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Dissertação de Mestrado: Implementação em Fpga de Estratégias de Controle Preditivo para Um Quadrirrotor

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

IMPLEMENTAÇÃO EM FPGA DE ESTRATÉGIAS DE CONTROLE


PREDITIVO PARA UM QUADRIRROTOR

Alceu Bernardes Castanheira de Farias

Brasília, Março de 2019

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

IMPLEMENTAÇÃO EM FPGA DE ESTRATÉGIAS DE CONTROLE


PREDITIVO PARA UM QUADRIRROTOR

Alceu Bernardes Castanheira de Farias

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE


ENGENHARIA MECÂNICA DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
SISTEMAS MECATRÔNICOS

APROVADA POR:

Prof. Dr. André Murilo de Almeida, PPMEC/UnB


Orientador

Prof. Dr. Renato Vilela Lopes, FGA/UnB


Coorientador

Prof. Dr. Daniel Maurício Muñoz Arboleda, PPMEC/UnB


Membro Interno

Prof. Dr. Renato Coral Sampaio, FGA/UnB


Membro Externo

BRASÍLIA/DF, 29 DE MARÇO DE 2019


Bernardes Castanheira de Farias, Alceu
Implementação em FPGA de estratégias de controle preditivo para um quadrirrotor
/ Alceu Bernardes Castanheira de Farias. –Brasil, 2019.
120 p.

Orientador: André Murilo de Almeida Pinto


Coorientador: Renato Vilela Lopes
Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília – UnB
Faculdade de Tecnologia – FT
Programa de Pós-Graduação em Sistemas Mecatrônicos – PPMEC, 2019.
1. Sistemas de Controle. 2. Sistemas Embarcados. 3. Controle Preditivo Baseado
em Modelo. 4. FPGA. 5. Quadrirrotores. I. André Murilo de Almeida Pinto, orientador.
II. Renato Vilela Lopes, coorientador. III. Universidade de Brasília. IV. Faculdade de
Tecnologia.
Agradecimentos

Em primeiro lugar a Deus, por permitir que eu pudesse realizar mais essa etapa da minha
trajetória acadêmica e por tudo que me proporcionou em minha vida.
À minha mãe, Máuria Maria Castanheira, por toda sua luta para permitir que eu pudesse chegar
aonde cheguei. Tudo que eu conquistei e hei de conquistar é graças ao seu amor e tudo que me
ensinou.
À minha namorada, Mônica, pelo apoio e compreensão durante todo esse período do mestrado.
Sem seu carinho e sua ajuda eu não teria conseguido cumprir mais esta etapa na minha vida.
Aos meus orientadores André Murilo e Renato Lopes, cujas orientações foram fundamentais
para a conclusão deste trabalho. Obrigado pelo auxílio, pelas conversas e por terem aceito este
desafio junto comigo.
Aos professores Daniel Muñoz e Renato Coral, cujos conhecimentos e auxílios prestados foram
fundamentais para alcançar os resultados obtidos neste trabalho.
A todos os meus familiares, amigos e colegas de pós-graduação, que auxiliaram e contribuíram
de alguma forma, seja com o trabalho em si ou por meio de experiências vividas durante esse
período.
A todos os demais professores e funcionários do PPMEC que me ajudaram em diversos pontos
dessa caminhada e permitiram que mais esta etapa pudesse ser concluída.
Por fim, à CAPES, pela bolsa que me auxiliou financeiramente durante todo meu período de
mestrado.

Alceu Bernardes Castanheira de Farias


Resumo

Uma das técnicas de controle que mais impactou tanto a indústria quanto a academia nos últimos anos
foi a estratégia de controle conhecida como Controle Preditivo baseado em Modelo (MPC). A principal
razão para o interesse nesse tipo de controlador é o fato de o mesmo ser capaz de controlar um sistema res-
peitando as restrições que são impostas ao mesmo, independente da natureza delas (normas de segurança,
faixa de operação dos atuadores, normas de qualidade de um produto, etc.), ao mesmo tempo que encontra
uma solução ótima que satisfaz os objetivos de controle desejados.

Entretanto, o MPC possui uma grande desvantagem: seu elevado custo computacional. Isso limita a
implementação do MPC a sistemas de dinâmicas mais lentas, o que tem levado a um aumento no estudo
de técnicas de otimização e no desenvolvimento de sistemas mais rápidos e com mais recursos, capazes de
acelerar o MPC para aplicá-lo a sistemas de dinâmicas mais rápidas.

Neste cenário, este trabalho apresenta o desenvolvimento de uma arquitetura em hardware do MPC,
utilizando FPGA (do inglês, Field Programmable Gate Array) para sua implementação. Este tipo de
dispositivo reconfigurável tem ganho notoriedade na literatura por permitir a aceleração de algoritmos, por
meio da paralelização dos mesmos ao implementá-los diretamente em hardware. A aplicação escolhida
para este trabalho consiste em um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) quadrirrotor, um tipo de sistema
amplamente utilizado em diversas áreas e muito estudado na atualidade, já que é considerado um problema
de controle desafiador para a aplicação do controlador MPC, devido às dimensões do seu modelo e suas
dinâmicas rápidas, que também são acopladas e inerentemente instáveis.

Neste trabalho, são apresentados resultados referentes à implementação do MPC sem aplicação de
restrições e com aplicação de restrições implementados em FPGA, com o objetivo de rastrear trajetórias
pré-definidas para o quadrirrotor. Todos os algoritmos são desenvolvidos manualmente e implementados
utilizando artimética em ponto flutuante. Os resultados mostram que o MPC sem restrições consome menos
recursos de hardware do que a solução com restrições, mas não é capaz de lidar com cenários nos quais
restrições não podem ser violadas. Por outro lado, O MPC com restrições respeita essas restrições, ao
custo de um consumo de hardware maior. Por conta da sua complexidade, o MPC com restrições também
exige maior precisão em ponto flutuante, de forma que os melhores resultados foram alcançados utilizando
tamanho de dados de 32 bits em ponto flutuante.

• Palavras-chave: Sistemas de controle, Sistemas embarcados, Controle Preditivo Baseado em Mo-


delo, Quadrirrotores, FPGAs

i
Abstract

One of the most impactful control techniques both in industry and academia through the last years is the
control strategy known as Model Predictive Control (MPC). The main reason for such interest on this type
of controller is due to the fact that it is capable of controlling a system while handling constraints imposed
to it, regardless of the nature of such constraints (security, operation range of the actuators, quality norms
of a product, etc.), while still finding an optimal solution that satisfies the desired control objectives.

However, MPC has a major drawback: its elevated computational cost. This limits MPC implementa-
tion to systems with slower dynamics, which has lead to an increase of studies regarding new optimization
techniques and the development of faster and more resourceful systems, capable of accelerating MPC in
order to apply it to systems with faster dynamics.

Regarding this scenario, this work presents the development of a hardware architecture for MPC, using
FPGA (Field Programmable Gate Array) for its implementation. This type of reconfigurable device has
gained notoriety in literature for allowing the speedup of embedded algorithms, by parallelising and imple-
menting them directly in hardware. The chosen application for this work consists of a quadrotor Unmanned
Aerial Vehicle (UAV), a type of system that has been widely used today in many fields of application and
vastly studied, as it is considered a challenging control problem for MPC, due to the dimensions of its
model and fast dynamics, which are also coupled and inherently unstable.

In this work, results regarding both unconstrained MPC and constrained MPC implemented using
FPGA are presented, with the goal of tracking predefined trajectories for the quadrotor. All control al-
gorithms were developed manually and using floating point arithmetic. The results obtained show that
unconstrained MPC consumes less hardware resources than the constrained solution, but it is not capable
of handling scenarios in which constraints must not be violated. On the other hand, constrained MPC is
capable of handling these constraints, at the cost of a higher hardware consumption. Due to its complexity,
constrained MPC also demands a higher floating point precision, so that the best results were obtained
using a 32 bits data width in floating point.

• Keywords: Control systems, Embedded systems, Model Predictive control, Quadrotors, FPGAs

ii
SUMÁRIO

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . i

ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ii

LISTA DE FIGURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iv

LISTA DE TABELAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . viii

LISTA DE ABREVIATURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . x

LISTA DE SÍMBOLOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xii

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 Objetivos ....................................................................................................... 5
1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................. 5
1.1.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 5
1.2 Contribuições do trabalho .................................................................................. 5
1.3 Organização do manuscrito ................................................................................ 6

2 Revisão bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.1 Controle Preditivo Baseado em Modelo (MPC) ...................................................... 7
2.1.1 Introdução ao MPC .......................................................................................... 7
2.1.2 Desenvolvimento histórico do MPC ..................................................................... 8
2.1.3 Fundamentação teórica do MPC.......................................................................... 12
2.1.4 Formulação do MPC sem restrições ..................................................................... 20
2.1.5 Formulação do MPC com restrições..................................................................... 22
2.1.6 Parametrização do MPC .................................................................................... 29
2.2 Quadrirrotor ................................................................................................... 33
2.2.1 Revisão bibliográfica ........................................................................................ 33
2.2.2 Modelagem do quadrirrotor ............................................................................... 37
2.3 FPGAs .......................................................................................................... 48
2.3.1 Introdução e desenvolvimento histórico dos FPGAs ................................................ 48
2.3.2 Aplicação de FPGAs em sistemas de controle e MPC .............................................. 51
2.3.3 Aritmética de ponto flutuante em FPGAs .............................................................. 55

iii
3 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.1 Simulação do controlador MPC utilizando MATLAB .............................................. 58
3.2 Desenvolvimento de arquitetura em VHDL do controlador MPC aplicado ao quadrirrotor 61
3.2.1 Módulos de cálculo matricial em ponto flutuante .................................................... 62
3.2.2 Armazenamento de matrizes do MPC em VHDL .................................................... 69
3.2.3 Arquitetura em VHDL do MPC sem restrições....................................................... 70
3.2.4 Arquitetura em VHDL da formulação completa do MPC.......................................... 75
3.3 Simulação da arquitetura do controlador MPC em FPGA ......................................... 78

4 Resultados e discussões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.1 Resultados da simulação do controlador MPC utilizando MATLAB............................ 84
4.1.1 Resultados da simulação do controlador MPC sem restrições em MATLAB ................. 85
4.1.2 Resultados da simulação do controlador MPC com restrições em MATLAB ................. 88
4.2 Resultados do desenvolvimento de arquitetura em VHDL do controlador MPC ............. 92
4.3 Resultados da simulação da arquitetura em VHDL do controlador MPC ...................... 95
4.3.1 Resultados da simulação da arquitetura em VHDL do controlador MPC sem restrições... 95
4.3.2 Resultados da simulação da arquitetura em VHDL do controlador MPC com restrições .. 101

5 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
5.1 Conclusões do Trabalho .................................................................................... 110
5.2 Sugestões de trabalhos futuros ............................................................................ 112

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114


LISTA DE FIGURAS

1.1 Áreas industriais de aplicação do MPC embarcado em plataformas de hardware. Fonte:


(DOMAHIDI et al., 2016). ..................................................................................... 2
1.2 Pesquisa em bases de dados disponíveis no periódicos CAPES sobre o número de publica-
ções referentes a MPC, FPGA e quadrirrotores. .......................................................... 4

2.1 Mapa de predição de N passos a frente: para cada sequência de controle u e calculada, uma
trajetória x̃(k|e
u(k)) correspondente é obtida com base no estado inicial x(k) do sistema,
ao longo de todo o horizonte de predição adotado. Fonte: (ALAMIR, 2013). .................... 14
(n ,N)
2.2 Funcionamento da matriz de seleção Πi l : seleciona o i-ésimo vetor de dimensão nl de
um vetor composto por N concatenações de vetores. Na figura, tém-se o exemplo de um
problema de controle com horizonte de predição N = 6. Fonte: (ALAMIR, 2013). ............. 15
2.3 Aumento do valor da função custo que pode ser causado ao adotar-se um passo α muito
grande. Adaptado de: (ALAMIR, 2013).................................................................... 23
2.4 Diferentes tipos de VANT disponíveis na atualidade. Adaptado de: (KANELLAKIS; NI-
KOLAKOPOULOS, 2017)..................................................................................... 34
2.5 Técnicas de controle para VANT e suas respectivas classificações. Fonte: (ALVARENGA
et al., 2015)......................................................................................................... 35
2.6 Sistema de coordenadas adotado na modelagem do quadrirrotor. Fonte: (SANTANA;
BORGES, 2009). ................................................................................................. 38
2.7 Diagrama de blocos do kit de desenvolvimento KC-705 da Xilinx. Adaptado de: (XILINX,
2019)................................................................................................................. 50
2.8 Representação numérica em ponto fixo. Adaptado de : (URRIZA et al., 2010). ................. 56
2.9 Representação numérica em ponto flutuante. Adaptado de : (URRIZA et al., 2010). ........... 56

3.1 Arquitetura do módulo multiplicador de matrizes em ponto flutuante no modo de operação


mode = ’1’. ......................................................................................................... 65
3.2 Arquitetura do módulo multiplicador de matrizes em ponto flutuante no modo de operação
mode = ’0’. ......................................................................................................... 66
3.3 Arquitetura do módulo de soma/subtração de matrizes em ponto flutuante. ....................... 68
3.4 Diagrama de blocos com os módulos principais que compõem a arquitetura do MPC sem
restrições............................................................................................................ 71
3.5 Arquitetura em hardware do módulo model_ simulator. ............................................... 73
3.6 Arquitetura em hardware desenvolvida para o controlador MPC sem restrições. ................ 74

v
3.7 Diagrama de blocos do MPC: módulos necessários para a implementação do algoritmo
utilizando o solver de QP PGE (solver_ sat_ pen) e interconexão entre os mesmos. ............ 76
3.8 Arquitetura em hardware do controlador MPC com sua formulação completa: aplicando-se
as restrições do problema de controle. ...................................................................... 78
3.9 Etapas de validação de sistemas desenvolvidos em linguagem de descrição de hardware.
Adaptado de: (TOCCI; WIDMER; MOSS, 2007) ....................................................... 79
3.10 Esquemático de testes de algoritmo a nível de sistemas utilizando a técnica FPGA-in-the-
Loop (FIL). Adaptado de: (MATHWORKS, 2019) ...................................................... 80
3.11 Setup de testes para conexão entre FPGA e Simulink utilizando o HDL Verifier. ................ 81
3.12 Bloco FIL referente ao algoritmo embarcado em FPGA utilizado na simulação com o HDL
Verifier no Simulink.............................................................................................. 82

4.1 Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de N adotado para o contro-
lador MPC sem restrições no cenário de referências de degrau filtrado. ............................ 86
4.2 Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de N adotado para o controlador
MPC sem restrições no cenário de referências de degrau filtrado. ................................... 86
4.3 Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de N adotado para o contro-
lador MPC sem restrições no cenário de trajetória helicoidal.......................................... 87
4.4 Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de N adotado para o controlador
MPC sem restrições no cenário de trajetória helicoidal. ................................................ 87
4.5 Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de N adotado para o contro-
lador MPC com restrições no cenário de referências de degrau filtrado............................. 88
4.6 Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de N adotado para o controlador
MPC com restrições no cenário de referências de degrau filtrado. ................................... 88
4.7 Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de Niter adotado para o
controlador MPC com restrições no cenário de referências de degrau filtrado. ................... 89
4.8 Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de Niter adotado para o contro-
lador MPC com restrições no cenário de referências de degrau filtrado............................. 89
4.9 Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de N adotado para o contro-
lador MPC com restrições no cenário de trajetória helicoidal. ........................................ 90
4.10 Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de N adotado para o controlador
MPC com restrições no cenário de trajetória helicoidal................................................. 90
4.11 Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de Niter adotado para o
controlador MPC com restrições no cenário de referências de degrau filtrado. ................... 91
4.12 Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de Niter adotado para o contro-
lador MPC com restrições no cenário de referências de degrau filtrado............................. 91
4.13 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com
a simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 40 e referências de degrau filtrado. .. 96
4.14 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições (ver-
melho) com a simulação em MATLAB (azul): variáveis de controle para N = 40 e referên-
cias de degrau filtrado. .......................................................................................... 96
4.15 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com
a simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 40 e trajetória helicoidal. ............... 97
4.16 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições (ver-
melho) com a simulação em MATLAB (azul): variáveis de controle para N = 40 e trajetória
helicoidal. ......................................................................................................... 97
4.17 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com
a simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 50 e referências de degrau filtrado. .. 98
4.18 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com
a simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 50 e referências de degrau fil-
trado. ................................................................................................................ 98
4.19 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com
a simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 50 e trajetória helicoidal. ............... 99
4.20 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com
a simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 50 e trajetória helicoidal. .......... 99
4.21 Resposta das saídas restringidas do MPC sem restrições para referências de degrau filtrado
com valor final igual a 50. Restrições em vermelho. .................................................... 100
4.22 Resposta das saídas restringidas do MPC com restrições para referências de degrau filtrado
com valor final igual a 50. Restrições em vermelho. .................................................... 101
4.23 Comparação entre cálculo de saídas do quadrirrotor utilizando HDL Verifier e simulação
comportamental no Vivado. .................................................................................... 102
4.24 Comparação entre cálculo de variáveis de controle utilizando HDL Verifier e simulação
comportamental no Vivado. .................................................................................... 102
4.25 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com
a simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 40, Niter = 30 e referências de
degrau filtrado. .................................................................................................... 103
4.26 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com
a simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 40, Niter = 30 e referências de
degrau filtrado. ................................................................................................... 103
4.27 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com
a simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 40, Niter = 30 e trajetória helicoidal. 104
4.28 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com
a simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 40, Niter = 30 e trajetória heli-
coidal. .............................................................................................................. 104
4.29 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com
a simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 50, Niter = 30 e referências de
degrau filtrado. .................................................................................................... 105
4.30 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com
a simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 50, Niter = 30 e referências de
degrau filtrado. ................................................................................................... 105
4.31 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com
a simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 50, Niter = 30 e trajetória helicoidal. 106
4.32 Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com
a simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 50, Niter = 30 e trajetória heli-
coidal. .............................................................................................................. 106
LISTA DE TABELAS

1.1 Tipos de desenvolvimento de estratégias de controle. Fonte: (KOZÁK, 2014). .................. 1

2.1 Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de VANT. Adaptado de: (KANELLAKIS;
NIKOLAKOPOULOS, 2017). ................................................................................ 35
2.2 Parâmetros utilizados na modelagem das equações dinâmicas do quadrirrotor. Fonte: (LO-
PES et al., 2011). ................................................................................................. 47
2.3 Síntese de trabalhos encontrados na literatura referentes à implementação de diferentes
tipos de controladores preditivos utilizando FPGAs. .................................................... 52

3.1 Relação dos tipos de matrizes utilizadas na arquitetura dos controladores MPC. ................ 70
3.2 Características e funcionalidades do kit KC-705 da Xlinx. Fonte: (XILINX, 2019)............. 82

4.1 Consumo de recursos de hardware do kit de FPGA KC-705 necessários para implementar
cada módulo que compõem o MPC com e sem restrições de acordo com o valor de N
adotado e o número total de bits utilizados em ponto flutuante. ...................................... 92
4.2 Consumo de recursos de hardware do kit de FPGA KC-705 necessários para implementar
os controladores MPC sem restrições e com restrições de acordo com o valor de N adotado
e o número total de bits utilizados em ponto flutuante................................................... 93
4.3 Estimativa de consumo de recursos de hardware do kit de FPGA KC-705 necessários para
implementar os controladores MPC sem restrições e com restrições de acordo com o va-
lor de N adotado e o número total de bits utilizados em ponto flutuante, sem levar em
consideração o módulo model_ simulator. ................................................................. 94
4.4 Tempo de cálculo das variáveis de controle por parte dos controladores MPC com restrições
implementados em FPGA. ..................................................................................... 106

ix
LISTA DE ABREVIATURAS

AMPC Adaptative Model Predictive Control

CLB Configurable Logic Block

CPLD Complex Programmable Logic Device

DMC Dynamic Matrix Control

DSP Digital Signal Processing

EDA Electronic Design Automation

FB Feedback Control

FFW Feedforward Control

FPGA Field Programmable Array

FSM Finite State Machine

GAL Generic Logic Arrays

GE Gradiente com Expansão

GPU Graphics Processing Unit

HIL Hardware in the Loop

I/O Inputs/Outputs

LNS Logarithmic Number System

LQ Linear Quadratic Control

LQG Linear-Quadratic-Gaussian Control

LUT Look Up Table

MHPC Model Heuristic Predictive Control

MPC Model Predictive Control

MIMO Multiple Input Multiple Output

MSB Most Significant Bit

NMPC Non-linear Model Predictive Control

x
PAL Programmable Logic Arrays

PDIP Primal Dual Interior Point

PLD Programmable Logic Device

PLL Phase Lock Loop

PSO Particle Swarm Operation

PVC Policoreto de Vinila

QFT Quantitative Feedback Theory

PGE Projeção do Gradiente com Expansão

QP Quadratic Problem

RAM Random Access Memory

RBFNN Radial Basis Function Neural Network

RC Ratio Control

RHC Receding Horizon Control

ROM Read Access Memory

SoC System on Chip

SQP Sequential Quadratic Problem

TSR Truncated Step Response

UAV Unmanned Aerial Vehicle

USB Universal Serial Bus

VANT Veículo Aéreo Não-Tripulado

VHDL Very High Speed Integrated Circuit Hardware Description Language

VTOL Vertical Take-Off and Landing


LISTA DE SÍMBOLOS

ωi Velocidade angular do i-ésimo motor do quadrirotor

b Coeficiente de empuxo das hélices dos motores do quadrirotor

d Coeficiente de arrasto do quadrirotor

e Número de bits do expoente de um número representado em ponto flutuante

f Número de bits da mantissa de um número representado em ponto flutuante

g Gravidade local

Ixx Coeficiente de empuxo das hélices dos motores do quadrirotor

Iyy Coeficiente de empuxo das hélices dos motores do quadrirotor

Izz Coeficiente de empuxo das hélices dos motores do quadrirotor

L Meia envergadura do quadrirotor

m Massa do quadrirotor

N Horizonte de predição

Niter Número de iterações do solver PGE

nu Número de variáveis de controle do sistema

nx Número de variáveis de estado do sistema

ny Número de saídas do sistema

s Bit de sinal de um número representado em ponto flutuante

xii
Capítulo 1

Introdução

Uma das áreas que mais impactou a indústria e a academia nos últimos anos, contribuindo de maneira
fundamental com diversos campos da engenharia, é a área de sistemas de controle e automação (KOZÁK,
2014). Segundo Frank (2012), a tecnologia relacionada a sistemas de controle e automação pode ser en-
tendida como sendo composta por métodos, processos, instalações (tanto de hardware quanto de software)
e, obviamente, as estratégias de controle capazes de cumprir objetivos previamente estabelecidos sem a
interferência humana, de maneira independente.

Aplicações de sistemas de controle e automação estão presentes nos mais diversos campos do dia-
a-dia, desde os mais variados segmentos da indústria (como sistemas de telecomunicações, automóveis,
aeronaves, satélites, sistemas mecatrônicos) até a área biomédica (KOZÁK, 2014). Essa variedade de
aplicações têm motivado o desenvolvimento de sistemas de controle cada vez mais otimizados e avançados.
De fato, a teoria de controle evoluiu de forma a permitir uma grande variedade de técnicas de controle,
conforme pode ser visto na Tabela 1.1.

Tabela 1.1: Tipos de desenvolvimento de estratégias de controle. Fonte: (KOZÁK, 2014).


A. Controle PID Convencional B. Controle Avançado I C. Controle Avançado II D. Controle Avançado III
Controle Manual Adaptativo e selftuning Métodos de Controle Ótimo Controle Preditivo Híbrido
(LQ e LQG)
Feedback (FB) Gain Scheduling Controle Robusto Controlador Fuzzy
Controle em Cascata (CC) Multivariável (Espaço de Estados e Controle Preditivo Baseado Controle por Rede Neural
Funções de Transferência) em Modelo (MPC)
Feedforward (FFW) Decoupling Controle Decentralizado Controle de Eventos Discretos
Ratio Control (RC) Alocação de Pólos Síntese Polinomial Soft Computing híbrido não linear
Estrutura Combinada Controle Não Linear Controle Robusto QFT Expert Control
(CC + FFW + RC)

Dentre as técnicas de controle apresentadas, uma das que mais tem recebido destaque nos últimos anos
é o Controle Preditivo baseado em Modelo ou MPC (do inglês, Model Predictive Control). O objetivo
desta técnica de controle é obter uma estimativa do comportamento futuro do sistema a ser controlado,
obtendo a cada instante de tempo uma ação de controle ótima, que busca minimizar uma determinada
função custo para o problema de controle, dentro de um número finito de passos (EKAPUTRI; SYAICHU-
ROHMAN, 2013). Isso ocorre a cada instante de amostragem do sistema, permitindo que uma ação de
controle otimizado possa ser aplicada ao processo que está sendo controlado (HARTLEY et al., 2014).

O MPC têm tido um enorme impacto na indústria nos últimos anos (LEE, 2011), por conta das van-

1
tagens que essa técnica de controle oferece. A primeira delas é a capacidade de lidar com sistemas de
múltiplas entradas e saídas (do inglês, Mutiple Input Multiple Output ou MIMO) (VOUZIS et al., 2009).
Já a segunda, e uma das principais características que diferenciam o MPC em relação a outras técnicas
de controle, é a capacidade de levar em consideração as restrições de entrada e saída do sistema, de tal
forma que, segundo Alamir (2013), a única estratégia de controle avançada que possibilita lidar de maneira
sistemática com restrições é o MPC. Isso é de fato uma grande vantagem, uma vez que, em problemas
de controle reais, os componentes de um sistema possuem restrições inerentes às suas faixas de operação,
sejam elas relacionadas a restrições físicas dos atuadores do sistema, restrições de seguranças em algumas
variáveis-chave (temperatura e pressão, por exemplo) ou até mesmo restrições contratuais, como normas
de qualidade do produto.

Ainda segundo Alamir (2013), outras características importantes do MPC envolvem generalidade (ou
seja, a metodologia da técnica de controle pode ser aplicada a diferentes tipos de sistemas sem grandes mo-
dificações) e a capacidade de lidar com sistemas não lineares (dando origem ao Controle Preditivo Baseado
em Modelo Não Linear, do inglês Nonlinear Model Predictive Control, ou NMPC). Essa última caracterís-
tica não é uma exclusividade dessa técnica de controle, mas graças à generalidade descrita anteriormente,
há uma facilidade maior em utilizar essa técnica para desenvolver algoritmos de controle para sistemas não
lineares.

Essas características têm contribuído cada vez mais para a utilização do MPC como estratégia de con-
trole embarcada em diversos tipos de sistema. A Figura 1.1 mostra algumas das principais áreas de aplica-
ção do MPC embarcado.

Figura 1.1: Áreas industriais de aplicação do MPC embarcado em plataformas de hardware. Fonte: (DO-
MAHIDI et al., 2016).

A literatura também mostra que há uma grande quantidade de trabalhos que utilizam o MPC nas mais
diversas áreas. Uma das áreas que mais aplicam o MPC é a indústria automotiva, na qual é possível
destacar as contribuições de Shourkry, El-Kharashi e Hammad (2010), que utiliza o MPC embarcado em
um coprocessador para controlar um sistema de suspensão ativa; Spivey e Edgar (2012), que utiliza o

2
MPC no controle de células combustíveis de óxido sólido; Murilo, Alamir e Alberer (2014), que define
um framework de utilização do NMPC para o controle do caminho de ar de um motor a diesel; Takács et
al. (2016), cujo trabalho é voltado para a aplicação do MPC para controle de vibração em veículos; entre
outros.

Já na área aeroespacial, é possível destacar aplicações do MPC em satélites, como abordado nos tra-
balhos de Chen e Wu (2011) e de Hartley e Maciejowski (2013), além de aeronaves, como no trabalho já
citado de Hartley et al. (2014). Outras áreas de destaque correspondem à robótica, com aplicações volta-
das ao controle de robôs móveis diferenciais (WORTHMANN et al., 2015), robôs de pêndulo invertido no
trabalho (OHHIRA; SHIMADA, 2017) e exoesqueletos reconfiguráveis de membros inferiores (RODRI-
GUEZ; PONCE; MOLINA, 2017); energia e eletrônica de potência, área na qual, segundo Rodriguez et
al. (2009), o MPC é considerado uma técnica de controle simples mas poderosa, possibilitando o controle
de diversas aplicações; e até mesmo na área da saúde, abordando o estudo de regulação de glicose para
pacientes com diabetes tipo 1 (VOUZIS et al., 2009) e uma adaptação do MPC para o controle de uma
célula pancreática artificial, conhecida como Multi-Zone MPC, respectivamente (GROSMAN et al., 2011).

Apesar de todas as vantagens já supracitadas, há uma grande desvantagem inerente à formulação do


MPC: o seu elevado custo computacional. Essa característica explica o fato de que o MPC foi inicialmente
implementado em sistemas de dinâmica mais lenta, cujas taxas de amostragem não eram muito elevadas.
Portanto, há um grande número de áreas de aplicação que poderiam se beneficiar do MPC, mas devido à
característica citada acima, isso acaba se tornando inviável (DUA et al., 2008).

Um exemplo desse tipo de sistema é o chamado Veículo Aéreo Não Tripulado ou VANT (em inglês,
Unmanned Aerial Vehicle ou UAV). A área de projeto de controladores para esse tipo de sistema tem
sido amplamente estudada nos últimos anos, tendo em vista sua grande aplicabilidade na atualidade em
atividades remotas ou autônomas. Esse tipo de sistema é inerentemente instável, não linear e possui múl-
tiplas variáveis de entrada e saída. Apesar disso, quando um controlador apropriado é projetado, VANTs
apresentam boa estabilidade durante o vôo (LOPES et al., 2011).

Levando em consideração as características já citadas sobre o MPC, é possível perceber que o mesmo
se mostra uma alternativa de controle interessante para VANTs, sendo capaz de lidar com sistemas de
múltiplas entradas e saídas, não lineares e lidar com restrições (de forma a não permitir que o sistema
alcance regiões de instabilidade ao violar essas restrições). Adicionalmente, a complexidade do modelo
desse tipo de sistema (por conta de suas dimensões) torna desafiadora a implementação do MPC para o
caso de um VANT, o que por sua vez, torna este um problema de controle interessante de ser estudado.

Por conta dessa problemática, diversos estudos vêm sendo realizados nos últimos anos, no sentido de
possibilitar soluções mais eficientes e capazes de lidar com a elevada carga computacional exigida pelo
MPC (DUA et al., 2008). Uma dessas soluções que tem ganho bastante destaque recentemente é a utiliza-
ção de FPGAs (do inglês, Field Programmable Gate Arrays), dispostivos lógicos programáveis, compostos
por uma tecnologia que permite o desenvolvimento de sistemas embarcados baseados em arquiteturas pa-
ralelas, que por sua vez, podem ser implementadas diretamente em hardware, oferecendo soluções com
alta capacidade de processamento (MUÑOZ, 2012).

FPGAs têm sido utilizados para paralelizar algoritmos, permitindo não somente que os mesmos sejam
acelerados, mas também implementados em sistemas embarcados. Logo, é possível encontrar trabalhos

3
na literatura que mostram como esse tipo de hardware pode ser utilizado para implementar o MPC, sejam
eles problemas lineares, como proposto em Jerez et al. (2012) e nos já citados trabalhos de Vouzis et al.
(2009) e Hartley et al. (2014), ou até mesmo em casos não lineares, como nos trabalhos de Kaepernick et
al. (2014) e Ayala et al.(2016).

Com base nas discussões efetuadas até o momento, é possível perceber que há na literatura trabalhos
relacionados à utilização do MPC em VANTs e quadrirrotores e à utilização de FPGAs para implementa-
ções do MPC. Entretanto, não há muitos trabalhos na literatura que buscam unir essas vertentes: utilizar
FPGAs para embarcar o MPC e utilizá-las com VANTs e quadrirrotores. Isso pode ser evidenciado por
meio de uma pesquisa em bases de dados dos periódicos CAPES, conforme mostrado na Figura 1.2.

Figura 1.2: Pesquisa em bases de dados disponíveis no periódicos CAPES sobre o número de publicações
referentes a MPC, FPGA e quadrirrotores.

É importante salientar que essa pesquisa foi realizada com os termos UAV e quadrotor, no lugar dos
termos VANT e quadrirrotor, por se tratarem de bases de dados internacionais. Mesmo assim, a Figura 1.2
mostra que há bastante espaço para contribuição na literatura neste segmento de pesquisa.

Neste cenário, este trabalho propõe a implementação em FPGA de estratégias de controle preditivo,
sem e com aplicação de restrições, para rastreamento de trajetórias pré-definidas para um quadrirrotor. A
Figura 1.2 mostra que esse tipo de sistema possui ainda menos publicações na literatura, uma vez que trata-
se de um problema de controle desafiador. Entretanto, a melhoria contínua dos recursos computacionais
para aplicações de tempo real e o desenvolvimento de algoritmos numéricos eficientes para a resolução
de problemas de otimização em conjunto com o desenvolvimento de tecnologia dos FPGAs, motiva e
possibilita esse trabalho.

4
Para realizar tal implementação, este trabalho se baseia na formulação do MPC apresentada em Ala-
mir (2013). A estratégia de otimização do MPC adotada se dá por meio do algoritmo PGE (do inglês,
Projected Gradient Expansion), que também encontra-se disponível em Alamir (2013) no formato de al-
goritmos em MATLAB. O FPGA utilizado para implemetação do MPC corresponde a um kit KC-705 da
Xilinx, contendo um FPGA da família Kintex 7. A linguagem de descrição de hardware utilizada para a
implementação do controlador é o VHDL (do inglês, Very High Speed Integrated Circuit Hardware Des-
cription Language). A formulação do modelo do quadrirrotor adotada corresponde ao modelo linearizado
do sistema, que pode ser encontrado em Lopes et al. (2011).

Assim, utilizando ferramentas da Xilinx, como o Vivado e ferramentas do MATLAB para integração
com FPGAs, como o HDL Verifier, pretende-se validar as estratégias de controle desenvolvidas, bem como
estimar a quantidade de recursos de hardware necessários para a implementação das mesmas.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

• Implementar em FPGA estratégias de controle preditivo linear, sem e com restrições, aplicadas a um
veículo quadrirrotor.

1.1.2 Objetivos específicos

• Desenvolver manualmente todos os algoritmos em linguagem de descrição de hardware utilizados


para a implementação do MPC em FPGA;

• Desenvolver arquiteturas de hardware com precisão em ponto flutuante para implementação do MPC
em FPGA;

• Implementar em FPGA o MPC sem aplicação de restrições para controle de um veículo quadrirrotor;

• Implementar em FPGA o MPC aplicando restrições ao controle de um veículo quadrirrotor utilizando


como algoritmo de otimização o algoritmo PGE e utilizando parametrização exponencial.

1.2 Contribuições do trabalho

A primeira contribuição deste trabalho refere-se ao tema escolhido, devido à pouca quantidade de
trabalhos existentes que embarcam o MPC em FPGA para controle de aeronaves do tipo quadrirrotor.
Isso é importante, tendo em vista a complexidade do problema de controle envolvendo o quadrirrotor (um
sistema com muitos estados e variáveis de controle quando comparado com outros sistemas controlados
pelo MPC disponíveis na literatura).

Este trabalho propõe ainda mais duas contribuições importantes: (a) a implementação da arquitetura
do MPC utilizando o algoritmo de otimização PGE e utilizando aritmética de ponto flutuante; (b) o de-
senvolvimento manual dos algoritmos de controle em linguagem de descrição de hardware. Estas são

5
contribuições importantes pois a maioria das soluções de MPC embarcado em FPGA encontradas na li-
teratura utilizam ponto fixo e são desenvolvidas a partir de ferramentas de geração automática de código,
como o HDL Coder do MATLAB.

É possível citar ainda como contribuição deste trabalho o desenvolvimento de ferramentas de para-
metrização automática dos algoritmos desenvolvidos, por meio de scripts em MATLAB. Esses scripts
permitem que todos os algoritmos de controle desenvolvidos adaptem o tamanho das entradas, saídas e si-
nais que compõem os mesmos, de forma a atender as características e dimensões do problema de controle
com que se está trabalhando e preservando a lógica que foi desenvolvida manualmente em cada um deles.
Assim, é possível realizar testes alterando parâmetros dos controladores de maneira mais rápida e eficiente.

Portanto, com base em tudo que foi apresentado até este momento, é possível perceber que por meio
destas atividades este trabalho almeja realizar contribuições para uma área atual e relevante da literatura,
por meio de uma aplicação atual, relevante e que possui muito espaço para publicações, como é o controle
de quadrirrotores.

1.3 Organização do manuscrito

Este trabalho está organizado da maneira que se segue: o primeiro e presente capítulo apresenta a
introdução e justificativa do trabalho, bem como os objetivos gerais e específicos do mesmo; o segundo
capítulo apresenta toda a fundamentação teórica e a revisão bibliográfica referente às três grandes áreas que
abrangem este trabalho: MPC, quadrirrotores e FPGA; o terceiro capítulo corresponde à metodologia, ou
seja, quais as atividades que foram desenvolvidas para alcançar os objetivos do trabalho; o quarto capítulo
apresenta os resultados obtidos, assim como discussões acerca desses resultados; por fim, o quinto e último
capítulo apresenta as conclusões finais referentes a tudo que foi apresentado no trabalho e propostas de
trabalhos futuros.

6
Capítulo 2

Revisão bibliográfica

2.1 Controle Preditivo Baseado em Modelo (MPC)

2.1.1 Introdução ao MPC

A técnica de controle denominada Controle Preditivo Baseado em Modelo (MPC), também conhecida
como Controle de Horizonte Deslizante (do inglês, Receding Horizon Control ou RHC) corresponde a
uma estratégia na qual a ação de controle atual é obtida através da solução online de um problema ótimo de
controle em malha aberta com um horizonte finito, a cada instante de amostragem, utilizando o estado atual
da planta/processo como estado inicial. Esse problema de otimização produz uma sequência de controle
ótima, da qual somente o primeiro elemento é aplicado à planta (MAYNE et al., 2000).

A estratégia de controle do MPC envolve também a definição de uma função custo (ALAMIR, 2013).
Essa função é utilizada para expressar o objetivo do controle, ou seja, quais as variáveis mais relevantes
para o problema em questão, de modo que as mesmas possam ser minimizadas para alcançar os resultados
ótimos descritos no parágrafo anterior.

De maneira resumida, as etapas do MPC podem ser descritas da seguinte forma (ALAMIR, 2013):

1. Definição de uma função custo que expresse o objetivo do controle;

2. A cada instante de amostragem, medir os estados da planta/processo sendo controlado;

3. Computar a sequência de ações futuras utilizando a função custo desenvolvida;

4. Aplicar a primeira ação da sequência de controle ótimo obtida no passo anterior;

5. Repetir os itens 2, 3 e 4 a cada novo instante de amostragem.

De maneira geral, a minimização da função custo envolve a otimização de um problema de programa-


ção quadrática, comumente conhecido como QP (do inglês, Quadratic Programming). Se o problema é
linear, um QP é resolvido a cada instante de amostragem. Já no caso de um problema não linear, mais de
um QP deve ser resolvido a cada instante de amostragem, dando origem à chamada programação quadrática
sequencial (do inglês, Sequencial Quadratic Programming ou SQP) (FERREAU et al., 2017).

7
Felizmente, problemas de QP possuem soluções já consolidadas, tanto na literatura quanto em biblio-
tecas numéricas, para utilização em algoritmos de controle do MPC (ALAMIR, 2013).

O MPC não é um novo método de controle. Trata-se da resolução de problemas de controle ótimo, mas
feita de maneira online, utilizando os estados atuais da planta/processo sendo controlado, diferentemente
de outros tipos de controladores que realizam operações desta natureza de maneira offline, ou seja antes do
momento de execução do algoritmo de controle (MAYNE et al., 2000). Isso, associado às características
já citadas no capítulo anterior (capacidade de lidar com restrições, sistemas multivariáveis e sistemas não
lineares) tornaram o MPC uma das técnicas de controle mais importantes das últimas décadas.

As próximas subseções deste trabalho são responsáveis por apresentar os fundamentos teóricos refe-
rentes ao MPC. A primeira delas apresenta o desenvolvimento histórico do MPC, enquanto a segunda é
responsável por mostrar a formulação do MPC que foi utilizada neste trabalho.

2.1.2 Desenvolvimento histórico do MPC

O MPC foi introduzido há quase quatro décadas atrás e, desde então, vem se desenvolvendo bastante e
sendo introduzido cada vez mais em sistemas de controle industriais (LEE, 2011). De fato, segundo esse
mesmo autor, é possível dividir a história do MPC em três períodos distintos:

1. Primeiro período: introdução do MPC na indústria

2. Segundo período: fundamentação e solidificação da teoria do MPC

3. Terceiro período: diversificação e otimização do MPC

O primeiro período corresponde às primeiras citações das idéias de horizonte de controle deslizante
e controle preditivo apresentadas na literatura. Segundo Lee (2011), características essenciais do MPC
podem ser encontrados em projeto ainda mais antigos, que datam da década de 1950, com várias indústrias
petroquímicas, como Texaco, Monsanto, Riverside Cement, Union Carbide e muitas outras (STOUT; WIL-
LIAMS, 1995). Nos anos 60 e 70, a idéia do MPC continuou a se expandir e a aparecer esporadicamente
na literatura, em trabalhos como Propoi (1963) e Lee(1967), que propuseram a programação de sistemas de
controle lineares com restrições e a intenção de obter controladores em malha aberta que fossem capazes
de medir o estado atual do processo e computá-lo rapidamente para a utilização no sistema de controle,
respectivamente. É possível perceber que o último trata-se de uma das etapas base do MPC, apresentada
na subseção 2.1.1.

Entretanto, somente no fim da década de 1970 / início da década de 1980 temos as primeiras publica-
ções referentes ao MPC, sendo difícil atribuir o seu surgimento a uma pessoa ou grupo específico, uma vez
que essas publicações surgiram de forma independente, mais ou menos no mesmo período (LEE, 2011).
Aqui, destacam-se os trabalhos de Richalet et al. (1978) e de Cutler e Ramaker (1980), que introduziram as
técnicas conhecidas como Controle Preditivo Baseado em Modelo Heurístico (em inglês, Model Heuristic
Predictive Control ou MHPC) e Controle Dinâmico de Matrizes (do inglês, Dynamic Matrix Control ou
DMC). O primeiro foi aplicado com sucesso em estudos de casos reportados em Richalet et al. (1978),

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incluindo colunas de quebra de fluídos catalíticos, um gerador a vapor e uma planta de produção de poli-
cloreto de vinela (PVC), plástico proveniente do petróleo. Já o trabalho de Cutler e Ramaker (1980) obteve
sucesso com aplicações de sistemas multivariáveis diversos.

É possível fazer algumas observações interessantes sobre esse período. A primeira delas corresponde
ao fato de que os primeiros trabalhos referentes ao MPC foram publicados no final da década de 70 e no
início da década de 80. Um dos fatores mais preponderantes para isso é que, a partir dessa época, a eletrô-
nica havia alcançado um ponto de desenvolvimento que possibilitou o surgimento de microprocessadores
mais poderosos e baratos, permitindo que a alta demanda computacional exigida por essa estratégia de
controle começasse a ser suprida (LEE, 2011). Além disso, a segunda observação corresponde às aplica-
ções desse período, principalmente relacionadas à indústria petroquímica, o que pode ser explicado graças
à capacidade do MPC de lidar com sistemas multivariáveis e por, de maneira geral, a dinâmica desses tipos
de sistemas serem mais lentas, o que viabiliza mais tempo de cálculo para o algoritmo de controle.

O segundo período de desenvolvimento do MPC corresponde a duas etapas importantes: avanços teó-
ricos na formulação do MPC e a introdução de algoritmos comerciais do MPC em uma variedade maior de
áreas industriais (LEE, 2011).

Graças aos avanços referentes à primeira etapa, uma formulação do MPC em espaço de estados passou
a ser amplamente utilizada, o que possibilitou não somente uma base sólida para a utilização do MPC,
como o surgimento de novas técnicas derivadas do mesmo. Destaca-se aqui o surgimento do NMPC, que
até hoje é grande objeto de estudo na literatura por conta da sua dificuldade de implementação para certos
tipos de sistema. Apesar de os resultados de estabilidade para o MPC serem válidos também para o NMPC,
de modo que alguns dos trabalhos mais antigos que buscam resultados de estabilidade do MPC o fazem
utilizando modelos genéricos não lineares como nos trabalhos de Lee e Markus (1967) e de Mayne e Mi-
chalska (1990), a implementação desses sistemas é em geral restrita, devida à complexidade computacional
demandada para resolver os problemas de otimização não convexos inerentes a algumas aplicações (LEE,
2011).

No que se refere às aplicações do MPC durante esse período, obteve-se um crescimento da aplica-
ção dessa técnica de controle em mais áreas da indústria. Uma pesquisa realizada em Qin e Badgewell
(1997) com cinco grandes vendedores de soluções de controle contendo MPC mostrou um número total
de 2233 aplicações que incluem aplicações na indústria petroquímica (ainda grande maioria), alimentícia,
mineiração, papel, química e outros. Outra pesquisa com os mesmos vendedores (QIN; BADGWELL,
2003), realizada aproximadamente cinco anos depois da pesquisa citada anteriormente, revelou o dobro
do número total de aplicações do MPC na indústria, incluindo um aumento de aplicações do NMPC, em
aplicações como indústria química, ar/gás e indústria de polímeros (LEE, 2011).

Por fim, o último período de desenvolvimento histórico do MPC corresponde aos trabalhos que buscam
otimizar e diversificar o MPC, possibilitando sua implementação em sistemas de dinâmicas mais rápidas.
Algumas dessas tentativas levaram à criação de uma vertente do MPC, conhecida como MPC explícito (do
inglês, Explicit MPC). Essa técnica, introduzida no trabalho de Bemporad, Morari e Dua (2002), possui o
objetivo de determinar a solução do problema de otimização do MPC por meio de uma programação multi-
paramétrica linear ou programação multi-paramétrica quadrática linear, realizada offline, ou seja, realizada
antes da execução do algoritmo de controle. Esse método busca implementar a lei de controle por meio

9
de memórias e Lookup tables, mapeando diferentes realimentações de estado para cada situação que surja
durante a execução do algoritmo, conhecida como região poliédrica (do inglês, polyhedral region).

O problema com essa abordagem é que, por conta da dimensão dos problemas de controle e, por ser
necessário estabelecer todas as situações que ocorrerão durante a execução do algoritmo de antemão, é ne-
cessária uma grande quantidade de recursos de hardware e memória, o que torna difícil sua implementação
em sistemas de controle reais. Entretanto, existem diversos trabalhos na literatura que buscam uma solução
para esse tipo de problema, tornando o MPC explícito uma opção mais viável para implementação em sis-
temas de controle. Em Johansen e Crancharova (2003), um método que realiza uma aproximação explícita
linear por partes para a realimentação dos estados é proposto. Utiliza-se uma estrutura de árvore de busca
para diminuir a complexidade computacional de implementação do MPC explícito logaritmicamente.

Há ainda trabalhos que apresentam estratégias para evitar o mapeamento de situações desnecessárias
analisando a geometria de cada região poliédrica, consumindo menos recursos de hardware para a imple-
mentação do MPC explícito (TØNDEL; JOHANSEN; BEMPORAD, 2003), e um método para resolver o
problema de programação multi-paramétrica quadrática de maneira aproximada (BEMPORAD; FILIPPI,
2003). Isso melhora o desempenho do algoritmo de controle e propõe um tradeoff entre otimização e um
menor número de regiões poliédricas a serem mapeadas, respectivamente.

A segunda principal vertente que foi desenvolvida durante esse período é o ganho de desempenho nas
estratégias de otimização online do MPC, ou seja, durante a execução do algoritmo. Existem diversos tipos
de algoritmos que foram e continuam sendo propostos na literatura. Segundo Patrascu e Necoara (2016),
esses algortimos podem ser divididos em diferentes tipos:

• Método do ponto interior: do inglês, interior point method, foi proposto por Rao, Wright e Ra-
wlings (1998). São métodos de segunda ordem que removem as restrições de inequalidade da função
custo por meio de outra função (denominada função barreira) e penalizam as violações de restrições.
De maneira geral, esses métodos são utilizados para sistemas de pequena e média escala, pois sua
complexidade aumenta consideravelmente de acordo com a dimensão do problema. Entretanto, so-
luções têm surgido nas últimas décadas que utilizam métodos de ponto interior para gerar solvers de
QP voltados para controle preditivo, como CVXGEN (MATTINGLEY; BOYD, 2009) e FORCES
(DOMAHIDI et al., 2012), buscando aplicar esse método a sistemas de maiores dimensões. Traba-
lhos na literatura que utilizam esse método podem ser encontrados em Domahidi et al. (2012), que
propõe implementações mais eficientes e detalhes que otimizam os algoritmos dessa classe, mos-
trando resultados numéricos referentes ao desempenho do algoritmo; e Zhang, Ferranti e Keviczky
(2017), que propõe uma implementação diferente unindo o método do ponto interior com o método
de gradiente rápido de Nesterov para obter uma melhora no desempenho do mesmo.

• Métodos de Active set: são algoritmos baseados na equivalência entre soluções de um QP com
restrições e um sistema linear específico gerado pelas condições de otimização do QP em questão. O
objetivo principal dessa classe de algoritmos é estimar um conjunto de restrições que são satisfeitas
quando avaliada a solução do problema original, denominado active set. É composto por duas fases:

1. Escolha de um ponto factível que é computado pelo algoritmo, sem levar em consideração
informações da função de custo do problema.

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2. A função de custo do problema é minimizada, levando em consideração o ponto factível esco-
lhido na primeira etapa.

Essa classe de algoritmos geralmente é indicada para sistemas de pequena e média ordem, mas assim
como no caso do método do ponto interior, vêm recebendo significativas contribuições de otimização
para aplicação do mesmo a sistemas de maiores dimensões. Exemplos de algoritmos que aplicam
desse método active set são dados pela função quadprog do software MATLAB, bem como em
Ferreau, Bock e Diehl (2008), que mais tarde daria origem ao solver conhecido como qpOASES
(FERREAU et al., 2014), muito utilizado hoje em dia para implementação do MPC embarcado em
diferentes plataformas de hardware. Trabalhos na literatura, como Khan e Rossiter (2012) e Cai et
al. (2014) apresentam, respectivamente, um estudo comparativo de diferentes estratégias de controle
baseadas no método active set e uma proposição de implementação mais rápida do método, por
meio de uma estratégia dual: se a solução sem restrições encontra-se distante do ponto de referência
do sistema, a lei de controle aplicada é a solução sem restrições movimentando-se para o limite da
restrição; caso contrário, a solução sem restrições projetada para o limite da restrição é utilizada
como ponto inicial da próxima iteração do algoritmo.

• Métodos de primeira ordem: do inglês, first order method, esse tipo de algoritmo utiliza informa-
ção de gradiente a cada iteração, de forma a encontrar uma solução para o problema sem restrições.
Uma vez que essa solução é obtida, as restrições são aplicadas. Para um sistema com restrições
simples e pouco limitadores, é relativamente fácil realizar essa operação. Entretanto, se as restrições
do sistema são difíceis de computar, uma alternativa é a utilização de técnicas de relaxamento de
Lagrange, o que gera um algoritmo do tipo ordem dual.
Um exemplo de solver que utiliza esse tipo de estratégia é o open-source FiOrdOs (ULLMANN,
2011). O trabalho de Kouzoupis et al. (2015) analisa a complexidade desse tipo de algoritmo e, por
meio do controle de um sistema não linear de pêndulo invertido, mostra que é possível obter ganhos
de desempenho satisfatórios em termos de tempo de execução do MPC. Posteriormente, o trabalho
de Kufoalor et al. (2017) apresentou uma evolução desse método por meio de uma modificação na
formulação das restrições e penalizações do sistema. Com isso, foi possível obter um resultado que
levou a um desempenho melhor que os demais métodos de primeira e segunda ordem presentes na
literatura, aplicados a um sistema separador compactador, que separa um liquido composto por água
e óleo.

• Método de ordem dual: do inglês, dual order method, trata-se de uma abordagem em que são
utilizados multiplicadores de Lagrange para resolver restrições mais complexas que inviabilizam
a utilização do método descrito anteriormente (primeira ordem). O maior esforço computacional
corresponde à resolução de um problema QP Lagrangiano a cada instante de tempo, com restrições
simples aplicadas a um multiplicador de Lagrange. Essas operações são efetuadas por meio de
operações matriciais, que normalmente envolvem a inversão de uma matriz. Portanto, quanto maior
a ordem do sistema, mais complexo torna-se o problema e mais difícil torna-se respeitar as restrições
do mesmo a cada instante de tempo.

Analisando todas as etapas do desenvolvimento do MPC, é interessante notar que um fator permeia
toda a evolução do algoritmo: o objetivo de diminuir a complexidade computacional para implementação

11
do mesmo. O MPC possui inúmeras vantagens que são interessantes para diversas aplicações, mas por
conta da alta necessidade de desempenho computacional para solucionar os problemas de otimização de
QP online a cada instante de amostragem, trata-se de um grande desafio para sistemas de altas dimensões
e tempos de amostragem baixos. Por isso, a literatura continua recebendo publicações com esse objetivo:
otimização do MPC para aplicação do mesmo a sistemas cada vez mais complexos e de dinâmicas cada
vez mais rápidas.

2.1.3 Fundamentação teórica do MPC

Este trabalho aborda a formulação linear do MPC. As formulações e demonstrações matemáticas dessa
seção são baseadas nos capítulos de 2 a 6 de Alamir (2013). Para maiores detalhes acerca desses tópicos,
o leitor é convidado a consultar a obra original.

A formulação do MPC será divida em cinco partes: os conceitos básicos para fomulação do MPC, sua
aplicação a sistemas lineares e invariantes no tempo (do inglês, Linear Time Invariant ou LTI), formulação
do MPC inicialmente sem restrições, formulação do MPC com aplicação das restrições e, por fim, a para-
metrização de controle que é aplicada ao MPC (utilizada para diminuir a complexidade computacional de
implementação do mesmo).

2.1.3.1 Conceitos básicos do MPC

O primeiro conceito básico que é importante para o entendimento do MPC é o de controle em espaço
de estados. Este conceito é importante pois a formulação linear do MPC baseia-se no controle de sistemas
LTI, e uma das maneiras mais comuns de se trabalhar com esse tipo de sistema, e desenvolver algoritmos de
controle para os mesmos, é justamente por meio de uma formulação em espaço de estados. Essa formulação
é muito utilizada na teoria de controle moderno, pois oferece uma metodologia para trabalhar com sistemas
multivariáveis, que podem ter interconexões complexas entre suas entradas e saídas. A análise em espaço
de estados é dada através da representação das equações dinâmicas de um sistema por meio de uma equação
diferencial com notação vetor-matricial de primeira ordem (OGATA, 2002). Os chamados estados são as
variáveis necessárias para descrever o comportamento do sistema em um determinado espaço de tempo. O
espaço n-dimensional que consiste de vários eixos que representam cada variável de estado é denominado
espaço de estados, de modo que cada estado do sistema pode ser representado por um ponto nesse espaço
de estados.

Abaixo, na Equação 2.1, é apresentada a formulação de um sistema linear genérica em espaço de


estados que será utilizada como base para as demais formulações desta seção.


 x(k + 1) = Ax(k) + Bu(k)

yr (k) = Cr x(k) . (2.1)

yc (k) = Cc x(k) + Dc u(k)

Na Equação 2.1, há matrizes (em negrito) e vetores que são necessários para modelar o comportamento
dinâmico de um sistema em espaço de estados. Essas matrizes e vetores são:

12
• x: vetor de estados do sistema;

• u: vetor de variáveis de controle do sistema;

• yr : vetor de saídas reguladas do sistema;

• yc : vetor de saídas restringidas, ou seja, saídas sob as quais são aplicadas as restrições do sistema;

• A: matriz de estados do sistema;

• B: matriz de entradas do sistema;

• Cr : matriz de saídas reguladas do sistema;

• Cc : matriz de saídas restringidas do sistema;

• Dc : matriz de transmissão direta das saídas restringidas do sistema.

Em muitas das aplicações de sistemas LTI, a matriz Dc corresponde a uma matriz nula. O mesmo se
aplica ao sistema estudado neste trabalho, o quadrirrotor, que será abordado com mais detalhes na próxima
seção.

Com as definições acima, é possível dar sequência aos demais conceitos básicos da formulação do
MPC. Conforme abordado em seções anteriores, o MPC calcula, a cada instante de amostragem, uma
sequência de variáveis de controle, que será denominada ue. Cada elemento dessa sequência corresponde
a uma ação de controle futura que será aplicada em cada instante de amostragem, sendo o número total
de ações futuras utilizadas para determinação das ações de controle um parâmetro denominado horizonte
de predição, cuja notação adotada será N. Portanto, o MPC, a cada instante de amostragem, calcula uma
sequência de N ações futuras de controle e armazena cada uma no vetor ue, que pode ser visto na Equação
2.2.

 
u(k)
u(k + 1)
 
 ∈ R(N.nu ) .
 
u
e(k) :=  .. (2.2)
.
 
 
u(k + N − 1)

Na Equação acima, nu refere-se ao número de variáveis de controle do sistema. O índice k refere-se


ao instante de amostragem atual do sistema. Da mesma forma, k − 1 refere-se ao instante de amostragem
anterior e k + 1, ao próximo instante de amostragem do sistema.

De maneira análoga, o sistema define uma sequência de estados calculada ao longo do horizonte de
predição, denominada x
e, que pode ser vista na Equação 2.3.

 
x(k + 1)
x(k + 2)
 
 ∈ R(N.nx ) .
 
x
e(k) :=  .. (2.3)
.
 
 
x(k + N )

13
De maneira análoga a nu , nx refere-se ao número de estados do sistema.

Com as definições de x eeue, é possível estabelecer um mapa de predição de N passos a frente: para cada
sequência de controle u e calculada, é possível obter a trajetória correspondente do sistema x
e(k|eu(k)), ou
seja, dos estados do sistema, dado o seu estado inicial. O mapa de predição descrito pode ser evidenciado
na Figura 2.1.

Figura 2.1: Mapa de predição de N passos a frente: para cada sequência de controle u e calculada, uma
trajetória x̃(k|e
u(k)) correspondente é obtida com base no estado inicial x(k) do sistema, ao longo de todo
o horizonte de predição adotado. Fonte: (ALAMIR, 2013).

O símbolo | em x e(k|e
u(k)) indica que x
e(k) é calculada utilizando a informação de u
e(k), que também
está disponível no instante de amostragem k.

Uma característica importante do MPC é que o mesmo calcula variáveis de controle referentes a N
ações futuras, mas aplica somente a(s) primeira(s) variável(is) de controle da sequência ue. Isso ocorre por-
que, a cada instante de amostragem, o sistema está sujeito a novos tipos de intereferência e/ou perturbações
que não foram levadas em consideração no cálculo anterior de u e. Assim, aplicando somente o primeiro
elemento da sequência do sistema, aumenta-se a robustez do controlador contra esse tipo de situação.

Pode-se pensar que isso gera um cálculo desnecessário, já que são computadas várias ações de controle
que não serão aplicadas ao sistema, mas quanto mais ações futuras o MPC tém acesso (ou seja, quanto
maior o valor de N), maiores as chances de estabilidade no cálculo das variáveis de controle. Em outras
palavras, quanto mais informação o MPC possui para tomar as decisões de controle que minimizam a fun-
ção custo do problema, melhor será a solução encontrada. Entretanto, mesmo que horizontes de predição
maiores auxiliem na estabilidade do sistema, quanto maior o valor de N, maiores as dimensões do problema
e maior é a demanda computacional exigida para a implementação do MPC.
(n ,N )
e é feita através da matriz de seleção Πi i .
A seleção do primeiro elemento da sequência de controle u
Essa matriz é responsável por selecionar o i-ésimo elemento de uma matriz composta pela concatenação
de N vetores, ou seja, para uma sequência de N variáveis de controle, a matriz seleciona a i-ésima ação de
controle calculada. A operação da matriz de seleção pode ser evidenciado na Figura 2.2.

14
(n ,N)
Figura 2.2: Funcionamento da matriz de seleção Πi l : seleciona o i-ésimo vetor de dimensão nl de um
vetor composto por N concatenações de vetores. Na figura, tém-se o exemplo de um problema de controle
com horizonte de predição N = 6. Fonte: (ALAMIR, 2013).

Portanto, se deseja-se aplicar no próximo instante de amostragem a(s) primeira(s) variável(is) de con-
trole calculadas, têm que o vetor de controle u(k + i) é dado pela Equação 2.4:

(nu ,N)
u(k + i − 1) = Πi .e
u(k). (2.4)

A próxima etapa corresponde à formulação da função custo do problema de controle. Essa função
deve retornar um escalar, que permita ao algoritmo de controle comparar as diferentes sequências de ações
futuras que podem ser executadas e possuir um parâmetro para realizar uma escolha, ou seja, selecionar
qual ação futura minimiza os objetivos de controle expressos na função custo. Um exemplo de função
custo que pode ser adotada é dada pela Equação 2.5.

(N −1) (N −1)
(n,N) (n,N) (nu ,N)
X X
u|x(k)) :=
J(e ||ΠN .e u)||2Qf
x(k|e + ||Πi .e u) − xd ||2Q
x(k|e + ||Πi u − ud ||2R . (2.5)
.e
i=1 i=1

Na Equação 2.5, a notação ||v||2Q corresponde à operação v T Qv, que resulta em um escalar. As matrizes
Qf , Q e R são matrizes de ponderação, definidas e sintonizadas para cada problema de controle estudado.
Os termos xd e ud correspondem aos valores desejados para os estados e variáveis de controle do sistema,
respectivamente.

Essa função custo é interessante para problemas de controle, uma vez que cada termo que compõem
a mesma é responsável por um aspecto que representa o objetivo de controle desejado. O primeiro termo
(n,N)
(||ΠN .e x(k|eu||2Qf ), penaliza o erro final do sistema, também conhecido como erro de estado estacioná-
rio, ou seja, o quão longe o valor ótimo atual dos estados encontra-se do valor desejado dos mesmos (xd ).
P(N −1)
O segundo termo ( i=1 ||Πn,N i .e
x(k|eu) − xd ||2Q ), penaliza os erros intermediários do sistema, ou seja, o
somatório da diferença entre cada estado ótimo atual e o valor desejado para o mesmo. Por fim, o terceiro

15
PN −1 (n ,N)
e último termo ( i=1 ||Πi u .e u − ud ||2R ) é responsável pela penalização da divergência de controle,
ou seja, o quanto as variáveis de controle calculadas (eu) estão distantes do valor desejado para as mesmas
d
(u ).

Por fim, é necessário que sejam aplicadas as restrições do sistema. É comum expressar essas restrições
por meio da Equação 2.6.

u|x(k)) ≤ 0.
g(e (2.6)

A Equação 2.6 significa que o conjunto de sequências de ações possíveis (admissíveis) que minimizam
a função custo do problema de controle são as sequências de controle u e que satisfazem a restrição de
u|x(k)) ≤ 0, e somente essas sequências de controle podem ser escolhidas pelo MPC.
desigualdade g(e

Portanto, para o MPC linear, têm-se o seguinte problema de otimização P (x(k)), que deve ser resolvido
a cada instante de amostragem k do sistema, expresso na Equação 2.7.

P (x(k)) : min u|x(k)) mediante g(e


J(e u|x(k)) ≤ 0. (2.7)
e∈R(N.nu )
u

2.1.3.2 Aplicação do MPC a sistemas LTI

Uma vez que os conceitos básicos do MPC e o problema de otimização que deve ser resolvido a cada
instante de amostragem (Equação 2.7) foram apresentados, é possível aplicar o MPC aos sistemas que
deseja-se controlar.

Segundo as definições apresentadas no capítulo 3 de Alamir(2013), ao aplicar o MPC a sistemas LTI,


a definição da função custo pode ser modificada, conforme mostrado na Equação 2.8 abaixo.

hP i
N T T
u|x(k), yerd (k))
J(e eT
= u i=1 Ψi Cr Qy Cr Ψi u e
h P   P  iT
N N (n ,N)
+ 2 i=1 Ψi T Cr T Qy Cr Φi x(k) − 2 i=1 Ψi T Cr T Qy Πi r yerd (k) u e
PN 
+ || i=1 Cr Φi x(k) − yrd (k + i) ||2Qy .
(2.8)

A Equação 2.8 possui a matriz de ponderação das saídas Qy , que é sintonizada para cada problema
de controle, e as matrizes Ψi e Φi , que são constantes e contêm manipulações algébricas envolvendo as
matrizes de estados A e de entradas B do modelo do sistema sendo controlado em espaço de estados. É
possível ainda perceber que a função custo é uma função quadrática na variável de decisão u
e, o QP citado
em subseções anteriores. Esse tipo de função quadrática é geralmente dado na forma expressa na Equação
2.9:

1 T
u u + FT u
e He e + constante. (2.9)
2

Na Equação 2.9, há a presença de uma matriz H, conhecida como matriz Hessiana, que é um elemento

16
muito importante para a resolução de QPs. De acordo com a Equação 2.8, H pode ser definido como na
Equação 2.10:

N
" #
X
H= 2 Ψi Cr Qy Cr Ψi ∈ R(N.nr ).(N.nr ) .
T T
(2.10)
i=1

O problema de otimização exige que a função custo seja minimizada, e para que isso seja possível, a
matriz H deve ser positivo-definida. Caso isso não ocorra, a função custo pode decair indefinidamente ou
permanecer constante, o que não permite obter a solução ótima desejada. As condições para a matriz H
ser considerada positivo-definida, podem ser vistas logo abaixo, na Equação 2.11.

e ∈ R(N.nu ) , u
u eT He u||2 para algum λmin > 0.
u ≥ λmin ||e (2.11)

É interessante notar que, para H ser positivo-definida, não é suficiente que a matriz de ponderação Qy
seja positivo-definida. Para garantir essa condição, adiciona-se o termo presente na Equação 2.5, tratando-
se justamente da parcela que penaliza o desvio de controle. Expandindo esse segundo termo, é possível
obter a Equação 2.12.

N
"N # " N 
#T
2 X T   T 2
(n ,N) (n ,N) (n ,N)
X X
(nu ,N ) d T d
Πi e−u
u =u
e Πi u Qu Πi u u
e+ 2 Πi u Qu u e+ ud
u Qu
.
Qu
i=1 i=1 i=1
(2.12)

Com isso, as matrizes H e F, associadas à função custo quadrática do problema de otimização do


MPC, podem ser expressas como disposto abaixo, na Equação 2.13:

  
(n ,N) T
  
PN T T (n ,N)
H = 2 Ψi Cr Qy Cr Ψi + Πi u Qu Πi u




 i=1

= F1 x(k) + F2 yerd + F3 ud

 F



= 2 N
P  T T 
F1 i=1 Ψ i C r Q y C r Φ i . (2.13)
P h T T (nr ,N)
i
= −2 N

F2 Ψ C Q Π

i r y



 i=1 i
 

 PN  (nu ,N) T
 F3 = 2 i=1 Πi Qu

Assim como na subseção anterior, para aplicar o MPC a sistemas lineares é necessário aplicar os
conceitos das restrições do sistema. Para isso, utiliza-se a última linha da Equação 2.1 (yc (k + 1) =
Cc x(k) + Dc u(k)), que refere-se justamente às saídas restringidas do sistema. As restrições aplicadas ao
sistema são divididas em três categorias: restrição nas saídas, na variação das variáveis de controle e nas
variáveis de controle em si. Cada uma dessas categorias de restrição é delimitada por valores mínimos e
máximos, conforme mostrado na Equação 2.14 abaixo.


min max
 yc ≤ yc ≤ yc

δ min ≤ u(k + i) − u(k + i − 1) ≤ δ max . (2.14)

 min
u
e ≤ue≤u emax

17
Substituindo yc (k + 1) = Cc x(k) + Dc u(k) na primeira linha da Equação 2.14, obtêm-se a Equação
2.15, que pode ser manipulada e expandida para obter a Equação 2.19.

ycmin ≤ yc (k + i) = Cc x(k + i) + Dc u(k + i − 1) ≤ ycmax , (2.15)

(n,N) (nu ,N)


ycmin ≤ Cc Πi x
e(k) + Dc Πi e(k) ≤ ycmax ,
u (2.16)

   (n,N)
 
(n ,N)
  
ycmin Cc Π1 Dc Π1 u ycmax
 .   .. ..  ..
    
 ..  ≤ 
 e(k) ≤  .
.  x e(k) +  . u , (2.17)
    |{z}  
min (n,N) (n ,N)
yc Cc ΠN Φx(k)+Ψe
u Dc ΠN u ycmax

   (n,N)
  (n,N) (nu ,N)
  
ycmin Cc Π1 Φ Cc Π1 Ψ + Dc Π1 ycmax
 .   .   ..   . 
 ..  ≤  ..  . 
 e ≤  .  , (2.18)
 x(k) +  . u
    
(n,N) (n,N) (n ,N)
ycmin Cc ΠN Φ Cc ΠN Ψ + ΨDc ΠN u ycmax

     
+Cc Ψ1 + Dc Πn1 u ,N −Cc Φ1 +ycmax
 ..   ..   .. 

 . 


 . 


 . 

 n u ,N     max

 +Cc ΨN + Dc ΠN   −Cc ΦN   +yc 
 −C Ψ − D Πnu ,N  e ≤ 
 u   x(k) +  . (2.19)
+Cc Φ1 
  −yc min 
 c 1 c 1    
 ..   ..   .. 

 . 


 . 


 . 

−Cc ΨN − Dc ΠnNu ,N +Cc ΦN −ycmin
| {z } | {z } | {z }
(1) (1) (1)
Aineq G1 G3

De maneira análoga, as restrições de variação do comando (δ min ≤ u(k + i) − u(k + i − 1) ≤ δ max )


podem ser expandidas e rearranjadas, originando a Equação 2.21.

       
δ min +I O O . . . O O −I δ max
δ min −I +I O . . . O O δ max
       
     O   
≤ u  u(k − 1) ≤ 
e+
 .. .. .. .. .. .. ..  .. , (2.20)

 .
 
  . . . . . .   .



 ... 

δ min O O O . . . −I +I O δ max

18
     
+I O O ... O O +I +δ max
+δ max
     
 −I +I O ... O O   O   
.. .. .. .. .. .. .. ..
     
     

 . . . . . .  
 . 


 . 

 O O O . . . −I +I    O   +δ max 
ue≤  u(k − 1) +  . (2.21)
    
 −δ min


 −I O O ... O O   
 −I 
 


 +I −I O ... O O   O   −δ min 
     
 .. .. .. .. .. .. 
  ..   .. 

 . . . . . .  
 . 


 . 

O O O . . . I −I O −δ min
| {z } | {z } | {z }
(2) (2) (2)
Aineq G2 G3

As restrições aplicadas às variáveis de controle podem ser arranjadas de maneira mais simples, con-
forme mostrado na Equação 2.23 abaixo:

   
umin umax
 .   .
 ∈ RN nu ,

 ..  ≤ u  .
  e≤ .  (2.22)
umin umax
| {z } | {z }
emin
u emax
u

emin ≤ u
u emax .
e≤u (2.23)

Com todas as matrizes de restrição elaboradas, pode-se reorganizar todas as restrições, obtendo-se as
Equações 2.24 e 2.25:

(
e ≤ Bineq
Aineq u
min
, (2.24)
u
e ≤u e≤uemax

 (1)
!
 A ineq

 Aineq = (2)
A




 ineq





Bineq = G1 x(k) + G2 u(k − 1) + G3








 !
(1)

G1



 G =
1
O(2N.nu ).n . (2.25)





 !



 G = O(2N.n c ).n u
 2 (2)
G




 2




 (1)
!
G



 G3 =
 3
 (2)
G3

19
Portanto, as Equações 2.13 e 2.25 apresentam todas as matrizes necessárias para a resolução do QP
inerente ao MPC. Algumas dessas matrizes podem ser computadas offline, ou seja, permanecem constantes
durante a execução do algoritmo de controle: Aineq , H, F1 , F2 , F3 , G1 , G2 e G3 . Já a computação
das matrizes F e Bineq devem ser calculadas online, pois a cada instante de amostragem estão sendo
modificados por dependerem dos valores dos estados e variáveis de controle do sistema. Sejam as matrizes
de custo e restrição do MPC calculadas online ou offline, elas são utilizadas na resolução do QP e são parte
fundamental para a implementação do MPC.

2.1.4 Formulação do MPC sem restrições

As matrizes calculadas na subseção anterior podem ser divididas em dois grupos: as matrizes de custo,
representadas por F1, F2 e F3; e as matrizes de restrições do MPC, compostas por Aineq , Bineq , G1,
G2 e G3.

As matrizes de custo estão relacionadas com as ponderações de saída e de controle, e são utilizadas na
formulação do MPC para encontrar o valor que satisfaça os objetivos de controle, minimizando a função
custo, definida na Equação 2.8. Já as matrizes de restrições são responsáveis por incorporar as restrições do
problema à formulação do controlador, garantindo que a função custo seja minimizada e que as restrições
do problema de controle sejam respeitadas. É a combinação de ambas que faz com que o MPC seja capaz de
controlar o sistema, garantindo as restrições do mesmo, a principal vantagem desta estratégia de controle.

Entretanto, caso não deseje-se incorporar as restrições do problema de controle (seja por motivos de
complexidade desse cenário ou no caso de uma aplicação na qual dificilmente condições de restrição são
atingidas), é possível desenvolver uma lei de controle que minimize a função custo, sem levar em consi-
deração as matrizes de restrições. Assim, é possível establizar o sistema nos valores desejados, seguindo
referências desejadas, mas não se tem a garantia de que as restrições do problema de controle serão cum-
pridas.

A abordagem do MPC sem restrições pode parecer incoerente, uma vez que ela não possui a grande
vantagem do MPC: o respeito às restrições. Entretanto, por se tratar de uma formulação mais simples
do que a formulação completa do MPC, esta se mostra útil para validar os módulos desenvolvidos neste
trabalho antes de utilizá-los no desenvolvimento do controlador MPC completo. Por isso, mesmo não
sendo o objetivo final do trabalho, o MPC sem restrições é uma etapa que ajuda na validação deste trabalho
e por isso será explicado rapidamente nesta seção, com base no desenvolvimento apresentado no capítulo
4 de Alamir (2013).

A lei de controle que deseja-se encontrar pode ser expressa no formato a seguir, mostrado na Equação
2.26.

u(k) = −KN x(k). (2.26)

Utilizando as equações de espaço de estados definidas na Equação 2.1, a lei de controle expressa na
Equação 2.26 leva à Equação 2.27:

20
x(k + 1) = (A − BKN x(k)). (2.27)

Assim, deseja-se utilizar o modelo linear do sistema a ser controlado, descrito pelas equações de espaço
de estados (Equação 2.1), para alcançar determinados espaços estacionários de acordo com o problema de
controle escolhido, de forma que o regime desejado pode ser descrito pelo par (xd , ud ) ∈ Rn .Rn+u , em
que xd representa o valor desejado para os estados do sistema e ud representa o valor desejado para as
variáveis de controle.

Da mesma forma, yrd corresponde a referência de rastreamento que o sistema controlado deve seguir,
definido como yrd = Cc xd . Assumindo que a trajetória desejada está disponível ao longo de todo o
horizonte de predição, pode-se descrever essa trajetória por meio do vetor ỹrd (k) da forma mostrada abaixo,
na Equação 2.28:

 
yrd (k + 1)
..
ỹrd (k) = 
 
. . (2.28)
 
d
yr (k + N )

A melhor sequência de ações futuras de controle ũopt (x(k) é o vetor ũ, que minimiza a seguinte função
custo expressa pela Equação 2.29, derivada da Equação 2.8.

1 T
ũ Hũ + [F1x(k) + F2ỹrd + F3ud ]T ũ + constante. (2.29)
2

Na ausência de restrições, a sequência ótima de controle ũopt (x(k)) pode ser obtida igualando o gradi-
ente da função custo definida na Equação 2.29 a 0, resultando na Equação 2.30:

Hũ + F1x(k) + F2ỹrd + F3ud = 0. (2.30)

Portanto, a sequência ótima de controle pode ser definida de tal forma que resulta na Equação 2.31:

ũopt = H−1 [F1x(k) + F2ỹrd + F3ud ]. (2.31)

Como o cálculo das variáveis de controle do MPC é baseado na utilização do primeiro componente do
vetor ótimo de sequência de controle, a variável de controle do MPC sem restrições pode ser dada pela
Equação 2.34:

u(k) = KMPC (x(k)), (2.32)

H−1 [F1x(k) + F2ỹrd + F3ud ] = − Π1 H−1 F1 xd −Π1 H−1 F2 ỹrd −Π1 H−1 F3 ud ,
(nu ,N ) (nu ,N ) (nu ,N ) (nu ,N )
u(k) = −Π1
| {z } | {z } | {z }
KN GN LN
(2.33)

21
u(k) = −KN x(k) + GN ỹrd + LN ud . (2.34)

2.1.5 Formulação do MPC com restrições

Assim, como nas subseções anteriores, as demonstrações do algoritmo de solver de QP utilizado neste
trabalho serão baseadas nas demonstrações contidas no capítulo 5 de Alamir (2013). Para informações
mais detalhadas a cerca do formulação do algoritmo, o leitor é convidado a recorrer à bibliografia original.

Para entender o funcionamento do algoritmo que realiza a minimização do QP neste cenário, é conveni-
ente analisar as etapas do algoritmo individualmente e gradualmente acrescentando as modificações neces-
sárias para melhorar o desempenho do mesmo e lidar com as restrições inerentes ao MPC. Primeiramente,
é introduzida a iteração gradiente, algoritmo base utilizado para resolver um problema de minimização do
tipo quadrático, na mesma forma que encontra-se presente na formulação linear do MPC apresentada nas
subseções anteriores. Depois, o algoritmo é melhorado por meio da introdução de uma etapa conhecida
como expansão, que permite ao algoritmo obter uma convergência mais rápida que a formulação ante-
rior (iteração gradiente). Logo em seguida, são introduzidas as restrições do problema, que são tratadas
por meio de uma estratégia de penalização/saturação das mesmas. Por fim, obtêm-se o algoritmo final
denominado PGE, envolvendo todas as etapas de cálculo apresentadas até então.

Cada uma dessas etapas é abordada nas subseções que seguem abaixo.

2.1.5.1 Iteração gradiente

Primeiramente, considera-se uma função custo (ainda sem as restrições do problema), que tem como
base uma variável de decisão p ∈ Rnp , em que np representa o número total de variáveis de decisão,
utilizada no processo de minimização inerente ao problema de otimização da mesma. Essa função custo
pode ser escrita na seguinte forma, expressa na Equação 2.35:

J(p) ; p ∈ Rnp . (2.35)

Supondo que essa função custo seja diferenciável e, mais precisamente, duplamente diferenciável, é
possível realizar uma expansão de Taylor de segunda ordem em torno dos valores atuais das variáveis
de decisão do problema de otimização (p(0) ), obtendo-se a Equação 2.36. Entretanto, para simplificar a
notação utilizada, é possível realizar algumas substituições, que levam à Equação 2.37.

∂J (0) 1 ∂ 2 J (0)
J(p) = J(p(0) ) + (p )(p − p(0) ) + (p − p(0) )T (p )(p − p(0) ) + ..., (2.36)
∂p 2 ∂p2
| {z } | {z }
2J
G(p)= ∂J
∂p H(p)= ∂
∂p2

1
J(p) = J(p(0) ) + G(p(0) )(p − p(0) ) + (p − p(0) )T H(p(0) )(p − p(0) ) + .... (2.37)
2

22
O objetivo da função custo J é minimizar o problema de controle de maneira iterativa, ou seja, adotando
a cada nova iteração uma melhor estimativa do valor das variáveis de decisão p(i+1) quando comparado
com as variáveis de decisão utilizadas na iteração atual p(i) . Portanto, torna-se necessário definir uma regra
para que seja possível escolher melhores novas estimativas p(i+1) .

Para isso, primeiramente utiliza-se a notação da Equação 2.37, o que permite escrever para qualquer
variável de decisão p(i+1) a seguinte expansão de Taylor (Equação 2.38):

J(p(i+1) ) = J(p(i) ) + G(p(i) )(p(i+1) − p(i) ) + .... (2.38)

Assumindo que para um determinado valor de p(i) têm-se que G(p(i) ) 6= 0, pode-se adotar um passo
suficientemente pequeno α na direção oposta à do gradiente, resultando na Equação 2.39. Essa estima-
tiva de p(i+1) é considerada melhor que p(i) , pois acarreta em um valor menor na função custo, ou seja,
J(p(i+1) ) < J(p(i) ).

p(i+1) = p(i) − αG(p(i) ). (2.39)

É justamente essa a idéia por trás da iteração gradiente: adotando-se um pequeno passo α na direção
oposta ao gradiente da função custo, é possível diminuir a função custo a cada iteração e, portanto, minimi-
zar a mesma. Entretanto, percebe-se que esta estratégia é dependente do valor de α e a escolha desse fator
é crucial para o sucesso da iteração gradiente. Um valor de α muito pequeno faz com que a função custo
diminua de maneira muito devagar e, portanto, faz com que o problema de minimização demore muito
para convergir para o valor desejado. Por outro lado, caso α seja muito alto, o valor da função custo pode
não diminuir, mas sim aumentar. Como consequência, p(i+1) pode ser maior que p(i) , o que faz com que o
problema de minimização encontre uma solução além do ponto considerado como ótimo.

A Figura 2.3 ilustra o comportamento da função custo dado um passo α muito grande.

Figura 2.3: Aumento do valor da função custo que pode ser causado ao adotar-se um passo α muito grande.
Adaptado de: (ALAMIR, 2013).

23
Com essa problemática em questão, torna-se necessário determinar um limite para o tamanho de passo
α que pode ser adotado. Para isso, pode-se utilizar o teorema do valor central: para cada α > 0 existe um
valor α0 ≤ α tal que resulte na Equação 2.40:

dJ¯ dJ¯
 2¯ 
d J
(α) = (0) + (α 0 ) α. (2.40)
dα dα dα2

Esse resultado é importante porque, assumindo um limite máximo hmax conforme a Equação 2.41, é
possível escrever o teorema do valor central de tal forma (como mostrado na Equação 2.42) que a derivada
¯
de J(α) não mude de sinal enquanto o passo α não ultrapassar o limite estipulado na Equação 2.43.

∂J
∀p ∈ Rnp ; (p) ≤ hmax , (2.41)
∂p2

dJ¯ 2
(α) = G(p(i) ) .[−1 + hmax α], (2.42)
dα 2

1
α≤ . (2.43)
hmax

Para o caso particular de uma função custo quadrática (como no caso do MPC), a condição 2.41 é
satisfeita sempre adotando a seguinte definição de hmax , expressa na Equação 2.44.

hmax = kHk2 . (2.44)

1
Portanto, a utilização de α = kHk 2
garante sempre uma próxima iteração que gera um menor valor de
função custo na iteração gradiente. Isso pode ser demonstrado utilizando o teorema do valor central para
expressar o valor assumido pela função custo utilizando esse valor de α (mostrado na Equação 2.45), o que
resulta na Equação 2.46.

¯ ¯ − 1 2 1 2
J(α) ≤ J(0) G(p(i) ) + G(p(i) ) , (2.45)
hmax 2 2hmax 2

1 2
J(p(i+1) ) ≤ J(p(i) ) − G(p(i) ) . (2.46)
2hmax 2

Assim, utilizando-se da iteração gradiente, a função custo diminui a cada iteração desde que o gradiente
permaneça diferente de 0. Com isso, o algoritmo converge assintoticamente a um ponto estacionário p que
satisfaz G(p) = 0. Na maioria dos casos, isso corresponde ao mínimo local do problema de otimização
sem restrições. Como trata-se de um problema de otimização quadrático e convexo, garantido com o uso
de uma matriz H positivo-definida, tém-se que a solução global do problema de otimização é justamente
dada por p.

24
2.1.5.2 Gradiente com Expansão (GE)

Apesar da formulação da iteração gradiente apresentada convergir para a solução global de um pro-
blema de otimização quadrático e convexo, o algoritmo possui limitações. Essas limitações surgem por
conta da definição do passo α: quando o mesmo está próximo de autovalores que convergem mais rápido,
tem-se uma resposta bastante rápida por parte do algoritmo; entretanto, para autovalores mais lentos, a
convergência do algoritmo também é muito lenta.

Uma maneira de melhorar essa adversidade da iteração gradiente é checar de maneira sistemática se é
possível utilizar passos ainda maiores de α, na forma da Equação 2.47

γ
p(i+1)
γ = p(i) − G(p(i) ); γ > 1. (2.47)
hmax

(i+1)
Assim, é possível comparar os valores dados pelas duas funções custo: J(p1 ), que é dado na
(i+1)
Equação 2.46, e J(pγ ), que é dado calculando-se o custo das variáveis de decisão expressas na Equação
(i+1) (i+1)
2.47, verificando qual deles resulta em um menor valor. Se J(pγ ) < J(p1 ), a expansão pode
(i+1)
assumir um valor maior, dado pela Equação (Eq. 2.48), e os valores atualizados de p são dados por pγ :

γ = β + γ; β + > 1. (2.48)

(i+1) (i+1)
Entretanto, se J(pγ ) > J(p1 ), a expansão é muito grande e o valor do parâmetro γ deve ser
(i+1)
reduzido para o valor mostrado na Equação 2.49, e o valor atualizado de p é dado por p1 .

y = max(γmin , β − .γ); 0 < β − < 1; γmin > 1. (2.49)

Esse algoritmo é conhecida como Gradiente com Expansão (do inglês, Gradient Expansion ou sim-
plesmente GE) e pode ser sumarizado conforme mostrado no pseudocódigo refente ao Algoritmo 1.

Algorithm 1 Algoritmo Expansão do Gradiente (GE) [p+ ,γ + ] = GE(p,γ)


1: Funções necessárias: J e seu gradiente G
2: Parâmetros necessários : hmax > 0, γmin > 1, β + > 1, β − ∈]0, 1[
3:
4: p1cand ← p − 1/hmax G(p), J (1) ← J(p1cand )
γ γ
5: pcand ← p − γ/hmax G(p), J (γ) ← J(pcand )
6:
7: if J (γ) < J (1) then
8: p+ ← p(γ)
9: γ + ← β + .γ
10: else
11: p+ ← p(1)
12: γ + ← max{γmin , β − .γ}
13: end

25
2.1.5.3 Projeção do Gradiente com Expansão (PGE)

Para iniciar a implementação das restrições inerentes ao MPC no algoritmo de solver apresentado até
aqui (algoritmo PGE), é importante analisar o problema de otimização por meio da seguinte formulação,
representada na Equação 2.50:

min J0 (p) sob g(p) ≤ 0 ∈ Rng e pmin ≤ p ≤ pmax . (2.50)


p∈Rnp

Em outras palavras, um problema de otimização restringido por inequalidades que deve ser ser aplicada
a todos os componentes do vetor p que contém as variáveis de decisão. Uma maneira muito utilizada para
forçar com que as restrições sejam respeitadas é ampliar a função custo para incluir os termos adicionais
apresentados na Equação 2.51.

ng
X
J(p|ρ) = J0 (p) + ρi [max(0, gi (p))]2 . (2.51)
i=1

n
Na Equação 2.51, J0 corresponde à função custo original apresentada em 2.50 e o vetor ρ ∈ R+g , cujo
número total de variáveis de decisão é representado por ng , é dado pela Equação 2.52:

 
ρ1
 . 
ρ= . 
 . . (2.52)
ρng

Essa nova formulação permite expressar que toda vez que uma violação às restrições do problema de
controle ocorrer, a mesma introduz um custo adicional e, é justamente esse custo adicional, que exclui
essa possibilidade durante o processo de otimização da nova função custo sob as condições de saturação e
somente sob elas, resultando na Equação 2.53.

min J(p|ρ) sob pmin ≤ p ≤ pmax . (2.53)


p∈Rnp

O novo problema de otimização parametrizado com base em ρ pode ser resolvido utilizando-se um
método denominado Projeção do Gradiente, constituído de duas etapas:

1. Dado o vetor correspondente à iteração atual p(i) ∈ [pmin , pmax ] e o valor atual do vetor de penali-
zação ρ, o valor atualizado de p é calculado primeiramente sem levar em consideração as restrições
por meio de uma iteração gradiente com expansão, resultando na Equação 2.54:

(i+1)
[pcand , γ (i+1) ] = GE (p(i) , γ (i) ). (2.54)

2. Atualiza-se o valor de p(i+1) por meio da etapa de projeção, cujo operador é definido na Equação
2.55 e resulta na Equação 2.56.

26
Pr = Rnp [pmin , pmax ]; pr = Pr (p), ∀ipri = min(pmax
i , max(pmin
i , pi )), (2.55)

(i+1)
p(i+1) = Pr (pcand ). (2.56)

A esse algoritmo dá-se o nome de Projeção do Gradiente com Expansão (do inglês Projected Gradient
Expansion) ou PGE. Se a função custo J(p|ρ) for convexa, o que é o caso da abordagem linear do MPC,
o algoritmo PGE converge assintoticamente para o mínimo global da função custo aumentada J(p|ρ) e,
consequentemente, o torna um bom candidato para utilização como solver de QP do MPC, ou seja, o
algoritmo de minimização de QP.

O pseudocódigo do Algoritmo PGE (algoritmo 2) encontra-se abaixo.

Algorithm 2 Algoritmo Expansão do Gradiente Projetado (PGE) [p+ ,γ + ] = PGE(p,γ,ρ)


1: Funções necessárias: J e seu gradiente G
2: Parâmetros necessários : hmax > 0, γmin > 1, β + > 1, β − ∈]0, 1[, pmin , pmax
3:
4: p1cand ← p − 1/hmax G(p), J (1) ← J(p1cand |ρ)
γ γ
5: pcand ← p − γ/hmax G(p), J (γ) ← J(pcand |ρ)
6:
7: if J (γ) < J (1) then
8: p+
cand ← p
(γ)

9: γ + ← β + .γ
10: else
11: p+
cand ← p
(1)

12: γ + ← max{γmin , β − .γ}


13: end
14:
15: for σ = 1 . . . np do
(i+1) +
16: pσ ← min(pmax σ , max(pmin
σ , pcandσ ))
17: end

Entretanto, é interessante analisar o que determina se a solução encontrada está de acordo com as
restrições do problema de controle, e isso é dado pelo parâmetro ρ. Se ρ = 0, o algoritmo PGE converge
para a solução na qual nenhuma restrição é aplicada, ou seja, G(p) = 0 ∈ Rn . Já para valores bem altos de
ρ, a quantidade de restrições que podem ser violadas pela solução ótima popt do algoritmo PGE converge
para zero, ou seja, ocorre o que é mostrado na Equação 2.57:

ng
lim max[max(0, gi (popt ))] = 0. (2.57)
ρ→inf i=1

Portanto, é interessante utilizar valores altos de ρ, uma vez que a Equação 2.57 mostra que para tais
valores, as restrições do problema de controle são atendidas na solução ótima encontrada pelo algoritmo.
Todavia, há uma limitação em utilizar valores muito altos para ρ: por mais que seja uma garantia do
respeito às limitações do problema, altos valores de ρ também acabam gerando valores altos de hmax , já

27
2
que o termo ρ ∂∂pg2i está envolvido no cálculo da matriz Hessiana que possui como restrição justamente o
fator hmax .

Altos valores de hmax , por sua vez, resultam em passos α muito pequenos. Isso poderia ser resolvido
adotando-se valores mais altos para β + , por exemplo, mas esse tipo de abordagem pode levar a problemas
de convergência do algoritmo.

Para escolher então o valor apropriado de ρ > 0, pode-se utilizar os seguintes passos:

1. Inicialização de ρ com valores pequenos;

2. Incrementar ρ por um fator βρ+ e submetido a uma restrição de valor máximo (ρmax ), como pode ser
visto na Equação 2.58 a cada Niter iterações.

ρ = min{ ρmax , βρ+ .ρ} βρ+ > 1. (2.58)

Essa formulação final resulta no Algoritmo 3, cujo pseudocódigo é apresentado logo abaixo.

Algorithm 3 Otimização com aplicação das restrições psol = solver_ sat_ pen(p(0) ,Niter )
1: Funções necessárias: J e seu gradiente G
g
2: Parâmetros necessários : hmax > 0, hmax > 0, γmin > 1, β + > 1, β − ∈]0, 1[, pmin , pmax ∈
Rnp , ρmax , βρ+ > 1
3:
4: iρ = 0, γ = 1.2, ρ = 5hmax /hgmax , nρ = 5np
5:
6: for (i = 1 : Niter) do
7: [p, γ] = PGE(p,γ,ρ)
8: iρ ← iρ + 1
9:
10: if iρ = nρ then
11: iρ ← 1
12: ρ ← min(ρmax , βρ+ .ρ)
13: end
14:
15: end
16:
17: psol ← p

2.1.5.4 Aplicação do algoritmo PGE como solver de QP do MPC

Com a definição do algoritmo PGE, têm-se todos os dados necessários para implementar o solver de
QP a ser utilizado no MPC linear.

O QP a ser resolvido é definido da seguinte forma (Equação 2.59):

1 T
min p Hp + FT p mediante as restrições Ap ≤ B. (2.59)
p∈[pmin ,pmax ] 2

28
As matrizes H e F do QP presentes na Equação 2.59 são as mesmas matrizes de custo H e F definidas
na subseção 2.1.3. Já as matrizes A e B do QP são as matrizes de restrições Aineq e Bineq , também
definidas na subseção 2.1.3.

Com as matrizes H e A do QP, pode-se calcular o valor do parâmetro hmax (equações 2.60 - 2.61):

h0max = kHk2 ; hgmax = kAT Ak2 , (2.60)

hmax = h0max + 2ρ.hgmax . (2.61)

Além desses dados, é necessário atribuir os parâmetros pmin , pmax , ρ0 , ρmax , βρ+ ,nρ e Niter , que
assumem os valores determinados na formulação do algoritmo de solver nesta subseção.

No capítulo 5 de Alamir (2013), há uma formulação deste solver de QP em MATLAB, denominada


solver_ sat_ pen.m. Esse código é integrado a um script utilizado para calcular as matrizes do MPC e os
dados que o QP necessita, listados anteriormente.

Por fim, é interessante notar que toda a formulação necessária para a implementação do MPC utilizando
como solver de QP o algoritmo PGE foi apresentada nesta seção. Em outras palavras, isso quer dizer que,
com essa formulação, é possível implementar o MPC sem a utilização de bibliotecas numéricas ou de
otimização adicionais, que é a principal motivação para implementação deste algoritmo neste trabalho. É
justamente essa estratégia de controle que foi implementada em linguagem de descrição de hardware, para
que pudesse ser implementada em FPGA.

2.1.6 Parametrização do MPC

A parametrização de controle é uma técnica muito importante para a implementação do MPC em-
barcado em plataformas de hardware. Trata-se de uma técnica que diminui drasticamente o número de
variáveis de decisão do problema de otimização inerente ao MPC, sem acarretar em uma redução signifi-
cativa de desempenho do controlador, na maioria dos casos (ALAMIR, 2013).

A parametrização adotada neste trabalho é a parametrização exponencial. Entretanto, antes de expli-


car esse método específico de parametrização, é importante explicar alguns conceitos gerais às diferentes
formas de parametrização de controle.

Na formulação do MPC aplicado a sistemas LTI apresentada na subseção anterior, é possível perceber
que o número de graus de liberdade do algoritmo, ou seja, o número de variáveis que precisam ser deter-
minadas para se obter uma solução do problema de controle, corresponde ao horizonte de predição N. Isso
fica ainda mais claro quando observa-se que o MPC calcula uma sequência de controle composta por N
elementos, que pode ser evidenciado analisando a Equação 2.2.

Pode-se então considerar uma sequência de controle em que existam somente dois graus de liberdade,
como mostrado na Equação 2.62.

29
(
p1 se i = 1
u(k + i − 1) = . (2.62)
p2 se i ∈ 2, . . . , 10

A Equação 2.62 pode ser reescrita da forma apresentada na Equação 2.63 abaixo:

 
1 0
 

 0 1 


 0 1 

 

 0 1 

 0 1 
u
e(k) :=   p =: Πr .p; Πr ∈ R2x10 . (2.63)
 

 0 1 


 0 1 

 

 0 1 


 0 1 

0 1

Na Equação 2.63, a matriz Πr é a matriz de parametrização em torno das variáveis de decisão alocadas
no vetor p. Utilizando essa mesma Equação, é possível reescrever as matrizes H, F, Aineq e Bineq em
função das novas variáveis de decisão p. Assim, a função custo do problema de controle pode ser reescrita,
resultando na Equação 2.64:

1 T 1 1
J(p) = u u + FT u
e He e = pT [Πr HΠr ]p + [Πr T F]T p = pT Hr p + Fr T p. (2.64)
2 2 2

Analisando a Equação 2.64, é possível perceber que as novas matrizes reduzidas Hr e Fr são dadas
pela Equação 2.65

(
Hr = Πr .H.Πr
. (2.65)
Fr = Πr T F

Utilizando um raciocínio análogo, as restrições aplicadas às variáveis de controle podem ser reescritas
da forma apresentada na Equação 2.66:

emin ≤ u
u emax = u
e≤u emin ≤ Πr p ≤ u
emax . (2.66)

Assim, as inequalidades que continham as restrições na primeira linha da Equação 2.24 podem ser
reescritas na maneira expressa na Equação 2.67:

e ≤ Bineq = Aineq Πr p ≤ Bineq .


Aineq |{z}
u (2.67)
| {z }
Πr p Ar

Injetando as novas restrições impostas na Equação 2.66 na Equação 2.67, é possível obter as novas

30
matrizes reduzidas de restrições Ar e Br , representadas pela Equação 2.68.

  

 Aineq .Πr

Ar =  −Πr

  

 

+Πr




. (2.68)
  
Bineq





umin 
Br =  −e

  



emax
u

É interessante notar que na formulação adotada, a dimensão das variáveis de decisão não está vinculada
com o horizonte de predição adotado para o problema. Essa é uma grande vantagem, pois em muitos siste-
mas o uso de um horizonte de predição relativamente grande pode ser essencial para manter a establidade
do mesmo. Além disso, ainda que a estabilidade do sistema seja garantida, um maior horizonte de predição
pode ser necessário para melhorar o desempenho do controlador. Portanto, é possível adotar um horizonte
de predição maior sem impactar nos graus de liberdade necessários para obter a sequência de controle ue, o
que contribui para diminuir a complexidade computacional do MPC.

Existem diversas maneiras de definir uma sequência de controle com um número menor de parâmetros,
sendo um dos possíveis métodos para alcançar tal objetivo a utilização da parametrização exponencial. No
caso desse tipo de parametrização, considera-se um sistema com nu atuadores (a mesma dimensão do vetor
de dimensões de controle u), cujos tempos de estabilização são dados pela Equação 2.69.

τr ∈ Rnu . (2.69)

O tempo de estabilização indica que o i-ésimo atuador do sistema alcança seu valor de referência dado
pelo controlador em um intervalo de tempo igual ao i-ésimo componente de τr . Por conta disso, assume-se
que o algoritmo de controle não deve possuir modos dinâmicos mais rápidos que τ3r , ou seja:

3
λ= . (2.70)
τr

Dado o período de amostragem do sistema τ , a parametrização exponencial do perfil de controle pode


ser expressa de acordo com a Equação 2.1.6.

(j)
ne h i
(j)
X
uj (k + i) = e−λj (iτ )/((l−1)α+1) .pl ; α > 1. (2.71)
l=1

Analisando a Equação , é possível notar que a mesma é uma combinação linear de exponenciais da
(l)t
(l) λj (1) λ (3) λ
forma e−λj , em que λj = (l−1)α+1 . Assim, têm-se que λj = λj , λ2j = αj , λj = 2αj e assim por
diante.

Adotando-se o parâmetro α > 1, os nu perfis de controle podem ser definidos pelo vetor de parâmetros
p dado pela Equação 2.72.

31
 (1) 
p(1) ∈ Rne
 ..  ∈ Rnp .

p=
 .  (2.72)
(nu )
p(n u ) ∈R en

P u (j)
O resultado disso consiste em uma variável de decisão p de dimensão np = nj=1 ne , em que nu
corresponde ao número de atuadores do sistema e ne é o número de exponenciais escolhidas para serem
usadas em cada um dos atuadores. É importante ressaltar que este último corresponde a um importante grau
de liberdade, uma vez que alguns dos atuadores do sistema podem se comportar de forma bastante dinâmica
ao longo do horizonte de predição, ao passo que outros atuadores podem ser considerados constantes. Por
isso, pode ser necessário utilizar diferentes números de exponenciais no perfil de controle parametrizado
do sistema, buscando atender as especificidades do modelo a ser controlado.

Para implementar de fato a parametrização exponencial, ainda é necessário implementar a matriz de


parametrização específica para esse tipo de técnica. Essa matriz é análoga à matriz Πr dada na Equação
2.63. Aqui, essa matriz será representada por Πe , de forma que a sequência de controle ótima será dada
pela Equação 2.73):

 
u(k)
 .. 
u
e(k) = 
 .  = Πe .p(k).
 (2.73)
u(k + N − 1)

Para isso, a Equação 2.1.6 será reescrita de forma mais compacta, conforme mostrado na Equação 2.74.

(j) (j)
ne h i ne
(j) (j)
X X
uj (k + i) = e−λj (iτ )/((l−1)α+1) .pl ; α > 1 = [mj,l (i)].pl . (2.74)
l=1 | {z } l=1
mj,l (i)

A Equação 2.74 pode ser escrita na forma de produto matricial (Eq. 2.75), dada a expressão mais
compacta mostrada na Equação 2.76

(j)
uj (k + i) = [Mj (i)].p(j) ; p(j) ∈ Rne , (2.75)

Mj (i) = (mj,l (i) . . . mj,n(j) (i)). (2.76)


e

Reescrevendo a Equação 2.75 para j = 1, . . . nu leva ao vetor de entrada u(k + i) no instante futuro
k + i, cuja formulação é mostrada na Equação 2.77:



p(1)
.. 
  
u(k + i) = BlockDiag Mj (i)nj=1
u
) .
 .  = [M(i)].p
 (2.77)
p(nu )
| {z }
M(i)

32
Na Equação 2.77, apresentada acima, BlockDiag indica uma matriz diagonal por bloco formada com
os elementos dentro dos parênteses.

Por fim, concatenando a Equação 2.77 para i = 0, . . . , N − 1, obtêm-se a formulação da matriz de


parametrização exponencial Πe , mostrada na Equação 2.78 abaixo.

 
M(0)
 .. 
Πe = 
 . .
 (2.78)
M(N − 1)

Apesar de introduzir mais cálculos matriciais na formulação do MPC, a parametrização exponencial


reduz a complexidade computacional para o solver de QP do MPC. Isso porque as matrizes Πe , Hr e Ar
podem ser calculadas offline, assim como as matrizes H, Aineq , F1 , F2 , F3 , G1 , G2 e G3 . As matrizes
Fr e Br são calculadas online, a cada iteração do MPC, pois dependem das matrizes F e Bineq , que
também são calculadas online.

A parametrização de controle é muito importante para a implementação do MPC em tempo real. Uti-
lizando essa técnica, é possível tornar uma solução antes não realizável em realizável do ponto de vista do
tempo real e da compatibilidade com o hardware no qual pretende-se embarcar o MPC. E o principal, isso
pode ser alcançado, na maioria das vezes, sem quedas drásticas na qualidade do controle do sistema em
malha fechada.

2.2 Quadrirrotor

2.2.1 Revisão bibliográfica

Conforme apresentado anteriormente, o estudo de caso deste trabalho é um quadrirrotor. Esse tipo
de sistema é uma das diversas categorias de VANT, veículos que realizam operações sem nenhum piloto
a bordo, ou seja, são controlados remotamente ou autonomamente. A primeira aplicação de VANTs foi
na área militar, e desde então, os mesmos se tornaram presença permanente nesse segmento (NISSER;
WESTIN, 2006). Ainda segundo Nisser e Westin (2006) e também segundo Irizarry, Gheisari e Walker
(2012), outras áreas de aplicação de VANTs incluem:

• Busca, investigação e resgate de pessoas durante / após desastres naturais como furacões, terremotos
e incêndios;

• Controle e vigilância de fronteiras e territórios;

• Localização de incêndios em florestas ou nevascas em fazendas;

• Monitoramento de atividades criminais;

• Mineiração;

• Pesquisas científicas;

33
• Utilização em plataformas petroquímicas.

Aplicações mais recentes de VANTs incluem atividades comerciais e de marketing e empresas que
prestam serviços de fotografia aérea e filmagens de eventos (IRIZARRY; GHEISARI; WALKER, 2012).

O crescente interesse por VANTs possibilitou o desenvolvimento de diversos modelos de aeronave, de


diferentes formatos e tamanhos para operações em diferentes tipos de missão (VALAVANIS, 2008). Os
principais tipos de VANT são apresentados na Figura 2.4.

Figura 2.4: Diferentes tipos de VANT disponíveis na atualidade. Adaptado de: (KANELLAKIS; NIKO-
LAKOPOULOS, 2017).

Dos tipos apresentados na Figura 2.4, merecem destaque devido à quantidade de publicações e apli-
cações disponíveis na literatura os chamados VANTs de asa fixa e multirrotores. O primeiro corresponde
a um tipo de VANT ideal para vôos longos e aplicações que exijam a presença de cargas mais pesadas
durante o vôo; já a segunda categoria de VANTs possui maior manobrabilidade por conta de suas lâminas
rotatórias que permitem o vôo do dispositivo, bem como decolagem e aterrissagem vertical (do inglês,
Vertical Take-Off and Landing ou VTOL) e a capacidade de pairar e voar a pequenas altitudes. Por conta
dessas características, multirotores são utilizadas em uma faixa maior de aplicações do que os VANTs de
asa fixa (KENDOUL, 2012).

A Tabela 2.1 sumariza as vantagens e desvantagens discutidas no parágrafo anterior, bem como para
os demais tipos de VANT apresentados na Figura 2.4.

34
Tabela 2.1: Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de VANT. Adaptado de: (KANELLAKIS; NI-
KOLAKOPOULOS, 2017).

Vantagens Desvantagens
Unirrotor • Vôo VTOL • Cobertura em área
• Capacidade de pairar • Mais periogoso
• Alta capacidade de carga
• Durabilidade

Multirrotor • Vôo VTOL • Cobertura em área


• Capacidade de pairar • Baixa capacidade de carga
• Manobrabilidade • Curto período de vôo
• Ambientes internos e externos
• Área pequena e vazada
• Design simples

Asa fixa • Durabilidade • Cobertura em área


• Grande cobertura • Decolagem e aterrissagem em locais específicos
• Alta velocidade de vôo • Não é possível pairar
• Alta capacidade de carga • Velocidade constante para voar

Asa fixa híbrido VTOL • Durabilidade • Ainda sendo aprimorado


• Grande cobertura • Transição entre pairar e voar
• Vôo VTOL

Apesar disso, o controle de multirrotores é desafiador. De fato, o desenvolvimento de VANTs para


operações interiores e exteriores é considerado, há algum tempo, um dos grandes desafios da robótica
(BECKER; BOUABDALLAH; SIEGWART, 2006). Primeiramente, esses sistemas são não lineares e
subatuados, ou seja, possuem menos entradas de controle do que estados do sistema. Além disso, as
dinâmicas são significativamente acopladas e há grande incerteza nos modelos desse tipo de sistema que
surgem por conta da natureza aerodinâmica complicada que ocorre durante a geração de empuxo no vôo
dos mesmos (ALVARENGA et al., 2015).

Essas questões motivam o estudo de sistemas e técnicas de controle para esse tipo de veículo, vol-
tados para as mais diversas aplicações. A Figura 2.5 mostra o resultado de uma pesquisa realizada por
(ALVARENGA et al., 2015), listando as principais estratégias de controle utilizadas em VANTs.

Figura 2.5: Técnicas de controle para VANT e suas respectivas classificações. Fonte: (ALVARENGA et
al., 2015).

35
É possível perceber pela Figura 2.5, que os sistemas de controle desenvolvidos para VANTs são divi-
didos em três categorias: linear, não linear e independentes de modelo, de acordo com o modelo utilizado
para a implementação do VANT. Modelos não lineares são mais complexos e difíceis de implementar por
conta da presença de equações diferenciais ou polinomiais de ordem elevada, mas é justamente esse tipo de
complexidade que permite a descrições de dinâmicas com múltiplos pontos de equilíbrio e comportamen-
tos que não podem ser previstos com modelos lineares. Sistemas de controle lineares geralmente realizam
suposições sob algumas condições de operação específicas, que permitem a linearização do modelo. Isso
simplifica o mesmo e facilita sua implementação, mas limita seus cenários de aplicação. Por último, sis-
temas independentes de modelo baseam-se em algoritmos de aprendizagem de máquina para, por meio
de testes de vôo controlados por um piloto utilizando controle remoto, ensinar o algoritmo a reproduzir o
comportamento do piloto e suas tomadas de decisão (ALVARENGA et al., 2015).

Focando na categoria de multirrotores, e mais especificamente na categoria de quadrirrotores, é pos-


sível perceber que esse tipo de sistema possui diversos trabalhos na literatura, com várias proposições de
estratégia de controle diferentes. No trabalho de Castillo, Dzul e Lozano (2004), controladores mais tradi-
cionais como o PID e estratégias de controle mais modernas como o LQR são propostas para estabilização
de quadrirrotores, ou seja, para todo sinal de entrada com amplitude limitada que é introduzido no sistema,
as saídas também assumem valores limitados, de forma que o sistema não diverge. Segundo Abdolhosseini,
Zhang e Rabbath (2013), esses controladores funcionam bem com modelos linearizados do quadrirrotor,
mas provaram não ser tão eficazes com modelos não lineares do mesmo.

Há ainda proposições de métodos como linearização de alimentação (MISTLER; BENALLEGUE,


2001), utilizado para que o quadrirrotor fosse capaz de seguir uma trajetória de referência (rastreamento de
trajetória); controle de modo deslizante (XU; OZGUNER, 2006) aplicado a uma classe de sistemas suba-
tuados, utilização da técnica conhecida como backstepping com um modelo simplificado do quadrirrotor
(BOUABDALLAH; SIEGWART, 2005) e uma lei de controle baseada na suposição de que o quadrirro-
tor pode ser considerado como a interconexão de três subsistemas distintos (MADANI; BENALLEGUE,
2006a).

Apesar de todas essas diferentes estratégias de controle terem sido testadas com quadrirrotores e conse-
guirem resultados satisfatórios, nenhuma delas é capaz de lidar explicitamente com restrições de operação
do quadrirrotor, que são fundamentais para manter a estabilidade e controlar o mesmo (ABDOLHOS-
SEINI; ZHANG; RABBATH, 2013). Essa é uma das principais razões que motivam a utilização do MPC
aplicado a esse tipo de sistema. Primeiramente, estratégias híbridas foram propostas na literatura: MPC
para rastrear trajetórias juntamente com um controlador Hinf para estabilização do sistema (RAFFO; OR-
TEGA; RUBIO, 2008) e MPC para estabelecer leis de controle para posição e um controlador feedforward
para estabilização da aeronave (ALEXIS; NIKOLAKOPOULOS, 2010).

Nos últimos anos, entretanto, há uma crescente de trabalhos que buscam utilizar o MPC como único
controlador, tanto para estabilizar o sistema quanto para alcançar os demais objetivos de controle estabe-
lecidos. O trabalho de Lopes et al. (2011) propõe um controlador MPC para estabilização e rastreamento
de trajetórias para um quadrirrotor, sendo a principal contribuição do trabalho justamente a utilização do
MPC como único controlador do sistema. O desempenho do MPC é comparado à abordagem do PID e do
controlador backstepping já citados em Castillo, Dzul e Lozano (2004) e Bouabdallah e Siegwart (2005),

36
respectivamente, obtendo melhor desempenho que o controlador PID, mas um tempo de convergência me-
nor que o backstepping. Apesar disso, o MPC não necessita de atuadores com respostas tão rápidas quanto
os do controlador backstepping e, por incorporar as restrições do sistema em sua formulação, torna-se uma
opção mais viável e segura para esse tipo de sistema.

Trabalhos mais recentes como o propõem a aplicação do MPC a um quadrirrotor Qball-X4 da Quanser,
buscando diminuir a demanda computacional do MPC por meio de um método de predição baseado em uma
estrutura linear interna do modelo do sistema e tratando as dinâmicas de vôo translacionais como sendo
independentes umas das outras (ABDOLHOSSEINI; ZHANG; RABBATH, 2013). A estratégia é validada
tanto em simulação quanto por meio de testes experimentais de rastreamento de trajetória utilizando o
Qball-X4.

Outra possibilidade explorada na literatura corresponde à proposição de uma estratégia de controle


preditivo não linear baseada em flatness, através da utilização de um modelo linear equivalente (graças à
propriedade de flatness do modelo não linear). Essa é a maior contribuição do trabalho e permite que o
rastreamento de trajetória seja efetuado por parte do quadrirrotor, respeitando as restrições impostas ao
sistema (Limaverde Filho, J. O. D. A. Lourenço et al., 2016).

O trabalho de Chikasha (2017) propõe a utilização de uma técnica conhecido como Controle Preditivo
baseado em Modelo Adaptativo (em inglês, Adaptive Model Predictive Control ou AMPC). Os resultados
mostram que o sistema consegue alcançar seus dois principais objetivos de controle: adaptação a mudanças
na dinâmica do sistema e rastreamento de trajetória, sendo a principal dificuldade do método a sintonização
do controlador.

Por fim, o trabalho de Murilo e Lopes (2018) apresenta uma metodologia de parametrização aplicada
a quadrirrotores utilizando uma abordagem não linear (NMPC), de forma a reduzir significativamente o
número de variáveis de decisão relacionadas ao problema de otimização e tornar mais fácil o cálculo da
sequência ótima de controle do problema proposto. A metodologia permite trabalhar com diferentes tipos
de modelagem de quadrirrotores, independente da complexidade do modelo não linear adotado.

É possível perceber que há muitas contribuições na literatura referentes à aplicação do MPC em qua-
drirrotores. É um campo de grande destaque, mas que ainda possui muito espaço para contribuições. Por
isso, este trabalho propõe a utilização do MPC em quadrirrotores, buscando obter todas as vantagens da
utilização dessa técnica (em especial o respeito às restrições do sistema, auxiliando na estabilidade do
mesmo), mas explorando um campo que ainda foi pouco abordado na literatura: o desenvolvimento de
estratégias de controle preditivo utilizando FPGA para aplicações em quadrirrotores. Mas antes disso, será
apresentada a modelagem do quadrirrotor e os parâmetros do sistema que serão utilizados nas etapas de
validação experimental deste trabalho.

2.2.2 Modelagem do quadrirrotor

Como foi abordado na seção 2.1.1, a formulação do MPC torna imprescindível a utilização de um
modelo do sistema que deseja-se controlar. Além disso, a abordagem apresentada até o momento trata do
MPC linear, e, consequentemente, caso o modelo do sistema que deseja-se controlar seja não linear, uma
etapa necessária para a utilização de tal modelo é a sua linearização.

37
A subseção atual possui como objetivo apresentar a formulação do modelo matemático do quadrirrotor
que é utilizado neste trabalho. A modelagem é baseada nos trabalhos de Santana e Braga (2008) e Santana
e Borges (2009) e, caso o leitor queira procurar maiores informações a respeito deste tópico, o mesmo é
convidado a consultar as referências originais.

Nestes trabalhos, os autores optaram por representar o modelo do quadrirrotor por ângulos de Euler,
abordagem amplamente utilizada na literatura (SANTANA; BRAGA, 2008). Para a modelagem do sistema,
algumas hipóteses são assumidas:

1. A estrutura do quadrirrotor e as hélices são rígidas;

2. O centro de gravidade e a origem do sistema de coordenadas do sistema coincidem;

3. A estrutura do quadrirrotor é simétrica;

4. Os atuadores do quadrirrotor são idênticos;

5. O arrasto e o empuxo aerodinâmicos do sistema são proporcionais ao quadrado das velocidades de


rotação dos motores.

Primeiramente, uma breve explicação do sistema de coordenadas utilizado na modelagem é apresen-


tada. Em seguida, os movimentos de rotação e translação são modelados individualmente, de forma que
cada um é abordado em um tópico diferente. Em posse das equações dinâmicas que descrevem os movi-
mentos do quadrirrotor, um processo de linearização é realizado para a obtenção de um modelo em espaço
de estados linear do quadrirrotor, que pode ser aplicado à abordagem do MPC apresentada neste trabalho.

2.2.2.1 Sistemas de coordenadas do quadrirrotor

Para a correta modelagem matemática do sistema do quadrirrotor, é necessário estabelecer um sistema


de coordenadas através do qual seja possível localizar o sistema no espaço, de modo a permitir que seus
movimentos de rotação e translação sejam representados de maneira adequada. Para isso, são considerados
dois tipos de coordenadas: o sistema de coordenadas fixo no corpo do quadrirrotor, denominado B, e
o sistema de coordenadas fixo na Terra, denominado E. A Figura 2.6 representa ambos os sistemas de
coordenadas descritos até aqui.

Figura 2.6: Sistema de coordenadas adotado na modelagem do quadrirrotor. Fonte: (SANTANA; BOR-
GES, 2009).

38
As diferenças lineares e angulares entre esses dois sistemas de coordenadas é responsável pela definição
do vetor ζ, definido na Equação 2.79:

ζ = [x y z φ θ ψ]T . (2.79)

Ao vetor ζ dá-se o nome de vetor de postura do quadrirrotor. Ele possui informações importantes para
a modelagem do sistema:

• x: movimento de translação na direção x do sistema de coordenadas fixo na Terra E;

• y: movimento de translação na direção y do sistema de coordenadas fixo na Terra E;

• z: movimento de translação na direção z do sistema de coordenadas fixo na Terra E;

• φ: ângulo de rotação em torno do eixo x do sistema de coordenadas fixo na Terra E, conhecido como
rolagem (do inglês, roll);

• θ: ângulo de rotação em torno do eixo y do sistema de coordenadas fixo na Terra E, conhecido como
arfagem (do inglês, pitch);

• ψ: ângulo de rotação em torno do eixo z do sistema de coordenadas fixo na Terra E, conhecido como
guinada (do inglês, yaw).

Assume-se que a translação entre os sistemas de coordenadas B e E não influencia na determinação


das equações dinâmicas e, consequentemente, assume-se também que as origens de ambos os sistemas de
coordenadas são coincidentes.

2.2.2.2 Equacionamento dinâmico do movimento de translação

A primeira etapa necessária para modelar os movimentos de translação do quadrirrotor corresponde à


obteção da equação relaciona o empuxo vertical (U ) direcionado para cima com a atuação simultânea dos
quatro propulsores, resultando na Equação 2.80:

U = b × (Ω21 + Ω22 + Ω23 + Ω24 ). (2.80)

Na Equação 2.80, os termos Ωi referem-se à velocidade angular do i-ésimo motor do sistema, enquanto
o termo b refere-se ao coeficiente de empuxo das hélices dos motores.

Segundo Madani e Benallague (2006), a estrutura peculiar de distribuição de motores no quadrirrotor


limita as maneiras de controlar o mesmo. A atuação nos movimentos de translação é feita com base na pro-
jeção do empuxo vertical nos eixos coordenados de acordo com a atitude do quadrirrotor, diferentemente
da atuação nos momentos de rotação, que baseam-se nos princípios de conservação de momento angular e
desbalanceio de torques, que é abordado no próximo tópico desta subseção.

39
A segunda equação necessária para descrever os movimentos de translação é a rotação do vetor de
empuxo vertical (Equação 2.82). Para a obtenção da mesma, torna-se necessário multiplicar o vetor de
empuxo vertical (medido no referencial B) pela matriz de rotação definida na Equação 2.81.

 
cos(ψ)cos(θ) cos(ψ)sin(θ)sin(φ) − sin(ψ)cos(φ) cos(ψ)sin(θ)cos(φ) + sin(ψ)sin(φ)
Rφθψ =  sin(ψ)cos(θ) sin(ψ)sin(θ)sin(φ) + cos(ψ)cos(φ) sin(ψ)sin(θ)cos(φ) − sin(φ)cos(ψ)  ,
 

−sin(θ) cos(θ)sin(φ) cos(θ)cos(φ)


(2.81)

   
0 cos(ψ)sin(θ)cos(φ) + sin(ψ)sin(θ)
Urot = Rφθψ ×  0  =  sin(ψ)sin(θ)cos(φ) − sin(φ)cos(ψ)  . (2.82)
   

U cos(θ)cos(φ)

Por fim, aplicando-se a segunda Lei de Newton a cada uma das componentes, obtém-se as Equações
2.83, 2.84 e 2.85.

d2 x U
= (cos(ψ)sin(θ)cos(φ) + sin(ψ)sin(θ)) × , (2.83)
dt2 m

d2 y U
2
= (sin(ψ)sin(θ)cos(φ) − sin(φ)cos(ψ)) × , (2.84)
dt m

d2 z U
2
= −g + (cos(θ)cos(φ)) × . (2.85)
dt m

Nas equações acima, m corresponde à massa total da estrutura do quadrirrotor e g corresponde à


aceleração da gravidade local.

2.2.2.3 Equacionamento dinâmico do movimento de rotação

A segunda dinâmica necessária para a descrição matemática completa do quadrirrotor refere-se ao mo-
vimento de rotação do mesmo. O equacionamento dessa dinâmica é mais complexo do que o equaciona-
mento das dinâmicas de rotação, principalmente por conta da abordagem do formalismo de Euler-Lagrange
adotada em Santana e Braga (2008). Essa abordagem permite que as equações de rotação sejam obtidas de
maneira mais simples do que utilizando-se as equações de Newton, com base na análise de energia e tra-
balho do sistema, mas envolve também muitas manipulações matemáticas, que tornam o equacionamento
mais complexo.

O primeiro passo necessário para definir essas equações, é definir o conceito de Lagrangiano (mostrado
na Equação 2.86):

40
(
 L = E − V . (2.86)
d ∂L ∂L
dt ∂ρi − ∂ρi = γi

Na Equação 2.86, E corresponde à energia cinética total, V é a energia potencial total, ρi é a i-ésima
coordenada generalizada, ou seja, grau de liberdade e γi é a força resultante não-conservativa que é capaz
de realizar trabalho na direção de ρi .

Para o segundo passo, é necessário considerar um ponto qualquer do quadrirrotor com coordenadas
medidas no referencial B do quadrirrotor: pB = [x y z]T . A posição do ponto pB em relação ao sistema
de coordenadas fixo na Terra, E, é dada por pE e pode ser determinada por meio da multiplicação de pB
pela matriz de rotação definida na Equação 2.81, resultando na Equação 2.87:

 
(cos(ψ)cos(θ))x + (cos(ψ)sin(θ) sin(φ) − sin(ψ)cos(φ))y + (cos(ψ)sin(θ)cos(φ) + sin(ψ)sin(φ))z
pE = pB × Rφθψ =  (sin(ψ)cos(θ))x + (sin(ψ)sin(θ)sin(φ) + cos(ψ)cos(φ))y + (sin(ψ)sin(θ)cos(φ) − sin(φ)cos(ψ))z  .
 

(−sin(θ))x + (cos(θ)sin(φ))y + (cos(θ)cos(φ))z


(2.87)

A energia cinética do ponto pE , denominada KpE pode ser calculada por meio da Equação 2.88:

 2
1 dpE
KpE = dm. (2.88)
2 dt

A Equação 2.88 possui o operador kk, que representa a norma Euclidiana, e dm, que representa o
elemento de massa associado a pE .

Para determinar o valor da energia cinética total do quadrirrotor (E), é necessário integrar a Equação
2.88 ao longo de toda a estrutura do mesmo, denominada C, resultando na Equação 2.89.

1
(y 2 + z 2 )dm(φ̇2 − 2ψ̇ φ̇sinθ + ψ̇ 2 sin2 θ)
R
E= 2 CR
1
+ 2 C (z 2 + x2 )dm(θ̇2 cos2 (θ) + 2θ̇ψ̇sin(φ)cos(φ)cos(θ) + ψ̇ 2 sin2 (φ)cos2 (θ))
+ 12 C (x2 + y 2 )dm(θ̇2 sin2 (φ) − 2θ̇ψ̇sin(φ)cos(φ)cos(θ) + ψ̇ 2 cos2 (φ)cos2 (θ))
R
.
+ C xydm(ψ̇ 2 sin(φ)sin(θ)cos(θ) + ψ̇(cos(φ)sin(θ)θ̇ − sin(φ)cos(θ)φ̇) − cos(φ)φ̇θ̇)
R

+ C xzdm(ψ̇ 2 cos(φ)sin(θ)cos(θ) + ψ̇(−cos(φ)cos(θ)φ̇ − sin(φ)sin(θ)θ̇) + sin(φ)φ̇θ̇)


R

+ C yzdm(−ψ̇ 2 sin(φ)cos(φ)cos2 (θ) + ψ̇(sin2 (φ)cos(θ)θ̇ − cos2 (φ)cos(θ)θ̇) + sin(φ)cos(φ)θ̇2 )


R

(2.89)

É importante notar que, para a obtenção da Equação 2.89, desprezou-se a energia de translação associ-
ada ao deslocamento de B em relação a E

As três primeiras integrais da Equação 2.89 correspondem aos momentos de inércia do quadrirrotor
em torno dos eixos x, y e z, respectivamente. O momento de inércia em torno do eixo x é denominado
Ixx e, de forma análoga, os momentos de inércia em torno dos eixos y e z são denominados Iyy e Izz ,
respectivamente. Já as três últimas integrais presentes na Equação 2.89 estão relacionadas aos produtos
de inércia do sistema. Como assume-se que o quadrirrotor possui uma estrutura simétrica, esses termos
podem ser considerados nulos, o que permite rearranjar a Equação 2.89, dando origem à Equação 2.90.

41
 2
1 dφ dψ
E= 2 Ixx dt − dt sin(θ)
 2

+ 21 Iyy dθ
dt cos(φ) + dt sin(φ)cos(θ)
. (2.90)
 2

+ 21 Izz dθ
dt sin(φ) − dt cos(φ)cos(θ)

Com a obtenção da Equação 2.90, é possível estabelecer uma comparação com a expressão geral da
energia cinética de um corpo que gira livremente no espaço com velocidades ωx (velocidade de rotação em
torno do eixo x), ωy (velocidade de rotação em torno do eixo y) e ωz (velocidade de rotação em torno do
eixo z). Essa Equação pode ser vista logo abaixo (Equação 2.91).

1 1 1
E = Ixx ωx2 + Iyy ωy2 + Izz ωz2 . (2.91)
2 2 2

Ao comparar-se as Equações 2.90 e 2.91, é possível derivar uma relação matricial (Eq. 2.92) entre as
taxas de variação dos ângulos de Euler com as taxas reais de rotação (velocidades angulares) do quadrirro-
tor.


     
ωx 1 0 −sin(θ) dt

 ωy  =  0 cos(φ) sin(φ)cos(θ)  ×  . (2.92)
     
dt

ωz 0 −sin(φ) cos(φ)cos(θ) dt

Ao inverter-se a matriz definida na Equação 2.92, é possível calcular diretamente as velocidades angu-
lares dos ângulos de Euler como função das velocidades angulares do quadrirrotor, resultando na Equação
2.93.

 
 dφ
 sin(φ) cos(φ)  
1 (sin(θ) (cos(θ))(cos 2 (φ)+sin2 (φ)) ) (sin(θ)) (cos(θ))(cos 2 (φ)+sin2 (φ)) ωx
dt
dθ   cos(φ) sin(φ)  
 0
= − cos2 (φ)+sin  ×  ωy 
.

 dt cos2 (φ)+sin2 (φ) 2 (φ) 
dψ sin(φ) cos(φ)
dt 0 (cos(θ))(cos2 (φ)+sin2 (φ)) (cos(θ))(cos2 (φ)+sin2 (φ))
ωz
(2.93)

A terceira etapa necessária para o equacionamento das dinâmicas de rotação do quadrirrotor é obter a
energia potencial associada a esse tipo de movimento, que pode ser obtida de maneira menos complexa
do que a energia cinética obtida anteriormente. Para tal, assume-se que a aceleração gravitacional g é a
mesma em todos os pontos do quadrirrotor e, portanto, a energia potencial do ponto pE pode ser expressa
por meio da Equação 2.94.

VpE = g × ([0 0 1] × pE ) × dm. (2.94)

Na Equação 2.94, o vetor [0 0 1] é utilizado para expressar que somente a coordenada de pE no eixo z
é considerada no cálculo da energia potencial.

O procedimento para obtenção da energia potencial total do quadrirrotor é o mesmo para a obtenção
da energia cinética total: integrar a Equação associada ao ponto pE , na Equação 2.94, ao longo de toda a

42
estrutura C do quadrirrotor, resultando na Equação 2.95:

R
V = g C (−sin(θ)x + sin(φ)cos(θ)y + cos(φ)cos(θ)z)dm
R  R  R  . (2.95)
= C xdm (−gsin(θ)) + C ydm (gsin(φ)cos(θ)) + C zdm (gcos(φ)cos(θ))

As integrais entre parênteses na Equação 2.95 estão relacionadas com as coordenadas x, y e z do


centro de massa do quadrirrotor em relação ao sistema de coordenadas E. Entretanto, como as hipóteses
assumidas no modelamento matemático do quadrirrotor incluem a coincidência das origens dos sistemas
B e E, têm-se que essas integrais são nulas, ou seja, V = 0 e este termo pode ser eliminado dos próximos
cálculos.

A quarta e última etapa para equacionar as dinâmicas de rotação do quadrirrotor corresponde à defi-
nição dos graus de liberdade ρi e as forças não conservativas γi . Acompanhando toda a formulação da
dinâmica de rotação do quadrirrotor é natural assumir que os graus de liberdade ρi do sistema são dados
pelos ângulos do mesmo (φ, θ e ψ) e as forças não conservativas γi associadas a eles são os torques em
torno dos eixos x, y e z (τx , τy e τz , respectivamente). Dentre estes, ainda é necessário definir o equaciona-
mento dos torques, dado pelo desbalanceamento de empuxo e rotações entre os quatro motores, conforme
ilustrado nas equações abaixo (Equações 2.96 - 2.98):

τx = bL(Ω24 − Ω22 ), (2.96)

τy = bL(Ω23 − Ω21 ), (2.97)

τz = d(Ω21 − Ω22 + Ω23 − Ω24 ). (2.98)

Nas equações acima, b representa o coeficiente de empuxo das hélices do quadrirrotor, medido em
[N s2 ], L corresponde à meia envergadura do mesmo, medida em [m], d é o coeficiente de arrasto, medido
em [N ms2 ] e Ωi é a velocidade de rotação do i-ésimo motor do sistema, medida em [rad/s].

As equações 2.96, 2.97, 2.98 e a Equação 2.80, definida durante o equacionamento do movimento
de translação do quadrirrotor, formam um sistema não linear com quatro equações e quatro incógnitas,
cuja solução corresponde às velocidades de rotação que devem ser aplicadas aos motores das hélices do
quadrirrotor para gerar os torques e o empuxo vertical necessários. Para tal, é necessário realizar uma
substituição de variáveis da forma Ω2i = vi , com a hipótese de que Ωi ≥ 0,i ∈ 1, 2, 3, 4. Após resolver
esse sistema de equações, ao retornar para as variáveis originais, obtêm-se o conjunto de Equações 2.99
abaixo, com as equações para a rotação de cada motor.

43
 q
1 −bLτz +2dτy −dLU
Ω1 = 2 q−

bLd




1 −bLτz −dLU +2dτx
2 q−
 Ω2

= bLd
. (2.99)
1 bLτz +2dτy +dLU



 Ω3 = 2q bLd

1 bLτz −dLU −2dτx


 Ω
4 = 2 bLd

Com posse de todas as equações descritas nessa subseção, é possível obter as equações diferenciais que
descrevem a dinâmica do movimento de rotação do quadrirrotor. Para isso, deve-se substituir as equações
2.90 e 2.95 na Equação 2.86, resultando nas equações 2.100, 2.101 e 2.102, que descrevem as dinâmicas
de rotação de φ, θ e ψ, respectivamente.

dΨ dθ
d2 φ d2 ψ cos(θ)(Ixx +(Iyy −Izz )(2cos(φ)2 −1))
dt2
= dt2
sin(θ) + dt dt
Ixx
, (2.100)
dθ2 Iyy −Izz dψ 2 Iyy −Izz τx
− 12 dt sin(2φ) Ixx + 1
2 dt sin(2φ)cos(θ)2 Ixx + Ixx

2ψ 1
d2 θ −d sin(2φ)cos(θ)(Iyy −Izz)
dt2 2
dt2
= Iyy cos(φ)2 +Izz sin(φ)2

1 dψ 2
sin(2θ)(−Ixx +Iyy sin(φ)2 +Izz cos(φ)2 )
−2 dt
Iyy cos(φ)2 +Izz sin(φ)2
, (2.101)
dθ dφ
sin(2φ)(Izz −Iyy )
+ dt dt
Iyy cos(φ)2 +Izz sin(φ)2

dψ dφ
cos(θ)((cos(2φ))(Iyy −Izz )+Ixx )+τy )
+ dt dt
Iyy cos(φ)2 +Izz sin(φ)2

d2 φ 2
d2 ψ sin(θ)Ixx − d 2θ 12 sin(2φ)cos(θ)(Iyy −Izz )
dt2
dt2
= dt
cos(θ)2 (Izz cos(θ)2 )+Iyy sin(φ)2 )+sin(θ)2 Ixx

dθ dψ
sin(2θ)(Ixx −Izz cos(φ)2 +Iyy sin(φ)2 )
− cos(θ)
dt dt
2 (I cos(φ)2 +I sin(φ)2 )+sin(θ)2 I
zz yy xx

dθ dψ
sin(2θ)(Ixx −Izz cos(φ)2 +Iyy sin(φ)2 )
− cos(θ)
dt dt
2 (I cos(φ)2 +I sin(φ)2 )+sin(θ)2 I
zz yy xx
. (2.102)
dψ dθ
sin(2φ)cos(θ)2 (Iyy −Izz )
+ dt dt
cos(θ)2 (Izz cos(φ)2 +Iyy sin(φ)2 )+sin(θ)2 Ixx

dθ dφ
cos(θ)(Ixx +(2cos(φ)2 −1)(Iyy −Izz ))
− cos(θ)
dt dt
2 (I cos(φ)2 +I sin(φ)2 )+sin(θ)2 I
zz yy xx

1 dθ 2
sin(2φ)sin(θ)(Iyy −Izz )+τz
+ cos(θ)22 (Idtzz cos(φ)2 +Iyy sin(φ)2 )+sin(θ)2 Ixx

44
2.2.2.4 Linearização do modelo

Com as equações dinâmicas que descrevem as dinâmicas do quadrirrotor, nosso sistema de interesse, é
necessário representá-las em espaço de estados, para que seja possível aplicar o MPC da maneira que foi
demonstrada na seção anterior (seção 2.1.1). Esse é o último passo para utilizar o modelo na formulação
do controlador MPC utilizado neste trabalho.

Essas etapas correspondem ao processo que foi utilizado no trabalho de Lopes et al. (2011), resultando
nas mesmas matrizes A e B apresentadas no mesmo.

A primeira etapa corresponde a uma aproximação por meio de uma expansão de Taylor de primeira
ordem das equações dinâmicas do quadrirrotor em torno de um ponto de equilíbrio. Em Lopes et al.
(2011), esse ponto de equilíbrio foi arbitrado como sendo z = 10m, o que implica em um vetor ξ¯ =
[x ẋ y ẏ z ż φ φ̇ θ θ̇ ψ ψ̇] = [0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0], que corresponde a uma variação do vetor de pos-
tura ξ do quadrirrotor contendo informações adicionais referentes à variação de cada uma das grandezas
presentes no vetor de postura ξ original.

Em outras palavras, o quadrirrotor foi linearizado com base em um ponto de equilíbrio que representa
a situação em que a aeronave encontra-se pairando a 10m de altura, com todos os ângulos de atitude iguais
a zero.

Para a etapa da expansão de Taylor de primeira ordem também é considerado um vetor de controle
ū = [ū1 ū2 ū3 ū4 ]T , que corresponde a um condição de vôo em que o quadrirrotor encontra-se parado,
planando no ar. As variáveis de controle do quadrirrotor correspondem às velocidades angulares de cada
motor, de forma que cada elemento de ū é dado em rad/s.

Essa etapa de linearização corresponde basicamente em utilizar as derivadas de cada variável de estado
e derivá-las em função de cada variável de estado individual, conforme é mostrado na Equação 2.103,
e derivar as mesmas equações em função de cada variável de controle individual, conforme mostrado
na Equação 2.104. Essa etapa gera as matrizes de estado contínuas Ac e Bc . O sub-índice c refere-se
justamente ao fato de ambas serem matrizes contínuas.

45
 
∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ
∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂ φ̇ ∂θ ∂ θ̇ ∂ψ ∂ ψ̇
∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ
 
 
 ∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂ φ̇ ∂θ ∂ θ̇ ∂ψ ∂ ψ̇ 
 ∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ 
∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂θ ∂ψ
 
 ∂ φ̇ ∂ θ̇ ∂ ψ̇ 
 ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ 

 ∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂ φ̇ ∂θ ∂ θ̇ ∂ψ ∂ ψ̇


 ∂ ż ∂ ż ∂ ż ∂ ż ∂ ż ∂ ż ∂ ż ∂ ż ∂ ż ∂ ż ∂ ż ∂ ż 
 ∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂ φ̇ ∂θ ∂ θ̇ ∂ψ ∂ ψ̇ 
 
 ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ 
 ∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂ φ̇ ∂θ ∂ θ̇ ∂ψ ∂ ψ̇ 
Ac = 
 ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇
,
 (2.103)
 ∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂ φ̇ ∂θ ∂ θ̇ ∂ψ ∂ ψ̇ 
∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈
 
 
 ∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂ φ̇ ∂θ ∂ θ̇ ∂ψ ∂ ψ̇ 
∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇
 
 
 ∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂ φ̇ ∂θ ∂ θ̇ ∂ψ ∂ ψ̇ 
 ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ 
∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂θ ∂ψ
 
 ∂ φ̇ ∂ θ̇ ∂ ψ̇ 
 ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ 
∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂θ ∂ψ
 
 ∂ φ̇ ∂ θ̇ ∂ ψ̇ 
∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈
∂x ∂ ẋ ∂y ∂ ẏ ∂z ∂ ż ∂φ ∂ φ̇ ∂θ ∂ θ̇ ∂ψ ∂ ψ̇

∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ ∂ ẋ
 
∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4
 ∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ ∂ ẍ 
 ∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4 
∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ ∂ ẏ
 
 
 ∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4 
 ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ ∂ ÿ 
 ∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4 
∂ ż ∂ ż ∂ ż ∂ ż
 
 
 ∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4 
 ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ ∂ z̈ 
 ∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4 
Bc = 
 ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇ ∂ φ̇
.
 (2.104)
 ∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4 
 ∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈ ∂ φ̈ 
∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4
 
 
 ∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇ ∂ θ̇ 
 ∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4 

 ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ ∂ θ̈ 

 ∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4 
 ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ ∂ ψ̇ 
 ∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4 
∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈ ∂ ψ̈
∂Ω1 ∂Ω2 ∂Ω3 ∂Ω4

É importante ressaltar que as derivadas das velocidades lineares e angulares (ẍ, ÿ, z̈, φ̈, θ̈ e ψ̈) são
dadas pelas equações 2.83, 2.84 e 2.85, 2.101, 2.100 e 2.102, que foram apresentadas anteriormente. Já as
derivadas das coordenadas espaciais e angulares do quadrirrotores são dadas simplesmente por ẋ, ẏ, ż, φ̇,
θ̇ e ψ̇.

Uma vez que as matrizes contínuas são obtidas Ac e Bc , é necessário discretizá-las, para que o modelo
possa implementado na prática. Para isso, foi adotado um período de amostragem Ts = 50ms e o sistema é
discretizado utilizando um segurador de ordem zero (do inglês, Zero Order Hold), da mesma maneira que
apresentado em Lopes et al. (2011).

Substituindo os valores dos parâmetros do quadrirrotor (apresentados na Tabela 2.2), como massa e
momentos de inércia do mesmo em relação aos diferentes eixos de coordenadas, obtêm-se as matrizes de
espaço de estados discretizadas A e B do quadrirrotor (Equações 2.105 e 2.106).

46
Tabela 2.2: Parâmetros utilizados na modelagem das equações dinâmicas do quadrirrotor. Fonte: (LOPES
et al., 2011).

Símbolo Parâmetro Valor


m Massa do quadrirrotor 4.000 kg
g Gravidade local 9.810 m/s2
Ixx Momento de inércia no eixo x 0.033 kgm2
Iyy Momento de inércia no eixo y 0.033 kgm2
Izz Momento de inércia no eixo z 0.066 kgm2
L Meia envergadura do quadrirrotor 0.500 m
b Coeficiente de empuxo do quadrirrotor 2.640×10−4 Ns2
d Coeficiente de arrasto do quadrirrotor 7.500×10−7 Nms2
ū Vetor de controle desejado no ponto de equilíbrio [192.800 192.800 192.800 192.800]T rad/s

 
1.0000 0.0500 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0123 0.0002 0.0000 0.0000

 0.0000 1.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.4905 0.0123 0.0000 0.0000 
−0.0123 −0.0002
 
 0.0000 0.0000 1.0000 0.0500 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 
 

 0.0000 0.0000 0.0000 1.0000 0.0000 0.0000 −0.4905 −0.0123 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 
0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 1.0000 0.0050 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 
 

 
 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 1.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 
A= ,

 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 1.0000 0.0500 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 
0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 1.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 
 

 

 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 1.0000 0.0500 0.0000 0.0000 

 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 1.0000 0.0000 0.0000 
 
 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 1.0000 0.0500 
0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 1.0000
(2.105)

 
0.0000 0.0000 0.0000 0.0000

 −0.0002 0.0000 −0.0002 0.0000 

0.0000 0.0000 0.0000 0.0000
 
 
 

 0.0000 0.0002 0.0000 −0.0002 

0.0001 0.0001 0.0001 0.0001
 
 
 
 0.0021 0.0021 0.0021 0.0021 
B= . (2.106)

 0.0000 −0.0012 0.0000 0.0012 

0.0000 −0.0472 0.0000 0.0472
 
 
 

 −0.0012 0.0000 0.0012 0.0000 

−0.0472 0.0000 0.0472 0.0000
 
 
 
 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 
0.0001 −0.0001 0.0001 −0.0001

As saídas reguladas do sistema são definidas como sendo as variáveis de estado x, y, z e ψ (coorde-
nadas espaciais e ângulo de arfagem): yr = [x y z ψ]T . Já as saídas sob as quais são aplicadas restrições,
saídas restringidas, são dadas pelas variáveis de estados φ e θ (ângulos de rolagem e guinada), ou seja,
yc = [φ θ]T . Como o modelo do quadrirrotor contêm quatro variáveis de controle, não é possível contro-
lar todas as seis saídas definidas (incluindo tanto saídas reguladas quanto saídas restringidas) ao mesmo
tempo. Portanto, restringir os ângulos θ e φ é importante pois mantem o quadrirrotor em sua região linear,
permitindo o controle do mesmo.

Com base nisso, pode-se definir as matrizes de saída reguladas (Cr ) e saídas restringidas (Cc ) por

47
meio das equações 2.107 e 2.108, respectivamente.

 
1.0000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000
 0.0000 0.000 1.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 
Cr =  , (2.107)
 
 0.0000 0.000 0.000 0.000 1.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 
0.0000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 1.000 0.000

" #
0.0000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 1.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000
Cc = . (2.108)
0.0000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 1.000 0.000 0.000 0.000

A matriz D do quadrirrotor é definida como sendo nula, uma vez que não há transmissão direta das
entradas para as saídas do sistema.

Assim, ao fim desta seção, têm-se o modelo em espaço de estados do quadrirrotor que é utilizado ao
longo deste trabalho, nas etapas que são apresentadas nas seções de Metodologia (Capítulo 3) e Resultados
e Discussões (Capítulo 4).

2.3 FPGAs

2.3.1 Introdução e desenvolvimento histórico dos FPGAs

A primeira aparição de dispositivos lógicos programáveis (do inglês, Programmable Logic Devices ou
PLDs) na indústria se deu em meados dos anos 1970. A idéia principal por trás desse tipo de tecnologia era
de desenvolver circuitos combinacionais que fossem programáveis, mas com um hardware que pudesse
ser reconfigurado para alcançar condições específicas de acordo com a aplicação desejada. Nesse quesito,
esse tipo de tecnologia difere-se de microprocessadores e microcontroladores, justamente por esses últimos
possuírem hardware fixo, ainda que possam ser programados (PEDRONI, 2004).

Os primeiros PLDs eram denominados PAL (abreviatura do termo em inglês, Programmable Logic
Arrays) e só eram capazes de implementar circuitos combinacionais. Posteriormente, nos anos 1980, os
dispositivos passaram a contar com flip-flops, portas lógicas e multiplexadores, as chamadas macrocélulas,
possibilitando a implementação de circuitos sequenciais. A esse tipo de dispositivo denomina-se GAL
(abreviatura do termo em inglês, Generic Logic Arrays). Hoje, esses tipos de dispositivos são classifi-
cados como dispositivos lógicos programáveis simples (do inglês, Simple Programmable Logic Devices)
(PEDRONI, 2004).

Com o advento das tecnologias de fabrição de circuitos integrados, vários dispositivos GAL começa-
ram a ser fabricados em um mesmo chip, dando origem aos chamados dispositivos lógicos programáveis
complexos ou CPLDs (do inglês, Complex Programmable Logic Devices), que se tornaram populares gra-
ças a sua alta densidade e desemepenho, associados a um baixo custo (PEDRONI, 2004). Justamente no
meio dos anos 1980, dentro da categoria de CPLDs, surgiram os FPGAs, com o objetivo de implementar
circuitos mais complexos e alcançar maiores velocidades de desempenho.

Segundo Trimberger (2015), desde a sua introdução, FPGAs passaram por diversas etapas de desenvol-

48
vimento. Assim, como feito no trabalho de Lee (2011) para o MPC, Trimberger (2015) divide a evolução
dos FPGAs em três etapas principais: era da invenção (1984-1991), era da expansão (1992-1999) e a era
da acumulação (2000-2007).

Durante a era da invenção, FPGAs eram pequenas e, portanto, voltadas a aplicações mais simples.
Não era incomum encontrar sistemas com múltiplas FPGAs, como em Babb et al. (1997) e Vuillemin et
al. (1996). O primeiro FPGA da empresa Xilinx, por exemplo, o modelo XC2064, continha somente 64
CLBs, cada um contendo LUTs (Lookup Tables) de três entradas e um registrador (CARTER et al., 1986).
Apesar da pequena capacidade em comparação com os dias de hoje, esse sistema possuia maior capacidade
de processamento do que os microprocessadores comerciais da época.

O segundo período, era da expansão, corresponde a um grande crescimento da capacidade dos FPGAs.
Impulsionado pela lei de Moore, ou seja, que a quantidade de transistores em um chip dobra a cada 18
meses (MOORE, 1997), FPGAs começaram a contar com mais recursos de hardware, bem como novas
tecnologias, eliminando a necessidade de múltiplos FPGAs em um único sistema. Com o aumento da popu-
laridade dos FPGAs, empresas de EDA (do inglês, Electronic Design Automation) passaram a desenvolver
ferramentas para esses dispositivos, facilitando sua usabilidade (MONMASSON; CIRSTEA, 2007)

Na época da acumulação, FPGAs já eram considerados componentes comuns em sistemas digitais. A


capacidade desses dispositivos continuava aumentando, possibilitando que FPGAs alcançassem uma gama
maior de aplicações. Com o aumento dos FPGAs, designs maiores puderam ser feitos, sendo possível
encontrar susbsistemas completos dentro de um único FPGA. Novos tipos de tecnologia e protocolos con-
tinuaram a ser desenvolvidos para FPGAs, uma vez que esse tipo de sistema atraia bastante atenção por
sua aplicação em atividades computacionalmente intensivas (MONMASSON; CIRSTEA, 2007).

Após a era da acumulação, estendendo-se aos dias atuais, FPGAs evoluíram de tal forma que não
são mais simplesmente compostos por blocos lógicos configuráveis (CLBs) que conectam-se entre si por
meio de interfaces reprogramáveis (MUÑOZ, 2012); mas são também compostos por blocos integrados
com uma lógica programável. Os mesmos possuem diversas funcionalidades integradas com o objetivo de
otimizar os recursos de hardware, como blocos de DSP (do inglês, Digital Signal Processors), incluindo
multiplicadores, somadores e acumuladores, implementados diretamente no FPGA; blocos de memória
(RAM, ROM, Flash), blocos que gerenciam o sinal de clock do sistema e, consequentemete, a veloci-
dade de operação do FPGA (geralmente baseados em técnicas de Phase-Locked-Loop ou PLL); blocos de
comunicação USB, Ethernet e muitos outros (MONMASSON et al., 2011).

A Figura 2.7 mostra um diagrama de blocos do kit de FPGA utilizado neste trabalho: o kit de desenvol-
vimento KC-705 da Xilinx. É possível perceber pela figura abaixo que o mesmo possui um FPGA Kintex 7
XC7K325T-2FFG900C, além de diversos blocos integrados, para as mais variadas funcionalidades: desde
blocos de memória (Flash, DDR3, etc.) até diferentes tipos de blocos de comunicação (Ethernet, USB,
JTAG, entre outros), além de diversos periféricos que permitem as mais diversas funcionalidades, por meio
de chaves (switches), LEDs, interface HDMI, display de LCD, etc.

49
Figura 2.7: Diagrama de blocos do kit de desenvolvimento KC-705 da Xilinx. Adaptado de: (XILINX,
2019).

Com toda a evolução ao longo dos anos e a quantidade de recursos disponíveis nos FPGAs atuais, esse
tipo de dispositivo apresenta inúmeras vantagens. As principais, de acordo com Joost e Salomon (2005) e
ainda de acordo com Rodrigues-Andina, Moure e Valdes (2007) são:

• Alta flexibilidade;

• Reusabilidade;

• Fácil manutenção/atualização (graças à utilização de linguagens de descrição de hardware abstratas);

• Processadores embarcados, juntamente com periféricos que permitem que um único kit possa imple-
mentar soluções com coprocessamento em software (soluções conhecidas como System On Chip ou
SoCs), possibilitando a implementação de designs mais complexos de maneira mais simples;

• Alto desempenho e capacidade de paralelismo;

• Implementação de sistemas reconfiguráveis de maneira mais simples;

• Facilidade de prototipagem de hardware.

É possível perceber, portanto, que os FPGAs evoluiram bastante desde sua introdução no mercado,
com aumento de capacidade e recursos que permitem a sua utilização em aplicações que exigem alta
demanda computacional, explorando o paralelismo de soluções em hardware. Nessa categoria encaixa-se
perfeitamente o MPC: uma estratégia de controle que demanda uma alta carga computacional para sua
implementação em sistemas reais, principalmente sistemas complexos e de dinâmicas rápidas, como no
caso do quadrirrotor.

50
Por todas essas razões é possível encontrar na literatura várias implementações não somente do MPC,
mas de diversas outras técnicas de controle utilizando FPGAs. Isso é abordado com mais detalhes na
próxima subseção.

2.3.2 Aplicação de FPGAs em sistemas de controle e MPC

Atualmente, sistemas de controle industriais buscam alta capacidade de desempenho, flexibilidade e


confiabilidade (MONMASSON et al., 2011). Por isso, a velocidade de desempenho de novos compo-
nentes e a flexibilidade proveniente de soluções programáveis e/ou reconfiguráveis possibilitam muitas
oportunidades para a implementação digital de controladores (MONMASSON; CIRSTEA, 2007).

Levando em consideração tudo que foi discutido até aqui sobre o funcionamento e o desenvolvimento
histórico de FPGAs, é possível perceber que esse tipo de dispositivo se encaixa nas características descritas
no último parágrafo. De fato, FPGAs são reconhecidos como um tipo de plataforma de desenvolvimento
de controladores capazes de mitigar de maneira eficiente alguns problemas e desafios recorrentes no campo
de sistemas de controle, tais como (MONMASSON; CIRSTEA, 2007):

1. Diminuição do custo de projeto por conta da quantidade de recursos existentes em um kit de de-
senvolvimento com FPGA, como processadores de software, interfaces analógicas e outros em um
único chip (SoC);

2. Sistemas de controle embarcados com restrições das mais diversas naturezas;

3. Melhora de desempenho do controlador, possibilitando, em alguns casos, a diminuição drástica do


tempo de execução por meio de arquiteturas que exploram o paralelismo das soluções.

Por isso, FPGAs têm sido e continuam sendo utilizadas para a implementação de sistemas de controle
nas mais diversas áreas de aplicação. Restringindo a aplicação de FPGAs para o MPC como sistema de
controle, ainda assim é possível encontrar uma vasta gama de trabalhos e contribuições nas mais diversas
áreas, tanto para sistemas lineares quanto sistemas não lineares. De acordo com Abughalieh e Alawneh
(ABUGHALIEH; ALAWNEH, 2019), há três tipos de arquiteturas que se destacam quando deseja-se im-
plementar o MPC de maneira paralela: processadores multinúcleos, GPUs (do inglês, Graphics Processing
Unit) e os FPGAs propriamente ditos. A principal vantagem dos FPGAs quando comparados a esses outros
tipos de arquiteturas corresponde à relação entre quantidade de recursos disponíveis nos kits atuais e o seu
baixo custo em comparação com GPUs e processadores multinúcleos dedicados. Todas essas característi-
cas, aliadas à capacidade de operar em altas frequências (chegando a faixas em MHz), tornam o FPGA um
dispostivo muito utilizado para paralelizar e implementar o MPC.

A Tabela 2.3 apresenta uma combinação de alguns dos trabalhos mais relevantes encontrados na lite-
ratura, mostrando a área de aplicação do trabalho, bem como se o sistema é linear ou não linear. Além
disso, também são incluidos detalhes sobre o valor do horizonte de predição N utilizado, a quantidade de
variáveis de estado (nx ), variáveis de controle (nu ) e o período de amostragem (Ts ) adotado para cada
sistema. Nos parágrafos que se seguem, estes trabalhos são explicadas em maiores detalhes.

51
Tabela 2.3: Síntese de trabalhos encontrados na literatura referentes à implementação de diferentes tipos
de controladores preditivos utilizando FPGAs.

Autores Aplicação Classificação N FPGA Ts nx nu


Ling, K.V et al. (2008) Aeronave Cessena Linear N = 10 Virtex-II 0.5s 4 1
Citation 500
Vouzis, P. et al. (2009) Antena giratória Linear N = 20 Virtex-IV 0.1s 2 1
Regulação de glicose Não linear N=5 5 min 4
Luo, B. et al. (2011) Aeronave Cessena Linear N = 10 Virtex-5 0.5s 4 1
Citation 500
Joos, A. et al. (2012) VANT de asa fixa Não linear N = 16 Spartan 3 0.5s 6 2
Kapernick et al. (2014) Guindaste Não linear N = 30 Zynq-7000 1s 7 2
Reator tanque Não linear N = 30 Artix-7 1200s 4 2
agitado contínuo
Hartley, E. et al. (2014) Aeronave Boeing Não linear N=5 Virtex-6 0.2s 17 2
747-200 N = 12
Xu, F. et al. (2016) Sistema de ignição Não linear N=5 Stratix III 10ms 4 1
Ayala, H. et al. (2016) Manipulador robótico Não linear N = 50 Artix-7 0.01s 4 1
de link único Cyclone IV

O trabalho de Ling, Wu, Maciejowski (2008) implementa em um FPGA Virtex-II uma abordagem linear
do MPC utilizada para controlar o sistema de uma aeronave Cessena Citation 500. Os autores utilizam um
solver de QP do tipo método do ponto interior e uma das características deste trabalho é a utilização
de ferramentas de geração de código automática para programar o FPGA: no caso, geração automática
convertendo os algoritmos inicialmente de MATLAB/Simulink para Handel-C, uma das linguagens de
descrição de hardware disponíveis. Nesse trabalho, todo o algoritmo foi mapeado em hardware, ou seja,
tudo é implementado no FPGA.

O modelo da aeronave Cessena Citation 500 é bastante utilizado em trabalhos mais antigos referentes
à implementação de MPC em FPGAs, sendo um modelo relativamente simples (4 estados e uma única va-
riável de controle). O horizonte de predição N utilizado também não é muito elevado (N = 10). Entretanto,
é importante ressaltar que esse trabalho é uma das poucas implementações de MPC em FPGA encontradas
na literatura durante a revisão bibliográfica deste trabalho a utilizar ponto flutuante.

Em Vouzis et al. (2009), trabalho que também é uma continuação de outra publicação (BLERIS et
al., 2006), apresenta-se uma estratégia diferente: uma metodologia de coprocessamento consistindo em
uma arquitetura de SoC, com um microprocessador de software implementando a estratégia do MPC e
uma parte em hardware implementada em um FPGA Virtex-IV XC4VLX25-FF668-10C responsável por
realizar cálculos matriciais de maior demanda computacional. Outro diferencial é a utilização de um
sistema de numeração em ponto flutuante, no sistema LNS (sigla do inglês, Logarithmic Number System)
com palavras de 16 bits para otimizar a implementação.

São apresentados dois sistemas diferentes: um linear (antena giratória) e um sistema não linear (regula-
dor de glicose). Os resultados obtidos são calculados em tempos relativamente baixos (0.1s), e os sistemas
são controlados adequadamente, com respeito às restrições. Os sistemas também são relativamente sim-
ples e com pequenos horizontes de predição (N = 20 e N = 5). Além disso, por mais que um dos sistemas
apresentados seja não linear, trata-se de uma aplicação com período de amostragem muito alto (5 minu-
tos), o que auxilia na implementação dos controladores em FPGA, diminuindo a quantidade de recursos de

52
hardware necessários.

O trabalho apresentado em Luo et al. (2011) também trabalha com o MPC aplicado ao modelo da
aeronave Cessena Citation 500, com as mesmas características do trabalho anterior (N = 10 e tempo de
amostragem igual a 0.5s). A principal inovação do trabalho é utilizar como solver do MPC um algoritmo
de otimização bioinspirado, denominado Particle Swarm Optimization ou PSO. Com esse algoritmo, os
autores conseguiram explorar o paralelismo do FPGA e do otimizador para controlar o sistema de maneira
mais eficiente que o trabalho de Ling, Wu e Maciejowski (2008).

Neste trabalho, também foi utilizada uma ferramenta de conversão de código em MATLAB para uma
linguagem de descrição de hardware: a ferramenta conhecida como HDL Coder. Entretanto, essa ferra-
menta é utilizada para gerar um algoritmo em VHDL do MPC, diferente da linguagem Handel-C adotada
em Ling, Wu e Maciejowski (2008). O sistema foi testado por meio de uma interface serial (RS232),
conectando um FGPA da família Virtex-5 ao MATLAB para gerar as referências desejadas e enviadas ao
sistema de controle MPC embarcado em FPGA.

O trabalho de Joss et al. (2012) é o primeiro dos trabalhos mostrados a trabalhar somente com sistemas
não lineares, ou seja, trabalhar com o NMPC. Ainda que o foco deste trabalho seja a implementação do
MPC e não do NMPC, convém a análise dessas publicações, pois elas contêm informações relevantes para
analisar as contribuições deste trabalho.

O sistema estudado em Joss et al. (2012) é um VANT, assim como o sistema estudado neste trabalho.
Entretanto, os autores optaram por trabalhar com o modelo não linear, enquanto neste trabalho, optou-se
pela linearização do modelo. Além disso, o sistema estudado corresponde a um VANT de asa fixa com
seis graus de liberdade, ou seja, os autores optaram por trabalhar com seis variáveis de estado: x, y, z, φ,
θ e ψ, as coordenadas espaciais e angulares apresentadas na seção de modelagem do quadrirrotor (Seção
2.2.2). Isso difere do presente trabalho, no qual optou-se pela utilização do sistema linear completo com
12 estados (incluindo as variações espaciais e angulares ẋ,ẏ,ż,φ̇,θ̇ e ψ̇) de um veículo quadrirrotor.

A quantidade de variáveis de controle também difere entre este trabalho e a publicação de Joos et
al. (2012): o quadrirrotor estudado neste trabalho possui 4 variáveis de controle, relacionadas ao torque
de cada um dos motores do sistema; já o trabalho de Joos et al. (2012) possui 2 variáveis de controle
relacionadas à variação de pitch e yaw do VANT de asa fixa.

A grande contribuição apresentada em Joos et al. (2012) é a implementação do NMPC em um kit


de FPGA modesto, uma Xilinx Spartan 3E 1600, com um tempo de amostragem de 0.5s, sendo capaz de
calcular as variáveis de controle em aproximadamente 5.1ms. Entretanto, para alcançar esses números os
autores utilizaram uma estratégia de controle auxiliar: um controlador LQR que controla as variáveis de
estados e as envia para o NMPC, que deve então controlar somente as variações de pitch e yaw citadas
anteriormente.

O controlador MPC foi validado por meio de uma técnica conhecida como Hardware in the Loop
ou HIL, na qual uma parte do sistema é simulada (neste caso, o modelo do sistema é simulado em tempo
real), comunicando-se com o controlador embarcado em FPGA. É uma técnica bastante utilizada na prática
porque permite validar o sistema de controle desenvolvido sob condições mais próximas da realidade, sem
a necessidade de operar o sistema real propriamente dito (ISERMANN; SCHAFFNIT; SINSEL, 1999).

53
O trabalho apresentado em Kaepernick et al. (2014) estuda dois modelos não lineares distintos: um
guindaste, com 7 estados e 2 variáveis de controle; e um reator tanque agitado contínuo, com 4 estados e 1
variável de controle. Este artigo é mais voltado ao estudo dos efeitos da geração automática de código do
MPC para programar FPGAs, utilizando tanto a ferramenta do MATLAB HDL Coder como a ferramenta
da Xilinx, Vivado HLS, que converte um código em linguagem de programação C para linguagem de
descrição de hardware (VHDL ou Verilog). Os sistemas estudados possuem tempos de amostragem altos
comparados com a maioria das aplicações anteriores (1s e 1200s), mas são implementados em hardware
com um horizonte de predição maior do que as aplicações anteriores (N = 30), o que é uma contriuição
importante tendo em vista que um horizonte de predição maior acarreta um consumo também maior de
recursos de hardware no FPGA. Foram utilizados dois kits diferentes: para o guindaste, um kit Zynq-
7000 contendo um FPGA XC7Z020 CLG484-1 e para o tanque, um kit Artix-7 com FPGA XC7A200T-
2FBG676C.

Uma das publicações que obteve melhores resultados em termos de implementação do NMPC em
FGPA é o trabalho de Hartley et al. (2014). O sistema estudado neste trabalho é o mais complexo dentre
todos os trabalhos vistos até aqui: um modelo de aeronave Boeing 747-200 com 12 estados. O algoritmo
de solver de QP utilizado é do tipo método do ponto interior primal duplo ou PDIP (sigla da nomenclatura
da técnica em inglês) e é capaz de implementar o NMPC em um FPGA com tempo de amostragem igual a
0.2s, e horizonte de predição igual N = 5 e N = 12, em dois testes distintos.

O sistema foi implementado com o uso da ferramenta MATLAB HDL Coder, para geração de código
VHDL de forma automática. O trabalho conseguiu economizar recursos de hardware implementando o
controlador NMPC utilizando aritmética de ponto fixo para armazenar os dados em um FPGA Virtex-6
XC6VLX240T-1FFG1156. A validação experimental do controlador NMPC aqui também se dá por meio
de uma simulação HIL.

Outro trabalho relevante corresponde a Xu et al. (2016). Nele, que é continuação de uma publicação
anterior Xu et al. (2014), os autores utilizam o PSO como solver (assim como no trabalho de Luo et al.
(2011)) para o NMPC, explorando o seu paralelismo junto com o paralelismo do hardware em um FPGA
Altera Stratix III. O modelo estudado pelos autores é o de um sistema não linear de motor automotivo
conhecido como enDYNA, composto por 2 estados e uma única variável de controle.

A grande contribuição do trabalho é a validação do sistema por meio de uma plataforma HIL cons-
truída para testar o sistema, simulando o modelo do motor em tempo real e comunicando o mesmo com
o controlador NMPC embarcado em FPGA. O tempo de amostragem alcançado é bem rápido (10 ms),
mas o horizonte de predição adotado pelos autores é pequeno (N = 5), o que auxilia na obtenção destes
resultados.

Por fim, o trabalho de Ayala et al. (2016) também apresenta contribuições interessantes. Nele é reali-
zado um estudo sobre a implementação do NMPC em FPGA para um sistema de manipulador robótico de
link único (4 estados e 1 variável de controle) utilizando aritmética em ponto flutuante com precisão variá-
vel. Um dos resultados interessantes deste trabalho é que, a melhor relação entre precisão e erro obtido se
dá com 27 bits para uma solução em FPGA utilizando ponto flutuante, para a aplicação estudada.

A solução do problema de otimização é dada por uma técnica de rede neural baseada em função radial
(RBFNN, sigla do termo em inglês Radial Basis Function Neural Network. O sistema possui um período

54
de amostragem pequeno (10 ms) e um horizonte de predição N = 50, sendo este o maior horizonte de
predição implementado em FPGA entre os trabalhos analisados. Foram utilizados dois kits distintos de
FPGA: um Xilinx Artix-7 e um Altera Cyclone IV, para comparação de consumo de recursos entre ambos
os kits.

A análise de todas essas publicações mostra alguns pontos importantes que salientam as contribuições
desejadas com este trabalho. Primeiramente, o sistema que serve como estudo de caso para este trabalho,
o quadrirrotor, corresponde a um sistema de maior complexidade que a grande maioria dos trabalhos en-
contrados na literatura, com 12 estados e 4 variáveis de controle, o que torna as matrizes que descrevem
o sistema em espaço de estados maiores e, consequentemente, as dimensões das matrizes que compõem o
problema de controle do MPC maiores também.

Além disso, a maioria dos trabalhos utilizou algum tipo de geração automática de código para converter
códigos previamente desenvolvidos do MPC ou do NMPC em linguagem de descrição de hardware. A
abordagem mais comum se dá pela utilização do HDL Coder do MATLAB, convertendo um algoritmo
do MATLAB em um algoritmo que pode ser embarcado em FPGA. Isso se dá por uma gama de motivos,
sendo o mais comum a dificuldade e o tempo necessário para desenvolver manualmente um algoritmo
em linguagem de descrição de hardware, por mais que existam ferramentas de EDA mais sofisticadas
atualmente para tal fim.

Por fim, um outro diferencial deste trabalho consiste no fato de no mesmo ser utilizado aritmética de
ponto flutuante para realizar as operações necessárias para a implementação do MPC. Com exceção, dos
trabalhos de Vouzis et al. (2009) e Ayala et al. (2016), nenhum dos trabalhos analisados utiliza ponto
flutuante, utilizando ponto fixo para economizar recursos de hardware na implementação do MPC/NMPC
em FPGA. Esse tema é abordado com mais detalhes na próxima subseção.

2.3.3 Aritmética de ponto flutuante em FPGAs

Uma questão muito importante quando se trabalha com qualquer plataforma de hardware é a escolha
de como serão representados os valores numéricos da aplicação desejada.

À medida que FPGAs foram se desenvolvendo e arquiteturas mais avançadas foram sendo desenvol-
vidas para as mesmas, tornou-se possível e viável implementar os dados tanto em ponto fixo quanto em
ponto flutuante. Portanto, a escolha sobre o formato de representação de dados mais indicado depende
da aplicação desejada. De maneira geral, implementações em ponto flutuante consomem mais recursos de
hardware em um FPGA do que implementações em ponto fixo (URRIZA et al., 2010). Por outro lado, apli-
cações que requerem uma grande faixa dinâmica de valores são melhor desenvolvidas com representações
em ponto flutuante, e não em ponto fixo (SALDANHA; LYSECKY, 2009).

A Figura 2.8 mostra como se dá a representação de dados em ponto fixo. Nessa representação, o
número é expresso no formato <w,nq>, em que w corresponde à quantidade total de bits utilizados para
representar esse número e seu valor em binário é dado por x × 2nq , sendo x o valor inteiro de w expresso na
forma de complemento de 2. O número total de bits utilizados para representar a parte inteira do número
é dado por ni , enquanto nq corresponde ao número de bits que representa a parte fracionária do número.
Por fim, tém-se o bit mais significativo do número, dado por s (URRIZA et al., 2010).

55
Figura 2.8: Representação numérica em ponto fixo. Adaptado de : (URRIZA et al., 2010).

A faixa dinâmica de valores totais para um número representado em ponto fixo é dada pela seguinte
relação (Eq. 2.109).

[2ni , 2ni − 2−nq ] (2.109)

Já no caso de números em ponto flutuante, os dados são armazenados em um formato divido em três
partes: bit de sinal (s), expoente (e) e mantissa (f ), conforme mostrado na Figura 2.9.

Figura 2.9: Representação numérica em ponto flutuante. Adaptado de : (URRIZA et al., 2010).

A primeira parte, s, indica se o número é positivo (bit igual a ’0’) ou negativo (bit igual a ’1’). Um
número em ponto flutuante é representado de acordo com a seguinte relação (Equação 2.110):

e−bias
(−1)s × (f ) × 22 . (2.110)

O expoente do número indica o quanto o número foi "deslocado"em relação ao termo de bias = 2ne−1 −
1, em que ne corresponde ao número de bits total da parte do expoente. O número em ponto flutuante é
"normalizado", de forma de que o valor da mantissa é dado por 1 + f .

A faixa de valores dinâmicos que um valor pode assumir em ponto flutuante é definida pela Equação
2.111 abaixo.

[21−bias , (2 − 2−nf ) × 2bias ]. (2.111)

Comparando a faixa dinâmica de valores da representação em ponto flutuante (Equação 2.111) com
a faixa dinâmica de valores da representação em ponto fixo (Equação 2.109), é possível perceber que a
primeira é bem maior, ou seja, trabalhando com números em ponto flutuante é possível representar uma

56
variedade maior de números. Analisando as matrizes que descrevem o modelo do quadrirrotor, o estudo
de caso deste trabalho, é possível notar que há uma faixa dinâmica razoável de valores, o que torna a
representação em ponto flutuante mais apropriada para o controlador MPC desejado.

Além disso, o uso da representação em ponto flutuante facilita a utilização de modelos diferentes,
em aplicações futuras: cada aplicação vai ter uma faixa dinâmica específica e, assim, torna-se mais fácil
substituir o modelo se a representação em ponto flutuante estiver sendo utilizada. É de interesse do grupo
de pesquisa com o qual este trabalho foi desenvolvido que a arquitetura do controlador MPC desenvolvida
em FPGA seja aplicada a outros sistemas, o que torna a representação em ponto flutuante a opção mais
interessante.

Uma representação em ponto fixo, em geral, consegue otimizar a utilização de recursos de hardware em
um FPGA, mas em geral apresenta uma solução menos genérica: como a faixa dinâmica de valores pode
mudar bastante de uma aplicação para a outra, a quantidade de bits para representar os dados também pode
mudar de uma aplicação para a outra, podendo ser necessário realizar grandes modificações nos algoritmos
desenvolvidos.

A maioria dos trabalhos analisados na subseção anterior, utilizam ponto fixo em seus controladores
embarcados em FPGA, auxiliando a consumir menos recursos de hardware. A proposta de utilizar ponto
flutuante neste trabalho, portanto, não só torna a solução mais desafiadora de ser implementada, mas tam-
bém torna-a mais genérica e prova-se uma contribuição interessante para a literatura de controle preditivo
embarcado em FPGAs.

57
Capítulo 3

Metodologia

Este capítulo apresenta a metodologia do trabalho, ou seja, as atividades que foram desenvolvidas de
forma a cumprir os objetivos estabelecidos no Capítulo 1.

A divisão deste capítulo se dá de acordo com as diferentes etapas de atividades desenvolvidas:

1. Simulação do controlador MPC utilizando MATLAB;

2. Desenvolvimento de arquitetura utilizando a linguagem de descrição de hardware VHDL do contro-


lador MPC;

3. Simulação da arquitetura em VHDL do controlador MPC;

4. Comparação das arquiteturas desenvolvidas em VHDL com os resultados obtidos nas simulações em
MATLAB.

Todos os resultados referentes à cada subseção a seguir são apresentados no próximo capítulo deste
trabalho.

3.1 Simulação do controlador MPC utilizando MATLAB

A primeira etapa necessária para desenvolver o MPC, antes de embarcar o mesmo em FPGA, corres-
ponde à obtenção dos parâmetros do controlador, como a matriz de ponderação das saídas Qy , a matriz
de ponderação das variáveis de controle Qu , número de iterações necessárias Niter para que o solver de
QP funcione adequadamente, entre outros. Além disso, esse tipo de simulação é importante pois permite
estudar a estabilidade do sistema mediante a atuação do controlador MPC.

Essa é uma tarefa que exige um ambiente de simulação, que permita com que vários testes sejam efe-
tuados e, com a análise dos resultados destes testes, escolher parâmetros que melhor cumpram os objetivos
de controle adotados.

O ambiente escolhido neste trabalho é o software MATLAB 2016b. O uso do MATLAB se mostrou
uma escolha vantajosa por conta de diversos fatores. Primeiramente, por se tratar de um software que

58
possibilita trabalhar com matrizes de maneira simples e intuitiva. Conforme visto no Capítulo de Revisão
Bibliográfica, a abordagem linear do MPC apresentada realiza várias operações matriciais e, portanto, essa
é uma característica importante para o ambiente de simulação adotado.

Além disso, a bibliografia principal utilizada neste trabalho para fundamentação teórica do MPC (ALA-
MIR, 2013), apresenta soluções já implementadas em MATLAB, que podem ser adaptadas para atender
às características do sistema que deseja-se controlar. O próprio solver de QP utilizado neste trabalho, o
algoritmo PGE explicado na Subseção 2.1.5, encontra-se disponível em Alamir (2013) já no formato de um
script desenvolvido em MATLAB, bem como os algoritmos de cálculo das matrizes de custo e de restrição
do MPC (Subseção 2.1.3) e o algoritmo de parametrização exponencial (Subseção 2.1.6).

Para realizar as simulações em MATLAB, primeiramente é necessário definir os modelos que serão
utilizados. Neste trabalho, o sistema que deseja-se controlar é o sistema do veículo quadrirrotor definido
na Seção 2.2. Com o sistema definido, devem ser escolhidas os tipos de controladores que serão utilizados
para controlar o sistema. Neste trabalho, são utilizados tanto o controlador MPC sem restrições quanto a
formulação completa do controlador MPC, que utiliza restrições do problema de controle estabelecido.

Como a lei de controle do MPC sem as restrições é bem mais simples, este é utilizado na primeira
etapa de validação, uma vez que torna-se mais fácil avaliar os módulos de operação matriciais, verificando
se os mesmos estão funcionando de maneira adequada e se os resultados obtidos estão corretos.

Com a definição dos controladores, é necessário definir quais os sinais de referência que serão aplicados
ao sistema durante os testes, de modo a validar os controladores desenvolvidos. Para o quadrirrotor, as
referências definidas foram baseadas nos testes apresentados em Lopes et al. (2011). Assim, são propostos
dois cenários de teste distintos:

1. Aplicação de sinais de degrau filtrado como referência de posição nos eixos x, y e z, com posições
finais em x = 10m, y = 10m e z = 10m. Além disso, uma referência adicional é aplicada ao
ângulo ψ, dada por ψ = 0◦ . O valor inicial de cada variável de estado é dado pelo vetor x0 =
[x ẋ y ẏ z ż θ θ̇ φ φ̇ ψ ψ̇]T = [0 0 0 0 0 0 − 4 0 − 4 0 5 0]T ;

2. Uma trajetória helicoidal, definida pelas referências xr (t) = 2cos(2t), yr (t) = 2sin(2t) e zr (t) =
0.2t. A referência aplicada a ψ é a mesma do caso anterior, ψ = 0◦ e o valor inicial das variáveis de
estado é dado pelo vetor x0 = [0 0 0 0 0 0 − 4 0 − 4 0 0 0]T

O objetivo desses testes é avaliar se o MPC é capaz de estabilizar o quadrirrotor, fazendo com que as
saídas reguladas do mesmo (x, y, z e ψ) assumam os valores de suas respectivas referências, ao mesmo
tempo que as restrições impostas para as variáveis φ e θ sejam satisfeitas, impedindo que o quadrirrotor
saia de sua região de linearização. O primeiro teste emula mudanças que são aplicadas a cada eixo de
coordenada espacial do quadrirrotor, como um usuário que pilota o quadrirrotor por meio de um joystick e
aplica comandos em cada direção dos eixos x, y e z. O desafio para o controlador nesse cenário é que as
referências nos eixos x, y e z são aplicadas ao mesmo tempo.

Já no caso da trajetória helicodial, trata-se de um cenário de trajetória mais complexo, no qual a refe-
rência está constantemente mudando de valor, o que permite um bom estudo da estabilidade do quadrirrotor
mediante a atuação do MPC.

59
Em cada um desses cenários, o conjunto de restrições adotados é o mesmo: as restrições nas saídas
restringidas (ângulos θ e φ) são ycmin = −5◦ e ycmax = 5◦ e as restrições nas variáveis de controle são
umin = 0 rad/s e umax = 385.6 rad/s.

Com a definição dos controladores, a próxima atividade necessária para realizar os testes do MPC
em MATLAB corresponde à adaptação dos algoritmos apresentados em Alamir (2013) para o modelo do
quadrirrotor. Isso corresponde à utilização das matrizes que descrevem esse sistema em espaço de estados,
as matrizes A , B, Cr e Cc definidas nas Equações 2.105 - 2.108.

Com as matrizes que descrevem ambos os sistemas em espaço de estado definidas, é possível calcular
as matrizes de custo F1, F2, F3, H, Fr e Br; e as matrizes de restrição G1, G2, G3, Aineq e Bineq ,
conforme os procedimentos apresentados na Subseção 2.1.3. Esse procedimento é efetuado pelo script
compute_ MPC_ matrices.m, disponível em Alamir (2013).

No caso da formulação do MPC sem restrições, com base nas matrizes obtidas na atividade anterior,
é possível calcular a lei de controle e realizar as simulações. Já para o caso da formulação completa do
MPC, que incorpora as restrições de cada sistema, ainda é necessário realizar algumas atividades.

A primeira das atividades restantes para implementação da formulação completa do MPC corresponde
à utilização da parametrização exponencial do MPC, conforme os procedimentos explicados na Subseção
2.1.6. Isso é feito por meio de uma adaptação do script compute _Pi_ par.m em Alamir (2013), que
calcula a matriz de parametrização exponencial Pie . Para essa etapa, mais alguns parâmetros devem ser
determinados. Os parâmetros utilizados neste trabalho partem dos valores pré-definidos no capítulo 6 de
Alamir (2013):

   
0.1 2.0
   
 0.1   2.0 
τr =   ; ne =   ; α = 10.0. (3.1)

 0.1 


 2.0 

0.1 2.0

Com todos esses parâmetros, pode-se obter as matrizes de custo e restrição parametrizadas Fr e Br e
enfim aplicá-las ao solver de QP que calcula as variáveis de controle do sistema. Esse solver está contido
no script solver_ sat_ pen.m de (ALAMIR, 2013), que implementa o algoritmo PGE descrito na subseção
2.1.5.

Todas essas etapas foram incluidas em um único script, para automatizar a simulação do sistema do
quadrirrotor sendo controlado pelo MPC em MATLAB, tanto nos cenários aplicados ao MPC sem restri-
ções quanto para o MPC com restrições.

Após a conclusão de todas essas atividades, é possível realizar simulações para obter os parâmetros
de controle que melhor cumprem o objetivo do problema proposto e observar qual o menor horizonte
de predição que deve ser utilizado para estabilizar o sistema do quadrirrotor, bem como o número total
de iterações necessárias para que o solver PGE encontre uma solução de controle adequada aos cenários
propostos. Isso é de suma importância para embarcar o MPC em hardware, uma vez que o tamanho do
horizonte de predição utilizado impacta diretamente no tamanho das matrizes de custo e restrição do MPC,
e consequentemente, aumenta o custo de recursos de hardware necessários para sua implementação em

60
FPGA. Já o número de iterações do solver, no caso do MPC com restrições, impacta no tempo de cálculo
das variáveis de controle, que deve respeitar o tempo de amostragem do sistema (50 ms para o quadrirrotor).

Para tal, as simulações serão realizadas primeiramente variando o horizonte de predição N. No caso
do MPC com restrições, mantem-se um valor elevado de iterações do solver de QP, Niter = 100 constante,
para garantir que a influência de cada horizonte de predição possa ser analisada de maneira apropriada.
Isso não ocorre no MPC sem restrições, porque o mesmo não tem como parâmetro o número de iterações
do solver de QP, já que não utiliza um solver de QP.

Assim, é possível observar a partir de qual horizonte de predição, o quadrirrotor estabiliza e começa a
ser controlado de maneira satisfatória. O menor valor de horizonte de predição que satisfaça essas condi-
ções, é considerado o melhor valor para ser utilizado no controlador desenvolvido em VHDL, uma vez que
resultaria nas matrizes de menores dimensões mas que ainda assim são capazes de controlar o quadrirrotor.

Levantados quais os melhores valores de N para implementação do MPC em FPGA, são realizadas
simulações variando o número de iterações do solver de QP. Quanto menos iterações foram necessárias
para cumprir os objetivos de controle, menos tempo é gasto para calcular as variáveis de controle ótimas
do sistema. Assim, busca-se o menor horizonte de predição N e o menor de iterações necessários para
controlar o quadrirrotor, e estes serão os valores utilizados nas simulações do controlador desenvolvido em
hardware para validação dos mesmos.

Uma vez que esses testes são concluídos, têm-se todos os parâmetros necessários para definir o con-
trolador MPC e, portanto, pode-se iniciar o desenvolvimento de sua arquitetura em hardware para que o
mesmo seja implementado em FPGA.

3.2 Desenvolvimento de arquitetura em VHDL do controlador MPC apli-


cado ao quadrirrotor

Uma vez que os parâmetros do controlador MPC foram obtidos, e tem-se o código do mesmo disponível
em forma de script em MATLAB, é possível desenvolver o controlador MPC em VHDL.

Com base nos cenários que são descritos na seção anterior, é possível deduzir que é preciso desenvolver
duas arquiteturas de controladores distintas: uma para a lei de controle do MPC sem levar em conta as
restrições do problema de controle, e uma arquitetura para a formulação completa do MPC, que leva em
consideração as restrições do sistema sendo controlado.

Como cada sistema que vai ser controlado possui dimensões distintas, de acordo com as dimensões
das matrizes que representam esse sistema em espaço de estados e o horizonte de predição utilizado, é
interessante que os controladores desenvolvidos sejam capazes de adaptar-se às dimensões das matrizes
que compõem o problema de controle adotado. Isso é particularmente difícil de se realizar em hardware,
pois uma vez que o hardware foi definido, o mesmo mantem suas características durante sua execução,
com exceção de técnicas como reconfiguração dinâmica.

Para facilitar essa questão, a solução adotada foi de desenvolver uma arquitetura em VHDL que fosse
gerada por meio de scripts em MATLAB. Assim, para cada sistema que deseja-se controlar, com o hori-

61
zonte de predição desejado, o script obtém as informações das matrizes do sistema e gera todos os módulos
necessários em VHDL, parametrizados adequadamente para implementar o MPC, seja com ou sem restri-
ções.

É importante notar que apesar de os códigos serem gerados por meio de scripts, a lógica dos mesmos foi
desenvolvida manualmente, e é parametrizada pelo script MATLAB, também desenvolvido manualmente,
para se adequar ao problema de controle que é proposto. Isso não constitui geração automática de código
em VHDL da maneira que costuma ser encontrada na literatura, uma vez que esses trabalhos, de maneira
geral, utilizam ferramentas específicamente para gerar a lógica dos algoritmos em linguagem de descrição
de hardware e não somente parametrizá-los, como é feito neste trabalho. Portanto, pode-se considerar que
esse tipo de abordagem é mais uma contribuição deste trabalho, uma vez que explora uma abordagem de
desenvolvimento de algoritmos em VHDL pouco explorada na literatura.

Cada subseção a seguir é responsável por explicar como cada componente dos controladores foi im-
plementado, começando pelos módulos de cálculo matricial (blocos básicos dos demais módulos), arma-
zenamento de matrizes e a arquitetura propriamente dita de cada controlador. Após isso, as ferramentas
de validação que foram utilizadas para obter os resultados deste trabalho são apresentadas, explicando as
etapas de funcionamento das mesmas.

3.2.1 Módulos de cálculo matricial em ponto flutuante

Analisando os scripts em MATLAB e as formulações do MPC sem restrições e com restrições, apre-
sentadas na Equação 2.34 e no algoritmo PGE, é possível perceber que a maior parte das operações efetu-
adas correspondem a operações matriciais, em sua grande maioria compostas por somas e multiplicações.
Portanto, cada um dos módulos que compõem o MPC (com ou sem restrições) deve realizar operações
matriciais, de forma que torna-se necessário desenvolver unidades de cálculo de operação matricial.

O ponto de partida para o desenvolvimento desses módulos foi através da utilização de módulos de
cálculo em ponto flutuante já existentes, desenvolvidos no trabalho de Muñoz (2012). Dentre a biblioteca
de unidades de aritmética em ponto flutuante apresentadas em Muñoz (2012), utilizou-se neste trabalho
as unidades de soma/subtração em ponto flutuante e de multiplicação em ponto flutuante, que por sua
vez foram utilizados para implementar unidades de soma/subtração matricial e unidades de multiplicação
matricial, conforme descrito nas subseções a seguir.

É importante relembrar que os módulos de cálculo em ponto flutuante possuem tamanho variável, ou
seja, é possível selecionar qual a quantidade de bits com que deseja-se utilizar. Neste trabalho, são apresen-
tados resultados utilizando dois tamanhos de dados diferentes para que seja possível comparar os resultados
obtidos com cada um: 27 bits, ou seja, 1 bit de sinal, 8 bits de expoente e 18 bits de mantissa e 32 bits (1 bit
de sinal, 8 bits de expoente e 23 bits de mantissa). Dados em 27 bits possuem melhor relação entre precisão
e consumo de recursos de hardware nos FPGAs da Xilinx (AYALA et al., 2016), porque as entradas dos
DSPs dos kits dessa empresa costumam ser de 18 bits. Já dados de 32 bits, apesar de consumirem uma
quantidade maior de recursos de hardware, apresentam um menor erro de arredondamento e são capazes
de armazenar uma faixa de valores ainda maior.

62
3.2.1.1 Unidade de soma/subtração em ponto flutuante

A unidade de soma/subtração em ponto flutuante, denominada FPadd, apresentada em Muñoz (2012)


é capaz de realizar somas ou substrações com dois operandos em ponto flutuante, de precisão variável, de
acordo com o bit presente na entrada op do módulo: caso op = ’0’, é realizada uma adição; caso bit = ’1’,
realiza-se uma subtração.

As etapas de operação do módulo, para realizar a operação artimética de soma/subtração correspondem


a (MUÑOZ, 2012):

1. Separação de sinal, expoente e mantissa dos operandos de entrada;

2. Análise das entradas: conferir se as mesmas correspondem ao valor zero, infinito ou uma represen-
tação inválida no padrão IEEE-754;

3. Em caso de operandos válidos, adiciona-se o bit implícito ’1’ às mantissas;

4. Comparação dos expoentes e mantissas dos dois operandos;

5. Deslocamento à direita do menor dos números em n bits, em que n corresponde ao resultado da


subtração dos expoentes (valor obtido na etapa anterior);

6. Somar ou subtrair as mantissas de acordo com a operação desejada (valor do bit de entrada op);

7. Deslocamento à esquerda do resultado atual da mantissa até que seja encontrado o valor de ’1’ no
bit mais significativo (MSB);

8. Subtração de ’1’ no valor atual do expoente para cada bit deslocado na etapa anterior;

9. Concatenação dos resultados de sinal, expoente e mantissa.

O tempo total de operação do módulo é de dois ciclos de clock. No primeiro ciclo de clock são avaliadas
possíveis exceções nos operandos, comparam-se os expoentes e mantissas, calcula-se o sinal do resultado,
o resultado preliminar do expoente e o alinhamento das mantissas segundo a diferença dos expoentes dos
valores de entrada. Já durante o segundo ciclo de clock, a mantissa do resultado é normalizada, de forma
que esse mesmo valor é concatenado com o resultado do expoente e do sinal. O processo de atualização é
controlado por uma máquina de estados finitos (do inglês, Finite State Machine ou FSM) (MUÑOZ, 2012).

3.2.1.2 Unidade de multiplicação em ponto flutuante

A unidade de multiplicação em ponto flutuante, FPmul, também é capaz de realizar operações arit-
méticas com operandos em ponto flutuante, de precisão variável, em dois ciclos de clock. No caso deste
módulo, realiza-se a multiplicação, cujas etapas de operação são (MUÑOZ, 2012):

1. Separação de sinal, expoente e mantissa dos operandos de entrada;

63
2. Análise das entradas: conferir se as mesmas correspondem ao valor zero, infinito ou uma represen-
tação inválida no padrão IEEE-754;

3. Em caso de operandos válidos, adiciona-se o bit implícito ’1’ às mantissas;

4. Multiplicação das mantissas;

5. Adição dos expoentes e subtração do valor de bias ao resultado;

6. Determinação do sinal do resultado da multiplicação;

7. Caso o MSB do resultado da mantissa seja igual a ’1’, não é necessário realizar nenhuma etapa de
normalização. Caso contrário, desloca-se à esquerda o resultado atual da mantissa até encontrar o
valor de ’1’ no MSB e, para cada bit deslocado, subtrai-se ’1’ no valor do expoente;

8. Concatenação dos resultados de sinal, expoente e mantissa.

Durante a primeira etapa de funcionamento do módulo, ou seja, durante o primeiro ciclo de clock,
avalia-se se algum dos operandos é zero ou infinito. Em paralelo, calcula-se o sinal do resultado, o resultado
preliminar do expoente e a multiplicação das mantissas. Por meio de uma operação lógica XOR compara-
se o sinal dos valores de entrada e determina-se o sinal do resultado. Em seguida, realiza-se uma adição de
bit extra indicando condição de overflow aos expoentes, o que mostra o motivo pelo qual o valor de bias
deve ser subtraído do resultado da soma dos expoentes. Já as mantissas, de comprimento de M bits, são
multiplicadas, resultando em uma palavra com de 2(M + 1) bits, que é truncada nos primeiros M + 2 bits
(MUÑOZ, 2012).

Na segunda etapa (segundo ciclo de clock), avalia-se o MSB do resultado da multiplicação das mantis-
sas, que por sua vez controla um multiplexador que permite selecionar entre os M bits mais significativos
do valor atual da mantissa (para o caso em que o MSB da mantissa é igual a ’1’ e a mesma já encontra-se
totalmente normalizada) ou o valor da mantissa deslocado à esquerda em uma posição. No caso de o MSB
do resultado da multiplicação das mantissas ser igual a ’1’, o resultado preliminar do expoente é incremen-
tado em ’1’. Há uma avaliação da existência ou não de overflow no resultado do expoente ou de operandos
de entrada iguais a infinito, o que acarreta em um produto igual a infinito. Caso as avaliações não detectem
nenhum desses dois cenários, concatenam-se os valores de sinal, expoente e mantissa. Assim como no
módulo FPadd, uma FSM controla o processo de atualização do resultado final do módulo FPmul.

3.2.1.3 Unidade de multiplicação matricial em ponto flutuante

A operação de multiplicação matricial envolve duas etapas: multiplicação e soma. Os elementos cor-
respondentes entre a linha da primeira matriz e a coluna da segunda matriz são multiplicados e depois
somados, gerando o elemento da matriz resultante. A esse tipo de operação geralmente denomina-se acu-
mulação, e a matriz resultante da operação de multiplicação entre duas matrizes pode apresentar dimensões
diferentes do que as dimensões das matrizes sendo multiplicadas: as dimensões de uma matriz obtida me-
diante a multiplicação de duas matrizes são dadas pelo número de linhas da primeira matriz e o número de
colunas da segunda matriz.

64
Levando em consideração essas informações, o módulo de multiplicação matricial foi desenvolvido
buscando aproveitar o paralelismo da operação de acumulação, obtendo uma resposta mais rápida. Assim,
é interessante que o módulo seja capaz de calcular o máximo possível de elementos por ciclo de operação,
e esse objetivo só pode ser satisfeito escolhendo um número adequado de somadores e multiplicadores em
paralelo, ou em pipeline.

O critério utilizado para essa escolha foi obtido analisando a dimensão das matrizes que estão envol-
vidas no cálculo do MPC. Como a maioria das dimensões dessas matrizes corresponde a um múltiplo do
horizonte de predição N adotado, optou-se por utilizar N multiplicadores em paralelo, multiplicando os ele-
mentos correspondentes das matrizes envolvidas, e N somadores que são arranjados de forma a acumular
todos os valores multiplicados.

Esse módulo de multiplicação matricial foi desenvolvido com dois modos de operação distintos, con-
trolados por uma entrada denominada mode. O primeiro modo de operação, selecionado quando a entrada
mode = ’1’, corresponde ao caso em que o número de elementos da primeira matriz sendo multiplicada é
maior que N. Nesse caso, o resultado do módulo é armazenado, para que seja incluído no próximo ciclo
de operação e somado ao resultado acumulado, até que o cálculo do novo elemento seja concluído. É o
que ocorre durante a multiplicação envolvendo a matriz de custos F 2 e o vetor de referências yref , por
exemplo, no cálculo da matriz de restrições F .

Para esse cenário, o módulo deve utilizar todos os multiplicadores e somadores disponíveis, dispostos
conforme mostrado na Figura 3.1.

Figura 3.1: Arquitetura do módulo multiplicador de matrizes em ponto flutuante no modo de operação
mode = ’1’.

Assim, os elementos correspondentes de cada matriz, representados pelas entradas din_ mult na Figura
3.1 são distribuidos em N multiplicadores em paralelo, e o resultado das multiplicações vai sendo enviado
para somadores que irão somar todos os resultados de multiplicações. Nesse modo de operação, o valor da
soma de todas essas multiplicações é armazenado no sinal prev _ sum, que é inserido no último somador
da arquitetura para que o valor acumulado da multiplicação possa ser utilizado nos próximos ciclos de

65
operação do módulo até que um elemento da matriz resultante seja calculado.

Neste modo de operação, a saída é atribuida ao pino dout, que armazena um único valor em ponto
flutuante, de tamanho igual à precisão utilizada em ponto flutuante (27 ou 32 bits).

Já o segundo modo de operação, quando mode = ’0’, aproveita uma característica do cenário em que o
número de elementos da coluna da primeira matriz sendo multiplicada é menor ou igual a N. Nestes casos,
sempre que o sistema terminar seu ciclo de operação, ele obterá um elemento da matriz resultante, sem
precisar armazenar o resultado no sinal prev_ sum como no modo de operação explicado anteriormente.
Isso porque se o número de elementos na coluna da primeira matriz é menor que N, é possível atribuir
todos esses elementos a multiplicadores em paralelo, assim como os elementos da linha correspondente na
segunda matriz e realizar a operação de multiplicação matricial em um único ciclo de operação.

Por conta dessa caraterística, o modo de operação mode = ’0’ é mais rápido e é utilizado para multiplicar
matrizes menores, permitindo até mesmo o cálculo de multiplicação entre matrizes de forma paralela, como
no caso das multiplicações envolvendo F 1 e o vetor de estados x, G1 e novamente o vetor de estados x
e G2 com o vetor de variáveis de controle u no cálculo da matriz de custos F , por exemplo, que são
processadas ao mesmo tempo.

A arquitetura desse modo de operação pode ser vista na Figura 3.2.

Figura 3.2: Arquitetura do módulo multiplicador de matrizes em ponto flutuante no modo de operação
mode = ’0’.

66
A Figura 3.2 mostra que durante o modo de operação mode = ’0’, a arquitetura arranja os multiplicado-
res e somadores em três regiões distintas. As duas primeiras regiões são capazes de calcular a multiplicação
de matrizes onde a primeira matriz possui nx elementos em suas colunas, em que nx é o número de esta-
dos do sistema sendo controlado. Na última região, o número de elementos na coluna da primeira matriz
sendo multiplicada deve ser igual a nu , ou seja, o número de variáveis de controle do sistema. Com isso,
é possível calcular elementos resultantes de até 3 multiplicações matriciais distintas, sendo que cada novo
elemento é armazenado em uma das saídas dout1 , dout2 ou dout3 , cada uma com tamanho de 27 ou 32
bits, mais uma vez de acordo com a precisão em ponto flutuante adotada.

Para o caso do quadrirrotor, nx = 12 e nu = 4.

O módulo de multiplicação matricial em ponto flutuante é um dos componentes fundamentais das


arquiteturas de ambos os controladores, seja ele o MPC sem restrições ou o MPC com restrições. Todos
os módulos contidos nesses controladores realizam em algum ponto multiplicação matricial, inclusive o
módulo model _simulator que realiza a simulação dos modelos sendo controlados.

Cada módulo que realiza multiplicações matriciais foi desenvolvido para controlar qual o modo de
operação mais adequado para as multiplicações matriciais que serão realizadas por meio de uma máquina
de estados, garantindo o funcionamento correto dos controladores desenvolvidos.

O módulo de multiplicação matricial foi testado individualmente, comparando os resultados das opera-
ções matriciais com multiplicações matriciais previamente realizadas computacionalmente em MATLAB,
em seus dois modos de operação. Somente após o correto funcionamento desse módulo em seus dois
modos de operação, o mesmo foi utilizado na arquitetura dos controladores MPC (com ou sem restrições).

Outro módulo também muito importante, utilizado por vários outros módulos nas arquiteturas dos
controladores é o módulo de soma/subtração matricial, que é apresentado na subseção seguinte.

3.2.1.4 Unidade de soma/subtração matricial em ponto flutuante

A operação de soma e subtração matricial é mais simples do que a operação de multiplicação matri-
cial. Isso porque somar ou subtrair elementos de duas matrizes corresponde a realizar essa operação nos
elementos correspondentes das matrizes que deseja-se somar/subtrair e a matriz resultante é do mesmo
tamanho que as matrizes utilizadas para calculá-la. Portanto, a unidade de soma/subtração matricial utiliza
unidades de soma/subtração em ponto flutuante em paralelo para calcular os elementos da matriz resultante
também de forma paralela.

O funcionamento deste módulo desenvolvido utiliza o mesmo padrão do módulo de soma/subtração


em ponto flutuante: através de uma entrada denominada op, o módulo realizará a soma (quando op = ’0’)
ou a subtração (quando op = ’1’) de duas matrizes.

Assim como nas unidades de multiplicação matricial, o número de unidades de soma/subtração em


ponto flutuante que são utilizadas em paralelo é um valor que depende da aplicação, e esse número foi
definido como sendo o horizonte de predição N escolhido para o sistema sendo controlado, pelas mesmas
razões já apresentadas na subseção anterior.

A arquitetura desse módulo é representada na Figura 3.3.

67
Figura 3.3: Arquitetura do módulo de soma/subtração de matrizes em ponto flutuante.

Assim, como as matrizes envolvidas nas operações do MPC possuem dimensões que são, em sua
maioria, múltiplos de N, é possível realizar operações de soma/subtração matricial com N elementos das
matrizes por ciclo de operação. Na Figura 3.3, os elementos que devem ser somados em cada matriz são
representados pelas entradas din_ add. O resultado dessa soma/subtração, é atribuido às N saídas dout_
i, e são agrupados em um vetor único contendo todos esses resultados, denominado simplesmente dout.
Dessa forma, é possível agrupar os resultados de somas/subtrações matriciais no formato adotado para
armazenamentos em memórias RAM, que será explicado com mais detalhes na próxima subseção.

No caso deste módulo, cada ciclo de operação demora 2 ciclos de clock, que é a quantidade de ciclos
exigida pelos módulos de soma/subtração em ponto flutuante para obter o resultado.

Em geral, na formulação adotada para calcular as matrizes de custo e restrições do MPC, bem como
as operações matriciais utilizadas no solver PGE, as somas/subtrações matriciais são realizadas após mul-
tiplicações matriciais. Na maioria das vezes, isso implica que as dimensões dessas matrizes são reduzidas
quando comparadas com as matrizes que são multiplicadas, o que faz com que essa escolha de N elementos
de soma/subtração em paralelo seja satisfatória.

Na grande maioria dos casos, isso significa que a cada ciclo de operação do módulo é possível calcular
uma linha da matriz, já que as dimensões das matrizes sendo somadas/subtraidas são múltiplos de N.
No caso de matrizes menores, nem sempre é necessário utilizar todos os somadores para obter o mesmo
resultado.

Como cada ciclo de operação do módulo demora 2 ciclos de clock para terminar, e no final, obtém-se
uma linha de elementos da matriz resultante, é possível perceber que esse módulo em geral demora uma
quantidade correspondente ao número de linhas da matriz resultante vezes 2 ciclos de clock para completar
a soma/subtração da matriz.

Mais uma vez, é importante salientar que cada aplicação possui matrizes com dimensões diferentes,
de acordo com as dimensões do modelo que deseja-se controlar e do horizonte de predição escolhido. Por
isso, os scripts desenvolvidos em MATLAB são responsáveis por gerar a parametrização desse módulo, de

68
forma que os demais módulos possam interagir de maneira correta entre si, por meio do controle do início
e do fim dos elementos que são somados/subtraidos em uma matriz através de uma FSM.

Assim, como no caso do módulo de multiplicação matricial, este módulo foi testado individualmente,
comparando sua resposta com somas matriciais realizadas computacionalmente em MATLAB. Somente
após seu correto funcionamento, o mesmo foi utilizado na arquitetura dos controladores MPC (sem e com
restrições).

3.2.2 Armazenamento de matrizes do MPC em VHDL

Com todos os módulos definidos, o último detalhe importante a ser abordado para a implementação
do MPC em VHDL é a maneira escolhida para armazenar as matrizes necessárias para realizar todas as
operações demandadas pelos controladores desenvolvidos.

Algumas matrizes são definidas previamente de maneira offline, ou seja, são calculadas previamente e
já estão disponíveis no início do funcionamento do controlador. É o caso das matrizes F1, F2, F3, G1,
G2, G3, Ar e Hr , definidas na seção 2.1.3. Outras informações importantes que estão disponíveis offline
são as referências do sistema e o valor desejado para as variáveis de controle, yref e ud .

As matrizes offline são implementadas como memórias ROM, ou seja, memórias sob as quais só podem
ser executar operações de leitura. Assim, quando é necessário obter informações referentes a essas matri-
zes, os módulos que estiverem operando neste momento acessam as informações por meio dos endereços
das memórias ROM.

Essas memórias ROM são geradas por meio do script em MATLAB que gera os demais módulos
parametrizados já apresentados. Os elementos das matrizes são transformados em binário, seguindo o
padrão de ponto flutuante adotado, e agrupados de acordo com o horizonte de predição adotado. Assim,
é possível ler N elementos das matrizes em um único ciclo de leitura, o que permite as operações de
multiplicação e soma matricial decorram de maneira apropriada e mais rápida.

Entretanto, existem matrizes que são calculadas pelo controlador MPC, de maneira online, ou seja,
durante a execução do mesmo. Essas matrizes precisam ser armazenadas para serem lidas posteriormente,
quando for necessário realizar novas operações com as mesmas. É o caso das matrizes intermediárias
contidas no módulo solver_ sat_ pen, o solver de QP que minimiza e função custo do problema de controle
definido e encontra as variáveis de controle ótimas do mesmo.

Para esse tipo de matriz, é necessário implementar memórias RAM, ou seja, sob as quais podem ser
realizadas tanto operações de escrita quanto de leitura. Assim, as matrizes são calculadas e armazenadas
em determinado endereço da memória RAM. Quando for necessário ler os elementos dessa matriz calcu-
lada anteriormente, para realizar novas operações matriciais, é possível acessá-los por meio deste mesmo
endereço.

Assim como nas memórias ROM, as memórias RAM são geradas por meio de um script MATLAB. As
mesmas são inicializadas com ’0’s já que elas somente receberão valores para serem armazenados quando
algumas operações matriciais terminarem. A única exceção é a memória RAM que armazena a matriz
parametrizada de restrições Br , que possui alguns elementos que são calculados offline e já armazenados

69
nas suas posições correspondentes na memória RAM.

Todas as matrizes são do tipo single port, ou seja, há somente uma saída para realizar operações de
leitura nas memórias ROM e uma entrada e uma saída nas memórias RAM, para realização de operações
de escrita e leitura, respectivamente. Consequentemente, em cada um dessas memórias, também só uma
entrada referente ao endereço de memória sobre o qual deseja-se realizar alguma operação. Cada uma
dessas portas possui largura e profundidade de dados distintas, ou seja, a quantidade de bits que compõem
cada entrada e quantas entradas no total compõem a memória, respectivamente. Essas duas características
são parametrizadas de acordo com as dimensões do problema de controle adotado e o número de bits
utilizados em ponto flutuante (F P ). A Tabela 3.1 apresenta todas as matrizes presentes nos módulos
do MPC sem restrições e com restrições, mostrando quais são implementados como memórias ROM ou
memórias RAM e o tamanho da profundidade e da largura de dados de cada uma.

Tabela 3.1: Relação dos tipos de matrizes utilizadas na arquitetura dos controladores MPC.

Matriz Tipo de memória Largura Profundidade Controlador


F1 ROM nx .nu N.F P Ambos
F2 ROM N.nu 2 N.F P Ambos
F3 ROM nu 2 N.F P Ambos
yref ROM Ts .tsim .nu N.F P Ambos
ud ROM 1 nu .F P Ambos
KN ROM nu nx .F P MPC sem restrições
GN ROM nu 2 N.F P MPC sem restrições
LN ROM nu nu .F P MPC sem restrições
G1 ROM nx 2 N.F P MPC com restrições
G2 ROM nx .nu N.F P MPC com restrições
G3 ROM nx N.F P MPC com restrições
Hr ROM ne .nu (ne .nu ).F P MPC com restrições
Ar ROM 20.N (ne .nu ).F P MPC com restrições
Pie ROM N.nu (ne .nu ).F P MPC com restrições
F RAM nu N.F P MPC com restrições
Bineq RAM nx N.F P MPC com restrições
Fr RAM 1 (ne .nu ).F P MPC com restrições
Br RAM 20 N.F P MPC com restrições
G RAM 1 (ne .nu ).F P MPC com restrições
Ap RAM 20 N.F P MPC com restrições
Hp RAM 1 (ne .nu ).F P MPC com restrições

A tabela acima apresenta os parâmetros Ts (tempo de amostragem do sistema sendo controlado) e ts im


que corresponde ao tempo total de simulação. É possível perceber que nenhuma memória possui largura de
dados maior que N.F P , que se dá por conta de os módulos de multiplicação e soma/subtração matriciais
possuírem N multiplicadores e/ou somadores em paralelo, conforme explicado na subseção anterior.

3.2.3 Arquitetura em VHDL do MPC sem restrições

Para desenvolver a lei de controle do MPC sem restrições, é necessário realizar as operações matriciais
descritas na Equação 2.34 na subseção 2.1.4. As etapas necessárias para implementar esse primeiro tipo

70
de controlador são:

1. Obtêm-se os valores atuais dos estados e das variáveis de controle (xk e uk , respectivamente);

2. As matrizes constantes de custo e de restrição do MPC são calculadas com base nas matrizes que
descrevem o sistema em espaço de estados (A e B) e ponderações de estados Qx e Qy:

• F1;
• F2;
• F3;

3. Calcula-se a lei de controle do MPC sem restrições definida pela Equação 2.34;

4. Os valores das variáveis de estado são atualizadas (xk+1 ) pelo modelo do sistema, de acordo com os
valores atuais dos estados e o valor das variáveis de controle obtidos pelo controlador MPC;

5. As etapas 1, 2, 3, 4 e 5 são repetidas em sequência durante todo o período de simulação.

Em Alamir(2013), as etapas 1 e 2 citadas acima são realizadas pelo script compute_ MPC_ matrices.m;
a etapa 3 é executado pelo controlador em si e a última etapa, é implementada por um simulador do modelo
do sistema sendo controlado, por meio das operações matricias que descrevem o sistema em espaço de
estados, definidas na Equação 2.1.

Portanto, para simular o controlador MPC sem restrições é necessário desenvolver dois módulos dis-
tintos: um módulo que calcula a lei de controle do MPC sem restrições propriamente dita, denominado
unconstrained_ MPC e um módulo que simula o modelo do sistema sendo controlado, denominado mo-
del_ simulator. Este último não é parte do controlador em si, mas é necessário para realizar os testes e
validar o controlador MPC desenvolvido.

A Figura 3.4 apresenta um diagrama de blocos mostrando como os módulos interagem entre si para
implementar o MPC sem restrições.

Figura 3.4: Diagrama de blocos com os módulos principais que compõem a arquitetura do MPC sem
restrições
.

71
Portanto, conforme mostrado na Figura 3.4, o módulo MPC_ unconstrained calcula a lei de controle
do MPC sem restrições dada por um vetor de controle ótimo, com base nos valores atuais das variáveis
de estado, referência e valores desejados para as variáveis de controle do sistema. O vetor de controle
ótimo é utilizado pelo módulo model_ simulator para calcular os novos valores do vetor de estados do
sistema sendo controlado. A interação entre os módulos prossegue dessa forma durante todo o período de
simulação do MPC sem restrições.

Cada um desses módulos foi desenvolvido e testado individualmente, antes de serem integrados para
compor a arquitetura do MPC sem restrições em VHDL.

Antes de apresentar a arquitetura em hardware do MPC sem restrições, é importante destacar algumas
informações sobre o módulo model_ simulator especificamente. Conforme foi citado anteriormente, esse
módulo é necessário para realizar os testes e a validação dos controladores MPC (sem ou com restrições),
mas ele não faz parte do controlador em si. Por conta disso, esse módulo possui uma especificidade que não
é compartilhada com nenhum outro módulo desenvolvido: este possui seus próprios módulos de operação
matricial em ponto flutuante (multiplicação e soma/subtração). Tal afirmação pode ser evidenciada na
Figura 3.5, que mostra a arquitetura de hardware do módulo model_ simulator.

Como os módulos são implementados utilizando uma lógica pré-desenvolvida em scripts do MATLAB,
a dimensão das entradas, saídas e sinais presentes nesta e nas demais arquiteturas que serão apresentadas
variam de acordo com o problema de controle adotado. Estas são sempre dadas em função de nx , que
corresponde ao número de variáveis de estado do sistema, nu que corresponde ao número de variáveis de
controle e ny , que corresponde ao número de saídas do sistema. Para o caso do quadrirrotor, nx = 12,
nu = 4 e ny = 6.

Esse módulo possui uma máquina de estados (model_ simulator_ FSM) que sequencia e controla o
início e o fim das operações matricias que devem ser realizadas para implementar a simulação do modelo,
por meio da Equação 2.1. Assim, o módulo de multiplicação matricial inicia sua operação por meio da
entrada start_ matrix_ mult e realiza as operações Ax e Bu, para calcular o novo vetor de variáveis de
estado a ser utilizado no próximo instante de amostragem pelo controlador MPC. As matrizes de estado
A e B estão armazenadas em memórias ROM, acessadas pela máquina de estados durante a etapa de
multiplicação.

O módulo de multiplicação matricial aqui funciona somente no modo de operação mode = ’0’, pois
as matrizes de estados do sistema possuem menores dimensões e podem ser calculadas de maneira mais
rápida.

Ao término da operação de multiplicação, por meio de ready_ matrix_ mult = ’1’, a máquina de estados
model_ simulator _ FSM inicia a operação de soma, para calcular Ax + Bu. De maneira análoga, a soma
matricial é iniciada por start_ matrix_ add, e ao terminar, informa à máquina de estados seu encerramento
por meio de ready_ matrix_ add = ’1’.

Optou-se por incluir na arquitetura do módulo model_ simulator módulos de multiplicação e soma/
subtração matriciais próprios, justamente por este módulo não ser parte do controlador em si. Como o
kit de FPGA utilizado possui uma grande quantidade de recursos disponíveis, e permite a implementação
desta abordagem em hardware, é possível examinar a quantidade de recursos de hardware exigidos pelo

72
Figura 3.5: Arquitetura em hardware do módulo model_ simulator.

controladores de maneira mais precisa, "isolando"de certa forma controlador e simulador do modelo.

Após essa explicação referente ao módulo model_ simulator, é possível finalmente apresentar a arqui-
tetura em hardware do controlador MPC sem restrições, dada pela Figura 3.6.

73
Figura 3.6: Arquitetura em hardware desenvolvida para o controlador MPC sem restrições.

A Figura 3.6 mostra que além do módulo model_ simulator, detalhado anteriormente, o MPC sem
restrições é composto por uma máquina de estados unconstrained_ MPC_ FSM, cuja função é realizar as
operações matriciais da Equação 2.34. De forma semelhante às demais máquinas de estados que foram
e serão apresentadas ao longo do trabalho, a mesma acessa as matrizes necessárias para a realização dos
cálculos de multiplicação e soma/subtração por meio de acesso a memórias ROM. Estas memórias arma-
zenam as matrizes individualmente, mas na Figura 3.6 foram todas agrupadas em uma única memória para
facilitar o entendimento da arquitetura. As matrizes acessadas pelo MPC sem restrições, conforme pode
ser visto na Tabela 3.1 já apresentada, correspodem a KN, GN e LN.

Aqui, os módulos de multiplicação e soma estão externos ao módulo unconstrained_ MPC_ FSM, que
coordena o momento em que cada operação deve ser realizada, quais os elementos das matrizes que devem
ser utilizados como operandos e quando a resposta é calculada. Com base nos valores de x disponibilizados
por model_ simulator, o módulo unconstrained_ MPC_ FSM calcula a variável de controle ótima, sem levar
em consideração as restrições do problema.

Ao término da operação do módulo model_ simulator, as variáveis de controle e as novas variáveis

74
de estado estão calculadas. Entretanto, essa operação demora menos tempo do que o período de amostra-
gem do sistema (para o quadrirrotor, 50 ms), que é um parâmetro essencial para o funcionamento correto
do controlador. Por isso, o módulo sampling_ time_ counter implementa um contador, que com base na
frequência de clock utilizada, espera que sejam completados os 50 ms necessários, para habilitar as saí-
das (y1 − y6 ) e as variáveis de controle calculadas (u1 − u4 ). Somente quando o período de 50 ms é
atingido, sinalizado pela saída ready_ counter = ’1’, essas informações se tornam disponíveis e o módulo
unconstrained_ MPC_ FSM reinicia sua operação e o ciclo se repete.

As saídas do sistema são dadas pelas variáveis de estados x1 , x3 , x5 , x7 , x9 e x11 , que correspondem a
x, y, z, φ, θ e ψ, respectivamente. Em outras palavras, as saídas do modelo do quadrirrotor são dadas por
y1 = x1 , y2 = x3 , y3 = x5 , y4 = x7 , y5 = x9 e y6 = x11 .

3.2.4 Arquitetura em VHDL da formulação completa do MPC

Já para a formulação completa do MPC, tomou-se como base os algoritmos descritos em compute_
MPC_ matrices.m e solver_ sat_ pen.m (ALAMIR, 2013). A estratégia de calculo do MPC que é imple-
mentada por esses algoritmos segue os mesmos passos introduzidos na subseção 2.1.1, ou seja:

1. Obtêm-se os valores atuais dos estados e das variáveis de controle (xk e uk , respectivamente);

2. As matrizes constantes de custo e de restrição do MPC são calculadas com base nas matrizes que
descrevem o sistema em espaço de estados (A e B) e restrições do sistema (ycmin , ycmax , umin , umax ,
δ min e δ max ):

• F1;
• F2;
• F3;
• G1;
• G2;
• G3;
• H;
• Aineq ;
• F;
• Bineq .

3. Aplica-se a ponderação exponencial para calcular as matrizes de custo e restrição reduzidas:

• Hr ;
• Ar ;
• Fr ;
• Br .

75
4. O solver de QP (algoritmo PGE) utiliza as matrizes reduzidas para calcular as variáveis de controle
ótimas mediante às restrições do MPC;

5. Os valores das variáveis de estado são atualizadas (xk+1 ) pelo modelo do sistema, de acordo com os
valores atuais dos estados e o valor das variáveis de controle obtidos pelo controlador MPC;

6. As etapas 1, 2, 3, 4 e 5 são repetidas em sequência durante todo o período de simulação.

Cada script em MATLAB apresentado em Alamir (2013) realiza algumas das etapas acima. As etapas
1 e 2, por exemplo, são realizadas pelo script compute_ MPC_ matrices.m; a etapa 3 é realizada pelos
algoritmos Pi_ e.m em conjunto com algumas operações matriciais adicionais. A etapa 4 é implementada
pelo script solver_ sat_ pen.m e, por fim, a etapa 5 é implementada por um simulador do modelo, da mesma
forma que no MPC sem restrições.

Assim como no caso anterior, os módulos da formulação completa do MPC foram desenvolvidos em
VHDL. O módulo para calcular as matrizes de custo e restrição reduzidas e implementa as etapas 1, 2 e
3 descritas acima é denominado compute_ MPC_ matrices; o módulo que implementa o algoritmo PGE é
denominado solver_ sat_ pen; e, por fim, o módulo model_ simulator realiza a simulação do sistema sendo
controlado.

Uma vez que cada bloco é desenvolvido e validado individualmente, os mesmos podem ser conectados
a fim de implementar a estratégia de controle propriamente dita.

Com essas definições, é possível desenvolver um diagrama de blocos, (assim como foi feito com o
MPC sem restrições na subseção anterior) do MPC, mostrando como os módulos interagem entre si para
implementar as etapas de cálculo do controlador MPC, conforme mostrado na Figura 3.7.

Figura 3.7: Diagrama de blocos do MPC: módulos necessários para a implementação do algoritmo utili-
zando o solver de QP PGE (solver_ sat_ pen) e interconexão entre os mesmos.

A Figura 3.7 mostra que, apesar de algumas semelhanças com a arquitetura do MPC sem restrições
mostrada na Figura 3.4, para a formulação completa do MPC são necessários três módulos: o módulo
compute_ MPC_ matrices, que com base no vetor de estados x, referências yref , valores desejados para as

76
variáveis de controle ud e no vetor de controle ótimo u calcula as matrizes parametrizadas de custos (Fr)
e de restrições (Br); o módulo solver_ sat_ pen, que utiliza as matrizes calculadas pelo módulo compute_
MPC_ matrices para calcular o vetor de controle ótimo u; e o módulo model_ simulator, que calcula os
novos valores do vetor de estados x do sistema sendo controlado, com base no vetor de controle ótimo u
previamente calculado pelo módulo solver_ sat_ pen. Esses módulos continuam interagindo dessa forma
continuamente, até que a simulação do MPC termine.

A arquitetura em hardware do MPC com restrições é apresentada na Figura 3.8 abaixo.

Por meio da Figura 3.8, é possível notar que assim com no caso do MPC sem restrições, o módulo
model_ simulator não compartilha recursos com os demais módulos que compõem o MPC, por não fazer
parte do controlador em si e possuir internamente seu próprio multiplicador e somador/subtrator matricial,
conforme mostrado na Figura 3.5. Os demais módulos (compute_ MPC_ matrices_ FSM e solver_ sat_
pen_ FSM) são máquinas de estado que realizam etapas diferentes da estratégia de controle do MPC:
cálculo das matrizes parametrizadas de custo (Fr) e restrições (Br) e cálculo das variáveis de controle
ótimas u1 , u2 , u3 e u4 , respectivamente. Como compute_ MPC_ matrices_ FSM deve calcular Fr e Br para
que solver_ sat_ pen_ FSM execute suas operações de maneira correta, ambos compartilham a utilização de
multiplicador e somador/subtrator matricial, alternando qual módulo está utilizando os mesmos por meio
de multiplexadores.

Assim como no caso do MPC sem restrições os valores de x são disponibilizados por model_ simulator,
para o módulo compute_ MPC_ matrices. Este calcula Fr e Br, armazenando essas matrizes em memórias
RAM, que serão acessadas pelo módulo solver_ sat_ pen_ FSM, que ao realizar determinadas operações
matriciais, irá salvar as matrizes resultantes nessas mesmas memórias, assim como em outras memórias
RAM.

Isso é diferente do que acontecia no caso do MPC sem restrições que, por calcular o vetor de controle
por meio de uma lei de controle bem mais simples e analítica, não precisa armazenar resultados interme-
diários em memória.

Na arquitetura do MPC com restrições, assim como feito anteriormente com a arquitetura do MPC
sem restrições, as memórias ROM foram agrupadas em módulos únicos de memória ROM para uncons-
trained_ MPC_ FSM e solver_ sat_ pen, assim como as memórias RAM, para facilitar o entendimento da
arquitetura. Na prática, cada matriz constitui uma memória distinta.

No caso das memórias RAM, matrizes intermediárias são armazenadas e, no devido momento, po-
dem ser sobrescritas para armazenar novas matrizes resultantes do funcionamento do módulo solver_ sat_
pen, quando as mesmas são utilizadas no cálculo da matriz resultante, mas não serão mais utilizadas em
nenhuma outra etapa do solver de QP.

As variáveis de controle do MPC com restrições são as saídas do módulo solver_ sat_ pen. As saídas
do quadrirrotor são dadas da mesma forma que no caso do MPC sem restrições: por meio das saídas x1 ,
x3 , x5 , x7 , x9 e x11 do módulo model_ simulator de forma que y1 = x1 , y2 = x3 , y3 = x5 , y4 = x7 ,
y5 = x9 e y6 = x11 .

77
Figura 3.8: Arquitetura em hardware do controlador MPC com sua formulação completa: aplicando-se as
restrições do problema de controle.

3.3 Simulação da arquitetura do controlador MPC em FPGA

Uma vez que todos os módulos que formam os controladores (MPC sem restrições e MPC com restri-
ções) foram desenvolvidos e integrados, torna-se necessário simular cada controlador, mediante os cenários

78
explicados na Seção 3.1.

Para tal, é necessário estabelecer quais os procedimentos de validação para esses controladores. Em um
módulo VHDL padrão, muitas vezes utiliza-se um padrão de verificação, composto por diversas etapas que
permitem analisar o módulo, tanto do ponto vista de funcionamento (se o mesmo produz saídas corretas
quando um determinado padrão de entradas é inserido no sistema) quanto do ponto de vista da arquitetura
em si (consumo de recursos de hardware utilizados para sua implementação e o tipo de recurso utilizado).

A Figura 3.9 apresenta essas etapas do processo de desenvolvimento. De maneira geral, esse processo
se aplica a linguagens de descrição de hardware, sejam elas VHDL, Verilog, ou qualquer outra que tenha
sido escolhida.

Figura 3.9: Etapas de validação de sistemas desenvolvidos em linguagem de descrição de hardware. Adap-
tado de: (TOCCI; WIDMER; MOSS, 2007)
.

A primeira das etapas apresentadas na Figura 3.9 corresponde à etapa de entrada do projeto, ou seja,
a concepção do módulo em si. Esta etapa corresponde ao que já foi apresentado na subseção anterior, ou
seja, é neste etapa que são desenvolvidos os algoritmos que implementam o controlador MPC.

Uma vez que esses códigos estão prontos, eles são compilados e podem ser testados na etapa de ve-
rificação funcional, na qual são realizadas simulações a nível comportamental, ou seja, verificar se saídas
adequadas são geradas por um conjunto de entradas específicas aplicadas ao módulo VHDL sendo testado
(TOCCI; WIDMER; MOSS, 2007).

Com base nos módulos desenvolvidos, prossegue-se para a etapa de síntese, em que é gerada uma
netlist, ou seja, lista de componentes que relaciona todos os recursos de hardware, e suas quantidades,
necessários para implementar a lógica desejada (TOCCI; WIDMER; MOSS, 2007).

A etapa seguinte, denominada implementação, corresponde ao mapeamento de toda a estrutura lógica

79
descrita pela netlist gerada na etapa anterior de síntese (TOCCI; WIDMER; MOSS, 2007).

A penúltima etapa consiste na realização de simulações de temporização, que confirmam que não há
falhas no projeto ou problemas de temporização, relacionados à frequência de operação desejada para a
aplicação, por exemplo (TOCCI; WIDMER; MOSS, 2007).

Por fim, têm-se a etapa de download, onde é gerado um bitstream. O bitstream corresponde a uma
sequência de bits gerada para um dispositivo programável específico, (TOCCI; WIDMER; MOSS, 2007),
que é transferido para o dispositivo e permite ao mesmo implementar o projeto desenvolvido em linguagem
de descrição de hardware.

Apesar de se tratar de uma metodologia bastante utilizada na prática, essas etapas não são suficientes
para validar a arquitetura desenvolvida neste trabalho. Isso porque o controlador MPC, seja ele com ou sem
restrições, trata-se de um sistema complexo, contendo várias informações referentes a estados e variáveis
de controle, cada uma com tamanho de 27 ou 32 bits, conforme já mencionado na Seção 3.2. Obter os
dados do controlador durante os experimentos é uma tarefa que exige ferramentas específicas para isso.

A ferramenta escolhida para tal propósito corresponde ao HDL Verifier, ferramenta disponível no MA-
TLAB. Esta ferramenta permite a validação de módulos desenvolvidos em VHDL ou Verilog por meio
de uma técnica denominada FPGA in the Loop, ou simplesmente, FIL. Um esquemático dessa técnica é
mostrado na Figura 3.10.

Figura 3.10: Esquemático de testes de algoritmo a nível de sistemas utilizando a técnica FPGA-in-the-Loop
(FIL). Adaptado de: (MATHWORKS, 2019)
.

Conforme pode ser visto na Figura 3.10, o FIL é uma técnica utilizada para realizar testes com algorit-
mos desenvolvidos em linguagem de descrição de hardware a nível de sistemas, ou seja realizar testes para
validar algoritmos embarcados em um FPGA. Usando o HDL Verifier, é possível transformar os arquivos
desenvolvidos em VHDL para os controladores em um bloco no ambiente Simulink. Assim, é possível
que dados iniciais sejam enviados do MATLAB para o FPGA, que executa o controlador desenvolvido em
VHDL, enquanto os dados do algoritmo no FPGA se comunicam com componentes e modelos no MA-
TLAB, por meio de blocos adicionais do Simulink. Da mesma forma, os dados tratados pelos componentes
e modelos no Simulink, podem ser enviados de volta para o FPGA, fechando o loop propriamente dito,

80
permitindo que uma simulação completa possa ser estabelecida e, ao fim da mesma, os dados provenientes
do FPGA possam ser armazenados e analisados.

O setup para todos os testes que são realizados neste trabalho pode ser visto na Figura 3.11. O com-
putador host MATLAB é responsável por gerar estímulos ou dados de entrada por meio de um modelo
desenvolvido no ambiente Simulink do MATLAB. Esses dados são enviados ao FPGA, no qual encontra-
se implementado o controlador MPC em VHDL, por meio de um cabo Ethernet. Os dados gerados pelo
controlador são enviados para o computador host, por meio do mesmo cabo Ethernet que é utilizado para
envio de dados ao FPGA, permitindo que todas as informações sejam armazenadas no próprio MATLAB.
Essa é a principal vantagem para utilização deste ferramenta: como os controladores foram validados em
MATLAB antes de serem implementados em VHDL, é possível gerar gráficos com os resultados da si-
mulação do controlador em FPGA e compará-los com a simulação computacional realizada previamente
no MATLAB de maneira mais fácil, sem se preocupar com os protocolos de comunicação entre FPGA e
MATLAB, que são realizadas pela ferramenta HDL Verifier.

Figura 3.11: Setup de testes para conexão entre FPGA e Simulink utilizando o HDL Verifier.

O HDL Verifier utiliza ferramentas próprias dos fabricantes de FPGA para implementar todas as etapas
descritas na Figura 3.9. No caso deste trabalho, a ferramenta utilizada corresponde ao Vivado 2016.4, da
Xilinx. Portanto, em conjunto com o Vivado 2016.4, o próprio HDL Verifier realiza síntese, implementação,
simulação temporal e download do controlador desenvolvido em VHDL para o FPGA adotado, por meio
do cabo JTAG apresentado na Figura 3.11.

O FPGA escolhido para ser utilizado neste trabalho é o kit KC-705 da Xilinx, que foi escolhido princi-
palmente por conta da sua grande quantidade de recursos para implementação da lógica dos controladores
MPC apresentados. Como o MPC é uma técnica que demanda bastante processamento, optou-se por esco-
lher um hardware com maior quantidade de recursos de hardware disponíveis, já que a priori a quantidade
demandada para implementação do MPC não era conhecida.

A Tabela 3.2 abaixo apresenta as principais características do kit adotado.

81
Tabela 3.2: Características e funcionalidades do kit KC-705 da Xlinx. Fonte: (XILINX, 2019).

Frequência de clock máxima 200 MHz


Tipo de clock Diferencial
FPGA Xilinx Kintex-7
LUTs 203800
BRAMs 445
DSPs 840
Pinos de I/O 500

Com tudo definido, é possível finalmente realizar a simulação do MPC em FPGA, para validação dos
controladores desenvolvidos. O HDL Verifier gera um bloco em Simulink correspondente ao controlador
MPC, conforme pode ser visto na Figura 3.12, que é colocado no arquivo de simulação do Simulink.

Figura 3.12: Bloco FIL referente ao algoritmo embarcado em FPGA utilizado na simulação com o HDL
Verifier no Simulink.

Esse bloco é gerado com base nos arquivos VHDL que são disponibilizados para a ferramenta e ele
representa o algoritmo embarcado em FPGA, possuindo a mesma quantidade de entradas e saídas para o
MPC sem restrições e para o MPC com restrições, já que ambos estão controlando o mesmo modelo. A
diferença está na lógica interna de cada controlador, conforme apresentado nas subseções anteriores.

Um detalhe importante a ser destacado é que, conforme pode ser visto na Figura 3.12, há uma saída
denominada ready. Essa saída está conectada às saídas ready de cada um dos controladores MPC, de modo
que por meio dela é possível saber o tempo de cálculo que cada controlador demanda para obter a sequência
de controle ótima, armazenada nas saídas u1, u2, u3 e u4 da Figura 3.12.

Os testes utilizando o HDL Verifier são realizados utilizando-se uma frequência de clock de 50 MHz,
pelo fato de esse ser um dos valores que a ferramenta utiliza como padrão.

Com base em todos esses procedimentos, é possível realizar a simulação dos controladores MPC,

82
sem restrições e com restrições, aplicados a todos os cenários descritos para o modelo do quadrirrotor.
Os resultados desses testes são apresentados no próximo capítulo, juntamente com discussões acerca dos
mesmos.

83
Capítulo 4

Resultados e discussões

Este capítulo apresenta os resultados das atividades descritas no capítulo anterior de Metodologia.
Consequentemente, as divisões desse capítulo são dadas em subseções iguais às do capítulo anterior, ou
seja, de acordo com as diferentes etapas de atividades desenvolvidas:

1. Simulação do controlador MPC utilizando MATLAB;

2. Desenvolvimento de arquitetura em VHDL do controlador MPC;

3. Simulação da arquitetura em VHDL do controlador MPC;

4. Comparação das arquiteturas desenvolvidas em VHDL com os resultados obtidos nas simulações em
MATLAB.

Cada subseção também contem comentários acerca dos resultados obtidos em cada atividade.

4.1 Resultados da simulação do controlador MPC utilizando MATLAB

Após a realização das simulações em MATLAB dos controladores MPC aplicados ao quadrirrotor,
tanto utilizando o MPC sem restrições quanto utilizando a formulação com restrições, foi possível obter os
valores das matrizes de ponderação das variáveis de estado Qy e das matrizes de ponderação das variáveis
de controle Qu que obtiveram melhores resultados para os controlar o quadrirrotor.

Estes valores são apresentados abaixo nas Equações 4.1 e 4.2, para o caso do MPC sem restrições, e
nas Equações 4.3 e 4.4. O índice unc refere-se às matrizes de ponderação para o MPC sem restrições. As
matrizes sem esse índice referem-se ao MPC com restrições.

 
1.00 0.00 0.00 0.00
 
 0.00 1.00 0.00 0.00 
Qyunc = , (4.1)

 0.00 0.00 10.00 0.00 

0.00 0.00 0.00 20.00

84
 
0.01 0.00 0.00 0.00
 
 0.00 0.01 0.00 0.00 
Quunc = , (4.2)

 0.00 0.00 0.01 0.00 

0.00 0.00 0.00 0.01
 
1.00 0.00 0.00 0.00
 
 0.00 1.00 0.00 0.00 
Qx =  , (4.3)

 0.00 0.00 14.00 0.00 

0.00 0.00 0.00 20.00
 
0.01 0.00 0.00 0.00
 
 0.00 0.01 0.00 0.00 
Qu =  . (4.4)

 0.00 0.00 0.01 0.00 

0.00 0.00 0.00 0.01

Utilizando esses valores de ponderação, é possível realizar as simulações dos controladores MPC para
avaliar quais os melhores valores de N e o número de iterações Niter do solver, no caso do MPC com
restrições, que são utilizados para implementar os controladores MPC em hardware. Os resultados dessa
etapa são divididos em subseções para melhor organização do documento.

4.1.1 Resultados da simulação do controlador MPC sem restrições em MATLAB

Durante a realização das simulações em MATLAB, tanto para o MPC sem restrições quanto para o
MPC com restrições, foi possível constatar duas informações importantes:

1. As dinâmicas que são mais difíceis de controlar são z e ψ;

2. ψ demora bastante tempo para estabilizar e, em geral, demanda um N alto para que isso ocorra em
pouco tempo.

Para evitar uma quantidade desnecessária de imagens e facilitar a organização deste documento, serão
apresentados resultados dos testes em MATLAB referentes às dinâmicas em z e ψ, que são as dinâmicas
mais determinantes na escolha de N, além de φ e θ que são as variáveis restringidas no MPC com restrições.

Com base nessas considerações, são mostrados abaixo os resultados das simulações em MATLAB do
MPC sem restrições, através das Figuras 4.1 - 4.2, mostrando tanto as variáveis de estados especificadas
no último parágrafo quanto as variáveis de controle, para o cenário em que são aplicadas referências de
degrau filtrado em x, y e z.

85
Figura 4.1: Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de N adotado para o controlador
MPC sem restrições no cenário de referências de degrau filtrado.

Figura 4.2: Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de N adotado para o controlador MPC
sem restrições no cenário de referências de degrau filtrado.

Analisando as imagens acima, é possível perceber que o melhor desempenho do controlador MPC sem
restrições para z mediante o critério de decisão adotado para este trabalho (menor horizonte de predição
que consegue controlar o sistema) ocorre com N = 40. Já para o controle da variável de estado ψ, o menor
horizonte de predição que cumpre o objetivo é de N = 50. Assim, o melhor horizonte de predição para o
MPC sem restrições no cenário de referências de degrau filtrado aplicadas a x, y e z seria N = 40, mas
demandando mais do que o tempo total de simulação (70 s) para estabilização da variável de estado ψ.

Além disso, analisando as figuras é possível perceber que acima de N = 40 ocorre um erro no controle
da dinâmica em z, o que faz com que N = 40 seja ainda mais adequado.

86
Os mesmos testes são efetuados para o cenário de uma trajetória helicoidal e são apresentados nas
Figuras 4.3 - 4.4 abaixo.

Figura 4.3: Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de N adotado para o controlador
MPC sem restrições no cenário de trajetória helicoidal.

Figura 4.4: Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de N adotado para o controlador MPC
sem restrições no cenário de trajetória helicoidal.

Para o cenário de trajetória helicoidal, os mesmos resultados se mantém para o MPC sem restrições:
N=50 é o menor horizonte de predição adotado que é capaz de controlar o ângulo ψ de maneira adequada,
ainda que demore praticamente 50 s para isso. A melhor resposta para a referência atribuida a z é obtida
com N = 40, mas esse valor não é capaz de controlar ψ dentro do tempo total de simulação adotado.

Logo, a princípio, o valor de N a ser utilizado no controlador MPC sem restrições em FPGA é N = 40,
já que valores acima deste introduzem erros nos cálculos da dinâmica em z.

87
4.1.2 Resultados da simulação do controlador MPC com restrições em MATLAB

Agora são apresentados os resultados das simulações do MPC com restrições. As Figuras 4.5 - 4.6
apresentam os resultados das simulações em MATLAB variando o horizonte de predição e mantendo o
número de iterações constante Niter = 100 para o cenário de aplicação de degraus filtrados como referências
para as coordenadas espaciais x, y e z. Lembrando mais uma vez, que são mostrados somente z e os
ângulos ψ, φ e θ, já que as duas primeiras são as dinâmicas mais difíceis de controlar e as duas últimas são
as dinâmicas restringidas do sistema.

Figura 4.5: Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de N adotado para o controlador
MPC com restrições no cenário de referências de degrau filtrado.

Figura 4.6: Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de N adotado para o controlador MPC
com restrições no cenário de referências de degrau filtrado.

88
Assim como no caso sem restrições, o menor horizonte de predição capaz de controlar a variável de
estado z foi N = 40. Aqui, entretanto, N = 50 consegue controlar ambas as variáveis de estado z e ψ, mas
demorando muito tempo para estabilização do ângulo ψ. Portanto, o valor de N adequado para este cenário
seria N = 50.

O mesmo cenário é testado mais uma vez, adotando o menor horizonte de predição que foi capaz de
controlar o quadrirrotor nas simulações anteriores (N = 50) e variando o número de iterações para verificar
como cada dinâmica do quadrirrotor se comporta, resultando nas Figuras 4.7 - 4.8.

Figura 4.7: Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de Niter adotado para o contro-
lador MPC com restrições no cenário de referências de degrau filtrado.

Figura 4.8: Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de Niter adotado para o controlador
MPC com restrições no cenário de referências de degrau filtrado.

Com os resultados obtidos até aqui, é possível perceber que o número mínimo de iterações que o

89
solver precisa para conseguir controlar o sistema do quadrirrotor é de Niter = 30 iterações. Portanto, esse
é o melhor valor para o controlador desenvolvido em VHDL, uma vez que quanto menor o número de
iterações, menor o tempo de cálculo das variáveis de controle ótimas.

Os testes acima foram repetidos para o cenário de uma trajetória helicoidal. Primeiramente, são apre-
sentados nas Figuras 4.9 - 4.10 os resultados obtidos para cada variável de estado do quadrirrotor de acordo
com o horizonte de predição adotado, mantendo Niter = 100.

Figura 4.9: Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de N adotado para o controlador
MPC com restrições no cenário de trajetória helicoidal.

Figura 4.10: Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de N adotado para o controlador
MPC com restrições no cenário de trajetória helicoidal.

De maneira análoga ao outro cenário, adotou-se o menor horizonte de predição que foi capaz de con-
trolar o quadrirrotor com referências de trajetória helicoidal (que também foi N=50), dessa vez variando-se

90
o número de iterações do solver de QP. Os resultados são mostrados nas Figuras 4.11 - 4.12.

Figura 4.11: Variação das variáveis de estado z e ψ de acordo com o valor de Niter adotado para o contro-
lador MPC com restrições no cenário de referências de degrau filtrado.

Figura 4.12: Variação das variáveis de controle de acordo com o valor de Niter adotado para o controlador
MPC com restrições no cenário de referências de degrau filtrado.

As conclusões dos testes do MPC com restrições mediante o cenário de trajetória helicoidal são os
mesmos obtidos com as referências de degrau filtrado: o menor horizonte de predição que é capaz de
controlar o quadrirrotor de maneira satisfatória é N = 50, com no mínimo 30 iterações do solver PGE como
algoritmo de otimização.

Assim, pode-se concluir que, os melhores parâmetros para os controladores implementados em hard-
ware são N = 50 e, no caso do MPC com restrições, Niter = 30. Caso não seja necessário controlar ψ, N =
40 é a melhor opção para utilizar no MPC com restrições em hardware, uma vez que é o menor horizonte

91
de predição capaz de controlar a variável de estado z.

4.2 Resultados do desenvolvimento de arquitetura em VHDL do controla-


dor MPC

Os primeiros resultados apresentados neste trabalho referentes aos controladores MPC correspondem
ao consumo de recursos de hardware necessários para a implementação de cada um no kit FPGA KC-705
utilizado.

A Tabela 4.1 apresenta os resultados de utilização de recursos para cada módulo que compõem o
MPC, seja ele com ou sem restrições, mostrando a quantidade de recursos que são necessários para a
implementação dos mesmos quando diferentes valores de N são adotados.

Tabela 4.1: Consumo de recursos de hardware do kit de FPGA KC-705 necessários para implementar cada
módulo que compõem o MPC com e sem restrições de acordo com o valor de N adotado e o número total
de bits utilizados em ponto flutuante.

N Bits Módulo LUT LUTRAM FF BRAM DSP


40 27 matrix_ mult 16312 (8.00%) – 3200 (0.79%) – 40 (4.76%)
matrix_ add 12208 (5.99%) – 2000 (0.49%) – –
unconstrained_ mpc 859 (0.42%) – 904 (0.22%) – –
model_ simulator 30155 (14.80%) – 7823 (1.92%) – 40 (4.76%)
compute _ MPC_ matrices 18331 (8.99%) – 13411 (3.29%) – –
solver_ sat_ pen 18498 (9.08%) – 9511 (2.33%) – –
40 32 matrix_ mult 18490 (9.07%) – 3800 (0.93%) – 80 (9.52%)
matrix_ add 15648 (7.68%) – 2400 (0.59%) – –
model_ simulator 36137 (17.73%) – 9292 (2.28%) – 80 (9.52%)
compute _ MPC_ matrices 16342 (8.02%) – 15864 (3.89%) – –
solver_ sat_ pen 18479 (9.07%) – 11214 (2.75%) – –
50 27 matrix_ mult 20362 (9.99%) – 4000 (0.98%) – 50 (5.95%)
matrix_ add 15260 (7.49%) – 2500 (0.61%) – –
unconstrained_ mpc 867 (0.43%) – 908(0.23%) – –
model_ simulator 37447 (18.37%) – 9123 (2.24%) – 50 (5.95%)
compute _ MPC_ matrices 24288 (11.92%) – 16628 (4.08%) – –
solver_ sat_ pen 22593 (11.09%) – 11114 (2.73%) – –
50 32 matrix_ mult 23080 (11.32%) – 4750 (1.17%) – 100 (11.90%)
matrix_ add 19560 (9.60%) – 3000 (0.74%) – –
model_ simulator 44879 (22.02%) – 10842 (2.66%) – 100 (11.90%)
compute _ MPC_ matrices 22139 (10.86%) – 19681 (4.83%) – –
solver_ sat_ pen 14264 (7.00%) – 13113 (3.22%) – –
60 27 matrix_ mult 24352 (11.95%) – 4800 (1.18%) – 60 (7.14%)
matrix_ add 18312 (8.99%) – 3000 (0.74%) – –
unconstrained_ mpc 867 (0.43%) – 908(0.23%) – –
model_ simulator 44739 (21.95%) – 10423 (2.56%) – 60 (7.14%)
compute _ MPC_ matrices 27744 (13.61%) – 19886 (4.88%) – –
solver_ sat_ pen 24279 (11.91%) – 12724 (3.12%) – –
60 32 matrix_ mult 27670 (13.58%) – 5700 (1.40%) – 120 (14.29%)
matrix_ add 23472 (11.52%) – 3600 (0.88%) – –
model_ simulator 53617 (26.31%) – 12392 (3.04%) – 120 (14.29%)
compute _ MPC_ matrices 25410 (12.47%) – 23557 (5.78%) – –
solver_ sat_ pen 16562 (8.13%) – 15046 (3.96%) – –

Já a Tabela 4.2 apresenta o mesmo tipo de informação, mas dessa vez referente à arquitetura completa
do MPC sem restrições e com restrições, com todos os módulos integrados.

92
Tabela 4.2: Consumo de recursos de hardware do kit de FPGA KC-705 necessários para implementar os
controladores MPC sem restrições e com restrições de acordo com o valor de N adotado e o número total
de bits utilizados em ponto flutuante.

N Bits Controlador LUT LUTRAM FF BRAM DSP


40 27 Sem restrições 60392 (29.63 %) – 14256 (3.50%) 6 (1.35%) 80 (9.52%)
40 27 Com restrições 105521 (51.78%) 216 (0.34%) 38754 (9.51%) 156 (35.06%) 88 (10.48%)
40 32 Com restrições 108912 (53.44%) 256 (0.40%) 45842 (11.25%) 187.5 (42.13%) 176 (20.95%)
50 27 Sem restrições 74645 (36.63%) – 16555 (4.06%) 6 (1.35%) 100 (11.90%)
50 27 Com restrições 128109 (62.86%) 216 (0.34%) 46187 (11.33%) 195 (43.82%) 108 (12.86%)
50 32 Com restrições 135746 (66.61%) 256 (0.40%) 55600 (13.64%) 232 (52.13%) 216 (25.71%)
60 27 Sem restrições 89229 (43.78%) – 19155 (4.70%) 6 (1.35%) 120 (14.28%)
60 27 Com restrições 151443 (74.31%) 216 (0.34%) 54883 (13.46%) 243 (54.61%) 128 (15.24%)
60 32 Com restrições 158152 (77.60%) 256 (0.40%) 65138 (15.98%) 291.5 (65.61%) 256 (30.48%)

As tabelas anteriores analisam as soluções de controladores MPC desenvolvidas com três valores dis-
tintos de N: 40, 50 e 60. Como apresentado na seção anterior, N = 50 é o valor de horizonte de predição
que apresentou os melhores resultados. N = 40 apresentou bons resultados também, e a princípio é uma
opção viável para ser implementado, por exemplo, em casos em que ψ é mantido constante ou regulado em
0◦ . N = 60 não apresenta resultados tão bons quanto N = 40 e N = 50, mas ajuda a entender características
importantes referentes ao consumo de hardware necessários para implementação de cada controlador.

A primeira relação que deve ser feita é de que, quanto maior o valor de N adotado, maior a quantidade
de recursos necessários para implementar o controlador. Isso é algo que já era esperado, uma vez que
quanto maior o valor de N, maiores também são as dimensões das matrizes que descrevem o problema de
controle, tanto para o MPC sem restrições quanto para o MPC com restrições.

Além disso, quanto maior o valor de N adotado, mais DSPs são utilizados, pois mais multiplicadores
são colocados em paralelo para a construção da arquitetura do módulo matrix_ mult. Esse módulo uti-
liza sempre N DSPs e também é constituido por N somadores, que em conjunto, realizam a operação de
acumulação que é necessária para a realização de multiplicações matriciais.

Outra relação que pode ser feita é que, quanto maior o número total de bits utilizados para representar os
dados em ponto flutuante, mais recursos de hardware são necessários para implementar os controladores.
Isso também era esperado, uma vez que, como dito anteriormente, o valor de 27 bits otimiza a utilização
de recursos de hardware em FPGAs da Xilinx, porque os DPSs dos kits mais atuais possuem 18 bits de
entrada, mesma quantidade de bits que compõem a mantissa dos dados com 27 bits no total.

Quando utiliza-se 32 bits para representar os dados em pontos flutuantes, a mantissa passa a ser com-
posta por 23 bits, de forma que mais DSPs são necessários para implementar cada multiplicador. Não por
acaso, o consumo de DSPs dobra para cada controlador, quando comparadas as soluções de 27 bits e 32
bits.

No entanto, a grande vantagem da utilização de 32 bits é a diminuição de erro de arredondamento nas


operações realizadas, bem como a capacidade de armazenar uma faixa dinâmica de valores maior que a
solução em 27 bits. Isso é melhor evidenciado nas próximas seções, em que os resultados das simulações
dos controladores embarcados em FPGA são apresentados.

Analisando a Tabela 4.1, é possível perceber que o módulo que mais consome recursos para sua im-

93
plementação é o módulo model_ simulator. Isso se dá porque, como já foi explicado anteriormente, este
módulo foi concebido com multiplicadores e somadores de matrizes próprios, ou seja, possui em sua com-
posição os módulos matrix_ mult e matrix_ add. Isso consome uma quantidade maior de recursos do kit de
maneira geral, mas como isso não fez com que a capacidade do mesmo fosse excedida, foi possível evitar
lógica adicional de multiplexação, que ocorre, por exemplo, quando o módulo matrix_ mult é comparti-
lhado entre os módulos compute_ MPC_ matrices e solver_ sat_ pen, no caso do MPC com restrições.

É por isso que, para cada valor de N diferente adotado, utilizando 27 bits como precisão em ponto
flutuante, o MPC consome 2*N DSPs (N DSPs necessários para implementar o módulo matrix_ mult do
controlador em si e mais N DSPs para implementar o módulo matrix_ mult interno ao módulo model_
simulator). Os 8 DSPs adicionais correspondem a 8 multiplicadores instanciados no controlador para
realizarem pequenas multiplicações escalares necessárias para calcular coeficientes e fatores exigidos pelo
algoritmo PGE implementado no módulo solver_ sat_ pen.

Para 32 bits, esses valores dobram e o consumo de DSPs é dado por 4*N + 16.

Assim, como o módulo model_ simulator possui seus próprios recursos de operação matricial, e está
de certa forma, isolado do controlador MPC, uma estimativa de consumo de recursos somente dos contro-
ladores MPC em si pode ser feita, resultando na Tabela 4.3. Para isso, os valores de cada tipo de recurso
consumido por model_ simulator são subtraídos dos recursos correspondentes em cada módulo que com-
põem os controladores.

Tabela 4.3: Estimativa de consumo de recursos de hardware do kit de FPGA KC-705 necessários para
implementar os controladores MPC sem restrições e com restrições de acordo com o valor de N adotado e o
número total de bits utilizados em ponto flutuante, sem levar em consideração o módulo model_ simulator.

N Bits Controlador LUT LUTRAM FF BRAM DSP


40 27 Sem restrições 30237 (14.70 %) – 6433 (1.58%) 6 (1.35%) 40 (4.76%)
40 27 Com restrições 75366 (36.98%) 216 (0.34%) 30931 (7.59%) 156 (35.06%) 48 (5.71%)
40 32 Com restrições 72775 (35.71%) 256 (0.40%) 36550 (8.97%) 187.50 (42.13%) 96 (11.43%)
50 27 Sem restrições 37198 (18.25%) – 7432 (1.83%) 6 (1.35%) 50 (5.95%)
50 27 Com restrições 90662 (44.49%) 216 (0.34%) 37064 (9.09%) 195 (43.82%) 58 (6.90%)
50 32 Com restrições 90867 (44.59%) 256 (0.40%) 44758 (10.98%) 232 (52.13%) 132 (15.70%)
60 27 Sem restrições 44490 (21.83%) – 8732 (2.14%) 6 (1.35%) 60 (7.14%)
60 27 Com restrições 106704 (52.36%) 216 (0.34%) 44460 (10.90%) 243 (54.61%) 68 (8.09%)
60 32 Com restrições 104535 (51.29%) 256 (0.40%) 52746 (12.94%) 291.50 (65.51%) 136 (16.19%)

Essa é uma estimativa de quanto cada controlador consumiria em hardware do FPGA ao ser imple-
mentado, caso o simulador de modelo fosse implementado externamente ao FPGA, como em um bloco do
Simulink, por exemplo, que se comunicasse com o FPGA utilizando a estrutura do HDL Verifier. Trata-se
de uma estimativa porque, sem o model_ simulator a integração entre os demais módulos seria um pouco
modificada, o que resultaria em resultados diferentes dos apresentados na tabela acima.

Como esperado, o MPC sem restrições consome bem menos recursos de hardware do FPGA do que
o MPC com restrições. A lei de controle do MPC sem restrições é bem mais simples, exigindo pouco
armazenamento de matrizes, característica que não repete no MPC com restrições. O aumento de consumo
de recursos não obedece uma proporção fixa quando comparadas as soluções com e sem restrições, mas
são de aproximadamente 2.44 vezes mais LUTs, 4.96 vezes mais FFs, 33 vezes mais BRAMs e 1.16 vezes
mais DSPs para implementação do MPC com restrições.

94
O número de BRAMs utilizados corresponde ao recurso que mais cresce em utilização para a im-
plementação do MPC com restrições, por conta da maior quantidade de matrizes e memórias que estão
envolvidas nesse processo, especialmente as matrizes associadas ao solver de QP.

4.3 Resultados da simulação da arquitetura em VHDL do controlador MPC

Esta seção apresenta os resultados das simulações dos controladores MPC implementados em hard-
ware. Assim como no caso dos testes em MATLAB, os resultados são apresentados em duas subseções:
uma para o MPC sem restrições e uma para o MPC com restrições.

4.3.1 Resultados da simulação da arquitetura em VHDL do controlador MPC sem restri-


ções

Com os resultados obtidos anteriormente, algumas considerações precisam ser feitas antes da apresen-
tação dos resultados dos controladores em hardware.

O primeiro deles refere-se a algo que se mostrou importante durante os testes realizados com os con-
troladores em FPGA. De maneira geral, o HDL Verifier facilita a integração dos resultados obtidos com
o MATLAB, mas torna as simulações muito lentas. Na verdade, isso impacta mais nas simulações do
MPC com restrições, como será abordado na próxima subseção deste trabalho, mas por conta disso, as
simulações realizadas para o MPC sem restrições assumem duas condições:

1. O tempo total de simulação foi reduzido para 20 s;

2. ψ0 = 0◦ , ou seja, ψ é regulado em 0◦ durante toda a simulação.

Isso foi feito porque o objetivo aqui é validar as arquiteturas desenvolvidas. O MPC se mostrou capaz
de controlar ψ, mas para que mais testes possam ser feitos, de maneira mais eficiente, esse ângulo é man-
tido em 0◦ , o que garante que as demais saídas reguladas do sistema estabilizem e rastream as trajetórias
adequadamente.

Tendo em vista essas questões, conforme apresentado na Subseção 4.1.1, o valor de N = 40 pode ser
adotado aqui, pois é capaz de controlar todas as dinâmicas de maneira satisfatória (com exceção de ψ) no
tempo total de simulação adotado. Os controladores serão testados utilizando N = 40 e N = 50, para que
seja possível fazer comparações entre eles.

As Figuras 4.13 - 4.16 abaixo apresentam os resultados das simulações com N = 40 para o MPC sem
restrições, realizadas utilizando o HDL Verifier no ambiente Simulink do MATLAB, conforme explicado
no capítulo anterior. Além disso, esses resultados são comparados com os resultados obtidos em MATLAB
apresentados anteriormente.

95
Figura 4.13: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com a
simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 40 e referências de degrau filtrado.

Figura 4.14: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições (ver-
melho) com a simulação em MATLAB (azul): variáveis de controle para N = 40 e referências de degrau
filtrado.

96
Figura 4.15: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com a
simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 40 e trajetória helicoidal.

Figura 4.16: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições (ver-
melho) com a simulação em MATLAB (azul): variáveis de controle para N = 40 e trajetória helicoidal.

A primeira característica que pode ser observada com base nas figuras acima é de que o MPC sem
restrições em VHDL se comporta de maneira muito próxima ao MPC sem restrições simulado no MA-
TLAB. Isso valida não somente o controlador em si, mas os módulos de multiplicação e soma matricial
desenvolvidos em VHDL, além do módulo model_ simulator.

Além disso, com base nas simulações no HDL Verifier é possível obter a informação de quanto tempo
o sistema demora para calcular as variáveis de controle do sistema por meio da saída ready do sistema de
controle: aproximadamente 10µs para uma frequência de clock do FPGA de 50MHz.

Esse é um valor bem abaixo do tempo de amostragem do sistema (50 ms), por conta da formulação sim-

97
ples do MPC sem restrições: como as matrizes podem ser calculadas todas offline, o cálculo das variáveis
de controle é obtido com três multiplicações matriciais (−KN .x, GN .yref e LN .ud ) e a soma entre elas.
Como as referências e o valor de ud já são conhecidos de antemão, as próprias multiplicações GN .yref e
LN .ud podem ser feitas offline, o que acelera ainda mais o cálculo das variáveis de controle do sistema.

Agora são apresentados os resultados dos mesmos testes executados anteriormente para N = 50. Estes
são mostrados nas Figuras 4.17 - 4.20.

Figura 4.17: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com a
simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 50 e referências de degrau filtrado.

Figura 4.18: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com a
simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 50 e referências de degrau filtrado.

98
Figura 4.19: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com a
simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 50 e trajetória helicoidal.

Figura 4.20: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com a
simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 50 e trajetória helicoidal.

Mais uma vez, o MPC sem restrições se mostrou bem próximo dos valores da simulação em MATLAB.
Assim como nas simulações em MATLAB, ocorre um erro entre a variável de estado z e a sua referência
quando N é maior que 40, o que comprova que os resultados obtidos são satisfatórios.

O paralelismo da solução sem restrições é de tal forma que o tempo de cálculo do controlador para
N = 50 é o mesmo da solução N = 40: 10µs para uma frequência de clock de 50 MHz. Isso parece
estranho a princípio, mas como as matrizes do sistema sem restrições possuem dimensões menores do que
o cenário com restrições, o sistema é capaz de calcular as multiplicações e as somas matricias no mesmo
tempo, porque de acordo com o valor de N utilizado, são instanciados N multiplicadores e N somadores

99
em paralelo, que sempre são capazes de calcular as matrizes resultantes no mesmo intervalo de tempo.

Assim, o melhor resultado é obtido com N = 40, pois consegue-se um menor erro no controle da
variável de estado z e um menor consumo de recursos de hardware do FPGA.

Por conta do consumo de recursos de hardware (apresentado na Tabela 4.3) utilizados pelas soluções
sem restrições, pode parecer que o MPC sem restrições é uma solução melhor. De fato, é um tipo de con-
trolador que pode apresentar resultados muito bons para situações em que as restrições não são atingidas,
como nos casos testados. Entretanto, ao adotar-se referências muito parecidas com os casos testados, mas
com degrau filtrado de valor final 50, por exemplo, as restrições não são respeitadas, conforme pode ser
visto nas Figuras 4.21 e 4.22.

Figura 4.21: Resposta das saídas restringidas do MPC sem restrições para referências de degrau filtrado
com valor final igual a 50. Restrições em vermelho.

100
Figura 4.22: Resposta das saídas restringidas do MPC com restrições para referências de degrau filtrado
com valor final igual a 50. Restrições em vermelho.

4.3.2 Resultados da simulação da arquitetura em VHDL do controlador MPC com restri-


ções

Assim como no caso do MPC sem restrições, os parâmetros utilizados para o MPC com restrições
são baseados nos resultados dos testes da Seção 4.1. O controlador será testado utilizando horizontes de
predição N = 40 e N = 50, por conta das suposições que foram apresentadas na subseção anterior, para
os cenários de referência de degrau filtrado e trajetória helicoidal. Além disso, o número de iterações do
solver de QP adotado será de Niter = 30, também em conformidade com os resultados apresentados na
Seção 4.1.

Entretanto, antes de apresentar os resultados destas simulações é necessário explicar mais alguns de-
talhes. Foi visto na seção de resultados da simulação do MPC sem restrições que as suposições de menor
tempo de simulação e manter ψ em 0◦ durante a simulação foram adotadas por conta da lentidão nas si-
mulações utilizando o HDL Verifier. Isso se torna impactante de fato no caso do MPC com restrições: por
se tratar de uma arquitetura bem mais complexa que o MPC sem restrições, a simulação no HDL Verifier
demora ainda mais tempo para ser concluida. Por exemplo, tomando-se uma simulação com tempo total
de 20s, mais de um dia é necessário para completá-la.

Por isso, e mais uma vez para tentar tornar os testes mais eficientes e rápidos, optou-se por adotar uma
outra abordagem para a obtenção dos resultados apresentados aqui: realizar simulações comportamentais
diretamente no Vivado, software padrão para desenvolvimento da Xilinx. Assim, as simulações se tornam
mais rápidas, apesar de ainda demorarem bastante tempo, e o HDL Verifier é utilizado somente para verifi-
car o tempo de cálculo do controlador embarcado em FPGA, informação que não está disponível na etapa
de simulação comportamental no Vivado. No caso do tempo de execução do controlador a simulação pode
ser bem menor (no mínimo, um intervalo igual a dois períodos de amostragem, que no caso do quadrirrotor
resulta em um tempo mínimo de 100 ms), e portanto o HDL Verifier é capaz de obter essa informação com

101
o algoritmo embarcado em FPGA.

A simulação comportamental do Vivado gera resultados bem próximos aos obtidos na simulação do
Simulink, mas, obviamente, não leva em consideração características de temporização do sistema. Para
comprovar que o Vivado pode ser utilizado para tal fim, as Figuras 4.23 e 4.24 apresentam o resultado de
uma simulação comportamental do MPC sem restrições realizada anteriormente, comparando os resultados
com os dados obtidos na simulação utilizando HDL Verifier, mostrado na subseção anterior.

Figura 4.23: Comparação entre cálculo de saídas do quadrirrotor utilizando HDL Verifier e simulação
comportamental no Vivado.

Figura 4.24: Comparação entre cálculo de variáveis de controle utilizando HDL Verifier e simulação com-
portamental no Vivado.

As figuras acima mostram que esses valores são bem próximos aos resultados do HDL Verifier. Por-
tanto, opta-se por utilizar aqui a simulação comportamental do controlador MPC com restrições no Vivado,

102
somente para obter os dados das simulações do MPC com restrições em cada cenário desejado, de maneira
mais rápida e eficiente.

Com essas características diferentes de teste explicadas, pode-se apresentar agora os resultados obtidos
simulando o controlador MPC com restrições em hardware. Os resultados são apresentados nas Figuras
4.25 - 4.32 abaixo, tanto para N = 40 quanto para N = 50, com Niter = 30. As figuras mostram resultados
para simulações utilizando precisão de 27 e 32 bits. O tempo de cálculo das variáveis de controle, medido
através da saída ready do controlador utilizando o HDL Verifier, é apresentado na Tabela 4.4.

Figura 4.25: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com a
simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 40, Niter = 30 e referências de degrau filtrado.

Figura 4.26: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com a
simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 40, Niter = 30 e referências de degrau filtrado.

103
Figura 4.27: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com a
simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 40, Niter = 30 e trajetória helicoidal.

Figura 4.28: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC sem restrições com a
simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 40, Niter = 30 e trajetória helicoidal.

104
Figura 4.29: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com a
simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 50, Niter = 30 e referências de degrau filtrado.

Figura 4.30: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com a
simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 50, Niter = 30 e referências de degrau filtrado.

105
Figura 4.31: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com a
simulação em MATLAB: saídas do sistema para N = 50, Niter = 30 e trajetória helicoidal.

Figura 4.32: Simulação e comparação do quadrirrotor controlado utilizando o MPC com restrições com a
simulação em MATLAB: variáveis de controle para N = 50, Niter = 30 e trajetória helicoidal.

Tabela 4.4: Tempo de cálculo das variáveis de controle por parte dos controladores MPC com restrições
implementados em FPGA.

N Frequência de clock Tempo de cálculo


40 50 MHz 22.97 ms
50 50 MHz 29.34 ms

Analisando os resultados acima é possível perceber que o tempo de cálculo em ambos os casos é menor
que 50 ms, o que garante que o controlador consegue calcular as variáveis de controle dentro de período
de amostragem do sistema. Aqui, não ocorre o mesmo que acontece no MPC sem restrições: como a

106
solução não é tão paralelizável quanto a lei de controle do MPC sem restrições, o controlador com N = 50
demora mais tempo para calcular as variáveis de controle do que o controlador com N = 40. Quanto maior
o valor de N, maiores as dimensões das matrizes, de forma que não é possível calcular todos os elementos
resultantes das operações matriciais em um único ciclo de operação, o que causa essa diferença.

Entretanto, esse tempo de cálculo das variáveis de controle permanece constante, independente da
quantidade de bits que são utilizados para representar os dados em ponto flutuante (27 ou 32 bits). Isso
ocorre porque as unidades de multiplicação e soma em ponto flutuante que servem de base para os módulos
desenvolvidos, apresentadas no trabalho de Muñoz (2012), são capazes de paralelizar as operações de
acordo com a quantidade de bits totais utilizados, de forma que os mesmos sempre calculam os resultados
em dois ciclos de clock. Assim, o tempo de cálculo do controlador não é impactado pela quantidade
de bits adotada em ponto flutuante: isso afeta o consumo de recursos de hardware necessários para a
implementação do controlador, conforme mostrado na Tabela 4.2.

O tempo de cálculo se mostrou rápido quando comparado com soluções de MPC implementado em
FPGA encontradas na literatura e apresentadas neste trabalho. Da revisão bibliográfica acerca do tema
apresentada no Capítulo 2, somente o trabalho de Ayala et. al (2016) consegue um tempo de cálculo menor,
utilizando o NMPC também com horizonte de predição N = 50, mas para um sistema com 4 variáveis de
estados e uma única variável de controle.

Além do tempo de cálculo ser mais rápido, nenhum dos outros trabalhos apresentados realizou testes
com valores de N maiores que 30, com exceção do trabalho de Ayala et. al (2016), que conforme já citado,
realizou testes com N = 50, assim como neste trabalho.

Se por um lado o tempo de cálculo é satisfatório, por outro lado, em todos os casos apresentados, o
controlador apresenta um erro ao final do cálculo de cada variável de controle. No início da simulação,
esse erro causa diferenças na resposta com relação às simulações computacionais em MATLAB, mas não
o suficiente para fazer com que o comportamento em ambas as simulações fique muito diferente. No
entanto, com o decorrer da simulação, esse erro vai aumentando e acumulando, de forma que apesar de
seguir de certa forma as referências, as variáveis de estado não conseguem estabilizar nos valores dados
pelas mesmas e ficam oscilando em torno delas.

O mesmo pode ser dito das variáveis de controle, que não estabilizam no valor desejado ud = 192.8
rad/s: quando chegam perto desse valor, as variáveis de controle ficam oscilando em torno do valor de
equilíbrio (ud = 192.8 rad/s).

A única exceção para esse caso é a variável de estado z. É interessante que esta seja a única que consiga
ser controlada, mas faz sentido quando analisa-se a física do quadrirrotor. Por conseguir estabilizar a
dinâmica em z, pode-se assumir que a oscilação em torno de 192.8 rad/s para todas as variáveis de controle
gera um mesmo valor médio de velocidade angular igual nos motores, já que para estabilizar a dinâmica em
z, é necessário que todos os motores girem com a mesma velocidade. Assim, o valor médio de velocidade
angular dos motores consegue estabilizar z, mas não consegue estabilizar as demais dinâmcias, o que gera
esse comportamento oscilatório.

Contudo, os resultados mostram que ao adotar-se uma precisão maior em ponto flutuante, como no
caso de 32 bits, essa oscilação diminui bastante, e apesar de a oscilação continuar, a amplitude das mesmas

107
diminui significativamente, de forma que os resultados obtidos são bem mais satisfatórios e próximos aos
resultados obtidos nas simulações computacionais em MATLAB.

Esse erro é proveniente do módulo de solver de QP : o módulo solver_ sat_ pen. Esse módulo, durante
suas primeiras iterações apresenta bons resultados, mas à medida que várias iterações são realizadas, o erro
vai se propagando cada vez mais. Os primeiros valores das variáveis de controle calculados até controlam
bem o sistema, mas eventualmente o resultado oscilatório é obtido. Como dito anteriormente, ao utilizar-se
uma precisão maior em ponto flutuante, o comportamento oscilatório diminui, mas o consumo de recursos
de hardware para implementação do controlador aumenta.

Isso indica que o solver apresentado em Alamir (2013) não é uma solução muito boa para ser im-
plementada em hardware com o objetivo de controlar sistemas de dimensões elevadas. Ele é capaz de
controlar o quadrirrotor em MATLAB, mas ao ser implementado em VHDL, não conseguiu executar de
maneira eficiente os objetivos de controle. A principal dificuldade de implementar esse algoritmo em hard-
ware se dá por conta da alta dependência de dados que há neste algoritmo: o módulo solver_ sat_ pen não
é muito paralelizável, pois a maioria das operações matricias realizadas pelo mesmo têm que ser realizadas
sequencialmente, ou seja, uma seguida da outra. Logo, as próximas matrizes a serem calculadas dependem
das matrizes que estão sendo calculadas neste instante, e isso não permite a paralelização do algoritmo.

Segundo Soudré (SOUDRÉ, 2017), como o cálculo do próximo passo do MPC utilizando o algoritmo
PGE possui dependência com o passo anterior, estendendo-se durante o cálculo de toda a sequência das
próximas N variáveis de controle, verifica-se que o seu princípio de operação básica é de caráter serial e
que, por conta de alta dependência de dados existente, há uma grande dificuldade na divisão do algoritmo
em tarefas independentes e que possam ser executadas paralelamente.

Esse é um dos principais fatores que fazem com que o erro se propague da maneira que foi evidenciada.
Os cálculos de otimização do algoritmo PGE são iterados 30 vezes, no caso das simulações apresentadas,
a cada instante de amostragem. Isso signfica que, para calcular as variáveis de controle, o solver itera 30
vezes, acumulando a cada nova iteração um valor de erro maior, proveniente principalmente das diversas
operações matricias que são realizadas ao longo dessas iterações.

Mais uma vez, é importante ressaltar que o erro não é grande o suficiente para divergir o sistema, mas
impede a estabilização do mesmo.

Entretanto, por conta dos exemplos apresentados em Alamir (2013), sabe-se que esse é um solver que
consegue controlar melhor sistemas de dimensões menores. Trata-se de um solver cuja implementação se
mostra simples quando comparada com a implementação de outros solvers de QP comumente utilizados,
como qpOASES, além de não apresentar dependências de bibliotecas numéricas para sua implementação.
Esses foram os principais fatores que motivaram a escolha do mesmo, mas segundo Alamir (2013), este é
um solver que pode apresentar problemas para o controle de sistemas complexos, como o quadrirrotor.

Portanto, após todas as discussões acerca dos resultados obtidos, é possível afirmar que uma arquitetura
de MPC com restrições em hardware foi implementada. Ela realiza os cálculos em tempos menores que o
tempo de amostragem do quadrirrotor (o que caracteriza um tempo de cálculo rápido quando comparado
com as soluções existentes na literatura), mas que não foi capaz de estabilizar o modelo. O sistema não
diverge, permanece na região de linearidade, mas não é capaz de alcançar os valores de referência deseja-

108
dos, oscilando em torno dos mesmos. É possível diminuir essa oscilação por meio de uma maior precisão
em ponto flutuante, utilizando mais bits para representar os dados, mas isso também acarreta em maior
consumo de recursos de hardware para implementação do controlador.

Logo, a solução de 32 bits, ainda que apresente oscilações pequenas, é a melhor opção, já que não
excede a capacidade do kit utilizado e apresenta resultados bem mais próximos dos obtidos nas simulações
computacionais em MATLAB do que a arquitetura em hardware do MPC com restrições utilizando 27 bits.

109
Capítulo 5

Conclusões

5.1 Conclusões do Trabalho

Após a apresentação de todos os resultados obtidos neste trabalho, é possível concluir que os objetivos
estabelecidos no primeiro capítulo deste documento foram alcançados: foram implementados tanto o MPC
sem restrições quanto o MPC com restrições para um quadrirrotor, utilizando arquiteturas de hardware
desenvolvidas manualmente, com representação binária em ponto flutuante de 27 bits e também de 32 bits
para o MPC com restrições. Todos os módulos são implementados por meio de um script em MATLAB
que gera componentes parametrizados para atender às dimensões do problema de controle, de acordo com
os parâmetros que foram adotados (horizonte de predição, número de iterações do solver, entre outros).

O controlador MPC sem restrições em hardware apresentou bons resultados, com um comportamento
muito próximo da simulação computacional em MATLAB. Sua lei de controle é bem mais simples que a
formulação completa do MPC, que incorpora as restrições do problema de controle, e por conta disso, este
consome bem menos recursos de hardware que a solução do MPC com restrições.

O fato de a lei de controle do MPC sem restrições ser simples e analítica gera erros pequenos nos
módulos de operações matriciais desenvolvidos em ponto flutuante, o que garante o bom funcionamento
deste controlador. Entretanto, como esperado, este controlador não é capaz de lidar com cenários nos quais
as restrições devem ser respeitadas, violando as mesmas em situações que a formulação completa do MPC
é capaz de lidar com essas mesmas restrições.

No caso do MPC com restrições, os resultados variam de acordo com o número de bits utilizados para
representar os dados em ponto flutuante. O algoritmo PGE, utilizado como solver de QP neste trabalho,
é interessante para sistemas menos complexos, pois além de ser capaz de controlar melhor estes tipos de
sistemas e ser capaz de respeitar de maneira mais adequada as restrições do problema de controle, trata-
se de um solver sem dependências numéricas, estando completamente disponível em MATLAB. Essas
foram as principais motivações para utilização do mesmo neste trabalho, pois permitiram que ele fosse
implementado em VHDL de maneira manual, sendo esta inclusive, uma das principais contribuições deste
trabalho.

Apesar disso, o algoritmo PGE não se mostrou uma opção muito boa para ser implementado em hard-

110
ware, pelo menos para o controle de um sistema complexo como o do quadrirrotor. Apesar de funcionar
e ser capaz de controlar o modelo do quadrirrotor propriamente dito em MATLAB, há alguns fatores que
resultam no comportamento obtido durante as simulações do controlador MPC em VHDL.

O fato de ser um algoritmo pouco paralelizável, com uma alta dependência de dados resulta em um
controlador complexo, que consome uma grande quantidade de recursos de hardware quando comparado
com a solução sem restrições do MPC. Trata-se de um algoritmo quase que exclusivamente sequencial, o
que resulta em operações matriciais sendo realizadas de maneira serial, gerando erros de arredondamento
que vão se acumulando ao longo de cada instrução. Para agravar essa situação, ainda tem-se um grande
número de iterações necessários para que o solver funcione, o que aumenta ainda mais o erro acumulado,
gerando valores subótimos de variáveis de controle que causam o comportamento oscilatório do quadrir-
rotor: as variáveis de estados não conseguem estabilizar nos valores de referência, oscilando em torno das
mesmas.

Entretanto, é importante salientar que o erro que está sendo tratado aqui trata-se de um erro de arredon-
damento, que pode ser mitigado com o uso de uma maior precisão em ponto flutuante, utilizando-se mais
bits para representação dos dados. Os resultados obtidos utilizando-se 32 bits para o MPC com restrições
ainda apresentam oscilações, mas de amplitude bem reduzida quando comparada com os resultados de 27
bits, de forma que esses resultados são bem mais próximos aos obtidos nas simulações computacionais
utilizando MATLAB.

Todavia, esse tipo de solução impacta no consumo de recursos de hardware necessários para imple-
mentar o controlador. O tempo de cálculo não é impactado aumentando-se a quantidade de bits utilizados
em ponto flutuante, por conta do funcionamento dos multiplicadores e somadores/subtratores em ponto
flutuante utilizados como base neste trabalho.

Por fim, cabe ressaltar as contribuições deste trabalho. Primeiramente, todas as arquiteturas desenvolvi-
das foram implementadas de maneira manual, o que difere da maioria dos trabalhos presentes na literatura,
que optam pela geração automática de códigos em linguagem de descrição de hardware. Os controladores
desenvolvidos estão todos em ponto flutuante, com precisão variável, o que garante uma faixa dinâmica de
valores maior que controladores desenvolvidos em ponto fixo, que são a maioria dos trabalhos encontrados
na literatura.

O problema de controle abordado neste trabalho é muito relevante. Não só o quadrirrotor é um sistema
amplamente estudado na atualidade, mas é um problema de controle desafiador, com dinâmicas rápidas,
acopladas e instabilidade inerente. É um problema mais complexo que a maioria dos sistemas encontrados
na literatura que são controlados utilizando o MPC em hardware.

Tudo que foi descrito até aqui se dá em uma área ainda pouco explorada na literatura: controle de
quadrirrotores utilizando o MPC em hardware, implementado utilizando FPGA. Portanto, considera-se
que os resultados deste trabalho são importantes contribuições para a literatura, assim como as discussões
apresentadas neste documento.

111
5.2 Sugestões de trabalhos futuros

A primeira etapa que pode ser citada como sugestão de trabalhos futuros corresponde a uma análise
mais profunda das arquiteturas em VHDL desenvolvidas, analisando características que não puderem ser
incluídas neste documento por não terem sido finalizadas antes do fim da escrita deste documento, como
frequência máxima de operação e consumo de potência.

Este trabalho abordou uma metodologia de desenvolvimento de estratégias de controle MPC desenvol-
vidas em linguagem de descrição de hardware baseada no desenvolvimento manual dos algoritmos, ou seja
sem o uso de qualquer ferramenta de geração automática de código. Este é inclusive um dos pontos con-
siderados como contribuição deste trabalho, uma vez que a maioria dos trabalhos encontrados na literatura
que implementam o MPC em FPGA utilizam algoritmos gerados automaticamente por ferramentas como
o HDL Coder do MATLAB ou o Vivado HLS, da Xilinx.

Uma das possibilidades de trabalhos futuros seria justamente utilizar a metodologia de geração au-
tomática dos algoritmos para comparação com os resultados obtidos com os códigos desenvolvidos ma-
nualmente neste trabalho. Como os algoritmos já estão disponiveis em forma de scripts do MATLAB, a
ferramenta HDL Coder do próprio MATLAB aparenta ser um bom candidato para este fim. É uma fer-
ramenta muito utilizada por diversos trabalhos encontrados na literatura, sendo que alguns destes foram
apresentados no capítulo de revisão bibliográfica deste documento.

A grande dificuldade referente a essa metodologia é que ela é uma abordagem completamente dife-
rente: como os algoritmos que compõem o MPC realizem diversas operações matriciais, é preciso realizar
modificações nos algoritmos de modo a fazer com que ferramentas de geração automática possam imple-
mentar esse tipo de operação em hardware: ferramentas como HDL Coder, mesmo sendo ferramentas do
próprio MATLAB (que possui um ótimo ambiente para realização de operações matriciais), não possuem
suporte direto para operações com matrizes. Isso exige que os algoritmos tenham que ser modificados,
fazendo com que essa metodologia demande certo tempo para ser realizada. Essa é a principal razão
pela qual tal metodologia não foi realizada neste trabalho para comparação com o MPC desenvolvido de
maneira manual, e caracteriza a mesma como uma boa alternativa de trabalho futuro.

Outra metodologia que pode ser explorada é a utilização de um outro kit de FPGA; na verdade um
SoC, que é composto por um FPGA e um processador de software, em um mesmo kit. O uso desse tipo
de plataforma de desenvolvimento permite a implementação de parte da lógica do MPC em hardware,
utilizando o FPGA do kit, e parte da lógica implementada em software, por meio da programação do
processador também disponível no kit adotado.

O interessante dessa técnica é que, além de ser uma metodologia pouco explorada na literatura, trata-se
de uma alternativa interessante para tentar lidar com alguns dos problemas encontrados neste trabalho. É
possível, por exemplo, realizar somente os cálculos das matrizes de custo e restrições em hardware, por
meio do módulo compute_ MPC_ matrices apresentado neste trabalho e implementar o solver de QP, que
no caso deste trabalho foi o algoritmo de otimização PGE, em software. Isso poderia ajudar a reduzir a
acumulação de erros que ocorre por conta das várias iterações necessárias para o cálculo de uma sequência
ótima de variáveis de controle, por exemplo.

Além disso, outra possibilidade é que essa metodologia facilitaria a utilização de outros tipos de solver

112
de otimização para o MPC. Implementando os mesmos em software, torna-se mais fácil utilizar solvers
mais eficientes do que o algoritmo PGE apresentado, como o qpOASES. Este é bastante utilizado tanto
em aplicações industriais quanto acadêmicas, e seria um forte candidato a obter resultados melhores do
que os resultados obtidos com o algoritmo PGE. O que tornou difícil sua implementação e fez com que
o algoritmo PGE fosse escolhido em seu lugar é que o mesmo encontra-se disponível em linguagem C e
C++, possuindo diversas bibliotecas e dependências numéricas que são difíceis de adaptar para linguagens
de descrição de hardware, como o VHDL. Utilizando um processador de software essa transição seria mais
simples e natural.

Por fim, é possível propor o teste com outros sistemas a serem controlados. Como dito durante a seção
de revisão bibliográfica de FPGAs no Capítulo 2, é de interesse que as arquiteturas dos controladores
MPC sejam capazes de se adaptar às dimensões e às características do problema de controle adotado,
e os mesmos foram desenvolvidos de maneira que isso seja satisfeito, utilizando scripts MATLAB para
parametrizar os módulos em hardware e fazer com que o MPC funcione adequadamente. Mediante essa
característica, e por conta da utilização de aritmética em ponto flutuante (que garante uma extensa faixa
dinâmica de valores que podem ser representados em binário), é possível aplicar o controlador MPC para
outros tipos de sistemas. Como visto no capítulo de resultados e discussões, o solver PGE não é indicado
para sistemas de dimensões elevadas, que geram problemas de controle mais complexos, mas isso não
impede que o mesmo seja utilizado para controlar sistemas mais simples, com menos variáveis de estados
e variáveis de controle.

Como as áreas abordadas nesse trabalho possuem grande espaço para contribuição, há uma grande va-
riedade de possibilidades de trabalhos futuros. O mais importante é que este trabalho realiza contribuições
para a literatura de sistemas de controle MPC embarcados em FPGA, por meio de uma arquitetura desen-
volvida manualmente em ponto flutuante, utilizando o algoritmo de otimização PGE. Assim, espera-se que
este trabalho possa servir como base de contribuição para as propostas que aqui foram sugeridas, auxiliando
na comparação de novas metodologias e resultados obtidos com o que foi discutido neste documento.

113
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