6 Questões - Crime e Sociedade
6 Questões - Crime e Sociedade
6 Questões - Crime e Sociedade
Questão 2
Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I – O Direito Penal substantivo cria as figuras criminosas e contravencionais, enquanto
o Direito Penal adjetivo trata das normas destinadas a instrumentalizar a atuação do
Estado diante da ocorrência de um crime.
II – O Direito Penal de Emergência surge quando o Estado, visando concretizar seus
objetivos políticos, emprega as leis penais como instrumento, promovendo seus
interesses, estratégia que se afasta do mandamento da intervenção mínima.
III – O Direito Penal objetivo se revela no conjunto de leis penais em vigor no país, o
qual deve observar a legalidade, já o Direito Penal subjetivo refere-se ao jus puniend
Estatal.
a) Todas estão CORRETAS.
b) Apenas I e II estão CORRETAS.
c) Apenas I e III estão CORRETAS.
d) Apenas II e III estão CORRETAS.
e) Todas estão INCORRETAS
Questão 3
João mantinha um provedor de internet, via rádio, no qual 22 clientes pagavam a ele
mensalmente em suas cassas o sinal da internet. Ocorre que João não tinha
autorização da ANATEL para exploração desse serviço. Diante da situação narrada,
assinale a opção correta, à luz do entendimento do STJ e STF:
Questão4
Assinale a opção incorreta a respeito do princípio da insignificância, à luz do
entendimento do Supremo Tribunal Federal:
a) A reincidência, em regra, afasta a possibilidade de fixação do regime inicial aberto,
salvo, nas hipóteses de incidência do princípio da insignificância.
b) Os autores de crimes insignificantes que sejam reincidentes não podem ser
beneficiados com o regime inicial aberto.
c) São parâmetros para a aplicação do princípio da insignificância a mínima
ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, o
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e uma lesão inexpressiva.
d) Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes hediondos e equiparados,
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, a posse de drogas para consumo
pessoal, crimes contra a fé pública, crimes contra a Administração Pública, ao crime de
contrabando, bem como a violência doméstica ou familiar contra a mulher.
e) não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a administração pública
Questão 5
Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I – Criminologia é ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, da
vítima e o comportamento da sociedade.
II – A Ciência que tem a finalidade específica de trabalhar as estratégias e meios de
controle social da criminalidade dá-se o nome de Política Criminal.
III – A Política Criminal abarca a Biologia Criminal (Antropologia Criminal, a Psicologia e
Psiquiatria Criminais) e a Sociologia Criminal.
a) Todas estão CORRETAS.
b) Apenas I e II estão CORRETAS.
c) Apenas I e III estão CORRETAS.
d) Apenas II e III estão CORRETAS.
e) Todas estão INCORRETAS
Questão 6
Assinale a alternativa CORRETA quanto à interpretação da lei penal.
a) Quanto ao meio, a interpretação pode ser autêntica, aquela realizada pelo próprio
legislador.
b) Quanto ao resultado, a interpretação pode ser sistemática, aquela que investiga a
coerência entre a lei interpretada e as demais leis que compõem o sistema.
c) A interpretação pode ser analógica (intra legem), a qual consiste na aplicação de lei
que regula certo fato a outro semelhante.
d) Quanto ao meio, a interpretação pode ser teleológica, aquela que busca a finalidade
da lei.
e) Quanto ao resultado, a interpretação pode ser restritiva, quando não há
correspondência entre o texto da lei e sua vontade, devendo o alcance da lei ser
ampliado para alcançar a sua vontade.
Questão 7
Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I – O princípio da ofensividade (nullum crimen sine iniuria) exige que do fato praticado
ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
II – O princípio da culpabilidade ensina não bastar que o faro seja materialmente
causado pelo agente, ficando a sua responsabilidade penal condicionada à existência
da voluntariedade, leia-se dolo ou culpa.
III – O princípio da vedação do "bis in idem" não está não está previsto expressamente
na Constituição Federal, mas sim no Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal
Internacional, não sendo um princípio considerado absoluto pela doutrina majoritária.
a) Todas estão CORRETAS.
b) Apenas I e II estão CORRETAS.
c) Apenas I e III estão CORRETAS.
d) Apenas II e III estão CORRETAS.
e) Todas estão INCORRETAS
Questão 8
Assinale a opção correta no tocante a aplicabilidade do princípio da insignificância ao
médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira do hospital,
à luz do entendimento do STJ:
a) O princípio da insignificância é aplicável ao crime de estelionato quando cometido
contra a administração pública, mesmo que a conduta ofenda o patrimônio público, a
moral administrativa e a fé pública, não sendo possível considerar um elevado grau de
reprovabilidade.
b) No delito previsto no art. 171, § 3º, do Código Penal se aplica o princípio da
insignificância para o trancamento da ação penal, sob o fundamento de inexistência de
prejuízo expressivo para a vítima, considerando que, em se tratando de hospital
universitário, os pagamentos aos médicos são provenientes de verbas federais.
c) É admitida a incidência do princípio da insignificância na prática de estelionato
“qualificado” por médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se
retira do hospital.
d) Não tem sido admitido, nos casos de prática de estelionato “qualificado”, a
incidência do princípio da insignificância. Isso porque se identifica, neste caso, uma
maior reprovabilidade da conduta delitiva.
Questão 9
O princípio da insignificância, que defende a não intervenção do Direito Penal para
coibir ações típicas que causem ínfima lesão ao bem jurídico tutelado é afastado pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por sua Súmula no 599, em relação aos
crimes
a) praticados contra as mulheres ou em condição de violência de gênero.
b) contra o meio ambiente.
c) contra a Administração Pública.
d) contra a criança e o adolescente.
e) de menor potencial ofensivo.
Questão 10
Assinale a opção incorreta a respeito do princípio da insignificância, à luz do
entendimento do Supremo Tribunal Federal:
a) A reincidência, em regra, afasta a possibilidade de fixação do regime inicial aberto,
salvo, nas hipóteses de incidência do princípio da insignificância.
b) Os autores de crimes insignificantes que sejam reincidentes não podem ser
beneficiados com o regime inicial aberto.
c) São parâmetros para a aplicação do princípio da insignificância a mínima
ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, o
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e uma lesão inexpressiva.
d) Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes hediondos e equiparados,
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, a posse de drogas para consumo
pessoal, crimes contra a fé pública, crimes contra a Administração Pública, ao crime de
contrabando, bem como a violência doméstica ou familiar contra a mulher.
Questão 11
O princípio da insignificância, que defende a não intervenção do Direito Penal para
coibir ações típicas que causem ínfima lesão ao bem jurídico tutelado é afastado pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por sua Súmula no 599, em relação aos
crimes:
a) Praticados contra as mulheres ou em condições de violência de gênero
b) Contra o meio ambiente
c) Contra a Administração Pública
d) Contra a criança e o adolescente
e) De menor potencial ofensivo.
Questão 12
Acerca dos crimes de racismo e injúria racial, assinale a assertiva incorreta:
a) O crime de injúria racial, espécie do gênero racismo, é imprescritível.
b) Segundo o STF, até que o Congresso Nacional edite norma que criminalize os atos
de homofobia e transfobia, a Lei nº 7.716/89 (que define os crimes resultantes de
preconceito de raça ou de cor) aplica-se às condutas de discriminação por orientação
sexual ou identidade de gênero.
c) A perda do cargo ou função pública em razão de condenação por crime previsto na
Lei nº 7.716/89 é efeito automático da pena.
d) O conceito de racismo institucional surge da constatação de que o racismo
transcende o âmbito da ação individual e de que a dimensão do poder é elemento
constitutivo das relações raciais, não somente o poder de um indivíduo de uma raça
sobre outro, mas de um grupo sobre outro, algo possível quando há o controle direto
ou indireto de determinados grupos sobre o aparato institucional.
e) O que diferencia os crimes de racismo e injúria racial é o direcionamento da
conduta: enquanto na injúria racial a ofensa é direcionada a um indivíduo específico,
no crime de racismo, a ofensa é contra uma coletividade, não há individualização do
ofendido.
Questão 13
Não constitui crime de racismo previsto na Lei nº 7.716/89:
a) Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer
estabelecimento similar, em razão de preconceito de raça.
b) Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou
locais semelhantes abertos ao público, em razão de preconceito de classe social.
c) Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais, em razão
de discriminação religiosa.
d) Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos,
distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de
divulgação do nazismo.
e) Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência
familiar e social, em razão de preconceito de procedência nacional.
Questão 14
Acerca do princípio da insignificância, assinale a assertiva correta conforme o
entendimento dos Tribunais Superiores:
a) É possível o reconhecimento do furto privilegiado quando a reprovabilidade da
conduta recomenda a condenação, ainda que presentes os requisitos materiais para
aplicação do princípio da insignificância.
b) Segundo o princípio da fragmentariedade, a norma penal exerce uma função
meramente suplementar da proteção jurídica em geral, só valendo a imposição de
suas sanções quando os demais ramos do Direito não mais se mostrem eficazes na
defesa dos bens jurídicos.
c) A existência de maus antecedentes penais obsta o reconhecimento do princípio da
insignificância, vez que demonstra a periculosidade do autor do fato.
d) Segundo o princípio da subsidiariedade, o Direito Penal só pode intervir quando se
trate de tutelar bens fundamentais e contra ofensas intoleráveis.
e) Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor
insignificante, ainda que presentes antecedentes penais do agente, se não denotarem
estes tratar-se de alguém que se dedica, com habitualidade, a cometer crimes
patrimoniais.
Questão 15
O Art. 33 da Lei n. 11.343/06 (Lei Antidrogas) diz: “Importar, exportar, remeter,
preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar. Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.”
Analisando o dispositivo acima, pode-se perceber que nele não estão inseridas as
espécies de drogas não autorizadas ou que se encontram em desacordo com
determinação legal ou regulamentar. Dessa forma, é correto afirmar que se trata de
uma norma penal
A) em branco homogênea.
B) em branco heterogênea.
C) incompleta (ou secundariamente remetida).
D) em branco inversa (ou ao avesso).
Questão 16
Acerca dos princípios que limitam e informam o Direito Penal, assinale a afirmativa
correta.
A O princípio da insignificância diz respeito aos comportamentos aceitos no meio
social.
B A conduta da mãe que autoriza determinada enfermeira da maternidade a furar a
orelha de sua filha recém-nascida não configura crime de lesão corporal por conta do
princípio da adequação social.
C O princípio da legalidade não se aplica às medidas de segurança, que não possuem
natureza de pena, tanto que somente quanto a elas se refere o art. 1º do Código
Penal.
D O princípio da lesividade impõe que a responsabilidade penal seja exclusivamente
subjetiva, ou seja, a conduta penalmente relevante deve ter sido praticada com
consciência e vontade ou, ao menos, com a inobservância de um dever objetivo de
cuidado.
Questão 17
Pedro Paulo, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pelo crime de
descaminho (Art. 334, caput, do Código Penal), pelo transporte de mercadorias
procedentes do Paraguai e desacompanhadas de documentação comprobatória de sua
importação regular, no valor de R$ 3.500,00, conforme atestam o Auto de Infração e o
Termo de Apreensão e Guarda Fiscal, bem como o Laudo de Exame Merceológico,
elaborado pelo Instituo Nacional de Criminalística.
Questão 18
No estudo das Ciências Criminais podemos afirmar que temos 03 (três) pilares que
sustentam essa ciência: Direito Penal; Criminologia e Política Criminal, tais pilares
possuem o crime como objeto de estudo com enfoques diferentes. Com base nisso,
complete os espaços abaixo e ao final marque a opção correta.
O _______________ ocupa-se do crime enquanto ________________
O _______________ ocupa-se do crime enquanto ________________
O _______________ ocupa-se do crime enquanto ________________
a. Direito Penal e norma – Criminologia e fato – Política Criminal e valor
b Direito Penal e valor – Criminologia e fato – Política Criminal e norma
c Direito Penal e fato – Criminologia e valor – Política Criminal e norma
d Política criminal e fato – Direito Penal e valor – Criminologia e norma
e Criminologia e fato – Direito penal e valor – Política criminal e norma
Questão 19
O que se entendo por giro criminológico
A é o momento em que os EUA assumem o papel de protagonismo na produção de
Teorias Criminológicas
B é o fato da Criminologia só se preocupar com delito e delinquente (crime e
criminoso), até o século XX.
C É a análise e observação da realidade in loco.
D é a ciência que estuda os crimes e os criminosos, isto é, a criminalidade
E é a análise de uma situação particular para uma situação geral
Questão 20
Atualmente o objeto da Criminologia está dividido em quatro vertentes, marque a
opção que não apresenta uma dessas vertentes
A Delito
B delinquente
C vítima
D controle social
E poder público
Questão 21
O conceito de delito para a Criminologia é o mesmo do que para o Direito Penal?
Justifique sua resposta.
Questão 22
Aponte as diferenças no estudo do delinquente para a Criminologia Clássica, positivista
e a criminologia moderna.
Questão 23
Considerável parcela de doutrinadores compreende a política criminal como o
conjunto de princípios e atividades que tem por fim reagir contra o fenômeno delitivo,
através do sistema penal, determinando os meios mais adequados para o controle da
criminalidade. A partir dessa afirmação, julgue os itens a seguir.
III - O movimento Tolerância Zero parte da ideia de que o Estado não deve negligenciar
fatos criminosos, por mais insignificantes que sejam, já que esses fatos contêm em si
uma fonte de irradiação da criminalidade.
Questão 24
O Supremo Tribunal Federal considera possível a complementação de um artigo do
Código Penal por meio de Lei Municipal.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito
Questão 1
Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I – De acordo com o princípio da especialidade, a lei especial – que contém todos os
elementos da lei geral, somados a elementos especializantes – prevalece sobre a lei
geral.
II – A subsidiariedade, que pode ser expressa ou tácita, ocorre quando uma lei define o
fato como criminoso e outra lei também define o fato como criminoso, mas uma lei
tem abrangência maior que a outra.
III – Na consunção verifica-se a continência de tipos, ou seja, o crime previsto por uma
norma (consumida) não passa de uma fase de realização do crime previsto por outra
(consuntiva) ou é uma forma normal de transição para o último (crime progressivo).
a) Todas estão CORRETAS.
b) Apenas I e II estão CORRETAS.
c) Apenas I e III estão CORRETAS.
d) Apenas II e III estão CORRETAS.
e) Todas estão INCORRETAS
Gabarito: A
I – CORRETA – segundo a doutrina:
O princípio da especialidade está previsto no artigo 12 do Código Penal e determina
que se afaste a lei geral para aplicação da lei especial.
Entende-se como lei especial aquela que contém todos os elementos da norma geral,
acrescida de outros que a tornam distinta (chamados de especializantes). O tipo
especial preenche integralmente o tipo geral, com a adição de elementos particulares.
II – CORRETA - segundo a doutrina:
Uma lei tem caráter subsidiário relativamente a outra (principal) quando o fato por ela
incriminado é também incriminado por outra, tendo um âmbito de aplicação comum,
mas abrangência diversa. A relação entre as normas (subsidiária e principal) é de maior
ou menor gravidade (e não de espécie e gênero, como na especialidade). A norma dita
subsidiária atua apenas quando o fato não se subsuma a crime mais grave.
A subsidiariedade pode ser expressa ou tácita. É expressa quando a lei prevê a
subsidiariedade explicitamente, anunciando a não aplicação da norma menos grave
quando presente a mais grave (exemplo: art. 132 do CP, 307 do CP etc). Há
subsidiariedade tácita quando um delito de menor gravidade cede diante da presença
de um delito de maior gravidade, integrando aquele a descrição tÍpica deste (exemplo:
art. 311 do CTB e 302 do mesmo estatuto).
Em ambas as hipóteses (subsidiariedade expressa ou tácita), ocorrendo o delito
principal (o maior), afasta-se a aplicação da regra subsidiária (lex primaria derogat lex
subsidiariae).
III – CORRETA - de acordo com a doutrina:
Também conhecido como princípio da absorção, verifica-se a continência de tipos, ou
seja, o crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de
realização do crime previsto por outra (consuntiva) ou é uma forma normal de
transição para o último (crime progressivo).
Os fatos aqui não se acham em relação de espécie e gênero, mas de parte a todo, de
meio a fim.
Podemos falar em princípio da consunção nas seguintes hipóteses:
(A) Crime progressivo: se dá quando o agente para alcançar um resultado/crime mais
grave passa, necessariamente, por um crime menos grave. Por exemplo, no homicídio,
o agente tem que passar pela lesão corporal, um mero crime de passagem para matar
alguém.
(B) Progressão criminosa: o agente substitui o seu dolo, dando causa a resultado mais
grave. O agente deseja praticar um crime menor e o consuma. Depois, delibera
praticar um crime maior e o concretiza, atentando contra o mesmo bem jurídico.
Exemplo de progressão criminosa é o caso do agente que inicialmente pretende
somente causar lesões na vítima, porém, após consumar os ferimentos, decide ceifar a
vida do ferido, causando-lhe a morte. Somente incidirá a norma referente ao crime de
homicídio, artigo 121 do Código Penal, ficando absorvido o delito de lesões corporais.
Crime progressivo, portanto, não se confunde com progressão criminosa: no crime
progressivo o agente, desde o princípio, já quer o crime mais grave. Na progressão,
primeiro o sujeito quer o crime menos grave (e consuma) e depois decide executar
outro, mais grave. Em ambos o réu responde por um só crime.
Questão 2
Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I – O Direito Penal substantivo cria as figuras criminosas e contravencionais, enquanto
o Direito Penal adjetivo trata das normas destinadas a instrumentalizar a atuação do
Estado diante da ocorrência de um crime.
II – O Direito Penal de Emergência surge quando o Estado, visando concretizar seus
objetivos políticos, emprega as leis penais como instrumento, promovendo seus
interesses, estratégia que se afasta do mandamento da intervenção mínima.
III – O Direito Penal objetivo se revela no conjunto de leis penais em vigor no país, o
qual deve observar a legalidade, já o Direito Penal subjetivo refere-se ao jus puniend
Estatal.
a) Todas estão CORRETAS.
b) Apenas I e II estão CORRETAS.
c) Apenas I e III estão CORRETAS.
d) Apenas II e III estão CORRETAS.
e) Todas estão INCORRETAS
Gabarito: C
I – CORRETA - trata-se do conceito correto.
II – INCORRETA - trata-se do conceito de Direito Penal Promocional. Segundo a
doutrina, o Direito Penal de Emergência, movido pela sensação de insegurança
presente na sociedade atendendo demandas de criminalização, cria normas de
repressão, afastando- se, não raras vezes, de seu importante caráter subsidiário e
fragmentário, assumindo feição nitidamente punitivista, ignorando as garantias do
cidadão. (p. 39)
III – CORRETA - trata-se do conceito correto.
Nesse sentido a doutrina:
A doutrina divide o Direito Penal em categorias, destacando-se:
A) Direito Penal Substantivo e Direito Penal Adjetivo.
Direito Penal substantivo corresponde ao direito material, que cria as figuras
criminosas e contravencionais, enquanto o Direito Penal adjetivo, que seria o direito
processual, trata das normas destinadas a instrumentalizar a atuação do Estado diante
da ocorrência de um crime.
Atualmente, no entanto, a distinção não apresenta razão (ou qualquer interesse
prático), ante o reconhecimento do Direito Processual Penal como ramo autônomo,
dotado de regras e princípios próprios.
(B) Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo.
Direito Penal objetivo (ou "jus poenale') traduz o conjunto de leis penais em vigor no
país, devendo observar a legalidade (princípio analisado em tópico próprio). Direito
Penal subjetivo (ou "jus puníendí") refere-se ao direito de punir do Estado, ou seja, a
capacidade que o Estado tem de produzir e fazer cumprir suas normas O Direito Penal
subjetivo pode ser subdividido em: (i) Direito Penal subjetivo positivo, que vem a ser
capacidade conferida ao Estado de criar e executar normas penais; e (ii) Direito Penal
subjetivo negativo, caracterizado pela faculdade de derrogar preceitos penais ou
restringir o alcance das figuras delitivas, atividade que cabe preponderantemente ao
STF, por meio da declaração de inconstitucionalidade de normas penais.
O poder punitivo do Estado, contudo, não é incondicionado, encontrando limites assim
resumidos nos seus principais aspectos:
(i) quanto ao modo: o direito de punir deve respeito aos direitos e garantias
fundamentais observando, por exemplo, o princípio da humanização das penas, bem
com da dignidade da pessoa humana;
(ii) quanto ao espaço: em regra, aplica-se a lei penal somente aos fatos praticados
apenas no território brasileiro, prova da nossa soberania;
(iii) quanto ao tempo: o direito de punir não é eterno, sendo, em regra, limitado no
tempo pelo instituto da prescrição (causa extintiva da punibilidade prevista no art. 107
do Código Penal).
Questão 3
João mantinha um provedor de internet, via rádio, no qual 22 clientes pagavam a ele
mensalmente em suas cassas o sinal da internet. Ocorre que João não tinha
autorização da ANATEL para exploração desse serviço. Diante da situação narrada,
assinale a opção correta, à luz do entendimento do STJ e STF:
Questão4
Assinale a opção incorreta a respeito do princípio da insignificância, à luz do
entendimento do Supremo Tribunal Federal:
Questão 5
Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I – Criminologia é ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, da
vítima e o comportamento da sociedade.
II – A Ciência que tem a finalidade específica de trabalhar as estratégias e meios de
controle social da criminalidade dá-se o nome de Política Criminal.
III – A Política Criminal abarca a Biologia Criminal (Antropologia Criminal, a Psicologia e
Psiquiatria Criminais) e a Sociologia Criminal.
a) Todas estão CORRETAS.
b) Apenas I e II estão CORRETAS.
c) Apenas I e III estão CORRETAS.
d) Apenas II e III estão CORRETAS.
e) Todas estão INCORRETAS
Gabarito: B
I – CORRETA – trata-se do conceito correto.
II – CORRETA - trata-se do conceito correto.
III – INCORRETA - é a Criminologia o ramo da ciência penal que engloba a Biologia e a
Sociologia Criminal e não a Política Criminal.
Segue a doutrina nesse sentido:
Ao lado do Direito Penal e da Ciência do Direito Penal, encontra-se o gênero "ciências
penais", preocupando-se "com a delinquência como fato natural, procurando apontar-
lhe as causas, com o emprego do método positivo, de observação e experimentação.
Integram esse grupo a Criminologia e a Política Criminal.
A Criminologia é ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, da vítima
e o comportamento da sociedade. Não se trata de uma ciência teleológica, que analisa
as raízes do crime para discipliná-lo, mas de uma ciência causal-explicativa, que retrata
o delito enquanto fato, perquirindo as suas origens, razões da sua existência, os seus
contornos e forma de exteriorização.
A Criminologia "visa o conhecimento do crime como fenômeno individual e social.
Estuda-o, bem como ao seu autor, sob os aspectos biossociológicos". Não por outro
motivo, este ramo da ciência penal abarca a Biologia Criminal (que, por sua vez,
engloba a Antropologia Criminal, a Psicologia e Psiquiatria criminais) e a Sociologia
Criminal.
A Política Criminal, por sua vez, tem no seu âmago a específica finalidade de trabalhar
as estratégias e meios de controle social da criminalidade (caráter teleológico). É
característica da Política Criminal a posição de vanguarda em relação ao direito
vigente, vez que, enquanto ciência de fins e meios, sugere e orienta reformas à
legislação positivada.
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1° ao 120) 8. ed.
rev., ampl. e atual. - Salvador: Juspodivm, 2020.
A teoria garantista penal de Ferrajoli tem sua base fincada em dez axiomas ou
implicações dêonticas que não expressam proposições assertivas, mas proposições
prescritivas. Cada um dos axiomas do garantismo proposto por Luigi Ferrajoli se
relaciona com um princípio penal ou processual penal. Assinale a alternativa em que a
correspondência não está CORRETA.
a) Nulla lex (poenalis) sine necessitate é reflexo do princípio da necessidade ou da
economia do direito penal, ambos decorrentes do princípio da intervenção mínima.
b) Nulla necessitas sine injuria, decorre do princípio da lesividade ou ofensividade do
evento.
c) Nulla injuria sine actione, refere-se ao princípio da materialidade ou da
exterioridade da ação.
d) Nulla poena sine crimine, decorre do princípio da legalidade, no sentido lato ou no
sentido estrito.
e) Nulla actio sine culpa, trata-se do princípio da culpabilidade ou da responsabilidade
pessoal.
Gabarito: D
Refere-se em verdade ao princípio da retributividade.
De acordo com a doutrina:
Ferrajoli terá como base da sua teoria garantista penal os 10 axiomas ou implicações
deônticas:
Nulla poena sine crimine (Não há pena sem crime): não pode alguém ser penalizado se
não cometeu crime. É o princípio da retributividade ou da consequencialidade da pena
em relação ao delito.
Nullum crimen sine lege (Não há crime sem lei): não há crime sem que haja lei,
refletindo o princípio da legalidade, no sentido lato ou no sentido estrito.
Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Não há lei penal sem necessidade): é reflexo do
princípio da necessidade ou da economia do direito penal, ambos decorrentes do
princípio da intervenção mínima.
Nulla necessitas sine injuria (Não há necessidade sem ofensa a bem jurídico): decorre
do princípio da lesividade ou ofensividade do evento. Significa dizer que os tipos
penais devem descrever condutas que ofendam bens jurídicos de terceiros.
Nulla injuria sine actione (Não há ofensa ao bem jurídico sem ação): não há
materialidade, sendo necessário que seja exteriorizada a ação. É o princípio da
materialidade ou da exterioridade da ação.
Nulla actio sine culpa (Não há ação sem culpa): o indivíduo deve ter cometido uma
ação, mas com dolo ou culpa. Trata-se de corolário do princípio da culpabilidade ou da
responsabilidade pessoal.
Nulla culpa sine judicio (Não há culpa sem processo): o indivíduo deve ser submetido a
um processo, não podendo ser considerado culpado sem processo. É decorrência do
princípio da jurisdicionalidade no sentido lato ou estrito.
Nulla judicium sine accustone (Não há processo sem acusação): para se instaurar um
processo, é necessidade que alguém instaure o processo. Trata-se de uma garantia,
fruto do princípio acusatório ou da separação ente o juiz e a acusação.
Nulla accusatio sine probatione (Não há acusação sem prova): o ônus da prova é de
quem acusa. É aplicação do princípio do ônus da prova ou da verificação.
Nulla probatio sine defensione (Não há prova sem defesa): a prova não existe sem que
a defesa tenha tido a oportunidade de se manifestar sobre ela. Trata-se do princípio da
defesa ou da falseabilidade.
AGI. SAMER. Ebook Coleção Carreiras Jurídicas. Direito Penal – parte geral. 2ª Ed.
Brasília: CPiuris, 2021.
Questão 6
Assinale a alternativa CORRETA quanto à interpretação da lei penal.
a) Quanto ao meio, a interpretação pode ser autêntica, aquela realizada pelo próprio
legislador.
b) Quanto ao resultado, a interpretação pode ser sistemática, aquela que investiga a
coerência entre a lei interpretada e as demais leis que compõem o sistema.
c) A interpretação pode ser analógica (intra legem), a qual consiste na aplicação de lei
que regula certo fato a outro semelhante.
d) Quanto ao meio, a interpretação pode ser teleológica, aquela que busca a finalidade
da lei.
e) Quanto ao resultado, a interpretação pode ser restritiva, quando não há
correspondência entre o texto da lei e sua vontade, devendo o alcance da lei ser
ampliado para alcançar a sua vontade.
Gabarito: D
a) INCORRETA, a classificação da interpretação autêntica é quanto ao sujeito ou órgão
que realiza a interpretação e não quanto ao meio.
De acordo com a doutrina:
Quanto ao sujeito: autêntica, judicial ou doutrinária
Cuida-se do sujeito ou órgão que realiza a interpretação, classificando-se em autêntica,
judicial e doutrinária.
Autêntica, também chamada de legislativa, é aquela de que se incumbe o próprio
legislador, quando edita uma lei com o propósito de esclarecer o alcance e o
significado de outra. É chamada de interpretativa e tem natureza cogente, obrigatória,
dela não podendo se afastar o intérprete. É o caso do conceito de causa, fornecido
pelo art. 13, caput, do Código Penal, e também do conceito legal de funcionário
público para fins penais, previsto no art. 327 do citado diploma legislativo.
Por se limitar à interpretação, tem eficácia retroativa (ex tunc), ainda que seja mais
gravosa ao réu. Em respeito à força e à autoridade da coisa julgada, por óbvio não
atinge os casos já definitivamente julgados.
Pode ser contextual, quando se situa no próprio corpo da lei a ser interpretada, ou
posterior, quando surge ulteriormente.
Doutrinária, ou científica, é a interpretação exercida pelos doutrinadores, escritores e
articulistas, enfim, comentadores do texto legal. Não tem força obrigatória e
vinculante, em hipótese alguma. A Exposição de Motivos do Código Penal deve ser
encarada como interpretação doutrinária, e não autêntica, por não fazer parte da
estrutura da lei.
Judicial ou jurisprudencial é interpretação executada pelos membros do Poder
Judiciário, na decisão dos litígios que lhes são submetidos. Sua reiteração constitui a
jurisprudência. Em regra, não tem força obrigatória, salvo em três casos: (a) na
situação concreta, em virtude da formação da coisa julgada material; (b) quando
constituir súmula vinculante (CF, art. 103-A); e (c) nas demais hipóteses previstas no
art. 927 do Código de Processo Civil.
b) INCORRETA, a classificação da interpretação sistemática é quanto aos meios ou
modos e não quanto ao resultado.
De acordo com a doutrina:
Quanto aos meios ou métodos: gramatical e lógica Cuida-se do meio de que se serve o
intérprete para descobrir o significado da lei penal. Classifica-se em gramatical e lógica.
Gramatical, também denominada literal ou sintática, é a que flui da acepção literal das
palavras contidas na lei. Despreza quaisquer outros elementos que não os visíveis na
singela leitura do texto legal. É a mais precária, em face da ausência de técnica
científica.
Lógica, ou teleológica, é aquela realizada com a finalidade de desvendar a genuína
vontade manifestada na lei, nos moldes do art. 5.º da Lei de Introdução às Normas do
Direito brasileiro. É mais profunda e, consequentemente, merecedora de maior grau
de confiabilidade.
Serve-se o intérprete de todos os elementos que tem à sua disposição, quais sejam,
histórico (evolução histórica da lei e do objeto nela tratado), sistemático (análise da lei
em compasso com o sistema em que se insere), direito comparado (tratamento do
assunto em outros países) e, inclusive, de elementos extrajurídicos, quando o
significado de determinados institutos se encontra fora do âmbito do Direito (exemplo:
conceito de veneno, relacionado à química).
c) INCORRETA, não confunda interpretação analógica com analogia. Segue a
diferenciação feita pela doutrina:
Interpretação analógica ou “intra legem” é a que se verifica quando a lei contém em
seu bojo uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica.
É necessária para possibilitar a aplicação da lei aos inúmeros e imprevisíveis casos que
as situações práticas podem apresentar.
(...)
Analogia
Não se trata de interpretação da lei penal. De fato, sequer há lei a ser interpretada.
Cuida-se, portanto, de integração ou colmatação do ordenamento jurídico. A lei pode
ter lacunas, mas não o ordenamento jurídico. Também conhecida como integração
analógica ou suplemento analógico, é a aplicação, ao caso não previsto em lei, de lei
reguladora de caso semelhante. No Direito Penal, somente pode ser utilizada em
relação às leis não incriminadoras, em respeito ao princípio da reserva legal.
Seu fundamento repousa na exigência de igual tratamento aos casos semelhantes. Por
razões de justiça, fatos similares devem ser tratados da mesma maneira (ubi eadem
ratio ibi eadem iuris dispositio).
d) CORRETA – vide letra B
e) INCORRETA, na interpretação restritiva, como o próprio nome sugere deve-se
diminuir e não ampliar o alcance da lei.
De acordo com a doutrina:
Quanto ao resultado: declaratória, extensiva e restritiva
Refere-se à conclusão extraída pelo intérprete, classificando-se em declaratória,
extensiva e restritiva.
Declaratória, declarativa ou estrita é aquela que resulta da perfeita sintonia entre o
texto da lei e a sua vontade. Nada resta a ser retirado ou acrescentado.
Extensiva é a que se destina a corrigir uma fórmula legal excessivamente estreita. A lei
disse menos do que desejava (minus dixit quam voluit). Amplia-se o texto da lei, para
amoldá-lo à sua efetiva vontade.
Por se tratar de mera atividade interpretativa, buscando o efetivo alcance da lei, é
possível a sua utilização até mesmo em relação àquelas de natureza incriminadora.
Exemplo disso é o art. 159 do Código Penal, legalmente definido como extorsão
mediante sequestro, que também abrange a extorsão mediante cárcere privado.
(...)
Restritiva é a que consiste na diminuição do alcance da lei, concluindo-se que a sua
vontade, manifestada de forma ampla, não permite seja atribuído à sua letra todo o
sentido que em tese poderia ter. A lei disse mais do que desejava (plus dixit quam
voluit).
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1. 13. ed. São Paulo:
MÉTODO, 2019.
Questão 7
Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I – O princípio da ofensividade (nullum crimen sine iniuria) exige que do fato praticado
ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
II – O princípio da culpabilidade ensina não bastar que o faro seja materialmente
causado pelo agente, ficando a sua responsabilidade penal condicionada à existência
da voluntariedade, leia-se dolo ou culpa.
III – O princípio da vedação do "bis in idem" não está não está previsto expressamente
na Constituição Federal, mas sim no Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal
Internacional, não sendo um princípio considerado absoluto pela doutrina majoritária.
a) Todas estão CORRETAS.
b) Apenas I e II estão CORRETAS.
c) Apenas I e III estão CORRETAS.
d) Apenas II e III estão CORRETAS.
e) Todas estão INCORRETAS
Gabarito: C
I – CORRETA – segundo a doutrina:
O princípio da ofensividade está ligado ao axioma da nulla necessitas sine injuria (não
há necessidade sem ofensa ao bem jurídico).
Para este princípio, é necessário que haja uma lesão ou um perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado para que haja crime.
Parte da doutrina defende, com base neste princípio, a inconstitucionalidade dos
crimes de perigo abstrato. Isso porque, no caso, não haveria lesão ou perigo concreto
de lesão ao bem jurídico. Os crimes de perigo abstrato possuem uma presunção
absoluta do perigo.
Os Tribunais Superiores admitem delitos de perigo abstrato como constitucionais. Ex.:
posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12, da Lei 10.826/2003 – Estatuto
do Desarmamento)2. A posse ilegal de arma de fogo desmuniciada já seria suficiente
para configurar o crime.
Outro exemplo, em que o STF entende possível o crime de perigo abstrato, é a
embriaguez ao volante.
São vedações decorrentes do princípio da lesividade:
Vedação à criminalização de pensamentos e cogitações (direito à perversão)– o
pensamento é impunível, uma vez que não há alteridade, não há lesão ao outro.
Vedação à criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental
(vedação à criminalização da autolesão) – só é possível criminalizar determinada
conduta se esta atingir bem jurídico de outrem.
PERGUNTA: Pratica crime o sujeito que se auto lesiona com o intuito de receber
indenização da seguradora? Sim, mas o bem jurídico ofendido não é a sua integridade
física, mas sim o patrimônio da seguradora que o sujeito, de forma ardil, viola. Pratica,
portanto, estelionato.
Vedação à criminalização de meros estados existenciais (criminalização da pessoa pelo
que ela é) – não se pode criminalizar a pessoa pelo que ela é, mas pelo o que ela faz. É
por essa razão que não se admite a contravenção penal da mendicância, visto que o
Direito Penal não pode ser utilizado como forma de produção de política pública. Em
outras palavras, o sujeito não deixará de ser mendigo por existir contravenção penal
prevendo que ser mendigo é uma infração penal. (p. 59)
II – INCORRETA – trata-se em verdade do princípio da responsabilidade subjetiva. Veja
a diferença traçada pela doutrina a respeito dos dois princípios.
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA
Sem a presença de culpa em sentido amplo, que inclui dolo e culpa, não há
responsabilidade penal.
O ordenamento não admite a chamada responsabilidade penal objetiva. Para que o
sujeito seja responsabilizado criminalmente é preciso que tem agido com culpa em
sentido amplo.
No caso de embriaguez completa, desde que não acidental (voluntária ou culposa), o
sujeito será responsabilizado com base na teoria da actio libera in causa (a ação é livre
na causa); o estado mental do agente será analisado no momento imediatamente
anterior ao início da ingestão da bebida alcóolica.
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
O princípio da culpabilidade é um postulado que limita o direito de punir do Estado. É
preciso que o sujeito seja culpável para ser punível.
Ou seja, é preciso, para ser punido, que o sujeito (elementos da culpabilidade):
Seja imputável;
Tenha potencial consciência da ilicitude de sua conduta;
Pudesse ter um conduta diversa (exigibilidade de conduta diversa).
O princípio da culpabilidade exige que estejam presentes tais elementos para haver a
punição do indivíduo.
Obs.: A punibilidade não faz parte do conceito analítico de crime. (p. 60)
III – CORRETA – de acordo com a doutrina:
Este princípio não encontra consagração expressa na Constituição, mas está previsto
no Estatuto de Roma, em seu artigo 20.
Para o Estatuto de Roma, nenhuma pessoa poderá ser julgada por outro tribunal por
um crime mencionado no artigo 5°, relativamente ao qual já tenha sido condenada ou
absolvida pelo Tribunal.
O princípio da vedação do bis in idem não é de caráter absoluto. Há uma exceção nos
arts. 7º e 8º do Código Penal, que são os casos de extraterritorialidade da lei penal
brasileira. O artigo 8º do CP diz que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando
idênticas. Logo, é possível que o sujeito tenha sido processado e condenado duas
vezes pelo mesmo fato.
No direito brasileiro, a sentença condenatória transitada em julgado evita que se
instaure novo processo contra o réu condenado, em razão do mesmo fato, quer para
impingir ao sentenciado acusação mais gravosa, quer para aplicar-lhe pena mais
elevada. (p. 61) AGI, Samer. Ebook Coleção Carreiras Jurídicas. Direito Penal. 2ª Ed.
Brasília: CPiuris, 2021.
Questão 8
Assinale a opção correta no tocante a aplicabilidade do princípio da insignificância ao
médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira do hospital,
à luz do entendimento do STJ:
a) O princípio da insignificância é aplicável ao crime de estelionato quando cometido
contra a administração pública, mesmo que a conduta ofenda o patrimônio público, a
moral administrativa e a fé pública, não sendo possível considerar um elevado grau de
reprovabilidade.
b) No delito previsto no art. 171, § 3º, do Código Penal se aplica o princípio da
insignificância para o trancamento da ação penal, sob o fundamento de inexistência de
prejuízo expressivo para a vítima, considerando que, em se tratando de hospital
universitário, os pagamentos aos médicos são provenientes de verbas federais.
c) É admitida a incidência do princípio da insignificância na prática de estelionato
“qualificado” por médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se
retira do hospital.
d) Não tem sido admitido, nos casos de prática de estelionato “qualificado”, a
incidência do princípio da insignificância. Isso porque se identifica, neste caso, uma
maior reprovabilidade da conduta delitiva.
Gabarito: Letra “D”
Comentários:
a) Incorreta. Jurisprudências em Teses (ed. 84)
b) Incorreta. Vide informativo 672 do STJ.
O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que no delito previsto no art.
171, § 3º, do Código Penal não se aplica o princípio da insignificância para o
trancamento da ação penal, uma vez que a conduta ofende o patrimônio público, a
moral administrativa e a fé pública, bem como é altamente reprovável. STJ. 5ª Turma.
RHC 61.931/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 15/12/2015.
c) Incorreta. Vide informativo 672 do STJ.
d) Correta. Vide informativo 672 do STJ.
Informativo 672 do STJ:
“Cinge-se a controvérsia a saber acerca da possibilidade do trancamento de ação penal
pelo reconhecimento de crime bagatelar no caso de médico que, no desempenho de
seu cargo público, teria registrado seu ponto e se retirado do local, sem cumprir sua
carga horária.
A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça não tem admitido, nos casos de
prática de estelionato qualificado, a incidência do princípio da insignificância, inspirado
na fragmentariedade do Direito Penal, em razão do prejuízo aos cofres públicos, por
identificar maior reprovabilidade da conduta delitiva.
Destarte, incabível o pedido de trancamento da ação penal, sob o fundamento de
inexistência de prejuízo expressivo para a vítima, porquanto, em se tratando de
hospital universitário, os pagamentos aos médicos são provenientes de verbas
federais.”
Questão 9
O princípio da insignificância, que defende a não intervenção do Direito Penal para
coibir ações típicas que causem ínfima lesão ao bem jurídico tutelado é afastado pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por sua Súmula no 599, em relação aos
crimes
a) praticados contra as mulheres ou em condição de violência de gênero.
b) contra o meio ambiente.
c) contra a Administração Pública.
d) contra a criança e o adolescente.
e) de menor potencial ofensivo.
Gabarito: letra “C”
Comentários:
a) Incorreta.
b) Incorreta.
c) Correta.
d) Incorreta.
e) Incorreta.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
STJ: Prevalece que não se aplica, em regra, o princípio da insignificância aos crimes
contra a Administração Pública, ainda qu o valor da lesão possa ser considerado
ínfimo, uma vez que a norma visa resguardar não apenas o aspecto patrimonial, mas
principalmente, a moral administrativa. Nesse sentido:
Súmula 599 STJ. O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a
Administração Pública.
Há contudo, uma exceção: admite-se o princípio da insignificância ao crime de
descaminho (art. 334 do CP), que, topograficamente, está inserido no Título XI do
Código Penal, que trata dos crimes contra a Administração Pública.
STF: há julgados admitindo a aplicação do princípio mesmo em outras hipóteses além
do descaminho (...).
Segundo o entendimento que prevalece no STF, a prática de crime contra a
Administração Pública, por si só, não inviabiliza a aplicação do princípio da
insignificância, devendo haver uma análise do caso concreto para se examinar se
incide ou não o referido postulado.
Questão 10
Assinale a opção incorreta a respeito do princípio da insignificância, à luz do
entendimento do Supremo Tribunal Federal:
a) A reincidência, em regra, afasta a possibilidade de fixação do regime inicial aberto,
salvo, nas hipóteses de incidência do princípio da insignificância.
b) Os autores de crimes insignificantes que sejam reincidentes não podem ser
beneficiados com o regime inicial aberto.
c) São parâmetros para a aplicação do princípio da insignificância a mínima
ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, o
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e uma lesão inexpressiva.
d) Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes hediondos e equiparados,
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, a posse de drogas para consumo
pessoal, crimes contra a fé pública, crimes contra a Administração Pública, ao crime de
contrabando, bem como a violência doméstica ou familiar contra a mulher.
Gabarito: Letra “B”
Comentários:
a) Correta. Informativo 938 do STF.
b) Incorreta. Informativo 938 do STF. Vimos, por meio do informativo, que o
entendimento do STF é de que autores de crimes insignificantes que sejam
reincidentes podem ser beneficiados com o regime inicial aberto.
c) Correta. Para o STF os requisitos a serem observados são ausência de
periculosidade, reduzido grau de reprovabilidade, ofensividade mínima e lesão
inexpressiva. (PROL)
d) Correta. Súmula 599, STJ – crimes contra a Administração Pública e Lei Maria da
Penha – Violência doméstica ou familiar contra a mulher. Crimes com violência ou
grave ameaça – HC 95174 RJ (STF). Contrabando - (HC 110.964, Segunda Turma, DJe
02/04/2012).
Questão 11
O princípio da insignificância, que defende a não intervenção do Direito Penal para
coibir ações típicas que causem ínfima lesão ao bem jurídico tutelado é afastado pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por sua Súmula no 599, em relação aos
crimes:
a) Praticados contra as mulheres ou em condições de violência de gênero
b) Contra o meio ambiente
c) Contra a Administração Pública
d) Contra a criança e o adolescente
e) De menor potencial ofensivo.
Gabarito: letra “C”
Comentários:
a) Incorreta.
b) Incorreta.
c) Incorreta. Súmula 599 do STJ
d) Correta.
Questão 12
Acerca dos crimes de racismo e injúria racial, assinale a assertiva incorreta:
a) O crime de injúria racial, espécie do gênero racismo, é imprescritível.
b) Segundo o STF, até que o Congresso Nacional edite norma que criminalize os atos
de homofobia e transfobia, a Lei nº 7.716/89 (que define os crimes resultantes de
preconceito de raça ou de cor) aplica-se às condutas de discriminação por orientação
sexual ou identidade de gênero.
c) A perda do cargo ou função pública em razão de condenação por crime previsto na
Lei nº 7.716/89 é efeito automático da pena.
d) O conceito de racismo institucional surge da constatação de que o racismo
transcende o âmbito da ação individual e de que a dimensão do poder é elemento
constitutivo das relações raciais, não somente o poder de um indivíduo de uma raça
sobre outro, mas de um grupo sobre outro, algo possível quando há o controle direto
ou indireto de determinados grupos sobre o aparato institucional.
e) O que diferencia os crimes de racismo e injúria racial é o direcionamento da
conduta: enquanto na injúria racial a ofensa é direcionada a um indivíduo específico,
no crime de racismo, a ofensa é contra uma coletividade, não há individualização do
ofendido.
Resposta: Letra “C”.
Comentários:
a) Correta. Segundo o STF, a prática de injuria racial, prevista no art. 140, § 3º, do
Código Penal, traz em seu bojo o emprego de elementos associados aos que se
definem como raça, cor, etnia, religião ou origem para se ofender ou insultar alguém.
Consistindo o racismo em processo sistemático de discriminação que elege a raça
como critério distintivo para estabelecer desvantagens valorativas e materiais, a injúria
racial consuma os objetivos concretos da circulação de estereótipos e estigmas raciais.
Não há, segundo o STF, distinção ontológica entre as condutas previstas na Lei nº
7.716/89 e aquela do art. 140, § 3º do CP e, assim, excluir o crime de injúria racial do
âmbito do mandado constitucional de criminalização por meras considerações
formalistas desprovidas de substância, por uma leitura geográfica apartada da busca
da compreensão do sentido e do alcance do mandado constitucional de criminalização,
é restringir-lhe indevidamente a aplicabilidade, negando-lhe vigência.
(Informativo nº 1.036/STF - HC 154248/DF, relator Min. Edson Fachin, julgamento em
28.10.2021).
b) Correta. Prevaleceu no STF o entendimento de que as práticas homotransfóbicas se
qualificam como espécies do gênero racismo, na dimensão de racismo social
consagrada pelo STF no julgamento do HC 82.424/RS (caso Ellwanger). Isso porque
essas condutas importam atos de segregação que inferiorizam os integrantes do grupo
de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT), em razão de sua orientação sexual
ou de sua identidade de gênero. Considerou, ademais, que referidos comportamentos
se ajustam ao conceito de atos de discriminação e de ofensa aos direitos e liberdades
fundamentais dessas pessoas.
Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os
mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição
da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que
envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém,
por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social,
ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos
primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo,
também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar
motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”).
(Informativo nº 944/STF - ADO 26/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em
13.6.2019. ADO-26 MI 4733/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 13.6.2019. MI-
4733).
c) Errada. Prevê o art. 16 da Lei nº 7.716/89 que “constitui efeito da condenação a
perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do
funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses”.
No entanto, esses efeitos não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença, como prevê o art. 18 da mesma lei.
d) Correta. Em sua obra “Racismo Estrutural”, Silvio Luiz de Almeida, ao tratar do
conceito de racismo estrutural, discorre sobre o racismo institucional, no qual a
imposição de regras e
padrões racistas por parte da instituição é vinculada à ordem social que essa
instituição visa resguardar.
“Assim como a instituição tem sua atuação condicionada a uma estrutura social
previamente existente – com todos os conflitos que lhe são inerentes –, o racismo que
essa instituição venha a expressar é também parte dessa mesma estrutura. As
instituições são apenas a materialização de uma estrutura social ou de um modo de
socialização que tem o racismo como um de seus componentes orgânicos. Dito de
modo mais direto: as instituições são racistas porque a sociedade é racista”.
(ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo : Sueli Carneiro ; Pólen, 2019).
e) Correta. Para configuração do crime de racismo previsto no art. 20 da Lei nº
7.716/89, é necessária a demonstração do dolo específico, consistente na vontade
livre e consciente de praticar, induzir ou incitar o preconceito ou discriminação racial,
menosprezando e discriminando uma coletividade como um todo, em razão de raça,
cor, etnia, religião ou procedência nacional.
(REsp 911.183/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, Rel. p/ Acórdão Ministro JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, julgado em 04/12/2008, DJe 08/06/2009)
Questão 13
Não constitui crime de racismo previsto na Lei nº 7.716/89:
a) Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer
estabelecimento similar, em razão de preconceito de raça.
b) Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou
locais semelhantes abertos ao público, em razão de preconceito de classe social.
c) Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais, em razão
de discriminação religiosa.
d) Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos,
distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de
divulgação do nazismo.
e) Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência
familiar e social, em razão de preconceito de procedência nacional.
Resposta: Letra “B”.
Comentários:
a) É crime previsto no art. 7º da Lei nº 7.716/89.
b) O preconceito e discriminação em razão de classe social não é crime previsto na Lei
nº 7.716/89, que somente tratou dos crimes resultantes de preconceito de raça, cor,
etnia, religião ou procedência nacional.
c) É crime previsto no art. 11 da Lei nº 7.716/89.
d) É crime previsto no art. 20, § 1º da Lei nº 7.716/89.
e) É crime previsto no art. 14 da Lei nº 7.716/89.
Questão 14
Acerca do princípio da insignificância, assinale a assertiva correta conforme o
entendimento dos Tribunais Superiores:
a) É possível o reconhecimento do furto privilegiado quando a reprovabilidade da
conduta recomenda a condenação, ainda que presentes os requisitos materiais para
aplicação do princípio da insignificância.
b) Segundo o princípio da fragmentariedade, a norma penal exerce uma função
meramente suplementar da proteção jurídica em geral, só valendo a imposição de
suas sanções quando os demais ramos do Direito não mais se mostrem eficazes na
defesa dos bens jurídicos.
c) A existência de maus antecedentes penais obsta o reconhecimento do princípio da
insignificância, vez que demonstra a periculosidade do autor do fato.
d) Segundo o princípio da subsidiariedade, o Direito Penal só pode intervir quando se
trate de tutelar bens fundamentais e contra ofensas intoleráveis.
e) Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor
insignificante, ainda que presentes antecedentes penais do agente, se não denotarem
estes tratar-se de alguém que se dedica, com habitualidade, a cometer crimes
patrimoniais.
Resposta: Letra “E”.
Comentários:
Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor insignificante,
ainda que presentes antecedentes penais do agente, se não denotarem estes tratar-se
de alguém que se dedica, com habitualidade, a cometer crimes patrimoniais.
A bagatela penal geralmente se articula com princípios penais, entre os quais o da
fragmentariedade - o Direito Penal só pode intervir quando se trate de tutelar bens
fundamentais e contra ofensas intoleráveis - e o da subsidiariedade - a norma penal
exerce uma função meramente suplementar da proteção jurídica em geral, só valendo
a imposição de suas sanções quando os demais ramos do Direito não mais se mostrem
eficazes na defesa dos bens jurídicos (TAVARES, Juarez. Critérios de seleção de crimes
e cominação de penas. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais, número de
lançamento, RT, p. 75-87).
A simples existência de maus antecedentes penais, sem a devida e criteriosa
verificação da natureza desses atos pretéritos, não pode servir de barreira automática
para a invocação do princípio bagatelar. Com efeito, qual o relevo, para o
reconhecimento da natureza insignificante de um furto, de se constatar que o agente,
anteriormente, fora condenado por desacato à autoridade, por lesões corporais
culposas, por crime contra a honra ou por outro ilícito que não apresenta nenhuma
conexão comportamental com o crime sob exame? Afastar a insignificância nessas
hipóteses seria desproposital.
No entanto, haverá de ser outra a conclusão, ao constatar o aplicador da lei que o
agente, nos últimos anos, vem-se ocupando de cometer pequenos delitos
(nomeadamente furtos).
Assim, não se admite a incidência da regra bagatelar em casos nos quais o agente é
contumaz autor de pequenos desfalques ao patrimônio, ressalvadas, vale registrar, as
hipóteses em que a inexpressividade da conduta ou do resultado é tão grande que, a
despeito da existência de maus antecedentes, não se justifica o uso do aparato
repressivo do Estado para punir o comportamento formalmente tipificado como crime.
Ainda, a reincidência ou reiteração delitiva é elemento histórico objetivo, e não
subjetivo, ao contrário do que o vocábulo possa sugerir. Isso porque não se avalia o
agente (o que poderia resvalar em um direito penal do autor), mas, diferentemente,
analisa-se, de maneira objetiva, o histórico penal desse indivíduo, que poderá indicar
aspecto impeditivo da incidência da referida exclusão da punibilidade.
(Informativo nº 744/STJ - AgRg no REsp 1.986.729-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 28/06/2022, DJe 30/06/2022.)
Questão 15
O Art. 33 da Lei n. 11.343/06 (Lei Antidrogas) diz: “Importar, exportar, remeter,
preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar. Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.”
Analisando o dispositivo acima, pode-se perceber que nele não estão inseridas as
espécies de drogas não autorizadas ou que se encontram em desacordo com
determinação legal ou regulamentar. Dessa forma, é correto afirmar que se trata de
uma norma penal
A) em branco homogênea.
B) em branco heterogênea.
C) incompleta (ou secundariamente remetida).
D) em branco inversa (ou ao avesso).
Letra B
Questão 16
Acerca dos princípios que limitam e informam o Direito Penal, assinale a afirmativa
correta.
A O princípio da insignificância diz respeito aos comportamentos aceitos no meio
social.
B A conduta da mãe que autoriza determinada enfermeira da maternidade a furar a
orelha de sua filha recém-nascida não configura crime de lesão corporal por conta do
princípio da adequação social.
C O princípio da legalidade não se aplica às medidas de segurança, que não possuem
natureza de pena, tanto que somente quanto a elas se refere o art. 1º do Código
Penal.
D O princípio da lesividade impõe que a responsabilidade penal seja exclusivamente
subjetiva, ou seja, a conduta penalmente relevante deve ter sido praticada com
consciência e vontade ou, ao menos, com a inobservância de um dever objetivo de
cuidado.
Letra B
A alternativa A está INCORRETA, pois o princípio da adequação social é o que diz
respeito aos comportamentos aceitos no meio social. O princípio da insignificância, de
acordo com Cleber Masson, funciona como causa de exclusão da tipicidade,
desempenhando uma interpretação restritiva do tipo penal. Para o Supremo Tribunal
Federal, a mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da
ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da
lesão constituem os requisitos de ordem objetiva autorizadores da aplicação desse
princípio. O reduzido valor patrimonial do objeto material não autoriza, por si só, o
reconhecimento da criminalidade de bagatela.
Questão 17
Pedro Paulo, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pelo crime de
descaminho (Art. 334, caput, do Código Penal), pelo transporte de mercadorias
procedentes do Paraguai e desacompanhadas de documentação comprobatória de sua
importação regular, no valor de R$ 3.500,00, conforme atestam o Auto de Infração e o
Termo de Apreensão e Guarda Fiscal, bem como o Laudo de Exame Merceológico,
elaborado pelo Instituo Nacional de Criminalística.
Letra D
Aplica-se o princípio da insignificância aos seguintes crimes
Crimes contra a ordem tributária (Lei n. 8.137/1990) e crime de descaminho (Art. 334,
CP) – valor pacífico no STJ e STF: Até R$ 20.000,00;
Questão 18
No estudo das Ciências Criminais podemos afirmar que temos 03 (três) pilares que
sustentam essa ciência: Direito Penal; Criminologia e Política Criminal, tais pilares
possuem o crime como objeto de estudo com enfoques diferentes. Com base nisso,
complete os espaços abaixo e ao final marque a opção correta.
O _______________ ocupa-se do crime enquanto ________________
O _______________ ocupa-se do crime enquanto ________________
O _______________ ocupa-se do crime enquanto ________________
a. Direito Penal e norma – Criminologia e fato – Política Criminal e valor
b Direito Penal e valor – Criminologia e fato – Política Criminal e norma
c Direito Penal e fato – Criminologia e valor – Política Criminal e norma
d Política criminal e fato – Direito Penal e valor – Criminologia e norma
e Criminologia e fato – Direito penal e valor – Política criminal e norma
Letra a
Questão 19
O que se entendo por giro criminológico
A é o momento em que os EUA assumem o papel de protagonismo na produção de
Teorias Criminológicas
B é o fato da Criminologia só se preocupar com delito e delinquente (crime e
criminoso), até o século XX.
C É a análise e observação da realidade in loco.
D é a ciência que estuda os crimes e os criminosos, isto é, a criminalidade
E é a análise de uma situação particular para uma situação geral
Letra A
Questão 20
Atualmente o objeto da Criminologia está dividido em quatro vertentes, marque a
opção que não apresenta uma dessas vertentes
A Delito
B delinquente
C vítima
D controle social
E poder público
Letra E
Questão 21
O conceito de delito para a Criminologia é o mesmo do que para o Direito Penal?
Justifique sua resposta.
Resposta
Não. O que temos no Direito Penal é uma ciência normativa, lógica e abstrata, para
criar, sobretudo normas penais incriminadoras e assim viabilizar a persecução penal.
O Direito Penal trabalha com o estudo do fenômeno da criminalidade, em sua
prevenção. Nesse sentido, o Direito Penal pode sim ser considerado uma forma
jurídica abstrata de controlar a sociedade.
Tanto o Direito Penal quanto a Criminologia se ocupam em estudar o crime, ambos
dedicam enfoques diferentes para o fenômeno criminal.
Questão 22
Aponte as diferenças no estudo do delinquente para a Criminologia Clássica, positivista
e a criminologia moderna.
Resposta
Para os Clássicos era o pecador que optou pelo mal. Tal conceituação se dava porque
os clássicos acreditavam no livre-arbítrio, na vontade racional do homem.
(para os clássicos o delinquente era aquele indivíduo que, por um juízo de valor seu
‘pessoal’ optou por cometer crimes).
Os Positivistas de uma forma geral consideravam que o homem delinquente era um
ser anormal, problemático, que possuía essa característica em seu DNA (nascia
selvagem e criminoso) ou ainda que poderia ser influenciado por fatores físicos,
sociais, antropológicas.
Questão 22
“O conceito de norma penal em branco teve origem na doutrina de Binding, e se refere
a normas de conteúdo incompleto, vago ou lacunoso, que precisam ser
complementadas por outras fontes normativas. Quando esta fonte é de igual
hierarquia temos a lei penal em branco homogênea, mas quando esta norma é de
hierarquia inferior, temos a lei penal em branco heterogênea”.
REVISTA JURÍDICA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO, por Heron Gordilho, v. 03,
nº 60, Curitiba, pp. 179-195.
Questão 23
Considerável parcela de doutrinadores compreende a política criminal como o
conjunto de princípios e atividades que tem por fim reagir contra o fenômeno delitivo,
através do sistema penal, determinando os meios mais adequados para o controle da
criminalidade. A partir dessa afirmação, julgue os itens a seguir.
I - Os movimentos sociais conhecidos por Tolerância Zero, Nova Defesa Social e
Despenalização das Contravenções são considerados instrumentos de endurecimento
do Estado no combate ao crescimento da criminalidade.
III - O movimento Tolerância Zero parte da ideia de que o Estado não deve negligenciar
fatos criminosos, por mais insignificantes que sejam, já que esses fatos contêm em si
uma fonte de irradiação da criminalidade.
Letra C
(I) INCORRETA. A Nova Defesa Social é um movimento com traços de uma política
criminal humanista, na busca de um Direito Penal de caráter preventivo e protetor da
dignidade humana. Em sentido diametralmente oposto ao da Defesa Social, existem os
chamados Movimentos de Lei e Ordem, cuja ideologia estabelecida é a repressão,
pautada no regime punitivo-retributivo. A Despenalização das Contravenções, por seu
turno, não é considerada como instrumento de endurecimento do Estado no combate
ao crescimento da criminalidade.
(II) INCORRETA. Os defensores deste movimento acreditam que os criminosos somente
poderão ser controlados através de leis severas, que imponham a pena de morte e
longas penas privativas de liberdade. Estes seriam os únicos meios eficazes para
intimidar e neutralizar os criminosos e, além disso, capazes de fazer justiça às vítimas.
(III) CORRETA. Tal movimento parte da premissa de que os pequenos delitos devem ser
rechaçados, o que inibiria os mais graves (fulminar o mal em seu nascedouro), atuando
como prevenção geral; os espaços públicos e privados devem ser tutelados e
preservados.
Questão 24
O Supremo Tribunal Federal considera possível a complementação de um artigo do
Código Penal por meio de Lei Municipal.
( ) Certo
( ) Errado
Certo
Complementação de norma penal em branco por ato normativo estadual ou municipal
– ARE 1.418.846/RS (Tema 1.246 RG). A complementação de norma penal em branco
por ato normativo estadual, distrital ou municipal, para aplicação do tipo de infração
de medida sanitária preventiva (Código Penal, art. 268), não viola a competência
privativa da União para legislar sobre direito penal (CF/1988, art. 22, I). ARE
1.418.846/RS, relatora Ministra Presidente, julgamento finalizado no Plenário Virtual
em 24.3.2023.