva D. Insultos divertidos. normalizadores de 146 países que, além de contribuir para a definição de normas
Língua Viva. JB, 1.6.03) internacionais, desenvolve versões nacionais específicas.1
1. International Organization for Standartization [página na internet]. Genebra: ISO;
IRREGULAR [atualizado em 20 dez 2004; citado em 25 dez 2004]. Disponível em:
Irregular se refere a uma situação. Não é correto dizer: há brasileiros irregulares no http://www.iso.org/iso/en/ISOOnline.frontpage
exterior. O certo é: há brasileiros em situação irregular no exterior. (Martins E. De
palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 15.4.00) ISTA
Sufixo que dá a idéia de “ofício, ocupação”. Exs.: pianista; jornalista; dentista; artista;
IR vs. IR PARA jurista; otorrinolaringologista. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 12.3.00)
Quem vai a, vai e volta – José foi a São Paulo (José viajou a São Paulo, mas voltou
ou voltará). Quem vai para, vai e fica – José foi para São Paulo (José se mudou, À JANELA vs. NA JANELA
passou a viver em São Paulo). (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 18.3.01) Quem assiste a um desfile ou a um espetáculo ou simplesmente fica conversando
igualmente se põe à janela e não “na janela”. O na, no lugar do a, indicaria que a
ISAR vs. IZAR; SINHO vs. ZINHO pessoa se havia encarapitado na janela, o que não é o habitual. (Martins E. De
Escrevem-se com “s”(= -isar e -sinho) os verbos derivados e os diminutivos de palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 6.11.99)
palavras que já possuem “s”. Exs. análise - analisar; aviso - avisar; pesquisa -
pesquisar; paralisia - paralisar; casa - casinha; lápis - lapisinho; mesa - mesinha; JANTAR, JANTA
país - paisinho A forma janta é incorreta. (7)
Escrevem-se com “z”(= - izar e - zinho) os verbos derivados e os diminutivos de “A janta” ainda não é aceita pela norma culta. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia,
palavras que não possuem o “s”. Exs.: ameno - amenizar; legal - legalizar; suave - 15.7.00)
suavizar; animal - animalzinho; balão - balãozinho; flor - florzinha; pai - paizinho A primeira refeição que aparece na língua portuguesa é o jantar, que originalmente
(Duarte SN, JB, 5.4.98, p.16) era o atual café da manhã, o desjejum. Veio de jentare, do latim dos clérigos,
Por que palavras como “analisar” e “pesquisar” se escrevem com “s” e “atualizar” e radicado em jantare, do latim vulgar. Perdendo o “e”, fixou-se no português no
“civilizar” se escrevem com “z”? “Analisar” é da família de “análise”, que se escreve século 12. No século 14, o jantar mudou de horário, passando para o meio-dia. E o
com “s”; “pesquisar” é da família de “pesquisa”, que também se escreve com “s”. Já almoço, do latim alius morus, outro bocado, veio a substituir o jantar. (Silva D.
“atualizar” e “civilizar” se formam pelo acréscimo de “izar” a “atual” e “civil”, Palavras de Natal. Língua Viva. JB, 22.12.03)
respectivamente. A terminação “izar” é grafada com “z”. Em “parametrizar”, também
ocorre o acréscimo de “izar” (a palavra primitiva é “parâmetro”). Não custa lembrar JAQUERI (JACQUERIE)
que, como vimos na semana passada, essa família (“parametrizar”, A Jacquerie foi uma revolta popular, na Europa medieval, que ocorreu no norte da
“parametrização”, “parametrizável” etc.) está registrada no “Vocabulário Ortográfico”, França, em 1358, durante a Guerra dos Cem Anos. Nessa época o poder cabia aos
da Academia. É preciso tomar cuidado com “catequizar”, que se escreve com “z”, États-Géneraux (assembléia de diferentes classes de cidadãos franceses), que não
apesar de “catequese” se escrever com “s”, e com “batizar”, que não aproveita o “s” conseguiam governar eficazmente. As classes mais privilegiadas forçavam os
de “batismo”. De resto, se houver o acréscimo de “izar”, grafe com “z”; se houver o camponenes a pagar taxas cada vez maiores e a reparar as propriedades
acréscimo da terminação “ar” a vocábulo que já se escreva com “s”, grafe com “s”. danificadas pela guerra, sem nenhuma compensação. Isso resultou em uma série de
Veja alguns exemplos: canal/canalizar, improviso/improvisar, rival/rivalizar, rebeliões sangrentas em várias regiões. Elas foram denominadas de Jacquerie, em
economia/economizar, atraso/atrasar, liso/alisar, humano/humanizar, aviso/avisar homenagem ao camponês revolucionário popularmente conhecido como Jacques
etc. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo,2.12.00) Bonhomme, ou simplesmente Jack. Eles foram derrotados pelos nobres, mas o
Isar, izar. Usa-se isar quando, no final de um substantivo, existe um s entre duas termo jacquerie se tornou sinônimo de revoltas camponesas.1
vogais: paralisar (deriva de paralisia), analisar (de análise), catalisador (de catálise), 1. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Jacquerie
pesquisar (de pesquisa). Já a terminação izar provém de adjetivos finalizados em l, r
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JAR (VERBOS TERMINADOS EM: ORTOGRAFIA) dupla. Se Guga vai jogar contra Meligeni, teremos um jogo de simples. Guga e
Os verbos terminados em “jar” (viajar, encorajar, azulejar, enferrujar) jamais Meligeni serão adversários. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 22.8.99)
apresentarão a letra “g”: “Ela quer que eu viaje”; “Espero que eles viajem hoje”;
“Quero que você a encoraje”; “Evite que as cadeiras se enferrujem”. Se o infinitivo se JOGAR UM PAPEL
escreve com “j”, não será necessário trocá-lo por “g” para que se mantenha o som. E Ex.: O Brasil pode jogar um papel extraordinário nesse continente americano. Jogar
nada de confundir o substantivo “viagem” com a forma verbal “viajem”. Também não papel, em português, é aquilo que a maioria dos cariocas faz em qualquer lugar,
vale confundir “ferrugem” com “enferrujem”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, ignorando latas de lixo e sujando a cidade. No sentido acima, papel não se joga (má
12.9.99) tradução de to play a role ou to play a part) e sim desempenha-se. (Rodrigues S.
Língua Viva. JB,10.11.02)
JARDINEIRA (ETIMOLOGIA)
Jardineira veio de jardim, do francês jardin, que designa também horta, pomar, JUDEU
quintal. Há a expressão francesa cultiver son jardin (cultivar seu jardim) para referir Os judeus herdaram seu nome de Judá, um dos doze filhos de Jacó (Israel), de
estilo de vida de quem se retirou da balbúrdia da cidade para levar uma existência quem são descendentes. Posteriormente, ao chegar à Terra Prometida, as tribos
menos agitada. Os franceses precisavam vender todos esses produtos nas cidades. levaram os nomes dos filhos de Israel. Judá foi uma dessas tribos, daí a origem
E os transportavam em veículo de duas ou quatro rodas – jardinière – Quando ela genuína do povo e o termo judeu. (Hilton César L. Fonsêca, Cartas ao Leitor, Veja,
levava as pessoas às cidades, conservou a denominação. Na Itália, virou giardineira. 18.8.99)
E na Espanha, jardinera. Imigrantes espanhóis e italianos enriqueceram nossa
língua com a variante “jardineira” (sinônimo de ônibus). (Silva D. Um ônibus no JUDIAR
jardim. Língua Viva. JB, 15.6.03) Significa “ escarnecer, fazer sofrer, atormentar, maltratar” . É formado de “ judeu”
mais o sufixo “ iar” . É um verbo de carga depreciativa, pois seria “ tratar como os
JARGÃO judeus foram tratados”, ou seja, “ maltratados como os judeus” . Embora muitos não
Tipo de linguagem restrito a pequenos grupos dos mais variados tipos ou a associem judiar ao sofrimento dos judeus, o uso de verbo deve ser evitado. É uma
corporações (malandros, soldados, marinheiros, artistas, médicos, jornalistas, palavra que carrega em si uma carga preconceituosa. (Duarte SN. Língua Viva, JB,
secretárias, etc.) Como linguagem de poucos, ipso facto não deve ser reproduzida 16.12.01)
na prática da linguagem de comunicação de massa. (Castro M. A imprensa e o caos Tratar com escárnio, com desprezo, atormentar, impor sofrimento. Judiar significa
na ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998. tratas outros como se fosse judeus, secularmente maltratados em Portugal no
governos dos reis católicos. E, também, mudando o ponto de vista, atribuir toda e
JESUS CRISTO qualquer atrocidade aos judeus para justificar extorsões e perseguições de que eram
O nome Jesus (Yeshu) é uma abreviatura que deriva da interpretação grega do vítimas. (Silva D. Língua Viva. JB, 26.1.04)
nome hebreu “Yoshua”, que por sua vez é uma corruptela de “Yehoshuah”(que
significa Jeová é redenção). Já Cristo não era nome, mas um título. Vem do grego JÚNIOR (PLURAL)
Christós, e é uma tradução do hebraico Mashiakh (O Escolhido), ou Messias. Cristo As palavras terminadas em “r” fazem plural como o acréscimo de “es” (exs.
foi agregado ao nome de Jesus por seus seguidores que acreditavam ser ele o repórteres, revólveres, açúcares). O plural é juniores (a sílaba tônica se desloca da
Messias da salvação de Israel. (Freitas Jr. A divindade feito home. Isto É,1629, vocal “u” para a vogal “O”(juniôres). (Duarte RN, JB, 8.2.98, p. 14)
20.12.00).
JUNTAMENTE COM
JINGLE Redundância
Estrangeirismo: propaganda em forma de música. (Duarte S, Propato V. Portuguese,
please. Isto é, 23.8.00) JUNTO A
Significa “perto de” (next to). Ex. A mesa está junto à estante. Nunca usar:
JOANINA vs. JUNINA Buscamos um empréstimo junto ao Banco Mundial. (Duarte RN, JB, 19.10.97)
Juninas é a palavra que designa as comemorações dedicadas a qualquer um dos A locução junto a tem sentido físico apenas: O filho estava junto ao pai. / Os dois
santos celebrados em junho. Junino deriva do nome de junho em latim, juniu. Por estavam junto ao muro. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo,
isso, junino e não "junhino". Joanina aplica-se apenas a algo relativo a São João, 19.8.00)
enquanto junino serve tanto para Santo Antônio (dia 13), São João (dia 24) e São “Junto a” significa “ao lado de, perto de”. Exs.: A garagem fica junto ao depósito (=
Pedro (dia 29). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 16.6.01) ao lado do depósito). (Duarte SN, Língua Viva, JB, 11.2.01)
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locuções prepositivas “junto a” e “junto de” (=perto de, ao lado de) são invariáveis. da serialidade. Ao contrário da gravidade, que atua indiferentemente sobre todas as
Exs.;A sala de reuniões fica junto ao ambulatório. Os livros estão junto da estante da massas, essa força age apenas sobre a forma e a função dos acontecimentos,
esquerda. Sou contra o uso da palavra “junto” fora do seu real significado (=colado, correlacionando por afinidade as configurações semelhantes. Das Gesetz des Serie
unido, ao lado). Exs.: Contraiu um empréstimo junto ao Banco do Brasil (o correto é jamais foi traduzido em língua estrangeira, mas despertou na época vivo interesse
“no Banco do Brasil”). Só resolverá o problema junto à diretoriada empresa (o de Einstein, Freud e Jung. Freu, cita o livro no seguintes termos: “Não há muito
correto é “com a diretoria da empresa”). O Palmeiras contratou Júnior Baiano junto tempo um inventivo cientista tentou reduzir as coincidências a determinadas leis,
ao Flamengo (o correto é “do Flamengo”). (Duarte SN, Língua Viva, JB, 20.9.98, privando-as assim do seu estanho efeito. Não vou arriscar a decidir se foi ou não
p.16) bem-sucedido”. Einstein disse que se trata de uma idéia “original e de modo algum
Concordância nominal. É um adjetivo e deve concordar com o substantivo a que se absurda”. Em parte, Jung baseou-se em Kammerer ao desenvolver a teoria da
refere. Ex.: Os fortes sentimentos vêm juntos. Em campo, Romário e Ronaldinho sincronicidade. Segundo ele, o descobridor da serialidade tinha “uma intuição
juntos. Uma vitória que a dupla de atacantes quer comemorar jogando junta por obscura mas fascinante de um arranjo e combinação acausais dos acontecimentos”.
muito tempo ainda. Obs. 1: junto a/junto de (= perto de). São sinônimos e (Andrade LE. De Einstein a Silveirinha. Outra opiniões. JB, 20.1.03)
invariáveis. Exs.: Os dois chutes passaram junto à trave. Os reservas estão junto da Quem primeiro estudou o fenômeno foi o biólogo austríaco Paul Kammerer (1880-
comissão técnica. Os hotéis ficam junto ao viaduto. As casas estão junto da 1926), que dos 20 aos 40 anso colecionava coincidências. Em 1919, ele publicou o
farmácia. Obs. 2: Devemos evitar o uso de “junto a” com outro sentido que não seja livro Das Gezetz der Serie (A Lei da Série), em que estabelece as bases da
de “perto de”. Exs.: Ele está preocupado com seu prestígio junto à torcida (é serialidade, uma teoria definida como “a recorrência governada por leis, dos
preferíve: “com a torcida”). O governo solicitou um empréstimo junto ao Banco mesmos (ou semelhantes) eventos ou coisas, que se encadeiam no tempo e no
Mundial (é preferível: “no Banco Mundial”) (Duarte SN, Língua Viva, JB, 5.8.01) espaço, sem que os membros individuais da seqüência estejam relacionados à
mesma causa ativa”. A teoria de Kammerer não leva em conta o significado das
JURO e JUROS coincidências, para o qual Spener havia chamado a atenção no final do século 19:
“Juros” é plural de “juro”. Diga e escreva “o juro”, “o menor juro”, “o juro mais baixo”, “Se coincidências não significativas são freqüentes, devem ocorrer também,
“juro baixo”, “os juros”, “os menores juros”, “os juros mais baixos”, “juros baixos”. ocasionalmente, coincidências que têm significado e cujos elementos estão
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O GLOBO, 4.7.99) relacionados de um modo significativo”. É isso que Jung tenta explicar mediante o
princípio da sincronicidade – tão importante, na opinião dele, quanto o da
JUSTAMENTE causalidade. Ela é definida como “a ocorrência simultânea de dois acontecimentos
Significa “de modo justo” , “com justiça”, “ exatamente”, “precisamente”. significativos mas não causalmente ligados entre si” ou então “uma coincidência no
Diferentemente do que se vê nos nosso dicionários editados atualmente, que não tempo de dois ou mais acontecimentos sem ligação causal, porém com o mesmo
registram advérbios terminados em “-mente”, o da Academis das Ciências de Lisboa, significado ou significado semelhante”. (Andrade LE. O governo de muletas. Outra
dá vários deles. Em “justamente”, diz isto: Com exatidão, rigor ou precisão; de modo opiniões. JB, 28.4.03)
exato, rigoroso ou preciso; exatamente, precisamente. No Caldas Aulete, editado até
a década de 60, há registro de “exatamente” como sinônimo de “justamente”. (Cipro K NA LÍNGUA PORTUGUESA
Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 2.12.01) Oficialmente a letra “k”, na língua portuguesa, só deve ser usada em símbolos (K =
potássio, Kr = criptônio) e abreviaturas: kg, km, kw (= minúsculas e sem plural). Ao
KAMMERER (LEI DE) escrevermos as abreviaturas por extenso, devemos substituir a letra “k” por “qu”:
Fatos que têm afinidade entre si tendem a acontecer juntos, quer a gente queira, quilograma, quilômetro, quilowatt. (Duarte SN, JB, 10.5.98)
quer não queira. Paul Kammerer, contemporâneo de Freud em Viena, foi o primeiro
cientista a estudar a natureza das coincidências. Dos 20 aos 40 anos, manteve KRATÍA
diário, em que anotava qualquer coisa do gênero, por insignificante que fosse. Por Elemento grego (versão portuguesa: - cracia ) presente em inúmeras palavras de
exemplo, no dia 4 de novembro de 1910 seu cunhado foi a um concerto na cadeira diversas línguas. Significa “poder, autoridade”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
nove e, ao deixar o casaco no vestiário, recebeu o ticket nove; no dia seguinte, Globo, 2.2.03)
noutro concerto, em que sua cadeira era a 21, o ticket da chapelaria tinha o número
21. Ele recortava também notícias de jornal: no verão de 1906 a baronesa de LABAREDA DE FOGO
Trautenburg, uma solteirona nascida em 1846, feriu-se na queda de uma árvore, Pode-se falar em “labareda de fogo”? Não se deve. Labareda já é uma grande
enquanto noutro lugar da Áustria a baronesa de Riegershof, solteirona da mesma chama ou língua de fogo. Assim, para evitar a redundância, o repórter deveria ter
idade, também ficou ferida na queda de outra árvore. Em 1919, Kammerer publicou falado apenas em labareda, pois toda labareda é de fogo. (Martins E. De palavra em
Das Gesetz des Serie (A Lei das Séries), em que define o fenômeno como a palavra. O Estado de São Paulo, 3.3.01)
repetição regular dos mesmos fatos no tempo e no espaço, sendo que os elementos
da seqüência não estão ligados pela mesma causa ativa. O título do livro baseia-se LACEAR vs. LASSEAR
num ditado alemão que equivale a “não há dois sem três” ou “uma desgraça nunca Lacear é vocábulo que existe. A forma correta é "lassear", da mesma família de
vem só”. Por essa teoria, existe no universo, junto com a lei da gravidade, o princípio
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“lasso”, “lassidão”, etc. Quem é que, ao comprar calçados, nunca ouviu o vendedor madeira, plantada e replantadas pelas próprias empresas. (Vannuchi C. Na ponta do
dizer que o sapato "lasseia"? Pois esse "lasseia" é do verbo "lassear", que significa lápis. Isto É, 23.5.01; p. 76-7.
"tornar(-se) lasso", ou seja, "afrouxar(-se)". Por extensão, "lasso" significa "devasso",
"libertino". Quem procura "libertino" no "Aurélio" encontra isto: "Livre de qualquer LARÍNGEO vs. LARINGEO (ORTOGRAFIA)
peia moral".1 Verbete: laríngeo Adj.1. Relativo ou pertencente à laringe; laringiano. (Aurélio
1. Cipro Neto P. Uma faixa cada vez mais lassa. Folha de S. Paulo. 27 out eletrônico)
2005;Cotidiano:p.C2.
LASCÍVIA
LACÔNICO Normalmente entendida como “propensão para a luxúria, sensualidade exagerada;
Palavra que veio do latim laconicu, breve, resumido, por sua vez procedente do lubricidade” –, a palavra, porém, tem uma origem latina bem menos marcada pela
grego lakonikós, em que tinha o mesmo significado. Os habitantes da Lacônia, sacanagem. A lascivia original trazia embutida sobretudo a idéia de brincadeira, de
região da Grécia cuja capital era Esparta, ao contrário dos de Atenas, dar pinotes (os animais) ou rir à toa (as pessoas). Só num segundo passo é que
caracterizavam-se por seu desprezo à oratória, primando por extremados cuidados parece ter se ampliado a noção de brincadeira para incluir os prazeres brincalhões
com a forma física. (Silva D. Insultos divertidos. Língua Viva. JB, 1.6.03) do sexo. Que de um início tão risonho e luminoso a lascívia tenha evoluído para
contornos noturnos de abajur lilás, de palavra sussurrada com espírito de culpa ou
LACTANTE, LACTENTE transgressão, não surpreende a quem sabe que no meio do caminho tinha a moral
Lactante é a mãe que amamenta. Lactente é a criança amamentada. cristã. 1
Lactante - quem dá leite (a mãe) - e lactente - quem recebe o leite (a criança) 1. Rodrigues S. A palavra é... Nominimo 18 fev 2006. Disponível em:
(Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 16.7.00) http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationS
ervlet?publicationCode=1&pageCode=65
LÂMPADA FLUORESCENTE ou LÂMPADA FOSFOREsCENTE
Fluorescência é a propriedade que têm certos materiais de absorver a luz e reemiti- LASER
la sob forma de radiação de maior comprimento de onda. Fosforescência é a Acrônimo da expressão inglesa “light amplification by stimulated emission of
propriedade que têm certos corpos, de brilhar na escuridão, sem espalhar calor. radiation” (amplificação de luz por emissão estimulada de radiação). (Cipro Neto P.
Como a lâmpada emite luz, ela é fluorescente. Fosforecentes são alguns coletes e Ao pé da letra. O Globo, 24.3.02)
adesivos usados por guardas de trânsito e motociclistas, que brilham no escuro e,
assim, evitam acidentes. (Duarte SN, JB, 14.6.98, p.14) LÁTEX vs. LATEX
O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa registra as duas formas: a) latex
LANA CAPRINA [latέks]. (Do latim latex, -ticis “líquido”). Bot. Líquido viscoso de um branco leitoso,
“Lã de cabra”. Usada na locução de lana caprina (= insignificante, de pouca monta). que circula nos vasos de plantas como a árvore da borracha e que, tratado
Ex.: Mas estamos a perder um tempo precioso com uma questão de lana caprina. quimicamente, dá o cauchu e b) látex: o mesmo que latex. Há ainda o vocábulo
(Aurélio, 1986, p.1007) pouco usado látice, com o mesmo significado.1 Na maioria dos dicionários
brasileiros, há o registro das formas látex e látice2,3,4,5,6, do mesmo modo que no
LÁPIS Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras.7 No Caldas Aulete, a
Em 1565, um livro de Konrad Gessner trouxe a primeira descrição da ferramenta: forma látice é considerada melhor que látex.3 Em dois dicionários há somente a
“um bastão de madeira no final do qual é inserido um pedaço de grafite. De lá para forma látex.8,9 Para alguns, a forma oxítona (latex) seria um exemplo de silabada –
cá, o grafite passou a atravessar todo o bastão, deixou de deslizar dentro da troca de posição correta da sílaba tônica –, pois o correto seria látex.10
madeira como acontecia até os anos 1970 e o formato cilíndrico cedeu espaço ao Referências:
hexagonal e, agora, ao triangular. Todos os lápis devem ser fabricados com alguma 1. Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Academia das Ciências de Lisboa.
espécie de conífera, árvore como o pinheiro. Os europeus utilizam o cedro Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de
americano – os suiços são os grandes mestres. Os brasileiros , um pinheiro Lisboa. Lisboa: Verbo; 2001. p.2232.
caribenho. De resto, a suavidade depende do grafite, da quantidade de cola 2. Ferreira, ABH. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed.
misturada ao mineral e da tonalidade dos pigmentos. A palavra grafite deriva do rev. amp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1999. p.1191.
termo grego “grafia”, que significa escrita. A primeira mina de grafite foi descoberta 3. Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa Caldas Aulete. 4 ed. Rio de
em Cumberland, na Inglaterra, no século XVI e acreditava-se que era constituída por Janeiro: Delta; 1985. p.2108.
chumbo, tamanha a semelhança das cores. Somente no século XVIII o químico 4. Figueiredo C. Dicionário da língua portuguesa. 14 ed. 2 vols. Lisboa: Bertrand;
alemão Karl Scheele provou ser o grafite um derivado do carbono, sem qualquer 1949. p.207.
relação com o chumbo. Hoje, a produção mundial é de cerca de 10 bilhões de 5. Houaiss A, Villar MS. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
unidades por ano, fabricadas a partir de mais de um milhão de metros cúbicos de Objetiva; 2001.p.1728.
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6. Michaelis: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Aluguel de equipamento com opção de compra.
Melhoramentos; 1998. p.1232.
7. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 3 LECIONAÇÃO
ed. Rio de Janeiro: A Academia; 1999. p.455. No dicionário Michaelis, significa “ação de lecionar” (Duarte SN, Língua Viva, JB,
8. Koogan A, Houaiss A. Enciclopédia e dicionário ilustrado. 4 ed. Rio de Janeiro: 28.2.99,p.14)
Seifer: 1999. p.951.
9. Borba FS. Dicionário de usos do Português do Brasil. São Paulo: Ática; 2002. LEDO ENGANO
p.944. A palavra “ledo” vem do latim e significa “risonho, contente, alegre, jubiloso”. O
10. Cipro Neto A. Ao pé da letra. O Globo; 4.6.00. sufixo “-oso”, você sabe, dá idéia de abundância. “Júbilo”, também latina, significa
Obs: encaminhado à Acta Cirúrgica Brasileira em 25.8.03. “alegria intensa, grande contentamento”. Então “ledo engano” é um “engano alegre”?
Na verdade, quer-se dizer que a pessoa certamente não tem consciência do
LAUDABILÍSSIMO vs. LOUVABILÍSSIMO engano, pensa estar acertando e sente-se feliz, apesar de “enganada”. (Cipro Neto
Forma legítimas. A primeira pode ser o superlativo de “laudável” ou (erudito) de P. Ao pé da Letra, O Globo, 4.7.99)
“louvável”; a segunda, só de “louvável”. Louvável vem do latim “laudabilis”, de que
também se originou “laudável”. Algus adjetivos possuem dois superlativos. Uma das LEI DE MOORE
formas (considerada erudita) costuma apoiar-se no latim, enquanto a outra se vale Em 2005, comemora-se o sexagésimo aniversário do Eniac ("eletronic numerical
da base portuguesa. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 2.2.03) integrator and calculator"), considerado o primeiro computador moderno (enorme
máquina com 8.000 válvulas e eficiência para realizar 5.000 cálculos por segundo).
LAYOUT A capacidade de processamento dos computadores tem crescido acentuadamente.
Em português, usar disposição visual (Folha de S. Paulo, 12.10.97) O norte-americano Gordon Moore projetou, em 1965, que o número de transistores
Estética do produto. em um "chip" de circuito integrado dobraria a cada ano. Dez anos depois, sua
previsão se mostrou bastante consistente com a realidade. Atualmente, estima-se
LEAL, LEGAL (ETIMOLOGIA) que essa capacidade esteja dobrando a cada 18 meses (média que os engenheiros
Nos bons tempos, lealdade, tinha muito a ver com honradez e ética. Um indivíduo chamam de Lei de Moore). A lei projeta cerca de 10,5 bilhões de transistores nos
leal era aquele fiel ao ideário de um partido ou ao compromisso com sua própria atuais microprocessadores. O assombroso crescimento se deve ao fato de que a Lei
consciência. É uma pena notar que uma palavra tão bela como lealdade passou a de Moore é modelada por uma função exponencial. Se a lei continuar válida nos
ser sinônima de cumplicidade. Legal é muito usada hoje em dia pelos jovens, próximos 20 anos, uma operação computadorizada que hoje leva um dia será
significando coisa ou pessoa de ótima qualidade, nada tendo a ver com as leis ou executada cerca de 10.300 vezes mais rapidamente em 2025 (menos de nove
com a justiça. Sua origem é latina, a mesma do adjetivo leal. Leal e legal vêm do segundos).1
latim lex,legis, que é a origem de lei. Na sua origem, legal é estar de acordo com a 1. Mello JLP. A surpreendente lei de Moore. Folha de S. Paulo.11 out
lei. Daí outras palavras derivadas: ilegal (=que não está de acordo com a lei); 2005;FOVEST:p.4.
legalizar (=tornar legal); legislar (=criar a lei); legislação (=conjunto de leis); legista (=
que conhece ou estuda as leis). Quanto ao legista, é interessante observar os LEI DE OHM (GEORG SIMON OHM)
comentários do prof. Deonísio da Silva (De onde vêm as palavras). Legista: o A diferença de potencial (tensão) aplicada a um condutor é proporcional à
vocábulo é freqüentemente utilizado para designar o profissional que se serve dos intensidade da corrente. A constante de proporcionalidade é a resistência. V = R x I.
conhecimentos médicos para esclarecer questões jurídicas. Sua denominação
original é médico-legista, já que para o exercício da profissão é indispensável o LEI DE TALIÃO
curso de medicina. Mas os costumes consagraram, por economia vocabular, apenas V. talião
a Segunda palavra. Assim sendo, um “cara legal”é “maneiro, bacana, amigo”, mas,
pela sua origem, é um cara que só age “dentro dos conformes”. (Duarte SN, Língua LEITO DE PROCUSTO
Viva, JB, 13.5.01) 1. Leito de ferro onde, segundo a mitologia grega, este famigerado salteador
estendia aqueles que capturava, cortando-lhes os pés quando o ultrapassavam e
LEAMOS vs. LEIAMOS estirando-os quando não lhe alcançavam o tamanho. 2. P. ext. Situação
O certo é leiamos. A primeira pessoa do singular do presente do indicativo é: eu leio. independente da vontade do indivíduo em que este peca e sofre as conseqüências,
Logo, todo o presente do subjuntivo será irregular: que eu leia, tu leias, ele leia, nós quer por excesso, quer for falta. (Aurélio eletrônico)
leiamos, vós leiais, eles leiam. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 16.12.01)
LEMBRAR vs. LEMBRAR-Se
LEASING Nestas duas opções corretas a diferença é a regência. Lembrar é um verbo
Estrangeirismo: arrendamento. (Duarte S, Propato V. Portuguese, please. Isto é, transitivo direto. Ex.: Ela lembrava as datas com carinho. Lembrar-se (forma
23.8.00) pronominal) é transitivo indireto. Ex. Ela se lembrava das festas. Assim, se você
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lembra, lembra alguma coisa (= objeto direto); se você se lembra, lembra-se de Essa terminação latina, sufixo, tem função intensificadora, também presente em –
alguma coisa (= objeto indireto). (Nogueira S. Pegadinha verbal. Seleções do ento, - oso , etc. Exs.: Um filme sonolento não nos enche de sono? E por acaso uma
Reader’s Digest, julho 1999, p.17) criança birrenta não é uma criança cheia de birra? E um prato saboroso não é um
O verbo lembrar-se é transitivo indireto, isto é, seu complemento precisa de prato cheio de sabor? Só proferes discursos virulento (ao pé da letra, significa
preposição; já o verbo lembrar é transitivo direto, isto é, seu complemento não “tomado por vírus”, “cheio de vírus”, “em que há vírus ou veneno”; em sentido
precisa de preposição. Exs.: Lembrei-me do aniversário dele. Lembrei o aniversário figurado, significa “cheio de rancor”, “cheio de ódio”). O deputado proferiu um
dele. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 11.12.99) discurso lutulento (temo a raiz latina de “lodo” e a terminação “- lento”, de função
Em linguagem escrita formal, o verbo “lembrar” pode ser empregado com o pronome intensificadora; é sinônimo de “lodoso”, “lamacento”; figurativamente, pode-se usar
reflexivo e a preposição “de” (simultaneamente) ou sem os dois. Exs.: Ela ainda se “lutulento”com o significado de “ofensivo”, “agressivo”. Existe, nos dicionários
lembra disso. Ela ainda lembra isso. Não me lembro da resposta. Não lembro a brasileiros e portugueses a forma “friorento” (a forma “friolento” existe apenas no
resposta. Na língua oral, é muito comum uma terceira construção em que se Caldas Aulete, 1964, como forma usadano Alentejo). Há também a forma “friento”
emprega a preposição “de” sem que se empregue o pronome oblíquo. Exs.: Não (comum no Brasil e em Cabo Verde). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
lembro de nada. Nos exemplos da língua falada (e que constam em alguns registros 15.6.03)
literários), o pronomes “me” foi omitido. Logo é possivel escrever: Com a idade,
nossa memória se torna seletiva: só lembramos o que nos interessa ou Com a LESO
idade, nossa memória se torna seletiva: só nos lembramos do que nos interessa. Vem do latim e equivale a “ferido”, “lesado”, “danificado”, “prejudicado”. Nesses
Quando se diz “Quem não lembra?”, deixa-se subentendido algo como “isso” (Quem casos, “leso” é adjetivo. Ex.: Gama, embora ferido, um braço leso de todo, persistia
não lembra isso? ).Quando se diz “Quem não se lembra?”, deixa-se subentendido em combater (Aquilino Ribeiro). Em algumas regiões, tem o sentido de “amalucado”,
algo como “disso” (Quem não se lembra disso? ) (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O “doido”, “idiota”. Ex.: Joaquina Maluca, você ficou lesa/ não sei por que foi! O
Globo, 16.6.02) adjetivo “leso” pode entrar no composto e se ajustar ao substantivo que o segue.
Exs.: crime de leso-patriotismo (patriotismo lesado, prejudicado, ferido) ou crime de
LENDÁRIO ou LEGENDÁRIO lesa-pátria (pátria lesada, prejudicad, ferida) (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
Podem ser usados como sinônimos. Lendário é derivado de lenda. Legendário é 17.11.02)
relativo a “legenda’(inscrição, dístico, letreiro, vida dos santos, lenda). No entanto, é
melhor usar p.ex. : O lendário fulano de tal.... (Duarte SN, JB, 7.6.98, p.16) LEVEDO vs. LÊVEDO
Segundo nossos dicionários, lendário e legendário podem ser usados como Levedo não existe. (Ramos WO. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001)
sinônimos. Lendário é derivado de “lenda” (narrativa em que fatos históricos são
deformados pela imaginação popular ou pela invenção poética); legendário é relativo LHE (COMPLEMENTO VERBAL)
a “legenda”(inscrição, dístico, letreiro, vida dos santos, lenda). (Duarte SN, Língua Como complemento verbal substitui os objetos indiretos. Exs.: Eu não lhe obedeço.
Viva, JB, 2.1.2000) Eu devo dizer-lhe a verdade. Eu lhe entreguei os documentos (Duarte SN. Língua
Viva. Jornal do Brasil, 11.7.99)
LENTE (PROFESSOR) vs. LENTE (VIDRO DE AUMENTO) “Comunicamo-lhe” ou “Comunicamos-lhe”? Nos textos burocráticos, comerciais,
Professor foi designado o lente, não porque usasse lentes, mas porque os primeiros encontram-se as duas formas, mas só uma é correta: “comunicamos-lhe”. O
professores muitas vezes se limitavam a ler aulas previamente escritas. Nesse caso, pronome “lhe” não causa alteração nas formas verbais a que se associa. O “s” final
veio do latim legente, que lê. E a lente recebeu tal designação por sua semelhança do verbo não desaparece. “Comunicamos-lhe que...”. Isso também vale para “lhes”:
com a lentilha, do latim lente, declinação de lens, planta, cujo diminutivo, “lentícula”, “Comunicamos-lhes que...” (Cipro Neto P, Ao pé da letra, O Globo, 10.10.99)
resultou no português lentilha. (Silva D. Língua Viva. JB, 29.3.04) LHE vs. O
Ver Linguagem oral vs. linguagem padrão. Na língua oral, o “lhe” aparece associado
LENTIFICADO a qualquer verbo. Exs.:Faz tempo que não lhe vejo. Amanhã eu lhe procuro. Na
Na literatura médica, há grande número de termos ausentes dos dicionários. É língua padrão, o “lhe” só é usado com verbos que pedem preposição. Exs.: Já lhe
recomendável evitá-los até que sejam dicionarizados ou usados por alguma disse o que sei (Já disse a você o que sei). A caneta lhe pertence (A caneta
autoridade em gramática ou por médicos reconhecidamente conhecedores de pertence a você). Com verbos transitivos diretos, isto é, não pedem preposição, o
gramática e de linguagem médica e científica. Neologismos são bem-vindos quando pronome adequado é “o”, ou “a”. Exs.: Faz tempo que não o/a vejo (Faz tempo que
não há termos substitutos na linguagem corrente, como ensinam bons lingüistas. não vejo você). Amanhã eu o/a procuro (Amanhã eu procuro você) (Cipro Neto P. Ao
Ex.:reflexos “lentificados” (reflexos lentos). (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino pé da letra. O Globo, 3.10.99)
P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital O pronome pessoal oblíquo O (A, OS, AS, LO, LA, LOS, LAS) deve ser usado para
Universitário da Universidade de Brasília) substituir objetos diretos: “Eu o encontrei.” “Eu devo ajudá-lo.” “Eu não a vi.” O
pronome lhe, como complemento verbal, substitui os objetos indiretos: “Eu não lhe
- LENTO obedeço.” “Eu devo dizer-lhe a verdade.” “Eu lhe entreguei os documentos.” Quem
decide se o objeto é direto ou indireto é o verbo. Procure a regência do verbo (= se
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ele pede preposição ou não). Quem ajuda ajuda alguém. AJUDAR é transitivo direto, Pronome “lhe” vs.pronome “o”. Na língua oral, o “lhe” aparece associado a qualquer
por isso “devo ajudá-lo”. Quem obedece obedece a alguém. OBEDECER é transitivo verbo. Exs.:Faz tempo que não lhe vejo. Amanhã eu lhe procuro. Na língua padrão,
indireto, por isso “eu não lhe obedeço”. As formas “eu te amo”, “eu te vi” e “eu te o “lhe” só é usado com verbos que pedem preposição. Exs.: Já lhe disse o que sei
quero bem” são corretas, desde que o tratamento seja feito em 2ª pessoa (=tu). Se o (Já disse a você o que sei). A caneta lhe pertence (A caneta pertence a você). Com
tratamento for em 3ª pessoa (=você), devemos dizer “eu o amo”, “eu a vi” e “eu lhe verbos transitivos diretos, isto é, não pedem preposição, o pronome adequado é “o”,
quero bem”. “Eu lhe amo” está errado, porque o verbo AMAR é transitivo direto. Se ou “a”. Exs.: Faz tempo que não o/a vejo (Faz tempo que não vejo você). Amanhã
você acha “eu o amo” ou “eu a amo” formas esquisitas, diga simplesmente “eu amo eu o/a procuro (Amanhã eu procuro você)
você”, e eu ficarei duplamente feliz. Em “eu lhe quero bem”, o verbo QUERER (= Que sem preposição. Exs.: A rua que eu moro é suja. O único depoimento que
estimar, querer bem) é transitivo indireto, por isso devemos usar o pronome lhe duvidei foi o dele. Vamos passar as frases para a linguagem padrão: A rua em que
(=objeto indireto). (Duarte SN. Língua Viva. JB, 4.1.98) (ou na qual) moro é suja. O único depoimento de que (ou do qual) duvidei foi o dele.
Cujo. Ex.: O delegado suspeita de uma pessoa, que o nome, por enquanto, prefere
LIMINAR não revelar. Na língua padrão, a relação de posse se estabelece com “cujo”: O
Ex.: “Ele entrou com uma liminar...” Na verdade, ninguém “entra com uma liminar”. O delegado suspeita de uma pessoa, cujo nome, por enquanto, prefere não revelar”. A
que nós podemos fazer é entrar com um pedido de liminar. Liminar é algo que o juiz relação de posse é simples: a pessoa tem nome; o nome é dela. Mais complicado é
concede ou não. Liminar se pede e o juiz concede ou não. (Duarte SN. Pegadinha o emprego de “cujo” associado a uma preposição. Ex.: Aquele é o engenheiro
verbal. Seleções do Reader’s Digest) Martins, sob cuja responsabilidade ficará o projeto de duplicação da rodovia”. É
simples: o projeto ficará sob a responsabilidade do engenheiro, sob a
LINCAR ou LINKAR responsabilidade dele. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 3.10.99)
Estrangeirismo desnecessário. Prefiro ligar, unir ou conectar. (Duarte SN. Línga
Viva, JB, 14.11.99) LINGUAGEM CONOTATIVA
Uso da linguagem figurada. A metáfora, p.ex. é aquela figura de linguagem em que
LINGERIES seu criador parte de uma comparação. Ex. A menina é uma flor. Qundo usamos os
Neologismo jamais aportuguesado, que procede de linge, roupa branca, feito de lin, elementos de comparação (= assim como, tal qual, tanto quanto...) não temos a
linho, mas que logo passou a ter várias cores. (Silva D. Língua Viva. JB, 27.10.03) metáfora e sim a própria comparação. Ex.: Ela é tão linda quanto uma flor (=
comparação). (Duarte SN, JB, 17.5.98, p.14)
LÍNGUA FALADA NO BRASIL
Os esforços por uma pronúnica universal pertencem a uma fase primitiva dos LÍQUIDO vs. LíQÜIDO
estudos da língua e cabem hoje no escaninho do preconceito cultural. No Nordeste, O trema não acabou, e deve continuar sendo colocado nas palavras cujo u
o pessoal tende à abertura da vogal pretônica, falando, p.ex., Nórdeste. Muitagente precedido de q ou g e seguido de e ou i é pronunciado. O que acontece com o
no Sul ainda resiste a pronunciar o “l” de fim de sílaba como se ele fosse a vogal “u”. vocábulo líquido é que ele faz parte do grupo de palavras que admite duas grafias,
(p.ex. Súu). Outro exemplo: Roraima. O Houaiss registra que no início do século 20, isto é, existe líquido (sem trema) e líqüido. (Niskier A. Na ponta da língua, O Dia,
havia três pronúncias: Rorãima, Roráima e Roraíma. As duas primeiras formas têm 7.1.01)
ditongos descrescentes, com a diferença de que um é nasal e o outro, oral. A
terceira, hoje desusada pronúncia, o ditongo é crescente ou dependendo da LISTAR vs. ALISTAR
interpretação não é mais ditongo e sim hiato, cada vogal habitando uma sílaba Na maioria dos dicionários não há listar. No Caldas Aulete, encontra-se listar como
própria. Essa pronúnica de Roráima me parece coisa de português (no Brasil é sinônimo de alistar, fazer lista. O verbo alistar lembra alistamento militar. Para fazer
qüinquënio; lá em Portugal, é quinquénio). A tendência da língua brasileira à uma lista, prefiro o verbo listar. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 21.3.99, p.14)
nasalização dos ditongos seguidos de m ou n chega ao ponto de a maioria ignorar a
pronúncia recomendada e transformar ruím em rúim. (Rodrigues S. Língua Viva. JB, LISTAS
16.3.03) Os itens de relações e listas ocupam um parágrafo cada um e são precedidos de
algarismo e ponto: 1., 2. etc. Se os itens contêm apenas uma frase cada um,
LINGUAGEM ORAL, COLOQUIAL vs. LINGUAGEM PADRÃO, CULTA terminam em ponto-e-vírgula, até o penúltimo, no qual se troca ponto-e-vírgula por
A gente e nós. Ex.: “Porque, se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a vírgula e mais um e; o último, obviamente, termina com o ponto final. Se os itens
gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares contêm mais de uma frase, terminam todos com ponto. Todos os itens devem ter a
brasileiros” (frase de um professor universitário, em um congresso internacional). mesma construção: todos com verbo no infinitivo, todos sem verbo, etc. (Garcia L.
Melhor teria sido o emprego de “nós” em vez de “a gente”. A repetição de “a gente” Manual de redação e estilo. São Paulo: Globo, 1994)
piora a situação, que se agrava com “termos”. “Termos” é da primeira do plural Ex.: “Compra, venda, troca, financiamento”, ou “Compra, vende, troca, financia”. No
(“nós”); “a gente” é da terceira do singular. Em poucas palavras, a gente é, e nós primeiro caso, temos apenas substantivos (a loja faz a compra, a venda, a troca, o
somos. financiamento). No segundo, apenas verbos (a loja compra, vende, troca e financia).
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 22.8.99)
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Vários desses aparelhos têm marcadores de página, bloco de anotações, dicionários A crase é obrigatória nas locuções prepositivas formadas de palavras femininas: à
internos, busca por palavras, além do acesso a bibliotecas. A captura dos arquivos é roda de, à volta de, à espera de, à procura de, etc. (Ramos W. Não morda a língua.
feita por meio do computador e posteriormente repassada para o livro eletrônico. No 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001)
caso do Librié, só é permitido o acesso a um site da Publishing Link, empresa filiada
à Sony. O site dispõe de cerca de 600 títulos, quase todos ainda em japonês. O LOCUÇÃO VERBAL E CONCORDÂNCIA
acesso a um livro custa 2,92 dólares. Numa locução verbal, o verbo auxiliar é o responsável pela concordância. Exs.: Eu
Já o novo produto da Panasonic, o Sigma Book, lançado em fevereiro, custa 357 devo falar. Tu deves falar. Ele deve falar. Nós devemos falar, Vós deveis falar. Eles
dólares. O site da empresa tem 100 títulos disponíveis para o leitor, mas o sistema devem falar. Devem ser coisas da globalização. Ele deve ser o campeão. Eles
permite a conexão com um endereço independente, chamado 10 Days Book. Nessa devem ser os campeões. Deve ser uma hora da tarde. Devem ser treze horas.
biblioteca virtual, existem 5.500 livros. O visor do Sigma é duplo, como um livro Na locução verbal em que o verbo principal for impessoal (haver no sentido de
convencional, e feito de cristal líquido. O equipamento não tem memória interna. “existir”) o verbo auxiliar fica obrigatoriamente no singular (= porque não há sujeito).
Utiliza um cartão. Exs.; Deve haver alunos espalhados pelo pátio da escola. Deve haver algumas
Um dos problemas mais vitais que precisam ser solucionados é o do padrão. Os dúvidas. (Duarte, SN, Língua Viva, JB, 6.12.98, p.18)
fabricantes usam sistemas diferentes que não se comunicam entre si. Foi esse Em locuções verbais, sempre usamos o infinitivo impessoal (= não se flexiona, é
entrave que dificultou o avanço no mercado dos primeiros equipamentos de leitura, invariável). Ex.: Todas elas vão tomar banho. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 25.4.99,
que chegaram às prateleiras seis anos atrás. Mesmo depois de resolver toda a parte p.14)
técnica, os fabricantes terão de combater um costume milenar, o de ler sentindo o Numa locução verbal, ou seja, dois verbos associados, o primeiro verbo é chamado
papel entre os dedos. de “auxiliar”; o segundo, de “principal”. A concordância é feita com o verbo principal.
(Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 31.10.99)
LOBBY
Grupo de interesse ou pressão. Segundo Ricardo P. Rodrigues (Consultoria LOCUÇÃO VERBAL E POSIÇÃO DO PRONOME
Legislativa, CD, 8/2000), a palavra lobby tem sua origem na Inglaterra. Naquele A maioria dos brasileiros diria: Corinthians pode se tornar campeão no domingo
país, o termo lobbyst foi empregado pela primeira vez para se referir a jornalistas (sem hífen = próclise do verbo principal). Eu prefiro a ênclise do infinitivo:
que permaneciam nos saguões (lobbies) da Casa dos Comuns, esperando a Corinthians pode tornar-se campeão no domingo. (Duarte SN, Língua Viva, JB,
oportunidade de entrevistar os legisladores. O uso moderno da palavra, contudo, 9.1.2000)
remonta aos E.U.A. do início do século 19. (Salles NP. Grupos de interesse e os
meandros do Congresso Nacional. Medica: Conselho Federal ago 2002;17(136):4. LOCUÇÕES ADVERBIAIS FEMININAS E CRASE
As locuções adverbiais femininas (à beça, à força, à mão, à tarde, à toa, à última
LOCUÇÃO hora, à vista, à vontade, às avessas, às claras, às vezes,etc.) devem levar crase
Locução = duas ou mais palavras que se juntam com o valor de uma. Ex.: “A (Duarte SN, JB, 17.5.98, p.14)
bandeira do Brasil deve ser respeitada por todos”; o termo em negrito é uma locução
adjetiva. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 25.6.00) LOCUÇÕES COM SUBSTANTIVOS FEMININOS
Desde tempos antigos da nossa língua se vêm usando com acento no “a”
LOCUÇÃO ADVERBIAL E CRASE numerosas locuções adverbiais, prepositivas e conjuncionais formadas por
A crase é obrigatória nas locuções adverbiais formadas de palavras femininas: às substantivos femininos, tais como à custa de, à força, à toa, à vela, às pressas, às
pressas, às vezes, às cegas, à boca pequena, às tontas, às escondidas, etc. vezes, à beça, à beira de, à frente, à luz, à mão, à medida que, à parte, à procura de
(Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) , à proporção que, à revelia, à tarde, à última hora, à unha, à vista, à contade, às
avessas, às claras, às ordens, etc. (Adriano da Gama Kury IN Duarte SN, JB,
LOCUÇÃO “ATÉ A” E CRASE 15.3.98, p.16)
A crase é facultativa com a locução “até a” antes de palavra feminina. Ex. Fomos até Usamos o acento indicativo da crase em todas as locuções prepositivas femininas: à
à (a) praia. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) espera de, à procura de, à custa de; à moda de. Ex.: A classe média continua à
espera da casa própria (Sérgio Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, 30.8.98, p.16)
LOCUÇÃO CONJUNTIVA E CRASE
A crase é obrigatória nas locuções conjuntivas formadas de palavras femininas: à LOCUÇÃO VERBAL E FLEXÃO
medida que, à proporção que, etc. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Quando temos uma locução verbal devemos usar o infinitivo impessoal (= não se
Sercore; 2001) flexiona). Ex. Os pais querem ter seus filhos felizes. (Sérgio Nogueira Duarte -
Língua Viva - JB, 26.7.98, p.16)
Locução prepositiva e crase Na locução verbal, flexiona-se apenas o auxiliar. Exs.: As moças devem ir agora.
Eles podem estudar mais. Queremos saber a verdade. Elas parecem duvidar de
você. Quando existe o verbo “parecer” pode haver alguma estranheza. Não são
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comuns nas variedades informais da língua construções como “Elas parece lotação dos presídios supera os limites do razoável. (Martins E. De palavra em
duvidarem de você” ou “Eles parecia acreditarem no que lhes dizíamos” ou “As palavra, O Estado de S. Paulo, 16.10.99)
flores parecia definharem”. Nesses casos, não há locução verbal, por isso o verbo
“parecer” não funciona como auxiliar. O que ocorre é a presença de duas orações. LOUVAR (REGÊNCIA)
No último exemplo, uma dela é “parecia”; a outra é “as flores definharem”. Como o O verbo louvar é transitivo direto, isto é, seu complemento (objeto direto) não deve
sujeito de “definharem” é posto antes de “parecia”, tem-se a impressão de erro de ser preposicionado. Exs.: Louvando o Senhor; louvemos o Senhor (Niskier A. Na
concordância. Na verdade, a concordância ocorre entre “as flores” e “definharem” ponta da língua, O Dia, 3.12.00)
(flexão do infinitivo de “definhar”). Para ficar mais claro, talvez seja melhor pensar
que “As flores parecia definharem” é a redução de “Parecia que as flores LUDITAS
definhavam” em que fica claro que o sujeito de “definhar” é “as fores”. (Cipro Neto P. Na Inglaterra, em fins do século 18, viviam cardadores, tecelões, alfaiates, artesãos,
Ao pé da letra, O Globo, 16.5.04) ferreiros, etc. , que moravam em casinhas distribuídas por várias aldeias. Muito
depressa, tiveram que lidar com o aparecimento de máquinas complexas alojadas
LOCULAÇÃO em prédios imensos. Suas terras foram tomadas pelos novos ricos e, sem o que
Existe em medicina? fazer no campo, rumaram para as cidades. De pobres dignos transformando-se, da
noite para o dia, em miseráveis, mendigos e prostitutas. Homens, mulheres e
LOGIA crianças se submetiam a uma jornada de trabalho de 16 a 18 horas por dia. Com
Elemento grego que significa “estudo”. Exs.: biologia; geologia; cardiologia; ruído ensurdecedor, temperatura elevada e enevoada por fumaça, as fábricas se
etimologia. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 12.3.00) tornaram um abatedouro humano devido, sobretudo, aos acidentes de trabalho. Os
sindicatos eram proibidos por lei. Em poucos anos, os rios foram completamente
LOGO poluídos e o ar tornou-se irrespirável. Os trabalhadores se revoltaram. Inicialmente,
Elemento grego que significa “palavra, fala”. Logopedia = logo (palavra, fala) + pedia eles elegeram como líder um tal de Ned Ludd, figura imaginária que remonta à
(criança). Logomania = mania de palavras. Monólogo = fala de um só (mono). antiguidade. Utilizando o estratagema de cartas anônimas, eles ameaçavam os
Diálogo = por meio (dia) da palavra. Neologismo = nova (neo) palavra. (Duarte SN. industriais com represálias se insistissem em utilizar máquinas e a explorar os
Língua Viva, JB, 29.7.01) trabalhadores. Entre 1811 e 1812, os ludistas destruiram maquinárias, prédios
industriais, propriedades, causando prejuízos astronômicos e ameaçando
LOGO, PORTANTO, ENTÃO, ASSIM, POR ISSO, POR CONSEGUINTE, POIS deslanchar a revolução industrial inglesa. Uma das vitórias dos ludistas foi obrigar os
(POSPOSTO AO VERBO), DE MODO QUE, EM VISTA DISSO empresários a aumentar os salários. (Ferreira J. Idéias/Livros,JB, 31.7.99)
Articuladores sintáticos de conclusão. As conjunções logo, de modo que, só se
empregam antes do verbo. A conjunção pois só se emprega depois do verbo. As LUGAR-COMUM
outras podem ser empregadas antes ou depois do verbo. Exs.: Agnaldo comprou um Expressão batida e tão repetida que já perdeu a graça. É o mesmo que chavão ou
capacete, de modo que usará sua moto com maior segurança. Agnaldo comprou um clichê. Exs.: O agente da lei teve que invadir a aeronave. Ao apagar das luzes, o
capacete, usará, pois, sua moto com maior segurança. Agnaldo comprou um Palmeira conseguiu dar a volta por cima e, finalmente, fez as pazes com a vitória. O
capacete, usará, por isso, sua moto com maior segurança. (7) chefe do Executivo responde em alto e bom som. Via de regra, esse tipo de notícia
estoura como uma bomba no Congresso Nacional. É preciso aparar as arestas e
LOGOTIPO vs. LOGÓTIP chegar a um denominador comum. Foi dar o último adeus ao amigo, e foi obrigado a
A forma logotipo é da linguagem popular. (Ramos WO. Não morda a língua. 3 ed. dizer cobras e lagartos para o administrador do cemintério. Sua explicação deixou a
Aracaju: Sercore; 2001) desejar. Nada vai empanar o brilho da sua conquista. Sua contratação veio
preencher uma lacuna. Vamos encerrar com chave de ouro. O atacante estava
LONGE vs. LONGES completamente impedido. O todo-poderoso Manchester United perdeu para um
A palavra longe na frase: Este rapaz vai longe é advérbio, portanto invariável. Como desconhecido clube da Terceira Divisão. A festa não tem hora para acabar, mas
adjetivo, a palavra longe é variável, admitindo o plural, isto é, concordando com o amanhã o carioca volta à dura realidade. São imagens impressionantes que nos
substantivo a que se refere. Exemplo: Estive em longes terras. (Niskier A. Na ponta deixam uma lição de vida. Mas nem só de shows vive a cantora. Muitos finalmente
da língua. O Dia, 25.11.00) poderão realizar o sonho da casa própria. Resta saber, se o governo vai pôr a idéia
em prática. Bandidos fortemente armados invadiram o banco e transformaram o
LOTAÇÃO (gênero) saguão numa verdadeira praça de guerra. E o cidadão tupiniquim continua sua via-
A palavra, quando designa o carro que faz tranporte alternativom, é masculina. Exs.: crúcis. A fúria da natureza deixou um rastro de destruição. As ruas viraram
Paulistanos são favoráveis aos lotações. A Câmara dos Vereadores aprovou projeto verdadeiros rios e o barco era o único meio de transporte. O artista foi recepcionado
que regulariza a situação dos lotações. A palavra tem o gênero masculino porque por um batalhão de repórteres e cinegrafistas. A ousadia dos traficantes não tem
resulta da redução de “autolotação”. Por isso se diz o lotação. Nos demais casos, limites. Para você ter uma idéia, eram 20 quilos de cocaína pura. Cinco times ainda
porém, o vocábulo é feminino. Exs.: O estádio estava com a lotação esgotada. A lutam para fugir do fantasma do rebaixamento. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 6.1.02)
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No latim é mater. No espanhol madre. O português passou de madre a made. E parte dos deputados votou (ou votaram) a favor. (Cipro Neto, P., Ao pé da letra, O
fixou-se em mãe, nasalizando-a. O dia das mães surgiu por iniciativa da poeta e Globo, 10.10.99)
filantropa norte-americana Julia Ward Howe, em 1872. É comemorado no Brasil no Quando essas expressões são seguidas de especificador no plural, predomina o
segundo domingo de maio, desde o decreto de Getúlio Vargas que o instituiu em emprego do verbo no singular, mas não faltam exemplos – também corretos – em
1932. (Silva D. Língua Viva. JB, 11.5.03). que o verbo é posto no plural. Exs.: A maioria dos motoristas brasileiros desconhece
(desconhecem) leis de trânsito elementares. Com o verbo no singular, salienta-se a
MÁ-FORMAÇÃO vs. MALFORMAÇÃO idéia de conjunto, expressa pela palavra “maioria”. Quando se emprega o verbo no
A palavra “malformação” é estrangeira (vem do francês “malformation”), mas é plural, salienta-se quem forma o conjunto (motoristas brasileiros). É mais freqüente a
registrada pelos dicionários e pelo “Vocabulário”, da Academia. Em português, sua ocorrência do verbo no singular. Quando essas expressões estiverem seguidas de
formação é irregular, já que o elemento “mal”, advérbio, não poderia modificar um especificador no plural e do pronome relativo “que”, o verbo que vem depois desse
substantivo (“formação”). Sob o ponto de vista da morfologia do português, “má- “que” deve ser conjugado no plural, pois esse pronome relativo retoma o
formação” é melhor (e legítima), já que nela se emprega o adjetivo “má” para especificador que está no plural. Ex.: A maioria dos jogadores que defenderam a
modificar o substantivo. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 19.11.00) seleção sub-23 no Torneio Pré-Olímpico atua (atuam) em grandes clubes. (Cipro
Neto, P., Ao pé da letra, O Globo, 1.2.04)
MAIORES INFORMAÇÕES
Informação não tem tamanho: não é grande, nem pequena, nem maior, nem menor. A MAIOR PARTE DE, GRANDE PARTE DE
O que se quer é mais informações. Exs. Para que possamos lhe dar mais Quando o sujeito é um coletivo partitivo, a concordância é feita com o núcleo do
informações, ligue no horário comercial. Mais informações podem ser obtidas por sujeito, que é parte. Entretanto, como a palavra parte é um quantificador (por si só
telefone. (Duartes SN,Língua Viva, JB, 2,8.98) não significam nada), é possível fazer a concordância verbal com a referência do
quantificador. P.ex.: A maior parte dos clubes recebe apoio ou A maior parte dos
A MAIORIA DOS QUE...; BOA PARTE...; GRANDE PARTE...; A MAIOR PARTE... clubes recebem apoio. (7)
(CONCORDÂNCIA)
“A maioria dos estudantes que fizeram a prova considerou-a difícil.” A concordância MAIS VANTAJOSO
é correta. O verbo “fazer” se refere a “estudantes” (os estudantes fizeram a prova); o Redundância. Ex.: Receber o salário dobrado é mais vantajoso. (Duarte SN. Língua
verbo “considerar” se refere a “maioria” (a maioria considerou-a difícil). Quando se Viva. JB, 26.8.01)
emprega uma expressão como “a maioria dos estudantes”, há duas possibilidades
de concordância verbal. Pode-se enfatizar o elemento aglutinador (“a maioria”, no MAIS vs. MAS vs. MÁS
caso) ou o especificador (“estudantes”). Portanto são corretas as seguintes frases: Mais (= quantidade ou intensidade, opõe-se a menos). Ex.: Hoje estou mais
“A maioria dos estudantes considerou a prova difícil” ou “A maioria dos estudantes satisfeito (= poderia estar menos satisfeito). Comparecerem mais pessoas que o
consideraram a prova difícil”. Apesar de ser muito mais comum o emprego do verbo esperado (= poderiam ser menos pessoas). Más (= plural do adjetivo má, opõe-se a
no singular, o plural também é correto. No caso de “A maioria dos estudantes que...”, boas). Exs.: Não eram más idéias (= eram boas idéias). Estavam com más intenções
portanto, também seria possível dizer “A maioria dos estudantes que fizeram a prova (= nãop tinham boas intenções). Mas (= porém, contudo, todavia, entretanto). Exs.:
consideraram-na difícil”. O que não se admite é que o verbo “fazer” fique no singular. Estudou, mas foi reprovado (= porém). Não foram convidados, mas vieram à festa (=
O raciocínio é simples: 1) estudantes fizeram a prova; 2) a maioria dos estudantes entretanto). (Duarte SN. Língua Viva. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil S.A., 1999)
considerou (ou consideraram) a prova difícil. Moral da história: “A maioria dos
estudantes que fizeram a prova considerou-a (ou consideraram-na) difícil.” O MAIS BEM vs. MELHOR
raciocínio se estende a todos os casos semelhantes: “boa parte”, “grande parte”, “a “Mais bem” está correto antes de particípio (Mais bem posto). (7)
maior parte” etc. Pode-se dizer “Boa parte dos deputados votou ou votaram a favor”; Este caso é polêmico. Para alguns autores, o certo é “Negócios serão melhor
“Grande parte dos alunos compareceu ou compareceram à solenidade”; “A maior distribuídos”; outros afirmam que o certo é “mais bem distribuídos”; e há ainda os
parte dos jogadores esteve ou estiveram no clube à tarde”. Nós três casos, a que dizem que é um caso facultativo. Na minha opinião, diante de qualquer
tendência dominante é conjugar o verbo no singular (“votou”, “compareceu” e particípio, devemos usar “mais bem” ou “mais mal”. Ex.: Ronaldinho é o jogador
“esteve”, respectivamente), mas o plural também ocorre na língua culta. brasileiro mais bem pago. O trabalho foi mais mal feito. Ele está mais bem
Se surgir um pronome relativo “que”, a história muda: “Boa parte dos deputados que preparado. O corredor mais bem colocado. (Duarte SN, Língua Viva, JB. 1.8.99)
participaram da sessão votou (ou votaram) a favor”; “Grande parte dos alunos que "Mais bem" e "melhor" .Essa discussão é antiga. Quando o particípio tem duas
foram convocados pela direção compareceu (ou compareceram) à solenidade”; “A sílabas, parece que não há polêmica: é raro o emprego de "melhor". Não se diz, por
maior parte dos jogadores que disputaram o clássico esteve (ou estiveram) à tarde exemplo, que determinado jogador é o "melhor pago", nem que o dinheiro precisa
no clube”. Nos três casos, os verbos que vêm depois do “que” obrigatoriamente ser "melhor gasto". Nesses casos, parece ponto pacífico o emprego de "mais bem"
ficam no plural. São, respectivamente, “participaram”, “foram convocados” e ("mais bem pago", "mais bem gasto"). Quando o particípio tem três sílabas ou mais,
“disputaram”. Aplica-se o mesmo raciocínio já apresentado neste texto, que, no caso a história começa a mudar. O uso mostra certa oscilação entre "melhor" e "mais
do primeiro exemplo, seria o seguinte: 1) deputados participaram da sessão; 2) boa bem". Em escritores clássicos - Machado de Assis, por exemplo -, encontra-se
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"melhor" para modificar esses particípios. Entre os gramáticos, parece haver Majestade pode ser tanto o rei como a rainha. Alteza é o tratamento para príncipes
consenso quanto a "mais bem", de uso sempre possível, recomendado e registrado ou princesas. (Duarte, SN, JB, 31.5.98, p.14)
nesses casos, o que não se pode dizer de "melhor", aceito por uns e condenado por
outros. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 21.1.01) MAKIN OFF (ESTRANGEIRISMO)
Com esse efe dobrado, trata-se de uma mancada cômica. Making of (vamos admitir
MAIS BOM vs. MELHOR que não temos em português equivalente tão sucinto) é o registro do processo de
Usa-se “melhor” no lugar de “mais bom/boa” quando se compara a mesma produção (making) de (of) um filme, disco ou coisa parecida. O famigerado making
qualidade em elementos diferentes. Ex.: Ela é melhor do que eu (e não mais boa do off existe em inglês e significa “fuga, evasão”. (Rodrigues S. Língua Viva. JB, 4.8.02)
que eu). Quando se comparam duas qualidades num só elemento, o que se usa é
mesmo “mais bom/boa”. Ex.: Sob certos aspectos, esta casa é boa; sob outros, é MAL CONSERVADAS vs. MAL-CONSERVADAS vs. MALCONSERVADAS
má. No todo, é mais boa que má (e não melhor do que má). (Cipro Neto P. Ao pé da O correto é malconservadas. Ex.: As estradas estão malconservadas. (Duarte SN.
letra. O Globo, 3.8.03) Língua Viva. JB. 17.9.00)
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caminhar, de andar. É “retrógrado”, p.ex., quem anda para trás (retro, também latim,
significa movimento para trás). “Grado” também se usa na formação de várias MANTER O MESMO
palavras que indicam o modo de andar dos animais. Sãop “digitígrados” os animais Na frase “O Palmeiras vai manter o mesmo time contra o Cruzeiro”, o uso do verbo
que marcham apoiados nas extremidades dos dedos (as hienas, os cães e os gatos, manter torna desnecessário dizer que será o mesmo time. Bastaria dizer que “O
p.ex.). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 25.3.01) Palmeiras vai manter o time contra o Cruzeiro”ou “O Palmeiras jogará com o mesmo
time contra o Cruzeiro” (Duarte SN, Língua Viva, JB, 20.12.98. p.16)
MAL vs. MAU Manter “o mesmo” time. É uma das redundâncias mais comuns no futebol. Como
Mal é advérbio (Trabalhou mal) ou conjunção (= logo que, assim que, quando) (Mal não se pode “manter outro”, é suficiente dizer que o técnico vai manter o time que
você chegou, todos se levantaram - Mal saiu de casa, foi assaltado) ou substantivo estreou com vitória no campeonato. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de
(= doença, defeito, problema) (Ele está com um mal incurável - Seu mal é não ouvir São Paulo, 19.8.00)
os outros). (Duarte SN, JB, 25.11.98, p.12)Mau é adjetivo (É um mau sujeito). Use
mal sempre que puder colocar no mesmo lugar o advérbio oposto bem. (7). MANTESSE vs. MANTIVESSE
Exs.: Ele é um mau profissional. Ele está de mau humor. O certo é mantivesse. Manter é derivado do verbo Ter, por isso deve seguir o
modelo do verbo primitivo: se eu tivesse – se eu mantivesse. (Duarte SN. Língua
UMA MÃO Viva, JB, 16.12.01)
Devemos evitar os cacófatos. Ex.: O zagueiro colocou uma mão na bola. Devemos
substituir o período por: O zagueiro colocou uma das mãos na bola ou O zagueiro MANU MILITARI
colocou a mão na bola.1 Expressão latina: com rigor.1
1. Niskier A. Na ponta da língua. O Dia. 3 nov 2002 1. DireitoNet [página na Internet]. Sorocaba: DireitoNet; c2005 [citada 13 abr 2005].
Dicionário Latim; [2 telas]. Disponível em:
MANDADO vs. MANDATO http://www.direitonet.com.br/dn/busca?step=busca_sec&metodo=smart&id_tipo=10&
São parônimos (= palavras formalmente parecidas e com significados diferentes). palavras=manu+militari
Mandato significa “representação, delegação, poderes que o eleitores conferem aos
vereadores, aos deputados, aos senadores, aos prefeitos, aos governadores e aos MAOMÉ (ortografia)
presidentes para representar”. Ex.: O mandato do presidente da República é de Como o nome original de Maomé é escrito no alfabeto árabe, sua grafia no Ocidente
quatro anos. Querem cassar o mandato de três deputados federais. Mandado é o será sempre, e obrigatoriamente, fruto de uma transliteração. Isso inviabiliza de
“ato de mandar; ordem ou despacho escrito por autoridade judicial ou saída qualquer idéia de fidelidade perfeita à forma “original”. As fidelidades, nesse
administrativa”. Portanto, uma ordem judicial é um mandado: mandado de prisão, caso devem ser buscadas em outro lugar. Cada língua de cultura tem suas próprias
mandado de busca e apreensão. (Duarte SN, Língua Viva, Jornal do Brasil, 20.6.99, transliterações. Em francês, Maomé é Mahomet. Em espanhol, Mahoma. Em inglês,
p.14) Muhammad. Em português, Maomé.1
Mandado é uma ordem da Justiça. Assim, uma autoridade judicial concede um 1. Rodrigues S. A palavra é... Nominimo 18 fev 2006. Disponível em:
mandado de segurança para garantir um direito a alguém. Ela também pode expedir http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationS
um mandado de prisão ou um mandado de busca e apreensão. Mandato é sinônimo ervlet?publicationCode=1&pageCode=65
de representação, de delegação. Assim: Eduardo Suplicy tem um mandato de
senador e Michel Temer tem um mandato de deputado. / Fernando Henrique MAQUIAR vs. MAQUILAR
Cardoso está no seu segundo mandato de presidente. Da mesma forma se diz que o O correto é maquilar (maquilagem). Ex. A mulher que se maquila bem, fica mais
mandato do presidente de um órgão é de dois anos, por exemplo. (Martins E. De bonita. Maquiar é forma aportuguesada. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed.
palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 15.4.00) Aracaju: Sercore; 2001.)
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MARCA COMERCIAL (PLURAL) A polícia conseguiu prender todos os ladrões, as jóias, entretanto, ainda não foram
Quando uma marca comercial é precedida de outra palavra, ela fica invariável: dois recuperadas.
carros Santana, oito blindados Urutu, quatro aviões Mirage. A polícia conseguiu prender todos os ladrões, as jóias ainda não foram, entretanto,
A razão: consideram-se implícitas palavras como marca, modelo, tipo (carros marca recuperadas (7)
Santana, blindados modelo Urutu). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de
São Paulo, 3.2.01) MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO vs. MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
O certo é : material de construção. Material engloba tudo aquilo que se refere à
MARKETEIRO OU MARQUETEIRO construção: material elétrico, material explosivo, etc. (Ramos WO. Não morda a
Palavra com origem brincalhona e até pejorativa, com o acréscimo de um sufixo com língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001)
conotações plebéias – eiro – a um radical tirado da palavra inglesa marketing.
Marketeiro traz o hibridismo lingüístico estampado na testa. Mas se escrevermos MAU vs. MAL
“marqueteiro”, disfarçando sua impureza morfológica, a palavra ficará porntinha para Mau é o contrário de bom. Ex.: Ele é um mau profissional. O seu mau humor é
ganhar a cidadania brasileira. A palavra publicitário – profissão reconhecida por lei insuportável. Este é o seu lado mau. Mal é contrário de bem. Ex.: Ele fala muito mal.
desde os anos 60 – tornou-se insuficiente para dar conta de um profissional O texto foi mal analisado. Ele está mal-humorado. Mal pode ser também conjunção
encarregado de dizer aquilo que seu candidato deve comer, vestir, falar e até temporal (=logo que, assim que, quando). Ex.: Mal saiu de casa, foi assaltado (=
pensar, a fim de se tornar um “produto” palatável. Marqueteiro é termo jocoso, mas é assim que saiu de casa) ou substantivo (=doença, defeito, problema). Ex.: Possui
um neologismo bacana. (Rodrigues S. Língua Viva. JB, 12.1.03) um mal incurável. O seu mal é falar demais. (Duarte SN, Língua Viva, JB,
Em muitos textos técnicos a palavra “marqueteiro” aparece como tradução de 28.2.99,p.14)
marketer, que na verdade quer dizer tão-somente “profissional de marketing”, sem
qualquer conotação pejorativa. A palavra refere-se não só os publicitários como MAUS-TRATOS
também aos executivos de marketing das empresas. Parece que estamos Esta expressão, usada bacicamente na linguagem jurídica, está no plural. Significa
necessitados de mais um neologismo, um “marqueteiro”sem traço de gozação. “crime do que se expõe a perigo a vida ou a saúde de pessoa que está sob sua
(Rodrigues S. Língua Viva. Jb, 19.1.03) autoridade, guarda ou vigilância”. Na prática, esse termo já extrapolou os limites da
área jurídica. Nessa expressãO, “tratos” é substantivo, o que justifica o emprego do
MARKETING adjetivo “maus”. (Cipro Neto P. Ao Pé da Letra, O Globo, 28.11.99)
Estrangeirismo inevitável. Palavra consagrada entre nós e que até podemos, hoje,
escrevê-la sem o grifo. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 2.11.97) MAXIMIZAR, MAXIMIZAÇÃO (PROSÓDIA)
Maximizar significa "elevar ao máximo". A pronúncia correta é massimizar
MASSUÍSMO (massimização) e não maksimizar, maksimização Da mesma forma, pronuncie
O general francês Jacques Massu (morto em 26.11.02, aos 94 anos), um herói da mássimo, e não máksimo. Já a palavra maxidesvalorização deve ser pronunciada
Guerra da Argélia, de 1957, que usou ostensivamente a tortura para vencer os maksidesvalorização. 1
inimigos políticos. Suas práticas foram batizadas de “massuísmo”. Ele dizia que a 1. Sanches E, editor. Gramática On-line [monografia na Internet]. Rio de Janeiro:
tortura, embora condenável, produz resultados. A eletricidade era o método preferido Blocos: portal de literatura e cultura [citado 17 fev 2005]. Disponível em:
do general. Ele chegou a dar choques em si próprio para testar a eficácia do castigo. http://www.blocosonline.com.br/literatura/servic/sercurg05.htm
(Veja, 6.11.02)
MEADOS
MAS vs. MAIS vs. MÁS Significa “meio”. Exs.: “meados do mês” significa “no meio do mês”; “em meados do
Mas é conjunção adversativa (= porém, contudo, todavia, entretanto..). Ex.: O dia ano” significa “no meio do ano”. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 2.12.00).
estava lindíssimo, mas não pude ir à praia. Mais é advérbio de intensidade ou A palavra “meados”, plural de “meado” é da família de meio, mear, meeiro, etc.
pronome indefinido (= é o contrário de menos). Exs.: Ela falava mais que todos nós “Meado” (particípio do verbo “mear”, que significa “dividir em duas partes iguais”,
juntos. Mais ação e menos discursos. Más é adjetivo (= plural de má e o contrário de “repartir ao meio”; o particípio é usado muitos vezes como substantivo ou adjetivo)
boas). Ex.: Cuidado com as más línguas (Duarte SN. Língua Viva. JB, 28.9.99) significa o que está no meio ou aproximadamente pela metade (Houaiss). Ex.: No
meado do décimo século, posto que esse distrito fosse assaz povoado.. (Alexandre
MAS, PORÉM, CONTUDO, TODAVIA, ENTRETANTO, NO ENTANTO Herculano). Em meados de setembro = referência aos dias que compõem o meio
São articuladores sintáticos, isto é, mecanismos que ligam, sintaticamente, as desse mês (algo que pode ficar entre os dias 14 e 16). O correspondente grego de
sentenças umas às outras. Funcionam como articuldores sintáticos de oposição, do “meio” (que vem do latim medius) é “meso-”, presente em inúmeros termos (p.ex.,
tipo coordenação adversativa. O mas tem posição fixa, no início da oração, mesóclise; mesopotâmico. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 28.9.03)
enquanto os outros articuladores adversativos são móveis.
Ex. A polícicia conseguiu prender todos os ladrões, mas as jóias não foram MECENAS
recuperadas.
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O mecenas original designava o cavaleiro romano cujo nome completo era Caius diretoria está meio insatisfeita. Os clientes andam meio aborrecidos. (Duarte SN,
Cilnius Mecenas. Conselheiro de Otaviano Augusto, utilizou sua influência junto ao Língua Viva, JB, 5.8.01)
imperador para incentivar escritores e artistas, especialmente seus amigos Horácio, “Meio” não admite flexão quando cumpre a função de advérbio. Ex.: Roupas meio
Virgílio e Propércio. Seu nome tornou-se sinônimo de protetor das artes e das letras largadas. Se for adjetivo, acompanhará o substantivo em número e gênero. Exs.:
em várias línguas, incluindo o português. Além de levar o erário a inverter grandes meias palavras; meia garrafa. Meio-dia e meia (hora: elipse). Meio-dia e pouco
quantias na produção cultural, Mecenas despendia seus próprios recursos em tais (tempo: elipse) A advérbio “meio” aparece em geral como atenuador do sentido de
apoios. (Silva D. Bastidores das palavras. Língua Viva. JB, 16.2.04) um adjetivo, significando “um pouco”, “moderadamente”. O adjetivo “meio” quer dizer
“pela metade” e acompanha substantivos, jamais outro adjetivo. (Rodrigues S.
MEDICINA BASEADA EM EVIÊNCIAS vs. MEDICINA EMBASADA EM Dúvidas avulsas. Língua Viva. JB, 9.2.03)
EVIDÊNCIAS
MEIAS-CALÇA ou MEIAS-CALÇAS
À MEDIDA QUE vs. NA MEDIDA EM QUE O certo é meias-calça. Trata-se de um tipo de meia. O substantivo “calça”exerce a
À medida que é conjunção proporcional. Quer dizer à proporção que. Ex.: À medida função de adjetivo. Quando isto ocorre, o substantivo se torna invariável, ou seja,
que as investigações avançam, mais peixes vão caindo na rede. Na medida em que não se flexionar nem em gênero nem em número. Meias calças (sem hífen)
dá idéia de causa. Significa uma vez que, tendo em vista. Ex.: Aumentaram os casos poderiam ser “calças pela metade. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 22.8.99)
de desidratação na medida em que (porque) a umidade relativa do ar chegava a
níveis críticos. (Dicas de português, A folha, 17.9.99) MEIO
Palavra com vários valores e significados. Exs: Esse não é o melhor meio de
MEDO A vs. MEDO DE resolver o problema (= método, modo, maneira). Comprei meio quilo de feijão (=
Em um vestibulbar se pedia ao candidato que explicasse a ambigüidade, ou seja, os metade de; concorda em gênero e número com o termo modificado). Ela estave
dois sentidos, da frase “Finalmente eu soube o que é medo de ladrão”. Quem sentiu meio (= mai ou menos; advérbio, invariável) nervosa. Elas pareciam meio inquietas.
medo? Eu ou o ladrão? Finalmente eu soube o que é ter medo de ladrão ou Na língua oral, predomina a forma flexionada: Ela está meio nervosa. Ele fez uma
finalmente eu soube como age um ladrão quando está amedrontado? Associada a jogada meia besta. Isso também se vê em alguns clássicos. No português formal
“medo”, a preposição “a”, além de correta, evita duplo sentido. Em “medo ao moderno, parece mais do que estabelecida a invariabilidade de “meio”quando
adversário”, só há um sentido: o adversário é temido. Em “medo do adversário”, empregada com valor de advérbio. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 5.10.03)
podem existir dois: o adversário teme ou é temido. Portanto é corretíssimo dizer
“medo a alguém”, “medo a ladrão”, sobretudo quando se quer (e é preciso) evitar MEIO COMPLICADA vs. MEIA COMPLICADA
ambigüidade. É claro que também é correto dizer “medo de”: “Tenho medo de Quando significa mais ou menos, um pouco, um tanto, meio não varia. Ex. A
trovões.” (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 15.10.00) situação estava meio complicada. As portas ficaram meio (mais ou menos) abertas.
Os meninos estavam meio (um tanto) escondidos. (Martins E. De palavra em
MEETING palavra, O Estado de S. Paulo, 12.2.00)
Estrangeirismo: reunião. (Duarte S, Propato V. Portuguese, please. Isto é, 23.8.00)
MEIO, MEIA
MEGA, MINI, MULTI, MICRO e MACRO e hífen Quando modifica um substantivo, recebe flexão de gênero e de número (As meias
O elemento “mega” é sempre usado sem hífen. Exs.: megaevolução, megaforne, verdades não cabem no discurso científico). Quando modifica um adjetivo ou verbo,
megassismo, megawatt, megaevento, megaempresário, megassena (necessidade não pode ser flexionada, pois tem natureza adverbial (As placas ficaram meio
do “ss” para manter o som do “esse”). (Duarte SN. Língua Viva, JB, 16.4.00) mergulhadas em ácido). (9)
Exs.: megarrebelião; megaempresa, megalegoria. ). (Duarte SN. Língua Viva. JB. Só devemos usar “meia” se significar metade. Meio (advérbio de intensidade que
29.4.01) não se flexiona) significa “um pouco”, “mais ou menos” . Exs: A aluna ficou meio
Os elementos de composição como “mega”, “mini”, “multi”, “micro”, “macro”, sempre meio nervosa. Ela estava meio aborrecida. A diretoria está meio insatisfeita. Meia
se juntam sem hífen à palavra agregada. Se esta começar com “r” ou “s”, teremos diretoria está insatisfeita. (Duarte, SN, JB, 15.2.98. p.16)
“rr” ou “ss”. Exs.: microrregião; microssaia; minissaia, minirrelógio, minicurrículo, Como advérbio, meio é invariável. Exs.: Ela está meio cansada. A aluna ficou meio
megaempresa, multissecular, multirracial, macrorregião, megarreservatório, nervosa. A porta está meio aberta. (Duarte SN. Língua viva. JB, 6.8.00)
megarrebelião. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 16.9.01) Só varia quando significa “metade”. Ex. Comeu meia banana. Só leu meia página.
Disse meias verdades. Bebeu uma garrafa e meia de cerveja. É meio-dia e meia
MEIA vs. MEIO (Duarte SN. Língua viva. JB, 26.11.00)
Concordância nominal. Como numeral (= metade), deve concordar. Exs.: Tomou
meio litro de vodca. Tomou meia garrafa de vodca. Tomou uma garrafa e meia. Leu MEIO-DIA E MEIA
um capítulo e meio. São duas e meia da tarde. É meio-dia e meia. Obs.: Como Meia significa meia hora. (7)
advérbio (= mais ou menos), é invariável. Exs.: A aluna ficou meio nervosa. A
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Meio-dia é singular. Isso significa que o verbo deve concordar no singular: “É meio- mundo não é o mais bem pago. Ele provou que estava mais bem preparado. Quem
dia”. Segundo, MEIO-DIA E MEIO é “um dia inteiro”. Não tenho culpa, é a será o brasileiro mais bem colocado? Obs. 2: a mesma regra se aplica a “mais mal”,
matemática: meio-dia (=metade do dia) + meio (=outra metade) = “um dia inteiro”. Na “menos bem” e “menos mal”. Exs.: Ele é o jogador mais mal pago do futebol
verdade, é metade do dia mais metade de uma hora (=feminino). O certo é: MEIO- brasileiro. Nunca vi termo mais mal utilizado que esse. (Duarte SN. Língua Viva, JB,
DIA E MEIA (hora). Falar “meio-dia e meio” é, sem dúvida, um dos melhores 30.7.00) (Duarte SN. Língua Viva. JB, 12.8.01)
exemplos do que e um vício de linguagem, senão vejamos: você acorda às seis e
MEIA, sai de casa às sete e MEIA, entra no trabalho às oito e MEIA, vai tomar um MENOS vs. MENAS
cafezinho às nove e MEIA, volta para trabalhar às dez e MEIA e vai almoçar às onze Não existe “menas”. Ex.: menos violência; menos água; menor gordura. (Cipro Neto
e MEIA. Não sei se você percebeu que falou corretamente durante toda a manhã. P. Ao pé da letra, O Globo, 21.11.99)
Trabalhou pouco, é verdade; mas falou bem. O erro ou a dúvida só ocorre durante o Menas não existe. Exs: Vieram menos pessoas que o esperado. Isso é de menos
almoço, ao “meio-dia e meio”, porque, após a sobremesa, tudo volta ao normal: uma importância. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 12.8.01)
e MEIA, duas e MEIA, três e MEIA... Só erramos na hora do almoço. “Meio-dia e
MEIO ou MEIA ?” O certo é “meio-dia e MEIA”. MEIO (=metade) é um numeral MENOS DE DOIS
fracionário. Os numerais devem concordar com os substantivos a que se referem: Leva o verbo para o plural. P.ex.: Menos de dois tubos estavam danificados. (9)
UMA hora da tarde, DUAS mil pessoas, DUZENTOS gramas de mortadela,
PRIMEIRO candidato, SEGUNDA questão... Observe mais alguns exemplos: MENSAL
“Chupou MEIO limão e MEIA laranja.” “Leu um capítulo e MEIO.” (=meio capítulo) Mensal é um adjetivo, por isso deve concordar com o substantivo a que se refere.
“Leu uma página e MEIA.” (=meia página) “Bebeu um litro e MEIO de vodca.” (=meio Ex.: Se aceitasse a proposta, ele receberia R$ 90 mil mensais. (Nogueira S.
litro) “Bebeu uma garrafa e MEIA de cerveja.” (=meia garrafa) “São duas e MEIA da Pegadinha verbal. Seleções do Reader’s Digest, julho 1999, p.18)
tarde.” (=meia hora) “É meia-noite e MEIA.” (=meia hora) “É meio-dia e MEIA.”
(=meia hora) MENTOR
(Duarte SN, JB, 15.2.98) Do latim mentor, proveniente do grego Mentor. O primeiro mentor era grego. Trata-
se do ancião amigo de Ulisses na Odisséia, poema épico de Homero. Contra a
MEL (PLURAL) opinião da maioria, Mentor aconselha Penélope a recusar seus devassos
Mel tem dois plurais: méis e meles. As palavras oxítonas terminadas em “el” pretendentes e aguardar a volta do marido. Mais tarde, a deusa Atena toma a forma
normalmente fazem o plural com a terminação “éis”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O do ancião para dar seus conselhos a Telêmaco, filho de Odisseu, nome grego de
Globo, 30.6.02) Ulisses. Esse confiou a Mentor a educação de Telêmano, antes de partir para a
Guerra de Tróia. A partir do século XIX, o vocábulo, já escrito com inicial minúscula,
MELHOR vs. MAIS BEM tornou-se sinônimo de conselheiro, guia, pessoa que aconselha ou ensina outra.1,2,3
Ex. Estes são os esqueletos de macaco melhor preservados. Há quem considere 1. Cançado P. Vale a pena ter um mentor? Época. 27 fev 2006;p.47.
facultativo: melhor ou mais bem. Para a maioria, antes de particípios verbais, 2. Língua Portuguesa On-Line [página na Internet]. Lisboa: Priberam
devemos usar sempre “mais bem”. Ex. Ronaldinho é o jogador brasileiro mais bem Informática;c2005 [citada 2 mar 2006]. Disponível em:
pago. Isto se torna obrigatório quando o particípio é irregular (= mais bem pago, http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx
mais bem feito; mais bem vindo). Ele foi o brasileiro mais bem colocado na prova. 2. Silva D. Bastidores das palavras. Jornal do Brasil. 16 fev 2004;Língua Viva.
(Duarte SN, JB, 16.11.97)
Não se usa “melhor” antes de particípio. Ex.: mais bem feito; mais bem estruturado;
mais bem classificado. Ele é o diretor mais bem pago. Foi o brasileiro mais bem MERCOSUL vs. MERCOSSUL
colocado. Esta redação foi a mais bem escrita. Entretanto, não há uniformidade de Deveria ser Mercossul. A razão: o s entre duas vogais tem som de z. Se a grafia
pensamento entre os gramáticos e estudiosos da língua portugues. (Duarte SN. correta fosse mesmo Mercosul, com um s apenas, deveríamos ler o nome como
Língua Viva. JB, 19.9.99) sendo "Mercozul", e não Mercossul, a pronúncia real. Na criação da forma da língua
portuguesa, pesou a grafia da língua espanhola: Mercosur. Porém, em castelhano
MELHOR vs. MELHORES não existe o som de z. Por isso, o “s” entre duas vogais é pronunciado como se
Concordância nomimal. A palavra melhor só tem plural quando é adjetivo (= mais fossem dois ss. Assim, escreve-se Mercosur e diz-se Mercossur (de Merco,
bom). Ex: Eles foram os melhores em campo. Como advérbio (= mais bem) é mercado, e sur, sul, na língua dos vizinhos do Brasil). (Martins E. De palavra em
invariável. Ex.: Eles analisaram melhor os fatos. As escolas melhor colocadas na palavra. O Estado de São Paulo, 21.12.02)
pesquisa recebem prêmios. As melhores escola... Obs. 1: usamos a forma “mais Como se trata de nome oficial, não se pode fazer nada, a não ser escrever Mercosul
bem” antes de particípios verbais. Exs.: Os fatos foram mais bem analisados. Estes e pronunciar Mercossul.
são os esqueletos de macaco mais bem preservados. Será possível estudar melhor
seus hábitos. O Corinthians tem vinte e oito pontos e completa o grupo dos oito mais
bem colocados. Aquele projeto é o melhor, o mais bem-feito. O melhor jogador do
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À MESA vs. NA MESA coma um pão igual ao de ontem e, depois, se possível, o mesmo pão de ontem.
Uma distinção que convém fazer com todo o empenho é a que existe entre à mesa e Aquele que já estiver duro é o “mesmo”. Observe um exemplo perfeito: “Fittipaldi
na mesa, até porque a escolha inadequada da preposição põe a pessoa em situação explica que pilotos muito mais experientes do que ele viveram uma situação igual na
constrangedora. Ninguém se senta “na” mesa para comer, como se diz e até se lê mesma corrida e bateram.” A situação foi igual, pois foram várias batidas de muitos
com muita freqüência, porque essa forma equivale a acomodar-se em cima da pilotos, mas tudo aconteceu em uma única corrida (=na mesma corrida). Se
mesa. Pode-se até fazer isso para demonstrar informalidade: O chefe sentou-se na ainda resta alguma dúvida, a minha última esperança fica depositada no casal de
mesa para conversar com os funcionários. O que se deve usar regularmente, no velhinhos que foi visitar uma exposição de animais. Ao ver o touro campeão, o
entanto, é sentar-se à mesa. Ou seja, acomodar-se junto à mesa, para comer, para velhinho perguntou ao proprietário o valor do animal. Ficou espantado com o
escrever, etc. Da mesma forma: Os empresários e os sindicalistas sentaram-se à altíssimo e quis saber por quê. O dono do animal lhe respondeu: “Num mês, ele
mesa de negociações. / O amigo sentou-se à mesa com uma fome incomum. é capaz de cobrir 30 vacas”. Aí, quem ficou espantada foi a velhinha, que
(Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 6.11.99) exclamou: “Tá vendo, meu velho!?” O velhinho, ofendido, perguntou: “Mas...é
sempre a mesma vaca?” “É claro que não”, respondeu o proprietário do touro.
MESMO Então, o velhinho, sentindo-se vingado, devolveu: “Tá vendo, minha velha! (Duarte
Para os gramáticos mais rigorosos, só podemos usar “mesmo” como pronome de SN. Língua Viva. JB. 12.10.97)
reforço. Ex.: Eu mesmo fiz este trabalho (= eu próprio). Ela mesma resolveu o caso
(= ela própria). Eles feriram a si mesmos (= a si próprios). Entretanto, devido ao uso MESMO vs. MESMA
consagrado, muitos estudiosos da língua portuguesa já aceitam o uso do “mesmo” Mesmo, no sentido de próprio, é pronome e deve concordar. Ex. Adriana prefere os
como pronome substantivo (= substituindo um termo anterior). Ex.: ... trabalhos da sucos que ela mesma faz (= ela própria). Nós mesmos resolvemos o caso (= nós
CPI, fazendo com que não venham os mesmos a ser declarados nulos próprios), As meninas feriaram a si mesmas.
futuramente... Eu não considerro erro, mas caracteriza pobreza de estilo. No ex. Mesmo, no sentido de até, inclusive, é invariável. Exs. Mesmo a diretoria não
acima podemos dizer: .... fazendo com que não venham a ser declarados nulos... resolveu o problema (= até a diretoria). Mesmo os professores erraram aquela
(Duarte SN, Língua Viva, JB, 20.2.00) questão (= inclusive os professores). (Duarte SN, JB, 8.3.98, p.14)
Não se pode usar o mesmo e suas flexões no lugar de um substantivo ou pronome. Mesmo, no sentido de “próprio”, é pronome e deve concordar. Ex.: Ela mesma faz as
Logo o que se lê nos elevadores de São Paulo está errado: Lei estadual nº 9.502, de compras (= ela própria). Mesmo, no sentido de “até, inclusive” é invariáve. Ex.
11 de março de 1997: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra- Mesmo a coordenadoraia do Banco não resolveu a questão (= até a diretoria)
se parado neste andar”? O texto correto deveria ser: “Antes de entrar no elevador, Cabe um comentário sobre o emprego da palavra “mesmo” como representante de
verifique se ele se encontra parado neste andar.” (Martins E. De palavra em palavra. termo já citado. Embora comum (Estive com a diretora, e a mesma me disse que...),
O Estado de S. Paulo, 24.6.00) esse emprego causa polêmica. O Aurélio diz que “parece conveniente evitar o
Sugiro que se evite o uso da palavra “mesmo”como pronome substantivo (= emprego de “mesmo” – uso deselegante – como equivalente do pronome “ele” ou
substituindo algum termo anterior). Além de ser um modismo típico de cartas “o”, etc.Os dicionários portugueses (p.ex., o Dicionário Contemporâneo da Língua
comerciais, caracteriza pobreza vocabular. É preferível usar sinônimos ou pronomes Portuguesa) não fazem tanto barulho em relação a esse emprego (p.ex. Encontrei o
pessoais. Ex.: Sendo que a anuidade e a manutenção do “mesmo” encontram-se porteiro e falei com o mesmo sobre a necessidade de manter a porta do prédio
quitados. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 8.10.00) fechada)
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dá os termos como equivalentes. Parece que o uso realmente tornou equivalentes Metafonia é a figura, pela qual uma palavra muda de timbre no feminino ou no plural
esses termos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 1.7.01) em relação ao masculino. É o caso de socorro (ô), no singular, e socorros (ó), no
plural. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 22.7.00)
META vs. OBJETIVO
Meta = alvo, mira, objetivo (Aurélio). Meta = alvo, mira, objetivo, fim a que se METÁTASE
encaminham as ações. Objetivo = linha objetiva, a que tende para um ponto ao qual Transposição de fonemas de um mesmo vocábulo, ou seja, a troca de lugares dos
se pretende chegar; alvo, fim ou objeto que se tem em vista. (Caldas Aulete). Como fonemas de uma palavra. Exs.: desvairar e desvariar; sempre, que vem do latim
podemos constatar, rigorosamente as palavras meta e objetivo podem ser semper (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 16.2.03)
consideradas sinônimas. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 28.5.00) A metátase, palavra de origem grega, que nomeia um fato lingüístico “que consiste
Meta é um objetivo quantificado. Exs.: O objetivo é aumentar a venda dos nossos na troca de lugares de fonemas e sílabas dentro de um vocábulo. Em “metátase”,
produtos. A meta é aumentar em 20% a venda dos nossos produtos. O objetivo é encontram-se os elementos “met(a)-“ (o mesmo de “metáfora”, “metamorfose” e
acabar com o analfabestismo no Brasil. A meta: até o fim deste ano. O objetivo é o “metalinguagem”), que significa “mudança de lugar ou de condição”, e “tese”, que
Brasil ser uma potência econômica mundial. A meta: até 2010. (Duarte SN. Língua significa “ação de colocar, de arranjar, de pôr em algum lugar”. A metátase é
Viva, JB. 23.7.00) também chamada de “hipértese” ou “permutação”. Um dos casos de “metátase”
ocorre na palavra “sempre”, que vem do latim “semper”. Outro exemplo é “frevo”,
METÁBASE que resulta da metátase de “fervo”. (Cipro Neto P. Revista O Globo, 6.2.05).
Numa frase, quando ocorre o emprego de uma palavra fora da classe a que
pertence, temos a metábase. Na frase: O porquê da alegria da menina é sabido por METEORO, METEORÓIDE
todos, a palavra porquê é um substantivo comum. Porque é, na maioria das vezes, Meteoro quer dizer simplesmente “fenômeno atmosférico”. Os profissionais que
conjunção. (Niskier A. Ao pé da letra. O Dia, 7.5.00) estudam esses fenômenos são chamados meteorologistas. A chuva, o granizo, os
raios e todos os demais fenômenos atmosféricos são chamados meteoros, que são
METADE (CONCORDÂNCIA) classificados em quatro tipos: litometeoros (constituídos de partículas sólidas =
Segue a regra dos partitivos, isto é, uso facultativo. Preferimos o verbo no singular, meteoros tradicionais, pedras errantes vindas do espaço); hidrometeoros (forman-se
para concordar com o núcleo do sujeito (metade). Ex.: Metade dos candidatos de água em estado sólido ou líquido = chuva, garoa, chuva de pedra, nevoeiro,
desistiu. Metade dos fumantes do mundo vai morrer por causa do tabaco. Quase a geada); eletrometeoros (fenômenos ópticos ou acústicos decorrentes da eletricidade
metade dos executivos não veio à reunião. Metade das ruans não tem coleta de lixo. atmosférica = raios, relâmpagos); fotometeoros (fenômenos ópticos não elétricos =
Menos da metade dos candidatos desistiu. Mais da metade dos candidatos desistiu. arco-íris, raios crepusculares). As pedras errantes que ficam voando pelo espaço
Obs: com a forma “mais da metade”(= seguido de um substantivo no plural), o mais chamam-se asteróides ou meteoróides, diferenciando-se pelo tamanho. Os
usual é o verbo no plural. Ex.: Mais da metade dos médicos britânicos são a favor . meteoróides são pedras pequenas que, quando adentram em nossa atmosfera,
Mais da metade dos entrevistados estão no mercado. Mais da metade dos eleitores produzem um efeito chamado litometeoro e, se por acaso, chegam ao chão, passam
da capital catarinense ainda estão sem o documento. Mais da metade dos a ser pedras. São os chamados meteoritos. (Duarte SN. Língua Viva. JB. 22.10.00)
dependentes se contaminaram. (Duarte SN, Língua Viva. JB, 1.4.01)
METONÍMIA
METADE IGUAL Substituição de um nome por outro que tenha como o primeiro uma das seguintes
Metade igual é redundância. Não se pode dividir uma figura em duas metades iguais relações:causa/efeito, marca/produto, parte/todo, autor/obra, continente/conteúdo.
(Duarte SN, 23.11.97) Exs.: Cortei-me com gilete. A mão que toca o violão. Sempre leio Drummond. Tomei
dois copos de vinho. Ganhar o pão com suor. (Cipro Neto, Inculta & Bela, Folha de
METAFONIA S. Paulo, caderno 2 Cotidiano, p.3, 18.3.99)
Chama-se metafonia a mudança no timbre (fechado > aberto) da vogal tônica (ô>ó).
Muitas palavras sofrem metafonia quando vão para o plural: jogo>jogos; fogo>fogos; METRO (DEFINIÇÃO)
porco>porcos; novo>novos; sogro>sogros; forno>fornos. (Duarte SN, Língua Viva. A 17ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (formada por delegados de todos os
JB. 28.11.99) Estados Membros da Convenção do Metro que se reúnem de quatro em quatro
Segundo a gramática de Evanildo Bechara e a de Rocha Lima, a palavra sogro não anos) definiu, em 1983, a unidade de comprimento (metro) como “o comprimento do
sofre metafonia no plural, ou seja, a vogal “o” mantém o som fechado (= “sôgros). trajeto percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458
Celso Cunha e Lindley Cintra na Nova Gramática do Português Contemporâneo de segundo.” Essa definição tem o efeito de fixar exatamente a velocidade da luz em
afirmam: “Por vezes diverge, na formação desses plurais, a norma culta de Portugal 299 792 458 m.s-1. 1
e a do Brasil. Por exemplo, os substantivos almoço, bolso e sogro, que , no plural, 1. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO),
apresentam a vogal aberta em Portugal e fechada no Brasil . (Duarte SN, Língua editor. SI:Sistema Internacional de Unidades [monografia na Internet]. Rio de
Viva. JB. 16.7.00) Janeiro: INMETRO; 2003 [citado 6 jan 2005]. Disponível em:
http://www.inmetro.gov.br/infotec/publicacoes/Si.pdf
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emprego de “as duzentas milhões de pessoas”, o que evidencia uma certa peixes morreram por causa da poluição. Um milhão de crianças foram vacinadas.
neutralização do gênero da palavra “milhões” nesses casos. Em termo de língua (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju; Sercore; 2001)
padrão, é conveniente fazer a concordância no masculino. ”. (Cipro Neto P. Ao pé da
letra, O Globo, 9.9.01) MILHAR E CONCORDÂNCIA
Milhar é masculino. Logo, os milhares de vezes, os milhares de mulheres, os muitos
MILHARDÁRIO vs. MILIARDÁRIO milhares de crianças; os milhares de mãos que trabalharam na obra.
Miliardário (só encontrei registro no velho dicionário Caldas Aulete) (Duarte SN.
Língua Viva. JB, 6.8.98) MIL vs. UM MIL
Não se justifica o “um” antes de “mil” (“um mil reais”) . Assim como não se diz “um
MIL, MILHÃO, MILHAR e GÊNERO mil litros de óleo”, não há motivo para que se diga ou escreva “um mil reais”. (Cipro
Milhão é do gênero masculino. O numeral deve concordar com milhão. Ex. Estão Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 16.7.00)
sob suspeita os quatro milhões de doses contra hepatite B (Sérgio Nogueira Duarte -
Língua Viva - JB, 12.7.98, p.16). Ex.: Eu não conhecia uma única dos 10 milhões de MIM
pessoas que compram os discos de Leandro e Leonardo... (Sérgio Nogueira Duarte Mim é pronome pessoal oblíquo. Jamais exercerá a função de sujeito (Duarte SN.
- Língua Viva - JB, 19.7.98, p.14) Língua Viva. JB.16.11.97)
Milhar é palavra masculina. Ex. Joguei no milhar. Não conhecia uma única dos
milhares de pessoas que comprar os discos de Leandro e Leonardo... (Sérgio MINI e HÍFEN
Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, 19.7.98, p.14) O elemento “mini”deve ser usado sempre “junto”, sem hífen. Exs.: minissaia,
A concordância no feminino estaria correta se a palavra fosse mil. Ex. Não conhecia minissérie, miniusina, minirreator, minidesvalorização, minibar, minienvelope,
uma única das 10 mil pessoas que compram os discos.... (Sérgio Nogueira Duarte - minipãezinhos. (Duarte SN. Língua Viva. JB.9.7.00)
Língua Viva - JB, 19.7.98, p.14) O elemento de composição “mini” se liga sem hífen à palavra seguinte. Exs.:
Milhão é palavra masculina. O numeral deve concordar no masculino Ex.: dois minimercado; miniblusa; minidisco; miniedifício; minijardim; minibiblioteca. Se a
milhões de doses. Da mesma forma se diz “duas dúzias de ovos” (Cipro Neto, P., Ao palavra agregada a “mini” começa por “s” ou “r”, dobram-se essas consoantes. Exs.:
pé da Letra, O Globo, p.32, 22.11.98) minissaia; minirrelógio. O que ocorre quando “mini” se junta a palavras que
O numeral mil não é masculino nem feminino. A concordância deve ser feita com o começam por “h”. O Formulário Ortográfico não disciplina com clareza esse caso.
substantivo.Exs.; Dois mil alunos. Duas mil alunas. Não se usa um ou uma antesde Exceto o Houaiss, os dicionários não tocam no assunto. Diz ele, o que endosso:
mil. Basta dizer: Mil pessoas compareceram ao evento. (Duarte SN, Língua Viva, JB, “Nos casos (...) em que o segundo elemento se iniciar por “h”, sugere-se o uso de
20.12.98. p.16) hífen. Exs.: mini-hospital; mini-hotel, etc. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
A palavra milhão é masculina, por isso os artigos, os pronomes e os numerais 21.7.02)
devem concordar no masculino. Exs.: Os 10 milhões de pessoas que
compareceram... Os dois milhões de pessoas que compareceram... Aqueles dois MINUTO (ABREVIATURA)
milhões de pessoas que compareceram. Eu sou uma dos 10 milhões de pessoas As normas ortográficas brasileiras consagram “mim” como a forma abreviada da
que votaram nele. Meio milhão de doses de vacina foram retiradas do mercado. medida de tempo minuto, provavelmente para evitar confusão com a medida de
Seria capaz de fazer um milhão e meio de embaixadinhas. Quanto à concordância tempo minuto, cujo símbolo é “m”. Nossos principais dicionários, Aurélio e Houaiss,
verbal, é um caso facultativo. A concordância no plural soa melhor, principalmente, registram apenas “min” como símbolo de minuto. Ocorre que a prática da língua tem
com os verbos de ligação ou quando a frase está na voz passiva. Exs.: Meio milhão tornado esse “min” cada dia mais obsoleto. A maioria de nossas publicações – não
de pessoas estão desabrigadas. Mais de um milhão de reais foram roubados. Um por igonorância, mas por elegância gráfica e concisão, e também por acreditar que o
milhão de casas populares foram construídas neste bairro. Um milhão de mulheres contexto jamais permitirá ao leitor confundir minuto com metro – adota em seus
estão grávidas. (Nogueira S. Pegadinha verbal. Seleções do Reader’s Digest, maio manuais de redação a forma 21h35m. O prof. Celso Pedro Luft, no seu Novo guia
de 1999) ortográfico, deixa a decisão com o leitor: aceita as duas formas. Em Portugal, o
símbolo de minuto é “m”. (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 20.10.02)
MILHÃO
Devemos usar 1, 2 milhão, ou seja 1 milhão e 200 mil. O verbo fica no plural, se MIOSOTES vs. MIOSÓTIS
usarmos um especificador no plural. Ex.: Desse total, só 1,2 milhão de pessoas As duas formas são corretas.Miosótis ou miosotessão pequenas flores azuis,
compareceram às urnas. Os artigos, pronomes ou numerais devem concordar no também denominadas não-te-esqueças-de-mim. A palavra miosotes é paroxítona e
masculino. Ex.: Dois milhões de pessoas compareceram ‘as urnas. Aqueles milhões não leva acento porque não há regra que o justifique. A palavra miosótis também é
de pessoas que compareceram (Duarte, SN, Língua Viva, JB, 8.11.98, p.20) paroxítona e é acentuada porque há regra que justifique o acento: todas as
Se após o milhão vier outro número, o verbo deverá ser usado no plural. paroxítonas terminadas originalmente em i, is são acentuadas. Ex.: lápis, táxi(s), íris
Obedecendo à concordância lógica, também é correto (e mais usual) o emprego do (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 17.9.00)
verbo no plural, concordando com a coisa expressa. Ex.: Um milhão e cem mil
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MIRIM e HÍFEN seja...’’, incorrer-se-á em erro. Vejam-se estes exemplos, do dicionário ‘‘Aurélio’’:
Mirim é palavra de origem tupi que significa pequeno. A não ser quando faz parte do ‘‘Creio que se mudou’’; ‘‘Suponho que o trem não tarda’’; ‘‘Os tiranos julgam que o
nome de cidades, não admite hífen. Exs.: guarda mirim, prefeito mirim, governador mundo é imutável’’. E este, do ‘‘Dicionário Prático de Regência Verbal’’, de Celso
mirim, eleitores mirins. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, Luft: ‘‘Creio que ele é honesto’’. E mais um, de Machado de Assis, citado no
22.1.00) ‘‘Aurélio’’: ‘‘Supôs que lhe ouvia a voz’’. Em todos os casos, o verbo da segunda
oração (‘‘mudou’’, ‘‘tarda’’, ‘‘é’’, ‘‘é’’ e ‘‘ouvia’’, respectivamente) está no modo
MISSA DO GALO e PLURAL indicativo, o que atenua a dúvida e, conseqüentemente, acentua a certeza.
Missa do Galo tem iniciais maiúsculas, mas somente o primeiro elemento se flexiona Poderíamos ter esses verbos no subjuntivo? É claro que sim. Teríamos o seguinte:
no plural: Serão celebradas dez Missas do Galo na cidade. (Martins E. De palavra ‘‘Creio que se tenha mudado’’, ‘‘Suponho que o trem não tarde’’, ‘‘Os tiranos julgam
em palavra. O Estado de São Paulo, 18.12.99) que o mundo seja imutável’’, ‘‘Creio que ele seja honesto’’ e, no exemplo de
Machado, ‘‘Supôs que lhe ouvisse a voz’’. O que mudaria? O tom, menos próximo
MISSA DO SÉTIMO DIA vs. MISSA DE SÉTIMO DIA da convicção, mais próximo da dúvida, da hipótese.
Atenção, a missa é do sétimo dia. (Niskier A Na ponta da língua. O Dia, 22.3.99) (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 5.3.00)
Ex.: Napoleão, como fosse de baixa estatura, chamavam-lhe os seus soldados o
MISTER (PROSÓDIA) nosso pequeno corporal, o usodo pretérito imperfeito do subjuntivo está correto?
Exemplo de silabada. Palavra oxítona. Misterer (de origem latina) significa “ofício, Como Napoleão era realmente baixo, é um fato e não uma hipótese,devemos usar o
profissão”; “propósito, meta, fim”; “necessidade, urgência”; “aquilo que é necessário”: modo indicativo em vem do subjuntivo. Assim sendo: “Napoleão, como era de baixa
Ex.: Exerce o mister de engenheiro”; “Nosso mister é tirar o país do atraso”; “Não há estatura, chamavam-lhe os seus soldados... (Duarte SN. Língua Viva. JB, 10.9.00)
mister desse acordo”; “Foi mister operá-lo imediatamente”. “Para viver um grande Plano da hipótese, da dúvida, da possibilidade, da suposição, da especulação, da
amor, mister é ser homem de uma só mulher...”. (Cipro Neo P. Ao pé da letra. O probabilidade, etc. Esse é o valor do modo subjuntivo. Ex.: A não ser que façamos...
Globo, 4.6.00) Com o verbo “ir” é inevitável a esquisitice porque na primeira pessoa do plural, o
presente do indicativo e o presente do subjuntivo são iguais. Quando se diz “Não há
MISTER vs. DE MISTER solução, a não ser que nós vamos lá agora” fica-se com a nítida impressão de que
Há registro do emprego de “mister” com a preposição “de”. Ex.: É de mister salientar algo não vai bem. Tem-se a mesma impressão quando se ouve “Não há solução a
que... (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Glob, 3.2.02) não ser que nós fazemos algo imediatamente”ou “Não há solução, a não ser que
nós estamos em dois lugares ao mesmo tempo”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
MISTURA DE TRATAMENTO Globo, 17.6.01)
Comum em linguagem não formal. Exs.: Ele te ligou, porque precisa falar com você. Com o verbo acreditar, há polêmica. A ortodoxia leva muita gente a julgar errado
Vem para Caixa você também. Participe. A tua opinião é muito importante para nós. empregar o subjuntivo na construção “Creio que fazem”, julgando que o correto seria
(Duarte,SN, JB, Língua Viva,11.6.00) “Creio que façam”. O argumento é o seguinte: quando se diz “creio”, não se tem
certeza, portanto deve-se empregar o subjuntivo. A tradição da língua e a leitura dos
MODEM (PLURAL) bons autores não sustentam esta tese. “Talvez o gatos são menos matreiros”,
A palavra vem de MODulador/DEModulador. Segue o plural das palavras terminadas escreveu Machado de Assis. Ao empregar “são” no lugar de “sejam”, o narrador
em “em”. Exs.: ordem – ordens; jovem – jovens; homem – homens; modem – deixou clara a certeza de que os gatos são menos matreiros. O cerne da questão
modens. (Duarte SN. Língua viva. JB, 26.11.00) está no fato de que o indicativo é modo da certeza, da realidade, da afirmação; o
subjuntivo é o da dúvida, da hipótese, da especulação, do desejo. Em outra coluna,
MODO INDICATIVO escrevi: Não duvido de que Deus e o Diabo são (e não sejam) diferentes. Queria
Expressa fato posto no plano da certeza, da realidade. Ex. Quero um remédio que deixar claro que não tenho nenhuma dúvida quanto ao fato de que Deus e o Diabo
resolve a minha dor de cabeça (quando entra na farmácia o indivíduo já sabe que são diferentes. A questão pode-se estender a outros tempos do indicativo e do
aquele remédio resolve) (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 19.10.03) subjuntivo. P.ex.: Ela suspeitava que ele conhecesse o informante, a forma verbal
O governo estima que há no país X desempregados (há convicção de que o número “conhecesse” (imperfeito do subjuntivo) confirma a dúvida expressa pelo verbo
apresentado é muito próximo do real). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, “suspeitar”. Ela suspeitava que ele conhecia o informante, a forma “conhecia”
19.10.03) (imperfeito do indicativo) reforça a certeza. Na linguagem jornalística, a história
muda. É mais do que recomendável que se mantenha a neutralidade. Ex.: Filho do
MODO SUBJUNTIVO ex-prefeito nega que tenha fumado maconha é preferível a “Filho do ex-prefeito nega
Quando se fazem suposições. Exs.: Eu acho que ele esteja de férias. Acredito que que fumou maconha”, em se tratando de título ou texto jornalístico. Com o subjuntivo
ele vá ao jogo (Duarte SN, Língua Viva, Jornal do Brasil, p.12, 6.6.99) (tenha fumado), não se toma partido, mantém-se a neutralidade. O ato de fumar fica,
Muita gente imagina ser obrigatório conjugar no subjuntivo os verbos de orações que quando muito, no plano da hipótese. Afinal, a menos que se prove o contrário, vale a
complementam ‘‘acreditar’’, ‘‘crer’’, ‘‘supor’’ e correlatos, ou seja, muitos pensam palavra de quem nega, que, no caso, é do filho do ex-prefeito. No título desta coluna
que, se não se disser ‘‘Acredito que eles se automediquem...’’ ou ‘‘Suponho que ele (Ele nega que esteja envolvido...), a forma do presente do subjuntivo é preferível à
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do indicativo (“está”), para que se mantenha a neutralidade. (Cipro Neto P. Folha de nas gramáticas e nos dicionários, que registram o que se encontra na variedade
São Paulo, 25.10.01, C2) culta da língua (As endomorfinas podem contribuir para elevar o moral do paciente.
O governo estima que haja no país X desempregados (trata-se de uma estimativa e O vestido atua imperiosamente sobre o moral do indivíduo). “Moral” pode funcionar
não de um número exato). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 19.10.03) também como adjetivo, caso em que é uniforme, ou seja, tem forma única para
masculino e feminino (Isso é uma questão moral. Isso é um problema moral). Se o
MOEDA primeiro sentido registrado no dicionário é o do adjetivo, surgirá a indicação “2g”
A palavra veio do latim moneta. O dinheiro dos antigos romanos recebeu tal (dois gêneros). Isso vale para o adjetivo, que, como vimos, é uniforme. Quando se
denominação porque, sendo originalmente de metal, era cunhado no templo da dão explicações sobre o substantivo, também é preciso tomar cuidado com o que
deusa Juno Moneta, assim chamada porque eles acreditavam terem sido indica em relação ao gênero e ao significado. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
admoestados por ela. Admoestar em latim é monere, depois transformado em Globo, 6.1.02)
admonestare no latim vulgar. (Silva D. Bastidores das palavras. Língua Viva. JB,
16.2.04) Exs.: o/a grama – o/a estepe – o/a coral – o/a capital – o/a cabeça – o/a rádio – o
lente (aquele que lê ou professor de certa graduação) / a lente (feminino de “o lente”
MOEDA CORRENTE (GRAFIA) ou instrumento óptico utilizado em óculos, câmeras, microscópios etc.) – o baliza
Não se grafa nome de moeda com inicial maiúscula. Real, dólar, libra, lira, peso, (soldado que indica os movimentos que a tropa deve realizar) / a baliza (qualquer
franco não são nomes próprios, portanto, não se grafam com maiúscula. Nos objeto que assinale um limite).
cheques, os meses também são com minúscula. Ex.: Vinte reais. Rio de Janeiro, 12
de agosto de 2001. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 12.8.01) MORAR (regência)
São corretas formas como “Mora à rua tal”, “Reside à rua tal”? Os bons dicionários
MONÓPOLIO EXCLUSIVO de regência - o de Luft e o de Fernandes, por exemplo - dizem que a preposição “a”
Redundância. Ex.: A estatal detém o monopólio exclusivo. (Duarte SN. Língua Viva. com esses verbos “é mais comum na linguagem burocrática, tabelioa”, apesar de
JB, 26.8.01) também aparecer em textos literários. Mas só há registros disso antes de rua, praça,
avenida - palavras femininas. Não há registro de “Mora ao Largo do Machado”,
MONSTRO (PLURAL) “Reside ao Beco do Mota” etc. Já a preposição “em” é inquestionavelmente correta
Essa palavra não varia quando usada como adjetivo, com o sentido de “muito em qualquer desses casos: “Mora na Rua Irineu Marinho”, “Reside no Largo do
grande”, “fora do comum”: “liquidações monstro”, “comícios monstro”, Machado” etc. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 25.7.99)
“manifestações monstro”. Note que não há hífen nesse caso. (Cipro Neto P. Ao pé Segundo os dicionários de regência, o uso da preposição “a”com os verbos morar e
da letra. O Globo, 22.10.00) residir é mais comum na linguagem burocrática, dos tabeliães por exemplo. E só
diante de palavras femininas. Exs.: Ele mora à rua X, à avenida Y, à praça Z.
MONSTRA vs. MONSTRO Ninguém diz que “ele mora ao Beco das Garrafas ou ao Largo do Machado”. O uso
Substantivo, no papel de adjetivo, fica invariável. Exs.: Foram realizados diversos da preposição “em” com os verbos morar e residir é indiscutivelmente correto. Se
comícios monstro. O juiz recebeu uma vaia monstro. (Duarte SN. Língua Viva. JB, você mora, mora “em”algum lugar.. O melhor, portanto, é você dizer que mora na
19.8.01) Rua Barão da Torre. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 22.8.99)
O correté e morar na rua tal. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore;
MORAL (gênero) 2001)
O moral (= ânimo, disposição de espírito). Ex.: A vitória elevou o moral dos
jogadores. A moral (= bons constumes). Ex.: Tinha ofendido a moral do amigo. MORBIDADE vs. MORBIDEZ
(Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 16.10.99) Morbidade vem de [morbi- (lat. morbus, i. = ‘doença’, ‘enfermidade’: morbíparo,
A moral corresponde a ética, norma de conduta, moralidade, lição: Seguia a moral morbígero) + -dade, ou do ingl. morbidity.] S. f. Patol.1. Capacidade de produzir
cristã. / Sua moral era inatacável. / Esta é a moral da história. O moral designa doença num indivíduo ou num grupo de indivíduos.2. Relação entre o número de
estado de espírito, disposição de ânimo: O moral da tropa estava muito alto. / O pessoas sãs e o de doentes, ou de doenças, num dado tempo e quanto a
técnico recuperou o moral do time. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de determinada doença. (Aurélio).
S. Paulo, 11.11.00) Morbus, - i - subs. m. 1. Sentido próprio: doença, enfermidade física 2. Sentido
Moral faz parte do grupo de palavras cujo sentido depende do gênero figurado: doença do espírito, paixão. (Dicionário Escolar Latino-Português)
(masculino/feminino). Seus dois sentidos básicos (código de princípios, honestidade Não há morbidade no Caldas Aulete.
e ânimo, estado de espírito) são bem conhecidos, mas, no uso comum, o gênero Quantidade de indivíduos acometidos por uma doença em uma dada população
sobre alguma oscilação. Com o sentido de “código de princípios”, não há dúvida: a durante um determinado tempo (Larousse Cultural)
palavra é feminina (Essa atitude fere a moral vigente). No caso de “estado de Relação entre o número de casos de enfermidade e o número de habitantes , em
espírito”, “ânimo”, no entanto, o uso cotidiano (As vitórias levantaram a moral do dado lugar e momento, ou relação entre sãos e doentes. O mesmo que morbilidade
time. Os jogadores estão com a moral elevada), nem sempre confirma o que se lê (italiano morbilità)(Candido Figueiredo)
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Morbilidad (del ing. morbility) f. proporción de personas que enferman en un sítio y MUDAR vs. MUDAR-SE
tiempo determinado (Real Academia Española) Mudar (verbo intransitivo) significa transformar, modificar-se. Mudar-se (verbo
Morbidez (ê)[Var. de morbideza < it. morbidezza.] S. f.1. Qualidade ou caráter de pronominal) significa trocar de residência, ir morar em outro endereço. Ex.: Maria
mórbido (enfermo, doente, relativo a doença, que causa doença, doentio, lânguido, mudou-se para o município de Araruama. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia,
frouxo, mole, suave, delicado) 2. Enfraquecimento doentio.3. Abatimento ou 27.8.00)
esgotamento de forças; alquebramento de forças; moleza, languidez, quebreira. 4.
Delicadeza ou suavidade nas cores de um retrato ou escultura. (Aurélio). MUITA VEZ vs. MUITAS VEZES
Estado mórbido do corpo (Caldas Aulete) Nos textos clássicos, é comum o emprego de “muita vez” no lugar de “muitas vezes”.
Qualidade ou caráter de mórbido (relativo à doença); manifestação de tendência As duas formas são corretas. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O Globo, 30.12.01)
para certa anormalidade de sentimentos, certa visão amarga da vida (Larousse
Cultural) MUITO ESPECIAL
Estado daquilo que é mórbido (enfermo, relativo à doença); enfraquecimento “Isso é muito especial.” Existe algo pouco especial? (Duarte SN. Língua Viva. JB,
doentio. O mesmo que morbideza (Candido de Figueiredo) 5.7.98)
Del it. morbidezza. Cualidade de mórbido (del lat. morbidus; que padece enfermedad
o la ocasiona) (Real Academia Española) MUITO POUCA vs. POUQUÍSSIMA
Morbidus, -a, -um. Adj.1. Sentido próprio: doente, enfermo Eu até concordo que POUQUÍSSIMA seja melhor que MUITO POUCA, mas é
importante que você saiba que não há erro gramatical na expressão MUITO
MORFINA (ETIMOLOGIA) POUCA. Ex: “Mas MUITO POUCA gente sabe o que significa esse C.” . Nesse caso
A palavra vem de Morfeu, que na mitologia grega era o deus dos sonhos, filho de está ocorrendo o seguinte: 1o) POUCA é um pronome indefinido por estar
Hipnos – o deus do sono. Por isso que hipnose é um estado mental semelhante ao acompanhando um substantivo (=gente). Deve, por isso, concordar com o
sono. Segundo nossos estudiosos, a palavra morfina foi criada na época de Cristo substantivo, que é feminino: POUCA GENTE; 2o) MUITO é um advérbio de
pelo poeta romano Ovídio. O uso de morfético para leproso é metafórico: a morfina intensidade. No caso, está intensificando um pronome adjetivo (=POUCA). Os
tira a dor, anula os sentidos assim como a lepra, que é uma infecção que produz advérbios são formas invariáveis (=não se flexionam em gênero e número).
lesões na pele, mucosas e nervos periféricos. É semelhante ao efeito da morfina. Permanecem, por isso, na forma equivalente à do masculino singular: MUITO
(Duarte SN. Língua Viva. JB, 6.5.01) POUCA. Isso significa, portanto, que “muita pouca” não existe. (Duarte SN. Língua
Viva. JB. 16.8.98)
MORNO vs. MORNOS (PROSÓDIA)
Morno(ô) e mornos (ó). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, MUITOS DE NÓS (CONCORDÂNCIA)
5.8.00) Dois pronomes (“muitos”, indefinido e “nós”, pessoal do caso reto) no plural, o que
permite que o verbo concorde com qualquer deles. Isso vale para “muitos de nós”,
MOTOBOY “muitos de vós”, “alguns de nós”, “alguns de vós”, “quais de nós”, “quais de vós”.
Palavra inventada, tudo indica, em São Paulo. Termo 100% brasileiro, uma Exs.: Qauis de vós sabem (verbo concorda com “quais”). Quais de vós sabeis?
adaptação da expressão também brasileira, office boy. Em inglês, usava-se delivery (verbo concorda com “vós”). Essa história vai muito além de meras regras
boy ou messenger boy, mas, agora, boy é considerado pejorativo quando gramaticais. Ex. Muitos de nós sabem a verdade, mas nem sempre podem dizê-la,
empregado em referência a um homem maior de idade. Em vez disso, é possível quem fala poderia não fazer parte dos que sabem a verdade, mas nem semprem
substituir por delivery person ou messenger. (Rodrigues S. Língua Portuguesa. JB, podem dizê-la. No caso de: Muitos de nós sabemos a verdade, mas nem sempre
4.1.04) podemos dizê-la, quem fala deixou implícito o pronome “nós”. Com isso, tornou clara
sua presença no grupo dos que sabem a verdade, mas nem sempre podem dizê-la.
MOZZARELLA vs. MUÇARELA vs. MOZARELA Essa dupla possibilidade de concordância só existe quando os dois pronome estão
O Aurélio Novo Milênio traz muçarela e mozarela, essa última dificultando a no plural. Se o primeiro deles estiver no singular (Qual de nós, qual de vós, qual de
pronúncia até em português. Eu prefiro a forma muçarela, porque é a pronúncia vocês, algum de nós, algum de vós, algum de vocês), o verbo deve obrigatoriamente
portuguesa mais usual para a italianíssima mozzarella. (Duarte SN, Língua Viva. JB, ir para a terceira pessoa do singular: o fato só se refere a um elemento. Exs.: Qual
20.5.01) de nós sabe a verdade? Qual de vocês é capaz de resolver o problema? Nenhum de
nós pode ir até lá. Algum de vós quer ir? Algum de vocês conhece a rua? Nenhum
MUDANÇAS DE ESTADO dos diretores quis dar entrevista. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 13.5.01)
Fenômenos de passagem de um estado a outro. Chama-se fusão a passagem de
sólido a líquido; vaporização, a passagem de líquido a gás; sublimação, a passagem MULATA E MULATO
de sólido a gás; condensação ou liqüefação, a passagem de gás a líquido; Quando surgiu a palavra “mulato” na primeira metade do século 16, os negros
sublimação, de gás a sólido; solidificação, de líquido a sólido. estavam escravizados, eram tratados como animais. Filhos de pais brancos e mães
negras, ou de pais negros e mães brancas, foram comparados ao mulo e à mula,
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animais híbridos, que não se reproduzem. “Mulata” entraria mais tarde para a língua
portuguesa, consolidando-se no século 20, por influência do samba e respectivas NADA A VER vs. NADA VER
escolas. O preconceito desdobrou-se nos gêneros: mulato, para o trabalho; mulata O certo é nada a ver, e não "nada haver" (Duarte SN. Língua Viva, JB, 8.11.98)
para a diversão.
(Silva D. Língua Viva. JB, 26.1.04) NAMORAR vs. NAMORAR COM
Namorar é verbo transitivo direto.O certo é “namorar alguém” (Sérgio N.Duarte -
MULHER GESTANTE e REDUNDÂNCIA Lingua Viva Especial/Dúvida dos leitores - JB,5.7.98, p.‘15)
Num primeiro momento, o impulso é dizer que há redundância, já que só mulheres O verbo não deve ser acompanhado da preposição com, mesmo que essa seja a
podem ser gestantes. Mas, quando se pensa que “gestante” pode ser adjetivo e construção empregada com maior freqüência. A forma namorar com é considerada
substantivo e que, como adjetivo, de acordo com os dicionários, significa “que errada por praticamente todos os gramáticos, que aconselham apenas a regência
contém o embrião”, “que está em gestação”, o par “mulher gestante” (= mulher que direta. Exs.: A apresentadora Angélica namora o ator Maurício Mattar. O rapaz
está em gestação, mulher grávida) não é tão descabido assim. É óbvio que o uso de namora a vizinha. Além de ser considerado italianismo, o uso de com com namorar
“gestante” como substantivo simplifica tudo e encerra a discussão. Será que “mulher sofreu a influência de noivar com e casar com. (Martins E. Ao pé da letra. O Estado
grávida”causaria o mesmo incômodo? Por que o par “mulher gestante”cheira a de São Paulo, 12.6.99)
redundância e o par “mulher grávida”, não? Está por trás de nossa discussão um O verbo namorar é transitivo direto, isto é, não deve ser preposicionado. Ninguém
fato lingüístico importante: o uso. Estamos acostumados a ouvir e ler “gestantes”, namora com alguém e sim namora alguém (Pedro namora Mariana e não Pedro
sem a companhia da palavra “mulheres”, diferentemente do que ocorre com namora com Mariana). (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 11.6.00)
“grávidas”, esta, sim, quase sempre acompanhada de “mulheres”. Se houver Namorar é originariamente transitivo direto (namoral alguém) e assim tende a
redundância em “mulher gestante”, também haverá em “mulher grávida”, pois os ocorrer em linguagem culta, formal. Na língua coloquial, por influência de “casar” e
dicionários dão “gestação” e “gravidez” como sinônimos. (Cipro Neto P. Ao pé da da idéia de companhia que o namoro pressupõe, esse verbo é mais usado com a
letra. O Globo, 6.8.00) preposição “com” (namorar com alguém). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
30.9.01)
MULTIDÃO DE PESSOAS
Redundância NANÔMETRO
A 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (formada por delegados de todos os
MULTIMÉDIA vs. MULTIMÍDIA Estados Membros da Convenção do Metro que se reúnem de quatro em quatro
Multimédia vem do inglês multimedia. S. m., neol., uso combinado de diferentes anos) adotou, em 1960, uma série de prefixos e símbolos prefixos para formar os nomes
meios de comunicação (no espectáculo, na educação, etc. ); apresentação e símbolos dos múltiplos e submúltiplos decimais das unidades SI de 1012 a 10-12. O
simultânea de várias manifestações visuais e/ou sonoras; o conjunto da tecnologia e fator 10-9 tem o prefixo “nano” e o símbolo “n”. "Nano" é um prefixo que vem do
da produção multimédia. Adj., diz-se do uso combinado de vários meios de grego antigo e significa "anão" Logo, um nanômetro é a bilionésima parte do metro:
comunicação ou da difusão feita desse modo. Adj. e s. 2 gén., inform., qualquer ou 1 nm = 10-9 m.1
relativo a qualquer dos vários sistemas que permitem o armazenamento e a 1. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO),
manipulação de dados e informação através de uma variedade de formas tais como editor. SI:Sistema Internacional de Unidades [monografia na Internet]. Rio de
som, texto, gráficos, animação e vídeo.1 Janeiro: INMETRO; 2003 [citado 6 jan 2005]. Disponível em:
No Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa só há registro de “multimédia”.2 http://www.inmetro.gov.br/infotec/publicacoes/Si.pdf
Multimídia. Sf 1. conjunto de meios de divulgação. 2. aparelhagem eletrônica que
engloba som e imagem. Obs: associado a um “s” é invariável e equivale a “que NANOTECNOLOGIA
apresenta muitos meios de informação e comunicação”. Ex.: Espetáculos multimídia Há mais de 2.500 anos, alguns filósofos gregos se perguntavam se a imensa
que movimentam cerca de 2.500 pessoas em cena. 3 variedade do mundo não poderia ser reduzida a componentes mais simples. A
1. Língua Portuguesa On-Line [página na Internet]. Lisboa: Priberam palavra átomo vem daquele tempo e significa "indivisível". Na realidade os átomos
Informática;c2005 [citada 13 abr 2005]. Disponível em: são divisíveis e formados por um núcleo positivo, onde reside praticamente toda sua
http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx massa, e por elétrons, negativos, que circulam em torno do núcleo. Existem
2. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 4 ed. naturalmente apenas noventa e dois tipos de átomos diferentes. Há apenas cerca de
Rio de Janeiro: A Academia; 2004. cem anos, os cientistas obtiveram evidências fortes de que a velha hipótese
3. Borba FA. Dicionário UNESP do português contemporâneo. São atômica, formulada há dois e meio milênios, corresponde à realidade da natureza.
Paulo:UNESP;2004. Os átomos são muito pequenos, medem menos de um centésimo de bilionésimo de
metro, e obedecem a leis físicas bastante diferentes daquelas com as quais estamos
MUST acostumados. Um bilionésimo de metro chama-se "nanômetro". Em 1959, em uma
Estrangeirismo: o máximo. (Sampaio P. Bangue-bangue hi-tech. Folha de São palestra no Instituto de Tecnologia da Califórnia, o físico Richard Feynman sugeriu
Paulo. Caderno Cotidiano, 6.8.00) que os engenheiros poderiam pegar átomos e colocá-los onde bem entendessem,
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desde que não fossem violadas as leis da natureza. Esta palestra, intitulada "Há “sc” não difere – ou não deveria diferir – da que tem o “c” em “amanhecer”.
muito espaço lá embaixo" é, hoje, tomada como o ponto inicial da nanotecnologia. O (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 30.3.03)
objetivo da nanotecnologia é o de criar novos materiais e desenvolver novos
produtos e processos baseados na crescente capacidade da tecnologia moderna de NECROPSIA vs. NECRÓPSIA
ver e manipular átomos e moléculas. A nanotecnologia não é uma tecnologia Acento tônico no si. (7)
específica, mas todo um conjunto de técnicas, baseadas na Física, na Química, na Não existe o verbete necrópsia (VOLP, 1998, p.520)
Biologia, na Ciência e Engenharia de Materiais, e na Computação. As aplicações Verbete: necropsia [De necr(o)- + -op(s)(e)- + -ia.] S. f. Med. 1. Exame médico das
possíveis incluem: aumentar a capacidade de armazenamento e processamento de diferentes partes de um cadáver. [Sin.: necroscopia e (impr.) autópsia.] (Aurélio
dados dos computadores; criar novos mecanismos para entrega de medicamentos, eletrônico) Exemplo de silabada. A maioria das pessoas diz “necrópsia”, o que é não
mais seguros e menos prejudiciais ao paciente; criar materiais mais leves e mais suficiente para que o “Aurélio” e o “Vocabulário Ortográfico” reconheçam essa grafia
resistentes do que metais e plásticos, etc. A escala nano vai de 1 a 100 nm. Por e pronúncia. A única forma abonada é “necropsia”, cuja leitura só pode ser
exemplo: um rotavírus tem 150 nm; a molécula de carbono 60 tem 0,7 nm; a fita de “necropsía”, com força no “i”. Estranhamente, o mesmo dicionário e o “Vocabulário
DNA tem 2 nm de largura.1,2 Ortográfico” reconhecem as grafias “biópsia” e “biopsia”. Mais estranhamente ainda,
1. Silva CG. O que é nanotecnologia? Nanociência & Nanotecnologia. Nov 2002 o “Aurélio” reconhece “autópsia” e “autopsia” como substantivos, mas o
[citado 9 jan 2005]. Disponível em: “Vocabulário” só reconhece “autópsia”, que manda confrontar com “autopsia”, do
http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano10.htm verbo “autopsiar”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 4.6.00)
2. Martins E, Dantas E. Quanto menor, melhor. Época. 27 dez 2004; p.68-70.
NECROTIZANTE e NECROSANTE
NÃO e HIFENIZAÇÃO As duas formas estão corretas (VOLP, ABL)
Quando o “não” ligar-se a um substantivo, usamos o hífen. Exs: não-conformismo,
não-intervenção, não-flexão, não-pagamento,não-quitação. Quando o “não” ligar-se NEM ... NEM (CONCORDÂNCIA VERBAL)
a um adjetivo, não usamos o hífen: Exs.: não descartável, não durável, não O verbo pode ir para o singular ou para o plural. Ex.: Nem Débora nem Cristina me
flexionadoa, não resolvido. Infelizmente, a minha “regrinha”não é muio respeitada. O ajudou. Nem Débora nem Cristina me ajudaram. (7)
VOLP da ABL e nossos dicionários apresentam vários adjetivos com hífen: não- Quando o sujeito é simples, o verbo fica no singular. Ex.: Nem um nem outro diretor
engajado, não-esperado, não-formatado, não- verbal. Eu também quero saber qual é compareceu à reunião. Ainda não chegou nem uma nem outra candidata. Quando o
o critério de usar ou não hífen quando o “não”se liga a um adjetivo. (Sérgio Nogueira sujeito é composto, a concordância é facultativa (singular ou plural), com visível
Duarte - Língua Viva - JB, 30.8.98, p.16) preferência pelo plural. Ex.: Nem o gerente nem o diretor compareceu ou
compareceram à reunião. Nem eu nem você pode ou podemos viajar neste mês.
NÃO-CONFORMIDADE vs. NÃO CONFORMIDADE Obs: Se houver idéia de alternativa (= o fato expresso pleo verbo só pode ser
Quando o “não” funciona como autêntico prefixo, equivalente a “in’”, liga-se ao atribuído a um dos núcleos do sujeito), devemos usar o verbo no singular. Ex.: Nem
substantivo mediante hífen. Ex.: não-conformismo; não-comparecimento; não- o Pedro nem o José será eleito o presidente do grêmio estudantil (= só um poderia
intervenção; não-pagamento; não-quitação; não-flexão; não-conformidade. Quando ser eleito). . (Duarte SN. Língua Viva. JB. 15.4.00)
o “não” antecede o adjetivo não há hífen. Ex.: não descartável; não durável; não
flexionado; não resolvido. (Duarte SN, Língua Viva, Jornal do Brasil. 18.7.99) NENHUM E CONCORDÂNCIA
O verbo deve concordar com o núcleo do sujeito. Ex.: Nenhum dos candidatos foi
NÃO SÓ... MAS TAMBÉM vs. NÃO SÓ... COMO TAMBÉM eleito. Nenhum de nós dois pôde comparecer à reunião. (Duarte SN, Língua Viva,
A correlação clássica é “não só... mas também”, mas não significa que a outra esteja JB, 27.12.98, p.16)
errada. No entanto, a omissão da preposição antes da conjunção integrante “que” é A concordância é feita sempre com o pronome indefinido nenhum, no singular,
outra marca do português falado no Brasil. Ex.: .. quer convencer-me (de) que o mesmo que ele venha seguido de palavras no plural. Exs.: Nenhum dos jogadores
nosso frango.. “ e “...gostaria (de) que os especialistas...” (Duarte SN. Língua Viva. em tratamento médico havia sido liberado. Nenhum dos homens estava presente. /
JB, 30.4.00) Nenhum deles queria sair hoje (e não nenhum deles “queriam” sair hoje). / Nenhum
O verbo vai normalmente para o plural, concordando com o sujeito composto. Ex.: de nós se preocupou (e não nenhum de nós “nos preocupamos”). (Martins E. De
Não só o aluno mas também o professor erraram a questão. Não só o público como palavra em palavra. O Estado de S. Paulo. 20.11.99)
também os organizadores ficaram satisfeitos. . (Duarte SN. Língua Viva. JB. 15.4.00) A concordância verbal se faz com o núcleo do sujeito. Ex.: Nenhum dos 126
passageiros e 15 tripulantes ficou ferido. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 25.11.01)
NASCER (PROSÓDIA) O verbo concorda com o núcleo do sujeito. Exs.: Nenhum dos filhos compareceu à
A pronúncia “naicer” não tem sustentação histórica no idioma. Esse “s” que vem cerimônia. Nenhuma das funcionárias aceitou a proposta. (Cipro Neto P. A
antes do “c” tem valor estritamente ortográfico e uma explicação que remonta à circunstância os faz maiores. Revista O GLOBO. 16 jan 2005;p.37).
origem da palavras, isto é, à etimologia. Nada a ver com a fonética. A pronúncia do
NEOLIBERALISMO
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A expressão neoliberalismo foi usada pela primeira vez em um documento oficial em originou. Afinal, como traduziremos mouse? (Silva D. Servos, escravos e servidores.
julho de 1944, quando os fundadores do capitalismo contemporâneo guardavam os Língua Viva, JB 8.11.04, Caderno B, p. B2)
papéis das resoluções da Conferência de Bretton Woods (New Hamphsire, E.U.A.).
Um grupo secundário de economistas presentes à reunião produziu um documento NEONATO
em que definiam a “doutrina neoliberal”: o neoliberalismo deveria adaptar o Palavra mal formada por ser hibridismo, isto é, composta de um termo de origem
liberalismo clássico às circunstâncias do Estado regulador e assistencialista, ao qual grega (neo) e outro originário do latim (nato). Os hibridismos são reprimidos por bons
caberia controlar o funcionamento do mercado. Anos mais tarde, o American gramáticos, conquanto muitos estejam consagrados em nossa língua e não há como
Heritage Dictionary definiu assim o neoliberalismo: Movimento político que combina extingui-los. Mas, por iniciativa própria, podemos substituí-los por palavras mais bem
a preocupação com justiça social do liberalismo tradicional com a ênfase no formadas. Nesse caso, recém-nascido, formado de elementos latinos, é melhor
crescimento econômico. Quando entrou na corrente do pensamento brasileiço, no termo que neonato. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas:
começo dos anos 90, o termo já significava o oposto disso. A expressão passou a falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da
ser usada para descrever uma modalidade de capitalismo turbinado em que o lucro Universidade de Brasília)
financeiro predominaria sobre a sociedade, subjugando o Estado, a cadeia
produtiva, a cultura, subvertendo para seu usufruto até mesmo as relações NEPOTISMO
familiares. Várias teorias concorrem para explicar por que o significado de Vem do latim nepos, nepotis, que significa sobrinho, e entrou na língua portuguesa
neoliberalismo foi mudando com o passar do tempo. Em primeiro lugar, é preciso no século 17. Os papas nomeavam não apenas os sobrinhos ou nepotes, mas toda
considerar o abandono da expressão nos Estados Unidos, seja no sentido Bretton a sorte de protegidos, quase sempre para cargos mais elevados. O sufixo ismo vem
Woods, seja na sua variante esquerdista. A palavra neoliberalismo é inexistente na do grego e significa, entre outras coisas, doutrina ou teoria, ato, prática ou resultado
literatura econômica americana séria. Quando quereem descrever o que os de, ação, conduta ou característica de. (Martins E, De palavra em palavra, O Estado
brasileiros chamam atualmente de neoliberal, os americanos usar o termo de S. Paulo, 1.5.99, caderno Estadinho, p.7)
“libertarian” (libertário). A encrenca começou com a palavra “liberal”. Nos Estados
Unidos liberal é sempre um sujeito não-conservador. O liberal é uma pessoa de NEXOS ou TERMOS RELACIONAIS
esquerda. Na Europa, o termo liberal é usado para descrever alguém de direita, que Palavras ou expressões com as quais se relacionam as idéias presentes num
admite o primado do mercado e postula o Estado mínimo. Neoliberal significa pronunciamento oral ou escrito. Ex.: embora – se – porque – quando – ainda que –
atualmente no Brasil mais ou menos a mesma coisa que liberal na Europa. Mesmo desde que, etc. Exs. Embora tenha jogado bem, o time perdeu, emprega-se a
as esquerdas usam a palavra neoliberalismo com conotações diferentes. Para o PT conjunção “embora”para que se estabeleça entre os fatos o nexo de concessão (fato
no governo, o neoliberalismo é a vertente mais dogmática do capitalismo de subordinado e contrário ao da ação principal de uma oração, mas incapaz de
mercado. Para os radicais, é o capitalismo em sentido amplo. Como todo termo que impedir que tal ação venha a ocorrer). Poder-se-ia substituir “embora” por “ainda
parece significar muita coisa e no fundo não significa mais nada, a carreira da que”, “se bem que”, “apesar de que”, “conquanto” (raro na língua oral e pouco
expressão neoliberalismo talvez esteja se encerrando. (Alcântara E. O comum na escrita moderna). As expressões “apesar de” e “apesar de que”(nexos de
neoliberalismo já foi de esquerda. Artigo. Veja, 19.2.03. p. 47) concessão) exigem procedimentos diferentes. Ex. Não será aprovado, apesar de ter
estudado muito. Não será aprovado, apesar de que tenha estudado muito. A locução
NEOLOGISMO “apesar de” leva o verbo para o infinitivo, enquanto “apesar de que”exige que o
Neologismos são “palavra novas”. Ex. disponibilizar; posicionamento (Duarte SN, JB verbo seja conjugado no subjuntivo. Outro nexo de concessão pode ser dado pela
8.2.98 p.14) locução “sem que”. Ex.: Ele é o responsável, sem que o saiba, por todas essas
O prefixo neo vem do grego e significa “novo”. Neologismos são “palavras novas”, coisas erradas. Não se pode falar de concessão, sem citar “posto que”. Ex.; Que não
que não estão registradas em nossos dicionários nem no Vocabulário Ortográfico da seja imortal, posto que é chama. (parece estabelecer nexo de explicação ou causa).
Língua Portuguesa, publicado pela ABL. 1 As gramáticas e os dicionários só registram “posto que”com seu clássico valor de
(Duarte SN. Língua Viva, JB, 13.2.00) nexo de concessão (= embora). Ex.: Ele não se decidiu pela carreira artística, posto
São palavras ou expressões novam numa língua. Neologismo é uma palavra de que tivesse talento. O Houaiss é o único a registrar equivalência entre “posto que”e
origem grega: “neo” (=novo) + “logo” (=palavra) + sufixo “ismo”. Para alguns, “porque”. O melhor é saber que, no registro clássico, a expressão “posto que”tem
somente o registro em nossos dicionários avaliza o uso dessas novas palavras. valor de concessão e que, no Brasil, é corrente seu emprego com outro valor. (Cipro
Outros aceitam qualquer novidade. A língua é sábia. É como se fosse a nossa Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 6.10.02)
própria língua a saborear novas palavras. Engolimos as gostosas e cuspimos
aquelas que não nos agradam. E isso quem diz é o tempo. (Duarte SN. Língua Viva. A NÍVEL DE
JB, 30.12.01) Esta expressão não existe. A palavra nível deve ser usada, p.ex., para indicar
Precisamos disciplinar os neologismos à luz da consolidação que virá do uso. altitude ou capacitação.
Aristóteles definiu esse processo como entelequia, entendida como plenitude de
criação ou de mudança, de sentido diferente ou contrário ao processo que as NOBEL
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O nome do prêmio, na nossa língua, é Nobel (palavra oxítona). Foi criado em dos Imigrantes. O nome dos bairros e lugares públicos também deve obedecer à
homenagem ao cientista sueco Alfred Bernhard Nobel. (Niskier A. Na ponta da ortografia atual: Brigadeiro Luís Antônio, Venceslau Brás, Santa Ifigênia, Paiçandu,
língua. O Dia, 11.6.00) Domingos de Morais, Bexiga, Campos Elísios, Butantã, Guaianases, Turiaçu.
Originada do nome próprio Alfredo Nobel, que institui o prêmio, a palavra é oxítona. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 1.3.03)
(Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001.)
NOME DE LUGAR E REGÊNCIA NOMINAL
NO ENTRETANTO Quando é obrigatório o artigo em relação aos nomes de lugares (incluídos aqui
Deve ser uma mistura inaceitável de “entretanto”com “no entanto”, embora sejam estados, cidades e bairros)? Quando é que não pode haver artigo? O costume é que
conjunções adversativas. São sinônimas de “mas, porém, contudo, todavia”. (Duarte manda nesses casos. Não há uma regra escrita obrigando ninguém a dizer “em
SN. Língua Viva. JB, 17.6.01) Copacabana”, mas ficaria ridículo alguém dizer que o “o Beco das Garrafas fina “na”
Copacabana”. Ou que a velha Sorveteria Morais ficava “na” Ipanema. O correto é:
A NOITE vs À NOITE Universidade Federal “de” Mato Grosso. (Castro M. A imprensa e o caos na
Chegou a noite (= a noite chegou. Anoiteceu). Chegou à noite (= Já era noite ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998.
quando ele chegou) (Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.8.99)
NOME FEMININO DE PESSOA e CRASE
NOME DAS LETRAS Antes de nome feminino de pessoa, o uso do acento grave indicador da crase é
O nome das letras é sempre aberto, é sempre como se tivesse um acento agudo. facultativo. Ex.: Dei o livro à/a Sônia. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia,
Ninguém pronuncia o “e” e o “o” fechados. (Castro M. A imprensa e o caos na 26.12.99)
ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998.
NOMES GEOGRÁFICOS PRECEDIDOS DE ARTIGO NO PLURAL
NOME DE CIDADE E ARTIGO (CONCORDÂNCIA)
Os nomes de cidade rejeitam o artigo feminino. Pedem-no, no entanto, quando Os nomes geográficos precedidos de artigo no plural levam o verbo para o plural: Os
adjetivadas. Exs.: Ela nasceu na monumental Siena. Apaixonei-me pela Estados Unidos atacaram o Afeganistão. / Os Estados Unidos foram surpreendidos
deslumbrante Verona. (Cipro Neto P. Inculta. Folha de São Paulo, 31.8.00) pela ação dos terroristas em 11 de setembro. / Ele chegou ontem dos Estados
Em tese, nomes de cidades não admitem artigo feminino. Na prática, porém, o povo Unidos. / O empresário viajou para os Estados Unidos. / Os Alpes ficam na Europa. /
faz exceções. Exs.: na Praia Grande (município); no Guarujá (município). Os nomes Os Andes cortam parte da América do Sul. / As Ilhas Maurício produzem muita cana-
oficiais desses dois municípios não incluem o artigo (Prefeitura de Guarujá, de-açúcar (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 6.4.02)
Prefeitura de Praia Grande). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 2.9.01)
NOMES DE EMPRESAS E ARTIGOS
NOME DE EMPRESA (PLURAL) “O Parque dos Tecidos” ou “A Parque dos Tecidos”? Se o artigo faz parte do nome
Têm plural nomes de entidades, empresas, veículos, armamentos, aviões e produtos da empresa, é ele que vale. Se o nome da loja for “Parque dos Tecidos”, os dois
industriais e comerciais. Exs: os Detrans, as Apaes, dois Boeings, duas Coca-Colas, artigos são possíveis. O artigo “o” concordaria diretamente com o substantivo
uma dúzia de Brahmas, três Martinis, cinco Aspirinas. (Martins E. De palavra em “parque”. O artigo “a” concordaria com uma palavra subentendida (“loja”,
palavra, O Estado de S. Paulo, 3.2.01) provavelmente). Isso é comum em denominações de empresas. “Globo”, por
exemplo, é palavra masculina, mas o artigo é “a” quando se trata da emissora de
NOME DE FAMÍLIA E PLURAL televisão (“a Globo”), o que se explica justamente pela concordância com o termo
O espírito do português aconselha a flexão do sobrenome quando acompanhado de subentendido. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 5.11.00)
artigo no plural: os Maias, os Simpsons, os Teixeiras. Esse é o uso vernacular. No
entanto, a influênci do francês fez com que muitos autores passassem a adotar um NOMES DE GRUPOS INDÍGENAS e PLURAL
plural teoricamente mais “elegante”, em que o sobrenome não é flexionado: os Maia, Assunto polêmico. Os estudiosos das coisas indígenas afirmam que os nomes das
os Simpson, os Teixeira. Durante algum tempo isso foi condenado como galicismo, nações indígenas não apresentam plural na sua forma original. Deveríamos dizer os
mas hoje não se pode dizer que qualquer uma das formas esteja errada. (Rodrigues tupi, os goitacá, os pataxó, os caeté. Há, entretanto, aqueles que defendem o
S. Língua Viva. JB, 22.9.02) aportuguesamento e conseqüente respeito às nossas regras gramaticais. Essa é a
posição do JB. Assim, preferimos: os tupis, os goitacás, os pataxós, os caetés.
NOME DE LUGAR, MAIÚSCULA E MINÚSCULA (Duarte SN. Língua Viva. JB.9.7.00)
Pelas normas orográficas atuais, a palavra que acompanha o nome de uma rua ou
avenida deve ser escrita com inicial maiúscula. Exs.: Rua Augusta, Avenida Faria NOMES DE PAÍSES E ARTIGO
Lima, Avenida Ipiranga, Rua Direita, Largo da Concórdia, Praça da República, Por que se escreve vou à Argentina, com a craseado, e vou a Cuba, sem a marca
Travessa da Memória, Ladeira General Carneiro, Parque do Ibirapuera, Parque do da crase? Bem, alguns países têm artigo antes do nome e outros, não.
Carmo, Marginal do Tietê, Marginal do Pinheiros, Via Anchieta, Via Dutra, Rodovia
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Haverá crase quando existir artigo diante do nome. Assim: A Argentina faz parte do Gladstones pululam aos cardumes, os Bismarcks se multiplicam em ninhadas, e os
Mercosul. Portanto: Vou à Argentina, com a marca da crase. No entanto, não se diz: Thiers cobrem o sol como nuvens de gafanhotos (Rui Barbosa ) (Martins E. De
"A" Cuba fica na América Central, mas: Cuba fica na América Central. Então: Vou a palavara em palavra. O Estado de São Paulo, 30.10.99)
Cuba, sem crase. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, Os nomes próprios admitem plural, sim, seguindo as regras dos susbantivos.
15.9.01) Portanto, você pode dizer e escrever: As Palmiras da minha família vêm de longa
data. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 9.7.00).
NOMES DE PESSOA E CRASE Se o nome próprio vier antecedido de artigo plural, o verbo deve concordar no plural.
A crase é facultativa antes de nome de pessoa, quando esta faz parte de nosso Ex.: Estados Unidos convidaram, mas a Seleção Brasileira corre o risco de não
círculo de amizada. Ex.; Refiro-me à (a) Isabel. (Ramos W. Não morda a língua. 3 participar da Copa Ouro, na Califórnia. Os Alpes Suiços causaram um grande
ed. Aracaju: Sercore; 2001) deslumbramento. Os Andes ficam na América do Sul. As Memórias Póstumas de
Brás Cubas consagraram Machado de Assis. Obs. 1:Se não houver artigo no plural,
NOMES GEOGRÁFICOS (PLURAL) o verbo fica no singular. Exs.: Memórias Póstumas de Brás Cubas consagrou
Nomes geográficos ou de vias públicas admitem igualmente o plural: as duas Machado de Assis. Minas Gerais assumiu outra posição. Obs. 2: Com nomes de
Coréias, as várias Ruas Direitas. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. obras artísticas, mesmo antecedidas de determinante no plural, o verbo pode ficar
Paulo, 3.2.01) no singular. Exs.: Os Lusíadas imortalizou Camões. Os Sertões narra a luta de
Canudos. Obs. 3: Com o verbo ser e o predicativo a seguir no singular, preferimos o
NOMES PRÓPRIOS (ACENTUAÇÃO) verbo no singular. Exs.: Os Lusíadas é a obra maior da literatura portuguesa. Os três
O "Formulário Ortográfico Oficial" diz (no capítulo XI) que "os nomes próprios mosqueteiros é um livro genial. Os Estados Unidos é o maior exportador do mundo.
personativos, locativos e de qualquer natureza, sendo portugueses ou Os Estados Unidos já foi o primeiro mercado consumidor. (Duarte SN, Língua Viva.
aportuguesados, serão sujeitos às mesmas regras estabelecidas para os nomes JB, 20.5.01).Os nomes de pessoas seguem as mesmas normas das palavras
comuns". Exs.:"Patrícia", "Sílvia", "Rogério", "Mário", em português, escrevem-se comuns. O exemplo mais conhecido na nossa língua talvez seja o do romance Os
com acento. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 28.1.01) Maias, em que Eça de Queirós pluralizou o sobrenome Maia. A Rua dos Gusmões,
em São Paulo, deve esse nome à família Gusmão. E a cidade de Andradas, em
NOMES PRÓPRIOS (PLURALIZAÇÃO) Minas, lembra o clã Andrada. Assim, por mais que muitas revistas e jornais resistam,
A regra do Formulário Ortográfico, admitida pela quase totalidade dos gramáticos, é deve-se, sim, falar nos Almeidas, nos Silvas, nos Matarazzos, nos Cardosos, etc.
a de que os nomes próprios também admitem plural, “sempre que a terminação se (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 12.7.03).
preste à flexão”, como registra o professor Domingos Paschoal Cegalla na sua A designação de órgãos públicos, entidades, empresas, veículos, armamentos,
excelente Moderna Gramática Portuguesa. Exs.: O livro Os Maias, de Eça de naves espaciais, aviões, navios e produtos industriais e comerciais admitem
Queirós, trata da família Maia. Para representar a totalidade dos membros do clã, o plural.Exs: os Detrans, os Itaús, cinco Vectras, dois Boeings, as Apaes, os Exocets,
escritor usou essa forma, os Maias. A cidade de Andradas, em Minas, deve o nome três Martinis, duas Aspirinas, três Coca-Colas, duas Antarcticas, etc. Se as marcas
à família Andrada. A Rua dos Gusmões, na capital paulista, pluraliza o sobrenome estiverem precedidas de outras palavra, aí ficam invariáveis. Exs: dois carros
Gusmão. Machado de Assis, mais de uma vez, mencionou os Seabras. (Martins E. Santana, cinco blindados Urutu, quatro aviões Mirage.[por que se consideram
De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 31.7.99) subentendidas as palavras marca ou modelo. É como se fosse: dois carros (da
Repare na lição dos gramáticos: 1. Devem-se pluralizar os nomes próprios de marca) Santana, cinco blindados (modelo) Urutu]. Os nomes geográficos ou de vias
pessoa, sempre que a terminação se preste à flexão (Domingos Pachoal Cegalla); 2. públicas têm singular e plural: as duas Coréias, as duas Alemanhas, as duas
Em regra, isto é, pelos característicos que os acompanham, os nomes próprios não Paulistas (avenidas), os vários os vários Brasis, os dois Mato (ou Matos) Grossos, os
deveriam flexionar-se; entretanto, aplicados como simples nomes comuns, para dois Rios. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 26.7.03).
designar ora homens de qualidades semelhantes, ora pessoas da mesma família,
perdem o caráter de nomes próprios, e podem, então, flexionar-se: os Cíceros, os NOMINAR
Aristóteles, os Andradas, os Prados (Napoleão Mendes de Almeida); 3. Os nomes Não existe no Aulete, Aurélio, Morais e Melhoramentos. Empregar “indicar” ou
próprios usados no plural fazem o plural obedecendo às normas dos nomes comuns, “nomear”. Ex.: O general se recusa a nominar responsáveis (errado). O general se
e a língua padrão recomenda se ponham no plural, e não no singular (Evanildo recusa a indicar (nomear) responsáveis (certo) (Castro M. A imprensa e o caos na
Bechara); 4. Emprega-se o artigo definido quando o nome de pessoa vem enunciado ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998.
no plural, seja para indicar indivíduo do mesmo nome (os dois Plínios, os três
Horácios), seja para designar uma coletividade familiar (os Andradas, os Braganças) NORMALIZAR e NORMATIZAR
(Celso Cunha e Lindley Cintra). Outros exemplos: A poesia vulgar, mormente na Normatizar não aparece no dicionário de Caldas Aulete (década de 60), mas está no
pátraia dos Junqueiras, dos Álvares de Azevedo, dos Casimiros de Abreu e dos “Aurélio”, no “Michaelis Melhoramentos” e no VOLP. Normatizar é estabelecer
Gonçalves Dias, é um pecado publicá-la (Camilo Castelo Branco). Os Ataídes de normas. Já normalizar significa “tornar normal, regulariza, padronizar, fazer voltar à
Azevedo são, na verdade, encantadores (Ciro dos Anjos). Que importa isso tudo, se, normalidade, submeter à norma”. Lembre-se que existe o adjetivo “normativo”,
aqui, os Clemenceaus andam a monte, os Hindemburgos rolam aos tombos, os
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palavra de origem francesa, cujo significado é “que tem a qualidade ou força de Nucléico (nucléico e não “nuclêico”).
norma” (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 1.8.99)
A maioria das empresas brasileiras usa o verbo “normatizar” com o sentido de “criar NÚCLEO DO SUJEITO E CONCORDÂNCIA
normas, estabelecer padrões”. Entretanto, muitas organizações preferem o verbo Ex. correto: A indústria desses parques de diversão vem crescendo cada vez mais
NORMALIZAR (=originariamente significa “tornar normal”). Provavelmente o no país. A “indústria” é o núcleo do sujeito, logo o verbo deve concordar no singular
NORMATIZAR foi criado para evitar confusões. O verbo se propagou e o Aurélio (Duarte, SN, 2.11.97)
registrou. Para quem quiser usar o verbo NORMATIZAR, já existe respaldo no Ex. A maioria das pessoas viajou. Alguns gramáticos aceitam o verbo no plural.
dicionário. (Duarte SN. Língua Viva. JB,8.2,98) Afirmam que se trata de tuma concordância atrativa ou ideológica (= proximidade do
verbo com o substantivo pessoas que está no plural ou concordância com a idíea
NORTE-AMERICANO vs. AMERICANO plural subentendida da palavra maioria). Nossa preferência é o singular. A
Norte-americano, na verdade, não se refere aos Estados Unidos, e sim à América do concordância do verbo com o núcleo do sujeito é indiscutível. O núcleo do sujeito é o
Norte; corresponderia ao nosso sul-americano. (Duarte SN, Língua Viva, JB, substantivo ou pronome que antecede a preposição de. Ex. Boa parte dos
14.3.99, p.16) candidatos já desistiu. O presidente destas empresas viajou para Brasília. Os
diretores desta empresa viajaram para Brasília. Um bando de marginais fugiu.
NOS Metade dos alunos foi aprovada. Alguém dentre nós fará o trabalho.Muitos de nós
A forma verbal da primeira pessoa do plural perde o “s” quando associada ao leram o livro.
pronome “nos”. Exs.: Comunicamo-nos com os clientes. Frustramo-nos com a Quando o núcleo do sujeito é um partitivo (maioria, parte, metade, porção), a
derrota. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 26.12.99) concordância lógica é no singular, mas o plural também é aceitável. Ex.: A maioria
dos alunos foi aprovada ou foram aprovados. (Duarte, SN, Língua Viva, JB,
NO SENTIDO DE vs. PARA 18.10.98, p.16)
A expressão “no sentido de” é um modismo sem sentido. Deve-se usar a preposição A maioria das pessoas VIAJOU ou VIAJARAM ? Na norma culta escrita, o verbo deve
“para”. Exs.: Estamos trabalhando para conseguir verbas... (Cipro Neto P. Ao Pé da ficar no singular para concordar com o núcleo do sujeito (=maioria). Alguns gramáticos
Letra. Rio de Janeiro; EP&Â; 2001 p.31) e professores aceitam o verbo no plural. Afirmam que se trata de uma concordância
atrativa ou ideológica (=proximidade do verbo com o substantivo pessoas que está no
NÓS SUBENTENDIDO E CONCORDÂNCIA VERBAL plural ou concordância com a idéia plural subentendida da palavra maioria). A nossa
Quando a pessoa que fala se inclui num grupo, o verbo concorda com o pronome preferência é o singular: “A maioria da pessoas VIAJOU”. A concordância do verbo com
nós: Todos aprovamos a decisão (eu + eles, nós + eles). / Éramos seis na casa. / Os o núcleo do sujeito é indiscutível. Se você tem dificuldade para identificar o núcleo do
paulistas (nós, os paulistas) somos descendentes dos bandeirantes. / Os jornalistas sujeito, aqui vai uma dica: “é o substantivo ou pronome que antecede a preposição
costumamos ser apontados como pessimistas. DE”. “Boa parte dos candidatos já DESISTIU.” (O sujeito simples é “boa parte dos
/ A causa teria mais força do que supomos os leigos. (Martins E. De palavra em candidatos”; o núcleo é “parte”). “O presidente destas empresas VIAJOU para Brasília.”
palavra. O Estado de São Paulo, 30.3.02) (Sujeito = “o presidente destas empresas”; núcleo = “presidente”). “Os diretores desta
empresa VIAJARAM para Brasília.” (Sujeito = “os diretores desta empresa”; núcleo =
NOTEBOOK “diretores”). “Um bando de marginais FUGIU.” (Sujeito = “um bando de marginais”;
Estrangeirismo: computador portátil. (Duarte S, Propato V. Portuguese, please. Isto núcleo = “bando”). “Metade dos alunos FOI APROVADA.” (Sujeito = “metade dos
é, 23.8.00) alunos”; núcleo = “metade”). “Alguém dentre nós FARÁ o trabalho.” (Sujeito = “alguém
dentre nós”; núcleo = “alguém”). “Muitos de nós LERAM o livro.” (Sujeito = “muitos de
NOVA YORK vs. NOVA IORQUE nós”; núcleo = “muitos”). (Duarte SN. Língua Viva, JB, 7.12.97)
O nome da cidade é uma homenagem à cidade de York (Inglaterra). É uma nova
York. Assim, quem prefere Nova York afirma que ninguém faz o aportuguesamento “A maioria dos candidatos DESISTIU ou DESISTIRAM”? Quando o núcleo do sujeito
de York. Os que defendem Nova Iorque, alegam que ambas as palavras devem ser for um partitivo (= maioria, parte, porção, metade...), o certo é: “A maioria dos
traduzidas (Duarte, SN, 24.5,98, p.14) candidatos DESISTIU.” A concordância do verbo no plural é correta também. O
Ou se traduz e se adapta o nome todo, ou não se traduz e não se adapta nada (New plural (=”A maioria dos candidatos DESISTIRAM”) é correto e aceitável por quase
York). Se você traduziu o adjetivo, tem de traduzir ou adaptar o resto do nome, que todos os gramáticos consultados. Só não é a minha preferência. (Duarte SN. Língua
é o seu núcleo, que o principal do nome. Para a região americana da Nova Viva. JB,15.3.98)
Inglaterra, ninguém usa a forma Nova England. Para a Nova Zelândia, ninguém usa Quando o núcleo do sujeito é palavra que indica agrupamento, coletivo e é seguido
Nova Zeeland. Ou se escreve Nova Jérsei ou se há de escrever New Jersey. Por de especificador no plural, o verbo pode ir para o singular ou para o plural. Ex.: No
que, então, a forma híbrida e incoerente Nova York? Logo, o correto é Nova Iorque. grupo de estrangeiros que visitou (visitaram) Arafat, estava um brasileiro. O
(Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998. elemento que permite a dupla opção é o pronome relativo “que”, que pode retomar
tanto “estrangeiros”, termo mais próximo, quanto “grupo”. A preferência por
NUCLÉICO (PROSÓDIA) “visitaram” põe em destaque quem forma o grupo (os estrangeiros); a opção por
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“visitou” realça o conjunto. Essas duas opções existiriam se não houvesse o “que” núcleo do sujeito (milhão) ou atrativamente com o especificador (crianças) (Duarte
(Um grupo de estrangeiros visitaram Arafat ou Um grupo de estrangeiros visitou SN, JB, Língua Viva, 19.9.99)
Arafat). A opção entre singular e plural não é uma constante. Ex.: O número de Exs: Duas dúzias de ovos. Um milhão de pessoas. Dois milhões de pessoas. Dois
consumidores que gastaram muito foi inferior ao estimado pelo governo, não se milhões de mulheres. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. Rio de Janeiro: EP&A; 2001
pode pensar em trocar “gastaram” por “gastou”, já que não se pode pensar que foi o p.27)
número que gastou muito; foram os consumidores que gastaram. O segundo verbo
da frase (“foi”) deve ser flexionado no singular, já que se refere a “número” (Cipro NUMERAL CARDINAL E ORTOGRAFIA
Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 21.4.02) Para escrever por extenso um numeral cardinal não use vírgula. Coloque “e”:
entre os membros da mesma ordem. Ex.:1.293.382 – um milhão duzentos e noventa
NUMERAL e três mil trezentos e oitenta e dois. Após mil, quando o algarismo da centena é
Classe de palavras que denota um número exato de coisas, seres ou conceitos ou zero: 3.038 - três mil e trinta e oito. Sempre antes do último cardinal:
indica a posição que ocupam em uma determinada ordem. Numeral ordinal indica a 7.001 – sete mil e um. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 2.1.2000)
ordem que o ser ocupa numa série (primeiro, segundo, milésimo, etc.). Numerais
fracionários indicam a diminuição proporcional de quantidade, o seu fracionamento NUMERAL CARDINAL E PREPOSIÇÃO
(metade, um terço, um décimo, etc.). Numerais multiplicativos exprimem aumentos Em português não se usa preposição antes do numeral cardinal. Ex.: Somos (em)
proporcionais de quantidade, indicando números que são múltiplos de outros (dobro, cinco na comissão. Esse uso existe no italiano. (Martins E. De palavra em palavra. O
triplo, quádruplo,etc.). Numeral cardinal é o numeral que nomeia o número de seres Estado de São Paulo, 7.10.00)
(um, dois, cem, mil, etc.) (Cipro Neto P. Ao pé da letra. Rio de Janeiro: EP&A; 2001
p.26. NUMERAL FRACIONÁRIO e CONCORDÂNCIA
Com numerais fracionários (um quinto, quatro quintos, dois terços, etc), o verbo
NUMERAL E CRASE deve concordar com o numeral do numerador da fração. Exs.: Um quinto dos
Antes de numeral não se usa crase, exceto quando se refere a horas. Ex.: Curso de deputados presentes foi contra o projeto e quatro quintos dos deputados foram
informática de 20 a 30 de março. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: favoráveis. Um décimo dos alunos saiu cedo. No auditório permaneceram três
Sercore; 2001) quartos dos ouvintes. Um quinto das crianças foi beneficiado pelo projeto (Niskier A
Na ponta da língua. O Dia, 28.4.99; 21.11.99)
NUMERAL E GÊNERO Ex.: 1,3 tonelada. 1,2 bilhão de dólares. 1,2 milhão de reais. 2,1milhões de reais. A
Alguns numerais cardinais, como três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, deza, concordância deve ser feita com o número que vem antes da vírgula. (Duarte SN.
vinte, trinta, quarenta, cem, mil, não apresentam variação de gênero. Exs.: quarenta Língua Viva. JB, 28.11.99)
homens; quarenta mulheres; três livros; três mesas. Há, entretanto, cardinais que O verbo deve concordar com o numerador. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed.
fazem a flexão masculino/feminino, como um/uma, dois/duas, duzentos/duzentas, Aracaju: Sercore; 2001)
trezentos/trezentas, etc. Exs.: duas mil e quinhentas quotas; seis mil trezentas e
cinqüenta e duas pessoas. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 23.1.00) NUMERAL E CRASE
A crase é obrigatória antes de numeral, quando indica hora. Ex.: Cheguei às duas
NUMERAL CARDINAL E CONCORDÂNCIA hora. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001)
(A) não se usa “um” ou “uma”antes de “mil” (o numeral que antecede a “mil” deve
concordar em gênero com o substantivo a que se refere). Ex. Recebeu mil reais. Mil NUMERAL e LEIS
pessoas compareceram à festa. Duas mil pessoas receberam dois mil dólares. O Na numeração dos artigos de uma lei, deve-se usar os numerais ordinais até o 9
garoto fez quarenta e uma mil, setecentas e oitenta e duas embaixadinhas. (nono). A partir do artigo 10, usam-se os numerais cardinais. Ex.: Artigo 23 e não 23º
(B) milhão, bilhão, trilhão são masculinos (o numeral que antecede deve ficar no (vigésimo terceiro). (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 26.12.99)
masculino). Ex. Mais de dois milhões de pessoas assistiram ao espetáculo. Seria
capaz de fazer um milhão e meio de embaixadinhas. Uns três milhões de pessoas. NUMERAL E VÍRGULA
(Duarte SN, JB, 1.3.98, p.14) Não se deve usar vírgula entre o milhar e as centenas: “dois mil setecentos e oitenta
O verbo deve concordar no singular com o sujeito singular. Ex.: 1,1 bilhão tem ....; e nove”; “mil duzentos e quinze”; “dezenove mil quinhentos e vinte e quatro”;
1,1 bilhão vive em condições subumanas. 1,1 bilhão de pessoas vivem em “duzentos e doze mil quinhentos e quarenta e sete”. Se a centena for “redonda”, isto
condições subumanas. 1 milhão de reais foram roubados. 1 milhão foi roubado. 1 é, se terminar em 00, use “e” depois do milhar: “dois mil e quinhentos”; “nove mil e
milhão de mulheres estãoa grávidas. O verbo no plural só estaria correto se trezentos”; “quinze mil e seiscentos”. Já o milhão é separado do milhar por vírgula, o
houvesse um substantivo plural acompanhando o numeral. Ex.: 1,1 bilhão de que também se aplica entre o bilhão e o milhão: “dois milhões, quatrocentos e
pessoas têm... (Duarte, SN, Língua Viva, JB, 25.10.98, p.18) dezessete mil quinhentos e dezenove”; “cinco bilhões, duzentos e treze milhões,
Um milhão de crianças morre ou um milhão de crianças morrem. Meio milhão de quinhentos e dezenove mil cento e trinta e três”. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O
crianças morre ou meio milhão de crianças morrem. O verbo pode concordar com o Globo, 28.5.00)
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número de Avogadro, a definição de mol também mudaria. Embora a diferença entre centésimo, ducentésimo, tricentésimo ou trecentésimo, quadringentésimo (Cipro
as medidas do PTB (Physicalisch-Technische Bundesanstalt, o laboratório alemão Neto, P., Ao pé da letra, O Globo, 15.11.98, p.26)
de padrões de qualidade) , em Braunsschweig, e do Instituto para Medidas e Relação de ordinais:1º – primeiro; 2º – segundo; 3º – terceiro; 4º – quarto; 5º –
Materiais de Referência da União Européia, em Geel, na Bélgica, seja equivalente a quinto; 6º – sexto; 7º – sétimo; 8º – oitavo; 9º – novo; 10º – décimo; 11 – décimo
apenas um centésimo de milésimo da medida oficial do número de Avogadro, ela primeiro; 12º – décimo segundo; 13º – décimo terceiro; 14º – décimo quarto; 15º –
ainda é significativa: a diferença apenas na quinta casa depois da vírgula de um décimo quinto 16º – décimo sexto; 17º – décimo sétimo; 18º – décimo oitavo; 19º –
número tão grande, ainda equivale a cerca de 6 x 10181818, ou seja, 6 bilhões de décimo nono 20º – vigésimo; 21º – vigésimo primeiro; 30º – trigésimo; 40º –
bilhões. Um grupo do NPL (Laboratório Nacional de Física, do Reino Unido), que quadragésimo; 50º – qüinquagésimo; 60º – sexagésimo; 70º – septuagésimo ou
conta com uma das duas balanças de Watt que definem o número oficial, afirma ter setuagésimo; 80º – octogésimo; 90º – nonagésimo; 100º – centésimo; 140º –
feito novas medidas que, surpreendentemente, batem com as do grupo alemão. A centésimo quadragésimo; 200º – ducentésimo; 300º – trecentésimo ou tricentésimo;
discussão sobre a mudança ou a manutenção do número de Avogadro – e do mol – 400º – quadringentésimo; 500º – qüingentésimo; 600º – sexcentésimo ou
ficará para o ano que vem, quando haverá o encontro d Comitê Internacional de seiscentésimo; 700º – septingentésimo ou setingentésimo; 800º – octingentésimo;
Pesos e Medidas (CIPM). Para chegar ao novo valor do mol, o PTB construiu 900º – noningentésimo ou nongentésimo; 1.000º – milésimo; 10.000º – décimo
esferas feitas de cristal de silício puro, polidas com precisão atômica. Com elas, milésimo; 100.000º – centésimo milésimo; 1 milhão – milionésimo; 10 milhões –
fizeram medidas da distância de átomo para átomo no cristal, por meio de uma décimo milionésimo; 1 bilhão – bilionésimo; 100 bilhões – centésimo bilionésimo; 1
técnica conhecida como interferometria de raios X. O método consiste em trilhão – trilionésimo; 50 trilhões – qüinquagésimo trilionésimo (Martins E. De palavra
bombardear os raios X através das esferas e verificar, do outro lado, quanto eles se em palavra. O Estado de São Paulo, 5.2.00)
desviam de seu caminho original. A estrutura das esferas tem a maior irregularidade
em sua superfície equivalente a cerca de 500 átomos de altura. O objetivo original NUMERAL ORDINAL E CONCORDÂNCIA
desses pesquisadores não é apenas rever os valores para o número de Avogadro e (A) Quando o substantivo está antecedido por mais de um numeral ordinal, ele vai
sim encontrar uma nova definição para o quilograma. (Marinho MV. A dúvida sobre para o plural. Exs.: A primeira e segunda séries... no primeiro e segundo graus...
Avogadro 6,022 x 1023. Mais! Folha de São Paulo, 9.11.03) (B) Se repetir o elemento determinante (= o artigo), o substantivo pode ficar no
singular. Exs.: A primeira e a segunda série.... no primeiro e no segundo grau. O
NUMERAL MIL E CONCORDÂNCIA escritório fica no quinto e no sexto andar.
O numeral que antecede a mil deve concordar com o substantivo a que se refere. © Se o substantivo vier antes dos numerais, devemos usá-lo no plural. Exs.: As
Exs.: Ele é capaz de fazer vinte e uma mil embaixadinhas. Ela é capaz de fazer séries primeira e segunda... nos graus primeiro e segundo... O escritório fica nos
quarenta e uma mil, setecentas e oitenta e duas embaixadinhas. Duas mil pessoas andares quinto e sexto. (Sérgio Nogueira Duarte, Língua Viva, Jornal do Brasil,
compareceram à reunião. Recebeu dois mil dólares. Com cerca de, perto de, por 12.10.97, p.16).
volta de, em torno de, mais de, menos de, o verbo concorda com o substantivo (=
núcleo do substantivo). Exs.: Cerca de três mil pessoas entraram em confronto com NÚMERO FRACIONÁRIO e CONCORDÂNCIA VERBAL
a polícia. Perto de cinqüenta mil torcedores assistiram ao jogo. Mais de duzentos Concordância normal com o núcleo do sujeito. Ex.: Um quarto dos bens cabe ao
inscritos faltaram à prova. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 8.4.01) menor. Dois quartos dos bens cabem ao menor. Um terço da população apóia o
prefeito. Dois terços da população apóiam o prefeito. (7)
NUMERAL MILHÃO E CONCORDÂNCIA O verbo deve concordar com o numerador. Ex. Um terço compareceu à aula. Dois
O numeral que antecede a milhão fica sempre no masculino. Exs.: Seria capaz de terços compareceram à aula. Um quarto das empresas pesquisadas perdeu mais de
faze um milhão e meio de embaixadinhas. Mais de dois milhões de pessoas US$ 1 milhão. Um terço da população não tem acesso a consultas médicas. Dois
assistiram ao espetáculo. Quando o sujeito é simples e o núcleo é milhão ou bilhão terços da frota circularam. Três quartos das fraudes foram cometidos pelos
ou trilhão, a concordância é facultativo, mas preferimos o plural. Exs.: Um milhão de empregados (Duarte SN, JB, 1.3,98, p.14)
pessoas vivem na China. Um bilhão de dólares foram gastos nesta obra. Um milhão O verbo deve concordar com o numerador. Exs.: Um terço compareceu. Dois terços
de doses de vacina foram retiradas do mercado. Meio milhão de pessoas estão compareceram. Um quarto das empresas pesquisadas perdeu mais de US$ 1
desabrigadas. Mais de um milhão de dólares estão sendo usados no projeto. Se o milhão. Um terço da população não tem acesso a consultas médicas. Dois terços da
verbo estiver antes do sujeito, o verbo concordará com milhão ou milhões. Exs.: Foi frota circularam. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 18.3.01)
construído um milhão de casas populares só neste bairro. Foram prejudicados 5 Não devemos confundir fração com porcentagem. Quando o sujeito estiver formado
milhões de pessoas. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 8.4.01) por expressões que incluem um número porcentual, poderão acontecer três
situações diferentes: 1. Se o sujeito for apenas o número porcentual, o verbo deverá
NUMERAL ORDINAL concordar com o número. Exs.: 1% votou e 2% votaram; 2. Se houver um
O numeral ordinal correspondente a onze é décimo primeiro, undécimo ou onzeno. especificador ao lado do número porcentual, temos um caso polêmico. Alguns
De quarenta para cima, temos quadragésimo, qüinquagésimo, sexagésimo, autores preferem a concordância do verbo com o número porcentual: 1% dos
septuagésimo ou setuagésimo, octogésimo (e não octagésimo), nonagésimo, brasileiros votou e 2% da população brasileira votaram. Outros preferm a
concordância com o especificador: 1% dos brasileiros votaram. 2% da população
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brasileira votou; 3. Com o porcentual antecedido por um determinante, o verbo pessoa não experimentou sequer uma parte da comida. O uso da preposição nesse
concordará com esse determinante. Exs.: Esses 2% da população brasileira caso não é obrigatório, mas atende a uma necessidade expressiva e, portanto,
decidirão a eleição. Os restantes 15% da produção serão armazenados (Nogueira S. estilística. (Camargo TN. Objeto direto preposicionado. Folha de São Paulo, Fovest,
Pegadinha Verbal. Seleções do Reader’s Digest, junho de 1999, p.13) 8.11.01, p. 7)
O objeto direto costuma vir escoltado pela preposição “a” – freqüentemente por
NÚMERO DECIMAL e CONCORDÂNCIA razões de estilo – em diversos outos casos. Exs: Você o insulta, e ao filho dele
Parece claro que o ponto se refere ao número que vem antes da vírgula. Exs.: 1,5 = também. Sem a preposição, o sentido seria dramaticamente inverso: Você o insulta,
um ponto vírgula cinco ou um ponto e meio; 2,5 = dois pontos vírgula cinco ou dois e o filho dele também. Há ainda os complementos que são pronomes indefinidos
pontos e meio; 0,5 = zero ponto vírgula cinco ou meio ponto. (Duarte SN. Língua (surpreendeu a todos; ofender a alguém); nomes próprios, especialmente Deus
Viva. JB, 23.4.00) (amar a Deus); antepostos ao verbo (a homem pobre não se rouba). São opções,
recursos que a língua oferece. Os gramáticos consideram indispensável a
NÚMERO PERCENTUAL preposição se o objeto direto for um pronome oblíquo tônico, como “mim”, “ti”, “nós”:
A concordância pode ser feita com o número percentual (quantificador) ou com sua Engana muita gente, mas não a mim. Nesse caso, não há contorcionismo estilítico
referência. P. ex.: Cinqüenta por cento da população gostam do prefeito ou que livre a cara de quem escrever: Engana todo mundo, mas não mim. (Rodrigues
Cinqüenta por cento da população gosta do prefeito. É mais comum a concordância S. Língua Viva, JB, 13.10.02)
com a referência, a não ser que o número percentual venha a ser modificado por
uma outra palavra referencial (p.ex.: esses e os), como em: Esses 10% do lucro OBRA-PRIMA
serão enviados para São Paulo; os 3(Ferreira, 19(Ferreira, 1986)6)% da produção já Nos dicionários registra-se: 1. Obra-prima: obra primorosa, das primeiras no seu
estão sendo exportados(7) gênero, obra capital, a melhor obra de um autor, obra mestra (Caldas Aulete); obra
que é das primeiras em seu gênerto, a melhor obra de um autor (Michaelis). O uso
OBEDECER está modificando o sentido original da palavra, ou seja, obra-prima deixa de ser a
Verbo transitivo indireto. Ex.: Obedecer ao regulamento (Duarte, SN, JB, 19.4.98, obra maior de um autor para tornar-se sinônimo de qualquer grande obra, de obras
p.14) importantes. Prefiro respeitar a origem da palavra. Rigorosamente, cada autor só
“Obedeça SUA sede” ou “Obedeça A SUA sede”? A campanha publicitária do tem uma obra-prima. (Duarte SN, Língua Viva, Jornal do Brasil, 25.7.99)
refrigerante Sprite apresenta um erro de regência. OBEDECER é verbo transitivo
indireto. O uso da preposição “a” é obrigatório. Deveria ser: OBEDEÇA A SUA OBRIGADO vs.OBRIGADA
SEDE. O uso do acento da crase é que é facultativo: antes de pronomes Quando uma mulher agradece, deve dizer obrigada
possessivos (= minha, tua, sua, nossa, vossa), podemos usar ou não o artigo Usa-se “obrigado” ou “obrigada” para sintetizar. Ex.: Você me fez um favor e eu me
definido. (Duarte, SN, JB, 24.5.98) sinto obrigada (ou obrigado) a retribuí-lo. (Niskier A Na ponta da língua. O Dia,
4.11.99)
OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO As mulheres devem dizer “obrigada”. Ex. Muito obrigada, disse ela. (Duarte SN.
Embora na maioria das vezes o uso da preposição antes do objeto direto seja uma Língua Viva. JB, 19.8.01)
opção de estilo (exs.: Cumpriu com o dever. Sacou da arma; o uso da preposição A expressão de agradecimento em português vem da idéia de assumir obrigações
não é obrigatório nessas frases, pois esses verbos são transitivos diretos; o que o para com quem fez o favor, a gentileza. É por isso que um homem diz “obrigado” a
justifica é o desejo de enfatizar a ação verbal), há pelo menos uma situação em que quem quer que seja e uma mulher diz “obrigada”, independentemente do sexo da
não há como evitá-lo. Tomemos o verbo “castigar”, um transitivo direto. Podemos pessoa à qual ela se dirige. O homem se confessa obrigado a retribuir a gentileza
dizer “Ela castigou o menino” ou “Ela castigou-o”, substituindo o substantivo pelo recebida; a mulher declara-se obrigada a retribur o favor que lhe fizeram. (Cipro
pronome oblíquo átono. Mas, se usássemos o pronome oblíquo tônico, a preposição Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 26.8.01)
seria obrigatoriamente empregada. Ex.: Castigou a ele. Os pronomes tônicos são O sentido desse agradecimento é “Fico-lhe obrigado”, isto é, “Sou seu devedor”. Na
sempre preposicionados. O risco de ambigüidade também pode levar ao emprego origem, “obrigado” é um adjetivo. Uma mulher deve dizer “obrigada”e um conjunto
da preposição. Em “Muito admirava o pai ao filho”, a preposição foi usada apenas de duas ou mais pessoas “obrigados” ou “obrigadas”. Como o sentido original de
para assegurar a clareza da expressão. Na ordem direta, a frase seria construída “obrigado” vai se perdendo, a palavra tende a ser entendida como uma interjeição.
sem a preposição: O pai admirava muito o filho. Quando o objeto é o primeiro termo Não são poucas as mulheres que preferem falar “obrigado”. Seria esse desvio uma
da oração, costuma-se preposicioná-lo – até para evitar que seja lido, num primeiro mutação lingüística em curso, uma evolução do nosso jeito de agradecer.
momento, como sujeito. Ex.: Ao mestre ninguém iludirá ou Ninguém iludirá o mestre. (Rodrigues S. Dúvidas avulsas. Língua Viva. JB, 9.2.03)
Se o objeto direto contiver dois núcleos e um deles for um pronome tônico A palavra obrigado concorda com o sexo e o número de pessoas que a proferem:
(preposicionado), o outor núcleo deverá receber também a preposição, a fim de a) um homem diz obrigado; b) uma mulher diz obrigada; c) vários homens ou
estabelecer o paralelismo gramatical da estrutura e, conseqüentemente, garantir a homens e mulheres juntos dizem obrigados; d) duas ou mais mulheres dizem
clareza da expressão. Ex.: Enganou a mim e aos demais eleitores. Na frase “Nem obrigadas. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 28.12.02)
provou da comida”, a preposição “de” apresenta valor partitivo, isto é, indica que a
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OBSCURIDADE
Vício de linguagem em que há sentido duvidoso ou obscuro decorrente de acúmulo OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE
de elementos numa frase (Que em terreno não cabe o altivo peito tão pequeno) A frase é da Lei de Talião ou Código de Hamurabi (rei da Babilônia, quase 2.000
(Medeiros, 1996, p.95) anos a.C.). O Código de Hamurabi baseou-se na antiga Lei de Talião, que já
estabelecia a máxima do olho por olho. (Cartas. Veja, 14.4.04 p.31)
OBSERVAÇÃO vs. OBSERVÂNCIA
Observação significa o ato de observar ou perceber pelos sentidos e também OLIMPÍADA vs. OLIMPÍADAS
reparo, advertência, censura. Ex.: A observação atenta do local do crime permitiu ao O termo remonta à Antiguidade grega. A cidade de Olímpia tinha um famoso templo
detetive colher indícios sobre o suspeito do assassinato. Tratava-se de uma dedicado a Zeus (o maior dos deuses) e promovia, a cada quatro anos (como hoje),
observação muito pertinente. Não deu ouvidos às observações do pai. Observância competições esportivas em homenagem a essa divindade. Oficializados em 776
equivale a execução fiel, cumprimento, prática. Ex.: A observância da lei era uma antes de Cristo, os Jogos Olímpicos, outra denominação da disputa, duravam uma
das suas obsessões. Discordou da observância daqueles dispositivos. (Martins E. semana, período em que até as guerras paravam. Em 392 depois de Cristo, o
De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 23.10.99( imperador romano Teodósio I proibiu as festas pagãs em todo o império (do qual a
Grécia passara a fazer parte) e com isso a Olimpíada foi interrompida. Por iniciativa
OBSOLETO (PROSÓDIA) do barão de Coubertin, os Jogos Olímpicos recomeçaram em 1896. Em homenagem
Este adjetivo (= arcaico, antiquado, ultrapassado, que caiu em desuso) deveria ser ao país de origem dos jogos, a primeira Olimpíada moderna realizou-se em Atenas.
lido como outros que têm a mesma terminação (concreto, secreto, discreto, correto, Por causa da 1ª e da 2ª Guerras Mundiais, a Olimpíada foi suspensa em 1916, 1940
reto, repleto, etc.), ou seja, com o “e” aberto. É essa a pronúncia recomendada nos e 1944. Por que alguns meios de divulgação falam “nas Olimpíadas” e outros “na
dicionários. Na prática, porém, ouve-se muito mais “obsolêto”do que “obsoléto”. O Olimpíada” de Sydney? A forma Olimpíadas, com s final, surgiu para evitar confusão
timbre considerado correto parece que não “pegou”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O com a Olimpíada dos gregos e é a que os dicionários modernos, como o Aurélio, o
Globo, 26.12.99) Michaelis e a última edição do Caldas Aulete, registram. A tendência dos meios de
comunicação, porém, é cada vez mais preferir a designação Olimpíada: a forma
OCTAEDRO vs. OCTÓGONO evita que se pense tratar-se de várias disputas simultâneas. Além disso, há opiniões
Octaedro é um sólido de oito faces. Octógono é um polígono de oito lados. (Martins ponderáveis em favor do singular. Dicionários como o Morais Silva, o Laudelino
E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 10.2.01) Freire, o Novo Dicionário Brasileiro Melhoramentos e o Dicionário Brasileiro da
Língua Portuguesa (de Francisco Fernandes, Celso Luft e F. Marques Guimarães)
OCTAGÉSIMO vs. OCTOGÉSIMO consignam a grafia Olimpíada, sem s, com definições idênticas a esta: “Celebração
A forma registrada no VOLP da ABL é octogésimo, com “o” antes da terminaçã “- de competições atléticas internacionais, à semelhança dos jogos olímpicos dos
gésimo”. Temos aí um caso típico de contaminação, pois o ordinal relativo a antigos gregos.” Também o Dicionário Didático de Português, de Maria Tereza
quarenta é quadragésimo, o que se refere a cinqüenta é qüinquagésimo, o de Camargo Biderman, dá aos jogos da atualidade o nome de Olimpíada, com este
sessenta é sexagésimo, o de setenta é septuagésimo ou setuagésimo e o de exemplo: A abertura e os jogos da Olimpíada foram transmitidos ao vivo pela TV.
noventa é nonagésimo. Como se vê, todos os cardinais citados geram ordinais em Uma autoridade do idioma, o professor Napoleão Mendes de Almeida, no Dicionário
que antes da terminação “- gésimo” aparece a letra “a”, fato que leva a maioria dos de Questões Vernáculas, defende a grafia Olimpíada: “Vários são os esportes, mas
falantes a estender o sistema ao ordinal de oitenta e, conseqüentemente, dizer a celebração é uma.” O gramático lembra ainda que se fala em macabíada e
“octagésima”. Isso explica, mas não autoriza o uso dessa forma. Lembrar que quem universíada e não em “macabíadas” e “universíadas”. (Martins E. De palavra em
tem oitenta anos é “octogenário” (e não octagenário). Mas, um poliedro de oito faces palavra. O Estado de São Paulo, 16.9.00).
é um octaedro, com “a” mesmo. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 30.9.01) Olimpíada é o conjunto de competições esportivas. Logo, o certo é: a próxima
olimpíada (no singular) será em Barcelona. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed.
OFENDER Aracaju: Sercore; 2001)
O verbo ofender é transitivo direto, isto é, o seu complemento (objeto direto) é sem
preposição. Ex.: José, sem qualquer motivo, ofendeu os amigos de infância. (Niskier O MAIS BELO POSSÍVEL (CONCORDÂNCIA)
A. Na ponta da língua. O Dia, 30.4.00) Pode-se flexionar apenas o adjetivo que vem antes de “possível”, sem a variação do
artigo e da palavra “possível”. Exs.: Praias o mais belas possível. Imagens o mais
O, OH claras possível. Mulheres o mais formosas possível. A ordem pode ser alterada,
Quando se chama, usa-se Ó (Ó Maria!). Quando se exclama, usa-se Oh! (Oh! que desde que não se alteream as formas: Mulheres o mais possível formosas. Mulheres
lindo dia!). (7) formosas o mais possível. Outra possibilidade é flexionar todos os elementos. Exs.:
Mulheres as mais formosas possíveis. Imagens as mais claras possíveis. (Cipro
OLÉICO (PROSÓDIA) Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 30.12.01)
Oléico (oléico e não “olêico”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São
Paulo, 15.7.00) OMBREAR vs. OMBREAR-SE
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Este verbo não é pronominal. Ex.: O lutador ombreia com os rivais. / Ninguém Usamos a forma onde quando a regência verbal exige a preposição em. Exs.: Cuba
ombreava com o time campeão. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de é o país onde ele nasceu (= nasceu no país, nasceu em Cuba). Brasil é o país onde
São Paulo, 21.10.0. vivemos (= vivemos no país, no Brasil). Quando a regência verbal exige a
preposição a, usamos aonde. Exs.: ... foi embaixador na China, depois em Cuba,
ONANISMO aonde chegou como o primeiro representante ..... Se quem chega, chega a algum
Onan, personagem bíblico, foi o inventor do primeiro método contraceptivo. De lugar, está correto o uso da forma aonde. Exs.; Cuba é o país aonde ele chegou (=
acordo com os costumes hebreus, foi obrigado a desposar a viúva Tamar, sua chegou ao país, chegou a Cuba). Ipanema é a praia aonde ela vai (= ela vai à praia,
cunhada. Não querendo engravidá-la, jogava o sêmen sobre a terra, praticando o vai a Ipanema). (Duarte SN, Língua Viva, Jornal do Brasil, 27.6.99)
onanismo avant la lettre, que depois serviu para designar masturbação. Jeová, o “Onde” indica, basicamente, idéia de lugar, lugar físico, lugar em que. Exs.: Onde
grande durão, aplicou pena de morte a Onan. Foi o único em milhares de anos a ser você comprou a roupa? Onde você nasceu? Falta luz na rua onde moro. (Cipro Neto
sacrificado por tal motivo. (Silva D. Bastidores das palavras. Língua Viva. JB, P. Ao Pé da Letra. Rio de Janeiro: EP&A; 2001 p.22)
16.2.04) Embora alguns estudiosos do nosso idioma já aceitem, não me agrada o uso do
pronome “onde” em situações em que o termo substituído não expresse claramente
ONÇA (ETIMOLOGIA) a idéia de lugar. Frases do tipo “... é a idéia onde o autor se baseou...” e “... ocorreu
Designando moeda, veio do latim uncia, duodécima parte da libra romana e também em maio onde o ministro declarou...”são inaceitáveis. No primeiro exemplo, o
da inglesa. A designação do animal procede da supressão do “l” inicial do francês pronome “onde” está substituindo a palavra “idéia”, que não expressa idéia de lugar.
lonce, em que entendeu que o “l” servia de artigo definido e não integrava o No segundo caso, “onde” substitui “maio” que expressa “tempo” e não “lugar”.
vocábulo. A origem de onça, neste caso, é o latim lyncea. (Silva D. Língua Viva. JB, (Duarte, SN, JB, Língua Viva, 27.5.01)
29.3.04)
ONDE vs. EM QUE
ONDE vs. AONDE No exemplo: A sociedade em que vivemos ou a sociedade onde vivemos, as duas
O pronome onde só deve ser usado para substituir termo que expresse idéia de formas são possíveis. Eu prefiro dizer: A sociedade em que vivemos. Se nós
lugar. Ex. errado: Ela foi eleita por seu discurso indignado onde sáude, educação ... vivemos “em algum lugar”, nós podemos usar o pronome “onde”. O problema é que
O correto seria: Ela foi eleita por seu discurso indigando em que (no qual) sáude ... “sociedade” não caracteriza bem “um lugar”, por isso prefiro usar a forma “em que”.
Ex. errado: Seria, na análise do governador, um momento político onde (= idéia de Se fosse mundo, país ou cidade, não haveria dúvida alguma de que as duas formas
tempo) pessoas podem querer tirar dividendos eleitorais. O correto: Seria, na análise estariam perfeitas. “O mundo onde ou em que vivemos”. (Duarte SN, Língua Viva,
do governador, um momento político em que pessoas podem querer tirar dividendos Jornal do Brasil, 24.9.00)
eleitorais. (Duarte SN, JB, 4.1.98, p.14)
Onde significa em algum lugar. Se você “está em algum lugar”, se você “nasceu em”, ÔNIBUS (ETIMOLOGIA)
“trabalha em”, “estuda em” e “fica em”, devemos usar onde. Aonde significa “a algum Do latim omnibus, para todos. Inicialmente, foi nome de casa comercial, de
lugar”. Se você “vai a algum lugar”e “chega a algum lugar”, devemos usar aonde. propriedade de um francês chamado Omnes. Ele mandou afixar uma placa com os
Ex.: Esta é a praia aonde eu sempre vou. Não sei aonde você quer chegar. (Duarte dizeres Omnes omnibus. Seu estabelecimento passou a ser muito freqüentado. O
SN, JB, Língua Viva, 6.9.98, p.16) dono de um serviço de transporte para banhistas também escreveu omnibus num de
O advérbio relativo onde corresponde a em que somente quando indica “lugar seus carros. Foi um sucesso. Os ônibus percorrim Londres e Nova York desde 1829,
físico”. Ex.: A Faculdade onde (= em que) estudei. A vila onde (= em que) passavam tornando-se na segunda metade do século 19 os mais populares meios de
as férias. O compo onde (=em que) Hélio jogava futebol. O microscópio onde (=em transporte, devido à criação de lugares para trabalhadores e outras pessoas
que) Rosane observava as bactérias. O edifício onde (= em que) Renato trabalhou. humildes. (Silva D. Um ônibus no jardim. Língua Viva. JB, 15.6.03)
O cantinho onde (= em que) Roberto gosta de tocar bateria. A escola onde (= em
que, na qual) Paula estuda. O instituto onde (=em que, no qual) Leonardo se prepara ON LINE
para o Vestibular. Há edifícios onde (= em que, nos quais) Darcy usou muita Em português ligado a uma rede de informações; na França en ligne (Folha de S.
imaginação aos construí-los. A cidade onde (= em que) João Baptista nasceu. Paulo, 12.10.97)
Nesses exemplos, onde, advérbio relativo com antecedente expresso, equivale a em
que, pronome relativo. Quando o antecedente não expressar lugar, não usar onde e, OPORTUNISTA vs. OPORTUNÍSTICA
sim em que, na qual, no qual, nas quais, nos quais. Ex.: No dia em que se descobriu Não existe oportunística no VOLP.1
a penicilina. O ano em que me formei em Medicina... Na época em que o 1. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 4 ed.
adolescente não enfrentava tantos problemas... É o século em que a terapia Rio de Janeiro: A Academia; 2004.
genética está progredindo muito. Foi uma palestra em que todos aprenderam
bastante. A idéia em que... O resultado anatomopatológico em que ... O pensamento ÓPTICO vs. ÓTICO
em que.... (Silveira IC. Textos médicos: aspectos lingüísticos. JBM 1999; 76(1/2):36- Óptico: relativo à visão, ou ao olho; ocular (var: ótico 2). Ótico 1: relativo ou
40. pertencente a ouvido. Ótico 2 – v. óptico (Aurélio1999). O adjetivo ótico deveria ser
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usado somente para o ouvido, mas, por ser também uma forma variante de óptico, Ex.: “Assim que terminou a apuração, começou a festa do candidato” (ou “Logo que
pode ser usado para a visão, para o olho. O adjetivo óptico só pode ser usado para terminou a apuração....”, “Mal terminou a apuração...”. ). Suponho que seja ela a
a visão. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 12.3.00) melhor candidata (ou “Suponho que é ela a melhor candidata”, caso se queira
Resumindo, a palavra óptica só pode ser usada para os fenômenos da visão, ótica é afirmar que a suposição se fundamenta em dados muito fortes). Se se calar, o
referente ao ouvido e pode ser usada como sinônimo de óptica. (Duarte SN. Língua presidente acabará consentindo (ou “Caso se cale, o presidente...”).1,2
Viva. JB, 20.5.01) 1. Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil. 15 out 2000.
As duas formas encontram registro nos dicionários e no VOLP. No Novo Aurélio e no 2. Cipro Neto P. Persistindo os sintomas. Revista O Globo. 20 nov 2005;p.38.
Houaiss, quando se procura “óptica” se encontra referência à variante “ótica”. O
Houaiss registra a variante “ótica” como típica do português do Brasil. No dicionário ORAÇÃO SUBORDINADA E PRONOME OBLÍQUO ÁTONO
da Academia das Ciências de Lisboa, não há registro de “ótica” como variante de A colocação dos pronomes oblíquos átonos é, antes de mais nada, questão de
“óptica”, isto é, com o sentido de “parte da física que estuda as leis relativas às harmonia, de eufonia, ou de “fonética sintática” (apud Evanildo Bechara). Com uma
radiações luminosas e aos fenômenos da visão). O dicionário português diz que os oração subordinada, a colocação usual (na fala e na escrita) é a proclítica (antes do
adjetivos “ótico” e “ótica” significam “que é relativo (a) ao ouvido ou “que se emprega verbo). Exs.: Israel anunciou que se retirará.. Disse que se casará logo. Informei-lhe
no tratamento de doenças dos ouvidos”. Nossos dicionários também dão aos que a cerimônic se iniciará no horário previsto. Ela sabe que me aborreci. (Cipro
adjetivos “ótico” e “ótica” esse sentido, mas dizem que essas formas podem ser Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 11.8.02)
também variantes de “óptico” e “óptica”. Assim, entre nós, as palavras “ótica” e
“ótico” podem aparecer: 1) como variantes de “óptica” e “óptico”, ou seja, podem ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA
referir-se aos fenômenos da visão; 2) como adjetivos relativos ao ouvido. Quando vo, é claro. Qualifica o substantivo “pessoa”.
relativo ao ouvido, o adjetivo “ótico” (de origem grega) pertence à família de que Muito bem. Em vez de dizer “pessoa mentirosa”, é perfeitamente possível dizer
fazem parte “otite”, “otorrinolaringologia”, “otalgia”, etc. Entre nós, pode-se dizer: Sob “pessoa que mente”. Agora, quem é que qualifica “pessoa”? A oração “que mente”,
a óptica (ótica) dos românticos, essa questão se resolve com..., em que as palavras que tem valor de adjetivo e, por isso, é oração subordinada adjetiva.
óptica e ótica significam “modo de ver as coisas”. (Cipro Neto, P. Ao pé da letra. O Vimos também que esse “que” que introduz a oração adjetiva “que mente” pode ser
Globo, 13.6.04) substituído por “a qual” (pessoa que mente = pessoa a qual mente). E, por fim,
vimos que esse “que” se chama pronome relativo.
ORAÇÃO COORDENADA Pessoas mentirosa. Mentirosa é adjetivo porque qualifica o substantivo “pessoa”.
Duas orações coordenadas devem ser separadas por vírgula, pois são Em vez de dizer “pessoa mentirosa”, é perfeitamente possível dizer “pessoa que
sintaticamente independentes. Ex.: O CP deve ter formato cilíndrico, e a análise mente”. Agora, quem é que qualifica “pessoa”? A oração “que mente”, que tem valor
química pode ser determinada por espectometria. (9) de adjetivo e, por isso, é oração subordinada adjetiva. Esse “que” que introduz a
oração adjetiva “que mente” pode ser substituído por “a qual” (pessoa que mente =
ORAÇÃO COORDENADA E PONTUAÇÃO pessoa a qual mente). Esse “que” se chama pronome relativo. (Cipro Neto P, Ao pé
“Pedro convida Maria, e Joana se irrita”. O sujeito da segunda oração (“Joana”) é da letra, O Globo, 6.6.99)
diferente do da primeira (“Pedro”). Nesses casos, a vírgula antes do “e” é, no
mínimo, sinal de prudência. Experimente ler o trecho sem a vírgula. Num primeiro ORA vs. HORA
momento, é inevitável entender que Pedro convidou Maria e Joana. Outro exemplo: A Raquel... por ora (= por agora, neste momento), só quer comemorar. Hora com h
“Paulistas preferem cinema cariocas teatro”. Há duas orações, mas o verbo só é são 60 minutos. Ex.: Ele só andava a 100 quilômetros por hora. (Duarte SN, Língua
explícito na primeira (“Paulistas preferem cinema”). O verbo da segunda (“preferem”, Viva, Jb,7.3.99, p.14)
implícito) será substituído por uma vírgula (“cariocas, teatro”), pela razão que já
comentamos. A separar as orações estará a postos o glorioso ponto-e-vírgula. O RECIFE vs. RECIFE
“Paulistas preferem cinema; cariocas, teatro”. Além da vírgula no interior da segunda O mesmo ocorre quanto ao uso do artigo definido antes do nome da cidade “de” ou
oração, pesa na escolha do ponto-e-vírgula o fato de as preferências de paulistas e “do” Recife. Os recifenses fazem questão do artigo. Não custa nada respeitá-los,
cariocas serem diferentes, o que indica que as orações guardam entre si oposição e afinal eles sabem melhor que ninguém onde nasceram: foi NO RECIFE (Duarte SN.
autonomia. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. 10.9.00) Língua Viva. JB, 7.6.98)
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ORDEM DAS PALAVRAS E CLAREZA DO SENTIDO segundo termo é irregular, porquanto órkidos é forma errônea de genitivo grego
Ex: “Ao chegar ao ancoradouro, recebeu Alzira Alves Filha um colar indígena, feito (Cardenal, 1958). Da raiz ork, forma-se o tema orki, prefixo de vários termos
de escamas de pirarucu e frutos do mar, que estava acompanhada de um grupo de médicos em diversas línguas, introduzidos na linguagem científica a partir do século
adeptos do Movimento Evangélico Unido.” Este texto foi publicado em um jornal. O XIX. Em português: orqui. Orquio é o tema grego orki acrescido da vogal de ligação
texto é horrível, para dizer o mínimo. Antes, é preciso entender o motivo da o. Pela praxe, as palavras de sentido restritivo procedentes do grego originam-se do
confusão, da falta de clareza. O pronome relativo “que” , que inicia a oração “que genitivo dessa língua. Daí, orquiopexia é o vocábulo regular, pois tem o elemento
estava acompanhada...”, recupera “Alzira Alves Filha” . Foi ela que recebeu o colar. orquio procedente do genitivo grego orkeos ou orkios (e não, orkidos), com valor
Era ela que estava acompanhada de um grupo de adeptos do Movimento restritivo. Galvão (1909) pondera que “o Dict. de Littré e outros trazem –
Evangélico Unido. O papel do pronome relativo é relacionar, estabelecer relação e, orchidopexie – donde pareceria justificar-se a forma orchidopexia; mas, de facto, não
ao mesmo tempo, evitar a repetição, sintetizar. O “que” se refere a “Alzira” deve ser existindo o δ (delta) no radical όρχις (órkhis), e formando-se os mais derivados
colocado o mais próximo possível desse termo. Na posição em que está, o “que” congeneres com a flexão orkhio, claro é que em portuguez o vcb. correcto e
parece retomar “mar”, “pirarucu”, “colar” ou sabe-se lá o quê. Quando se chega a acceitavel é – orchiopexia –”. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões
“acompanhada”, percebe-se que o termo retomado pelo “que” é “Alzira”, distante, médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da
ultradistante. . Vamos melhorar o texto: “Ao chegar ao ancoradouro, Alzira Alves Universidade de Brasília)
Filha, que estava acompanhada de um grupo de adeptos do Movimento Evangélico
Unido, recebeu um colar indígena, feito de escamas de pirarucu e frutos do mar.” ORTO –
Note a importância da anteposição da oração “Ao chegar ao ancoradouro”. Com Elemento que vem do grego e significa reto, direito, normal, correto. Exs.: ortografia
isso, o verbo “chegar” se aproxima de “Alzira”. Experimente pôr essa oração no fim (regras que se referem à grafia correta das palavras); ortodontia (ramo da
(depois de “mar”). Não é péssimo, mas não é a oitava maravilha do planeta. O odontologia que se ocupa da correção dos dentes); ortopedia (arte de prevenir ou de
elemento complicador da clareza seria a grande distância entre “Alzira” e “ao chegar corrigir as deformidades do corpo com o auxílio de exercícios metódicos ou de
ao ancoradouro”. Outro exemplo: “Mais um posto retomado pela BR que não meios mecânicos). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 25.5.03)
distribuía produtos da nossa marca”. Quem é quem? A quem se refere o “que”? Qual
é seu antecedente? Ao pé da letra, esse “que” retoma “BR”, o que torna ORTOÉPIA
perfeitamente possível entender que era ela, BR, que “não revendia produtos da [Do gr. orthoépeia.] S. f.1. Pronúncia normal e correta; ortofonia. [Antôn.: cacoépia.]
nossa marca”. Basta mexer na ordem das peças para que o texto perca o caráter 2. Prosódia (2) [Var. pros.: ortoepia.] (Aurélio eletrônico). O nosso sistema
nebuloso: Retomado pela BR mais um posto que não revendia produtos da nossa ortográfico está assentado na realidade da pronúncia e na conservação de traços
marca”. Deve-se levar em conta (e entender) o salto de “BR” (terceira pessoa) para o etimológicos. Ocorre que nem sempre esse atendimento a princípios etimológicos se
possessivo “nossa” (primeira pessoa), presente em “nossa marca”. Na verdade, “BR” faz dentro do rigor científico, e aí aparecem na escrita certas letras com pretensa
e “nossa marca” são uma coisa só. É como se se dissesse isto: “Retomado por nós atenção à origem, mas que são de todo inoportunas por errôneas. Essas
da BR mais um posto que não revendia produtos da nossa marca”. Mais outro intromissões na grafia das palavras acabou por influenciar a má pronúncia. Ex.:
exemplo: “Deputados querem ‘limpar’ obras com irregularidades”. As aspas em “fleugma”, oriundo do latim flegma e este do grego phlégma. Pelos princípios gerais
“limpar” indicam que o verbo não foi empregado em seu sentido literal. Não se quer que caracterizam a continuação dos vocábulos latinos no português, temos os
jogar água e sabão nas obras, mas tirá-las da lista das “sujas”, ou seja, daquelas em vernáculos “freuma” e “freima”, com vocalização do “g” em “u” ou “i” e a passagem
cujo processo de licitação ou de liberação de verbas há algum tipo de irregularidade. do “fl” inicial latino, a “fr”. Por influência erudita, na língua padrão, “freuma” foi
A frase é ambígua, e o vilão é o termo “com irregularidades”. A quem se refere? A desbancado por “fleuma”. Veio a corrente etimologizante e introduziu erradamente o
“obras”? Ou ao ato de “limpar”? Os deputados querem “limpar” as obras que têm “g” latino que já estava representado no “u” de fleuma, originando-se daí a grafia
irregularidades, ou querem, com irregularidades, “limpar” as obras? Em suma: “fleugma”, que levaria o falante a pronunciar o descabido “g”. Os dicionários
querem eliminar as irregularidades que impedem o prosseguimento das obras ou, correntes têm as formas “fleuma” e “flegma”, “fleumático” e “flegmático”. (Elia S et al.
sob o pretexto de regularizá-las, praticam mais irregularidades? Se a expressão Na ponta da língua, vol.1, Rio de Janeiro: Lucerna; 1998)
“com irregularidades” fosse para o início (“Com irregularidades, deputados querem A preocupação etimologizante restabeleceu o grupo latino “sc” que aparece em
‘limpar’ obras”), não haveria ambigüidade. Haveria ironia e denúncia, mas não era grafias como “nascer”, “crescer”, “Renascimento”, em que “sc” representam o
essa a informação que se queria transmitir. Para que ficasse claro o sentido fonema /s/ inicial grafado com”c” em “cinema” e com “s” em “seda”. Nascer era
pretendido, bastaria redigir assim: “Deputados querem ‘limpar’ obras irregulares”. escrito, antes da injeção de latin, “nacer”. Desconhecendo esta intenção meramente
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 17.9.00) gráfica de aproximar o português do latim, muita gente pensa estar falando melhor
fazendo soar o “s” do grupo “sc” em “nascer”. (Elia S et al. Na ponta da língua, vol.1,
ORQUIDOPEXIA Rio de Janeiro: Lucerna; 1998)
Recomendável orquiopexia. Orqui – orquio – orquid – orquido são prefixos Na pronúncia normal brasileira, os finais vocálicos seguidos de “s” ou “z” deixar ouvir
provenientes do grego orkis, orkiós, gônada masculina. Apesar de orqui ser prefixo um /i/ adventício; proferem-se exatamente da mesma maneira “pás”, “paz” e “pais”.
existente em diversos vocábulos (orquicoréa, orquineuralgia, orquipausa), nos Estariam neste caso a conjunção “mas”e o pronome e advérbio “mais”; todavia para
dicionários, não há orquipexia. Há orquiopexia e orquidopexia. Não obstante, o evitar más grafias, professores do Rio de Janeiro adotaram primeiro a pronúncia
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com um “a” abafado (hábito lusitano) e depois com “a” nasalado, já que o primeiro diferente se fosse escrita com “z”. Nosso sistema é misto, já que leva em conta o
expediente esbarrava com a inexistência daquele entre brasileiros. Surgiu assim a aspecto etimológico (a origem da palavra) e o fonético. (Cipro Neto P. Ao pé da letra.
pronúncia carioca / mãs/ que se difundiu para fora do estado. (Elia S et al. Na ponta O Globo, 2.12.00)
da língua, vol.1, Rio de Janeiro: Lucerna; 1998)
ORTOGRAFIA CORRETA
ORTOÉPIA vs. PROSÓDIA Orto vem do grego e significa “correto”. Portanto, ortografia já significa “escrita
Ortoepia trata da correta pronúncia das palavras. Ex.: "advogado", e não correta”. Falar ortografia correta seria redundante e ortografia errada, um absurdo.
"adevogado" (o d é mudo). A prosódia trata da correta acentuação tônica das Bastaria dizer “grafia correta” e “grafia errada”. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 9.12.01)
palavras. Ex.: "rubrica" (palavra paroxítona), e não "rúbrica" (palavra proparoxítona).1
1. Nossa língua_nossa pátria [página na Internet]. Rio de Janeiro: Núcleo de OSO/OSA (SUFIXOS: ORTOGRAFIA)
Computação Eletrônica da UFRJ – Projeto DOSVOX;c2002 [atualizada 15 nov 2004; Os sufixos “-oso/-osa” indicam idéia de abundância. Essas terminações são
citadda 7 abr 2005] Ortoépia e prosódia; [4 telas]. Disponível em: grafadas com “s”: gostoso, fogoso, amoroso, perigoso, delicioso, chuvoso,
http://intervox.nce.ufrj.br/~edpaes/ortoepia.htm escandaloso etc. Não deixe de notar a idéia de abundância, excesso: gostoso é
cheio de gosto, saboroso é cheio de sabor, chuvoso é cheio de chuva etc. (Cipro
ORTOGRAFIA Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 12.9.99)
Vigora o sistema ortográfico decorrente da reforma de 1943, com as pequenas
alterações introduzidas pela reforma de dezembro de 1971. (Cipro Neto P., Ao pé da Ostomia, ostomisado, osteoma
letra, O Globo, 14.3.99, p.22) Ostomisado é forma incorreta de “ostomizado”, neologismo mal formado e, assim
Ademar – Aírton - Aluísio - Amsterdan - Arrais – Artur – chope -Cila Médici – Correia como ostomia, é inexistente nos dicionários. Correto seria estomizado, do grego
- Darci Ribeiro – Diogo – Euclides - Iemanjá – Inês – Itamarati - Jaime – Jeribá (o stóma, boca, e -izado. Em português, as formas derivadas de stoma fazem-se com
fonema je deve ser representado pela letra j nas palavras indígenas) – Laje - Luís – e, não o, quando inicia palavra: estoma, estomatite, estomódio (Academia, 1998).
.Luísa – Manilha - Manuel – Mateus - Moacir - Morais – Nazaré - Nélson - Niterói – Não há “ostoma”, nem “ostomia”. Estoma é nome regular, autônomo e existente no
Osvaldo – Parati – Resende - Rui - Sabóia – Sales – Sousa – Teresa – Tiago - léxico (Academia, ob. cit.). Ex.: estoma distal (ou proximal) da colostomia.
Tomás – Ulisses - Vágner - Viana - Vinícius de Morais –Vilma – Vladimir –Obs: as Geralmente é usado para compor vocábulos: estomalgia, estomatomicose. O termo
regras ortográficas têm que ser as mesmas para os nomes próprios e para os colostomia, por exemplo, é composto de três elementos: colo+estoma+ia ou
comuns. Não importa como o nome próprio está na certidão de nascimento. (Castro colo+stoma+ia. Do mesmo modo, podem ser também decompostos os vocábulos
M. A imprensa e o caos na ortografia. São Paulo: Record; 1998) vesicostomia, ileostomia, nefrostomia e semelhantes. Outrossim, não há estomia nos
Assunção – Florença – Cidade do Cabo – Copenhague – Marselha (Martins E. De dicionários como palavra independente. Entretanto, é nome encontrável na literatura
palavra em palavra, O Estado de S. Paulo, 6.3.99, Estadinho, p. 7) médica: “O atrativo da técnica é a presença de única estomia” e “Verificou-se a
O Formulário Ortográfico, que rege a adaptação para o Brasil (pois há pequeninas ocorrência de dermatite periestomia”, “efluente líquido das estomias” (A. Lopes e
adaptações) do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela cols., Braz J Urol, v. 27 (suppl. 1), 2001, p. 159); “Estomias e drenos veiculam
Academia das Ciências de Lisboa, edição de 1940. Reza o Formulário, de 1942, que secreções digestivas e secreções purulentas” (Margarido & Tolosa, 2001). VOLP
entraria em vigor em 1943: Os nomes próprios personativos, locativos e de qualquer (Academia, 1998) registra estômia. Ostomia é erro gráfico indiscutível. Osteoma, em
natureza, sendo portugueses ou aportuguesados, estão sujeitos às mesmas regras lugar de estomia, é erro grosseiro. Tem sido adotado, em medicina o termo
estabelecidadas para os nomes comuns. Trata-se do item XI, “Nomes Próprios”, estomoterapeuta, neologismo útil e bem formado. No VOLP, há estomocefalia,
parágrafo 39. Logo, devemos escrever Kubitschek pois não é nome português nem estomocéfalo, estomogástrico, estomografia entre outros. Na formação de palavras
aportuguesado. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. São Paulo: Record; procedentes do grego ou latim, usa-se o e prostético (não “o”) antes de termos
1998) iniciados por s, seguido de outra consoante. Exemplos: species> espécie, stilus>
É preciso conviver pacificamente com as dificuldades do sistema ortográfico da estilo, spatium>espaço, stómachós>estômago, strategía>estratégia, stoma>estoma.
língua portuguesa. A leitura, a escrita e as consultas ao dicionário afugentam o erro Note-se que não se diz “fazer uma oscopia” mas, escopia, tendo em vista os termos
ortográfico. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 12.9.99) histeroscopia, gastroscopia, duodenoscopia, rinoscopia, otoscopia, colonoscopia.
A grafia dos antropônimos se baseia oficialmente nas Instruções para a organização (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falha e acertos.
do vocabulário ortográfico da língua portuguesa, de 1943. Porém, a partir de 1944, o Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de Brasília)
item que trata da grafia dos nomes próprios personativos, para igualá-los às
mesmas regras dos nomes comuns, tem provocado muita polêmica. Com efeito, a OSTRACISMO
Circular n. 187, assinada pelo desembargador Guilherme Estelita, determinava que A palavra provém do grego ostrakismos, derivada de óstrakon, concha. Em Atenas,
os nomes próprios de pessoas ficassem isentos de simplificação gráfica. (Azevedo existia o costume de exilar pessoas que fossem consideradas uma ameaça ao
Filho LA. Antropônimos. Carta dos Leitores. JB. 28.5.00) governo. O povo tinha o direito de aprovar ou rejeitar a decisão por meio de votos,
Sabemos que o sistema ortográfico da nossa língua não é a oitava maravilha do gravados com um estilete em cascas de ostra revestidas de cera. O banimento tinha
planeta. “Casa”, por exemplo, escreve-se com “s”, mas sua leitura não seria tempo determinado, em geral dez anos, e não resultava no confisco dos bens do
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desterrado. Por extensão do sentido, a palavra ostracismo psssou a ser aplicada Não existe em inglês com o sentido que lhe damos aqui. A palavra correta lá é
não apenas aos políticos, mas também a qualquer pessoa cujo período de fama billboard. (Rodrigues S. Língua Portuguesa. JB, 4.1.04)
tenha terminado. (Martins E, De palavra em palavra, O Estado de S. Paulo, 1.5.99,
caderno Estadinho, p.7) OUTRA ALTERNATIVA
Redundância
OTOMANO
Verbete: otomano OU SEJA, OU MELHOR, ISTO É, A SABER
[Do antr. Uthman, ‘Osmã’, imperador turco (1259-1326).] Adj. e s. m. 1. V. turco (1 e Expressões que servem para reiterar, explicar, introduzir séries devem vir entre
2). (Aurélio eletrônico) vírgulas. P.ex.:Esses valores foram medidos em dois oleodutos de claros, ou seja,
O primeiro sultão, Osman (Otman em árabe, daí o nome do império) viveu no início mantivemos as determinações anteriores. Quando a expressão que se intercala é
do século 14. (Veja ano 33 n.17) tão longa que pode dificultar o entendimento, os travessões são preferíveis às
vírgulas. P.ex.:Os testes de laboratório - que mostraram inclusive que o produto não
OU (CONCORDÂNCIA VERBAL) resistiu ao ataque de ácido sulfúrico a baixas concentrações - não podem ser
O verbo concordará com o termo que vier depois do último ou. Ex.: Ângela ou considerados definitivos. (9)
Cristina se casará comigo. Ele ou eu serei eleito presidente. A parte ou as partes
entrarão de acordo. (7) OUTRA ALTERNATIVA vs. OUTRA OPÇÃO
Quando parte de orações coordenadas sindéticas, emprega-se a vírgula. Ex.: Ou Dizer “outra alternativa” não chega a ser um erro, pois é mais um caso de palavra
elas tocavam, ou jogávamos os três, ou então lia-se alguma cousa (Cunha C, Cintra cuja raiz (alter = outro) está sendo esquecida, como aconteceu com salada,
L. Nova gramática do português contemporâneo.2a. ed. Rio de Janeiro: Nova secretária, impostor. Prefiro usar “outra opção”. Rigorosamente, se você tem “uma”
Fronteira; 1985) alternativa, significa que há uma “outra” opção. E, se você não tem alternativa, é
Quando usamos a conjunção “ou”, com o valor de exclusão ou de dúvida, o verbo porque você só tem uma opção. ((Duarte SN. Língua Viva. JB, 19.8.01)
deve concordar com o que está mais próximo. Exs.: Ou eu ou você terá de viajar a
Brasília para resolver o problema. Ou você ou eu terei de viajar... Ladrão ou ladrões OXIMORO
invadiram a mansão do Morumbi. Um ou dois problemas precisam ser solucionados. (cs...ô). [Var. de oximóron < gr. oxymóron.]
(Duarte SN, Língua Viva, JB, 19.12.99) S. m. E. Ling. 1. Figura que consiste em reunir palavras contraditórias; paradoxismo;
Se houver idéia de “exclusão”, o verbo concorda com o núcleo mais próximo. Ex.: oximóron. Ex.: silêncio eloqüente; inocente culpa (Dicionário Aurélio Eletrônico
Ou você ou eu terei de resolver o problema (= apenas um resolverá o problema). Ou Século XXI)
eu ou o diretor terá de viajar para São Paulo (= apenas um viajará). O Brasil ou Chile Figura em que se combinam palavras de sentidos oposto que parecem excluir-se
será a sede do próximo campeonato. Se não houver idéia de exclusão (= e/ou), a mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão; paradoxismo;
concordância é facultativa. A nossa preferência é o plural. Exs.: O gerente ou o contradição em termos. Exs.: obscura claridade; música silenciosa; contentamento
diretor podem (ou pode) assinar o contrato (= um ou os dois podem assinar). descontente (Camões). (Rodrigues S. Oximorosos. Mascando clichê. Domingo. JB,
Dinheiro ou cheque resolvem (ou resolve) o meu problema. Se houver idéia “aditiva” 30.9.01). Obs: este autor usa “oxímoro”.
(= e), o verbo deve concordar no plural. Exs.: O pintor ou o escultor merecem
igualmente o prêmio (= o pintor e o escultor merecem igualmente o prêmio). Futebol OXÍTONAS E ACENTO GRÁFICO
ou carnaval fazem a alegria do brasileiro. Se houve idéia de “dúvida” (=retificação de Só recebem acento gráfico se terminarem em o, e, a. Exs.: compô-la; propô-lo;
número), o verbo deve concordar com o mais próximo. Exs. Ladrão ou ladrões vendê-la; ajudá-lo; procurá-la. As terminadas em i,u não recebem acento gráfico.
invadiram o palacete do Morumbi. O assassino ou assassinos já devem estar no Exs.: dividi-lo; adquiri-la; servi-los. Lembrar que deveremos usar o acento agudo
exterior. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 22.4.01) caso as vogais i, u formem hiatos com a vogal anterior: destruí-lo; construí-la;
distribuí-los; atraí-las; possuí-lo. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 11.10.98, p.14)
OURO (ETIMOLOGIA) Acentuam-se as vogais “i” e “u” tônicas, formando hiato com a vogal anterior e
Do latim “aurum” (ouro), radicado em “aur”, palavra pré-romaan que já designava o formando sílaba sozinha ou com “s”. Exs.: Gra-já-ú, ba-ú, I-ta-ú, I-ca-ra-í, eu sa-í, eu
metal precioso. O gramático latino Sextus Pompeius Festus (século 1) já registra a in-flu-í, eu a-tra-í, pa-ís. A diferença, portanto, é o hiato: Ca-ju, mas Gra-já-ú, I-ca-tu,
forma popular “orum”, praticada pelos funcionários do Império Romano em suas mas I-ta-ú. (Duarte SN, Língua Viva, Jornal do Brasil, 4.7.99)
províncias, inclusive em Portugal e na Espanha. Isso explica que em português seja Quando a Segunda vogal de um hiato é “i” ou “u”, tônicos, ocorre acento. Exs.: Itaú,
“ouro”, em francês “or”, em italiano “oro”. Apenas o latim clássico conservou a inicial Grajaú. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 14.11.99)
“a”. Todas as línguas –filhas apoiaram-se no latim coloquial.1 Só acentuamos as palavra oxítonas terminadas em “a”, “e” e “o”, seguidas ou não de
1. Silva D. Língua viva: a viagem dos magos. Jornal do Brasil. 3 jan 2005;Caderno “s”. Exs.: sofá, sabiá, atrás, aliás, café, você, chinês, invés, cipó, avô, avós, propôs.
B:B2. As formas verbais terminadas em “a”, “e” e “o”, seguidas dos pronomes la(s) ou lo(s)
devem ser acentuadas. Exs.: encontrá-lo, recebê-la, dispô-la, amá-lo-ia, vendê-la-ia.
OUTDOOR Não se acentuam as oxítonas terminadas em i(s), u(s), az, ez, oz, or, im: Exs.: aqui,
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Versão preliminar Lígua Portuguesa na Medicina Carlos Alberto Guimarães Versão preliminar Lígua Portuguesa na Medicina Carlos Alberto Guimarães
Parati, anis, barris, dividi-lo, adquiri-la, caju, bauru, Bangu, urubus, compus, Nova do quadro. O doente evoluiu bem no pós-operatório (O pós-operatório transcorreu
Iguaçu, capaz, talvez, feroz, condor, impor, compro, ruim, assim, folhetim. As bem). (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falha e
oxítonas terminadas em “em(éns)”recebem acento agudo se tiverem mais de uma acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de
sílaba. Exs.: recém, porém, alguém, ninguém, armazéns, parabéns, tu intervéns, tu Brasília)
deténs. As palavras monossílabas terminadas em “em(éns)”não têm acento agudo.
Exs.: bem, trem, ele tem, ele vem. No entanto, a omissão da preposição antes da PACIENTE INICIOU COM DOR
conjunção integrante “que” é outra marca do português falado no Brasil. Ex.: .. quer Frase defeituosa. Falta-lhe o complemento do verbo iniciar. Quem inicia, inicia algo.
convencer-me (de) que o nosso frango.. “ e “...gostaria (de) que os especialistas...” Digamos mais adequadamente: Paciente apresenta (queixa-se de, tem, refere) dor.
(Duarte SN. Língua Viva. JB, 30.4.00) Ou: O quadro se iniciou com dor. O paciente é quem sofre as doenças. Os agentes
Palavra oxítona (a sílaba tônica é a última) terminada em u não é acentuada, exceto causadores é que, de ordinário, as iniciam, não o doente. Em geral, as
se formar hiato com a vogal anterior. Ex.: Grajaú. (Niskier A. Na ponta da língua. O manifestações são iniciadas pelas lesões, não pelo doente, embora, em certos
Dia, 21.5.00) casos, seja o próprio enfermo causador de lesões. Um indivíduo pode iniciar
envenenamento ao tomar substâncias tóxicas ou infecção intestinal se ingerir
PABX alimento infectado. // É característica da linguagem não-literária dizer: “O paciente
Private Automatic Branch Exchange. internou”, “Ele formou em medicina”, “Ele levantou cedo”. Mas, na linguagem formal,
a regência dos verbos é estabelecida por normas de uso culto. (Bacelar S, Galvão
PACHORRA CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria
“Pachorra” vem do espanhol e quer dizer “fleuma, calma excessiva, falta de pressa”. Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de Brasília)
Na frase-clichê como “fulano teve a pachorra de fazer isso ou aquilo”, interpreta-se
como “coragem, topete” o que é, na verdade, “cara-de-pau, frieza”. O fleumático – PALÁCIO (ETIMOLOGIA)
ou seja, o pachorrento – é um indivíduo impassível, capaz de cometer as ações mais Foi numa das sete colinas da Roma antiga, o Palatino, que o imperador Augusto
ousadas com uma calma extraordinária, sem mover um músculo da face. Acaba, erigiu a imponente residência real. Por dominar o monte, ela ficou conhecida como
nesse sentido, sendo um intrépido, sim. Mas a qualidade que a palavra nomeia nele palácio e a palavra passou mais tarde a designar toda casa grande e luxuosa de
é o sangue-frio.1 pessoas ricas.1
1. Rodrigues S. A palavra é... Nominimo 1° mar 2006. Disponível em: 1. Martins E. Sonho de Dom Bosco antecipa o futuro. Livraria Cultura News
http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationS [periódico na Internet]. Jul 2005 [citada 17 jul 2005];133:[4 telas]. Disponível em:
ervlet?publicationCode=1&pageCode=65 http://200.189.177.204/culturanews/n133/edicao/htm/mat_03.htm
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concentrado de plaquetas, concentrado de leucócitos, concentrado de fator. A VI passou por lá e o paço virou realmente palácio. Mas aí o diminutivo já tinha
acepção própria de papa é alimento em forma de mingau, especialmente farinha pegado. A palavra “palácio” vem do Monte Palatino, em Roma, que era onde ficava
cozida no leite ou na água até adquirir consistência de pasta mais ou menos a casa do imperador. Com a república, o nome palácio passou a ser utilizado
espessa. Em rigor, papa de hemácias equivale a mingau de hemácias. Do latim também em prédios oficiais. Assim nasceu o Palácio do Itamaraty (palacete
pappa ou papa, alimento na linguagem infantil (Ferreira, 1999) (Bacelar S, Galvão construído em 18543 pelo comerciante Francisco José da Rocha, o Barão de
CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Itamaraty, que foi a primeira sede do governo republicano) (Autran P. A majestade
Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de Brasília) do Rio registrada em seus nobres palácios. O Globo, 21.12.03)
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Só o segundo elemento varia no grupo mais comum (dois adjetivos). Exs.: Quando há 2 substantivos e o segundo não fizer papel de adjetivo, os 2 pluralizam.
problemas políticos-partidários; questões econômico-financeiras; clínicas médico- Ex.: cirurgiões-dentistas; pesos-galos; couves-flores (uma couve-flor não é um tipo
odontológicas. Exceção: rapazes surdos-mudos; moças surdas-mudas. Com os de couve), etc. (Duarte SN, JB 19.10.97)
adjetivos formados por cor + adjetivo, o plural tido como padrão é carros azul- Em homem-bomba, o segundo substantivo limita a extensão do primeiro: o homem-
escuros, calções vermelho-claros. Os falantes, no entanto, usam carros azul-escuro, bomba é homem, mas age como bomba, tem o papel de bomba. A tradição sugere
entendendo que o escuro é o azul, não o carro. Por trás disso estaria uma que se flexione apenas o primeiro elemento: os homens-bomba. No Aurélio, p.ex.,
construção como “carros de um tom escuro de azul”. Existem os adjetivos bomba-relógio, samba-enredo, peixe-boi, salário-família, pombo-correio, aparecem
compostos formados por cor + substantivo, em que não se flexiona nenhum dos com dois plurais (flexão do primeiro ou flexão dos dois). No Houaiss, em peixe-boi,
elementos: dentes amarelo-ouro; camisas verde-garrafa; blusas azul-piscina. Para a só se dá peixes-boi. Parece-me que a tradição da língua sugere que se flexione
norma azul-escuro e azul-piscina são diferentes, mas para os falantes são apenas o primeiro elemento desses compostos. Não se pode negar, no entanto, a
semelhantes. Para a norma, uma camisa é azul-escura, e duas são azul-escuras; existência do uso das formas em que se flexionam os dois elementos. (Cipro Neto P.
uma camisa é azul-piscina e duas são igualmente azul-piscina. Os falantes tendem a Ao pé da letra. O Glob, 20.7.03)
igualar os dois casos, porque em ambos vêem a idéia do tom da cor. Com os Quando os substantivos compostos são constituídos por verbo repetidos: corre-
adjetivos formados com a expressão “cor de”, nada varia. Exs.: camisas gelo; carros corre, empurra-empurra, troca-troca, a tradição da língua parece sugerir que se
vinho; paredes creme. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 10.8.03) flexione apenas o segundo elemento, mas não faltam registros de outro
Quando se juntam dois ou mais adjetivos (adjetivo composto), o primeiro não varia. procedimento (flexão dos dois elementos). Ex.: os corre-corres ou os corres-corres;
Exs.: proposta uruguaio-peruana; proposta peruano-uruguaia; proposta luso- os empurra-empurras ou os empurras-empurras; os troca-trocas ou os trocas-trocas.
brasileira; proposta franco-luso-brasileira; final franco-brasileira; proposta brasilo- O Aurélio registra as duas formas de plural para empurra-empurra e troca-troca; para
portuguesa (forma “brasilo” não “pegou”). Quando se juntam dois adjetivos pátrios corre-corre, o único plural indicado é corre-corres. O Houaiss dá duas formas de
que têm forma reduzida, a tendência é que o mais curto seja o primeiro. Exs.: plural para corre-corre e troca-troca; para empurra-empurra, só da a forma “empurra-
franco-brasileira. Quando dois adjetivos pátriso têm forma reduzida, só se reduz o empurras”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Glob, 3.8.03)
primeiro: proposta luso-francesa; proposta franco-portuguesa. Quando se juntam Admitem dois plurais (flexão do primeiro elemento ou dos dois) quando o segundo
dois que não têm forma reduzida, não se reduz nenhum: proposta argentino- substantivo limita o primeiro em termos de semelhança, finalidade etc. Exs.:
uruguaia; proposta uruguaio-argentina. Alguns adjetivos pátris com forma reduzida: bananas-maçã ou bananas-maças; bananas-prata ou bananas-pratas; bananas-ouro
anglo; greco; ítalo; hispano; nipo; sino (Cipro Neto P. Nossa língu em letra e música. ou bananas-ouros. A tradição da língua recomenda que se flexione apenas o
São Paulo: EP&A; 2002. p. 22) primeiro elemento, mas modernamente se registra também o uso das formas em
que se flexionam os dois elementos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
PALAVRA COMPOSTA ADVÉRBIO + SUBSTANTIVO (FLEXÃO: PLURAL) 2.11.03)
Geralmente, não há variação. Exs.: os fora-da-lei; veículos fora-de-estrada. No
entanto, além-mundos. O melhor é tratar cada caso isoladamente. (Rodrigues S. PALAVRA COMPOSTA (FLEXÃO: PLURAL)
Língua Viva, JB, 30.3.03) Quando há 1 substantivo e 1 adjetivo ou 1 adjetivo e 1 substantivo, ambos
pluralizam. Ex.: caixas-pretas; altos-relevos; cachorros-quentes; cartões-postais;
PALAVRA COMPOSTA PREPOSIÇÃO + SUBSTANTIVO (FLEXÃO: PLURAL) matérias-primas, altas-rodas, altos-fornos, batatas-doces, bóias-frias, cabeças-
Tem plural invariável. Ex.: os sem-terra; os sem-vergonha; os sem-sal. Não se aplica chatas, guardas-noturnos, ovelhas-negras, puros-sangues, ares-condicionados,
a “sem-vergonhice” e “sem-serifa”, que no plural se transformam em “sem- obras-primas; boas-novas; amores-perfeitos; dedos-duros; guardas-civis; meias-
vergonhices” e “sem-serifas”. (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 30.3.03) luas; peles-vermelhas; etc.
Quando o primeiro elemento da palavra composta é verbo, somente o segundo (=
PALAVRA COMPOSTA SUBSTANTIVO + SUBSTANTIVO (FLEXÃO:PLURAL) substantivo) vai para o plural. Exs.: guarda-chuvas; salva-vidas; quebra-molas;
Quando há 2 substantivos e o segundo fizer papel de adjetivo, somente o primeiro arranha-céus; porta-bandeiras; bate-bocas, beija-flores, quebra-molas, pára-
pluraliza. Ex.: clubes-empresa (um clube-empresa é um tipo de clube); desvios- choques; caça-talentos (do anglicismo headhunters) (Duarte SN, JB, 12.4,98, p.14)
padrão; salários-família; carros-bomba; laranjas-lima, peixes-boi, operários-padrão, (Duarte SN, Língua Viva, JB, 13.12.98, p.16)
elementos-chave, etc. Esta regra não é muito respeitada. Encontramos registro de Quando o primeiro elemento de uma palavra composta for verbo, somente o
duas formas para o plural de decreto-lei: decretos-lei e decretos-leis. Há ainda segundo irá para o plural. Ex.: papa-defuntos; guarda-chuvas; mata-borrões; tapa-
exceções: micos-leões; cidades-satélites. No caso de samba-canção, sugiro sexos (Duarte SN, Língua Viva, JB. 1.8.99)
sambas-canção. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 27.12.98, p.16) Exs.: ‘‘homens cultos’’, ‘‘mulheres cultas’’, ou seja, trata-se da concordância de um
Ex.: camisas vermelho-cereja. Não se trata de dois adjetivos, e sim de um adjetivo adjetivo (‘‘caseiro’’) com um substantivo (‘‘doce’’). O plural é ‘‘doces caseiros’’. Se
(vermelho) e de um substantivo (cereja). Não se faz flexão de nenum dos elementos. tivéssemos ‘‘comida caseira’’, o plural seria ‘‘comidas caseiras’’. A palavra ‘‘coruja’’
Exs.: carros verde-abacate; meias amarelo-limão; verde-petróleo; amarelo- pode funcionar como adjetivo, em relação a ‘‘pai’’ ou ‘‘mãe’’, por exemplo. O plural,
ouro(Cipro Neto P. Nossa língu em letra e música. São Paulo: EP&A; 2002. p. 23) então, é como o de ‘‘doce caseiro’’: ‘‘pais corujas’’, ‘‘mães corujas’’. (Cipro Neto P.
Ao pé da letra. O Globo, 8.8.99)
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Para fazer o plural de uma palavra composta, é preciso antes verificar em que boi é substantivo composto; amarelo-claro em carro amarelo-claro é adjetivo
classe gramatical ela se encaixa. Basicamente, uma palavra composta pode ser um composto. O segundo passo é classificar cada elemento do composto. No caso de
substantivo ou um adjetivo. No caso de “pombo-correio”, temos um substantivo peixe-boi, os dois elementos formadores são substantivos. O segundo, “boi”, indica
composto. O segundo passo é verificar a classe gramatical de cada elemento semelhança em relação ao primeiro. O papel do substantivo boi é indicar
formador da palavra composta. No caso de “pombo-correio”, tanto “pombo” quanto semelhança; age, pois, como um limitador. Nesse caso, flexionam-se os dois
“correio” são substantivos. Dizem as gramáticas que, quando o segundo substantivo elementos (peixes-bois) ou só o primeiro (peixes-boi). No caso de “cavalo-marinho”,
indica idéia de semelhança ou finalidade em relação ao primeiro, há duas o substantivo composto é formado por um substantivo (cavalo) e um adjetivo
possibilidades de plural: variam os dois ou varia só o primeiro. “Pombo-correio” se (marinho). Variam os dois elementos. O plural só pode ser cavalos-marinhos. Esse
encaixa nesse caso. Um pombo-correio nada mais é do que “variedade de pombo princípio pode ser aplicado a todos os substantivos compostos formados por duas
que se utiliza para levar comunicações e correspondência”, como diz o próprio palavras, das quais uma seja substantivo e a outra, um adjetivo ou numeral. Ex.:
Aurélio. O segundo substantivo (“correio”) indica finalidade em relação ao primeiro obra-prima, primeira-dama, queixo-duro, primeiro-ministro, amor-perfeito, capitão-
(“pombo”). Deduz-se, pois, que o plural de “pombo-correio” pode ser “pombos- mor, cachorro-quente, boa-vida, curta-metragem, quarta-feira, sexta-feira, bóia-fria.
correio” ou “pombos-correios”. Outros exemplos de substantivos compostos que se O plural é feito com a flexão dos dois elementos. Tome cuidado com compostos em
encaixam nesse caso: “carro-bomba” (carro feito com a finalidade específica de que entram “grão” e “grã”, como grão-duque, grã-fina, grã-fino, grã-cruz. Só varia o
explodir; plural: “carros-bomba” ou “carros-bombas”), “samba-enredo” (samba feito segundo elemento: grã-finos, grã-cruzes, grão-duques, grã-finas. Merece destaque
para contar o enredo do desfile de uma escola; plural: “sambas-enredo” ou “sambas- “terra-nova”(tipo de cão) que, segundo alguns autores, faz plural excepcional:terra-
enredos”), “caminhão-tanque”; plural: “caminhões-tanque” ou “caminhões-tanques”, novas. Para outros, é possível o plural regular, terras-novas. Quando o substantivo
“navio-escola” (plural: “navios-escola” ou “navios-escolas”, “couve-flor” (couve composto é formado por três elementos, dos quais o segundo seja uma preposição,
semelhante a uma flor; plural: “couves-flor” ou “couves-flores”), “banana-maçã”; só se faz a flexão do primeiro. Exs.: mula-sem-cabeça, pão-de-ló, queda-d’água, pé-
plural: “bananas-maçã” ou “bananas-maçãs”), “saia-balão”; (A saia-balão é uma saia de-moleque (mulas-sem-cabeça, pães-de-ló, quedas-d’água, pés-de-moleque).
que lembra um balão; plural: “saias-balão” ou “saias-balões”) e tantos outros de Talvez esteja aí a explicação para o plural de “sem-terra”. Que plural? “Sem-terra”
estrutura semelhante (dois substantivos, com o segundo indicando semelhança ou mesmo. Porque se supõe que haja uma palavra implícita. Algo como “homem sem
finalidade em relação ao primeiro. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 22.8.99) terra”, que não é propriamente uma palavra composta, mas tem estrutura
Quando o substantivo não indica semelhança ou finalidade em relação ao primeiro, semelhante: dois substantivos (homem e terra), ligados por uma preposição (sem).
só há uma possibilidade de plural: flexionam-se os dois elementos. Exs.:”cirurgião- O plural dessa expressão seria “homens sem terra”, que acaba sendo reduzida para
dentista”; plural: “cirurgiões-dentistas” (ou “cirurgiães-dentistas”) “tio-avô”; plujral: “sem-terra”com hífen, justamente porque nomeia uma categoria específica de
“tios-avôs” (ou “tios-avós”) “tia-avó” ; plural: , “tias-avós”, “tenente-coronel”; plural: pessoas. O caso de “sem-vergonha” é semelhante. Algo como “pessoa sem
“tenentes-coronéis”, “bicho-papão”; plural: “bichos-papões”, “rainha-mãe”; plural: vergonha” acaba se transformando em sem-vergonha com hífen. Segundo Aurélio e
“rainhas-mães”, “decreto-lei”; plural: “decretos-leis”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O muitos gramáticos, o plural é “sem-vergonha” mesmo. Alguns discordam e propõem
Globo, 22.8.99) “os sem-vergonhas”e “os sem-terras”. O argumento é que se deve proceder como se
Substantivos compostos formados por verbos repetidos (como “corre-corre”, procede com “contra-ataque”, cujo plural é “contra-ataques”. Ocorre que este
“empurra-empurra”): flexionam-se os dois ou só o segundo: “os corres-corres” ou “os “contra” não é preposição, mas o elemento de composição ou prefixo, como o define
corre-corres”, “os empurras-empurras” ou “os empurra-empurras”. A preferência Calda Aulete. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 29.8.99)
parece recair sobre a segunda hipótese. Curiosamente, o dicionário “Aurélio”, que Nas palavras compostas, nas quais há preposição entre elas, somente a primeira
indica duas possibilidades de plural em vários casos de estrutura semelhante, só deverá ser pluralizada. Ex.: Se houver a greve dos caminhoneiros, os postos de
aponta a forma “lambe-lambes” para o plural de “lambe-lambe” (fotógrafo combustível serão prejudicados. (Niskier A. Ao pé da letra.O Dia, 7.5.00)
ambulante). Quando existe de ou alguma outra preposição no meio de uma palavra composta
Substantivos compostos formados por onomatopéia (“palavra cuja pronúncia imita o (ligada por hífen), só o primeiro elemento se flexiona. Exs.: oitavas- de- final; pontos-
som da coisa significada”, como “tique-taque”, “reco-reco”): fazem o plural com de-venda; pés-de-moleque; papos- de- anjo; mulas-sem-cabeça. (Martins E. De
flexão do segundo elemento: “os tique-taques”, “os reco-recos”. (Cipro Neto. Ao pé palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 5.5.01)
da letra. O Globo, 5.9.99) Plural de um nome composto constituído de palavra invariável + palavra variável,
A formação do plural das palavras compostas por dois substantivos é facultativa varia apenas o segundo elemento. Ex. sem-terras; sempre-vivas (Niskier A. Ao pé da
para a maioria dos estudiosos da Língua Portuguesa: ou vão os dois para o plural ou letra. O Dia, 7.5.00)
só o primeiro. Eu prefiro a segunda opção. Quando juntamos dois substantivos e o Nas palavras compostas, em que os elementos são repetidos, só o segundo deles
segundo exerce o papel de adjetivo, somente o primeiro vai para o plural. Exs.: deve ser flexionado. Exs.: tico-tico, tico-ticos; quebra-quebra, quebra-quebras; mata-
desvios-padrão; editais-padrão; tatus-bola; elementos-chave; laranjas-lima, peixes- mata, mata-matas. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 5.5.01)
boi, etc. Esta regra não é rígida. Em geral, os nossos dicionários consideram as Se a palavra composta, com hífen, é constituída de um substantivo e um adjetivo (ou
duas formas. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 3.10.99) adjetivo + substantivo), os dois elementos vão para o plural: altas-rodas, altos-
Para fazer o plural de uma palavra composta, o primeiro passo é classificá-la. fornos, amores-perfeitos, batatas-doces, boas-novas, bóias-frias, bons-dias,
Basicamente, uma palavra composta pode ser substantivo ou adjetivo. Exs.: peixe- cabeças-chatas, cachorros-quentes, dedos-duros, ervas-doces, guardas-civis,
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campo, meio-campista; Rio das Pedras, rio-pedrense. Com relação ao plural e ao As palavras oxítonas terminadas em “i” não recebem acento agudo: Parati, aqui,
feminino, só o segundo elemento varia: ribeirão-pretanas, bossa-novistas, bom- caqui, Tupi, adquiri-la, dividi-lo, emiti-la, servi-lo... As palavras oxítonas terminadas
mocismos, mato-grossenses, são-paulinas, meio-campistas, rio-pedrenses. (Martins em “i” só recebem acento agudo se houver hiato com a vogal anterior: Icaraí, caí,
E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 28.9.02). saí, açaí, Piauí, Chuí, destruí-la, construí-lo, distribuí-los... Exs.: EMITI-LA e SERVI-
LO (sem acento agudo). (Duarte SN. Língua Viva. JB, 6.8.98)
PALAVRAS, GÊNERO E SENTIDO
Há palavras cujo sentido depende do gênero (masculino/feminino). significado. Exs.: PALAVRAS PARÔNIMAS
o/a grama – o/a estepe – o/a coral – o/a capital – o/a cabeça – o/a rádio – o lente Palavras que apresentam semelhança quanto à grafia ou à pronúncia. Exs.:
(aquele que lê ou professor de certa graduação) / a lente (feminino de “o lente” ou flagrante (evidente) – fragrante (aromáticos); comprimento (extensão) – cumprimento
instrumento óptico utilizado em óculos, câmeras, microscópios etc.) – o baliza (saudação, execução); descrição (ato de descrever) – discrição (qualidade de quem
(soldado que indica os movimentos que a tropa deve realizar) / a baliza (qualquer é discreto); eminente (de condição elevada) – iminente (ameaçador, prestes a
objeto que assinale um limite). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 6.1.02) ocorrer). (Cipro Neto P. Nossa língua em letra e música: fascículo 1. São Paulo;
EP&A; 2002. p. 15.
PALAVRAS HOMÔNIMAS
Duas ou três palavras que apresentam identidade total ou parcial quanto à grafia ou PALAVRAS PAROXÍTONAS TERMINADAS EM “EM” OU “ENS” (ACENTUAÇÃO)
à pronúncia, ou até mesmo em relação a esses dois aspectos. As homônimas Não recebem acento gráfico. Exs.: item – itens; jovem – jovens; ordem – ordens;
homógrafas têm grafia igual; as homônimas homófonas têm pronúncia igual e as nuvem – nuvens; homem – homens; modem – modens; polens. Abdomens, liquens,
homônimas perfeitas têm grafia e pronúncia iguais. Em geral, não há coincidência de hifens. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 13.8.00)
sentido entre as palavras homônimas. Exs: área (superfície) – ária (canção); cela
(cubículo) – sela (arreio); coser (costurar) – cozer (cozinhar); sede (vontade de PALAVRAS PAROXÍTONAS TERMINADAS EM IL e EL (ACENTUAÇÃO)
beber) – sede (lugar onde se fixa um governo, uma empresa, etc.) (Cipro Neto P. Todas as palavras paroxítonas terminadas em il e el são acentuadas. Exs: ágil,
Nossa língua em letra e música: fascículo 1. São Paulo; EP&A; 2002. p. 14. túnel. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 17.9.00)
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sacristãos; corrimão: corrimãos, corrimões; vulcão: vulcões, vulcãos. (Cipro Neto P . “Cós” admite dois plurais: “cós”, mais comum hoje em dia, e “coses”, em desuso. Já
Ao pé da letra. O Globo, 7.10.01) as paroxítonas e as proparoxítonas terminadas em “s” são invariáveis: o pires/os
pires, o atlas/os atlas, o ônibus/os ônibus, o lápis/os lápis, o ourives/os ourives, o
PALAVRAS TERMINADAS EM “AU” (FORMAÇÃO DO PLURAL) bônus/os bônus. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 9.7.00)
Fazem o plural com acréscimo de “s”. Exs.: degrau – degraus; grau – graus; sarau –
saraus; bacalhau – bacalhaus. (Duarte SN. Língua viva. JB, 2.9.01) PALAVRAS TERMINADAS EM “X” e PLURAL
Palavras que terminam em “x” em geral têm forma única para singular e plural, o
PALAVRAS TERMINADAS EM “EL” (FORMAÇÃO DO PLURAL) que, nos dicionários, costuma ser indicado com os sinais “2 n” (que significa “dois
Fazem o plural em “éis”. Exs.: papel – papéis; pastel – pastéis; anel – anéis. (Duarte números”, ou seja, plural igual ao singular): o tórax/os tórax, o ônix/os ônix, a
SN. Língua viva. JB, 2.9.01) fênix/as fênix. Ex.: “Mandei-lhe um fax”; “Mandei-lhe cinco fax”. Palavras terminadas
em “ex” e “ix”, como córtex, códex, índex, látex, cálix, apêndix (algumas delas em
PALAVRAS TERMINADAS EM “IL” E PLURAL desuso), possuem formas paralelas (córtice, códice, índice, látice, cálice, apêndice).
Fazem o plural segundo a posição da sílaba tônica. Quando a palavra é oxitona, a Há quem defenda a tese de que o plural dessas formas terminadas em “x” deve ser
terminação “il” vira “is”. Exs.: funil – funil ; barril – barris ; Brasil – Brasis. Quando a feito a partir da forma paralela, ou seja, o plural de “córtex” seria “córtices”; o de
palavra é paroxítona, a terminação “il” vira “eis”. Exs.: projétil – projéteis; estêncil – “códex” seria “códices” e assim por diante. Há quem diga que a forma terminada em
estênceis; fóssil – fósseis. (Duarte SN. Língua viva. JB, 6.8.00) “x” vale tanto para o plural quanto para o singular, ou seja, seria possível dizer (e
escrever) “o cálix/os cálix”, o “apêndix/os apêndix”. No “Novo Aurélio Século XXI”,
PALAVRAS TERMINADAS EM “L” E PLURAL não há uniformidade para esses casos. Diferentemente do que ocorria na edição
Em alguns casos, troca-se o “l” por “s”. Exs.: barril/barris; funil/funis. Em outros, por anterior, em que só se indicava “2 n” para “látex” e se dava como plural das demais
“is”. Exs.: tonel/tonéis; coronel/coronéis; azul/azuis; farol/faróis; amável/amáveis; o plural da forma paralela (com exceção de “apêndix”, sobre cujo plural nada se
álcool/álcoois. Nas palavras terminadas em “il”, troca-se o “il” por “eis”. Exs.: dizia), na edição atual há a indicação “2 n” para “apêndix”, “cálix”, “códex”, “índex” e
útil/úteis; fácil/fáceis; frágil/frágeis. Há alguns casos particulares, como o de “látex”. Em “cálix”, “códex” e “índex”, indica-se que o plural mais comum é o feito
mal/males; cônsul/ cônsules; mel/meles ou méis. A particularidade de álcool é que, pela paralela. Em “látex” e “apêndix”, não se faz referência ao plural pelo da forma
salvo engano, é a única proparoxítona portuguesa terminada em “l”. (Cipro Neto P. paralela. Já em “córtex”, nem a indicação “2 n” aparece; o único plural recomendado
Ao pé da letra. O Globo, 9.12.01) é o da paralela (“córtices”). No “Vocabulário Ortográfico”, a coisa não melhora muito.
Em “córtex” e em “índex”, há a indicação “2 n”, com a opção do plural pelo da
PALAVRAS TERMINADAS EM “OSO” (PROSÓDIA) paralela; em “códex” só se dá como plural “códices”; em “cálix”, “látex” e “apêndix”,
Quase todas mudam o som no feminino e no plural. Exs.: poderoso (ô), poderosos silêncio total sobre o plural. Não seria melhor dizer que as formas terminadas em “x”
(ó), poderosa (ó); famoso (ô), famosos (ó), famosa (ó). (Martins E. De palavra em valem tanto para o plural quanto para o singular e que, no caso das que têm forma
palavra. O Estado de São Paulo, 5.8.00) paralela, haveria a opção de fazer o plural pelo da forma paralela? Não seria mais
simples? (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 9.7.00)
PALAVRAS TERMINADAS EM “R” e PLURAL
As palavras terminadas em r, no nosso idioma, passam para o plural com a PALÍNDROMO
terminação res. Assim, o título deveria registrar a forma abajures. O plural com rs, Palavra ou frase que podem ser lidas da esquerda para a direita ou da direita para a
apenas,não existe em português. Exs.: mar, mares; pomar, pomares; colher, esquerda. Exs.: Ana. Socorram-me. Subi no ônibus em Marrocos. (Cipro Neto P. Ao
colheres; rumor, rumores; estupor, estupores; faquir, faquires. Em todos esses pé da letra, O Globo, 21.11.99)
casos, a sílaba mais forte da palavra era a última. Mesmo que se trate da penúltima,
o plural com o acréscimo de es se mantém e neste caso se incluem palavras como PAN
açúcar, com o plural açúcares, e os vocábulos aportuguesados derivados do inglês, Prefixo grego que significa “tudo, total, geral”. Exs.: pancontinental (referente a todos
como contêiner, contêineres; pôster, pôsteres; revólver, revólveres; repórter, os continentes); panteão (templo dedicado a todos os deuses); panorama (visão em
repórteres. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 21.10.00) toda a sua amplitude); pan-americanao (todas as Américas); panacéia (remédio para
Fazem plural com o acréscimo de “es”. Exs.: mar – mares; flor – flores; repórter – todos os males)
repórteres; revólver – revólveres; júnior – juniores (há mudança da posição da sílaba
tônica, juniores, sem acento, mas com a sílaba tônica na vogal “o”. (Duarte SN. PANACÉIA UNIVERSAL
Língua Viva, JB, 2.9.01) Trata-se de uma redundância, mas não chega a ser um pleonasmo grosseiro (exs.:
subir para cima, ganhe grátis, hemorragia de sangue). Muitas vezes a ênfase
PALAVRAS TERMINADAS EM “S” e PLURAL justifica o uso de um bom pleonasmo: vi com meus próprio olhos; pisei com meus
Recebem a terminação “es” os monossílabos tônicos e as oxítonas terminadas em próprios pés; lutei uma luta inglória; sonheir um sonho sonhado. (Duarte SN. Língua
“s”: gás/gases, mês/meses, país/países, rês/reses, lilás/lilases, Viva. JB, 12.3.00)
norueguês/noruegueses. São exceções “cais” e “xis” (nome da letra “x”), invariáveis.
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PANTOCRATOR
Representação de Jesus, nos primeiros séculos da Igreja, num tronco, com uma PAR (A PAR vs. AO PAR)
esfera que simbolizava o mundo nas mãos. (Boscov I. As faces de Jesus. “Ao par”: usado somente para câmbio. Ex.: O diretor está a par do que acontece em
Veja,25.12.02. p.90) todos os setores da empresa. “O par”: casal. Ex.: o par de namorados, o par de
cisnes, etc. (Niskier A Na ponta da língua. O Dia, 22.3.99)
PAPA (FEMININO)
Os dicionários registram “papisa” ou “papesa”, embora as regras da Santa Sé não PARA (prefixo)
permitam que mulheres ocupem o posto.1 [Do gr. pará.] Pref. 1. =’proximidade’, ‘ao lado de’, ‘ao longo de’; ‘elemento acessório,
1. Cipro Neto P. Papa, santidade, conclave…Revista O GLOBO. 10 abr 2005;p.16. subsidiário’; ‘funcionamento desordenado ou anormal’; ‘semelhante’; parentético,
parapsicologia, paramilitar, paramorfismo; parassimpático; parafrenia, parageusia;
PAPAI NOEL vs. PAPAI-NOEL paracólera. (Aurélio CD-ROM)
Não existe hífen no nome do personagem típico desta época do ano, Papai Noel. Liga-se sempre ao elemento seguinte, duplicando consoantes ou eliminando h
Não confunda o simpático velhinho, porém, com a palavra comum papai-noel, essa, inicial. Exs.: paraapendicite; parassalpingite; paraidrogênio (VOLP, p.5611981)
sim, com hífen quando significa presente de Natal. Aparece em frases como: A
chegada do primeiro filho foi o seu melhor papai-noel. / Os papais-noéis distribuídos PARA vs. PRA
pela empresa agradaram a todos. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de “Pra” é definida pelo Aurélio como “contração da preposição para” e pelo Caldas
São Paulo, 18.12.99) Aulete como “forma abreviada de para”. Não faltam em nossa literatura exemplos do
E se forem dois ou três? Não hesite. Você poderá chamá-los, sem receio, de Papais emprego de “pra” no lugar de “para”. Em linguaguem escrita formal culta, ou seja,
Noéis. Assim: O menino escreveu uma carta a Papai Noel. / As ruas da cidade em textos técnicos, científicos, acadêmicos, jurídicos, etc, não ocorre o emprego de
tinham muitos Papais Noéis. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São “pra”. Não se aconselha, pois, que se escreva “pra” num artigo jornalístico em que
Paulo, 11.12.99) se discutam as razões da crise do setor energético. Também é bom lembrar que
Papai-Noel: do francês Père Noël, Pai Natal. No francês, por influência do latim existe a contração de “para” ou “pra” com os artigos, de que resultam as formas
novus, novo, transformou-se em nouvel. Na designação do velho de barbas brancas, “pro”, “pra”, “pros”, “pras”.Cabe aqui a mesma observação feita acima. Alguns
nouvel foi contraído para noël. Como passou a Ter função de nome, veio a ser autores entendem que é tônico o “pra” que resulta de “para” ou “pra” + “a”, o que
grafado com inicial maiúscula, por influência da cultura francesa. Com o banimento justificaria o emprego do acento agudo (“prá”). O Aurélio defende essa posição. A
do culto aos santos pela Reforma Protestante, cristãos holandeses espalharam a rigor, constituindo, como constitui, um monossílabo tônico terminado em “a”, devia
forma dialetal Sinter Klaas (São Nicolau), que serviu de despiste à censura. Os ser acentuado, diz o Aurélio, que faz a observação, mas respeita o que é tido como
colonizadores americanos, adaptando a pronúncia, passaram a chamá-lo Santa padrão, ou seja, não registra a palavra com acento. Ex.: Vou levar uma lembrança
Claus, vinculando-o à figura do Papai-Noel. As roupas vermelhas, barba branca, pra quem está doente. O VOLP só da a “pra”o valor de preposição, equivalente a
gorro e saco de presentes foram acrescentados em 1931 pelo publicitário americano “para”, apesar de registrar “pro”, que dá como contração de “para” e “o”. Evanildo
Haddon Sundblom, em uma campanha de Natal da Coca-Cola (Silva, D. Apud Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, rev. e amp.) arrola as duas formações
Duarte SN, Língua Viva, JB, 11.1.01) possíveis de “pro”, “pra”, “pros” e “pras” (“para” ou “pra” + “o”, etc.). É bom confirmar:
Papai Noel, do francês Père Noël, Pai Natal. Como passou a ter função de nome, a forma “prá” não encontra registro, portanto deve ser evitada. Quanto aos
veio a ser grafado com iniciais maiúsculas. Com o banimento do culto aos santos diferenciais de tonicidade, merece destaque o que se emprega no verbo “pôr”, que o
pela Reform Protestante, cristãos holandeses espalharam pelo mundo a forma diferencia da preposição “por”. Ex.: Vou pôr aqui é bem diferente de “Vou por aqui”.
dialetal Sinter Klaas, que serviu de despiste à censura e se referia a São Nicolau, Nada de acentuar os dereivados de “por”: depor, propor, impor, repor, compor, etc.
canonizado originalmente pela Igreja Ortodoxa Russa. A imagem de Papai Noel (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 10.6.01)
como a conhecemos hoje foi criada em 1931 por um sueco beberrão chamado
Haddon Sundblom, atendendo a uma encomenda da Coca-Cola para conquistar o PARA, A FIM DE, COM O PROPÓSITO DE, COM A INTENÇÃO DE, COM O FITO
público infanto-juvenil. Papai Noel tornou-s um velhinho de barbas brancas, alegre, DE, COM O INTUITO DE, COM O OBJETIVO DE
alto, gordo, vestido de vermelho e branco. Depois de sua estafante noite distribuindo Articuladores sintáticos de finalidade. Ex. Os salários precisam sugir para que haja
brinquedos no mundo inteiro, descansava tomando garrafas do refrigerante. Antes, (ou para haver) uma recuperação do mercado consumidor. (7)
Papai Noel vestia-se de azul, amarelo, verde ou vermelho. (Silva D. Palavras de
Natal. Língua Viva. JB, 22.12.03) PARA AONDE vs. PARA ONDE
Não existe a forma “para aonde”. Ex.: Para onde vão nossas crianças.. Existem
PAPER “aonde” (= quando você vai a algum lugar) e “para onde” (=quando você vai para
Estrangeirismo injustificado. Além de mal traduzido, ainda está sendo usado num algum lugar). Ex.: Ipanema é a praia aonde ela vai em todos os domingos (= ela vai
sentido muito amplo. Tudo virou paper. Quando me pedem um paper, nunca sei se é à praia). São Paulo é a cidade para onde ele foi transferido (= ele foi transferido para
um relatório, um fax, uma carta ou uma proposta. (Duarte SN. Língua Viva. JB. São Paulo). (Duarte SN, Língua Viva, JB,31.1.00)
2.11.97)
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PARABENIZAR só para encontrar os discos, que ficam a cada dia mais raros. A dificuldade aparece
Verbo transitivo direto. Ex. Quero parabenizá-lo pelo seu desempenho (Duarte SN, também na hora de trocar a agulha, ou de levar o toca-discos para o conserto. Com
14.12.97) a expressão “não só”, a seqüência correlativa não é completada. Certamente
continuaria com “mas também”, “como também” , etc. Logo, no texto, não foi fechada
PARABÉNS (CONCORDÂNCIA) a correlação exigida por “não só”. Para haver paralelismo, o texto ficaria: Amante
“Parabéns” é plural de “parabém”. O dicionário “Aurélio” dá este exemplo, de “Dom dos antigos bolachões penam não só para encontrar os discos, que ficam a cada dia
Casmurro”: “...esse estado da alma que vê na inclinação do arbusto (...) um parabém mais caros, como também (ou “mas também”) para trocar a agulha ou levar o toca-
da flora universal traz sensações mais íntimas e finas que qualquer outro”. Na língua discos para o conserto. 3. Funcionários cogitam uma nova greve e isolar o
de hoje, só se usa o plural (“parabéns”). Toda a concordância deve ser feita no governador. “Greve” é substantivo e “isolar” é verbo. Para que se estabeleça o
plural: os parabéns, nossos parabéns, meus sinceros parabéns. A concordância paralelismo, basta dar a “cogitam” dois complementos simétricos, paralelso (dois
verbal também deve ser feita no plural: “Foram sinceros os parabéns que ele me substantivos ou dois verbos): “Funcionários cogitam fazer nova greve e isolar o
deu.” (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,25.6.00) governador’ ou “Funcionários cogitam nova greve e isolamento do governador”. Será
possível encaixar nesse jogo a palavra “greve”? “Greve” é o ato de quê? Se “greve”
PARA EU vs. PARA MIM for o ato de alguma coisa, existirár o verbo que equivalha a esse “ato de”? Pois bem.
Antes do verbo no infinitivo, normalmente usa-se eu (para eu fazer). (7) Nem “greve” é o ato de alguma coisa, nem existe o verbo que equivalha ao ato de
A diferença é o verbo no Infinitivo após o pronome. Sempre que isto acontecer use fazer greve (algo como “grevar” ou coisa do gênero). Na frase “Funcionário cogitam
eu. Exemplos: Isto é para eu fazer (verbo no infinitivo). Isto é para mim (sem verbo nova greve e isolar o governador”, é bem provável que a inexistência do verbo
no infinitivo). (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 19.12.99) equivalente a “fazer greve” tenha tirado do redator a percepção de que falta
paralelismo entre “greve” e “isolar”. Talvez seja possível imaginar que o redator
PARAGRAFAÇÃO tenha deixado implícito o verbo “fazer” (“Funcionários cogitam fazer nova greve e
Deve ser feita por blocagem, isto é, deixando-se um espaço em branco entre cada isolar...”). O paralelismo não é, por si só, garantia de boa redação. Exs.: “Bandidos
parágrafo. Por este motivo, não há necessidade de se iniciar os parágrafos deixando cogitavam invasão do presídio de P. Bernardes e libertação dos presos”. No primeiro
espaços em branco à direita da margem esquerda, dentro do sistema tradicional de exemplo, o paralelismo se estabelece entre os substantivos “invasão” e “libertação”.
endentamento. É interessante deixar um pequeno espaço em branco entre o ponto Embora dotado de paralelismo, esse trecho pode não funcionar como exemplos de
final e a letra maiúscula que inicia um novo período dentro de um mesmo parágrafo. boa redação. Na verdade, talvez fosse melhor ficar com uma destas opções:
Na apresentação de cartas e ofícios é bastante comum, atualmente, deixar de “Bandidos cogitavam invadir o presídio de P. Bernardes (ou “invasão do presídio de
centrar data, vocativo e assinatura, colocando tudo à esquerda. (7) P. Bernardes”) para libertar presos (ou “para a libertação dos presos”).1,2,3,4
Um parágrafo bem estruturado deve girar em torno de uma única idéia central. 1. Cipro Neto P. Inculta. Folha de S. Paulo. 1° nov 2001.
(Feitosa, 1995) 2. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 29 dez 2002.
3. Cipro Neto P. Paralelismo. Revista O Globo. 5 fev 2006;p.53
PARA INGLÊS VER 4. Cipro Neto P. por trás do paralelismo. Revista O Globo. 12 fev 2006;p.35
Expressão proferida pela primeira vez por dom João VI, ao chegar à Bahia, em 22
de janeiro de 1808. Ele fugia dos franceses, que tinham invadido Portugal no ano PARAMETRIZAÇÃO
anterior. A cidade de Salvador, então capital, estava iluminada e o rei comentou que A última edição do Aurélio (“Novo Aurélio Século XXI”, de 1999) não registra o
aquela recepção festiva demonstrava aos ingleses, aliados e protetores dos termo. No “Vocabulário Ortográfico”, da Academia, está registrada a família toda
portugueses, que os brasileiros recebiam-no calorosamente. Mais tarde, a frase se (“parametrizar”, “parametrização”, “parametrizante”, “parametrizável” e, é óbvio,
transformaria em símbolo de burla nacional ou internacional, sempre de grandes “parâmetro”). Ex.:”Haverá parametrização (indexação) dos preços. (Cipo Neto P. Ao
proporções, em que são utilizados vistosos aparatos para enganar. Alguns pé da letra. O Globo, 26.11.00)
historiadores dizem que a frase pode ter nascido da fingida vigilância com que os
navios brasileiros procuravam navios negreiros. Faziam isso apenas para agradar PARA MIM vs. PARA EU
aos ingleses, que haviam proibido o tráfico de negros. (Silva D. Programa de índio. Eu é pronome pessoal reto, exercendo função de sujeito. Mim é pronome pessoal
Língua Viva. JB, 19.4.04) oblíquo tônico, devendo ser usado com preposição. Exs. Ela trouxe o jornal para
mim. Ela trouxe o jornal para eu ler (a segunda oração é reduzida de infinitivo = para
PARALELISMO (SINTÁTICO) que eu lesse; o pronome eu é sujeito do verbo infinitivo ler. Assim, a diferença entre
Convenção pela qual as idéias semelhantes devem ser apresentadas em estruturas para mim e para eu está na presença ou não de um verbo (sempre no infinitivo),
sintáticas semelhantes. Por outro lado, idéias de natureza diversa não devem vir logo “Este documento é para mim” e “Este documento é para eu escrever”. “Ela
com a mesma estruturação sintática. Exs.: 1. Durante nossa viagem, visitamos as chegou antes de mim”. Ela chegou antes de eu sair”. “Para eu viver nesta cidade, foi
plataformas, os laboratórios e o supervisor regional (não há paralelismo). Devemos preciso que os amigos ajudassem”. Para mim, viver nesta cidade é um tormento”
dizer: Durante nossa viagem, visitamos as plataformas e os laboratórios. Estivemos, (para mim está deslocado e não é sujeito de viver) (Duarte SN, 30.11.97)
também, com o supervisor regional. 2. Amantes dos antigos bolachões penam não
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O correto é para eu fazer, porque o pronome pessoal do caso reto eu é o sujeito do em setembro de 1985). Diga-se (a bem da verdade) que é ele o responsável.
verbo fazer, que está no Infinitivo. Jamais um pronome pessoal do caso oblíquo (Duarte SN, Língua Viva, JB, 2.12.00).
(mim) pode ser sujeito. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 11.12.99)
PARI PASSU
PARASSÍNTESE O equívoco mais comum é grafar "par e passo". Ao pé da letra, a expressão significa
Acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Exs.: esfriar (es + frio + ar), anoitecer (a + "a passo igual". Na prática, é muito usada quando se quer dizer que alguém
noite + ecer); enriquecer (em + rico + ecer); afear (a + feio + ar) (Cipro Neto P. Ao pé acompanha algo "pari passu", ou seja, "simultaneamente", "ao mesmo tempo".
da letra. O Globo, 16.2.03) (Cipro Neto, Ao pé da letra, O Globo, 4.3.01)
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Nos tempos compostos (=com os verbos auxiliares TER e HAVER), devemos usar a PARTICÍPIO DUPLO OU ABUNDANTE
forma regular: “Ele tinha pagado a conta.” “Ela havia pegado os documentos.” “Ele Há autores que defendem o uso exclusivo da forma regular (p.ex. pagado, pegado,
havia gastado o dinheiro.” “Ele tinha ganhado os pontos.” 2a) Com os verbos gastado, ganhado). Há outros que dizem que so deveríamos usar as formas
auxiliares SER e ESTAR, usamos a forma irregular: “A conta foi paga.” “Os irregulares (pago, pego, gasto, ganho). Outros aceitam as duas formas. Para estes
documentos foram pegos.” “O dinheiro já havia sido gasto.” “Os pontos estavam últimos há regras tradicionais para os particípios abundantes: (a) nos tempos
ganhos.” As formas “trago” e “chego”, como particípios, são inaceitáveis. Devemos compostos (= com os verbos auxiliares ter e haver) devemos usar a forma regular.
usar apenas as formas clássicas: “Ele tinha TRAZIDO os documentos” e “ela já P.exs.: Ele tinha pagado a conta. Ela havia pegado os documentos. Ele havia
havia CHEGADO”. (Duarte SN, Línva Viva, JB, 21.6.98) ganhado os pontos. Ele havia gastado o dinheiro (b) com os verbos auxiliares ser e
Há verbos que têm dois particípios, um regular e outro irregular. O regular usa-se estar, devemos usar a forma irregular. P.exs.: A conta foi paga. Os documentos
com ter e haver e o irregular, com ser e estar. Exs.: A escola tinha expulsado o foram pegos. O dinheiro já havia sido gasto. Os pontos estavam ganhos. Obs: as
aluno. O aluno foi expulso pela escola. Ele tinha aceitado o cargo. A gráfica havia formas trago e chego, como particípios, são inaceitáveis - devemos usar trazido e
imprimido os convites. Os convites foram impressos pela gráfica. O caçador havia chegado (Duarte SN, JB, 21.6.98,p.14)
matado o javali. O javali foi morto pelo caçador.A firma tinha suspendido o Empregam-se as formas regulares nos tempos compostos da voz ativa. Ex.: Ernesto
expediente. O expediente estava suspenso. (Martins E. De palavra em palavra, O tinha acendido (e não aceso) a luz. A luz tinha sido acesa (voz passiva). A luz está
Estado de São Paulo, 25.8.01) acesa. (7)
Quando um verbo tem dois particípios, usa-se o que termina em “ado” ou “ido”com
PARÔNIMOS ter e haver. Exs.: Se eu tivesse/houvesse pegado. Ele tinha/havia salvado. O que
São aquelas palavrinhas, parecidas na escrita e na pronúncia, mas diferentes no não termina em “ado” ou “ido” é usado com ser e estar. Exs.: Foi/está pego. Foi/está
significado. Exs.: “Mal” e “mau”. Por confiar no bendito corretor ortográfico, instalado salvo. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O Globo, 28.5.00)
em muitos computadores, muita gente se dá mal. Se alguém escrever “mal” no lugar Há estudiosos que sugerem a aplicação da regra: com os verbos Ter ou haver,
de “mau”, não se livrará do erro, porque o corretor ortográfico não é capaz de devemos usar as formas terminadas em “ado” ou “ido” . Exs.: tinha ganhado, tinha
reconhecer o valor de cada um dos elementos das duplas ou trios de palavras gastado, tinha apagado, tinha aceitado, tinha entregado, tinha suspendido. Com os
parecidas. Experimente trocar “está” por “esta”, “secretária” por “secretaria”, “taxar” verbos ser ou estar, devemos usar a forma irregular. Exs.: ser ganho, ser gasto, ser
por “tachar”, “vultoso” por “vultuoso”, “sessão” por “seção”, “tensão” por “tenção”, aceito, ser entregue, ser suspenso. O mestre Celso Cunha e outros sugerem, no
“incipiente” por “insipiente”, “viajem” por “viagem”, “iminente” por “eminente”, “diferir” caso dos verbos ganhar, gastar e pagar, o uso unicamente da forma irregular. Exs.:
por “deferir”, “retificar” por “ratificar”, “peão” por “pião”, “seguimento” por “segmento”, Ter ou ser ganho, Ter ou ser gasto, Ter ou ser pago. É uma questão de preferência.
“laço” por “lasso” etc. O corretor ortográfico nada dirá. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O O que não é aceitável ainda é a forma iregular do particípio dos verbos chegar,
Globo, 23.7.00) trazer e falar. Exs.: eu tinha chego, ele tinha trago, ela tinha falo são inaceitáveis.
(Duarte SN. Língua Viva, JB, 12.11.00)
PAROXÍTONAS TERMINADAS EM “ÃO” (PLURAL) Atenção: com pagar, ganhar e gastar, já se admite o uso de ter com o particípio
Todas fazem o plural em “ãos”. Exs.: sótão, sótãos; bênção, bênçãos; órfão, órfãos; irregular: tinha pago, tinha ganho e tinha gasto. (Duarte SN. Língua Viva, JB,
acórdão, acórdãos; órgão, órgãos. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O Globo, 7.10.01) 25.11.00)
Atualmente já se admite o uso dos particípios pago, ganho e gasto tanto com ter e
PARTICÍPIO ABUNDANTE E VERBOS AUXILIARES haver como com ser e estar: Tinha pago, estava pago, havia gasto, foi gasto e tinha
Com os verbos ter e haver, devemos usar a forma regular terminada em “-ado” ou “- ganho, foi ganho. (Martins E. De palavra em palavra. O estado de São Paulo,
ido”: tinha ou havia soltado os pássaros; havia aceitado o convite; tinha entregado os 25.8.01)
documentos; tinha ou havia suspendido os jogadores. Com os verbos ser ou estar, Em regra, as formas longas (regulares) usam-se com “ter” e “haver” (na voz ativa);
devemos usar a forma irregular: os pássaros foram soltos; o convite foi aceito; os as curtas (irregulares), com “ser” e “estar” (na voz passiva). Exs.: O policial tinha
documentos serão entregues; os jogadores estavam suspensos. (Duarte SN. Língua matado o seqüestrador. O seqüestrador foi morto pelo policial. Obs: escrevido,
Viva. JB.9.7.00) ganhado, gastado, abrido, cobrido e pagado são considerados termos ferrugentos.
Na língua viva, eles dão lugar a escrito, ganho, gasto, aberto, coberto e pago, que se
PARTES DO CORPO E PRONOME POSSESSIVO usam tanto na voz ativa como na passiva. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed.
As partes do corpo e as qualidades do espírito rejeitam o pronome possessivo: meu, Aracaju: Sercore; 2001)
teu, seu, nosso, etc. Ex.: O jogador havia sofrido uma lesão na mão esquerda. Os verbos chamados abundantes têm duas ou mais formas equivalentes, com a
Machuquei a cabeça (e não “machuquei a minha cabeça”). Eles feriram as mãos ou mesma função. O mais comum é que essa multiplicidade ocorra no particípio,
eles feriram as pernas. Veja exemplos com as qualidades do espírito: Perderam a havendo uma flexão regular e outra irregular: aceitado, aceito; suspendido,
consciência (e não “perderam a sua consciência”). / Mudamos a mentalidade (e não suspenso; elegido, eleito; matado, morto; morrido, morto; prendido, preso.
“mudamos a nossa mentalidade”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de Normalmente, com os verbos ter e haver, usa-se a forma regular e com ser e estar,
São Paulo, 20.5.00) a irregular. Por isso, o político não tinha aceitado o cargo e sua decisão foi aceita
sem maiores problemas. Outros exemplos: tinha prendido, foi preso; havia matado,
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foi (estava) morto; tinha elegido, foi (estava) eleito; havia expulsado, foi (estava) durante o inverno (= para que os veículos sejam usados com moderação durante o
expulso. Atualmente, já se admite o uso de gasto, ganho e pago tanto com ter e inverno). Cada vez mais se fazem diagnósticos do vírus. Quando se excluem as
haver como com ser e estar: tinha gastado (ou gasto), havia ganhado (ou ganho), importações de automóveis. Os sons da África vão revelando histórias que não se
tinha pagado (ou pago) muito dinheiro. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado vêem (= que não são vistas). Não somos contrários a que se taxem as propriedades
de São Paulo, 25.1.03) improdutivas. Não se perceberam ainda todos os erros. Devem-se evitar as formas
repolhudas. Estes são os livros que se podem ler (= os livros que podem ser lidos).
PARTÍCULA SE APASSIVADORA vs. DETERMINANTE DO SUJEITO Estas são as metas que se devem atingir (= as metas que devem ser atingidas).
A partícula “se” é apassivadora sempre que houver um objeto direto para se (Duarte SN. Língua Viva. JB, 6.5.01)
transformar em sujeito passivo (o verbo concorda com o sujeito). Ex. Vende-se este
carro (este carro = sujeito no singular). Vendem-se automóveis (automóveis = sujeito PARTITIVO (CONCORDÂNCIA)
plural). Apresentaram a idéia de se convocarem mulheres e seminaristas para um Quando o núcleo do sujeito for um partitivo (maioria, parte, porção, metade...) a
serviço militar obrigatório (= a idéia de mulheres e seminaristas serem concordância é com o verbo no singular ou no plural. Ex. A maioria dos candidatos
convocadas).Cada vez mais se faze diagnósticos do vírus (= cada vez mais desistiu ou desistiram. (Duarte SN, JB. 15.3.98, p.16)
diagnósticos do vírus são feitos). Não estamos contra que se taxem as propriedades A concordância lógica é no SINGULAR, mas o PLURAL também é aceitável. Exs.: A
improdutivas (= ... que as propriedades improdutivas sejam taxadas). Não se MAIORIA das crianças ESTÃO FELIZES”, pois o núcleo do sujeito é um partitivo
perceberam ainda todos os erros (= todos os erros ainda não foram percebidos). Se (maioria, parte, metade, porção...).: “A maioria dos alunos FOI APROVADA ou
não houver objeto direto para virar sujeito passivo, a partícula “se”é indeterminante FORAM APROVADOS”. (Duarte SN. Língua Viva. JB. 18.10.98)
do sujeito (o verbo concorda no singular).Exs. Precisa-se de operários (de operários
= objeto indireto). Vive-se mal nesta cidade (mal e nesta cidade = adjuntos PÁSCOA (ETIMOLOGIA)
adverbiais). Não se necessita mais de todos esses dados. É necessário que se Páscoa vem do hebraico Pessach com o sentido de passagem. No início, era a festa
recorra a soluções de impacto. Não se acredita mais em marcas nacionais. (Duarte, que celebrava a saída dos hebreus do Egito. A palavra passou ao grego, com a
SN, JB, 18.1.98, p.14) forma páskha, e ao latim, como pascha, para designar posteriormente a solenidade
A partícula “se” é apassivadora quando houver voz passiva sintética. Ex.: Devem-se evocativa da Ressurreição. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São
evitar as formas rebuscadas corresponde a As formas rebuscadas devem ser Paulo,24.3.03)
evitadas (= voz passiva analítica). O termo “as formas rebuscadas”é o sujeito das
duas frases. Só podemos fazer voz passiva se houver objeto direto na voz ativa para PASMADO vs. PASMO
transformar-se no sujeito da voz passiva. Ex.: Ele deve evitar as formas rebuscadas. As duas formas existem. Ex.: Os delegados ficaram pasmados (pasmos) com a
As formas rebuscadas (“sujeito”) devem ser evitadas. Devem-se evitar as formas violencia urbana do Rio de Janeiro (Niskier A. Na ponta da lingua. O Dia, 2.12.01)
rebuscadas (“sujeito”). O verbo deve concordar no plural porque o sujeito está no
plural. Quando não houver objeto direto para virar o sujeito da voz passiva, a PASSAR DE ANO vs. PASSAR O ANO
partícula “se” é indeterminante do sujeito. Exs.: Deve-se assistir a todos os jogos. “Passar de ano” é próprio da língua italiana. O certo é “o aluno estudioso passa o
Consequëntemente o verbo deve concordar no singular. (Duarte SN. Língua Viva. ano”. (Ramos WO. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001).
JB, 26.12.99)
PASSAR (REGÊNCIA)
PARTÍCULA SE APASSIVADORA E CONCORDÂNCIA Quem passa passa por alguma coisa. Ex.: Apesar dos momentos de tensão e
Quando a partícula se é apassivadora, o verbo deve concordar com o sujeito transtorno por que está passando... (Sérgio N.Duarte - Lingua Viva Especial/Dúvida
passivo. Exs.; Escrevem-se cartas (= cartas são escritas). Alugam-se apartamentos dos leitores - JB,5.7.98, p.‘15)
(= apartamentos são alugados). Consertam-se sapatos e bolsas (= sapatos e bolsas
são consertados). (Duarte SN, Língua Viva, JB, 16.5.99, p.12) PASSAR EM REVISTA vs. PASSAR REVISTA
Ex.: ALUGAM-SE apartamentos. A partícula SE é apassivadora. Isso significa que a O correto é: o governador passará revista à tropa. (Ramos W. Não morda a língua. 3
frase está na voz passiva (=sujeito “sofre” a ação verbal). Apartamentos é o sujeito e ed. Aracaju: Sercore; 2001.)
está no plural. É um caso de voz passiva sintética ou pronominal. Corresponde a
“Apartamentos SÃO ALUGADOS”. Ex.: CONSERTAM-SE bicicletas” (=”bicicletas PASSATEMPO PASSAGEIRO
SÃO CONSERTADAS”). (Duarte SN. Língua Viva. JB, 18.1.98) Combinação que deve ser evitada em textos que mereçam linguagem mais cuidada.
Para que a partícula “se” seja apassivadora, é preciso que haja um “objeto direto” (Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.4.01)
para se transformar em sujeito passivo. O verbo deve concordar com o sujeito
passivo. Exs.: Vende-se este automóvel (= este automóvel é vendido).Vendem-se PASSE ou ASSISTÊNCIA
automóveis (= automóveis são vendidos). A idéia de se convocarem mulheres e O uso do termo “assistência” é influencia do inglês e não se justifica. (Duarte SN, JB,
seminaristas para um serviço obrigatório alternativo... (= A idéia de mulheres e 7.6.98, p.16)
seminaristas serem convocados...)...para que se usem os veículos com moderação
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PASSIVA PRONOMINAL (VOZ PASSIVA COM SE) quando se subentendem palavras como “permissão, licença, autorização”: “Ele
Quando se tem dúvida quanto à natureza de um se (pronome apassivador ou índice pediu (permissão) para sair”; “Eles pediram (permissão) para participar”. O
de indeterminação do sujeito), procura-se converter a frase em passiva analítica (ser “Dicionário Prático de Regência Verbal”, de Celso Luft, faz a seguinte observação,
+ particípio passado) para saber qual é o sujeito. transcrita de outro dicionarista, Francisco Fernandes: “A maioria dos gramáticos
Exs.: Descobriram-se novos elemento (Novos elementos foram descobertos). tacha de viciosa a construção “pedir para fazer alguma coisa”. (...) Não obstante é
Precisava-se de maior número de amostras. (Maior número de amostras eram comum encontrar, em escritores de boa nota, exemplos da construção condenada”.
precisadas, frase inaceitável). O verbo, quando exige preposição, não pode ser Em seguida, Celso Luft diz que Francisco Fernandes cita exemplos de Herculano,
usado na passiva analítica ou pronominal. (Feitosa, 1995) Garret, Camilo, Machado. Como se vê, a questão é polêmica. Em resumo, ninguém
Ex. Qual a melhor maneira de se conseguirem bons resultados; a partícula “se” é condena algo como “O técnico pediu ao jogador que não saísse da defesa”. Mas há
apassivadora e “bons resultados” é o sujeito; a frase, que está na voz passiva, quem condene “O técnico pediu para o jogador não sair da defesa”. (Cipro Neto P.
corresponde a “de bons resultados serem conseguidos” (Duarte SN, JB, 21.12.97) Inculta & Bela, Folha de São Paulo, 24.6.99)
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São três homônimos: pêlo (substantivo), pélo (do verbo pelar) e pelo (contração de Como a nossa seleção conquistou o bicampeonato mundial em 1962, os meios de
preposição e artigo). O primeiro (pêlo) tem vogal tônica fechada. No segundo (pélo), comunicação mudaram, em 1970, uma prática que durava décadas. Até ali, só se
a vogal tônica é aberta. No terceiro (pelo) não sílaba tônica. A vogal é reduzida. considerava tricampeão, tetracampeão ou pentacampeão um time que vencesse
“Pêlo” não se encaixa no caso de diferenciais de timbre (lei de 1971). Os acentos de três, quatro ou cinco campeonatos sem interrupção. Afinal, se em 62 o Brasil havia
“pêlo” e “pélo” são diferenciais de tonicidade, o que nos obriga a acentuar as formas sido bi, ele era tri em 70, mesmo tendo perdido em 66. E, pela mesma lógica, em 94,
do verbo “pelar”. (Cipro Neto, Inculta & Bela, Folha de S. Paulo, 16.12.99) a seleção se tornou tetracampeã mundial. Na verdade, a exigência de que os títulos
de bi, tri, tetra, penta, hexa, etc. fossem sucessivos era imposta pelo uso. Segundo
PENALIZAR vs. PUNIR todos os dicionários do idioma, porém, tricampeão é um time campeão três vezes.
Penalizar significa causar pena ou desgosto a; pungir; afligir; desgostar; sentir Sem necessidade de serem vezes seguidas. Portanto, o Brasil poderá, sim, ser
grande pena ou desgosto; aflição pentacampeão. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 1.6.02)
Punir significa infligir pena a; dar castigo a; castigar; servir de castigo a; aplicar
correção a; reprimir; cobrir; submeter a pena; infligir pena ou castigo a si próprio; PEQUINÊS vs. PEQUINEZ
tomar as dores ou a defesa de; bater-se; pugnar; lutar; bater-se moralmente (por Expressam qualidade diferentes. Pequenez (palavra derivada de adjetivo) é oriunda
alguma coisa) de “pequeno” (qualidade de pequeno). Ex. A pequenez do presente deixava a
Penalizar quer dizer sentir ou ficar com pena, com dó e também afligir, pungir – e só criança abatida e melancólica. Pequinês (palavra derivada de substantivo) é
isso. Não existe esse verbo, no sentido de “punir”. Ex.: Ultrapassou os limites do proveniente de Pequim. Ex. A bicicleta é o meio de transporte mais usado pelos
tolerável e foi penalizado com a demissão (errado). Foi punido com a demissão pequineses. Pequinês se refere também a uma raça de cãesinhos felpudos.
(correto). Ficou penalizado com o espetáculo das crianças doentes (correto). Pequenez também significa baixeza, mesquinhez. (Ramos W. Não morda a língua. 3
Penalizou-o a tristeza do filho (correto), isto é, a tristeza do filho o afligiu. O que me ed. Aracaju: Sercore; 2001)
penaliza é a saudade da terra (correto) ou seja, o que me punge é a saudade da
terra. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998) PERANTE (REGÊNCIA)
Os sentidos de “ter pena”, “causar pena” são contemplados em todos os dicionários. Preposição que não se combina com a preposição “a”. Exs.: Ele prestou depoimento
(ex.: Penaliza-me (= causa-me pena) ter de frustrar os que supõem que em língua perante o juiz. Ele prestou depoimento perante a juíza. (Cipro Neto P. Ao pé da letra.
tudo tenha fundamento lógico...). Já “penalizar” com o sentido de “punir, castigar”, é O Globo, 8.6.03)
polêmico. Dicionários antigos (Caldas Aulete, Laudelino Freire) e recentes só
atribuem ao verbo penalizar sentidos ligados à idéia de pena, dó. O dicionário de PEQUENO DETALHE
regência de Celso Luft classifica como neologismo (provém do inglês) o emprego de “É um pequeno detalhe.” Se não fosse pequeno, não seria detalhe. Você já viu
penalizar como o sentido de punir, castigar, hoje difundido na imprensa. O Michaelis algum grande detalhe? (Duarte SN. Língua Viva. JB, 5.7.98)
(1998) contempla parcialmente o uso “moderno” ao dar interessante definição:
“sobrecarregar de modo penoso”. Ex.: O custo de vida penaliza a população. A PERCA vs. PERDA
edição de 1999 do Aurélio acolhe, sem restrição ou comentário, o sentido de “infligir Perda tem, entre outros, o sentido de “ato de perder”, “prejuízo”, “dano”. Ex.: Por
pena a “, ou seja, castigar, punir. Ex. O juiz penalizou o time. (Cipro Neto P. Ao pé causa das grandes chuvas foram muito grandes as perdas dos agricultores. Perca é
da letra. O Globo, 16.4.00) forma do verbo “perder”. Ex.: Espero que você não perca a paciência. Alguns
dicionários chegam a registrar “perca” como sinônimo de “perda”, com a ressalva de
PENDURA que se trata de uso popular. Em linguagem culta, não convém empregar expressões
Há mais de 100 anos, os restaurantes dos arredores da Faculdade de Direito da como “perca de tempo”, “as percas foram grandes. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
USP decidiram brindar os alunos do centro acadêmico, todo dia 11 de agosto, Dia Globo, 11.11.01)
dos Estudantes, com uma refeição grátis. Com o passar dos tempos, os convites
diminuíram e foram acabando, obrigando os acadêmicos a se autoconvidarem. E PERCENTAGEM (LEITURA)
essa cortesia se tornou uma imposição, conhecida como o Dia do Pendura. De São Quando se diz “Ciro abre 7% sobre Serra”, o mais apropriado seria a menção de
Paulo, propagou-se para o resto do país. De uma brincadeira, transformou-se numa “sete pontos percentuais”. Dá-se, no caso, a sinonímia, vez que, tendo Ciro e Serra,
tradição. (Kanitz S. Ponto de Vista. VEJA, 16.8.00 e www.usp.br 22% e 15%, respectivamente, do universo consultado, é incontestável que a
dimensão da diferença entre as duas frações é de 7%. O prof. de Matemática Luís
PENHA Carlos Ewald (FGV) diz: “A diferença em pontos percentuais entre Ciro (22%) e
Significa “grande massa de rocha saliente e isolada, na encosta ou no dorso de uma Serra (15%) é de 7%. As pessoas dizem assim: o candidato subiu 7%. Do ponto de
serra” (Houaiss). “Penha” é da mesma família que “depenhadeiro” e “penhasco”. vista matemático, pode-se dizer que, à luz destes números, Serra teria que subir
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 20.4.03) 46,66% (dos seus 15%) para alcançar Ciro. (Esclarecimento. Cartas ao Editor. Jb,
18.7.02)
PENTACAMPEÃO
PERCENTAGEM vs. PORCENTAGEM
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As duas formas estão corretas. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: especificador. Exs.: 50% da população mundial vive ou vivem na miséria. 97% do
Sercore; 2001) eleitorado brasileiro já votou ou votaram. Na voz passiva e com os verbos de
ligação, prefiro a concordância com o especificador. Exs.: 30% das crianças ainda
PERCENTAGEM e CONCORDÂNCIA VERBAL não foram vacinadas. Somente 1% das mulheres ficaram grávidas. 42% da floresta
A concordância deve ser feita com o numeral. P.ex.: 1% dos tubos sofreu avaria. amazônica estarão destruídos em 2020. 42% da floresta amazônica estará destruída
40% da estrutura estavam danificadas. (9) em 2020. (Duarte SN. Língua Viva. JB. 22.7.01)
Para a maioria dos autores é um caso facultativo. O verbo pode concordar com a Numa frase em que o percentual apareça desacompanhado, o verbo concorda
percentagem plural. Ex.: Em Recife, 26% da população trocam a escova de dentes obrigatoriamente com o numeral expresso nele. Exs.: 1% aprova, 99% desaprovam.
por métodos pouco convencionais. O verbo pode concordar com o especificador A concordância pode ser facultativa quando o sujeito for engordado por outros
singular (=população). Ex.: Em Recife, 26% da população troca... Prefiro a elementos. Pode ser feita tanto com o numeral quanto com a palavra que está mais
concordância no singular, principalmente quando o verbo é de ligação. Ex.: Em próxima do verbo. Exs.: 1% dos brasileiros aprova/aprovam. 99% da população
Recife, 26% da população está desabrigada (Sérgio Nogueira Duarte - Língua Viva - aprovam/aprova. O verbo estará sempre certo se concordar com o numeral.
JB, 30.8.98, p.16) (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 17.11.02)
Concorda com a percentagem ou com o especificador. Ex.: No Recife, 26% da Sem especificador, o verbo deve concordar com a percentagem. Com especificador
população trocam ... (= concorda com 26%). No Recife, 26% da população troca ... singular, o verbo pode concordar com o especificador no singular. Ex. 10% do povo
(= concorda com população). Prefiro a segunda opção. Exs: ... 15,8% das pessoas votou. 30% da população está contaminada. Com especificador plural, o verbo
são analfabetas. 50% das crianças ainda não foram vacinadas. 20% dos moradores concorda com o número. Exs.: Em torno de 1% dos viciados em drogas morre a
estão desabrigados. 30% da Mata Atlântica foi destruída. cada ano. Quase 30% dos empresários acham que a economia brasileira vai
A concordânci com as percentagens é um tema bastante polêmico. Há quem prefira melhorar. Quando o percentual é antecedido por um determinante, a concordência é
a concordância com o número percentual. Ex.: Noventa por cento do paisagismo feita com esse determinante. Exs.: Esses 20% do terreno serão ocupados. Os
foram restaurados; e aqueles que preferem a concordância com o especificador. Ex.: restantes 25% da população vão ser doados. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed.
Noventa por cento do paisagismo foi restaurado. A minha constatação é que hoje há Aracaju: Sercore; 2001)
uma visível preferência pela concordância com o especificador. Ex.: Sessenta por
cento da população já foi facinada. Um por cento das crianças foram vacinadas. PERCENTAGEM vs. PONTO PERCENTUAL
(Duarte SN. Língua Viva. JB.9.7.00) Percentagem e ponto percentual não são sinônimos. Vamos imaginar que a inflação
Quando a percentagem não for especificada o verbo deve concordar com ela. subiu de 2% para 4%. Isso significa que a inflação subiu 100% ou 2 pontos
Quando houver especificador no singular o verbo pode ficar no singular. Já quando o percentuais. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 23.4.00)
especificador estiver no plural o verbo deve concordar com o número.Exs.: 25%
faltaram (verbo concordando com a percentagem, que não está especificada). PERDA DE TEMPO vs. PERCA DE TEMPO
1% faltou (verbo concordando com a percentagem que não está especificada). 4% Perca é forma verbal do imperativo e do subjuntivo. Ex.: Não perca mais tempo.
da turma faltou (especificador (turma) no singular – verbo no singular). Espero que você não perca mais a paciência. Perda é substantivo; indica ato ou
30% dos alunos faltaram (especificador (alunos) no plural – verbo no plural). (Niskier efeito de perder. Ex.: Foram significativas as perdas dos agricultores. Não faça isso.
A. Na ponta da língua, O Dia, 28.1.01) É perda de tempo. O Aurélio e o Caldas Aulete registram perca como substantivo,
Sem especificador, o verbo deve concordar om a percentagem. Ex.: 1% votou (até equivalente a perda, mas dizem que se trata de forma popular. Por conseguinte, não
1,9% = verbo no singular); 2% votaram (acima de 2% = verbo no plural). Com convém usá-la em situações formais. (Cipro Neto P., Ao pé da letra, O Globo,
especificador, o verbo pode concordar com a percentagem ou com o especificador. 14.3.99, p.22)
Ex.: 2% da população votou ou votaram. 5% do ICMS vai ou vão para os municípios.
Segundo a Secretaria dos Transportes, às 5 h da manhã apenas 2% da frota PERFEITAMENTE
circulou ou circularam. Em torno de 1% dos viciados morre ou morrem a cada ano. Usado de modo inadequado no ex.: A medida anunciada pelo governo é
Obs. 1: com os verbos de ligação (ser, estar, ficar, continuar...) e na voz passiva, há perfeitamente lega. Ou é ou não é. Logo, o certo é: A medida anunciada pelo
visível preferência pela concordância com o especificador. Exs.: Somente 1% das governo é legal. (Veja, 17.3.99, p.140)
mulheres ficaram grávidas. 70% das crianças já foram vacinadas. 90% da produção
musical hoje é feita em CD. Mais de 10% da população brasileira está subnutrida. PERFORMANCE
30% da fazenda será ocupada. Menos de 20% da água continua contaminada. Obs. Desempenho. No Aurélio há performance.
2: Quando o percentual é antecedido por um determinante, a concordância é feita Estrangeirismo injustificado. Substituir por desempenho. (Duarte SN. Língua Viva.
com esse determinante. Exs.: Esses trinta por cento da fazenda serão ocupados. Os JB. 2.11.97)
restantes quinze por cento da produção vão ser armazenados. ). (Duarte SN. Língua
Viva. JB. 29.4.01) PERFORMAR
Quando a percentagem vem acompanhada de um especificador, temos duas Verbo inexistente em nossa língua, um decalque do inglês to perform feito pelo
possibilidades: ou o verbo concorda com o número percentual ou com o economês (Historicamente esses fundos performam pior que o CDI). Vá lá que a
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PISO MÍNIMO espanhol, italiano. Tem até nome: objeto (direto, no caso) pleonástico. Não se
Não se pode também falar em “piso mínimo”, porque este já representa o menor assuste com a palavra pleonasmo. Logo vêm à mente formas pleonásticas
valor do salário de um grupo de trabalhadores. Assim, podem-se fixar apenas o piso condenadas, como “subir para cima” ou “descer para baixo”. Nem todo pleonasmo,
para as categorias de funcionários públicos. (Martins E. De palavra em palavra. O porém, é condenável ou condenado. O conceito, é bom que se diga, é um tanto
Estado de São Paulo, 29.4.00) subjetivo. Em “só me vê a mim”, no entanto, não há propriamente um modificador do
termo abundante. O que há, como já vimos, é o reforço pleonástico da forma “me”
PLANEJAR ANTECIPADAMENTE OU PLANEJAMENTO ANTECIPADO pela equivalente expressão “a mim”. Outro ex.: “O presidente, ele deve mostrar
Trata-se de redundância (Duarte, SN, JB. 7.6.98) pulso firme...”. O termo “o presidente” acaba ficando solto, sem sequência sintática,
Combinação que deve ser evitada em textos que mereçam linguagem mais cuidada. o que leva muitos a ver aí um caso de anacoluto (mudança abrupta de construção),
(Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.4.01) como este, de Gonçalves Dias: “O forte, o cobarde seus feitos inveja”. O termo “o
forte” não tem função sintática. O trecho equivale a “O cobarde inveja os feitos do
PLANOS (PROJETOS) PARA O FUTURO forte”. Até que algum Camões adote a retomada imediata do sujeito por um
Idéia repetida ou óbvia, pois ninguém faz planos ou projetos “para o passado”. pronome, é melhor evitá-la, sobretudo nalinguagem escrita culta formal. (Cipro Neto
(Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 29.4.00) P. Inculta & Bela. Folha de São Paulo, 8.7.99)
Não há necessidade de dizer “planos para o futuro”. Ninguém faz “planos para o O grande juiz entre os pleonasmos de valor expressivo e os de valor negativo (por
passado”. Ex.: Mário vive fazendo planos. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, isso considerados erros de gramática) é o uso, e não a lógica (Evanildo Bechara).
1.8.00) (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 1.12.02)
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qualquer (embarcação, aeronave) em seus sucessivos deslocamentos, para PLURAL DOS DIMINUTIVOS
determinar o rumo, a velocidade, etc. 3. Transitivo direto por extensão. Marinha, Ponha a palavra primitiva no plural; acrescente o sufixo do diminutivo, passando a
brasileirismo, informal: prestar atenção a, compreender, captar, entender (plotou o desinência do plural para depois do sufixo.Exs. papéi (s) + zinho + s = papeizinhos;
que eu disse? Etimologia: adaptado do inglês to plot (fazer um gráfico, mapa ou flore(s) + zinha + s = florezinhas; bare(s) + zinho + s = barezinhos. Os acentos
planta de; marcar ou anotar sobre uma carta ou como se sobre uma carta ou mapa; gráficos (agudo e circunflexo) não são necessários no diminutivo porque a sílaba
localizar por meio de coordenadas, etc. (Houaiss A, Villar MS. Dicionário Houaiss da tônica é a antepenúltima (ex. papeizinhos), mas o til permanece (ex. balõezinhos)
Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva; 2001. p.2239-40) (Duarte SN, 23.11.97)
Não existem plotagem nem plotar. (Instituto de Lexicologia e Lexicografia da
Academia das Ciências de Lisboa. Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea PNEUMECTOMIA vs. PNEUMONECTOMIA
da Academia das Ciências de Lisboa. Lisboa: Verbo; 2001). Em várias línguas antigas e orientais, “ar” e “espírito” são consignadas numa mesma
Não existem plotagem nem plotar. Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa palavra. Pneuma, segundo um moderno léxico grego, ainda hoje traz a definição de:
Caldas Aulete. 4 ed. Rio de Janeiro: Delta; 1985. he psiqué tou anthrôpo (ηψνχη του ανθρωπου),ou seja “a alma do homem”. Pneum
(o), como elemento componente do grego πνευμων, “pulmão”, já se documenta em
PODER vocábulos formado no próprio grego, como por exemplo “pneumonia”. Outros
O verbo poder é um dos que toda escola de jornalismo ensina seus alunos a evitar vocábulos, como “pneumectomia”, “pneumotórax” foram introduzido na linguagem
na confecção de títulos ou manchetes. Ele é impreciso, denota incerteza, tende a ser científica a partir do século XIX. Assim, “pneum ec tomia” seria o sintagma oficial
especulativo. Afinal, como se diz, tudo pode.. (Ajzenberg B. Tudo pode. segundo a linguagem científica internacional. “Pneumon ec tomia” aparece assim,
Ombudsman. Folha de São Paulo; 31.8.03. p. A6. como uma semiconsciente tentativa de elucidar a origem helênica do radical
“pneum”; mas o “pneum” de “pulmão” e não o de “ar” ou “alma”, tentativa de colocar
PORTABLE DOCUMENT FILE (pdf) a ênfase em “pneumon” ao invés de apenas “pneum”. Pois:
A formatação de documentos em pdf é um recurso utilizado quando os textos são Πνευμα (pneuma): ar, espírito
muito longos para leitura em linha (online). As vantagens dos arquivos em pdf são a Πνευμον (pneumon) : pulmão
excelente qualidade da diagramação e o fato de que, uma vez salvo no computador, Εκ (ek): fora, por fora, para fora
a leitura pode ser feita sem a necessidade de conexão à Internet. [εζ] (eks antes de vogal)
τομοζ (tómos): parte, parte cortada
PLUGADO τομοζ (tomós): cortante, agudo, afiado
Estrangeirismo: ligado. (Sampaio P. Bangue-bangue hi-tech. Folha de São Paulo. τομη (tomí): corte, amputação, incisão, separação, abertura
Caderno Cotidiano, 6.8.00) Parece que pneumonectomia quer lembrar-nos e dar-nos a certeza de que não se
trata de um “extração do espírito” ou do “ar” (pneuma-ec-tomia = pneumaectomia =
PLUGAR pneumectomia), mas verdadeiramente do pulmão (pneumon ec tomia =
Do inglês to plug, ligar. (Silva D. Novas palavras. Língua Viva. JB, 19.1.04) pneumonectomia). As palavras tendem a contraírem-se primeiramente na linguagem
falada, depois na escrita. Por exemplo: Vossa Mercê>Vos Mecê>Você>Ocê>Cê .
PLUG-IN Pessoalmente não creio que “pneumectomia” seja uma evolução natural (por
Programa necessário para a execução de aplicações multimédia. contração) do sintagma “pneumonectomia”, a menos que já antes do século XIX ela
fosse normalmente realizada. Pois o homem só encontra novos significantes quando
PLURAL COM MUDANÇA DE TIMBRE tem consciência de um novo significado. (Apontes MA. Temas do vernáculo. Boletim
Em “os avós”, temos um dos tantos casos de plural com alteração de timbre de Cirurgia Torácica, agosto de 1999)
(abertura da vogal). O plural de porco (que se lê pôrco) não é porcos (que se lê
pórcos)? O de “poço” (ô) não é “poços”(ó)? Pois o de “avô” pode ser “avós”. A única POÇA (PROSÓDIA)
particularidade desse caso é que “avô” é palavra oxítona. O plural com mudança de Normalmente se pronuncia com o “e” fechado; entretanto, a pronúncia com o “o “
timbre é comum com palavras paroxítonas. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, aberto também é correta (VOLP). O plural de poço só deve ser falado como o “o”
23.9.01) aberto. Exs. Poços de Caldas. (Niskier A Na ponta da língua. O Dia, 25.2.00)
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natureza econômica, é a redução de custos; a outra, de implicações sociais, é a em períodos separados. Ex. Na linguagem escrita é o leitor; na falada, o ouvinte.
demissão de funcionários. 4. Para separar os itens de uma enumeração. Ex: Nas sociedades anônimas ou limitadas existem problemas: nestas, porque a
Deveremos tratar, nesta reunião, dos seguintes assuntos: a) cursos a serem incidência de impostos é maior; naquelas, porque as responsabilidades são gerais.
oferecidos, no próximo ano, a nossos empregados; b) objetivos a serem atingidos; c) (Duarte SN. Língua Viva, JB, 12.11.00)
metodologia de ensino e recursos audiovisuais; d) verba necessária. (Duarte SN, É um sinal de pontuação mais forte do que a vírgula e menos forte do que o ponto
Língua Viva, JB, 23.5.99, p.12) final. Ex.: Uns se esforçam, lutam, criam; outros vegetal, dormem, desitem. Há seis
É uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto final, uma vez aue não verbos e seis orações. As três primeiras expressam sentido oposto ao das três
encerra período. Emprega-se: a) vírgula ou ponto-e-vírgula antes de conectivos últimas. É clara a divisão do texto em duas partes. Para separar as orações que
adversativos (mas, porém, contudo, todavia...) ou conclusivos (logo, portanto, por integram um mesmo bloco, foram empregadas vírgulas (duas em cada bloco). Para
isso, por conseguinte...). Exs.: Ele trabalha muito; (ou ,) porém não foi promovido separar um bloco do outro, a vírgula já não foi suficiente. Foi preciso um sinal mais
(facultativo). Ele trabalha muito; não foi, porém, promovido. (indica que a primeira forte, que caracterizasse a clara independência de cada uma das partes e a
pausa é maior, pois separa duas orações). Ele sempre se dedicou à empresa; será, oposição que há entre elas. Esse sinal é o ponto-e-vírgula, que não encerra o
pois, promovido. Os empregados iriam todos; não havia necessidade, por período; apenas separa os blocos, o que talvez acentue a oposição existente entre
conseguinte, de ficar alguém no pátio. B) para separar os itens de uma enumeração. eles. Nesses casos, é possível substituir o ponto-e-vírgula por ponto final. Ex.: O
Ex.: Devemos tratar, nesta reunião, dos seguintes assuntos: 1) Cursos a serem rapaz estudou muito; não obteve, porém, resultados satisfatórios. O ponto-e-vírgula
oferecidos, no próximo ano, a nossos funcionários; 2) Objetivos a serem atingidos; não seria obrigatório se a ordem fosse direta; O rapaz estudou muito, porém não
3) Metodologia de ensino e recursos audiovisuais; 4) Verba necessária. c) para obteve resultados satisfatórios.
separar os itens de uma explicação. Ex.: A introdução dos computadores pode (Cipro Neto P. Nossa língua em letra e música: fascículo 1. São Paulo; EP&A; 2002.
acarretar duas conseqüências: uma, de natureza econômica, é a redução de custos; p. 10-1.
a outra, de implicações sociais, é a demissão de funcionários. d) para separar itens
diferentes de uma enumeração. Ex.: O Brasil produz café, milho, arroz; ouro, níquel, PONTO PERCENTUAL
ferro. (gêneros alimentícios; riquezas minerais). O cavalo sertanejo é esguio, sóbrio, Se a inflação subiu de 2% para 4%, houve um aumento de 100% (=dobro). O
pequeno; rabo compridíssimo, crinas grandes (aquilo que o cavalo é; características aumento foi de 2 pontos percentuais. Se a inflação subiu de 2% para 3%, o aumento
que ele tem). e) para separar grupos de orações coordenadas que, por foi de 50% ou de 1 ponto percentual. Se subiu de 2% para 5%, o aumento foi de
apresentarem unidade de sentido ou aspectos em comum, convém deixar no 150% ou de 3 pontos percentuais. (Duarte SN. Língua viva. JB, 26.11.00)
mesmo período, embora pudessem figurar em períodos separados. Ex.: Na
linguagem escrita é o leitor; na falada, o ouvinte. Nas sociedades anônimas ou PONTUAÇÃO E ET CETERA
limitadas existem problemas: nestas, porque a incidência de impostos é maior; Etc. é a abreviatura da expressão latina “et cetera”, que significa “e as demais
naquelas, porque as responsabilidades são gerais. (Duarte SN, Língua Viva, JB. coisas”. Quando a frase termina com “etc.”, basta colocar um ponto, que acaba
5.3.00) tendo duplo papel: o de marcar a abreviatura da expressão e o de encerrar o
O ponto-e-vírgula é uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto-final, uma período (dicionários e Formulário Ortográfico Oficial). (Cipro Neto P. Ao pé da letra.
vez que encerra período. Emprega-se vírgula ou ponto-e-vírgula antes de conectivos O Globo, 17.3.02)
adversativos (mas, porém, contudo, todavia) ou conclusivos (logo, portanto, por isso,
por conseguinte). Exs.: Ele trabalha muito; porém não foi promovido (facultativo = PONTUAL
pode ser vírgula). Ele trabalha muito; não foi, porém, promovido (indica que a Modismo errôneo é o uso de “pontual” por “específico”. Exs. Temos problemas
primeira pausa é maior, pois separa duas orações). Ele sempre se dedicou à específicos para resolver. Pontual, em português, é quem cumpre o horário
empresa; será, pois, promovido. Os empregados iriam todos; não havia estabelecido, quem chega na hora marcada. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 11.3.01)
necessidade, por conseguinte, de ficar alguém no pátio. Emprega-se para separar
os itens de uma enumeração. Exs.: Devemos tratar, nesta reunião, dos seguintes PÔR-DO-SOL (PLURAL)
assuntos: 10) Cursos a serem oferecidos, no próximo ano, a nossos funcionários; 20 ) No plural varia apenas o primeiro elemento: os pores-do-sol. Como se vê,
Objetivos a serem atingidos; 30) Metodologia de ensino e recurso audiovisuais; 40) desaparece o acento circunflexo no plural. Quanto à grafia, o hífen aparece no
Verba necessária. Emprega-se para serparar os itens de uma explicação. Ex.: A Aurélio, no Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa e no VOLP-ABL, mas
introdução dos computadores pode acarretar duas conseqüências: uma, de natureza não aparece no Caldas Aulete e no Houaiss. Como o que está no VOLP é oficial,
econômica, é a redução de custos; a outra, de implicações sociais, é a demissão de não é possível contestar a forma pôr-do-sol. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
funcionários. Emprega-se para separar itns diferentes de uma enumeração. Ex.: O 27.7.03)
Brasil produz café, milho, arroz; ouro, níquel, ferro. (gêneros alimentícios; riquezas
minerais). O cavalo sertanejo é esguio, sóbrio, pequeno; rabo compridíssimo, crinas PORRA, PORRADA
grandes. (aquilo que ele é; características que ele tem). Emprega-se para separar Procedem do latim porra, que designava arma de madeir, na verdade um pedaço de
grupos de orações coordenadas que, por apresentarem unidade de sentido ou pau em cuja extremidade havia uma protuberância. Ali eram incrustrados pedaços
aspectos em comum, convém deixar no mesmo período, embora pudessem figurar de metal, semelhando pregos. Dar uma porrrada no inimigo era feri-lo. Porra
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designava também, entre os séculos 13 e 15, um cetro eclesiástico, muito usado por Nada de “z” ao conjugar o verbo “pôr” ou algum de seus derivados (depor, propor,
autoridades da Igreja em procissões e outras solenidades. “Porra” foi também, impor etc.): pus, pôs, pusemos, puseram, pusesse, puséssemos, pusessem, puser,
durante séculos, variante de “porro”, vegetal de talo grande e grosso, em cuja pusermos, puserem, expus, expôs, expusemos, expuseram etc. (Cipro Neto P. Ao
extremidade está um bulbo que semelha a ponta da arma romana, que pé da letra. O Globo, 12.9.99)
provavelmente serviu de metáfora para designar o vegetal. No caso do alho, o
masculino “porro” subtituiu o feminino “porra”, evoluindo depois para a forma “porró”. POR vs. PÔR
Além do mais, o bulbo produz um líquido branco que lembra o esperma, que tem em Por é preposição. Ex.: Vou por este caminho. Pôr é verbo. Ex.: Vou pôr o livro sobre
“porra” a sua designação popular. (Silva D. Exclamações inconvenientes. Língua a mesa. Duarte SN. Desafios Língua Viva. Livro 8. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil,
Viva. JB, 13.7.03) 1999.
PÔR vs POR POR, POR CAUSA DE, EM VISTA DE, EM VIRTUDE DE, DEVIDO A, EM
Para distinguir de que pôr se trata, substitua a palavra por colocar. Assim, se ela CONSEQÜÊNCIA DE, POR MOTIVO DE, POR RAZÕES DE
equivaler a colocar, tem acento: Vamos pôr a situação em pratos limpos. / Vamos São preposições e locuções prepositivas, que funcionam como articuladores
colocar a situação em pratos limpos. O acento, porém, só existe em pôr, mas não sintáticos de causa. O verbo assume a forma do infinitivo. Ex. Não fui até Roma, em
nos derivados. Por isso, escreva pôr, com acento, e, sem acento, repor, propor, virtude de estar com pressa de regressar ao Brasil. (7)
dispor, compor, supor, etc. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São
Paulo, 15.12.01) POR INTEIRA vs. POR INTEIRO
Toda locução fica invariável, independentemente do número do termo que ela
PÔR AS BARBAS DE MOLHO (ETIMOLOGIA) modifica. Exs.: animais em extinção (e não "em extinções"), camisas sob medida (e
Essa locução significa acautelar-se, precaver-se, prevenir-se, ficar de sobreaviso. não "sob medidas"), soldados à paisana (e não "a paisanas"), votos em branco (e
Em espanhol, existe até o provérbio cuando las barbas de tu vecino veas pelar, pon não "em brancos"), carros a álcool (e não "a álcoóis"), compras à vista, pessoas
las tuyas a remojar. O ditado corresponde a: “Quando você vir as barbas do seu escolhidas a dedo. É meia-estação, mas você tem de ficar bonita por inteiro (por
vizinho pelar, ponha as suas de molho.” Ou seja, todos devemos aprender com as inteiro é uma locução, invariável, equivalente a inteiramente, totalmente - advérbios
desgraças ou experiências alheias. A referência às barbas é muito significativa na e, também, invariáveis. É meia-estação, mas vocês têm de ficar bonitas por inteiro
Antiguidade e na Idade Média, quando a barba era sinônimo de honra, valor e poder. (inteiramente, totalmente). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo,
Nessas épocas, ter a barba cortada por alguém era a suprema humilhação. Esse 22.3.03)
conceito chegou aos nossos dias na forma dessa expressão. É mais ou menos isto:
veja o que aconteceu aos outros e tome cuidado para que o mesmo não ocorra com POR ISSO vs. PORISSO
você. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 15.10.00) Porisso não existe. Ex.: Estava escuro e , por isso, demorei a encontrar o caminho
(Duarte SN, JB, 14.6.98, p.14)
PORCENTAGEM OU PERCENTAGEM (CONCORDÂNCIA) O certo é por isso: trata-se de uma locução. Repare que você não escreve por esse,
As duas formas são corretas (Duarte SN, JB, 1.3.98,p.14) por este, por aquele juntos. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São
A concordância se faz: (1) sem escificador, o verbo deve concordar com a Paulo, 11.8.01)
percentagem. Ex. 1% foi descontado. 2% foram descontados; (2) com especificador
singular, o verbo pode concordar com o especificador singular. Exs. 2% da PORQUE, POIS, COMO, POR ISSO QUE, JÁ QUE, VISTO QUE, UMA VEZ QUE
população votou. Trinta por cento da fazenda será ocupada. Vinte por cento da água São conjunções e locuções conjuntivas, que funcionam como articuladores sintáticos
está contaminada; (3) com especificador plural, o verbo deve concordar com o de causa. O verbo se mantém no tempo finito. Ex. Não fui até Roma porque estava
número. Exs. Quase 90% dos empresários acham que o risco de fraude é maior; (4) com pressa de regressar ao Brasil. (7)
quando o percentual é antecedido por um determinante, a concordância é feita com
esse determinante. Exs. Esses 30% da fazenda serão ocupados. Os restantes 15% PORQUE, POR QUE, PORQUÊ E POR QUÊ?
da produção vão ser armazenados. (Duarte SN, Jb, 8.3.98, p.14) Porque é conjunção causal ou explicativa (Exs. Ele viajou porque foi chamado para
Há duas possibilidades: ou concorda com a percentagem ou com o especificador. assinar o contrato. Ele não foi porque estava doente. Feche a porta porque está
1a) “No Recife, 26% da população TROCAM... (=concorda com 26%); 2a) “No ventando muito.
Recife, 26% da população TROCA... (=concorda com população). Prefiro a segunda Porquê é a forma substantivada (= antecedida de artigo ”o” ou “um”) Ex.Quero saber
opção. Ex.: “15,8% das pessoas SÃO ANALFABETAS”. “50% das crianças ainda o porquê para isso tudo. Ela quer saber o porquê da sua demissão. O diretor quer
não FORAM VACINADAS.” “20% dos moradores ESTÃO DESABRIGADOS.” “30% um porquê para tudo isso.
da Mata Atlântica FOI DESTRUÍDA.” (Duarte SN. Língua Viva, JB, 27.9.98) Por quê = no fim da frase (fim de frase interrogativa) (Ex. Ele não viajou por quê?)
Se ele mentiu, eu queria saber por quê.
PÔR (ORTOGRAFIA) Por que em frases interrogativas diretas ou indiretas. Ex. Por que você não foi
(pergunta direta). Gostaria de saber por que você não foi (pergunta indireta)
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Por que quando for substituível por por qual, pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas Talvez seja possível resumir a história assim: quando equivale a “pelo/a qual”,
quais. Ex. Só eu sei as esquinas por que passei (= pelas quais). Quando houver a “pelos/as quais” ou a “por que razão”, “por qual razão”, grafa-se “por que” (com
palavra “motivo”antes, depois ou subentendida. Ex. Desconheço os motivos por que acento, se a oração terminar ali). Quando não, grafa-se “porque” (com acento, se for
a viagem foi adiada (= pelos quais). Não sei por que ele não veio (= por que motivo). substantivo). É preciso tomar cuidado com o que se vê por aí em cartazes, rótulos,
(Duarte, SN, JB, 22.2.98, p.12.; ______p.16, 22.11.98) faixas, avisos públicos, textos publicitários etc. Muitas vezes, o que tinha de ser junto
Escreve-se separado: (a) quando for advérbio interrogativo (Por que você fugiu de vem separado, e o que tinha de ser separado vem junto. (Cipro Neto. Ao pé da letra.
casa?); (b) quando o que for pronome relativo (Este é o assunto por que me O Globo, 21.5.00)
interesso); (c) quando o que for pronome interrogativo (Por que assuntos você se O verbo “votar” pode muito bem ser empregado com a preposição “por” (votar por
interessa?). Obs: no final da oração interrogativo, o que é acentuado (Você não vai à algo ou por alguém), registrado pelos bons dicionários de regência (o de C. Luft e o
festa por quê?). (7) de F. Fernandes, por exemplo). Pode-se dizer “Voto por sua absolvição”, pode-se
Sempre que pudermos substituir por que por por qual, pelo qual, pela qual, pelos dizer “Voto por que seja absolvido”. A mesma estrutura se vê com o verbo “optar”.
quais ou pelas quais, devemos escrever por que (= separado) (Duarte SN, JB, Pode-se dizer “Opto por sua absolvição” ou “Opto por que seja absolvido”. Nesses
14.6.98, p.14) casos, o “por que” é corretíssimo e não equivale a “pelo/a qual” ou a “por qual
Devemos escrever por que (=separado)sempre que pudermos substituir por pelo razão”. Deve ficar claro que, nessas situações, temos a preposição “por”, regida pelo
qual, pela qual, pelos quais. Ex.: as dificuldades internas por que passaram (Duarte verbo (optar, votar), e a conjunção “que”, que introduz a oração subordinada. A
SN, Língua Viva, Jornal do Brasil, 25.7.99) estrutura que há em “Opto por que seja absolvido” e “Voto por que seja absolvido” é
Acentue o por quê (separado) quando estiver no fim da frase. (Niskier A Na ponta da a mesma que temos em “Oponho-me a que seja absolvido” ou “Insisto em que seja
língua. O Dia, 4.11.99) absolvido”. Se alguém se opõe, opõe-se a; se alguém insiste, insiste em. Temos aí
O que vigora no Brasil não vigora em Portugal, quando o assunto é “por que”, as preposições “a” e “em”, regidas por “opor-se” e “insistir”, respectivamente, e a
“porque” etc. Esqueça também (e completamente) aquela velha história de que só conjunção “que”, que introduz a oração subordinada. (Cipro Neto P. Ao pé da letra.
se escreve “por que” (“separado”, como se diz) quando há ponto de interrogação, e O Globo, 18.6.00)
só se escreve “porque” (“junto”, como se diz) quando não há ponto de interrogação. Por que equivale a “por qual razão”, “por que razão”. Ex.: O técnico não explicou por
Há basicamente dois casos em que se usa “por que”. Num deles, pouco comum, que optou pelo esquema 3-5-2 para enfrentar um adversário nitidamente mais fraco.
temos a equivalência com as expressões “pelo/a qual”, “pelos/as quais”: “São Esse “por que” não introduz nenhuma explicação; introduz o que se quer ver
indescritíveis os caminhos por que (= pelos quais) tivemos de passar”; “As teses por explicado, o que se quer saber (Por que o técnico optou pelo esquema 3-5.2?). O
que (= pelas quais) luto nem sempre são compreendidas”. No outro caso, o “por que temos aí é uma pergunda indireta, o que explica o fato de se grafar “por que”
que” equivale a “por que razão”, “por qual razão”: “Por que (= por que razão, por qual “separado”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 10.3.02)
razão) no Brasil não se consegue criar uma sociedade mais justa e equilibrada?”; Por que é advérbio interrogativo. Porque é conjunção explicativa ou causal. Por que,
“Faço questão de saber por que (= por que razão, por qual razão) você é tão áspero embora seja um advérbio interrogativo, não precisa vir acompanhado de ponto de
com ela”. Já o “porque” (“junto”) introduz explicação ou causa do que se afirma: “Não interrogação. Para identificar a necessidade do “por que”, é substitui-lo pelas
vou porque estou doente”; “Não voto nele porque seus projetos sociais são pífios”. expressões “por que razão”, “por que motivo”. Ex.: Com estas ofertas você entende
Não é a presença (ou a ausência) do ponto de interrogação o que decide se é “junto” direitinho por que tem tanta festa nesta época. O porque, conjunção causal, pode
ou “separado”. Ex.: “Você não foi porque estava doente?”. O que se pergunta não é ser substituído por “por ser”, “devido ao fato de”. Ex.: Você entende isso porque é
por que a pessoa estava doente, mas, sim, se a doença foi o motivo, a causa da uma pessoa esperta. Por que e por quê significam rigorosamente a mesma coisa. O
ausência dessa pessoa. É por isso que, mesmo com ponto de interrogação no fim acento é necessário apenas quando o advérbio encerra a frase. O acento em
da frase, esse “porque” é “junto”. Às vezes é justamente a grafia (“junto” ou “porquê”muda a função da palavra, que passa a ser um substantivo e, como tal,
“separado”) o que decide o sentido da frase: “Ninguém sabe por que ele não freqüentemente exige artigo. O “porquê” significa”o motivo”, “a razão”. Ex.: Não
explicou”; “Ninguém sabe porque ele não explicou”. No primeiro caso, ninguém sabe entendo por que você fez isso. Por quê? Porque quis, eis o porquê. Nem sempre
por qual razão ele não explicou, ou seja, desconhece-se o motivo de ele não ter “por que” é advérbio interrogativo – transformá-lo mentalmente em “por que
explicado. No segundo, muda tudo. O fato de ele não ter explicado é o motivo de razão”não funciona. Isso acontece quando o “que” que se segue a “por”
ninguém saber, isto é, as pessoas saberiam se ele tivesse explicado; como ele não desempenha o papel de pronome relativo. Ex. Só eu sei as esquinas por que passei.
explicou, continuaram sem saber. E quando se coloca acento em “por que” e Aqui é só verificar se “por que” pode dar lugar a “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais”
“porque”? No primeiro caso, basta que a oração termine ali: “Por quê?”; “Ele não vai, ou “pelas quais”. Outra casca de banana é a frase interrogativa que, embora
e ninguém sabe por quê”. É “separado” porque equivale a “por qual razão” (“Por qual diretíssima, com ponto de interrogação e tudo, exige “porque” e não “por que”. Ex.:
razão?”; “Ele não vai, e ninguém sabe por qual razão/por que razão”); é acentuado Você se esconderu porque estava com medo? O “porque” representa o papel de
pelas mesmas razões que você viu no início do texto, quando da explicação do título conjunção, embora inserido em uma pergunta. Trata-se de uma indagação que já
da revista (“Você tem cheiro de quê?”). Para acentuar “porque” (“junto”), é preciso adianta uma suposição de resposta, na qual se encaixa o “porque”. Equivale a
que essa palavra seja substantivo. Nesse caso, normalmente “porquê” acaba sendo perguntar em dois tempos: Por que você se escondeu? Porque estava com medo?
sinônimo de “motivo”, “causa”: “Não entendemos o porquê (= motivo, a causa) da (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 15.12.02)
demissão do ministro”; “Ele não revelou o porquê (= o motivo, a causa) da renúncia”.
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POR vs. PÔR preferimos o gerúndio (“Estamos trabalhando”); em Portugal, preferem o infinitivo
Por é preposição. Ex.: Vou por este caminho. Pôr é verbo (=colocar, botar). Ex.: Vou (“Estamos a trabalhar”). No Brasil, gostamos da forma “você”; em Portugal, usam
pôr o livro na estante. Vou pôr São Paulo nos trilhos... Pôr a vida em risco. É preciso mais o pronome “vos”. “Se eu lese para você”e “Se eu vos lesse”. Aqui “falar
pôr um acento no verbo. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 12.9.99) consigo” é “falar com si mesmo”; em Portugal “falar consigo” é “falar com você”. Em
Pôr (verbo) tem a mesma grafia de por (preposição)? Não tem. Lembre-se: pôr, Portugal, é freqüente o sudo de “mais pequeno”; no Brasil, aprendemos que o certo
verbo, leva acento, inexistente em por, preposição. Dessa forma: Vamos pôr tudo é falar “menor”. (Duarte SN. Língua Viva,JB,25.6.00)
isso em pratos limpos. / Era a cara do pai, sem tirar nem pôr . / Não sabia onde pôr
tanto dinheiro. No caso da preposição, veja como fica: Fazia tudo por sua família. / PORVENTURA vs. POR VENTURA
Andou por vales e montanhas. / Trocou a casa por um apartamento. (Martins E. De O advérbio que significa por acaso é porventura (uma palavra só). Por ventura
palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 15.12.01 (separado) significa por felicidade. Ex.: Não devemos agredir aqueles que,
porventura, discordem de nossas opiniões. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia,
POR CAUSA DE vs. POR CONTA DE 19.2.00)
O preço do telefone no mercado paraleo caiu, nesta semana, por causa do anúncio
do governo de que os telefones agora serão mais baratos. A testemunha viu o POR vs. PUZER vs. PUSER
assassino mas não quer depor porque está com medo. Por causa disso está O certo é “se eu puser” . Por é preposição (Eu vor por este caminho). Pôr é infinitivo
sofrendo uma cruel persiguição por parte da polícia. O emprego da locução do verbo (Eu vou pôr o livro sobre a mesa). Puser é futuro do subjuntivo (Se você
prepositiva “por causa de” está perfeito nos exemplos. O uso de “por conta de” em puser o casaco, sairemos) (Duarte SN. Língua Viva. JB. 30.12.01)
vez de “por causa de” não é correto. Ex.: A contusão ainda dói muito e, por conta
disso, não pode jogar domingo. (errado) Exs.corretos: Comprou um bilhete da POSSESSIVO “SEU” E AMBIGÜIDADE (DUPLO SENTIDO)
Loteria de Natal e estão tão certo de ganhar que já está gastando por conta da sorte Na frase: Técnico do Vasco diz ao do Flamengo que seu time é melhor. Afinal, que
grande. A próxima rodada é por conta da casa. Comprava os artigos em São Paulo time é melhor? Como corrigir? É preciso usar outras estruturas: Técnico do Vasco
por conta da representação de diversas casas dos outros estados. Tenho diz ao do Flamengo que time cruzmaltino é melhor, ou Técnico do Vasco diz ao do
responsabilidade no que digo, pois estou falando por conta do ministro. Anda mal Flamengo que time rubro-negro é melhor. No caso de elementos de gênero
ajambrado, desiluidido da vida, já está por conta do Bonifácio. diferente, uma solução pode ser o emprego de dele e dela: Luísa encontrou o
namorado na casa dele; Luísa encontrou o namorado na casa dela. (Cipro Neto P.
PORQUANTO vs. POR QUANTO Ao pé da letra, O Globo, 13.6.99, Rio p.23)
Por quanto (separado) – Por quanto você vendeu seu carro? Porquanto (uma só
palavra) – conjunção = porque. Ex.: Carlos ficou decepcionado porquanto não foi POSTO QUE vs. POSTO
sorteado. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 10.6.01) Na tradição da língua, a locução “posto que” e a conjunção “posto” são empregadas
como equivalentes a “embora”, “apesar de”. Ex.: “Fazia-lhe a mãe grandes elogios, e
PORTA-BANDEIRA (PLURAL) eram fundados, posto fossem de mãe” (=”embora fossem de mãe”) (“Ressurreição”,
Porta-bandeira. Plural: porta-bandeiras. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de Machado de Assis, citado no “Aurélio”). Os dicionários, no entanto, não abonam
de S. Paulo, 24.2.01) com valor de explicação ou causa. Ex.: “Que não seja imortal, posto que é chama”
(“Soneto de Fidelidade”, Vinicius de Moraes). “Ele foi-se embora, posto que não
PORTUGUÊS DO BRASIL vs. PORTUGUÊS DE PORTUGAL podia pagar a pensão”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 27.8.00)
Existem algumas diferenças entre o português do Brasil e o de Portugal. Uma No sentido original, “posto que” tem valor concessivo, quer dizer, é sinônimo de
diferença fonética bem “visível”é a pronúncia de vogais. Aqui no Brasil, nós “embora”, “ainda que”, “se bem que”. Na língua brasileira, “posto que” está
pronunciamos bem todas as vogais, sejam tônicas ou átonos. Em Portugal, a consagrado como conjunção causal, embora os gramáticos ainda condenem esse
tendência é só pronunciar bem as vogais tônicas. As vogais átona são uso. Ex.: Que não seja imortal, posto que é chama (Vinícius de Moraes) (Rodrigues
verdadeiramente átonas (=fracas). Uma conseqüência disso é a colocação dos S. Língua Viva. JB, 22.12.02)
chamados pronomes átonos (me, te, se, o, lhe, no...). Em Portugal, por ter a
pronúncia fraca, não se põe o pronome átono no início da frase: “Dê-me um cigarro”; POSTURA
no Brasil, como as vogais átonas são pronunciadas como se fossem tônicas, não Empregada na acepçãop de posição do corpo. O uso de “postura” com o sentido
temos nenhuma dificuldade em pôr os pronomes átonos no início da frase: “Me dá figurado de “ponto de vista”, “modo de pensar e agir” ou “atitute” consagrou-se em
um cigarro”. É assim que o brasileiro fala. E quando me refiro ao brasileiro, estou nossa língua e é registrado no Aurélio Século 21 e no Michaelis Melhoramentos.
falando do brasileiro em geral, de todos os níveis sociais e culturais. Não estou (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 10.6.01)
fazendo referência ao “povo” com aquela conotação pejorativa e discriminatória que
alguns ainda atribuem à palavra. Diferenças semânticas existem muitas. Algumas POTÊNCIA (FÍSICA)
famosas já viraram até piada. Em Portugal, “uma bicha enorme”não é nada mais do Medida da rapidez com que se realiza o trabalho. Calculdada dividindo-se o trabalho
que “uma fila imensa”. E diferenças sintáticas também existem. No Brasil, nos realizado pelo tempo gasto em realizá-lo. P = τ / t. No Sistema Internacional, a
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potência é medida em joules/segundo, que recebe o nome de watt (W). Na prática, O preço pode ser alto ou baixo. O produto é que é caro ou barato. Ex.: O preço do
utiliza-se o também o quilowatt (kW) = 1.000 W. Existe uma unidade de potência que produto é alto. O valor das ações está alto. Os imóveis estão caros. (Duarte SN, JB,
não pertence a nenhum sistema, que é utilizada para motores: o cavalo-vapor (CV), 31.5.98, p.14)
em que 1 CV = 7356 W. O preço de um produto não é caro, isto é, ele pode ser alto ou baixo; o produto é
que é caro ou barato. Ex.: Maria achou o preço do liquidificador muito caro.” (Niskier
PRAZEROSO vs. PRAZEIROSO A. Na ponta da língua. O Dia, 25.6.00)
O certo é prazeroso. (Duarte, SN, Língua Viva, JB, 18.10.98, p.16)
PREDICATIVO E CONCORDÂNCIA
PRECAVENHO vs. PRECAVEJO Quando o predicativo é expresso por um substantivo plural, o verbo ser deve ir para
Nenhum dos dois. Precaver-se é defectivo. No presente do indicativo, só possui o plural. Ex.: O resultado da pesquisa são números assustadores. A última parte do
precavemos e precaveis. O pretérito e o futuro são regulares (ele se precaveu, ele relatório são sugestões de melhoria. (Duarte, SN, Língua Viva, JB, 18.10.98, p.16)
se precaverá). A solução é “ estou me precavendo” ou substituir por um sinônimo (= No caso de o predicativo ser expresso por um substantivo plural, o verbo SER deve
eu me previno, eu tomo cuidado). (Duarte SN. Língua Viva. JB, 6.1.02) ir para o PLURAL. Exs.: “O resultado da pesquisa SÃO números assustadores” e “A
última parte do relatório SÃO sugestões de melhoria”. (Duarte SN. Língua Viva. JB,
PRECAVER (CONJUGAÇÃO) 18.10.98)
Verbo defectivo. No presente do indicativo só há duas formas: nós precavemos, vós
precaveis. Como esse verbo normalmente é pronominal, as formas acabam sendo PREDITIVO E PREDITO
“nós nos precavemos”, vós vos precaveis”. É bom lembrar que os verbos defectivos Preditivo não existe (Michaelis, Aurélio e Academia Ciências). Predito: que se
não são incompletos nos pretéritos e nos futuros: eu me precavi, ele se precaveu, predisse; prenunciado; vaticinado 2. Dito ou citado anteriormente. (Michaelis)
eles se precaveram, se eu me precavesse, se ele se precavesse, se eles se
precavessem etc. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 11.7.99) PREDITOR vs. PREDISPONENTE
No “Aurélio”, por exemplo, encontra-se esta orientação: “Defectivo, só conjugável Preditor (substantivo) não existe, mas está no Michaelis com o sentido de “aquele
nas formas arrizotônicas, que são regulares.” A raiz de “precaver” é “precav-“, que prediz”. Predisponente: que predispõe; favorece o aparecimento de sintoma ou
portanto são arrizotônicas as formas cuja vogal tônica não faça parte de “precav-“. doença. (Ferreira, 1986)
Se existissem, formas como “precavo” (“eu me precavo”) e “precave” (“ele se
precave”) seriam rizotônicas, já que suas vogais tônicas (o “a” da sílaba “ca”) PREFEITO
ficariam dentro da raiz. No presente do indicativo, só há duas formas: “nós Os romanos denominavam praefectus a autoridade posta à frente das fortificações
precavemos”, “vós precaveis”. A sílaba tônica de “precavemos” é “ve”; a vogal tônica que cercavam o município. O praefectus, prefeito era o chefe do municipium,
(“e”) fica fora da raiz. A sílaba tônica de “precaveis” é “veis”; a vogal tônica (que município, o local onde as pessoas moravam e exerciam seus ofícios, tendo direitos
também é “e”) também fica fora da raiz. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, e deveres. (Silva D. Palavras de política. Língua Viva. JB, 12.4.04)
10.2.01)
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vezes”, etc que talvez expliquem o que leva o falante a cruzar a regência de preferir agência abrir suas portas. Está na hora de a onça beber água. (Duarte SN. Língua
com a de gostar e usar “do que”. Celso Luft, depois de dar a regência padrão Viva, Jornal do Brasil, 13.6.99, p.14)
(“preferir uma coisa a outra”), diz o seguinte: “Por causa do traço semântico antes ou Se você quiser ser estritamente lógico, não funda a preposição com o sujeito do
mais (preferir = ‘querer antes ou mais’) também ocorre a sintaxe preferi-lo (do) que... infinitivo. Ex.: É hora de a onça beber água. Mas saiba que ótimos autores não se
Aliás, o elemento antes (ou mais) aparece combinado a preferir, pleonasticamente, incomodam nem um pouco com: É hora da onça beber água. Vale lembrar que essa
como a reforçar o traço semântico obscurecido na forma verbal: prefiro mais (ou história não tem relação com os outros casos de fusão da preposição de com os
antes) a música do que a pintura. Trata-se de sintaxe oral (popular, familiar), mas há artigos o,a,os,as. É claro que não se pode dizer: O carro de o diretor está na oficina.
abonações literárias” e afirma que o lingüista Antenor Nascentes, que rastreia essa A casa de ele foi invadida. Não se trata, no caso, de sujeito de verbos no infinitivo.
sintaxe nos clássicos (Bernardes, Garrett, Camilo) e em outras línguas (grego, latim, Outro ex. de uma canção popular: Eu devia estar feliz pelo Senhor Ter me
alemão), conclui “que não há erro nenhum nas expressões preferir antes e preferir concedido um Domingo para ir com a família ao Jardim Zoológico. Pela lógica, a
do que”. Luft termina com estas palavras: “Mesmo assim, em linguagem culta formal, preposição por, que não faz parte do sujeito, não se funde com o artigo o: Eu devia
cabe a sintaxe primária: preferir algo ou alguém a...”. Com “é preferível”, use o estar feliz por o Senhor Ter me concedido.... No padrão estritamente formal é assim.
mesmo raciocínio. Exs.: Prefiro o Flamengo. Prefiro teatro. Prefiro teatro a cinema. Mas que dá uma tremenda vontade de fundir por e o dá. É melhor mudar a ordem:
Ele prefere água a refrigerante. Ele prefere ir à praia a trabalhar. Ele prefere isso Eu devia estar feliz por Ter o Senhor me concedido um Domingo... (Cipro Neto P. Ao
àquilo. Prefiro ir à praia a trabalhar. Ele prefere pegar uma onda a ficar deitado na pé da letra, O Globo, 20.6.99. p.21)
areia. Prefiro trem a ônibus. Ele prefere jogar futebol a vôlei. Nós preferimos o sol
da manhão ao sol do meio-dia. 1. Cipro Neto P. “Eu prefiro ser essa metamorfose PREPOSIÇÃO DE
ambulante...”. Folha de S. Paulo. 30 jun 2005;Cotidiano:C2. 1. A preposição de indica o material de que alguma coisa é feita e nunca em. Exs.:
2. Cipro Neto P. O Globo. 7 maio 2000;Ao pé da letra. saias de seda e nunca saias “em” seda, blusas de lã e nunca blusas “em” lã,
2. Duarte SN. Jornal do Brasil. 5 dez 1999;Língua Viva. vestidos de crepe e nunca vestidos em crepe, ternos de tropical e não ternos “em”
3. Luft CP. Dicionário prático de regência verbal. 8 ed. São Paulo: Ática; 2003. tropical. Roupas de couro são apropriadas para os dias do inverno. A norma não
4. Martins E. O Estado de S. Paulo. 8 jan 2000; De palavra em palavra. vale apenas para peças de roupa. Exs.: estátua de bronze e não estátua “em”
bronze, objetos de madeira e não objetos “em” madeira, móvel de jacarandá e não
PREFIXADO vs. PRÉ-FIXADO móvel “em” jacarandá, mesa de mármore, casa de alvenaria, chapéu de palha, etc.
O VOLP da ABL (1998) e a maioria dos nossos dicionários (Michaelis, Caldas (Martins E. Ao pé da letra, O Estado de São Paulo, 12.6.99)
Aulete) só registram a forma prefixado. A forma pré-fixado só aparece na edição de 2. Copo com água significa apenas copo com alguma água. Por isso, diga que você
1999 do Aurélio. tomou um copo d’água. Nesse caso, copo equivale a medida e não ao material de
que o copo é feito. Quando se fala em garrafa de cerveja, ninguém imagina que se
PREGAR OLHO vs. PREGAR O OLHO trate de uma garrafa feita de cerveja. Assim, fale não apenas em copo d’água, mas
O correto é: não preguei olho a noite toda (não dormi). (Ramos W. Não morda a também em xícara de café, litro de leite, saco de açúcar, caneca de chope e não
língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) caneca com chope, xícara com café, litro com leite, saco com açúcar, etc. Ocorre o
mesmo quando se fala em barril de petróleo. Também não se imagina um barril feito
PREMIAR (CONJUGAÇÃO) de petróleo, mas apenas que se trata de uma medida do petróleo. (Martins E. Ao pé
Sua conjugação segue a da quase totalidade dos verbos que terminam em iar da letra. O Estado de São Paulo, 12.6.99).
(variar, anunciar, denunciar, renunciar): premio, premia, premiam, premie. Ex.: Toda
idéia, de certa forma, é uma contribuição. Por isso, premie as melhores idéias e PREPOSIÇÃO E ADJUNTO ADVERBIAL
agradeça as outras. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 11.7.99) Embora não seja obrigatório, o uso das preposições no adjunto adverbial, sempre
que possível, é bem-vindo. Ex.: Quando ele esteve aqui na semana passad, melhor
PRENUNCIAR vs. PRONUNCIAR que: Quando ele esteve aqui semana passada. Imagine se o sujeito (= ele) estivesse
Prenunciar (= anunciar com antecedência). Pronunciar (= exprimir verbalmente, oculto: quando esteve aqui a semana passada. Parece que quem esteve aqui foi “a
articular). Ex.: A atitude do rapaz prenunciava algo ruim. (Niskier A Na ponta da semana passada”. Dizer que “ele esteve aqui na semana passada”’ é sempre mais
língua. O Dia, 12.11.99) claro para o leitor. Ex. No Domingo, haverá Fla x Flu
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a que fizemos alusão não é recente; o antecedente é “o fato”; assim, fizemos alusão PRESCREVER vs. PROSCREVER
ao fato. (4) Os dados com que contamos são insuficientes; o antecedente é “os Prescrever = a) receitar. Ex. Para o tratamento das minhas alergias, o médico
dados”; assim, contamos com os dados. (5) Aqui está o livro que compramos ontem; precreveu banho frio.” B) perder a validade.Ex. O prazo de validade dos remédiso já
o antecedente é “o livro”; assim compramos ontem o livro (sem preposição). (Duarte prescreveu. Proscrever = banir, abolir, expulsar.Ex.; No meu tratamento, o banho frio
SN, JB 21.12.97) foi proscrito. Observe qeu se o médico prescreve, o paciente vai tomar banho frio; se
Deve-se levar em conta que o termo regente da preposição que antecede o o médico proscreve, o paciente só vai tomar banho quente. (Sérgio Nogueira Duarte
pronome relativo vem depois dos dois, ou seja, depois da preposição e do pronome - Língua Viva - JB, 30.8.98, p.16)
relativo. Ex.: O cineasta sofreu um derrame, do qual não iria se recuperar mais. O
regente da preposição “de” (do = de + o) é o verbo “recuperar-se” (se alguém se PRESCRUTAR vs. PERSCRUTAR
recupera, recupera-se “de” algo). Esse “de” se funde com o “o” que integra o Prescrutar não existe. Perscrutar significa “investigar minuciosamente, indagar com
pronome relativo “o qual”. O emprego do par “preposição + pronome relativo” nas escrúpulo, perquirir. Que ou quem perscruta é o perscrutador, e tudo o que pode ser
variedades formais da língua é diferente do que se verifica nas variedades informais, perscrutado é perscrutável. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 1.7.01)
em que são comuns construções como “A cidade que eu moro” ou “O prato que eu
mais gosto”. Formalmente, essas construções se transformam, respectivamente, em PRESÉPIO
“A cidade em que/na qual (eu) moro” e “O prato de que/do qual (eu) mais gosto. Presépio deriva da palavra latina praesepium, formada de prae, antes, na frente, e
(Cipro Neto P. A marca em que todos confiam. Revista O Globo, 7.11.2004, p. 39.) de saepes, cerca, barreira, grade. Presépio, a princípio, designava um lugar
Na variedade informal da língua, é normal a supressão da preposição que deveria vir fechado. Depois, passou a dar nome a um lugar onde se recolhiam animais, ou seja,
antes do pronome relativo “que”. Exs.: A rua que eu moro. Os nomes que eu me um estábulo. Hoje esse sentido original praticamente desapareceu e a palavra (que
oponho. Na variedade formal da língua, é preciso antepor ao pronome relativo “que” tem uma variante, presepe) aplica-se quase exclusivamente à representação do
a preposição regida pelo verbo. Exs.: A rua em que moro. Os nomes a que me estábulo de Belém e das figuras e personagens presentes por ocasião do
oponho. A marca em que todos confiam. São pouco comuns as construções: Ela nascimento de Cristo. A propósito: foi São Francisco de Assis o primeiro a montar
canta músicas de que todos gostam. Ela não analisou os textos a que me referi. um presépio e a festejar dessa forma o Natal. (Martins E. De palavra em palavra. O
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 15.2.04) Estado de São Paulo, 18.12.99)
Do latim praesepiu, estábulo, curral, chegou ao português no século 14, já sem
PREPOSIÇÕES aqueles sentidos, designando esta espécie de instalação de Natal, concebida
As preposições estabelecem relações entre palavras. Eis algumas: a, ante, até, originalmente em 1223 por São Francisco de Assim, com personagens vivos. A partir
após, por, para, perante, com, contra, de, desde, em, entre, sem, sob, sobre. (Cipro de 1478, em Nápoles, foram utilizados manequins, e foi esta a forma adotada por
Neto P. Ao Pé da Letra. Rio de Janeiro, EP&A; 2001, p.19.) toda a Europa, depois espalhada pelo mundo inteiro pelos missionários. (Silva D.
Palavras de Natal. Língua Viva. JB, 22.12.03)
PREPOSIÇÕES E PRONOME RELATIVO “QUE”
No padrão culto, as preposições devem estar presentes. Exs.: A rua em que eu PRESIDENTA
morava era limpa. A proposta com que você concorda... O que temos aí é a junção O substantivo “presidente” é de dois gêneros por machismo puro, vigente na velha
de duas orações. A construção sem a preposição é comum na língua oral. No gramática. Mas se existe também o substantivo feminino, o feminino, como parece
exemplo: O deputado não aprovou o modo com que seu partido conduziu a questão. claro, é que deve ser usado para a mulher. Mulher que é mulher será sempre “a
De desmontarmos a construção usada, não encontramos a junção de algo como presidenta”. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro: Record,
“Não aprovo o modo. O partido conduziu a questão com esse modo. A frase é 1998)
junção destas orações: Não aprovo o modo. O partido conduziu a questão desse
modo. Nessa frase, a palavra “modo” é usada justamente para indicar idéia de PRESIDENTE E PRESÍDIO (ETIMOLOGIA)
modo. Nesses casos, o termo adequado para estabelecer essa relação é “como”: Palavras de origem comum. Presidente vem do latim praesidere, formado por prae
Não aprovo o modo como o partido conduziu a questão ou ainda, Não aprovo o (antes) e sidere (sentar-se, estabelecer-se). Praesidere originou praesidiu, a força
modo pelo qual o partido conduziu a questão. Pelo que se viu, quando se trata de encarregada de proteger uma fortaleza. Mais adiante, praesidiu passou a designar a
relacionar idéia de modo, a construção “o modo com que” não é exemplar. Na língua própria fortaleza e, por extensão, cárcere. (Toledo RP. Guia de boa conduta dos
culta, ocorre o emprego de “o modo como” ou “o modo pelo qual”. Ex.: Todos se candidatos. Veja 19.6.02 p.134; apud Pimenta R. A Casa da Mãe Joana. Campus;
surpreenderam com o modo como/pelo qual ele resolveu as coisas. (Cipro Neto P. 2002)
Ao pé da letra, O Globo, 28.4.02) Presidente vei de praesidente, declinação de praesidens, aquele que preside, dirige.
No Império Romano, o título praesidens era dado aos governadores de suas
PRÉ-REQUISITO ou PRERREQUISITO províncias. Durante muito tempo, os governadores de Estados brasileiros foram
Redundância. (Silva D. Língua Viva. JB, 27.10.03) chamados presidentes. O vocábulo serve para designar outras funções, por
exemplo, os presidentes de tribunais, câmaras, assembléias e outras instituições.
(Silva D. Um ônibus no jardim. Língua Viva. JB, 15.6.03)
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Do latim praedisens, presidente, designando aquele que está assentado à frente, na PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO DO INDICATIVO
sede, no palácio, ocupando o primeiro lugar. (Silva D. Palavras de política. Língua Indica uma ação anterior a outra ação que já está no passado. Ex.: Quando eu
Viva. JB, 12.4.04) cheguei (pretérito perfeito = ação já passada), ele já tinha dito ou dissera ou havia
dito, tinha saído ou saíra ou havia saído, tinha feito ou fizera ou havia feito (pretérito
A PRESTAÇÃO vs. À PRESTAÇÃO mais-que-perfeito = ação anterior à ação já passada). Ele tinha dito que chegaria
Pagar a prestação (= a prestação é o que ele pagou. É objeto direto). Pagar à cedo, mas chegou às 5 h. A ação de “dizer” é anterior a ação de “chegar”. O
prestação (é o modo como ele pagou. É adjunto adverbial de modo) (Duarte SN. pretérito-mais-que-perfeito é o passado do passado. (Duarte SN, Língua Viva, JB,
Língua Viva. JB. 29.8.99) 18.6.00)
O Pretérito Mais-que-Perfeito Composto do Indicativo é formado do Pretérito
PRETERIR (CONJUGAÇÃO) Imperfeito do verbo auxiliar (ter ou haver) mais Particípio do verbo principal. Exs.:
O vebro preterir, antônimo de preferir, que significa deixar de parte, desprezar, Ele havia chegado e Nós tínhamos gostado. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia,
rejeitar é conjugado como os verbos terminados em erir (ferir, conferir, preferir, 11.6.00)
aderir). Logo, no presente do indicativo: eu pretiro (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
Globo, 11.7.99) PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO
É um tempo primitivo. É a base da conjugação de três outros tempos (mais-que-
PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO vs. FUTURO DO PRETÉRITO DO perfeito do indicativo, pretérito imperfeito do subjuntivo e futuro do subjuntivo).
INDICATIVO Apanha-se a Segunda pessoa do singular do pretérito perfeito e elimina-se a
O pretérito imperfeito se refere a uma ação costumeira no passado. Ex. Até o ano terminação “ste”. Ex. No caso de “ir”, temos “tu foste”, que, sem a terminação “ste”,
passado, o governo mantinha relações diplomáticas com todos os países. passa a “fo”, que se torna a raiz , a base, o tema da conjugação do verbo “ir”nos três
Antigamente ele podia comparecer às reuniões de diretoria. Se fosse verdade, ele tempos derivados do perfeito. Para formar a primeira do singular desses três
poderia comparecer à reunião. De outra forma, o governo não manteria o pessoal tempos, basta agregar as terminações “ra”, “sse”, “r”: fora, fosse, for. (Cipro Neto P.
em Brasília (Sérgio N.Duarte - Lingua Viva Especial/Dúvida dos leitores - JB,5.7.98, Ao pé da letra. O Globo, 15.8.99)
p.15 Para obter a raiz do pretérito perfeito, basta eliminar a terminação “-ste” da segunda
O pretérito imperfeito se relaciona a fato não terminado ou que demorou a terminar. pessoa do singular. P.ex.: se o verbo é “dar”, basta eliminar “-ste” de “deste”(eu dei,
(Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 26.12.99) tu deste). O que sobra? Sobra “de- “, que é a raiz, o tema do pretério perfeito do
verbo “dar”. Essa raiz é a mesma do imperfeito do subjuntivo: se eu desse, se tu
PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO vs. FUTURO DO PRETÉRITO desses, se ele desse, se nós déssemos) e do futuro do subjuntivo (quando/se eu
Em respeito à correspondência dos tempos verbais, o pretérito imperfeito do der, quando/se tu deres, quando/se ele der) (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo,
subjuntivo deve ser usado com o futuro do pretérito. Exs.: Se não fosse 12.11.99)
favoravelmente, o juiz teria indeferido. Se não chovesse, eu iria ao jogo. Se ainda A palavra perfeito vem do latim perfectu, que, ao pé da letra, significa “feito
houvesse tempo, ele deveria aceitar o caso. (Duarte SN, Língua Viva, JB, completamente”. Essa forma verbal indica algo passado e acabado, feito
7.2.99,p.14) completamente. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 28.11.99)
O pretérito perfeito se relaciona a um fato passado e concluído. (Niskier A. Na ponta
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES DO INDICATIVO da língua. O Dia, 26.12.99)
Esse tempo é pouco usado no dia-a-dia em sua forma simples. O “perfeito” (do latim Indica uma ação concluída no passado. Ex.: ele disse, ele saiu, ele fez...
perfectu) de nossos pretéritos (imperfeito/perfeito/mais-que-perfeito) significa “feito
até o fim”, “feito completamente”, e vem do particípio de “perfazer”, em cuja PREVENIR
formação entra o prefixo latino “per-”, que, no caso, indica idéia de conclusão. Ex.: Vem do latim praevenire (= vir antes) e não segue a conjugação de “vir”, de cuja
Quando ela percebeu que ele se envenenara... a forma “percebeu” indica processo família etimológica faz parte. É um verbo irregular, pois o “e” do radical (“preven-”) é
passado (pretérito), acabado, completamente feito (por isso, perfeito), e que a forma substituído por “i” em algumas flexões (eu previno, tu prevines, ele previne, nós
“envenenara” indica processo também passado, também completamente feito, mas prevenimos, vós prevenis, eles previnem, que eu previnha, que nós previnamos).
anterior ao que é indicado pela forma do perfeito (“percebeu”), e que, justamente por Nos pretéritos e nos futuros (do indicativo e do subjuntivo) “prevenir” é regular.
isso, pertence ao “mais-que-perfeito” (mais velho que o perfeito; fato passado (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 26.10.03)
anterior a outro, mais velho que outro). No Brasil, na língua oral, a forma simples do
mais-que-perfeito costuma dar lugar à composta, isto é, à forma “tinha envenenado” PREVER (CONJUGAÇÃO)
é de uso mais provável do que “envenenara”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Temo o prefixo latino “pre-“, que indica idéia de “anterioridade”. “Prever” significa “ver
Globo, 14.4.02) antes”. O ato de prever chama-se “previsão”. Para conjugar “prever”, basta conjugar
o verbo “ver”, do qual “prever” deriva e acrescentar o prefixo “pré-“. Exs.: eu prevejo;
ele prevê; eles prevêem; eu previ; ele previu; eles previram; caso eu preveja; caso
nós prevejamos; caso eles prevejam; se eu previsse; se nós prevíssemos; se eles
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previssem, etc. No futuro do subjuntivo, eliminam-se as letras “am” da terceira PRÓCLISE (PRONOME ANTES DO VERBO)
pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo e você estará bem perto da Usa-se quando houver (a) palavra de sentido negativo (Não se esqueça); (b)
primeira pessoa do singular do futuro do subjuntivo. Com a eliminação de “am” da pronomes relativos (O menino que me deu o lápis saiu); (c) pronomes indefinidos
forma “viram”, chegamos a “vir”. Quando/Se eu vir você no comício. Com o verbo (Tudo me agradava naquela casa); (d) pronomes demonstrativos (Isso me fez
“prever” temos se/quando eu previr que tempo vai fazer; se/quando eles previrem o crescer bastante); (e) o numeral ambos (Ambos se amam); (f) Conjunções
tempo que vai fazer...1,2 subordinativas, mesmo elípticas (Quando me vesti, ela já tinha saído. Solicitei a
1. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 27 out 2002 Vossa Excelência me enviasse as amostras); (g) advérbios não seguidos de vírgula
2. Cipro Neto P. O que faz o provedor. O Globo. 23 out 2005;Revista O (Aqui me encontrei com ela, na primeira vez); (h) gerúndio precedido da preposição
GLOBO:p.25. em (Em se pensando em férias, o Guarujá é um lugar excelente). A palavra que
exige a colocação proclítica não precisa estar imediatamente antes do pronome
PREVER ANTERIORMENTE (Peço aos prezados colegas que, durante as reuniões, se restrinjam, ao máximo, à
Redundância. Ex.: Como estava previsto anteriormente. (Duarte SN. Língua Viva. pauta estabelecida anteriormente.Quando houver locução verbal e a próclise for
JB, 26.8.01) obrigatória, é preferível que o pronome anteceda o verbo auxiliar (O estatuto não se
deve aplicar a esta situação). A colocação enclítica também é aceitável (O estatuto
O PRIMEIRO QUE, O ÚLTIMO QUE não deve aplicar-se a esta situação). (7)
Expressões que deixam o verbo na terceira pessoa do singular. Ex.: Fui o último que Usa-se próclise diante de: palavras atrativas, pronomes, advérbios, conjunções
chegou. (7) subordinativas, expressões interrogativas, exclamativas e optativas, exigindo o
pronome antes do verbo. Exs.: Confesso que o amo muito. Nossos escritores jamais
PRIMEVO (PROSÓDIA) se filiarão ao naturalismo. Conheci que não me amav, como eu desejava. (Ramos
Primevo (“primévo” e não “primêvo”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001)
de São Paulo, 15.7.00). Verbete: primevo [Do lat. primaevu.] Adj.1. Relativo aos
tempos primitivos: 2. Antigo, primitivo: (Aurélio eletrônico) PRÓDIGO
Significa “gastador”. No famoso provérbio “O filho pródigo a casa torna” é de uma
A PRINCÍPIO vs. EM PRINCÍPIO parábola do Evangelho, em que um rapaz, depois de gastar toda a herança que o
A princípio = inicialmente, no começo, num primeiro momento. Em princípio = em pai lhe antecipara, vê-se obrigado a voltar ao lar paterno. No dia-a-dia, a expressão
tese, por princípios, teoricamente. Ex.; A princípio sou contra o projeto. Em tese sou “filho pródigo” é usada, impropriamente, no lugar de “filho bom”, “filho maravilhoso”,
contra o projeto (não use em princípio, porque a maioria das pessoas não vai “filho prodígio”, etc. (Cipro Neto P . Ao pé da letra. O Globo, 16.7.00)
entender; a clareza da frase é mais importante do que a discussão do certo e do
errado) (Duarte SN, Língua Viva, JB, 20.12.98. p.16) PROEMINENTE, PREEMINENTE
“Em princípio” significa “em tese”: “Em princípio, sou contra.” Se alguém lhe fizer Proeminente é saliente (sentido físico). Preeminente é ilustre. (7)
uma proposta e você der essa resposta, estará dizendo que, em tese, é contra.
Talvez algum argumento forte a faça mudar de idéia. O Aurélio diz que “em PROJÉTIL vs. PROJETIL
princípio” significa “antes de qualquer consideração; antes de tudo; antes de mais As duas formas são corretas, mas, na literatura militar, é mais freqúente o emprego
nada”, o que confirma o sentido de “em tese”. Já “a princípio” significa “no começo, da oxítona (plural: projetis), o que não ocorre no uso comum, em que predomina a
no tempo em que uma coisa principia a existir”: “Os que primeiro fundaram essas paroxítona (plural: projéteis). (Cipro Neto P . Ao pé da letra. O Globo, 16.12.01)
freguesias a princípio raras e pouco povoadas...” (R. da Silva, citado por Caldas Projetil é a forma inicial da palavra, como atestam o Houaiss e o Aurélio; foi
Aulete) (Cipro Neto P., Ao pé da letra, O Globo, 10.10.99) importada do francês “projectile”. Diz o “Houaiss” que este vocábulo foi por largo
tempo usado no Brasil como oxítono; na verdade ainda o é entre os especialistas em
PROBO (PROSÓDIA) balística, militares, etc. No uso comum, predomina a forma paroxítona (projétil)
Probo (“próbo” e não “prôbo”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São (Cipro Neto P . Ao pé da letra. O Globo, 10.11.02)
Paulo, 1.7.00)
PROLIFERAR vs. PROLIFERAR-SE
PROCEDER (regência) Proliferar não é um verbo pronominal, ou seja, não deve ser usado com se.
O verbo proceder no sentido de “levar a efeito, fazer, executar, realizar” é transitivo Por isso, o certo é dizer que os focos do pernilongo estavam proliferando.
indireto. Ex.: Estamos impossibilitados de proceder ao pagamento da indenização Da mesma forma: Os micróbios proliferam rapidamente. (Martins E. De palavram em
relativa, haja vista... (Duarte SN, Língua Viva, Jornal do Brasil, 20.6.99, p.14) palavra. O Estado de São Paulo, 21.10.00)
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Usado na linguagem não formal, o pronome átono “solto” (= sem hífen) entre dois (e não ajudar ela). Eu o deixei resolver o caso (e não: eu deixei ele). Não há nada
verbos (= locução verbal). Exs.: Isso vai se repetir muitas vezes. Ele não tinha te entre mim e você. (e não entre eu e você). A escolha ficou entre o meu irmão e mim
visto. O gerente havia nos informado das novidades. (Duarte,SN, JB, Língua (e não meu irmão e eu) (Duarte SN. Língua viva. JB, 6.8.00)
Viva,11.6.00)
Este é um caso com alto grau de aceitação, com pequenas restrições. Exs.: Isso vai PRONOME POSSESSIVO E CRASE
se repetir muitas vezes. Ele não tinha te visto. O gerente havia nos informado das A crase é facultativa antes de possessivos. Ex. O professor fez um apelo às (as)
novidades. (Duarte SN. Língua viva. JB, 6.8.00) suas alunas. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001)
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exemplos já não são empregadas na língua oral, mas são comuns na linguagem quanto “frio”, “quente”, etc. (Cipro Neto P. Inculta & Bela. Folha de São Paulo,
escrita formal culta. Em Portugal, são freqüentes também na língua do dia-a-dia. 30.9.99)
Outros exemplos: Julgaste-o pelo que fez (associação do pronome “o” à forma
verbal “julgaste”, da segunda pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo PRONOME RELATIVO E CONCORDÂNCIA
(tu julgaste). Julgaste-lo pelo que fez (associação do pronome à forma “julgastes”, A quantidade de pessoas que...É justamente esse “que” o elemento que nos pode
da segunda do plural (vós julgastes). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 9.6.02) ajudar a compreender o mecanismo de concordância. Suponha também que se
queira dizer algo a respeito da quantidade dessas pessoas. Ex.: “A quantidade de
PRONOME PESSOAL RETO (eu,tu,ele,nós,vós, eles) pessoas que sofrem de câncer de pele é cada vez maior”. Por que um verbo está no
Só podem ser usados na função de sujeito. Ex.: Prosseguem as negociações entre singular (“é”) e outro está no plural (“sofrem”)? Por que “é” se refere a “quantidade”,
mim e a firma e nunca entre eu e a firma (Duarte, SN, 24.5.98, p.14) e “sofrem” se refere a “pessoas”. Afinal, é a quantidade que é cada vez maior, e são
as pessoas que sofrem de câncer. É como se se dissesse o seguinte: “Pessoas
PRONOME POSSESSIVO FEMININO E CRASE sofrem de câncer de pele”; “A quantidade dessas pessoas é cada vez maior”.
O uso da crase é facultativo antes dos pronomes possessivos femininos. Ex.: Estou Somando tudo, temos: “A quantidade de pessoas que sofrem de câncer de pele é
à sua disposição ou a sua disposição (= ao seu dispor ou a seu dispor) (Duarte SN, cada vez maior”. O pronome relativo “que” retoma “pessoas”, portanto o verbo que o
Língua Viva, JB, p.16, 22.11.98) segue deve ficar no plural. Conclui-se, pois, que não faria sentido o emprego de
“sofre” (“A quantidade de pessoas que sofre de câncer...”), uma vez que não é a
PRONOME POSSESSIVO E ARTIGO quantidade que sofre. Definitivamente, se são as pessoas que sofrem, o verbo
Em português, com possessivos, o artigo é optativo. Ex.: A sua opção em resseguro. “sofrer” só pode ser empregado no plural. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O Globo,
Sua opção em resseguro (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 11.7.99) 2.7.00)
Antes de possessivos, o uso do artigo é livre. Exs.: “Meu time perdeu” ou “O meu
time perdeu”? “Minha prima mora na França” ou “A minha prima mora na França”? PRONOME RELATIVO E PREPOSIÇÃO (ver preposição e pronome relativo)
Porém essa liberdade acaba quando o substantivo fica subentendido. Ex.: “Seu
projeto é igual ao meu”. A palavra “projeto” está subentendida no fim da frase. Nesse PRONOME RETO NO LUGAR DO OBLÍQUO
caso, o artigo antes do possessivo se torna obrigatório. Por que ocorreria crase se Usado em linguagem não formal. Exs.: Encontrei ele rezando. Precisamos ajudar
trocássemos “projeto” por “proposta”: “Sua proposta é igual à minha”. Se no caso ela. Eu deixei ele resolver o caso. Não há nada entre eu e você. A escolha ficou
anterior temos obrigatoriamente “ao”, no feminino temos obrigatoriamente “a+a”, ou entre o meu irmão e eu. (Duarte,SN, JB, Língua Viva,11.6.00)
seja, “à”. Em “O livro pertence a sua prima”, não há substantivo subentendido. O
acento indicador de crase no “a” é opcional: “O livro pertence a (ou “à”) sua prima”. A PRONOMES E CONCORDÂNCIA VERBAL
troca de “prima” por “primo” deixa isso claro: “O livro pertence a (ou “ao”) seu primo”. Quando há dois pronomes no plural (“cada um de nós”; “muitos de nós”; “qual de
Já em “Conheço a sua prima” a crase não pode ocorrer, porque “conhecer” é verbo nós”; “alguns de nós”, etc), o verbo pode concordar com qualquer deles; quando o
transitivo direto. O que se pode fazer é eliminar o “a”, mero artigo (“Conheço sua primeiro pronome está no singular, o verbo só pode ficar no singular. Exs.: Cada um
prima”). No masculino, poderíamos ter “Conheço o seu primo” ou “Conheço seu de nós é capaz de resolver o problema. (Cipro Neto P. Ao pé da letral. O Globo,
primo”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 28.5.00) 20.5.01)
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No Brasil, na linguagem oral, é comum que os pronomes “teu”, “tua”, “teus” e “tuas” A parte da fonética que se preocupa com a acentuação correta das palavras é
sejam associados ao pronome “você” (redução de Vossa Mercê). Exs. Você fez a conhecida como prosódia. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 19.11.00)
tua parte? Você sabe por que teu primo age assim? Na língua padrão ou língua
exemplar, o correto é: Você fez a sua parte? Você sabe por que seu primo age PROSOPOPÉIA ou PERSONIFICAÇÃO ou METAGOGE
assim? Na prática, “você” assumiu o lugar do pronome “tu”, o que talvez explique o Atribuição de propriedades de serea animados a seres inanimados. Ex.: As margens
emprego, no Brasil, do pronome “você”em associação com as formas típicas da plácidas do Ipiranga “ouviram” o brado retumbante de um povo heróico. (Cipro Neto
segunda pessoa (“te”, “ti”, “contigo”, “teu”, etc.) (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O P. Ao pé da letra. O Globo, 14.11.99)
Globo, 4.8.02) Figura que consiste em emprestar aos seres inanimados a’’c~~oes pr’’oprias dos
seres animados. A palavra prosopop’’eia’’e formada por dois elementos de origem
PRONTO-SOCORRO vs. PRONTO-SOCORROS (PROSÓDIA) grega; “” prosopo”” (= pessoa) + ‘’ peia”” (= fazer). Seria o mesmo que “”
Socorro (ô), no singular, e socorros (ó), no plural. (Martins E. De palavra em palavra. personificacao”” . Ex.: As ondas beijavam a areia da praia. EXCLUSIVO
O Estado de São Paulo, 22.7.00) No Calda Aulete: “que exclui, que tem força ou direito para excluir: Direito exclusivo,
ação exclusiva (...) Privativo, especial, restrito: Privilégio exclusvos (...) Direito de
PROPOR (REGÊNCIA) não Ter concorrentes numa indústria ou empresa: monopólio; exclusividade. No
O verbo sendo pronominal, propor-se, significa “dispor-se a”, “ter a intenção de”, “ter Aurélio: 1. Que exclui, põe à margem ou elimina. 2.Privativo. restrito. Os
como objetivo ou compromisso” pode reger ou não a preposição “a”. Antigamente, profissionais de propaganda têm mania de utilizar o termo “exclusivo”ou
os puristas condenavam “propor-se a” como inculta. Exs. As reformas que se propôs “exclusividade”em anúncios. Com boa vontade, podemo entender que um “cliente
promover. As reformas que se propôe a promover. As reformas cuja (a cuja) exclusivo”é um “cliente especial”, que merece tratamento exclusivo (= só para ele).
promoção se propôs. As reformas que se propôs (a que se propôs). (Rodrigues S. Quanto à oferta exclusiva, não há dúvida: só pode ser uma oferta única, que só está
Língua Viva, JB, 8.12.02) sendo feita por aquela loja (= é uma oferta que exclui os concorrentes). (Duarte SN.
Língua Viva. JB. 29.4.01)
PROPRIEDADE CARACTERÍSTICA
Combinação que deve ser evitada em textos que mereçam linguagem mais cuidada. PROTAGONISTA
(Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.4.01) Esta palavra vem do grego e o elemento de composição proto significa primeiro. No
teatro grego, o protagonista era o primeiro ator da peça. Portanto, é redundância
PROPRIEDADE E CONCORDÂNCIA falar em principal protagonista ou primeiro protagonista. O vocábulo teve o sentido
Quando uma propriedade se refere a vários sujeitos, ela fica no singular, e não no ampliado e hoje se pode falar em protagonista como a pessoa que desempenha o
plural. Essa propriedade é sempre uma palavra abstrata. Exs: Os presos fizeram primeiro lugar em um acontecimento. Ex.: Pareciam-me tão longe, já, os fatos da
rebeliões para conseguir sua transferência (e não "suas transferências") da manhã que aquela narrativa me interessava como se não fossem os meus pais os
Penitenciária do Carandiru. A solenidade contará com a presença do governador do protagonistas (José Lins do Rego). (Martins E, De palavra em palavra, O Estado de
Estado e da prefeita de São Paulo. A polícia apurou a identidade dos mortos (e não São Paulo, Estadinho, 6.3.99, p.7)
"as identidades", ou seja, apurou a identidade de cada um). A volta de Renato e “Pessoa que em uma peça teatral representa o principal papel (Caldas Aulete);
Carlos dará mais força ao time (e não "as voltas", ou seja, é a volta de cada um). “principal personagem de uma peça dramética (Michaelis). Originariamente,
Com a contratação (e não "as contratações") de Felipe e Fábio Jr., o Palmeiras protagonista só havia um. A culpa da “pluralização dos protagonistas” só pode ser
pretende apresentar-se melhor na Taça Libertadores da América. Da mesma forma: das modernas telenovelas. Protagonista principal é redundante e protagonista
é uma contratação de dois jogadores. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado secundário não existe. (Duarte SN, Língua Viva, Jornal do Brasil, 25.7.99)
de S. Paulo, 24.3.01)
PROTÉICO (PROSÓDIA)
PROPOSITADAMENTE, PROPOSITALMENTE Protéico (protéico e não “protêico”). (Martins E, De palavra em palavra, O Estado de
A primeira forma é a única correta. (7) São Paulo, Estadinho, 15.7.00)
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PROVER PVOLP
Prover significa “suprir”, “abastecer”, “fornecer”, etc. A conjugação deste verbo é Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”, da Academia Brasileira de
híbrida, já que uma parte segue a do verbo “ver” e outra parte é regular. Para Letras. Trata-se de versão condensada do “Vocabulário Ortográfico”, que tem força
conjugar o presente do indicativo e o presente do subjuntivo, segue-se o verbo “ver”: de lei, ou seja, é oficial. Não se trata de dicionário de sinônimos, mas de uma
eu provejo; ele provê; caso eu proveja. Nos demais tempos, o verbo “prover” é listagem de palavras, com a grafia considerada oficial. (Ao pé da letra, Cipro Neto P.
regular, seguindo a conjugação de um verbo terminado em “er”. Exs.: ele proveu; eu O Globo, 12.9.99)
provi; eles proveram, se ele provesse; se/quando eu prover. (Cipro Neto P. Ao pé da
letra, O Globo, 27.10.02) OS QUAIS, AS QUAIS
Essa forma do pronome relativo - o qual e flexões - serve para desfazer
PROVIR ambigüidades quanto ao seu antecedente. P.ex.: As amostras dos tubos que
Deriva de vir e conjuga-se como aquele verbo. Ex. Se o preço convier. (Cipro Neto sofreram danos durante o armazenamento já estão no laboratório (as amostras ou
P. Ao pé da letra. O Globo,13.8.00) os tubos sofreram danos?). Devemos dizer: As amostras dos tubos as quais
O verbo “provir” significa “proceder”. Exs.: eu provenho; ele provém; eu provim; caso sofreram danos... (as amostras sofreram dano) ou As amostras dos tubos os quais
ele provenha; quando/se eles provierem(Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, sobreram danos... (os tubos sofreram danos). (Feitosa, 1995). Outro exemplo: As
27.10.00) informações obtidas permitem calcular as densidades e freqüências, que
apresentam valores variáveis (o uso de as quais não desfaria a ambigüidade quanto
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ocasião Judith Exner, uma das incontáveis amantes de Kennedy, que “quem”. Exs.: Fomos nós quem resolvemos o caso. Não sou eu quem descrevo.
simultaneamente mantinha um caso com o chefão mafioso Sam Giancas, há o Obs.: quando não houver o pronome “que”, o verbo deverá obrigatoriamente
péssimo emprego do pronome relativo que. Como há dois antecedentes (Judith concordar com o núcleo do sujeito (= pronome que está antes da preposição “de”) .
Exner e Kennedy), estruturalmente é perfeitamente possível ligar o que a qualquer Exs.: Um dos casais já tinha mais de vinte anos de vida em comum. Nenhum de nós
dos dois substantivos. Seria melhor o texto ficar assim: ... perguntou certa ocasião dois pôde comparecer ao encontro. Alguém da equipe resolveu o problema. Qual de
Judith Exner, que era uma das incontáveis amantes de Kennedy e simultaneamente vocês chegou em primeiro? Quem dentre nós está disposto a sair? Muitos de nós
mantinha um caso com o chefão mafioso Sam Giancana. Pode-se enfatizar o leram o livro (nesse casos poderíamos usar “Muitos de nós lemos o livro, se
advérbio simultanemante com duas vírgulas: ... e, simultaneamente, mantinha um quiséssemos subentender a idéia de “eu também). (Duarte SN, Língua Viva, JB,
caso... Outra solução seria usar a qual. Ex.: Judith Exner, uma das incontáveis 3.6.01)
amantes de Kennedy, a qual mantinha um caso... No caso desse texto, é possível
resolver o problema com o qual ou a qual porque há um homem e uma mulher. Em QUEM (CONCORDÂNCIA VERBAL)
outros casos, a única solução seria aproximar o relativo do termo representado. Quando fazemos uma pergunta, o verbo ser concorda com a palavra subseqüente.
Essa solução é sempre a melhor, a mais segura. (Cipro Neto, Ao pé da letra, O Exs.: Quem sou eu? Quem somos nós? Quem são vocês? Quem foram os malucos
Globo, 29.5.99) que compraram os trens metropolitanos do Rio? Com exceção do verbo ser, qualque
outro verbo concordaria na terceira pessoa do singular com o pronome interrogativo
QUERMESSE (ETIMOLOGIA) quem. Exs.: Quem foi à praia? Quem saiu? Quem fez a prova? (Duarte SN, Língua
A quermesse, uma das manifestações típicas do mês de junho, resulta da adaptação Viva, JB, 13.12.98, p.16)
do termo flamengo kerkmesse (festa de igreja). No início, era a missa comemorativa O verbo pode concordar com o pronome “quem’ ou com o antecedente do pronome.
da inauguração de uma igreja. Hoje, a festa nem precisa mais ter caráter religioso. Ex.: Fui eu quem fez ou fui eu quem fiz. No Brasil, o mais usual é a concordância
(Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 16.6.01) com o pronome “quem” quando o antecedente está no singular. Ex.: Fui eu quem
fez. Quando o antecedente está no plural, preferimos a concordância com o
QUE (SEM PREPOSIÇÃO) antecedente. Ex.: Fomos nós quem fizemos. Foram eles quem fizeram. (Duarte SN,
Ver Linguagem oral vs. linguagem padrão. Exs.: A rua que eu moro é suja. O único Língua Viva, JB, 9.1.2000)
depoimento que duvidei foi o dele. Vamos passar as frases para a linguagem Os dicionários costumam afirmar que esse pronome se refere preferencialmente a
padrão: A rua em que (ou na qual) moro é suja. O único depoimento de que (ou do seres humanos, mas não deixam de informar que em muitos autores literários
qual) duvidei foi o dele. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O Globo, 3.10.99) antigos e em alguns modernos ocorre seu emprego com relação a coisas ou
A omissão da preposição antes da conjunção integrante “que” é outra marca do animais. Já o dicionário de Caldas Aulete carece de firmeza, uma vez que, de início,
português falado no Brasil. Ex.: .. quer convencer-me (de) que o nosso frango.. “ e afirma que “esse pronome emprega-se exclusivamente falando de pessoas”. Em
“...gostaria (de) que os especialistas...” Eu acredito em Deus. Eu acredito na seguida, diz que “só em poesia se emprega alguma vezes falando de coisas
existência de Deus. Eu acredito (em) que Deus exista. Gostaria que vocês me personificadas. E encerra afirmando que “todavia encontra-se em bons autores
ajudassem. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 30.4.00) referido a coisas”. Se você não gosta de confusão, substitua o “quem” por “que”. Ex.:
É a Câmara Municipal que vai decidir o futuro de Pitta. É a Câmara Municipal quem
QUE vs. QUÊ vai decidir o futuro de Pitta (a Câmara não é propriamente uma pessoa, mas é
A palavra “que” só tem acento circunflexo quando está substantivada ou no fim da formada por seres humanos). O pronome “quem” é essencialmente de terceira
frase. Exs.: Ela possuía um quê todo especial (= substantivo). Procurava não sabia pessoa. Exs.: Quem foi? Quem quer? Quem viu? Quem me acompanha? Quando se
bem o quê. Ele viajou por quê? Duarte SN. Desafios Língua Viva. Livro 8. Rio de emprega “quem”, sempre será correto conjugar o verbo na terceira pessoa do
Janeiro: Jornal do Brasil, 1999. singular. Exs. Sou eu quem decide. Somos nós quem joga. São eles quem leva.
A palavra que, no fim da frase, interrogativa ou não, torna-se tônica. Daí a Será possível, também, conjugá-lo de acordo com o sujeito do verbo antecedente,
necessidade do acento circunflexo. Ex. Reforma agrária, por quê”. (Duarte SN. se a efetiva intenção for enfatizar esse elemento. Exs.: Sou eu quem decido. Somos
Língua Viva. JB, 16.7.00) nós quem jogamos. São eles quem levam. Quando não se justifica a carga enfática,
recomenda-se que o verbo fique na terceira do singular. É interessante lembrar que
QUE, QUEM (CONCORDÂNCIA VERBAL) o pronome “quem” pode referir-se a mais de uma pessoa. Exs.: Ele tem duas filhas,
Quando o sujeito é o pronome relativo “que”, a concordância se faz obrigatoriamente a quem se dedica com amor e carinho. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
com o antecedente (= palavra que está antes do pronome “que”). Exs.: Fui eu que 29.10.00)
falei. Foi ele que falou. Fomos nós que falamos. Quando o sujeito é o pronome
relativo “quem”, a concordância se faz normalmente na terceira pessoa do singular. QUEM E CRASE
Exs.: Fui eu quem resolveu o caso. Na verdade, são vocês quem decidirá a data. O “quem” pode se referir a mais de uma pessoa. Ex.: “Ela tem duas filhas, a quem
Observe que, se invertermos a ordem, não haverá dúvida alguma: Quem resolveu o se dedica com amor e carinho”. Esse “a” não pode receber acento indicador de
caso fui eu. Quem decidirá a data são vocês. Embora pouco usual, não é crase, já que o pronome “quem” não pede artigo. A prova disso é simples: se não é
considerado erro o fato de o verbo concordar com o pronome que antecede o possível a ocorrência de “da” (de + a) ou “na” (em + a) antes de “quem”, também
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não é possível a ocorrência de “à” (a + a). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, O certo é com k minúsculo (km), pois é uma convenção internacional. (Niskier A Na
5.11.00) ponta da língua. O Dia, 23.3.99)
Da mesma forma, a redução de quilômetro é km, sem ponto nem s e com o k e o m
QUE NEM minúsculos. E nunca, portanto, "Km" nem "kms", como se encontra em muitas
A expressão “que nem” é característica da linguagem coloquial brasileira. Deve ser placas de rodovias (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo,
evitada em textos formais. A expressão “que nem” é equivalente à conjunção 20.10.01)
comparativa “como”. Não deve ser classificada como advérbio de modo. Poderia ser
classificada como conjunção subordinativa comparativa (Duarte SN, Língua Viva, QUILOWATT (GRAFIA E PROSÓDIA)
Jornal do Brasil, 4.7.99) A unidade que se mede o consumo de energia é o quilowatt-hora, que se pronuncia
"quilouót" e não "quilovate". O elemento quilo já está aportuguesado (um quilo de
QUERER e REQUERER carne, comida por quilo - e não por "kilo"). Apenas watt mantém a grafia original
Requerer não significa “querer de novo”. Têm conjugações próprias. No presente do (derivada de nome próprio). Por isso, quilowatt. E a palavra tem plural: quilowatts
indicativo: eu quero, eu requeiro. No pretérito perfeito do indicativo: o verbo “querer” (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 2.6.01)
é irregular: eu quis, tu quiseste, ele quis, nós quisemos, vós quisestes, eles
quiseram. O verbo requerer, neste tempo, é regular: eu requeri, tu requereste, ele QÜINQÜEMESTRAL
requereu, nós requeremos, vós requerestes, eles requereram. O mais-que-perfeito, Não existe. Diz-se de cinco em cinco meses ou a intervalos de cinco meses. Temos
pretérito imperfeito do subjuntivo e futuro do subjuntivo: eu requerera (equivalente a as palavras “bimestral”, “trimestral”, “quadrimestral” e “semestral”, ou seja, pulamos
eu tinha requerido), se eu requeresse, se eu requerer(Cipro Neto P. Ao pé da letra. apenas a que deveria designar uma periodicidade de cinco meses. Eu diria que tem
O Globo, 15.8.99) a ver com o fato de os meses obedecerm ao sistema duodecimal. Como 5 não é
divisor de 12 – enquanto 2,3,4 e 6 são -, a língua nunca sentiu falta da palavra
QUERER (ORTOGRAFIA) “qüinqüemestral”, que certamentente existiria se o ano fosse composto de dez
Nenhuma das formas do verbo “querer” apresenta a letra “z”: quis, quisemos, meses (sistema decimal). (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 18.8.02)
quiseram, quisesse, quiséssemos, quisessem, quiser, quisermos, quiserem. Nada de
“z”! (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 12.9.99) QÜINQÜÊNIO
Período de cinco anos. Com dois tremas, sim. Tem um sinônimo delicioso: lustro.
QUESTIONAR vs. PERGUNTAR (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 26.12.99)
Questionar significa “pôr em dúvida”. Perguntar é se alguém quer saber alguma
coisa, se está indagando. Ex.: Se o capital estrangeiro existe em outras áreas, por QUINTA-COLUNA
quenão nesta? , perguntou Serra. (Duarte, SN, JB. 10.5.98 p.14) Durante a Guerra Civil Espanhola (1936), os espanhóis que resistiam a Franco
cunharam a expressão quinta-coluna para designar os simpatizantes do general
QUESTÕES vs. QÜESTÕES (PROSÓDIA) Francisco Franco que, dentro de Madri, apoiavam as quatro colunas rebeldes que
A palavra questão se escreve sem trema: não se pronuncia a vogal “u”. Devemos marchavam contra a cidade para tomá-la. Desde então, a expressão serve para
falar “kestão” (Duarte SN. Língua Viva, JB, 30.7.00) identificar a quinta-essência dos traidores silenciosos, que agem sub-repticiamente.
(Silva D. Adesista, ex-quinta-coluna. Outras opiniões. JB, 10.11.02)
QUI CUSTODES CUSTODIET?
QUINTA-ESSÊNCIA
QUILOGRAMA (DEFINIÇÃO) Segundo Aristóteles, era o quinto elemento, do qual seriam feitos os céu e os astros.
Enquanto outras unidades do Sistema Internacional (SI) como o segundo (tempo), o Os quatro conhecidos eram a água, o ar, a terra e o fogo. (Silva D. Adesista, ex-
metro (distância) e o ampère (corrente elétrica) podem ser definidas com grande quinta-coluna. Outras opiniões. JB, 10.11.02)
precisão em termos de quantidades atômicas absolutas, o quilograma é definido por
um padrão de metal: um cilindro de platina e irídio de quatro centímetros de altura, QUI QUADRADO vs. QUI-QUADRADO vs. QUIQUADRADO
guardado na sede do Birô Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), em Sèvres, nos Foram consultados quatro filólogos: 1. Cegalla: se a sílaba inicial for o χ grego, como
arredores de Paris. Quem quiser saber quanto um quilograma realmente pesa tem em quiasma (cruzamento sintático), não deve hesitar em grafar quiquadrado. 2.
de viajar à França para medir o quilograma original. Quando tivermos um número de Gama Kury: qui quadrado (as palavras compostas de radicais gregos e latinos não
Avogadro com uma precisão suficiente, aí um quilograma poderá ser definido em se escrevem com hífen. 3. Salzano Fiori: a expressão de uso universal é: teste de
termos de átomos. (Marinho MV. A dúvida sobre Avogadro 6,022 x 1023. Mais! Folha χ2, que se lê teste de qui ao quadrado. Com redução escreve-se teste (de) qui
de São Paulo, 9.11.03) quadrado. Qui é χ, a 22a letra do alfabeto grego, transcrito em latim (e no português
antigo) por ch, numa tentativa de se marcar um som aspirado. 4. Houaiss: Qui
QUILÔMETRO (ABREVIATURA) quadrado. O qui (khi) é o nome da letra grega. (Testa LA. Coluna da Lígia. B Inf da
SBCS 1995;20(1):94-102.
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RAJADA
Aumento repentino, temporário e forte da intensidade com que o vento sopra. Ex.: ... A RAZÃO É PORQUE
causado por uma súbita rajada forte de vento (hipérbole). O correto seri: ... causado Redundância
por uma rajada de vento. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 5.12.99)
REALIZANTE
RAM Nenhum dicionário registra esta forma. (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 24.11.02)
Estrangeirismo, do inglês Random Access Memory: Memória de Acesso Aleatório.
(Sampaio P. Bangue-bangue hi-tech. Folha de São Paulo. Caderno Cotidiano, REALIZAR
6.8.00) Anglicismo, quando no sentido de “compreender, dar-se conta de” – uma acepção
que, embora sem justificativa na história do português, vai ficando corrente por
RANQUEAMENTO, RANKING vs. CLASSIFICAÇÃO contágio do inglês to realize. Ex.: Tem momentos que a gente não realiza. Enquanto
Por que usar a palavra ranking ou ranqueamento? Não seria mais fácil e lógico o tempo não apagar os sinais de dependência cultural embutidos nos
utilizar a palavra classificação? (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 2.1.2000) estrangeirismos, “realizar” com o sentido de “compreender” deve ser evitado.
Ranqueamento não tem registro no VOLP e nem em nenhum dicionário. Deriva de (Rodrigues S. Língua Viva. JB, 22.9.02)
ranking, que só aparece registrada no Michaelis e não na última edição do Aurélio
(1999) que incorporou grande número de estrangeirismos. (Duarte SN. Língua Viva, REALPOLITIK
JB, 13.2.00) Termo cunhado pelo alemão Ludwig von Rochau, em 1853, para qualificar a
atividade dos liberais da Alemanha da segunda metade do século 19. É uma visão
RAP mais realista, pragmática – às vezes até cínica – das relações políticas, sem dar
Sigla de Rhythm and Poety. Na tradução literal para o português, rap (estilo meio espaços para sentimentalismos.
falado, meio cantado) seria “ritmo e poesia”.
REAVER
RAPAR vs. RASPAR Verbo defectivo (“recuperar a posse de algo”, “possuir outra vez”, “retomar”, “haver
Rapar = cortar à raiz. Raspar = apagar. Ex. Ronaldinho rapou a barba. (Ramos W. novamente”, “ter novamente”), derivado de haver. No que diz respeito à grafia, o
Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) verbo “reaver” difere de “rever” em apenas uma letra (o “a” que vem depois de “re”).
A semelhança gráfica entre “reaver” e “rever” faz muita gente supor que a
RÁPIDO vs. RÁPIDA conjugação de “reaver” seja semelhante à de “rever”. “Rever” e “reaver” provêm de
Ex.: A bola tem que chegar rápido ao ataque. Não é a bola que é rápida. famílias diferentes. “Rever” deriva de “ver” (“re-” + “ver”) e significa “ver de novo”.
Rapidamente é o modo como a bola deve chegar ao ataque. Trata-se de um Para conjugar o verbo “rever”, basta conjugar “ver” e acrescentar o prefixo latino “re-
advérbio de modo. Os advérbios são invariáveis (= não se flexionam). (Duarte, SN, “. O verbo “reaver” é parente de “haver” (“re-” + “haver”). “Reaver” significa “haver
Língua Viva, JB, 18.10.98, p.16) novamente”, ou seja, “possuir outra vez”, “ter novamente”, “recuperar a posse de
algo”. Talvez você estranhe o significado de “possuir” para “haver”, mas, se “reaver”
RAPTO resulta de “re-” + “haver” e significa “possuir/ter outra vez”, o verbo “haver” pode,
Sempre de mulheres e com fins libidinosos. Ex: As crianças foram seqüestradas (e sim, significar “possuir”, “ter”, embora no português de hoje ele não seja mais
não raptadas). (Duarte SN, Língua Viva, JB, 24.10.99) empregado com esse sentido. Esse significado está presente nos clássicos, como
se vê neste exemplo de Camões, citado por Caldas Aulete: “Vendo os milagres,
RASH CUTÂNEO vendo a santidade, hão medo de perder a autoridade”. Nesse excerto, a forma “hão”
Rash. Lay term for a cutaneous eruption. (Stedman’s medical dictionary. 26 th. ed. (da terceira do plural do presente do indicativo de “haver”) equivale a “têm”,
Williams & Wilkins; 1995. p.1497) “possuem”. Em outras línguas (italiano e francês, neolatinas como a nossa), o verbo
Rash (rache): substantivo masculino (Academia Brasileira de Letras. Vocabulário “haver” (“avere”, em italiano, e “avoir”, em francês) conserva o sentido de “ter” ou
ortográfico da língua portuguesa. 3 ed. Rio de Janeiro: A Academia; 1999. p.653) “possuir”, o que também se vê com o verbo inglês “to have”, igualmente originário do
Rash: tiny red spots on the skin. (Hornby AS, Gatenby EV, Wakefield H. The latim (embora não seja neolatina, a língua inglesa apresenta muitas palavras
advanced learner’s dictionary of current english. 2nd. ed. London: Oxford University “nascidas” em Roma). Por um dos caprichos da língua, o verbo “haver” perdeu entre
Press; 1963. p.807) nós o sentido de “possuir”, mas o manteve em seu derivado. Na língua padrão,
“reaver” é defectivo, ou seja, não apresenta conjugação completa. Só se conjuga
RASTAFARI esse verbo nas formas em que “haver” apresenta a letra “v”. No presente do
indicativo, por exemplo, “reaver” só apresenta duas formas, já que nesse tempo o
RATIFICAR vs. RETIFICAR verbo “haver” só apresenta a letra “v” em “nós havemos” e “vós haveis”. Ocorrem,
Retificar é “corrigir, consertar”. Ratificar significa “confirmar, comprovar” (Nogueira S. portanto, apenas as formas “nós reavemos” e “vós reaveis”. No presente do
Pegadinha Verbal. Seleções Reader’s Digest, julho 1999, p.17) subjuntivo, o verbo “reave” simplesmentes não apresenta nenhuma forma. O
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presente do subjuntivo vem da primeira pessoa do singular do presente do A maioria dos professores de português recomenda a prosódia “recórde”. No
indicativo, que, no caso de “reaver”, é zero. Use verbos sinônimos: Espero que você entanto, a língua portuguesa tem manifestado clara preferência por “récorde”,
recupere o dinheiro. Imperativo negativo: não há. Nos pretéritos e nos futuros, a variante aceita pelo Houaiss e pelo Dicionário de usos do português do Brasil, de
conjugação de “reaver” é completa e segue o verbo haver: ele reouve; nós Francisco Borba. A incongruência é que, embora pronunciada como proparoxítona,
reouvemos; eles reouveram; se eu reouvesse; quando ele reouver; eu reouve, tu a forma escrita da palavra raramente leva acento. Deveria levar. (Rodrigues S.
reouveste, quando eu reouver, etc.1,2,3,4,5,6 Língua Viva. JB,27.10.02)
1. Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil. 24 set 2000.
2. Martins E. De palavra em palavra. O Dia. 3 mar 2001. RECUAR
3. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 26 ago 2001. Origem no latim vulgar reculare, que no português traz embutida uma palavra chula
4. Cipro Neto P. Ao pe da letra. O Globo. 30 mar 2003. (cu). Em outras língua latina (p.ex. culo) o vocábulo não é palavrão. Em português,
5. Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil. 1° abr 2001. “cu” está presente em recuar, acompanhado pelo prefixo “re” e pelo sufixo “ar”,
6. Cipro Neto P. Empresa reavê terreno que... O Globo. 11 dez 2005;Revista O indicando ação de regresso. Recuar é sinônimo de retroceder, andar para trás,
GLOBO:p.52. voltar. Entrou para a língua portuguesa entre os séculos 16 e 17. Para alguns, a
origem é o francês reculer , formado a parti de cul, do latim culus, ânus. De todo
REAVER O PREJUÍZO modo, o significado é o mesmo: voltar, retroceder. (Silva D. Língua Viva. JB,
Ninguém quer o prejuízo de volta. Queremos, na verdade, é ser indenizados pelo 27.10.03)
prejuízo. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 9.1.2000)
REDAÇÃO
RECÉM Regras do The Economist (George Orwell, 1946): Pense no que você quer dizer e
O prefixo recém é sempre separado da palavra que o segue por hífen. Exs.:recém- diga de forma mais simples. Procure ser direto na construção das sentenças. Corte
chegado recém-formado recém-nascido. (Niskier A Na ponta da língua. O Dia, palavras sempre que possível. Não use voz passiva se puder usar a ativa. Evite
28.11.99) termos estrangeiros ou jargões. Prefira as palavras curtas e evite as redundantes.
Regras do The New Yorker (1937): Evite o uso excessivo de advérbios e clichês.
RECEOSO vs. RECEIOSO Seja cauteloso ao utilizar as conjunções “como”, “entretanto”, “no entanto” e “porém”.
O substantivo é receio e o adjetivo receoso (sem i). As terminações oso e osa Quase sempre são dispensáveis. Tente fazer com que os diálogos escritos pareçam
indicam idéia de abundância, posse plena. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. JB, uma conversa. Critérios de avaliação seguido pelos professores na correção de
4.4.99,p.18 texto nos vestibulares: A redação não pode fugir ao tema proposto. O conteúdo do
O certo é receoso (Duarte SN. Língua Viva, JB, 11.10.98) texto precisa ter relação direta com o tema. É avaliada a capacidade do aluno de
organizar os argumentos que fundamentarão as conclusões do texto. No caso de um
RECIFE (ARTIGO OU NÃO) texto narrativo, leva-se em conta a habilidade do autor na construção de
No sul do país costumamos omitir o artigo. Exs. Nasceu em Recife. Vem de Recife. personagens.O uso da língua na forma como ela é escrita. Ou seja, é uma armadilha
Viajou para Recife. Já os recifenses fazem questão do artigo. Tomam por base uma para o alungo o emprego de termos coloquiais, utilizados na fala e não em textos.
antiga regra (nem sempre respeitada) que diz ser obrigatório o uso do artigo quando Expressões coloquiais só são aceitas na reprodução de diálogos. A utilização
o nome do lugar se origina de um acidente geográfico, como o Rio de Janeiro e a correta dos recursos da língua. Em outras palavras, evitar erros gramaticais. Como
Bahia. Como o Recife vem de recife (rochedos à flor da água nas proximidades da escrever be: O uso do gerúndio empobrece o texto. Lembre que não existe gerúndio
costa), deveríamos usar o artigo. Exs.: Nasceu no Recife. Vem do Recife. Viajou no português falado em Portugal. Adjetivos que não informam são dispensáveis.
para o Recife. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 2.9.01) P.ex. luxuosa mansão. Toda mansão é luxuosa. Evite o uso excessivo do “que”.
Prefira frases curtas. Evite expressões virtualmente banidas da linguagem oral. P.ex.
RECORDE e PRONÚNCIA “após” e “ao invés”. Prefira “depois de” e “em vez”. Evite clichês, frases feitas e
A palavra não é proparoxítona. Basta ver a grafia para constatar que não há acento jargão. O verbo “fazer”, no sentido de tempo não é usado no plural. Cuidado com
no “e” da primeira sílaba. A palavra é paroxítonas, ou seja, deve-se ler com força no redundâncias. Ex.: Há cinco anos atrás. Só com a leitura intensiva se aprende a usar
“o”, exatamente como se lê a forma verbal “recorde”, do verbo recordar. (Cipro Neto vírgulas corretamente. Sempre que usar longas declarações, feche aspas depois da
P. Ao pé da letra. O Globo, 13.2.00) primeira frase, coloque a vírgula e use um verbo seguido do nome de quem diz
A palavra recorde é paroxítona, portanto deve ser pronunciada como tal: recórde aquilo. Leia muito. Só escrevendo se aprende a escrever.
(acento colocado para mostrar a sílaba tônica). Nossa língua não é o inglês, logo (Vasconcelos Y, Segatto C. O jovem tem a palavra. Época,14.6.99, p.80
não há razão para considerá-la proparoxítona: récorde. Essa é a pronúncia do
inglês. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 16.7.00) REDONDILHA
Não sei por que, mas a pronúncia oficial do idioma é recorde (cór). (Martins E. De São versos de cinco ou sete sílabas poéticas. O de cinco sílabas é chamado de
palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 24.3.01) redondilha menor; o de sete, de redondilha maior. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
Globo, 28.5.00)
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REDUÇÕES REFERENCIAR
Desde o advento do manuscrito, a prática das abreviações se vem incrementando. O verbo referenciar consta da sétima edição do Novo Dicionário Brasileiro
Desde o século XIX, porém, apareceram três grupos de reduções ou braquigrafias: Melhoramentos, organizada pelo professor Adalberto Prado e Silva; do Vocabulário
a) reduções tradicionais mais ou menos fixas (Sr., por senhor), chamadas Ortográfico, do Michaelis (ambos de 1998) e do Caldas Aulete (de 1964). Ex.: A
abreviaturas; b) reduções feitas especialmente para uso em certa obra especializada bateria não tinha sido referenciada pelos alemães. Referenciar significa “tomar como
(abreviações); e c) reduções convencionadas internacionalmente, ditas símbolos, ponto de referência, tomar como alvo, alvejar”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
como é o caso das usadas no sistema metrológico internacional (e que se Globo, 7.5.00)
caracterizam por terem uso de letra maiúscula com valor especial, mas sem ponto-
final redutor nem indicação de flexões). Desde o século passado, os nomes REFERIR-SE
intitulativos designativos de associações, sociedades, empresas, companhias, firmas Este verbo pede a preposição a. Ex. Segue anexo o documento a que você se refere
e afins passaram a ser objeto de reduções, quando repetidamente citados. Essas em sua última carta (Duarte SN, 21.12.97)
reduções podem ser chamadas siglas: quando uma sigla tem caráter de palavra ou
vocábulo, é dita siglema (Petrobrás) e, quando não o tenha, seja dita siglóide (EUA). REGÊNCIA
As siglas se fazem pelas letras iniciais do intitulativo (UNESCO) ou por letras e A regência dos verbos e dos nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) determina
sílabas iniciais (Sudam), ou por combinações arbitrárias.1 se seus complementos devem ou não ser preposicionados
1. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 4 ed. A regência dos verbos e dos nomes determina se os seus complementos devem ou
Rio de Janeiro: A Academia; 2004. p. 827. não ser preposicionados. Os nomes (= substantivos, adjetivos e advérbios) pedem
os complementos nominais (= sempre com preposição). A regência nominal
REDUNDÂNCIA determina qual é a preposição que devemos usar: “Ele fez referência (= substantivo)
Dizer palavra ou expressão desnecessária, por indicar idéia que já faz parte de outra a este caso (= complemento nominal).” Quem faz referência faz referência a alguma
passagem do texto. Exs.: A totalização só será totalmente concluída na próxima coisa; “Ele tem necessidade (= substantivo) de dinheiro (= complemento nominal).”
Quarta-feira. “Elo de ligação”. “Criar novas teorias”. “Derradeira última esperança”. Quem tem necessidade tem necessidade de alguma coisa. Observe que não há
“Ambos os dois” (pleonasmo estilístico). “Ver com os próprios olhos” (pleonasmo regras. A regência de uma palavra é um caso particular. Cada palavra pede o seu
estilístico). “Abismo sem fundo” (pleonasmo, pois abismo significa “lugar sem fundo”. complemento e rege a sua preposição. Ninguém precisa “decorar” que “quem faz
(Cipro Neto, P. , Ao pé da letra, O Globo, 11.10.98, p.20) referência faz referência a alguma coisa” e que “quem tem necessidade tem
Emprego de termos que traduzem idéia já contida em termo ou passagem anterior. necessidade de alguma coisa”. Na verdade, nós aprendemos regência “de ouvido”.
Exs.: É preciso criar novos empregos. O elo de ligação. (Cipro Neto P. Ao pé da Nosso ouvido nem sempre está bem-educado. Existe uma regência na linguagem
letra, O Globo, 5.12.99) popular que deve ser evitada em textos formais, em situações que exijam uma
linguagem mais cuidada, mais clássica. O uso do verbo preferir e o do verbo ir são
REDUZIR O MÁXIMO vs. REDUZIR AO MÁXIMO “belos” exemplos disso. É freqüente ouvirmos: “Prefiro muito mais ir na praia do que
Em vez de “reduzir ao máximo”, seria correto também: reduzir o máximo. Ex.: ela trabalhar.” Você já viu alguém “preferir menos”? Isso significa que “preferir mais” é
reduziuo volume do rádio ao mínimo. Ela reduziu o volume do rádio o máximo uma redundância. E “preferir muito mais” é “uma asneira muito maior”. O segundo
possível. (Duarte SN, Língua Viva, Jornal do Brasil, 4.7.99) erro é a regência do verbo ir: quem vai sempre vai “a” algum lugar. Devemos ir à
praia, e não “na praia”. Devemos “ir ao cinema, ao Banco, ao banheiro...” É
REENUMERAR vs. RENUMERAR interessante lembrar a diferença entre “ir a” e “ir para”. Devemos “ir a algum lugar” se
O prefixo latino “re-“, que indica “repetição”, associa-se a muitos verbos: reeducar, houver a idéia de “volta imediata” e “ir para algum lugar” se houver idéia de
reenviar, reestudar, reescalonar, reescrever, reequipar, reestruturar, reexaminar, “permanência, ida em definitivo ou sem data para voltar”. Se “o diretor vai a Brasília”,
reexibir, reerguer, etc. A tendência é grafar o verbo derivado com “ee”. Restabelecer entende-se uma viagem rápida, a serviço por exemplo, com retorno no mesmo dia
que se grafa com apenas um “e”por imposição da pronúncia é exceção. Apesar de ou no dia seguinte. Entretanto, se “o diretor vai para Brasília”, entende-se que ele
não haver registro, nem no Aurélio, nem no VOLP, pode-se usar tranqüilamente o “vai morar em Brasília” ou “permanecer um longo tempo, sem data de volta”.
verbo, mas com “ee”: reenumerar. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 23.1.00) Finalmente o terceiro erro: a regência do verbo preferir. Quem prefere sempre
prefere alguma coisa a outra coisa. É um verbo transitivo direto e indireto. Devemos
REESTABELECER vs. RESTABELECER observar que o objeto indireto deve ter a preposição “a”. O uso do “do que” é
Restabelecer” e “restabelecida” são formas corretas, já que, no caso dessa família, característico da regência popular, e devemos evitar em textos formais que exijam
de fato ocorre o fenômeno da fusão das duas vogais, o que não se verifica, por uma regência clássica. Portanto, devemos usar: “Prefiro ir à praia a trabalhar. A
exemplo, em “reestruturar” (ninguém diz “restruturar”) ou “reerguer” (ninguém diz regência verbal é aquela que nos diz se o verbo é transitivo direto ou indireto, se o
“rerguer”). Convém lembrar, no entanto, que os dicionários não registram a variante complemento tem preposição (= objeto indireto) ou não (= objeto direto). Ajudar é
“reestabelecer”, dada como boa pelo “Vocabulário Ortográfico”, da Academia. (Cipro transitivo direto e obedecer é transitivo indireto. Nós devemos “ajudar (TD) o colega
Neto P. Ao pé da letra. O Globo,26.11.00) (objeto direto = sem preposição)” e “obedecer (TI) ao regulamento (objeto indireto =
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com a preposição a)”. Você provavelmente já viu em alguma esquina: “Obedeça o plural é “relâmpagos”. com o que concorda o “Manual”: “seqüestros relâmpagos”. A
sinal”. O certo é: Obedeça ao sinal (Duarte SN. Língua Viva, JB, 19.4.98) calma termina quando se descobre no “Aurélio” o termo “guerra-relâmpago”, com
A regência ocupa-se da relação de dependência entre as palavras de uma oração hífen. Para piorar, o dicionário dá dois plurais: “guerras-relâmpagos” e “guerras-
ou entre as orações de um período. A regência verbal ocupa-se da relação que se relâmpago”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 22.10.00)
estabelece entre o verbo e seus complementos. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O
Globo, 11.11.01) RELATIVIZAR
Não existe (Ferreira, 1986)
REGÊNCIA PREPOSIÇÃO + PRONOME RELATIVO
Nas variedades orais da língua, nem sempre se registram os mecanismos RELÉ (PROSÓDIA)
verificados na “norma padrão escrita” no que diz respeito ao duo “preposição + Relé (relé e não “relê” para a peça de um sistema elétrico - relê é apenas a flexão do
pronome relativo”. Na linguagem do dia-a-dia, são comuns construções como: verbo reler). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 15.7.00)
“Aquee rapaz que o tio é advogado...” ou como “Os Estados que eu fui...”. Nas
variedades formais, teríamos “Aquele rapaz, cujo tio é advogado...” e “Os Estados a REMAKE
que/aos quais fui...”. (Cipro Neto P. Escolas que as aulas são...Revista O Globo. 5 Uso abusivo do inglês. Preferir remontagem ou nova versão. Ex.: Escrava Isaura,
dez 2004;p.28) novela da Rede Record, foi, para todos os efeitos uma remontagem (nova versão)
da antiga produção da Rede Globo.1
REGÊNCIA VERBAL 1. Martins E. O certo é...: como fazer bonito na língua do moda. Livraria Cultura
Território da gramática que estuda os verbos quanto aos seus diferentes significados News [periódico na Internet]. Fev 2005 [citado 17 fev 2005]. Disponível em:
e empregos e quanto às relações com seus complementos. (Cipro Neto P. Ao pé da http://200.189.177.204/culturanews/n128/htm/mat_03.htm
letra, O Globo, 30.9.01)
REMÉDIO CONTRA vs. REMÉDIO PARA
REGIME, SISTEMA e FORMA DE GOVERNO É certo dizer que a ciência procura “um remédio para a aids”? Bem, trata-se no
O regime de governo é democrático. O sistema de governo é presidencialista. A mínimo de uma forma inadequada de se expressar. O mais conveniente é usar a
forma de governo é federada ou federativa. preposição contra quando o remédio se destina a curar uma doença ou um mal.
Assim: remédio contra a aids, remédio contra a gastrite, remédio contra enjôo,
REGISTRA-SE vs. REGISTRE-SE remédio contra a gripe. Se o remédio servir genericamente para determinado órgão
No exemplo “Registra-se que a testemunha mentiu”, para aceitarmos a forma ou um mal do espírito, então use para: remédio para o fígado, remédio para o
“registra-se”, deveríamos interpretar o verbo no presente do indicativo e a partícula estômago, remédio para o coração, remédio para a tristeza. (Martins E. De palavra
“se” como “apassivadora”, ou seja, a frase estaria na voz passiva (= é registrado que em palavra. O Estado de São Paulo, 29.4.00)
a testemunha mentiu). Na minha opinião, o verbo está no imperativo. Nesse caso,
devemos usar a forma “registre-se” (= seja registrado que a testemunha mentiu). REPARAR (regência)
(Duarte SN, Língua Viva, JB, 23.1.2000) Reparar, no sentido de observar, é TRANSITIVO INDIRETO (reparar em), logo o seu
complemento (objeto indireto) deve ser precedido de preposição (no corpo). Ex.: Leo
REHIDRATAÇÃO reparou no corpo da Valéria quando a conheceu na videolocadora. Quando o verbo
Erro gráfico. Correto: reidratação. Também se escrevem: hiperidratação, reparar for usado no sentido de consertar, é TRANSITIVO DIRETO, e seu
desidratação (h mudo). (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões complemento (objeto direto) não precisa de preposição. Ex.: Leo reparou o carro
médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da para ir a Teresópolis. (o carro - objeto direto) (Niskier A Na ponta da língua. O Dia,
Universidade de Brasília) 5.7.99)
O verbo reparar, no sentido de consertar, é transitivo direto, portanto seu
RELACIONAR (REGÊNCIA) complemento (objeto direto) não precisa de preposição. Ex.: O mecânico reparou o
sistema de freios do carro. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 7.5.00)
RELAÇÕES BILATERAIS (ENTRE DOIS PAÍSES)
Redundância REPERCUTIR
O verbo repercutir é intransitivo, ou seja, alguma coisa repercute, mas não é
RELÂMPAGO e HÍFEN possível repercutir alguma coisa. Isso significa que não se pode usar este verbo com
Originariamente substantivo, esse termo pode ter valor de adjetivo, o que ocorre em objeto direto. Logo é errado: O New York Times repercutiu a crise brasileira. Uma
“comício relâmpago” sem hífen no “Aurélio”. Cegalla não cita “relâmpago”. O possibilidade seria: A crise brasileira repercutiu nas páginas do New York Times.
“Michaelis” e o “Vocabulário” só dão “relâmpago” como substantivo. Quanto à flexão (Duarte SN, Língua Viva, JB, 28.2.99,p.14)
do adjetivo “relâmpago”, o “Aurélio” não é explícito, mas, ao não empregar o sinal “2
n.” (“dois números”, ou seja, singular e plural iguais), parece deixar implícito que o
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Entre os jornalistas se utilizad o horroroso jargão “repercutir”. Exs.: Le Monde 1. Mecânica. Força que se opõe ao movimento de um corpo. Pode ser provocada
repercute seqüestro (errado). O seqüestro teve repercussão no Le Monde (certo) pela interação entre o meio e o corpo, como a resistência oferecida pelo ar à
(Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998. passagem de um móvel. Resistências deste tipo dependem, em geral, da velocidade
do móvel, da sua forma, da viscosidade do meio, etc. Uma resistência de outra
REPETIR DE ANO vs. REPETIR O ANO natureza é a que se opõe ao movimento de um sólido sobre outro. 2. Eletricidade.
O correto é “repetir o ano”. Porque se você comer duas vezes arroz na mesma Propriedade de opor-se à passagem da corrente elétrica, e que é pertinente a todo
refeição estará “repetindo o arroz”, não “repetindo de arroz”. Se você usar o mesmo condutor. Mede-se pela cociente da diferença de tensão aplicada às extremidades
terno durante dois dias seguidos, uma atenta companheira de trabalho dirá para a do condutor, pela corrente que nele circula: R – V/I. No sistema internacional, a
vizinha de mesa que você “repetiu o terno”, não que você “repetiu de terno”. unidade de medida é o ohm (um volt por ampère). (Macedo H. Dicionário de física.
Sabemos que na expressão “repetir de ano” há uma nítida influência de “passar de Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1976. p. 311)
ano”. Porém, com o verbo “passar” a construção da frase é uma e com o verbo
“repetir”a construção é outra. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de RESISTIVIDADE
Janeiro: Record, 1998) Eletricidade. Resistência elétrica de um resistor (componente elétrico que introduz
“Repetir de ano” é próprio da língua italiana. O certo é “o aluno displicente repete o uma resistência num circuito) cuja seção reta é uniforme, e tem área unitária e
ano”. (Ramos WO. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001). comprimento unitário. No sistema internacional, é a resistência de um condutor com
a forma de cubo de um metro de aresta; a unidade de medida é o ohm.metro ).
REPETIR OUTRA VEZ (Macedo H. Dicionário de física. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1976. p. 311)
Redundância
RESISTIVO
REPRISTINAR Eletricidade. Diz-se de um componente de um circuito elétrico que tem resistência. ).
Sinônimo de repristinizar. Repristinação, do inglês repristination é o ato ou efeito de (Macedo H. Dicionário de física. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1976. p. 311)
volver ao antigo, é restituir o valor ou estado primitivo. (Duarte SN. Língua Viva, JB,
7.10.01) RES NON VERBA
Atos e não palavras.
REQUERER
Não significa “querer de novo”. Deve ser conjugado segundo os verbos regulares da RESOLUÇÃO
segunda conjugação. Ex. Se você requeresse, talvez você reouvesse esses bens. Cura de lesões tais como inflamação ou tumoração, sem intervenção cirúrgica
(Duarte SN, JB, 4.1.98, p.14). (Aurelio)
Não se conjuga como “querer”. A diferença começa na primeira pessoa do singular
do presente do indicativo: eu requeiro. As outras formas são semelhantes. (tu RESSUREIÇÃO (ETIMOLOGIA)
requeres, ele requer, nós requeremos, vós requereis, eles requerem). No pretérito Ressurreição deriva do latim resurrectio, resurrectionis a partir do verbo resurgere:
imperfeito a igualdade é completa. No pretérito perfeito a diferença é grande (eu relevantar-se, reerguer-se, recomeçar. É como se fosse um ressurgimento: Cristo
requeri, tu requereste, ele requereu, nós requeremos, vós requerestes, eles reergueu-se, levantou-se do túmulo e voltou ao convívio dos fiéis. (Martins E. De
requereram). O imperfeito do subjuntivo se baseia no pretérito perfeito (se eu palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 24.3.03)
requeresse, se tu requeresses, se ele requeresse, se nós requerêssemos...). Do
memso modo o futuro do subjuntivo: quando eu requerer, quando tu requereres, RESSURGÊNCIA vs. RESSURGIMENTO
quando ele requerer, quando nós requerermos. No entanto o presente do subjuntivo Verbete: ressurgimento S. m. 1. Ato ou efeito de ressurgir; ressurreição,
(derivado da primeira pessoa do singular do presente do indicativo): que eu requeira, ressurgência. Verbete: ressurgência S. f. 1. V. ressurgimento. 2. Ocean. Fenômeno
que tu requeiras, que ele requeira, que nós requeiramos) (Cipro Neto P. Ao pé da em que a água do mar, fria, fértil em plâncton, situada em grande profundidade,
letra, O Globo, 12.11.99) sobe à superfície em forma de correnteza ascensional. 3. Ocean. O local onde
Ao conjugar “requerer”, esqueça “querer” (eu quero/ eu requeiro – eu quis/ requeri – ocorre tal fenômeno. (Aurélio eletrônico)
eu quisera/ requerera – tu queres/requeres. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
6.4.03) RESUMO
Feitosa VC. Redação de textos científicos. 2 ed. Campinas: Papirus, 1995 (p.75)
RERRATIFICAÇÃO
Termo muito usado na área jurídica. Significa corrigir ou alterar (= retificar) parte de RESUMO SUCINTO
um documento e confirmar (= ratificar) o restante. (Duarte SN. Língua Viva. JB, Redundância (Duarte SN. Língua Viva. JB, 26.8.01)
22.4.01)
RESISTÊNCIA
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RETALIAR e RETALIAÇÃO Retornou para casa.) (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro:
Castigar com a pena de talião. Talião é a evolução para o português do latim talione, Record, 1998.
que por sua vez vem de talis, que corresponde ao nosso tal. Em resumo castigar
com a pena de talião é castigar com uma pena tal e qual a ofensa recebida, ou em RETRÓGRADO
outras palavras, pagar com a mesma moeda. (Castro M. A imprensa e o caos na Verbete: retrógrado [Do lat. retrogradu.] Adj.1. Que retrograda. 2. Que é contrário ao
ortografia. Rio de Janeiro: Record; 1998. P.81) V. talião. progresso. ~V. movimento - e pielografia –a S. m. 3. Indivíduo retrógrado. [Cf.
retaliar é revidar uma ofensa na mesma moeda e retaliação equivale a represália. retrogrado, do v. retrogradar.]. Verbete: retrogradar [Do lat. retrogradare.] V. int.1.
As palavras derivam da pena ou lei de talião. Esta fixava punição igual ao crime Andar para trás; recuar, retroceder 2. Marchar em oposição ao progresso: V. t. d. 3.
cometido, ou seja, olho por olho, dente por dente. E atenção que talião, no caso, não Fazer retroceder, impelir para trás; recuar.
é um nome próprio. Talião procede da forma latina talionem (de talio, talionis), que 4. Fazer marchar em oposição ao progresso: V. t. i. 5. Voltar atrás em relação ao
se formou a partir de talis (tal). Assim, tal a ofensa física ou crime praticado, tal a tempo; recuar: [Pres. ind.: retrogrado, etc. Cf. retrógrado.]. Como vemos no primeiro
punição ou castigo. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, verbete, existe pielografia retrógrada, logo, está correto técnica (operatória)
3.3.01) retrógrada (Novo Aurélio Século XXI p.1762)
Uma rápida consulta a um dicionário basta: “ato ou efeito de retaliar”. E o que significa “retaliar”? Esse
verbo, que vem do latim “retaliare”, é da mesma família de “talião” (palavra que se usa na famosa
expressão “lei de talião”) e significa “tratar segundo a lei de talião”, “revidar com dano igual ao dano RÉVEILLON (ORTOGRAFIA)
recebido”, “impor a pena de talião”. Não existe “h” no verbo “retaliar” e no substantivo “retaliação”,
embora seja muito comum a pronúncia “retalhar” (com o sentido de “retaliar”) e “retalhação” (com o
É a festa da passagem do ano. Trata-se de palavra francesa (por isso o acento no
sentido de “retaliar”). Na verdade, existe a palavra “retalhar”, mas ela é de outra família (“talho”, primeiro e). Pronúncia: "reveiõm". A inicial é minúscula. Plural: réveillons. (Martins E.
“talhar”, “retalhar” etc.). “Talho” significa “ato de talhar”, isto é, de cortar. “Talho”, por sinal, é como os
portugueses chamam o açougue (que, por sinal, é palavra árabe).
De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo,29.12.01)
Como você leu a forma “retalia”? Onde está o ponto tônico dessa flexão verbal? Basta levar em conta o que
está escrito. Se a base tônica da palavra estivesse no “a”, ou seja, se a leitura fosse “retália”, haveria
acento agudo nesse “a”, já que a palavra seria paroxítona terminada em ditongo, como “dália”, “história”,
REVERBERAÇÃO
“séria” etc. Como se lê, então? Lê-se como se lê a flexão da terceira pessoa do singular de quase todos os Fenômeno produzido pela reflexão do som (ao encontrar uma superfície, as ondas
verbos terminados em “iar”, como “ampliar”, "auxiliar", "avaliar", "aliar" etc, ou seja, com força no "i":
"amplia", “auxilia”, “avalia”, “alia”. Lê-se, então, “retalía” (“Brasil retalia Comunidade Econômica
sonoras mudam de direção), em que numa distância menor que 17 m (no ar, o som
Européia”). percorre 34 m em 0,1 s), o som refletido não de distingue do direto. A reverberação
é a superposição dos sons diretos e refletidos em superfícies situadas a menos de
Cipro Neto P. Retaliações. Jornal O Globo. 26 fev 2006;Revista O GLOBO:p.59. 17 m da fonte emissora. Os sons aumentam ou diminuem em intensidae e ficam
Tynan T. Medical improvements lower homicide rate: study sees drop in assault rate. The Washington Post. confusos.
2002 Aug 12;Sect. A:2 (col. 4).
REVERTERE AD LOCUM TUUM
RETERAM vs. RETIVERAM
Revertere é forma imperativa. Logo a tradução deve ser: Volta ao teu lugar. (Duarte
O certo é retiveram. O verbo reter, como todos os derivados do verbo Ter (abster,
SN, Língua Viva, Jb,7.3.99, p.14)
conter, ater, manter, obter, deter) deve seguir o modelo do verbo primitivo. Exs.: Ele
teve, ele reteve; eles tiveram, eles retiveram; se ele tivesse, ele retivesse. (Duartes
REVERTER vs. INVERTER
SN. Língua Viva. Jb, 18.11.01)
Reverter é “voltar ao que era”. Reverter uma situação (= voltar à situação anterior).
Assim, é errado o técnico de futebol dizer: Vou fazer uma substituição para reverter
RETICÊNCIAS
o placar. O certo seria “inverter” (= mudar para o oposto, passar da derrota para a
As reticências indicam que a frase está inacabada (pode substituir o etc.). Ex.:
vitória). Errado também: a renda do jogo beneficente será revertida para a Casa do
Poderíamos citar os dois diretores, o gerente, o coordenador do projeto, alguns
Pai João. (Duarte SN, JB, 8.3.98, p.14)
analistas... Para marcar uma interrupção causada por emoção, surpresa, hesitação.
Muitas vezes quando se usa reverter o correto seria mudar, modificar, tirar, alterar
Ex.: Não sei... não sei se devemos assumir ... Para indicar que algo foi suprimido.
Vício incorrigível é o mau uso do verbo REVERTER. É uma pobreza vocabular
Ex.: Diz o regulamento: Cabe à direção, (...), resolver todos os casos omissos. Para
lastimável. Ninguém consegue MUDAR, MODIFICAR, TIRAR, ALTERAR ou
indicar ironia ou por necessidade de eufemismo. Ex.: Vossa Senhoria faltou com a
INVERTER. Exs.: “Reverter a vantagem”, “Reverter o quadro”, “Reverter o
verdade... Para mim ele é um ... (Duarte SN. Língua viva. JB, 26.11.00)
panorama”, “Reverter o placar”... (Duarte SN, JB, 5.7.98)
Reverter é “voltar ao ponto de partida”. Não confundir com verter e inverter. Os
RETOMAR DE NOVO
médicos usam corretamente, quando falam em “reverter o quadro clínico” (=se está
Redundância
doente, voltar a ficar são) No caso de “reverter a vantagem”, o que a maioria quer
dizer é “tirar a vantagem”. Em resumo: a) se a idéia for apenas “mudar”devemos
RETORNAR UM TELEFONEMA
usar mudar, modificar, alterar; b) se a idéia for “mudar para o oposto”devemos
Jargão impróprio das secretárias. Telefonema não pode ser objeto direto do verbo
inverter; © se a idéia for ‘voltar à situação primitiva”, aí sim devemos reverter.
“retornar”, pois ele é intransitivo (ex.: O frio retornou), podendo ter complementos
(Duarte SN, Língua Viva, JB, 24.1.99, p.14)
circunstanciais (exs.: Retornou de viagem. As andorinhas retornam no verão.
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REVESES vs. REVEZES registra as duas construções: a) Perigo de morte - o risco de morrer. b) Perigo de
Reveses é plural de revés, sinônimo de insucesso, derrota. Revezes é da Segunda vida - risco de morrer em resultado de ato corajoso ou de desastre. Na verdade, em
pessoa do singular do presente do subjuntivo do verbo “revezar”, que se escreve risco de vida, está implícita a idéia de "risco de perder a vida". Já risco de morte se
com “z” porque é da mesma família de “vez”. Revezar é produto de “re + vez + ar” e aproxima de risco de doença, risco de acidente, etc. A escolha, portanto, é de cada
significa “substituir alternadamente”. Ex.: Quero que tu te revezes com ela. (Cipro um. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 23.11.02)
Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 18.11.01) A necessidade de tornar a língua mais “lógica” tem produzido coisas engraçadas,
como a estranha expressão “risco de morte”, como substituta da consagrada “risco
REVISÃO SISTEMÁTICA vs. REVISÃO SISTEMATIZADA de vida”. O lingüista Sírio Possenti (Unicamp) diz: Quem pensou que “correr risco de
vida” é uma expresão contraditória, poderia ter percebido que a não havia nada de
RIGOR (em vs. a) errado com a expressão, já que ela significava o que significava, funcionando sobre
A gramática recomenda o uso de em no lugar de a. Para muitos, a rigor constitui uma elipse: “correr risco de perder a vida”, expressão que pode ser parafraseada por
galicismo. Exs.: Em rigor (e não “a rigor”) ele não disse nada ofensivo. Todos “ter a vida posta em risco”, “haver risco para a vida”, etc. (Rodrigues S. Língua Viva,
queriam, em rigor, apenas informar-se a respeito desse caso. O apartamento, em JB, 1.12.02)
rigor, não é tão ruim como apregoam. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado
de S. Paulo,l 9.10.99) ROMA LOCUTA, CAUSA FINITA
Este famoso bordão foi retirado de uma sermão de Santo Agostinho, que travara
RINGUE vs. RINQUE polêmica volcânica com um heresiarca chamado Pelágio, que negava a graça e o
Ringue é o tablado para lutas: Os pugilistas subiram ao ringue. Rinque é a pista de pecado original. Agostinho, Doutor da Igreja, é denominado justamente “doutor da
patinação: Deslizou com leveza pelo rinque. (Martins E. De palavra em palavra. O graça”. Os dois polemistas viveram entre a segunda metade do século IV e primeira
Estado de São Paulo, 11.8.01) do século V. Na verdade, Roma fechou a polêmica, mas Santo Agostinho não usou
a primeira parte da frase, Roma falou. Disse apenas que a causa tinha terminado.
RISCO (Silva D. Urtigas no próprio jardim. JB, 1.7.03)
Sempre se corre o risco de alguma coisa ruim. Logo, está errado “correr risco de
vida”. Deve ser “correr risco de morte”. Ninguém “corre o risco de ser promovido”, RORAIMA (PROSÓDIA)
mas corre o risco de ser demitido. Ninguém “corre o risco de ganhar na loteria”, mas Qual é a pronúncia correta: Rorãima ou Roráima ? É outra dúvida que não deve ser
corre o risco de perder todo o dinheiro na Bolsa. Não é uma questão de certo ou tratada na base do certo e do errado. No sul, todos nós falamos “Rorãima”, mas no
errado e sim de curiosidade. Sabe-se que está subentendido “correr o risco de norte é freqüente a pronúncia “Roráima”. É uma questão de preferência. A TV Globo
perder a vida (Duarte SN, Língua Viva, JB, 13.9.98, p.18) optou por respeitar a pronúncia local. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 7.6.98)
Ao pé da letra, se o risco é sempre de coisa ruim (risco de infecção, risco de
contaminação), parece cabível que se dêem como legíticas as construções “risco de ROSA-CHOQUE
morte” e “risco de morrer”. No entanto, existem transformações por que passam as Cor inventada pela italiana Elsa Schiaparelli, porque essa cor coloria a embalagem
palavras e as expressões da língua. Há pelo menos duas explicações para o de seu perfume Shocking. (Moherdaui B. O verão é rosa. Veja, 24.9.03. p. 83)
emprego de “risco de vida” no lugar de “risco de morte”. A primeira delas se baseia
no inegável horror que a palavra “morte”causa. A segunda explicação se assenta na ROTAÇÃO vs. ROTATIVIDADE
idéia do cruzamento de construções (Sua vida corre risco com Ele corre risco de Rotação exprime o ato de girar. Ex.: Um dos movimentos da Terra é o de rotação.
vida, por exemplo) ou ainda na pura e simples omissão (Correr o risco de [perder] a Rotatividade é que indica a freqüência com que alguma coisa se realiza. Ex.: Os
vida.) O nome técnico dessa omissão (de termo que se subentende) é “silepse”. O trabalhadores da construção civil têm alta rotatividade (ou seja, entram no emprego
uso mais do que difundido da expressão “risco de vida”é motivo mais do que e saem dele a toda hora). O motel é um hotel de alta rotatividade. (Martins E. De
suficiente para que a aceitemos pacificamente. Não lhe faltam registros nos palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 23.10.99(
dicionários (Houaiss e do Academia das Ciências de Lisboa) (Cipro Neto P. Ao pé
da letra. O Globo, 15.9.02) RÓTULO (ETIMOLOGIA)
As embalagens mais tradicionais eram redondas. Sobre elas era fixada uma etiqueta
RISCO DE MORTE vs. RISCO DE VIDA com informações sobre o conteúdo da embalagem. A etiqueta redonda recebeu o
Os gramáticos divergem sobre a questão. Por considerar que a pessoa corre o "risco nome de rótulo, do latim rotulu, que quer dizer rolo ou cilindro. O estila das
de morrer" e "não de viver", o professor Napoleão Mendes de Almeida é favorável a embalagens mudou, o desenho do rótulo também. Mas a palavra permaneceu,
risco de morte, opinião seguida por boa parte dos especialistas modernos. A forma distanciou-se da sua origem e hoje o rótulo, originalmente redondo, pode Ter as
tradicional, porém, risco de vida, também tem adeptos fervorosos. Eles citam, por mais diversas formas. Isso significa, portanto, que na raiz para a palavra rótulo está
exemplo, esta frase de Machado de Assis no romance Quincas Borba: "Se não fosse a roda. É como a rótula, que seria uma “rodinha”, e a rotina, que é a “roda da vida”.
um homem que passava, um senhor bem-vestido, que acudiu depressa, até com (Duarte SN, Lingua Viva, JB, 11.2.01)
perigo de vida, estaria morto e bem morto." O abalizado dicionário Morais Silva
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RUBRICA vs. RÚBRICA de “ter sabor de”. Ex.: Isto sabe a mofo. Era uma infusão descorada, que sabia a
O certo é rubrica (palavra paroxítona). (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, malva e a formiga. Esse uso é vivíssimo no italiano, no espanhol e no português de
1.10.00) Portugal. No Brasil, parece que se restringiu aos textos literários. (Cipro Neto P. Ao
Essa palavra latina se usa hoje em dia basicamente com o sentido de “assinatura pé da letra. O Globo, 24.2.02)
abreviada”, “visto”, o que é uma espécie de marca pessoal, mas é bom saber que
seu significado original é “tinta vermelha”. Rubrica pode ser “letra ou linha inicial de SACAR
capítulo, escrita em vermelho nos antigos manuscritos”, como explica o Aurélio, e Segundo os dicionários, sacar significa tirar com violência, tirar para fora à força,
“nota, não raro em letras vermelhas nos missais, breviários, ou outros livros puxar bruscamente. Assim: Sacou o revólver. Não fica bem, por isso, “sacar um
litúrgicos, para indicar o modo de recitar ou celebrar o ofício, como explicam o jogador” de um time. Diga, então que ele foi tirado do time ou foi substituído por um
Aurélio e o Caldas Aulete,em definições quase iguais. Não é difícil entender o companheiro. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 19.8.00)
percurso que levou essa palavr a “ter o sentido de “visto”, “assinatura”, “firma”. (Cipro Sacar em português tem o sentido de “tirar com violência, abruptamente”. No
Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 3.6.01) exemplo: O técnico Fulano sacou Sicrano do time para poupá-lo para o jogo decisivo
O correto é rubrica. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, da próxima rodada, é um vício da imprensa esportiva. (Rodrigues S. Língua Viva.
1.12.01) JB,27.10.02)
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As duas expressões estão corretas. (Ramos W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju:
Sercore; 2001.) SEÇÃO ou SECÇÃO vs. SECIONAMENTO OU SECCIONAMENTO
Seção ou secção, segundo Aurélio e Caldas Aulete, além de “porção, parte de um
SC (DÍGRAFO) todo”, também é o “ato ou efeito de seccionar (ou secionar), ou seja, “ato de dividir,
Usa-se em palavras provindas do latim: nascer. (Rede Objetivo, Aula de Português, fracionar”. Para evitar confusões, a forma mais usada é secionamento
JB, 22.11.95,p.22) (seccionamento), quando se trata do ato de secionar (seccionar), ou seja, dividir,
fracionar. Caldas Aulete e VOLP registram secionamento, mas o Aurélio não. (Cipro
SCROLL DOWN Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 29.8.99)
Estrangeirismo: descer a tela para ler o texto. (Sampaio P. Bangue-bangue hi-tech.
Folha de São Paulo. Caderno Cotidiano, 6.8.00) SE, CASO, CONTANTO QUE, DESDE QUE, A MENOS QUE, A NÃO SER QUE
São articuladores sintáticos de condição. O se é o único que leva o verbo ao futuro
SE do subjuntivo, quando a oração principal está no futuro do presente (ex. Se você
A maioria dos linguistas modernos julga legítima a interpretaçãpo do “se” como viajar hoje à noite, poderá descansar mais amanhã) ou no presente do indicativo
indicador de indeterminação. Ex.: Comédias para se ler na escola, entendida como com valor de futuro (ex. Se você viajar hoje à noite, pode descansar mais amanhã).
Comédias para alguém ler na escola. Logo, é opcional a flexão do verbo nesses Os outros articuladores de condição levam o verbo que introduzem ao presente do
casos. Certos normativistas consideram supérfluo o uso do pronome “se” quando o subjuntivo (ex. Caso você viaje hoje à noite, poderá descansar mais amanhã) (7)
verbo está no infinitivo, pois este já traz embutido o necessário sinal de
indeterminação do agente. Assim o melhor seria: Comédias para ler na escola. SEGUNDO (DEFINIÇÃO)
Reconheça-se que o uso do “se”com verbos no infinitivo anda tão consagrado na É determinado como o tempo de 9.192.631.770 ciclos de um certo tipo de radiação
língua culta que, segundo alguns estudiosos, supérfluo mesmo é condená-lo. Como emitidas por átomos de césio-133. (Marinho MV. A dúvida sobre Avogadro 6,022 x
diz o lingüista Marcos Bagno, “na sintaxe brasileira, aumenta progressivamente a 1023. Mais! Folha de São Paulo, 9.11.03)
tendência a não se deixar nenhum verbo sozinho, desacompanhado de seu sujeito,
mesmo quando esse verbo é um infinitivo tradicionalmente classificado de SEMÁFORO
“impessoal”. (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 6.10.02) Palavra formada por elementos de origem grega: sema (= sinal, sentido, significado)
e foro (= que faz, que produz). Semáforo é o que o carioca chama de “sinal”, o
SE APARECER paulista de “farol”, o gaúcho de “sinaleira” e assim por diante. (Duarte SN. Língua
Exemplo de verbo cuja regência sofre influência da de outro verbo de mesmo campo Viva, JB, 13.2.00)
semântico. A semântica ocupa-se do significado. A regência ocupa-se da relação de
dependência entre as palavras de uma oração ou entre as orações de um período. A SEMÂNTICA
regência verbal ocupa-se da relação que se estabelece entre o verbo e seus Ocupa-se do significado. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 11.11.01)
complementos. Nesse caso, “aparecer” tem o sentido de “exibir-se”, “pôr-se em
evidência”, “promover-se”, “destacar-se”, etc. Os sinônimos ou quase sinônimos são SEMI
empregados com o pronome reflexivo “se” (na terceira pessoa): Ele queria exibir-se. O prefixo “semi”, que vem do latim, significa “meio, metade”. Corresponde a “hemi”,
Ele queria pôr-se em evidência. Ele queria promover-se. O verbo “aparecer” vai de que vem do grego. “Semi” só se agrega com hífen a palavras iniciadas por “h”, “r”,
embrulho, isto é, acaba ganhando o pronome que se emprega com os seus “s” e vogal: semi-analfabeto, semi-ângulo, semi-esfera, semi-reta, semi-selvagem,
sinônimos. A regência de “aparecer” foi contaminada pelos seus sinônimos. O que semi-soma, semi-úmido. Nos outros casos, nada de hífen: seminovos, semicírculo,
explica o surgimento de determinada forma não necessariamente a torna aceitável semideus, semifinal, semivogal, semicilíndrico, semifinalista, semiparente,
no padrão culto. Logo, o verbo “aparecer”não pode ser empregtado como seus semipermeável, semiplano etc. Se por acaso na mudança de linha alguma das
sinônimos. Ex.: Ele queria aparecer. (forma exemplar). Na língua viva, na linguagem palavras citadas no último período do parágrafo anterior foi quebrada em “semi”,
coloquial, é mais do que comum que os falantes igualem a regência dos verbos que atribua o fato ao imponderável. Nada de ficar em dúvida. Nenhuma delas se escreve
fazem parte do mesmo campo semântico. Outro exemplo vem de “sobressair”, que com hífen. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 4.7.99)
originariamente não é usado com o pronome oblíquo correspondente ao sujeito, já
que não é possível alguém sobressair alguém, Nos textos clássicos, esse verbo SEM-TERRA, SEM-TETO (PLURAL)
aparece: Sobressaíam na cruz uma nódoas de sangue muito distintas, Filinto Elísio. As palavras sem-terra e sem-teto são invariáveis. Devemos dizer “os sem-terra”e “os
Esse verbo acabou sofrendo influência de seus sinônimos mais próximos, como sem-teto”. Não seguem, portanto, a regra que manda flexionar o segundo elemento
“distinguir-se”, “destacar-se”. Disso resultaram formas como “O jogador se (= substantivo) quando o primeiro for invariável (= preposição): contra-ataques.
sobressaiu” ou “Foi um dos poucos que se sobressaíram”. Alguns dicionários já (Duarte SN. Língua Viva, JB, 30.7.00)
registram esse emprego. Em linguagem escrita culta formal, aconselha-se a sintaxe
ordinária. Ex.: Foi o único a sobressair. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O Globo, SENÃO vs. SE NÃO
11.11.01)
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Se não = se (conjunção subordinativa condicional= caso) + não (advérbio de Os dicionários brasileiros e portugueses são unânimes: afirmam que “senegalês”(ou
negação. Exs.: Senão chover, haverá jogo (= caso não chova). O presidente nada senegalesco) é relativo “ao Senegal”, natural “do Senegal”, próprio “do Senegal”, etc.
assinará, se não houver consenso (= caso não haja consenso). Se não houver Parece que nos registros formais da língua não há dúvida: o nome do país deve ser
dinheiro, cancelaremos o projeto. (= caso não haja dinheiro). Ele será demitido, se empregado com artigo. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 23.6.02)
não apresentar uma boa justificativa (= caso não apresente uma boa justificativa).
Senão: (1) = de outro modo, do contrário.Ex.: Resolva agora, senão estamos SENHOR, VOSSA SENHORIA E LINGUAGEM COMERCIAL
perdidos (= do contrário estamos perdidos). Assine o contrato hoje, senão Na linguagem comercial, pode-se substituir senhor por Vossa Senhoria, pois as duas
perderemos tudo (=do contrário perderemos tudo); (2) = mas sim, porém. Ex.: Não formas podem indicar tratamento cerimonioso. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O
era caso de expulsão, senão de repreensão (= mas sim de repreensão); (3) = Globo, 27.8.00)
apenas, somente . Ex.: Não se viam senão os pássaros (=somente os pássaros
eram vistos). Não se ouviam senão os tambores (=somente os tambores eram SENTIR FALTA (regência)
ouvidos); (4) = defeito, falha. Ex.: Não houve um senão em sua apresentação (= não Quem sente falta sente falta de alguma coisa. Ex.: ...daqueles de que os
houve nenhuma falha, nenhum defeito) (Duarte SN, JB, 10.5.98, p.14) (Duarte SN, adolescentes mais sentem falta... (Sérgio N.Duarte - Lingua Viva Especial/Dúvida
Língua Viva, Jornal do Brasil, p.12, 6.6.99) dos leitores - JB,5.7.98, p.‘15)
Senão (junto) é usado quando significa: caso contrário; mas sim ; a não ser
Não sendo assim, é que se usa se não (separado). Ex.: Não saia agora, senão (= SE (PARTÍCULA) E CONCORDÂNCIA VERBAL
caso contrário) você vai pegar o temporal antes de chegar a sua casa. (Niskier A Na Se não houver “objeto direto” para virar “sujeito passivo”, a partícula “se” será
ponta da língua. O Dia, 28.11.99) indeterminadora do sujeito. O sujeito fica indeterminado e o verbo concorda no
singular. Exs.: Precisa-se de operários (de operários = objeto indireto). Não se
SEND necessita mais de todos esses dados (= objeto indireto). É necessário que se recorra
Estrangeirismo, do inglês: enviar. (Sampaio P. Bangue-bangue hi-tech. Folha de São a soluções de impacto (= objeto indireto). Não se acredita mais em marcas nacionais
Paulo. Caderno Cotidiano, 6.8.00) (= objeto indireto). Deve-se aspirar a melhores resultados (= objeto indireto). Morre-
se de frio e de fome nesta terra (de frio e de fome = adjuntos adverbiais de causa;
SELENITA nesta terra = adjunto adverbial de lugar). Não se vive mais como naqueles tempos
Vocábulo de origem grega, que corresponde a “lunar”, de origem latina. O sentido (viver = verbo intransitivo). Há de se viver com mais dignidade nesta terra (sem
dos dicionários é de “hipotético habitante da Lua”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O objeto direito) (Duarte SN, Língua Viva, JB, 13.5.01)SEQUER
Globo, 6.10.02) Advérbio, que significa simplesmente “ao menos”, não tendo um valor negativo por si
só. Não há uma gramática normativa que reconheça como legítimo o uso de
SEM EIRA NEM BEIRA “sequer”com valor negativo em si (ex.: O rancor sequer o permite ver a obviedade),
Quando alguém perde todas as suas posses, diz que ficou “sem eira nem beira”. A desacompanhado de advérbios de negação (não, nem), embora isso ocorra o tempo
expressão vem do tempo em que a maioria das propriedades era rural e todos todo na língua brasileira. Pessoalmente, prefiro usar “sequer” acompanhado de um
precisavam de uma eira (lugar ao ar livre onde se estendem as colheitas de trigo, advérbio de negação, mas não faltam evidências de que ele vai passando por
milho ou centeio para secar, debulhar e limpar) para processar o que plantavam. transformação semelhante à de “jamais”. Dizia-se “jamais (ou já mais) não farei tal
Beira, por sua vez, é o que delimita uma casa ou um terreno, uma aba de telhado. coisa ou “nunca jamais desistiremso”. Graças à tendência da língua para a concisão
(Duarte SN, Língua Viva, JB) que “jamais” acabou seguindo carreira solo como sinônimo de “nunca”. Parece que
“sequer” vai pelo mesmo caminho. (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 1.9.02)
SEMI-ALFABETIZADO vs. SEMI-ANALFABETO
SEQÜESTRO vs. EXTORSÃO
SEMINAL Seqüestrar é “tirar a liberdade de alguém ou alguma coisa”. Há quem pense que se
Verbete: seminal [Do lat. seminale.] Adj. 2 g.1. Relativo ou pertencente a semente ou não houver pedido de resgate, não há seqüestro. Outro engano. Quando o
a sêmen. 2. Fig. Produtivo, fértil. (Aurélio eletrônico) Ex.: Neste ano comemoram-se seqüestrador entra em contato com a família e exige alguma coisa em troca para
os 100 anos de lançamento da Interpretação dos Sonhos, considerada a obra libertar o seqüestrado, temos um outro crime: “a extorsão”. Assim sendo, o que os
seminal da psicanálise. (Dines A. Freud e o bocejo de Ronaldinho. JB, 9.9.00) jornais chamam de “seqüestro” na maioria das vezes trata-se de um seqüestro
seguido de extorsão ou extorsão mediante seqüestro. É por isso que um bem pode
SENADOR (ETIMOLOGIA) ser seqüestrado, ou seja, torna-se indisponível (seu dono não pode vendê-lo, por
Senatus, senado era o conselho onde tinham assento os anciães, e senator, exemplo). (Duarte SN, Língua Viva, JB, 24.10.99)
senador, o próprio ancião que atuava como conselheiro. (Silva D. Palavras de
política. Língua Viva. JB, 12.4.04) SERIAL KILLER
Uso abusivo do inglês (por que não matador em série?).1
SENEGAL E ARTIGO
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1. Martins E. O certo é...: como fazer bonito na língua do moda. Livraria Cultura SER (VERBO)
News [periódico na Internet]. Fev 2005 [citado 17 fev 2005]. Disponível em: Algumas vezes o verbo ser parece não estar concordando com o seu sujeito. P.ex.:
http://200.189.177.204/culturanews/n128/htm/mat_03.htm É necessário fé (É necessário ter fer); Os móveis era o problema (Comprar os
móveis era o problema); Catorze cópias é suficiente (Você tirar catorque cópias é
SER + MUITO, POUCO (CONCORDÂNCIA) suficiente). (7. Abreu AS. Curso de Redação. 4a. edição. São Paulo: Editora Ática
Quando acompanhado das palavras “muito” e “pouco” em casos em que se S.A., 1994.)
estabelece julgamento sobre determinada quantidade de dinheiro, de horas, de dias, O verbo de ligação ser, entre o singular e o plural, prefere a concordância no plural.
de meses ou do que quer que seja, o verbo “ser” não é conjugado no plural. Exs.: Ex.: Estes dados são parte integrante do relatório (7. Abreu AS. Curso de Redação.
Trinta dias é muito. Duas horas é pouco. Vinte anos foi muito. Dois milhões de reais 4a. edição. São Paulo: Editora Ática S.A., 1994)
é pouco para terminar a obra. Dois litros de leite por dia é pouco para tanta gente. O verbo ser, em algumas situações, pode concordar com o predicativo do sujeito. No
Mil dólares é muito dinheiro. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 4.11.01) exemplo: O saldo do acidente foram duas vítimas, o sujeito (= o saldo do acidente)
está no singular, e o predicativo (= duas vítimas) está no plural. Entre o singular e o
SENADORA vs. SENATRIZ plural, o verbo concorda no plural. Exs.: Estes dados são parte de um relatório
As duas versões existem, mas a primeira, senadora, venceu, por ser mais agradável confidencial. O resultado da pesquisa são números assustadores. (Duarte SN,
ao ouvido. Além disso, já havia os exemplos de procuradora, desembargadora, etc. Língua Viva, JB, 16.5.99, p.12)
(Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 20.4.02) Entre o singular e o plural, o verbo ser concorda no plural. Exs.: O inferno são os
outros. O resultado da pesquisa são números assustadores. Estes dados são parte
SEPTUAGÉSIMO vs. SETUAGÉSIMO de um relatório confidencial. (Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil, 11.7.99)
As duas formas são corretas, segundo o Aurélio, Michaelis e Houaiss. (Cipro Neto P.
Ao pé da letra, O Globo, 9.9.01) SERPENTE
Na maioria das culturas a serpente é importante elemento mítico. O lado temido é
SERENDIPITY representado pela própria serpente. O lado invejado é representado pelo rio (a
Bela criação de Horac Walpole pra denotar a faculdade de uma “descoberta” feliz e serpente líquida), pelo arco-íris (o rio celeste) e pelo pênis e suas variantes
inesperada, por acidente. Criou a palavra em 28 de janeiro de 1754, para título de simbólicas (fálicas). Grandes civilizações se devem a grandes rios e em seus vales
um livro de história de fadas, The three princes of Serendip, no qual uma princesa habitam serpentes gigantes e/ou arborícolas. Já o simbolismo fálico tem dupla força,
“estava sempre fazendo descobertas, por acidente e por sagacidade, de coisas que pois se o pênis serve à sobrevivência da espécie a serpente á a mais veemente
conscientemente não procurava”. Serendip é o antigo nome do Ceilão. Dip vem do referência observada na natureza em favor da sobrevida individual. Assim, um
sânscrito, “ilha”. Curioso que nome tão antigo, e muito usado em língua inglesa em bastão fálico contornado pela serpente imortal não poderia deixar de ser o símbolo
todo o século 20, não tenha chegado ao português. Foi usado até por Joyce, popular adequado da medicina. (Salgado JÁ. A serpente e a medicina: história da medicina.
no Brasil, em Finnegans wake: “You semisemitic serendipist, you (I think that Medicina. Conselho Federal ano XV, n.121, set 2000)
describes you) Europasianised Affteryank!”A verdade é que o Brasil é uma grande
serendipitada. Foi descoberto, segundo a lenda, quando Cabral procurava as Índias. SERVIDOR
(Fernandes M. Millôr. JB, 1.7.01) Servidor, derivado do latim servus = servo, escravo, mas com sutis diferenciações
Serendipity não é exatamente “acaso feliz”; é, antes, a faculdade ou o estado de entre um e outro, designa o computador que provê dados e serviços a outros
espírito que nos permite chegar a ele, isto é, à descoberta inesperada para a qual computadores, ligados entre si, perfazendo uma rede e ensejando que os recursos
nos abriu caminho o acaso ou a boa sorte (Toledo BL) sejam compartilhados. O inglês tem servitor = criado, servente, servo, redução de
servomechanism, neologismo que a língua criou para designar instância a serviço de
SERIAL KILLER outra, na mecânica e na eletrônica. E tem também slave = escravo, designando
Uso abusivo do inglês (por que não matador em série?).1 computador periférico ou terminal, dependente do computador central. A palavra
1. Martins E. O certo é...: como fazer bonito na língua do moda. Livraria Cultura aparece nos compostos slave cache, slave store, slave terminal, slave processor e
News [periódico na Internet]. Fev 2005 [citado 17 fev 2005]. Disponível em: slave tube, designando escravos eletrônicos encarregados de guardar dados, nos
http://200.189.177.204/culturanews/n128/htm/mat_03.htm dois primeiros casos, e escravos incumbidos de apresentar e processar o que o
computador central determina, nos dois seguintes e monitor escravo que mostra
SER, SE exatamente o que a primeira unidade está exibindo. Ora, escravo e slave procedem
A voz passiva, cuja principal função é permitir o descarte do agente, pode ser feita do latim slavus ou sclavus e do grego bizantino sklábos, por força de povos eslavos
com o auxiliar ser ou a passiva prominal se. Ex. A casa foi pintada por dentro e por terem sido maciçamente escravizados na Alta Idade Médica. O dicionário Aurélio
fora. Foram trocados os azulejos avariados. Pintou-se a casa por dentro e por fora. abona escravo como adjetivo (ex.: em 1884, o trabalho livre mostrava-se bastante
Trocaram-se os azulejos avariados. Normalmente, nestes casos, é comum o sujeito mais lucrativo que o trabalho escravo). Na origem, escravo, servo e servidor tiveram
ficar posposto, porém o verbo sempre concorda com ele. outros sentidos modificados ao longo dos séculos. Exs.: Os servidores públicos não
tiveram reajustes salariais durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso.
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Servidores por apenas R$ 1.200. (Silva D. Servos, escravos e servidores. Língua "Quero falar com o senhor/senhora/você". O problema é que, se é verdade que no
Viva. JB, 8.11.04. Caderno B, p. B2) Brasil não ocorre o uso lusitano de "si", ou seja, não se diz "Pensei muito em si", não
é verdade que nunca ocorre o uso lusitano de "consigo". Não é raro ouvirmos
SE SE alguém dizer "Tentei falar consigo ontem, mas não consegui", sobretudo em
Por questão de eufonia, é melhor não usar a conjunção condicional se quando ela situações cerimoniosas. De qualquer maneira, em termos de português padrão do
está imediatamente seguida do pronome se. P.ex.: Se se quiser prosseguir a Brasil, esse uso é no mínimo polêmico e, em geral, considerado inadequado. Como
experiência,... (melhor = Casos se queira prosseguir a experiência,...) (Feitosa, usar "consigo" no Brasil, então, de acordo com a gramática normativa? Se o
1995) pronome é reflexivo, deve ser usado em relação ao sujeito da oração. Ex.: "Ela traz
consigo a força da verdade", por exemplo, informa-se que ela traz consigo mesma a
SESSÃO vs. SEÇÃO vs. CESSÃO força da verdade. Em "Ela não é sincera com ninguém, nem consigo", temos, no
Palavras homônimas homófonas (= som igual, escrita e significado diferentes) Brasil, a idéia de que ela não é sincera com ninguém, nem consigo mesma. Em
Qualquer tipo de reunião é “sessão” (reunião de esses): sessão de cinema, sessão Portugal, a idéia seria outra: ela não é sincera com ninguém, nem com a pessoa a
da Câmara,sessão plenária, sessão do júri. quem o emissor se dirige. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 28.1.01)
Se há referência a um departamento, setor, área ou divisão, devemos escrever
“seção (derivado do verbo seccionar, isto é, cortar, dividir): seção de vendas, seção SIGLAS
de importados, seção de legumes. V. REDUÇÕES
Cessão vem do verbo ceder: o PT está fazendo a cessão da metade do tempo a que Grafar apenas como maiúscula a inicial das siglas com quatro ou mais letras que
tem direito. (Duarte SN, JB, 3.4.98. p.16 possam ser pronunciadas como uma palavra independente. Exs. BC, CBF, PUC,
Cremerj (JB, Deu no JB, 10.1.98, p. 9)
SIC
O termo é latino e significa “assim’, “desse modo”, “exatamente assim”, “assim SIGLAS E CONCORDÂNCIA
mesmo”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 20.6.99. p.21) O artigo que precede a sigla deve ser o mesmo que precede o nome por extenso: o
Ela significa assim mesmo e indica que um texto foi reproduzido com o erro ou BNDES (o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), a CEF (a
absurdo que continha: “Fulano disse que a Terra é quadrada (sic!).” / “É preciso que Caixa Econômica Federal), a CPMF (a Contribuição...), as UFIRs (as Unidades...),
a platéia esteje (sic!) atenta”, advertiu o orador. (Todos sabemos que a Terra é etc. (Duarte SN. Língua Viva. JB. 31.10.99)
redonda e que o correto é esteja e nunca “esteje”.) (Martins E. De palavra em
palavra. O Estado de S. Paulo, 10.2.01) SIGLAS EM INGLÊS E PRONÚNCIA
RCA Victor: erre-cê – á; IBM: i-bê-eme; BBC de Londres: bê-bê-cê; FBI: efe-bê-i;
SI e CONSIGO NBA: ene-bê-a
Em Portugal, o pronome "si" é usado quando o falante se dirige a um interlocutor ao
qual dá tratamento em terceira pessoa ("senhor", "senhora", "você"). Exs.: Nada SIGLAS E PLURAL
tenho contra o senhor/a senhora/você, passam, em Portugal, a "Nada tenho contra Não há regras rígidas para a formação do plural de siglas. No meio jornalístico, está
si". "Mais espaço para si", diz um imenso cartaz publicitário da TAP.No português do consagrado o uso de um “s” (minúsculo) após a sigla. Exs.: CDs, ONGs, OVNIs,
Brasil, isso viraria "Mais espaço para o senhor/a senhora/você". No português do CPFs, OTNs, BTNs, UFIRs, etc. Não se justifica o uso do apóstrofo (CD’s, OTN’s,
Brasil, o pronome "si" é usado basicamente como reflexivo ("Ela só pensa em si"; UFIR”s, etc.). (Duarte SN. Língua Viva. JB. 31.10.99)
"Você só cuida de si"). Que fique claro: no português brasileiro, não ocorre esse As siglas têm plural. Exs.: Cem PMs acompanharam a passeata. Novas normas de
emprego do pronome "si". Seu uso entre nós, por conseguinte, seria artificial. trânsito serão comunicadas aos Detrans. Da mesma forma se escreveria: RDBs,
Considerá-lo errado, no entanto, é tarefa no mínimo delicada. (Cipro Neto P. Ao pé LTNs, IPMs, DERs, Apaes, etc. É importante lembrar que o plural se faz pelo
da letra, O Globo, 21.1.01) acréscimo de um s minúsculo, sem apóstrofo. A flexão vale também para o caso em
Entre nós, o "si" se fixou basicamente como reflexivo, ou seja, como pronome que se que se queira pluralizar o nome de uma entidade normalmente única: os BBs, os
refere ao próprio sujeito da oração. Ex.: "Maria só pensa em si", por exemplo, BCs, os MECs, as UNEs, os dois PMDBs. Algumas siglas apareceram com todas as
significa que Maria só pensa em si mesma. Em Portugal, essa frase seria dita por letras maiúsculas e outras apenas com as iniciais maiúsculas. O que ocorre é que os
João a Pedro, por exemplo, para informar-lhe que Maria só pensa nele. Faz parte da jornais e revistas adotam procedimentos coincidentes com relação à grafia desse
família do "si" o pronome "consigo". Em Portugal, ocorre com o pronome "consigo" tipo de palavra: a) As siglas com duas e três letras são escritas em maiúsculas: PM,
exatamente o que ocorre com o "si", isto é, predomina o uso para que se faça CD, ONU, USP, STF. b) As siglas com quatro letras ou mais vão em maiúsculas
referência ao interlocutor. "Quero falar consigo", em Portugal, é frase dita por João a quando se pronuncia separadamente cada uma de suas letras ou parte delas:
Pedro. João diz a Pedro que quer falar com ele. Em Portugal, essa construção é CNBB, PSDB, INSS, BNDES. c) As siglas com quatro letras ou mais têm apenas a
comum na fala e na escrita. No Brasil, as gramáticas dão a "consigo" o mesmo inicial maiúscula quando são pronunciadas como uma palavra comum: Sudene,
tratamento que dão a "si", ou seja, consideram-no unicamente reflexivo. Ex.: "Quero Cobal, Masp, Vasp, Embratur, Varig. d) A imprensa, pelo menos, não usa ponto
falar consigo" é considerado errado na língua formal e deve ser substituída por entre as letras de uma sigla. Exs: EUA e não “E.U.A.”, TCU e não “T.C.U.”, CNBB e
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não C.N.B.B. e) Por motivo de simplificação, foram consideradas siglas os chegou cedo, mas, depois que foi dado o aviso de que o professor se atrasaria,
acrônimos, palavras formadas por sílabas ou partes das iniciais de um nome ou desistiram de esperar e foram embora. (as formas verbais se referem a “turma”, mas
entidade: Embratur (Empresa Brasileira de Turismo), Sudene (Superintendência do não concordam com a forma dessa palavra, singular, e sim com a idéia contida em
Desenvolvimento do Nordeste), etc. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de seu significado: “alunos”). “Os democratas queremos essa CPI” (o verbo concorda
São Paulo, 2.9.00) com “nós”, pronome em que pensou o parlamentar para incluir-se no grupo dos que
Embora não existam regras rígidas para o plural de siglas, é usual e perfeitamente querem a CPI). “Os brasileiros somos criativos” (em vez de “são”). Ocorre silepse de
aceitável o uso do “s”: CDs, CEFs, IPVAs, IPTUs, Ufirs. A única crítica que faço é gênero quando se troca o masculino pelo feminino ou vice-versa. Exemplos de
quanto ao mau uso do apóstrofo: CD’s, CEP’s, DR’s, IPTU’s. O apóstrofo, em silepse de gênero: “ São Paulo está assustadíssima com a brutalidade
português, é para indicar a omissão de fonema/letra: copo de água = copo d’água; (concordância com “cidade”, palavra que não foi dita ou escrita). “Quando a gente é
galinha de Angola = galinha d’angola. Não se justifica o uso do apóstrofo para novo, gosta de fazer bonito (o adjetivo masculino “novo” não concorda com o termo
indicar o acréscimo da desinência “s” para indicar o plural. (Duarte SN. Língua Viva. feminino “gente”, mas com o ser que essa palavra representa, ou seja, o emissor da
JB, 12.8.01) frase, certamente um homem). “Porto Alegre é linda”. “Vossa Excelência parece
cansado” (quando se fala a um governador; nesse caso a silepse acaba sendo
SIGLÓIDE obrigatória, já que não se aceita a concordância lógica ou gramatical.). “Vossa
V. REDUÇÕES Excelência se sente culpado?” (“culpado” não concorda com “Vossa Excelência”,
expressão feminina, mas com o sexo da pessoa representada pelo pronome). A
SILABADA silepse de número ocorre quando se troca o singular pelo plural (ou vice-versa). Ela
Quando se troca a posição correta da sílaba tônica, ocorre o que se chama de é comum com o vocativo representado por coletivo, seguido de verbo no plural.
“silabada”. Exs: cateter, com força na última sílaba, como mulher, talher, qualquer. Exemplos de silepse de número: “Muito obrigado a todo mundo aqui da Globo, que
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 4.6.00) sempre nos apoiaram” (“todo o mundo” dá idéia de plural, daí o uso do verbo
apoiaram). “Turma, turma, venham” (o verbo “venham” não concorda com a palavra
SILABA TÔNICA e POSIÇÃO “turma”, mas com sua idéia). “A turma chegou cedo, mas, com a notícia de que o
Em português, a sílaba tônica (a mais forte) pode ficar em três posições. Pode ser a professor chegaria muito atrasado, desistiram de esperar e foram embora ( as
última, como em café, urubu, lambari, ninguém. Essas palavras são oxítonas. Se a formas verbais “desistiram”e “foram” concordam com a idéia da palavra “turma” ou
sílaba tônica for a penúltima, como em jaca, medo, tenho, menino, a palavra é “alunos”; esse caso de silepse de número só costuma ocorrer quando há algum
paroxítona. Por fim, se a sílaba mais forte é a antepenúltima, como ocorre em último, distanciamento entre o verbo e o sujeito: note que o primeiro verbo “chegou” que
ótimo, Atlântico, México, a palavra é proparoxítona. As palavras menos comuns da está ao lado da palavra “turma”, foi conjugado no singular). “Deu-me notícias da
língua portuguesa são as proparoxítonas. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, gente Aguiar; estão bons” (Machado de Assis). Pode ocorrer simultaneamente
9.1.2000) silepse de gênero e número. Ex.: “Que será de nós, com a bandidagem podendo
andar soltos por aí”. O adjetivo “soltos” não concorda com a forma singular e
SILEPSE (CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA) feminina da palavra “bandidagem”, mas com sua idéia (“os bandidos”).1,2,3,4,5,6
A palavra “silepse” é grega e, segundo o “Aurélio”, significa “ação de compreender”. 1. Niskier A. Na ponta da língua. O Dia. 10 jan 2000.
É uma figura de sintaxe em que há concordância com a idéia subentendida, e não 2. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 27 mai 2001
com a palavra escrita, segundo a lógica gramatical. É também conhecida como 3. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 3 fev 2002
concordância ideológica. A silepse pode ser de pessoa, de gênero ou de número. A 4. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 20 mai 2001
silepse de pessoa ocorre quando há troca da pessoa gramatical, a terceira do plural 5. Rodrigues S. Língua Viva. Jornal do Brasil. 28 jul 2002.
pela primeira do plural. A silepse de pessoa é bastante comum quando se emprega 6. Cipro Neto P. Os pacifistas estamos frustrados. O Globo. 30 out 2005;Revista O
uma palavra que expressa uma categoria profissional, poliítica ou social da qual o Globo:p.43.
falante também faça parte. Esse tipo de silepse é comum com “todos”, “os que” e
“ambos”. Exemplos de silepse de pessoa: “Os jornalistas somos....” “Os brasileiros SILHUETA (ORIGEM)
desejamos...” “Os ambientalistas lutamos...”. “Todos queremos a verdade”. “Os que A palavra vem de Étienne de Silhouette, ministro das Finanças da Françano século
sabemos a verdade...”. “Todos queremos saber de onde veio esse dinheiro”. “Os 18, que tinha a mania de recortar em papel o perfil de amigos e colegas. Segundo a
que lutamos pela democracia...”. “Ambos podemos resolver o problema”. “Ambos história, seus projetos, sempre grandiosos, invariavelmente acabavam em fracasso.
temos pleno conhecimento do caso”. “Por mais que os brasileiros estejamos Tudo aquilo que tinha um aspecto inacabado ou incompleto passou a ser conhecido
anestesiados com tantos casos de corrupção...”. “Todos decidimos adiar as provas”, por “à la Silhouette”. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 25.11.01)
ou seja, subentende-se que “todos nós, todos inclusive eu” (segundo a lógica
gramatical, seria ”Todos decidiram adiar as provas”). “Os brasileiros somos SÍMBOLO E ABREVIATURA
massacrados” (quem escreve a frase põe o verbo na primeira pessoa do plural para São coisas diferentes. Dizemos e ouvimos com freqüência que "m" é a "abreviatura"
deixar claro que é brasileiro e é massacrado). “Os que aqui moramos...” (deixa claro de "metro", que "km" é a "abreviatura" de "quilômetro" e assim por diante, o que não
que se inclui que escreve a frase se inclui no grupo dos que moram). “A turma é correto. O "Aurélio" diz que "abreviatura" é "braquigrama mais ou menos fixo na
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língua". Dá como exemplos "Ilmo.", que se usa no lugar de "ilustríssimo", "cf.", que 1. Borges JD, editor. Rubem Fonseca e a inocência literária perdida [monografia na
se usa no lugar de "confronte", e "d.C.", que se usa no lugar de "depois de Cristo". Internet]. São Paulo: Digestivo Cultural;2003 [citado 7 fev 2005]. Disponível em:
"Braqui", elemento grego, significa "curto", "breve"; "grama", também grego, significa http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1074
"letra", "registro". O dicionário também diz que "abreviatura" pode ser equivalente a 2. Teixeira J. Páginas em branco. Veja. 2 fev 2005; Seção Livros:p.109.
"abreviação", que é "braquigrama convencionado para uso especial em determinada
obra". Dá como exemplos "comun.", que substitui "comunicação", e "telev.", que SINE QUA NON
substitui "televisão". Os exemplos são tirados da lista de abreviaturas adotadas pelo "Sine qua non", ao pé da letra, significa "sem a qual não". Costuma-se usar para
próprio dicionário, o que significa que "telev." não é necessariamente a abreviatura indicar que algo é imprescindível, essencial para que se realize determinada coisa.
"oficial" de "televisão", mas apenas a que a obra adotou para encurtar essa palavra, (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,4.3.01)
quando for necessário fazer referência a ela. Que diferença há, então, entre
"abreviatura" e "símbolo"? Por que "kg" não é a abreviatura de "quilograma"? No SINTOMAS INDICATIVOS
caso de "quilograma", não é difícil perceber que o "k", que nem ao menos faz parte Redundância
da palavra, não pode fazer parte da abreviatura. O símbolo – e não a abreviatura –
de "quilograma" é "kg". "Símbolo" é a representação de uma unidade de medida, de SISTEMA DE UMA LÍNGUA
um elemento químico etc. O símbolo da prata, elemento químico, é "Ag". E por que o É um todo fechado, de natureza social, que obriga a consciência lingüística e que se
símbolo não é "Ar", as duas letras iniciais do termo latino? Porque "Ar" é o símbolo manifesta pelo conjunto coerente de fonemas, pelas desinências, pelos tipos de
do "argônio", outro elemento químico. Por falar em elementos químicos, cúprico" se formação nominal e verbal, pela ordem das palavras na frase, pela solidariedade
refere ao cobre, cujo símbolo químico é "Cu", baseado na forma latina ("cupru"). entre as diversas partes do discurso, pela escolha e emprego dos conectivos, e,
"Argênteo" se refere à prata. Muitos leitores (sobretudo os profissionais ligados a destacadamente, por uma série de linhas-de-força chamadas de oposições, que
áreas técnicas) me pedem que explique que o glorioso "quilo de carne" que se fazem de cada elemento lingüístico uma peça, um corpo dentro da correlação
compra no açougue não é quilo, é quilograma. Você já imaginou alguém pedindo ao (Gladstone Chaves de Melo, Iniciação à Filologia e à Lingüística Portuguesa, Rio: Ao
açougueiro um quilograma de chã-de-fora (como se diz no Rio de Janeiro), ou de Livro Técnico, 1981, p.184). Por isso que uma frase como A cover-girl flirtava com o
coxão duro (como se diz em São Paulo)? É preciso um bocado de coragem, não playboy no grill-room é portuguesa, sem embargo de serem inglesas todaa as sua
acha? No lugar de quilograma, gente do mundo todo usa "quilo" no dia-a-dia. palavras nocionais. A frase é portuguesa, porque o “sistema” em que ela está
"Quilograma", palavra internacional, é sumariamente reduzida a "quilo" no Brasil, em construída é português. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de
Portugal, na Itália...Em textos técnicos, é mais do que aconselhável o emprego da Janeiro: Record, 1998.)
palavra "inteira" ("quilograma", cujo símbolo, é bom repetir, é "kg"). Convém lembrar
que "quilograma" é a junção do elemento grego "quilo", que significa "mil", com SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES (SI)
"grama", que agora é unidade de massa O que é um quilograma, então? Mil gramas. Os sistemas de unidades são um conjunto ordenado de unidades fundamentais
Um quilômetro equivale a mil metros, assim como um quilowatt equivale a mil watts, (comprimento (c), massa (m) , tempo (t) , intensidade de corrente elétrica (I),
e um quilolitro, a mil litros. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 11.3.01) temperatura termodinêmica, quantidade de matéria e intensidade luminosa) e
derivadas que guardam entre si relações definidas e simples. Em 1960, a
SIMILIA SIMILIBUS CURANDUR Conferência Geral de Pesos e Medidas adotou o Sistema Internacional de Unidades
(SI), que se tornou o mais comum e utilizado. No SI, temos as unidades de
SINAL DIACRÍTICO comprimento (m), tempo (s), velocidade (m/s), aceleração (m/s2), massa (kg), força
Sinal diacrítico. Fon. (fonética).1. Sinal gráfico que confere à letra ou grupos de (newton), trabalho e e energia (joule), potência (watt), pressão (pascal), carga
letras um valor fonológico especial. [São, em português: o acento agudo, o acento (coulomb), intensidade (ampère), voltagem (volt) e resistência (ohm). A versão em
grave, o acento circunflexo, o trema, o til, o apóstrofo e o hífen. Tb. se diz apenas português está disponível no sítio do INMETRO, URL:
diacrítico.] (Aurélio eletrônico) http://www.inmetro.gov.br/infotec/publicacoes/Si.pdf
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francês, para acabar com as medidas arbitrárias da Antiguidade e da Idade Média Sistematico (adjetivo): relativo a sistema ou conforme um sistema. Com sistema:
ainda em vigor no século XVIII. Hoje é calculado com base no espaço percorrido segundo certas regras ou preceitos. (1)
pela luz no vácuo em determinado período de tempo, o que permite uma calibragem Sistemática (feminino substantivado do adjetivo sistemático). Substantivo feminino.
de instrumentos com precisão indiscutível. Atualmente, o sistema internacional de 1. Sistematização. 2. Biologia.Ciência que se ocupa das classificações dos seres
unidades (SI) regulamenta o metro, o quilograma, o litro e os graus Celsius como vivos; taxinomia. 3. Tipografia. Medida tipográfica baseada no cícero. (2)
padrão. (Veja, 6.10.99, p.118-9). Sistemático (do grego systematikós, pelo latim tardio systematicu). Adjetivo. 1.
O Sistema Internacional de Unidades (SI) regulamenta o metro, quilograma, o litro e Referente ou conforme um sistema. 2. Que segue um sistema. 3. Ordenado,
os graus Celsius como padrão. Os EUA aderiram ao SI em 1959 e a Inglaterra em metódico. 4. Coerente com determinada linha de pensamento e/ou de ação. 5.
1995. Em ambos os países, o sistema métrico convive com o imperial, mas a maioria Biologia. Relativo à sistemática (1). 6. Brasileirismo.Diz-se do indivíduo que, por ser
da população só faz contas no estilo antigo. metódio ao extremo, se torna ranheta, ranzinza. Substantivo masculino. 7.
Em 1790, a Assembléia Nacional aprovou a reforma do sistema de medidas e a 1° Tipografia. O material tipográfico (quadrados, fios, vinhetas, etc) cuja medida se
de agosto de 1793, fixou um metro provisório. Mas estas foram decisões sem baseia no cícero. (2)
conteúdo prático até que Napoleão, recém-nomeado primeiro cônsul, tomou a Referências
decisão de assinar o decreto que determinava a medida exata do metro. A data era Figueiredo C. Dicionário da língua portuguesa. 14 ed. 2 vols. Lisboa: Bertrand; 1949
10 de dezembro de 1799. O metro foi a base do novo sistema de medida e até a p.1047.
escolha do nome deixou claro o propósito de um sistema de referência universal. Ferreira, ABH. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed. rev.
Metro vem do latim metrum, que significa medida. Em pleno século do racionalismo, amp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1999. P. 1866.
a determinação da medida exata exigiu uma base científica e a referência foi
buscada na medida da própria Terra: exatamente na bilionésima parte do quadrante SMOKING
de um meridiano terrestre, a distância entre um dos pólos e o Equador. Para Vem de “smoking jacket”, literalmente “paletó de fumar”, em inglês – uma peça que
determinar esta disância, foram aproveitadas as medições feitas por duas se usava em casa, para relaxar, enquanto se saboreava um cigarro ou um charuto.
expedições científicas ao Peru e à Lapônia 60 anos atrás. A adoção do comprimento Por um acrobático salto semântico, esse nome veio a designar também o traje
do meridiano como base para definir o metro foi tomada em março de 1791 e sete escuro exigido dos homens em certo eventos noturnos. O smoking vem com
anos depois uma comissão de sábios internacionais (somente países aliados da gravata-borboleta preta, camisa branca à qual se cola uma espécie de babador e
França) apresentou duas propostas – para o metro e o quilo – impostos por decreto. uma faixa preta que se enrola entre o estômago e a barriga. (Toledo RP. Ensaio. É
Demorou quase meio século para que as duas medidas se tornassem populares. A mesmo, tinha o Sylvio Mazzuca. Veja, 29.1.03)
obrigatoriedade definitiva, na França, só veio em julho de 1840. Nos outros países, a
adoção do metro foi ainda mais lenta. Ainda hoje persistem traços dos velhos SOBRADO vs. CASA DE DOIS ANDARES
sistemas de medidas. Isso ocorre com os manequins de roupas, os tamanhos dos A característica básica, indesligável de um sobrado é ter a fachada projetada
sapatos e com as medidas usadas em tipografia. O caso mais notório é a medida do diretamente sobre a calçada. Se é em centro de terreno urbano, não é um sobrado.
tempo, pelo qual a hora é 1/24 do tempo de rotação da Terra e os minutos e os Ressalve-se o emprego do termo para casarões de fazendas antigas, no Nordeste,
segundos são sexagesimais. A própria definição de metro mudou desde sua sobretudo quando há porões bem altos com aparência quase de um primeiro
implantação há 200 anos. Primeiro se referia o meridiano terrestre e até poucos pavimento, embora em geral não sejam habitados. Primitivamente, o sobrado
anos era a distância fixada em uma barra de platina e irídio conservada na França. designava apenas o segundo andar (a parte que está sobre a outra, daí o nome), ao
Nos anos 60, criou-se uma definição mais complexa: “um metro é igual a 1.650.763, qual se tinha acesso por uma escada exclusiva. Por extensão, o termo acabou
73 vezes o comprimento de onda no vácuo da radiação de transição entre os níveis designando o edifício todo. Há sobrados de dois, três, quatro e até cinco andares.
2p10 e 5d do átomo de Criptônio 86”. Desde 1983, a definição oficial é outra: “um (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998)
metro é igual a 299.792.458 avos da distância percorrida pela luz no vácuo durante
um segundo”. Apesar da aparente precisão, persiste um elemento de distorção: a SOBRE
velocidade da luz parece imutável, mas o mesmo não ocorre com o segundo. Este é O prefixo “sobre” é usado com hífen somente antes de palavras iniciadas por h
definido como 86.400 avos do tempo que a Terra leva para dar uma volta em seu (sobre-humano), r (sobre-rosado) e s (sobre-saia). Exceções: sobressalente,
eixo. Acontece que a gravidade da Lua vem freando lentamente nosso planeta e por sobressalto e sobressair. (Niskier A Na ponta da língua. O Dia, 4.11.99)
isso o dia é cada vez mais longo, embora essa diferença seja de apenas 2
milionésimos de segundo por século. (JB, Ciência, 20.12.99). V. ABREVIATURAS E SOBRESSAIR (REGÊNCIA)
SISTEMA MÉTRICO DECIMAL. Há verbos cuja regência sofre influência da de outros verbos, de significado
aproximado. “Sobressair” sofre influência de “destacar-se”. Como se diz que alguém
SISTEMÁTICA vs. SISTEMATIZADA “se destaca”, tende-se a dizer que alguém “se sobressai”. Em linguagem escrita
Sistemática (substantivo feminino): parte da História Natural que trata da culta formal, recomenda-se o uso de “sobressair” sem o pronome: “Nenhum atleta
classificação e descrição de diversas categoria de seres. (1) brasileiro sobressaiu nos Jogos Olímpicos.” (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
1.10.00)
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frases no período). Exemplo: Não abandone-me aqui sozinha é um solecismo, pois o nome próprio. É justificável a inicial minúscula para se referir, por extensão, a uma
correto é: Não me abandone aqui sozinha (o não atrai o pronome oblíquo me). sonda nelaton ou apenas uma nelaton, como ocorre com gilete, sanduíche,
(Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 16.1.00) lambreta, mertiolate, isolete, sutupack, angstrom e outros termos originários de
nomes próprios. O mesmo se aplica às sondas de Malecot, de Pezzer, de Béniqué.
SOL vs. sol Nos trabalhos científicos, é essencial usar termos técnicos consoante ao português
Use inicial maiúscula apenas quando a referência for ao astro. Ex.: Aguardou culto. Importa notar que os epônimos podem substituídos por nomes técnicos,
ansioso o eclipse do Sol. / Os Estados Unidos enviaram uma sonda ao Sol. Se você cientificamente mais apropriados. Adequadamente, podemos dizer sonda uretral ou
estiver falando da luz do Sol, do lugar iluminado por ele ou dos sentidos figurados da sonda uretral de cloreto de polivinila (PVC) siliconizada, por exemplo.1
palavra, empregue inicial minúscula. Exs.: Gostava muito de tomar sol. / Todos 1. Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falhas e acertos.
devemos evitar o sol do meio-dia. / A criança não deve ficar exposta ao sol. / O sol Rer Bras Cir Cardiovasc [periódico na Internet]. Jul-set 2003 [citado 12 jan
batia na janela. / O artista pintou um sol surrealista. / O sol da liberdade brilhou em 2005];18(3):[17 p.]. Disponível em:
raios fúlgidos. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 1.1.2000) http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
76382003000300002&lng=pt&nrm=iso
SOMENTE
Palavra perigosa que pode levar à ambigüidade. Exemplo de aviso posto ao lado de SORO vs. SÔRO
um caixa eletrônico de um banco: Em caso de dúvida, somente aceite ajuda de Não existe “sôro”. Verbete: soro (pronúncia: sóro): 1.grupo de esporângios de
funcionário do banco. Há dois sentidos na frase. O primeiro é óbvio: o usuário só criptógamos vasculares; 2.grupo de gametângios ou de esporângios das algas; soro
pode aceitar ajuda que venha do funcionário do banco. O outro sentido: em caso de (pronúncia: sôro): 1. a porção fluida do sangue obtida após a coagulação dele; 2.
dúvida, a única coisa que o usuário pode fazer é aceitar a ajuda de um funcionário, o soro sanguíneo de animais em que se inocularam bactérias ou toxinas, e que é
que significa, por exemplo, que ele (usuário) não pode desistir de usar o utilizado com fins profiláticos ou terapêuticos: soro antitetânico; soro antidiftérico; 3.
equipamento. Para se alcançar o sentido desejado por quem redigiu a advertência, solução de substância mineral ou orgânica usada para hidratação ou alimentação de
devemos escrever: Em caso de dúvida, aceite ajuda somente de funcionário do pacientes, ou para veiculação de medicamentos: soro fisiológico (que contém cloreto
banco. Se colocarmos “somente” depois de “aceite” (“Em caso de dúvida, aceite de sódio); soro glicosado (que contém glicose); 4. líquido transparente, amarelo-
somente ajuda...”) persitiria a possibilidade de dupla interpretação. pálido, que aparece no leite coalhado e é subproduto da fabricação de queijos.
1. Cipro Neto P. O desembarque também pode ser feito. Revista O GLOBO. 1° maio (Ferreira, ABH, 1986)
2005;p.62. Verbete: soro 1.[Do gr. sorós, ‘montão’.] S. m. Bot. 1. Grupo de esporângios de
criptógamos vasculares. 2. Grupo de gametângios ou de esporângios das algas. [Pl.:
SOM (INTENSIDADE) soros. Cf. soro (ô) e pl. soros (ô).] 2. (ô)[Do lat. hispânico soru, var. do lat. cláss.
A intensidade do som – sonoridade – é ligada à amplitude da onda sonora (distância seru.] S. m. 1. Med. A porção fluida do sangue obtida após a coagulação dele. 2.
entre o ponto máximo de perturbação e o médio). Há uma escala de intensidade Med. Soro sanguíneo de animais em que se inocularam bactérias ou toxinas, e que
medida na unidade decibel (db), em homenagem a Graham Bell. é utilizado com fins profiláticos ou terapêuticos: 3. Med. Solução de substância
mineral ou orgânica usada para hidratação ou alimentação de pacientes, ou para
SOM (TIMBRE) veiculação de medicamentos: 4. Líquido transparente, amarelo-pálido, que aparece
O timbre está ligado à forma da onda sonora e permite distinguir dois sons (voz das no leite coalhado e é subproduto da fabricação de queijos. [Pl.: soros (ô). Cf. soro,
pessoas) do mesmo tom e intensidade. do v. sorar e s. m., e pl. soros.] Soro da verdade. 1. Entorpecente que, em alguns
países, se emprega para obter o relaxamento do autodomínio de alguém que se
SOM (TOM) recusa a confessar, ou a depor em processo criminal. [Cf. narcoanálise.] (Aurélio
Permite distinguir grave (menor freqüência) de agudo, graças à freqüência (número eletrônico)
de oscilações da onda num determinado tempo. Utiliza-se a unidade Hz (= uma
oscilação por segundo). O ouvido humano percebe freqüências entre 20 Hz e 20.000 SORTIR vs. SURTIR
Hz. Abaixo de 20, estão os infra-sons e acima de 20.000, os ultra-sons. Parônimos (palavras parecidas na grafia e na pronúnica, mas diferentes no
significado). Surtir significa “originar”, “causar”. Ex.: As medidas adotadas pelo
SONAR ministro não surtiram efeito. Sortir significa “variar”, “misturar”. Ex.: Balas sortidas.
Acrônimo de “sound navigation and ranging” (navegação e determinação da (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 29.4.01)
distância pelo som). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 24.3.02)
S.O.S.
SONDA DE NELATON Vem do inglês “Save Our Souls” e não é acrônimo. Essa sigla deve ser evitada em
O correto é sonda de Nelaton e não sonda de nelaton. De Auguste Nélaton (1807– relatos científicos destinados à publicação, pois não pertence ao léxico médico,
1873), cirurgião francês que criou uma sonda de borracha para várias utilizações sendo um sinal internacional de perigo.1,2
médicas (Stedman, 1996). Nelaton não é material de que é feita a sonda, mas um 1. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 24 mar 2002.
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SUB (prefixo) 1. Sanches E, editor. Gramática On-line [monografia na Internet]. Rio de Janeiro:
Só devemos usar hífen se a palavra começar com as letras b ou r. Ex.: sub-base; Blocos: portal de literatura e cultura [citado 17 fev 2005]. Disponível em:
sub-reino; suborizontal; subentendido; subemprego;subumano; subdeledago; http://www.blocosonline.com.br/literatura/servic/sercurg05.htm
subitem (Duarte, SN, JB, 24.5.98, p.14) (Duarte SN, Língua Viva, JB, 7.2.99,p.14)
(Duarte SN, Língua Viva, JB, 6.8.98) SUBSISTÊNCIA (PROSÓDIA)
Surge uma dificuldade quando o segundo elemento começa com h. As palavras O “s” deve ser lido como se lê o “c” de cinema. Quando não vem entre vogais, o “s”
começadas por h que não se pronuncia (humano se pronuncia como umano) não tem som de “z”. As exceções são “obséquio” e suas derivadas (obsequiar,
perdem o h quando entram como segundo elemento de uma palavra (humano – obsequioso, etc) e muitas das palavras que começam por “trans” (trânsito,
desumano). Aplicando estas duas regras, deve-se escrever suborizonte e transação, transitar, etc.). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 22.4.01)
subepático. Entretanto, parece que alguns têm medo de suprimir o h, por isso o
VOLP registra subepático e sub-hepático, subumano e sub-humano, suborizonte. As SUBSTANTIVO ABSTRATO QUE DESIGNAM “ATO DE”
duas grafias podem ser usadas, mas suborizonte merece a preferência, pois está Alguns terminam em “-gem” , como lavagem e moagem, outros em “-ção”, “-são’ ou
alicerçada nas regras gerais, ao passo que sub-horizonte seria uma exceção da “-ssão” , como observação, narração, suspensão, pretensão, transmissão,
regra do prefixo sub. Foram consultados quatro filólogos: 1. Cegalla: a bem da supressão. Isso sem contar outras terminações como as de “transferência”(ato de
simplificação ortográfica, é preferível escrever suborizonte, bem como subepático, transferir), “semeadura”(ato de semear), “puxão”(ato de puxar), “consentimento”(ato
subumano, pois a eliminação do hífen e do h não induz a pronúncias errôneas de de consentir), etc.
tais palavras. 2. Gama Kury: sub-horizonte; apesar da regra, pois as formas sem o
hífem, como subumano, são repugnantes, e contrariam a pronúncia. 3. Salzano SUBTANTIVO ABSTRATO TERMINADO EM – EIDADE E – IEDADE
Fiori: segundo Artur Oliveira Fonseca (Tudo sobre hífen, Elos, Rio, 1960), o uso do Aqueles derivados de adjetivos terminados em “eo” apresentam a terminação
hífen em vocábulos prefixados justifica-se pela clareza ou expressividade gráfica e “eidade”. Exs.: simultâneo – simultaneidade; espontâneo – espontaneidade; idôneo
de sentido, para se evitar leitura incorreta, ou quando o exige a estrutura fonética do – idoneidade; contemporâneo – contemporaneidade; homogêneo – homogeneidade.
composto e os morfemas sejam acentuados graficamente, ou tenham evidência Os substantivos abstratos derivados de adjetivos terminados em “io” apresentam a
semântica especial. Segundo o autor, teríamos compostos grafados terminação “iedade”. Exs.: primário – primariedade; obrigatório – obrigatoriedade;
inexpressivamente ou em desacordo com a pronúncia, como estes: sobreumano sério – seriedade. Em todos os substantivos abstratos aqui citados temo o sufixo “-
(so-breu-ma-no), malumorado, subase. Porém, na p.7, o autor registra subarmônico dade”, que se ajusta à palavra primitiva de diferentes maneiras (honesto –
e, portanto, escorrega. 4. Houaiss: suborizonte (Testa LA. Coluna da Lígia. B Inf da honestidade; bom – bondade). (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 8.6.03)
SBCS 1995;20(1):94-102.
Significa posição inferior (subsolo), movimento de baixo para cima (subir), SUBSTANTIVO + ADJETIVOS (CONCORDÂNCIA)
proximidade (subúrbio), transmissão (sublocar) e derivação (sub-raça). O hífen só é Quando um substantivo é seguido de dois ou mais adjetivos, deve ir para o plural.
usado quando a segunda palavra começar com “r” (sub-reitoria) . (Niskier A Na Exs.: as bandeiras brasileira e americana; as literaturas inglesa e francesa; as
ponta da língua, 24.10.99) culturas portuguesa e brasileira; um cardápio com os sabores brasileireo e
O prefixo latino exige hífen apenas quando se associa a palavras que começam por americano. Também é aceitável a concordância no singular, quando o elemento
“r” ou “b”. Exs.: subumano; suboficial; sub-região; sub-ramo; sub-bloco. (Cipro Neto determinativo (= artigo definido, p.ex.) é repetido. Exs.: a bandeira brasileira e a
P. Ao pé da letra. O Globo, 14.9.03) americana; a cultura portuguesa e a brasileira; cardápio com o sabor brasileiro e o
americano. “Sabor brasileiro e americano” seria um único sabor misturado, e não
SUBIR EM vs. SUBIR PARA dois sabores. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 23.4.00)
O correto é “subir para”. Ex.: Subi para o ônibus errado. (Ramos WO. Não morda a
língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) SUBSTANTIVO NO PAPEL DE ADJETIVO (CONCORDÂNCIA)
Torna-se invariável (= não se flexiona em gênero e número). Ex.: Rosa é o nome (=
SUBJULGAR substantivo) de uma flor. Se usarmos como cor (= adjetivo) torna-se invariável.
Não existe. (Rodrigues S. Mascando clichê. Revista Domingo. JB, 2.12.01) Blusão rosa. Camisas rosa. Camisas laranja. Casacos vinho. Blusas creme. Sapatos
areia. Calças cinza. (Sérgio Nogueira Duarte, Língua Viva, Jornal do Brasil,
SUBSÍDIO (PROSÓDIA) 12.10.97, p.16). Ex. Venda monstro. Engarrafamento monstro. Não confundir com o
O “s” de “subsídio” deve ser lido como o de “subsolo”, “subsede”, “subsecretário”. adjetivo monstruoso, que concorda em gênero e número com o substantivo a que se
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 8.10.00) refere. Ex. Venda monstruosa. Engarrafamentos monstruosos. Não devemos
Os dicionários Caldas Aulete, Houaiss e Aurélio e o VOLP informam que o “s” deve confundir laranja (substantivo exercendo a função de adjetivo = nome de fruta como
ser lido como “ss”, tal qual em subsolo, subsônico e subseqüente, mas não em cor) com amarelo, que é cor mesmo (= adjetivo) Ex.: Casaco laranja. Casaco
obséquio e transar. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 4.7.04) amarelo. Camisas laranja. Camisas amarelas. Blusas rosa. Casacos vinho. (Duarte,
SUBSÍDIO (PROSÓDIA) SN, Língua Viva, JB, 8.11.98, p.20) (Duarte SN, Língua Viva, JB, 27.12.98, p.16)
A prosódia (pronúncia) correta é sub-cídio.1
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Cuidado com a cor lilás. Lilá ou lilás é o nome de uma flor, portanto o plural pode ser A palavra “epiceno” vem do grego epíkoinos, pela formação, epí, sobre, em cima e
lilás ou lilases. Logo, podemos comprar duas blusas lilás (Nogueira S. Pegadinha koinos, comum, pelo latim epicoenu, com idêntico significado. Assim, comum-de-dois
Verbal. Seleções do Reader’s Digest, junho de 1999, p.13) e sobrecomum são sinônimos de epiceno. (Silva D. Língua Viva. JB, 29.3.04)
Ex.: VENDA MONSTRO?. A frase não está errada. MONSTRO é um substantivo no
papel de adjetivo. Quando isso acontece, a palavra torna-se invariável (=não tem SUBSTANTIVO SINGULAR E PLURAL
feminino nem plural). O mesmo ocorre com o substantivo LARANJA (=fruta). Fundo = parte mais baixa de alguma coisa, profundidade, âmago. Ex. Não
Quando exerce a função de adjetivo (LARANJA = cor), torna-se invariável: ?Casaco conseguiu chegar ao fundo do poço. Foi a fundo na questão.
LARANJA?. ?Camisas LARANJA?. Não devemos usar ?camisas laranjas?, e Fundos = valores depositados em nome de alguém num banco. Ex.: Empresário
ninguém diria ?casaco laranjo?. Não devemos confundir MONSTRO (=substantivo) dera um cheque sem fundos de 1 milhão de reais.
com MONSTRUOSO (=adjetivo). Isso significa que o adjetivo deve concordar em Féria = dinheiro arrecadado em um período de trabalho. Ex.: A féria da barraca no
gênero e número com o substantivo a que se refere: ?venda MONSTRUOSA?, Sábado e Domingo compensava o pouco movimento do meio da semana.
?engarrafamentos MONSTRUOSOS?. Também não devemos confundir LARANJA Férias = o período legal de descanso do estudante ou do trabalhador. Ex.: Gostava
(substantivo exercendo a função de adjetivo = nome de fruta como cor) com de passar as férias no Nordeste.
AMARELO, que é cor mesmo (=adjetivo): ?Casaco LARANJA, mas casaco Bem = virtude, felicidade. Ex.: Vivia a praticar o bem. O maior bem de uma nação é
AMARELO?; ?Camisas LARANJA, mas camisas AMARELAS?. Que fique bem claro: a liberdade.
1)Os adjetivos apresentam flexão de gênero e número; 2)Os substantivos, Bens = propriedades, domínio. Ex.: Deixou todos os seus bens para o asilo. Não
exercendo a função de adjetivo, ficam invariáveis. (Duarte SN, Língua Viva, JB, sabia mais o que fazer com tantos bens.
8.11.98) Letra = sinal do alfabeto, caligrafia, texto de música, título de câmbio. Ex.: Seu nome
começava com a letra i. Tinha letra muito bonita. Vinícius de Morais fez a letra de
SUBSTANTIVO OCULTO (CONCORDÂNCIA) Garota de Ipanema. Calculou o rendimento da letra de câmbio.
Um substantivo pode, para não ser repetido, ser colocado depois de duas ou mais Letras = o cultivo ou o conhecimento da literatura e da língua. Ex.: Formou-se em
palavras de natureza adjetiva. Exs.: “Quinta e sexta-feira” ou “quinta e sexta-feiras”? letras. Era um homem de poucas letras.
O substantivo em questão é feira; os numerais quinta e sexta são as palavras de Honra = homenagem, dignidade. Ex.: Compareceu ao jantar em honra do pai.
natureza adjetiva. Nessas situações, o substantivo pode ficar no singular ou no Adimitia perder tudo, menos a honra.
plural, indiferentemente. Pode-se dizer “primeiro e segundo grau” ou “primeiro e Honras = honraria, distinção. Ex.: Prestaram-lhe todas as honras possíveis.
segundo graus”; “terceiro e quarto andar” ou “terceiro e quarto andares”; “quarta e Dama = mulher ilustre, mulher que dança. Ex.: Era a mais conhecida dama da
quinta série” ou “quarta e quinta séries”; “quinta e sexta-feira” ou “quinta e sexta- cidade. Escolheu a dama com quem ia dançar no baile.
feiras”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,4.6.00) Damas = jogo de tabuleiro. Ex.: Tornou-se campeão no jogo de damas.
Ouro = metal, riqueza. Ex. Queria para si todo o ouro do mundo.
SUBSTANTIVO PRECEDIDO POR NUMERAL ORDINAL (CONCORDÂNCIA) Ouros = naipe do baralho. Ex.: Esperava ansiosamente um ás de ouros.
Quando o substantivo está antecedido por mais de um numeral ordinal, ele vai para Cobre = metal. Ex.: O latão é uma liga de cobre e zinco.
o PLURAL: “A primeira e segunda SÉRIES...” “...no primeiro e segundo GRAUS.” “O Cobres = dinheiro, dinheiro miúdo. Ex.: Pediu uns cobres emprestados ao amigo.
escritório fica no quinto e sexto ANDARES.” b)se repetir o elemento determinante Passou o terreno nos cobres.
(=o artigo), o substantivo pode ficar no SINGULAR: “A primeira e a segunda Humanidade = o gênero humano. Ex.: Dedicou-se a estudar a história da
SÉRIE...” “...no primeiro e no segundo GRAU.” “O escritório fica no quinto e no sexto humanidade.
ANDAR.” c)se o substantivo vier antes dos numerais, devemos usá-lo no PLURAL: Humanidades = as letras clássicas. Ex.: Desde jovem era dado às humanidades.
“As SÉRIES primeira e segunda...” “...nos GRAUS primeiro e segundo.” “O escritório Ferro = metal. Ex.: O Brasil produz minério de ferro.
fica nos ANDARES quinto e sexto.” (Duarte SN. Língua Viva. 4.10.98) Ferros = prisão. Ex.: Foi posto em ferros. (Martins E. De palavra em palavra. O
. Estado de São Paulo, 2.10.99)
SUBSTANTIVO ABSTRATO
Todo substantivo que dá nome a estados, qualidades, sentimentos ou ações, SUBSTANTIVO SOBRECOMUM
conceitos cuja existência depende sempre da existência de um ser para manifestar- Substantivo uniforme, pertencente a um único gênero (masculino ou feminino),
se. O nome do estado de quem está triste é tristeza; o nome da qualidade de quem podendo designar os dois sexos: a criança, a pessoa, a testemunha, o apóstolo, o
é tímido é timidez. Esse substantivo é formado a partir de adjetivos, advérbios ou de carrasco, o indivíduo, o músico, etc. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 31.1.99.p.14)
outros substantivos, com acréscimo de diferentes suficos, como –ez, -eza, -ção, - Palavra que só tem um gênero, independentemente de se referir a homem ou
mento, -agem, -dade, etc. (Cipro Neto P. Nossa língua em letra e música. São mulher. Exs.: Ela é meu ídolo. Xuxa é o ídolo de muitas crianças. Essa artista é um
Paulo: EP&A; 2002. monstro na arte de representar. O menino é uma criança. A mulher foi o carrasco de
alguém. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 22.1.00)
SUBSTANTIVO EPICENO São substantivos que têm um único gênero, independentemente de se referirem a
homem ou a mulher. Assim, por mais que se ache estranho, Alicinha, apesar de ser
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mulher, foi (e continua sendo) o carrasco de muita gente. Da mesma forma, por mais começa ou termina em “s”. Ex.: Fluzão. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo,
fanático que você possa ser, Britney Spears é "o seu ídolo" e não "a sua ídola". Mais 10.2.01)
uma: Elis Regina era "um monstro" (e não "uma monstra") como cantora. Outros
casos, mais usuais, já não chamam a atenção: O moço era a testemunha do crime. / SUFIXO “OSO” (ORTOGRAFIA)
Maluquinho é uma criança muito esperta. / João parecia uma criatura adorável. / O O sufixo oso (idéia de qualidade ou propriedade) escreve-se com s: poderoso,
amigo foi uma vítima das suas maldades. / A freira se destacou como o apóstolo moroso, idoso. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 17.2.01)
daquela causa. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 4.5.02)
SUICIDAR vs. SUICIDAR-SE
SUBTRAIR O verbo suicidar-se é realmente pronominal. Ao analisarmos diacronicamente (=
A questão é: A subtraído de B é igual a A-B ou B-A? Ou ainda: se A subtraído de 5 é quanto à origem da palavra) a presença da partícula se no verbo suicidar-se
igual a 3, o valor de A corresponde a 8 ou corresponde a 2. Caldas Aulete diz que, caracteriza uma redundância. Hoje, você não deve usar suicidar, embora já
no território aritmético, o verbo significa “tirar um número de outro número; deduzir; signifique matar-se (Sérgio N.Duarte - Lingua Viva Especial/Dúvida dos leitores -
diminuir”. A Aurélio diz: “tirar (número, parcela, quantia, etc) de outro número, JB,5.7.98, p.‘15)
parcela, quantia, etc. “ O Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Luft, diz Em rigor existe redundância em suicidar-se, porque o verbo apresenta nítido caráter
que o verbo é transitivo direto e indireto (subtrair algo de algo), citando como ex.: reflexivo. O correto deveria ser: o artista suicidou. Até porque o sui latino já significa
“subtrair 5 de 8”. No caso, “5” é objeto direto; “de 8” é objeto indireto. O mesmo Luft a si, de si. Porém, ocorreu o que os gramáticos chamam de esquecimento: o povo
registra, no Dicionário Prático de Regência Nominal, o nome “subtraído”, ao qual dá desconhece a origem do vocábulo e passa a empregar o verbo como se fosse
o sentido de “um objeto subtraído a (ou de) alguém, que lhe é subtraído; um número pronominal. Os escritores clássicos também usavam muito as formas pronominais,
subtraído de outro. É aqui que entra a sintaxe. A oração “Alguém subtrai 5 de 8” está como viver-se, dormir-se, etc. O certo atualmente é suicidar-se. E não somente em
na voz ativa, em que o sujeito é o agente. Na voz ativa, “5” é objeto direto, que português: também em francês e espanhol o verbo tem o pronome se. (Martins E.
passa a sujeito na voz passiva (“5 é subtraído de 8). Se 5 é subtraído de 8, se 5 é De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 7.8.99)
tirado de 8, isso é igual a 8-5. Se A é subtraído de B, se A é tirado de B, issso é igual
a B-A. Assim, na equação A subtraído de 5 = 3, o valor de A corresponde a 2. De SUJEITO
acordo como o que se vê nos dicionários sobre o verbo “subtrair”, A subtraído de 5 Como diz o lingüista Marcos Bagno, “na sintaxe brasileira, aumenta
equivale a 5 – A. Se o resultado disso é 3, A equivale a 2. (Cipro Neto P. Ao pé da progressivamente a tendência a não se deixar nenhum verbo sozinho,
letra. O Globo, 17.10.99) desacompanhado de seu sujeito, mesmo quando esse verbo é um infinitivo
De acordo com os dicionário não se registra que uma pessoa “é subtraída de algo”, tradicionalmente classificado de “impessoal”. (Rodrigues S. Língua Viva, JB,
mas que “algo lhe é subtraído”, ou seja, que “algo é subtraído a ela (ou dela)”. 6.10.02)
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para que o sujeito do infinitivo não seja marcado por preposição. Exs.: Cheguei Sempre que o sujeito for “oracional”, o verbo deve concordar no singular. Ex.:
antes de a agência abrir suas portas. Na hipótese de os políticos aceitarem nossas Custou-me perceber a verdade. Custa a nós aceitar essas condições. No Vestibular,
idéias. Decidiu agir apesar de o diretor não Ter aprovado o projeto. (Duarte SN. basta conseguir três mil pontos. É necessário convocar onze craques para poder
Língua Viva, JB, 14.11.99) sonhar com a Copa. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 17.6.01)
Esse caso é polêmico. Existem autores que aceitam as duas formas, e outros que
consideram “erro” o uso do “sujeito preposicionado. (Duarte SN, Língua Viva, JB, SUJEITO COMPOSTO POSPOSTO E CONCORDÂNCIA
16.7.00) A norma escrita culta registra dois procedimentos: a) verbo no plural; b) verbo em
concordância com o núcleo do sujeito mais próximo. Exs.: Renunciaram o presidente
SUJEITO e VÍRGULA e os ministros. Renunciou o presidente e os ministros. É preciso analisar o que
A vírgula é desnecessária para separar o sujeito oracional. Exs.: Quem lê sabe. muda quando se opta por “a” ou “b”. Nos casos em que o sujeito é composto
Quem sabe lê. Quem avisa amigo é. Quem casa quer casa. Quem não se comunica posposto, a opção pela concordância do verbo com o primeiro núcleo do sujeito
se trumbica.Aquele que trabalha merece respeito. (Duarte SN. Língua Viva, JB, coloca em evidência esse elemento (o presidente). Se o verbo é flexionado no plural,
21.11.99) valoriza-se o conjunto, o grupo, o todo. (Cipro Neto P. Na casa aberta. Revista O
Não é apenas o vocativo que fica separado por vírgula na margem esquerda da Globo, 17.10.04 p.44)
oração. Nessa região, há adjuntos também, como esse que acabei de usar. Chama-
se posição de tópico esta posição sintática. Objetos diretos podem ser topicalizados. SUJEITO RESUMIDO POR PRONOME INDEFINIDO (CONCORDÂNCIA VERBAL)
Ex.: Esse bife mal passado, eu não como. Também é lícito topicalizar um objeto O verbo fica no singular quando seus sujeitos são resumidos pelos pronomes tudo,
indireto. Ex.: A um verdadeiro democrata, muita gente daria o seu voto. Do mesmo nada, nenhum, cada um, cada qual, outro, ninguém, alguém, isso, isto, aquilo:
modo, podem ser topicalizados complementos preposicionados regidos por qualquer Casas, estradas, alimentos, tudo se perdeu com a enchente. / Amigos, colegas,
preposição. Exs: De arroz com feijão, o João gosta. Com a diretora do parentes, ninguém o alertou sobre os riscos da viagem. / Médico, engenheiro,
departamento, até o contínuo falou. Em cabanas de 40 metros quadrados, moravam advogado, cada qual segue um código de ética. (Martins E. De palavra em palavra.
famílias de até vinte pessoas. Pelo mesmo mecanismo, e tendo como alvo essa O Estado de São Paulo, 30.3.02)
mesma posição estrutural, é possível ter como tópico um sujeito. Exs.: Os vegetais
com muita fibra, eles são importantes para o funcionamento dos intestinos. Aquele SUJEITO SIMPLES E CONCORDÂNCIA VERBAL
rapazinho de óculos redondos, ele vive perturbando as aulas de sintaxe. Nestes O verbo deve concordar com o núcleo do sujeito. Exs. O preço dos aluguéis, que
exemplos o tópico é retomado pelo sujeito, que vem expresso como um pronome, deram um salto de 208%, já está praticamente no mesmo nível. A remuneração das
“eles”e “ele”, respectivamente. Ora, a Língua Portuguesa autoriza sujeito nulo, cardernetas baixou. As empresas de São Paulo expõem e vendem diretamente seus
denominado de sujeito oculto na terminologia tradicional. Exs.: Coma vegetais produtos. O índice de óbitos está acima dos padrões normais. O cumprimento das
fibrosos, pois – são importantes para o funcionamento dos intestinos. Tenho horror metas dos programas de reestruturação também tem sido analisado. Fios expostos
daquele rapazinho de óculos redondos, porque – vive perturbando as aulas de põem em risco a segurança dos alunos. Esta lei já existe na Suécia e no Canadá
sintaxe. Associando o fato de que existe uma posição de tópico, expressa pela onde diminuíram os acidentes nas estradas. Casos especiais: 1. A maioria de/a
colocaçãom da vírgula, com o fato de que existe sujeito morfologicamente nulo, maior parte de (sujeito simples – núcleo = partitivos). O verbo pode ficar no singular
concluímos que o que se expressa pelo uso da vírgula entre o sujeito e o predicado (concordando com o núcleo do sujeito) ou no plural (concordando com o nome plural
é que o sujeito está sendo tratado como tópico, sendo a posição do sujeito posposto ao partitivo). Ex. A maioria dos candidados já desistiu ou já desistiram. A
propriamente dito ocupada pelo sujeito nulo ou, se preferir, sujeito oculto. Assim, a nossa preferência é a concordância lógica, ou seja, o verbo fica no singular para
vírgula expressa posição de tópico. Em “Quem lê, sabe”a estrutura é de tópico. E concordar com o núcleo do sujeito. Exs.: A maioria dos entrevistados reprova a
issso justificaria o uso da vírgula. (Profa. Miriam Lemle, Departamento de Lingüística administração municipal. A maioria dos feridos foi pisoteada. Boa parte dos
da UFRJ, apud Duarte SN, Língua Viva, JB. 21.11.99) problemas tem sua origem nos freemen chegados dos Estados Unidos. Grande
A vírgula é um sinal de pontuação. Jamais separe o sujeito do predicado por vírgula; parte das infecções pode ser evitada ou curada. A maioria das fraudes é cometida
entretanto, havendo o aposto, este será entre vírgulas. Ex.: José saiu de casa às durante longo tempo por empregados. A maior parte dos recursos virá da Brahma e
10h. FHC, presidente do Brasil, falou à Nação (correto – presidente do Brasil – da Embratel. Parte das instalações foi demolida. (Duarte SN. Língua Viva. JB,
aposto). (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 27.8.00) 11.3.01)
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SUPERÁVIT POSITIVO Só se usa hífen, após o prefixo supra, se a palavra seguinte começar por vogal,h, r
Combinação que deve ser evitada em textos que mereçam linguagem mais cuidada. ou s. Exemplos: supra-renal, supracitado. (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia,
(Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.4.01) 2.1.2000)
SÚPERO- TABU
Prefixo: sempre seguido de hífen (VOLP,1981) p.701 Tabu é uma interdiçã quase sempre religiosa, embora seu sentido tenha se
Verbete: súpero [Do lat. superu.] El. comp.1.=’que está em cima, superior’: súpero- expandido para abarcar também proibições sociais. Todas as acepções têm em
anterior; superovariado. (Aurélio eletrônico) comum o fato de que transgredir um tabu implica punição severa. Ora, um time que
derrota outro após longo jejum jamais será punido, pelo contrário, confere? É
SUPLEMENTO E ABREVIATURA necessária uma dose excessiva de licença poética para que a “escrita” vire tabu. Só
Supl. é a abreviatura de suplemento.1 mesmo no “futebolês”. (Rodrigues S. Língua Viva. JB,27.10.02)
1. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 4 ed.
Rio de Janeiro: A Academia; 2004.p. 839. TACHAR vs. TAXAR vs. TACHEAR
Tachar é pôr mancha, defeito, nódoa. Ex.: Alguém foi tachado de covarde. Nos
SUPOSTO dicionários, tachar e taxar podem significar qualificar, classificar, julgar. Para o
Pode ser o particípio do verbo supor ou conjunção (que introduz oração de valor Aurélio, só de pode usar tachar para idéia pejorativa. Ex.: Tacharam de ridícula a
adverbial) com valor concessivo, isto é, como equivalentes a “embora”, “ainda que” e proposta dele. Já taxar (= estipular o preço, o valor de algo) acaba, por analogia,
“se bem que”. As concessivas indicam “fato subordinado e contrário ao da ação significando também, avaliar, julgar. Pode, por isso, ser usado tanto para os
principal de uma oração, mas incapaz de impedir que tal ação venha a ocorrer”. atributos bons como para os ruins. Ex.: Taxaram de exemplar seu comportamento.
Esse significado é registrado pelos grandes dicionários, que dão a “suposto”, Taxaram de vulgar seu procedimento. (Cipro Neto P, Ao pé da letra, O Globo,
“suposto que”, “posto” e “posto que” valor concessivo. Ex.: Suposto o uso vulgar seja 20.12.98, p.26).
começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente Taxado vem de taxa (= tributo). Ex. A venda destes produtos foi taxada pelo
método. Como caráter, fazia-lhe a mãe grandes elogios, e eram fundados, posto governo. Tachado significa “acusado, considerado, qualificado, rotulado”. Ex.: Ele foi
fossem de mãe. Um simples cavaleiro, posto que ilustre.1,2 tachado de ladrão (Duarte SN, Língua Viva, JB, 15.8.99 p.12)
1. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 13 out 2002. Tachar = acusar, censurar, pôr defeito em. Ex. Ele foi tachado de corrupto.
2. Cipro Neto P. “Posto que é chama...”. Revista O GLOBO. 25 set 2005:p.43. Taxar = fixar ou determinar uma taxa, um tributo. Ex.: Estes serviços não serão
taxados pelo governo.
Tachear = pregar tachas (preguinhos) em . Ex.: É um sofá todo tacheado. (Duarte
SUPRA SN, Língua Víva, JB, 14.5.00)
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As duas palavras (Aurélio, Houaiss) podem significar “qualificar”, ou seja, Ex.: Ela também afirmou que os congressistas não podem legislar em causa própria.
“classificar”, “julgar”. Para o Aurélio, como “tachar” significa “pôr mancha, defeito”, só Essa construção permite duas interpretações: a) ela é uma das pessoas que
se pode empregá-lo para idéias pejorativas. Ex. Tacharam de ridícula a proposta afirmaram que os congressistas não podem legislar em causa própria; b) ela fez pelo
dele. Já “taxar”pode ser usado tanto para os atributos bons como para os ruins. menos duas afirmações, entre as quais a de que os congressistas não podem
Exs.: Taxaram de exemplar seu comportamento. Taxaram de vulgar seu legislar em causa própria. Se o sentido desejado é o segundo, é melhor colocar
procedimento. O Houais faz considerações semelhantes. (Cipro Neto P. Nossa “também” depois de “afirmou” (“Ela afirmou também que os congressistas...”). Outro
língua em letra e música: fascículo 1. São Paulo; EP&A; 2002. p. 14. exemplo, em um anúncio de aeromoça: Para seu conforto, o desembarque também
poderá ser feito pela porta trasiera da aeronave. Se for tomada ao pé da letra, a
TALEBAN vs. TALIBÃ vs. TALIBAN frase da aeromoça permite a interpretação de que, além do desembarque, outra
Trata-se da tentativa de transliterar um termo de uma língua que tem alfabeto coisa pode ser feita pela porta traseira. Como o que se quer é acrescentar uma
diferente do nosso. Os dicionários e o VOLP da ABL não registram nenhuma das segunda porta para o desembarque, o ideal é colocar “também” o mais perto
formas. Professores de árabe dizem que a forma com “i” é a que mais se aproxima possível da palavra “porta” (“O desembarque poderá ser feito também pela porta
da pronúncia original. Quanto à grafia da última sílaba, a forma com til (talibã) é a traseira”).1
mais condizente com a norma portuguesa. Talibã significa “pedinte de 1. Cipro Neto P. O desembarque também pode ser feito. Revista O GLOBO. 1° maio
conhecimento”, ou seja, “estudante”, “aluno”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 2005;p.62.
7.10.01).
TAMPAR e TAPAR
TALIÃO Utiliza-se o verbo tampar somente com o que tem tampa (panelas, garrafas, caixas,
Talião é a evolução para o português do latim talione, que por sua vez vem de talis, etc.) Ex. D. Antônia tampou a panela do feijão para engrossar o caldo e apurar o
que corresponde ao nosso tal. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de sabor. Use o verbo “tapar” para tudo que não tem tampa. Ex.: Tape os ouvidos, tape
Janeiro: Record; 1998. P.81) os olhos, tabe o buraco, etc. (Niskier A. Na ponta da língua. O dia, 28.1.00)
E atenção que talião não é um nome próprio. Talião procede da forma latina
talionem (de talio, talionis), que se formou a partir de talis (tal). (Martins E. De TAMPOUCO vs. TÃO POUCO
palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 3.3.01) Tampouco (= nem). Ex.: Não trabalha tampouco estuda. Atenção: Não trabalha nem
Forma portuguesa de “talionis”, do latim. Trata-se da família de “talio”, “talionis”, tampouco estuda (nem tampouco é redundante)
“talis”, “tale”, da qual provém a nossa palavra “tal”, que tem, entre outros, o Tão pouco (= muito pouco). Ex.: Estudou tão pouco, que foi reprovado. Duarte SN.
significado de “semelhante”, “igual”, “análogo”, e se usa também nas expressões “tal Desafios Língua Viva. Livro 8. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1999.
qual” e “tal e qual”, que indicam a idéia de igualdade. A lei é de “talionis” porque Tampouco = também não. Refere-se a um verbo e é invariável. Ex. Não bebeu,
inflige ao criminoso o mesmo mal que praticou. Retaliar (que vem do latim “retaliare”) tampouco comeu. A expressão “tão pouco” preced um substantivo. A palavra
é da mesma família. Significa “tratar segundo a lei de talião”, “revidar com dano igual “pouco”, no caso, é variável porque funciona como adjetivo qualificativo. Ex. Havia
ao dano recebido”, “impor a pena de talião”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, tão poucas vagas que os candidatos não compareceram. (Ramos W. Não morda a
29.4.01) V. Lei de talião língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001)
Por falar na tal “lei de talião”, você deve ter notado que “talião” se escreve com inicial minúscula, e não
maiúscula, como freqüentemente se vê em jornais e revistas. Muita gente deve achar que o tal Talião,
suposto personagem histórico, seja o “pai” da lei. Mistério dos mistérios: quem foi esse tal de Talião? TAPAS
Quando viveu? Onde nasceu? Que fim levou? Não se trata do nome de ninguém, mas simplesmente da
forma portuguesa de “talionis”, do latim. Trata-se da família de “talio”, “talionis”, “talis”, “tale”, da qual
A origem das tapas, pequenas porções de entrada, remonta ao tempo das
provém a nossa palavra “tal”, que tem, entre outros, o significado de “semelhante”, “igual”, “análogo”, e diligências da Idade Média, que atravessavam a Espanha. Antes das refeições, para
se usa também nas expressões “tal qual” e “tal e qual”, que indicam idéia de igualdade. No “Aurélio”, o
primeiro exemplo que se dá no verbete “tal” é “Tal amor não se encontra facilmente”, em que “tal”
acompanhar os vinhos, eram servidas azeitonas em pratos tampando copos. Tinham
corresponde a “semelhante”, “igual”. A lei é de “talionis” justamente porque inflige ao criminoso o mesmo duas funções: Não deixar entrar poeira e evitar a embriaguez dos condutores. Hoje,
mal que praticou a outrem. No verbete “pena”, o “Aurélio” registra a expressão “Pena de talião”, com a
seguinte observação: “Atenção: escreve-se “talião”, com minúscula, pois não é nome próprio”. O problema
há casas especializadas em tapas por toda a Espanha. (Agostini B. Percorrendo os
é que a coisa pára por aí, o que pode deixar na boca de quem consulta o famoso gostinho de “quero mais”. sabores da Espanha. Viagem. JB, 2.3.03)
Vamos deixar claro, então: escreve-se “talião”, com inicial minúscula. Cipro Neto P. Retaliações. Revista O
GLOBO.26 fev 2006;p.59.
TAUTOLOGIA
Tautologia é uma palavra de origem grega: tauto (= o mesmo) + logos (= discurso) +
ia. É um vício de linguagem que consiste na repetição de uma mesma idéia com
outras palavras. É uma espécie de redundância. (Duarte SN. Língua Viva. JB.
29.4.01)
TAMBÉM TECLADO
Palavra perigosa em que qualquer descuido basta para que a ambigüidade (duplo O padrão de teclado Qwerty foi inventado nos primeiros anos da máquina de
sentido) dê o ar da graça, ou – pior – para que a frase não tenha o sentido desejado. escrever. A idéia era evitar que as teclas prendessem, colocando as mais usadas
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nos extremos do teclado. Em 1936, o modelo Dvorak foi criado. Ele oferece mais As duas formas são corretas. Em textos mais formais, prefiro “tem de”. (Duarte SN.
produtividade por juntar as teclas mais usadas, permitindo a digitação mais rápida e Língua viva. JB, 26.11.00)
precisa e com redução de movimentos dos pulsos e dos dedos. Por que o Dvorak
não foi adotado quando passamos da digitação em suportes mecânicos para TEMPERATURA ALTA OU BAIXA vs. QUENTE OU FRIA
elétricos. Hoje, é possível mudar os teclados Qwerty para Dvorak com alguns Não existe "temperatura quente ou fria". A temperatura é alta, elevada, muito alta,
comandos na maioria dos sistemas operacionais. (Miller A. A morte do teclado muito elevada, baixa, muito baixa, etc. Ex.: O termômetro registrou a temperatura
Qwerty. Internet. JB, 1.12.03) mais baixa (ou mais alta) deste inverno. Frio ou quente usa-se para tempo, dia,
manhã, tarde, noite, etc. Exs.: O tempo está quente. / O dia está frio. / A manhã está
TÉCNICO vs. TÉCNICA fresca. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 7.7.01)
Se uma mulher for investida no cargo de “Técnico de Controle Externo” devemos
denominá-la “Técnica de Controle Externo”. No futebol feminino, temos a técnica, a TENÇÃO vs. TENSÃO
árbritra, a zagueira, a goleira... (Sérgio N.Duarte - Lingua Viva Especial/Dúvida dos Tenção é o mesmo que intenção. Tensão é a “qualidae ou estado do que é tenso”. ).
leitores - JB,5.7.98, p.15) (Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.4.01)
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Esse uso não encontra registro no texto formal (textos técnicos, jurídicos, inverso, os dicionários registram “perdoador” como “aquele que perdoa”, mas partir
acadêmicos, etc.). Quase todos os dicionários insistem em ignorá-lo. O “Aurélio”só o para “imperdoadores”, cá entre nós, é terrível, é feio que dói. Nesse caso, que tal
reconheceu na última edição (Novo Aurélio Século XXI), dando-lhe o status de usar “inaplacável”, presente no “Vocabulário Ortográfico”, da Academia, e no
“popular”. Ali está grafado, no presente do indicativo, “tem”, sem acento, no singular, dicionário de Caldas Aulete, mas não no Aurélio. “Inaplacável” é equivalente a
à semelhança de “haver”, invariávesl. Ex.: Tem certo dias em que eu penso em “implacável”, que significa “que não perdoa”, “que persegue constantemente”, “que
minha gente... (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 8.4.01) não se pode aplacar”. “Aplacar” é “suavizar”, “abrandar”, “apaziguar”, “moderar”.
Podemos utilizar ainda inexorável, cujo “x” se lê como “z”. “Inexorável” é o contrário
TER vs. HAVER e EXISTIR de “exorável”, que é o que cede a súplicas, que se compadece. “Inexorável”,
O emprego do verbo Ter com o sentido de haver ou existir é velha discussão entre portanto, é o que não cede a súplicas, não se compadece, não perdoa. (Cipro Neto
linguistas. A corrente mais tradicional não admite essa equivalência. Para eles - nem P. Ao pé da letra. O Globo, 19.11.00)
na fala, nem na escrita – pode-se usar Ter no lugar de haver ou existir. Na prática,
não faltam registros de Ter com o sentido de haver ou existir. Na língua falada no TERRAPLANAGEM vs. TERRAPLENAGEM
Brasil, o verbo Ter com esse sentido parece definitivo. Já em Portugal, às vezes, Ambos os termos são corretos, pois constam do Vocabulário Ortográfico da Língua
ouve-se aqui e ali, mas é mais comum o emprego de haver e existir. Penso que em Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras. O importante é que o terreno seja
textos formais – teses, relatórios, ensaios - , não parece adequado o emprego de bem aplainado através de uma terraplanagem ou terraplenagem bem feita. (Niskier
Ter no lugar de existir. (Cipro Neto P, Inculta & Bela, A Folha de S. Paulo, 25.2.99, p. A. Na ponta da língua. O Dia, 19.11.00)
2, caderno 3)
O uso do verbo ter com o sentido de haver é um caso com alto grau de aceitação, TESTAMENTO DE ADÃO
com pequenas restrições. Exs.: Hoje não tem aula. Tinha muita gente na reunião. No Contam os cronistas que, em 1515, vinte e um anos depois da assinatura do Tratado
domingo passado, teve um engarrafamento monstruoso. (Duarte SN. Língua viva. de Tordesilhas, Francisco I, rei da França, teria lançado a pergunta irada e
JB, 6.8.00) desafiadora: “Em que cláusula do testamento de Adão os reis de Portugal e
Espanha se fundamentaram para repartir o mundo entre si? “. Testamento de Adão,
TER DE vs. TER QUE fruto da fértil retórica francesa, passou a indicar desígnios ilegítimos daqueles que
Hoje em dia se considera aceitável o uso tanto de ter de como de ter que. Muitos se pretendem donos do mundo. (Dines A O testamento de Adão. JB, 9.10.99, p.9)
gramáticos, no entanto, ainda fazem ressalvas à forma corrente, ter que, e
recomendam ter de para exprimir obrigação, necessidade ou desejo. O dicionário TETO MÁXIMO
Aurélio, por exemplo, assinala: “Ter que é forma considerada geralmente pouco É uma redundância. Teto já é o limite máximo, o máximo. Portanto, o teto é o maior
recomendável, embora seja muito usada.” na linguagem formal, prefira frases como: valor para o salário de uma classe profissional. (Martins E. De palavra em palavra. O
O trabalho tem de ser iniciado ainda hoje. / A empresa teve de indenizar os Estado de São Paulo, 29.4.00)
moradores. / Eles tinham de sair cedo. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado
de São Paulo, 29.4.00) TEÛCHOS
Radical grego que significa “livro”. Ex.: Pentateuco é o nome que se dá à coleção
TER E VIR (verbos derivados de) dos primeiros cinco livros do Velho Testamento, atribuídos a Moisés: o Gênese, o
Na terceira pessoa do singular, têm acento agudo; na terceira pessoa do plural, têm Êxodo, o Levítico, o Números e o Deuteronômio.1,2
acento circunflexo. P.ex. ele detém; eles detêm; ele intervém; eles intervêm (Sergio 1. Brito Júnior JA. A autoria do Pentateuco [monografia na Internet]. Vitória da
Nogueira Leite, JB. 12.10.97) Conquista; Jul 2000 [citado 12 jan 2005]. Disponível em:
http://www.geocities.com/joshuaibg/textos/a_autoria_do_pentateuco.htm
TERMINAÇÃO ULO/A E CULO/A 2. Silva D. Quando um burro fala. Língua Viva. JB. 13 set 2004.
Essas terminações vêm do latim e podem indicar o grau diminutivo. Exs.: febrícula;
óvulo (“ovo pequeno”); grânulo; glóbulo; homúnculo. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O TEÚDA E MANTEÚDA
Globo,8.9.02) Tida e mantida. No português medieval se compunha o particípio com o final “udo”.
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O til é um sinal utilizado para mostrar a nasalização e só indica a acentuação tônica que não há flexão de “todo”. Ex.: Participaram desse encontro os todo-poderosos
da palavra se não houver outro acento no vocábulo. Exs.: coração (a palavra é (ou as todo-poderosas) do planeta.1
oxítona, e o til mostra a sílaba tônica ção); órfão (a palavra é paroxítona, e o til na 1. Cipro Neto P. Acerca de, a cerca de, há cerca de. Revista O Globo. 22 maio
sílaba não mostra a sílaba tônica, que é ór) (Niskier A. Na ponta da língua. O Dia, 2005;p.43.
10.9.99)
TODO O DIA, TODO DIA, TODOS OS DIAS
TIPAGEM SANGÜÍNEA “Todo o dia” = dia inteiro, o dia completo. Ex. Trabalho todo o dia. Conheço todo o
Não existe o vocábulo “tipagem” (VOLP, Houaiss, Academia Lisboa) Brasil. Toda a família compareceu à festa. “Todo dia” = qualquer dia. Ex. Toda
criança necessita de carinho. Na prisão, todo dia é sempre igual. (Ramos W. Não
TOCA-FITAS vs. TOCA-FITA morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001.
Não existe “toca-fita”. Na língua portuguesa, o correto é toca-fitas. Ex.: Antônio
comprou um rádio toca-fitas para seu carro e não ficou satisfeito. (Niskier A. Na TODO, TODA (NUMERAL E ARTIGO)
ponta da língua. O Dia, 19.12.99) Omite-se o artigo quando “todo” ou “toda” vierem seguidos de artigos. Emprega-se o
artigo somente quando o numeral vier antes de um substantivo. Exs.: Todos os cinco
TODA, TODA A; TODO, TODO O irmãos são cantores. Todas as quatro palavras têm o mesmo significado. Todas as
Toda significa “qualquer”. Toda a significa “inteira”. Exs.: Aqui, nesta época, toda três irmãs são muito bonitas. Devemos evitar as construções “todos dois” e “todas
noite chove (=chove todas as noites). Ontem choveu toda a noite (= choveu durante duas” (usar ambos e ambas). Exs.: Tenho dois irmãos gêmeos: ambos torcem pelo
a noite inteira) (Duarte SN, Língua Viva, JB, 22.8.99) Corinhthians. Iracema e Juliana são irmãs: ambas têm nomes inspiradores. (Ramos
Sem artigo, antes de um substantivo, todo equivale a cada, um, qualquer. Ex.: Todo W. Não morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001.
homem é mortal. Como não existe artigo depois de todo, a construção indica que
cada homem, qualquer homem é mortal. Todo país tem amigos e inimigos (um país, TODO vs. TODO O
cada país, qualquer país). / Toda mulher tem seus encantos (cada mulher, uma Todo (sem artigo) significa “qualquer”. Ex.: Todo país deve preservar a natureza (=
mulher, qualquer mulher). / Trabalhamos todo dia (cada dia, qualquer dia). qualquer país, todos os países). Todo o (com artigo) significa “inteiro”. Ex. Neste
Acompanhado de artigo, todo passa a dar a idéia de inteiro, pleno, completo. Ex.: Domingo haverá vacinação em todo o país (= no país inteiro). Aluno novo paga meia
Todo o país aplaudiu a decisão do governo (o país inteiro). / Conhecia toda a história em todo o Brasil. Se você faz toda obra, significa “qualquer tipo de obra”; se você
do continente (a história plena). / Trabalhou todo o dia (o dia inteiro). / Encontrou fizer toda a obra, entende-se “a obra inteira”. Há muita diferença entre beijar “todo
toda a família na festa (a família completa). No plural, o artigo é obrigatório, qualquer colega de trabalho” e “todo o colega de trabalho”. . (Duarte SN. Língua Viva. JB.
que seja o sentido. Exs.:Todos os homens são mortais. / Conhecia todos os países 15.4.00)
da América. / Gostava de destacar todas as boas idéias. / Leu todas as revistas da
sala. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. Paulo, 5.7.03) TODO- PODEROSO (FLEXÃO)
Como se dá a flexão do adjetivo composto “todo-poderoso”. Como é o feminino? E o
TODO (CONCORDÂNCIA) plural? Com exceção de “surdo-mudo”, nos adjetivos compostos o primeiro elemento
Todo pode ter valor de advérbio, com o sentido de “completamente”, “inteiramente”, não varia. O segundo pode variar ou não, dependendo do caso. Em “todo-
“totalmente”. Ex.: As ruas estão todo molhadas. No entanto, por sua origem poderoso”, só se flexiona o segundo elemento, o adjetivo “poderoso”: Exs.: A todo-
pronominal, essa palavra pode sofrer flexão. Ex.: As ruas estão todas molhadas poderosa diretora declarou que... Eles se consideram todo-poderosos; Elas agem
(“toda” concorda por atração com “molhadas”) (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O como se fossem todo-poderosas. É muito comum que se leia e ouça “toda-
Globo, 5.8.01) poderosa” (“A toda-poderosa ex-primeira-ministra”), o que é incorreto. E “surdo-
Quando inicia um adjetivo composto, não sofre flexão. Ex.: Ela é a todo-poderosa da mudo”? Excepcionalmente, o primeiro elemento que forma esse adjetivo composto
empresa. A ex-primeira dama gostava de exercer sua condição de mulher todo- varia. O segundo elemento também varia: “menino surdo-mudo”, “menina surda-
poderosa. Ocorre com “todo”o que se vê com qualquer elemento que inicia um muda”, “meninos surdos-mudos”, “meninas surdas-mudas”. (Cipro Neto P. Ao pé da
adjetivo composto : não varia. Exs.: mulher todo-poderosa; mulheres todo- letra. O Globo, 15.10.00)
poderosas. A exceção é surdo-mudo, em que variam os dois elementos: rapaz/es
surdo/s-mudo/s; moça/s surda/s-muda/s. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, TODOS FORAM UNÂNIMES
17.11.02) Redundância
Não sofre flexão quando participa do adjetivo composto “todo-poderoso”. Ex.: O
todo-poderoso ministro da Fazenda; a todo-poderosa delegada da Receita; os todo- TODO, TODO O
poderosos ministros; as todo-poderosas ministras. A razão é que nos adjetivos Todo significa totalidade (Todo prédio foi pintado) e todo o, totalidade das partes
compostos, o primeiro elemento nunca varia (exceto surdos-mudos). Quando é (Todo o prédio foi pintado). (7)
substantivo, o composto “todo-poderoso” segue o mesmo processo, o que significa
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Exs. Todo contribuinte poderá obter esta espécie de nada consta (= qualquer TRABALHADOR (FLEXÃO DE GÊNERO)
contribuinte). Ele faz todo trabalhao (= qualquer trabalho). Ele fez todo o trabalho (= Existema as formas “trabalhadora” e “trabalhadeira”. Trabalhadeira funciona
o trabalho inteiro) (Duarte SN, 9.11.97) basicamente como adjetivo e significa “que gosta de trabalhar”, “que trabalha muito,
O promone todo sem o artigo definido o significa um, qualquer, cada. Ex.: Este com afinco”. Trabalhadora pode funcionar como adjetivo, quando tem basicamente o
funcionário desempenha toda (=qualquer) função. Ele trabalha todo dia (=qualquer mesmo significado de “trabalhadeira”. Ex.: Aquela mulher é trabalhadeira é
dia, cada dia). Todo aluno de curso superior (= cada aluno, qualquer aluno) tem praticamente equivalente a “aquela mulher é trabalhadora”, ou como substantivo,
vontade de progredir. Toda Faculdade de Medicina (=qualquer Faculdade de quando significa simplesmente “mulher que trabalha”. Ex.: As trabalhadoras
Medicina) tem suas atrações especiais. Todo país (=qualquer país) tem problemas reivindicam melhores salários. A produtividade de uma trabalhadora brasileira é ...
socioeconômicos de grau variado. Todo equivale a inteiro. Ex.: Este técnico de (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 6.5.01)
laboratório trabalha todo o dia (= o dia inteiro). O professor dividiu toda a pesquisa
(=a pesquisa inteira) entre os alunos mais adiantados. Toda a Reitoria (= a Reitoria TRABALHO (ETIMOLOGIA)
inteira) festejou o resultado da eleição. O aluno fez todo o trabalho (=o trabalho Veio do latim tripalium, instrumento de tortura, composto de três paus onde eram
inteiro) sem ajuda dos colegas de turma. (Silveira IC. Textos médicos: aspectos supliciados os condenados. Em outras línguas latinas, como é o caso do francês
lingüísticos. JBM 1999; 76 (1/2):36. travail (trabalho) designa também “machine pour ferrer les chevaux” (máquina para
Todo dia (= qualquer dia). Todo o dia (= dia inteiro). Ex.: Todo dia, João trabalha ferrar cavalos). E travailler (trabalhar) tem também o significado de atormentar. E a
todo o dia, pois vive de biscate. expressão “trabalhar de graça” é “travailler pour le roi de Prusse” (trabalhar para o rei
Todo, sem artigo, significa “qualquer”. Ex.: Sou capaz de fazer todo trabalho da Prússia). Frederico II, rei da Prússia, ao pagar seus soldados, descontava-lhes
(=qualquer trabalho). Todo o, com artigo, significa “inteiro”. Ex.: Sou capaz de fazer um dia de trabalho por mês. Em nossa língua, “trabalhar para ao bispo” equivale a
todo o trabalho (= o trabalho inteiro). No caso de “todo mundo” ou “todo o mundo”, trabalhar sem receber, expressão nascida do feudalismo, quando o clero e a
temos um problema específico. Não há dúvida de que “todo o mundo” significa “o nobreza impunham trabalhos periódicos sem remuneração. Era a corvéia. Os
mundo inteiro”. O problema é o uso consagrado de “todo mundo” no sentido de mouros invadiram a Península Ibérica e lá ficaram por sete séculos. Levaram o
“todas as pessoas”. É lógico que interpretar “todo mundo”como “qualquer mundo”é masbarrá, neologismo que ainda não existe em nossa língua, espécie de rosário, em
um absurdo. Nesse caso, a expressão não se refere ao mundo mundo. Deveria ser geral de 33 contas, que os senhores traziam às mãos para mostrar que não
“todo o mundo”. Trata-se de linguagem figurada. É um tipo de hipérbole precisavam fazer nada, que outros trabalhavam por eles. (Silva D. Língua Viva. JB,
característica da linguaguem coloquial brasileira. Isso significa que pode ser aceita 26.1.04)
em textos menos formais. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 29.7.01)
TRANSA (PROSÓDIA)
TOPOGRAFIA A pronúncia do “s”, apesar de estar entre vogal e consoante é como de um “z”. Não
É a descrição detalhada de um local, o que se escreve sobre este. Assim, é é uma exceção à regra. Todos nós aprendemos que a letra “s” entre vogais deve ser
inadequado dizer: “na topografia do baço”, “dor na topografia do rim esquerdo”, pronunciada como “z”: casa, mesa, gostoso, usar, etc. O problema é que algumas
“palpação da topografia da vesícula biliar”, etc. Em lugar de topografia, pode-se pessoas tiram algumas conclusões erradas: 1. O som de “z” entre vogais deve ser
usar: área, local, localização, região. Dor na topografia do baço significa que a grafado sempre com a letra “s”, Isso não é verdade: azar, prazer, gozar, granizo; 2)
descrição regional do baço está doendo. Que a letra “s” só representa o fonema “z”quando fica entre vogais. Também não é
1. Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falhas e acertos. verdade: trânsito, transatlântico, transação, etc. (Duarte SN, Língua Viva, JB. 1.8.99)
Rer Bras Cir Cardiovasc [periódico na Internet]. Jul-set 2003 [citado 12 jan
2005];18(3):[17 p.]. Disponível em: TRANSLATION
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- Estrangeirismo: tradução. (Sampaio P. Bangue-bangue hi-tech. Folha de São Paulo.
76382003000300002&lng=pt&nrm=iso Caderno Cotidiano, 6.8.00)
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a) o travessão marca a troca de interlocutor no diálogo: - Quem lhe disse? – Não é facultativa. É bom tomar cuidado com distinguir, extinguir, adquirir. Os dicionários e
posso dizer. – Por quê? – Não quero envolvê-lo; b) podem ficar entre travessões o VOLP não registram a pronúncia do “u”, ou seja, grafam esses verbos sem trema.
(substituindo as vírgulas) palavras, expressões ou frases que se quer destacar. Já o caso de questão (ou qüestão) é mais interessante. O Aurélio e o Michaelis só
Ex.: “A empresa – afirmou o presidente – deve investir em seus funcionários”. “O registram questão, sem trema, o que também vale para toda a família (questionar,
fato – convém lembrar – é inaceitável numa empresa como esta”. “Uma palavra – questionário, questiúncula, questionador, etc.). O VOLP registra as duas
liberdade – escraviza muita gente”. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 2.12.00). possibilidades, o que se estende para toda a família. Já Caldas Aulete também
registra as duas formas, mas em “qüestão”faz a seguinte observação: “É forma
TRAVESSÃO E VÍRGULA registrada como variante pelo VOLP e ouvida em algumas regiões do Brasil. (Cipro
A partir do Modernismo, boa parte dos nossos melhores escritores abriu mão da Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 2.1.2000)
vírgula após o travessão, por julgá-la um preciosismo gráfico que polui o texto e O trema só é facultativo se a pronúncia da vogal u for opcional, ou seja, podemos
nada acrescenta à sua clareza. A maioria de nossos jornais e revistas, porém, falar: líquido ou líqüido, antiquíssimo ou antiqüíssimo, sanguinário ou sangüinário...
prefere ainda hoje o apego a uma idéia mais conservadora de correção e sua O TREMA (=palavra do gênero masculino) não é um acento (=não indica sílaba
travessão e vírgula em determinadas situações. Considera-se o polivalente tônica). O trema é um sinal gráfico cuja função é indicar a pronúncia da vogal u.
travessão, nesses casos, uma espécie de sinal gráfico secundário, isto é, algo que (Duarte SN. Língua Viva. JB, 1.2.98)
se acrescenta ao texto sem prejuízo da pontuação básica. Assim, a vírgula é Devemos usar o trema na vogal u (pronunciada e átona), antecedida de Q ou G e
considerada necessária se o elemento que vem antes da intercalação entre seguida de E ou I: Q E > Ü < G I O objetivo do trema é distinguir a vogal u muda
travessões exigir, para se ligar ao elemento que vem depois. Exs.: A leitora (=não pronunciada) da vogal u pronunciada: QUE = quente, questão, quesito; QÜE =
compreende – e acha “até bem charmoso” – o recurso de, por clareza ou ênfase, pôr freqüente, seqüestro, delinqüente; QUI = quilo, adquirir, química; QÜI = tranqüilo,
parte de uma frase mais longa entre travessões. No entanto – e aqui estou eqüino, iniqüidade; GUE = guerra, sangue, larguemos; GÜE = agüentar, bilíngüe,
abusando do expediente, mas tenho um bom motivo, como logo se verá –, o fato de enxagüemos; GUI = guitarra, distinguir, seguinte; GÜI = lingüiça, pingüim, argüir.
às vezes o segundo travessão ser seguido de vírgula, como nesta frase, a deixa Não esqueça que jamais haverá trema quando a vogal u estiver seguida de o ou a:
confusa. (Rodrigues S. Língua Viva. JB, 13.4.03) ambíguo, longínquo, averiguar, adequado... (Duarte SN. Língua Viva. JB, 1.2.98)
O trema continua em vigor. Há um projeto de reforma ortográfica, já aprovado pelo
TRAZIDO vs. TRAGO Brasil e por Portugal, revogando esse sinal. A mudança na forma de escrever as
O verbo trazer não é abundante: ele tem apenas um particípio (= trazido). Trago palavras em português, no entanto, ainda não virou lei e talvez isso nunca ocorra,
como particípio verbal, não existe. O que existe é “eu trago”, presente do verbo porque o projeto precisa da concordância de alguns países africanos de língua
trazer ou do verbo tragar. (Nogueira S. Pegadinha Verbal. Seleções do Reader’s portuguesa. Por enquanto, está mantido o sinal no u que for pronunciado depois de
Digest, junho de 1999, p.13) q e g. Portanto, escreva sempre com trema palavras como freqüência, agüentar,
lingüiça, eloqüente, eqüino, Anhangüera, seqüestro, ambigüidade, tranqüilo, etc.
TREMA Note que só há trema quando o u vem antes de e e i, mas nunca antes de a ou o.
Esse sinal só se usa na letra u, quando átona e integrante dos grupos que, qui, gue, Por isso, o sinal não aparece em adequado, aquoso, aguado, quórum, etc (Martins
gui. Exs.: freqüente; tranqüilo; agüentar; sagüi. O que se coloca no u de quente, E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 24.6.00)
quilo, sangue, conseguir? Nada. O u dessas palavras não é pronunciado. E o que se Ainda não foi assinado pelos sete países da comunidade lusófona o Acordo
coloca no u dos grupos Qua,quo,gua,guo? Nada. O u desses grupos sempre será Ortográfico da Língua Portuguesa. Na verdade, Brasil e Portugal já se acertaram,
pronunciado, portanto o trema é desnecessário. Ninguém vais escrever quase e ler mas há algumas nações africanas que resistem à idéia. O Acordo talvez seja
case. (Cipro Neto P., Ao pé da letra, O Globo, 14.3.99, p.22) Se o “u” desses grupos assinado este ano. Portanto, as regras ortográficas vigentes são as mesmas desde
for tônico, haverá acento agudo:obliqúe, apazigúe, averigúe, argúi. (Cipro Neto P. Ao 1971. Isso significa que o uso do trema ainda é obrigatório. (Duarte SN. Língua Viva,
pé da letra. O Globo, 30.6.02) JB, 12.4.98)
O uso é obrigatório em palavras em que ocorrem os grupos qüe, qüi, güe e güi: Não se esqueça: só use o trema quando o u pronunciável dos grupos qu e gu vier
freqënte; conseqüentemente; seqüestro; delinqüente; tranqüilo; qüinquagésimo; antes de e e i. Se a letra seguinte for a ou o, não existe o sinal: adequado, míngua,
qüinqüenal; agüentar, enxágüem, averigüemos, lingüiça; pingüim; argüição, exíguo, aquoso, etc. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo,
ambigüidade. O trema só é facultativo em palavra de dupla pronúncia: sanguinário 8.9.01)
ou sangüinário; liquidação ou liqüidação; antiquíssimo ou antiqüíssimo; antiguidade O trema faz parte do sistema ortográfico vigente, servindo para indicar a pronúncia
ou antigüidade. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 21.11.99) específica do “u”em “qüe”, “qüi”, “gue” e “güi”. O acordo de unificação ortográfica
Usa-se o trema quando o “u” for pronunciado atonamente nos grupos “que”, “qui”, entre os países de língua portuguesa elaborado em 1990 prevê a eliminação do
“gue” e “gui”. Exs.: agüentar; sagüi; seqüestro; tranqüilo. Nos grupos “qua”, “quo”, trema, mas até hoje não entrou em vigor porque algumas nações africanas ainda
“gua”, “guo”,nunca há trema, que seria inútil porque nesses grupos o “u” sempre é não o ratificaram. (Pergunte ao guia. Guia. Veja, 13.8.03)
pronunciado. Exs: aquoso; guaraná; aquático; exíguo; ambíguo. Existem palavras de
dupla pronúncia, como líquido, líqüido, sanguíneo, sangüíneo, antiguidade, TREMINHÃO
antigüidade, lânguido, lângüido, etc. Nelas o trema é facultativo, porque a pronúncia
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Neologismo criado para designar enormes caminhões constituídos de várias – tonéis. (Nogueira S. Pegadinha verbal. Seleções do Reader’s Digest, maio de
carroçarias semelhantes a vagões, que trafegam sobretudo na região de Ribeirão 1999)
Preto, servindo de transporte para a cana-de-açúcar. Treminhão veio de trem. Os
franceses tinham a palavra train já no século 12, em domínio conexo com a ação de TROPA
trainer, arrastar, radicado remotamente no latim vulgar traginare, variante do latim Em português, “tropa” é sempre um coletivo, e coletivo especialmente numeroso. Em
culto trahere, este com o sentido de puxar, mover lentamente e com dificuldade. inglês troops significa apenas, soldados. (Rodrigues S. Língua Viva, 30.3.03)
(Silva D. Safra de palavras. Língua Viva, JB, 3.5.04)
TUDO A VER VS. TUDO HAVER
TREZENTOS (ORDINAL) O correto é “tudo a ver”. Ex: A sua casa tem tudo a ver com você. “Ter a ver”
As formas “tricentésimo” e “trecentésimo” encontram abrigo no VOLP da ABL e nos significa “ter relação com”, “ter responsabilidade por” ou “ter algo em comum com”.
dicionários Caldas Aulete, Houaiss e Aurélio (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, Quando a “tudo haver” – nada a ver. (Rodrigues S. Língua Viva. JB, 22.9.02)
10.8.03)
TUDO QUE vs. TUDO O QUE
TRI Tanto faz. O uso do pronome “o” não é obrigatório. Sem o pronome “o”, o pronome
Tri significa “três vezes”. Não se emprega hífen depois de tri. Ex: Antônio foi relativo “que” substitui o pronome indefinido “tudo”. Com o pronome “o”, o pronome
tricampeão de natação do clube da sua cidade. (Niskier A. Na ponta da língua. O relativo subtitui “tudo aquilo”e não “tudo”. Ex.: Tudo que fizerem ou tudo o que
Dia, 16.1.00) fizerem. (Duarte SN. Língua viva. JB, 26.11.00)
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Um outro motivo que nos leva a preferir o verbo no plural é a concordância nominal. UM TERÇO vs. TRÊS VEZES MAIS
Todos diriam que “ele é um dos artistas mais brilhantes” (= que mais brilham). Túlio fez 7 gols pelo Corinthians. Romário fez 21 pelo Flamengo. Logo, Túlio fez um
Ninguém usaria o adjetivo “brilhante” no singular. Exs.: Ela foi uma das mulheres terço da quantidade de gols que Romário fizera (nunca três vezes menos). No
que socorreram a vítima. É aniversário de um dos maiores hospitais do país que entanto Romário fez três vezes mais gols que Túlio. O contrário de “três vezes mais”
tratam o câncer infantil. Uma das linhas que trazem energia de Itaipu foi desligada é “um terço” e não “três vezes menos”.‘(Duarte SN, JB, 1.3.98, p.14)
ontem. Um dos que a convocaram foi o senador Rafael Michelini. Ela é uma das
empresas credoras que compõem o comitê de negociação. (Duarte, SN, JB, Língua ÚNICO (FLEXÃO)
Viva, 27.5.01) No Dicionário Caldas Aulete temos: Único, adj, um; que é só no seu gênero ou
Ex: A moça é uma das que mais brilham. Ele é um dos deputados que mais espécie, que não tem outro igual a si, singular, que não tem par. O adjetivo único
trabalham. A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós. A que vem do latim unicus, não é uma palavra invariável.. Logo, o plural únicos existe.
China é um dos países que produzem esse material. É uma das empresas que mais Ex.: Eles foram os únicos que fizeram o trabalho, é aceitável,embora pareça
crescem no mercado. Foi um dos que pediram a sua condenação. (Cipro Neto, P. estranho (Duarte SN, Língua Viva, JB. 1.8.99)
Ao pé da letra, O Globo, 29.11.98, p.28) Embora a palavra expresse a idéia de um, de exclusivo, único pode designar
Após “um dos que”devemos usar o verbo no plural. Ex.: O Brasil é um dos países número muito pequeno em relação ao total ou algo superior a todos os demais:
que durante as últimas duas décadas tiveram um aumento preocupante na taxa de Foram os dois únicos sobreviventes do desastre. / Seus trabalhos eram únicos no
desigualdade social (Duarte SN, Língua Viva, JB. 1.8.99) gênero. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 17.3.01)
O prof. Hildebrando A. de André, em sua Gramática Ilustrada, diz: quando o sujeito é
o relativo “que” precedido da expressão “um dos”..., o verbo pode concordar na UNIDADE DE MEDIDA
terceira pessoa do singular ou do plural, indiferentemente. Eu também pensava Deve ser escrita em algarismo. Ex. 2 mm e não dois mm.
assim, mas hoje estou convencido que devemos usar o verbo sempre no plura. Você
diria que “Ronaldinho é um dos jogadores convocado”? É lógico que não. Se UNIDADE E GRANDEZA FÍSICA
“Ronaldinho é um dos jogadores convocados”, devemos dizer que “Ronaldinho é um As unidades são normatizadas por organismos internacionais e obedecidas no Brasil
dos que foram convocados pelo técnico da nossa Seleção”. O meu raciocínio é o por lei e também pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) nas suas
seguinte: dentre os jogadores que foram convocados para a Seleção, Ronaldinho é edições de terminologia. Exs.: velocidade: 90 km/h (noventa quilômetros por hora);
um deles. Ninguém diria que “Émerson é um dos jogadores mais batalhador. Se ele comprimento ou distância (1m ou um metro; 2 m ou dois metros); tempo (1h ou uma
é um dos mais batalhadores, é porque “Émerson é um dos jogadores que mais hora; 2 h ou duas horas; 21h30min ou vinte e uma hora e trinta minutos;
batalham”. Portanto, adjetivo e verbo no plural. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 5.9.99) 5h51min33seg ou cinco horas, cinqüenta e um minutos e trinta e três segundos);
Ex.: O jogador Júnior, do Palmeiras, foi “um dos que provocaram a torcida do massa (1g ou um grama; 200 g ou duzentos gramas) (Duarte SN, Língua Viva, JB.
Corinthians, que, em represália, destruiu parte das cadeiras numeradas do estádio 20.8.00)
do Morumbi”. O raciocínio é simples: se dois ou mais provocaram e Júnior foi apenas
um deles, e não o único, ele só pode ter sido um dos que provocaram, não um dos UPGRADE
que provocou. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,11.6.00) Subir de nível
Depois da expressão “um dos que”, faça a concordância com o verbo no plural. Ex.
Ronaldinho é um dos jogadores que se destacaram na copa do mundo. Se houver URBANIDADE
idéia de exclusividade, o verbo ficará no singular. Ex.: O cortiço é um dos romances De fato é de estranhar o emprego de urbanidade como equivalente a “gentileza,
de Aluísio Azevedo que abordou a diferença de classe social. (Ramos W. Não amabilidade etc”. Ex.: É dever do funcionário público tratar com urbanidade o público
morda a língua. 3 ed. Aracaju: Sercore; 2001) e os colegas de serviço. Se urbano se opõe a rural, quem é do campo é mal-
educado? A palavra urbanidade é da mesma família de urbano, urbanismo,
UM E OUTRO, NEM UM NEM OUTRO urbanizar, urbanização, urbe. Tudo isso parte de uma raiz latina (“urbe”) cujo sentido
O verbo pode ir para o singular ou para o plural. Ex.: Um e outro falou a verdade. básico é cidade. E por que tratar alguém com cortesia é tratar com urbanidade?
Um e outro falaram a verdade. (7) Caldas Aulete explica: “Cortesia entre pessoas civilizadas; civilidade adquirida pelo
trato no mundo.” Aí está a chave para a compreensão do fato: é nas cidades que o
UM MIL REAIS vs. MIL REAIS homem encontra o homem; é nelas que se organiza a vida em sociedade, em grupo.
Não se usa um ou uma antes de mil. Ex.: Joana recebeu mil reais. Mil pessoas É nelas que se estabelecem as regras do convívio, de respeito aos direitos alheios.
participaram da palestra. (Ramos W. Não morda a língua. Aracaju: Sercore; 2001) Não é à toa que se dá a todo o conjunto de direitos e deveres de um ser humano o
nome de cidadania. Qualquer semelhança com a palavra cidade não é mera
UM QUE, UMA QUE coincidência. (ver ultracorreçãop e hiperurbanismo) (Cipro Neto. Ao pé da letra. O
Expressões que deixam o verbo na terceira pessoa do singular. Ex.: Sou um homem Globo, 27.6.99)
que não ofende ninguém. (7)
URGÊNCIA URGENTÍSSIMA
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Redundância. (Silva D. Língua Viva. JB, 27.10.03) submetido ao bem geral. Na religião acreditam na imortalidade da alma. Deus existe
e recompensa a virtude. Os utopianos acreditam em felicidade após a morte. Os
USINA PILOTO (PLURAL) utopianos tem liberdade de culto e tolerância religiosa. A caça é proibida, por ser
De acordo com uma das últimas edições do “Aurélio” (anterior ao “Novo Aurélio considerada crueldade. Os materialistas são desprezados como resultado de uma
Século XXI”, lançado em 99), “piloto”, quando adjetivo, tem singular e plural iguais e natureza inerte e impotente. A música é vista como uma tipo especial de prazer, que
significa “que serve de modelo e/ou campo de experimentação para métodos ou embevece todos os sentidos ao mesmo tempo. A guerra na Utopia é motivo de
processos inovadores”. O dicionário dá como exemplo justamente “usina piloto”, sem vergonha, mas às vezes é necessária. Na ilha tem escravos, que são geralmente
hífen. Para o dicionário, portanto, o plural de “usina piloto” é “usinas piloto”. O prisioneiros de guerra ou criminosos. Os utopianos são muito patrióticos. Na ilha,
“Manual de Redação e Estilo”, do querido amigo Eduardo Martins, confirma o que todos estão em casa em qualquer cidade. E apesar de ninguém ter nada, todo
diz o “Aurélio”. Já o “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”, da Academia mundo é rico. A palavra utopia se popularizou com a acepçãode alguma coisa
Brasileira de Letras, só dá “piloto” como substantivo e não registra nenhum dos fantasiosa, inatingível, irrealizável. As idéias utópicas foram desgastadas no século
possíveis termos compostos em que entraria esse elemento, ou seja, não registra 20 por revolucionários de esquerda que as usavam como fetiche político. 1,2
“usina-piloto”, “projeto-piloto” etc., o que confirma a grafia recomendada pelo 1.Consciência.org [página na Internet]. [citada 7 fev 2005]. Thomas More. Disponível
“Aurélio” e pelo “Manual”. Por fim, o dicionário “Michaelis” põe farofa no ventilador: em: http://www.consciencia.org/moderna/More.shtml
no verbete “piloto” registra “usina-piloto”, “projeto-piloto” e “laboratório-piloto”, com 2. Cabral O. Elo entre dois mundos. Veja. 2 fev 2005;p.46.
hífen. (Cipro Neto. Ao pé da letra. O Globo, 22.10.00)
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(“navios-escola” ou “navios-escolas”), “peixe-boi” (“peixes-boi” ou “peixes-bois”) etc. Vimos pode ser: a) pretérito perfeito do indicativo do verbo ver. Ex. Ontem nós vimos
(Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 3.9.00) o jogo pela TV; b) presente do indicativo do verbo vir. Ex.: Neste momento nós
vimos esclarecer todas as duas dúvidas.
VALER (conjugação) Viemos e do verbo vir (=pretérito perfeito do indicativo). Ex.: Ontem nós viemos até
No presente do indicativo há irregularidade na primeira pessoa do singular (eu valho, aqui, mas não o encontramos. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 21.3.99, p.14)
tu vales, ele vale , nós valemos). No presente do subjuntivo: que eu valha, que tu
valhas, que ele valha, que nós valhamos. Nos demais tempos o verbo “valer” é VENDER (SER VENDÁVEL OU TER BOA VENDA)
regular. (Cipro Neto P. Ao pé da letra, O Globo, 12.11.99) O verbo vender nesse sentido constitui brasileirismo, segundo o Aurélio Ex. Este
livro vende muito bem. O Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa registra o
VALVAS CARDÍACAS sentido, mas não afirma que é típico do Brasil, mas diz que é da linguagem familiar.
Não existem valvas mitral e tricúspide e sim, respectivamente, valva atrioventricular O Houaiss e o Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Luft, registram esse
esquerda e valva atrioventricular direita. As válvulas são as subdivisões ou folhetos uso de “vender”, sem restrição alguma. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
das valvas atrioventriculares. A valva atrioventricular direita se subdivide em válvulas 21.7.02)
anterior, posterior e septal. A valva atrioventricular esquerda se subdivide em
válvulas anterior, posterior e comissural. (Sociedade Brasileira de Anatomia. VENHO POR MEIO DESTA (EM CARTA)
Terminologia anatômica. São Paulo: Manole; 2001.) Expressão consagrada, apesar de um tanto pleonástica, já que é óbvio que a
Obs: Acta Cirurgica Brasileira comunicação se faz por meio daquela carta. O plural é “vimos”. (Cipro Neto P. Ao pé
da letra. O Globo, 2.9.01)
VÁLVULA ILEOCECAL
O melhor é valva ileocecal. A comunicação entre o íleo e o ceco não apresenta VENTILAR O ASSUNTO
propriamente uma válvula, mas um mecanismo esfincteriano semelhante ao piloro. Bons gramáticos e cultores do bom estilo de linguagem reprimem expressões
Mais adequado dizer “junção ileocecal”. surradas por denotarem pobreza vocabular. Costumam chamar tais expressões de
1. Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falhas e acertos. lugar-comum, péssimo recurso, mau-gosto. (Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino
Rer Bras Cir Cardiovasc [periódico na Internet]. Jul-set 2003 [citado 12 jan P. Expressões médicas: falha e acertos. Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital
2005];18(3):[17 p.]. Disponível em: Universitário da Universidade de Brasília)
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
76382003000300002&lng=pt&nrm=iso VERBA VOLANT
Expressão latina: as palavras voam, diziam os romanos. (Azevedo JC. Cortem as
VANDALISMO cabeças. JB, 8.8.02. p.A15)
Os vândalos eram bárbaros germânicos que na Antiguidade devastaram parte da
Europa e da África. Como não poupavam nada do que encontravam, seu nome VERBETE vs. VOCÁBULO
originou o substantivo vandalismo. Alguns atos de vandalismo são: danificar ônibus Vocábulo: [Do lat. vocabulu.] S. m. E. Ling. 1. Palavra que faz parte duma língua.
ou carros do metrô, pichar edifícios, muros ou monumentos, destruir plantas dos [Sin.: termo e (desus.) dição.]
jardins, quebrar carteiras das escolas, etc. (Martins E. De palavra em palavra. O Verbete: (ê). [De verbo + -ete (ê).] S. m. 1. Nota, apontamento. 2.Pequeno papel
Estado de São Paulo, 17.6.00) em que se toma uma nota ou apontamento 3. Na organização dum dicionário,
glossário, ou enciclopédia, o conjunto das acepções e exemplos respeitantes a um
VEADO vs. VIADO vocábulo. [Sin., ant., nesta acepç.: artigo.] [Pl.: verbetes (ê). Cf. verbete e verbetes,
Toda metáfora parte de uma comparação subjetiva. Observe: “Dunga foi um leão em do v. verbetar.] (Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI)
campo”. Nesse exemplo, estou comparando a raça, a bravura, a força do Dunga
com a de um leão. É freqüente o uso de animais para fazermos metáforas: gato VERBO E CONCORDÂNCIA
(beleza), pavão (colorido, beleza, exagero), porco (sujeira), lobo (astúcia), burro O verbo deve concordar com o sujeito em pessoa e número. Quando o sujeito é
(falta de inteligência), mula (teimosia), jumento, anta, perua, galinha... Portanto, isso composto, rigidamente o verbo deve concordar no plural. Ex.: As casas de veraneio
é coisa de VEADO. Não concordo com aqueles que dizem que VEADO é o animal e e os pescadores compõem o cenário da região. Compareceram mais de 100
VIADO é o homossexual. É metafórico: é a comparação da delicadeza de um veado médicos e muitos auxiliares de enfermagem. Quando o sujeito composto estiver
com a do homossexual. Além disso, não há registro da palavra viado na maioria dos posposto (= depois do verbo), é aceitável a concordância atrativa (= no singular,
nossos dicionários. (Duarte SN. Língua Viva. JB. 14.6.98) concordando com o núcleo do sujeito que estiver mais próximo). Exs.: Passará o céu
e a terra, mas minhas palavras ficarão. Chegam hoje ao Rio o presidente e sua
VEMOS vs. VIMOS vs. VIEMOS comitiva. A nossa preferência é a concordância no plural. Quando o sujeito é
Vemos é presente indicativo do verbo ver. Ex.: Só agora nós vemos o quanto composto por duas ou mais orações (=infinitivos), o verbo deve concordar no
estávamos enganados singular. Exs. Andar e correr faz bem. Trabalhar durante o dia e estudar à noite
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ainda não matou ninguém. Quando o sujeito composto tiver núcleos de pessoas VERBO DEFECTIVO
diferentes, a primeira pessoa é predominante (eu e tu = nós; eu e voê = nós; ela e As razões mais citadas pelas gramáticas para que um verbo seja dado como
eu = nós). Exs.: Eu, tu e ele resolvermos o caso. O diretor e eu fomos à reunião. A defectivo são duas. A primeira é a falta de registro, de uso de determinada forma,
segunda pessoa predomina sobre a terceira pessoa. Exs.: Tu e ele deveis normalmente por cacofonia (som feio, ruim). Muitos não aceitam esse motivo, por
comparecer à reunião. Na linguagem coloquial brasileira, é freqüente o uso do verbo considerarem subjetivo o critério pelo qual se julgam cacofônicas (que soam mal)
na terceira pessoa. Exs.: Em que língua tu e ele falavam? Para evitar discussão, formas como “eu demolo” ou “eu fedo” e eufônicas (que soam bem) formas como
preferimos subtituir “tu” por “você” (você e ele = vocês). Ex.: Você e ele devem “repilo” e “compito”. A segunda razão é a homonímia, ou seja, o emprego de uma
comparecer à reunião. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 4.3.01) mesma forma para a conjugação de dois verbos, como “eu falo”, tida como legítima
quando se trata da primeira do singular do presente do indicativo do verbo “falar”,
VERBO ABUNDANTE mas tida como ilegítima quando se trata do verbo “falir”. É claro que por trás de tudo
São abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma para um mesmo isso está o chamado “abono”. Por mais feias que sejam, certas formas são
caso. O verbo "destruir" é um dos chamados verbos "abundantes". “legítimas” porque há delas registros clássicos, emprego nos melhores autores,
O problema é que uma das formas sempre causa estranheza, por não ser usada na citações em dicionários, gramáticas etc. Ex.: “eu compito”. Está nos dicionários, nas
língua viva. O verbo "destruir", por exemplo, de fato pode apresentar "ele destrói" ou gramáticas, nos manuais.Tão feio quanto “demolo”, que não está nos dicionários,
"destrui", eles "destroem" ou "destruem", mas você já ouviu alguém dizer "destrui" ou nem nas gramáticas. O verbo “demolir” é dado como defectivo. O critério da
"destruem"? É bem provável que não. O professor precisa dizer ao aluno que homonímia também é suspeitíssimo. Se “eu falo” só pode pertencer a “falar”, por que
determinadas formas caíram em desuso, mas existem e podem aparecer em “eu consumo” pode pertencer a “consumir” e a “consumar”? E por que “eu trago”
determinados textos, sobretudo nos clássicos. pode pertencer a “trazer” e a “tragar”? Posto isso, curvemo-nos aos registros
"Construir" segue os mesmos passos de "destruir". No presente do indicativo, temos “oficiais”. São dados como defectivos os verbos falir, explodir, demolir, extorquir,
"tu constróis" ou "construis", "ele constrói" ou "construi", "eles constroem" ou banir, colorir, carpir etc. Por falar em “carpir”, é bom lembrar que esse verbo não
"construem". Na língua de hoje, não se ouve "construi", nem "construem", que, no significa apenas “capinar”, “munir-se de foice para limpar o mato” etc. “Carpir” pode
mínimo, causariam surpresa. "Entupir" também apresenta abundância no presente significar “lamentar-se”, “murmurar”, “queixar-se”, “chorar”. No presente do indicativo,
do indicativo: "tu entopes" ou "entupes", "ele entope" ou "entupe", "eles entopem" ou os defectivos citados no parágrafo anterior (com exceção de “falir”) deixam de ser
"entupem". Justamente as formas regulares ("entupe" e "entupem", por exemplo - conjugados apenas na primeira pessoa do singular; nas demais pessoas, a
não custa lembrar que o radical é "entup-") são estranhas, porque não se usam, e as conjugação é plena: “tu explodes, ele explode, nós explodimos...”; “tu demoles, ele
irregulares (que alteram o radical, de "entup-" para "entop-") não causam demole, nós demolimos...”; “tu extorques, ele extorque, nós extorquimos...”; “tu
estranheza. Outro abundante é "ir". Na primeira pessoa do plural do presente do banes, ele bane, nós banimos...” etc. E “falir”? Da lista citada, é o único que, no
indicativo, hoje se usa "vamos" ("nós vamos"), mas a forma "imos" ("nós imos"), que presente do indicativo, é conjugado em apenas duas formas: “nós falimos, vós falis”.
já foi usadíssima, é mais do que comum em textos clássicos. Não custa lembrar que Nas demais pessoas (eu, tu, ele e eles), o verbo não é conjugado, o que significa
"imos", que hoje causa estranheza é a forma regular, já que segue o padrão de que uma empresa não “fale”, nem duas empresas “falem”. O que fazer? Apelar para
conjugação dos verbos terminados em "-ir" ("decidir/decidimos", "partir/partimos", sinônimos ou expressões equivalentes: a empresa quebra, abre falência; as
"pedir/pedimos", "ir/imos"). Foi o uso que tornou "normal" a forma irregular ("vamos") empresas quebram, abrem falência. É sempre bom lembrar que a primeira pessoa
e "estranha" a forma regular ("imos"). Não nos esqueçamos de que em língua o fator do singular do presente do indicativo dá origem ao presente do subjuntivo. Do
uso tem fortes poderes. Outro verbo desse time é "haver". Temos abundância na radical de “eu vejo”, faz-se “que eu veja”; do radical de “eu ouço”, faz-se “que eu
primeira e na segunda do plural do presente do indicativo: "nós havemos" ou ouça”; do radical de “eu digo”, faz-se “que eu diga”. E como se faz o presente do
"hemos", "vós haveis" ou "heis". Nos clássicos, é freqüente a ocorrência de "hemos" subjuntivo quando a primeira do singular do presente do indicativo é zero, é nada?
e "heis". São comuns divergências entre conjugações portuguesas e brasileiras. Em Não se faz. Moral da história: os verbos citados (falir, explodir, demolir etc.) não têm
Portugal, por exemplo, é normal que a terceira do singular do presente do indicativo nenhuma forma no presente do subjuntivo. De “eu” a “eles”, zero, nada. Como
de "premiar" seja "premeia". No Brasil se diz "premia". O que aqui é "vale" (do verbo fazer? Use sinônimos ou expressões equivalentes. Os verbos citados no primeiro
"valer") lá pode ser "val". Se um dia você se hospedar em um hotel de Lisboa, não parágrafo do texto como “defectivos clássicos” têm os mesmos “buracos” de “falir”,
estranhe a mensagem que se ouve depois que se programa o despertador ou seja, no presente do indicativo só apresentam as formas “nós” e “vós”: “nós
telefônico: "Seu pedido foi aceite." É "aceite" mesmo, equivalente ao nosso "aceito" reavemos, vós reaveis”; “nós precavemos, vós precaveis”; “nós adequamos, vós
("Seu pedido foi aceito"). Temos aí abundância no particípio, que, aliás, bem que adequais”. No presente do subjuntivo, nada, zero. Por último, é bom fixar uma
mereceria uma coluna específica. Um belo dia, quem sabe. (Cipro Neto P. Ao pé da informação importante: os pretéritos e os futuros são sempre completos, ou seja, os
letra, O Globo,4.1.01). defectivos são capengas apenas no presente do indicativo e no presente do
subjuntivo. Isso significa que não existe “eu demolo”, nem “que eu demola”, mas
VERBO ANÔMALO existe “eu demoli”, “eu demolirei”, “eu demolia”, “se eu demolisse” etc. “Competir”,
Verbo tão irregular, que tem radicais distintos. Exs.:verbos ser e ir. Verbo ser (sou, “jazer” e “repelir” não são defectivos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
és, fui) e verbo ir (vou, ia, fui). (Niskier A Na ponta da língua. O Dia, 28.2.99) 30.4.00)
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Vale a pena lembrar que só nos presentes (do indicativo e do subjuntivo) se enviar o fax amanhã.” / “Abriremos as inscrições na próxima semana.” / “Vamos
manifesta a defectividade dos verbos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, inaugurar logo as novas instalações da escola.” (Martins E. De palavra em palavra.
10.2.01) O Estado de S. Paulo, 8.12.00)
Dissemos que um verbo é defectivo porque não se usa em todas as formas, mas
não podemos dizer que um verbo que não é usado em todas as formas porque é VERBO HAVER (AUXILIAR E IMPESSOAL)
defectivo. A questão da defectividade verbal está diretamente ligada ao uso. É o fato O verbo haver como auxiliar concorda com o sujeito. Ex.: Houvessem ou não
de não haver registro culto (sobretudo escrito) de certas flexões o que faz um verbo existido opiniões contraditórias. O verbo haver fica impessoal (= sem sujeito)quando
receber o “selo” de “defectivo” (e não o contrário, ou seja, não se determina é usado no sentido de “existir”. Exs.: Se houvesse opiniões contraditórias. (Duarte
previamente que determinado verbo é defectivo) (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O SN. Língua Viva, JB, 16.9.01)
Globo, 6.4.03)
VERBO IMPESSOAL
VERBO DE MOVIMENTO E REGÊNCIA Verbo impessoaL é aquele cujas ação não pode ser praticada por um sujeito, daí
Com verbos que indicam idéia de movimento para algum destino, a preposição a ser quando uma oração traz um verbo impessoal ela é chamada oração sem sujeito. Ex.
empregada é a. Se alguém chega, chega a algum lugar; se alguém vai, vai a algum Choveu no fim da tarde. (chover – verbo impessoal). (Niskier A. Na ponta da língua.
lugar; se alguém leva alguém, leva esse alguém a (ou para) algum lugar. Exs.: Ele O Dia, 19.2.00)
foi à feira. Ela chegou ao cinema atrasada. Preciso levar a menina à escola (ou para
a escola). Quando cheguei a Paris. No Brasil, entretanto, usa-se muito a preposição VERBO (MODOS)
em com estes verbos. No texto escrito culto formal não se concebe outro padrão O verbo tem três modos: indicativo, subjuntivo e imperativo. (Cipro Neto P. Ao pé da
lingüístico que não seja o culto formal. Impõe-se, então, nesse caso, o chegar a no letra. O Globo, 25.7.99)
lugar do chegar em. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 25.4.99, p.20)
VERBO NO INFINITIVO
VERBO E FORMAS QUANTO À RAIZ Em locuções verbais (verbo auxiliar + infinitivo impessoal), devemos usar o infinitivo
Forma rizotônica é tônica na raiz. Em outras palavras, são rizotônicas as formas impessoal (= não se flexiona). O verbo auxiliar é o que concorda com o sujeito. Ex.
verbais cuja vogal tônica fica dentro da raiz. E arrizotônicas aquelas cuja vogal Os deputados devem analisar o caso na próxima semana. Os contribuintes poderão,
tônica fica fora da raiz. Na maioria dos verbos, são rizotônicas apenas as três a partir da próxima semana, pagar antecipadamente o IPTU.
primeiras pessoas do singular (eu, tu, ele) e a terceira do plural (eles) dos dois Em orações reduzidas, devemos usar o infinitivo pessoal (= deve concordar com o
presentes (indicativo e subjuntivo). Em “canto”, “cantas”, “canta”, “cantam”, “cante” e sujeito). Exs. O professor trouxe o livro para eu ler (= para que eu lesse). O
“cantem”, por exemplo, a vogal tônica (“a”) fica dentro da raiz. A primeira e a professor trouxe o livro para tu leres. O professor trouxe o livro para ele ler. O
segunda do plural (nós e vós) dos presentes e todas as formas dos demais tempos professor trouxe o livro para nós lermos. Nesse caso, são duas orações (oração
geralmente são arrizotônicas. Em “cantei”, “cantou”, “cantava”, “cantávamos”, principal + oração reduzida de infinitivo (pessoal). “O professor trouxe o livro” é a
“cantasse”, por exemplo, a vogal tônica fica fora da raiz. (Cipro Neto P. Ao pé da oração principal. A segunda oração é reduzida do infinitivo. Exs. Houve uma ordem
letra, O Globo, 10.2.01) para os próprios funcionários cadastrarem os contribuintes.O gerente mandou seus
subordinados resolverem o problema. Só há espaço para passarem no máximo duas
VERBO E RAIZ pessoas ao mesmo tempo.
A de “falar”, por exemplo, é “fal-“; a de “comer” é “com-“; a de “partir” é “part-“. Basta Quando o sujeito do infinitivo estiver oculto, a concordância será facultativa.
eliminar as duas últimas letras do infinitivo para obter a raiz de um verbo (Cipro Neto Aceitam-se as duas formas; nos meios de comunicação a preferência geralmente é
P. Ao pé da letra, O Globo, 10.2.01) o singular. Ex. Os técnicos estão aqui para resolver (em) o problema. Duas novas
ruas foram abertas para facilitar o acesso. O curso tem reunido economistas do
VERBO ESTAR + GERÚNDIO IBHE para criar uma pesquisa abrangente.
O uso do verbo estar, acompanhado ou não de ir, antes do gerúndio, para indicar Na primeira pessoa do plural, todos preferem o infinitivo no singular. Ex. Nós saímos
uma ação futura. Essa construção não encontra apoio nos bons escritores da língua para almoçar (= o sujeito oculto do infinitivo é “nós”). Se o sujeito não estivesse
portuguesa e infesta hoje a conversa e o texto de milhares de pessoas. Exs.: oculto, a concordância seria obrigatória. Ex. Trouxeram os sanduíches para nós
“Vamos estar abrindo as inscrições amanhã.” / “O senhor pode estar enviando o fax almoçarmos no escritório.
para a empresa até o fim da semana?” / “No ano que vem, estaremos inaugurando Quando a oração reduzida desempenha a função de complemento, alguns
uma nova unidade da escola.” Formas como “vou estar saindo esta noite” ou defendem a obrigatoriedade do uso do infinitivo sempre no singular. Ex. Os
“estaremos iniciando o trabalho segunda-feira” resultam de mal digerida influência paulistanos foram obrigados a passar quatro horas no saguão do aeroporto. A falta
da língua inglesa, que tem construções como “I will be doing” ou “I will be sendig”. de informação leva outros meninos a fazer a mesma coisa todos os dias. A lei proíbe
Só que I will be doing equivale em português a vou fazer e não a “estarei fazendo” os brasileiros de fumar na ponte aérea.Os músicos foram impedidos de participar de
ou “vou estar fazendo”. O mesmo ocorre com I will be sending, que significa vou qualquer tipo de trabalho em discos.
enviar e não “vou estar enviando” ou “estarei enviando”. Assim, diga apenas: “Vou
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Quando o verbo for de ligação ou estiver na voz passiva, devemos usar o infinitivo Devem seguir a conjugação do verbo primitivo “ter”. Exs. Se eles tiverem... Se eles
no plural. Ex. Elas tiverarm que suar muito para se tornarem as campeãs. Elas têm contiverem... Policiais não detiveram os suspeitos. Era necessário que o Brasil
que malhar muito para ficarem magrinhas. O TSE liberou duas das quatro parcelas mantivesse o empate. (Duarte SN, JB, 28.12.97)
para serem divididas por 26 partidos.
O verbo no plural enfatiza o agente em vez do fato. Em caos de ambigüidade, VERBOS DERIVADOS vs. VERBOS PRIMITIVOS
preferimos o plural para evitar a dúvida. Exs. Fernando Henrique Cardoso liberou Os verbos derivados devem seguir a conjugação dos verbos primitivos. Verbos pôr,
seus ministros para subirem em palanque. (= quem vai subir em palanque são os supor, expor, compor, dispor. Exs. eu ponho, suponho, exponho,etc.; eu pus, supus,
ministros) (Duarte SN, JB, 16.11.97) dispus, etc.; se eu pusesse, expusesse, compusesse, etc. Verbos ver, rever, prever,
antever. Exs. eu vejo, revejo, prevejo, etc.; ele viu, anteviu, etc Verbos vir, provir,
VERBO NO INFINITIVO E PRONOME intervir, convir.Exs. eu venho, provenho, intervenho, etc.; ele vem, intervém, convém,
Antes de verbo no infinitivo, o pronome exerce o papel de sujeito. “Mim”é pronome etc.; se ele vier, provier, intervier, convier, etc. (Duarte SN, JB, 28.12.97)
pessoal oblíquo e jamais exercerá a função de sujeito. É obrigatório o uso do
pronome pessoal reto (= eu). Ex. Ela trouxe o livro para mim. Ela trouxe o livro para VERBOS DO GRUPO CRÊ-DÊ-LÊ-VÊ
eu ler. Isto é difícil pare eu entender. Para eu dar esta entrevista, exigi até dinheiro. São os únicos que fazem o hiato “- êem” na terceira pessoa do plural. Exs.: eles
Para eu viver nesta cidade, foi necessária a ajuda de amigos. É duro, para mim, crêem; eles dêem; eles lêem; eles vêem, eles descrêem. (Duarte SN. Língua Viva,
viver longe dos meus filhos. (Duarte, SN, JB,16.11.97) JB, 18.11.01)
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expuseram, compuseram, dispuseram... Eu punha > supunha, expunha, compunha, predicativo no plural (ou vice-versa), a concordância se faz de preferência no plural.
dispunha... Se eu pusesse > supusesse, expusesse, compusesse, dispusesse... Se Exs.: Tudo são hipóteses. O problema eram as chuvas. O resultado da pesquisa
eu puser > supuser, expuser, compuser, dispuser... VER > rever, prever, antever... foram números assustadores. Esses dados são parte de um relatório elaborado pela
Eu vejo > revejo, prevejo, antevejo... Eles vêem > revêem, prevêem, antevêem... Ele comissão especial do Senado. As cadernetas de poupança eram a melhor garantia
viu > reviu, previu, anteviu... Eles viram > reviram, previram, anteviram... Se ele visse para o futuro. Estas providências foram a salvação da empresa. Se o sujeito for
> revisse, previsse, antevisse... Se ele vir > revir, previr, antevir... VIR > provir, nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo deve concordar com o sujeito. Exs.:
intervir, convir... Eu venho > provenho, intervenho... Ele vem > provém, intervém, Beto era as esperanças do time. Fernando Pessoa é muitos poetas ao mesmo
convém... Eles vêm > provêm, intervêm, convêm... Ele veio > proveio, interveio, tempo. Eu sou o responsável. Ele é forte, mas não é dois. Se o predicativo for nome
conveio... Eles vieram > provieram, intervieram, convieram... Se ele viesse > de pessoa, o verbo concorda com o predicativo. Exs.: As esperanças do time era o
proviesse, interviesse, conviesse... Se ele vier > provier, intervier, convier...”Eles Beto. O responsável sou eu. Os escolhidos fomos nós. Se houver dois pronomes
REOUVERAM”. Porque REAVER é “HAVER de novo”. Ele deve seguir o verbo pessoais, o verbo “ser” concorda com o primeiro. Exs.: Eu não sou você. Ele não é
HAVER. Se o pretérito perfeito indicativo do verbo HAVER é Eu houve Tu houveste eu. Nós não somos vocês. Nas frases interrogativas, o verbo “ser” concorda com o
Ele houve Nós houvemos Vós houvestes Eles houveram, devemos seguir a regra da predicativo. Exs.: Quem são os convocados? Quem foram os responsáveis? Que
derivação: Eu reouve Tu reouveste Ele reouve Nós reouvemos Vós reouvestes Eles são seis meses? Quando o sujeito for o pronome relativo que, o verbo fica no
reouveram. O mesmo se aplica aos outros tempos verbais: Se eu houvesse > se eu singular. Exs.: Eu moro neste edifício, que em breve será só escombros. Esta
reouvesse; Se eu houver > se eu reouver. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 28.12.97) empresa, que hojé é só demissões, já foi líder de mercado. Se o predicativo for o
pronome demonstrativo “o”, o verbo “ser” fica no singular. Exs.: Inimigos é o que não
VERBOS DIZER, FAZER e TRAZER (ORTOGRAFIA) lhe falta. Eleições diretas é o que o povo queria. Antes de muito, pouco, bastante,
As formas verbais “Ele DIZ, ele TRAZ, eu FIZ e ele FEZ” devem ser escritas com “z”, demais (= indicação de preço, quantidade, medida, porção ou equivalente), o verbo
porque os verbos DIZER, TRAZER e FAZER já se escrevem com “z”: (Duarte SN. “ser” fica no singular. Exs.: Mil dólares é muito por este trabalho. Dez quilômetros é
Língua Viva, JB, 27.9.98) demais para mim. Duas lutas será pouco para ele ganhar experiência. (Duarte SN.
Língua Viva. JB. 8.7.01)
VERBOS DO GRUPO CRÊ-DÊ-LÊ-VÊ (TERMINAÇÃO)
Os verbos CRER, DAR, LER e VER são os únicos que na 3ª pessoa do plural VERBOS POR e QUERER (ORTOGRAFIA)
terminam em -ÊEM: Ele crê - eles crêem; Ele dê - eles dêem (=presente do Como os verbos PÔR e QUERER não têm “z”, devemos usar a letra “s”: eu PUS, ele
subjuntivo); Ele lê - eles lêem; Ele vê - eles vêem. Essa regra também vale para PÔS, eu QUIS e ele QUIS. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 27.9.98)
os verbos derivados: Ele relê - eles relêem; Ele prevê - eles prevêem. (Duarte SN,
Língua Viva, JB. 12.10.97) VERBOS PRONOMINAIS
Há verbos só usados com pronome reflexivo (se): arrepender-se, queixar-se,
VERBOS DO GRUPO MARIO indignar-se. Ex.: Paciente queixou-se de dor (e não: queixou dor). Outros, porém,
Os verbos que compõem o grupo do MARIO (Mediar, Ansiar, Remediar, Incendiar e são pronominais só quando usados em determinadas situações. Exs: Os pacientes
Odiar) são irregulares. São os verbos terminados em “-IAR” que apresentam a submeteram-se aos exames (mas não, submeteram aos exames). A ferida
terminação “-eia”: ele medeia, anseia, remedeia, incendeia, odeia. O verbo reinfectou-se (e não, reinfectou). O paciente levantou-se cedo (e não, levantou
INTERMEDIAR, que é derivado de MEDIAR, também é irregular: ele cedo). Deitou-se no leito (não, deitou no leito). Formou-se em medicina (não, formou
INTERMEDEIA. Os verbos terminados em “-IAR” (exceto os do grupo do MARIO) em medicina).1
são regulares: ele copia, varia, anuncia, arria, premia, maquia... (Duarte SN, Língua 1. Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falhas e acertos.
Viva, JB. 6.8.98) Rer Bras Cir Cardiovasc [periódico na Internet]. Jul-set 2003 [citado 12 jan
2005];18(3):[17 p.]. Disponível em:
VERBO SER E CONCORDÂNCIA http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
O verbo “ser”, que é de ligação, pode concordar com o sujeito ou com o predicativo 76382003000300002&lng=pt&nrm=iso
do sujeito. Se um estiver no plural e o outro no singular, o plural tem a preferência.
Exs.: O resultado da pesquisa são números assustadores. Estes dados são parte de VERBOS TER e VIR
outro relatório. Os presos são quem manda na cadeia. Quem manda na cadeia são Na 3ª pessoa do singular, não há acento gráfico; na 3ª pessoa do plural, terminam
os presos. ). (Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.4.01) em -ÊM: Ele tem - eles têm; Ele vem - eles vêm. Os verbos derivados de TER e
Quando não tem sujeito (= referindo-se a tempo ou espaço), deve concordar com a VIR: DETER, RETER, MANTER, CONVIR, PROVIR, INTERVIR... Na 3ª pessoa do
palavra seguinte. Exs.: É uma hora da tarde. São duas horas da tarde. São treze singular, tem acento agudo; na 3ª pessoa do plural, tem acento circunflexo: Ele
horas. Deve ser meio-dia e meia. Poderiam ser dozes horas e trinta minutos. Eram detém - eles detêm; Ele intervém - eles intervêm. Cuidado! “É preciso que vocês
dez para as três. São treze quilômetros até o Centro da cidade. Obs: Quanto aos contem tudo.” (=verbo CONTAR); A garrafa contém gasolina.” (=verbo CONTER - 3ª
dias do mês, para evitar a velha polêmica “hoje é ou são oito de julho”, sugerimos: pessoa do singular); “As garrafas contêm gasolina.” (=verbo CONTER - 3ª pessoa
Hojé é dia oito de julho. Amanhã será dia nove. Se o sujeito estiver no singular e o do plural); Outro perigo: “...que eles provem...” (=verbo PROVAR, no presente
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do subjuntivo); “...ele provém...” (=verbo PROVIR, na 3ª pessoa do singular); “...eles Nos demais tempos do indicativo e do subjuntivo, nada de “i” depois do radical, em
provêm...” (=verbo PROVIR, na 3ª pessoa do plural); “...eles provêem...” nenhuma das forma.1
(=verbo PROVER, na 3ª pessoa do plural); Para não esquecer: “Eles vêm “ (=verbo 1. Cipro Neto P. Cear no Ceará. Revista O Globo. 2 jan 2005;p.35.
VIR); “Eles vêem” (=verbo VER - Se você vê com “dois olhos”, eles vêem com “êe”.
(Duarte SN. Língua Viva, JB, 12.10.97) VERBOS TERMINADOS EM “ENDER” E SUBSTANTIVOS DERIVADOS
(ORTOGRAFIA)
VERBOS TERMINADOS EM “AIR” e “UIR” (ORTOGRAFIA) Esses verbos fazem os substantivos derivados em “-nsão”. Exs.: tender – tensão;
No presente do indicativo, na terceira pessoa do singular, em vez de “e”, aparece “i”. pretender – pretensão; compreender – compreensão; ascender – ascensão. (Duarte
Exs.: ela sai; o menino cai, o rapaz possui, o comentarista conclui; o técnico exclui. SN. Língua Viva. JB, 1.7.01)
No passado: eu concluí; eu saí; eu possuí. No presente: ele conclui; ele sai; ele
possui. (Cipro Neto P. Ao Pé da Letra. Rio de Janeiro: EP&A; 2001 p. 15) VERBOS TERMINADOS EM “GIR” (EMPREGO DO “G” E DO “J”)
Todos os verbos terminados em “uir” apresentam a terminação “ui” (e não “ue”) na Não existem verbos terminados em “jir”. Na conjugação dos verbos terminados em
terceira pessoa do singular do presente do indicativo: ele possui, atribui, retribui, “gir”, na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, o “g” precisa dar lugar
conclui, destitui, etc. Não confundir “conclui” (terceira pessoa do singular do presente ao “j” para que se mantenha o som que aquela letra tem no infinitivo: fujo, ajo, dirijo,
do indicativo) com “concluí” (primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do finjo, divirjo, etc. Quando se passa da primeira pessoa do singular para a segunda
indicativo. Isso vale para todos os verbos terminados em “uir” (Cipro Neto P. Ao pé (do presente do indicativo), morre a necessidade de trocar “g” por “j”: tu foges, ele
da letra. O Globo, 3.12.02) foge, eles fogem, ele dirige, nós dirigimos. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
1.9.02)
VERBOS TERMINADOS EM “EAR”
Os verbos terminados em “ear”(arrear, cear, frear, passear, pentear, recear, recrear, VERBOS TERMINADOS EM “IAR”
saborear, etc.) são irregulares: fazem um ditongo “ei” nas formas rizotônicas, isto é, Os verbos terminados em “iar”, com exceção do grupo MARIO (mediar e intermediar,
sílaba tônica na raiz dos verbos (= 1a, 2 a, 3 a pessoa do singular e 3a pessoa do ansiar, remediar, incendiar e odiar), são regulares (= não fazem o ditongo “ei”). Exs.
plural, nos tempos do presente; presente do subjuntivo). Exs.: passeio, passeias, copio, copias, copia, copiamos, copiais, compiam, que eu copie, copies, copie,
passeia, passeamos, passeais, passeiam; que eu passeie, que tu passeies, que ele copiemos, copieis, copiem). Os do grupo MARIO, são irregulares e apresentam a
passeie, que nós passeemos, que vós passeeis, que eles passeiem, eu passeei, ele terminação -eia: medeia, intermedeia, anseia, remedeia, incendeia e odeia. (Duarte
passeou, eles passearam, eu passeava, eles passeariam, passeando (Duarte SN, SN, JB, Língua Viva, 29.3.98, p.16; 6.9.98, p.16)
JB, 29.3.98, p.16; idem, 1.11.98) Os verbos do grupo MARIO fazem um ditongo “ei”nas formas rizotônicas (=sílaba
Na conjugação desses verbo, existe “i” apenas quando a sílaba forte recai no “e” . tônica dentro da raiz). Exs.: eu odeio, ele incendeia, eles anseiam, eu remedeio, ele
Exs.: estréiam, estréia. Se a sílaba forte estiver depois do “e”, não existirá o “i”. Exs.: intermedeia, que ela medeie (Duarte SN, JB, Língua Viva, 19.9.99)
estrearam, estreamos. O som do verbo também pode ser fechado: passeia,
passeiam, enfeia, enfeiam, enfearam, etc. (Martins E. De palavra em palavra. O
Estado de São Paulo, 26.2.00) VERBOS TERMINADOS E DIMINUTIVOS EM –IZAR vs. ISAR (ORTOGRAFIA)
Todos seguem o mesmo padrão: o “ i” depois do radical (infinitivo – terminação) só 1) Escrevem-se com “s” (= -ISAR e -SINHO) os verbos derivados e os diminutivos de
aparece nas formas rizotônicas (vogal tônica cai no radical) do presente do indicativo palavras que já possuem “s”: Análise > analisar Aviso > avisar Pesquisa > pesquisar
e do presente do subjuntivo (flexões relativas a “eu”, “tu”, “ele” e “eles”. Exs.: eu Paralisia > PARALISAR Casa > casinha Lápis > lapisinho Mesa > mesinha País >
bloqueio – tu bloqueias – ele bloqueia – nós bloqueamos – vós bloqueais – eles PAISINHO (=diminutivo de país) 2) Escrevem-se com “z” (= -IZAR e -ZINHO) os
bloqueiam – que eu bloqueie – que tu bloqueies – que ele bloqueie – que nós verbos derivados e os diminutivos de palavras que não possuem “s”: ameno >
bloqueemos – que vós bloqueeis – que eles bloqueiem – tu bloqueaste – ele amenizar legal > legalizar real > realizar suave > suavizar animal > animalzinho
bloqueou – eu bloquearei (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 22.2.04) balão > balãozinho flor > florzinha pai > PAIZINHO (=diminutivo de pai) (Duarte SN.
O fato de muita gente colocar um “i” no infinitivo (ceiar, estreiar, freiar, etc.) talvez se Língua Viva, JB.5.4.98)
explique pela presença do “i” no substantivo que designa o “ato ou efeito de” (ceia,
receio, estréia, etc.) ou pela existênciade muitos verbos terminados em “iar” como VERBOS TERMINADOS EM –EJAR (PROSÓDIA)
“variar”, “denunciar”, etc. No presente do indicativo e no do subjuntivo, o “i” depois Todas as formas dos verbos terminados em ejar, com uma única exceção, têm som
do radical dá o arg da graça em quatro formas (eu, tu, ele e eles). O radical é o fechado. Assim: “planêja”, “apedrêja”, “despêja”, “ensêja”, “festêja”, “fraquêja”,
resultado da eliminação do grupo “-ar” do infinitivo. O radical de “cear” é “ce-“, o de “gaguêja”, “latêja”, “manêja”, “velêja”,etc., e nunca “despéja”, “latéja”, “manéja”,
“frear” é “fre-“. O presente do indicativo de “cear”: eu ceio, tu ceias, ele ceia, nós “veléja”. Bem, e a exceção? Ele “invéja”, que eu “invéje”, etc. (lembre-se de que o
ceamos, vós ceais, eles ceiam. No presente do subjuntivo, a situação se repete: que substantivo também é “invéja”). (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São
eu ceie, que tu ceies, que ele ceie, que nós ceemos, que vós ceeis, que eles ceiem. Paulo, 8.7.00)
O que se viu para o verbo “cear” vale para todos os verbos que terminar em “-ear”.
VERBOS TERMINADOS EM “EIAR”
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bairros, subúrbios, periferia – e vê o que falta. Faz seu projeto e o apresenta a seus “a nível de”, “no sentido de”, “elo de ligação” etc., etc., etc. (Cipro Neto, P. Inculta &
pares na Câmara (ver verbet4e) (Silva D. Palavras de política. Língua Viva. JB, Bela, Folha de São Paulo, 1.7.99)
12.4.04)
VIETNÃ vs. VIETNAM vs. VIETNAME
VEREADOR DA CIDADE Na fala, o segundo elemento do nome, nam, ou Nam (na transcrição francesa há até
Combinação que deve ser evitada em textos que mereçam linguagem mais cuidada. um hífen separando os elementos, Viêt-Nam), corresponde a uma pronúncia “name”,
(Duarte SN. Língua Viva. JB. 29.4.01) à maneira da palavra holandesa dam, que é pronunciada como a palavra francesa
dame. O m, portanto, em Nam como em dam, não é um mero índice de nasalização,
VERNISSAGE vs. VERNISSAGEM mas um novo fonema, a rigor quase uma nova sílaba. De modo que a transcrição
O VOLP da ABL registra as duas formas: o vernissage e a vernissagem. Exs.: portuguesa tem que ser Vietnam ou Vietname, nunca Vietnã. O mesmo se dá com
Amanhão irei ao vernissagem ou à vernissagem. Segundo o Aurélio e o Michaelis só Amsterdam e Islam. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de Janeiro:
há vernissage, substantivo masculino. (Sérgio Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, Record, 1998.
30.8.98, p.16)
VIGER vs. VIGIR
VEROSSÍMIL Não existe o verbo “vigir”. O verbo “viger”, que significa “estar em vigor”, “vigorar”, é
Essa palavra é escrita somente com um i na última sílaba (mil). Existe também a defectivo, ou seja, não tem conjugação completa. Falta-lhe a primeira pessoa do
forma verosímil (só com um s). Ex.: Para que haja verossimilhança no que você singular do presente do indicativo e, conseqüentemente, todo o presente do
conta, escreva sempre verossímil (Niskier A. Na ponta da língua, O Dia, 10.2.01) subjuntivo. Assim, não se pode esperar que a lei “vija”. Nesse caso, deve-se
empregar alguma expressão equivalente, como “vigore” ou “esteja em vigor”. A
VESTIBULAR (ETIMOLOGIA) terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo é “vigeu” (“A lei vigeu
Ao contrário de outras palavras do idioma, essa tem uma origem bem simples. Ela no século passado”); o gerúndio é “vigendo”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo,
provém de vestíbulo, que por sua vez se origina do latim vestibulum. Na língua dos 1.10.00)
romanos, o vocábulo designa soleira da porta, entrada, pórtico ou limiar. Em O verbo vigir não existe. O verbo é viger, sinônimo de “vigorar, ter validade. Do
português, o sentido ampliou-se. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de S. verbo viger derivam-se o substantivo vigência e o adjetivo vigente. Exs.: Durante a
Paulo, 17.11.01) vigência do contrato. O prazo vigente é.. O controle de preços está vigendo. (Duarte
SN. Língua Viva, JB, 10.6.01)
VEZES MENOR vs. VEZES MAIOR Único verbo da língua portuguesa terminado em “-iger”. (Cipro Neto P. Ao pé da
É impossível ser x vezes menor. É um problema matemático. O contrário de “3 letra. O Globo, 13.7.03)
vezes mais” é “um terço”. Ex.: O Pão de Açúcar é quase 20 vezes menor que o
Aconcágua” (errado). O Aconcágua é 20 vezes maior que o Pão de Açúcar (certo). VILÃO (ETIMOLOGIA)
(Duarte SN, Língua Viva, JB, 9.1.2000) Na sua origem, vilão era o nome utilizado para o cidadão que morava na vila. Era o
urbano, o homem da vila, da cidade. Talvez pela falta de confiança do homem do
VICÁRIO campo nas suas relações com o vilão, o termo adquiriu o sentido pejorativo que hoje
A palavra “vicário” tem a mesma origem de “vigário” (do latim “vicariu”, que significa possui. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 12.8.01)
“padre que faz as vezes do bispo”). O que é “vicário”, então? É o que faz as vezes
de outro, ou seja, substitui, representa. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O globo, VIMOS vs. VIEMOS
10.9.00) Ambos são do verbo “vir”. “Vimos” é a primeira pessoa do plural do presente do
indicativo; “viemos” é a primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo.
VIÉS “Vimos” pode ser do verbo “ver” (Vimos um bom filme: pretérito perfeito) ou do verbo
Para o Aurélio a palavra vem do francês “biais” e significa:1. Direção oblíqua: “vir” (Vimos a este restaurante pelo menos uma vez por semana: presente do
“...arrastando-o em descida, pelo viés dos barrancos...” (Euclides da Cunha, “À indivativo). Usamos “vimos” muito mais como flexão de “ver” do que como flexão de
Margem da História’). 2. Tira estreita de pano cortada de viés ou no sentido diagonal “vir”. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 13.4.03)
da peça.”. Em seguida, vêm “ao viés” e “de viés”, equivalentes: “Obliquamente; em
diagonal; de esguelha; de través”. O dicionário “Michaelis Melhoramentos” informa VINHETA (etimologia)
basicamente a mesma coisa. É evidente que o pessoal do economês quer dar ao Os monges medievais enfeitavam seus escritos com desenhos de folhas e de
termo o sentido de “tendência, inclinação”, válido para “bias”, do inglês, do qual cachos de videiras. No Latim, videira é vinea. No francês, filho do latim, vinea
certamente se fez -para variar- a tradução literal para “viés”. O problema básico, na tornou-se vigne. E a pequena vigne, vignette, que se tornou vinheta, no português.
verdade, não é a deturpação do sentido. É o caráter da coisa. Muita gente acha que, As vinhetas, antes de migrarm para a escrita, estavam em móveis e louças, onde,
para se expressar bem, basta entupir o texto de preciosidades insuportáveis, como aliás, ainda permanecem (Silva D. Língua Viva. JB, 25.5.03)
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Versão preliminar Lígua Portuguesa na Medicina Carlos Alberto Guimarães Versão preliminar Lígua Portuguesa na Medicina Carlos Alberto Guimarães
VIR (GERÚNDIO E PARTICÍPIO) três pessoas: a secretária (que não deve ser a do diretor), o diretor e um
O verbo “vir” apresenta gerúndio e particípio iguais. Exs. Ele está vindo para cá. Ele coordenador. Todos nós, quando fomos alfabetizados, aprendemos que a vírgula é
passa o dia indo e vindo. Se você tivesse vindo aqui ontem. Eu nunca tinha vindo uma pausa e que sua presença significa que devemos “dar uma paradinha” para
aqui. Os derivados (intervir, convir, provir, advir, desavir, etc.) apresentam a mesma respirar. Safado é o adulto que deu uma outra interpretação: “eu só ponho vírgula
particularidade. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 8.7.01) quando respiro”. Imagine o cara que sofre de dispnéia: seria uma vírgula atrás de
outra. Ou, então, um mergulhador, com um fôlego extraordinário. Bem, nesse caso,
VÍRUS (PLURAL) seriam dez linhas sem uma vírgula sequer. A vírgula merece muito respeito. Ao
O plural de “vírus” é “vírus” mesmo. O plural das pouquíssimas oxítonas terminadas estudarmos o uso da vírgula, o mais difícil está no fato de a maioria das regras não
em “us” é feito com o acréscimo de “es”. Ex. obus, obuses. As paroxítonas e as ser rígida. Não é um simples caso de certo ou errado: aqui a vírgula é proibida, ali é
proparoxítonas terminadas em “us” não variam. Ex. vírus, vírus; o ônus, os ônus; o obrigatória. Em muitos casos, o professor é obrigado a responder: “depende do
ônibus, os ônibus. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 31.3.02) sentido” ou “é facultativo” ou “pode usar mas não é obrigatório” ou “depende do
estilo”. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 28.6.98)
VIR vs. VIER A vírgula deve ser usada para separar enumerações, termos e orações
“Vir” pode ser: 1. Infinitivo. Ex.: Eles precisam vir ao nosso escritório para assinar o independentes entre si (núcleos de um sujeito composto, orações coordenadas
contrato; 2. Futuro do subjuntivo. Ex.: Quando eu vir o filme, poderei opinar. “Vier” é assindéticas, termos de uma série não ligados pelo conectivo “e”). Exs.: O diretor, os
futuro do subjuntivo do verbo “vir”. Ex.: Quando eu vier novamente, assinaremos o assessores e os coordenadores se reuniram ontem à tarde (núcleos de um sujeito
contrato. Se você vier ao Rio de Janeiro, vai adorar. (Duarte SN, Língua Viva, JB, composto). Eles chegaram cedo, discutiram o assunto, resolveram tudo (orações
20.2.00) coordenadas assindéticas). Necessitamos adquirir canetas, papel, borrachas, lápis
(enumeração – termos de uma série). Observe a importância da vírgula: O
VIR vs. VIM presidente compareceu à reunião, acompanhado da secretária, do diretor e do
“Vim” é a primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo do verbo coordenador (= ele foi com três pessoas). O presidente compareceu à reunião,
“vir”. É errado o uso da forma “vim” em lugar do infinitivo “vir”. Exs.: Ele não vai vim acompanhado da secretaria do diretor e do coordenador (= agora ele foi só com
(= vair vir). Vocês não vão vim (= vão vir). Você pode vim sempre que quiser (= pode duas pessoas). A vírgula deve ser evitada antes da conjunção aditiva “e”. Exs.: O
vir). Em vez de “vai vir” e “vão vir” , prefira ele virá e eles virão. (Duarte SN, Língua diretor e os assessores se reuniram ontem à tarde. Nesta empresa, os funcionários
Viva, 19.12.99) podem trabalhar e estudar. A vírgula deve ser usada antes da conjunção “e” com
Como você diria: a) Ele ficou de vim aqui hoje. b) Ele ficou de vir aqui hoje. A certa valor adversativo. Exs.: Já são dez horas, e (= mas) a reunião ainda não terminou. A
é: Ele ficou de vir aqui hoje. É vir, e nunca vim, que se usa quando essa forma está vírgula deve ser usada quando o conectivo “e” liga orações com sujeitos diferentes.
seguida de outro verbo. Portanto: Quero vir logo (e nunca: Quero “vim” logo). Como Ex.: Os funcionários reclamavam, e a direção atendeu. A vírgula pode ser usada
vir é que aparece nas locuções verbais, escreva também corretamente: Ele não quando o conectivo “e” tem valor consecutivo ou enfático. Ex.: Os trabalhadores se
conseguiu vir (e nunca “vim”) cedo para o trabalho. / Não pude vir (e nunca “vim”) reuniram, discutiram, e decidiram como agir. Chegou, e viu, e lutou, e venceu
antes. / Ele não devia vir (e nunca “vim”) à festa. É ainda vir que se emprega com finalmente. O conectivo “e”, em fim de enumeração tem o valor de terminalidade.
preposições e locuções. Assim: Demorou para vir (e nunca “vim”) aqui. / Antes de vir Ex.: Foram chamados vários funcionários: João Carlos, Pedro Sousa, Luísa e
(e nunca “vim”)aqui, passe na firma. / Depois de vir (e nunca “vim”) aqui, vou ao Cláudio Luís (= chamaram só estes quatro). Foram chamados vários funcionários:
jogo. Vim é apenas o passado de vir: Eu vim cedo. / Vim ontem para cá. (Martins E. João Carlos, Pedro Sousa, Luísa, Cláudio Luís (= estes são quatro dos que foram
De palavra em palavra. O Estado de São Paulo, 15.1.00) chamados. Pode haver mais). Não se usa a vírgula antes de conectivo “ou”
(conjunção alternativa). Ex.: Não sei se ele trabalha ou estuda. (Duarte SN. Língua
VÍRGULA Viva, JB, 1.10.00)
A vírgula a maior parte das vezes, sabes, é preconceito de gramático. Uso dela só Não existe motivo para separar temos que têm relação sintática direte e que estão
quando sua ausência prejudica a clareza do discurso, ou como descanso rítmico lado a lado, como sujeito e verbo (ou verbo e sujeito), verbo e seus complementos,
expressivo. Também abandonei a pontuação em certos lugares onde as frases se etc. Ex.: Declaramos a todos os interessados que Fulano de Tal é funcionário desta
amontoam polifônicas. O que achas? (carta de Mário de Andrade a Manuel empresa desde 1984. [ a forma verbal “declaramos” é seguida de seus dois
Bandeira, em 29.9.24) complementos (a pessoa a quem se declara, complemento indireto) e aquilo que se
Pontuação é coisa séria. Um erro de pontuação é muito pior que um acento declara (complemento direto), logo, não há vírgula entre “declaramos” e “a todos os
indicativo da crase mal usado, que uma preposição esquecida ou um hífen usado interessados” nem há vírgula entre “interessados” e “que Fulano de Tal é ...” (não há
indevidamente. Uma vírgula esquecida ou mal usada afeta o sentido da frase. Ex.: motivo para separa um complemento verbal de outro)
“Os técnicos foram à reunião acompanhados da secretária do diretor e de um Quando os termos estão dispostos na ordem direta, não há necessidade de vírgula.
coordenador.” Sem vírgula, entendemos que os técnicos foram à reunião com mais Ex.: Ela resolveu todas as questões da prova calmamente. Os termos da frase estão
duas pessoas: a secretária do diretor e um coordenador. Se usarmos uma vírgula, dispostos na ordem direta: começa-se pelo sujeito (“ela”), que é seguido pelo verbo
mudaremos o sentido da frase: “Os técnicos foram à reunião acompanhados da (“resolveu”), que é seguido por seu complemento (“todas as questões da prova”).
secretária, do diretor e de um coordenador.” Agora, os técnicos foram à reunião com Por fim, vem o adjunto adnominal (“calmamente”). Se colocássemos o advérbio
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“calmamente” depois de “resolveu”, interromperíamos a relação entre o verbo e seu VÍRGULA E ADJUNTO ADVERBIAL
complemento, o que nos permitiria escolher uma das seguintes hipóteses: a) não A vírgula deve ser usada quando o adjunto adverbial (de tempo, de lugar, de modo)
empregar vírgula alguma (“Ela resolveu calmamente todas as questões da prova”); estiver deslocado. Exs.: O técnico analisou o problema no seu último relatório
b) isolar o advérbio com duas vírgulas (“Ela resolveu, calmamente, todas as (ordem direta, sem vírgula). No seu último relatório, o técnico analisou o problema
questões da prova”. Os dois procedimentos são corretos, mas não são equivalentes. (adjunto adverbial deslocado). O técnico, no seu último relatório, analisou o
Com as vírgulas, enfatiza-se o modo como ela resolveu as questões. O que não se problema (adjunto adverbial deslocado). Esta regra não é rígida. A vírgula pode ser
pode fazer é usar apenas uma vírgula após “calmamente” ou após “resolveu”. omitida, principalmente em frases curtas e com adjuntos pequenos. Exs.: Ontem, os
Teríamos aí “vírgulas solteiras”, que quebrariam a relação existente entre os termos representantes visitaram o sindicato. Ontem os representantes visistaram o
que formam a cadeia sintática. sindicato. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 22.10.00)
Às vezes, a pontuação de advérbios terminados em “-mente” não é tão simples. Ex.:
A Terra não é evidentemente curva. O termo “evidentemente” pode ser empregado VÍRGULA E ANACOLUTO OU PLEONASMO
com mais de um valor. Pode funcionar como elemento que estabelece coesão e A vírgula deve também ser usada em caso de pleonasmo ou anacoluto. Exs.: Aos
coerência entre duas passagens de um texto (“Evidentemente, ele não aceitou a empregado, o nosso sucesso lhes devemos (pleonasmo = repetição). Dinheiro,
proposta”). O advérbio “evidentemente”pode funcionar também como modificador quem não está precisando disto? (anacoluto) (Duarte SN. Língua Viva. JB. 5.110)
direto de um termo de uma frase. (“O jogador estava evidentemente impedido”). No
caso, a palavra indica que a situação do jogador era evident. No exemplo acima, VÍRGULA E APOSTO EXPLICATIVO
sem as vírgulas, “evidentemente” tende a modificar a palavra “curva”, o que significa Todo aposto explicativo deve ficar entre vírgulas. Ex.; O prefeito de Campos,
que o caráter curvilíneo da Terra não é evidente. Afirma-se que a Terra é curva, com Asdrúbal da Silva, rejeitou o projeto. Não esqueça que as vírgulas são obrigatórias
a ressalva de que isso não é evidente. Com as vírgulas, afirma-se que a Terra não é sempre que o cargo for exclusivo. Ex. O governador do Estado do Rio de Janeiro,
curva e que isso é evidente. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 7.9.03) Marcello Alencar, declarou... O atual técnico da Seleção Brasileira, Mário Jorge Lobo
A vírgula não é instrumento pulmonar (cada vez que se respira, coloca-se uma Zagallo disse... O síndico do edifício assaltado, o aposentado Jarbas de Souza,
vírgula); é ferramenta sintática e estilística.( Cipro Neto P. Vírgulas que mudam tudo. afirmou... As vírgulas não devemser usadas se o cargo pode ser ocupado por mais
Revista O Globo. 4 set 2005;p.45.) de uma pessoa. Ex.: O professor Asdrúbal da Silva rejeitou minha idéia. O
Nos exemplos: “Os motoristas, irresponsáveis, usam o celular enquanto dirigem” e governador Marcello Alencar declarou... O ex-técnico da seleção brasileira Telê
“Os motoristas irresponsáveis usam o celular enquanto dirigem”. As vírgulas Santana disse... O general da reserva Astolfo Antunes afirmou... (Sérgio N.Duarte -
decidem o limite do universo de motoristas irresponsáveis. Com as vírgulas, Lingua Viva Especial/Dúvida dos leitores - JB, 5.7.98, p.15)
informa-se que todos os motoristas de um certo universo são irresponsáveis e usam Todo aposto explicativo deve ficar entre vírgulas: “O prefeito de Campos, Asdrúbal
o celular enquanto dirigem. No segundo exemplo (sem as vírgulas), informa-se que da Silva, rejeitou o projeto.” Não esqueça que as vírgulas são obrigatórias sempre
o o universo de motoristas foi dividido em duas partes (responsáveis e que o cargo for exclusivo. As vírgulas não devem ser usadas se o cargo pode ser
irresponsáveis); apenas os irresponsáveis usam o celular enquanto dirigem. (Cipro ocupado por mais de uma pessoa: “O professor Asdrúbal da Silva rejeitou a minha
Neto P. Vírgulas que mudam tudo. Revista O Globo. 4 set 2005;p.45.) idéia.” Guarde a “dica”: 1. Entre vírgulas: cargo exclusivo de uma pessoa; 2. Sem
Em outras situações, a opção pela vírgula depende da maior ou menor carga vírgulas: cargo que pode ser ocupado por várias pessoas. Observe os exemplos: 1.
enfática que se queira dar a determinado termo ou expressão. Um desses casos é o “O governador do Estado do Rio de Janeiro, Marcello Alencar, declarou...” “O atual
dos advérbios ou locuções adverbiais. Ex.: Hoje, a conduta do partido é outra. A técnico da seleção brasileira, Mário Jorge Lobo Zagallo, disse... “O síndico do
circunstância de tempo é mais destacada do qu em “Hoje a conduta do partido é edifício assaltado, o aposentado Jarbas de Sousa, afirmou...” 2. “O governador
outra”. Num caso em que se queira enfatizar a mudança de conduta ocorrida com o Marcello Alencar declarou... “O ex-técnico da seleção brasileira Telê Santana
tempo, parece desejável que se isolem com vírgulas as expressões de valor disse...” “O general da reserva Astolfo Antunes afirmou...” (Duarte SN. Língua Viva.
adverbial: “Há cinco anos, o PT condenava a infidelidade partidária; hoje, expulsa de JB, 28.6.98)
seu quadro quem vota de acordo com o programa do partido”. Sem a vírgula depois O aposto explicativo deve ficar entre vírgulas. Exs.: O coordenador do projeto, Dr.
das expressões “há cinco anos” e “hoje”, seria menor a carga enfática sobre elas e Paulo Henrique de Assis, viajou a serviço (= cargo exclusivo). Nossa empresa, a
sobre o que representam. Muitas vezes, o emprego da (s) vírgula (s) para isolar maior fabricante de calçados do Brasil, pretende desenvolver outras atividades.
expressões de valor adverbial pode alterar o significado da mensagem, o que ocorre (Duarte SN. Língua Viva. JB, 29.10.00)
nesta frase: “A Terra não é (,) evidentemente (,) curva”. Se não é isolado por
vírgulas, o termo “evidentemente” modifica direta e especificamente o adjetivo VÍRGULA E CONJUNÇÕES ADVERSATIVAS
“curva”. Afirma-se que a Terra é curva, mas esse caráter curvilíneo não é evidente. A vírgula deve ser usada antes das conjunções adversativas (mas, porém, contudo,
Com as vírgulas, muda tudo. O advérbio deixa de se referir especificamente ao todavia, entretanto, no entanto). Exs.: Ele sempre se dedicou à empresa, porém
adjetivo “curva” e passa a referir-se ao verbo ou a toda a oração. Afirma-se que a nunca foi promovido. As conjunções adversativas, quando deslocadas, devem ficar
Terra não é curva e que isso é evidente. (Cipro Neto P. Vírgulas que mudam tudo. entre vírgulas. Exs.: Ele sempre se dedicou à empresa, nunca foi, porém,
Revista O Globo. 4 set 2005;p.45.) promovido. (Duarte SN. Língua Viva. JB, 8.10.00)
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explicativa (= todos os empregados se dedicaram ao trabalho, por isso deverão vírgula entre quem pergunta (esta primeira oração exerce a função de sujeito, isto é,
receber um abono salarial), as vírgulas são obrigatórias. Portanto: 1. “Os é uma oração subordinada substantiva subjetiva = sujeito oracional = sujeito sob
empregados desta empresa que se dedicaram muito ao trabalho deverão receber forma de oração) do segundo verbo perguntar, já que fazemos uma pausa entre os
um abono salarial.” (oração subordinada adjetiva restritiva = somente os dois verbos. Talvez, por isso, alguns autores e professores aceitem o uso da vírgula.
empregados que se dedicaram muito ao trabalho receberão um abono salarial); 2. Quem pergunta (= sujeito) pergunta alguma coisa a alguém (= predicado). É o
“Os empregados desta empresa, que se dedicaram muito ao trabalho, deverão mesmo caso de: Quem estuda passa. Quem avisa amigo é. Quem bebe Grapette
receber um abono salarial.” (oração subordinada adjetiva explicativa = todos os repete. Quem lê viaja. Eu, entretanto, prefiro respeitar aquela velha regrinha que
empregados se dedicaram ao trabalho e receberão um abono salarial). (Duarte SN. proíbe o uso da vírgula entre o sujeito e o verbo. (Duarte SN, Língua Viva, JB,
Língua Viva. JB. 28.6.98) 24.1.99, p.14)
O meu ponto de vista é contrário ao uso da vírgula que separa o sujeito oracional do
VÍRGULA E ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL seu predicado. Exs.: Quem lê, sabe. Quem sabe, lê. Quem cedo madruga, Deus
A vírgula pode ser usada para separar a oração principal da subordinada adverbial ajuda. Quem estuda, passa. O prof. José Carlos de Azeredo, da UERJ, acredita que
(causal, concessiva, condicional, final, temporal...). Exs.: Ele foi promovido, porque é nas situações de contraste de um sujeito topicalizado com outro, plausível ou a ser
sempre se dedicou à empresa (causal). Ele foi promovido, embora não se dedicasse descartado, que a vírgula se impões. Já o prof. José Augusto Carvalho, lingüista
muito à empresa (concessiva). Ele só será promovido, caso se dedique mais à capixaba, pondera que mesmo que haja topicalização, só haveria vírgula se houver
empresa (condicional). Ele desenvolveu o projeto, conforme nós orientamos pronome pleonástico a retomar o termo topicalizado. É o que ensinam as
(conformativa). Ele tem se dedicado muito, para que possa ser promovido (final). Ele gramáticas. Exs.: Dinheiro, Paulo o tem. A você, não lhe darei o presente. Nesses
só assinará o contrato, quando receber toda a documentação (temporal). A vírgula exemplos, os dois termos topicalizados são virgulados porque são retomados depois
deve ser usada quando a oração adverbial estiver deslocada. Exs.: Embora não se por um pronome. Pelo princípio básico da pontuação, não se separam os elementos
dedicasse à empresa, ele foi promovido. Solicitamos, caso seja possível, o seu que constituem um sintagma (nome que se dá a relação determinado/determinante,
comparecimento a este setor. Conforme nos foi solicitado, estamos enviando todos numa oração). O sujeito e o predicado formam um sintagma; o verbo e o objeto
os documentos. Os computadores, quando foram introduzidos na empresa, formam um sintagma; o artigo e o substantivo formam um sintagma, etc. (Duarte SN,
trouxeram várias conseqüências. (Duarte SN. Língua Viva, JB, 15.10.00) Língua Viva, JB, 23.1.2000)
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VÍRGULA VICÁRIA 1. Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falhas e acertos.
“Vicária” (ver verbete vicário) é aquela vírgula: ela faz as vezes da forma verbal Rer Bras Cir Cardiovasc [periódico na Internet]. Jul-set 2003 [citado 12 jan
implícita, isto é, surge no lugar de formas verbais subentendidas. Ex.: “Estevão é 2005];18(3):[17 p.]. Disponível em:
preso; suplente, denunciado, e Roriz, investigado”. De início, é preciso notar que a http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
forma verbal “é”, explícita na primeira oração (“Estevão é preso”), torna-se implícita 76382003000300002&lng=pt&nrm=iso
nas outras duas (“suplente é denunciado, e Roriz é investigado”). E o que faz o 2. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 18 fev 2001.
ponto-e-vírgula no trecho destacado? Como o nome já diz, o ponto-e-vírgula fica
entre a vírgula e o ponto, ou seja, é quase um ponto final e, conseqüentemente, A VISTA vs. À VISTA
indica pausa acentuada. Na manchete em questão, cada uma das três orações tem Napoleão Mendes de Almeida, em Questões Vernáculas, dizia não haver crase.
autonomia e, por isso, pode perfeitamente transformar-se em período simples Segundo ele, não há artigo definido. Em a vista, a prova da ausência do artigo está
(“Estevão é preso. Suplente é denunciado. Roriz é investigado.”). Essa autonomia é no correspondente masculino a prazo. Há autores que defendem a crase. O mestre
indício da possibilidade do emprego do ponto-e- vírgula. A presença da vírgula na Adriano da Gama Kury, no seu livro Ortografia, pontuação, crase, afirma:” Desde
segunda oração (“suplente, denunciado”) aumenta a exigência do ponto-e-vírgula tempos antigos da nossa língua se vêm usando com acento no a (ou com dois a,
para separar a primeira oração da segunda. A vírgula antes do “e” se justifica por ser quando ainda não era generalizado o uso dos acentos) numerosas locuções
o sujeito da terceira oração (“Roriz”) diferente do da segunda (“suplente”). O “e” adverbiais e prepositivas formadas de substantivos femininos, tais como à custa de,
poderia desaparecer, se a vírgula que vem antes dele fosse substituída por ponto-e- à espada, à farta, à fome, à força, à pressa, à toa, à vela, às avessas, às cegas, às
vírgula (“Estevão é preso; suplente, denunciado; Roriz, investigado”). Esse “e” é claras, às pressas, às vezes e tantas mais....Além disso, cumpre levar em conta
elemento aditivo, ou seja, de soma, e certamente foi empregado para que ficasse estes dois fatores que aconselham a utilização do acento no a nas locuções com
clara a idéia de que, apesar de autônomos, os fatos guardam entre si uma certa nomes femininos: 1. O uso tradicional do acento pelos melhores escritores da nossa
relação, isto é, estão encadeados. Vamos “traduzir” definitivamente: Luiz Estevão, língua; 2. A pronúncia aberta do a, em Portugal, nessas locuções, tal como qualquer
que era senador pelo DF (Distrito Federal), foi preso; o suplente dele foi denunciado; a resultante da crase – diferente do timbre fechado do a pronome, artigo ou
Joaquim Roriz (governador do DF) foi posto sob investigação. (Cipro Neto P. Ao pé preposição. De quanto se expôs acima, deve-se recomendar o uso do acento no a
da letra. O globo, 10.9.00) em locuções como as seguintes (adverbiais, prepositivas, conjuntivas): à beça, à
deriva, à distância, à mão, à medida que, à moda de, à procura de, à proporção que,
VISAR à revelia, à toda, à vista... Adoto a crase, ou seja, sugiro o uso do acento grave para
Segundo a maioria dos gramáticos, visar no sentido de “almejar, desejar, aspirar, todos os adjuntos adverbiais femininos: à vista (de modo), à distância (de lugar), às
Ter em vista, Ter como objetivo, pretender” é transitivo indireto. Ex.: Sua campanha vezes (de tempo), à mão (de instrumento) (Duarte SN. Língua Viva. Jornal do Brasil,
visava ao governo do estado. Muitos autores aceitam a omissão da preposição 27.6.99).
quando se trata de locução verbal. Ex.: ... visa atender aos desejos dos alunos.
(Duarte SN, Língua Viva, JB, 1.11.98) VISUALIZAR
Para a maioria, visar (= transitivo direto) no sentido de “dar visto, assinar, rubricar ou É impróprio na acepção de ver, observar, identificar. Exs.: Visualizada lesão à
mirar, apontar”. Para Celso Cunha visar, no sentido de Ter em vista, Ter como ecografia. Tumor visualizado na radiografia. Visualizar significa formar mentalmente,
objetivo, pretender, pode construir-se como objeto direto ou indireto. Ex.: visando à tornar visível mentalmente. Ex.: O engenheiro deve visualizar bem seu projeto. Citar
noite de gala ou visando a noite de gala. (Duarte SN, Língua Viva, JB, 28.2.99,p.14) que um radiologista visualizou tumor numa radiografia, pode significar que o tumor
Existem gramáticos que defendem que visar é transitivo direto em todos os casos. foi “imaginado”. No entanto, no Novo Aurélio Século XXI, “visualizar” está como:
(Duarte SN, Língua Viva, JB, 14.3.99, p.16) V.t.d. 1. Tornar visível, mediante manobra ou procedimento. 2. Formar ou conceber
uma imagem visual mental de (algo que não se tem ante os olhos no momento). Ex.:
VISIBILIZAÇÃO O grande arquiteto é capaz de visualizar cada detalhe de seu projeto.1,2
Não existe este vocábulo (VOLP da ABL) 1. Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino P. Expressões médicas: falhas e acertos.
Rer Bras Cir Cardiovasc [periódico na Internet]. Jul-set 2003 [citado 12 jan
VISIBILIZAR 2005];18(3):[17 p.]. Disponível em:
É impróprio na acepção de ver, observar, identificar. Exs.: Visibilizada lesão à http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
ecografia. Pólipo visibilizado à coloscopia. Tumor visibilizado na radiografia. 76382003000300002&lng=pt&nrm=iso
Visibilizar significa formar mentalmente, tornar visível mentalmente. Exs.: O cirurgião 2. Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo. 18 fev 2001.
visibilizou bem a operação no dia anterior à intervenção. Citar que um radiologista
visibilizou tumor numa radiografia, pode significar que o tumor foi “imaginado”. No VÍTIMA FATAL
entanto, o verbo "visibilizar" tem registro no "Novo Aurélio Século XXI" e no O significado do adjetivo “fatal” é “que mata”, sinônimo de “mortal”. Uma doença
"Vocabulário Ortográfico" da Academia Brasileira de Letras, entre outros. Significa mortal é uma doença que mata. É uma doença fatal. A queda foi-lhe fatal, significa
"tornar visível".1,2 que a queda o matou. Não foi “ele” (contido em “lhe”, isto é, “a ele”, complemento
indireto de “foi”) que matou. “Ele” morreu. A queda é que matou alguém: “a ele”,
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como esclarece o pronome oblíquo. Portanto, a queda é que foi fatal. Logo, fatal é o A contração da forma de tratamento “Vossa Mercê” – que deu em “vosmecê” e, mais
acidente, não a vítima. Vítima fatal não existe. (Castro M. A imprensa e o caos na tarde, em “você”. (Rodrigues S. Língua Viva, JB, 6.4.03)
ortografia. Rio de Janeiro: Record, 1998)
VOGAIS FECHADAS
VIVER (regência) As normas aprovadas pelo Primeiro Congresso Brasileiro de Língua Falada no
O verbo viver rege a preposição “em”. Eu vivo numa cidade. Na cidade em que eu Teatro (Salvador, 1956) estabeleceram que: 1) são fechadas as vogais nasais; 2)
vivo. Dispensa-se a preposição no caso de “viver uma situação difícil, um grande são fechadas as vogais que antecedem as consonantes nasais. Logo, são fechadas
perigo. Exs: Vivi um grave problema. O problema que eu vivi foi grave. as vogais em: amamos, cantamos, trabalhamos, homem., fome, come, nome, some,
Quanto se trata de lugar, porém, vive-se em. Assim: Vivo numa metrópole. A Antônio, econômico, quilômetro. O sentido da frase jamais permitirá confusão do
metrópole em que eu vivo. (Martins E. De palavra em palavra. O Estado de São presente com o pretérito. (Castro M. A imprensa e o caos na ortografia. Rio de
Paulo, 15.4.00) Janeiro: Record, 1998, p.75)
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Quando se diz Ave, Maria, cheia de graça... bendita sois Vós entre as mulheres, o
VOLTAR À VACA FRIA fiel diz “sois Vós”, mas não se dirige a duas ou mais pessoas; digire-se a Maria. O
Por que vaca, e fria, quando se quer retomar um asssunto que o atropelo da nome da oração é “ave-maria” (que também se pode escrever com inicial
conversa deixou para trás, mas que não se considera devidamente resolvido ainda? maiúscula), mas as palavras iniciais são “Ave, Maria”. “Ave” é uma interjeição e
O filólogo brasileiro Silveira Bueno pega a vaca pelos chifres. Eis o que se lê no significa “salve”. Vem do verbo latim “avere”, que significa “saudar”. Na oração, a
oitavo volume de seu “Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua vírgula depois de “ave” (Ave, Maria) é obrigatória, já que “Maria” é o vocativo, ou
Portuguesa” (1968): “Donde se originou esta expressão? Com pequena variante de seja, o ser a quem o falante dirige a palavra, a mensagem. Ocorre o mesmo no “pai-
animais, ora o carneiro, ora a cabra, diz Teobaldo em seu livro Provérbios Históricos nosso”, quando o fiel diz: “Livrai-nos do mal”. A forma plural “livrai”é da segunda
e Locuções Populares, pág. 21, que é muito velha a frase, prendendo-se, em pessoa do plural (“vós”) do imperativo afirmativo do verbo “livrar”. Essa forma vem
português, ao fato de litigarem perante um juiz e sobre a posse de uma vaca: a certa do presente do indicativo (“livrais”), da qual se elimina o “s”, mas não se dirige a
altura, quando o advogado da defesa fazia longas digressões falando até de duas pessoas; dirige-se ao Pai, ao Criador. O pronome “vós” também é empregado
Faetonte e do seu carro ardente, atalhou o juiz: - Tudo isto é muito bonito, mas quando o falante se dirige a duas ou mais pessoas, o que se vê nos registros
voltemos à vaca fria”.. Cabe aqui uma legenda: Faetonte é um personagem da literários brasileiros e portugueses escritos até a primeira metade do século
mitologia grega, filho do deus Hélios com a ninfa Climene. Um dia pediu permissão passado. (Cipro Neto P. Ao pé da letra. O Globo, 25.8.02)
para dirigir a carruagem paterna – ou seja, nada menos que o Sol – e, por imperícia, Este pronome está praticamente morto na linguagem brasileira cotidiana, embora os
ateou fogo ao céu e à terra. Acabou morrendo em chamas. É a essa figura trágica, e portugueses ainda o cultivem com algum zelo. No entanto, acredito que “vós” ainda
ao calor da oratória que ela inspira ao advogado, que o juiz da historinha contrapõe tem lugar no repertório de um falante moderno. No vocabulário passivo, é recurso
sua genial vaca fria. Por fim, com um pedido de desculpas pela malice ortográfica, indispensável à boa compreensão dos clássicos da língua. No ativo, pode ser útil
vale o registro: os dicionários atuais preferem grafar “vaca-fria”, empregando o hífen naquelas ocasiões em que se recomenda o uso de polainas lingüísticas. Também
com o mesmo critério válido, por exemplo, para montanha-russa – o da formação de tem sua funcionalidade num registro nada antiquado: o do arcaísmo irônico, o da
uma nova unidade de sentido, em que já não se aplica propriamente nem a idéia de formalidade cômica. O pronome “vós” deveria ser reservado a discursos dirigidos a
vaca, nem de fria. Mas o argumento me parece, no caso, um tanto preciosista, e a dois ou mais interlocutores. Só que aí entra a riqueza da língua. A variação estilítica,
expressão sem tracinho usada por Silveira Bueno é de longe a preferida dos falantes que deforma a lógica gramatical, prevê o plural majestático. Assim, “nós” pode tomar
de português. 1 o lugar de “eu”, recurso muito usado por políticos e que alguns chamam de plural de
1. Rodrigues S. A palavra é... Nominimo 1° mar 2006. Disponível em: modéstia, embora outros vejam nele mais empáfia que humildade. Na mesma linha,
http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationS “vós” é freqüentemente empregado em vez de “tu”, como sinal de suprema
ervlet?publicationCode=1&pageCode=65 reverência. O Pai Nosso é todo estruturado com “vós” no papel de “tu”. Isso cria
problemas de concordância nominal. A tradição da língua recomenda a
VÓS concordância com a idéia (singular) e não com o pronome (plural). Exs.: Vós sois
O pronome vós não faz parte da linguagem oral há muito tempo. Nem no Brasil, nem bondoso. Quando se trata do “nós” majestático, encontram-se nos bons autores as
em Portugal. Aparece nas rezas (Perdoai as nossa ofensas...). No imperativo, a duas opções. Exs.: Estamos cansado ou Estamos cansados. (Rodrigues S. Língua
forma vem do presente do indicativo sem o s (perdoais - s = perdoai). Quando se diz Viva, JB, 6.4.03)
“perdoai-nos”, pede-se, roga-se ao Criador que nos perdoe. Nesse caso o plural -
sim, vós é plural - não se refere a mais de uma pessoa, mas indica a idéia de alto VOSSA e CRASE
respeito. Já no caso do “Sermão da Sexagésima”, de Vieira, a segunda do plural é Não há crase ante de pronome de tratamento: Trouxe uma mensagem a Vossa
empregada como referência às pessoas que ouvem a prédica: “Vede como condiz o Majestade. Porém, há crase em: Prestamos homenagem à vossa majestade, à
estilo de pregar do Céu com o estilo que Cristo ensinou...”, diz o mestre. No trecho, vossa bondade, à vossa magnanimidade. Mas é preciso fazer duas observações: 1.
a forma “vede” do verbo ver é dirigida aos ouvintes. Vede vem de “vós vedes - s “. No segundo exemplo, “vossa” é pronome possessivo; 2. O uso do acento da crase
Cabe analisar o verbos terninados em ir. Com exceção de ir (vós ides), rir e não é obrigatório antes de pronome possessivo. É um caso facultativo. (Sérgio
derivados e vir e derivados, todos os demais verbos terminados em ir apresentam a Nogueira Duarte - Língua Viva - JB, 30.8.98, p.16)
terminação is na segunda do plural do presente: vós dirigis, vós preferis, vós ouvis,
vós decidis, etc. Quando se elimina o s final, obtêm-se formas que deixam muita VOSSA MAJESTADE vs. SUA MAJESTADE, VOSSA EXCELÊNCIA vs. SUA
gente confusa. Ex. “Ouvi o clamor deste povo”(lema da Campanha da Fraternidade EXCELÊNCIA, VOSSA SENHORIA v.
da CNBB), que se tratava de um apelo, em segunda pessoa, ao Criador que ouvisse Devemos usar vossa majestade quando falamos diretamente com o rei. Se falamos
o clamor do povo. (Cipro Neto, P. Inculta & Bela, Folha de S.Paulo, 8.10.98, p. 2, a respeito do rei, devemos usar sua majestade. A mesma regra se aplica a vossa
caderno 3) excelência e vossa senhoria. Exs.: Se estamos escrevendo uma carta ao
É inegável que o pronome “vós” há muito deixou de freqüentar a língua viva. Apesar governador, devemos chamá-lo de vossa excelência; a frase “Falamos sobre sua
de ser do plural, o pronome “vós” pode ser empregado pelo falante que se dirige excelência ontem na reunião” significa que não estamos falando com o governador e
respeitosamente à pessoa a quem fala. (ex. Sois rei, sois rei). Nesse caso se sim a respeito dele. (Duarte SN, JB, 31.5.98,p.14)
enquada o emprego de “vós” no “pai-nosso” (ou “padre-nosso”), na “ave-maria”, etc.
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1. Sanches E, editor. Gramática On-line [monografia na Internet]. Rio de Janeiro: “implacável”, “inabalável”), é igual ao de “exame”. O de “máximo”, segundo o
Blocos: portal de literatura e cultura [citado 17 fev 2005]. Disponível em: “Vocabulário Ortográfico”, pode ser igual ao de “próximo” ou ao de “fixo”. Quanto ao
http://www.blocosonline.com.br/literatura/servic/sercurg05.htm de “oxigênio”, não há dúvida: só pode ser igual ao de “fixo”. (Cipro Neto. Ao pé da
letra. O Globo, 4.6.00)
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