Psico Hospitalar
Psico Hospitalar
Psico Hospitalar
1- PSICOLOGIA DA SAÚDE
● A psicologia da saúde é a aplicação dos conhecimentos e das técnicas
psicológicas à saúde, às doenças e aos cuidados de saúde;
● Estuda o papel da psicologia nos domínios da saúde, da doença e da
própria prestação dos cuidados de saúde, focalizando nas experiências,
comportamentos e interações: aspectos biológicos, psicológicos, sociais e
culturais.
● Abordagem sistêmica
Atuação além dos hospitais
● Estudar causas e origens de determinadas doenças (etiologia): Origens
psicológicas, comportamentais e sociais da doença;
● Promoção e prevenção da saúde: Empowerment -adoção de
comportamentos saudáveis; programas para prevenção de agravos;
● Facilitação do diagnóstico e tratamento médicos: adesão ao tratamento e
autocuidado; avaliação e intervenção psicológicas;
● Promover políticas de saúde pública: educação em saúde; atuar ativamente
nos conselhos de saúde
Psicologia Hospitalar
● Objetivo: minimizar o sofrimento provocado pela hospitalização e pelo
processo de adoecer.
● Consiste no campo do entendimento e tratamento de aspectos
psicológicos em torno do processo saúde/doença.
● Doenças Psicossomáticas X “Doenças biológicas”
● Toda doença apresenta aspectos psicológicos e por isso pode se
beneficiar do trabalho da psicologia hospitalar
● A atuação envolve: Subjetividade; Ajudar o paciente a fazer a
travessia do processo de adoecimento; Tratar da doença no nível
simbólico.
2- PROCESSO DO ADOECIMENTO
● Adoecer faz parte da condição humana e cada doença tem um ponto limite
para detecção antecipada, que será fundamental para definir o curso e o
tratamento.
● O diagnóstico de uma doença estabelece o início de uma CRISE com seus
desdobramentos no estilo de vida do paciente e seus familiares; vão definir o
rumo das intervenções psicológicas e da equipe a ser adotada.
O processo de adoecimento envolve:
● Mudança De Ritmo
● Perspectiva Projetos
● Despersonalização
● Fragilização
Quando se trata de adoecimento não se pode levar em consideração apenas o
aspecto físico e biológico da doença.
Quais as concepções dos indivíduos sobre o que é estar doente?
● Histórico de doenças
● Medos e fantasias
● Sua cultura
● Rotinas
● Responsabilidades
● Contexto socioeconômico
● Rede familiar e de amizades
● Expectativa de vida e experiências com perdas (OLIVEIRA, 2002)
Se por um lado O PROCESSO DE ADOECER pode impactar de forma importante
sobre o paciente assim também ocorre com o lugar HOSPITAL:
● Configura-se como um lugar estressante do ponto de vista físico, cultural,
social e pessoal.
● a estrutura arquitetônica;
● os odores;
● os ruídos;
● aparelhos de aparência agressiva;
Os ambientes impessoais podem com frequência ser ameaçadores, sombrios e
hostis.
ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO
DIAGNÓSTICO
•Medicina: conhecimento da doença por meio dos sintomas;
•Psicologia: conhecimento da situação existencial e subjetiva da pessoa adoecida
em sua relação com a doença.
•PSICODIAGNÓSTICO X DIAGNÓSTICO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR
•O diagnóstico já faz parte do tratamento: Cuidado, acolhimento, escuta.
NEGAÇÃO
•Esse “tropeço” no real faz com que nos defrontemos com a realidade cruel e
absurda: Lidar com a nossa própria morte, com a nossa finitude.
•Naquele instante, negar é o que ele consegue fazer: Respeitar e não confrontar.
•Falta de informação X Negação: Falta de condições psicológicas.
•Soluções mágicas;
•Angústia indefinida;
REVOLTA
•“Cai na real”
•Revolta dirigida a tudo e a todos;
•Lidar com as limitações, frustrações, incapacidades...
•A raiva é positiva –luta pela vida
Revolta: exagero e constância.
•Agitação/atividade X produtividade: Fora de foco, não direcionada ao problema,
sem resolutividade.
Ação agressiva sem foco X Comportamento em momento agudo;
(Passiva) (Catártico)
•Descarregar tensão acumulada: Diminuição da angústia –auxilia para manter em
um nível suportável.
DEPRESSÃO
•Entrega Passiva Doença, Desistência, Desesperança.
Depressão Reacional(Luto) X Depressão melancólica
•Culpa,auto acusação,ausência de cuidados elementares,desânimo
intenso,fracasso,perda deinteressenomundo,risco aumentado de suicídio;
•*Passageiro Reativo(Transtorno Mental).
ENFRENTAMENTO
•Alternância entre luta e o luto: Revolta só luta e depressão só luto;
•Luta é tudo o que uma pessoa faz diante de um limite tentando modificá-lo;
•Luto é tudo aquilo que uma pessoa faz diante de uma perda objetal, tentando
suportá-la: Ex: paciente com problemas cardíacos – (submeter-se a uma cirurgia =
luta; modificar hábitos = luto)
•Não existe uma única forma –particular e único.
•Sempre há algo que podemos fazer: Buscar especialistas –melhor tratamento
(Potente); Não ter cura (impotente);
REALISMO: Potência + Impotência.
Diagnóstico Situacional: dimensão corporal, vida psíquica, vida social e vida cultural.
Físico
•Relação Pessoal Com Seu Corpo: Cuidados de Higiene; Formas De Se Vestir; Maneira
Como Se Refere Ao Corpo.
Vida Psíquica
•Identificar: principais traços da personalidade; Possíveis Conflitos Psicodinâmicos;
Doenças Mentais.
•Situações Frequentes: Paciente Psiquiátrico Que Adoece Fisicamente(continuidade da
medicação);
Paciente histórico psiquiátrico e passa apresentar sintomas:
(orgânico,medicamentoso,dependência...);
Paciente com sintomas físicos em razão de conflitos psíquicos(crise
conversiva,histeria,DNV,xilique,piti...).
Vida social
•Rede De Relacionamentos Interpessoais;
•SVD–SITUAÇÃO VITAL DESENCADEANTE:
Acontecimento na vida do sujeito que pode lhe criar estresse
Pode Ser Visto Como Um Precipitador Doença: Separação,traição,morte,conflito
familiar,desemprego… Pode não ter nenhum SVD.
•GANHO SECUNDÁRIO: Privilégio que passa a ganhar por ficar doente(material,afetivo
psicológico); Reforço Positivo Na Manutenção Da Doença.
•FIGURAS VITAIS: Pessoas Consideradas Importantes Da Vida Do Sujeito;
Positiva(motivação)ou negativa(problema); Informações que auxiliam o trabalho Psi.
Vida Cultural
•O Psicólogo Não Precisa Aderir Cultura Do Paciente: Manter Postura Aberta, inclusiva;
Levar Em Consideração Os Valores Culturais Do Paciente; Reconhecendo a
importância destes valores para o processo de adoecimento.
•Religião;
•Linguagem;
•Questões Sociais;
•Medicina popular:crenças formas tradicionais de tratamento (empirismo,misticismo sem
remédios naturais).
Solicitação e demanda de atendimento
•Solicitação: pedido de atendimento (médico, enfermagem, paciente, família);
•Demanda: Estado psicológico caracterizado por um questionamento ou incômodo, da
própria pessoa, em relação à maneira que está vivenciando o adoecimento.
•Demanda e solicitação podem não ser coincidentes: Demanda que não vem do paciente
de onde veio? Incomoda a quem?
Realidade institucional
•Relação Paciente Profissional De Saúde:não é dual;
Terceiro elemento: Hospital/governo/sistema de saúde/empresa de seguro....
Analisar a situação do paciente quanto às questões institucionais;
A Inserção Do Psicólogo Nesse Universo.
Roteiro De Avaliação Psicológica
PRINCIPAIS FUNÇÕES:
● Função Diagnóstica: Possibilita o levantamento de Hipótese diagnóstica,
quando necessário, auxiliando a determinação das causas e a dinâmica das
alterações e/ou distúrbios da estrutura psicológica do paciente.
● Função De Orientador De Foco: Favorece a eleição do foco a ser trabalhado
junto ao paciente.
● Avaliação Continuada Do Processo Evolutivo Do Processo Do Adoecer:
Observações evolutivas tendo em vista mudanças de foco, intercorrências
que levam a pessoa a ressignificar a doença.
● Fornecimento De Dados Sobre A Estrutura Psicodinâmica Da
Personalidade.
● Possibilitar Diagnóstico Diferencial Quanto A Quadros
Psicológicos/Psiquiátricos.
● História Da Pessoa: Coleta de informações sobre suas relações ser-em-si e
ser-no-mundo (não se trata doenças, trata-se de pessoas doentes).
● Estabelecimento Das Condições De Relação Da Pessoa Com Seu
Prognóstico (Limites x Possibilidades): Ser ou estar doente; processo de
negação/aceitação.
OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES
● Receptivo ao tratamento;
● Conhecimento/entendimento do tratamento;
● Relação com a doença/tratamento/hospitalização;
● Postura frente a doença: necrófilo/biófilo;
● Manifestações psíquicas;
● Mecanismos de defesas observados;
● Recursos de enfrentamento: positivos/negativos.
4- ATRIBUIÇÕES DO PSICÓLOGO
CÓDIGO DE ÉTICA
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS:
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da
dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que
embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das
pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os
impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se
de forma crítica e em consonância com os demais princípios deste Código.
Prontuários:
● Fica garantido ao usuário ou representante legal o acesso integral às
informações registradas em prontuário;
● Registro realizado em prontuário único;
● Registrar apenas informações necessárias ao cumprimento dos objetivos do
trabalho.
REGISTRO PROFISSIONAL
A redação do registro deve seguir os princípios técnicos da linguagem escrita, que
deve ser bem estruturada, expressando com clareza o que quer comunicar a
equipe;
● Escrito a caneta, na folha de evolução ou formulário próprio;
● Escrita corrida, sem parágrafos;
● Sem rasuras;
● Linguagem técnica (preferencialmente na terceira pessoa);
● Data e hora;
ATRIBUIÇÕES E PROCEDIMENTOS
OBSERVAÇÃO PSICOLÓGICA: Objetiva colher dados sobre estado mental e
estado emocional do paciente e/ou familiares.
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: Avaliar a atividade diante da doença hospitalização,
estratégias de enfrentamento e presença de fatores emocionais e comportamentais
que prejudiquem o prognóstico do paciente.
● Exame do estado mental (atenção, orientação, memória, pensamento,
consciência...);
● Contato com o profissional (colaborativo, choroso, ansioso, agitado,
agressivo ...);
● Queixa X solicitação equipe;
● História de vida – funcionamento frente a dificuldades anteriores, formas de
enfrentamento em situações adversas (recursos de enfrentamento, mecanismos de
defesa);
● Rede de apoio;
ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA: Procedimento de continuidade da assistência após
a realização da avaliação psicológica;
ORIENTAÇÃO PSICOLÓGICA: Procedimento pontual para a orientação sobre
algum aspecto do tratamento;
● Esclarecer dúvidas com o objetivo de dissipar angústias, possibilitando maior
controle da situação e minimizando os efeitos da
ansiedade.
SUPORTE PSICOLÓGICO: Elaboração do impacto do adoecer, sensibilização
para o autocuidado, reconhecimento das
suas capacidades e possibilidades.
PSICOEDUCAÇÃO: Procedimento de caráter informativo sobre algum aspecto do
adoecer e/ou hospitalização.
ORIENTAÇÃO PARA PROCEDIMENTOS (Paciente/família): auxilia na prevenção
às reações psíquicas desadaptativas e propicia a colaboração do paciente,
favorecendo um sentimento de controle e segurança.
PSICOTERAPIA BREVE: Planejada em função do contexto, tempo, necessidade,
pertinência, organização interna e disponibilidade do sujeito. FOCO DEFINIDO!
ORIENTAÇÃO PARA ALTA: Favorecer a adesão ao tratamento e realizar
encaminhamentos pertinentes.
MANEJO DA SITUAÇÃO: Intervenção com a equipe para manejo das situações
psicologicamente difíceis, é focado na viabilização de cuidado do paciente (ex.
Comunicação).
5- Comunicação
COMUNICAÇÃO:
● Communicare: colocar em comum.
● Comunicação é um processo dinâmico: intercâmbio de mensagens
enviadas e recebidas; Influencia os comportamentos das pessoas a curto,
médio e longo prazo.
● Intercâmbio: A pessoa recebe o conteúdo necessita saber; mas além disso,
é importante informá-lo da forma adequada, reassegurando a compreensão
do mesmo.
TIPOS DE PACIENTE
• A abordagem pode variar de acordo com a fase do desenvolvimento em que o paciente
está, assim como o tipo de doença (agudo/crônico/paliativo/cuidado de fim de vida).
A CRIANÇA
•A família relação de proteção, evitando o sofrimento;
•A equipe e os responsáveis prejudicial oferecer as informações;
•Não contribuem com a terapêutica necessária; ou para não prejudicá-las emocionalmente.
•Incapacidade em compreender e assumir responsabilidades sobre o tratamento;
•A resistência do profissional em adequar o seu vocabulário para a realidade infantil.
•Criança apenas como provedora de informações.
O SEGREDO
• DILEMA: incluí-la nas discussões sobre o diagnóstico; ou assumir a postura paternalista,
para protegê-la.
• A não revelação da verdade se torna ainda mais prejudicial à criança, pois: Ela
compreende as mudanças em seu corpo; Mudança de rotina; Tratamento que precisa
percorrer.
• Descobrir o segredo pode criar dimensões aterrorizantes para o psiquismo da criança:
conflitos emocionais; raiva; dificuldades no desenvolvimento psicossocial; e
comportamentos autodestrutivos.
Ferramentas de comunicação
PORQUE CONVERSAR É IMPORTANTE: Compartilhar seus desejos sobre cuidados no
fim da vida pode aproximá-lo daqueles que ama.
COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS
A DEFINIÇÃO DE MÁ NOTÍCIA
● Informações que afetam a visão do sujeito sobre seu futuro;
● Está sempre na perspectiva de quem olha;
● Não se pode estimar o impacto até determinar as expectativas e
compreensão de quem recebe;
● Ameaças a integridade física/mental;
A comunicação de notícias difíceis ou más no processo de adoecer e tratar
desafio para a equipe
A transmissão da equipe ao P/F de informações que podem, direta ou
indiretamente, resultar em alterações negativas na vida destes, afetando sua visão
e suas expectativas do futuro.
Via de regra associada à transmissão de diagnóstico de doenças terminais; pode
tratar de informações e patologias menos dramáticas, mas igualmente
traumatizantes para o P/F e ser estressante para a equipe.
● A má notícia envolve informações que possam acarretar mudanças
negativas e abruptas na perspectiva de futuro do paciente.
● Tais notícias podem ser encaradas como ameaças à integridade física e/ou
mental do indivíduo, provocando reações variadas e que dependem do
contexto psicossocial no qual o mesmo se encontra inserido.
● A maioria dos pacientes deseja saber a verdade.
● Seus benefícios são maiores do que os danos, principalmente aqueles de
origem psicológica, que levam a uma maior aceitação da enfermidade e da
morte.
● Não comunicar a verdade pode por outro lado: levar o paciente ao
isolamento e quebra do vínculo com o profissional, caso desconfie de algo
relacionado ao seu diagnóstico ou prognóstico.
Artigo 34 do Código de ética Médica:
“É vedado ao profissional deixar de informar ao paciente sobre o diagnóstico de
sua doença, como também sobre o prognóstico, os riscos e objetivos do
tratamento, salvo quando a comunicação direta possa provocar-lhe dano, sendo
assim, a comunicação deve ser feita ao seu representante legal”.
Já para a dificuldade na comunicação não se encontra no informar ao
doente, mas em saber como, quando e quanto se deve revelar;
Uma notícia dada de maneira inadequada pode ser tão ou mais danosa
do que a falta da mesma. Podendo modificar:
● a compreensão da informação do sujeito que a recebe;
● a satisfação com o cuidado da equipe;
● o nível de esperança; e
● a adaptação psicológica consequentemente.
COMUNICAÇÃO DO ÓBITO
PROFISSIONAIS DE SAÚDE:
● estarem atentos às necessidades e singularidades de cada paciente
e de cada família;
● se prepararem, não só do ponto de vista técnico, mas também do
emocional, para enfrentar o processo de comunicação de más
notícias, tão presente e frequente na rotina de um hospital.
PROTOCOLO SPIKES
1- PLANEJAR A ENTREVISTA
(S – Setting Up the Interview)
• Rever o plano para contar ao paciente;
• Identificar um ambiente privado;
• Considerar a trajetória do paciente, inteirando-se da sua história;
• Envolver amigos e parentes no processo caso seja da vontade do paciente;
• Sentar e se conectar com o paciente através do olhar ou do toque, mostrando
que não fará a comunicação com pressa e contribuindo para o estabelecimento de
um vínculo.
LIMITAÇÕES PROFISSIONAIS
•Os médicos e os profissionais de saúde descrevem que ao
comunicar más notícias, sentem: Desconforto; Frustração; Impotência; Medo;
•O profissional lança mão de estratégias (conscientes ou não), de como lidar com
tais situações: tentar ocultar o diagnóstico através de silenciamentos,
comunicações abruptas de prognósticos, assumindo uma postura muito técnica,
não dando espaço para perguntas que não possa ou não saiba responder.