BoletimdePD12
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ISSN 2178-1680
Maio, 2017
Boletim de Pesquisa
e Desenvolvimento 12
Embrapa Soja
Londrina, PR
2017
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Soja
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Londrina, PR, Brasil
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1ª edição
PDF digitalizado (2017).
© Embrapa 2017
Sumário
Resumo...................................................................... 5
Abstract...................................................................... 6
Introdução................................................................... 7
Material e métodos..................................................... 11
Resultados e discussão............................................... 14
Conclusões................................................................ 19
Referências............................................................... 20
Efeito do estresse hídrico
e variabilidade genética na
arquitetura da raiz de soja
Sergio Luiz Gonçalves1, Alexandre José Cattelan1,
Alexandre Lima Nepomuceno1, Maria Cristina
Neves de Oliveira1, Norman Neumaier1, Renata
Fuganti-Pagliarini2, Leonardo Cesar Ferreira2,
Wellington Bruno da Silva Nascimento3
Resumo
Apesar de importantes, poucos estudos foram feitos sobre a arquitetu-
ra de raízes de soja em condições de campo. Os ângulos formados
entre a raiz principal e as raízes laterais é um indicador da tendência
de a raiz ser mais superficial ou mais profunda, sendo importantes em
estudos sobre tolerância à seca. O presente trabalho avaliou tais ângu-
los estudando cinco diferentes genótipos, sob três diferentes regimes
hídricos (irrigado, não irrigado e com estresse hídrico), em duas datas
de avaliação (uma no estádio vegetativo e outra no estádio reprodu-
tivo). Os resultados mostraram que existe diferença significativa na
angulação das raízes entre os cinco genótipos estudados e que o es-
tresse hídrico no estádio vegetativo causou uma alteração significativa
nos ângulos das raízes, tornando-os mais fechados, indicando maior
tendência à profundidade.
1
Pesquisador, Dr., Embrapa Soja, Londrina, PR
2
Bolsista CNPq, Dr., Embrapa Soja, Londrina, PR
3
Estagiário de Agronomia, Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), Londrina, PR
Abstract
Although important, few studies have been done on the architecture of
soybean roots at the field level. The angles formed between the main
root and the lateral roots are an indicator of the tendency of the root
to be more superficial or deeper, being important in studies on drought
tolerance. The present work evaluated these angles by studying five
different genotypes, under three different water regimes (irrigated,
non - irrigated and water stressed), in two evaluation dates (one in the
vegetative stage and the other in the reproductive stage). The results
showed that there is a significant difference in root angulation among
the five studied genotypes and that water stress in the vegetative
stage causes a significant change in the angles of the roots, making
them more closed, indicating a greater tendency to depth.
Como já foi destacado, poucos ensaios foram feitos para a soja com a
angulação de raízes, o que daria um indicativo de sua profundidade. E
pouco se sabe sobre esta angulação do sistema radicular em função de
estresses ambientais, como por exemplo, a deficiência hídrica. Assim,
o objetivo deste trabalho foi avaliar e comparar a arquitetura das raízes
de cinco genótipos de soja, pela determinação da angulação entre a
raiz principal e as laterais, sob três diferentes regimes hídricos, em dois
momentos do desenvolvimento das plantas; os estádios vegetativo e
reprodutivo, nas condições de solo e clima da região norte do Paraná,
Brasil.
Efeito do estresse hídrico e variabilidade genética na arquitetura da raiz de soja 11
Material e métodos
Localização
O experimento foi conduzido na safra 2014/2015, na Embrapa Soja
(23°11’37” S, 51°11’03” O), a 630 metros de altitude, localizada em
Londrina, Paraná, Brasil. Segundo o IBGE (1978), o local do ensaio fica
numa região de clima tropical, englobada ao clima da região central do
Brasil, porém com umidade superior a essa região nos meses de ou-
tono e inverno, mas ainda assim, por ser de transição climática, com
algumas sub-regiões apresentando estações secas de 1 a 2 meses ou
regiões subsecas nesse mesmo período.
Coleta de dados
As raízes foram coletadas em 2 fases. A primeira, no estádio vegeta-
tivo, quando as plantas estavam entre V4 e V5 (FEHR; CAVINESS,
1977). Nos tratamentos para a indução do déficit hídrico os abrigos
foram organizados para que o referido estresse tivesse a duração de
1 mês. Ao final deste mês foram feitas as coletas. Estas ocorreram
no dia 06 de janeiro de 2015 (vegetativo) e em 02 de fevereiro tam-
bém de 2015 (reprodutivo). Foram coletadas entre 5 a 7 plantas da
linha central da parcela. Estas foram colocadas em um saco de papel
e levadas para lavagem em água corrente. Após isto, todas as plantas
Efeito do estresse hídrico e variabilidade genética na arquitetura da raiz de soja 13
Análise estatística
Foram realizadas as análises exploratórias verificando todas as pres-
suposições da análise de variância (ANOVA) como os testes de inde-
pendência e normalidade dos erros (SHAPIRO; WILK, 1965; PARENTE,
1984), bem como os testes para avaliar a não-aditividade do modelo
e a uniformidade das variâncias dos erros dos tratamentos (TUKEY,
1949; BURR; FOSTER, 1972). Atendidos estes pré-requisitos foi reali-
zada a análise de variância (ANOVA) e o teste de comparações múltip-
las das médias dos ângulos (em graus) existentes entre a raiz principal
e as raízes laterais dos genótipos avaliados, pelo Teste de Tukey
( p 0,05) (STEEL; TORRIE, 1960). As análises foram realizadas pelo
software estatístico SAS (SAS INSTITUTE, 2009).
14 Efeito do estresse hídrico e variabilidade genética na arquitetura da raiz de soja
Resultados e discussão
As condições meteorológicas locais e conteúdo hídrico no solo durante
o período do experimento (Figura 1) foram determinados pelo método
de Thornthwaite e Matter (1955) e calculadas em planilha eletrônica,
conforme Rolim et al. (1998). Elas indicaram que o ano foi bastante
chuvoso, tendo havido um déficit hídrico no solo apenas nos dias ante-
cedentes à semeadura. Isto foi contornado por uma irrigação para a ga-
rantia do stand inicial do experimento. Após a emergência das plantas
a distribuição hídrica ocorrida naturalmente na região não produziu uma
grande deficiência hídrica, mesmo no tratamento não irrigado. Assim,
naturalmente, as condições para deficiência hídrica neste tratamento
não foram muito diferentes daquela do tratamento irrigado. O mesmo
não aconteceu no tratamento conduzido nos abrigos, que cortou radi-
calmente a distribuição hídrica para as plantas nos estádios vegetativo
e reprodutivo.
Eixo da
Raiz lateral
90o Eixo da
Raiz lateral
90o
Areb A (74,6) BR 16 (76,4)
Areb B (73,8)
BR 16 (72,9)
75o Areb A (74,9)
Areb B (73,8) 75o
NCED (58,4)
Eixo da Eixo da NCED (67,7)
BRS 184 (58,3) BRS 184 (60,5)
o o
Raiz principal
60 Raiz principal
60
45o Tratamento
não irrigado
45o Tratamento
não irrigado
o o o o
0 o
15 30 0 15o
30
Eixo da
Raiz lateral
90o Eixo da
Raiz lateral
90o
Areb A (78,3)
Areb B (78,1) Areb B (77,4)
BR 16 (77,4)
75o 75oAreb A (75,9)
BR 16 (73,0)
NCED (64,3)
Eixo da Eixo da NCED (62,8)
Raiz principal
BRS 184 (57,7) 60o Raiz principal BRS 184 (60,1)
60o
45o Tratamento 45oTratamento
o o
0
o
15 30 o
irrigado
0
o
15 30 o
irrigado
Eixo da
90o Eixo da 90o
Raiz lateral
Raiz lateral
BR 16 (74,3)
Areb B (66,2) 75o 75o
Areb B (71,3)
Eixo da Eixo da BRS 184 (63,2) NCED (65,6)
BR 16 (64,5)
Raiz principal
60o 60o
Raiz principal
NCED (55,8)
BRS 184 (55,6)
45o 45o
o o
0o 15 0o 15
o o
30 Tratamento com estresse
hídrico no estádio
30 Tratamento com estresse
hídrico no estádio
vegetativo reprodutivo
Figura 2. Ângulos médios, em graus, entre a raiz principal e as raízes laterais, nos está-
dios vegetativo e reprodutivo, em cinco genótipos de soja, em três diferentes regimes
hídricos, durante a safra 2014/2015, em Londrina, Paraná, Brasil.
água das camadas mais profundas do solo e que para isto seria preciso
o melhoramento buscar plantas com sistemas radiculares mais profun-
dos, aumentar a densidade da raiz do meio para baixo, reduzir a densi-
dade da raiz na superfície e buscar plantas com mais pelos radiculares.
As raízes sendo mais profundas no momento do enchimento de grãos,
proporciona a absorção de água nas camadas mais profundas do solo,
onde existe um reservatório natural de umidade em camadas abaixo de
1m, conforme mostraram Jordan e Miller (1980). Isto é um diferencial
importante para regiões secas ou regiões com épocas de semeadura
tardias, em função de sistemas de cultivo, que levam as culturas à falta
de água em momentos críticos como o florescimento e o enchimento
de grãos, onde as raízes mais profundas contribuiriam para a redução
de perdas de produtividade (GONÇALVES e LYNCH, 2014). Pode-se
perceber, considerando o relato acima, que na seleção de genótipos
com raízes melhoradas é importante considerar que, para a raiz ser pro-
funda a densidade, principalmente próximo da superfície não deve ser
grande. Além disso, nos momentos mais críticos, como o florescimento
é importante que a raiz seja profunda e que, para isto, raízes com ângu-
los mais fechados aumentam esta probabilidade.
Conclusões
- Há diferença significativa na angulação das raízes entre genótipos de
soja;
Referências
ATTA, B. M.; MAHMOOD, T.; TRETHOWAN, R. M. Relationship
between root morphology and grain yield of wheat in north-western
NSW, Australia. Australian Journal of Crop Science, v. 7, n. 13, p.
2108-2115, 2013.
JING, Z.; JIABING, F.; HONG, L.; HAI, N., YUEMING, H.; LINJUAN,
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germplasm. Chinese Science Bulletin, v. 49, n. 15, p. 1611-1620,
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KELL, D. Breeding crop plants with deep roots: their role in sustainable
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MATSUMOTO, T.; TAKAI, T.; OKUNO, K.; YANO, M. Control of root
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DOI:10.1038/ng.2725.