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Modelo Casão

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ESTUDO DE CASO

NEO GÁSTRICO E IRC


INGRYD FERNANDES DE MACÊDO
Estágio HGF
• Local: Cirúrgia ;

• Nutricionista : Camila Nobre;

• Período : 07 à 27 de novembro;

• Professora: Valzimeire de Oliveira


Caracterização
• Paciente : J. B.M.
• 82 anos, viúvo, aposentado,ensino médio
completo;
• De Crateús, mora em Fortaleza;
• Admitido: 25/10/18;
• Nega tabagismo, bebia socialmente;
• Família com históricos de doenças cardíacas;
• Hipertenso e pré-diabético.
• HDA: Há 20 dias quadro de melena associado à saciedade precoce, procurou UPA e
ficou internado por 10 dias, com constatação da função renal. Quadro persistiu,
todavia sem perca de peso, naúseas, vômitos, dor abdominal e alteração no hábito
intestinal. Sendo transferido para a emergência do HGF no dia 15/10, na qual foi
diagnosticado uma lesão ulcerada na parede posterior do estomago próximo a
pequena curvatura (1,2 cm), do tipo adenocarcinoma gástrico moderadamente
diferenciado. Sendo este, transferido para enfermaria de cirurgia geral no dia
25/10.Paciente hipertenso e com Insuficiência Cardíaca, em uso de Monocordil,
Carvedilol e Anlodipino. Acompanhamento por asma, com última crise há 10 anos.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO : Neo gástrico e IRC


Neoplasia Gástrica
Câncer é o crescimento desordenado de células
diferenciadas que se dividem de forma rápida.
Agressiva e incontrolável, espalhando-se para outras
regiões do corpo – acarretando transtornos
funcionais.

• 5° causa mais comum de morte por neo;


• Maior incidência em homens;
• Decréscimo de taxas de mortalidade;
• Maior quantidade de casos - países em desenv.;
• Fatores de risco : infecção pelo H.pylori, consumo
de alimentos conservados e defumados, obesidade,
álcool, tabagismo e genética.
• Tumor possui bom prognóstico.
ABC do câncer, 2017/ Estimativas 2016
• A desnutrição é a principal complicação nutricional nos pacientes com câncer,
havendo maior risco em pacientes com doenças em estágio avançado e com práticas
terapêuticas mais agressivas. O câncer é uma doença catabólica que consome as
reservas nutricionais do paciente devido ao aumento do gasto energético pela tividade
tumoral presente.

TERAPIA NUTRICIONAL :
 Ofertar quant de CHO e LiP para evitar perda proteíca, além de aporte de Vit e Miner;
 Ofertar uma dieta hiperproteíca para evitar quadro de desnutrição;
 Manejo de sinais e sintomas durante tratamentos;
 TNE ou TNP;
Quando necessário, uso de suplementos orais;

Krause, 2012.
Insuficiência Renal Crônica
IRC: significa que os rins foram prejudicados por condições
como diabetes, pressão sangüínea alta ou glomerulonefrite.

Os rins perdem a capacidade de executar as atividades:


 Remover resíduos e excesso de líquido do organismo ;
Liberar hormônios que ajudam a: Controlar a pressão ;
Fortalecer os ossos;
 Prevenir anemia aumentando o número de células
vermelhas ;
 Manter o equilíbrio adequado de elementos químicos no
sangue (sódio, potássio, fósforo e o cálcio.
 Manter o equilíbrio de ácidos e bases do organismo.

(National Kidney Foundation, 2000)


• A insuficiência renal também aumenta a probabilidade de o paciente desenvolver
doenças cardíacas e dos vasos sanguíneos. Esses problemas podem ocorrer
lentamente durante um longo período de tempo, e muitas vezes sem sintomas. A ISR
pode finalmente chegar à falência renal, exigindo diálise ou transplante de rim.

TERAPIA NUTRICIONAL:

 DIETAS HIPOSSÓDICAS (2- 3 g);


 DIETAS COM RESTRIÇÃO DE PROTEÍNAS PARA PREVENÇÃO DA FUNÇÃO RENAL;
INGESTÃO SUFICIENTE DE CHO E LIP PARA POLPAR PROTEÍNAS;
 DIETA COM RESTRIÇÃO DE POTÁSSIO;
 RESTRIÇÃO DE FOSFATOS (1000 mg) – 1 a 2 laticínios por dia;
 DIETAS COM OPÇÕES DE LIPIDEOS DE BOA QUALIDADE (INSATURADOS);

National Kidney Foundation, 2000/ Krause, 2012


Medicamentos
Medicamento Função Interação
Ácido fólico Melhorar aporte de ferro -
Anlodipino Anti-hipertensivo -
Bromoprida Antiemético -
Complexo B Vitamina -
Dipirona Antitérmico -
Domperidona Antiemético -
Eritropoietina Melhorar aporte de ferro -

Furosemida Anti-hipertensivo Diminuir K, Mg, Na, Cl, Ca


Aumentar glicose, uréia, ácido úrico,
LDL, VLDL, tg
Insulina Estabilizar glicemia -
Metoprolol Anti-hipertensivo Aumentar TGO, TGP, fosf alc, LD, K, tg
e ácido úrico
Monocordilol Anti-hipertensivo -
Acompanhamento
• AVALIAÇÃO NUTRICIONAL – Recordátorio habitual .

GRUPOS ALIMENTARES N° PORÇÕES CONSUMIDAS N° PORÇÕES


RECOMENDADAS
Carboidratos 5 6 – 11
Verduras e Legumes 0 3–5
Frutas 2 3–5
Leite e derivados 3 2–3
Carnes e Ovos 1 2–3
Leguminosas e Oleaginosas 1 2–3
Óleos e gorduras 2 1–2
Açúcares e doces 4 1–2
• TRIAGEM – Paciente com alto risco nutricional.
• EXAME FÍSICO

O QUE OBSERVAR CONFORMIDADE OBS:


Paciente está consciente, orientado, sem sinais de sonolência
Sim (X) Não ( ) 
excessiva
Há presença de edema Sim ( X ) Não ( ) Perna esquerda
Todavia, apresenta
Há manutenção da “Bola de Bichart”, indicando preservação
Sim ( X ) Não ( ) sinais de desnutrição
de gordura corporal
leve
Os olhos apresentam conjuntiva corada e esclerótica sem
Sim (X) Não ( ) 
sinais de amarelamento
A língua não aparenta sinais de hipertrofia, inflamação ou dor Boca um pouco
Sim ( X ) Não ( )
nem há sensação de boca seca seca
A pele está hidratada, sem descamação, icterícia, palidez e
Sim ( X ) Não ( ) Pele hipohidratada
petéquias
As unhas são fortes, sem sinais de descamação, manchas, Unhas frágeis e
Sim ( ) Não ( X )
sulcos e quebras descamadas
Os cabelos não mostram sinais de queda acentuada nem de Cabelo pouco
Sim ( ) Não ( X )
redução de volume/espessura do fio quebradiço e seco
• SINTOMAS GASTROINTESTINAIS

Sintomas 10/11 11/11 12/11 13/11 14/11 15/11 16/11 17/11 18/11

Hiporexia X X

Disgeusia
Xerostomia X

Ptialismo
Disfagia
Náuseas X X

Vômito X X

Desconforto/
X X
dor abdominal
Distensão
abdominal
Diarréia
Constipação X X

Saciedade
X X X
precoce
• AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA

PARAMÊTROS DIA 25/10 DIA 14/11 Diagnóstico OBSERVAÇÕES


Peso habitual 74 74 -
IMC habitual 26,21 26,21 Eutrófico
Altura (m) 1,68 1,68 -
Peso atual (kg) - 64,7 -
IMC atual (kg/m) - 22,92 Eutrófico
Peso ideal (kg) - 69,14 -
Paciente com
IMC ideal - 24,49 - perna esquerda
> 10% em 6 meses edemaciada (- 6
% Perda de Peso - 12%
= perda grave
Kg)
CB 37 27 -
% Adequação da CB 87,94% Desnutrição leve
Normal, > 31 cm
CP 35 35
para idoso
CC - - -

AJ 51 51 -
VR 10/11 13/11 15/11 17/11
Parâmetros

• EXAMES BIOQUÍMICOS Hemácias 4,4 – 5,8 1,76 1,68 2,41 2,06


(milhões/mm³)
13,5 – 17 5,4 5,2 7,3 6,3
 Quadro de anemia Hemoglobina (g/dL)

 Disfunção renal Hematócrito (%) 39- 50 16 15,5 21,5 18,5

 Quadro inflamatório Leucócitos (/mm³) 3600- 1100 15000 12800 15400 14600

Neutrófilos (%) 40- 76 75 87,7 91,9 92,8

Linfócitos (%) 20 - 40 11 6 4 3

150000 - 140000 143000 106000 86000


Plaquetas (/mm³) 450000

Creatinina (mg/dL) 0,7- 1,30 7,7 - 4,5 -

Uréia (mg/dL) 15 - 43 230 - 153 -

Potássio (mEq/L) 3,5 – 5,1 6 7,3 4,6 4,2

P.A : 100x60 /120x80 / 140x80 Sódio (mEq/L) 136 - 145 137 - 133 137
Glicemia : 96 - 136
Cálcio total (mg/dL) 8,8 – 10,6 - - - 8,4

TAP (%) 70- 100 84 70 85 -


Conclusão da Avaliação Nutricional
 Exames bioquímicos: anemia, disfunção renal e quadro inflamatório;
 Exame físico : possíveis deficiências de vitaminas, perca de massa magra, desnutrição
leve em alguns pontos e edemaciado;
 Avaliação antropométrica: pelo IMC o paciente é eutrófico, todavia pela perca >
12% de peso em menos de 6 meses teve perca grave de peso e constatou-se
desnutrição leve pela adequação da CB, logo é classificado com desnutrido,
requerendo , assim, ação nutricional para recuperação do seu quadro.
Avaliação médica
 Paciente 82 anos – risco muito elevado para
cirurgia e para tratamentos de radioterapia e
quimioterapia;
 Hemodiálise 3x por semana;
 Apresentando , constantemente, dificuldade
respiratória.
 Em análise para possível alta para cuidados em
casa e diálises em clínicas especializadas.
Objetivos
• Melhorar e manter o estado nutricional do
paciente;
• Ofertar o aporte adequado de proteínas,
energias, vitaminas e minerais;
• Controlar edema e o equilíbrio eletrolítico
através da regulação do consumo de sódio,
potássio líquidos;
• Auxiliar no manejo dos efeitos colaterais e
sintomas dos tratamentos;
• Orientar o paciente a ingerir dieta palatável,
atraente e adequada através da educação
e saúde.
Conduta nutricional adotada
• Dieta Geral , DM, IRA, Laxativa.

VCT calculado
Harris Benedict: 1852,18 Kcal
Fórmula de bolso : Hemodiálise > 60 anos = 30 – 35 kcal/dia/kg
Câncer (manut peso) = 25 – 30 kcal/kg/dia
P/ 30 kcal = 1941 kcal/dia

Dieta hospitalar
VCT : 2013,09 kcal ( Proteína : 24,68%/ 1,9 prot/kg/peso/ Lip 12,44%/ CHO 62,88%/ Fibra
34,51%/ Ferro e Retinol estavam abaixo dos valores).
• RECOMENDAÇÕES PARA CÂNCER:

ESPEN, 2016 INCA, 2015 PROJETO DIRETRIZES,


2011
25-30 kcal/kg/dia 30-35 kcal/kg/dia 25-30 kcal/kg/dia
prot1,2-1,5g/kg/dia Prot 1,2g prot/kg/dia 0,5 – 0,8g/kg/dia
- - 25-30%

• RECOMENDAÇÕES PARA IRC:

K/DOQI ,2000 ADA,2004


30-35 Kcal/kg > 60 anos prot1,2g/kg/peso

DIETA DASH
Sódio até 2000mg
•RECOMENDAÇÕES PARA HAS: Liq 750-1000ml
Potássio: 2- 3 g/dia ou 40 mg
Fósforo: 0,8- 1,2 g/dia ou <71mg
Cálcio 1-1,5g/dia
NUTRIENTES QUANTIDADES ADOTADAS

CHO 45-65%

PROTEÍNAS 1,2- 1,5 g/kg/dia

LIPIDEOS 25-30%

FIBRA 30g

ENERGIA 30 kcal/kg/dia

MICROS RDA
• Conduta :
Acrescentar aveia à salada de fruta;
Substituir o copo de leite da ceia por chá com biscoitos
Trocar o jantar padrão por sopa para melhor aceitação
Acrescentar azeite as principais refeições
Adicionar uma banda de limão por cima de comida
Quando não salada, uma vitamina priorizando os alimentos com baixo teor de potássio

VCT : 1875 Kcal / Proteína : 18,04%/ 1,38 g/kg/dia/ CHO: 65,86%/ Lip: 16%/ Fibra
: 35,08% / Micros OK
Evolução dietoterápica x clínica
PARAMÊTROS DIA 25/10 DIA 14/11 DIA 27/11 Diagnóstico OBSERVAÇÕES
Peso habitual 74 74 74 -
IMC habitual 26,21 26,21 26,21 Eutrófico
Altura (m) 1,68 1,68 1,68 -
Peso atual (kg) - 64,7 67,4 -
IMC atual (kg/m) - 22,92 23,88 Eutrófico
Peso ideal (kg) 69,14 69,14 Paciente com
IMC ideal 24,49 24,49 perna
esquerda
% Adequação de peso
edemaciada (-
% Perda de Peso 12%
6 Kg)
CB 37 27 28,5
% Adequação da CB
CP 35 35 35,5
CC - - 105
AJ 51 51 51
VR 22/11 26/11
 Deambulando Parâmetros

 Lúcido Hemácias (milhões/mm³) 4,4 – 5,8 2,31 2,47

 Ganhou peso Hemoglobina (g/dL) 13,5 – 17 7,2 7,8


 Comunicativo Hematócrito (%) 39- 50 21,3 22,9
 Maior disposição 3600- 1100 11600 7600
Leucócitos (/mm³)
 Maior aceitabilidade da
40- 76 87,5 67,4
dieta; Neutrófilos (%)

 Melhora dos sintomas; Linfócitos (%) 20 - 40 6 22

Melhora do Estado Plaquetas (/mm³)


150000 - 67000 58000
450000
Nutricional. 0,7- 1,30 3,5 4
Creatinina (mg/dL)

Uréia (mg/dL) 15 - 43 - 91

Potássio (mEq/L) 3,5 – 5,1 4,5

Sódio (mEq/L) 136 - 145 135 136

Cálcio total (mg/dL) 8,8 – 10,6 - 7,6

TAP (%) 70- 100 83 84


Conclusão
 A importância da Nutrição no contexto hospitalar;
 A necessidade da atuação multidisciplinar;
 A relevância do contato com o paciente;
 A importância da educação nutricional para continuidade do tratamento;
 Necessidade de atualização constante;
 Saber como manejar diante das intercorrências.
Referências
• INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Estimativa 2016. Incidência de câncer no Brasil. Rio
de Janeiro, Brasil. 2017.
• INCA - Instituto Nacional de Câncer. ABC do câncer : abordagens básicas para o
controle do câncer / Instituto Nacional de Câncer. – Rio de Janeiro : 2017. 128 p.
• MAHAN, Kathleen M.; STUMP, Sylvia E.; RAYMOND, Janice L.; Krause: alimentos, nutrição
e dietoterapia; [tradução Coana, Claudia... et al.]. " Rio de Janeiro : Elsevier, 2012.
OBRIGADA!

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