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AVALIAÇÃO EXTERNA NO CEARÁ: ANÁLISE DOS

RESULTADOS DO SPAECE - ALFA

Arlane Markely dos Santos Freire – SME/Crato/CE


arlanemarkely@yahoo.com.br

Carlos Augusto de Medeiros – UFCG/PB


camedeiros.bsb@gmail.com

INTRODUÇÃO

O estado do Ceará foi um dos primeiros do país a criar um sistema próprio


de avaliação externa. Com início em 1992, o Sistema Permanente de Avaliação
da Educação Básica do Ceará (Spaece) sofreu várias mudanças em sua
organização aos longos dos anos, ganhando maior importância em 2004 quando
passou a contemplar a participação de escolas da rede estadual e municipal do
Ceará. Nas redes municipais, as avaliações desse sistema são realizadas de
forma censitária e anual, envolvem questionários contextuais para coleta de
dados e testes de desempenho dos estudantes que contemplam as disciplinas
de Língua Portuguesa e Matemática, aplicadas nos 2º, 5º e 9º anos do ensino
fundamental (CAEd, 2020).
Com objetivo de identificar e analisar os níveis de proficiência de leitura
dos alunos do 2º ano do ensino fundamental das escolas públicas municipais,
em 2007 foi criado o Spaece-Alfa. Coordenado pela Secretária de Educação do
Estado do Ceará (Seduc) em parceria com o Centro de Políticas Públicas e
Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF),
o Spaece-Alfa surge em decorrência do Programa de Alfabetização na Idade
Certa (Paic) (CAEd, 2020).
O Paic consiste em uma política de cooperação entre estado e municípios,
cujo objetivo é alfabetizar todos os alunos das redes públicas de ensino do
estado até os 7 anos de idade. Com foco na aprendizagem, o Paic funciona de
forma sistêmica (CEARÁ, 2012). A partir dos resultados do Spaece, o governo
do estado elabora a classificação geral das escolas públicas, o que inclui o
Spaece-Alfa, que demonstra se as redes municipais atingiram as metas de
alfabetização.
O presente texto analisa os resultados do 2º ano do ensino fundamental
entre 2007 e 2019 das nove redes públicas municipais da Região Metropolitana
do Cariri, com destaque aos municípios de Crato, Barbalha, Farias Brito e Nova
Olinda que instituíram bonificação aos docentes em âmbito municipal1, de modo
a apontar indícios se a partir da criação dessas redes ocorreram mudanças nos
resultados. Dividido em três partes, inicialmente, o texto realiza uma
contextualização da implantação do Spaece-Alfa, em seguida, examina os
resultados do 2º ano do ensino fundamental, demonstrados por meio de gráficos
e, por fim, apresenta suas considerações finais. Trata-se de investigação
bibliográfica, documental e de campo, com coleta de dados a partir dos
resultados das avaliações dos municípios investigados.

ANÁLISE DOS RESULTADOS DO SPAECE-ALFA (2007-2019)

Em todas as séries avaliadas pelo Spaece existe um padrão de


desempenho, divididos de acordo com as médias de proficiência. No 2º ano do
ensino fundamental, os padrões de desempenho são divididos em: (1) não
alfabetizado, quando se obtém até 75 pontos na média da proficiência; (2.)
alfabetização incompleta, quando se obtém de 75 pontos a 100 pontos; 3.
intermediário, se for obtido entre 100 a 125 pontos; 4. suficiente, quando a
pontuação é de 125 a 150 pontos; 5. desejável, associado à média acima de 150
pontos (CAED, 2020).
Entre 2007 e 2010, a avaliação do segundo ano do fundamental foi
intitulada de Projeto Alfabetização de 2011 a 2018, chamou-se Spaece-Alfa. O
Gráfico 1 apresenta os resultados da avaliação do Spaece nos quatro munícipios
que preveem o pagamento para os professores pelos resultados dos alunos,
além do resultado da média estadual da rede municipal, de 2007 a 2010.

1 A identificação destes municípios é apontada em pesquisa de mestrado desenvolvida no


Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Campina Grande/PB
que analisou a instituição de políticas de accountability em redes municipais do estado do Ceará,
no período de 2007 a 2019. De autoria de Arlane Markely dos Santos Freire, sob orientação da
profa. Dra. Andréia Ferreira da Silva.
Gráfico 1 - Projeto Alfabetização - 2º ano do ensino fundamental - Proficiência média das redes
municipais de Barbalha, Crato, Farias Brito e Nova Olinda (2007 a 2010)

300,0

250,0

200,0 244,5

199,0
150,0
153,9 143,6
100,0 132,2 142,7
118,8
50,0 93,0

0,0
2006 2007 2008 2009 2010 2011

MÉDIA /REDE MUNICIPAL BARBALHA


CRATO FARIAS BRITO
NOVA OLINDA

Fonte: CEARÁ (2019). Elaboração dos autores.

Evidencia-se no gráfico que, em 2007, o município de Nova Olinda


apresentou a menor proficiência de todos os investigados – 93,0 –, ao passo que
Barbalha, ao contrário, apresentou a maior – 132,2. Constatou-se que no
período, de 2007 a 2010, o primeiro município apresentou um crescimento
explosivo de proficiência, saltando para 244,5; isso representa crescimento na
faixa de 61,96% - quase dobrando o resultado. Já em Barbalha, evidenciou-se
crescimento baixo (8%), no mesmo período.
Porém a análise dos resultados entre os anos de 2011 e 2018, do 2º ano
do ensino fundamental (Gráfico 2), apontou que, Nova Olinda, no ano de 2012,
apresentou uma queda, comparado aos anos anteriores. Nesse município, em
2013, foi instituído o pagamento da bonificação, por meio da Lei n°. 690/2013,
que considerou os resultados da avaliação de âmbito municipal, no Sistema de
Avaliação da Aprendizagem (SARA). No entanto, foi observado que, em 2013, o
resultado da avaliação estadual diminuiu comparado a 2012 e, em 2014, isso se
repetiu, representando uma queda de mais de 21%, entre 2011 e 2014. Contudo,
mesmo com uma elevação na média, em 2015, a sua maior queda ocorreu no
ano de 2016, quando atingiu o valor de 182,6, o que representa uma diferença
de 32,81% comparado a 2015. Em 2017, ele cresceu 36,63% na média de
proficiência, comparado a 2015, e, mesmo oscilando seus resultados, mantém-
se, em 2018, entre os quatro municípios com a maior média, que é de 258,8,
como demonstrado abaixo.

Gráfico 2 - Spaece Alfa - 2º ano do ensino fundamental - Proficiência média das redes municipais
de Barbalha, Crato, Farias Brito e Nova Olinda (2011 a 2018)

300,0
282,4
271,8
259,7 258,9 258,8
250,0 249,5
222,6
200,0
192,50
182,6 182,30
164,20 164,90
150,0 149,20 155,10
145,00 145,50

100,0

50,0

0,0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

MÉDIA /REDE MUNICIPAL BARBALHA


CRATO FARIAS BRITO
NOVA OLINDA

Fonte: CEARÁ (2019). Elaboração dos autores.

Os resultados demonstrados no Gráfico 2 revelam que o município de


Barbalha que anteriormente estava com as menores médias, elevou as notas,
comparado ao primeiro ano da avaliação, 2007, e o último, 2018, obtendo o
crescimento de 35,29%. Assim, alcançou a maior média, no ano de 2017, de
206,9, como visto no Gráfico 2, ano em que foi sancionada a Lei nº 2.278/2017,
que dispõe sobre a criação do Sistema Municipal de Avaliação Escolar de
Barbalha (AMAE) e instituiu a gratificação por Desempenho Profissional Docente
(DPD), que considerou os resultados do Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb) e do Spaece para o cálculo de seus percentuais. Porém,
em 2018, no ano seguinte à instituição do bônus, há uma queda de 1,25%,
diminuindo sua média para 204,3.
O município de Farias Brito, por seu turno, alcançou sua maior média da
rede municipal em 2016, com 235,5, e nos anos seguintes o resultado não teve
crescimento, chegando a 2018 com a média de 215,7, representando uma queda
de 8,40% nas médias. Os resultados de 2017 e 2018 foram utilizados, por meio
do Programa Crescendo com o meu Município, criado pela Lei n°. 1.446/2017,
para bonificar os professores em que as salas alcançaram as maiores médias
do Spaece da rede municipal, indício de que, com a instituição do bônus a média
não aumentou, ao contrário, comparado a 2016, ano anterior a sua implantação,
ela diminui o valor.
Dos quatro municípios, o único que se manteve abaixo da média estadual
foi o de Crato que alcançou a maior média em 2017. Mesmo assim, no período
entre 2007 e 2018 ocorreu um crescimento da média de 31,81%. Porém, o
Gráfico 2 demonstra que ocorre a redução da média de proficiência no ano de
2018, em comparação a 2017, em 5,29%. O resultado do ano de 2018 foi
utilizado para premiar, no ano de 2019, os professores de Língua portuguesa e
Matemática, que foram regentes dos alunos que obtiveram as maiores notas no
Spaece no município.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao comparar os resultados dos quatro municípios com os outros cinco que


compõem a região investigada, a partir dos dados disponibilizados pela Seduc,
as análises indicam que mesmo com diferenças nas médias de proficiência, os
nove municípios da Região Metropolitana do Cariri, entre 2015 a 2018, se
mantiveram dentro do mesmo padrão de desempenho do Spaece-Alfa,
desejável, incluindo os que não criaram bonificação para docentes por meio de
lei específica. As análises aqui levantadas apontam para necessidade de se
aprofundar os estudos acerca da relação entre bonificação e avaliações
externas.

REFERÊNCIAS
CENTRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO (CAEd).
SPAECE - o sistema. 2020. Disponível em: http://www.spaece.caedufjf.net/.
Acesso em: 20 nov. 2020

CEARÁ. Secretaria da Educação. Regime de colaboração para a garantia do


direito à aprendizagem: o Programa Alfabetização na Idade Certa (PAIC) no
Ceará / Secretaria da Educação. Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF). Fortaleza: SEDUC, 2012. 196 p.
CEARÁ. Secretária da Educação. Spaece. 2019. Disponível em:
https://www.seduc.ce.gov.br/spaece/. Acesso: 22 dez. 2019.

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